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Desafios da

Sustentabilidade
O que veremos durante nossa conversa?
• O que é Sustentabilidade, quais são seus principais conceitos;
• Histórico do pensamento relacionado a Sustentabilidade e
Desenvolvimento Sustentável;
• Quebra de paradigma?
• Os Objetivos do Milênio ODMs e Os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável – ODS;
• Algumas ferramentas utilizadas em busca da Sustentabilidade;
• Exemplos de sucesso.
Conceito Sustentabilidade
Relatório Brundtland (1987)
“Atender às necessidades da geração presente sem comprometer a as
gerações futuras”

• Marco Fundamental no posicionamento ambiental


• Referencia para empresas e governos
• Posição clara e tecnicamente fundamentada
• Defesa Ambiental x Ambientalismo
• Novas Propostas para a defesa do meio ambiente
• Ações estratégicas de organismos de fomento a projetos ambientais
• Fortalecimento de Legislações Ambientais (Ex. Resoluções Conama)
Criticas ao conceito de Desenvolvimento Sustentável
• Atrelamento à políticas (ou visão) econômicas;

• Oposição ao movimento “Ambientalista” (?);

• Novo rótulo para o velho “desenvolvimentismo” a qualquer custo;

• Suporte para a globalização e seus mecanismos de disparidade econômica.


Construção coletiva global
O Desenvolvimento Sustentável é também um compromisso
voluntário por parte da população e requer convencimento e
motivação.

Trata-se de uma idéia mobilizadora, da criação coletiva de modelo, com a


plena consciência da dificuldade que isso pressupõe.
Afinal, trata-se de um ajuste.
Não é apenas desenvolvimento econômico e sim o resultado social
de interações entre:
• Estoques de recursos naturais (renováveis e não renováveis);
• Crescimento das populações humanas;
• Eficiência produtiva;
• Impactos ambientais locais e globais;
• Capacidade de suporte dos ecossistemas;
• Limitações ao desenvolvimento humano.
De modo um pouco mais complexo, temos:
Estágios da relação homem-natureza
1. Coleta: extração de recursos de acordo com a disponibilidade - Paleolítico
2. Caça e pesca: com a descoberta do fogo, o homem passou a ser um
predador, sem que sua interferência pudesse causar extinção de espécies
- Paleolítico
E os Pigmeus?
Caçadores-coletores da atualidade
3. Pastoreio e agricultura: início do domínio da natureza – domesticação de
animais. Início das transformações de áreas florestais em campos para o pasto;
- Neolítico = FERRAMENTAS!
4. Agricultura: início da exploração dos recursos naturais, criação de
ecossistemas artificiais com o cultivo. Deixou de ser nômade e fixou residência;
5. Industrialização: acentua-se a exploração dos recursos, rompem-se os ciclos
naturais – impactos ambientais;
6. Sociedade moderna e urbanização: crescimento populacional nos centros
urbanos e consumo desenfreado, produtos descartáveis, intensa exploração
dos recursos, modificação de paisagens naturais....
Um dia pra relaxar na praia!
O que é preciso fazer para alcançar o
desenvolvimento sustentável?
• Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de
planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são
finitos.

• Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento


econômico, que leva em conta o meio ambiente.
• Atividades econômicas não podem ser encorajadas em detrimento da base
de recursos naturais dos países.

• Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade


biológica, como o próprio crescimento econômico.

• O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de


quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o
aumento da reutilização e da reciclagem.
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento
Princípios fundamentais
• 1. Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos. Critério de sustentabilidade
• 2. Melhorar a qualidade de vida humana.
• 3. Conservar a vitalidade e a diversidade do Planeta Terra.
• 4. Minimizar o esgotamento de recursos não-renováveis.
• 5. Permanecer nos limites de capacidade de suporte do Planeta Terra. Meio para se chegar
à sustentabilidade
• 6. Modificar atitudes e práticas pessoais.
• 7. Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio ambiente.
• 8. Gerar uma estrutura nacional para integração de desenvolvimento e conservação.
• 9. Constituir uma aliança mundial.
A sustentabilidade pode ser apresentada de vários aspectos:

• Sustentabilidade social: estabelecimento de um processo que conduza a um padrão


estável de crescimento, com uma distribuição de renda mais equitativa, assegurando os
direitos da massa populacional.
• Sustentabilidade econômica: estabelecimento de um fluxo constante de investimentos e
alocação e manejo eficiente dos recursos naturais, avaliar mais em termos macrossociais.
• Sustentabilidade ecológica: uso mais eficiente do potencial dos recursos existentes nos
diversos ecossistemas, redução do consumo, redução da poluição.
• Sustentabilidade espacial (geográfica): melhor distribuição espacial dos assentamentos
humanos e das atividades econômicas. Há preocupação com a concentração
populacional nos grandes centros destruindo os frágeis ecossistemas da região.

North End Park, em Boston


• Sustentabilidade cultural: buscar mudanças em sintonia com a continuidade cultural
vigente.
Acordos e documentos globais
• 1972
– Conferência de Estocolmo – “Homem e o meio ambiente”;
– Clube de Roma – “Limits of Growth” – Crescimento populacional e demanda
crescente por recursos naturais;
– MEW-S – Medida de Bem-estar econômico sustentável (Nordhaus e Tobin);
– Correção do método de cálculo do PIB, retirada de componentes que
não contribuem para o bem-estar e inclusão de alguns que contribuem.
• 1987
– Relatório de Brundtland – “Nosso Futuro Comum”
– Protocolo de Montreal – Redução do uso de substâncias nocivas à Camada de Ozônio.

• 1988
– Conferência de Toronto– criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas - IPCC

• 1989
– “For the commun Good”
– ISEW – Índice de Bem-Estar Econômico Sustentável (Daly e Cobb Junior), medida de bem-estar por
habitante, apesar do nome tem pouco a ver com a sustentabilidade em si. Obteve enorme
repercussão, 11 países o utilizaram.

• 1990
– IDH – Índice de Desenvolvimento Humano (Haq e Sem) – Saúde, Eduação e PIB per capita são
usados para calcular a qualidade de vida.
• 1992
– Eco 92 – “Meio ambiente e Desenvolvimento”;
– Agenda 21;
– Declaração do Rio;
– Declaração de Princípios Florestais;
– Convenção sobre a Diversidade Biológica;
– Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas;
– Ecoeficiência – Stephan Schmidheiny – filosofia de gerenciamento para
sustentabilidade;
• 1995
– Poupança Genuína – Banco Mundial – Avaliação dos estoques de riqueza,
mede a variação no total de ativos econômicos de desenvolvimento, para ver
ser a economia está no caminho sustentável.
– Pegada Ecológica (Wackmagel e Rees) – Avalia a capacidade de suporte do
planeta.
– ESI (Índice de Sustentabilidade Ambiental) e EPI (Índice de Desempenho
Ambiental) – São índices compostos com várias dimensões e variáveis. É
estatisticamente pobre.
• 1997
– Protocolo de Kyoto – Combate o aquecimento global, criou o Mercado de Carbono, o
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
– Serviços prestados pelos ecossistemas (Robert Constaza) – Dividiu a biosfera em 16 grandes
biomas, estimou um valor médio por hectare no provimento de 17 serviços prestados pelos
ecossistemas.

• 2000
– REED – Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação – resultado dos acordos do
Protocolo de Kyoto.

• 2002
– Conferência de Johanesburgo, Rio +10 – Discussões sobre a implementação da Agenda 21,
criada em 1992, sem muitos resultados expressivos até então.
• 2004
– GPI – Genuine Progress Indicator – Avaliação do progresso de uma nação.
Considera desempenho econômico e qualidade de vida. Problema:
arbitrariedade de atribuir grandezas monetárias a prejuízos ou ganhos que não
tem preços determinados no mercado. Não avalia a sustentabilidade ou a
insustentabilidade do progresso.

• 2009
– Comissão Stiglitz-Sem-Fitoussi – Superar o PIB e o IDH nas medidas de
progresso econômico e social. As medidas deverão ser nos 3 eixos da
sustentabilidade – SOCIAL, AMBIENTAL E ECONÔMICO.
• 2012
– Rio +20 – “Desenvolvimento Sustentável” – poucos resultados expressivos.

• 2009
– Comissão Stiglitz-Sem-Fitoussi – Superar o PIB e o IDH nas medidas de progresso econômico e
social. As medidas deverão ser nos 3 eixos da sustentabilidade – SOCIAL, AMBIENTAL E
ECONÔMICO.

• 2015
– Acordo de Paris– Estabeleceu metas de redução de gases de efeito estufa, além de tentar manter
o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2oC .

• 2019
– Quarta Assembleia da ONU para o Meio Ambiente – “Soluções Inovadoras para os Desafios
Ambientais e Consumo e Produção Sustentáveis”
Sustentabilidade ambiental empresarial
Sustentabilidade ambiental empresarial
• Conjunto de políticas e ações;

• Desenvolvimento comercial com medidas sociais, ambientais e econômicas;

• Algumas mudanças nos processos podem resultar em bons resultados


financeiros, seja por economia ou por maior visibilidade – Marketing Verde;

• Relatórios específicos, periódicos e bem detalhados ajudam a informar


clientes e colaboradores sobre as ações ambientais e sociais realizadas pela
empresa.
Algumas ferramentas de mensuração
• FVTool (Financial Valuation Tool for Sustainability Investments):
Auxilia a empresa na criação de valor através de investimentos em ações
sustentáveis.
Desenvolvido pela IFC (International Finance Corporation), identifica o melhor
portfólio de investimentos na área de sustentabilidade. Maior valor comercial
e social.
• SEAT – Spatial Environmental Assessment Tool (Ferramenta Para Avaliação
Socioeconômica):
Considerada por diversas vezes a melhor ferramenta de mensuração de
impacto social do mundo.
É um conjunto de ferramentas de avaliação socioeconômica, desenvolvida pela
Anglo American, empresa global de mineração diversificada e associada ao
CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável).
• A SEAT se apresenta como sendo uma tentativa única por uma grande
empresa para incorporar uma avaliação de impactos na gestão constante das
principais operações de um negócio.
• InVEST (Integrated Valuation of Ecosystem Services and Tradeoffs):
Ferramentas de análise, desenvolvida pela Natural Capital Project.
Criado como uma iniciativa de código aberto, com o objetivo de mapear e
valorizar bens e serviços da natureza.
Avalia os compromissos quantificáveis e ações propostas, identificando áreas
onde o investimento em capital natural pode melhorar o desenvolvimento e a
conservação do meio ambiente.
Possibilita a produção de mapas que modelam os resultados em termos
biofísicos, econômicos e sociais.
A ferramenta possui 18 modelos de serviços ecossistêmicos específicos,
projetados para ecossistemas terrestres, de água doce, marinhos e costeiros.
• Trucost:
Criada no ano 2000 e adquirida pela S&P Dow Jones Indices em 2016.
Trucost foi criada para fornecer dados, ferramentas e insights necessários para
que companhias e investidores pudessem criar e apresentar propostas de
transição para uma economia com baixa emissão de carbono e economia de
recursos.

Com o Trucost, é possível avaliar riscos relacionados a mudanças climáticas,


restrições de recursos naturais e fatores ambientais, sociais e governamentais
mais amplos.
Ferramentas de Gestão Ambiental para empresas

• Responsabilidade coorporativa; • Educação Ambiental;


• Produção Mais Limpa; • Avaliação e gerenciamento de
• Avaliação de Impacto Ambiental; risco;
• Auditoria Ambiental; • Ecodesign;
• Sistemas de Gestão Ambiental; • Avalição de Ciclo de vida;
• Ecoeficiência; • Rotulagem ambiental; e
• Marketing ambiental.
Para compor esta lista, a revista Corporate Knights avalia e seleciona
organizações de todos os setores com base em indicadores como:

• utilização de energia elétrica,


• emissões de carbono,
• consumo de água,
• geração e gerenciamento de resíduos sólidos,
• capacidade de inovação,
• estar em dia com os pagamentos de impostos,
• o percentual de mulheres na gestão da organização, entre outros.
Esses indicadores possuem diferentes pesos dependendo da área de atuação da empresa. Por exemplo: a
energia é avaliada em todos os setores, no entanto, terá um peso maior para uma empresa que representa
uma parcela significativa do uso total de energia do que em comparação à uma empresa que faça pouco uso
do total de energia.
Estados Unidos é o pais com o maior número
de empresas listadas, 22 das 100 mais
sustentáveis do mundo.
Como ficou o meio ambiente com a Pandemia do Covid-19, todos
fomos afetados, será que todos os efeitos foram negativos?
O Conselho Central de Controle de
Poluição da Índia (CPCB) verificou uma
mudança significativa na qualidade do ar,
que melhorou cerca de 33% entre os dias
16 e 27 de março.
O país, com aproximadamente 1,4 bilhão
de habitantes, segue a política de
quarentena desde o dia 22 de março.
Possíveis explicações para a queda da
poluição são a considerável redução no
tráfego de automóveis e a inatividade de
indústrias.
Uma das maiores consequências ocorreu
no norte do país, onde moradores
conseguem ver o Himalaia – a 200
quilômetros de distância – pela primeira
vez em 30 anos, além de também
relatarem mais estrelas visíveis.  
Canais de Veneza também estão mais limpos e cristalinos, estado que não atingia há 60 anos. 
Pesquisadores explicam que o lodo do rio, que geralmente ficava na superfície graças à movimentação de
barcos, afundou e foi transportado pelo fluxo da água, que também está mais intenso.
Já em Nova York, pesquisadores apontaram uma queda dos níveis de
carbono em mais de 50% abaixo da média.

Na China, o fechamento de lojas e indústrias resultou uma queda de 25%


nas emissões de dióxido de carbono (CO2), o que equivale a uma redução
global de 6%.

Na Itália, país que sofre com o isolamento social há mais tempo, golfinhos
foram filmados nadando no porto de Cagliari, capital da ilha de Sardenha.
Por outro lado, o professor de Engenharia da UFJF, Cézar
Henrique Barra, salienta a existência também de
impactos ambientais negativos. “O maior deve ser na
produção de alimentos. As pessoas estão em casa,
consequentemente consumindo mais comida, água,
energia, serviços como comunicação, e gerando muitos
resíduos. Creio que a geração de lixo seja o segundo
impacto mais considerável. Em contrapartida, o ar está
mais limpo e até a água dos rios pode melhorar; um freio
necessário para uma sociedade imediatista e
egocêntrica.”

A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais


(ABRELPE) informou em um documento que, por conta da quarentena, a geração de
resíduos domiciliares pode aumentar entre 15% e 25%. Além disso, também
preocupa o grande aumento na quantidade de lixo hospitalar, que pode ser 20
vezes maior durante a pandemia. Isso representa um grande perigo, principalmente
em locais onde o gerenciamento de resíduos é precário.
Menos emissões de CO2
Da mesma forma como com o NO2, aconteceu uma redução nas emissões de
dióxido de carbono devido à diminuição nas atividades econômicas.
A última vez em que isso aconteceu foi durante a crise financeira de 2008-2009.
Mas essa mudança provavelmente será apenas temporária.
Mais espaço para a vida selvagem
Enquanto os seres humanos se isolam em suas casas, alguns animais
aproveitam o espaço à disposição.
Com o trânsito rodoviário reduzido, bichos menores, como porcos-
espinhos saídos da hibernação, têm menos probabilidade de serem
atropelados.
Outras espécies, como os patos, podem estar se perguntando para
onde foram as pessoas que lhes costumavam dar migalhas de pão
no parque.
Mais atenção para o comércio de vida selvagem
Os conservacionistas esperam que o surto de
coronavírus ajude a conter o comércio global de
vida selvagem, responsável por deixar várias
espécies à beira da extinção. A covid-19
provavelmente se originou em um mercado chinês
que vende animais vivos e é um centro de vida
selvagem traficada ilegal e ilegalmente. A repressão
ao comércio de animais selvagens vivos pode ser um
efeito positivo da crise.
Problema dos plásticos continua
Mas não há só notícias positivas. Um dos piores efeitos colaterais ambientais da pandemia
de coronavírus é o rápido aumento no uso de plástico descartável - de equipamentos
médicos, como luvas, ​a embalagens plásticas, à medida que mais pessoas optam por
alimentos pré-embalados. Mesmo cafés que continuam abertos não usam mais copos
reutilizáveis, na tentativa de impedir a propagação do vírus.
Algumas considerações
Não estamos tão mal assim, mas sempre é possível melhorar!

Temos ainda muitos problemas estruturais, principalmente os relacionados


ao Saneamento Básico, ainda precisamos avançar muito. Saúde – Meio
Ambiente – Economia estão diretamente relacionados.

O comportamento do consumidor têm influenciado bastante o


comportamento empresarial, e vice e versa.

Sabemos que é impossível ter tudo 100% sustentável, no entanto,


devemos buscar a melhoria contínua.
Obrigada!

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