Você está na página 1de 39

MUDANÇA CLIMÁTICA E ACORDOS

INTERNACIONAIS
Introdução
• Forte tendência de elevação da temperatura ao longo do século XX, em especial nas
últimas décadas
• Processo associado a significativa elevação da concentração de GEE
• Fenômeno fortemente relacionada a atividade humana pós Revolução Industrial –
Elevação do PIB per capita (consumo de energia, fontes energéticas, padrões de
consumo)
• Mas intenso debate sobre a existência e os determinantes.
• Consequências Devastadoras: Elevação dos mares, catástrofes naturais, impacto nas
colheitas, etc
• Desafio limitar aquecimento entre 1,5 e 2ºC – Emissões atuais sinalizam entre 2,5 e
7ºC
• Politicas de Enfrentamento e Medidas de Adaptação: Qual a possibilidade
Variações na Temperatura da Superfície da Terra

Fonte: Varios, citado por A.Gurgel (2010).

I Reunião de Trabalho, Projeto BNDES/USP-FEARP, 19 de outubro de 2011


Variação da concentração de CO2 nos últimos
1.100 anos
PIB per Capita e Concentração Atmosférica de CO2

(ppm)
Fonte: Maddison (2003).ElaboraçãoIdéiasConsultoria.v

I Reunião de Trabalho, Projeto BNDES/USP-FEARP, 19 de outubro de 2011


O Debate
• Questão antiga sobre os limites dos recursos naturais
• Debate: Sustentabilidade e Desenvolvimento Econômico
• Agenda do Desenvolvimento:
• Entre Guerras – Estado Estabilizador – Desemprego
• Pós IIGM – Consolidação Estado do Bem Estar Social nos países
desenvolvidos; Preocupação com o Subdesenvolvimento, Incorporação de
Indicadores Sociais
• Fim dos 60 e começo dos 70 – reaparece questões ambientais
• Objetivos do Desenvolvimento
Evolução Histórica: Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável
Anos 50 Anos 60
Anos 40 Discussões de RSC - Livros: Primavera Silenciosa (Carson, 1962) e
Primeiras Responsabilidade Social Tragédia dos Comuns (Hardin, 1968)
discussões sobre o Corporativa nas universidades Discussão sobre as inter-relações entre Economia,
tema na ONU americanas – questões de Meio-ambiente e Questões Sociais
Gênero e Legitimidade das Aumento da Consciência
empresas 1964: Civil Rights Act

Envolvimento: Cientistas e ONGs

Anos 80 Anos 70
Catástrofes Ambientais: Exxon Valdez, Chernobyl, Union 1970- Criação da EPA (Environmental Protection
Carbide Agency)
1981 – Fundação do Ibase no Brasil 1972 – Conferência da ONU sobre Meio Ambiente
1987 - Relatório Brundtland – formalização do conceito de Humano, em Estocolmo, Suécia e Relatório “The
Economia Verde e Desenvolvimento Sustentável Limits to Growth”

Envolvimento: Cientistas, ONGs, Governos e Nações

Anos 90 2000 a 2010 2011 a 2016


1992 – Eco 92, Rio: Agenda 21 e Convenção das Nações 2001 – GRI – Diretrizes em Português 2012 - Rio+20
Unidas sobre a Mudança de Clima 2002 – Rio+10 – Johannesburgo 2013 – Estruturação do PRME
1994 – John Elkington – Triple Bottom Line 2005 – Pacto Global Chapter Brazil
1996 – Declaração dos Objetivos do Milenium, ONU 2005 – Índice de Sustentabilidade Empresarial 2015 – Acidente da Samarco em
1997 – Protocolo de Quioto BMF&Bovespa MG
1997 – Conceito de Liderança Consciente 2006 – Criação do PRME 2015 - Término do prazo dos
1999 – Índice Dow Jones de Sustentabilidade 2007-2008 – Crise Econômica Financeira Objetivos do Milênio
1997 – Criação do CEBDS 2010 – British Petroleum no México 2015 - COP21, Paris
1998 – ETHOS 2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos 2015 – Acordo do Clima
1995 - GIFE 2015 – Lançamento dos ODS
Envolvimento: Cientistas, ONGs, Governos, Nações, Empresas e Consumidores

Fonte: Adaptado de Claro e Claro, Working Paper Series (032017) - Insper


Desenvolvimento Sustentável
“Satisfazer as necessidades das gerações presentes sem prejudicar as
futuras gerações” (Relatório Brundtland – Nosso Futuro Comum, 1987)

“Desenvolvimentosustentável é o modelo que prevê a integração entre


economia, sociedade e meio ambiente; É a noção de que o
crescimento econômico deve levar em consideração a inclusão social e
a proteção ambiental” (www.rio20.com.br)
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: agenda minimalista de
Direitos Sociais, com foco na pobreza e fome
ODS como síntese do trinômio – desenvolvimento social,
crescimento econômico e sustentabilidade ambiental
ODS como síntese do trinômio – desenvolvimento social,
crescimento econômico e sustentabilidade ambiental
Síntese dos 17 ODS como 5 Ps
Convenção sobre a Mudança do Clima
• 1988 – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
e Organização Mundial de Meteorologia criam o IPCC (Painel
Internacional sobre Mudança do Clima)
• 1990 – primeiro relatório do IPCC leva ONU a criar Convenção Quadro
as Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC)
• Rio 92 – Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento – Agenda 21 – Assinatura do CQNUMC (Brasil
primeiro signatário – depois seguido por mais 165 países).
• 2 outras convenções assinadas no RIO: Diversidade Biológica e
Combate à Desertificação
CQNUMC
• Três aspectos importantes do texto
Mudança climática preocupação crescente para o
desenvolvimento
Maior parcela das emissões de GEE, históricas e atuais, originárias
dos países desenvolvidos
Emissão per capita dos países em desenvolvimento é baixa e
crescerá para que eles possam atender as necessidades sociais e
de desenvolvimento.
Protocolo de Kyoto
• CQNUMC estabelecia :
• Metas para o Anexo I (volta das emissões aos níveis de 1990) e grupo
não Anexo I (sem metas) – OBS os grupos internamente já eram
muito diferentes (Anexo I – OCDE e ex-URSS)
• Princípios – Precaução; Responsabilidade Comum porém Diferenciada
(Efeito de Longo Prazo das emissões que afetam todos os países);
contribuições com equidade e de acordo com a capacidade
• Mecanismos de Desenvolvimento Limpo – Reduções Certificadas de
Emissões (RCE) – Créditos de Carbono
• Outros mecanismos possíveis
Evolução das Emissões de GEE de 1900 a 2009 – em teragramas de
CO2

35000

30000

25000

20000

15000

10000

5000

0
1900 1904 1908 1912 1916 1920 1924 1928 1932 1936 1940 1944 1948 1952 1956 1960 1964 1968 1972 1976 1980 1984 1988 1992 1996 2000 2004 2008
Emissões por Grupo de Países
35000000
Emissoes de CO2
30000000

25000000

20000000

15000000

10000000

5000000

0
1961196319651967196919711973197519771979198119831985198719891991199319951997199920012003200520072009

WLD OED HIC LMY


Emissões por Países
Emissões de CO2
35000000
30000000
25000000
20000000
15000000
10000000
5000000
0

WLD BRA CHN USA EUU


Contribuição de cada área do planeta
Por país – per capita
Emissões Per Capita
Crescimento % das emissões
140,00%
120,00%
100,00%
80,00%
60,00%
40,00%
20,00%
0,00%
-20,00% WLD BRA CHN USA EUU OED HIC LMY

70/61 80/70 90/80 00/90 09/00


Resultados
• Fracasso? Emissões continuaram e ampliaram
• Kyoto foi simbólico mas sem efeito relevante.
• Forte aumento das emissões dos países não Anexo I – China já é o
maior emissor sem ter atingido nível de renda dos desenvolvidos!!!
• Estados fizeram pouco para descarbonizar: Usinas de carvão
persistem, subvenções e subsídios a energias fósseis,
• Persiste Egoísmo Nacional frente ao Imperativo Ecológico
Alguns Pontos dos Dados
• Quase todo aumento das emissões no período recente se concentrou nos países de
renda média e baixa (destaque China)
• Emissões Per capita de vários países com destaque para os Europeus já estava em
queda (porque: vazamento! precificação do carbono, politicas rígidas, etc??? –
menor espaço para reduzir na Europa); além dos países da antiga URSS (queda da
atividade, atualização tecnológica, adequação às normas ambientais, etc)
• Países de renda média e baixa em elevação
• EUA se mantém elevado, assim como vários outros países que se baseiam em
energia fóssil
• Taxa de crescimento de emissões mundiais vinha em queda, mas voltou a subir
nesse século. Europa taxa negativa nas 3 últimas décadas, países médios forte
elevação – Curva mbiental de Kuznets?
Porque a dificuldade e os fracassos!
• Debates nos últimos “30 anos” – ações midiáticas, individuais, sem
alterar comportamento coletivo:
• Efeito- Carona:
• Longo Prazo todos se beneficiam da redução de emissões globais mas
incentivos individuais são baixos. Medidas de um país favorece outros – Gasto
100 com uma politica me beneficio de 1 e transfiro 99 para outros!!!!
• Beneficiários são gerações futuras e não eleitores de hoje.
• Países e políticos não internalizam os benefícios – emissões elevadas
• Efeito Carona = Tragédia dos Comuns
• Dificuldade evitar efeito carona sem AUTORIDADE SUPRANACIONAL
Porque a dificuldade e os fracassos!
• Vazamento de Carbono
• Tributação de Carbono em um país desloca empresas e emprego para outro
onde se possa poluir – Redistribuição de renda e riqueza sem benefício
ecológico
• Redução do uso de energia fóssil em um país pode reduzir fluxo de petróleo,
afetar o preço e estimular consumo em outros locais
• Portanto, esforço de um país limitado é isolado
• (Porque não tributar carbono no consumo – imposto de importação!!)
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
• MDL – Atribui crédito a empresas em países com controle de
emissões por projetos de redução de emissão em países não
submetidos à norma (China, Brasil, Africa, etc)
• Esforço medido pelo Preço do Carbono no mercado de licenças
negociáveis
• Problemas
• (i) só deveria valer para projetos adicionais (aquele que não existiria sem
MDL);
• (ii) projeto em um lugar pode vazar atividade poluente para outro: Preservar
floresta, aumenta preço da madeira, desmatamento em outro lugar.
Dificuldades de Acordos
• Efeito Carona
• Vazamento de Carbono
• Incentivos para protelar ações: Quem fizer menor esforço hoje será
compensado no futuro.
• Algumas ações:
• Cap and Trade: Licenças de Emissões Negociáveis – Metas de emissão com
base em Orçamento de Carbono – empresas deficitárias e superavitárias
negociam licenças
• Imposto Carbono – Pagamento estipulado por Tonelada de CO2 (Fr, Jp, Mex,
Sue; entre outros). Em geral imposto inferior ao custo social (OBS Sue tributa
o domicilio para não ter problema do vazamento)
Dificuldades de acordo
• Açoes unilaterais pode se justificar por outras externalidades:
• Reduzir poluentes locais (ex chuva ácida) e partículas finas
• Estimular redução de consumo de carne – seus impactos na saúde
• Opinião pública e pressões internacionais
• Comando e Controle: Medidas Administrativas, Normas ambientais,
escolhas de fontes energéticas, uso do solo, etc. Questão custo e
coerência das escolhas: Energia fotovoltaica em lugar sem sol (custo
da redução pode ser maior do que apoiar outros projetos)
Fracasso de Kyoto!
• Paises signatários do Anexo I, em 2015 tinham reduzido emissões em 5%
em relação a 1990.
• Na concepção signatários representavam 65% das emissões globais em
2012 menos de 15%:
• EUA não ratificou – Senado exigiu ausência de efeito carona
• Japão, Russia e Canadá (descoberta areia betuminosa) – saíram
• Fracasso na principal tentativa de precificar carbono (EU-ETS – Emission
Trade Schemes) – crise econômica de 2008, desenvolvimento de energia
renovável (Alemanha, por ex) – queda na demanda e no preço do
carbono (voltou o carvão em vários lugares); Europa não restringiu
licenças e deixou o preço cair (Tragédia dos Comuns)
COP – Copenhagen 2009
• Objetivo – fazer um kyoto com mais signatários
• Mecanismo: Promessa e Exame - Contribuição Concebida Nacionalmente
(INDC)– ONU – Câmara de compromissos sem poder de imposição real.
Objetivos: Absolutos x Relativos (Desvios de Tendência!!!!)
• Problemas:
• Greenwashing – Incentivo a politica parecer mais verde do que é, por ex, selecionar
referências conforme conveniência (Ano base: aquele de maiores emissões)
• INDC é voluntário (sistema de IR que você diz quanto quer pagar!)
• Credibilidade das promessas sem compromissos globais
• Portanto: Faltou Ambição ao Acordo
COP 21 Paris 2015
• Meta: manter aquecimento abaixo de 2oC e parar de emitir em 2050 e
direcionar USS100bi/ano aos países em desenvolvimento pos 2020.
• Acordo sobre limites globais de emissões mas sem determinar a
contribuição de cada país
• Necessidade de vincular recursos a projetos verdes novos
• Transparência: Porque país em desenvolvimento não se submete ao
mesmo monitoramento
• Revisão a cada 5 anos – Comportamento oportunista de adiar
• De novo metas poucos ambiciosas e sem governança. Sucesso politico
(acordo de Paris) mas sem eficácia
Problema Central
• Agentes não internalizam prejuízos causados por emissão de GEE (efeito
carona)
• Necessário estabelecer Preço único global para o carbono e obrigar todos
emissores a pagarem
• Mercado de carbono: mecanismo mais eficaz permite selecionar os projetos
redutores de emissão ao menor custo, portanto, melhor que atividade
dirigista
• Acordo tem que valer para todos os país: Mercado (licenças) ou Impostos
únicos sobre o carbono para todos.
• Necessidade de monitoramento, fiscalização da arrecadação pelos países,
verificar a ausência de benefícios indiretos para compensar, etc.
• Seja Imposto ou mercado – Preço do carbono tem refletir custo social e induzir ações
para reduzir emissões no futuro (inovações tecnológicas, mudar padrões de consumo,
eficiência energética, etc)
• Incerteza sobre preços: mecanismos para estabilizar, possibilidade de usar licenças ao
longo do tempo (escolher períodos), especulação!
• Responsabilidade Comum mas diferenciada – Compensar países pobres com
transferências financeiras para investimentos, mas devem participar dos esforços
(FUNDO VERDE)
• Outras politicas: Investimentos de P&D em tecnologia verde (transferência
tecnológica), Politicas Urbanas de uso do solo, investimento em Infra-estrutura, etc. –
Crescimento Verde – É possível o Descolamento??? Crescimento sem Emissões – É a
única chance de pensarmos em avançarmos simultaneamente em diminuir
desigualdades e pobreza com sustentabilidade
Dificuldades de acordos internacionais
• Como manter principio da subsidiariedade de cada país elaborar sua
própria politica?
• Efeito carona – qual a estabilidade da coalizão
• Aplicação – mecanismos limitados de enforcement (sanção internacional),
estigmatização do país
• Deve-se envolver organismos internacionais: OMC poderia entender
descumprimento do Acordo como ´Dumping ambiental; FMI equiparar a
Dívida Soberana
• Para dar inicio poderia ser com os maiores países emissores e forçar com
mecanismos de comercio ou outros a adesão dos demais, ao invés de
iniciar com um acordo que busque 195 países.
Estudos de Decomposição
• Emissões per capita =
• Emissões/Energia – grau de limpeza da matriz energética
• Energia/PIB – eficiência energética
• PIB/Pop = consumo de B&S (consumo de energia)
• Descolamento = crescimento do PIB per capita descolado do aumento
das emissões (relativo e absoluto)
• Tecnologias Verdes: eficiência energética e energia renovável
• Questão: Incentivos ao desenvolvimento e transferência de tecnologia
• Notas sobre natureza diferente das emissões no Brasil e baixo Custo
Marginal de Abatimento das Emissões
Indicadores

2004 2005 2006 2007 2008 2009

Emissões per capita 5.66 5.65 5.77 5.97 5.90 5.71

PIB per capita 7872.8 8095.1 8486.8 8857.7 8937.5 8563.7

Grau de limpeza da matriz


energética 1.80E-06 1.77E-06 1.73E-06 1.74E-06 1.73E-06 1.67E-06

Eficiência Energética 831.0 829.7 816.0 784.5 756.5 768.0


Emissão por unidade de
produto 1.34 1.32 1.28 1.24 1.18 1.18

N. Observações 143 145 145 145 145 145


Pib/pop emissao_energia energia_pib Emissao/pop

Mundo 5,87 1,57 0,47 4,29


24,19 1,23 0,33
OCDE 9,83

Não OCDE Europa e Eurasia


2,24 1,77 1,87 7,45
America Latina 4,34 1,15 0,43 2,16
Asia 1,13 1,93 0,66 1,43
Africa 0,89 1,64 0,63 0,92
Emissões de CO2 per capita
Emissão/pop Simulação 1 Simulação 2 Simulação 3
Mundo 4,29 3,05 71,19% 3,13 73,00% 2,23 51,97%
OCDE 9,83 9,83 100,00% 9,19 93,45% 9,19 93,45%
Não OCDE Europa e Eurasia 7,45 1,32 17,70% 4,82 64,63% 0,85 11,44%
America Latina 2,16 1,65 76,24% 2,16 100,00% 1,65 76,24%
Asia 1,43 0,72 50,29% 0,85 59,55% 0,43 29,95%
Africa 0,92 0,48 52,42% 0,64 69,96% 0,34 36,68%
Simulação 1 - Coeficientes de Energia/PIB da OCDE
Simulação 2 - Coeficientes Emissão/Energia da América Latina
Simulação 3 - combinando simulação 1 e 2

Você também pode gostar