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EVOLUÇÃO DOS DEBATES SOBRE

DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL E
RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS
EMPRESAS

Empresas na Sociedade – Sustentabilidade e


Responsabilidade Social.
José Antônio Puppim de Oliveira, Ed.Campus, RJ, 2008.
Cap.2
Material Didático disponível em
www.estacio.br/leitorestacio
ESTRUTURAÇÃO DO DEBATE AMBIENTAL
E SOBRE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
 A Revolução Industrial trouxe à tona uma série de problemas
relacionados com a qualidade de vida da população, a utilização
dos recursos naturais e a degradação do ambiente urbano e rural.
 Como a sociedade reagiu à degradação do meio ambiente.
 Como a sociedade se articulou em nível global e local de modo a
criar regras para a gestão socioambiental.
 Com o uso da energia dos combustíveis fósseis, o ser humano
podia modificar de forma radical o espaço natural ao seu redor.
 Mais mercados são alcançados.
 Matérias-primas trazidas de lugares mais distantes.
 Necessidade crescente de combustíveis para abastecer as máquinas.
 Como consequência do processo de produção: resíduos e efluentes
aumentando e contribuindo para a degradação ambiental...
 Inicialmente os problemas socioambientais eram vistos como
uma consequência natural do desenvolvimento... Confundido
com crescimento econômico:
 “Sequerem desenvolvimento, então têm de abrir mão da qualidade
ambiental...”
 Uma visão tanto da sociedade capitalista, quanto dos países
ditos comunistas.
 Poluição como algo positivo: “Estamos desenvolvendo...”
 Crescimento econômico a qualquer custo...

Um cartaz da Era Soviética


(o texto diz: “A FUMAÇA DAS
CHAMINÉS É A RESPIRAÇÃO
SOVIÉTICA”)
 Os primeiros movimentos sociais mais organizados criados
para tentar controlar as transformações crescentes vindas da
revolução industrial na natureza ocorreram na segunda
metade do séc.XIX:
 Os movimentos conservacionistas nos EUA.
 Com a expansão americana para o Oeste, os
conservacionistas temiam que os resultados dessas
expansão fossem os mesmos da ocupação da Costa Leste,
com o desaparecimento dos espaços naturais dando lugar
às cidades e fazendas.
 Os conservacionistas conseguiram com o movimento a
criação dos Parques Nacionais.
A ERA PÓS-INDUSTRIAL E O MOVIMENTO
AMBIENTALISTA A PARTIR DA DÉCADA DE 60
 Começaram a surgir protestos de vários lados:
 Surgem livros alertando sobre os problemas ambientais:
 Rachel Carson, em 1962, escreveu o célebre livro Primavera Silenciosa
alertando sobre o desaparecimento dos pássaros com a destruição de seus
habitats pela revolução verde.
 A cada primavera no campo o nº de pássaros cantando diminuía, até silenciarem totalmente.

 Nas cidades, a qualidade de vida era cada vez pior, com a poluição do ar e
da água causando doenças várias.
 O Japão teve casos graves de contaminação de populações inteiras por metais
pesados.

 A partir desse período se observa uma nova revolução, onde a economia


dos países desenvolvidos começa a depender cada vez menos do setor
industrial e cada vez mais do setor de serviços e comércio...
MOVIMENTOS AMBIENTALISTAS
 1º) Em nível local:
 Através das Associações de Moradores.
 Movimentos da Sociedade Civil em Escolas, Universidades e Associações
de Trabalhadores.
 Protestavam contra problemas locais criados pela contaminação do meio ambiente
e suas consequências às populações que viviam nos locais.

 E depois alguns desses movimentos expandiram-se para outros países,


transformando-se em movimentos globais ambientalistas.
 Como combater os problemas ambientais?
 Discurso das Empresas:
 “Os problemas ambientais eram consequências naturais da produção desde os primórdios da
Revolução Industrial”.
 “Se você produz vai ter poluição e problemas sociais...”
 “Se a população quer altos padrões materiais terá, consequentemente, de suportar altos padrões de
contaminação ambiental...”
 O Estado não sabia como compatibilizar produção material X preservação da Qualidade de
Vida
 O Estado dependia dos empregos e impostos gerados pelas fábricas.
 Boa parte da população era empregada nas fábricas e via na produção industrial uma forma de geração
de emprego e renda.
 Como nem o Estado (Primeiro Setor), nem as Empresas (Segundo Setor) se mobilizavam para
resolver os problemas ambientais, ganharam força política as Organizações da Sociedade
Civil (Terceiro Setor), que não eram nem estatais, e nem privadas, mas defendiam o interesse
público.
 Essas Organizações foram chamadas de Organizações Não-Governamentais (ONGs)
 Os ambientalistas radicalizavam:
 Pediam o fechamento de fábricas e a diminuição da economia.
 Mais desenvolvimento econômico levava a mais degradação ambiental.
O RELATÓRIO DO CLUBE DE ROMA
 Surgiram sinais estarrecedores:
 Uma Organização Civil Internacional, que ao reunir especialistas
renomados no Instituto de Tecnologia de Massachutes (MIT),
elabora e publica estudos, dando bastante credibilidade às
previsões...
 Apontava que, se o aumento da população e da utilização de recursos
naturais continuasse na mesma proporção dos últimos anos, a
TERRA entraria em colapso, e consequentemente a vida dos Animais
do Planeta, incluindo o Ser Humano.
 Os Estudos do Clube de Roma repercutiram mundialmente,
levando a comunidade internacional a se organizar para evitar esse
possível colapso.
ESTOCOLMO – 1972 E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO
SETOR AMBIENTAL NO ESTADO
 Crescem nº de protestos, movimentos e relatórios sobre os problemas ambientais em
diversas partes do mundo...
 A ONU (Organização das Nações Unidas) decide discutir a questão de forma
institucionalizada e organiza sua Primeira Conferência para debater problemas ambientais
gerais:
 A CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO,
realizada em ESTOCOLMO, em 1972.
 Os países industrializados levaram os principais temas a serem debatidos na Conferência, pois
experimentavam os problemas mais graves e os protestos de movimentos sociais e políticos
organizados.
 A agenda foi marcada pela discussão dos problemas ambientais locais, principalmente a poluição
industrial nos grandes centros urbanos e seus impactos sobre as populações vizinhas.
 Boa parte das soluções dos problemas estava baseada na ideia de que o desenvolvimento
econômico era o grande vilão do meio ambiente e para melhorar seria necessário diminuir
o ritmo do crescimento econômico.
 Crescimento zero para a humanidade resolver seus problemas ambientais e obter qualidade de
 A Índia, de Indira Gandhi, país muito pobre na época, achava que a
pobreza era a grande vilã do meio ambiente...
 O Brasil tinha desconfiança nas atitudes dos países desenvolvidos,
achando que as ideias de proteção ambiental eram uma manobra
para impedir o desenvolvimento dos países mais atrasados...
 Aumentar a proteção ambiental significa diminuir o ritmo de crescimento
econômico dos países em desenvolvimento...
 A Conferência de Estocolmo foi importante para institucionalizar o
debate ambiental na agenda global.
 Muitos países começaram a introduzir as questões ambientais em suas
políticas nacionais e a criar a estrutura organizacional e legal para gerir os
problemas ambientais, como leis e Ministérios do Meio Ambiente.
DEBATE SOBRE O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL E A RIO-92
 No decorrer dá década de 70, ao questionarem as conclusões da Conferência
verificou-se:
 1º) Como disse Indira Gandhi, vários problemas ambientais eram resultado da
falta de desenvolvimento econômico, e não do excesso.
 Principalmente em países em desenvolvimento, a poluição por falta de saneamento
básico ou o desmatamento por falta de oportunidades para uma população agrária
pobre.
 2º) Crescimento não era incompatível com Qualidade de Vida.
 Em várias experiências práticas, empresas e comunidades tinham conseguido melhorar
a qualidade ambiental e ao mesmo tempo melhorar o desempenho econômico.
 Fábricas conseguiam reduzir seus resíduos sólidos através da reciclagem e ao mesmo
tempo, aumentar sua produtividade...

 Resultados que levaram a ONU a criar uma comissão de especialistas para


analisar mais de perto as causas e consequências dos problemas ambientais e
suas soluções.
- RELATÓRIO BRUNDTLAND –
“NOSSO FUTURO COMUM”
 Foi criada a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento = Comissão
Brundtland, formada por mais de 40 especialistas de vários países.
 A comissão chegou a suas análises finais e conclusões, colocadas no Relatório Brundtland,
publicado em 1987 – “NOSSO FUTURO COMUM”, com visões diferentes de Estocolmo:
 1º) Crescimento Econômico e Proteção Ambiental não são incompatíveis e podem ocorrer ao
mesmo tempo;
 2º) A Pobreza e as Questões Sociais, e não só Econômicas, devem ser incorporadas ao Debate
Ambiental;
 O Desenvolvimento tem de ocorrer nas esferas Ambiental, Econômica e Social.

 3º) Devemos levar em conta nas consequências das nossas ações não só a geração atual, mas
também as gerações futuras, que podem ser afetadas de forma mais contundente pelos
problemas ambientais.
 “O Nosso Futuro Comum” popularizou o conceito de DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL...
 “Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende às necessidades das gerações
presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem suas
próprias necessidades.”
PROBLEMAS AMBIENTAIS PREOCUPANTES
 A Camada de Ozônio sendo destruída pelos CFCs (cloro-fluor-cabonos)
gerando preocupação com o aumento da taxa de câncer na pele em
várias regiões do globo...
 Aumento do Aquecimento Global devido ao excesso de gases de efeito
estufa na atmosfera, principalmente devido à queima de combustíveis
fósseis...
 Nº alarmante de espécies da flora e fauna em processo de extinção,
devido a destruição dos habitats naturais.
 Consequências imprevisíveis com o desaparecimento de espécies que
poderiam ter princípios ativos para a cura de doenças como o câncer ou a
AIDs.
 A partir desses problemas a ONU organiza sua Segunda Conferência
Global = a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE
MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO ou RIO-92.
RIO-92
 Principais Temas:
 Implementação do conceito de Desenvolvimento Sustentável em escala mundial
 Solução dos problemas globais principalmente o aquecimento global (efeito estufa) e a
perda da biodiversidade.
 Vários Documentos:
 As convenções das mudanças climáticas e da diversidade biológica em termos de
legislações e avanços institucionais globais para deter os dois problemas, com
importantes desdobramentos:
 Protocolo de Quioto – Estabelece mecanismos para tentar conter o efeito estufa
 Protocolo de Cartagena – Iniciativas para gerir a questão da biodiversidade.
 A carta da Terra - Uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção,
no século XXI, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica.
 A Agenda 21 – Documento com 40 capítulos para traçar um plano de ação à
implementação do Desenvolvimento Sustentável.
 Um plano que deveria ser participativo e democrático, e que poderia ser ajustado à governos,
comunidades e organizações, com várias iniciativas na década de 90.
CÚPULA GLOBAL – RIO +10 – JOHANESBURGO 2002
 Em 2002, líderes e organizações reúnem-se na África do Sul, para avaliar o que foi
conseguido após a Rio-92.
 Apesar dos avanços institucionais para se conseguir o Desenvolvimento Sustentável,
os resultados mostram que a situação fica mais grave que em 1992.
 Crescem a emissão dos gases estufa, a perda da biodiversidade e a degradação ambiental,
social e econômica em várias regiões do globo.
 Nem os países desenvolvidos, nem os países em desenvolvimento conseguiram colocar a
AGENDA 21 em prática com resultados efetivos.
 Alerta de novos problemas como a questão da degradação dos recursos hídricos ao
redor do mundo...
 Coloca a questão da Pobreza na Agenda Global de Desenvolvimento Sustentável =
Não mais como um problema de cada país...
 Atualmente a complexidade da Agenda ambiental vem se defrontando com vários problemas
inter-relacionados:
 A questão dos oceanos e dos poluentes orgânicos persistentes (POPs), que são químicos cumulativos com
alto período de biodegradação e que possivelmente têm impactos negativo na saúde humana e animal.
 No Brasil o desmatamento da Amazônia e a degradação dos recursos hídricos,
exigindo a participação em ações coletivas globais para se solucionar os velhos e os
“RSE” NO BRASIL
 A partir de 1980 surgem as primeiras organizações que trabalham
efetivamente com RSC:
 O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE),
ligado ao sociólogo Betinho, pioneiro na difusão do Balanço Social
das Empresas, documento que divulga publicamente as Ações
Socioambientais das Empresas.
 Na década de 1990 o movimento RSE cresce especialmente com a
liderança do Instituo “Ethos”
 O Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC)
 A Fundação Abrinq
 O Centro Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS)
 No Brasil RSC ganhou um caráter bastante ligado à Ação Social
Empresarial, e muitos confundem Ação Social com RS de

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