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Técnico em Meio Ambiente

Sociologia Ambiental – IF Sudesde MG


“O desenvolvimento da cultura humana e a forma como suas
diferentes manifestações interagem com o ambiente físico ao redor
caracterizam o conceito de meio ambiente para a Sociologia.”
Chamamos de
“ambientalização” o
princípio que estabelece o
vínculo entre a Sociologia e o
meio ambiente.
A ambientalização designa a
adoção de um discurso
ambiental por diferentes
grupos sociais mediante
justificativas ambientais para
a prática institucional
(políticas públicas de
licenciamento ambiental,
por exemplo), ação política
(movimentos ambientalistas
em suas diferentes formas) e
pesquisas científicas (nas
Universidades em ONGs e
em empresas privadas).
Justiça
Ambiental Ecoeficiência

Soberania
Alimentar Segurança
alimentar

Ecorracismo
Sustentabilidade
O Contexto histórico da problemática
socioambietal
CAPITALISMO E MEIO AMBIENTE

• As rápidas transformações econômicas e políticas que


marcaram a modernidade transformaram sociedades até
então predominantemente agrícolas e rurais em sociedades
industriais e urbanas.
• A relação das sociedades modernas com o meio ambiente
enfrenta os traumas dessa transição, que criou uma ideia de
oposição entre a natureza e o produto da indústria humana.
• Capitalismo exigiu
um uso intenso e
crescente dos
recursos naturais
do planeta a fim
de alimentar o
desenvolvimento
tecnológico e as
mudanças nos
padrões de
consumo.
Como diferentes
culturas resultam da
transformação da
natureza promovida
pela inventividade
humana, a história das
sociedades também é a
história de múltiplas
relações com o meio
ambiente, pois cada
sociedade encontra
uma forma específica
de satisfazer suas
necessidades
socialmente
construídas.
Há cerca de 3700 anos, os Há 2400 anos, na Grécia, A partir do século VII, a
sumérios abandonaram Platão já alertava para a civilização maia começou
suas terras, onde foram erosão do solo provocada a sucumbir em virtude do
produzidos os primeiros pelo excesso de desmatamento e da
excedentes agrícolas de pastagens e pelo corte de degradação do solo
que se tem notícia, por árvores para obtenção de provocada pelos seus
que ficaram salinizadas e lenha. métodos agrícolas.
alagadiças.
O movimento ambientalista destacam-se duas correntes sobre
a relação do ser humano com a natureza:

O preservacionismo defende que O conservacionismo defende o uso


qualquer interferência humana provoca equilibrado dos recursos naturais, tendo
danos ao meio ambiente e, portanto, como princípios a prevenção de desperdícios
debe ser restringida ao máximo. Propõe e o benefício, no presente e no futuro, da
maioria dos seres humanos. Nessa vertente o
áreas “intocáveis”.
ser humano é parte da natureza e, portanto,
não devem ser pensado de forma separada.
Questionando o desenvolvimento
capitalista: o “problema ambiental”
• Os avanços científicos que demandaram e permitiram uma exploração
cada vez mais intensa dos recursos naturais do planeta também
revelaram as consequências drásticas da exploração predatória do meio
ambiente. A difusão da consciência dos efeitos nocivos da relação do
ser humano com a natureza produziu um discurso especializado, com
diagnósticos técnicos e possíveis soluções, e também mudou a opinião
pública a respeito de progresso, os meios para alcançá-lo e suas
consequências para a sociedade. Embora os princípios que sustentam
os padrões de consumo continuem inabalados, essa mudança na
opinião pública gerou novos discursos que orientam grupos
preocupados em mudar o atual modelo de desenvolvimento.
• Dessa forma, o desenvolvimento tecnológico, que antes era tido como
uma necessidade da sociedade industrial, passou a ser visto como um
problema ambiental.
Uma nova ideia de desenvolvimento…
Desastres nucleares –
como nos casos de
Three Mile Island, em
1979, nos Estados
Unidos, Chernobyl, na
antiga União Soviética,
em 1986, e Fukushima,
Japão, em 2011 – foram
importantes para se
observar os limites do
desenvolvimento
capitalista.
A ideia de desenvolvimento sustentável é uma tentativa de
superar as contradições do desenvolvimento capitalista e,
segundo a ONU, é “aquele que satisfaz as necessidades do
presente, sem prejudicar a capacidade de as gerações futuras
virem a satisfazer suas necessidades”.
Novas contradições: o que aponta a
Sociologia Ambiental?
• A consciência dos problemas ambientais, muitas vezes, em vez de
promover um movimento de reestruturação do modelo
econômico, suscitou a radicalização de diferenças. Por exemplo, as
indústrias pesadas, a exploração predatória dos recursos naturais e
outras atividades nocivas ao ambiente foram transferidas para
países em desenvolvimento.
• A mesma lógica pode ser identificada em um país onde tanto as
relações entre as classes quanto entre os grupos tradicionais de
determinados territórios estejam marcadas por assimetrias, para as
quais não é possível encontrar equilíbrio ou conciliação sem uma
linha de ação ativa de movimentos sociais, políticas públicas e
propostas alternativas de organização econômica.
• Movimentos de contestação promovem constantes protestos
contra essa lógica do desenvolvimento, levando empresas,
governos e organismos internacionais a reverem suas práticas.
Fome como um problema social e
político…
• A ideia difundida no século XIX, de que a fome e a pobreza seriam
resultado de uma produção de alimentos insuficiente em relação ao
crescimento populacional, foi criticada e superada ao longo do século
XX.
• Apesar do aumento da produção de riquezas e alimentos na sociedade
industrial capitalista, os mecanismos de mercado conhecidos não são
capazes de distribuir esses recursos para eliminar a fome e a pobreza.
• A superação desse cenário envolve políticas de garantia de direitos
básicos aos mais pobres e a discussão sobre a construção de outro
modelo de desenvolvimento que, para muitos países, deve partir da
implantação de uma reforma agrária.
• A fome passou a ser compreendida como uma das evidências mais
claras de que o mercado capitalista não seria capaz de reduzir as
desigualdades, mesmo com os meios técnicos disponíveis.
Modernização, transformação social e
meio ambiente
• A crítica aos efeitos de desagregação social
do capitalismo também considerou seus
impactos sobre o meio ambiente. De acordo
com Vandana Shiva, as grandes
corporações, na busca incessante de lucros,
aprofundam as crises ambientais
planetárias.
Justiça ambiental, “modernização ecológica” e
conflitos ambientais no Brasil

• A questão do desenvolvimento brasileiro, cuja principal inspiração


era o processo de industrialização dos países do capitalismo central,
foi até então uma fonte de constrangimento para o movimento
ambientalista. Isso porque se entendia que a industrialização e a
rentabilidade do capital serviriam aos propósitos
desenvolvimentistas de geração de emprego e renda e, portanto,
contribuiriam para criar meios de superação do atraso e da pobreza.
• Uma nova relação entre o meio ambiente e a justiça social serviu de
base para a construção de uma agenda comum entre as entidades
ambientalistas, o ativismo sindical, o movimento dos trabalhadores
sem-terra e o movimento dos atingidos por barragens, assim como
com seringueiros, extrativistas, o movimento indígena e os
movimentos comunitários das periferias urbanas.
Justiça ambiental

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