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Projeto Editorial
CEGeT
Presidente Prudente - 2005
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
I.S.B.N.: 84-689-5648-1
Projeto Editorial
Todos os direitos reservados ao Grupo de Pesquisa
“Centro de Estudos de Geografia do Trabalho” (CEGeT)
Faculdade de Ciências e Tecnologia/UNESP/Presidente Prudente
ceget@prudente.unesp.br
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♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
Projeto Editorial
(CEGeT)
Publicações
Gênero e Classe nos Sindicatos
Terezinha Brumatti Carvalhal
Revista Pegada
Versões Impressa e Eletrônica
(www.prudente.unesp.br/ceget/pegada.htm)
Próximos Lançamentos
Pedidos:
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TEL. (18) 3229-5375
FAX (18) 3221-8212
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
Sumário Página
Apresentação ............................................................................................. 9
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Apresentação
do primeiro sobre o segundo, que por sua vez, impacta diretamente o universo
simbólico dos trabalhadores, que se apresentam de forma fragmentária e
desarticulados ao se identificarem no âmbito das profissões/categorias sindicais,
prescritas pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), portanto longe do
ideário do pertencimento de classe e resguardadas pelo aparato estatal e pela
Constituição. Então, as preocupações em torno das ações das centrais sindicais,
da CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), com a
gestão territorial, refletem diretamente os primeiros exercícios que nos
permitiram ao longo desses 10 anos ampliar os horizontes e demarcar um campo
de investigação na Geografia brasileira que se consolida mediante o marco de
uma linha de pesquisa que tem na temática do trabalho e nos movimentos
sociais, a possibilidade de compreendermos o metabolismo do capital (ou a
processualidade social em sentido restrito), a partir da dinâmica territorial da
sociedade.
Conseguimos multiplicar esforços para materializar essas
preocupações num tempo em que essas questões não povoavam os estudos
geográficos. A Terceira Parte deste livro nos mostra os passos iniciais para a
vertebração do eixo principal das nossas investigações sobre a temática do
trabalho. No entanto, nos permite lançar algumas idéias ao debate, demarcando,
pois, a identidade da Geografia com a busca da apreensão locacional do domínio
espacial dos assuntos que compõem os sentidos do trabalho; as expressões
diferenciadas diante do metabolismo do capital; o conteúdo polissêmico da
categoria trabalho; as formas que caracterizam o desenho societal da luta de
classe. Tudo isso reflete o longo caminho por nós percorrido para avançarmos
na direção do que somente agora se esclarece como Geografia do trabalho. No
mais e na verdade, poderíamos afirmar que o que experienciamos na viragem do
século XXI é a possibilidade de focarmos os assuntos relacionados à temática do
trabalho sob esse referencial, e ao sermos críticos em relação sociedade do
capital, possamos nos fortalecer cientificamente para a longa caminhada que se
nos reserva a Geografia do trabalho, dos estudos voltados à compreensão do
trabalho e sua inserção no metabolismo do capital. O resgate desse momento, já
no pós tese de doutorado, de 1996 ao final de 1999, revela investigações que
desenvolvemos com financiamento da FAPESP, como é o caso da Câmara
Setorial Sucro-alcooleira. Já em outro momento, em 1999, cumprindo um
estágio de cooperação internacional na Espanha, pudemos manifestar nossas
preocupações teórico-metodológicas em “A Geografia e as fronteiras...”,
particularmente com os limites para a compreensão da complexa trama de
relações que recobrem a temática do trabalho, diante dos marcos fronteiriços da
divisão científica (positivista) do trabalho, sendo que, nas reflexões a respeito da
questão ambiental, nos propusemos a demarcar um campo de investigação até
então nunca povoado por nós e que nos possibilitou interagir com outros
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Parte I
Pesquisa e da Práxis
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1. Introdução
∗
Este texto foi publicado originariamente, no Boletim Gaúcho de Geografia, Porto Alegre, v.19, p. 24-
31, 1992. É importante esclarecer que esse texto está dirigido de forma direta à crítica à conjuntura e às
articulações políticas vivenciadas durante o período do governo do ex-presidente Fernando Collor de
Mello. As terminologias e os acessórios metafóricos estão inspirados nessa fatídica e trágica faceta da
história contemporânea brasileira.
2
Referência sarcástica ao ex-presidente Fernando Collor de Mello, que se autodenominava homem forte
da República.
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Herbert de Souza. in Escritos Indignados. Democracia x Neoliberalismo no Brasil. 2a edição. Rio
de Janeiro: Editora Fundo de Cultura/IBASE, 1991.
4
Referimo-nos à avaliação de Lênin, quando em 1917 apontava o papel dos sindicatos na construção da
revolução e do socialismo.
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∗
Este texto foi apresentado na Mesa Redonda: “Movimentos Sociais Urbanos e Rurais”, do IX Encontro
Nacional de Geógrafos, organizado pela AGB, em Presidente Prudente, julho de 1992. Não foi publicado
anteriormente em periódicos ou Revistas especializadas.
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Desenvolvemos este tema em: “Nova Territorialidade da Luta do Movimento Sindical dos
Trabalhadores do CAI Sucroalcooleiro em São Paulo”. Presidente Prudente, 1990 (mimeogr.). Texto
base do Projeto de Pesquisa que deu origem ao Projeto de Tese de Doutorado, desenvolvido no período
de 1990 a 1996.
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1. Introdução
∗
Este texto foi publicado originariamente, com o título: “Em Defesa da Teoria no Trabalho de Campo
(Uma Tentativa de Refletir a Questão por Dentro...)”, Caderno Prudentino de Geografia, n.13. AGB-
Presidente Prudente (SP), 1991. Foi publicado também na Revista APOGEO, Lisboa, n.13/14,
março/setembro. Lisboa: Associação de Professores de Geografia, p.2-9, 1997. A iniciativa de revisá-lo e
republicá-lo, no Brasil, deve-se ao interesse revelado por diversas pessoas envolvidas em atividades de
Trabalho de Campo, em Geografia, ou nessa discussão de uma maneira geral, tendo em vista que a edição
do CPG, n.13 encontra-se esgotada.
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Nesse sentido, o que nos faz vir a público é chamar atenção para a
necessidade de se discutir teórico-conceitualmente o Trabalho de Campo como
uma alternativa concreta de se viabilizar teoricamente o propósito de ultrapassar
a reflexão intra-sala de aula, como forma de executar/”praticizar” a “leitura” do
real, sendo assim, um momento ímpar do exercício da práxis teórica. O
aprendizado proporcionado por essas experiências nos permitiu propor que o
avanço dessa etapa em direção à ampliação dos horizontes institucionais da
práxis do Trabalho de Campo, deveria se dar na forma de disciplinas regulares
do tronco comum dos cursos de Graduação em Geografia.
Isto é, assumir como atividade precípua, a necessária reflexão
teórica e precisão conceitual, para que se possa penetrar na realidade a ser
estudada/pesquisada e entender o movimento de entrecruzamento e (re)definição
da paisagem, mediatizada pelas relações sociais de trabalho e de produção,
como momento definido do movimento contraditório de construção da
espacialidade brasileira, ou da espaço-temporalidade da concretização do capita1
- das mais diversas formas em que se territorializem.
Entretanto, uma “ciência” que continua “lendo” o real
travestindo-o com sua roupagem dualista, dicotômica: homem-natureza;
geografia física-geografia humana; cidade-campo; centro-periferia;
teoria-prática; faz com que o homem permaneça sendo um homem atópico,
dessituado historicamente (homem demográfico, homem biológico) e a natureza,
um sistema hermético, sem o homem. O mundo continua sendo um todo
formado pela soma das partes - que totalidade! Para uma disciplina da ordem,
que se pauta em “ensinar” o Brasil pela retórica da dissimulação, a sociedade é
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A TERCEIRIZAÇÃO NO CONTRAPASSO DA
AÇÃO SINDICAL. O “PULO DO GATO”
DO CAPITAL NOS ANOS 90 ∗
1. Introdução
∗
Este texto foi publicado originalmente no Caderno Prudentino de Geografia, Presidente Prudente, n. 15,
set., 1994, com o título “A terceirização no contrapasso da ação sindical. O pulo do gato dos anos 90”.
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Cf. MOREIRA, 1992, p.3.
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8
Mais detalhes, ver: Hirata; Zarifian, 1991.
9
Mais detalhes, ver: Womack, 1992.
10
Cf. TIE, 1992, p.20.
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11
Id., p.21.
12
Mais detalhes, ver: Pereira, 1993.
13
Mais detalhes ver: TIE, 1992, p.16.
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14
Cf. DIEESE, n.7, maio de 1993.
15
Mais detalhes ver: Thomaz Jr., 1992, p.39-45.
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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, 1993.
17
Esse esquema está sendo desenvolvido nas Escolas e Creches municipais de Maringá (PR), sob o signo
de Escolas Cooperativadas, sendo que a Prefeitura entra com o patrimônio, infra-estrutura e o repasse de
verbas para o grupo de professores e funcionários que assumem a manutenção e gerenciamento. Folha de
São Paulo, 01/10/1992.
18
Cf. FOLHA DE SÃO PAULO, 24/03/1993, p.4.
19
A esse respeito não há informações sistematizadas, porém é corrente que vem se ampliando
crescentemente.
20
A esse respeito ver: Pequenas Empresas Grandes Negócios, 23/01/1991.
49
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21
Cf. O ESTADO DE SÃO PAULO, 16/05/1994, p.8.
22
Cf. SINDICATO, s/d, p.32.
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id., p.43.
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ibd., p.37.
25
Essa discussão está sendo encaminhada na Câmara dos Deputados, através de um projeto de lei do
deputado José Maria Eymael do PDC/SP.
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Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, 1992.
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atento porque os primeiros sinais do governo Lula não são alentadores para os
trabalhadores, diante da política econômica recessiva, a priorização do
pagamento da dívida externa em detrimento de políticas sociais voltadas para o
emprego, reformas da legislação trabalhista e sindical, com nítidos prejuízos e
perdas de conquistas dos trabalhadores, etc.
No entanto, as discussões e iniciativas dos trabalhadores
organizados no conjunto das diferentes frentes de luta dos movimentos sociais
populares (Sindicatos, Partidos Políticos, Centrais Sindicais, entidades de classe)
e no tocante ao enfrentamento do processo de terceirização da economia
brasileira e seus desdobramentos (no curto, médio e longo prazos), não apontam
alternativas no sentido de encaminhar ações articuladas, nem sequer
intervenções pontuais mais consistentes.
Esse retrato fiel do refluxo das organizações políticas dos
trabalhadores é mais um fator complicador, externando como prova evidente a
interrupção da práxis do projeto socialista e embrenhando-se na chamada agenda
da modernidade, importada e "imposta" pelos neo-liberais.
Isso nos leva a pensar que a tentativa de conduzir essa questão pela
via da negociação, referenciando-se nas formas de contratação que a
terceirização implantará, resguardando o conjunto das condições no dito espírito
de efetiva modernização industrial e melhoria da qualidade de vida dos
trabalhadores27, imprimirá um controvertido direcionamento político à questão.
Tal direcionamento colocará o movimento sindical numa posição
exclusivamente defensiva, distanciando-se das mobilizações de base e,
comprometendo a busca do contrato coletivo, entendido como instrumento de
modernização das relações entre capital e trabalho28.
Tampouco balizar-se-á, guardando as devidas proporções da
abrangência da terceirização, pelos resultados obtidos na câmara setorial do
complexo automotivo, no tocante especificamente à garantia do emprego. Como
também, nessa direção, eleger como diretriz a luta para interferir na organização
do processo industrial, ou melhor, na redefinição da política industrial.
Assim sendo, doravante, as questões de fundo permanecem
intocáveis, ofuscadas pelo conjunto de políticas paliativas. Tem-se que recolocar
em questão a discussão acerca das lutas que tenham como referência o conjunto
dos trabalhadores, e que seja notabilizado o debate em torno de questões
estruturais, referenciadas por outro projeto de sociedade, em busca do
socialismo!!!
27
Cf. SINDICATO, 1993, p.51.
28
Cf. RAMALHO, 1993, p.37.
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5. Referências Bibliográficas
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1. Introdução
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Este texto foi publicado originalmente, com o título “Biodiversidade para Além da Preservação.
Biotecnologia, Desenvolvimento Sustentado e Patenteamento da Vida”, no Caderno Prudentino de
Geografia, Presidente Prudente, n.16, set., 1994; e também, com o mesmo título, no Boletim Fluminense
de Geografia, Niterói, n. 2, 1996.
29
Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada de 3 a 14
de junho de 1992. A reunião também ficou conhecida como Rio-92, e a ela compareceram delegações de
175 países.
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Cf. MOREIRA, 1992, p.7.
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31
A esse respeito ver: Soares, 1991.
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Essa sigla agrupa 77 países não alinhados, classificados como em desenvolvimento, e que tentam
forçar negociações junto ao G8, grupo formado pelos 7 países mais fortes econômica e militarmente, mais
a Rússia.
33
Id., p.25.
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34
Cf. VALLE, 1992, p.33.
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35
A esse respeito ver: Sindicato dos Químicos, 1991, p.29.
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36
Cf. MELLO, 1992, p.11.
37
Id., p.11.
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“A Iniciativa para as Américas é um projeto do ex-presidente George Bush, de formar um acordo de
livre comércio com todos os países da América Latina. O objetivo fundamental é a eliminação das
barreiras comerciais, para a liberalização dos fluxos de serviços e investimentos, bem como a
regularização dos direitos de propriedade intelectual”. (PEREIRA, 1992, p. 02).
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Mais detalhes ver: Sindicato Nacional, 1991.
40
“As multinacionais terão exclusividade de uso das plantas transgênicas, sendo que os cultivares que
acumulam meio século de esforços de seleção e adaptação poderão ser livremente utilizados para fins de
melhoramento por essas empresas” (CANDOTTI, 1993: 05). Mais detalhes ver: Sorj, et. al., 1990.
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Mais detalhes ver: TIE, 1992.
42
Mais detalhes ver: Pessanha, 1992.
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bens produzidos pelo mercado verde”, que está, como vimos, sob o comando
monopólico dos grandes conglomerados empresariais43.
Todavia, outra dimensão do debate passa pela notabilidade
internacional que a ONU está imprimindo - aliás nada desprezível - em torno
do desenvolvimento sustentável, depois do apagar das luzes da ECO-92, o que
se deflagrou no mês de junho de 1991, em Nova Iorque, com a primeira reunião
da Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS).
Gravita sob a CDS, além das delegações governamentais, um
conjunto muito diversificado de 300 ONG,s (Organizações Não
Governamentais), que tentam se empenhar para repensar o modelo de
funcionamento da economia global, com o toque especial da descoberta recente
de que é pressuposto fundamental na construção de um mundo mais
democrático e ambientalmente sustentável.
A CDS estabeleceu como objetivo central, para os
próximos dois anos, pressionar os governos (G-7) e os organismos multilaterais,
como parte da “fiscalização” a ser feita sobre o cumprimento da Agenda 21,
com respeito especificamente aos encaminhamentos do desenvolvimento
sustentável.
Autointitulando-se foro privilegiado para o debate das vontades
coletivas das populações do planeta, pelo que vimos discutindo, “esquecem” os
burocratas de plantão da ONU, de despir de vez as máscaras e explicitar o
desenvolvimento sustentável como âncora dos negócios ecológicos. Quem sabe,
dessa forma, os sociais democratas acordem!
Em suma, o desenvolvimento sustentável, construído sob as
hostes da lógica utilitarista (que só preserva o que é útil), e sob os preceitos e
premissas do desenvolvimentismo e da racionalidade econômica, tem, nesta, a
única referência para a definição de sustentabilidade.
Também ainda a reduz a uma nova medida de eficiência e
produtividade, e não se submete às discussões e decisões políticas com a
presença dos movimentos sociais populares organizados, aliás, a quem cabe
estabelecer prioridades para o conjunto da sociedade, e daí um outro conteúdo
para a sustentabilidade e o que vale a pena sustentar. Enfim, recolocar o
desenvolvimento sustentável como desígnio das demandas sociais, ter-se-á a
vigência do referencial destrutivo, sendo que entrecruzando-se com o
patenteamento, em nome do progresso, (para todos), continuará postulando a
biodiversidade para além da preservação.
43
Cf. CARVALHO, 1991, p.19.
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Mais detalhes ver: IBASE, 1991.
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Id. p.14.
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6. Referências Bibliográficas
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HATHAWAY, D. Patentes, Alimentos, Nós Mesmos. Tempo e Presença, Rio
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PESSANHA, L. D. R. O que é Importante Saber sobre Sementes, Biotecnologia
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Reconhecimento de Patentes: remédios mais caros e maior dependência do
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SOARES, M. C. C. Acordos Sem Compromisso. Políticas Governamentais,
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VALLE, S. Da Biodiversidade à Biotecnologia. Políticas Governamentais, Rio
de Janeiro, v.8, n.82, jul. ago., 1992.
Presidente Prudente, março de 1993
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Parte II
Geografia ↔ Crítica:
“O tempero e o sal da janta”
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“MODERNIZAÇÃO” DA AGRICULTURA E
REORIENTAÇÃO POLÍTICO-
ORGANIZATIVA DOS TRABALHADORES ∗
1. Introdução
∗
Este texto não foi publicado anteriormente, sendo que é parte do Projeto de Pesquisa que deu origem ao
projeto de tese de doutorado, iniciado em 1990, junto ao Departamento de Geografia, da Universidade de
São Paulo, sob a orientação do Prof. Dr. Heinz Dieter Heidemann. O título original e que permaneceu
inédito desde 1990 é: “Modernização” da Agricultura e Reorientação Político-organizativa dos
Trabalhadores: a Criação dos Sindicatos dos Empregados Rurais Assalariados (SER’s) e da
FERAESP”.
46
Mais detalhes ver: OLIVEIRA, 1989.
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Cf. SANTOS FILHO; PORTO, 1984
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48
Cf. VENCESLAU, 1989: 62.
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Essas entidades tiveram uma intervenção muito importante na unificação de lutas, trocas de
experiências e fundamentalmente, na construção da identidade política da categoria. Registram-se aqui,
os movimentos de Canudos e do Contestado, que foram dirigidos por lideranças messiânicas; o conflito
de Trombas e Formoso em Goiás, capitaneado pela associação dos posseiros; a ULTAB (União dos
Lavradores e trabalhadores Agrícolas do Brasil), que reuniu no seu congresso de fundação, em 1954 em
São Paulo, um número significativo de entidades e onde foram lançadas as bandeiras para a unificação
das lutas em torno da Reforma Agrária, direitos trabalhistas, à sindicalização, à previdência social e
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livre organização. Em decorrência, ter-se-á a criação de inúmeras entidades, dentre elas se destaca as
Ligas Camponesas, pelo avanço que conseguiu, fixando decisivamente seus objetivos em torno da
politização e da resistência armada pela posse da terra, com grandes concentrações de massas nos
centros urbanos e, a CONTAG (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura), criada em 1963 e
colocada logo em seguida (1964) sob intervenção, limitando-se sempre aos estreitos caminhos legais
prescritos no Estatuto do Trabalhador Rural e no Estatuto da Terra; prática esta que favoreceu, no seio do
movimento, o surgimento de grupos de oposição, principalmente em se tratando da luta pela posse da
terra, que é o caso específico do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que conta com
o apoio, desde 1975, da CPT (Comissão Pastoral da Terra).
51
“... se os trabalhadores desistirem da luta, acreditando em promessas do governo, a reforma agrária
só acontece quando e onde os latifundiários e especuladores quiserem”. Aliado ao fato que a carta
constitucional de outubro de 1988 (re)elege ”... a propriedade privada capitalista como base para as
atividades rurais, é muita ingenuidade acreditar que o governo vá atender os apelos dos trabalhadores
pois, por razões óbvias” o Estado no Brasil, têm-se constituído no representante das classes
dominantes. (LOURENÇO, 1989, p.07).
81
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
52
“Sua história está assentada na luta travada pelos trabalhadores rurais Sem Terra, sobretudo no sul do
Brasil, no Rio Grande do Sul, na encruzilhada do Natalino, e a própria herança histórica do MASTER
(Movimento dos Agricultores Sem Terra) ocorrida naquele estado na década de 60” (OLIVEIRA, 1989,
p.9).
53
Cf. JORNAL DOS TRABALHADORES SEM TERRA, Ano IX, nº 82, abril de 1989, p.18.
54
Mais detalhes, ver: Bruno, 2000.
82
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
55
Mais detalhes ver: Oliveira, 1984.
56
Ou seja, ao invés de cada trabalhador Ter a incumbência de corta cinco leiras e na do meio depositar a
cana, foram obrigados a acrescentar mais duas leiras, o que aumentou sobremaneira o desgaste físico do
trabalhador(a), todavia sem nenhuma recompensa em termos de remuneração, e sob maior controle,
porque como tinham que andar mais lateralmente para depositar o material na leira do meio. Mais
detalhes ver: Gebara; Baccarin, 1984.
83
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
57
Além do que, passam a ver reduzidas as oportunidades de emprego no setor urbano, que não tem
como absorver esse contingente expressivo de força de trabalho, pois se encontra "estrangulado" pela
ação dos monopólios, no sentido de impedir a instalação de indústrias que poderiam absorver esses
trabalhadores e mesmo estabelecer uma competição pela força de trabalho, o que poderia, em tese,
elevar o valor nominal dos salários.
84
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
58
Cf. ALVES, 1989; p. 9-11.
59
Como coloca SANTOS: “O modo de produção capitalista tende a transformar todas as relações de
trabalho em relações capitalistas de trabalho, isto é, em relações assalariada com o trabalho,
transformando então, trabalho em força de trabalho, trabalho em mercadoria” (SANTOS, 1986, p.59).
85
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
60
Cf. ALVES, 1989, p.32.
61
Id., p..33.
62
Cf. VENCESLAU, 1989, p.66.
86
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
4. Referências Bibliográficas
87
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
AS CENTRAIS SINDICAIS E OS
LIMITES DO CORPORATIVISMO ∗
∗
Este texto foi publicado originalmente com o título “As centrais e os limites do corporativismo
sindical”, na Revista Debate Sindical, do Centro de Estudos Sindicais, São Paulo, v.10, n.25, fev.
mar./abr., p.46-51, 1997.
63
“Por Trás dos Canaviais os (Nós) da Cana. (Uma Contribuição ao Entendimento da Relação
Capital x Trabalho e do Movimento Sindical dos Trabalhadores na Agroindústria Canavieira Paulista)”.
Tese de Doutoramento. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
São Paulo, 1996.
64
O teor desse acordo garante o seguinte: os trabalhadores das destilarias anexas permaneceriam com os
sindicatos da alimentação, ressalvando que o açúcar era o produto preponderante, com base no artigo 581
da CLT, § 20 que diz: “entende-se por atividade preponderante a que caracterizar a unidade de produto,
operação ou objetivo final, para cuja obtenção todas as demais atividades convirjam, exclusivamente, em
regime de conexão funcional” (1989:139). Dessa forma, os trabalhadores das destilarias autônomas
ficariam com os sindicatos dos químicos e com os recém criados sindicatos do Álcool. Por sua vez, já na
primeira metade dos anos 80, esse acordo foi colocado em discussão pelos sindicatos dos químicos e do
álcool, tendo em vista que não se consubstanciava mais, na maioria das destilarias anexas, o açúcar como
produto preponderante, mas sim o álcool. O importante é que permanecem intactas as bases em que o
acordo foi selado nos anos 70.
89
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
65
Mais detalhes sobre essa questão, ver: Thomaz Jr., 1996.
66
Para mais detalhes sobre a criação e ações dos SER's e da FERAESP, ver: Alves, 1991. E para a sua
inserção efetiva nos encaminhamentos e discussões político-organizativas, bem como, as dissensões
internas ao movimento sindical e com o enfrentamento com o capital, ver: Thomaz Jr., 1996.
90
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
67
Como fora sugerido durante a realização do I Encontro Estadual para Unificação da Campanha
Salarial, realizado em Limeira, no dia 20/05/1995.
68
Essas palavras sintetizam os diversos discursos proferidos durante a realização do Encontro de Limeira,
bem como expressa a avaliação de parcela expressiva dos STR’s e dos STI’s químicas, constatada durante
a Pesquisa de Campo da tese de doutorado. Mais detalhes ver: Thomaz Jr., 1996.
91
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
69
A CUT está presente em todos os ramos da economia, dispondo de aproximadamente 35.000 dirigentes
sindicais liberados, entidades de pesquisa como o DESEP e diversas instituições com atribuição
específica para a coordenação de cursos de formação política, como o Instituo Cajamar, Escola de
Formação Sindical Sul (SC), Escola Sindical Norte (PA) etc.
70
Sobre essa questão, a 5a Plenária Nacional da CUT (julho de 1992) apontou que o sindicato da CUT
deve ser organizado por ramo, sobre a base territorial mais ampla possível, respeitando o processo de
unificação dos trabalhadores, na perspectiva de superar os limites impostos pela extinta Comissão de
Enquadramento do Ministério do Trabalho.
71
Referimo-nos ao comportamento e postura dos sindicatos vinculados à Contag.
92
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
72
Mais detalhes, ver: Thomaz Jr., (2001), “A Câmara Setorial Paulista Sucro-alcooleira em Questão: a
relação capital x trabalho e os desafios para o movimento sindical”. (Relatório de Pesquisa).
93
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
73
Ou como posicionou-se o então presidente da CUT, Sr. Jair Meneguelli: “Estamos nos adequando à
conjuntura: não tem mais greve para derrubar general ou presidente da república (...), temos sim que
buscarmos novas alternativas para o entendimento” (FSP, 18/03/1994:4).
74
Basta notarmos a avaliação feita pelo então, presidente da FIESP, Sr. Mário Amato: “Passou a fase de
sindicalismo de resultados para o sindicalismo de eficiência (...). As duas partes (capital e trabalho)
entenderam que demagogia e dialética não levam a lugar nenhum” (Pinheiro, 1995).
75
A idéia dos “sindicatões” foi formalmente apresentada enquanto proposta de encaminhamento, por
Luis Silva e José Novaes, respectivamente dirigentes sindicais de STR’s e das CUT’s regionais da
Paraíba e Bahia, durante a realização do III CONCUT, em outubro de 1988, cujos documentos estão
publicados nos Cadernos do CEDI, n.20, 1990. A aglutinação dos trabalhadores assalariados, por produto,
no caso específico dos “sindicatões”, enraizados na delimitação da agroindústria, ou seja, na explicitação
do empreendimento agroindustrial, reunindo tanto os trabalhadores rurais quanto os da unidade de
processamento industrial, não despertou motivação no campo cutista..
76
Notadamente, a partir do III CONCUT (1988), a filiação de STR’s à central abrangeu praticamente
todo o país, todavia, concentrou-se nos Estados do nordeste e no norte.
77
Para mais detalhes, ver: IBGE, “Sindicatos: Indicadores Sociais” (v.1, 1987; v.2, 1991); IBGE, “Brasil
em Números”. Rio de Janeiro: IBGE, 1993, v.2.
78
Informação obtida durante a Pesquisa de Campo, junto aos dirigentes do DNTR/CUT, em dezembro de
1994.
94
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
que grande parte dos sindicatos cutistas eram e continuam filiados à CONTAG
e, por via de conseqüência, às Federações.
Por sua vez, no II Congresso do Departamento Nacional dos
Trabalhadores Rurais (DNTR), realizado em abril de 1993, a polêmica centrou-
se no caminho a seguir, na redefinição dos rumos da estrutura sindical cutista.
Se se continuava por dentro da velha estrutura ou, se caminhava por fora - como
ocorrera também, durante o I Congresso, e, 1991. Isto é, a Central construiria
paralelamente sua própria proposta de estrutura sindical.
Na verdade, uma falsa polêmica, porque o que estava em realce
naquele momento era a expansão, em curto prazo da CUT no campo atrelada à
postura a ser adotada diante “da forma e metodologia de condução do processo
de intervenção cutista nas Federações e na própria CONTAG”79, através da
disputa da estrutura oficial. Tese essa não aprovada pelos delegados que
participaram do II Congresso do Departamento Estadual dos Trabalhadores
Rurais (DETR/CUT/SP) realizado em março de 1993, devido à expressiva
presença dos SER’s, com quase metade dos delegados. Nesse sentido, foram
aprovadas duas resoluções: 1) o abandono da disputa da FETAESP, que se
daria no próximo ano e; 2) a FERAESP passou a ser a instância orgânica de
organização dos assalariados rurais cutistas (no caso os STR’s que dispusessem
de assalariados) e o (Departamento Estadual dos Trabalhadores Rurais (DETR)
cuidaria da luta pela terra e dos pequenos produtores, abrindo a possibilidade de
estar criando ou mesmo estabelecendo vínculos com as associações de pequenos
produtores já existentes80. Isso esclarece qualquer “dúvida”, pois o caminho que
se decidiu trilhar é o que já estava sendo realizado, ou seja, caminhar por dentro
da estrutura oficial.
Todavia, até recentemente, as dificuldades e resistências são ainda
manifestas, em todas as instâncias da central, quando se põe em pauta o
propósito de romper com a velha estrutura sindical oficial81.
É o que foi confirmado na 1a Plenária Nacional do DNTR,
realizada em agosto de 1993, convocada para definir os rumos da entidade em
relação à(s) tática(s) a serem adotadas, quando deliberou pela manutenção da
disputa da CONTAG, considerando-a como uma das partes da construção da
CUT no campo, porém não sendo a única tarefa a ser feita pelos cutistas”. No
entanto, reforçando pontos de “tensão” com a CONTAG quando define pela
79
Cf. CUT, “Cadernos de Teses da 6a Plenária Nacional”. São Paulo: CUT, 1994, p.29.
80
Mais detalhes, ver: DETR/CUT/SP, “Resoluções do II Congresso”. São Paulo: CUT, 1993.
(mimeogr.).
81
Para ilustrar, o apego dos cutistas à estrutura oficial, poderíamos tomar como exemplo, as discussões
realizadas no I Congresso do DNTR, em 1990, no tocante à aprovação da organização específica de
assalariados rurais, com experiências concretas, como a FERAESP (Federação dos Empregados Rurais do
Estado de São Paulo), que movimentou a plenária em momentos de tensão, dado à forte resistência dos
delegados a esta alternativa. a mais ampla possível, respeitando os diferentes processo de unificação dos
trabalhadores desde sua.
95
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
82 a
DNTR/CUT, “Resoluções e Deliberações da 1 Plenária Nacional. São Paulo: DNTR/CUT, 1993.
(mimeogr.)
83
Cf. Resoluções do 30 Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais da CUT. DNTR/CUT. São Paulo:
DNTR/CUT, 1995.
96
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
84
Trata-se pois, como presente nas teses e deliberações de Congressos da CUT, “de criar as condições
para a superação da exploração de classe”.
97
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
Referências Bibliográficas
99
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
(Alan Bihr)
1. Introdução
∗
Este texto foi publicado originalmente, na Revista Geografia, ano V, n.9, jan./jun., 1999. Dourados:
AGB/Dourados, 1999, pp. 11-18.
85
“Por Trás dos Canaviais os (Nós) da Cana. (Uma Contribuição ao Entendimento da Relação
Capital x Trabalho e do Movimento Sindical dos Trabalhadores na Agroindústria Canavieira Paulista)”.
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo, 1996.
Publicado pela Editora Annablume/FAPESP, 2002.
101
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
86
Tratando especificamente dos trabalhadores rurais, Silva, L. A., 1994, faz um histórico interessante do
processo dessas conquistas.
87
Esse depoimento exprime a avaliação predominante entre os dirigentes e lideranças sindicais de todas
as categorias/sindicatos operários, como pudemos constatar durante a Pesquisa de Campo, da tese de
Doutorado (THOMAZ JR., A., 2002).
102
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
ENTIDADES/SINDICATOS N0
Sind. dos Trabalhadores Rurais 125
Sind. dos Empregados Rurais 14
Sind. dos Trab. nas Indústrias da 27
Alimentação
Sind. dos Trab. nas Ind. Químicas 9
Sind. dos Condutores 10
TOTAL 185
Fonte: Thomaz Jr., 1998.
103
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
88
Mais detalhes, ver: Thomaz Jr., 1999.
104
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
105
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
fato de que “cada um tem que cuidar do que é seu, ou seja, cada um de nós tem
importância diferenciada dentro da agroindústria”, como nos revelou um
influente dirigente sindical da alimentação. Como se isso não bastasse, a base de
assentamento dessa “leitura” se dá hegemonicamente quanto ação sindical, no
terreno do capital, num duplo movimento de mão única:
• Partindo do pressuposto de que cada categoria sindical é tratada em
separado pelo capital, esse procedimento é internalizado corporativamente como
identificação aceita pelo trabalho (fragmentado), como algo dado e, assim, deve
ser respeitado em nome da liberdade e da democracia sindical, tão alardeada
pelos dirigentes sindicais arraigados ao legalismo oficial. A internalização do
trabalho fragmentado (trabalho estranhado) expressa a dificuldade do trabalho
compreender o próprio metabolismo capital.
• Tendo, portanto, o trabalho, fixado sua identidade nessa “leitura” elaborada
pelo capital (sobre o trabalho), enraizou-se também como procedimento quase
messiânico, que “só há algo a discutir concretamente no momento de
preparação das pautas e a preparação das campanhas salariais, quando se
conhece a proposta patronal”89. Essa avaliação, ainda que recusada e não aceita
integralmente, se revela hegemônica na prática sindical, destacando-se pelo fato
de ser o “abre-alas” das discussões, isto é, ainda que as Federações acionem suas
bases a partir de fevereiro para a composição das pautas (momento coincidente
com a entressafra), as discussões realmente ganham sentido, quando a proposta
patronal é conhecida.
Disso, temos alguns desdobramentos que explicitam o conteúdo do
corporativismo sindical:
• Ao invés de os trabalhadores afinarem suas reivindicações específicas (para
cada categoria), tendo por princípio o aprofundamento das discussões e debates
estaduais, o caminho percorrido privilegia os enunciados delineados pelo
capital, sendo esses, os pontos de referência de toda a discussão;
• O trabalho de cúpula exercitado pelas Federações tem como fundamento a
não participação das entidades de base no processo decisório, expresso
concretamente nas cláusulas e reivindicações, nem tampouco nas negociações
que resultam nas convenções coletivas, procedimento esse batizado de
campanhas salariais a “frio”, ou seja, sem mobilização dos operários e
discussões amplas nos locais de trabalho, bem como em reuniões e assembléias
das referidas categorias.
Em outras palavras, a participação dos sindicatos se dá num
primeiro momento, em reuniões formais, assembléias ordinárias convocadas
89
Essa avaliação é parte do discurso do Sr. José Trigo, presidente da Federação dos Trabalhadores nas
Empresas de Transporte do Estado de São Paulo (FETTRESP), durante a seção de abertura do Encontro
Estadual para Unificação da Campanha Salarial, 1995/96. A reprodução in totum, deve-se ao fato de que
sintetiza a avaliação hegemônica dos dirigentes sindicais do conjunto das corporações/sindicais operárias
enraizadas na agroindústria sucro-alcooleira paulista (THOMAZ JR., 1996, op. cit.).
106
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
90
Especificamente sobre os efeitos da contaminação do Benzeno e do benzol, foi organizado Seminário
pelo Departamento Nacional do 100 Grupo Químico (DNGQ) da Confederação Nacional dos
Trabalhadores da Indústria (CNTI), juntamente com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias
Químicas, Farmacêuticas e do Álcool de Presidente Prudente, em Presidente Prudente, no dia 20 de
agosto de 1995.
91
A opção de tomarmos como referência o Índice de Custo de Vida (ICV) do Departamento Intersindical
de Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE), deve-se ao fato de essas informações, além de serem
confiáveis, refletirem mais de perto as variações dos preços (inflação), da cesta básica ou dos produtos
consumidos pelos trabalhadores, nas faixas salariais em que se enquadram os segmentos em estudo.
107
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
CATEGORIAS S A F R A
92
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
109
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
93
Seguindo o mesmo teor, isso é o que fundamenta a preocupação oficialmente chancelada pelas
corporações sindicais representativas do operariado fabril, como consta na convenção coletiva de trabalho
assinada pelos Químicos e pela Alimentação para a safra 1995/96.
94
Essa avaliação foi unânime para os dirigentes sindicais de todas as categorias envolvidas na
agroindústria sucro-alcooleira, como constatamos durante a Pesquisa de Campo (THOMAZ JR., A.,
1996, op. cit.).
95
Convenção coletiva de trabalho dos Condutores, processo n. 46 219- 13402/95, vigência: 10 /05/95 a
30/04/96. (mimeogr.) (grigo nosso).
96
Mais detalhes a esse respeito consultar: Alves, 1991:319-342, que faz um acompanhamento minucioso
das Campanhas Salariais dos assalariados rurais (cortadores de cana) em São Paulo, de 1984 a 1991,
cobrindo os principais pontos das pautas de reivindicações, os avanços e conquistas, os ítens celebrados
nos (Acordos), leia-se Convenções e Dissídios Coletivos e, ainda, apresenta uma seção de comentários.
110
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
97
Palavras do presidente do STI da Alimentação de Mogi-Guaçu. Entrevista concedida durante a
realização da Pesquisa de Campo (Thomaz Jr., A., 1996, op. cit.).
98
Essa avaliação foi feita por dirigente sindical da alimentação, durante a realização da Pesquisa de
Campo.
111
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
nível superior, como ainda a associação do que deveria resultar das lutas
sindicais, de atos e procedimentos eminentemente burocráticos.
Distantes da luta, as ações da maioria das entidades sindicais se
restringem, então, a meras atividades carimbativas, homologações,
representações de demandas trabalhistas, enfim, à esfera da consagração da
burocracia sindical. Então, ao isolarem-se das bases e, o contrário também é
verdadeiro, tem-se a instalação de um diálogo de surdos.
Por sua vez, as Federações e Confederações, distantes das
realidades locais e da seara de cada sindicato, atuam apenas na dimensão das
“grandes questões”99, reproduzindo ano após ano, com requintes de sofisticação,
através do reaparelhamento tecnológico, seu isolamento das entidades de base,
“já que por fax ou por comunicação via moden é muito mais fácil e ágil saber o
que está acontecendo em qualquer extremidade do Estado”100.
Assim, a velha bandeira do movimento sindical, redimensionada
pelo “novo sindicalismo” que diz: “que o sindicato e todas as entidades da
estrutura vertical, devem ir onde o trabalhador está”, cada vez mais se
transforma em figura de retórica.
Em meio a esse comportamento burocrático, parasitário, legalista e
inercial, os maiores entraves durante as campanhas salariais e até em meio a
momentos de paralisações e greves que surgem nas diferentes categorias, é o
atravessamento101 de alguns sindicatos que assinam as convenções sem antes ter
sido decidido pelo conjunto da categoria. O atravessamento tem por base
predominante, no entanto, duas ordens de motivações. Em primeiro lugar, o
despreparo dos dirigentes em discutir com suas bases os acordos elaborados em
nível das cúpulas sindicais (nas Federações), daí a dificuldade do
convencimento e, em segundo lugar, premidos pelas pressões dos trabalhadores
da base que não aceitam começar a safra sem antes saberem as condições
acordadas.
Escolhido esse caminho, por efeito dominó, os demais sindicatos
acabam assinando também, e se as pretensões iniciais eram de ir para dissídio, o
flanco está totalmente aberto para a consagração da derrota do trabalho, pois
qualquer tribunal, como de costume, fará uso do recurso jurídico da abertura de
precedente.
99
Essa postura foi observada na avaliação feita pelos dirigentes de todas as Federações, durante a
Pesquisa de Campo.
100
Essa avaliação foi feita por influente dirigente da Federação dos Químicos, durante a realização do I
Seminário de Preparação da Campanha Salarial, 1995/96, realizado em São José do Rio Preto, em maio
de 1995.
101
Termo muito utilizado no meio sindical, que designa os casos em que os dirigentes desrespeitam os
encaminhamentos sinalizados pela categoria e tomam decisões em nome próprio.
112
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
4. Referências Bibliográficas
113
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
114
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
∗
Este texto foi publicado originalmente, na Revista de Geografia, 19. Universidade Estadual de Maringá,
1999. Há uma versão em Espanhol, a ser publicada na Revista Polígono, Universidade de León, Espanha.
102
“Por Trás dos Canaviais os (Nós) da Cana. (Uma Contribuição ao Entendimento da
Relação Capital x Trabalho e do Movimento Sindical dos Trabalhadores na Agroindústria Canavieira
Paulista)”. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. Tese de
Doutorado. São Paulo, 1996. Trabalho Publicado pela Editora Annablume/Fapesp, 2002.
103
Garantia um pedaço de terra para os trabalhadores assalariados para uso próprio para culturas de
subsistência.
104
Sobre essa questão, ver: Sigaud, “Luta Política e Luta pela Terra no Nordeste”, 1983.
105
Permaneceu o seguinte calendário: Rio Grande do Norte, (6/10); Pernambuco, (8/10); Paraíba,
(15/10); Sergipe, (28/10); Alagoas, (1/11). Mais detalhes, ver: Novaes, 1993, p. 202.
115
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
106
Essa publicação nos permite dimensionar o conteúdo e o alcance de todas as cláusulas propostas
pelos trabalhadores, através dos STR’s, Federações e da própria CONTAG. A rigor, insistindo-se
taticamente na instauração convencional do “modelo”, não surtiu os efeitos práticos esperados,
fundamentalmente quando da sua consecução, no que diz respeito ao cumprimento das cláusulas
acordadas, por parte do capital sucroalcooleiro.
116
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
107
Mais detalhes sobre essa questão, ver também: Novaes, R. R., 1989.
108
Esse fórum foi instituído pela FETAG-PB, em meados de 1982, a partir da pressão exercida pelos
STR’s, no sentido de reorientar as discussões a respeito do “modelo” de greve. Contava com a
participação dos dirigentes sindicais, FETAG e assessores de instituições comprometidos com as lutas
sindicais e populares. Essa originalidade, contrapunha-se às regras do “modelo Pernambuco”, onde a
condução política estava na FETAPE e na CONTAG.
117
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
109
Entrevista concedida pelo presidente do STIAA, Sr. Moab Pereira Queiroz de Oliveira, por ocasião do
II Congresso do DNTR/CUT. Goiânia, março de 1993.
110
Esse evento, concentrou-se em discutir temas afinados com a amplitude do seu título: “Crise e
Reestruturação no Complexo Sucro-Alcooleiro do Nordeste”. O documento produto desse evento deve
ser consultado, quando se objetivar conhecer os apontamentos recentes do conjunto dos trabalhadores
118
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
com os assalariados da cana. Um dos pontos encaminhados por esses dirigentes, direcionou-se para o
encaminhamento da campanha salarial, em 1984. “Enquanto nos anos anteriores a pauta de
reivindicações era feita pelo departamento jurídico da Federação e levada para discussão com os
dirigentes sindicais, que poderiam ou não debatê-las com seus associados, nesse ano ela é elaborada em
encontros de dirigentes sindicais (...)” (Botelho e D’Incao, 1987:71).
115
Para mais detalhes sobre a criação e ações dos SER's e da FERAESP, ver: Alves, 1991. E para a sua
inserção efetiva nos encaminhamentos e discussões político-organizativas, bem como, as dissensões
internas ao movimento sindical e com o enfrentamento com o capital, ver: Thomaz Jr., 1996.
120
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
Referências Bibliográficas
121
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
122
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
1. Introdução
∗
Este texto foi publicado originalmente, com o título: “Leitura Geográfica e Gestão Político-Territorial
na Sociedade de Classes, no Boletim Gaucho de Geografia, n.24. Porto Alegre: AGB/Porto Alegre, 1998.
116
Essas reflexões são parte da tese de Doutorado “POR TRÁS DOS CANAVIAIS OS (NÓS) DA
CANA. (Uma Contribuição ao Entendimento da Relação Capital x Trabalho e do Movimento Sindical
dos Trabalhadores na Agroindústria Canavieira Paulista)”. FFLCH/Universidade de São Paulo, maio de
1996. Publicada pela Editora Annablume/FAPESP, 2002.
123
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sob seu controle, a totalidade produtiva. O trabalho, por outro lado, ao inserir-se
nesse processo, entra subsumido, real ou formalmente, dependendo do
desenvolvimento das forças produtivas.
Têm-se, então, explicitadas, as dinâmicas específicas dos atores
envolvidos, bem como um amplo conjunto de “desritmias” entre as “leituras”
que capital e trabalho fazem do mesmo fenômeno.
Isto é, o trabalho, mesmo estando enraizado no mesmo processo
que o capital, na produção propriamente dita, encontra-se, pois, fragmentado a
partir da divisão social e técnica. Assim, já fragmentado em diferentes
categorias/corporações sindicais, no caso específico da agroindústria
sucroalcooleira em rurais, químicos, condutores e alimentação, se distancia da
sua identidade operária (alienada), não se reconhecendo como proletário, mas
como cortador de cana, condutor/motorista, químico, fracionado enquanto
categoria e personalizado nas corporações sindicais.
A expressão materializada do trabalho alienado se dá com a
vinculação trabalhador⇒ (categoria117, elo definido a partir do processo de
produção) território (no campo restrito do domínio delimitado pelo Estado) e se
manifesta, concretamente, na desagregação da unidade das ações do mundo do
trabalho, sobre a base da reiteração da divisão técnica/territorial enquanto
trabalho capitalista subsumido ao controle estatal.
A ordenação territorial resultante desse processo pode ser vista, a
título de exemplo, no Mapa 1. Enquanto o capital se espalha pelo território,
materializado em forma de área ocupada com cana-de-açúcar e de empresas
sucroalcooleiras, ultrapassando/subvertendo os limites territoriais impostos
pelo Estado (a fronteira do município), o trabalho, (já na forma de identidade
corporativa118, portanto enquanto sindicatos), tem sua abrangência territorial
delimitada pelas fronteiras municipais, conforme as determinações legais
prescritas no artigo 80, inciso II da Constituição Federal: “é vedada a criação de
mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de
categoria profissional ou econômica na mesma base territorial (...), não poden-
117
Categoria aqui, é entendida como sendo a identidade corporativa do trabalho, enquanto
desdobramento da divisão técnica do trabalho, no processo produtivo.
118
Aqui, corporativo(a) tem o significado específico de caracterizar a identidade do proletário restrita à
atividade profissional, à categoria que em decorrência venha ser enquadrado. Vale o registro, pois que na
literatura sindical e obras afins, corporativo ou corporativismo ou, ainda, outras flexões desdobrantes, se
voltam à identificação do discurso do Estado brasileiro nos anos 30 e períodos subseqüentes, da idéia,
como observa Sandri (1986, p. 02), que: “a nação é como uma família, um corpo, onde todos devem
viver em harmonia e colaborar”, de onde deriva a concepção de que o sindicato é obrigado a se tornar um
órgão de colaboração com o governo, com o Estado e com a classe dominante, como está prescrito nos
artigos 513 e 514 da CLT. Todavia, vale registrar que esse entendimento, ou essa conceituação de
corporativismo se sustenta e se reproduz em parte considerável do movimento sindical no Brasil. Sendo
assim, tudo nos leva a crer que está sedimentado na base de sustentação do conceito que agora estamos
utilizando. (grifo nosso)
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119
Cf. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, 1988: 21.
126
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Sobre a questão do sindicato único no Brasil, ver: Simão, 1981; Vianna, 1978.
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Por sua vez, a partir dos anos 80, com a manifestação das
aspirações socialistas e a entrada em cena do novo sindicalismo122, os rearranjos
instituídos não apontaram para sua extinção, senão somente para sua reforma,
sobrevivendo, portanto, seu conteúdo e base de sustentação: o verticalismo, a
unicidade sindical e, sobretudo, o apego às normas e regras determinadas pelo
Estado.
Em outras palavras, a ideologia estatista, ou o sindicalismo de
Estado que se materializa sob a forma de legalismo sindical, como assevera
Boito Jr. "O sindicato só é considerado como tal por ser um organismo oficial,
isto é, por ser um organismo reconhecido em lei, pelo Estado, como um
sindicato" (1991:54).
Nesse sentido, o emparedamento dos sindicatos, encimado pelo
conjunto de normas legais ordenadoras, mantido pela Constituição de 1988,
preserva intacta a concepção sindical dos anos 30, prescrita na CLT.
121
Mesmo com a extinção da Comissão de Enquadramento Sindical do Ministério do Trabalho (artigo
570 da CLT), com a aprovação da Constituição de 1988, a atribuição do enquadramento sindical continua
valendo na prática, tendo-se como referência o quadro de atividades e profissões (artigo 577 da CLT).
122
Para mais detalhes sobre a discussão do novo sindicalismo, ver: Boitto Jr., 1991; Thomaz Jr., 1996.
130
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123
A manutenção do princípio supostamente unificante da unidade sindical - assim entendida pelo Estado
e por parcela significativa dos dirigentes sindicais - ou do sindicato único por categoria numa mesma
unidade territorial, tem como atributo fundamental, promover a união dos sindicatos para que não se
dividam. Todavia, convive-se, paralelamente, no Brasil, com aproximadamente 20.000 sindicatos e 6
Centrais Sindicais. Ou seja, esse é o retrato fiel da convivência de uma pluralidade sindical às avessas e
de uma unidade sindical apenas prescrita em lei.
124
Mais detalhes sobre as "contribuições" sindicais, ver: Rocha, 1994; Barros, 1993; Thomaz Jr., 1996.
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125
Em respeito especificamente aos trabalhadores rurais, Silva, L.A., 1994, faz um histórico interessante
da contextualização do processo dessas conquistas.
126
Para mais detalhes sobre a participação e territorialidade das centrais sindicais junto às entidades
sindicais envolvidas na atividades sucroalcooleira paulista, ver: Thomaz Jr., 1996 (capítulos 4 e 5).
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127
Para um acompanhamento da historicidade da relação Estado-Sindicato no Brasil, ver: Simão, 1981;
Boito Jr., 1991. E, ainda, uma experiência recentemente comprovada através de estudo minucioso do
Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, no trabalho de Nogueira, 1990.
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5. Referências Bibliográficas
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Parte III
O Trabalho e a Geografia:
Um tema e o aprendizado
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1. Introdução
∗
Este texto representa a base do Projeto de Pesquisa financiado pela FAPESP, inscrito na alínea Auxílio
à Pesquisa, iniciado em junho de 1998 e concluído em julho de 2001. Foi publicado originalmente, numa
primeira versão, com o título “Câmara Setorial Paulista Sucro-alcooleira e os Novos Desafios para o
Movimento Sindical, Revista Quinzena, São Paulo, n.251 e n.252, 1996. Nos foi solicitado também pela
editoria da Revista Geográfica, e foi publicado nesse periódico: Revista Geográfica, Bauru, n.12, jan.
abr., 1999.
128
Projeto de Pesquisa desenvolvido com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP), com o título “Câmara Setorial Sucro-alcooleira: a relação capital x
trabalho e os desafios para o movimento sindical”. Período de vigência: maio de 1998 a julho de 2001.
129
“Por Trás dos Canaviais os (Nós) da Cana. (uma Contribuição para o entendimento da Relação Capital
x Trabalho e do Movimento Sindical dos Trabalhadores na Agroindústria Canavieira Paulista”. Tese de
Doutorado. Departamento de Geografia/FFLCH/USP. São Paulo, maio de 1996. Publicado em 2002, pela
editora Annablume/FAPESP.
130
O Projeto que deu origem ao GEP-SUCRO foi intitulado “Reconfiguração da Agroindústria
Sucroalcooleira no Brasil: Desregulamentação Estatal, Reestruturação Produtiva-Organizacional e
Movimentos Sociais”, encaminhado ao CNPq, todavia não foi contemplado com financiamento,a penas
aprovação quanto ao mérito.
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2. Tendências e perspectivas
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134
A idéia dos “sindicatões”, foi formalmente apresentada enquanto proposta de encaminhamento, por
Luis Silva e José Novaes, respectivamente dirigentes sindicais de STR’s e das CUT’s regionais da
Paraíba e Bahia, durante a realização do III CONCUT, em outubro de 1988, cujos documentos estão
publicados no Cadernos do CEDI, n.20, 1990. A aglutinação dos trabalhadores assalariados, por produto,
no caso específico dos “sindicatões”, enraizados na delimitação da agroindústria, ou seja, na explicitação
do empreendimento agroindustrial, reunindo tanto os trabalhadores rurais quanto os da unidade de
processamento industrial, não despertou motivação no campo cutista. Ficou, pois, totalmente esquecida,
nem sequer para ser redimensionada ou definitivamente retirada do cenário, apenas comparecendo críticas
isoladas, contrargumentando a inviabilidade dessa alternativa devido ao fato de que os trabalhadores dos
CAI’s, principalmente, da laranja e da cana-de-açúcar, serem representados por inúmeros sindicatos, dos
quais, alguns com tradição de luta, sendo que, esta era a questão posta em relevo desde aquele momento.
144
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135
A esse respeito, Oliveira (1994), complementa dizendo que: “... há hoje uma clara tensão entre o
projeto político-organizativo da CUT e a sua dinâmica de acomodação à estrutura oficial, inclusive em
setores que historicamente não estavam sujeitos ao modelo sindical corporativista, como os servidores
públicos. (...) A rigor, nenhuma das quatro centrais sindicais (CUT, as duas CGT’s e a F.S) vêm se
construindo sob a inspiração de um projeto organizativo próprio como alternativa ao modelo sindical
vigente”, sendo que, o apego à estrutura oficial, no caso específico da Força Sindical, faz parte até das
deliberações de congresso, da edificação de seus respectivos projetos organizativos, enraizados, então, na
pregação da mesmice (1994, p. 507). (grifo nosso)
136
Trata-se, pois, como presente nas teses e deliberações de Congressos da CUT, “de criar as condições
para a superação da exploração de classe”. Como observa Moreira (1985), põe-se em questão edificar
“o embrião que inverta a relação cidade-campo dos dominantes, montada como estrutura espacial
ordenadora da reprodução dos homens para o capital, instaurando a relação cidade-campo que
organiza a reprodução de homens livres (...) ou seja, efetuar a estrutura espacial que organize a relação
cidade-campo dos dominados, que seja capaz de efetivar a ruptura espacial organizadora da relação
cidade-campo dos dominantes, instituindo uma formação econômico-social sem dominantes e
dominados, e, então, de instaurar a gestão operário-camponesa sobre a totalidade social” (1985, p. 164).
145
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146
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com o que se denomina de certificação ambiental137. Ainda que tenham que ser
ressalvadas algumas questões como as tentativas de disciplinamento para o uso
de procedimentos não aceitos pela sociedade, como emissão de gases poluentes
em doses não prescritas ou ainda, os desdobramentos nefastos das queimadas
para a saúde dos trabalhadores e para a população das cidades circunvizinhas, o
discurso que fundamenta essas novas demandas da sociedade, fortalece, em
vários casos, o próprio processo de dominação do capital, agora totalmente
travestido pela roupagem ambiental. Em nome do cumprimento de determinados
pré-requisitos apenas (ambientais), torna-se possível a aceitação das
mercadorias (açúcar e álcool) ou o privilegiamento de mercados cativos, sem
antes serem diagnosticadas as reais condições de trabalho, formas de pagamento,
cumprimento dos acordos coletivos etc.
Esses novos desafios sinalizados para o movimento sindical, tendo
em vista as conseqüências do processo de redefinições técnico-produtivas e
organizativas do capital, encimam-se fundamentalmente, sob dois aspectos:
• No desemprego e, sobretudo, no comprometimento dos
direitos sociais e trabalhistas, colocados em xeque com a terceirização e com as
cooperativas de mão-de-obra e, em conseqüência, as novas divisões
intercorporativas que interferirão na territorialidade dos sindicatos ao
redimensionar o enquadramento. Tal enquadramento não se efetiva pela
(re)qualificação da divisão técnica do trabalho, mas pelos desdobramentos
oriundos da recomposição dos sindicatos existentes, no caso específico da
terceirização, e na perda de referencial na identificação do patrão, ao se tratar
das cooperativas, até então circunscritos aos rurais, mas no curto prazo, como
apontam as evidências, poderá voltar-se para o conjunto dos trabalhadores.
• Na contundência dos desafios para o trabalho, que se
materializam exatamente nas dificuldades encontradas pelo movimento sindical
em não somente entender, mas numa escala ainda mais elevada, ultrapassar as
prerrogativas de organização corporativo-sindical, buscando novas alternativas
no sentido de acompanhar o (re)enraizamento produtivo e organizativo do
capital rumo à consolidação das cadeias produtivas, ou mesmo, no
readequamento dos ramos de produção, superando, assim, os estreitos marcos da
divisão técnica do trabalho como catalisador da identificação operária alienada.
Ou seja, subverter o quadro inicialmente imposto e por muito tempo aceito, do
fracionamento corporativo, para agir no mesmo raio de ação do capital,
priorizando, portanto, o enraizamento de toda a atividade econômica, unificado
organicamente ou até sob uma única entidade sindical, na escala de abrangência
do conjunto dos trabalhadores da cadeia produtiva, ou então, de qualquer outra
forma de (re)organização produtiva processada pelo capital.
137
A esse respeito ver: Oliveira, 2002.
147
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138
Essa é a palavra de ordem do capital, hegemonizada no campo da AIAA (Associação da
Agroindústria Açucareira e Alcooleira do Estado de São Paulo), que de olho no redimensionamento
tecnológico e gerencial do empreendimento agroindustrial, alicerçam no álcool, ou na revitalização do
PROÁLCOOL, a base do discurso que escuda a manutenção do combustível nacional e renovável.
148
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5. Referências Bibliográficas
151
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
THOMAZ JR., A. Por Trás dos Canaviais os (Nós) da Cana. 457 p. Tese
(Doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade
de São Paulo, 1996.
______. A Presença das Centrais Sindicais na Agroindústria. Revista Debate
Sindical, São Paulo, v.10, n.25, fev./mar./abr., p.46-51.: CES, 1997, p. 46-51.
______. “’Leitura’ Geográfica e Gestão Político-Territorial na Sociedade de
Classes”. Boletim Gaúcho de Geografia, Porto Alegre, n.24, 1998.
______. Por Trás dos Canaviais os (Nós) da Cana. São Paulo:
Annablume/Fapesp, 2002.
152
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A GEOGRAFIA E AS FRONTEIRAS
DISCIPLINARES. O MUNDO
DO TRABALHO EM QUESTÃO ∗
Para Cláudio Benito
Não deixemos para amanhã o que podemos fazer hoje....
Boaventura S. Santos
1. Apresentação
∗
Este texto foi escrito durante a vigência do Estágio realizado através do Programa de Cooperação
Internacional (PCI), junto ao Departamento de Geografia, da Faculdade de Geografia, da Universidade de
Santiago de Compostela (Espanha), durante os meses de abril e maio de 1999. Foi apresentado
inicialmente junto à Mesa-Redonda “A Geografia no Contexto das Ciências Sociais: Diálogos e
Silêncios”, durante a realização da I Semana de Geografia da FCT/UNESP/Presidente Prudente, 13 de
maio de 1999. Depois de ampliado e revisado, foi publicado originalmente nos Anais do mesmo evento,
com o título “A Geografia, os Geógrafos e as Fronteiras Disciplinares. Os Desafios para a Compreensão
das Transformações no Mundo do Trabalho na Virada do Milênio”.
153
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2. Introdução
155
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139
Recentemente tive a oportunidade de elaborar algumas questões sobre esse assunto e se encontram de
forma embrionária no texto “Território em Transe. (Re)divisão Territorial do Trabalho e Redefinições de
Funções na Agricultura”, publicado nos Anais do Seminário Geografia 2001 (UFS, Aracaju, 1998).
140
Ainda a esse respeito, vale a consulta da entrevista concedida pelo professor Milton Santos,
recentemente publicado na Revista Teoria & Debate, citada nas sugestões de leitura, no final desse texto.
156
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157
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4. Considerações finais
158
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141
Cf. ANTUNES, 1995.
159
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160
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1. Introdução
∗
Este texto, originalmente comparece sob o título “As Questões Ecológica e Ambiental para o Trabalho
e para a Sociedade: O Riscos Provocados pelas Desigualdades Sociais sob a Dominação Capitalista”. É
produto de algumas inquietações que se avolumaram com o aprofundamento das leituras e do repensar
constante sobre as perspectivas que se colocam para o movimento operário e para os movimentos sociais
de forma geral, em relação às temáticas ecológica e ambiental. Essa motivação ganhou importância e
contextualidade especial, à medida que sentimos a necessidade de organizarmos algumas reflexões a
serem discutidas durante as aulas da disciplina Xeografia de los Riesgos, ministrada pelo professor doutor
Román Rodrigues Gonzáles, do Departamento de Geografia, da Universidade de Santiago de Compostela
(Espanha), por conta das atividades programadas do Convênio de Cooperação Internacional entre a
referida Universidade e a Universidade Estadual Paulista (UNESP), à qual estou vinculado. Com redação
pouco modificada e com o título “A Questão Ambiental para o Trabalho e para o Movimento Operário
nesse Final de Século. Notas Introdutórias”, foi apresentado em seção específica do XXII Congresso da
Associação Latino-americana de Sociologia, em Concepción, Chile, em outubro de 1999. Depois de ser
submetido a outra revisão, e ganhar o título “Reflexões Introdutórias sobre a Questão Ambiental para o
Trabalho e para o Movimento Operário nesse Final de Século”, decidimos por publica-lo em periódico de
circulação nacional, mais propriamente na Revista Geográfica, Bauru, n.16, p.15-21, 2000.
142
Cf. ANTUNES, 1995.
161
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143
Para mais detalhes sobre a estruturação social e os processos contraditórios que lhes dão sustentação,
ver: Thomaz Jr., 1999
144
A esse respeito, tivemos a oportunidade de desenvolver algumas reflexões a respeito da gestão
territorial na sociedade de classes que, poderão ser úteis para a elucidação da trama em pauta nesse texto.
Trata-se do texto: “’Leitura’ Geográfica e Gestão Político-Territorial na Sociedade de Classes”. Boletim
Gaúcho de Geografia de Geografia, Porto Alegre, n.24, 1998.
162
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145
A esse respeito Mészáros (1995 e 1999), vai mais longe quando comenta que o sistema do capital
além de destrutivo, especialmente quando subverte a produção do capital em propósito da humanidade, é
também, no limite incontrolável.
164
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146
A esse respeito, consultar a obra de Adam Shaff “El Marxismo el Final de Siglo. Barcelona: Editorial
Ariel, 1994. Capítulo “Consecuencias Sociales de la Actual Revolución Científica y tecnológica”.
147
Cf. MOREIRA, 1989.
148
Cf. MÉSZÁROS, 1998.
149
Cf. ANTUNES, 1995.
165
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150
Essas questões, bem como o processo recente que submete o trabalho a comportamentos, inserções e
ações políticas, tendo em vista as diferentes formas de precarização - podem ser encontradas em
Território em Transe. (THOMAZ JR., 1999).
151
Cf. PEREIRA, 1995.
166
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152
Sugierimos a leitura do livro “O Discurso do Avesso”, do professor Ruy Moreira. Esse trabalho
merece atenção especial por parte dos geógrafos, tendo em vista o envolvimento salutar do autor na
polêmica posta.
153
Mais detalhes, ver: Marx; Engels (1975), em “A Ideologia Alemã”; e Engels (1979) “Dialética da
Natureza”.
154
Cf. MARX, 1983.
167
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155
Sobre esse assunto, Thompsom, E. P., tece comentários interessantes sobre a perspectiva recente, para
os movimentos sociais, em particular na Europa, com o propósito de resgatarem um compromisso com a
sociedade rumo à libertação da dominação capitalista. Trata-se da obra: “Nuestras Libertades y Nuestras
Vidas”. Barcelona: Editorial Crítica, 1987.
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156
A esse respeito sugiro a leitura dos textos e documentos produzidos pela Consulta Popular, onde
figuram alguns textos e o livro “Opção Brasileira”. Rio de Janeiro: Contraponto, 1998.
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158
Entrevista concedida pelo autor, para o professor Ricardo Antunes e publicada, na edição do Caderno
Mais, da Folha de São Paulo, p.5, do dia 10 de janeiro de 1999, com o título “A Opção Verde”.
171
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159
A esse respeito ver: Lipietz, 1997.
172
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Trata-se, por exemplo, da nova reformatação dos recursos hídricos proposta pelo
Comitê de Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo, em especial a regional
Pontal do Paranapanema (CBH-PP)160.
Todos sabemos que haverá de se implementar estudos, pesquisas e
discussões mais abrangentes e aprofundadas a título de alçar compreensão capaz
de expressar as contradições que (re)qualificam a dinâmica da sociedade e das
formas e procedimentos da engrenagem produtiva. Para tanto, faz-se necessário,
não somente vencer os limites da ciência, como se apresentam, ou as fronteiras
disciplinares corporativamente defendidas, mas apontar para a busca efetiva do
desvendamento das entranhas da sociedade capitalista, rumo à superação dos
mecanismos de dominação. Daí o papel importante a ser desempenhado pela
Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) e demais entidades e pessoas
envolvidas nesse processo.
Há que se incluir e contemplar na agenda de trabalho, condições
para apreciação especial dessas contribuições setoriais por parte das demais
entidades de organização da sociedade civil e do movimento operário,
fundamentalmente para dar-lhes o amálgama que encantará o ressurgimento de
ações a serem multiplicadas para todos os lugares, pretextando a construção de
um contra-poder de base popular, rumo à sociedade sem explorados e sem
exploradores, enfim, o despertar de novos desafios para a sociedade do trabalho.
Dessa forma, ultrapassar-se-ão os limites e as mediações sinalizadas pelos
artífices da neo-social-democracia européia, que sob o manto do terceiro setor
de utilidade social, defendem a sobrevivência do capitalismo em nome da
melhoria e da qualidade de vida dos trabalhadores, o que não se deve admitir
tendo em vista que a utopia capitalista em 500 anos de história mostrou-se
incapaz de resolver as demandas básicas da humanidade161.
Privilegiando, então, a rearticulação dialética entre forma e
conteúdo, imagina-se que, em nível metodológico, poder-se-ia inserir a
Geografia no debate sobre a questão ecológica e ambiental, de forma a dar-lhe
status de um discurso científico capaz de apreender a dinâmica contraditória da
sociedade dos homens concretos, donde o homem e natureza se fundem num
movimento único. Daí a necessária retomada da nota epigrafada, para
definitivamente não sermos absorvidos pelo ideário dominante nas ciências de
forma geral e na Geografia de forma particular.
Esse, talvez, seja um longo caminho a ser percorrido, rumo à
construção de um movimento social de caráter socialista. Todavia, é o que nos
coloca mais perto dos pressupostos de uma gestão da sociedade, fundada na
abolição da propriedade privada dos meios de produção e, conseqüentemente, da
160
De março de 1999 a setembro de 2002, fomos representantes (suplente) da FCT/UNESP no Comitê de
Bacias Hidrográficas – Pontal do Paranapanema (CBH/PP), juntamente ao Professor Antonio César Leal
(titular).
161
Cf. SHAFF, 1985.
173
♦ Geografia Passo-a-Passo – Ensaios Críticos dos anos 1990 ♦
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6. Referências Bibliográficas
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