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(1) INTRODUÇÃO À GEOGRAFIA DO TURISMO

Conceitos gerais do turismo


Origens e difusão socioespacial do turismo
Características gerais da Geografia do Turismo
Histórico parcial dos trabalhos geográficos sobre
o turismo, fora do Brasil, entre 1905 e 1990
Histórico parcial dos trabalhos geográficos sobre
o turismo, fora do Brasil, entre 1905 e 1990

Análise da distribuição geográfica dos lugares


turísticos (anos 1960 e 1970):
 Modelos analíticos locacionais e relacionais
(Christaller; Von Thunen).
MIOSSEC, Jean-Marie. L'image touristique comme introduction à
la géographie du tourisme. Annales de Géographie. Nº 473, t.
86. Pais, France : Armand Colin, 1977. pp. 55-70.

Estudos de geografia cultural e econômica


(anos 1980 e 1990):
 Análise das características materiais e
simbólicas dos lugares turísticos;
 Análises críticas de natureza econômica e
ambiental (início do ecoturismo).

Fonte: GALVÃO FILHO (2005)


OUTROS IMPORTANTES ESTUDOS GEOGRÁFICOS ESTRANGEIROS SOBRE O TURISMO DOS ANOS 1970 E 1980

Componentes históricos importantes para a compreensão geográfica do turismo

CLARY, Daniel. Tourisme et aménagement régional. ANNALES DE GÉOGRAPHIE. T. 85. Nº 468.


Pais, France : Armand Colin, 1976. pp. 129-154.

SCATTARREGIA, Massimo. SAN REMO 1815 – 1915: TURISMO E TRASFORMAZIONI TERRITORIALI.


Milano, Italia: Angeli, 1986.

CAZES, George. La géographie du tourisme : réflexion sur les objectifs et les pratiques en France.
ANNALES DE GÉOGRAPHIE. Tome 96. Nº 537. Pais, France : Armand Colin, 1987. pp. 595-600.
COMPONENTES HISTÓRICOS IMPORTANTES PARA A COMPREENSÃO GEOGRÁFICA DO TURISMO:

1976 CLARY, Daniel. Tourisme et aménagement régional. ANNALES DE GÉOGRAPHIE. T. 85. Nº 468. Pais, France : Armand Colin,
1976. pp. 129-154.

- O fenômeno turístico apareceu como uma expressão perfeita da economia liberal, pois em sua origem ele foi
privilégio de alguns favorecidos de nascença ou por fortuna.
- As transformações ocorridas no século 19, em decorrência da revolução industrial, permitiram aos “detentores
do poder” econômico (empreendedores de indústria e comércio, bem como alguns membros de profissões
liberais) de se beneficiar dos lazeres do mesmo modo que a aristocracia.
- A pequena burguesia chega, com gostos e meios diferentes, a integrar a elite que se distingue, precisamente,
pela “disponibilidade” de tempo e dinheiro.

1986  SCATTARREGIA, Massimo. SAN REMO 1815 – 1915: TURISMO E TRASFORMAZIONI TERRITORIALI. Milano, Italia: Angeli, 1986.

- Na primeira metade do século 19, a palavra “tourist” (turista) não se referia aos seguidores do nascente
fenômeno turístico, mas sim aos “grands touristes”, aos seguidores do “Grand Tour”.
- Somente a partir dos anos 1850, é que o substantivo inglês “tourist” (turista) não indicava mais um
aristocrata, um cavalheiro em viagem, começando a se referir a quem viaja por diversão.
1987 CAZES, George. La géographie du tourisme : réflexion sur les objectifs et les pratiques en France. ANNALES DE
GÉOGRAPHIE. Tome 96. Nº 537. Pais, France : Armand Colin, 1987. pp. 595-600.

Os problemas e questões derivadas do turismo permanecem indissociáveis a fatores que, por serem
particularmente revelados pela abordagem espacial, fazem com que uma “geografia do turismo”
(seja ao nível dos fluxos de frequentação, dos tipos de hospedagem ou dos tipos de planejamento)
pareça reveladora da influência de critérios geográficos e humanos sobre as localizações turísticas.

Questões sociais derivadas do turismo reveladas pela abordagem espacial (Cazes)


Espaço  “matéria primeira do turismo” (Cazes)

Eixos de pesquisa (Cazes)


(1º) das análises e interpretações das distribuições em diferentes escalas espaciais;
(2º) dos exames de modalidades e efeitos da articulação entre turismo e meio de acolhimento
(3º) dos estudos da produção de paisagens e de imagens específicas
1988 LOZATO-GIOTART, Jean Pierre. Geografia del turismo: dallo spazio
visitato allo spazio consumato. Milano, Italia: Franco Angeli, 1988.
“Ciclo de vida de área turística” de Butler

 Sequência hipotética de estágios: “exploração, envolvimento, desenvolvimento,


consolidação, estagnação, rejuvenescimento ou declínio”.
Born in Birmingham in 1943,
 Cada estágio seria acompanhado por mudanças na natureza na extensão das educated at King Edward's School,
then Nottingham University (1961-
instalações, bem como no abastecimento dessas instalações.
4) in Geography, and Glasgow
University (1964-67) PhD in
 Instalações não específicas para turistas são as que existem no primeiro estágio. Geography, on the Tourism
Industry in the Scottish Highlands
 As do estágio de desenvolvimento são fornecidas basicamente por habitantes locais. and Islands. Moved to Canada to
take up a position as Assistant
 O envolvimento e controle local declinam rapidamente, à medida que os serviços são Professor in Geography at the
University of Western Ontario,
prestados por empreendedores externos e o poder público assume a intending to stay a couple of years,
but ended up there for 30 years,
responsabilidade pelo planejamento. gaining promotion to Professor
and Head of Department of
Geography.
“CICLO DE VIDA DE ÁREA TURÍSTICA” (Butler)
Sequência hipotética de estágios: mudanças na extensão e no abastecimento das instalações.

(1) Exploração/envolvimento

 Instalações não especificas para turistas (fornecidas


3 basicamente por locais).

(2) Desenvolvimento/consolidação

 Instalações mais modernas e elaboradas são


proporcionadas por empreendedores externos.
2  Autoridades regionais e nacionais assumem a
responsabilidade pelo planejamento.

1 (3) Estagnação/rejuvenescimento (ou declínio)

 Retomada dos investimentos ou obsolescência.

Fonte: Meliani (2011)


https://www.voltaaomundo.pt
https://www.voltaaomundo.pt
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ALGUNS ESTUDOS ESTRANGEIROS SOBRE O TURISMO DOS

ANOS 1990 IMPORTANTES PARA A GEOGRAFIA DO TURISMO


ALGUNS ESTUDOS ESTRANGEIROS SOBRE O TURISMO DOS ANOS 1990 IMPORTANTES PARA A GEOGRAFIA DO TURISMO

MULLINS, Patrick. Tourism urbanization. International Journal


of Urban and Regional Research. Volume 15. Issue 3. pages  Produção de formas e paisagens que derivam dos serviços
turísticos em si.
326-342. September 1991.
 
KNAFOU, Rémy. L’invention du lieu touristique: la passation  o “poder subversivo” do turismo provoca um processo que
d’un contrat et le surgissement simultané d’un nouveu deturpa o uso dominante do lugar, um forma de reversão da
territoire. Revue de Géographie Alpine. Nº 4, 1991. pp. 11-19. ordem estabelecida.
 

URRY, John; CRAWSHAW, Carol. Turismo e consumo visual.  “Ser turista” é uma das características definidoras do “ser
Revista Crítica de Ciências Sociais. Nº 43. Tradução de Angel moderno”.
Maria Moreira. Coimbra, Portugal: Universidade de Coimbra,  Práticas turísticas construídas pela mídia e propaganda.
outubro de 1995. pp. 47-68. Publicidade: informação  persuasão  consumo dirigido.
 
URRY, John. O olhar do turista: lazer e viagens nas sociedades  Objetos para o olhar do turista.
contemporâneas. Tradução de Carlos Eugênio Marcondes de  Trabalho “emocional” (Necessidade de sorrir de modo
agradável, amistoso e empenhado para os clientes, conversar
Moura. São Paulo, SP: Studio Nobel: SESC, 1996. 231 p.
longamente (se houver tempo para isso). “Comercialização do
  sentimento humano”

VERA, J. Fernando (coordinador); PALOMEQUE, F. López;


MARCHENA, Manuel J.; ANTON, Salvador. Análisis Territorial  técnicas de gestão aplicadas à conservação (capacidade de
del Turismo. Barcelona, España: Editora Ariel S/A, 1997. 408 p. carga, monitoramento, avaliações e auditorias).
ALGUNS ESTUDOS ESTRANGEIROS SOBRE O TURISMO DOS ANOS

2000 IMPORTANTES PARA A GEOGRAFIA DO TURISMO


SHAW, Gareth; WILLIAMS, Allan M. Tourism and tourism
spaces. London, UK: SAGE Publications Ltd., 2004. 311 p.
 Chamam atenção para o fato do turismo
como “mobilidade corporal” estar mudando,
em função do desenvolvimento da Internet
(turismo virtual);
OBSERVAR CONTEXTO HISTÓRICO DA
PUBLICAÇÃO (Início dos anos 2000):
 consolidação da mundialização
(globalização), com papel preponderante da
comunicação e negócios via Internet.

SHAW, Gareth; WILLIAMS, Allan M. Tourism and tourism spaces. London, UK: SAGE, 2004.
“OBRIGAÇÕES DE COPRESENÇA”:
 A copresença (dos indivíduos) é essencial
para algumas formas de relações sociais, e a
partir disso decorre da necessidade de
MOBILIDADE.

 Como a MOBILIDADE envolve um


deslocamento corpóreo (ESPACIAL)
significativo do local de residência habitual,
então várias FORMAS DE TURISMO
resultarão (quadro 1.1).

Fonte: SHAW AND WILLIAMS (2004, p. 17)


SHAW, Gareth; WILLIAMS, Allan M. Tourism and tourism spaces. London, UK: SAGE Publications Ltd., 2004. 311 p.
MERCANTILIZAÇÃO DO TURISMO
TURISMO COMO MERCADORIA:
 Mercantilização baseia-se essencialmente nos
valores alocados em bens, serviços e experiências
por mecanismos de troca de mercado;
 Isso reflete o nível e o tipo de demanda pelo
turismo, bem como as condições de produção
turística.
 Ao contrário de alguns bens e serviços, a
mercantilização do turismo baseia-se não apenas no
trabalho, capital e recursos naturais utilizados na
produção, mas também no "valor simbólico” da
experiência turística.

"SEMIÓTICA DA PRODUÇÃO CAPITALISTA".:


 As mercadorias turísticas podem se tornar um meio
de alcançar objetivos culturais ou sociais
particulares: a compra de experiências turísticas
também representa a compra de um estilo de vida,
uma declaração de gosto ou um símbolo de status.
 Como resultado, algumas mercadorias turísticas
podem se tornar "fetichizadas“, o que significa que
elas parecem assumir uma vida própria, e se
transformar em “algo sagrado".
ALGUNS ESTUDOS ESTRANGEIROS SOBRE O TURISMO DOS ANOS 2000 IMPORTANTES PARA A GEOGRAFIA DO TURISMO

 DAVIS, Robert Charles; MARVIN, Garry. Venice, the tourist maze: a cultural critique of
the world's most touristed city. California, US: University of California Press, 2004. 344 p.

 Descreve os primórdios do turismo veneziano no final da Idade Média até


seu surgimento como uma forma de entretenimento de massa em nosso
tempo;

 Analisa o que acontece quando o "turismo industrial" de hoje colide com


uma cultura antiga, oriunda de outro contexto social e cultural. 
ALGUNS ESTUDOS ESTRANGEIROS SOBRE O TURISMO DOS ANOS 2000 IMPORTANTES PARA A GEOGRAFIA DO TURISMO

CAZES, George; COURADE, Georges. Les masques du tourisme. Revue Tiers-Monde.


Tome 45. Nº 178. Paris, France: Éditions Armand Colin, 2004. pp. 247-268.
 O turismo baseia-se sobre a construção de “depósitos” turísticos, elaborados por imagens que os põem à venda
num “jogo de espelhos”.
 Enquanto atividade fantasiosa, o turista consome um imaginário, como o da “evasão”, porém, em sua viagem, o
turista segue em uma “bolha” climatizada, asséptica e segura (hotel, veículo para todo terreno, avião ou carro,
etc.), onde muito do que vê, escuta e respira foi cuidadosamente elaborado em função do que ele é e espera.
 É uma atividade que se vende sobre o “papier glacé” do sonho, sofisticado ou mais comum (sol, coqueiros, buffet
à vontade, festas), utilizando-se da publicidade e das pesquisas de opinião e de satisfação para seus
procedimentos, que esconde uma impressionante logística de produção.

CONDÈS, Sébastien. Les incidences du tourisme sur le


développement. Revue Tiers-Monde. Tome 45. Nº 178.
Paris, France: Éditions Armand Colin, 2004. pp. 269-291.
 os processos de especialização levam ao risco da forte dependência do lugar em relação à economia turística que,
ao seu modo, reage às desacelerações conjunturais e aos sobressaltos da economia mundial.
 Em “países pobres situados em zonas tropicais”, soma-se a este risco, uma forte dependência em relação às
condições meteorológicas, como estações de chuvas ou temporadas de ciclones.
 Assim, para os lugares, o principal risco, sob o ponto de vista econômico, é que o turismo produz muito pouco
para as economias locais, na medida em que, principalmente, para as viagens em “pacotes”, a prestação turística
é controlada de modo “vertical” por parte de operadores estrangeiros
Histórico parcial dos trabalhos geográficos
sobre o turismo, no Brasil, entre 1976 e 1985
Histórico parcial dos trabalhos geográficos
sobre o turismo, no Brasil, entre 1976 e 1985

Estudos aplicados ao desenvolvimento turístico (anos 1970-80):


 Análise dos fluxos populacionais (litoral paulista);
 Influência do clima no turismo (recreação) no litoral do RJ;
 Classificação de ambientes favoráveis ao turismo;
 Cartografia de áreas com potencial turístico e planejamento.

Estudos críticos (anos 1980):


 Análise de custos ambientais de segundas residências;
 Segregação espacial associada à segunda residência;
 Avaliação dos impactos do turismo nas comunidades locais.

Fonte: GALVÃO FILHO (2005)


RODRIGUES, A. B. Geografia e Turismo - Notas Introdutórias. REVISTA DO
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA, 6, 71-82. SP: Universidade de São Paulo (USP), 2011.
https://doi.org/10.7154/RDG.1992.0006.0006
ALGUNS ESTUDOS GEOGRÁFICOS DOS ANOS 1990 SOBRE O TURISMO PUBILICADOS NO BRASIL
ALGUNS ESTUDOS GEOGRÁFICOS DOS ANOS 1990 SOBRE O TURISMO PUBLICADOS NO BRASIL
CALVENTE, M. C. M. H. No Território do Azul Marinho - A busca do espaço caiçara. Dissertação (Mestrado
em Geografia Humana) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: USP, 1993.

Calvente (1993) estudou a desestruturação do território caiçara para as comunidades de Ilhabela (SP),
tanto simbolicamente quanto concretamente, a partir do aumento das atividades turísticas no município.

CARLOS, Ana Fani Alessandri. O turismo e a produção do não-lugar. Turismo: espaço,


paisagem e cultura. YÁSIGI, E.; CARLOS, A. F. A.; CRUZ, R. C. A. (Orgs). São Paulo, SP: Hucitec,
1996. pp. 25-37.
“o espaço produzido pela indústria do turismo perde o sentido, é o presente sem
espessura, quer dizer, sem história, sem identidade; neste sentido é o espaço do
vazio; ausência; não lugar” (p. 28).

FALCÃO, José Augusto Guedes. O turismo internacional e os mecanismos de circulação e


transferência de renda. Turismo: espaço, paisagem e cultura. YÁSIGI, E.; CARLOS, A. F. A.;
CRUZ, R. C. A. (Orgs). São Paulo, SP: Hucitec, 1996. p. 63-74.

Como condição para se atingir o mercado mundial de turismo, as empresas


prestadoras de serviços locais submetem seus produtos às redes internacionais de
comercialização, reduzindo seus preços para garantir uma taxa de ocupação que
viabilize sua manutenção no mercado.
ALGUNS ESTUDOS GEOGRÁFICOS DOS ANOS 2000 SOBRE O TURISMO PUBILICADOS NO BRASIL
CARA, Roberto Bustos. El turismo y los procesos de transformación
territorial. Turismo e Geografia: reflexões teóricas e enfoques regionais.
RODRIGUES, Adyr A. B. (Org.). São Paulo, SP: HUCITEC, 2001. pp. 86-93.

 Os processos de produção turística do espaço afetam muito mais que as


dimensões simbólicas dos lugares, pois o turismo representa uma atividade
em expansão e que, de um ponto de vista físico-territorial, é consumidora,
produtora e transformadora de espaços.

 Para que o consumo do turismo se realize, o espaço deve possuir


equipamentos de infraestrutura, oferecer serviços específicos e, antes de
tudo, ter as qualidades materiais e imateriais que interessem os turistas.

 Qualidades exigidas do espaço que vão além do sistema de objetos


específicos, das formas naturais ou construídas que o compõem, mas,
sobretudo, de um sistema de ações capaz de dinamizar o espaço em sua
função turística, como é o caso dos serviços que dão suporte aos turistas.

CAZES, George. Turismo e subdesenvolvimento. Turismo e


Geografia: reflexões teóricas e enfoques regionais. RODRIGUES,
Adyr A. B. (Org.). São Paulo, SP: HUCITEC, 2001. pp. 77-85. 

 O turismo depende da criação abundante de empregos, notadamente


indiretos (artesanato, comércio, construção, serviços diversos, alimentação,
etc.), ele sublima, por outro lado, a “precariedade” destes trabalhos
(remuneração insuficiente, sazonalidade, rotatividade, terceirização).
LUCHIARI, Maria Tereza D. P. Turismo e território: sustentabilidade para quem?
Redescobrindo a ecologia no turismo. BARRETTO, Margarida; TAMANINI, Elizabete (Orgs.).
Caxias do Sul, RS: Editora da Universidade de Caxias do Sul (EDUCS), 2002. pp. 11-126.

 Associação entre turismo e meio ambiente se tornou uma ferramenta política, econômica e indutora de um
movimento de revalorização estética de paisagens naturais e culturas específicas.
 Um movimento que, de acordo com Luchiari, tem fortalecido a estetização no consumo de paisagens e de
expressões culturais, que tem legitimado territorialidades sociais seletivas.
 Os grandes projetos para o turismo internacional, impulsionados pelas políticas públicas, têm incorporado os
lugares atrativos no Brasil por meio de verticalidades que, gestadas na economia global, incidem nas
horizontalidades dos lugares.
 O modelo de resorts implantados no litoral nordestino, afirma Luchiari, é um “produto-padrão” muito
semelhante ao modelo do Caribe, ou seja, é um modelo hegemônico, planejado a partir de concepções
externas, que não se importa com as formas de organização socioespacial pré-existentes: vilas de pescadores,
jangadeiros, artesãos, etc.
 A maioria das análises do fenômeno turístico mostra que lugares atrativos são descobertos pelas elites e,
depois de saturados pelo turismo de massa, são substituídos por novos lugares.
 Nesse processo, quanto mais próximos e acessíveis aos centros emissores de turistas, mais rapidamente esses
novos lugares são incorporados, como que preanunciando o esgotamento de outro ou, nos termos da
concepção econômica, do final do ciclo de vida do produto.
 A “morte” dos lugares turísticos, para Luchiari, é “naturalizada” por um ciclo de exploração que é dinamizado
pelo despertar, no turismo de elite e no mercado, da necessidade de descoberta de um “novo lugar/produto”.
AUON, Sabáh. Paraíso à vista – os jardins do Éden oferecidos pelo
turismo. Ecoturismo no Brasil: possibilidades e limites. Adyr Balastreri
Rodrigues (Org.). São Paulo, SP: Editora Contexto, 2003. pp. 15-27.

 Um movimento, orientado pelo desenvolvimento da informação e do marketing,


“inventa” lugares onde as pessoas devem passar as férias, influenciando o consumidor
com a ideia de “paraísos terrestres”.

 A ideia de paraíso é veiculada na comunicação publicitária, como a das revistas de


turismo, que trazem imagens com forte apelo visual acompanhadas de texto reduzido,
no intuito de convencer e atrair o leitor a um “mundo de promessa e magia”, em
contraste claro e patente com as necessidades de seu cotidiano.

 Se referindo à forma como turismo vende a ideia de paraíso, Auon (2003, p. 26) afirma:
 
“O ‘paraíso’ aqui oferecido não é o do estado perfeito e harmonioso, mas sim o’ jardim das
delícias’, rico em prazeres, em deleites, em situações idílicas, feito na medida e ao gosto de
qualquer pessoa disposta a aventurar-se, a romper com seu cotidiano, dando vazão aos
seus desejos e às mais extravagantes fantasias, pois de lá não se é expulso, ao contrário,
permanece-se e desfruta-se de tudo que ele pode oferecer. Nele, o pecado e a serpente não
existem para interromperem a permanência desse estado.”
GEOGRAFIA DO TURISMO

Aspectos socioespaciais do turismo:


Questões sociais derivadas do turismo reveladas pela abordagem espacial.
Espaço  “matéria primeira do turismo”.

Distribuição espacial:
Fixos (localizações) e fluxos (origem  destino).
Destinos turísticos e lugares emissores de turistas.

https://aigmadeira.pt/
Turistificação (produção turística do espaço):
Transformação material e social dos lugares.
Conceito geral de Geografia: Formas e funções espaciais próprias do turismo (equipamentos).
Descrição e análise da variação Relações sociais  trabalho no turismo.
espacial de fenômenos físicos,
biológicos e humanos.

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