Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentáveis

Aula 1:
História dos problemas ambientais e da gestão do meio
ambiente

Apresentação

A gestão ambiental pode ser definida como a relação do

ser humano com o meio ambiente e tem o objetivo de
diminuir os impactos causados pelo homem e suas
atividades.
O gestor ambiental tem como função gerenciar o uso dos
recursos naturais, encontrando formas para reduzir os
impactos ambientais.
Na Revolução Industrial, houve a transição da manufatura
para a indústria mecânica, e, com isso, ocorreu a
transformação completa das indústrias com relação à
rapidez na produção e à otimização dos processos
produtivos.

Em nossa primeira aula, vamos começar a discutir a
evolução da problemática ambiental, as transformações nas
organizações e as novas tecnologias de gestão.
Objetivos
• Descrever os períodos em que ocorreram grandes
mudanças ambientais;
• Identificar as transformações na problemática
ambiental;
• Reconhecer a importância da gestão ambiental
tanto na vida profissional como na formação da
cidadania.
Origem dos problemas ambientais
Os problemas ambientais são um dos grandes dilemas da
sociedade nos dias de hoje. Por isso, sentimos a necessidade
de buscar em suas origens quais os seus fundamentos e
razões históricas. Assim, podemos fazer uma análise crítica
desse movimento.
O homem vivia no interior das cavernas que habitava, com
os restos de animais com os quais se alimentava. Ao
construir seus primeiros aldeamentos, passou a jogar o lixo
em sua periferia, começando, assim, a poluir o seu meio
ambiente.
As fábricas começaram a demandar mais recursos naturais
para produzir bens de consumo, o que trouxe grandes
desvantagens ao meio ambiente, alterando totalmente a
relação homem-ambiente existente até então.
A busca pelo desenvolvimento econômico em um ritmo
muito acelerado ocasionou, também, a carência de vários
recursos naturais.
Grandes desastres ambientais
As relações do homem com o meio ambiente acarretaram,
ao longo dos anos, impactos e consequências que geraram
grandes desastres ambientais.
O principal exemplo com consequências na saúde
populacional é o Desastre de Minamata, que aconteceu em
1956.
Nesse episódio, houve o envenenamento de centenas de
pessoas por mercúrio, em virtude da contaminação da
água, na cidade de Minamata, no Japão.

No entanto, a maioria dos autores, indica que os problemas

ambientais tiveram seu início com a Revolução
Industrial inglesa.
Outros desastres importantes
O caso do Vale de Meuse, na Bélgica, em 1930, em que uma
grossa camada de poluição permaneceu no ar por 5 dias
deixando 63 mortos e inúmeras pessoas doentes.
O caso na cidade de Donora, Pensilvânia, nos Estados Unidos,
em 1948, em que a poluição deixou 30 pessoas mortas e
quase metade da população (6000 pessoas) com problemas
respiratórios.
O mais grave, conhecido como “A Névoa Matadora”, ocorreu
em Londres, em 1952, em que mais de 4 mil pessoas
morreram por causa da poluição do ar. Este evento foi o
primeiro a promover a movimentação das autoridades de
saúde quanto à qualidade do ar.
Saiba mais
Para saber mais detalhes sobre esses importantes acidentes
ambientais leia a matéria:
• Saiba o que provocou o nevoeiro que matou milhares de
pessoas em 1952
Assista também aos vídeos:
• Grande impacto ambiental (Bélgica 1930)
• O Grande Nevoeiro-Big Smok-1952
Principais mudanças
• 1960: Somente no final da década de 1960, a questão
ambiental começou a ser abordada, pois, anteriormente,
os episódios que mostravam a relação existente entre a
saúde da população e o meio ambiente eram ignorados,
já que os efeitos da poluição eram tidos como um mal
necessário para a existência do progresso Porém,
começaram a surgir os primeiros movimentos
ambientalistas motivados pela preocupação com
contaminação das águas e do ar nos países
industrializados.
• 1970 Uma grande preocupação com a natureza e a
exploração dos seus recursos surgiu na década de 1970,
quando eclodiu no mundo um conjunto de
manifestações, incluindo a liberação feminina e a
revolução estudantil de maio de 1968 na França.
Além disso, houve o endurecimento das condições
políticas na América Latina e a instituição de governos
autoritários, em resposta às exigências de organização
democrática dos povos em busca de seu direito à
liberdade, ao trabalho, à educação, à saúde, ao lazer e à
definição participativa de seus destinos nos países
desenvolvidos. Isso fez com que os governos
impusessem às empresas que fizessem melhorias em
relação ao meio ambiente. Ainda nessa década, foi
escrito o “Manifesto para a Sobrevivência” por uma
entidade relacionada à revista britânica The Ecologist,
em que foi dito que um aumento indefinido da demanda
não pode ser sustentado por recursos finitos. Nessa
época, não existia uma política voltada para a
conservação e para a preservação dos recursos
naturais por parte dos governos. Contudo, estes se
conscientizaram de que não poderiam continuar
produzindo bens sem se preocupar com as
consequências negativas para o meio ambiente. Além
disso, a sociedade civil movimentava-se no mundo todo,
buscando sensibilizar os governos e a população mundial
quanto à necessidade de um consumo sustentável.
Então, as organizações civis começaram a fazer vários
manifestos e eventos com objetivo de chamar a
atenção para os problemas ambientais e buscar
soluções para minimizá-los e/ou resolvê-los.
• 1980 Já na década de 1980, ocorreu um crescimento do
movimento ambientalista, que passou a ter um papel
muito importante na escolha de estratégias ambientais
corporativas.
Mudanças no Brasil
No Brasil, a luta pelas questões ambientais começou na
década de 1980 e início da de 1990.
Na Constituição Federal de 1988 há um capítulo específico
sobre o tema meio ambiente e temos também o Decreto
n°99.274, de 06 de junho de 1990, que regulamenta
a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA).
A partir disso, muitas empresas começaram a utilizar o meio
ambiente como uma forma de estratégia de marketing,
visando aos objetivos da empresa e os anseios sociais.”
Nessa época, os consumidores se tornaram mais críticos e
engajados com causas ambientais e passaram a ter
consciência sobre a qualidade e o impacto que os produtos
consumidos podem gerar no meio ambiente.
Marketing verde
pode ser definido como um movimento das empresas para
criarem e colocarem no mercado produtos ambientalmente
responsáveis.
É uma estratégia de vinculação da marca, produto ou
serviço a uma imagem ecologicamente consciente.
Quando uma empresa realiza ações sustentáveis, essa
postura pode ser divulgada e incentivada por meio do
marketing verde.
Ainda existem empresários que atacam o conceito de
empresas sustentáveis argumentando que não competem
aos líderes de negócios envolverem-se com temas
ambientais ou sociais.
Por isso mesmo o marketing verde não pode ser somente
o ato de projetar e comercializar produtos que não
prejudiquem o meio ambiente, pois toda a empresa deve
estar consciente da importância da preservação do meio
ambiente.
Assim, o empresário e o investidor, que antes viam a
gestão ambiental como mais um fator de aumento de
custos do processo produtivo, se deparam com vantagens
competitivas e oportunidades econômicas de uma gestão
responsável dos recursos naturais. O mercado prefere
empresas conscientes.
Empresas que não respeitam e valorizam o meio ambiente
são vistas negativamente pela sociedade, inclusive,
perdendo potenciais clientes.
Já uma reputação positiva em relação à questão ambiental
tem o poder de atrair novos consumidores e fornecer mais
valor à empresa diante da sociedade.
 Isso significa que a forma como as empresas produzem,
divulgam e disponibilizam seus produtos ou serviços precisou
assumir uma nova postura sustentável e cidadã.
Princípios da administração com consciência ecológica
De forma corrente, diz-se que existem seis razões pelas
quais toda organização deve implantar os princípios da
administração com consciência ecológica em sua
companhia:
• Sobrevivência humana;
• Consenso público;
• Oportunidades de mercado;
• Redução de riscos de danos ambientais;
• Redução de custos;
• Integridade pessoal.
Como resultado surge a gestão ambiental, vista como um
importante instrumento gerencial para capacitação e criação
da competitividade nas organizações, já que é capaz de
reduzir custos e manter uma posição diferenciada da
empresa perante a sociedade.
Sistema de gestão ambiental e sustentabilidade
O Sistema de gestão ambiental permite que a organização
atinja o nível de desempenho ambiental por ela
determinado e promova sua melhoria contínua ao longo do
tempo.
Consiste, essencialmente, no planejamento de suas
atividades, visando à eliminação ou minimização dos
impactos ao meio ambiente, por meio de ações preventivas
ou medidas mitigadoras.
O contexto de sustentabilidade social surgiu nas empresas a
partir do século XXI, em função das necessidades da
sociedade em relação aos problemas sociais, ambientais e
econômicos. Desde então, as empresas passaram a associar
suas marcas a projetos que adotem boas práticas para
combater e reduzir estes problemas.
Para que a sustentabilidade empresarial seja eficaz, é
necessário que a organização tome atitudes éticas e práticas
que estimulem o seu crescimento econômico, de modo a
reduzir os danos sociais, econômicos e ambientais causados
indiretamente pela venda de um produto ou serviço.
Isso implica na realização da sustentabilidade social, de forma
que a organização proporcione aos seus funcionários
salários justos e atendimento às suas necessidades físicas e
psicológicas.
Para aperfeiçoar a prática da sustentabilidade, a empresa
pode desenvolver projetos ambientais externos voltados
para o desenvolvimento socioambiental. Outras práticas,
como a adoção de medidas éticas que superem as
obrigações da lei, também devem ser adotadas.
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)
Você conhece a ferramenta que pode ajudar as
organizações com a sustentabilidade empresarial?
Trata-se do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE),
criado pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Trata-se de uma importante ferramenta de análise e
comparação das empresas que mantêm ações na Bolsa de
Valores, tendo como objetivo demonstrar aos investidores
sobre as práticas de desenvolvimento sustentável que essas
corporações estão realizando.
Existem várias atitudes que podem ser tomadas por
organizações que estejam preocupadas em adotar ou
aperfeiçoar a sustentabilidade empresarial. Dessa forma, os
adeptos da sustentabilidade empresarial acreditam que as
empresas, em conjunto com os governos, podem alcançar o
desenvolvimento sustentável.
Aula 2:
A evolução da problemática ambiental – Parte 1
Apresentação
Baseado no que estudamos na aula passada, você já refletiu
sobre como começou a crise ambiental? E em como o
crescimento populacional afeta o meio ambiente?
Questionou qual é o papel da gestão ambiental?
Nesta aula, descreveremos o início dessa crise, exploraremos
a influência do crescimento populacional no aumento da crise
ambiental e, por fim, discutiremos como a gestão dos
recursos naturais pode atuar como ferramenta de
sustentabilidade das sociedades.
Na década de 1980, a preservação ambiental começou a ser
considerada pelos empresários como uma necessidade.
Como consequência disso surgiu o conceito da ecoeficiência,
que significa produzir bens e serviços melhores, com a
redução sucessiva dos recursos e da geração de poluentes.
1990

Objetivos Nos anos de 1990, entraram em vigor as normas

internacionais de gestão ambiental, que introduziram novos
• Identificar os principais avanços na regulamentação conceitos, como:
e no controle ambiental;
• Certificação ambiental;
• Reconhecer o impacto do crescimento populacional
no aumento da crise ambiental; • Auditoria ambiental;

• Descrever como a gestão dos recursos naturais • Gestão ambiental.

contribui para sustentabilidade. Essas séries são denominadas de ISO 14000 (International
Avanços na regulamentação e no controle ambiental Organization for Standardization) e determinam diretrizes
para garantir que uma empresa pratique a gestão ambiental.
A regulamentação e o controle ambiental tiveram avanços
que merecem destaque. Abaixo veremos os principais:
Principais avanços
1970
1970 foi a década da regulamentação e do controle
ambiental, após a Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972.
Nessa conferência, as nações começaram a criar seus
órgãos ambientais e legislações para o controle da poluição
ambiental e logo depois surgiu a política de gerenciamento
ambiental. As normas ISO 14000 têm como principal objetivo minimizar,
Veja os principais resultados dessa conferência: ao máximo, o dano causado ao meio ambiente, fazendo com
que a empresa tenha uma melhoria contínua em seu
• A formulação da Declaração de Estocolmo, que aborda Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e esteja de acordo
princípios referentes à responsabilidade dos países em com todas as políticas e leis ambientais
relação à preservação do meio ambiente.
• Elaboração do Plano de Ação para o Meio Ambiente, que
compreende 109 recomendações para que os países
busquem soluções para os problemas ambientais.
• Criação do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA) para tratar de assuntos ambientais.

Conferências ambientais importantes

•Instituição do dia 5 de junho como o Dia Internacional do
Meio Ambiente. Eco-92 ou Rio-92

Observe que, só a partir desse momento, poluir passou a A ECO-92 ou Rio-92 foi uma conferência das Nações Unidas
ser crime em vários países. que aconteceu no Brasil, no Rio de Janeiro, em 1992, e
reuniu 172 países.
1980

Nessa conferência, os países reconheceram que os
problemas ambientais eram globais e que o modelo vigente
de exploração máxima dos recursos naturais deveria ser
alterado, pois não se sustentaria no século vindouro.
RESULTADOS
Criação da Agenda 21
Documento com o objetivo de desenvolver uma proposta
de ação para implantação do conceito de desenvolvimento
sustentável.
Realização de uma nova conferência, em dez anos, para
discutir os resultados obtidos nesse período também foi um
dos resultados da ECO 92.
Criação da Convenção-Quadro sobre mudança do clima, que
tinha por objetivo propor metas para a redução da
concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, o que
ficou conhecido como Conferência das Partes.
Atenção
A Conferência das Partes I (COP-1) aconteceu em Berlim, em
1995. A COP-2 ocorreu em 1996, em Genebra. Já a COP-3
aconteceu em 1997, em Kyoto, e teve como resultado
o Protocolo de Kyoto1, que complementa à Convenção-
Quadro, estabelecendo metas para a redução da emissão de
gases de efeito estufa.
Rio+10
A Conferência aconteceu em Joanesburgo, na África do Sul,
reunindo 189 países, além de centenas de Organização Não
Governamentais (ONGs) e representantes da sociedade civil.
A conferência ficou conhecida com este nome por ter
ocorrido 10 anos após o Rio-92.
Nela, foram discutidas a preservação do meio ambiente e os
problemas de cunho social.
RESULTADOS
Declaração de Joanesburgo, que destacou problemas
associados à globalização, como a miséria e a fome. Ela
também reforçou a imprescindibilidade para que o
desenvolvimento sustentável fosse estabelecido.
Essa conferência não trouxe muitos resultados reais, porque
não ocorreu o cancelamento das dívidas dos países mais
pobres, nem os países que fazem parte da Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (Opep) assinaram o acordo
sobre o uso de 10% de fontes energéticas renováveis.
Rio+20
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável ocorreu em 2012 no Brasil, na cidade do Rio de
Janeiro. Ela também foi chamada de Rio +20.
O principal objetivo era a reafirmação do compromisso dos
Estados com a sustentabilidade, resultando no documento
que ficou conhecido como “O futuro que queremos”.
RESULTADOS
Criação das Metas de Desenvolvimento Sustentável, que
tinham como objetivo adaptar a realidade dos países para
que os mesmos pudessem atender às questões do
desenvolvimento sustentável.
Crescimento demográfico populacional
O crescimento demográfico populacional desordenado afeta
diretamente a preservação dos recursos naturais e do meio
ambiente e leva a uma demanda crescente dos recursos
ecológicos da Terra e a um rápido declínio na biodiversidade
do planeta.
Portanto, o aumento explosivo da população gera dois
problemas importantes:
• O aumento do consumo de recursos naturais; e
• O aumento da produção de resíduos.
A ONU estima que haverá 9 bilhões de habitantes em 2043.
Portanto, o mundo continua gerando mais gente e mais
consumo.
Na década de 1950, ocorreu aumento dos índices de
natalidade, o que levou a suposição de que os países em
desenvolvimento ou subdesenvolvidos esgotariam os seus
suprimentos de alimentos.
Na tentativa de solucionar esse problema, vários países
começaram a realizar programas de planejamento familiar.

Já percebemos que países com alta população consomem
mais recursos naturais do que países com baixa população,
mas não é só o quantitativo populacional que deve ser
levado em consideração, pois os padrões de consumo e
escolhas tecnológicas podem ser responsáveis por mais
danos ambientais do que o número de pessoas.
A população dos Estados Unidos é bem menor do que a da
China ou da Índia, mas os EUA usam maior quantidade de
energia, porque a população americana tem poder aquisitivo
mais alto, o que permite a eles um consumo muito grande.
Não é possível ignorar o fato de que a China e Índia
crescem e vem se tornando verdadeiros riscos ambientais.
Exemplo
Em 2006, a China ultrapassou os Estados Unidos e passou a
ser o maior emissor mundial de dióxido de carbono (CO2),
que é o principal gás do efeito estufa produzido como
resultado das atividades humanas.
Com o aumento populacional crescente e a necessidade de
a cada dia se produzir mais, as indústrias exploram
descontroladamente os recursos naturais existentes no
ambiente, buscando seus lucros e sua expansão, criando um
consumismo sem controle, devastando tudo a nossa volta.
O meio ambiente não possui barreiras, já que os efeitos da
poluição são globais. Portanto, a preocupação ambiental deve
ser de todos, indistintamente.
Crescimento populacional sustentável
O desenvolvimento populacional é necessário para o
crescimento social e econômico de uma nação. Contudo,
precisa acontecer de forma sustentável para não
desequilibrar o meio ambiente, afetando as condições de vida
da população.
Com a situação de crise ambiental chegando ao extremo do
que o meio ambiente é capaz de suportar, os modelos de
desenvolvimento econômicos com o foco na sustentabilidade
tornaram-se essenciais para a retomada de decisões,
salvaguardando a natureza e, consequentemente, a nossa
própria espécie da destruição e extinção.
Saiba mais
Para ilustrar essa questão, assista ao vídeo “O crescimento
populacional afeta o meio ambiente?”
Gestão ambiental como ferramenta de sustentabilidade
Para alterar o modelo de desenvolvimento econômico, que é
uma das causas dos problemas ambientais, a gestão
ambiental deve ser desenvolvida como uma ferramenta de
sustentabilidade, por meio da elaboração e execução de um
conjunto de políticas e práticas operacionais e administrativas.
Só assim poderemos chegar a um verdadeiro
desenvolvimento sustentável em que a economia e o
âmbito social estejam integrados de forma a proteger o Benefícios das inovações tecnológicas
meio ambiente.
Veja algumas inovações tecnológicas e seus benefícios para
O modelo ideal de sustentabilidade propõe uma mudança o meio ambiente:
geral nos padrões de produção atuais, pois é necessário
alterar os processos administrativos, produtivos, de Tecnologia da Informação O uso de satélites, combinado à
comercialização e de descarte dos produtos e, também, popularização da internet, permitiu a diminuição do
identificar os pontos que podem ser melhorados, visando deslocamento de pessoas e, com isso, houve a redução da
construir uma gestão que considere o crescimento, a emissão de CO2.
lucratividade e as ações ecológicas com o mesmo grau de Na área da agricultura, a utilização de softwares ajuda a
importância. diminuir o uso de insumos, fertilizantes e pesticidas.
Aula 3:
A evolução da problemática ambiental – Parte 2
Apresentação
É fato que os modelos atuais de urbanização estão
esgotados, vistos os desastres ambientais, a pobreza e a
desigualdade que há no mundo. Quais são os desafios para
que as mudanças necessárias no uso das tecnologias, dos
recursos naturais e dos modelos de urbanização sejam Também é possível economizar em diversas etapas no
aplicadas? processo de plantio, o que significa menos gases lançados na
atmosfera e na água utilizada para irrigação.
Explicaremos, nesta aula, como os compartimentos
ambientais são divididos e daremos ênfase aos processos Energia solar A produção de energia elétrica representa
que determinam a interdependência entre eles. Analisaremos uma agressão ao meio ambiente, tanto no caso das
também como os fatores indutores dos desequilíbrios atuam termoelétricas, que utilizam a queima de combustíveis
em cada processo. fósseis, como no das hidrelétricas, que geram enormes
impactos na região onde são instaladas.
Objetivos
Por ser uma energia abundante e inesgotável, a energia
• Identificar os desafios para as mudanças no uso das
solar mostra-se uma ótima opção para a universalização da
tecnologias, dos recursos naturais e dos modelos de
eletricidade.
urbanização;
• Definir atmosfera, litosfera, hidrosfera e biosfera;
• Reconhecer as causas dos desequilíbrios ambientais.
Tecnologias inovadoras
Os problemas ambientais atuais colocam em evidência a
importância de desenvolvermos tecnologias inovadoras que
resultem em alternativas eficientes para manter o planeta e
a sociedade no futuro. Pelo clima em nosso país, a previsão é que esse tipo de
energia torne-se cada vez mais comum.
Para muitos, são as inovações tecnológicas que poderão
servir de meio para combater as crises de água, energia,
alimentos e desemprego que temos atualmente. Biocombustíveis São todos os combustíveis de origem
Já há opções de tecnologias sustentáveis capazes de biológica, ou seja, que não são de origem fóssil, tal como o
oferecer benefícios à sociedade e ao meio ambiente, petróleo.
alterando profundamente os processos de fabricação e a Os dois principais biocombustíveis usados no Brasil são:
maneira como consumimos.
• O etanol, obtido a partir de cana-de-açúcar.
• O biodiesel, produzido em escala crescente a partir
de óleos vegetais ou de gorduras animais e
adicionado ao diesel de petróleo em proporções
variáveis.

O Brasil apresenta uma produção significativa de etanol e
um balanço nulo de produção de CO2, porque, durante sua
fase de crescimento, a planta absorve a mesma quantidade
de gás emitido na fabricação e utilização do combustível.
Tratamento da água Todos os dias, milhões de toneladas de
esgoto, inadequadamente tratado, e efluentes industriais e
agrícolas são despejados nas águas do mundo.
O uso de tecnologia para a purificação de águas residuais é
uma das principais tendências do momento, como, por
exemplo, a utilização de processos oxidativos avançados no
tratamento de esgotos, capaz de promover a degradação
de vários poluentes, resultando, assim, em uma água de
excelente qualidade.
Saiba mais
Assista ao vídeo Tecnologias transformam o chorume,
resíduo tóxico do lixo, em água limpa.
Aplicativos Existem vários aplicativos gratuitos que podem
ser instalados nos celulares como meio de auxiliar o cidadão
a contribuir de forma positiva para a conservação do meio
ambiente.
Exemplo
Aplicativo Pollution - mede o nível de poluição atmosférica do
local onde se está, funcionando como um indicador de níveis
elevados de poluentes que podem prejudicar a vida da
população.
Recicle RJ - funciona no Rio de Janeiro e utiliza o GPS do
smartphone para mostrar um mapa com os locais de coleta
seletiva mais próximos da região em que está.
Project Noah - principal função é incentivar a preservação da
fauna e da flora e também promover a influência mútua dos
usuários, por meio de atividades lúdicas e compartilhamentos
de ações sustentáveis, com informações de plantas e animais
nativos do local visitado.
Construções verdes A construção de edifícios sustentáveis
alia tecnologia e eficiência para garantir ganhos econômicos
e, ao mesmo tempo, minimizar impactos ambientais.
De acordo com o World Business Council for Sustainable
Development (WBCSD), as grandes empresas estão
buscando cada vez mais construir e desenvolver novas
técnicas sustentáveis. Isso porque, além da responsabilidade
ambiental, os prédios verdes custam, em média, apenas 5%
a mais do que os comuns.
Esse valor é compensado por uma considerável economia
de recursos que, em geral, fica na casa dos 30%.
Veja algumas características comuns desse tipo de
construção:
• Redução de desperdício de água;
• Maior eficiência energética;
• Espaços para separação e reciclagem de lixo;
• Áreas com melhor circulação de ar;
• Iluminação natural.
Esse modelo de construção também minimiza a produção
de resíduos. Dessa forma, a sustentabilidade está presente
em todos os processos, desde o projeto do edifício até a
construção e seu uso pelos ocupantes.
Nanotecnologia A nanotecnologia ou nanotecnia é o estudo
da manipulação de matérias em escala atômica e molecular.
Vamos refletir juntos:
Se a produção e a manipulação ocorrerem em níveis
atômicos, o sistema de produção precisará de pouquíssima
matéria-prima e recursos naturais para a elaboração dessas
tecnologias. Ou seja, quanto menores nossos instrumentos,
menos recursos gastaremos.
Modelo atual e insustentável de urbanização global
Já percebemos que o atual modelo de urbanização global é
insustentável. Por isso, é necessário criar novos padrões para
responder a desafios como desigualdades sociais e a
proliferação de favelas, especialmente nos países em
desenvolvimento.
Dados sobre urbanização
Atualmente, 54% da população mundial vive em cidades e a
expectativa é que, em meados deste século, esse percentual
suba para 66%, segundo projeções das Nações Unidas.
Nos últimos 20 anos, houve forte aumento do número de
grandes cidades (aquelas que possuem de 5 milhões a 10
milhões de habitantes) e megacidades (aquelas com mais de
10 milhões de habitantes) no mundo.
Em 2015, havia 45 grandes cidades e 29 megacidades no
mundo, sendo que estas estavam localizadas em países em
desenvolvimento.
Atualmente, as 600 principais cidades do mundo têm 20%
da população mundial, geram 60% do Produto Interno Bruto
(PIB) global e estão localizadas principalmente em países
desenvolvidos.
No Brasil, cerca de 85% da população vivem em áreas
urbanizadas, o que significa 170 milhões de pessoas habitando
uma área com 22 mil km2.
Essa imensa concentração de pessoas desenvolve alto nível
de poluição, enorme geração de rejeitos e queda muito
grande dos recursos ambientais disponíveis.
Logo, chegamos à conclusão de que um desenvolvimento
viável passa pela diminuição no crescimento populacional,
principalmente nos países em desenvolvimento, para que
seja possível proteger melhor os recursos naturais por meio
do desenvolvimento sustentável que envolve:
• Economia de energia;
• Melhor gestão das zonas urbanas;
• Proteção da água contra a poluição;
• Controle da exploração florestal; e
• Preservação das terras cultiváveis.
Os compartimentos da Terra
Para melhor compreendermos como cada ambiente é
afetado pela poluição, veremos agora como dividimos nosso
planeta em compartimentos distintos, porém intimamente
interligados. Talvez você até já tenha estudado este
conteúdo nos tempos da escola.
O termo compartimento é muito usado para descrever
parte de um ecossistema complexo que ocorre por meio
de:
• Concentrações de materiais;
• Processos de transformação; e
• Mecanismos de transporte entre áreas-limite.
Os compartimentos que estudaremos agora são: litosfera,
hidrosfera, atmosfera e biosfera.
1 - Litosfera
• Parte sólida, formada a partir das rochas, também chamada
de crosta terrestre.
• Camada mais fina da Terra formada pela crosta (terrestre
e oceânica) e pela parte externa do manto superior. É
composta por rochas magmáticas, metamórficas e
sedimentares e também por minerais.
• Apresenta espessura que varia de 50 a 200km e é
fragmentada em várias placas tectônicas.
• Ocorrem diversos fenômenos geológicos: atividades
vulcânicas e terremotos. É onde desenvolve-se a vida e de
onde são retirados os recursos minerais para a sua
manutenção.
É a camada da Terra que sofre mais transformações em
função da ação do homem e dos fenômenos da natureza.
Com o crescimento populacional, a produção de alimentos
precisa aumentar também. Para que essa necessidade seja
suprida, amplia-se a produção e o uso de adubos sintéticos
que contaminam o solo, causando eutrofização, decréscimo
da quantidade de matéria orgânica presente e retenção de
água.
Atenção
Devemos observar que, para a produção desses adubos, a
indústria de fertilizantes retira grandes quantidades de fosfato
das rochas.
Outro fato importante é a questão dos resíduos sólidos1, já
que a maioria desses resíduos são depostos incorretamente,
como, por exemplo, em lixões.
2 - Hidrosfera
A hidrosfera é a camada descontínua de água presente na
superfície da Terra e inclui rios, lagos, oceanos, lençóis de
água subterrânea, geleiras e o vapor de água da atmosfera.
Ao todo, 97% de toda a hidrosfera da Terra é composta
pela água salgada, enquanto cerca de 3% é composta pela
água doce. Desses 3%, 68,7% encontram-se indisponíveis,
por estarem reservados em geleiras e capas de gelo. Outros
30,1% estão localizados em reservatórios subterrâneos, como
os aquíferos.
Portanto, a água que pode ser explorada economicamente
representa uma parte insignificante do total. Apesar de ser
considerada um recurso renovável, a água pode sofrer
processos de poluição e contaminação que tornem inviável
a sua reutilização.
A falta de saneamento básico, contaminação de lençol
freático causada pela deposição incorreta de resíduos sólidos,
as atividades industrias, a pecuária, a agricultura, o
desmatamento e a mineração são práticas que provocam
impactos negativos na hidrosfera.
A degradação da hidrosfera prejudica não só o consumo de
água, como todo o equilíbrio do planeta, que se reflete na
qualidade do solo, dos alimentos, na sobrevivência da vida
animal e na biodiversidade.
3 - Atmosfera
A atmosfera terrestre é a camada de ar que envolve o
nosso planeta. Ela apresenta diferentes características e sua
espessura é de cerca de 10.000km.
É dividida em camadas:
Troposfera Camada mais próxima da superfície da Terra,
que se estende até uma altitude média de 12km.
Estratosfera É segunda camada que se estende até 50km
da superfície. Ela filtra a radiação ultravioleta e é fundamental
para a manutenção dos seres vivos na Terra.
Mesosfera Camada subsequente que se localiza a até 80km
do solo.
Termosfera Onde ocorre a absorção de radiação solar de
ondas curtas. Nessa camada, existe uma região
chamada ionosfera que apresenta uma concentração de
partículas carregadas (íons), que influência as transmissões de
rádio e é a responsável pelo fenômeno da aurora boreal.
Exosfera É a última camada, a mais distante da Terra,
alcançando os 800km de altura. É composta por gás hélio e
hidrogênio. Nela, não existe gravidade e as partículas se
desprendem facilmente. Nessa camada, encontram-se
os satélites e os telescópios espaciais.
4 - Biosfera
O conceito biosfera nasceu na “Conferência sobre a
Biosfera” em 1968, organizada pela UNESCO, com objetivo
de destacar a importância da conservação e o uso dos
recursos naturais pela sociedade, mirando o desenvolvimento
sustentável.
A biosfera engloba todas as regiões habitadas do planeta, se
estendendo por aproximadamente 8km acima da superfície
da Terra até cerca de 8km abaixo da superfície dos
oceanos, sendo o conjunto de todos os ecossistemas da
Terra.
Nela encontramos milhões de espécies de seres vivos e,
portanto, o ar, a água, o solo e a luz são fatores diretamente
relacionados à vida.
Atenção
Apesar da divisão, todos os compartimentos são interligados
havendo grande fluxo de energia e matéria entre eles,
formando, assim, o ecossistema chamado “Terra”.
Como existe esse fluxo constante, notamos que os
contaminantes também fazem parte dele, havendo grande
inter-relação entre os contaminantes nos diferentes
compartimentos do ambiente, pois estes podem ser
transportados e propagados por diversas vias.
Essa transferência pode alterar as características naturais do
meio ambiente, trazendo impactos negativos e/ou graves
riscos a todo ecossistema.
Aula 4:
Transformações nas organizações e novas tecnologias de
gestão - Parte 1
Apresentação
Com a evolução da problemática ambiental, as organizações
tiveram que mudar a sua forma de gerenciamento. Nesta
aula, estudaremos a evolução das organizações no que diz
respeito ao gerenciamento social e ambiental.
Além disso, conheceremos os principais conceitos
relacionados às tecnologias de gestão e mostraremos as
vantagens e desvantagens dos atuais modelos de gestão
utilizados.
Objetivos
• Descrever como o gerenciamento social e o
ambiental evoluem;
 • Identificar os principais conceitos relacionados às
tecnologias de gestão;
• Reconhecer vantagens e desvantagens nos
modelos de gestão utilizados.
Responsabilidade ambiental
Como já estudamos, a problemática ambiental não poderá
ser resolvida no atual modo de produção, vistos que os
custos sociais e ambientais fazem parte do moderno sistema
produtor de mercadorias e prejudicam enormemente o
meio ambiente.
No enfoque tradicional de gestão organizacional, o maior
objetivo de uma organização é o de elevar ao máximo o
lucro dos acionistas. Dessa forma, é dito que uma
organização eficiente é aquela que maximiza o retorno
sobre o investimento.
Contudo, nos dias atuais, percebemos mudanças de
comportamento das pessoas e das organizações, pois existe
a consciência de que, com o enorme crescimento da
população mundial e também com o consumismo, ocorre a
produção excessiva, gerando riscos de escassez de recursos
e matéria-prima que viriam atender às necessidades das
futuras gerações.
Faz-se necessária, assim, a mudança de postura das
organizações no que se refere ao uso dos recursos naturais
e poluição do meio ambiente, com o objetivo de diminuir a
crise socioambiental, que existe há décadas. Desenvolvimento sustentável
De acordo com o documento de Brundtland de 1987, cujo
título é “Nosso Futuro Comum”, o desenvolvimento
sustentável é aquele que atende às necessidades presentes
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
atenderem as suas próprias necessidades.
Para uma empresa, esse conceito de sustentabilidade torna-
se uma questão de atitude, estratégia e inovação,
proporcionando maiores chances benéficas e rentáveis de
se antecipar à concorrência, ou buscar novos mercados.
As organizações devem refletir e repensar sobre seu
É possível observar, já no mercado atual, que as
desempenho e a sua relação com o meio ambiente, frente
organizações que se preocupam com o impacto social de
a um mercado cada vez mais exigente em termos de
suas ações e realizam investimentos que contribuam para o
responsabilidade ambiental.
desenvolvimento humano por meio de suas práticas de
Os crescentes problemas ambientais despertam a responsabilidade social e ambiental, investindo em educação
conscientização da população. Logo, como forma de ambiental para os colaboradores e comunidades,
minimizar os impactos ambientais, o consumidor passa a são empresas mais atrativas para os consumidores, que se
exigir das organizações responsabilidades com: tornam fiéis aos seus produtos e/ou serviços. Isso resulta em
aumento dos lucros para a organização.
• A educação ambiental;
Atualmente, já existe tecnologia que permite o aumento na
• As propostas voltadas para mudanças em seus produção utilizando menos matéria-prima e recursos naturais
hábitos; como energia e água, por exemplo.
• Os valores, costumes e crenças. “Os Sistemas de Gestão Ambiental têm se mostrado úteis a
muitas organizações para auxiliar na melhoria dos seus
processos produtivos. Este resultado é conseguido, na
maioria das vezes, através de:
1) medidas de prevenção a danos ambientais — evitando,
além dos danos ao meio ambiente, também a imagem da
organização, como multas e indenizações;
2) economias de insumos — matéria-prima e energia;
3) redução de desperdícios; e
4) desenvolvimento de tecnologias — como nova fórmula
de tecnologias limpas.”
MIRANDA, 1997.
Nessa nova realidade, as empresas devem se adaptar e
buscar alternativas para o descarte dos resíduos que produz,
utilizando-os como uma nova fonte de renda, seja através da
reciclagem, da reutilização ou da produção de energia.
Este novo modo de administrar causa menor impacto
ambiental e maior preservação do meio ambiente, gerando
aumento no lucro das empresas.
As melhorias em termos ambientais têm de ser vistas, nessa
nova ótica, como oportunidade para tornar as empresas mais
competitivas, e não apenas como uma fonte de gastos.
Logo, a gestão ambiental passa a ser uma ferramenta
essencial para as organizações que pretendem manter-se
em um mercado competitivo.
Atenção
As organizações que obedecem às políticas e leis ambientais
não têm despesas com multas, pois a legislação ambiental
tem se tornado cada vez mais restritiva quanto ao uso de
produtos e disposição de resíduos na natureza, assim como
o aumento da responsabilidade civil e criminal com a
cobrança de eventuais prejuízos causados pelas empresas
ao ambiente, à saúde e à segurança dos trabalhadores ou à
comunidade em geral.
Gestão da tecnologia
O termo gestão da tecnologia visa o desenvolvimento,
estudo e pesquisas de aspectos relacionados às tecnologias
de produto e processo das organizações, dentro da
abordagem da teoria organizacional das empresas.
A partir da virada do século, ocorreu a divisão dos conceitos
da gestão da tecnologia para alguns setores da economia,
pois somente com essa segmentação seria possível praticar
lucros altos nos diferentes setores econômicos, com
tecnologias direcionadas para produtos e processos
específicos de um determinado setor industrial.
Assim, a inovação tecnológica é uma atividade de
importância crítica, que se tornou a estratégia principal para
a competição no século XXI.
Nos últimos anos foram desenvolvidos vários estudos e
trabalhos de pesquisa no campo da gestão da tecnologia,
que desenvolveram novos conceitos e dimensões da palavra
“tecnologia”, incluindo a “microtecnologia” para produtos e
processos, e a “macrotecnologia” para a organização como
um todo.
Esses novos conceitos permitem melhorar a avaliação da
capacidade tecnológica de uma organização e também
analisar os aspectos de meio ambiente decorrentes das
atividades da empresa, incluindo as necessidades e uso de
energia, pois qualquer mudança no contexto tecnológico de
uma organização influencia o meio ambiente interno e
externo à organização.
Microtecnologia do produto
Com relação à microtecnologia do produto, tanto a
tecnologia principal como as tecnologias complementares
poderão influenciar nos aspectos de meio ambiente.
Após a vida útil do produto, ele será descartado ou
reutilizado como matéria-prima para outros processos
industriais.
No campo da microtecnologia de processo, as tecnologias
utilizadas, em cada fase do processo de produção,
influenciam diretamente a geração de resíduos e efluentes,
sendo assim fundamentais dentro da gestão ambiental da
empresa.
Atenção
Evidentemente as microtecnologias de produto e processo
são derivadas da macrotecnologia da organização e do
planejamento estratégico das tecnologias, dos produtos e da
empresa de maneira global.
Veja o esquema dos pontos-chave das microtecnologias de
produto/processo:
Conceitos de Produção Limpa e Produção Mais Limpa
Mais recentemente, a questão ambiental tem levado as
empresas modernas a se preocuparem com a não geração
de resíduos, ou minimização e prevenção, incorporando o
uso de conceitos relacionados à Produção Limpa e Produção
Mais Limpa.
Produção Limpa (PL)
Busca estudar a cadeia produtiva:
• A origem das matérias-primas;
• Como e onde são processadas;
• Qual o desperdício gerado no decorrer da cadeia
produtiva;
• Quais produtos são produzidos;
• Como esses produtos são descartados.
Ela também examina a necessidade do produto ou serviço,
com relação à existência de outro processo produtivo mais
seguro e que consuma menor quantidade de materiais e
energia.
De acordo com a organização não governamental
internacional Greenpeace, os processos de Produção Limpa
são esquematizados para utilizar somente matérias-primas
renováveis, além de conservarem energia, água e solo. Não
utilizam nem elaboram compostos químicos perigosos,
evitando a geração de resíduos tóxicos.
A Produção Limpa excede a preocupação com os
processos internos da empresa e amplia a visão para a
cadeia de produtos, desde a extração da matéria-prima até
o fim da sua vida útil.
Produção Mais Limpa (P+L)
Já o conceito de Produção Mais Limpa (P+L) foi definido
pela Organização pelo Desenvolvimento Industrial das Nações
Unidas (UNIDO) e pelo Programa de Meio Ambiente das
Nações Unidas (PNUMA), no início da década de 1990, como
a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva
integrada aos processos, produtos e serviços, com o intuito
de aumentar a ecoeficiência e reduzir os riscos à saúde e ao
meio ambiente.
Seu objetivo é aumentar a eficiência no uso de matérias-
primas, água e energia, por meio da não geração,
minimização ou reciclagem de resíduos gerados.
Uma das primeiras iniciativas em Produção Mais Limpa foi
feita na Áustria, em 1992, pelo BMVIT (Bundesministerium für
Verkehr, Innovation und Technologie/Ministério Federal dos
Transportes, Inovação e Tecnologia).
Isso resultou em duas iniciativas: “Prepare” e “Ecoprofit”
(aproximadamente traduzido como “preparo” e “eco-fins”
lucrativos).
O objetivo principal da Produção Mais Limpa é eliminar ou
reduzir a poluição durante o processo de produção e não
no final. Sendo, portanto, um método preventivo de
combate à poluição.
Quando os resíduos não puderem ser evitados, deve-se
buscar novas estratégias para que estes sejam reintegrados
ao processo de produção da empresa, o que é chamado
de reciclagem interna. Em último caso, medidas de
reciclagem externa devem ser utilizadas.
Diversas vantagens podem ser notadas para a empresa e
para a sociedade com a implementação da Produção Mais
Limpa, entre elas:
• Redução dos custos de produção;
• Diminuição dos riscos de acidentes ambientais;
• Melhoria nas condições de segurança e saúde do
trabalhador;
• Melhoria na imagem da empresa junto aos clientes,
fornecedores e poder público;
• Aumento da competitividade da empresa;
• Novas oportunidades de negócios (novos produtos
fabricados a partir dos resíduos);
• Maior facilidade para o cumprimento de leis e
regulamentos ambientais.
Uma das maiores dificuldades para a implementação da
Produção Mais Limpa nas empresas é a falta de informações
por parte das organizações sobre as técnicas e práticas
utilizadas.
Geralmente, as organizações acreditam que necessitariam de
novas tecnologias e grandes custos para a implementação
dessa produção, quando, na verdade, é possível reduzir o
uso de matérias-primas e a poluição gerada por meio de
mudanças simples nos processos produtivos.
Diferença entre os dois conceitos
É importante observar que existe uma grande diferença
entre esses conceitos, pois a Produção Limpa busca
implantar um processo realmente limpo, ou seja, sustentável.
Já a Produção Mais Limpa implica em reduzir o impacto
ambiental do processo produtivo que está sendo realizado,
independentemente se tal processo é sustentável ou não.
Portanto, não há ligação obrigatória entre sustentabilidade e
Produção Mais Limpa, como há na Produção Limpa.
 quanto às causas econômicas causadoras da pobreza e da
miséria.
O Relatório Brundtland, publicado pela Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas
(UNWCED), apresentou as condições sociais, ambientais e
econômicas necessárias para a satisfação das necessidades
das gerações futuras.
Os temas centrais incluíam:
• Ecossistemas;

Gestão ambiental • Crescimento da população; e

A gestão ambiental é uma ferramenta fundamental de • Desenvolvimento industrial.

qualquer empresa, para direcionar suas políticas de mercado,
tornando-se um fator decisivo de competitividade.
Para que uma empresa consiga alcançar os benefícios que
uma gestão ambiental proporciona, é preciso que:
• Conheça as políticas e normas ambientais que
regem o sistema de gestão ambiental;
Já o Tripé da Sustentabilidade ou “Triple Botton Line” foi
criado em 1990, por John Elkington, e mostra a integração
das três dimensões do desenvolvimento sustentável:
econômica, social e ambiental, que devem interagir para que
a sustentabilidade se sustente.
Preceitos para a atuação empresarial sustentável

• Seja capaz de vencer os desafios estruturais,

cíclicos (tendências dos mercados e a situação
financeira das empresas), comerciais e institucionais
que afetam negativamente a organização no início
do processo de uma Produção Mais Limpa.
Aula 5:
Transformações nas organizações e novas tecnologias de
gestão - Parte 2 Vamos analisar essas dimensões separadamente:
Apresentação Dimensão ou pilar econômico
Nesta aula, estudaremos as principais ferramentas de gestão Seu propósito é a criação de empreendimentos viáveis e
organizacional de aspectos socioambientais. Além disso, atraentes para os investidores.
analisaremos as diferenças entre adesão compulsória e
adesão voluntária e como é possível explorar melhor a Preocupa-se com:
gestão socioambiental.
• Os direitos dos acionistas;
Objetivos
• Os impactos econômicos na sociedade;
• Identificar as principais ferramentas de gestão
organizacional de aspectos socioambientais; • O relacionamento com clientes e fornecedores;

• Diferenciar os instrumentos de adesão compulsória • Os resultados econômicos.

e os de adesão voluntária; Dimensão ou pilar ambiental
• Reconhecer as possibilidades a serem exploradas Seu objetivo é analisar a interação de processos com o
pelas organizações na implantação dos mecanismos meio ambiente sem lhe causar danos permanentes.
e ferramentas de gestão socioambiental.
Preocupa-se com:
Ações ambientais X políticas econômicas e sociais
• Conservação de recursos naturais;
A crise atual do meio ambiente, que tem origem nas ações
já discutidas anteriormente, levou os governos a • Ecoeficiência;
desenvolverem ações ambientais que busquem interagir
• Gestão de resíduos;
com as políticas econômicas e sociais.
• Gestão de riscos.
Já percebemos que os problemas ambientais estão
intimamente relacionados aos fatores econômicos, tanto no Dimensão ou pilar social
que se refere à crescente utilização dos recursos naturais
Preocupa-se com:
 • O estabelecimento de ações justas para
trabalhadores, parceiros e sociedade;
• Os direitos humanos;
• O direito dos trabalhadores;
• O envolvimento com a comunidade;
• A postura ética;
• A transparência.
Juntos, no entanto, esses três pilares se relacionam de tal
forma que a interseção entre dois pilares resulta
em viável, justo e inviável, e dos três, resulta no alcance da
sustentabilidade.
No contexto empresarial, a sustentabilidade visa assegurar o
sucesso do negócio em longo prazo e, ao mesmo tempo,
contribuir para o desenvolvimento econômico e social da
comunidade, para um meio ambiente saudável e, também
para uma sociedade estável.
Exemplo
Caso um país se concentre, principalmente, no
desenvolvimento econômico e social — como a China, por
exemplo —, os resultados podem ser justos. Entretanto, eles
não serão viáveis por muito tempo, pois a falta de
manutenção do meio ambiente, leva a consequências
ambientais graves e ao abastecimento da economia com
recursos não renováveis.
Posteriormente, o crescimento econômico poderia vir a se
tornar inviável, caso esses recursos precisarem ser
comprados no exterior a preços muito elevados, porque os
recursos não renováveis internos foram completamente
esgotados.
É importante citar que, recentemente, mais um pilar foi
incorporado: o pilar cultural.
No entanto, as organizações ainda não o utilizam como
forma de análise para a sustentabilidade.
Responsabilidade social
Uma das consequências mais claras dos problemas
ambientais é o surgimento da responsabilidade social de
indivíduos e de organizações de todos os setores, que leva à
realização de ações voluntárias, causando maior
comprometimento do que a adesão formal gerada pelas
obrigações provenientes da legislação.
A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) ou
Responsabilidade Social Corporativa (RSC) suscita um
comportamento empresarial que integra causas sociais e
ambientais, não só por obrigações legislativas, mas porque
estas ações atendem às expectativas da sociedade em
relação à empresa.
São medidas que fazem as empresas integrarem
preocupações da sociedade em suas políticas e operações
comerciais, principalmente as preocupações ambientais,
econômicas e sociais.
Na Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável (Rio+10),
o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento
Sustentável (World Business Council of Sustainable
Development – WBCSD) definiu a Responsabilidade Social
Empresarial como:
O compromisso da empresa de contribuir ao
desenvolvimento econômico sustentável, trabalhando com os
empregados, suas famílias, a comunidade local e a sociedade
em geral para melhorar sua qualidade de vida.
WBCSD, 2002
Nessa nova concepção de empresa, ela passa a ser vista
como um sistema social organizado em que se desenvolvem
relações diversas, além das estritamente econômicas, pois se
compreende que a atividade econômica não deve somente
ser focada na produção e distribuição de bens e serviços
que atendam a determinadas necessidades da sociedade.
Logo, compreendemos que uma empresa é cada vez
menos uma unidade de produção para ser uma organização
que deve atuar de acordo com uma responsabilidade social
no que diz respeito aos direitos humanos, à melhoria da
qualidade de vida da comunidade em que está inserida e da
sociedade em geral e à preservação do meio ambiente.
Responsabilidade ecológica
Como consequência das exigências legais e éticas da
sociedade, muitas empresas têm procurado gradualmente
assumir maior responsabilidade ecológica.
A preocupação da política ambiental internacional tem
incentivando o uso de instrumentos voluntários empresariais
que complementem e até substituam paulatinamente a
regulação direta e o intervencionismo administrativo.
Atualmente, existem inúmeras fórmulas que facilitam a auto
regulação empresarial para implantação de instrumentos de
gestão ambiental que podem ajudar as empresas para que, a
partir de suas próprias metas e princípios, sejam capazes de
se adequar às necessidades do desenvolvimento sustentável.
Implantação do sistema empresarial de gestão ambiental
A implantação do sistema empresarial de gestão ambiental
varia conforme procedimento e complexidade em função do
tipo de sistema de certificação escolhido, tanto em nível
europeu (Eco Management and Audit Scheme – EMAS)
como internacional (ISO).
As atitudes que as empresas têm adotado são de dois tipos:
Empresas reativas
Em um primeiro momento, negam-se a aceitar pressões ou
reagem diante delas.
Quando não há outro caminho, assumem a causa ambiental,
procurando obter vantagens no processo de mudança a que
são obrigadas.
Na estratégia ambiental reativa, as questões ambientais são
encaradas como ameaças à competitividade da empresa.
As organizações se utilizam dessas estratégias na tentativa
de reduzir o nível de exigências dos acionistas e
consumidores e evitar o investimento em tecnologias novas
e limpas. Somente seguem a legislação, que é obrigatória e
de escopo universal.
Empresas proativas
Por outro lado, a gestão ambiental proativa procura
incorporar, independentemente de pressões, as exigências
ambientais, e, se necessário, busca soluções que vão além
das medidas legais.
As formas de aderir voluntariamente a um determinado
conjunto de normas podem ser exemplificadas por:
• Diretrizes corporativas;
• Programas de gestão;
• Códigos de conduta; e
• Compromissos ambientais.
A gestão ambiental proativa deve realizar a adoção de
ações, comportamentos e políticas, entre as quais podemos
destacar:
• Implantar um sistema de gestão ambiental;
• Modificar o processo produtivo;
• Reduzir emissões de poluentes;
• Estabelecer programas de formação e informação
ambiental para os funcionários da organização;
• Elaborar códigos de conduta com relação ao meio
ambiente;
• Participar das campanhas educativas e de
prevenção organizadas pelos governos e entidades
representativas do seu setor produtivo;
• Recuperar e reciclar os seus produtos e
subprodutos;
• Promover e incentivar a pesquisa de novas
tecnologias e novos produtos que não prejudiquem
o meio ambiente;
• Diminuir o consumo de recursos naturais;
• Diminuir a produção de resíduos;
• Realizar o tratamento adequado dos resíduos que
produz.
Princípios básicos para o desenvolvimento sustentável e a
responsabilidade social
A Confederação Nacional da Indústria considera que, para o
desenvolvimento sustentável e a responsabilidade social, a
indústria deve ter como princípios básicos:
1 O reconhecimento de que a educação, a erradicação da
pobreza, a promoção da saúde e a eliminação da exclusão
social são fundamentais.
2 Atuar de forma integrada e complementar ao governo e a
outros agentes da sociedade no sentido de viabilizar o
desenvolvimento social e econômico da região, utilizando de
forma competitiva e sustentável seus recursos naturais
Normas para a apresentação de balanço e auditoria em
termos sociais
As organizações criaram normas para a apresentação de
balanço e auditoria em termos sociais.
Responsabilidade Social 8000 (SA 8000)
A principal é a norma Responsabilidade Social 8000 (SA
8000), que foi elaborada pela SAI (Social Accountability
International), em 1997, e que se refere às condições de
trabalho e prevê um controle independente para verificação
de seu cumprimento nas empresas.
 Obtida a certificação, visitas semestrais de auditores checam
o cumprimento das metas definidas em auditorias anteriores.
Após 3 anos, deve-se renovar a certificação.
Responsabilidade Social (ISO 26000)
Em 2010, foi criada a norma de Responsabilidade Social, a ISO
26000, que é, em resumo, um guia de aplicação voluntária
que fornece diretrizes de atuação em diversas áreas, como:

Essa norma e seu sistema de controle se baseiam em

estratégias comprovadas de garantia de qualidade, como a
ISO 9000 e a ISO 14001, por exemplo, e tem como enfoque
principal os aspectos trabalhistas.
A certificação pela norma SA 8000 tem a função de
autenticar o compromisso da empresa com a
responsabilidade social.
• Meio ambiente;
As organizações interessadas em comprovar o atendimento
• Direitos humanos;
aos requisitos da norma são submetidas a auditorias por
técnicos especializados de entidades independentes. • Direitos dos consumidores;
O certificado só é concedido àquelas organizações que • Contribuição ao desenvolvimento social.
cumprem totalmente os requisitos da norma, que envolvem
os seguintes aspectos: Esta norma destaca que a responsabilidade social não é
somente empresarial, mas de todas as organizações e dos
• Trabalho infantil; indivíduos. Essa característica coloca o desenvolvimento
sustentável, e, em consequência, a melhoria da qualidade de
• Trabalho forçado;
vida, na agenda social.
• Segurança e saúde no trabalho;
Saiba mais
• Liberdade de associação e direitos coletivos;
Assista ao vídeo Responsabilidade Social Empresarial.
• Discriminação (sexual, raça, política, nacionalidade
Práticas de responsabilidade ambiental
etc.);
O gráfico a seguir mostra que predominam a adoção de
• Práticas disciplinares;
práticas de responsabilidade ambiental que ocorrem no
• Remuneração; e interior das empresas, deixando de lado a sociedade e a
comunidade na qual a empresa está inserida.
• Carga horária de trabalho.
Veja as fases do processo de certificação da Norma SA
8000:
1a Fase: Diagnóstico ou pré-auditoria
A consultoria avalia a empresa e recomenda adequações.
2a Fase: Início do processo
A empresa corrige práticas inadequadas e adota nova
postura de relacionamento com os funcionários. A consultoria
treina auditores internos, que serão responsáveis por manter
o sistema em funcionamento.
3a Fase: Análise crítica
A consultoria avalia se o sistema de gestão contempla os
requisitos da AS 8000, incluindo os fornecedores.
4a Fase: Auditoria externa
Empresa certificadora credenciada pela SAI realiza visitas na
busca de evidências objetivas da implementação da norma
na empresa.
A análise desses resultados mostra que as empresas ainda
atuam de forma predominantemente reativa, porque os
índices ligados à educação ambiental, certificação e
desenvolvimento de programas de melhoramento ambiental
são os mais baixos.
Princípios para a sustentabilidade
A sustentabilidade em uma organização está ligada à
responsabilidade social, econômica e ambiental que ela
desenvolve.
Conheça os 9 princípios envolvidos diretamente nisso:
1) Ética com os acionistas
2) Governança para o uso de recursos de forma consciente
e efetiva
3) Transparência nas informações de produtos, serviços e
atividades
4) Relações de negócios justas
5) Retornos financeiros
6) Envolvimento comunitário e desenvolvimento econômico
7) Agregação de valor nos produtos e serviços
8) Práticas de emprego que promovam o desenvolvimento
humano
9) Proteção ao meio ambiente
Atenção
A responsabilidade ambiental está contida na responsabilidade
social empresarial, e deve ser entendida como parte
integrante desta, nunca de forma isolada.
Quando se discute responsabilidade ambiental, esta deve ser
entendida como o conjunto de ações realizadas além das
exigências legais, ou daquelas que estão inseridas em um
contexto de eficiência profissional ou de área de atuação.
A responsabilidade ambiental empresarial se constitui em
ações que extrapolam a obrigação, assumindo mais um
conteúdo voluntário de participação, iniciativas, programas e
propostas que visem manter o meio ambiente natural livre
de contaminação e saudável para ser usufruído pelas futuras
gerações.
Para que esses caminhos sejam viáveis, é necessário que
sejam disponibilizadas ferramentas, ou seja, tecnologia de
natureza organizacional ou de gestão, de processo e
produção, ou informacional, para que as organizações
possam diagnosticar, definir estratégias e objetivos,
implementar planos de ação, escolher indicadores, medir
seus resultados e reportá-los adequadamente aos seus
acionistas.
Aula 6:
Transformações nas organizações e novas tecnologias de
gestão - Parte 3
Apresentação
Nesta aula, estudaremos os vários instrumentos de
monitoramento de sistemas de gestão, suas características,
aplicações e confiabilidade.
Discutiremos também a existência de várias formas de fazer
gestão e monitorar esse processo. Depois, analisaremos
algumas experiências de sucesso e fracasso de ações de
gerenciamento de aspectos socioambientais de empresas
brasileiras.
Objetivos
• Identificar os diversos instrumentos de
monitoramento de sistemas de gestão, suas
características, aplicações e confiabilidade;
• Diferenciar as formas de fazer gestão e monitorar
esse processo;
• Analisar experiências de sucesso e fracasso das
organizações, no que diz respeito a repercussão de
suas ações de gerenciamento de aspectos
socioambientais.
Sistema de gestão empresarial
A implantação de sistemas de gestão ambiental nas
empresas diminui os impactos ambientais causados pelas
suas atividades, por meio do uso sistemático de ferramentas.
Veja os aspectos ambientais significativos que devem ser
medidos periodicamente e ter seus resultados comparados
aos padrões legais aplicáveis:
• Emissões atmosféricas;
• Efluentes líquidos;
• Ruídos.
Fases do sistema de gestão
Todo e qualquer sistema de gestão empresarial envolve as
seguintes fases:
1. Planejamento
2. Implementação
3. Execução
4. Operação
5. Avaliação dos resultados alcançados
Essa sequência de etapas interdependentes também é
verificada no sistema de gestão ambiental.
 Os principais indicadores são:
Indicadores do meio ambiente natural
Mudanças na qualidade do ar, da água, do solo, da flora e da
fauna.

Indicadores do desenvolvimento sustentável

Dessa forma, o sistema deve prever as ações de
monitoramento e controle para verificar a existência de
problemas e formas de corrigi-los.
Lembre-se de que existe uma grande diferença
entre monitorar1 e controlar2.
Valores que medem a velocidade com a qual as atividades
humanas consomem os recursos naturais.
Indicadores do impacto na saúde humana
Dados que monitoram os níveis de saúde física e mental,
segurança, ruído e educação ambiental.
Classificação dos indicadores ambientais
Os indicadores ambientais podem ser classificados da
seguinte maneira:
Indicadores de pressão
Avaliam a pressão exercida por atividades humanas sobre
meio ambiente.
Indicadores de estado
Oferecem uma descrição da situação ambiental.
Indicadores de resposta

Indicadores de impacto ambiental Avaliam os esforços para resolver um problema ambiental.

Os indicadores de impacto ambiental são dados utilizados

para indicar a presença ou a ausência de boas condições do
meio ambiente, refletindo a situação de um sistema como
um todo.
Esses indicadores podem ser utilizados como representação
das condições do momento ou como instrumentos
permanentes de monitoramento.
Também podem ser considerados como ferramentas de
acompanhamento de estratégias de ação sobre o meio
ambiente, por meio de análise sistemática dos desvios de
uma situação de referência. Como analisar os impactos ambientais?

Esses indicadores devem apresentar: É necessário verificar a origem e o destino dos impactos,
pois a empresa pode vir a afetar direta ou indiretamente:
1. . Simplicidade
2. Representatividade
3. . Disponibilidade de dados
4. Estabilidade
5. Rastreabilidade
A escolha dos indicadores depende dos objetivos do
monitoramento, do que se quer monitorar e das
informações que se precisa obter.
Esses parâmetros são medidos em campo, em laboratório
ou em escritório, alguns com bastante simplicidade e outros
O meio físico (atmosférico, terrestre e aquático)
com alto grau de complexidade.

O meio biológico (vegetação e fauna)
O meio antrópico (homem)
Geralmente, os órgãos de controle da qualidade ambiental
estabelecem em documentos apropriados as características
a serem medidas e a periodicidade das medições.
O estabelecimento de medidas e o acompanhamento do
desempenho ambiental das empresas são ferramentas úteis
para gerenciar as atividades ambientais, principalmente
aquelas consideradas estratégicas.
O monitoramento de indicadores de desempenho, que pode
ser definido como um conjunto de medições, observações e
pesquisas realizadas para verificar os impactos ambientais
sofridos pelo meio ambiente, é o princípio fundamental da
gestão organizacional. Afinal, é a medição que permite que
processos sejam controlados, compreendidos e, enfim,
aperfeiçoados.
Veja mais sobre o Planejamento de monitoramento e
monitoramento ambiental.
Planejamento do monitoramento
Esse monitoramento pode apontar o local onde estão os
impactos, as áreas afetadas e, principalmente, prevenir que
tragédias ambientais aconteçam.
Esse processo começa com o planejamento. Veja o que
deve ser determinado nesta fase:
• Parâmetros a serem avaliados
• Local de coleta
• Equipamentos necessários
• Procedimentos de coleta, preservação,
armazenamento e transporte de amostras até o
laboratório
• Metodologia de análise
• Frequência da obtenção de dados
• Forma de avaliação dos resultados obtidos
• Processamento e armazenamento das informações
• Forma de divulgação dos resultados
O que deve conter o relatório de monitoramento?
O relatório do monitoramento deve:
• Verificar se o impacto é real antes de determinar a
sua existência.
• Determinar o prazo para o acontecimento, no caso
de um alerta de impacto.
• Comparar as previsões feitas com o acontecimento
real, caso o impacto ambiental ocorra.
• Averiguar se ocorreram mudanças que não foram
previstas.
• Avisar aos órgãos competentes que esses impactos
podem vir a causar grandes perigos.
Tipos de monitoramento ambiental
De acordo com o espaço físico pesquisado e a profundidade
das pesquisas realizadas, o monitoramento ambiental foi
dividido em dois tipos.
1. Monitoramento ambiental em microescala
É usado em áreas geográficas pequenas e utiliza poucos
parâmetros.
Empresas, áreas verdes urbanas, rios e lagoas e outros locais
menores são alguns dos campos de estudo para análise. Isso
não significa que os efeitos negativos sejam em menor grau
nesses lugares, mas o monitoramento ambiental em
microescala foca mais em impactos ambientais que atingem
pequenas concentrações do que em espaços maiores.
As funções aplicadas não são amplas, mas são bem
direcionadas.
Sua principal aplicação é o controle das emissões de
poluentes, sejam sólidos, gasosos ou líquidos.
Exemplo
Pode ser feito, por exemplo, em uma fábrica com o objetivo
de estudar as emissões de gases ou a poluição do solo
causados por suas atividades.
2. Monitoramento ambiental em macroescala
Esse tipo de monitoramento analisa áreas geográficas
maiores, fazendo estudos mais específicos e direcionados.
É usado para avaliar o impacto e acompanhar o seu
crescimento. Se esse monitoramento indicar algo fora do
normal, é necessário alertar os órgãos responsáveis sobre a
ocorrência de um possível desequilíbrio.
Logo, quando grandes empresas e órgãos governamentais
precisam analisar o desenvolvimento sustentável de um país
ou até mesmo de todo o planeta, para desenvolver planos
de ação e aumentar esse desenvolvimento, utilizam o
monitoramento em macroescala.
Exemplo
Controle da qualidade das águas de um lago, evolução de
espécies presentes em zonas de proteção ambiental, entre
outras funções.
Há satélites que focam queimadas, mostrando o local e a
temperatura das regiões por meio de registro termal, e
satélites que fazem o monitoramento visual através de
imagens. São cerca de 200 imagens produzidas diariamente.
Quem faz o monitoramento ambiental?
Ele é realizado por empresas prestadoras desse tipo de
serviço, que têm como clientes, principalmente, empresas de
grande e de pequeno porte e, também, órgãos
governamentais.
Esse tipo de empresa deve ter registros de qualidade
emitidos por órgãos como o ISO, IEC etc.
Exemplos de sucesso
Herman Miller Vamos agora analisar a empresa fabricante
de móveis Herman Miller, que teve sucesso em suas ações
de gerenciamento de aspectos socioambientais, pois todos
os seus projetos seguem princípios de sustentabilidade.
Conheça os objetivos dessa empresa:
• Zerar resíduos, emissões de gases e consumo de
água no seu processo de produção
• Utilizar 100% de energia limpa
• Obter certificação de “LEED Silver” (certificação
internacional de construções ambientalmente
corretas) para todos os edifícios da empresa
• Garantir 100% das vendas vindas de produtos
“Design for Environment” (Projetados para o meio
ambiente).
Natura
Outro exemplo importante é o da empresa Natura, que
pode ser considerada um modelo de cidadania corporativa e
de responsabilidade socioambiental, pois procura equilibrar os
seus ganhos financeiros com a diminuição dos impactos
ambientais.
Veja seus objetivos:
• Garantir que 30% do total de insumos consumidos
pela Natura Brasil, em valor, sejam provenientes da
região Pan Amazônica.
• Utilizar, no mínimo, 74% de material reciclável na
massa total das embalagens.
• Reduzir em 33% a emissão relativa de gases de
efeito estufa. Continuar a compensar todas as
emissões que não puderem ser evitadas, por meio
de iniciativas que, além da redução e/ou captura de
gases de efeito estufa, tenham o objetivo de
proporcionar benefícios socioambientais,
prioritariamente na região Pan Amazônica.
• Implementar estratégia de diversificação de fontes
de energia renovável para as operações Natura
Brasil.
• Alcançar 10 mil famílias nas cadeias produtivas da
Pan Amazônia.
• Atingir índice de mulheres em cargos de liderança
(nível diretoria e acima) de 50%, além de outras
ações.
Em função da sua gestão ambiental, do modelo de
sustentabilidade e do crescente desempenho econômico
financeiro, a Natura tornou-se uma das companhias mais
lembradas no Brasil, elevando significativamente o valor de
suas ações na bolsa.
Veja na figura a seguir um conjunto de diretrizes, ambições
e compromissos que estruturam a Visão de Sustentabilidade
2050 dessa empresa:
Visão de Sustentabilidade 2050 – Natura. Fonte: ww.natura.com.br. Acesso em: 14 jun.
2019.

Petrobras
Temos também como exemplo positivo a empresa
Petrobrás, com o Programa Petrobrás Socioambiental, que,
desde 2013, já conseguiu fazer o plantio em 100 hectares de
espécies nativas na área da Mata Atlântica que passa por
Cachoeiras de Macacu.
Entre outros resultados obtidos, estão as atividades de
educação ambiental, mobilização social, capacitações e
seminários promovidos com o intuito de chamar a atenção
para a causa ambiental e reduzir impactos de degradação na
região.
O projeto recebeu ainda uma certificação de carbono que
tem como objetivo garantir o selo de qualidade ambiental
para o desenvolvimento das áreas recuperadas de acordo
com os critérios da Aliança Clima, Comunidade e
Biodiversidade (CCBA), sendo a primeira iniciativa de carbono
florestal com esta certificação no estado do Rio de Janeiro.
Outro resultado importante foi a capacitação de 40 jovens
moradores de Cachoeiras de Macacu para a realização do
monitoramento de recursos hídricos da bacia Guapi-Macacu.
O grupo de monitores analisou amostras de água em 12
pontos de 3 rios da região. Os resultados estão sendo
compilados em um banco de dados e organizados de forma
a elaborar uma publicação.
As coletas estão sendo feitas mensalmente, em pontos
previamente definidos e marcados com GPS. Fazem parte
das análises dados como nível de pH, coliformes, nitrato,
amônia e temperatura.
Saiba mais
“No Clima da Caatinga”
Outro exemplo que faz parte do Programa Petrobras
Socioambiental é o “No Clima da Caatinga”, que já recuperou
16 nascentes e 96 hectares de Reservas legais e áreas de
preservação permanente, além de criar 2 novas reservas
em Crateús, no Ceará, e Burití dos Montes, no Piauí.
O projeto também realizou a capacitação de mais de 1.600
pessoas para o uso de tecnologias sustentáveis e mais de 20
mil alunos em atividades de educação ambiental.
Exemplos negativos
Como exemplos negativos não podemos deixar de citar os
desastres em Mariana e Brumadinho.
Mariana
Dia 5 de novembro de 2015, às 15h, ocorreu um tsunami de
lama em Mariana, proveniente da Barragem de Fundão, da
empresa Vale, onde cerca de 32 milhões de m³ de rejeitos
foram lançados no meio ambiente.
O rompimento dessa barragem de rejeitos é o maior
desastre do gênero da história mundial nos últimos 100 anos,
caso seja considerado o volume de rejeitos de mineração de
ferro despejados — 50 a 60 milhões de metros cúbicos
(m³).
Apenas 5 acidentes com barragens de rejeitos excederam
10 milhões de m³ de lançamentos, até hoje, em todo o
mundo.
Caso Mariana
Segundo o laudo técnico preliminar do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
de novembro de 2015, esse desastre provocou, dentre
várias outras ocorrências:
 • Mortes de trabalhadores da empresa e de
moradores das comunidades afetadas
• Destruição de edificações
• Destruição de áreas agrícolas e pastos
• Destruição de áreas de preservação permanente e
vegetação nativa de mata atlântica
• Mortandade de biodiversidade aquática e fauna
terrestre
• Assoreamento de cursos d´água
• Interrupção da pesca por tempo indeterminado
• Alteração dos padrões de qualidade da água doce,
salobra e salgada
O que levou a ocorrência desse desastre?
Vários foram os motivos, mas o que mais chama a atenção
é o fato de que, segundo a perícia feita no local, de acordo
com a Polícia Federal, o rompimento foi causado pelo
aumento da pressão interna, que não foi controlado.
O monitoramento diário por meio da leitura dos aparelhos,
chamados de piezômetros, que medem a pressão do solo,
não estava sendo feita.
Brumadinho
Já o desastre de Brumadinho, região metropolitana de Belo
Horizonte, ocorreu em 25 de janeiro de 2019, quando a
Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale,
rompeu-se, desencadeando uma avalanche de lama, que
destruiu a comunidade próxima, matando centenas de
pessoas, e construções da própria Vale.
Região atingida pelo rompimento da barragem de Brumadinho (MG) – Foto: Polícia
Militar de MG via Fotos Públicas.
Também degradou 112 hectares de florestas nativas. A água
ao longo de 305 km do rio Paraopeba apresenta níveis de
oxigênio, turbidez e PH totalmente fora dos padrões
permitidos para consumo. Foi detectada a presença de óxido
de ferro, manganês, cobre e cromo oriundos dos rejeitos da
barragem da Vale.
Não se sabe ao certo ainda o motivo que levou ao
rompimento dessa barragem. Por isso, investigações estão
sendo realizadas para avaliar o caso. Porém, o que devemos
tirar como lição é que é necessário fiscalizar e acompanhar
os riscos ambientais de todas atividades.
Aula 7:
Transformações nas organizações e novas tecnologias de
gestão - Parte 4
Apresentação
Nesta aula, estudaremos os conceitos de gestão ambiental
compartilhada e suas aplicações nas organizações.
Além disso, veremos como é possível formar parcerias
duradouras e, também, como cada organização pode
alcançar a sustentabilidade.
Objetivos
• Definir o conceito de gestão ambiental
compartilhada e suas aplicações;
• Identificar as formas de se estabelecer diferenças e
semelhanças entre as organizações para formação
de parcerias duradouras;
• Descrever como é possível alcançar a
sustentabilidade de cada organização quanto aos
aspectos ambientais.
Gestão ambiental racional dos resíduos
A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio
da Resolução 44/228, decidiu que para conservar a qualidade
do meio ambiente e atingir o desenvolvimento sustentável,
seria primordial a gestão ambiental racional dos resíduos.
De acordo com a Agenda 21 (1995), que pode ser definida
como um instrumento de planejamento para a construção
de sociedades sustentáveis, a administração dos resíduos
“deve ir além do simples depósito ou aproveitamento por
métodos seguros dos resíduos gerados”, pois deve-se
resolver a causa fundamental, que são as modalidades
insustentáveis de produção e consumo, que envolve a
utilização do conceito de manejo integrado do ciclo vital.
A questão dos resíduos envolve dois aspectos:
1. O aumento do volume gerado; e
2. A modificação do tipo de resíduo produzido.
De acordo com a Organization for Economic Co-operation
and Development (OECD), que é composta por 34 países
membros, houve um aumento crescente nas quantidades de
resíduos sólidos per capita geradas pelos países membro,
superando muito as expectativas iniciais.
Isso pode ser visto no gráfico a seguir, que compara o
crescimento do Produto Interno Bruto, da população, da
geração total e per capita de resíduos sólidos (1980–2030).
Evolução da geração percapita de resíduos sólidos em países desenvolvidos e
emergentes. Fonte: Metro
 2009 O papel formava 28,2% do total e o plástico, 12,3%. Os
metais perfaziam 8,6% e o vidro, que chegou a 10,5% em
1970, caiu para apenas 4,8%.
Uma das explicações para esses dados está no fato de que a
população, além de crescer muito no século passado, passou
a ter mais acesso à renda, o que aumentou o consumo e a
produção de lixo.
Fica claro que, por isso, países desenvolvidos produzem mais
Já o Banco Mundial indica que, nos últimos 30 anos, o
resíduos sólidos por habitante, já que têm níveis mais
aumento do volume de lixo produzido no mundo foi 3 vezes
elevados de consumo.
maior do que o populacional.
À medida que os países vão se tornando mais ricos, há
redução gradual dos componentes orgânicos no lixo.
A proporção de plásticos, metais e papel no lixo doméstico
fica maior, como pode ser visto na figura a seguir:
Resíduos sólidos no mundo: rumo a 4 bilhões de toneladas por ano. Fonte: Senado

Brasil: o quarto maior gerador de resíduos sólidos no mundo

A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais (Abrelpe) mostra que o Brasil produz,
anualmente, mais de 78,3 milhões de toneladas de resíduos
sólidos e que essa quantidade aumenta cerca de 2% ao ano.
Por causa dessas quantidades, o Brasil se tornou o quarto
maior gerador de resíduos sólidos no mundo. Nós somos o
quarto maior produtor de lixo plástico no mundo, com 11,3
milhões de toneladas.
Desse total, mais de 10,3 milhões de toneladas foram
coletadas (91%), mas apenas 145 mil toneladas (1,28%) são
efetivamente recicladas, o que fica bem abaixo da média
global de reciclagem plástica, que é de 9%.
Saiba mais
Leia a notícia O destino das toneladas de lixo geradas em
Campinas.

Na tabela abaixo, é possível verificar que a mudança do tipo

Mudança nos tipos de resíduos domiciliares de resíduo afetará enormemente o meio ambiente, visto
que o plástico e o vidro levam um tempo muito maior para
O outro aspecto sobre os resíduos sólidos que deve ser
se decompor.
analisado, refere-se à mudança nos tipos de resíduos
domiciliares.
Navegue nas datas abaixo e conheça alguns dados sobre os
EUA.
1960 34% do total dos resíduos municipais eram formados
por papel e somente 0,4% eram de plástico. Os metais
colaboravam com 12,3%.

A Abrelpe estimou em um crescimento de 6,6% na
geração per capita de resíduos sólidos entre 2008 e 2009,
enquanto o crescimento populacional no mesmo período foi
de cerca de 1%, o que indica aumento real na quantidade de
resíduos descartados e demonstra que no país ainda não
foram implementadas ações para minimização da geração
de resíduos.
Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto
A Lei n°12.305/2010, da Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), determinou a responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida do produto.
Desta forma, as atribuições passam a ser responsabilidade de
todos que participam da cadeia de produção e consumo:
• Fabricantes dos produtos colocados no mercado que
geram resíduos;
• Importadores;
• Distribuidores e comerciantes;
• Consumidores;
• Poder público responsável pelos serviços de limpeza
urbana e manejo dos resíduos sólidos.
Por sua vez, a lei apresenta o conceito para a logística
reversa como sendo um conjunto de ações, procedimentos
e meios que tenham como objetivo viabilizar a coleta e
devolução dos resíduos sólidos ao setor empresarial.
Definições da Lei n°12.305/2010
Art. 33
Os produtos e embalagens estão sujeitos à regra de
devolução após o uso pelo consumidor, com o objetivo de
que os fabricantes ou importadores garantam o
reaproveitamento, a reciclagem ou outro destino
ambientalmente correto para os resíduos.
É importante deixar claro, que a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos não se trata
somente da logística reversa, pois nela existem outras
obrigações, como:
• Produção e/ou comercialização de produtos que gerem
menor quantidade de resíduos
• Divulgação de informações sobre como evitar, reciclar e
eliminar os resíduos associados a seus produtos
• Participação de ações previstas no plano municipal de
gestão integrada de resíduos sólidos
Art. 31, caput, IV
Prevê a participação do setor empresarial no plano municipal
de gestão integrada de resíduos sólidos, em relação a
produtos ainda não abarcados pela logística reversa e será
concretizada quando firmados acordos ou termos de
compromisso nesse sentido com o poder público local, que
é o responsável por esses planos.
O fato de haver produtos cuja aplicação da logística reversa
seja complexa ou inviável não impede, com isso, que sejam
estabelecidas as obrigações pós-consumo por parte do
fabricante.
A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos inclui, também, as normas gerais sobre a fabricação
de embalagens, que passam a ter de ser fabricadas com
materiais que proporcionem a reutilização ou a reciclagem e
que sejam restritas em volume e peso ao máximo possível
(art. 31, da Lei n°12.305/2010). Exceções, devidamente
justificadas em função de razões técnicas ou econômicas,
poderão ser estabelecidas mediante regulamento.
Todos os envolvidos com a produção e a comercialização
de produtos e embalagens, deverão implantar a política de
compra de embalagens ou produtos usados, disponibilizar
postos de coleta ou formar parcerias com cooperativas de
catadores de materiais recicláveis.
Dessa forma, espera-se que o material seja devolvido e
reintegrado ao processo produtivo, por meio da reutilização
ou da reciclagem.
Os materiais que não puderem ter esse tipo de destino
serão considerados rejeitos e encaminhados, pelos
fabricantes ou importadores, para disposição final.
Saiba mais
Leia a matéria do Cempre, RENDA DE CATADORES
DISPENSA COMPLEMENTAÇÃO DO BOLSA FAMÍLIA,
sobre a inclusão socioeconômica dos catadores na cadeia
formal de gestão dos resíduos sólidos urbanos, promovida
pela Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Art. 34
Os pactos firmados em âmbito nacional têm prevalência
sobre os acordados em âmbito regional ou estadual, e estes
sobre os relativos à esfera municipal.
Art. 36
O poder público municipal deve realizar estratégias para
reaproveitar os resíduos sólidos que sejam provenientes de
serviços públicos de limpeza urbana, implantar um sistema de
coleta seletiva e de compostagem.
Se o Estado deixar que a iniciativa privada realize essas
atividades, ele deve receber uma remuneração por esse
serviço.
A Lei n°12.305/2010 requer um conjunto de decretos que a
complementem, pois consta que serão estabelecidas, em
regulamento, o que pode ser visto nos artigos 16, 18, 19 e 20.
Decreto n°7.404
O Decreto n°7.404 não produziu normas regulamentares
detalhadas sobre a responsabilidade compartilhada pelo ciclo
de vida dos produtos e não realizou medidas para a
operacionalização da logística reversa para as lâmpadas e
para os produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
Esse decreto teve ênfase na montagem da estrutura
administrativa que será responsável pela implementação da
lei no Executivo federal.
A Lei n°12.305/2010 preencheu uma lacuna que existia na
legislação ambiental brasileira, pois trouxe normas gerais
sobre os resíduos sólidos, que é um grave problema urbano.
A longa espera pela norma — 21 anos, considerando apenas
o período de tramitação no Congresso Nacional — não foi
em vão. Essa lei está no mesmo patamar das leis dos países
mais avançados no campo do meio ambiente, como é o
caso dos países da união.
Como vimos, o principal avanço obtido constituiu na
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos, pois com o aumento da geração e a mudança no
teor dos resíduos domiciliares, com a presença cada vez
maior de resíduos não biodegradáveis, não seria justo fazer
recair sobre toda a sociedade, por meio da responsabilização
única do poder público, o custo da correta gestão do lixo
urbano.
Qualquer material passa por processos de captação,
produção, uso, desperdício e disposição e poderá vir a se
tornar resíduo ou rejeito. Para auxiliar a não geração ou
redução destes resíduos, distribui-se responsabilidades,
reduzindo os impactos à saúde humana e aumentando a
Atenção
A Política Nacional de Resíduos Sólidos define a Gestão
Integrada como um conjunto de ações que procuram
soluções para os problemas relacionados com os resíduos
sólidos, considerando todas as suas dimensões, com controle
social e com base no desenvolvimento sustentável.
Aula 8:
Aplicação prática das tecnologias de gestão ambiental –
Parte 1
Apresentação
Nesta aula, estudaremos como ocorreu a evolução histórica
das normas de gestão. Além disso, discutiremos sobre as
normas ISO publicadas pela ABNT e veremos qual é a
estrutura dos sistemas de gestão ambiental utilizados
atualmente.
Por fim, vamos entender a organização do SINMETRO, suas
atribuições e conhecer as instituições que fazem parte desse
sistema.
Objetivos
• Descrever a evolução histórica das normas de
gestão;
• Definir a estrutura básica dos principais sistemas de
gestão ambiental em uso atualmente;
• Explicar o SINMETRO, suas atribuições gerais e
específicas e as diferentes instituições que fazem
parte desse sistema.
História das normas de gestão
No final da década de 1980, ocorreu o entendimento de que
as questões ambientais deveriam ser tratadas como uma
dimensão estratégica das empresas, fazendo surgir vários
modelos de sistemas de gestão ambiental, com o objetivo
de orientais os vários segmentos empresariais a criar seus
próprios sistemas.
Inicialmente, diversos modelos foram criados, mas
prevaleceram os baseados em normas de gestão ambiental
que continham condições que fossem passíveis de auditoria
e que, consequentemente, pudessem ser certificadas.
Esses sistemas surgiram, principalmente, em função do
aumento do rigor da legislação ambiental e das exportações,
do aumento da preocupação com as questões ambientais
por parte dos consumidores e, também, das restrições à
criação de barreiras técnicas para proteção dos mercados.
A BS 7750 O Instituto Britânico de Normatização (BSI) criou,
em 1992, a primeira norma sobre sistema de gestão
ambiental: a BS 7750, que especifica os requisitos para o
desenvolvimento, implantação e manutenção de sistema de
gestão ambiental, garantindo o cumprimento de políticas e
objetivos ambientais.
A norma não determina critérios de desempenho ambiental
específicos, mas estabelece que as organizações formulem
políticas e estabeleçam objetivos, levando em consideração
a disponibilidade das informações sobre efeitos ambientais
significativos.
Apesar de não ser mais utilizada, a BS 7750 tem uma
importância histórica muito grande, não só por ter sido a
primeira norma elaborada, mas também por ter servido de
base para a criação de várias normas sobre sistema de
gestão ambiental em outros países.
Ela foi cancelada pela BSI em 1997, depois da publicação da
norma ISO 14001 sobre sistema de gestão ambiental pela
International Organization for Standardization (ISO), que
estudaremos ainda nesta aula.
O Sage Em 1991, foi criado um grupo de assessoria
denominado Strategic Advisory Group on the Environment
(Sage), para estudar os impactos dessas normas sobre o
comércio internacional.
Ao final de 1992, o Sage recomendou a criação de um
comitê específico para a elaboração de normas de gestão
ambiental.
Essas normas de gestão ambiental começaram a ser
elaboradas em 1993 pelo Comitê Técnico 207 (TC 207),
seus subcomitês (SC) e grupos de trabalhos (WG).
Logotipo Inmetro. Disponível em: ppi.gov.br. Acesso em: 17
jun. 2019.
ISO
ISO é a sigla da Organização Internacional para Padronização
(International Organization for Standartization), que foi criada
em 1947, na Suíça, mais precisamente em Genebra.
É uma instituição composta por órgãos nacionais de
normalização, que tem como objetivo desenvolver normas
para facilitar as trocas de bens e serviços no mercado
internacional e a cooperação entre os países nas esferas
científica, tecnológica e produtiva. Ela é, portanto, uma
entidade de padronização e normatização de qualidade.
Série ISO 9000 Série ISO 9000
A criação de uma norma internacional pela ISO é feita em
estágios sucessivos, começando por um item de trabalho
preliminar e terminando com a sua publicação.
Como são normas feitas com alto consenso internacional,
elas não são consideradas barreiras técnicas ao comércio, o
que explica o seu grande sucesso, cuja primeira experiência
ocorreu no campo da qualidade com as normas da série ISO
9000.
A ISO 9000 é um conjunto de normas e padronizações que
visam ajudar empresas a implementarem processos de
gestão da qualidade e garantia da qualidade. Seu foco é o
processo e não o produto.
Seu objetivo é garantir que o processo produtivo esteja
sendo seguido à risca, garantindo, assim, a qualidade do
produto, ou seja, o fato de um produto ter sido fabricado
por um processo certificado segundo as normas ISO 9000
não significa que este produto terá maior ou menor
qualidade que um outro similar. Significa apenas que todos os
produtos fabricados segundo este processo apresentarão as
mesmas características e o mesmo padrão de qualidade.
O TC – 207 e as ISO 14000 e 14001
Em 1993, surge o TC - 207, Comitê Técnico para
elaboração de uma série de normas relacionadas à gestão
ambiental, sendo composto por 30 países membros
(inclusive o Brasil) e 14 observadores.
Como consequência, em 1996, é publicada a ISO 14001 (única
norma certificável da série), além da 14004, 14010 e 14011,
traduzidas para o português pela ABNT, na série NBR ISO
14000, válidos a partir de 02/12/96.
O conjunto ISO 14000 é formado pelas seguintes normas:
• ISO 14001 trata do sistema de gestão ambiental
(SGA)
• ISO 14004 Que trata do sistema de gestão
ambiental, sendo destinada ao uso interno da
empresa.
• ISO 14010 Que são normas sobre as auditorias
ambientais. São elas que asseguram credibilidade a
todo processo de certificação ambiental.
• ISO 14031 Que são normas sobre desempenho
ambiental.
• ISO 14020 Que são normas sobre rotulagem
ambiental.
 • ISO 14040 Que são normas sobre a análise do ciclo
de vida.
A ISO 14001 contém os quesitos de um sistema de gestão
ambiental e um anexo informativo com orientação para o
uso da norma.
Comentário
O sistema de gestão ambiental é a parte do sistema de
gestão de uma organização que é utilizado para gerenciar
aspectos ambientais, cumprir requisitos legais e abordar
riscos e oportunidades.
O sistema de gestão ambiental pode estar relacionado à
organização como um todo, ou apenas a alguns setores da
mesma, podendo ser aplicada a qualquer organização, pública
ou privada, independentemente do tamanho ou setor de
atuação, sendo por este motivo, considerada uma norma
horizontal.
A ISO 14000 foi revisada duas vezes, em 2004 e em 2015,
sendo que cada nova versão cancela a versão anterior.
O período de transição para a organização que possui um
SGA certificado com base na versão cancelada é de 3 anos
a partir da data de publicação da versão atual.
Leia mais sobre a ISO 14000.
ISO 14000
A Associação Nacional de Normas Técnicas (ABNT), que é o
Fórum Nacional de Normalização, através do seu Comitê
Brasileiro de Gestão Ambiental (ABNT/CB 38), utilizou o
texto dessa norma na íntegra, o que a torna uma norma
brasileira (NBR), denominada “ABNT NBR ISO 14001: 2015 —
Sistemas de gestão ambiental — requisitos com orientação
para uso”.
A norma atual adota a estrutura de alto nível (HLS) que
coloca regras para criar novas normas de sistema de gestão
e um conjunto de elementos comuns para facilitar a
compatibilidade entre elas.
A ISO 14001 está relacionada ao desenvolvimento sustentável,
pois afirma que o objetivo desse desenvolvimento só pode
ser atingido com o equilíbrio entre os pilares econômico,
social e ambiental da sustentabilidade.
O objetivo dessa norma é garantir o equilíbrio e proteção
ambiental, prevenindo a poluição e os potenciais problemas
que esta poderia trazer para a sociedade e economia.
Para que uma empresa garanta o seu Certificado ISO 14000,
deve se comprometer com as leis previstas na legislação
ambiental de seu país. Este certificado simboliza que
determinada empresa tem preocupação com a natureza e
possui responsabilidades com o meio ambiente.
O tratamento ordenado das questões ambientais pode
fornecer elementos para o sucesso em longo prazo da
organização e criar alternativas para o desenvolvimento
sustentável, através de:
• Proteção do meio ambiente;
• Auxílio no atendimento dos requisitos legais;
• Aumento do desempenho ambiental;
• Controle sobre os produtos e serviços da
organização baseado na perspectiva do ciclo de
vida;
• Benefícios financeiros e operacionais que melhorem
a posição da organização no mercado;
• Comunicação de informações ambientais às partes
interessadas.
Ciclo PDCA
A ISO 14001 considera que a base de sustentação do sistema
de gestão ambiental está fundamentada no ciclo PDCA (Plan
Do Check Act) que foi desenvolvido na década de 1930 e
também é chamado de Ciclo de Deming ou Ciclo de
Shewhart.
Trata-se de uma ferramenta de gestão que tem como
objetivo promover a melhoria contínua dos processos por
meio de um circuito de quatro ações:
1. Planejar (plan)
2. Fazer (do)
3. Checar (check)
4. Agir (act)
O ciclo PDCA tem como objetivo ajudar a entender não só
a fonte do problema, mas a solução do mesmo, focando na
causa e não na consequência.
Quando a forma de melhorar o processo é identificada, as
mudanças são realizadas para que os resultados sejam
atingidos com mais qualidade e eficiência.
É importante ressaltar que o ciclo PDCA considera que o
planejamento não é feito somente uma vez. Portanto, no
transcurso do projeto, pode ser necessário alterar esse
planejamento. Esse controle deve ser feito continuamente
para que cada processo acorra da melhor forma possível.
O ciclo PDCA pode ser aplicado tanto à totalidade do sistema
de gestão ambiental quanto a cada um dos seus
componentes individuais.
ondemand_videoVídeo
O Ciclo PDCA. Disponível em: researchgate.net. Acesso em: 17 jun. 2019.
Nova versão da ISO 14001
A nova versão da ISO 14001 traz a consideração pelo ciclo de
vida, que é definido como estágios consecutivos e
encadeados de um sistema de produto ou serviço, desde a
aquisição da matéria-prima ou sua geração a partir de
recursos naturais, até a disposição final.
A norma atual apresenta mudanças radicais em relação à de
2004, pois enfatiza os resultados ambientais alcançados com
o sistema de gestão ambiental, enquanto a anterior
enfatizava os procedimentos e sua documentação.
Com essa mudança, o sistema de gestão ambiental passa a
ter uma dimensão estratégica, pois, ao dar mais atenção aos
resultados, aumenta a liberdade de escolha dos dirigentes,
mas, por outro lado, exige maior conhecimento sobre a
organização e as implicações dos seus produtos e atividades
sobre o meio ambiente.
O destaque dado aos resultados faz com que a direção
considere riscos e oportunidades como fatores de sucesso
do sistema de gestão ambiental, pois inclui os riscos e as
oportunidades relacionados à gestão ambiental de modo
integrado e alinhado com as demais prioridades estratégicas
da organização.
Atenção
95% da produção mundial estão representados na ISO por
mais de uma centena de países-membros, os quais são
classificados em P (Participantes) e O (Observadores).
A diferença fundamental entre eles é o direito de votação
que os membros P têm nos vários Comitês Técnicos,
Subcomitês e Grupos de Trabalho.
Para exercer seus direitos, é exigido que os países estejam
em dia com suas cotas anuais de participação e atuem de
forma direta no processo de elaboração e aperfeiçoamento
das normas.
Todas as empresas, não importa o ramo profissional,
deverão se adaptar às normas sustentáveis de produção.
Estrutura metrológica nacional
Os órgãos Sinmetro, Conmetro e Inmetro formam a
estrutura metrológica nacional e têm por objetivo afiançar
confiança, precisão e qualidade para toda a cadeia produtiva
do Brasil.
Outro objetivo é trazer maior qualidade e segurança para o
consumidor e aumentar a competitividade das empresas
nacionais, nos mercados externos e interno.
Esses órgãos foram criados em 1973, por meio da Lei
nº5.966, para substituir o Instituto Nacional de Pesos e
Medidas (INPM) e o Fundo de Metrologia (Fumet). Cada um
desses órgãos tem competências diferentes, embora
complementares.
Sinmetro O Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Sinmetro) é composto por organizações,
públicas e privadas, que atuam em metrologia, normalização,
qualidade industrial e certificação da conformidade.
As bases do Sinmetro, de acordo com o próprio órgão, são:
• Metrologia Científica e Industrial - responsável pelas
grandezas metrológicas básicas.
• Metrologia Legal - assegura as relações legais e
direitos do consumidor.
• Normalização e Regulamentação Técnica - A
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é
responsável por elaborar normas de suporte às
regulamentações.
• Acreditação - O Inmetro faz a acreditação de
organismos de certificação, organismos de
inspeção, treinamento, laboratórios de calibração e
de ensaios.
• Certificação - faz a certificação de conformidade
nas áreas de produtos, sistemas de qualidade
pessoal e meio ambiente.
• Ensaios e Calibrações - são atividades realizadas por
laboratórios que são acreditados para realizar essa
função
Conmetro Em 1973, o Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro) foi criado
pela Lei nº5.966. Trata-se de um colegiado interministerial
que cumpre a função de órgão normativo do Sinmetro e
tem o Inmetro como sua secretaria executiva, presidido pelo
Ministro de Estado da Indústria e do Comércio.
É da competência do Conmetro:
• Coordenar e supervisionar a política nacional de
metrologia.
• Fazer a normalização industrial e certificação da
qualidade de produtos, serviços e pessoal.
• Prever mecanismos de consulta que adaptem os
interesses públicos, das empresas e dos
consumidores.
• Assegurar a uniformidade e a racionalização das
unidades de medida utilizadas em todo o território
nacional.
Inmetro O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia (Inmetro) é uma autarquia federal, ligada ao
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
que atua como órgão executor nessa estrutura metrológica.
Ele compreende a metrologia científica, industrial, legal e a
avaliação de conformidade.
O Inmetro está presente em todo o Brasil, por meio da
Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade (RBMLQ).
• É da competência do Inmetro:
• Criar e elaborar normas de procedimentos
• Alinhar todo o trabalho da rede para que seja
possível garantir confiança na medição, para que
todas as unidades possam cumprir a lei.
Resumo
Para finalizar a aula, veja este resumo:
Aula 9:
Aplicação prática das tecnologias de gestão ambiental –
Parte 2
Apresentação
Nesta aula, reconheceremos as diretrizes da ISO 14001 -
Sistema de Gestão Ambiental e as etapas de implantação de
normas da série ISO 14000.
Posteriormente, identificaremos como os sistemas de gestão
podem ser utilizados pelas organizações, visando a melhoria
contínua do desempenho.
Discutiremos, ainda, a respeito do quadro atual em relação a
empresas com certificação de ferramentas de gestão
ambiental.
Objetivos
• Reconhecer as diretrizes da ISO 14001 - Sistema de
Gestão Ambiental e as etapas de implantação de
normas da série ISO 14000;
• Identificar como os sistemas de gestão podem ser
utilizados pelas organizações, visando à melhoria
contínua do desempenho.
Palavras iniciais
As normas ambientais atendem às novas exigências do
mercado, o qual fica cada vez mais globalizado e competitivo,
tornando a conservação ambiental intrinsecamente
relacionada com a aceitação dos produtos e,
consequentemente, com o aumento das vendas.
A gestão empresarial precisou aliar, ao seu planejamento
estratégico e operacional, variáveis ligadas à questão
ambiental, tais como:
• A diminuição do consumo de energia por unidade
produzida;
• O monitoramento da legislação ambiental;
• Os investimentos e despesas com os aspectos
ambientais;
• A gestão dos planos de emergência;
• Medidas operacionais visando a prevenção e o
controle da poluição.
Organizações que utilizam práticas ambientalmente
amigáveis podem apresentar vantagens competitivas em
relação a outras organizações, além de contribuir para uma
sociedade melhor.
Normas ambientais
As normas ISO 14000 – Gestão Ambiental foram feitas com
o objetivo de observar o que a organização faz para
minimizar os efeitos nocivos ao ambiente causados pelas
suas atividades. Essas normas promovem a prevenção de
processos de contaminações ambientais, orientando a
organização no que diz respeito a sua estrutura, forma de
operação, armazenamento etc.
As normas ISO 14001 estabelecem o sistema de gestão
ambiental da organização, o qual tem funções que podem
ser aplicadas à organização como um todo, tais como:
 • Avaliar as consequências ambientais das atividades,
produtos e serviços da organização;
• Definir políticas e objetivos baseados em indicadores
ambientais;
• Reduzir custos na prestação de serviços e na
prevenção.
O objetivo geral da ISO 14000 é dar assistência para as
organizações na implantação ou no aprimoramento de um
Sistema de Gestão Ambiental (SGA).
Um sistema de gestão ambiental auxilia a organização para
que essa seja capaz de atender às preocupações ambientais
por meio de:
• Orientação na aplicação de recursos;
• Definição de responsabilidades;
• Avaliações das práticas, dos procedimentos e dos
processos.
Certificação/Registro de Sistema de Gestão Ambiental como
uma norma de especificações.
Ciclo do Sistema de Gestão Ambiental
O ciclo do Sistema de Gestão Ambiental segue a visão
básica de uma organização e subscreve alguns princípios.
Princípios do Sistema de Gestão Ambiental
1. Estrutura organizacional e responsabilidade
Na série ISO 14001, há a afirmação de que as funções,
responsabilidades e autoridades devem ser definidas,
documentadas e comunicadas a fim de facilitar uma gestão
ambiental eficaz. Afirma ainda que a administração deve
fornecer os recursos – humanos, financeiros, tecnológicos e
logísticos – essenciais à implantação e controle do sistema
de gestão ambiental.

A diretriz da ISO 14000

2. Treinamento, conscientização e competência
A empresa deve conscientizar os seus funcionários sobre a
importância de se estar de acordo com a política ambiental e
as consequências decorrentes da não observação dos
procedimentos recomendados. Os funcionários cujas tarefas
possam provocar impactos ambientais sobre o meio
ambiente, devem ser constantemente treinados.

A Diretriz 14000 detalha os elementos de um sistema de

gestão ambiental, sua implantação ou aprimoramento na
empresa. Também é sua função auxiliar as organizações no
processo de iniciar, aprimorar e sustentar o SGA. Isso é
fundamental para que uma empresa seja capaz de antecipar
e atender às expectativas de desempenho ambiental e,
também, para garantir que as práticas estejam em
conformidade com os requerimentos nacionais e/ou
internacionais.
A ISO 14.001 abrange os elementos centrais do sistema de 3. Comunicação
gestão ambiental que serão utilizados para A organização deve criar e manter procedimentos para a
certificação/registro, oferecendo instruções para o comunicação interna e externa, recebendo, documentando
desenvolvimento e instalação de princípios de SGA e como e respondendo a comunicação recebida das partes externas
realizar a sua coordenação com outros sistemas de gestão. ligadas aos aspectos ambientais e ao sistema de gestão
A norma 14000 pode ser usada por organizações de ambiental.
qualquer tamanho, reconhecendo dessa forma, as
necessidades das pequenas e médias empresas. Essas
normas são indicadas ao uso interno da organização como
uma ferramenta de gerenciamento voluntária, não sendo
adequada para a utilização em empresas de
 A administração da empresa deve analisar criticamente e
avaliar o sistema de gestão ambiental a intervalos de tempo
definidos para manter sua melhoria contínua, adequação e
eficácia.
O sistema de gestão ambiental é considerado uma estrutura
de organização que deve ser sempre monitorada e
renovada com o objetivo de dar orientação para as
atividades ambientais de uma empresa como resposta a
modificações internas e externas. Todos os integrantes de
uma empresa devem se responsabilizar pela melhoria
ambiental.
A identificação do tipo de divulgação pode ter impacto
positivo sobre a imagem da instituição, definindo um público
de maior interesse e desenvolvendo estratégias de
comunicação externa. Por isso, a empresa deve selecionar
canais favoráveis, veículos e forma de comunicação,
deixando clara a intenção de periodicidade da comunicação.
4. Documentação do sistema de gestão ambiental
A documentação é uma forma de garantir que o sistema de
gestão ambiental da empresa seja entendido por todos. É
importante que a organização defina os vários tipos de
documentos e que estabeleça e especifique os
9. Certificação
procedimentos e controle a eles associados. A natureza da
documentação pode variar em função do porte e da Depois que a empresa implantou um sistema de gestão
complexidade da empresa. ambiental, ela pode fazer a opção de ter uma certificação
que deverá ser solicitada a um Organismo de Certificação
A documentação pode estar sob a forma física ou
Credenciado (OCC), o qual deve ser reconhecido pelo
eletrônica, sendo de fundamental importância a existência de
INMETRO e pertencer ao Sistema Brasileiro de Certificação
um processo de atualização e disponibilização desses
(SBC) ou, no caso de certificação internacional, ser
documentos aos interessados.
credenciado por um órgão de outro país.
5. Controle operacional Certificações ambientais. Fonte: Sebrae

O controle operacional implica a identificação, por parte da

empresa, das operações e atividades que possam vir a ser
poluidoras. Ele deve ser composto por ações relacionadas à
prevenção da poluição e à conservação de recursos.
6. Preparação e atendimento a emergências
A organização deve estabelecer e manter mecanismos que
possam ser acionados a qualquer momento para atender a
situações de emergência e eventos não controlados. Isso
implica:
• Identificar as possíveis situações emergenciais; Por envolver um conjunto de práticas flexíveis, que podem
• Definir formas de diminuir os impactos associados; ser aplicadas em qualquer tipo de organização,
independentemente do porte e do ramo, e também por
• Prover os recursos necessários; poder ser adaptada à realidade dos diferentes países,
atualmente existem mais de 300.000 certificações ISO 14.001
• Treinar periodicamente uma brigada de em 171 países ao redor do mundo.
emergência.
A ISO 14000 é formada por um conjunto de normas que
7. Verificação e ação corretiva tratam sobre matérias específicas à gestão ambiental. Além
A verificação de ação corretiva mostra de que forma uma da 14001, já discutida, temos:
organização deve identificar, monitorar e corrigir problemas
no seu Sistema de Gerenciamento Ambiental. Esse requisito
pode ser cumprido por meio de auditorias, monitoramento e
ação corretiva e preventiva.
8. Análise crítica pela administração
ISO 14004
Dá o suporte ao Sistema de Gestão Ambiental dentro da ISO 14040
empresa, provendo orientação para a organização sobre o
estabelecimento, implantação, manutenção e melhoria de um Realiza a Análise do Ciclo de Vida do Produto (ACV) e
sistema de gestão ambiental. Esta norma não emite aborda todos os potenciais aspectos e impactos ambientais
certificação, funcionando apenas como um guia focado no ao longo de todo um ciclo de vida do produto. Ela analisa
consumo consciente de matéria-prima e sua conservação. A desde as atividades de extração e aquisição da matéria-
versão mais recente da norma saiu em fevereiro de 2018; prima, passando pela produção, utilização e reciclagem,
tratando por último da disposição final
ISO 14031
Aborda as diretrizes para a avaliação do desempenho
ambiental com o uso de indicadores. Esta norma sugere duas
categorias de indicadores que devem ser utilizados na
Avaliação de Desempenho Ambiental ADA:
1) Indicador de Condição Ambiental (ICA), que dá informações
sobre a qualidade do meio ambiente onde a empresa
industrial está localizada;
2) Indicador de Desempenho Ambiental (IDA), que dá
informações relacionadas aos esforços de gestão da
empresa que influenciam positivamente no seu desempenho
ambiental, e às operações do processo produtivo da
empresa que tenham reflexos no seu desempenho
ambiental. É caracterizada pelo alto grau de interação entre suas
quatro grandes fases:
ISO 14020
1) Definição de objetivo e escopo;
Tem como objetivo principal trazer informações que sejam
importantes para os consumidores, colocando-as nos rótulos 2) Análise de inventários;
dos produtos. No escopo desta ISO há três tipos de
rotulagem: 3) Avaliação de impactos;
4) Interpretação.
É uma metodologia quantitativa que permite identificar os
pontos críticos no ciclo de vida do produto e assim
promover melhorias nos processos produtivos.
A ISO 14020 estabelece princípios gerais, que podem ser
aplicados a todo o tipo de rotulagem e tem por objetivo Resumo
garantir a correção técnica, transparência, credibilidade e A prática de um sistema de gestão ambiental e a adequação
relevância ambiental. às normas da ISO 14001 são o início para que as empresas
Fonte: slideshare.net tenham uma função social. Buscar equilíbrio entre as
atividades produtivas e o meio ambiente, além de estimular
um crescimento econômico em consonância com o
desenvolvimento sustentável, traz para as organizações
benefícios como, por exemplo, a melhoria da imagem
institucional.
Aula 10:
Tecnologias de gestão integradas
Apresentação
Nesta aula, veremos quais são as principais características
que a empresa precisa para que possa utilizar um sistema de
gestão integrado (SGI). Serão definidos os detalhes de um
SGI e como obter uma certificação internacional desse
sistema.
Identificaremos as oportunidades que as empresas podem
aproveitar a partir da implantação de um SGI.
Posteriormente, serão definidos os itens, dentro da estrutura
de cada norma, que tornam possível a integração com as
demais normas utilizadas nas empresas, e serão investigadas
as possibilidades de risco do processo de integração dos
sistemas nas organizações.
Certificação do sistema
Objetivos
Quando uma organização realiza uma abordagem completa
• Reconhecer as características necessárias para que com o objetivo de melhorar os seus processos internos, ela
uma empresa utilize um SGI; consegue a certificação de todos os sistemas fazendo
somente uma auditoria de certificação.
• Explicar como adquirir a certificação internacional de
um SGI; Atualmente, não existe uma certificação que seja específica
para o sistema de gestão integrado, existindo três
• Identificar os itens que tornam possível a integração certificações diferentes:
com as demais normas utilizadas nas empresas.
• Qualidade;
Palavras iniciais
• Meio Ambiente;
Atualmente é possível observar a crescente conscientização
da sociedade, com o aumento das exigências relacionadas às • Saúde e Segurança do Trabalho.
questões ambientais, de segurança, de saúde e sociais. Esses
O Sistema de Gestão Integrado foi posto em prática porque
objetivos são atingidos por meio da melhoria dos resultados
é fácil fazer a integração das auditorias, reduzir os custos e
operacionais, da satisfação dos funcionários e da própria
atender às requisições dos clientes e dos investidores. Esse
sociedade com a contribuição social da empresa e o
sistema opera sob algumas certificações de grande
respeito ao meio ambiente.
importância:
Sistema de gestão integrado Objeto com interação.

Para aumentar a qualidade dos produtos ou serviços, é

necessário melhorar continuamente os sistemas de gestão.
Isso pode ser alcançado com a adoção de um sistema de
gestão integrado, que pode ser definido como uma
combinação de processos, procedimentos e práticas em
uma organização para concretizar suas políticas e atingir
seus objetivos de forma mais eficiente do que por meio de
múltiplos sistemas de gestão.
O sistema de gestão integrado tem por objetivo reunir os
processos de qualidade, gestão ambiental, segurança, saúde
ocupacional e responsabilidade social, usando sistemas
compatíveis integrados com o propósito de melhorar os
resultados obtidos pelas empresas.
Essa integração dos sistemas de gestão pode abranger os
mais diversos assuntos:
• Qualidade;
• Meio ambiente;
• Recursos humanos;
• Controle financeiro;
• Responsabilidade social etc.
ISO 9001 (Gestão da Qualidade) Propõe aprimorar os
processos envolvidos na atividade da empresa a fim de
economizar tempo, gerenciar riscos e atingir o melhor
desempenho em todas as áreas de atuação.
ISO 14001 (Gestão Ambiental) Propõe alcançar o lucro,
reduzindo ao máximo o impacto na natureza sem
comprometer a rentabilidade.
OHSAS 18001 (Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional)
Visa à adaptação do ambiente de trabalho para oferecer aos
funcionários um local favorável à produção e que não
acarrete em nenhum prejuízo a sua saúde física ou mental.
SA 8000 (Social Accountability) Atesta a abordagem ética e
responsável de uma empresa com respeito aos problemas
sociais do trabalho. Suas áreas de ação específicas são:
a. Trabalho infantil;
b. Trabalho forçado;
c. Saúde e segurança ocupacional;
d. Liberdade de associação;
e. Discriminação;
f. Medidas disciplinares;
g. Horas de trabalho;
h. Salários;
i. Sistema de gestão - assegurando conformidade com a
norma.

Ao atuar com um sistema integrado de Gestão da Qualidade

(ISO 9001), Gestão Ambiental (ISO 14001) e Gestão da
Segurança e Saúde Ocupacional (OSHAS 18001), a empresa
irá conhecer e controlar grande parte dessas variáveis, além
de ter condições de se autoalimentar com essas
informações, tornando-se mais eficiente e competitiva.
SGI - Sistema de Gestão Integrado.

Integração dos sistemas

Quando a organização obtém uma certificação do seu
sistema de gestão integrado, isso significa que foi avaliada
por uma entidade independente, reconhecida por um
organismo de acreditação, e considerada de acordo como os
requisitos das normas ISO 9001, ISO 140001, OHSAS e SA
8000.
Esse certificado tem validade de 3 anos e, depois desse
prazo, ele precisa ser renovado. O sistema é auditado
anualmente para verificar se ele continua a atender os
requisitos da norma. O certificado poderá não ser revalidado
se a organização deixar de cumprir os requisitos.
Certificação internacional
A certificação é importante porque destaca a empresa
frente a seus concorrentes e, principalmente, organiza seus
processos internos. Para alcançar o tão sonhado selo de
reconhecimento internacional é necessário atender aos
requisitos das normas que norteiam os gestores em como
gerenciar da melhor forma suas áreas de Qualidade,
Segurança e Saúde no Trabalho, Meio Ambiente, Segurança
de Alimentos e outras.
Com o desenvolvimento do sistema de gestão integrado,
aparece a necessidade da elaboração de uma norma
específica para sua certificação. A BSI (British Standards
International), entidade britânica responsável pela elaboração
de normas, desenvolveu a primeira especificação no mundo
relativa a requisitos comuns de sistemas integrados de
gestão, a PAS 99:2006, onde PAS significa Publicly Available
Specification (Especificação Disponível Publicamente).
A PAS 99:2006 provê um modelo para que as organizações
integrem em uma única estrutura todas as normas e
especificações de sistemas de gestão. A base para
integração seriam os requisitos comuns em todas as normas
que envolvem gestão, tais como:
• Política;
• Planejamento;
• Implementação e operação;
• Avaliação de desempenho;
• Melhoria;
• Análise crítica pela direção.
Esse modelo mostra como os requisitos existentes em
normas/especificações são comuns e podem ser
praticamente colocados em um único sistema de gestão,
enfatizando que cada norma possui os seus requisitos
específicos, sendo que aqueles que são comuns a todos
servem de base para a integração.
A PAS 99:2006 oferece um modelo integrado de gestão
comum a estrutura unificada, transparente e consistente,
podendo, com sua implementação, trazer grandes benefícios
à empresa, tais como:
• Maior foco no negócio;
• Redução de custos e da burocracia;
• Economia de tempo;
• Comunicação interna e externa melhorada;
• Abordagem mais abrangente para a gestão de
riscos do negócio;
• Menos conflitos entre os vários sistemas de gestão
da organização;
 • Auditorias mais eficazes e eficientes - minimização
do número de auditorias requeridas e maximização
do número das pessoas envolvidas;
• Maior envolvimento e cooperação dos funcionários.
Na hipótese de que os vários requisitos de sistemas de
gestão consigam ser organizados de forma que os principais
requisitos sejam cobertos de maneira comum, torna-se
possível integrar os sistemas na intensidade que for mais
apropriada para a empresa e minimizar, simultaneamente, as
duplicações.
O fato de a empresa apresentar conformidade com a PAS
99 não a garante conformidade com as outras normas de
sistemas de gestão existentes, pois os requisitos que sejam
específicos de cada norma ainda terão que ser cumpridos
para que a certificação seja obtida. Logo, é possível dizer
que a certificação com a PAS 99:2006, por si só, não é
satisfatória, já que ela tem como objetivo ajudar as
organizações a se favorecerem com a estabilização dos
requisitos comuns em todas as normas e com a gestão
eficaz desses requisitos.
O ISO Guide 72:2001, que é um guia para elaboradores de
normas, foi o modelo utilizado para estruturar a PAS 99. Ele
possui seis requisitos principais, que estão presentes em
todas as normas de sistema de gestão e classificados nos
seguintes temas:
• Política;
• Planejamento;
• Implementação e operação;
• Avaliação de desempenho;
• Melhoria;
• Análise crítica pela direção.
Esses seis requisitos têm que ser observados em conjunto
com a abordagem PDCA que todos os sistemas de gestão
seguem.
A PAS 99:2006 pode ser aplicada a todo sistema de gestão,
seja ele objeto de uma norma de sistema de gestão formal
ou de uma menos formal que faça parte do sistema de
gestão global da organização.
A integração deve ter seu planejamento e implementação
de maneira estruturada, objetivando a melhoria da
organização e não ser aplicada em função de exigências da
sociedade ou dos clientes.
O Sistema Integrado de Gestão deve ser feito objetivando
simplificar o processo, concedendo à empresa uma estrutura
unificada, transparente e robusta. Essa simplificação pode ser
feita com a aplicação da PAS 99:2006, pois ela atinge esse
objetivo.
Governança corporativa
Não podemos deixar de citar a governança corporativa, que
é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas e
monitoradas por meio de um conjunto de processos,
costumes, leis e regulamentos. Essa expressão inclui também
o relacionamento entre os vários atores sociais envolvidos,
tais como:
• Acionistas/cotistas;
• A alta administração e o conselho;
• Colaboradores;
• Fornecedores;
• Clientes;
• Bancos;
• Instituições reguladoras;
• A comunidade em geral.
As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade
de preservar e aumentar o valor da organização, facilitar seu
acesso ao capital e contribuir para a sua longevidade. A boa
governança fundamenta-se na adoção de quatro princípios
básicos:
• Transparência;
• Equidade;
• Prestação de contas;
• Responsabilidade corporativa.
Como forma de materializar o princípio de transparência, a
organização deve formalizar uma política de divulgação de
informações. Essa política deve contemplar a divulgação de
informações além das exigidas por lei ou regulamento
porque a boa comunicação interna e externa resulta em um
clima de confiança, tanto internamente quanto nas relações
da empresa com terceiros.
A comunicação não deve restringir-se ao desempenho
econômico e financeiro, mas contemplar também os demais
fatores que guiam a ação empresarial e conduzem à criação
de valor. A premissa é que a divulgação seja completa,
objetiva, tempestiva e igualitária. É recomendável que a
organização disponibilize ao mercado seu relatório anual,
incluindo as demonstrações financeiras e os relatórios
socioambientais, de preferência, auditados.