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E-BOOK

AVALIAÇÃO DE RISCO E
IMPACTOS AMBIENTAIS
Introdução à Avaliação de Impactos
Ambientais - Histórico

APRESENTAÇÃO

A espécie humana tem uma alta capacidade de promover alterações ambientais. A promoção de
impactos ambientais compreende um processo histórico inerente à evolução (ou involução)
humana. Portanto, foi necessário promover, ao longo dos últimos anos, a criação de processos
capazes de identificar e de avaliar a sua magnitude.

Nesta Unidade de Aprendizagem, serão abordados os impactos ambientais, com o objetivo de se


conhecer os principais eventos históricos que conduziram a avaliação de impactos ao seu status
atual.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os principais elementos históricos relacionados à Avaliação de Impactos


Ambientais.
• Reconhecer a importância da avaliação de impactos ambientais para a promoção da
sustentabilidade.
• Correlacionar a influência dos grandes desastres ambientais com a evolução das
metodologias adotadas em processos de Avaliação de Impactos Ambientais.

DESAFIO

Imagine que atualmente você ocupa o cargo de gestor ambiental de uma grande empresa,
a qual atua no ramo de produção e transporte de derivados de petróleo.

Essa empresa tem planos de ampliar a capacidade produtiva ao longo dos próximos dois anos.
Para isso, será necessário ampliar uma planta industrial localizada no município fictício de
Verdenópolis.
Devido ao seu perfil proativo, você inicia um levantamento de acidentes ambientais mundiais
que ocorreram nos últimos anos, a fim de se familiarizar com o tema e de compreender os
impactos gerados por estes eventos. A partir desse levantamento, você consegue gerar um banco
de dados relacionado aos acidentes ambientais e aos seus respectivos impactos.

Elabore uma planilha que apresente acidentes ambientais (no mínimo cinco), o país de
ocorrência, o ano e seus respectivos impactos ambientais (no mínimo três impactos para cada
acidente).

INFOGRÁFICO

O infográfico a seguir apresenta-se como um mapa conceitual, demonstrando os principais


pontos relacionados ao histórico da Avaliação de Impactos Ambientais.

CONTEÚDO DO LIVRO

O item "Preocupações com as questões ambientais" do livro Ambiente: tecnologias permite


uma interessante contextualização dos eventos históricos que promoveram o amadurecimento e
a institucionalização da Avaliação de Impactos Ambientais.

Boa leitura!
TE
I E N
M B AS
AECNOLO G I
E N K EDORA
T B E L A GANIZA
CI SCHW OR
A492 Ambiente [recurso eletrônico] : tecnologias / Organizadora,
Cibele Schwanke. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
Bookman, 2013.

Editado também como livro impresso em 2013.


ISBN 978-85-8260-012-2

1. Meio ambiente. 2. Conservação e proteção.


I. Schwanke, Cibele.

CDU 502.1

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB10/2052


Simone Caterina Kapusta
Nelson Augusto Flores Machado
Maria Teresa Raya-Rodriguez

capítulo 8

Avaliação de impacto
ambiental

As questões ambientais são uma constante em nosso dia a dia. Episódios de


secas e enchentes relacionados a eventos climáticos extremos, bem como suas
implicações no ambiente e na população, são noticiados com frequência pelos
meios de comunicação. Da mesma forma, assuntos relativos à qualidade da água,
destinação de resíduos, minimização de impactos também são abordados cada
vez mais pela sociedade e seus atores sociais.
Mas afinal, qual a definição de impacto ambiental? Qual a relação entre as
atividades antrópicas e os impactos ambientais? Qual o papel da sociedade
nesse processo de avaliação ambiental?
Este capítulo aborda os principais conceitos associados à avaliação ambiental,
aos seus métodos e exigências legais, relacionando-os com a
futura prática do profissional em meio
ambiente.

OBJETIVOS
Após o estudo deste capítulo, você deverá ser capaz de:

Explicar como foi instituída a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).

Identificar as etapas do processo da AIA.

Destacar as características do Estudo de Impacto Ambiental e do


Relatório de Impacto Ambiental.

Relacionar as atividades que precisam apresentar o EIA/RIMA para a


solicitação do licenciamento.

Caracterizar os métodos utilizados para avaliar os impactos


ambientais.

Utilizar indicadores para o diagnóstico e/ou monitoramento.


Preocupações com as
questões ambientais
Você ficaria surpreso se soubesse que as primeiras leis relacionadas à poluição do
ar datam do século XIII? De uma maneira geral, ao longo dos anos, as discussões
e, principalmente, as decisões em relação aos problemas ambientais ocorriam
quando estes eram sentidos pela população, quer dizer, o problema gerava uma
resposta dos governantes, sendo os impactos de abrangência local e relacionados
com as atividades desenvolvidas em uma determinada área.

Foi a partir da Revolução Industrial que os problemas ambientais começaram a


adquirir maior proporção, visto que as atividades industriais começaram a gerar
produtos em quantidade e com características diferentes das encontradas no
meio ambiente.

Estabelecido o processo da industrialização, no século XIX, a sociedade, em especial


o mundo capitalista, passou a explorar cada vez mais os recursos naturais existentes,
produzindo os mais variados bens de consumo. Esses recursos naturais, insumos,
eram considerados inesgotáveis e a capacidade do meio de absorver os resíduos,
gerados por essa produção, não era foco de atenção. Os empreendedores se preocu-
pavam predominantemente com a viabilidade técnica e econômica de suas ideias.

A implementação de grandes projetos, principalmente a partir da década de 1960,


bem como a repercussão ambiental negativa decorrente de suas atividades, tais
como derrames de petróleo, modificações da paisagem, entre outros, motivaram a
criação de movimentos ambientalistas (TOMMASI, 1994). A publicação do livro Prima-
vera silenciosa, de Carson (1962), também alertou a sociedade sobre as consequências
das ações humanas sobre a natureza, considerando a biomagnificação do DDT.

A pressão dos grupos ambientalistas e a crescente conscientização social de que a


viabilidade técnica e econômica dos projetos não deveriam ser os únicos critérios a
serem considerados para as tomadas de decisões, levou à criação, nos EUA, da lei da
política nacional do meio ambiente, a National Environmental Policy Act (NEPA) apro-
vada em 1969 e que entrou em vigor em 01 de janeiro de 1970 (TOMMASI, 1994).

Com essa legislação, os aspectos sociais, culturais e ambientais também deveriam


Ambiente: tecnologias

ser considerados para a tomada de certas decisões do governo federal em relação


a projetos que pudessem acarretar modificações ambientais significativas, tornan-
do obrigatória a realização da avaliação de impacto ambiental.

De acordo com Absy (1995), diferentemente dos países desenvolvidos, que im-
plantaram a AIA em resposta às pressões sociais e ao avanço da consciência am-
bientalista, no Brasil ela foi adotada, principalmente, por exigência dos organis-

146
mos multilaterais de financiamento, Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID) e Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).

PENSAMENTO CRÍTICO
Leia o livro Primavera silenciosa, de Rachel Carson (1962), e reflita sobre as ações do homem sobre a na-
tureza, considerando a demanda por produtos e serviços.

Política Nacional do Meio Ambiente


A política nacional do meio ambiente, estabelecida no Brasil pela Lei Federal nº
6.938, de 31 de agosto de 1981 (BRASIL, 1981), e regulamentada pelo Decreto nº
99.274/1990 (BRASIL, 1990c), é de suma importância, pois tem o objetivo de pre-
servar, melhorar e recuperar a qualidade ambiental propícia à vida, visando a as-
segurar, no país, condições para o desenvolvimento socioeconômico, os interesses
da segurança nacional e a proteção da dignidade da vida humana.

Como princípios da política, pode-se destacar a racionalização do uso dos com-


partimentos ambientais, o planejamento e a fiscalização do uso dos recursos am-
bientais, a proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas,
o controle e o zoneamento das atividades potenciais ou efetivamente poluidoras,
entre outros (artigo 2º da Lei nº 6.938/1981).

Com o intuito de atender seus objetivos, o zoneamento ambiental, a avaliação de


impactos ambientais (AIA) e o licenciamento ambiental são alguns dos instrumen-
tos previstos pela Política.

A Lei nº 6.938/1981 (BRASIL, 1981) destaca, em seu artigo 10, que a construção, a
instalação, a ampliação e o funcionamento de estabelecimentos e atividades utili-
zadoras de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes NO SITE
de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental. Acesse o ambiente virtual
de aprendizagem: www.
O licenciamento ambiental, previsto pelo Decreto nº 99.274/1990 (BRASIL, 1990c) e bookman.com.br/tekne,
o
regulamentado pela Resolução CONAMA nº 237/1997 (BRASIL, 1997), é um proce- e leia na íntegra a Lei n
dimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a locali- 6.938/1981.
zação, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utiliza-
doras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras
ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, consi-
derando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao
caso (artigo 1º da Resolução). Os empreendimentos e as atividades sujeitas ao licen-
ciamento ambiental encontram-se relacionados no Anexo 1 da referida Resolução.

147
PARA
PARA SABER
SAB MAIS
Verifique as atividades sujeitas ao licenciamento ambiental, consultando o Anexo 1 da Resolução CONA-
o
MA n 237/1997.

O licenciamento ambiental é composto principalmente por três licenças: Licença


Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO), sendo suas ca-
racterísticas apresentadas no Quadro 8.1.

Quadro 8.1 Características das licenças ambientais


Licença Solicitada na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade,
Prévia aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental.
(LP) Necessária para a implantação, alteração ou ampliação do empreendimento.
Estabelece os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas fases de instalação
e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo.
É indispensável para solicitar financiamentos e incentivos fiscais.
Aprova a viabilidade ambiental do empreendimento, mas não autoriza o início das obras.
Tem prazo de validade não superior a cinco anos.
Estabelece as condições para o empreendedor prosseguir com a elaboração do projeto.
Licença Autoriza a instalação do empreendimento ou da atividade de acordo com as
Instalação especificações constantes nos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as
(LI) medidas de controle ambiental e demais condicionantes.
Autoriza o início da obra/empreendimento.
É concedida após a análise e a aprovação do projeto executivo e outras condições da LP.
Tem prazo de validade de até seis anos.
Licença Autoriza a operação da atividade ou do empreendimento, após verificação do efetivo
Operação cumprimento do que consta nas licenças anteriores, com as medidas de controle
(LO) ambiental e condicionantes determinados para a operação.
É concedida após vistoria e confirmação do funcionamento dos sistemas de controle
ambiental, especificados nas fases anteriores do licenciamento (LP e LI).
Ambiente: tecnologias

Autoriza o início do funcionamento do empreendimento.


Tem prazo de validade de no mínimo 4 a no máximo 10 anos, devendo levar em
consideração os planos de controle ambiental.
Deve ser renovada.
Fonte: Kapusta e Raya-Rodriguez (2009).

148
Os empreendimentos e as atividades consideradas efetiva ou potencialmente
causadoras de significativa degradação do meio, quando da solicitação da licença
prévia, deverão apresentar o estudo de impacto ambiental (EIA) e o relatório de
impacto sobre o meio ambiente (RIMA).

Processo de avaliação de impacto


ambiental
Como visto anteriormente, a avaliação de impacto ambiental (AIA) é um dos ins- NO SITE
trumentos da política nacional do meio ambiente, sendo de significativa impor- Leia o artigo de Rocha,
tância para a gestão institucional de planos, programas e projetos em nível fede- Canto e Pereira (2005)
ral, estadual e municipal (ABSY, 1995). sobre a avaliação de
Como instrumentos legais para a implementação da AIA, pode-se citar o estudo impacto ambiental no
de impacto ambiental (EIA), o relatório de impacto ambiental (RIMA), bem como Mercosul, disponível
outros documentos técnicos, sejam eles o plano de controle ambiental (PCA), o re- no ambiente virtual de
latório de controle ambiental (RCA) e o plano de recuperação de áreas degradadas aprendizagem.
(PRAD), necessários ao licenciamento ambiental (ABSY, 1995).

Definição de impacto ambiental


De uma maneira geral, as definições de impacto ambiental relacionam a altera-
ção do meio ambiente decorrente de uma atividade ou ação antropogênica, como
pode ser verifcado em Lima (2003), Santos (2007) e Sánchez (2008). De acordo
com a Resolução CONAMA nº 1/1986 (BRASIL, 1986a), impacto ambiental é qual-
quer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades hu-
manas que afetam direta e indiretamente a saúde, a segurança e o bem-estar da
população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais.

De acordo com a Resolução CONAMA nº 1/1986 (BRASIL, 1986a), em seu artigo


NO SITE
6º, os estudos de impacto ambiental devem efetuar a avaliação dos impactos am-
Leia na íntegra a
bientais do projeto e de suas alternativas, por meio de identificação, previsão da
Resolução CONAMA
magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, dis-
nº 1/1986, disponível
criminando os impactos:
no ambiente virtual
• positivos e negativos (benéficos e adversos); de aprendizagem.

• diretos e indiretos;

• imediatos, em médio e longo prazo;

• temporários e permanentes;

• grau de reversibilidade.

149
Devem ser consideradas ainda, as propriedades cumulativas e sinérgicas dos im-
pactos; a distribuição dos ônus e benefícios sociais, bem como apresentadas as
medidas mitigadoras dos impactos negativos.

Esse levantamento dos impactos é necessário e importante para avaliar a viabili-


dade ambiental do projeto, bem como medidas a serem implementadas de ma-
neira a causar o menor impacto adverso possível.

Análise de impacto ambiental


O processo de análise de impacto ambiental (AIA) pode ser dividido em três eta-
pas, cada qual com diferentes atividades. São elas: etapa inicial, análise detalhada
e etapa pós-aprovação, caso a tomada de decisão seja favorável (SÁNCHEZ, 2008).
De acordo com o autor, na etapa inicial verifica-se a necessidade ou não de uma
avaliação detalhada dos impactos ambientais de uma futura ação e, em caso posi-
tivo, deve-se definir o alcance e a profundidade dos estudos necessários.

A análise detalhada é aplicada somente nos casos de atividades que tenham o po-
tencial de causar impactos significativos, neste caso, deve-se efetuar o estudo de
impacto ambiental da atividade, com o respectivo relatório de impacto ambiental.
Caso o empreendimento seja implantado, ocorre o monitoramento dos impactos
causados pela atividade, bem como a aplicação das medidas de gestão ambiental.

Estudo de impacto ambiental (EIA) e o Relatório de impacto


ambiental (RIMA)
A elaboração do estudo de impacto ambiental (EIA) e o relatório de impacto am-
biental (RIMA) são exigências para o licenciamento de diversas atividades conside-
radas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio
(Resolução CONAMA nº 1/1986). Sua obrigatoriedade foi fixada pela Constituição
Federal de 1988, artigo 225, inciso IV (BRASIL, 1988).

Conforme consta nas Resoluções CONAMA nº 1/1986 e nº 11/1986 (BRASIL, 1986a,


1986b), nº 6/1987 (BRASIL, 1987), nº 9/1990 e nº 10/1990 (BRASIL, 1990a, 1990b),
as atividades que devem apresentar o EIA/RIMA, quando na solicitação da licença
prévia, são:

1. Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento.

2. Ferrovias.

3. Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos.


Ambiente: tecnologias

4. Aeroportos.

5. Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgo-


tos sanitários.

6. Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 KV.

150
7. Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem
para fins hidrelétricos, acima de 10 MW, de saneamento ou de irrigação, aber-
tura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos
d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques.

8. Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão).

9. Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração.

10. Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos.

11. Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia pri-
mária, acima de 10 MW.

12. Complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos,


cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos).

13. Distritos industriais e zonas estritamente industriais (ZEI).

14. Exploração econômica de madeira ou lenha em áreas acima de 100 hectares


ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de
importância do ponto de vista ambiental.

15. Projetos urbanísticos em áreas acima de 100 ha ou em áreas consideradas de


relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos estaduais ou
municipais. Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou pro-
dutos similares, em quantidade superior a 10 toneladas por dia.

16. Projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha ou menores,


quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de impor-
tância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental.

17. Empreendimento potencialmente lesivo ao patrimônio espeleológico nacional.


Avaliação de impacto ambiental
O órgão ambiental pode solicitar o EIA/RIMA de outros ramos, quando julgar ne-
cessário.

O EIA/RIMA é baseado no termo de referência e deve ser realizado por profissio-


nais legalmente habilitados, a custa do empreendedor. O empreendedor e os pro-
fissionais que subscrevem os estudos serão responsáveis pelas informações apre-
sentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais, conforme artigo
11 da Resolução CONAMA nº 237/1997 (BRASIL, 1997).

De acordo com Absy (1995), o termo de referência estabelece as diretrizes orien-


tadoras, o conteúdo e a abrangência do estudo exigido do empreendedor, sendo
elaborado pelo órgão de meio ambiente a partir das informações prestadas pelo
capítulo 8

empreendedor na fase de pedido de licenciamento ambiental. Em alguns casos, o


órgão de meio ambiente solicita que o empreendedor elabore o termo de referên-
cia, reservando-se apenas o papel de julgá-lo e aprová-lo.

151
Os custos e as despesas referentes ao EIA/RIMA, tais como: coleta e aquisição dos
dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, es-
DICA tudos técnicos e científicos, bem como acompanhamento e monitoramento dos
Acesse o site do IBAMA, impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos cinco cópias, corre-
selecione um EIA/RIMA rão por conta do proponente do projeto (Resolução CONAMA nº 1/1986, artigo 8º).
para consulta e verifique o
Os conteúdos mínimos que devem ser apresentados no estudo de impacto am-
conteúdo do documento e os
biental, conforme a Resolução CONAMA nº 1/1986 (BRASIL, 1986a), podem ser
tópicos estudados.
observados no Quadro 8.2.

Conforme consta na Resolução, o relatório de impacto ambiental (RIMA) deve re-


fletir as conclusões do estudo de impacto ambiental, devendo ser elaborado em
linguagem acessível, ilustrado e de fácil compreensão para que a sociedade en-
tenda vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências
ambientais de sua implementação. O RIMA deverá conter, no mínimo: os objetivos
e justificativas do projeto; a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas
e locacionais; a síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da
área de influência do projeto; a descrição dos prováveis impactos ambientais da
NO SITE implantação e operação da atividade; a caracterização da qualidade ambiental fu-
Acesse o ambiente virtual tura da área de influência; a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras
de aprendizagem e leia previstas em relação aos impactos negativos; o programa de acompanhamento e
a Resolução CONAMA monitoramento dos impactos; recomendação quanto à alternativa mais favorável
nº 9/1987, que regula a (conclusões e comentários de ordem geral).
audiência pública.
O EIA e o RIMA devem ser submetidos à análise técnica pelo órgão competente
municipal, estadual ou federal (BRASIL, 1986a), conforme verificado no processo
de avaliação ambiental.

Sempre que julgar necessário, o órgão de Meio Ambiente promoverá a realização


de audiência pública ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério
Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos (BRASIL, 1987).

O objetivo da audiência pública é o de apresentar o projeto proposto e os impac-


tos ambientais associados, discutir e dirimir dúvidas em relação ao RIMA, bem
como fornecer subsídios para a análise e o parecer final do órgão licenciador sobre
o empreendimento proposto. Após esse procedimento, o empreendimento pode
ou não ser aprovado pelo órgão ambiental.

DICA
Utilização dos métodos de avaliação
Acompanhe no site do órgão ambiental
ambiental do seu estado,
as datas das audiências Como visto anteriormente, a avaliação dos impactos ambientais decorrentes do
públicas e participe! projeto e de suas alternativas é uma exigência legal. Para auxiliar nessa avaliação,
existem diversos métodos para comparar, organizar e analisar informações sobre
impactos ambientais de uma proposta, incluindo os meios de apresentação escri-
ta e visual dessas informações (BASTOS; ALMEIDA, 2007).

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Quadro 8.2 Conteúdo mínimo a ser apresentado no estudo de impacto ambiental
Informações gerais do empreendedor: identificação, localização, entre outros.
Caracterização do empreendimento: objetivos, porte, etapas de implantação, entre outros.
Área de influência do empreendimento:
• área de impacto direto;
• área de influência direta;
• área de influência indireta;
Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto
Completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo
a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando:
a) Meio físico: o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia,
os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as
correntes atmosféricas.
b) Meio biológico e os ecossistemas naturais: a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras
da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as
áreas de preservação permanente.
c) Meio socioeconômico: o uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando
os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de
dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura
desses recursos.
Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas:
Por meio de identificação, previsão da • os impactos positivos e negativos
magnitude e interpretação da importância dos (benéficos e adversos);
prováveis impactos relevantes, discriminando: • diretos e indiretos;

Avaliação de impacto ambiental


• imediatos e a médio e longo prazo;
• temporários e permanentes;
• seu grau de reversibilidade;
• suas propriedades cumulativas e sinérgicas;
• a distribuição dos ônus e benefícios sociais.
Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos: entre elas os equipamentos de
controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.
Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e
negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.
Fonte: Brasil (1986a).
capítulo 8

153
De acordo com os autores, ainda não existe uma metodologia completa e ideal que
atenda a todos os diferentes EIAs e suas respectivas fases. Além de atender aos requi-
sitos e às normas legais, a seleção da metodologia dependerá de diversos fatores, tais
como o tempo para o desenvolvimento do estudo, dos recursos financeiros disponí-
veis, da existência de informações ou dados existentes, da adaptação/adequação do
método às condições específicas de cada atividade e área de estudo analisada.

Como principais métodos de avaliação de impacto ambiental, pode-se citar o ad


hoc (grupo multidisciplinar); listagens (check list); matrizes de interação (matriz de
Leopold); redes de interação (networks); superposição de cartas (overlays); modelos
de simulação; projeção de cenários; análise custo-benefício; análise multiobjetivo.

PARA
PARA SABER
SAB MAIS
Leia o artigo Uso das metodologias de avaliação de impacto ambiental em estudos realizados no Ceará, de
Oliveira e Moura (2009), disponível no ambiente virtual de aprendizagem.

Algumas das características dos métodos podem ser observadas no Quadro 8.3.

Quadro 8.3 Principais métodos de avaliação de impacto ambiental e suas


características
Método Características
Método ad 1) Reúne uma equipe multidisciplinar de especialistas no assunto e/ou na área
hoc (grupo em questão, que desenvolve a avaliação de forma simples, objetiva e dissertativa.
multidisciplinar) 2) É utilizado em casos com escassez de dados, fornecendo orientação para
outras avaliações.
Método das 1) Trata-se de um dos métodos mais utilizados em AIA, na etapa inicial.
listagens 2) É adequado somente para avaliações preliminares.
(check list)
3) Identifica e enumera os impactos, a partir do diagnóstico ambiental feito por
especialistas dos meios físico, biótico e socioeconômico.
4) Relaciona-se os impactos decorrentes das fases de implantação e operação do
Ambiente: tecnologias

empreendimento, categorizando-os em positivos ou negativos, conforme o tipo


da modificação antrópica a ser introduzida no sistema analisado.
5) Existem diversas listas padronizadas por tipo de projetos (projetos hídricos,
autoestradas, etc.), além de listas computadorizadas. Mais conhecida é a de
Battelle Columbus.
(continua)

154
Quadro 8.3 Principais métodos de avaliação de impacto ambiental e suas
características (Continuação)
Método Características
Método das 1) Consiste em uma análise bidimensional, organizada em um quadro onde são
matrizes de listados horizontal e verticalmente os fatores ambientais e as ações de projeto.
interação (matriz Métodos basicamente de identificação.
de Leopold) 2) Tem maior destaque a matriz de Leopold (1971), que completa considera 100
ações que podem causar impactos e 88 características e condições ambientais.
Método das 1) Procura estabelecer a sequência de impactos ambientais a partir de uma
redes de determinada intervenção, utilizando método gráfico.
interação 2) Utiliza diagramas, gráficos ou fluxogramas, mostrando a cadeia de
(networks) modificações que ocorrem, ou seja, os impactos diretos e indiretos que podem
resultar de um empreendimento. Abrange efeitos secundários e terciários.
3) Tem maior destaque Sorensen (1974).
Método da 1) Confecciona cartas temáticas relativas aos fatores ambientais potencialmente
superposição de afetados, tais como: embasamento geológico, tipo de solo, declividades.
cartas (overlays) 2) Faz a superposição das imagens segundo conceito de fragilidade (cartas de
restrição) e potencial de uso (cartas de aptidão).
3) É bastante utilizado na escolha de traçado de projetos lineares: rodovias, dutos,
linhas de transmissão e em diagnósticos ambientais.
Método dos 1) Trabalha com modelos matemáticos.
modelos de 2) É estruturado com base na definição dos objetivos, escolha de variáveis e
simulação estabelecimento de suas inter-relações, discussão e interpretação dos resultados.
3) Simula várias alternativas do projeto.

Avaliação de impacto ambiental


4) Pode ser necessário utilizar alguns dos modelos de ponderação já
apresentados para a comparação e a ordenação das alternativas.
Método de 1) Proporciona uma análise de situações ambientais prováveis em termos
projeção de de evolução de um ambiente (cada situação corresponde a um cenário) e/
cenários ou de situações hipotéticas, referentes a situações diferenciadas geradas por
proposição de alternativas de projetos e programas.
Método 1) Computa custos e benefícios de um projeto ou de suas alternativas, visando
da análise compará-los e ordená-los por meio da relação custo-benefício ou do benefício
benefício-custo líquido.
(continua)
capítulo 8

155
Quadro 8.3 Principais métodos de avaliação de impacto ambiental e suas
características (Continuação)
Método Características
Método 1) É estruturado, em geral, na forma de uma hierarquia:
da análise • Meta: intenção ou objetivo muito genérico e que pode ser atendido por
multiobjetivo objetivos mais específicos que são quantificados por atributos.
• Objetivos: refletem as aspirações do decisor em relação ao atendimento de uma
determinada meta. Pode ser alcançado pela sua maximização ou minimização.
• Atributos: permitem avaliar como um determinado objetivo está sendo
alcançado. Aspecto mensurável (reais, metros ou ordinal – alto, médio, baixo).
Fonte: Braga et al. (2005), Oliveira e Moura (2009), Sánchez (2008), Santos (2007) e Tommasi (1994).

Agora é a sua vez!


Considerando o EIA/RIMA consultado no site do IBAMA, verifique o método utilizado para a avaliação do
impacto, utilizado pela equipe técnica responsável pelo estudo.

Utilização de indicadores para o


diagnóstico e/ou monitoramento
O diagnóstico e o monitoramento ambiental são de fundamental importância no
processo de avaliação ambiental, tanto para verificar a adesão às normas regula-
Ambiente: tecnologias

doras como para apoiar o sistema de gestão. A utilização de indicadores assegu-


ra que um processo de avaliação aborde as principais variáveis associadas com
a degradação ou com os impactos ambientais significativos. Também melhora a
comunicação entre os atores envolvidos.

156
Indicadores são bits de informação que resumem as características de um sistema,
ou o que está acontecendo no mesmo, simplificando fenômenos complexos.

É importante destacar que os indicadores, se bem selecionados, indicam diversas


tendências, porém não revelam toda a verdade. Um indicador é, portanto, rara-
mente “perfeito” no sentido de revelar todas as informações necessárias para as
decisões a serem tomadas. Em vez disso, fornece sinais para futuras investigações.

No contexto de um projeto, os indicadores ambientais são usados como uma fer-


ramenta de gestão para prever alterações ambientais, mitigar ou promover as al-
terações, bem como acompanhar o desenvolvimento, a fim de gerir o projeto de
maneira ideal frente à perspectiva ambiental.

O “método” para identificar e desenvolver indicadores é, portanto, o mais impor-


tante no contexto. Nesse estudo não foram incluídos exemplos de indicadores, no
entanto, serão fornecidas algumas ideias sobre os indicadores relevantes.

Os indicadores selecionados devem ser de fácil compreensão e utilização por


todas as partes envolvidas. Para essa seleção é importante a consulta aos atores
locais, o que também representa uma oportunidade para levantamento de estu-
dos já existentes relacionados com outros projetos ou atividades, e para discutir
a divisão de responsabilidades. Ainda, os atores locais devem ser continuamente
informados e envolvidos nesse processo.

Por exemplo, a avaliação do estado ambiental de uma determinada bacia hidro-


gráfica envolve os diferentes usos e não somente a atividade que está requerendo
o licenciamento. No mercado de trabalho, essa avaliação deveria ser de responsa-
bilidade de instituições oficiais e não de um determinado empreendimento.

Contudo, na prática, o que acontece é que uma empresa, que apresenta um EIA/
RIMA, muitas vezes precisa avaliar a bacia de uma maneira sistêmica, pois ciclos,
processos, serviços ambientais estão interligados. Quando a atividade está em
funcionamento por vários anos, com passivo ambiental associado, deve-se ana- Avaliação de impacto ambiental
lisar os diversos usos da bacia, sob pena do estado do ambiente encontrado, ser
creditado nas responsabilidades exclusivamente daquela atividade, uma vez que
as demais não foram estudadas.

Uma avaliação completa dos links causais, isto é, a identificação das relações de
causa e efeito das atividades, na área de influência do estudo, é um importante
passo na identificação de indicadores.

Na análise das relações de causa e efeito, um aspecto ambiental pode ser dividido
em cinco elementos diferentes (Figura 8.1):
capítulo 8

157
FORÇA MOTRIZ PRESSÃO
Tendências ambiental- Atividades antropogênicas
mente relacionadas, afetando diretamente o
por exemplo, pressão meio, por exemplo, a
populacional alteração de habitat.

RESPOSTA ESTADO
A sociedade estabelece a Mudanças observáveis no
proteção de áreas ambiente, por exemplo,
consideradas importantes a ameaça ou extinção de
processos ecológicos para uma parte do total de
solucionar o problema. espécies.

IMPACTO

Efeitos de uma mudança Figura 8.1 Modelo Força Motriz-Pressão-


no ambiente, por exemplo,
aumento da ameaça ou Estado-Impacto-Resposta.
extinção de espécies Fonte: Organisation for Economic Co-operation and Deve-
lopment (1999).

1. Tendência subjacente, que está dirigindo o problema ambiental (força motriz).

2. Tendência subjacente que provoca uma mudança de comportamento, o que


coloca uma pressão sobre o ambiente (pressão).

3. Pressão da mudança comportamental que resulta em um estado de ambiente


transformado (estado).

4. Mudanças no estado do ambiente que resultam em impactos e degradação


sobre o meio ambiente e pessoas (impacto).

5. A parte final do aspecto ambiental de uma avaliação, é a resposta das pes-


soas, da sociedade. Essa resposta pode atingir qualquer uma das partes cita-
das, mas é, preferencialmente com vista para a tendência subjacente, ou pelo
menos as pressões que essas tendências causam (a resposta). Essas respostas
surgem por meio de leis, programas, políticas privadas ou públicas ou até
mesmo por meio do princípio da precaução.

É importante lembrar, no entanto, que muitas ligações causais já foram estabe-


Ambiente: tecnologias

lecidas por meio de pesquisa e experiências anteriores (p. ex., a ligação entre
agricultura intensiva e o potencial de erosão do solo que tem sido observado em
numerosas ocasiões).

158
Escolha dos indicadores
Deve-se estabelecer um conjunto limitado de indicadores, visando a facilitar a in-
terpretação dos resultados. Deve-se levar em consideração que muitos indicado-
res estão correlacionados, portanto, a escolha de bons indicadores é mais eficaz do
que um grande número de indicadores.

O principal objetivo dos indicadores ambientais selecionados é permitir o acom-


panhamento dos impactos ambientais diretos e indiretos. É importante lembrar
que esses impactos podem ser tanto negativos como positivos. No entanto, a
identificação e/ou o monitoramento (e controle) dos impactos ambientais adver-
sos é de extrema relevância, pois estes podem afetar negativamente o bem-estar
das pessoas e os meios de subsistência e, no pior dos casos, há o risco de esses
impactos se tornarem irreversíveis.

Nesse sentido, as relações de causa e efeito, são, portanto, instrumentos vitais para
definir os impactos e assim orientar e subsidiar a seleção dos indicadores.

Enquanto as relações de causa e efeito são estabelecidas, é possível selecionar


indicadores de pressão para monitorar a causa do impacto, ou da degradação,
ou um indicador de impacto para monitorar o efeito real. Um exemplo disso é o
indicador “mudança de uso da terra”, que é um indicador de uma pressão sobre
o sistema natural. Essa pressão pode resultar em vários impactos diferentes, tais
como erosão do solo, perda da biodiversidade, migração, entre outros.

Ao observarem-se alterações no uso do solo, pode-se, portanto, obter um primeiro


sinal (ou indicação) de uma mudança que deve ser monitorada e mitigada.

Os indicadores devem ser relevantes ao longo de todo o ciclo de vida da atividade


estudada, isto é, busca-se a rastreabilidade, permitindo, dessa forma, o acompa-
nhamento, em qualquer tempo, das degradações e dos impactos projetados.

O monitoramento é, portanto, intimamente ligado aos elementos da atividade e


de seu desenvolvimento. Esses elementos e as medidas de monitoração associa-
das são ilustrados na Figura 8.2.

PARA SABER MAIS


Para aprofundar seu conhecimento, recomenda-se a leitura dos livros Avaliação de impacto ambiental, de
Sánchez (2008) e Planejamento ambiental: teoria e prática, de Santos (2007).

159
Estabelecer valores de Monitorar Estado
referência a serem usados: do Meio durante
• na área ambiental de influências; a implementação
• para comparações com • Efeitos adversos
atividades futuras. mitigados.
• Se os impactos
positivos são
Estudos de Estudos de
menores do que
pré-viabilidade viabilidade
o previsto, imple-
mentar ações.
Ideias Implementação
de atividade
Problemas: ou atividade já
necessidade implementada com
de avaliar passivo ambiental
Atividade finalizada
Trazendo de volta
conhecimentos e
experiência Monitorar Estado
Avaliação da atividade do Meio durante
e operação a implementação
• Efeitos adversos Figura 8.2 Monitoramento dos
mitigados. impactos ou degradação ambientais
• Se os impactos
positivos são de um projeto ou de uma atividade,
menores do que visando a avaliação ambiental.
o previsto, imple- Fonte: Organisation for Economic Co-opera-
mentar ações. tion and Development (1999).

Os indicadores não precisam ser necessariamente quantitativos, sendo que os


qualitativos também podem ser selecionados para acompanhamento e facilidade
de comunicação aos atores.

A seleção de indicadores também deve considerar o custo da amostragem. Se dois


indicadores apontam a mesma coisa, é muito natural que o menos caro deva ser
escolhido. No entanto, é importante considerar não só os custos de um indicador,
mas também o benefício de ter a informação fornecida pelo mesmo.

Pode-se recorrer a listas existentes de indicadores e utilizá-las como se fossem lis-


tas de compras, selecionando aqueles indicadores na lista que são mais apropria-
dos para a avaliação.

Aspectos como credibilidade, custo e eficácia dos indicadores determinam não só


a qualidade do sistema de monitoramento, estado do ambiente, como também a
Ambiente: tecnologias

sua sustentabilidade e as possibilidades de integrá-lo em relevantes processos de


tomada de decisão.

É de extrema relevância que os resultados do monitoramento sejam confiáveis e


que a equipe responsável pelo estudo tenha a capacidade adequada para desen-
volver e analisar os indicadores, para que não ocorram distorções ou interpreta-
ções errôneas das informações.

160
Após os indicadores terem sido desenvolvidos e os dados coletados, ainda é neces-
sário interpretar os resultados. O estabelecimento prévio de um valor de referência é
essencial para a comparação dos resultados. Sem esse valor não é possível interpretar
se os resultados indicam uma melhora ou uma deterioração da qualidade ambiental.

Para simplificar e minimizar o risco de erros na interpretação dos indicadores,


deve-se considerar que:

• O plano de atividades para o projeto ou as atividades deve ser claramente de-


finido. Quanto mais específica a atividade, mais fácil a detecção do impacto ou a
degradação com esta, bem como a sua mitigação.

• A proposta do projeto deve, na medida do possível, identificar claramente os im-


pactos ambientais do projeto. Descrições vagas ou demasiado amplas, tais como
“prejuízo na biodiversidade” são de pouca utilidade na seleção de indicadores.

• A alternativa zero, que é o cenário no qual se deve considerar o meio sem as ativi-
dades projetadas ou já em andamento, deve ser pensada e desenvolvida com mui-
to cuidado. Sem uma alternativa zero, a interpretação dos indicadores fica muito
difícil, devido à falta de um importante componente de comparação.

JUNTANDO TUDO!
1) Efetue uma análise crítica do EIA/RIMA consultado no site do IBAMA, destacando no documento os
conceitos abordados ao longo do capítulo.

2) Pesquise, conceitue e diferencie a avaliação de impacto ambiental e a avaliação ambiental estratégica.

Avaliação de impacto ambiental

REFERÊNCIAS
ABSY, M. L. (Coord.). Avaliação de impacto ambiental: agentes sociais, procedimentos e ferramentas. Brasília: Insti-
tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1995. Disponível em: ⬍http://www.hidro.
ufcg.edu.br/twiki/pub/Disciplinas/SistemasAmb/AIA.pdf⬎. Acesso em: 07 nov. 2012.

BASTOS, A. C. S.; ALMEIDA, J. R. Licenciamento ambiental brasileiro no contexto da avaliação de impactos am-
bientais. In: CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. Avaliação e perícia ambiental. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
capítulo 8

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 1, de 23 de janeiro de 1986. Diário Oficial da União,
17 fev. 1986a. Seção 1, n. 31, p. 2.548.

161
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 11, de 18 de março de 1986. Diário Oficial da União,
2 maio 1986b. Seção 1, p. 6346.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 6, de 16 de setembro de 1987. Diário Oficial da
União, 22 out. 1987. Seção 1, p. 17500.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 9, de 6 de dezembro de 1990. Diário Oficial da União,
28 dez. 1990a. Seção 1, p. 25539.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 10, de 6 de dezembro de 1990. Diário Oficial da
União, 28 dez. 1990b. Seção 1, p. 25540.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Diário Oficial da
União, 22 dez. 1997. Seção 1, n. 247, p. 30841.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Diário Oficial da União, 5 out. 1988. Seção 1, n.
191-A, p. 1.

BRASIL. Decreto n° 99.274, de 6 de junho de 1990. Diário Oficial da União, 7 jun. 1990c. Seção 1, n. 109, p. 10887.

BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Diário Oficial da União, 2 set. 1981. Seção 1, p. 16509.

CARSON, R. Primavera silenciosa. São Paulo: Melhoramentos, 1962.

KAPUSTA, S. C.; RAYA-RODRIGUES, M. T. M. Análise de impacto ambiental. Porto Alegre: Instituto Federal de Educa-
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LIMA, A. L. Impactos ambientais associados à usina hidrelétrica de Três Irmãos: o fenômeno de ação e reação. 2003.
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SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental. São Paulo: Oficina de textos, 2008.

SANTOS, R. F. Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2007.
Ambiente: tecnologias

TOMMASI, L. R. Estudo de impacto ambiental. São Paulo: CETESB; Terragraph Artes e Informática, 1994.

162
DICA DO PROFESSOR

O vídeo a seguir apresenta uma breve apresentação desta unidade de aprendizagem, assim como
uma contextualização relacionada aos impactos ambientais. Em um segundo momento,
apresentam-se alguns marcos históricos relacionados à Análise de Impactos Ambientais.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Em que década as avaliações de impactos ambientais ganharam caráter legal nos


Estados Unidos?

A) 1950

B) 1960

C) 1970

D) 1980

E) 1990

2) A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92)


promoveu a construção de inúmeros documentos de referência, os quais promoveram
a difusão do processo de Avaliação de Impacto Ambiental. Em um desses
documentos, pode-se encontrar a seguinte orientação: "Certificar-se que as decisões
relevantes sejam precedidas por avaliações de impacto ambiental e que, além disso
elas levem em conta os custos das eventuais consequências ecológicas". Qual
documento elaborado durante a conferência apresenta esta orientação?
A) Agenda 21

B) Carta da Terra

C) Declaração do Rio sobre ambiente e desenvolvimento

D) Convenção sobre Diversidade Biológica

E) Convenção de Mudanças Climáticas

3) Qual das opções a seguir não compreende um agente promotor da institucionalização


da Avaliação de Impactos Ambientais?

A) Criação de legislação específica

B) Exigência de organismos multilaterais de financiamento

C) Exigência da população devido à preocupação com a crescente ocorrência de acidentes


ambientais

D) Crescimento da conscientização ambiental

E) Agilidade em processos de licenciamento ambiental

4) Não há uma única metodologia adotada para a execução de uma Avaliação de


Impactos Ambientais. Esta constatação deve-se a qual das seguintes características?

A) Muitas das ações impactantes ocorrem em razão de projetos que são propostos para
ambientes diferentes, gerando uma relação única de causa e efeito.
B) Formação diversificada de profissionais capazes de realizar uma avaliação de impactos
ambientais.

C) Utilização de dados primários e secundários.

D) Avaliação de impactos realizada durante as etapas de planejamento, implantação, operação


e desativação de um empreendimento.

E) Avaliação de impactos deve abranger diferentes ambientes, ultrapassando a divisão


política de municípios, estados ou países.

5) Qual das seguintes opções NÃO compreende uma característica relacionada à


Avaliação de Impactos Ambientais?

A) A avaliação de impactos deve abranger as etapas de planejamento, implantação, operação


e desativação de um empreendimento.

B) A avaliação de impactos deve ser realizada por equipe interdisciplinar.

C) A avaliação de impactos deve abranger os meios físico, biótico e socioeconômico.

D) A metodologia adotada na avaliação de impactos deve ser adequada ao processo, ao


produto ou à instalação que será implantada.

E) A avaliação de impactos deve ser realizada apenas com base em dados secundários
(baseados em bibliografia).

NA PRÁTICA

O resgate histórico possibilita o entendimento de que a Avaliação de Impactos Ambientais


evoluiu ao longo do tempo de maneira a contemplar a própria evolução dos impactos, os quais
se tornaram mais complexos desde a década de 70.

Na prática, o resgate histórico da avaliação dos impactos ambientais possibilita o entendimento


e o acompanhamento da sua evolução , e é possível notar ver que os impactos se tornaram mais
complexos a partir da Revolução Industrial.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Meio Ambiente e Sustentabilidade

RESOLUÇÃO CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Introdução à Avaliação de Impactos
Ambientais - Conceitos

APRESENTAÇÃO

Ao se deparar com uma nova área de conhecimento, é normal encontrar uma série de palavras
novas. Como futuros profissionais, é fundamental ter pleno conhecimento sobre alguns
conceitos relacionados à Avaliação de Impactos Ambientais, assunto a ser abordado nesta
Unidade de Aprendizagem.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir os principais conceitos adotados em processos de Avaliação de Impactos


Ambientais.
• Relacionar os conceitos pertencentes à Avaliação de Impactos Ambientais aos seus
significados.
• Selecionar corretamente os conceitos técnicos que devem ser utilizados em processos de
Avaliação de Impactos Ambientais.

DESAFIO

Suponha que você é gestor ambiental em uma empresa de consultoria responsável pela
elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) necessário para o licenciamento de uma
grande planta industrial.

Uma das preocupações que o acompanha neste trabalho é a necessidade de que todas as pessoas
que venham a ter contato com o EIA consigam entender todos os conceitos presentes no
capítulo de Avaliação de Impactos Ambientais.

Para ter certeza que este entendimento será possível, você inicia a produção de um glossário, o
qual deverá apresentar, no mínimo, os significados relacionados aos seguintes conceitos:
- Área de Influência

- Aspecto Ambiental

- Avaliação de Impacto Ambiental

- Impacto Ambiental

- Poluição

- Matriz de impacto

- Medidas Mitigadoras

- Medidas Compensatórias

INFOGRÁFICO

O infográfico a seguir apresenta uma compilação de conceitos relacionados à Avaliação de


Impactos Ambientais.
CONTEÚDO DO LIVRO

O capítulo Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais - Conceitos, do livro Avaliação de


impactos ambientais, aborda alguns conceitos relacionados à Avaliação de Impactos
Ambientais.

Boa leitura!
AVALIAÇÃO DE
IMPACTOS
AMBIENTAIS

Ronei Stein
Revisão técnica:
Vanessa de Souza Machado
Bióloga
Mestre e Doutora em Ciências

Ronei Stein
Engenheiro Ambiental
Mestre em Engenharia Civil e Preservação Ambiental

A945 Avaliação de impactos ambientais / Ronei Stein... [et al.] ;


[revisão técnica: Vanessa de Souza Machado, Ronei T.
Stein]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.
428 p. : il. ; 22,5 cm

ISBN 978-85-9502-344-4

1. Engenharia ambiental. I. Stein, Ronei.


CDU 502.13

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147


UNIDADE 1
Introdução à Avaliação
de Impactos Ambientais
(AIA): conceitos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir os principais conceitos adotados em processos de Avaliação


de Impactos Ambientais.
 Relacionar os conceitos pertencentes à Avaliação de Impactos Am-
bientais aos seus significados.
 Selecionar corretamente os conceitos técnicos que devem ser utiliza-
dos em processos de Avaliação de Impactos Ambientais.

Introdução
Quando você se depara com uma nova área de conhecimento, é normal en-
contrar uma série de palavras novas. Como futuro profissional, é fundamental
ter pleno conhecimento sobre alguns conceitos relacionados à Avaliação de
Impactos Ambientais, assunto que você vai estudar neste capítulo.

Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) –


definições gerais
Sánchez (2013) ressalta que a compreensão dos objetivos e propósitos da AIA é
essencial para aprender seus papéis e funções, bem como para apreciar seu alcance
e seus limites. A AIA consiste apenas em um instrumento de política pública
ambiental e, por isso, não é a solução para todas as deficiências de planejamento
ou brechas legais que permitem, consentem e facilitam a continuidade da degra-
16 Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos

dação ambiental. Em relação à AIA, é de suma importância compreender alguns


conceitos e definições que regem a sua respectiva área, como os conceitos de
poluição, degradação ambiental, impacto ambiental e aspecto ambiental.
Muitas pessoas imaginam que poluição e contaminação ambiental são a
mesma coisa, mas isso é um equívoco. No que se refere à poluição, sua ocorrên-
cia pode dar-se de forma natural ou pelas diferentes ações humanas (de forma
antrópica). A poluição natural ocorre, por exemplo, quando há uma grande
erupção vulcânica emitindo grande quantidade de particulados e substâncias
tóxicas no ar (Figura 1). Logo, ocorre modificação nas características físicas,
químicas e até biológicas do meio ambiente, levando, assim, à degradação da
qualidade do ambiente. No entanto, a poluição antrópica supera, e muito, a
poluição natural, sendo produto, principalmente, dos processos de industrializa-
ção e do crescimento urbano e tendo como consequência a degradação do solo,
da água e do ar, recursos indispensáveis aos organismos biológicos da Terra.

Figura 1. Fonte de poluição ambiental natural (a) e fonte de


poluição antrópica (b).
Fonte: Romolo Tavani/Shutterstock.com, LALS STOCK/Shutterstock.com.
Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos 17

O processo de poluição data do surgimento das primeiras cidades, mas


se intensificou a partir da Revolução Industrial. A poluição pode ser com-
preendida como a inserção de algum poluente no meio ambiente, enquanto a
degradação se refere à degeneração da qualidade ambiental (fatores químicos,
físicos e biológicos). Na verdade, o próprio meio ambiente tem capacidade de
assimilação de poluentes; no entanto, a quantidade de poluentes emitidos no
ambiente é tão grande que essa capacidade é ultrapassada e, então, ocorre a
modificação das estruturas dos recursos naturais, o que provoca desequilíbrio
no ambiente, inclusive na biota.
Segundo a Lei 6.938/81 (Política Nacional de Meio Ambiente), a degra-
dação da qualidade ambiental é a alteração adversa das características do
meio ambiente; a poluição, por outra parte, constitui-se como a degradação
da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente
(BRASIL, 1981):

 prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;


 criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
 afetem desfavoravelmente a biota;
 afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
 lancem matérias ou energias em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.

Segundo Tavares (2008), o termo degradação ambiental está relacionado aos


efeitos negativos ou adversos causados ao ambiente, devido, principalmente, à
intervenção do homem, sendo raramente empregado para alterações oriundas
de processos naturais. Entre os exemplos de degradação ambiental, pode-se
citar os desmatamentos, as queimadas e os incêndios, a degradação e a erosão
do solo, o descarte incorreto de resíduos sólidos, os modelos de agricultura
não sustentável, a mineração, entre vários outros.

Diferença entre impacto e aspecto ambiental


Barsano, Barbosa e Viana (2014) descrevem que o desenvolvimento tecno-
lógico industrial, a busca desenfreada de riquezas naturais e a falta de um
planejamento de recuperação do meio ambiente são as principais origens de
um apanhado de consequências negativas ao meio ambiente, como é o caso
das grandes catástrofes naturais, as terríveis enchentes e um aquecimento
global como nunca visto antes. Com isso, originam-se grandes impactos
18 Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos

ambientais, que colocam em risco e ameaçam a qualidade do ar, do solo, das


águas, a vida dos animais, da flora e até mesmo do homem.
Todas as atividades exercidas pelo homem ocasionam impactos ambientais,
que podem ser positivos e/ou negativos. Por exemplo, supondo que uma in-
dústria pretenda se instalar em determinado município, os seguintes impactos
podem ocorrer:

 Impactos positivos: geração de empregos, aumento da economia local,


estímulo de novos mercados, entre outros.
 Impactos negativos: geração de resíduos sólidos, emissões atmosféricas,
impactos na fauna e na flora, lançamento de efluentes industriais em
recursos hídricos, aumento/alteração no trânsito local, entre outros.

Segundo o artigo 1º da Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio


Ambiente) nº 001 de 1986, considera-se impacto ambiental qualquer alteração
das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetam:

a) a saúde, a segurança e o bem-estar da população;


b) as atividades sociais e econômicas;
c) a biota;
d) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
e) a qualidade dos recursos ambientais.

Os impactos ambientais estão vinculados com a degradação do meio am-


biente, que ocorre, segundo o IBAMA (1990), quando se tem uma ou mais
das seguintes situações:

 a vegetação nativa e a fauna nativa foram destruídas, removidas ou


expulsas;
 ocorre remoção da camada fértil do solo;
 tem-se alterações na qualidade e no regime de vazão do sistema hídrico.

Já o aspecto ambiental é definido como o mecanismo pelo qual uma ação


humana causa um impacto ambiental, ou seja, as ações humanas causam
efeitos ambientais que, por sua vez, produzem impactos ambientais. Para
compreender de forma mais clara, observe alguns exemplos no Quadro 1
a seguir.
Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos 19

Quadro 1. Exemplos de relações atividade-aspecto-impacto ambiental.

Atividade Aspecto ambiental Impacto ambiental

Lavagem de roupa Consumo de água Redução da


disponibilidade hídrica

Lavagem de louça Lançamento de água Contaminação e eutrofização


com detergentes de mananciais

Transporte de carga Emissão de ruídos e Incômodo aos vizinhos,


aumento do tráfego maior frequência de
congestionamentos e aumento
da poluição atmosférica

Armazenamento Risco de vazamento Contaminação do solo e água


de combustível (superficial ou subterrânea)

Fonte: Adaptado de Sánchez (2013).

Principais estudos ambientais


Entre os principais estudos ambientais que objetivam analisar os prováveis impac-
tos ambientais que determinada atividade/empreendimento possa causar, pode-se
citar o EIA/RIMA. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um procedimento
administrativo que, apoiado em uma avaliação de impacto sobre as incidências
ambientais de um determinado projeto e em um processo de participação pública
sobre tais incidências, subsidia o órgão ambiental, em termos de aprovação,
modificação ou recusa de um projeto. De acordo com a Resolução CONAMA
001/86, em seu artigo 2º: “dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental
e respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, a serem submetidas à
aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, o
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente”.

O EIA/RIMA deve ser realizado por uma equipe técnica multidisciplinar, que contará
com profissionais das mais diferentes áreas, como, por exemplo, geólogos, físicos,
biólogos, psicólogos, sociólogos, advogados, engenheiros (das mais diferentes áreas),
arqueólogos, entre outros, que avaliarão os impactos ambientais positivos e negativos
do empreendimento pretendido, conforme ressalta Fiorillo (2014).
20 Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos

A maior parcela das bibliografias apresenta o conceito de Estudo de Impacto


Ambiental (EIA) e de Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) de forma inter-
ligada. Dessa forma, EIA/RIMA consiste em um estudo prévio que serve de
instrumento de planejamento e subsídio à tomada de decisões na implantação
da obra referente a um projeto específico a ser implementado em determinada
área ou meio. O EIA/RIMA tem como objetivo antecipar e apoiar a decisão,
fornecendo ao órgão público informações sobre as implantações ambientais
significativas de determinadas ações propostas, sugerindo modificações da
ação, visando à eliminação dos potenciais impactos adversos e à potenciação
dos impactos positivos e, ainda, sugerindo os meios de minimização dos
potenciais impactos inevitáveis.
O EIA deve seguir um roteiro que aborde, pelo menos, as seguintes etapas,
conforme o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2009):

 Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto: a primeira


atividade em um estudo de impacto ambiental é o diagnóstico ambien-
tal da área a ser estudada, que é uma atividade extremamente impor-
tante, pois serve de base para as atividades posteriores. O diagnóstico
deve conter a descrição dos recursos ambientais e suas interações,
caracterizando as condições ambientais antes da implantação do
projeto. Esse diagnóstico deverá contemplar os meios físico, biótico
e socioeconômico.
 Avaliação de impacto Ambiental (AIA): análise dos impactos am-
bientais do projeto e de suas alternativas, por meio de identificação,
previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis
impactos relevantes (diretos e indiretos; imediatos e a médio e longo
prazo; temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; a dis-
tribuição dos ônus e benefícios sociais). Essa etapa, de maneira geral,
é mais complexa devido à variedade de impactos sobre os sistemas
ambientais que podem ocorrer na área de estudo.
 Medidas mitigadoras: são aquelas destinadas a corrigir impactos
negativos ou a reduzir sua magnitude. Identificados os impactos, deve-se
pesquisar os mecanismos capazes de reduzi-los ou anulá-los.
 Programa de monitoramento dos impactos: estabelecidos ainda
durante o EIA, de modo que se possam comparar, durante a implan-
tação e operação da atividade, os impactos previstos com os que
efetivamente ocorreram. Esse programa deve permitir o acompanha-
mento da implantação e operação de todas as medidas mitigadoras e
Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos 21

compensatórias previstas, dentro do cronograma proposto, ficando


automaticamente vinculado à licença prévia, de forma que a continui-
dade do processo de licenciamento permita a verificação da efetiva
implementação das medidas propostas.

A existência de um relatório de impacto ambiental tem for finalidade tornar


compreensível para o público o conteúdo do EIA, tendo em vista que ele é
elaborado segundo critérios técnicos. Dessa forma, em respeito ao princípio
da informação ambiental, o RIMA deve ser claro e acessível, retratando
fielmente o conteúdo do estudo, de modo compreensível e menos técnico.
O Relatório de Impacto Ambiental e seu correspondente estudo deverão ser
encaminhados para o órgão ambiental competente para que se proceda à
análise sobre o licenciamento, ou não, da atividade, segundo Fiorillo (2014).
Para facilitar o entendimento a respeito da diferença entre o EIA e o RIMA,
observe o Quadro 2.

Quadro 2. Principais diferenças entre EIA e RIMA.

Aspectos EIA RIMA

Linguagem Mais técnica Mais acessível

Disponibilidade Apenas ao órgão Público/sociedade


ambiental

Necessidade de apresentação Não Sim


em audiência pública

O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) reflete as conclusões do Estudo de Impacto


Ambiental (EIA) conforme definido no artigo 9º da Resolução 001/86 do CONAMA.
Esse relatório deve apresentar uma linguagem simples e objetiva, tornando-o formal
perante o poder público e a sociedade.
22 Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos

Além do EIA e do RIMA, existem outros estudos ambientais, como, por


exemplo, segundo MMA (BRASIL, 2009):

 Projeto básico ambiental (PBA): deverá apresentar um detalhamento


de todos os programas e projetos ambientais previstos, ou seja, aqueles
provenientes do EIA/RIMA, bem como os considerados pertinentes
pelo órgão licenciador. Constitui-se em um dos documentos-base para
a obtenção da Licença de Instalação (LI).
 Plano de controle ambiental (PCA): é exigido para a concessão da
Licença de Instalação de atividade de extração mineral de todas as
classes. O PCA é uma exigência adicional ao EIA/RIMA, apresentado
na fase anterior à concessão da Licença Prévia. No entanto, o Plano de
Controle Ambiental tem sido exigido, também, para o licenciamento
de outros tipos de atividades.
 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD): concebido para
a recomposição de áreas degradadas pela atividade de exploração de
recursos minerais. No entanto, tem sido utilizado para os diversos
tipos de empreendimentos e, geralmente, é previsto no escopo dos
Estudos Ambientais.
 Relatório de Controle Ambiental (RCA): é exigido na hipótese de dis-
pensa do EIA/RIMA para a obtenção da Licença Prévia de atividades
de extração mineral da classe II. Deve ser elaborado de acordo com
as diretrizes estabelecidas pelo órgão ambiental competente. O RCA
tem sido exigido por alguns órgãos de meio ambiente também para o
licenciamento de outros tipos de atividade.
 Relatório Ambiental Simplificado (RAS): estudos relativos aos as-
pectos ambientais relacionados à localização, instalação e operação
de novos empreendimentos habitacionais, incluindo as atividades de
infraestrutura de saneamento básico, viária e energia, apresentados
como subsídio para a concessão da licença requerida, que conterá,
entre outras, as informações relativas ao diagnóstico ambiental da
região de inserção do empreendimento, sua caracterização, a iden-
tificação dos impactos ambientais e das medidas de controle, de
mitigação e de compensação.
Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos 23

Formas de reduzir os impactos ambientais


Visando diminuir principalmente os impactos ambientais negativos, devem ser
adotadas medidas de prevenção (controle), mitigação, compensação, recupera-
ção e monitoramento dos impactos que a implantação de um empreendimento
ou de atividades possa ocasionar.

A ordem de prioridade no controle dos impactos ambientais negativos deve ser:


1. Prevenção;
2. Mitigação;
3. Recuperação e/ou compensação.
Portanto, encontrar formas de evitar impactos e prevenir riscos deve ser a primeira
coisa a ser acatada, sendo de extrema importância compreender a diferença entre
esses termos ambientais.

As medidas de prevenção devem ser as primeiras a serem implantadas,


tendo como objetivo evitar que as atividades relacionadas ao empreendi-
mento resultem em impactos ambientais negativos antes que eles aconteçam.
Tomando como exemplo a construção de uma hidrelétrica, as principais
medidas de prevenção dos impactos negativos dessa obra estão relacionadas
com alternativas locacionais do empreendimento, que deve levar em conta
a área de alagamento do reservatório, a capacidade de geração, as faixas
e áreas propícias à preservação e a possibilidade de aproveitamento das
estruturas e dos acessos já existentes no local. A escolha adequada do local
pode evitar diversas consequências negativas, como a perda de espécies
ameaçadas da fauna e da flora e a necessidade de realocação de famílias,
além de economia financeira.
Porém, é impossível que uma atividade ocorra sem que haja impactos
ambientais negativos, por menor que eles sejam. Para esses impactos, são
propostas as medidas de mitigação, que visam reduzir os efeitos adversos
24 Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos

decorrentes da instalação e operação dos empreendimentos. Os planos


de mitigação, segundo Gestão Ambiental (2017), buscam reverter danos
parciais e minimizar situações de risco e de impactos ambientais por meio
da intervenção em áreas vulneráveis e da implementação de programas
operacionais que permitam, em curto prazo, mitigar situações críticas com
base na definição de prioridades. Eles devem ser implantados com base
em gestão adaptativa, fundamentada em mecanismos que levem em conta
a dinâmica de determinadas zonas naturais. Entre os principais planos de
mitigação, estão:

 manter, em estado próximo do natural, a maior parte das zonas


degradadas;
 condicionar as explorações agrícola e pecuária;
 impedir a ocupação com habitação nas áreas delimitadas de proteção;
 condicionar as instalações industriais;
 desviar vias e transferir construções em zonas de risco;
 limitar a construção de estradas marginais e a intensidade de tráfego;
 controlar a ocupação de terras e extrações;
 investir em tecnologias que visam ao reuso da água.

Mitigação se refere ao ato de diminuir a intensidade de algo, fazendo com que fique
mais brando, calmo ou relaxado. Ou seja, os responsáveis pelo licenciamento ambiental
e o empreendedor, conjuntamente, devem traçar uma estratégia buscando tecnologias
e ações para reduzir os impactos significativos, de forma a diminuir sua magnitude
e sua importância.

Por fim, as medidas de compensação ocorrem quando o impacto continua


significativo mesmo com a mitigação, quando não é possível realizá-la por
falta de tecnologia disponível ou então quando não é possível a recuperação.
Em outros casos, a compensação pode ocorrer por meio de investimentos em
Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos 25

meio ambiente com a instalação de equipamentos de controle de poluição para


os órgãos ambientais, por exemplo.
Segundo Struchel (2016), a Compensação Ambiental é um instrumento
que visa garantir à sociedade um ressarcimento pelos danos causados à
biodiversidade por empreendimentos de significativo impacto ambien-
tal. Nesse contexto, pode ser considerado como uma forma de atenuar
a socialização das externalidades negativas desses empreendimentos. O
objetivo principal desse termo é promover um benefício ambiental em
prol do impacto gerado, de modo que não deve ser visto como uma multa
ou indenização.

Em alguns casos, não é possível prevenir ou mitigar os impactos ambientais, assim,


deve-se buscar alternativas em outras áreas ou pontos. Por exemplo, indústrias que
tenham chaminés acabam emitindo poluentes atmosféricos e, como ainda não há
tecnologias disponíveis no mercado que as tirem de linha, é preciso realizar a Com-
pensação Ambiental. As indústrias podem realizar o plantio ou doar mudas de árvores
ou, então, realizar o pagamento para órgãos ambientais, que investem na proteção
de unidades de conservação (UC).

As medidas de recuperação ambiental são uma obrigação civil que


podem, ou não, vir acompanhadas de pena. Trata-se de fazer com que a
área degradada seja recuperada e retorne na forma que estava antes da
atividade ser iniciada ou, pelo menos, o mais próximo possível. A recu-
peração ambiental é definida como a restituição de uma área degradada e
seu respectivo ecossistema a uma condição mais próxima possível de sua
condição original, mas que pode ser diferente da mesma. Existem vários
modelos e técnicas para a recuperação de uma área degradada e sua escolha
depende da situação de degradação da área e das condições de regeneração
do ecossistema afetado. É por isso que há a necessidade, para cada caso, de
um Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) específico, conforme
ressalta o ICMBIO (BRASIL, 2013).
26 Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos

De nada adianta buscar soluções de controle, mitigação, compensação ou recuperação


se não há um monitoramento dos mesmos. O monitoramento ambiental é um processo
de coleta de dados, estudo e acompanhamento contínuo e sistemático das variáveis
ambientais, com o objetivo de identificar e avaliar (qualitativa e quantitativamente)
as condições dos recursos naturais em um determinado momento, assim como as
tendências ao longo do tempo. As variáveis sociais, econômicas e institucionais também
são incluídas nesse tipo de estudo, já que exercem influências sobre o meio ambiente
(RAMOS; LUCHIARI JUNIOR, 2017). Esse monitoramento pode tanto ocorrer pelo órgão
ambiental quanto pelo próprio empreendedor.
O programa de monitoramento deve permitir o acompanhamento da implantação
e operação de todas as medidas mitigadoras e compensatórias previstas, dentro do
cronograma proposto, ficando automaticamente vinculado à licença prévia, de forma
que a continuidade do processo de licenciamento permita a verificação da efetiva
implementação das medidas propostas.

Matriz de interação para AIA


A matriz de interação, também conhecida como matriz de Leopold, é uma
técnica que relaciona ações com fatores ambientais. Embora possa incorporar
parâmetros de avaliação, é um método basicamente de identificação. O princípio
básico da matriz de interação consiste em, primeiramente, assinalar todas as
possíveis interações entre as ações e os fatores para, em seguida, estabele-
cer, em uma escala variável, a magnitude e a importância de cada impacto,
identificando, posteriormente, se o mesmo é positivo ou negativo. A seguir,
calcula-se o índice global de impacto ambiental resultante do somatório de
todos os fatores que compõem uma célula.
Na prática, considera-se o conjunto de etapas que envolvem a implantação
ou operação do empreendimento e todos os fatores que podem gerar mudanças
ambientais, que são identificados e analisados. Na matriz de interação, faz-se,
então, o cruzamento das ações do empreendimento com as variáveis do meio
ambiente, gerando um conjunto de retículos que representam as possibilidades
de ocorrência de impactos. O Quadro 3 apresenta os fatores considerados na
Avaliação dos Impactos Ambientais na Matriz de Interação.
Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos 27

Quadro 3. Fatores para avaliação dos impactos ambientais.

M - Magnitude Pequeno (P) – 1


Médio (M) – 2
Grande (G) - 3

A - Amplitude Local (L) – 1


Regional (R) – 2
Estratégico (E) - 3

P – Prazo de efeito Curto Prazo (CP) – 1


Médio Prazo (MP) – 2
Longo Prazo (LP) - 3

T – Horizonte de tempo Temporário (T) – 1


Cíclico (C) – 2
Permanente (P) - 3

Fonte: Adaptado de Sánchez (2013).

O somatório de todos os fatores compõe uma célula e, assim, determina-se


o valor dessa célula.

Para compreender melhor como ocorre a montagem da matriz de interação,


apresenta-se um exemplo da matriz preenchida no Quadro 4.
28

Quadro 4. Exemplo de Preenchimento da Matriz de Interação de Avaliação de Impactos Ambientais.

Componente
ambiental AR ÁGUA SOLO

ATIVIDADES Quantidade/ Ruído Qualidade Sedimentos/ Lençol Erosão Est. físico Compactação
cor assoreamento freático

Construção 5 4 4 4 0 6 5 6
de estradas
1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1
e aceiros
Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos

1 2 1 1 1 1 1 1 1 2 1 2 1 3

Exploração
florestal
Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos 29

1. Ao finalizar uma Avaliação de à implantação de um


Impactos Ambientais, você identifica empreendimento.
a necessidade de proposição de 3. O Relatório de Impacto
medidas mitigadoras. Como essas Ambiental (RIMA) é:
medidas podem ser caracterizadas? a) um relatório que não precisa
a) Medidas que compensam a ser elaborado caso o Estudo
perda de um bem (ou função) de Impacto Ambiental tenha
que será perdido em decorrência sido disponibilizado.
do projeto em análise. b) um relatório que adota uma
b) Medidas que têm a finalidade linguagem extremamente técnica.
de realçar a magnitude c) um relatório que adota uma
ou a importância dos linguagem mais acessível.
impactos benéficos. d) uma versão resumida do Estudo
c) Medidas que reduzem a de Impacto Ambiental.
magnitude de impactos adversos. e) um relatório que, caso entregue,
d) Medidas que têm a finalidade desobriga o empreendedor
de ampliar os efeitos de a produzir um Estudo de
um impacto negativo. Impacto Ambiental.
e) Medidas que reduzem apenas 4. Um impacto ambiental é:
a abrangência de um impacto. a) um elemento das atividades,
2. O que uma Avaliação de Impactos dos produtos ou serviços de
Ambientais compreende? uma organização que pode
a) Exame das consequências interagir com o meio ambiente.
futuras de uma ação b) a introdução, no meio ambiente,
presente ou proposta. de qualquer forma de matéria
b) Exame das medidas mitigadoras ou energia que possa afetar
relacionadas a um determinado negativamente os seres vivos.
empreendimento. c) algo que compensa a perda
c) Exame das consequências já de um bem (ou função) que
concretizadas relacionadas será perdido em decorrência
à implantação de um do projeto em análise.
empreendimento. d) uma alteração da qualidade
d) Avaliação de consequências ambiental que resulta da
negativas relacionadas modificação de processos
à implantação de um naturais ou sociais provocada
empreendimento. por ação humana.
e) Avaliação de consequências e) um processo de exame das
positivas relacionadas consequências futuras de uma
30 Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos

ação presente ou proposta. empreendimento.


5. Uma matriz compreende b) Componentes ou
um importante instrumento elementos ambientais.
para a Avaliação de Impactos c) Aspectos ambientais.
Ambientais. Nesse caso, uma d) Impactos ambientais.
matriz não correlacionará e) Medidas compensatórias.
qual dos seguintes itens?
a) Ações ou atividades do

BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P.; VIANA, V. J. Poluição ambiental e saúde pública. São
Paulo: Érica, 2014.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Brasília, DF, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.
htm>. Acesso em: 20 dez. 2017.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília, DF:
MMA, 2009. (Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais).
BRASIL. Roteiro de apresentação para Plano de Recuperação de área Degradada (PRAD)
Terrestre. Brasília, DF: ICMBio, 2013. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/parna-
serradabocaina/images/stories/o_que_fazemos/gestao_e_manejo/Roteiro_PRAD_
versao_3.pdf>. Acesso em: 06 dez. 2017.
CONAMA. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, sec. 1, p. 2548-2549, 17 fev. 1986.
FIORILLO, C. A. P. Curso de direito ambiental. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
GESTÃO AMBIENTAL. Conheça as medidas de prevenção, mitigação e remediação
ambiental. Mercado em Foco, Tubarão, 2017. Disponível em: <http://mercadoemfoco.
unisul.br/conheca-as-medidas-de-prevencao-mitigacao-e-remediacao-ambiental/>.
Acesso em: 08 dez. 2017.
IBAMA. Manual de Recuperação de áreas degradadas pela mineração. Brasília, DF: IBAMA,
1990. 96p.
Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA): conceitos 31

RAMOS, N. P.; LUCHIARI JUNIOR, A. Monitoramento ambiental. Ageitec - Agência Em-


brapa de Informação Tecnológica, 2017. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.
embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_73_711200516719.html>.
Acesso em: 06 dez. 2017.
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo:
Oficina de Textos, 2013.
STRUCHEL, A. C. O. Licenciamento ambiental municipal. São Paulo: Oficina de
Textos, 2016.
TAVARES, S. R. L. Áreas degradadas: conceitos e caracterização do problema. In: TAVA-
RES, S. R. L. et al. Curso de recuperação de áreas degradadas: a visão da ciência do solo
no contexto do diagnóstico, manejo, indicadores de monitoramento e estratégias
de recuperação. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2008. 228p.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

No vídeo a seguir, faz-se uma contextualização relacionada aos principais conceitos presentes
em processos de Avaliação de Impactos Ambientais.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Ao finalizar uma Avaliação de Impactos Ambientais, você identifica a necessidade de


proposição de medidas mitigadoras. Como essas medidas podem ser caracterizadas?

A) Medidas que compensam a perda de um bem (ou função) que será perdido em decorrência
do projeto em análise.

B) Medidas que possuem a finalidade de realçar a magnitude ou a importância dos impactos


benéficos.

C) Medidas que reduzem a magnitude de impactos adversos.

D) Medidas que possuem a finalidade de ampliar os efeitos de um impacto negativo.

E) Medidas que reduzem apenas a abrangência de um impacto.

2) O que Avaliação de Impactos Ambientais compreende?

A) Exame das consequências futuras de uma ação presente ou proposta.

B) Exame das medidas mitigadoras relacionadas a um determinado empreendimento.


C) Exame das consequências já concretizadas relacionadas à implantação de um
empreendimento.

D) Avaliação de consequências negativas relacionadas à implantação de um empreendimento.

E) Avaliação de consequências positivas relacionadas à implantação de um empreendimento.

3) O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é:

A) um relatório que não precisa ser elaborado caso o Estudo de Impacto Ambiental tenha sido
disponibilizado.

B) um relatório que adota uma linguagem extremamente técnica.

C) um relatório que adota uma linguagem mais acessível.

D) uma versão resumida do Estudo de Impacto Ambiental.

E) um relatório que, caso entregue, desobriga o empreendedor a produzir um Estudo de


Impacto Ambiental.

4) Um impacto ambiental é:

A) elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com
o meio ambiente.

B) introdução no meio ambiente de qualquer forma de matéria ou energia que possa afetar
negativamente os seres vivos.

C) algo que compensa a perda de um bem (ou função) que será perdido em decorrência do
projeto em análise.

D) uma alteração da qualidade ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou


sociais provocada por ação humana.

E) processo de exame das consequências futuras de uma ação presente ou proposta.

5) Uma matriz compreende um importante instrumento para a Avaliação de Impactos


Ambientais. Neste caso, uma matriz não correlacionará qual dos seguintes itens?

A) Ações ou atividades do empreendimento.

B) Componentes ou elementos ambientais.

C) Aspectos ambientais.

D) Impactos ambientais.

E) Medidas compensatórias.

NA PRÁTICA

Imagine-se atuando como gestor ambiental de uma empresa que pretende implantar uma nova
fábrica. Neste momento, você deve iniciar um processo preliminar de avaliação de impactos
ambientais, o qual gerará um relatório com informações que poderão subsidiar a decisão da
diretoria em avançar com essa implantação.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

MMA - Ministério do Meio Ambiente. Resolução Conama 01/86.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

ROSA, André Henrique; FRACETO, Leonardo F.; MOSCHINI-CARLOS, Viviane. Meio


ambiente e sustentabilidade. Porto Alegre: Bookman, 2012.

SOUZA, Carlo Leite de.; AWAD, Juliana di C. M. Cidades sustentáveis, cidades


inteligentes: desenvolvimento sustentável num planeta urbano. Porto Alegre: Bookman,
2012.
Legislação aplicada à Avaliação de
Impactos Ambientais

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, será feito aprofundamento sobre o conhecimento relacionado


à legislação aplicada à Avaliação de Impactos Ambientais. Por meio deste contato com a
legislação, será possível reconhecer alguns aspectos que legalmente devem ser observados em
processos de avaliação de impactos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar a legislação aplicada à Avaliação de Impactos Ambientais.


• Justificar a importância da Avaliação de Impactos Ambientais por meio de legislação
pertinente.
• Avaliar impactos ambientais à luz das orientações legais.

DESAFIO

Caracterizar os possíveis impactos ambientais provenientes da implantação de um


empreendimento é fundamental para o planejamento das ações de controle e mitigação,
auxiliando, assim, no processo de tomada de decisão e na consequente manutenção da qualidade
ambiental.

Como gestor ambiental de uma construtora especializada em implantação de estradas, você tem
ciência disso. Tanto que pretende melhorar o processo de Avaliação de Impactos Ambientais
provocados pela construção de novas rodovias.

Ao levar esta iniciativa à direção, você é questionado sobre a real necessidade desse processo.
Nesse momento, você percebe que o caminho para a sensibilização da direção deverá passar por
uma justificativa legal. Você inicia então uma compilação de trechos presentes em legislação
específica que o auxiliará nesta missão.

A fim de contemplar esse desafio, você deverá montar um texto que apresente, no mínimo, dois
instrumentos legais (leis, decretos, portarias, resoluções, etc.) capazes de justificar a necessidade
de realização de uma Avaliação de Impactos Ambientais.

INFOGRÁFICO

No infográfico a seguir, apresenta-se uma compilação de instrumentos legais relacionados à


Avaliação de Impactos Ambientais.

CONTEÚDO DO LIVRO

Para uma melhor compreensão dos temas abordados nesta Unidade de Aprendizagem,
acompanhe um trecho do livro Meio ambiente e sustentabilidade.
M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] /
Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes
Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. –
Porto Alegre : Bookman, 2012.

Editado também como livro impresso em 2012.


ISBN 978-85-407-0197-7

1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André


Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini-
Carlos, Viviane.

CDU 502-022.316

Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150


10
Análise de impactos
e riscos ambientais
FLÁVIO HENRIQUE MINGANTE SCHLITTLER

Objetivos do capítulo

Existe impacto ambiental quando uma atividade produz uma alteração no meio ou
em qualquer um de seus componentes. Analisar os impactos ambientais é qualificar
e quantificar estas alterações. Essas análises avaliam a qualidade ambiental com e
sem determinada ação ou empreendimento. É necessário que se realizem essas ava-
liações antes da realização de um projeto, com o objetivo de efetuar o planejamento
e a formulação de propostas do ponto de vista ambiental, ou seja, considerando
todos os fatores ambientais. Isto deve acontecer por parte do empreendedor da ati-
vidade ou ação e por parte das autoridades públicas quando aprovam, ou rejeitam,
uma proposta ou uma determinada alternativa. A análise de riscos ambientais é uma
atividade correlata à análise de impactos e que pode, inclusive, ocorrer em conjunto
com esta. Risco é conceituado como uma situação de perigo, com a imediata possi-
bilidade de um evento indesejável ocorrer. A análise de riscos envolve a identificação,
avaliação, gerenciamento e contenção de riscos ao ambiente e também à saúde pú-
blica. Os estudos de riscos ambientais antecipam eventos ambientalmente maléficos,
planejando ações de controle e de emergência.

INTRODUÇÃO processo de avaliação de impactos ambien-


tais no Brasil é um instrumento legal, fun-
Inicialmente, é preciso que se faça uma clara damentado na Constituição Brasileira e
identificação da diferença entre o processo preconizado na Política Nacional do Meio
de avaliação de impactos ambientais (AIA) Ambiente (Lei Federal nº 6.938, de 31 de
e a etapa de avaliação dos impactos que de- agosto de 1981). Com isso, o processo segue
correm de determinada ação ou empreen- diretrizes apropriadas, que são observadas
dimento e que têm presença obrigatória pela atuação do Conselho Nacional do
nos estudos de impactos ambientais (EIA/ Meio Ambiente (CONAMA) e de seus simi-
RIMA) e similares, como relatórios am- lares nos estados da federação brasileira.
bientais preliminares (RAP), relatórios am- Essas diretrizes estabelecem relações de in-
bientais simplificados (RES) e outros. O terdependência entre a legislação ambiental
220 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

vigente e a postulação de licenciamentos da água, uso e degradação dos solos, subs-


ambientais por parte dos empreendedores, tâncias radioativas, ruído, alterações na bio-
tanto de origem particular quanto pública. cenose (fauna e flora), uso do território e
Existe um impacto ambiental quando dos recursos naturais, mudanças no uso do
uma ação ou atividade produz uma altera- território, expropriação do terreno e espe-
ção no meio ou em algum de seus compo- culações imobiliárias, doenças, variação da
nentes (Bolea, 1977). população, taxa de emprego, incrementos
Fundamentalmente, nos estudos de econômicos (comércio, serviços, etc.), lo-
impactos ambientais, objetiva-se quantificar cais histórico-culturais que possam ser afe-
essas alterações, já que são variáveis relativas, tados, moradia, infraestrutura viária e sani-
posto que podem ser positivas ou negativas, tária, serviços comunitários e equipamen-
grandes ou pequenas, etc. Por outro lado, tos urbanos.
na definição de impacto ambiental, deve-se Literalmente, impacto significa mudan-
considerar dois aspectos importantes. O eco- ça. Qualquer mudança positiva ou negativa
lógico, orientado para os estudos de impac- de um ponto qualquer. Uma análise de im-
tos biológicos e geofísicos, e o humano, que pacto ambiental, então, é um estudo das
contempla os aspectos sociais, políticos, eco- prováveis mudanças de várias característi-
nômicos e culturais. Os estudos de impacto cas socioeconômicas e biogeofísicas de um
ambiental devem avaliar as consequências de ambiente que deve resultar de uma ação
uma ação, com o intuito de prevenir a quali- proposta ou pendente.
dade do ambiente que haverá no meio após a Então, é necessário desenvolver uma
execução desta ação ou projeto. completa compreensão da ação proposta, o
Essas avaliações devem ser realizadas que deve ser feito e que tipo de materiais,
antes que algum projeto seja realizado, pois trabalho humano e os recursos que estarão
com isso podem-se efetuar um melhor pla- envolvidos, além de obter uma completa
nejamento e uma melhor e mais consistente compreensão do ambiente afetado e qual a
formulação de propostas alternativas para o natureza biogeofísica e socioeconômica que
ambiente. será modificada pela ação. É necessário,
Todo e qualquer levantamento prévio também, projetar a ação proposta para o
realizado em áreas cuja divisão seja política, futuro e determinar os possíveis impactos
tais como municípios, regiões administrati- nas características do ambiente, quantifi-
vas, ou mesmo estados, ou ainda áreas com cando as mudanças quando possível e di-
individualização geográfica, tais como ba- vulgando os resultados da análise de manei-
cias, baixadas litorâneas, estuários, espigões ra que possam ser utilizados no processo de
divisores, “cuestas”, etc., são importantes na tomada de decisão.
medida em que servem como parâmetros O procedimento exato que deve ser
para a análise ambiental da área, cujos fato- seguido no desenvolvimento de cada análi-
res ambientais, tanto do ponto de vista geo- se de impacto ambiental não é simples e di-
biofísico, como do socioeconômico, devem reto. Isto se deve basicamente ao fato de que
ser considerados como agentes e receptores muitos e variados projetos são propostos
potenciais do impacto ambiental, que são para diferentes ambientes. Cada combina-
os principais fatores ambientais que devem ção resulta numa única relação causa-con-
integrar a análise ambiental de uma deter- dição-efeito, e cada combinação deve ser es-
minada área. Obrigatoriamente, devem ser tudada individualmente para que seja de-
considerados, na avaliação de um possível im- senvolvida uma análise compreensível.
pacto ambiental, os seguintes agentes modi- As equipes que preparam os estudos
ficadores do meio: poluição atmosférica e de impactos ambientais devem ser multi-
Meio ambiente e sustentabilidade 221

disciplinares, com diferentes profissionais faixas de rolamento; ferrovias, portos e ter-


que trabalham com os variados componen- minais de minério, petróleo e produtos quí-
tes do ambiente. Assim, formadas por gru- micos; aeroportos; oleodutos; gasodutos;
pos de biólogos, economistas, engenheiros, minerodutos; emissários de esgotos sani-
ecólogos, sociólogos, planejadores, quími- tários; linhas de transmissão superiores a
cos, agrônomos, arquitetos e outros espe- 230 Kv; obras hidráulicas como irrigação,
cialistas ou generalistas, estas equipes de- saneamento, drenagem, canais de navega-
senvolvem a análise dos impactos ambien- ção, retificação de cursos d’água, diques,
tais com base interdisciplinar. O estudo etc; extração de combustíveis fósseis (pe-
deve envolver a coleta de dados, tanto de tróleo, xisto, carvão); extração de miné-
campo como de fontes de recursos existen- rios; aterros sanitários, processamento e
tes. Com base nestes dados e no julgamento destino final de resíduos tóxicos ou peri-
dos analistas, projeções de mudanças no gosos; usina de geração de eletricidade
ambiente são feitas, finalizando-se estas pro- (qualquer que seja a fonte primária – hi-
jeções na forma de documentação. dráulica, termoelétrica); complexo de uni-
As avaliações de impacto ambiental dades industriais e agroindustriais (petro-
nasceram nos Estados Unidos (Jain et al. químicas, siderúrgicas, cloroquímicas, des-
1977), como consequência da lei nacional de tilarias de álcool, hulhas, extração e cultivo
política ambiental, a NEPA (National Envi- de recursos bióticos); distritos industriais e
ronmental Policy Act), de 01 de Janeiro de zonas estritamente industriais (ZEI); explo-
1970, e é exatamente onde se tem feito a ração econômica de madeira ou lenha, em
maior parte de estudos deste tipo e onde se áreas superiores a 100 ha ou menores; pro-
tem desenvolvido a maioria dos métodos jetos urbanísticos (superiores a 100 ha), ou
empregados. em áreas consideradas de relevante interes-
se ambiental, a critério do IBAMA ou dos
órgãos estaduais e municipais; qualquer ati-
AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS vidade que utilize carvão vegetal, em quan-
tidade superior a 10 ton/dia; e projetos
AMBIENTAIS NO BRASIL
agropecuários que contemplem áreas supe-
riores a 1.000 ha ou menores, neste caso,
Resolução CONAMA quando se tratar de áreas significativas em
no 01 de 23 de janeiro de 1986 termos percentuais ou de importância do
ponto de vista ambiental, inclusive nas
Embasada juridicamente na Política Nacio- áreas de proteção ambiental (APAs).
nal do Meio Ambiente, esta resolução defi- O EIA deve atender à legislação, em
ne, no Brasil, a necessidade e obrigatorieda- especial os objetivos expressos na lei da Po-
de da apresentação de estudo de impactos lítica Nacional do Meio Ambiente, com as
ambientais para empreendimentos, de na- seguintes diretrizes:
tureza privada ou pública, considerados po-
tencialmente impactantes. A própria reso- 1. Contemplar todas as alternativas tec-
lução 01/86 condiciona que dependem do nológicas e de localização do projeto,
EIA/RIMA, e da sua aprovação pelo órgão confrontando-as com a hipótese da
estadual ou pelo CONAMA (Conselho Na- não execução do projeto.
cional do Meio Ambiente), o licenciamento 2. Identificar e avaliar sistematicamente
de atividades modificadoras do meio am- os impactos ambientais gerados nas
biente, as seguintes ações e empreendimen- fases de implantação e operação da ati-
tos: estradas de rodagem com duas ou mais vidade.
222 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

3. Definir os limites da área geográfica a item primordial para a correta identificação


ser direta ou indiretamente afetada causa-efeito, para o cálculo dos valores e
pelos impactos, denominada área de magnitudes dos indicadores de impacto e
influência do projeto, considerando, para a mensuração, valoração e interpreta-
em todos os casos, a bacia hidrográfica ção dos efeitos ambientais e sua possível
na qual se localiza. prevenção (SANCHEZ, 2002). Os chamados
4. Considerar os planos e programas go- indicadores de impacto são parâmetros que
vernamentais, propostos e em implan- proporcionam a medida da grandeza do
tação na área de influência do projeto e impacto no tocante aos aspectos quantitati-
sua compatibilidade. vos e qualitativos.
Existem várias e diferentes técnicas
para se avaliar os impactos ambientais de-
10.2.2 Diagnóstico ambiental correntes de determinada ação ou empreen-
dimento. Os principais e mais utilizados são:
O diagnóstico ambiental da área de influên-
cia do projeto contemplará a descrição e a a) listagens de controle;
análise dos recursos ambientais e suas inte- b) matrizes;
rações considerando os meios físico, bioló- c) sobreposição de cartas;
gico e socioeconômico. d) métodos quantitativos;
e) redes de interação.
a) Meio físico: o subsolo, as águas, o ar e o
clima, destacando os recursos minerais,
a topografia, os tipos e aptidões do solo, Listagens de controle
os corpos d’água, o regime hidrológico,
as correntes marinhas, as correntes at- São utilizadas para uma avaliação rápida de
mosféricas; impactos, de forma qualitativa, identifican-
b) Meio biológico e os ecossistemas naturais: do-os para tipos específicos de projetos a
a fauna e a flora, destacando as espécies fim de que todos os itens sejam abordados.
indicadoras da qualidade ambiental, as Os itens considerados em uma lista são de
de valor científico e econômico, as raras natureza ampla e os impactos prováveis são
e as ameaçadas de extinção, e as áreas de qualificados. Os fatores ambientais listados
preservação permanente. são associados e caracterizados com a natu-
c) Meio socioeconômico: o uso e ocupação reza do impacto.
do solo, os usos da água e a economia da
região, destacando os sítios e monu-
mentos arqueológicos, históricos e cul- Matrizes
turais da comunidade, as relações de de-
pendência entre a sociedade local, os re- Consistem em duas listagens de controle,
cursos ambientais e a potencial utilização dispostas em forma de matriz, uma das lis-
futura desses recursos. tagens com as atividades (ações) do projeto
e outra com os fatores ambientais que
podem ser afetados por essas atividades. O
Análise dos impactos cruzamento entre essas listas permite iden-
tificar as relações causa e efeito, ou seja, o
A análise dos impactos presentes nos docu- impacto ambiental. As matrizes se caracteri-
mentos de estudos de impactos ambientais zam por serem muito flexíveis, adaptando-se
ou similares, constitui-se, sem dúvida, em às diversas situações e projetos a serem ana-
Meio ambiente e sustentabilidade 223

lisados. A matriz mais conhecida e mais uti- les com configuração linear (ferrovias, ro-
lizada é a matriz de Leopold (Leopold et al., dovias, oleodutos e outros).
1971). Na sua concepção original, possui 88
linhas (aspectos ambientais) e 100 colunas
(atividades) perfazendo um total de 8.800 Métodos quantitativos
quadrículas. O preenchimento de uma qua-
drícula representa a identificação de um Os impactos são quantificados e transfor-
impacto para o qual são atribuídos valores mados em unidades padronizadas, ponde-
de 1 a 10 quanto a dois aspectos. O primeiro radas em função da importância relativa, e
é a definição da magnitude do impacto manipulados matematicamente. Obtêm-se
sobre um setor específico do ambiente. O índices de impacto total para um número
segundo aspecto é a medida do grau de im- de alternativas a serem comparadas. Um
portância de uma determinada ação sobre o exemplo clássico é o Sistema Battelle – Co-
fator ambiental. Se o impacto for positivo, lumbus (DEE et al 1973), que foi desenvol-
deve-se indicar com um sinal positivo antes vido para avaliar projetos de recursos hídri-
do valor de magnitude. cos e manejo de qualidade de água, mas
A matriz deve vir acompanhada de que, no entanto, podem ser adaptados para
um texto que aborde os aspectos mais rele- outros tipos de empreendimentos.
vantes dos impactos identificados. Os tópicos de interesse são divididos
em quatro categorias: ecologia, poluição
ambiental, estética, interesse humano e so-
Superposição de cartas cial. Cada categoria é composta por um
conjunto de componentes. Cada compo-
Elabora-se um inventário onde os fatores nente compreende um conjunto de fatores,
ambientais são mapeados. Esses dados são in- totalizando 78 variáveis.
terpretados em função da localização das ati- As medidas ou estimativas dos parâ-
vidades e traduz-se em mapas de capacidade metros ambientais são transformadas e
para cada atividade. A área de estudo é subdi- normalizadas através de curvas específicas
vidida em unidades geográficas (quadrícu- ou funções, em índices de qualidade am-
las). Para cada unidade são levantadas infor- biental (IQA), para permitir a comparação
mações sobre os fatores ambientais e os inte- entre os impactos. Este índice varia de 0 a 1.
resses da comunidade. Esses interesses são Quando a variável possui apenas juízo de
agrupados por categorias não conflitantes valor, a população é consultada.
(econômicas, sociais, paisagísticas), limitadas Cada variável possui um valor de im-
quanto à abrangência de identificação de im- portância relativa dentro do sistema, que é
pactos, pois só utilizam dados que podem ser fixado para projetos similares e baseia-se no
representados pela cartografia. No entanto, julgamento da equipe multidisciplinar.
esta limitação pode ser contornada com a uti- Multiplica-se o IQA de cada fator am-
lização de um Sistema de Informação Geo- biental e seu peso. A somatória desses pro-
gráfica (SIG). Assim torna-se extremamente dutos resulta no valor para o meio ambien-
eficaz para a definição de padrões espaciais e te. Faz-se o cálculo para o ambiente sem o
localização dos efeitos e impactos, pois as pre- projeto (partindo-se de medidas reais dos
visões são feitas por unidade de área. parâmetros ambientais) e com o projeto e
Esse método é adequado para síntese e suas várias alternativas.
importante na elucidação de relações espa- O impacto ambiental é expresso pela
ciais complexas e é recomendável nos pro- diferença do valor do ambiente com e sem a
jetos de desenvolvimento regional e naque- ação, mais as várias alternativas.
224 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

Redes de interação do empreendedor, com a produção periódi-


ca e sistemática de relatórios enviados ao
Identificam os impactos indiretos. Funda- órgão ambiental, ou outros, contendo:
mentam-se na construção de fluxogramas
ou redes de interação que apresentam a su- a) Rede de amostragem, seu dimensiona-
cessão de impactos ambientais gerados pelas mento e distribuição espacial.
diversas fases do empreendimento (constru- b) Metodologia de coleta e análise das
ção, operação, desativação). Identificam os amostras.
processos e as sequências pelos quais os im- c) Periodicidade.
pactos diretos e indiretos são produzidos. d) Metodologia do processamento das infor-
Não se trata de um sistema de avalia- mações levantadas.
ção de impactos, pois, apesar de identificar
as alterações, não há previsão de magnitude Observação: Quando necessário, e de
(quantificação) ou importância relativa, não acordo com a natureza do empreendimen-
havendo também previsão para a participa- to, deverá ser apresentado ao órgão am-
ção da comunidade no processo. biental um Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas (PRAD), aplicável após sua de-
sativação.
Medidas mitigadoras
As medidas mitigadores referem-se aos im- Relatório de impactos
pactos negativos detectados no estudo, vi-
sando amenizar, ou mitigar, seus efeitos de-
ambientais (RIMA)
letérios sobre o ambiente e seus componen-
O RIMA não tem vida própria. Ele só tem
tes. Normalmente seguem uma classificação
existência em função de um estudo de im-
genérica que pretende caracterizar estas
pacto ambiental (EIA) que é o instrumento
medidas, baseada em diferentes aspectos.
que lhe oferece substância e conteúdo. O
Assim, as medidas mitigadoras adotadas
RIMA deve ser apresentado de forma obje-
podem ser classificadas quanto:
tiva e adequada ao entendimento do públi-
co, acompanhado e ilustrado por mapas,
a) Natureza (preventiva ou corretiva).
gráficos e figuras. Sua acessibilidade deve
b) Fase (construção, operação, desativação).
ser garantida pelo órgão ambiental, que,
c) Fator afetado (físico, biológico, antrópi-
sempre que julgar pertinente, realizará uma
co).
audiência pública com a participação dos
d) Prazo de validação (curto, médio ou
agentes envolvidos, da comunidade e de-
longo).
mais interessados.
e) Responsabilidade (empreendedor ou po-
O RIMA conterá os objetivos e justifi-
der público).
cativas do projeto, sua relação e compatibi-
Observação: Deverão ser mencionados lidade com políticas setoriais, planos e pro-
os impactos não mitigáveis e que não po- gramas governamentais; a discriminação
dem ser evitados. do empreendimento e suas alternativas tec-
nológicas e locacionais, matérias-primas,
área de influência, fontes de energia, pro-
Programa de monitoramento cessos e técnicas operacionais, os prováveis
efluentes, emissões, resíduos de energia,
Indicação e justificativa de parâmetros sele- empregos diretos e indiretos a serem gera-
cionados para acompanhamento por parte dos; a síntese dos resultados dos estudos de
Meio ambiente e sustentabilidade 225

diagnósticos ambiental da área de influên- requisitos básicos a serem atendidos nas fases
cia do projeto; a identificação dos prováveis de localização, instalação e operação, obser-
impactos ambientais da implantação e ope- vados os planos municipais, estaduais e fede-
ração da atividade, considerando o projeto, rais de uso do solo. A emissão da LP ocorre
suas alternativas, os horizontes de tempo de somente após a aprovação do EIA/RIMA.
incidência dos impactos e indicando os mé-
todos, técnicas e critérios adotados para sua
identificação, quantificação e interpretação; Licença de instalação (LI)
a caracterização da qualidade ambiental fu-
tura da área de influência comparando as Solicitada depois de concluído o projeto
diferentes situações da adoção do empreen- executivo do empreendimento e antes do
dimento e suas alternativas, bem como a hi- início das obras. É concedida após análise e
pótese de sua não realização; a descrição do aprovação dos projetos que especificam os
efeito esperado das medidas mitigadoras dispositivos de controle ambiental e as me-
previstas em relação aos impactos negati- didas de mitigação ou compensação am-
vos, mencionando aqueles que não pude- biental.
rem ser evitados, e o grau de alteração espe-
rado; o programa de acompanhamento e
monitoramento dos impactos; e, finalmen- Licença de operação (LO)
te, a recomendação quanto a alternativa
mais favorável (conclusões e comentários Solicitada antes da operação comercial do
de ordem geral). empreendimento. Autoriza, após diferentes
verificações, o início da atividade e o fun-
cionamento de seus equipamentos de con-
LICENCIAMENTO AMBIENTAL trole ambiental, de acordo com o previsto
nas licenças anteriores.
O processo de avaliação de impactos am- Os agentes que participam da elabora-
bientais (AIA), no Brasil, está vinculado, ção da avaliação de impactos ambientais
pela legislação, ao processo de licenciamen- devem conduzir suas atuações de maneira
to ambiental pelas empresas e pelo setor integrada, visando sempre aos princípios
público quando da instalação de ações, pro- norteadores da Política Nacional do Meio
gramas e projetos. O licenciamento am- Ambiente e a Legislação Brasileira. O pro-
biental apresenta uma variada gama de par- cesso de avaliação de impactos ambientais
ticularidades, cuja complexidade e nível de é, em suma, um conjunto tripartite de ações
exigências estão relacionadas com as dife- conjugadas, configurado pela participação
rentes naturezas dos empreendimentos ou dos órgãos ambientais, dos empreendedo-
projetos apresentados aos órgãos ambien- res e de equipes multidisciplinares encarre-
tais. Assim, basicamente os empreendimen- gadas de produzir documentos técnicos que
tos necessitam de três licenças fundamen- irão subsidiar as tomadas de decisão. Este
tais para seu pleno funcionamento e cum- conjunto integrado nada mais é do que o
primento das etapas de sua existência: reflexo das conjunturas formais de partici-
pação no referido processo, que são: a socie-
dade, que afinal vai julgar e decidir sobre a
Licença prévia (LP) relação custo-benefício de determinada ação
ou empreendimento; a economia de uma
Deve ser requerida pelo empreendedor no região ou país, que se consolida com a apli-
início do planejamento da obra, contendo os cação de recursos financeiros, energia e ma-
226 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

téria-prima em determinada ação ou em- O meio ambiente social define a forma


preendimento; e a ciência e a tecnologia como as sociedades humanas estão organi-
empregadas na elaboração dos estudos pré- zadas, e funcionam para satisfazer suas ne-
vios necessários para o licenciamento am- cessidades básicas (ou necessidades físicas:
biental da ação ou empreendimento. alimentação, saúde, moradia, vestuário) e
necessidades sociais: educação, trabalho, la-
zer, liberdade individual e possibilidade de
ESTRUTURA DOS ESTUDOS participar do sistema existente.
DE IMPACTOS AMBIENTAIS
Problemas ambientais sempre existiram, o Tipos de avaliações
que tem variado é sua escala, e a esta dimen-
são da problemática ambiental têm contri- As avaliações têm uma finalidade principal
buído muitas causas: que são as previsões. Estas podem ser inte-
grais ou parciais, ou seja, podem ser aplica-
a) Elevado crescimento demográfico. das total ou parcialmente:
b) Desenvolvimento e difusão da tecnolo-
gia industrial. a) Distintas alternativas de um mesmo
c) Avanços da medicina e do saneamento e projeto ou ação.
seus efeitos sobre a demografia. b) Estudos prévios ou preliminares deta-
d) Avanços da comunicação. lhados.
e) Crescente urbanização. c) Distintas fases do projeto (preliminar,
na fase de construção e/ou na fase de
Para conciliar a necessidade do me- operação).
lhoramento da qualidade de vida mediante
a qualidade ambiental, é necessário que se Ações e projetos contidos em um pla-
conheça e estude todos os benefícios e ma- nejamento completo, que considera várias
lefícios causados pelas realizações indus- alternativas tecnológicas e locacionais têm
triais, obras turísticas, urbanas, etc. por objetivos:
O levantamento e o estudo das causas
destas ações no ambiente podem ser feitos a) Avaliação do meio no estado pré-opera-
através de avaliações de impactos ambien- cional.
tais que têm por objetivo introduzir a vari- b) Estudo de medidas corretoras e instru-
ável ambiental nos programas de desenvol- mentos de controle.
vimento. c) Determinação dos impactos.
Primeiramente, antes de discutir o d) Cálculo da resistência do meio a esses
tema das avaliações de impacto ambiental, impactos e a sua capacidade de absorção
convém definir alguns conceitos: de tais impactos.
e) Aceitação do projeto na situação atual,
a) O meio ambiente natural: constituído introdução de melhoras e modificações.
por quatro sistemas interrelacionados:
atmosfera, hidrosfera, litosfera, biosfera,
da qual o homem faz parte. Tipos de impactos
b) O meio ambiente social: conjunto de in-
fraestruturas materiais construídas pelo a) Impactos primários – fatores físicos e
homem, os sistemas sociais e as institui- biológicos que causam maiores efeitos e
ções. são mais facilmente determinados.
Meio ambiente e sustentabilidade 227

b) Impactos secundários – aspectos sociais, b) previsão ou cálculo dos efeitos e magni-


econômicos e políticos. tudes dos indicadores de impacto;
c) Impactos diretos – causados diretamente c) interpretação dos impactos e efeitos am-
por uma ação ou modificação no meio. bientais;
d) Impactos indiretos – causados pela con- d) prevenção dos efeitos.
junção de fatores determinados pelos
impactos diretos. Outro ponto importante a ser levado
em consideração é a extensão do projeto e
sua área de influência, onde deve ser reali-
Indicadores de zado o diagnóstico ambiental. A equipe rea-
impacto ambiental lizadora do estudo deverá estabelecer, com
base na caracterização geográfica da região,
São parâmetros que proporcionam a medi- a área de influência do empreendimento,
da da grandeza do impacto em aspectos ou, em última análise, considerar a bacia hi-
qualitativos e quantitativos. Podem ser in- drográfica abrangida pelo projeto.
dicadores de forma numérica ou mesmo
pelo estabelecimento de padrões (muito
mal, mal, regular, bom, muito bom; ou sim- Avaliação de tecnologias
plesmente aceitável ou não aceitável).
Os melhores indicadores são os rela- São avaliações mais profundas que as ava-
cionados com a qualidade do meio físico e liações de impactos ambientais. Pode-se
social e os que possuem um aparato legal chamar de tecnologias limpas aquelas que
estabelecendo os valores máximos permiti- têm como objetivo reduzir a emissão de re-
dos para suas ocorrências (níveis de quali- síduos antes da saída final, reduzindo a con-
dade da água, do ar, ruído, sensibilidade vi- taminação e, consequentemente, reduzindo
sual, etc). Porém, não se sabe se esses valores os impactos biológicos e socioculturais.
já estabelecidos condizem com a realidade Deve-se considerar também que a tec-
do problema. nologia afeta não só o meio ambiente como
Também é importante observar que também os aspectos sociais e econômicos
não basta apresentar os resultados obtidos (positiva ou negativamente), inclusive a
através da quantificação e da compilação própria avaliação dessa tecnologia implica
dos pesos dos indicadores de impacto físico custos, por vezes relativamente altos, de-
e suas consequências, faz-se necessária tam- vendo-se, portanto, considerar as limita-
bém a observação de aspectos sociocultu- ções de uma avaliação, sendo importantís-
rais, políticos, econômicos, visando final- simo fixar claramente sua propositura e ob-
mente à proposição de novas alternativas de jetivos antes mesmo de iniciá-la.
uso para os recursos.

Relação custo-benefício
Procedimentos para
realização do EIA Não se deve esquecer que, além de oferecer
um conhecimento do ambiente regional, as
Os estudos de impactos ambientais devem avaliações pretendem também escolher as
atentar também para quatro pontos princi- melhores alternativas para um projeto ou
pais: ação determinados.
Como o objetivo fundamental de um
a) identificação causa-efeito; estudo de impacto ambiental é a otimização
228 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

do uso de um território e dos recursos nele da avaliadas pelo público para posterior jul-
existentes, deve-se balancear as consequên- gamento (Machado, 2009).
cias do impacto ao ambiente (que seriam
causados por um projeto) e os benefícios
socioeconômicos que este projeto poderia Tramitação do EIA
trazer para a região. (com ênfase para o
Outro ponto que deve ser analisado Estado de São Paulo)
com cuidado é a generalização de soluções,
ou seja, aplicar soluções regionais de um A Secretaria do Meio Ambiente fornece o
modo global para qualquer área física, des- Roteiro Básico para elaboração do EIA/
respeitando as características específicas de RIMA e, a partir deste, se desenvolverá o Pla-
cada região. no de Trabalho que será submetido à apro-
Os estudos ambientais podem tam- vação da Secretaria.
bém ser benéficos do ponto de vista econô- Com o Plano de Trabalho aprovado, o
mico, uma vez que podem prever e corrigir interessado (proponente do projeto e a equi-
os impactos por custos menores, uma vez pe multidisciplinar) desenvolverá e apresen-
que proporcionam amplos conhecimentos tará o EIA/RIMA, em tantas vias quantas
dos recursos ambientais existentes. forem solicitadas pela Secretaria, através do
Importante que se reconheçam que to- Departamento de Avaliação de Impactos
dos os procedimentos a serem tomados se- Ambientais (DAIA) que procederá:
jam bem estabelecidos legal e institucional-
mente para que existam aparatos econômi- a) à abertura de processo;
cos e humanos bem definidos pelos agentes b) ao preenchimento de ficha contendo:
que precisam realizar um estudo de impac-
– identificação e caracterização do em-
tos ambientais.
preendimento;
– localização do empreendimento;
– identificação dos principais impactos
Participação do público e das áreas técnicas a serem consulta-
das para análise do estudo.
A participação do público em um estudo de
impactos ambientais é um importante as- c) à preparação de informe a ser enviado
pecto. As audiências públicas podem ser so- pela Assessoria de Comunicação, ao Di-
licitadas pela comunidade afetada por um ário Oficial e/ou órgãos da imprensa
empreendimento ou pelo próprio órgão local, para divulgação;
ambiental, quando existem aspectos polê- d) à coordenação da análise do estudo, corre-
micos ou esclarecimentos obscuros no pro- lacionando os pareceres emitidos pelas
jeto. Não se exige cidadania brasileira para áreas consultadas, e resultando na prepa-
manifestar-se sobre os estudos ambientais. ração de parecer estabelecendo exigências,
Não se concebe um EIA sem a possibilidade ou recomendando condições em que o
de serem emitidas opiniões de pessoas e de empreendimento deva ser licenciado;
entidades (ONGs, sindicatos, universida- e) após a análise, a Secretaria submete o
des, partidos políticos, tribos indígenas, EIA/RIMA, bem como parecer ao CON-
etc). Uma decisão política, e mesmo técni- SEMA (Conselho Estadual do Meio
ca, em matéria de meio ambiente torna-se Ambiente), para decisão;
coerente quando as opiniões dos especialis- f) após a decisão do CONSEMA, o proces-
tas são esclarecidas, publicadas e em segui- so retorna ao DAIA para preparação de
informação aos órgãos licenciadores e à
Assessoria de Comunicação sobre a de-
cisão do CONSEMA.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

Por meio desta apresentação, será possível obter conhecimentos relacionados à legislação
aplicada à Avaliação de Impactos Ambientais.

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EXERCÍCIOS

1) Você atua como gestor ambiental em uma empresa de consultoria. Uma grande
indústria contrata a sua empresa para auxiliá-la em processos de licenciamento
ambiental. Um primeiro questionamento realizado por esse importante cliente é se
deve ser realizada uma Avaliação de Impacto Ambienta por meio de um EIA-RIMA
para a instalação de um novo complexo industrial. Para responder a esta questão,
você buscaria subsídios legais em qual dos seguintes instrumentos?

A) Constituição Federal

B) Decreto 6848/09

C) Resolução CONAMA 01/86

D) Lei 6938/81

E) Lei 7802/89

2) Como gestor ambiental, você tem ciência de que uma Avaliação de Impactos
Ambientais deve ser construída à luz de orientações legais, tais como as diretrizes
gerais expressas na Resolução CONAMA 01/86. Dentre os objetivos listados a seguir,
indique qual NÃO pertence à referida Resolução.
A) Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as
com a hipótese da não execução do projeto.

B) Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de


implantação e operação da atividade.

C) Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos,
denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia
hidrográfica na qual se localiza.

D) Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de


influência do projeto e sua compatibilidade.

E) Estabelecer o grau de impacto a partir de estudo prévio de impacto ambiental e respectivo


relatório - EIA/RIMA.

3) Como gestor ambiental de uma grande empresa, você tem a responsabilidade de


acompanhar os processos de licenciamento necessários para a implantação de novas
unidades. Em um processo de licenciamento, o IBAMA lhe questiona sobre o cálculo
de grau de impacto do empreendimento. Segundo o decreto 6848/09, o cálculo do
grau de impacto é fundamental para:

A) definir a magnitude dos impactos gerados pelo empreendimento.

B) definir a abrangência dos impactos gerados pelo empreendimento.

C) Definir a compensação ambiental necessária para a implantação do empreendimento.

D) Definir o impacto sobre a biodiversidade.

E) Definir o índice de temporalidade dos impactos gerados pelo empreendimento.


4) Durante um processo de Avaliação de Impactos Ambientais, deve-se definir a área de
influência destes impactos. Segundo a Resolução CONAMA 01/86, o que sempre deve
ser levado em consideração durante esta definição?

A) A bacia hidrográfica onde se localiza o empreendimento.

B) Os limites do município onde se localiza o empreendimento.

C) A disponibilidade de mão de obra para a implantação do empreendimento.

D) A capacidade do ambiente em minimizar os impactos.

E) A inexistência de um órgão ambiental local que possa realizar a análise da Avaliação de


Impactos Ambientais.

5) A empresa onde você atua como gestor ambiental demandou a realização de uma
Avaliação de Impacto Ambiental para implantação de uma estação de tratamento de
efluentes. Para isso, você realiza a contratação de uma empresa capaz de realizar tal
avaliação. Quem será tecnicamente responsável pela elaboração dessa Avaliação de
Impactos Ambientais?

A) O órgão licenciador (federal, estadual ou municipal).

B) O proponente do projeto de instalação da estação de tratamento de efluentes.

C) A equipe multidisciplinar habilitada que atua na empresa contratada.

D) O gestor ambiental.

E) O engenheiro responsável pelo projeto da estação de tratamento de efluentes.


NA PRÁTICA

Imagine-se atuando como gestor ambiental de uma empresa que pretende ampliar uma de suas
unidades. Caso este empreendimento demande um processo de Avaliação de Impactos
Ambientais, caberá ao gestor responsável o completo entendimento da legislação aplicada. O
desconhecimento relacionado à legislação poderá provocar a elaboração de relatórios não
condizentes com os pré-requisitos legais esperados pelos órgãos licenciadores. O conhecimento
relacionado à legislação é fundamental no dia a dia de um gestor ambiental.
O estudo de impacto ambiental é um estudo composto basicamente por quatro grandes etapas:

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil:

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BRASIL. Política Nacional do Meio Ambiente:

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CONAMA. Resolução Nº 001, de 23 de janeiro de 1986:


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BRASIL. Decreto 6848 de 14 de maio de 2009

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Percepções de riscos, plano de gestão dos
impactos e componentes estruturantes de
um plano

APRESENTAÇÃO

Você já imaginou quanto é necessário gastar para a produção de bens de consumo tão utilizados
em nossa rotina diária? Quanto representa o custo de um computador, desde a sua produção até
chegar a sua casa, por exemplo? Já imaginou o risco e o impacto ambiental das atividades de
produção desses equipamentos e bens de consumos geral?
Os riscos e impactos não são facilmente percebidos em uma atividade e, considerando que ela
pode vir a gerar impactos, dentre os mecanismos mais praticados na avaliação está a avaliação
do impacto ambiental (AIA).
Você saberia dizer qual a grande finalidade desse tipo de estudo? Ele objetiva prever os
possíveis impactos ambientais de uma atividade, como a extração de minérios, a agricultura e a
construção de barragens, antes que a própria atividade cause degradação da qualidade ambiental
de uma determinada região. Com isso, esse tipo de estudo é fundamental em qualquer atividade,
mesmo para aquelas que possam não parecer oferecer risco ou impacto; é necessário pensar
sobre as possibilidades.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver sobre risco e impacto ambiental, como funciona
o plano de controle ambiental (PCA), os impactos da mineração e o papel do PCA nesses casos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Diferenciar risco e impacto ambiental e identificar a importância de sua identificação em


fases de planejamento prévio.

• Conceituar e caracterizar o PCA.

• Identificar os componentes estruturantes de um plano de controle.


DESAFIO

Existe uma distinção entre os conceitos de risco e impacto provenientes das atividades.
O risco pode ser definido como qualquer probabilidade de que um perigo ocorra e atinja uma
população ou o meio ambiente. Já impacto está relacionado a fatores que são responsáveis pela
modificação do meio, seja negativa ou positiva.
Dentre as atividades que geram riscos e possíveis impactos ambientais, podemos citar a
agricultura. Essa atividade tão diversificada e densamente praticada em nosso país está
associada a uma grande variabilidade socioeconômica. Assim, podemos dizer que essa atividade
é um sistema heterogêneo e complexo.
De um lado, os sistemas agrícolas mais primitivos que consomem muitos recursos naturais,
desde ao desmatamento até o próprio manejo inadequado do solo (erosão, redução dos
nutrientes, lixiviação, etc.). Já outro ramo mais elaborado dessa cadeia produtiva consome
menos recursos naturais, porém introduz elementos novos, como inseticidas, pesticidas,
fertilizantes, sais, etc.
Toda essa atividade gera grandes impactos ambientais. Os sistemas mais tradicionais, por serem
menos elaborados, acabam sendo responsáveis pelo impacto ambiental crônico.
Já os sistemas mais elaborados acabam por minimizar os impactos causados por suas atividade,
até por respeitarem e atenderem a AIA e, assim, se preocupam com pontos importantes que
podem gerar impactos e riscos ambientais, como a localização da atividade, a evolução do
manejo do solo com o tempo, além das técnicas e tecnologias que serão utilizadas na atividade.
Você foi designado para avaliar os possíveis impactos da atividade agrícola de uma determinada
região, em específico os impactos ambientais causados pela irrigação da agricultura.

Aponte quais os fatores que poderiam causar alterações no meio ambiente e quais seriam
os métodos de avaliação mais indicados desses impactos.

INFOGRÁFICO

Veja neste Infográfico as etapas para que sejam diagnosticados os riscos e impactos ambientais
e a forma para que os efeitos causados possam ser prevenidos, minimizados ou tratados por
meio do PCA. Confira.
CONTEÚDO DO LIVRO

Na obra Avaliação de impactos ambientais, leia o capítulo Percepções de riscos, plano de


gestão dos impactos e componentes estruturantes de um plano, base teórica desta Unidade
de Aprendizagem. Você vai ver os conceitos sobre risco e impacto ambiental, cujos significados
aparentemente se confundem, mas claramente não são iguais. Vai ver também sobre o PCA,
seus conceitos e, ainda, os componentes presentes em um PCA.

Boa leitura.
AVALIAÇÃO DE
IMPACTOS
AMBIENTAIS

Márcio Fernandes Leão


Percepções de riscos,
plano de gestão dos
impactos e componentes
estruturantes de um plano
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Diferenciar risco e impacto ambiental e reconhecer a importância de


sua identificação em fases de planejamento prévio.
 Definir e descrever o Plano de Controle Ambiental.
 Identificar os componentes estruturantes de um Plano de Controle.

Introdução
Imagine quanto é necessário gastar para a produção de bens de consumo
tão utilizados em nossa rotina diária. Quanto representa o custo de um
computador, desde a sua produção até chegar à sua casa, por exemplo?
Já calculou o risco e o impacto ambiental que as atividades de produção
desses equipamentos e bens de consumos geram? Os riscos e impactos
não são facilmente percebidos em uma atividade e, considerando que
ela pode vir a gerar impactos, dentre os mecanismos mais praticados na
sua avaliação está a Avaliação do Impacto Ambiental (AIA). Você saberia
dizer qual é a grande finalidade desse tipo de estudo?
Neste capítulo, você estudará sobre risco e impacto ambiental e verá
como funciona o Plano de Controle Ambiental, os impactos da mineração
e o papel do PCA nesses casos.
292 Percepções de riscos, plano de gestão dos impactos e componentes estruturantes...

Riscos e impactos ambientais


Você sabia que existe uma grande confusão sobre os termos risco ambiental
e impacto ambiental? O risco pode ser definido como qualquer probabilidade
de que um perigo ocorra e atinja uma população e/ou o meio ambiente. Assim,
fica clara a importância e a grande necessidade de que possamos prever qual-
quer tipo de risco antes que ele gere um impacto e consequências desastrosas.
O impacto, por sua vez, está relacionado a fatores que são responsáveis pela
modificação do meio, seja negativa ou mesmo positiva. Dessa forma, existem
muitos instrumentos que podem ser utilizados para a avaliação de ambos
quanto às modificações do meio ambiente. É simples, não?
Os riscos e impactos não são facilmente percebidos em uma atividade.
Para auxiliar na sua identificação, existem componentes de percepção de
risco, como os apresentados na Figura 1. Podemos notar que, na primeira
etapa, são feitas avaliações sobre qual atividade será executada e os recursos
necessários que serão dispensados a essa atividade. Já na segunda etapa, está
a identificação dos riscos e perigos dessa atividade. Por fim, na terceira etapa,
é feita uma estimativa desse risco.

Figura 1. Estimativa do risco. Análise e avaliação.


Percepções de riscos, plano de gestão dos impactos e componentes estruturantes... 293

Considerando que as atividades podem vir a gerar impactos, dentre os


mecanismos mais praticados na sua avaliação está a Avaliação do Impacto
Ambiental (AIA). Você saberia dizer qual a grande finalidade desse tipo de
estudo? Ele objetiva prever os possíveis impactos ambientais de uma atividade,
como, por exemplo, a extração de minérios, a agricultura, a construção de bar-
ragens, antes que a própria atividade cause degradação na qualidade ambiental
de uma determinada região. Com isso, esse tipo de estudo é fundamental em
qualquer atividade, mesmo para aquelas que possam não parecer oferecer risco
ou impacto; sempre é necessário pensar sobre as possibilidades.

Qualquer que seja a situação, a avaliação do impacto deve sempre focar em quatro
pontos principais:
1. identificação causa-efeito;
2. previsão ou estimativa dos efeitos e magnitudes dos indicadores de determinado
impacto;
3. interpretação dos efeitos ambientais;
4. prevenção dos efeitos ambientais.

A AIA é fundamental na percepção do risco por ser um processo de ava-


liação que segue uma série de etapas de forma sequencial e lógica, buscando
analisar a viabilidade, ou não, de determinada atividade ou projeto, auxiliando
na decisão a ser tomada. As principais características da AIA são:

 constitui-se em um conjunto estruturado, documentado e com forma


sequencial e lógica;
 obedece a leis específicas;
 analisa a viabilidade ambiental;
 envolve diversos participantes.

A percepção do risco ambiental e as características do AIA fazem parte de


um grande mecanismo no processo de avaliação do impacto ambiental. Você
294 Percepções de riscos, plano de gestão dos impactos e componentes estruturantes...

sabe quais são os principais objetivos de uma avaliação do impacto ambiental?


A seguir são descritos cada um deles:

1. Garantir que os aspectos relacionados ao risco e ao impacto ambiental


sejam considerados nas decisões;
2. Prever, remediar, reduzir ou minorar os efeitos degradantes ao meio
ambiente;
3. Preservar os recursos naturais existentes em um ecossistema;
4. Promover o desenvolvimento sustentável das atividades relacionadas
a impactos ambientais.

Assim, a resolução CONAMA 01/1986 estabeleceu critérios e diretrizes


para o uso e implementação da AIA, criando, ainda, estudos adicionais, como
o Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e o Relatório de Impactos Ambientais
(RIMA). Toda atividade que necessita de licenciamento passou a depender da
aprovação prévia do EIA/RIMA.
Uma informação que é importante saber é se refere à distinção entre o
EIA/RIMA e o Plano de Controle Ambiental (PCA), junto ao Relatório de
Controle Ambiental (RCA). O EIA/RIMA aborda estudos na água, nos solos
e no ar, na tentativa de identificação de um passivo ambiental. Além disso, ele
prevê impactos no meio sócio-econômico-ambiental quando da execução da
atividade. Tanto o PCA quanto o RCA buscam a caracterização da atividade a
ser executada e, consequentemente, licenciada. Dessa forma, eles contemplam
a descrição da atividade, dos processos a serem praticados e das emissões que
perturbem o meio ambiente.

A AIA, na realidade, nada mais é que um instrumento para um programa de política


pública ambiental. Não é a solução para todos os problemas ambientais provenientes de
alguma deficiência, seja social ou de gestão pública, mas pode ajudar nas decisões das
partes envolvidas (poder público e privado) sobre o impacto ambiental de determinada
atividade. É uma ferramenta importante na avaliação do impacto ambiental, não
concorda? A AIA também encontra algumas dificuldades, principalmente relacionadas
à variabilidade dos fenômenos ambientais, como a falta de pleno conhecimento sobre
o comportamento do meio, além da carência de base de dados e informações sobre
uma região e os problemas a serem avaliados.
Percepções de riscos, plano de gestão dos impactos e componentes estruturantes... 295

Plano de Controle Ambiental


O Plano de Controle Ambiental (PCA) é um outro tipo de estudo ambiental que está
baseado nas Resoluções do CONAMA 9/90 e 10/90 (CONAMA, 1990a;1990b).
Esse tipo de estudo é solicitado como uma premissa para a solicitação de licença
de atividades mineradoras, principalmente, devendo conter todos os projetos
executivos de redução e mitigação de impactos ambientais que foram listados
na fase de Licença Prévia (LP). Assim, ele deve ser elaborado com base nas
informações contidas nos relatórios de impactos entregues e aprovados em etapa
anterior. Na Quadro 1, são apresentados programas que fazem parte do Plano
de Controle Ambiental exigidos para obras de engenharia como hidrelétricas.

Quadro 1. Exemplo de PCA para usina hidrelétrica.

Remanejamento e compensação da população atingida.


Reestruturação e revitalização das comunidades lindeiras.
Socioeconômico Resgate do patrimônio histórico-cultural
e cultural paisagístico e arqueológico.
Adequação da infraestrutura de serviços.
Educação ambiental.

Observação das condições hidrológicas e climatológicas.


Hidrologia,
Monitoramento das condições limnológicas e da
climatologia
qualidade da água, das macrófitas aquáticas, do manejo
e qualidade
da ictiofauna, das condições hidrossedimentológicas.
da água
Ações integradas de conservação do solo e da água.

Monitoramento sismológico, da exploração


Geotecnologia dos recursos minerais, dos aquíferos, da
estabilidade de taludes marginais.

Manejo e salvamento de flora e fauna.


Meio biótico Reflorestamento.
Aplicação de recursos em unidades de conservação.

Limpeza da bacia de acumulação.


Meio físico Gerenciamento e recomposição
ambiental das áreas da obra.

Gestão do reservatório.
Gerencial Monitoramento e avaliação da implantação do PBA.
Comunicação social.

Fonte: adaptado de Barra Grande (2001).


296 Percepções de riscos, plano de gestão dos impactos e componentes estruturantes...

Outro tipo de programa é o chamado Plano Básico Ambiental (PBA), que tam-
bém é um estudo elaborado com base em estudos anteriores, como o EIA/RIMA,
apresentando detalhes das medidas de remediação e de recuperação dos impactos
ambientais apontados. Ele é direcionado a empreendimentos referentes à geração
de energia elétrica, sejam hidrelétricas, termoelétricas ou linhas de transmissão,
com base na Resolução Conama 6/87. O PBA é direcionado para atividades de
potencial impacto ambiental ou que agridam o meio ambiente. Assim, ele deverá
ser apresentado durante a Licença de Instalação (LI), após a aprovação do EIA.
Todos esses planos referentes ao controle e à gestão ambiental podem ser
integrados por sistemas de gestão ambiental. Os Planos de Gestão Ambiental
se referem à análise e à aprovação de uma atividade, além de outras medidas
que avaliam o impacto dessa atividade em um meio ambiente, propondo me-
didas para atenuar, prevenir e compensar os impactos negativos e valorizar os
impactos positivos. Veja a seguir como essas medidas podem ser distribuídas
em etapas no controle de impactos ambientais.

 Passo 1: evitar impactos e prevenir riscos.


 Passo 2: reduzir ou minimizar impactos negativos.
 Passo 3: compensar impactos negativos que não podem ser evitados
ou reduzidos.
 Passo 4: recuperar o ambiente degradado ao final de cada etapa do
ciclo de vida do empreendimento.

Entenda melhor o PCA consultando as Resoluções do CONAMA disponíveis nos links


a seguir:
 Resolução CONAMA Nº 009/1990 - https://goo.gl/qycs9L
 Resolução CONAMA Nº 010/1990 - https://goo.gl/YjBRPY
Percepções de riscos, plano de gestão dos impactos e componentes estruturantes... 297

Componentes de um plano
de controle ambiental
Para você compreender mais facilmente sobre os componentes de um plano
de controle ambiental, podemos enumerar cada etapa do processo da seguinte
maneira:

1. Apresentação
2. Descrição do programa
3. Objetivos
4. Objetivos específicos
5. Metodologia
6. Detalhamento das atividades
7. Cronograma de implantação
8. Equipe de execução
9. Equipamentos utilizados
10. Custos de implantação e execução

Como vimos, o PCA deve ser apresentado antes do pedido da LI e deve


apresentar todos os impactos que podem ocorrer na fase de implantação da
obra, medidas de controle e reparadoras, além de registrar todas essas medidas
e os apontamentos realizados. Esses registros podem ser feitos por meio de
fotos, documentos técnicos, fichas, notas de compra e certificados, mas devem
estar comprovando que as medidas de mitigação e remediação estão sendo
controladas e adotadas.
O PCA deve conter, no mínimo, as informações apresentadas na Figura 2.
298 Percepções de riscos, plano de gestão dos impactos e componentes estruturantes...

Figura 2. Informações mínimas de um Plano de Controle Ambiental.

Para entender as informações básicas apresentadas na Figura 7, devem ser


identificados os dados básicos da empresa responsável pela atividade (razão
social, localização, natureza da atividade). Posteriormente, devemos apontar,
com detalhes, os impactos e/ou as interferências que são previstas ao longo de
toda a atividade, sendo fundamental a indicação das medidas de remediação e
tratamento dos impactos. Para essa etapa, devem ser utilizadas as informações
contidas no RAS ou no RAP, dependendo da situação. Lembre-se que todas
as medidas propostas devem estar detalhadamente descritas. É necessário que
apontemos a forma pela qual serão feitos os registros do controle de impactos
ambientais – podemos utilizar, por exemplo, fotos, relatórios, documentos
fiscais, etc. O PCA deve estar devidamente assinado pelo responsável téc-
nico da elaboração do estudo e da implantação do plano. Perceba que o PCA
deve ser uma ferramenta que auxilie o relatório final da obra, que deverá ser
entregue ao órgão competente para solicitação da Licença de Operação (LO).
Percepções de riscos, plano de gestão dos impactos e componentes estruturantes... 299

Para a elaboração do PCA, podem ser utilizados muitos quadros e modelos de documen-
tos em modelos já disponíveis pelos órgãos fiscalizadores das esferas federal, estadual e
municipal. Assim, podem ser sugeridos, por exemplo, quadros com sugestões de ações
de controle e forma de registro para os impactos previstos. No Quadro 2, são apresentadas
essas sugestões para obras e serviços de infraestrutura com base em um serviço existente.

Quadro 2. Sugestões de controle para obras e serviços de infraestrutura.

Tipo de Impacto / Formas de


serviço interferência Ação / controle registro

Terrapla- Material particu- Lavagem de Fichas de registro,


nagem e lado, ruídos dos rodas, cobertura de fotos, CTRs, relató-
escavação equipamentos, caçambas, medi- rios técnicos, etc.
resíduos, estabili- ções para controle
dade do terreno, de recalque, etc.
recalque.

Concretagem Ruídos, trá- Jornada de tra- Fichas de registros,


fego, etc. balho dentro fotos, comprovante
do permitido, da solicitação de
sinalização, etc. orientação ao ser-
viço de trânsito, etc.

Demais Ruídos de Controle e des- Documento de


serviços equipamentos e tinação correta controle de trans-
veículos, material dos resíduos da porte e destinação
particulado, construção civil, final de resíduos
contaminação utilização de equi- da construção
por combustí- pamentos ruidosos civil, documento
vel, geração de em local confinado, evidenciando a
resíduos, etc. manutenção, forma de abasteci-
abastecimento de mento dos veículos
combustível por ou equipamentos,
comboio, etc. fichas de registros,
fotos, CTRs, etc.

Drenagem Limpeza das vias Esgotamento de Fichas de regis-


águas diretamente tro, fotos etc.
no sistema público
de drenagem

(Continua)
300 Percepções de riscos, plano de gestão dos impactos e componentes estruturantes...

(Continuação)

Quadro 2. Sugestões de controle para obras e serviços de infraestrutura.

Tipo de Impacto / Formas de


serviço interferência Ação / controle registro

Efluente Contaminação Lançamento no Fichas de regis-


doméstico do solo, saúde sistema público. tro, fotos, etc.
do canteiro do trabalha-
de obras dor, etc.

Abaste- Saúde do Abastecimento via Fichas de regis-


cimento trabalhador. sistema público. tro, fotos, etc.
de água

Fonte: SEMASA (2018).

Se a atividade for aprovada, ocorre o monitoramento e a gestão ambiental,


com o principal objetivo de compensar todos os impactos negativos da atividade
potencialmente impactante, seguindo o planejamento ambiental e garantindo
a manutenção e a implementação do plano. Nesse momento, são adicionadas
etapas de acompanhamento (fiscalização, supervisão e auditorias) para cada
etapa da atividade.
Como você pode notar, o Plano de Controle Ambiental é apenas uma das
muitas etapas que correspondem a todo processo de entendimento, planeja-
mento e licenciamento ambiental de uma atividade.
Percepções de riscos, plano de gestão dos impactos e componentes estruturantes... 301

CONAMA. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Diário Oficial da União,


Brasília, DF, sec. 1, p. 2548-2549,17 fev. 1986.
CONAMA. Resolução CONAMA nº 9, de 6 de dezembro de 1990. Dispõe sobre normas
específicas para o licenciamento ambiental de extração mineral, classes I, III a IX.
Brasília, DF: MMA, 1990a. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/
legiabre.cfm?codlegi=106>. Acesso em: 03 fev. 2018.
CONAMA. Resolução CONAMA nº 10, de 6 de dezembro de 1990. Dispõe sobre normas
específicas para o licenciamento ambiental de extração mineral, classe II. Brasília,
DF: MMA, 1990b. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
cfm?codlegi=107>. Acesso em: 03 fev. 2018.
SEMASA. Saneamento ambiental. Santo André, 2018. Disponível em: <http://www.
semasa.sp.gov.br/home/>. Acesso em: 20 fev. 2018.

Leituras recomendadas
INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR IMPACT ASSESMENT; INSTITUTE OF ENVIRONMEN-
TAL ASSESSMENT. Principles of environmental impact assessment best practice. Fargo:
IAIA, 1999. Disponível em: <https://www.iaia.org/uploads/pdf/principlesEA_1.pdf>.
Acesso em: 26 out. 2017.
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo:
Oficina de Textos, 2013.
UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMMEUNEP. Environmental Impact Assessment
Training Resource Manual. 2. ed. Geneva: UNEP, 2002.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

O PCA é um estudo ambiental baseado nas Resoluções do CONAMA nº 9/90 e nº 10/90, que é
solicitado como uma primeira etapa dentro de um processo de solicitação de licença de
atividades, como mineradoras, principalmente. Ele contém todos os projetos executivos de
redução e mitigação de impactos ambientais que foram listados na fase de licença prévia (LP).
Vamos abordar no vídeo mais detalhes dos processos e das etapas contidos no PCA. Assista.

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EXERCÍCIOS

1) O risco pode ser definido como qualquer probabilidade de que um perigo ocorra e
atinja uma população ou o meio ambiente. Já impacto está relacionado a fatores que
são responsáveis pela modificação do meio, seja negativa ou positiva.
Podemos dizer que um método efetivo para estimar os riscos seria:

A) basear as conclusões em estudos parecidos a atividades pretendidas.

B) estimar com base em dados estatísticos as ações que podem gerar risco.

C) realizar estudos especiais após a atividade ter causado um impacto mínimo.

D) realizar a AIA.

E) fazer levantamentos com base na vivência dos moradores de uma dada região que sofrerá
influência.

2) A partir dos objetivos e das solicitações sobre a elaboração do PCA, podemos afirmar
que:
A) é um estudo aplicado a atividades de baixo impacto ambiental.

B) é um estudo complementar para que determinada atividade possa renovar sua licença de
operação.

C) deve conter todos os projetos executivos de redução e mitigação de impactos ambientais


que foram listados na fase de LP.

D) são previstos na Resolução CONAMA no 6/87.

E) ele apresenta os impactos ambientais das atividades, mas não contempla estudos de
redução dos impactos, por isso é um estudo bem preliminar.

3) Com base no PCA, analise as sentenças a seguir:


I – É um estudo que deve também conter medidas mitigadoras e remediadoras.
II – Suas ações só têm validade por meio de documentos formais.
III – Exige informações detalhadas da empresa, como a razão social e a natureza da
atividade.
IV – Deve ser assinado por um responsável técnico.
V – É entregue para obtenção da LP.
Assinale a alternativa que contenha as sentenças corretas.

A) I, III e IV.

B) I, II e III.

C) II, III e IV.

D) I, II e V.

E) I, II, IV e V.
4) A partir do conceito de risco, podemos afirmar que:

A) é previsto na Resolução CONAMA no 9/10.

B) quando associado a um aspecto físico, a fauna e a flora são as maiores preocupações.

C) o risco ao meio biológico é representado por atividades como: uso e ocupação do solo e da
água.

D) em questões ambientais, o risco ao meio físico é o mais importante.

E) os riscos podem ser: para pessoas, para o meio ambiente e para o patrimônio da empresa
ou da sociedade.

5) Dentre as etapas que compõem o PCA, podemos citar o acompanhamento. Essa etapa
importante tem como principal objetivo garantir que as ações a serem tomadas na
AIA sejam praticadas. A dificuldade na aplicação dessa etapa pode estar relacionada
a:

A) planejamento de auditorias em datas não acordadas.

B) difícil entendimento e aplicação da legislação vigente.

C) negligência do empreendedor.

D) mecanismo de fiscalização, supervisão e auditoria adotados precariamente.

E) priorização de outros itens da AIA.


NA PRÁTICA

A mineração é um dos setores básicos da economia de praticamente todos os países.


A história do Brasil tem íntima relação com a busca e o aproveitamento dos seus recursos
minerais, que sempre contribuíram com importantes insumos para a economia nacional, fazendo
parte da ocupação territorial e da história nacional.
Os problemas ambientais originados pela mineração de diversos bens minerais e os conflitos
com outras formas de uso e ocupação do solo exigem uma ação mais efetiva dos órgãos
fiscalizadores.
Veja o impacto da mineração e a necessidade do PCA.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Resolução CONAMA nº 9/90

A gestão ambiental é uma atividade que se desenvolve a cada dia e, hoje, ela utiliza de muitos
mecanismos para facilitar as tratativas entre todos os envolvidos. Você pode conhecer melhor
sobre o PCA e suas aplicações à AIA consultando a Resolução do CONAMA nº 9/90.

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Resolução CONAMA nº 10/90

A gestão ambiental é uma atividade que se desenvolve a cada dia e, hoje, ela utiliza de muitos
mecanismos para facilitar as tratativas entre todos os envolvidos. Você pode conhecer melhor
sobre o PCA e suas aplicações à AIA consultando a Resolução do CONAMA nº 10/90.

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Geração de resíduos industriais e controle ambiental

Este artigo comenta as potencialidades e principais utilizações dos recursos hídricos na Região
Amazônica, sendo enfocada sua importância no desenvolvimento do setor industrial no Estado
do Pará.

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Acidentes ambientais

APRESENTAÇÃO

A partir do momento em que os primeiros hominídeos deixaram a proteção das árvores para se
arriscar em espaços abertos, iniciou-se um processo incansável de adaptação do meio natural e
de transformação das matérias-primas abundantes na natureza, em produtos voltados aos desejos
e às necessidades humanas em busca de desenvolvimento social e tecnológico, dando origem à
atividade industrial. Porém, se todo esse avanço tecnológico nas atividades industriais, de um
lado, trouxe benefícios à população, de outro, também introduziu mudanças geralmente danosas
ao meio ambiente, capazes de provocar grandes impactos aos ecossistemas.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver conceitos e alguns dos principais acidentes
ambientais, por meio de um eixo condutor, representado pelo enfoque da gestão de risco, em
que se considera continuar avançando em direção à homologação de definições e à integração de
processos com o intuito de minimizar ou até mesmo evitar situações de emergência ambiental.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar o histórico acerca da poluição ambiental.


• Exemplificar casos de acidentes ambientais.
• Caracterizar risco ambiental aplicado aos recursos naturais.

DESAFIO

Sabemos que a poluição ambiental dos centros urbanos passou a ser um grande problema após a
Revolução Industrial. O aumento da população e o consumismo exagerado acabam gerando
enormes volumes de lixo e poluindo o ambiente, além de causarem sérios problemas de saúde.
Após reportagens denunciarem as terríveis condições de saúde pública dos moradores e a
degradação ambiental nos ecossistemas locais de uma determinada cidade, em razão dos
materiais expelidos pelo parque industrial da região, a cidade passa a ser alvo de críticas por
parte da sociedade e de ambientalistas.
Saiba mais sobre essa história.

Você, como profissional da área ambiental e parte da equipe de meio ambiente dessa região,
diga que medidas deverão ser tomadas pela sua equipe para que os índices de poluição sejam
reduzidos, melhorando a qualidade ambiental e da saúde das pessoas dessa localidade.

INFOGRÁFICO

No Infográfico, você vai ver o conceito de poluição ambiental e os seus principais efeitos sobre
os recursos hídricos, os solos e a atmosfera, gerando alterações no meio ambiente, conhecidas
como impacto ambiental.

Confira.
CONTEÚDO DO LIVRO

O homem tem transformado a natureza de forma drástica, destruindo espécies animais e


vegetais, desviando cursos de rios, cortando montanhas, drenando pântanos e liberando diversos
tipos de elementos no ar, na água e nos solos, esquecendo que a sua saúde e o seu bem-estar
estão diretamente relacionados com a qualidade do meio ambiente. Diante dessas informações, é
possível perceber que a poluição ambiental é um problema intenso e devastador que afeta a
todos.

No capítulo Acidentes ambientais, da obra Avaliação de impactos ambientais, você vai ver o
que é poluição ambiental e os fatores de risco relacionados a ela, bem como os impactos
negativos que ela causa sobre o solo, os recursos hídricos, a atmosfera e a biodiversidade.
Também vai ver os principais acidentes ambientais no Brasil e no mundo e as consequências
desses desastres. Além disso, vai ver o que são os estudos de avaliação de impactos ambientais e
de que maneira eles podem ser utilizados para minimizar ou, quem sabe, até evitar tais impactos.

Boa leitura.
AVALIAÇÃO DE
IMPACTOS
AMBIENTAIS

Karine Scherer
Acidentes ambientais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar o histórico da poluição ambiental.


 Exemplificar casos de acidentes ambientais.
 Caracterizar risco ambiental aplicado aos recursos naturais.

Introdução
A partir do momento em que os primeiros hominídeos deixaram a pro-
teção das árvores para se arriscar em espaços abertos, iniciou-se um
processo incansável de adaptação do meio natural e de transformação
das matérias-primas abundantes na natureza em produtos voltados aos
desejos e necessidades humanas em busca de desenvolvimento social e
tecnológico, dando origem à atividade industrial. Porém, todo esse avanço
tecnológico nas atividades industriais, se de um lado trouxe benefícios à
população, de outro, introduziu mudanças geralmente danosas ao meio
ambiente, capazes de provocar grandes impactos nos ecossistemas.
Neste capítulo, você verá conceitos e alguns dos principais acidentes
ambientais, com base em um eixo condutor representado pelo enfoque
da gestão de risco, na qual se considera continuar avançando em direção
à homologação de definições e à integração de processos com o intuito
de minimizar ou até mesmo evitar situações de emergência ambiental.

Poluição ambiental: conceito e breve histórico


Poluição ambiental, de acordo com Valle (1995), pode ser definida como
toda ação ou omissão do homem que, por meio da descarga de material ou
energia atuando sobre as águas, o solo e o ar, cause um desequilíbrio nocivo,
seja a curto ou longo prazo, sobre o meio ambiente, degradando a qualidade
ambiental, prejudicando a saúde, a segurança e a qualidade de vida do homem
e do ambiente.
264 Acidentes ambientais

A partir dos anos 1970, após a Conferência de Estocolmo sobre o Meio


Ambiente (1972), as nações começaram a estruturar seus órgãos ambientais e
a estabelecer suas legislações, visando ao controle da poluição ambiental, de
modo que poluir passa a ser crime em diversos países. Nessa época, a crise
energética causada pelo aumento no preço do petróleo coloca em pauta duas
situações: a racionalização do uso da energia e a busca por combustíveis mais
puros, de fontes renováveis. O conceito de desenvolvimento ambiental passa
a ter destaque.
Com a chegada da década de 1980, legislações específicas que con-
trolam a instalação de novas indústrias e estabelecem exigências para as
emissões das indústrias já existentes passam a entrar em vigor. A partir
desse período, passam a surgir empresas especializadas na elaboração de
Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e de Relatórios de Impacto sobre o
meio Ambiente (RIMA); os resíduos perigosos passam a ocupar lugar de
destaque nas discussões sobre a contaminação ambiental e alguns acidentes
ambientais, como o de Chernobyl, na então União Soviética, e o de Bhopal,
na Índia, trazem as discussões ambientais para o cotidiano. Ainda nessa
época, ocorre a constatação da destruição da camada de ozônio, que protege
a Terra das radiações solares.
Na década de 1990, a consciência da importância de manter o equilíbrio
ambiental, a preocupação com o uso moderado de matérias-primas escassas
e de recursos não renováveis e a racionalização do uso da energia, com o
entusiasmo pela reciclagem como forma de combater o desperdício, convergem
para uma abordagem mais ampla e lógica das questões ambientais.
Com base nessas informações, percebe-se que, até pouco tempo atrás, a
poluição ambiental era estudada somente por meio de seus efeitos locais, e
as soluções encontradas também eram aplicadas de maneira localizada. Com
o aperfeiçoamento das técnicas de avaliação dos fenômenos naturais, propi-
ciada principalmente pela introdução do sensoriamento remoto por meio de
satélites, a humanidade passou a ter noção dos efeitos globais causados pelas
ações poluidoras. Assim, a globalização da questão ambiental passa a exigir
maior rapidez de ações e respostas cada vez mais eficazes, considerando que
os acidentes ambientais podem causar efeitos de grande intensidade, afetando
o meio ambiente de forma irreversível.
Em resumo, poluição ambiental é a introdução de substâncias ou energia
no meio ambiente, gerando efeitos negativos, e que tem como consequência
o seu desequilíbrio. Pode ocorrer de forma natural ou pela ação do homem,
causando danos à sua saúde, afetando, também, animais, plantas e todos
Acidentes ambientais 265

os demais seres vivos presentes no ecossistema. Dessa maneira, a poluição


ambiental e os fatores de risco relacionados a ela, bem como os impactos
negativos que ela causa sobre o solo, os recursos hídricos, a atmosfera
e a biodiversidade, podem ter efeitos desastrosos; como exemplo disso,
podemos citar vários acidentes ambientais que aconteceram no Brasil e
no mundo. Assim, os estudos de avaliação de impactos ambientais seriam
uma maneira de minimizar, ou quem sabe até evitar, tais situações de risco
e seus impactos.

A obra “Primavera Silenciosa” (Silent Spring), publicada originalmente em 1962, é um


livro muito famoso, escrito pela bióloga norte-americana Rachel Carson (1907-1964),
que fez o primeiro alerta mundial sobre os efeitos nocivos do uso de agrotóxicos,
questionando os rumos da relação homem-natureza. Sua obra causou muita polêmica
entre os fabricantes de pesticidas, pois Carson denunciava vários efeitos negativos
quanto ao uso do pesticida DDT em plantações. (CARSON, 2011).

Conceituando acidentes ambientais


Acidente ambiental é um evento não previsível que, direta ou indiretamente,
pode causar danos ao meio ambiente ou à saúde humana. Alguns exemplos
de acidentes ambientais são o lançamento inadequado de elementos (sólidos,
líquidos e gasosos) na atmosfera, em solos ou corpos d’água, incêndios florestais
ou em instalações industriais. Esse tipo de acidente pode ter consequências
extremamente graves, de forma que o risco ligado a tais acidentes é, legitima-
mente, uma preocupação a ser levada em conta durante a análise de impactos
ambientais desses empreendimentos.
Os acidentes ambientais podem ser de causas naturais, ou seja, aqueles que
ocorrem independentemente da atividade humana, como furacões e terremotos,
e tecnológicos, que decorrem da atividade humana, como, por exemplo, a
poluição atmosférica, ocasionada pelos processos industriais.
Os efeitos causados pelos acidentes ambientais não eram passíveis de
atenção pela sociedade, mesmo fazendo milhares de vítimas, ocasionando
perdas ao patrimônio e prejuízos incalculáveis ao meio ambiente, pois não
eram situações temidas ou sequer imaginadas pelo ser humano.
266 Acidentes ambientais

O agente laranja, formado por dioxinas, ficou amplamente


conhecido na década de 1980, pois foi utilizado na Guerra
do Vietnã, provocando graves queimaduras e mortandade
de diversas espécies de animais, por ser um composto
persistente no meio ambiente, com efeito cumulativo.
Leia o artigo sobre essas dioxinas e suas características
acessando o link ou o código a seguir.
https://goo.gl/zVbxNK

Durante a história da humanidade, vários são os exemplos de acidentes


ambientais de grande intensidade que atingiram a população e deixaram um
rastro de consequências para o meio ambiente.
Abaixo, veremos alguns dos principais desastres ambientais ocorridos no
Brasil e no mundo:

 Acidente em Flixborough, no Reino Unido (1974) – explosão em uma


indústria química com formação de uma nuvem com 40 a 50 toneladas
de ciclohexano, deixando 28 mortos e 89 feridos.
 Desastre de Seveso, na Itália (1976) – ruptura de uma válvula de um
vaso de pressão contendo solventes organoclorados que resultou na
emissão para a atmosfera de uma grande nuvem tóxica. Essa nuvem
se espalhou por uma grande área, contaminando pessoas, animais e o
solo nas proximidades da unidade industrial.
 Costa da Bretanha, na França (1978) – vazamento do petroleiro Amoco-
-Cadiz, com 223.000 toneladas, resultando na morte de 30 mil aves e
230 mil peixes e frutos do mar.
 Pensilvânia, nos EUA (1979) – ameaça de fuga de radioatividade em
Three Mile Island e 250 mil pessoas evacuadas em um raio de 8 km.
 Cubatão, no Brasil (1984) – vazamento de aproximadamente 700.000
litros de gasolina de um duto, seguido de incêndio, resultando em 93
mortos e 4 mil feridos.
 Cidade do México, no México (1984) –explosão de gás natural, deixando
452 mortos, 4.258 feridos e 31 mil pessoas evacuadas.
 Acidente de Bhopal, na Índia (1984) – vazamento de 40 toneladas de gases
letais de fábrica de agrotóxicos. Foi o maior desastre químico da história, no
qual gases tóxicos como o isocianato de metila e o hidrocianeto escaparam
Acidentes ambientais 267

de um tanque durante operações de rotina. Estima-se que, três dias após o


desastre, 8 mil pessoas haviam morrido devido à exposição direta aos gases.
 Cubatão, no Brasil (1985) – vazamento de um duto de amônia, com 6
mil pessoas evacuadas e 65 pessoas hospitalizadas.
 Desastre de Chernobyl, na Ucrânia (1986) – uma primeira explosão
de vapor no reator número 4, conhecido como CHERNOBYL-4, e o
incêndio resultante levaram a uma sequência de explosões químicas,
gerando uma imensa nuvem radioativa de iodo-131 e césio-137, alcan-
çando União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido.
Matou de 7 a 10 mil pessoas e afetou mais de 4 milhões de pessoas.
 Goiânia, no Brasil (1987) – contaminação por césio-137; dois catadores
de lixo arrombaram um aparelho radiológico, nos escombros de um
hospital antigo, entrando em contato com a cápsula, contaminando
pessoas, água, solo e ar, matando pelo menos quatro pessoas e deixando
outras dezenas com graves sequelas.
 Catástrofe da Basileia, na Suíça (1988) – em poucos minutos, os seis mil
metros quadrados do depósito 956 foram consumidos pelas chamas. Mais
de mil toneladas de inseticidas, substâncias à base de ureia e mercúrio,
transformaram-se em nuvens tóxicas incandescentes. A água utilizada
para apagar o fogo se misturou aos produtos químicos e desaguou no
rio Reno, provocando um grande desastre ecológico.
 Alasca, nos EUA (1989) – vazamento do petroleiro Exxon-Valdez,
poluindo 1.000 km da costa e matando 35 mil aves.
 Hamilton, no Canadá (1997) – incêndio em uma fábrica de plásticos,
com 650 pessoas evacuadas.
 Duque de Caxias, Brasil (2000) – vazamento de 1.300.000 l de óleo
combustível de um duto na Baía de Guanabara, ocasionando a conta-
minação das praias, mangues e causando danos à pesca e ao turismo.
 Miraí, Minas Gerais, Brasil (2007) – rompimento de uma barragem de
contenção de bauxite, liberando 2.000.000 m³ de rejeitos no ambiente.
 Acidente de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, Brasil (2013) –
dezenas de pessoas precisaram deixar as suas casas após a explosão
em um terminal de fertilizantes. A carga que explodiu continha nitrato
de potássio, que expele uma fumaça branca e densa, deixando cerca de
100 pessoas com algum tipo de intoxicação.
 Desastre de Mariana, Minas Gerais (2015) – rompimento da barragem de
Fundão, liberando milhões de toneladas de rejeitos de mineração sobre o Rio
Doce e seus afluentes, com dispersão dos rejeitos por cerca de 36 mil km no
Oceano Atlântico. Considerada a mais grave tragédia ambiental brasileira.
268 Acidentes ambientais

Gerenciamento de riscos ambientais


A Política Nacional do Meio Ambiente, introduzida pela Lei 6.938/1981, prevê
a utilização de diversos instrumentos para a implantação do Gerenciamento
de Riscos Ambientais. Entre eles, está a Avaliação de Riscos Ambientais, que,
na maioria das vezes, está inserida no EIA/RIMA, por meio da decisão de
organizações governamentais de controle ambiental. Assim, o gerenciamento
de riscos ambientais é precedido por uma série de processos de avaliação das
consequências de eventos potencialmente capazes de causar impactos na saúde
pública e no meio ambiente. Por exemplo, explosões, incêndios, derramamen-
tos e emissões imediatas de substâncias tóxicas causadas por acidentes são
exemplos do primeiro tipo de consequência. Portanto, para avaliar um risco,
é necessário estimar a probabilidade de que o evento venha a ocorrer, bem
como a extensão dos danos que o mesmo poderá causar.
Dessa forma, a análise de riscos, embora seja complexa, é uma ferramenta
muito importante para identificar os pontos mais vulneráveis de uma instalação
ou de um processo, permitindo adotar medidas preventivas que irão proteger
o meio ambiente e o homem, caso venha a ocorrer algum acidente.

Riscos ambientais
Podemos considerar como risco tudo aquilo que se refere à possibilidade
de ocorrências indesejáveis e passíveis de causar danos para a saúde, para
os sistemas econômicos e para o meio ambiente. Portanto, entre os riscos
ambientais que, com maior frequência, dão origem a acidentes, estão aqueles
relacionados com o processamento, armazenamento e transporte de produtos.
Assim, visando a um melhor planejamento e um maior controle por parte das
empresas para evitar tais situações, a legislação ambiental está estruturada
para punir severamente uma empresa que transgrida padrões de qualidade em
suas descargas ou que introduza modificações indesejadas no meio ambiente,
pois os riscos de contaminação, principalmente quando atingem o solo e os
corpos d’água, podem ter proporções desastrosas.
A identificação dos riscos inerentes às atividades da empresa e a avaliação
de suas possíveis consequências constituem os passos iniciais para qualquer
sistema de gestão. Com a avaliação de riscos, como a identificação e qualifica-
ção dos diferentes tipos de falhas que podem ocorrer e os volumes de descargas
que podem ser lançados em caso de acidentes, calculando a possibilidade e a
amplitude de um possível acidente, pode-se propor mudanças no projeto, com
o intuito de minimizar tais riscos ou até mesmo evitá-los.
Acidentes ambientais 269

Devemos nos perguntar “o que aconteceria se…” ao analisar a viabilidade


ambiental de um projeto, pois as consequências do mau funcionamento do
empreendimento podem ser mais significativas do que os impactos decorrentes
de seu funcionamento normal. O mapeamento dos riscos que podem afetar o
meio ambiente em uma determinada área ou instalação de uma empresa é o
primeiro passo para a solução de problemas ambientais, avaliando seus efeitos
sobre a água, o ar, os solos e a biodiversidade.

Risco aos recursos hídricos


A poluição dos recursos hídricos ocorre com a introdução de elementos que,
por meio de suas ações físicas, químicas e biológicas, degradam a qualidade
da água, podendo ser nocivos ou prejudiciais aos organismos, plantas e às
atividades humanas. A cadeia alimentar pode ser facilmente afetada pela con-
taminação das águas, levando ao homem substâncias tóxicas, como efluentes
industriais, pesticidas agrícolas, resíduos de atividades mineradoras, entre
outros, atingindo sucessivamente microrganismos, crustáceos e peixes, até
chegar ao homem. Também é preciso levar em consideração que a interação
permanente da água com o solo, sobre o qual flui e no qual se infiltra, obriga
a uma avaliação conjunta desses dois meios, além de um cuidado redobrado
para que os contaminantes de um não se transfiram e contaminem o outro.
A contaminação das águas é uma questão crítica, tendo em vista que
lençóis freáticos, lagos, rios, mares e oceanos são o destinatário final de
todo e qualquer poluente solúvel em água que tenha sido lançado no ar ou no
solo. Assim, além dos elementos poluentes já lançados nos corpos d’água, os
mesmos também recebem os poluentes oriundos da atmosfera e dos solos.
A racionalização do uso da água nas atividades promovidas pelo homem
seria um dos primeiros passos para reduzir os riscos da contaminação hídrica,
pois quanto menores forem os volumes de água utilizados e descartados por
atividades como mineração, agricultura, indústria ou serviços, menores serão
as necessidades de tratamento e de recondicionamento às condições originais
de pureza. À racionalização do uso da água estão atrelados outros dois con-
ceitos: o de reutilização da água por mais vezes antes de ser descartada para
o meio e o da segregação de seus vários fluxos, impedindo que águas pluviais
se misturem aos esgotos sanitários e às águas de processos industriais. Outro
ponto importante e que precisa ser destacado está relacionado ao saneamento
do meio (limpeza urbana, coleta de lixo, drenagem das águas pluviais, controle
de vetores), que tem como objetivo evitar que as chuvas, os ventos e outros
meios naturais e artificiais transportem seus agentes até os recursos hídricos.
270 Acidentes ambientais

Risco ao solo
A poluição dos solos é causada pela introdução de elementos químicos, como
hidrocarbonetos de petróleo, metais pesados como chumbo, cádmio, mercúrio,
cromo e arsênio e pela aplicação indiscriminada de pesticidas ou, então, por
alterações causadas pela ação do homem e seu mau uso, como a exploração
mineral não racional e a disposição inadequada de resíduos sólidos e líquidos,
que, além de contaminar o solo, podem atingir também o lençol freático.
O maior risco da contaminação do solo por elementos poluentes está no
fato de que essas substâncias sejam arrastadas pelas águas superficiais e
subterrâneas por distâncias que se encontrem fora das áreas sob controle e
monitoramento, gerando uma pluma de contaminação cuja remediação será
custosa e demorada. Por essa razão, o estudo da contaminação dos solos e as
soluções adotadas para que isso seja evitado estão quase sempre relacionados
com a contaminação das águas.
A contaminação dos solos é, hoje, um tema de grande relevância nas gran-
des aglomerações urbanas pela dificuldade de disposição adequada de seus
resíduos, gerados em grandes quantidades, pois uma área de disposição e
confinamento de resíduos pode gerar ainda outros riscos, como odores, gases
tóxicos, chorume, além do inevitável impacto visual negativo. Vale ressaltar
que a erosão e as inundações, provocadas pelo desmatamento de áreas, por
exemplo, também apresentam impactos consideráveis sobre o solo.

Risco atmosférico
A poluição do ar é provocada pelo acúmulo de elementos como monóxido de
carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio, de enxofre, ozônio, compostos
de chumbo, fuligem e fumaça branca que, em determinadas concentrações,
podem apresentar efeitos nocivos ao homem e ao meio ambiente. Essas subs-
tâncias, conhecidas como poluentes atmosféricos, podem aparecer sob a
forma de gases ou partículas provenientes de fontes naturais, como vulcões e
neblinas, ou ainda de fontes artificiais, produzidas pelas atividades humanas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2015), a poluição
atmosférica é responsável por mais de 7 milhões de mortes por ano no
mundo, devido à grande incidência de materiais particulados, constituídos
por poeiras e fuligem, que estão entre os principais causadores de doenças
Acidentes ambientais 271

ocupacionais, como a silicose e a asbestose. Além dos efeitos nocivos causa-


dos pela emissão de gases e particulados, os odores, as radiações ionizantes,
as emissões radioativas e a poluição sonora também podem ser considerados
poluentes atmosféricos.
O crescimento nas taxas de incidência de algumas doenças ocupacionais
de origem respiratória e as condições extremas de contaminação do ar, que se
tornavam cada vez mais comuns em algumas regiões dos países industriali-
zados, foram os principais fatores que atuaram em favor de um controle mais
rigoroso do lançamento de poluentes no ar. Pode-se dizer que, hoje, não existem
mais razões técnicas para que as indústrias continuem a lançar poluentes no
ar, graças aos avanços alcançados nos projetos de instalações de filtragem e
de tratamento de gases e vapores expelidos pelos processos industriais. Redes
de monitoramento, modelos de dispersão e sistemas de medição contínua são
alguns dos recursos técnicos disponíveis para assegurar um bom controle
da qualidade do ar; porém, em razão dos custos elevados de muitas dessas
instalações, esse processo ainda pode ser postergado.

Risco à biodiversidade
A conservação da biodiversidade e dos recursos naturais deve ser observada
no desenvolvimento de empreendimentos impactantes. Tendo em vista que
biodiversidade é a variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens,
em todos os seus níveis e abrangências, que vão desde os microrganismos até
as grandes espécies aquáticas e terrestres, sejam elas endêmicas ou ameaçadas,
domesticadas ou selvagens, a sua preservação se torna extremamente impor-
tante, já que o seu equilíbrio facilita a polinização das colheitas, o controle
biológico de pragas e doenças, alimentação, medicamentos e, principalmente,
a manutenção do equilíbrio em todos os ambientes terrestres.
A interferência do homem de forma descontrolada sobre o meio ambiente tem
alterado a diversidade biológica de maneira drástica. Perda e fragmentação dos ha-
bitats, introdução de espécies e doenças exóticas, exploração excessiva de espécies
de plantas e animais, monocultura, pecuária, poluição, alterações climáticas são
apenas alguns dos fatores que estão contribuindo para o desequilíbrio da biodiver-
sidade. Estima-se que 27 mil espécies desapareçam a cada ano; se mantivermos a
devastação e os níveis de poluição neste ritmo, o planeta não conseguirá fornecer
os recursos necessários para a manutenção da população humana.
272 Acidentes ambientais

Para compreender melhor as questões relacionadas à poluição ambiental e o que


rege a legislação em relação a essas questões, são sugeridas as seguintes leituras:
 Lei nº 6.938/1981 – Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981).
 Lei nº 12.305/2010 – Dispõe sobre a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (BRASIL,
2010).
 Resolução CONAMA nº 001/1986 – Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais
para a avaliação de impacto ambiental.
 Resolução CONAMA nº 003/1990 – Dispõe sobre padrões de qualidade do ar.

Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)


Considerada um instrumento de gestão ambiental da Política Nacional do
Meio Ambiente, com base na Lei nº 6.938/81 (BRASIL, 1981), a Avaliação
de Impactos Ambientais (AIA) tem como objetivos a prevenção dos impactos
negativos ao meio ambiente e a implementação de benefícios em caso de
impactos positivos. Esses estudos de AIA são de extrema importância para
controlar os riscos decorrentes de atividades produtivas e de empreendi-
mentos. Portanto, a AIA pode ser defi nida como um conjunto de diversos
procedimentos legais, institucionais e técnico-científicos com a fi nalidade
de caracterizar e identificar previamente os impactos ambientais de um
empreendimento ou atividade.
Desse modo, considerando que a AIA é entendida como um instrumento
político que descreve as diretrizes, os princípios e os objetivos a serem seguidos,
o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto sobre o Meio
Ambiente (RIMA) entram nessa avaliação como os seus principais instru-
mentos de aplicação, principalmente com relação à obtenção do licenciamento
ambiental. Simplificando, a AIA é o instrumento introdutório a ser seguido,
o EIA é uma ferramenta complementar da AIA e o RIMA é a conclusão dos
trabalhos, com os seus respectivos levantamentos finais dos riscos ambientais
encontrados e as soluções para a sua minimização.
Assim, a AIA deve seguir diretrizes que lhe permitam abranger os vários
aspectos de composição na detecção dos impactos, tendo como objetivo a
Acidentes ambientais 273

minimização dos efeitos adversos, lançando propostas de melhoramento dos


fatores em não conformidade com sua análise. Portanto, como fundamentos
básicos, a AIA deve prevenir, antecipar ou compensar todo tipo de impacto
gerado, seja ele positivo ou negativo, para a promoção do desenvolvimento
sustentável, da otimização dos recursos naturais e da proteção do meio ambiente
e da biodiversidade, levando em consideração que qualquer alteração não
avaliada e de potencial significância podem desestabilizar aspectos importantes
para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental, com perdas na qualidade
ambiental dos seres vivos, prejuízos financeiros e de bens materiais, impactos
sociais, deterioração da saúde pública, degradação ambiental e instabilidade
ecológica, que, em resumo, significam: altos índices de poluição, extinção de
espécies e indisponibilidade dos recursos naturais.

Durante o capítulo, falamos em riscos ambientais e acidentes ambientais. Em suma,


todos eles podem ser relacionados com o conceito de impacto ambiental, que pode
ser definido da seguinte forma:
Impacto Ambiental : é toda a atividade que, por alguma razão, causa ou alteração
das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, pode afetar direta
ou indiretamente:
 a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
 as atividades sociais e econômicas;
 a biota;
 as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
 a qualidade dos recursos ambientais.
Portanto, impacto ambiental é toda a alteração do meio ambiente ou em algum de
seus componentes causada por determinada ação natural ou proveniente de atividade
humana e que pode ocorrer nos recursos hídricos (superficiais e subterrâneos), no solo,
no relevo, no ar, na fauna e na flora.
Fonte: Resolução Conama nº 001, de 23 de janeiro de 1986.
276 Acidentes ambientais

ASSUNÇÃO, J.V.; PESQUERO, C.R. Dioxinas e furanos: origens e riscos. Revista de Saúde
Pública, São Paulo, v.33, n.5, p.523-530, out. 1999. Disponível em: <http://www.scielo.
br/pdf/rsp/v33n5/0640.pdf>. Acesso em: 07 dez. 2017.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Brasília, DF, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.
htm>. Acesso em: 28 nov. 2017.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Bra-
sília, DF, 2010. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
cfm?codlegi=636>. Acesso em: 28 nov. 2017.
CARSON, R. Primavera silenciosa. São Paulo: Gaia, 2011.
CONAMA. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios
básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Brasília, DF: Ministério
do Meio Ambiente, 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/
res/res86/res0186.html>. Acesso em: 18 out. 2017.
CONAMA. Resolução CONAMA nº 003, de 28 de junho de 1990. Dispõe sobre padrões de
qualidade do ar, previstos no PRONAR. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 1990,
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=100>.
Acesso em: 28 nov. 2017.
VALLE, C.E. Como se preparar para as Normas ISSO 14.000: qualidade ambiental. 2. ed.
São Paulo: Pioneira, 1995. 137 p.

Leituras recomendadas
BARBOSA, R.P. Avaliação de Risco e Impacto Ambiental. São Paulo. Saraiva, 2014.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, DF, 2017. Disponível em: <http://www.
mma.gov.br/biodiversidade-global/impactos>. Acesso em: 22 out. 2017.
PHILIPPI JR, A.; ROMÉRO, M. A.; BRUNA, G.C. Curso de Gestão Ambiental. São Paulo:
Manole, 2014, 1245 p.
PINTO, T. J. A. et al. Ciências Farmacêuticas: sistema de gestão ambiental. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 354 p.
SÁNCHEZ, L.H. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo:
Oficina de Textos, 2008. 495 p.
DICA DO PROFESSOR

Na Dica do Professor, você vai ver o que é eutrofização, quais são os elementos responsáveis
para que ela aconteça e algumas formas de minimizar esse processo. A eutrofização é um
processo que pode acontecer como consequência de alguma situação em que ocorre liberação de
substâncias tóxicas na água, que podem ser provenientes de algum desastre ambiental, como o
rompimento de um dique.

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EXERCÍCIOS

1) Quais são os principais gases emitidos na atmosfera e que são responsáveis pelo efeito
estufa?

A) Metano, ozônio e água em forma de vapor, responsáveis pela inversão térmica.

B) Dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, pois têm a capacidade de aquecer o ambiente.

C) Álcool etílico, éter e óxido nitroso, responsáveis pela chuva ácida.

D) Monóxido de carbono, butano e perfluorcarbono, responsáveis pelo aquecimento global.

E) Metano, butano e água em forma de vapor, responsáveis pela chuva ácida.

2) Levando em consideração o histórico sobre a poluição ambiental, aponte quando os


problemas ambientais começaram a se agravar.

A) A partir do momento em que o homem saiu de baixo das copas das árvores e passou a
construir suas casas.
B) Após o acidente nuclear de Chernobyl, que resultou na explosão de um reator, gerando
uma imensa nuvem radioativa de iodo-131 e césio-137.

C) A partir da Revolução Industrial.

D) Após a Conferência de Estocolmo, em 1972.

E) Durante o período da Segunda Guerra Mundial, sendo que os índices de poluição


diminuíram após o confronto.

3) Um dos principais impactos negativos decorrentes de acidentes com derramamento


de petróleo em extensas áreas no mar é a formação de uma camada de óleo sobre a
área atingida. Podemos dizer que em tais acidentes:

A) a camada de óleo impede a penetração de luz, assim, não ocorre a fotossíntese pelas algas
bentônicas que, no sistema oceânico, são os principais organismos fotossintetizantes.

B) a dissolução do oxigênio atmosférico na água não ocorrerá, em razão da grande presença


de óleo, causando a morte de peixes em larga escala, até daqueles que não tiveram contato
com o óleo.

C) a porção mais afetada é a do zooplâncton, em razão da morte de organismos impregnados


pelo óleo. O mesmo não ocorre com o fitoplâncton, que tem parede celular que o
impermeabiliza, permitindo sua sobrevivência.

D) o óleo, ao ser derramado, cria uma película superficial, o que não afeta tanto os
organismos marinhos, pois eles se deslocam. Porém, atinge as aves pescadoras, pois o óleo
gruda em suas penas, podendo ocasionar a morte por afogamentos.

E) o plâncton, que é a principal fonte de produção primária para o ambiente marinho e


considerado como a base da cadeia trófica oceânica, é diretamente atingido pela camada de
óleo.

4) Sabemos que a construção de usinas hidrelétricas como fonte geradora de energia é


uma questão bastante polêmica, em razão do risco ambiental que sua instalação
causa ao meio ambiente e às populações locais. Em um suposto caso, foi decidida a
construção de uma usina hidrelétrica em uma região que abrange diversas quedas
d'água, com rios cercados por mata, com a justificativa de que causaria um impacto
ambiental muito menor do que uma usina termelétrica. Assinale a alternativa que
apresenta um dos possíveis riscos da instalação de uma usina hidrelétrica nessa
região.

A) Os metais pesados, liberados durante o funcionamento da usina, poluiriam a água do rio.

B) A destruição do habitat de animais terrestres da região de instalação da usina.

C) Um grande aumento na liberação de CO2 na atmosfera.

D) O consumo excessivo de água não renovável que passa pelas turbinas.

E) Menor deposição de resíduos no trecho de rio anterior à represa, ocasionando o


aprofundamento no leito do rio.

5) Um dos maiores desastres ambientais da nossa história ocorreu em Mariana. De


acordo com alguns estudiosos, mais de 10 anos serão necessários para recuperar os
danos causados, principalmente no Rio Doce. Com relação a esse acidente, marque a
alternativa correta.

A) Apenas a fauna do Rio Doce foi afetada, já que somente peixes morreram em função do
desastre.

B) Com o acidente, o Rio Doce morreu completamente e não há a menor chance de recuperar
suas águas.

C) Não foi alterada a oxigenação da água do Rio Doce, já que a grande quantidade de lama
sedimentou-se imediatamente após o acidente.

D) A vida aquática não foi afetada pela destruição de algas e plantas aquáticas presentes no
Rio Doce, com isso, o foco da recuperação deve ser o repovoamento dos peixes no local.

E) A recuperação da oxigenação da água é a principal ação para a recuperação do Rio Doce,


pois somente dessa forma os organismos poderão voltar ao rio.

NA PRÁTICA

O Sr. Manoel recebeu uma notificação do Departamento de Meio Ambiente da cidade onde
mora. Ele estava sendo notificado como responsável pelo acidente ambiental que causou a
queima de árvores em uma área verde nas proximidades de sua indústria, pois os seus
funcionários colocaram fogo em restos de materiais que deveriam ter sido descartados de
maneira correta.

A queima desse material aconteceu ao ar livre, sendo que, com o vento, as chamas se
espalharam, queimando uma parte da área verde.

O documento dizia que o Sr. Manoel deveria recuperar a área afetada pelo incêndio, de maneira
a minimizar o impacto causado na vegetação, em uma área considerada de preservação
permanente (APP), por meio da realização de um Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas
(PRAD), além de pagar uma multa referente ao dano causado.

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SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

O crescimento econômico e a necessidade da preservação do meio ambiente são


fundamentais para a qualidade de vida humana e animal. Veja, em Desenvolvimento
sustentável e dignidade: considerações sobre os acidentes ambientais no Brasil, um estudo
de caso envolvendo um acidente ambiental, mostrando como ele pode afetar o homem, o
meio ambiente e o desenvolvimento.

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No artigo Impactos ambientais da mineração no Estado de São Paul o leia considerações


sobre o tema e o desafio de o setor se adequar à Constituição Federal e à Política Nacional
de Meio Ambiente.

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Saiba mais a respeito da longa e polêmica discussão sobre a Usina Hidrelétrica de Belo
Monte, a maior do Brasil, localizada no Estado do Pará. Em Belo Monte: impactos sociais,
ambientais, econômicos e políticos, você vai ver os impactos que a construção da usina
trouxe.

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Conceituação de Aspectos Ambientais

APRESENTAÇÃO

A Avaliação de Impactos Ambientais envolve uma investigação de inúmeros fatores, dentre os


quais pode-se citar os aspectos ambientais. Ao longo desta Unidade de Aprendizagem,
obteremos mais informações sobre tais aspectos e sua importância no processo de avaliação de
impactos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a importância dos aspectos ambientais para o processo de Avaliação de


Impactos Ambientais.
• Identificar aspectos ambientais em processos de Avaliação de Impactos Ambientais.
• Analisar a pertinência de um aspecto ambiental em processos de Avaliação de Impactos
Ambientais.

DESAFIO

Durante a elaboração de um EIA-RIMA referente à implantação de um parque eólico, do qual


você é coordenador técnico, tornou-se necessário elencar os aspectos ambientais do
empreendimento que está em processo de licenciamento.

Para realizar a tarefa, você solicitou ao empreendedor uma descrição dos processos necessários
à implantação e operação do empreendimento. A partir dos itens abaixo, você deverá listar os
aspectos ambientais referentes a tal empreendimento.

IMPLANTAÇÃO
- Terraplanagem
- Construção de acessos internos
- Circulação de veículos
- Aumento de material particulado no ar
- Operação de guindastes
- Aumento de ruídos
- Redução no número de espécies de fauna
- Contratação de mão de obra local

OPERAÇÃO
- Circulação de veículos
- Óbito de aves e morcegos
- Fragmentação de populações da fauna
- Operação de aerogeradores
- Descarte indevido de resíduos

INFOGRÁFICO

O infográfico destaca os principais conceitos que serão discutidos nesta Unidade de


Aprendizagem.

CONTEÚDO DO LIVRO

O livro Avaliação de impactos ambientais traz, no capítulo Conceituação de Aspectos


Ambientais, mais informações e esclarecimentos a respeito de sua importância no processo de
avaliação de impactos.

Boa leitura.
AVALIAÇÃO DE
IMPACTOS
AMBIENTAIS

Ronei Tiago Stein


Conceituação de
aspectos ambientais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer a importância dos aspectos ambientais para o processo


de avaliação de impactos ambientais (AIA).
 Identificar aspectos ambientais em processos de AIA.
 Analisar a pertinência de um aspecto ambiental em processos de AIA.

Introdução
A AIA envolve uma investigação de inúmeros fatores, dentre os quais
pode-se citar os aspectos ambientais. Ao longo deste capítulo, obteremos
mais informações sobre tais aspectos e sua importância no processo de
avaliação de impactos.

Aspectos ambientais: definições gerais


Quando nos referimos a aspecto ambiental, se certo modo também estamos
falando de gestão ambiental, uma vez que ambos estão vinculados. Segundo
Sánchez (2013), a série ISO 14000 é uma família de normas sobre gestão
ambiental que começou a ser desenvolvida em 1993. A família ISO 14000
compreende normas sobre sistemas de gestão, desempenho ambiental, avaliação
do ciclo de vida de produtos (equivalente à avaliação de impactos ambientais
de produtos), rotulagem ambiental (ou também conhecida por “selo verde”) e
integração de aspectos ambientais no desenho de produtos (ecodesign).
82 Conceituação de aspectos ambientais

 Selo verde: consiste na certificação de produtos adequados ao uso que apresentam


menor impacto no meio ambiente em relação a outros produtos comparáveis aos
disponíveis no mercado.
 Ecodesign: todo o processo que contempla os aspectos ambientais em que o
objetivo principal é projetar ambientes, desenvolver produtos e executar serviços
que, de alguma maneira, irão reduzir o uso dos recursos não renováveis ou, ainda,
minimizar o impacto ambiental destes durante seu ciclo de vida. Isso significa
reduzir a geração de resíduo e economizar custos de disposição final (BRASIL, 2017).

Foi por meio da norma ISO 14001 que surgiu a expressão aspecto ambiental.
Essa expressão era desconhecida até então pelos profissionais envolvidos em
AIA, ou era utilizada com outra conotação. Dessa forma, com o auxílio da
ISO 14000, essa expressão passou lentamente a ser incorporada ao vocabulário
de profissionais da indústria e de consultores, chegando, também, aos órgãos
governamentais (SÁNCHEZ, 2013).

É fundamental compreender a diferença entre aspecto e impacto ambiental. Aspectos


ambientais são entendidos como elementos das atividades, produtos ou serviços de
uma organização, que podem interagir com o meio ambiente, causando ou podendo
causar impactos ambientais.
Já os impactos ambientais, os quais podem ser positivos ou negativos, são quaisquer
modificações do meio ambiente, resultantes ou não dos aspectos ambientais.

A NBR ISO 14001 define aspecto ambiental como “elementos das ativida-
des, produtos e serviços de uma organização que podem interagir com o meio
ambiente”. O aspecto pode ser uma máquina, um equipamento ou mesmo uma
atividade executada por um determinado empreendimento, ou então por alguma
determinada atividade. Denomina-se aspecto ambiental significativo aquele
aspecto que tem um impacto ambiental significativo (ASSOCIAÇÃO..., 2004).
Porém, existem outras definições de aspecto ambiental, sendo que a Marinha
(BRASIL, [2017]) denomina como o elemento característico (particularidade,
característica) de determinada atividade, instalação, processo, produto ou
Conceituação de aspectos ambientais 83

serviço de uma organização que pode interagir com o meio ambiente. Sánchez
(2013) define aspecto ambiental como todo o mecanismo por meio do qual
uma ação humana causa um impacto ambiental. Ou seja, toda a ação humana
(atividade, produtos ou serviços) gera um aspecto ambiental, que, por sua vez,
irá resultar em um impacto ambiental.

Impactos ambientais são alterações no ambiente causadas pelo desenvolvimento


das atividades humanas no espaço geográfico. Nesse sentido, eles podem ser positivos,
quando resultam em melhorias para o ambiente, ou negativos, quando essas alterações
causam algum risco para o ser humano ou para os recursos naturais encontrados no
espaço. Apesar de ter essas duas classificações, a expressão “impacto ambiental” é
mais utilizada em referência aos aspectos negativos das atividades humanas sobre a
natureza (SILVA, 2017).

É fundamental ressaltar que uma mesma ação pode levar a vários aspectos
ambientais e, por conseguinte, causar diversos impactos ambientais. Da mesma
forma, um determinado impacto ambiental pode ocasionar em várias causas
ou efeitos ambientais.

Situações tipicamente descritas como aspectos ambientais são a emissão de poluentes


e a geração de resíduos. Produzir efluentes líquidos, poluentes atmosféricos, resíduos
sólidos, ruídos ou vibrações não é o objetivo das atividades humanas. Dessa forma, estes
são elementos, ou partes dessas atividades ou produtos ou serviços. Os elementos que
podem interagir com o meio ambiente são chamados de aspectos ambientais. Outros
aspectos ambientais típicos são aqueles ligados ao consumo de recursos naturais. Ao
consumir água, sua disponibilidade para outros usos ou para suas funções ecológicas
se reduz (SÁNCHEZ, 2013).

Existe uma relação entre aspecto ambiental e gestão ambiental, segundo


ressalta Sánchez (2013). A gestão ambiental é o campo de estudo da adminis-
tração do exercício de atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de
84 Conceituação de aspectos ambientais

maneira racional os recursos naturais, visando à sustentabilidade. Fazem parte


do arcabouço de conhecimentos associados à gestão ambiental técnicas para a
recuperação de áreas degradadas, técnicas de reflorestamento, métodos para a
exploração sustentável de recursos naturais, de consumo e produção sustentá-
veis, planejamento participativo e estudo de riscos e impactos ambientais para
a avaliação de novos empreendimentos ou ampliação de atividades produtivas.
De maneira geral, a gestão ambiental pode ser compreendida como um
processo de tomada de decisões que devem repercutir positivamente sobre a
variável ambiental de um sistema. Nesse caso, a tomada de decisão consiste
na busca da opção que apresente o melhor desempenho, a melhor avaliação,
ou, ainda, a melhor aliança entre as expectativas daquele que tem o poder de
decidir e suas disponibilidades em adotá-la (PHILIPPI JUNIOR; ROMÉRIO;
BRUNA, 2004).

Aspectos ambientais em AIA


Um dos requisitos da norma ISO 14001 é estabelecer, implementar e manter
procedimentos para identificar os aspectos e impactos ambientais decorrentes
das atividades de uma organização. A identificação de aspectos e impactos
ambientais de uma organização é umas das etapas mais importantes da im-
plementação do sistema de gestão ambiental (SGA). Uma das maneiras de
realizar essa identificação pode ser a construção de uma matriz que relacione
os aspectos e os impactos ambientais. Essa ferramenta auxilia também na
classificação e determinação de sua significância.
O processo de identificação dos vários aspectos ambientais associados com
as atividades, os produtos ou os serviços de um determinado empreendimento,
proporciona a oportunidade para se compreender o impacto ambiental relativo
e absoluto que poderá ocorrer durante a busca de lucro pela empresa. Os as-
pectos podem ser gerados dentro da empresa, pela empresa, pelo fornecedor,
ou podem simplesmente ser o resíduo/sucata de um produto (STOWE, 2002).
Segundo Stowe (2002), a avaliação dos impactos possibilita à organização
estabelecer programas de melhoria. Muitas empresas designam um respon-
sável principal, geralmente o representante da administração da ISO 14000.
Essa pessoa reúne uma equipe multidisciplinar, que auxilia na identificação
dos aspectos relacionados com as atividades da empresa, conduzindo, então,
uma análise crítica e preparando uma lista. Algumas empresas analisam os
processos para identificar os aspectos, outras começam sua busca pela iden-
Conceituação de aspectos ambientais 85

tificação de impactos, trabalhando em sentido inverso. Qualquer que seja o


método escolhido pela empresa, ele deverá ser documentado.
A identificação de aspectos e impactos ambientais de uma organização
é umas das etapas mais importantes da implementação do SGA. Uma das
maneiras de realizar essa identificação pode ser a construção de uma matriz
que relacione os aspectos e os impactos ambientais. Essa ferramenta auxilia
também na classificação e na determinação de sua significância. O Quadro
1 apresenta um exemplo dos principais aspectos e impactos ambientais em
uma pedreira, nas mais diferentes áreas e setores da atividade.

Quadro 1. Exemplo de relações atividade-aspecto-impacto ambiental.

Aspectos e impactos ambientais na pedreira

Atividades Aspecto ambiental Impacto ambiental

Descarregamento Geração de Poluição do ar e sonora


do minério poeira e ruído. e desconforto aos
trabalhadores.

Britagem da rocha Geração de Poluição do ar e sonora,


poeira e ruído. riscos de doenças
pulmonares e desconforto
aos trabalhadores.

Risco de acidentes. Perda de vidas e materiais.

Consumo de energia. Utilização de recursos


naturais.

Vibração de Perdas de rendimento.


equipamentos.

Umidificação Consumo de água. Utilização de recursos


das correias naturais, eventuais
transportadoras acidentes e redução de
suspensão das partículas.

Transferências Escape/perda Riscos de acidentes, conforme


de materiais de material. diâmetro do minério.

Geração de Poluição do ar e sonora


poeira e ruído. e desconforto dos
trabalhadores.

(Continua)
86 Conceituação de aspectos ambientais

(Continuação)

Quadro 1. Exemplo de relações atividade-aspecto-impacto ambiental.

Estocagem Geração de ruído e Poluição do ar e sonora e


do produto poeira e emissão de intoxicação por gases.
gases produzidos
pelas máquinas.

Perdas de material. Contaminação das águas


superficiais e assoreamento.

Aspectos e impactos ambientais na oficina

Atividades Aspecto ambiental Impacto ambiental

Circulação de Emissão de gases Poluição do ar e


veículos e máquinas e vazamentos contaminação do solo
de combustíveis, e dos cursos d’água.
óleos e graxas.

Abastecimento Vazamentos. Contaminação do solo


dos veículos e dos cursos d’água.

Lubrificação, Possibilidade Danos às instalações civis,


troca de óleo de explosão. perda/dano de integridade
e manutenção física, intoxicação em
dos veículos geral e poluição do ar.

Lavagem de Geração de efluentes. Poluição ambiental.


veículos
Geração de resíduos Poluição ambiental.
e embalagens
descartáveis.

Consumo de água. Utilização de recursos


naturais.

Consumo de energia. Utilização de recursos


naturais.

Instalação de caixa Prevenção da contaminação


cimentada coletora do solo e dos cursos d’água.
de óleos e graxas
dos efluentes.

(Continua)
Conceituação de aspectos ambientais 87

(Continuação)

Quadro 1. Exemplo de relações atividade-aspecto-impacto ambiental.

Limpeza do local Geração de efluentes. Poluição ambiental.

Consumo de água. Utilização de recursos


naturais.

Consumo de energia. Utilização de recursos


naturais.

Geração de resíduos. Poluição ambiental.

Instalação de bacias Prevenção na contaminação


de decantação ou das águas superficiais.
caixas coletoras
dos efluentes.

Aspectos e impactos ambientais na área administrativa

Atividades Aspecto ambiental Impacto ambiental

Escritório e Consumo de Utilização de recursos


refeitório energia elétrica. naturais.

Consumo de água. Utilização de recursos


naturais.

Geração de efluentes Contaminação das águas.


e esgoto sanitário.

Geração de resíduos e Poluição ambiental.


produtos descartáveis
e perecíveis.

Limpeza Consumo de Utilização de recursos


energia elétrica. naturais.

Consumo de água. Utilização de recursos


naturais.

Geração de efluentes. Poluição ambiental.

Geração de resíduos Poluição ambiental.


e embalagens.

Fonte: Adaptado de Bacci, Landim e Eston (2006).


88 Conceituação de aspectos ambientais

Pertinência do aspecto ambiental na AIA


Antes da identificação dos aspectos e impactos ambientais, a organização
deve estabelecer seu mapeamento de processos, com o objetivo de otimizar
a ferramenta de identificação com entradas que possam facilitar a etapa de
levantamento (QMS CERTIFICATION SERVICES, 2016). É fundamental que
a identificação tanto dos aspectos como dos impactos ambientais seja realizada
por uma equipe multidisciplinar, a qual irá atuar na identificação dos aspectos
e impactos ambientais, os quais podem provocar poluição e contaminação do
ambiente, bem como das atividades, dos produtos e dos serviços, e legitimar
todo o processo de determinado empreendimento.
A poluição, segundo ressalta Meller et al. (2017), pode ser ocasionada de
forma natural ou pelas diferentes ações humanas. No caso da poluição natu-
ral, pode-se exemplificar as atividades vulcânicas, as quais emitem grande
quantidade de particulados e substâncias tóxicas ao ar. Porém, na grande
maioria dos casos, a poluição está atrelada mesmo às ações antrópicas, as
quais modificam as características físicas, químicas e biológicas do ambiente,
resultando na degradação da qualidade do ambiente.
A poluição ambiental resulta em prejuízos não apenas ao meio ambiente,
mas também à saúde humana. Segundo um estudo divulgado pela Organiza-
ção Mundial de Saúde, no dia 25 de março de 2014, a poluição atmosférica
levou quase sete milhões de pessoas a óbito em 2012. Desta forma, a poluição
ambiental resulta em riscos ambientais.

Os riscos ambientais, ou também conhecidos como agentes ambientais, são elementos


ou substâncias presentes em diversos ambientes, que, acima dos limites de tolerância,
podem ocasionar danos à saúde das pessoas.

Desta forma, é fundamental realizar análises ambientais (seja da água, do


solo e do ar), visando a descobrir qual o índice de poluição e quais poderão ser
os efeitos (riscos) tanto ao meio ambiente como para a saúde das pessoas. Mas
o que determina que um aspecto/impacto seja mais relevante do que outro?
Os limites de tolerância ambiental, ou seja, a concentração/porcentagem de
determinado poluente no ambiente. Além disso, é fundamental realizar as
Conceituação de aspectos ambientais 89

características da área/local, como o tipo de vegetação, o tipo de solo, a fauna


presente, entre outras.

Ao ocorrer desmatamento em duas áreas distintas, os impactos ambientais podem ser


diferentes. Por exemplo, imaginando que uma área da Floresta Amazônica e outra área
no Bioma Pampa tenham sido desmatadas, é provável que os impactos ambientais
sejam maiores na Amazônia, uma vez que a vegetação demora mais tempo para se
regenerar e existe maior biodiversidade nessa área.
Além disso, é fundamental analisar o tipo de solo presente em cada região. Solos
arenosos são mais suscetíveis a sofrer erosão em comparação a solos argilosos.

Com um levantamento de aspectos e impactos ambientais eficaz, a or-


ganização deve determinar os aspectos que tenham ou possam ter impactos
significativos sobre o meio ambiente, os denominados aspectos ambientais
significativos. Estes devem ser levados em consideração no estabelecimento,
na implementação e na manutenção de seu SGA (QMS CERTIFICATION
SERVICES, 2016).
O desenvolvimento do SGA depende de um processo eficaz no levan-
tamento de aspectos ambientais. Assim, a organização irá priorizar seus
controles, quantificar seu risco ambiental e transformar essa ferramenta no
ponto principal da melhoria contínua.

Procedimento para implantação de um SGA


A implementação de um SGA constitui a estratégia para que o empresário, em
um processo contínuo, identifique oportunidades de melhorias que reduzam os
impactos das atividades da empresa sobre o meio ambiente, melhorando sua
situação no mercado e suas possibilidades de sucesso. Porém, para um SGA
ser eficaz, deverá estar baseado em cinco princípios básicos, que, segundo
Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002), são estes:

1. Conhecer o que deve ser realizado, assegurando o comprometimento


com o SGA e definindo a política ambiental.
2. Elaborar um plano de ação voltado ao atendimento dos requisitos da
política ambiental.
90 Conceituação de aspectos ambientais

3. Assegurar as condições para o cumprimento dos objetivos e das metas


ambientais e implementar as ferramentas de sustentação necessárias.
4. Realizar avaliações qualitativas e quantitativas periódicas de confor-
midade ambiental da empresa.
5. Revisar e aperfeiçoar a política ambiental, os objetivos, as metas e as
ações implementadas para assegurar a melhoria contínua do desempenho
ambiental da empresa.

A gestão ambiental visa a integrar plenamente, em cada empresa, políticas,


programas e procedimentos como elemento essencial de gestão, em todos os
seus domínios. Dessa forma, segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002),
é essencial que os empreendimentos apresentem:

 Processo de aperfeiçoamento: objetiva aperfeiçoar continuamente


as políticas, os programas e o desempenho ambiental das empresas,
levando em conta o desenvolvimento técnico, o conhecimento científico,
os requisitos dos consumidores e as expectativas da comunidade, tendo
como ponto de partida a regulamentação em vigor.
 Formação de pessoas: visa a treinar, formar e motivar recursos
humanos para desempenhar suas atividades de maneira responsável
diante do ambiente.
 Avaliação prévia: analisa os impactos ambientais antes de iniciar nova
atividade ou projeto e antes de desativar uma instalação ou abandonar
um local.
 Produtos e serviços: visa a desenvolver e fornecer produtos ou serviços
que não produzam impacto sobre o ambiente e que sejam seguros em sua
utilização prevista, melhorando o rendimento em termos de consumo
de energia e recursos naturais, que possam ser reciclados, reutilizados
ou cuja deposição final não seja perigosa.
 Conselhos de consumidores: propicia a necessária formação aos
consumidores, aos distribuidores e ao público quanto aos aspectos de
segurança a considerar na utilização, no transporte, na armazenagem
e na disposição dos produtos fornecidos.
 Instalações e atividades: visa a determinar procedimentos para de-
senvolver, projetar e operar instalações, tendo em vista a eficiência no
consumo de energia e materiais, a utilização sustentável dos recursos
Conceituação de aspectos ambientais 91

renováveis, a minimização dos impactos ambientais adversos e da


produção de rejeitos, bem como a disposição final desses resíduos de
forma segura e responsável.
 Pesquisas: deve-se realizar pesquisas sobre os impactos ambientais
das matérias-primas, dos produtos, dos processos, das emissões e dos
resíduos associados às atividades da empresa e sobre os meios de mi-
nimizar tais impactos adversos.
 Medidas preventivas: procura adequar a fabricação, a comercialização,
a utilização de produtos ou serviços ou a condução de atividades em
harmonia com os conhecimentos científicos e técnicos, visando a evitar
impactos ambientais ao meio ambiente.
 Empreiteiros e fornecedores: encoraja ou exige a melhora de seus
procedimentos de modo compatível com aqueles em vigor na empresa.
 Planos de emergência: procura fixar procedimentos para desenvolver
e manter, caso haja risco significativo, planos de ação para situações
de emergência, em coordenação com os serviços especializados, as
principais autoridades e a comunidade local, tendo em conta os possíveis
impactos significativos.
 Transferência de tecnologia: visa a estabelecer formas para con-
tribuir para a transferência de tecnologias e métodos de gestão que
respeitem o ambiente, tanto nos setores industriais como nos de
Administração Pública.
 Contribuição para o esforço comum: estabelece procedimentos para
o desenvolvimento de políticas públicas, de programas empresariais,
governamentais e intergovernamentais, assim como de iniciativas edu-
cacionais que valorizem a consciência e a proteção ambiental.
 Abertura ao diálogo: o diálogo deve estar aberto entre os colabora-
dores e o público externo, em antecipação e em resposta às respectivas
preocupações quanto ao risco e aos impactos potenciais das atividades,
de produtos de rejeito e serviços.
 Cumprimento de regulamentos e informações: deve-se definir pro-
cedimentos para aferir o desempenho das ações sobre o ambiente,
proceder regularmente a auditorias ambientais e avaliar o cumprimento
das exigências internas da empresa, dos requisitos legais e dos princípios
citados anteriormente. Além disso, é fundamental fornecer informações
ao Conselho de Administração, às autoridades e ao público.
92 Conceituação de aspectos ambientais

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRAS DE NORMAS TÉCNICAS. Norma Brasileira ABNT NBR ISSO


14001. Sistemas da gestão ambiental - Requisitos com orientações para uso. São
Paulo: ABNT, 2004.
ANDRADE, R. O. B.; TACHIZAWA, T.; CARVALHO, A. B. Gestão Ambiental: enfoque es-
tratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. São Paulo: Pearson Markron
Books, 2002.
BACCI, D. L. C.; LANDIM, P. M. B.; ESTON, S. M. Aspectos e impactos ambientais de
pedreira em área urbana. Revista Escola de Minas, Ouro Preto, v. 59, n. 1, p. 47-54, mar.
2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0370-
-44672006000100007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 29 jan. 2018.
BRASIL. Ecodesign. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 2017. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/informma/item/7654-ecodesign>. Acesso em: 09 dez. 2017.
BRASIL. Levantamento de aspectos e impactos ambientais. Brasília, DF: Marinha do Brasil,
[2017]. Disponível em: <https://www.marinha.mil.br/bna/sites/www.marinha.mil.
br.bna/files/manual-laia.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2017.
MELLER, G. S. et al (Org.). Controle da Poluição. Porto Alegre: SAGAH, 2017.
PHILIPPI JUNIOR, A.; ROMÉRIO, M. A.; BRUNA, G. C. (Ed.). Curso de Gestão Ambiental.
São Paulo: Manole, 2004. (Coleção Ambiental).
QMS CERTIFICATION SERVICES. Aspectos e Impactos Ambientais: ISO 14.001. São Paulo,
2016. Disponível em: <http://qmsbrasil.com.br/aspectos-e-impactos-ambientais/>.
Acesso em: 09 dez. 2017.
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo:
Oficina de Textos, 2013.
SILVA, T. O. O que é impacto ambiental? Brasil Escola, Goiânia, 2017. Disponível em
<http://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-impacto-ambiental.
htm>. Acesso em: 09 dez. 2017.
STOWE, R. Metodologias para identificar aspectos ambientais e impactos resultantes.
QSP, São Paulo, 2002. Disponível em: <https://www.qsp.org.br/biblioteca/metodolo-
gias.shtml>. Acesso em: 16 dez. 2017.
DICA DO PROFESSOR

O vídeo a seguir promove uma contextualização relacionada à identificação de aspectos


ambientais. Confira!

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EXERCÍCIOS

1) Você deve dominar uma série de conceitos durante um processo de Avaliação de


Impactos Ambientais. Um deles é aspecto ambiental. O correto entendimento desse
conceito é fundamental para que a avaliação seja realizada de maneira correta.
Frente a tal necessidade, indique qual é o conceito de aspecto ambiental presente na
norma ISO 14001/2014.

A) Elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com
o meio ambiente.

B) Modificação benéfica do meio ambiente, que resulte, no todo ou em parte, das atividades,
produtos ou serviços de uma organização.

C) Introdução no meio ambiente de qualquer forma de matéria ou energia que possa afetar
negativamente os seres vivos.

D) Atividade que compensa a perda de um bem ou função que será perdido em decorrência do
projeto em análise.

E) Modificação adversa do meio ambiente, que resulte, no todo ou em parte, das atividades,
produtos ou serviços de uma organização.

2) Das opções listadas abaixo, indique qual representa um exemplo de aspecto


ambiental.

A) Contaminação do lençol freático.

B) Redução da diversidade de peixes.

C) Aumento de renda da população.

D) Aumento do nível de ruído.

E) Consumo de papel para impressões.

3) Durante vistoria em uma planta industrial na qual você atua como gestor ambiental,
é possível visualizar as situações a seguir. Qual das imagens apresentadas representa
um aspecto ambiental?

A)
B)

C)
D)

E)
4) Após visualizar a imagem a seguir, identifique qual das opções não representa um aspecto
ambiental.

A) Consumo de energia elétrica.

B) Beneficiamento de matérias-primas.

C) Contratação de operários.

D) Aumento de material particulado na atmosfera.

E) Funcionamento de motores movidos a combustíveis fósseis.

5) Como gestor ambiental, você deve estar atento a uma série de normas e leis. Uma das
normas compreende a NBR ISO 14001:2004. Indique qual das opções não está
presente na norma.
A) Identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços.

B) Determinar os aspectos que tenham ou possam ter impactos significativos.

C) O diagnóstico de aspectos ambientais deve ser documentado e atualizado.

D) A identificação dos aspectos ambientais deve ser realizada apenas após o início da
operação de determinada atividade.

E) A identificação de aspectos ambientais deve restringir-se ao escopo definido no Sistema de


Gestão Ambiental da organização.

NA PRÁTICA

Para realizar um estudo de avaliação de impactos ambientais, é preciso dominar o conceito


de "aspectos ambientais".

Veja, na prática, algumas das relações diretas de causa-efeito entre aspectos e impactos
ambientais em uma construção civil. O esquema exemplifica como essa diferença/relação se dá
considerando resíduos sólidos e líquidos.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Meio Ambiente e Sustentabilidade

Sistemas de Gestão Ambiental - requisitos com orientação para uso

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Aspectos e impactos ambientais de pedreira em área urbana

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Conceituação de Impactos Ambientais

APRESENTAÇÃO

Como futuro gestor ambiental, você terá contato com muitos conceitos relacionados à área. Um
dos conceitos que demandará bom tempo do seu dia a dia é o de impactos ambientais, seja nos
processos de identificação, controle e/ou mitigação. Nesta Unidade de Aprendizagem falaremos
sobre esse importante conceito.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a importância dos impactos para o processo de Avaliação de Impactos


Ambientais.
• Identificar os impactos em processos de Avaliação de Impactos Ambientais.
• Julgar a pertinência de um impacto ambiental em processos de Avaliação de Impactos
Ambientais.

DESAFIO

Alterações no meio ambiente provocam impactos ambientais; por isso, é possível realizar um
levantamento de impactos ambientais em qualquer construção/intervenção. Você já pensou que
pode identificar os impactos ambientais da sua casa, do seu local de trabalho ou de um
empreendimento comercial?

Você precisa realizar um levantamento dos impactos ambientais. Portanto, escolha de onde vai
partir seu trabalho e descreva quais impactos resultam dos aspectos ambientais que envolvem
esse lugar. Se for um empreendimento comercial, lembre-se de que as atividades desenvolvidas
são fundamentais para a identificação dos impactos.

INFOGRÁFICO
O infográfico destaca os principais conceitos que compõem a definição de "impacto ambiental".

CONTEÚDO DO LIVRO

A leitura do capítulo Conceituação de Impactos Ambientais, do livro Avaliação de impactos


ambientais possibilitará o contato com informações importantes relacionadas aos impactos
ambientais, seja nos processos de identificação, controle e/ou mitigação dos mesmos.

Boa leitura!
AVALIAÇÃO DE
IMPACTOS
AMBIENTAIS

Ronei Stein
Revisão técnica:
Vanessa de Souza Machado
Bióloga
Mestre e Doutora em Ciências

Ronei Stein
Engenheiro Ambiental
Mestre em Engenharia Civil e Preservação Ambiental

A945 Avaliação de impactos ambientais / Ronei Stein... [et al.] ;


[revisão técnica: Vanessa de Souza Machado, Ronei T.
Stein]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.
428 p. : il. ; 22,5 cm

ISBN 978-85-9502-344-4

1. Engenharia ambiental. I. Stein, Ronei.


CDU 502.13

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147


Conceituação de
impactos ambientais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer a importância dos impactos para o processo de Avaliação


de Impactos Ambientais.
 Identificar os impactos em processos de Avaliação de Impactos
Ambientais.
 Julgar a pertinência de um impacto ambiental em processos de Ava-
liação de Impactos Ambientais.

Introdução
Como futuro gestor ambiental, você terá contato com muitos conceitos
relacionados à área. Um dos conceitos que demandará grande parte do
seu dia a dia é o de impactos ambientais, seja nos processos de identifica-
ção, controle e/ou mitigação dos mesmos. Neste capítulo, você estudará
sobre esse importante conceito.

Importância da identificação
dos impactos ambientais
A Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) consiste nos procedimentos le-
gais, institucionais e técnico-científicos que têm o objetivo de caracterizar e
identificar impactos potenciais na instalação futura de um empreendimento,
ou seja, prever a magnitude e a importância desses impactos. Na grande
maioria dos casos, a AIA está atrelada ao licenciamento ambiental, que tem
por objetivo a proteção do meio ambiente, mas sem deixar de lado o desen-
volvimento econômico.
Apesar de parecer simples com essa definição, na prática, esse é um assunto
que gera muita discussão porque, dependendo da atividade/empreendimento
68 Conceituação de impactos ambientais

a ser construído, dificilmente não haverá impactos ambientais. Como exem-


plo, pode-se citar a construção de uma hidrelétrica, com a qual vastas áreas
acabam sendo inundadas. De um lado, está a necessidade do país em fornecer
energia à população; de outro, estão as questões ambientais e os impactos que
podem ocorrer.
Dessa forma, é essencial investir nos estudos ambientais visando des-
cobrir os prováveis impactos ambientais que determinada atividade poderá
ocasionar. Mas está enganado quem pensa que esses estudos estão voltados
unicamente ao meio biótico, característico dos seres vivos, ou que está
vinculado a eles. É preciso analisar, também, o meio abiótico (todas as
influências que os seres vivos possam receber em um ecossistema, deri-
vadas de aspectos físicos, químicos ou físico-químicos do meio ambiente)
e o socioeconômico, ou seja, a interferência na vida dos moradores e nas
atividades no entorno (Figura 1).

Figura 1. Os estudos ambientais devem analisar os impactos ambientais no meio biótico


(a), abiótico (b) e socioeconômico (c).
Fonte: SERGEI PRIMAKOV, Patrizio Martorana e SmartPhotoLab/Shutterstock.com.
Conceituação de impactos ambientais 69

Os estudos ambientais têm por objetivo analisar, principalmente, os impactos nega-


tivos que determinada atividade pode ocasionar no meio ambiente. Esses estudos
são realizados, normalmente, durante o licenciamento ambiental, sendo que, para a
realização desse levantamento, o órgão ambiental competente poderá solicitar relatório
ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar,
diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e
análise preliminar de risco (BRASIL, 2009).

Assim, é fundamental identificar todos os impactos ambientais que a


implantação de uma determinada atividade ou empreendimento possa ocasio-
nar. Mas o que é impacto ambiental? Segundo o Artigo 1º da Resolução nº
001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 1986), impacto
ambiental é:

[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio


ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que afetem diretamente ou indiretamente:
A saúde, a segurança, e o bem estar da população;
As atividades sociais e econômicas;
A biota (conjunto de todos seres vivos de um determinado ambiente ou de
um determinado período);
As condições estéticas e sanitárias ambientais;
A qualidade dos recursos ambientais.

A NBR ISO 14.001:2004 descreve impacto ambiental como “qualquer modi-


ficação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte,
das atividades, produtos ou serviços de uma organização” (ASSOCIAÇÃO...,
2004). Dessa forma, Sánchez (2013) apresenta a importância de conhecer o
conceito de impacto ambiental adotado por essa norma porque muitas empresas
e outras organizações têm adotado sistemas de gestão ambiental nela baseados.
De tal ponto de vista, impacto ambiental é uma consequência de “atividades,
produtos ou serviços” de uma organização, ou seja, um processo industrial
(atividade), um agrotóxico (produto) ou o transporte de uma mercadoria (serviço
ou atividade) são causas de modificações ambientais ou impactos.
70 Conceituação de impactos ambientais

Impactos ambientais são alterações no ambiente causadas pelo desenvolvimento das


atividades humanas no espaço geográfico. Podem ser positivos, quando resultam em
melhorias para o ambiente, ou negativos, quando essas alterações causam algum risco
para o ser humano ou para os recursos naturais encontrados no espaço. Normalmente,
o termo impacto ambiental é mais comumente usados para atividades negativas.

Classificação dos impactos ambientais


Existem diferentes classificações de impactos ambientais, que podem ser,
segundo Sánchez (2013) e Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2008):

 impactos positivos ou benéficos: quando a ação resulta na melhoria da


qualidade de um fator ou parâmetro ambiental;
 impactos negativos ou adversos: quando a ação resulta em danos à
qualidade de um fator ou parâmetro ambiental;
 impactos diretos: quando resultam de uma simples relação de causa e
efeito, também chamados impactos primários ou de primeira ordem;
 impactos indiretos: quando são uma reação secundária em relação à
ação ou quando são parte de uma cadeia de reações;
 impactos locais: quando a ação afeta apenas o próprio sítio e suas
imediações;
 impactos regionais: quando o efeito se propaga por uma área e suas
imediações;
 impactos estratégicos: ocorrem quando se afeta um componente ou
recurso ambiental de importância coletiva ou nacional;
 impactos imediatos: quando o efeito surge no instante em que se dá a ação;
 impactos a médio e longo prazo: quando o efeito se manifesta depois
de decorrido certo tempo após a ação;
 impactos temporários: quando o efeito permanece por um tempo
determinado;
 impactos permanentes: quando, uma vez executada a ação, os efeitos
não cessam de se manifestar num horizonte temporal conhecido.
Conceituação de impactos ambientais 71

Análise dos impactos ambientais


em processos de AIA
Segundo Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012), os problemas ambientais
sempre existiram, o que tem variado é sua escala, dimensão da problemática
ambiental para a qual têm contribuído muitas causas:

 Elevado crescimento demográfico;


 Desenvolvimento e difusão da tecnologia industrial;
 Avanços da medicina e do saneamento e seus efeitos sobre a demografia;
 Avanços da comunicação;
 Crescente urbanização.

Além disso, os mesmos autores ressaltam que a análise dos impactos


ambientais durante a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) tem como
objetivo central realizar as previsões, ou seja, é necessário prever o que a
implantação de determinada atividade pode ocasionar no meio ambiente.
Essas previsões podem ser integrais ou parciais, ou seja, podem ser aplicadas
total ou parcialmente, sendo que, para tal, deve-se adotar (ROSA; FRACETO;
MOSCHINI-CARLOS, 2012):

a) Distintas alternativas de um mesmo projeto ou ação;


b) Estudos prévios ou preliminares detalhados;
c) Distintas fases do projeto (preliminar, na fase de construção e/ou na
fase de operação).

Muitas pessoas, e até mesmo profissionais da área ambiental, pensam que


apenas os impactos ambientais negativos devem ser analisados. No entanto,
esse é um grande erro, já que a possibilidade de ocorrerem impactos ambientais
positivos é uma noção que deve ser bem assimilada. Um exemplo comum de
impacto positivo, encontrado em muitos estudos de impactos ambientais, é
descrito como “criação de empregos”, impacto que se refere a um impacto
social e econômico (SÁNCHEZ, 2013).
72 Conceituação de impactos ambientais

Também há impactos positivos sobre componentes físicos e bióticos do meio. Um projeto


que envolve a coleta e o tratamento de esgotos resultará em melhoria da qualidade das
águas, em recuperação do habitat aquático e em benefícios sobre a saúde pública. Outro
exemplo é o de uma indústria que irá substituir uma caldeira a óleo pesado por uma
caldeira a gás, de modo que menos poluentes serão emitidos na atmosfera, ao mesmo
tempo em que poderão ser eliminadas as emissões dos caminhões de transporte de
óleo e os incômodos causados pelo tráfego pesado (SÁNCHEZ, 2013).

Como vimos anteriormente, os impactos ambientais se constituem pela


ação humana no meio ambiente, mas quais seriam as ações causadas pelo
homem? Observe, no Quadro 1, alguns dos principais exemplos.

Quadro 1. Exemplos de alguns impactos ambientais causados por atividades antrópicas.

Descrição do
impacto ambiental Exemplo prático

Supressão de Supressão de componentes do


certos elementos ecossistema, como a vegetação;
do ambiente Destruição completa de habitats (desmatamento,
queimadas ou aterramentos);
Destruição de componentes físicos
da paisagem (escavações);
Supressão de elementos significativos
do ambiente construído;
Supressão de referências físicas à memória
(como cemitérios, praças, locais de encontro
da comunidade, entre outros);
Supressão de elementos ou componentes valorizados
do ambiente (paisagens notáveis, cavernas, cachoeiras).
Inserção de certos Introdução de uma espécie exótica;
elementos no Introdução de componentes construídos, como
ambiente barragens, rodovias, edifícios, entre outros.
Sobrecarga do Geração de qualquer poluente;
ambiente, gerando Introdução de uma espécie exótica;
desequilíbrio Redução do habitat ou da disponibilidade
de recursos para uma dada espécie;
Aumento da demanda por bens e serviços
públicos (educação, saúde).

Fonte: Sánchez (2013).


Conceituação de impactos ambientais 73

Entre os principais impactos ambientais que um determinado empreen-


dimento/atividade possa ocasionar, pode-se citar: supressão da vegetação;
fragmentação de habitats, interferência em Áreas de Preservação Permanente
(APPs); barreira de deslocamento da fauna; danos no patrimônio arqueológico;
desapropriações; processos erosivos; bota-foras; ruídos e vibrações; poluição
(emissões); entre outros (Figura 2).

Figura 2. Exemplos de impactos ambientais causados pelo homem.


Fonte: Dudarev Mikhail, Egoreichenkov Evgenii e Sangib Kumar Barma/Shutterstock.com.

O que deve ser englobado na AIA


De acordo com a Resolução CONAMA 001/86, a análise de impactos am-
bientais deve considerar alguns atributos, como:

 Natureza: os impactos são benéficos ou adversos; positivos ou negativos?


 Duração: os impactos são temporários ou permanentes?
 Incidência: os impactos são diretos (ocorrem na área onde irá ocorrer
o empreendimento) ou indiretos (podem afetar outras áreas)?
 Reversibilidade: os impactos são reversíveis ou irreversíveis?
 Sinergia: os impactos são cumulativos ou sinérgicos (acumulativos)?
74 Conceituação de impactos ambientais

Os métodos de análise de impactos ambientais objetivam comparar,


organizar e analisar informações sobre impactos ambientais de uma de-
terminada atividade, incluindo formas de apresentação escrita e visual
desses dados.
Existem algumas metodologias que visam avaliar os impactos ambientais
durante a Avaliação de Impactos ambientais (AIA), sendo os mais utilizados:

 Listagens de controle (checklist): apresentam uma relação dos impactos


mais relevantes, associando-os, ou não, ao respectivo aspecto (a causa
do impacto) ou mesmo ao meio afetado (físico, biológico, socioeco-
nômico). Além disso, o método permite avaliar os impactos por meio
da atribuição de qualificações ou da quantificação de atributos como
magnitude, natureza, entre outros. A aplicação desse método também
permite a elaboração e a aplicação de questionários. Como vantagem,
esse método pode ser considerado simples e de fácil visualização, no
entanto, não permite caracterizar e discutir de forma mais minuciosa
cada impacto.
 Matrizes de interação (matriz de Leopold): método que apresenta os
impactos em uma matriz bidimensional. Em um eixo, são relacio-
nadas as características do ambiente e, no outro, as ações (aspectos)
do projeto. Na quadrícula de interação entre os dois eixos, é possível
identificar e avaliar o impacto quanto aos atributos avaliadores pro-
postos no método. Entre as vantagens do método, está a facilidade
de observação dos impactos, além da avaliação e da interação dos
atributos; no entanto, por outro lado, a quantidade de atributos ava-
liadores é menor do que na aplicação de outros métodos, como o
checklist, por exemplo.

Pertinência dos impactos ambientais na AIA


Segundo ressalta Sánchez (2013), o impacto ambiental é, claramente, o resul-
tado de uma ação humana que é a sua causa. Dessa forma, é importante não
confundir a causa com a consequência. Por exemplo, uma rodovia não é um
impacto ambiental, mas pode causar impactos ambientais. Do mesmo modo,
Conceituação de impactos ambientais 75

um reflorestamento com espécies nativas não é um impacto ambiental bené-


fico, mas uma ação (humana) que tem o propósito de atingir certos objetivos
ambientais, como a proteção do solo e dos recursos hídricos ou a recriação
do habitat da vida selvagem (Figura 3).

Figura 3. Exemplo de reflorestamento de uma área desmatada.


Fonte: Nina Lishchuk, Matt Kay, Freedom_Studio e nicepix/Shutterstock.com.

O plantio de mudas é considerado o método mais usual para recuperação de


áreas degradadas e apresenta como objetivo principal a aceleração do processo
de sucessão natural, visando proteger rapidamente o solo contra a erosão
e garantir o aceleramento e o sucesso da regeneração. Uma das principais
vantagens desse método é o controle da densidade de plantio, que deve ser
próximo ao original, bem como o controle da composição florística inicial.
Os espaçamentos mais usuais entre mudas são 2m x 2m (2.500 plantas/ha) e
3m x 2m (1.667 plantas/ha), conforme a EMBRAPA (2017).
76 Conceituação de impactos ambientais

É importante não confundir impacto ambiental com poluição. Impacto ambiental é um


conceito mais amplo e substancialmente distinto de poluição, que tem somente uma
conotação negativa, diferentemente de impacto ambiental, que pode ser benéfico
ou adverso (positivo ou negativo).

Como já descrito anteriormente, várias ações humanas causam significativo


impacto ambiental sem que estejam fundamentalmente associadas à emissão
de poluentes. Como exemplo, pode-se citar a construção de barragens ou a
instalação de um parque de geradores eólicos. Ou seja, a poluição é uma das
causas de impactos ambientais, mas os impactos podem ser ocasionados por
outras ações além do ato de poluir. Toda poluição causa impacto ambiental, mas
nem todo impacto ambiental tem a poluição como causa (SÁNCHEZ, 2013).
Porém, não basta apenas “descobrir” os impactos ambientais que determi-
nada atividade ou certo empreendimento irá ocasionar. Após a identificação e
valoração dos impactos ambientais, é preciso indicar as medidas mitigadoras
e compensatórias para cada impacto detectado no estudo. As medidas miti-
gadoras podem ser classificadas no que se refere à sua: natureza (preventiva
ou corretiva); fase (construção, operação e/ou desativação); duração (curta,
média ou longa); e responsabilidade (do empreendedor ou do poder público).
As medidas de mitigação, segundo Gestão Ambiental (2017), buscam rever-
ter danos parciais e minimizar situações de risco e de impactos ambientais por
meio da intervenção em áreas vulneráveis e da implementação de programas
operacionais que permitam, a curto prazo, mitigar situações críticas com base
na definição de prioridades. Eles devem ser implantados com base numa gestão
adaptativa, fundamentada em mecanismos que levem em conta a dinâmica de
determinadas zonas naturais. Entre os principais planos de mitigação, estão:

 Manter, em estado próximo do natural, a maior parte das zonas degradadas;


 Condicionar as explorações agrícola e pecuária;
 Impedir a ocupação com habitação nas áreas delimitadas de proteção;
 Condicionar as instalações industriais;
 Desviar vias e transferir construções em zonas de risco;
 Limitar a construção de estradas marginais e a intensidade de tráfego;
 Controlar a ocupação de terras e extrações.
 Investir em tecnologias que visam à sustentabilidade (por exemplo: o
reuso da água, a redução de energia elétrica, entre outros).
Conceituação de impactos ambientais 77

Em alguns casos, não é possível prevenir ou mitigar os impactos ambientais; assim,


deve-se buscar alternativas em outras áreas ou pontos. Por exemplo, indústrias que
possuam chaminés acabam emitindo poluentes atmosféricos e, como ainda não
há tecnologias disponíveis no mercado que as tirem de linha, é preciso realizar a
compensação ambiental. As indústrias podem realizar o plantio ou doar mudas de
árvores ou, então, realizar o pagamento para órgãos ambientais, que investem na
proteção de unidades de conservação (UC).

Os impactos ambientais podem ocorrer durante a instalação do empreendi-


mento e após o seu término (durante a fase de operação). Por exemplo, imaginando
que um parque industrial irá ser construído, haverá impacto ambientais negativos
durante a sua construção (fase de implantação), como emissão de material par-
ticulado, corte de vegetação, entre outros. Já durante a fase de operação, poderá
haver geração de resíduos sólidos e efluentes, lançamento de material particulado,
entre outros. Para compreender melhor quais critérios devem ser avaliados
durante a AIA (na instalação e operação) de empreendimentos, acompanhe o
Quadro 2, que apresenta, também, alguns planos de monitoramento ambiental.

Quadro 2. Itens que devem ser avaliados ao longo da Avaliação de Impactos Ambientais
(AIA), visando encontrar medidas mitigadoras.

Etapa do
empreendimento Itens a serem avaliados

Instalação do Redução das interferências e transtornos


empreendimento à população no que se refere a emissões
atmosféricas, ruídos, tráfego de máquinas;
Controle dos impactos resultantes das obras de
terraplanagem (erosão e instabilidade do solo);
Mitigação da retirada de cobertura vegetal;
Proteção de nascentes, cursos d’água
e lagoas existentes na área;
Proteção do patrimônio histórico e paisagístico;
Mitigação do incremento da impermeabilização do solo;
Mitigação dos efeitos do lançamento das águas pluviais;
Destinação final adequada para efluentes sanitários
e resíduos sólidos gerados no canteiro de obras
e demais instalações de apoio administrativo.

(Continua)
78 Conceituação de impactos ambientais

(Continuação)

Quadro 2. Itens que devem ser avaliados ao longo da Avaliação de Impactos Ambientais
(AIA), visando encontrar medidas mitigadoras.

Etapa do
empreendimento Itens a serem avaliados

Operação do Garantia de segurança à população do entorno;


empreendimento Garantia de atendimento de transporte
coletivo ao empreendimento;
Tratamento e disposição final de efluentes
sanitários do empreendimento;
Coleta e destino final de resíduos sólidos;
Arborização do sistema viário e espaços de uso comum;
Recuperação e revegetação das áreas degradas.
Planos de O monitoramento proposto deverá abordar, no mínimo:
monitoramento Plano de avaliação das obras destinadas à
contenção de encostas e drenagem pluvial;
Plano de acompanhamento do
desenvolvimento da arborização;
Plano de monitoramento do sistema de
abastecimento e da qualidade da água;
Plano de monitoramento do sistema de
tratamento de efluentes líquidos.

1. Em uma reunião gerencial, Nacional de Meio Ambiente. Nela,


você, gestor ambiental de uma um impacto ambiental é definido
importante indústria, exalta a como qualquer alteração das
importância da realização de um propriedades físicas, químicas
mapeamento dos aspectos e e biológicas do meio ambiente,
impactos ambientais para evitar causada por qualquer forma de
futuros problemas legais. Nesse matéria ou energia resultante das
momento, o diretor da empresa atividades humanas que, direta
solicita que você indique um ou indiretamente, afetam os
instrumento legal que apresente seguintes itens, com exceção de:
uma definição de impacto a) saúde, segurança e bem-estar
ambiental. Prontamente, você cita da população.
a Resolução 01/86 do Conselho
Conceituação de impactos ambientais 79

b) atividades sociais e econômicas.


c) elementos relacionados a
atividades, produtos ou serviços
de uma organização que podem
interagir com o meio ambiente.
d) condições estéticas e sanitárias b)
do meio ambiente.
e) qualidade dos recursos
ambientais.
2. Ao realizar uma Avaliação de
Impactos Ambientais, você se
depara com inúmeras situações em c)
diferentes setores da empresa onde
atua. Lembrando que um impacto
ambiental compreende qualquer
alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio
ambiente, selecione, dentre as d)
opções listadas abaixo, quais seriam
consideradas impactos ambientais.
a) Impressão de folhas.
b) Consumo de energia elétrica.
c) Operação de estação de
tratamento de efluentes. e)
d) Aumento na concentração 4. A direção da empresa onde você
de CO2 na atmosfera. atua solicitou a realização de uma
e) Consumo de água. Avaliação de Impactos Ambientais
3. Avalie as imagens presentes nas diretamente relacionados aos
alternativas desta questão. Como operários que atuam na linha de
gestor ambiental, você deve produção. Com isso, a empresa
indicar qual delas representa pretende minimizar os riscos
um impacto ambiental. relacionados à geração de algum
passivo trabalhista. Após alguns
dias, sua equipe se reúne para
discutir as informações que foram
coletadas durante as vistorias
nos setores de produção. Alguns
a) impactos relatados deverão ser
imediatamente eliminados ou
80 Conceituação de impactos ambientais

mitigados. Entretanto, alguns dos d) Ruído emitido pela


itens listados pela equipe não movimentação de
se caracterizam como impactos empilhadeiras.
ambientais. Dentre as opções e) Lavagem de instrumentos.
listadas abaixo, indique uma que 5. Dentre os impactos listados abaixo,
não compreende um impacto. identifique o que tem relação direta
a) Operação de esteira com o meio socioeconômico.
transportadora de produtos. a) Contratação de mão de obra.
b) Etiquetagem de produtos. b) Treinamento de mão de obra.
c) Consumo de energia c) Aumento da renda per capita.
para resfriamento de d) Transporte de trabalhadores.
setor de estoque. e) Demissão de trabalhadores.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRAS DE NORMAS TÉCNICAS. Norma Brasileira ABNT NBR ISO


14001. Sistemas da gestão ambiental - Requisitos com orientações para uso. São Paulo:
ABNT, 2004.BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental.
Brasília, DF: MMA, 2009. (Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais).
CONAMA. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, sec. 1, p. 2548-2549,17 fev. 1986.
EMBRAPA. Estratégia de recuperação: plantio em área total, plantio por mudas. Brasília,
DF, 2017. Disponível em: <https://www.embrapa.br/codigo-florestal/plantio-por-
-mudas>. Acesso em: 08 dez. 2017.
GESTÃO AMBIENTAL. Conheça as medidas de prevenção, mitigação e remediação
ambiental. Mercado em Foco, Tubarão, 2017. Disponível em: <http://mercadoemfoco.
unisul.br/conheca-as-medidas-de-prevencao-mitigacao-e-remediacao-ambiental/>.
Acesso em: 08 dez. 2017.
ROSA, A. H.; FRACETO, L. F.; MOSCHINI-CARLOS, V. (Org.). Meio Ambiente e Sustentabi-
lidade. Porto Alegre: Bookman, 2012.
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo:
Oficina de Textos, 2013.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

O vídeo a seguir apresenta uma contextualização relacionada à identificação de impactos


ambientais. Confira!
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Em uma reunião gerencial, você, gestor ambiental de uma importante indústria,


exalta a importância da realização de um mapeamento dos aspectos e impactos
ambientais para evitar futuros problemas legais. Nesse momento, o diretor da
empresa solicita que você indique um instrumento legal que apresente uma definição
de impacto ambiental. Prontamente, você cita a Resolução 01/86 do Conselho
Nacional de Meio Ambiente. Nela, um impacto ambiental é definido como qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada
por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetam os seguintes itens, com exceção de:

A) Saúde, segurança e bem-estar da população.

B) Atividades sociais e econômicas.

C) Elementos relacionados a atividades, produtos ou serviços de uma organização que podem


interagir com o meio ambiente.

D) Condições estéticas e sanitárias do meio ambiente.

E) Qualidade dos recursos ambientais.

2)
Ao realizar uma Avaliação de Impactos Ambientais, você se depara com inúmeras
situações em diferentes setores da empresa onde atua. Lembrando que um impacto
ambiental compreende qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, selecione, dentre as opções listadas abaixo, quais seriam
consideradas impactos ambientais.

A) Impressão de folhas.

B) Consumo de energia elétrica.

C) Operação de estação de tratamento de efluentes.

D) Aumento na concentração de CO2 na atmosfera.

E) Consumo de água.

3) Avalie as imagens presentes nas alternativas desta questão. Como gestor ambiental,
você deve indicar qual delas representa um impacto ambiental.

A)
B)

C)
D)
E)

4) A direção da empresa na qual você trabalha, solicitou a realização de uma avaliação


de impactos ambientais diretamente relacionada aos operários que atuam na linha de
produção. Com isso, a empresa pretende minimizar os riscos relacionados à geração
de alguns passivos trabalhistas. Após alguns dias, sua equipe se reúne para discutir as
informações que foram coletadas durante as vistorias. Alguns impactos ambientais
relatados deverão ser imediatamente eliminados ou mitigados. Entretanto, alguns dos
itens listados pela equipe não se caracterizam como impactos ambientais.

Dentre as opções listadas abaixo, indique uma que compreende um impacto


ambiental.

A) Operação de esteira transportadora de produtos.

B) Etiquetagem de produtos.

C) Consumo de energia para resfriamento de setor de estoque.


D) Ruído emitido pela movimentação de empilhadeiras.

E) Lavagem de instrumentos.

5) Dentre os impactos listados abaixo, identifique um que possui relação direta com o
meio socioeconômico.

A) Contratação de mão de obra.

B) Treinamento de mão de obra.

C) Aumento da renda per capita.

D) Transporte de trabalhadores.

E) Demissão de trabalhadores.

NA PRÁTICA

Os impactos ambientais podem ser exemplificados com o Mar de Aral (um grande lago de água
salgada), que fica entre o Cazaquistão e Uzbequistão. Esse pode ser considerado um dos maiores
impactos ambientais da História. Com o desvio de alguns rios, iniciou-se um longo processo de
impactos ambientais na região; as intervenções não cessaram e resultaram, entre outros
impactos, em contaminação de lençóis freáticos, impossibilitando o trabalho na lavoura. As
atividades pesqueiras também foram intensamente prejudicadas, e, com o aumento do
desemprego, os impactos ambientais que se apresentam foram também econômicos.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Manual para elaboração de estudos para o
licenciamento com avaliação de impacto ambiental.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n° 01/86, de 23 de janeiro de 1986.


Estabelece as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais
para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.


Instrução Normativa 08/2011. Regulamenta, no âmbito do IBAMA, o procedimento da
Compensação Ambiental. Brasília, 2011.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Ambiente: tecnologias - Série tekne.


Avaliação de impactos ambientais no
meio biótico

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, será estudada a avaliação de impactos ambientais aplicada ao


meio biótico. Nos licenciamentos ambientais atuais, exige-se o levantamento dos impactos desse
meio, considerando a instalação, a operação e a desativação do empreendimento. Serão
abordadas as diferentes formas de avaliação de impactos no meio biótico e sua aplicabilidade na
prática.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Comparar as diferentes formas de avaliação de impactos ambientais no meio biótico.


• Indicar como é feita a avaliação de impactos no meio biótico.
• Selecionar indicadores para o meio estudado.

DESAFIO

Imagine que, na implantação/operação de um porto marítimo, do qual você é o gestor ambiental,


foi identificado um impacto ambiental no meio biótico que não havia sido identificado na etapa
de avaliação de impactos ambientais: escassez de alimentos para uma espécie animal, que
começa a predar outras espécies, as quais não eram de sua cadeia alimentar.

Você é convocado a propor medidas de mitigação para esse impacto. Descreva um projeto
de medida de mitigação que poderia ser feito, citando, pelo menos, cinco etapas.

INFOGRÁFICO

A avaliação de impactos no meio biótico é dividida em dois grupos, conforme ilustrado a seguir:
CONTEÚDO DO LIVRO

O capítulo 10 do livro Meio ambiente e sustentabilidade traz um trecho que trata do tema
abordado nesta Unidade de Aprendizagem. Comece a leitura no início do capítulo e vá até o
item "Programa de monitoramento".

Boa leitura.
M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] /
Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes
Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. –
Porto Alegre : Bookman, 2012.

Editado também como livro impresso em 2012.


ISBN 978-85-407-0197-7

1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André


Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini-
Carlos, Viviane.

CDU 502-022.316

Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150


10
Análise de impactos
e riscos ambientais
FLÁVIO HENRIQUE MINGANTE SCHLITTLER

Objetivos do capítulo

Existe impacto ambiental quando uma atividade produz uma alteração no meio ou
em qualquer um de seus componentes. Analisar os impactos ambientais é qualificar
e quantificar estas alterações. Essas análises avaliam a qualidade ambiental com e
sem determinada ação ou empreendimento. É necessário que se realizem essas ava-
liações antes da realização de um projeto, com o objetivo de efetuar o planejamento
e a formulação de propostas do ponto de vista ambiental, ou seja, considerando
todos os fatores ambientais. Isto deve acontecer por parte do empreendedor da ati-
vidade ou ação e por parte das autoridades públicas quando aprovam, ou rejeitam,
uma proposta ou uma determinada alternativa. A análise de riscos ambientais é uma
atividade correlata à análise de impactos e que pode, inclusive, ocorrer em conjunto
com esta. Risco é conceituado como uma situação de perigo, com a imediata possi-
bilidade de um evento indesejável ocorrer. A análise de riscos envolve a identificação,
avaliação, gerenciamento e contenção de riscos ao ambiente e também à saúde pú-
blica. Os estudos de riscos ambientais antecipam eventos ambientalmente maléficos,
planejando ações de controle e de emergência.

INTRODUÇÃO processo de avaliação de impactos ambien-


tais no Brasil é um instrumento legal, fun-
Inicialmente, é preciso que se faça uma clara damentado na Constituição Brasileira e
identificação da diferença entre o processo preconizado na Política Nacional do Meio
de avaliação de impactos ambientais (AIA) Ambiente (Lei Federal nº 6.938, de 31 de
e a etapa de avaliação dos impactos que de- agosto de 1981). Com isso, o processo segue
correm de determinada ação ou empreen- diretrizes apropriadas, que são observadas
dimento e que têm presença obrigatória pela atuação do Conselho Nacional do
nos estudos de impactos ambientais (EIA/ Meio Ambiente (CONAMA) e de seus simi-
RIMA) e similares, como relatórios am- lares nos estados da federação brasileira.
bientais preliminares (RAP), relatórios am- Essas diretrizes estabelecem relações de in-
bientais simplificados (RES) e outros. O terdependência entre a legislação ambiental
220 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

vigente e a postulação de licenciamentos da água, uso e degradação dos solos, subs-


ambientais por parte dos empreendedores, tâncias radioativas, ruído, alterações na bio-
tanto de origem particular quanto pública. cenose (fauna e flora), uso do território e
Existe um impacto ambiental quando dos recursos naturais, mudanças no uso do
uma ação ou atividade produz uma altera- território, expropriação do terreno e espe-
ção no meio ou em algum de seus compo- culações imobiliárias, doenças, variação da
nentes (Bolea, 1977). população, taxa de emprego, incrementos
Fundamentalmente, nos estudos de econômicos (comércio, serviços, etc.), lo-
impactos ambientais, objetiva-se quantificar cais histórico-culturais que possam ser afe-
essas alterações, já que são variáveis relativas, tados, moradia, infraestrutura viária e sani-
posto que podem ser positivas ou negativas, tária, serviços comunitários e equipamen-
grandes ou pequenas, etc. Por outro lado, tos urbanos.
na definição de impacto ambiental, deve-se Literalmente, impacto significa mudan-
considerar dois aspectos importantes. O eco- ça. Qualquer mudança positiva ou negativa
lógico, orientado para os estudos de impac- de um ponto qualquer. Uma análise de im-
tos biológicos e geofísicos, e o humano, que pacto ambiental, então, é um estudo das
contempla os aspectos sociais, políticos, eco- prováveis mudanças de várias característi-
nômicos e culturais. Os estudos de impacto cas socioeconômicas e biogeofísicas de um
ambiental devem avaliar as consequências de ambiente que deve resultar de uma ação
uma ação, com o intuito de prevenir a quali- proposta ou pendente.
dade do ambiente que haverá no meio após a Então, é necessário desenvolver uma
execução desta ação ou projeto. completa compreensão da ação proposta, o
Essas avaliações devem ser realizadas que deve ser feito e que tipo de materiais,
antes que algum projeto seja realizado, pois trabalho humano e os recursos que estarão
com isso podem-se efetuar um melhor pla- envolvidos, além de obter uma completa
nejamento e uma melhor e mais consistente compreensão do ambiente afetado e qual a
formulação de propostas alternativas para o natureza biogeofísica e socioeconômica que
ambiente. será modificada pela ação. É necessário,
Todo e qualquer levantamento prévio também, projetar a ação proposta para o
realizado em áreas cuja divisão seja política, futuro e determinar os possíveis impactos
tais como municípios, regiões administrati- nas características do ambiente, quantifi-
vas, ou mesmo estados, ou ainda áreas com cando as mudanças quando possível e di-
individualização geográfica, tais como ba- vulgando os resultados da análise de manei-
cias, baixadas litorâneas, estuários, espigões ra que possam ser utilizados no processo de
divisores, “cuestas”, etc., são importantes na tomada de decisão.
medida em que servem como parâmetros O procedimento exato que deve ser
para a análise ambiental da área, cujos fato- seguido no desenvolvimento de cada análi-
res ambientais, tanto do ponto de vista geo- se de impacto ambiental não é simples e di-
biofísico, como do socioeconômico, devem reto. Isto se deve basicamente ao fato de que
ser considerados como agentes e receptores muitos e variados projetos são propostos
potenciais do impacto ambiental, que são para diferentes ambientes. Cada combina-
os principais fatores ambientais que devem ção resulta numa única relação causa-con-
integrar a análise ambiental de uma deter- dição-efeito, e cada combinação deve ser es-
minada área. Obrigatoriamente, devem ser tudada individualmente para que seja de-
considerados, na avaliação de um possível im- senvolvida uma análise compreensível.
pacto ambiental, os seguintes agentes modi- As equipes que preparam os estudos
ficadores do meio: poluição atmosférica e de impactos ambientais devem ser multi-
Meio ambiente e sustentabilidade 221

disciplinares, com diferentes profissionais faixas de rolamento; ferrovias, portos e ter-


que trabalham com os variados componen- minais de minério, petróleo e produtos quí-
tes do ambiente. Assim, formadas por gru- micos; aeroportos; oleodutos; gasodutos;
pos de biólogos, economistas, engenheiros, minerodutos; emissários de esgotos sani-
ecólogos, sociólogos, planejadores, quími- tários; linhas de transmissão superiores a
cos, agrônomos, arquitetos e outros espe- 230 Kv; obras hidráulicas como irrigação,
cialistas ou generalistas, estas equipes de- saneamento, drenagem, canais de navega-
senvolvem a análise dos impactos ambien- ção, retificação de cursos d’água, diques,
tais com base interdisciplinar. O estudo etc; extração de combustíveis fósseis (pe-
deve envolver a coleta de dados, tanto de tróleo, xisto, carvão); extração de miné-
campo como de fontes de recursos existen- rios; aterros sanitários, processamento e
tes. Com base nestes dados e no julgamento destino final de resíduos tóxicos ou peri-
dos analistas, projeções de mudanças no gosos; usina de geração de eletricidade
ambiente são feitas, finalizando-se estas pro- (qualquer que seja a fonte primária – hi-
jeções na forma de documentação. dráulica, termoelétrica); complexo de uni-
As avaliações de impacto ambiental dades industriais e agroindustriais (petro-
nasceram nos Estados Unidos (Jain et al. químicas, siderúrgicas, cloroquímicas, des-
1977), como consequência da lei nacional de tilarias de álcool, hulhas, extração e cultivo
política ambiental, a NEPA (National Envi- de recursos bióticos); distritos industriais e
ronmental Policy Act), de 01 de Janeiro de zonas estritamente industriais (ZEI); explo-
1970, e é exatamente onde se tem feito a ração econômica de madeira ou lenha, em
maior parte de estudos deste tipo e onde se áreas superiores a 100 ha ou menores; pro-
tem desenvolvido a maioria dos métodos jetos urbanísticos (superiores a 100 ha), ou
empregados. em áreas consideradas de relevante interes-
se ambiental, a critério do IBAMA ou dos
órgãos estaduais e municipais; qualquer ati-
AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS vidade que utilize carvão vegetal, em quan-
tidade superior a 10 ton/dia; e projetos
AMBIENTAIS NO BRASIL
agropecuários que contemplem áreas supe-
riores a 1.000 ha ou menores, neste caso,
Resolução CONAMA quando se tratar de áreas significativas em
no 01 de 23 de janeiro de 1986 termos percentuais ou de importância do
ponto de vista ambiental, inclusive nas
Embasada juridicamente na Política Nacio- áreas de proteção ambiental (APAs).
nal do Meio Ambiente, esta resolução defi- O EIA deve atender à legislação, em
ne, no Brasil, a necessidade e obrigatorieda- especial os objetivos expressos na lei da Po-
de da apresentação de estudo de impactos lítica Nacional do Meio Ambiente, com as
ambientais para empreendimentos, de na- seguintes diretrizes:
tureza privada ou pública, considerados po-
tencialmente impactantes. A própria reso- 1. Contemplar todas as alternativas tec-
lução 01/86 condiciona que dependem do nológicas e de localização do projeto,
EIA/RIMA, e da sua aprovação pelo órgão confrontando-as com a hipótese da
estadual ou pelo CONAMA (Conselho Na- não execução do projeto.
cional do Meio Ambiente), o licenciamento 2. Identificar e avaliar sistematicamente
de atividades modificadoras do meio am- os impactos ambientais gerados nas
biente, as seguintes ações e empreendimen- fases de implantação e operação da ati-
tos: estradas de rodagem com duas ou mais vidade.
222 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

3. Definir os limites da área geográfica a item primordial para a correta identificação


ser direta ou indiretamente afetada causa-efeito, para o cálculo dos valores e
pelos impactos, denominada área de magnitudes dos indicadores de impacto e
influência do projeto, considerando, para a mensuração, valoração e interpreta-
em todos os casos, a bacia hidrográfica ção dos efeitos ambientais e sua possível
na qual se localiza. prevenção (SANCHEZ, 2002). Os chamados
4. Considerar os planos e programas go- indicadores de impacto são parâmetros que
vernamentais, propostos e em implan- proporcionam a medida da grandeza do
tação na área de influência do projeto e impacto no tocante aos aspectos quantitati-
sua compatibilidade. vos e qualitativos.
Existem várias e diferentes técnicas
para se avaliar os impactos ambientais de-
10.2.2 Diagnóstico ambiental correntes de determinada ação ou empreen-
dimento. Os principais e mais utilizados são:
O diagnóstico ambiental da área de influên-
cia do projeto contemplará a descrição e a a) listagens de controle;
análise dos recursos ambientais e suas inte- b) matrizes;
rações considerando os meios físico, bioló- c) sobreposição de cartas;
gico e socioeconômico. d) métodos quantitativos;
e) redes de interação.
a) Meio físico: o subsolo, as águas, o ar e o
clima, destacando os recursos minerais,
a topografia, os tipos e aptidões do solo, Listagens de controle
os corpos d’água, o regime hidrológico,
as correntes marinhas, as correntes at- São utilizadas para uma avaliação rápida de
mosféricas; impactos, de forma qualitativa, identifican-
b) Meio biológico e os ecossistemas naturais: do-os para tipos específicos de projetos a
a fauna e a flora, destacando as espécies fim de que todos os itens sejam abordados.
indicadoras da qualidade ambiental, as Os itens considerados em uma lista são de
de valor científico e econômico, as raras natureza ampla e os impactos prováveis são
e as ameaçadas de extinção, e as áreas de qualificados. Os fatores ambientais listados
preservação permanente. são associados e caracterizados com a natu-
c) Meio socioeconômico: o uso e ocupação reza do impacto.
do solo, os usos da água e a economia da
região, destacando os sítios e monu-
mentos arqueológicos, históricos e cul- Matrizes
turais da comunidade, as relações de de-
pendência entre a sociedade local, os re- Consistem em duas listagens de controle,
cursos ambientais e a potencial utilização dispostas em forma de matriz, uma das lis-
futura desses recursos. tagens com as atividades (ações) do projeto
e outra com os fatores ambientais que
podem ser afetados por essas atividades. O
Análise dos impactos cruzamento entre essas listas permite iden-
tificar as relações causa e efeito, ou seja, o
A análise dos impactos presentes nos docu- impacto ambiental. As matrizes se caracteri-
mentos de estudos de impactos ambientais zam por serem muito flexíveis, adaptando-se
ou similares, constitui-se, sem dúvida, em às diversas situações e projetos a serem ana-
Meio ambiente e sustentabilidade 223

lisados. A matriz mais conhecida e mais uti- les com configuração linear (ferrovias, ro-
lizada é a matriz de Leopold (Leopold et al., dovias, oleodutos e outros).
1971). Na sua concepção original, possui 88
linhas (aspectos ambientais) e 100 colunas
(atividades) perfazendo um total de 8.800 Métodos quantitativos
quadrículas. O preenchimento de uma qua-
drícula representa a identificação de um Os impactos são quantificados e transfor-
impacto para o qual são atribuídos valores mados em unidades padronizadas, ponde-
de 1 a 10 quanto a dois aspectos. O primeiro radas em função da importância relativa, e
é a definição da magnitude do impacto manipulados matematicamente. Obtêm-se
sobre um setor específico do ambiente. O índices de impacto total para um número
segundo aspecto é a medida do grau de im- de alternativas a serem comparadas. Um
portância de uma determinada ação sobre o exemplo clássico é o Sistema Battelle – Co-
fator ambiental. Se o impacto for positivo, lumbus (DEE et al 1973), que foi desenvol-
deve-se indicar com um sinal positivo antes vido para avaliar projetos de recursos hídri-
do valor de magnitude. cos e manejo de qualidade de água, mas
A matriz deve vir acompanhada de que, no entanto, podem ser adaptados para
um texto que aborde os aspectos mais rele- outros tipos de empreendimentos.
vantes dos impactos identificados. Os tópicos de interesse são divididos
em quatro categorias: ecologia, poluição
ambiental, estética, interesse humano e so-
Superposição de cartas cial. Cada categoria é composta por um
conjunto de componentes. Cada compo-
Elabora-se um inventário onde os fatores nente compreende um conjunto de fatores,
ambientais são mapeados. Esses dados são in- totalizando 78 variáveis.
terpretados em função da localização das ati- As medidas ou estimativas dos parâ-
vidades e traduz-se em mapas de capacidade metros ambientais são transformadas e
para cada atividade. A área de estudo é subdi- normalizadas através de curvas específicas
vidida em unidades geográficas (quadrícu- ou funções, em índices de qualidade am-
las). Para cada unidade são levantadas infor- biental (IQA), para permitir a comparação
mações sobre os fatores ambientais e os inte- entre os impactos. Este índice varia de 0 a 1.
resses da comunidade. Esses interesses são Quando a variável possui apenas juízo de
agrupados por categorias não conflitantes valor, a população é consultada.
(econômicas, sociais, paisagísticas), limitadas Cada variável possui um valor de im-
quanto à abrangência de identificação de im- portância relativa dentro do sistema, que é
pactos, pois só utilizam dados que podem ser fixado para projetos similares e baseia-se no
representados pela cartografia. No entanto, julgamento da equipe multidisciplinar.
esta limitação pode ser contornada com a uti- Multiplica-se o IQA de cada fator am-
lização de um Sistema de Informação Geo- biental e seu peso. A somatória desses pro-
gráfica (SIG). Assim torna-se extremamente dutos resulta no valor para o meio ambien-
eficaz para a definição de padrões espaciais e te. Faz-se o cálculo para o ambiente sem o
localização dos efeitos e impactos, pois as pre- projeto (partindo-se de medidas reais dos
visões são feitas por unidade de área. parâmetros ambientais) e com o projeto e
Esse método é adequado para síntese e suas várias alternativas.
importante na elucidação de relações espa- O impacto ambiental é expresso pela
ciais complexas e é recomendável nos pro- diferença do valor do ambiente com e sem a
jetos de desenvolvimento regional e naque- ação, mais as várias alternativas.
224 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

Redes de interação do empreendedor, com a produção periódi-


ca e sistemática de relatórios enviados ao
Identificam os impactos indiretos. Funda- órgão ambiental, ou outros, contendo:
mentam-se na construção de fluxogramas
ou redes de interação que apresentam a su- a) Rede de amostragem, seu dimensiona-
cessão de impactos ambientais gerados pelas mento e distribuição espacial.
diversas fases do empreendimento (constru- b) Metodologia de coleta e análise das
ção, operação, desativação). Identificam os amostras.
processos e as sequências pelos quais os im- c) Periodicidade.
pactos diretos e indiretos são produzidos. d) Metodologia do processamento das infor-
Não se trata de um sistema de avalia- mações levantadas.
ção de impactos, pois, apesar de identificar
as alterações, não há previsão de magnitude Observação: Quando necessário, e de
(quantificação) ou importância relativa, não acordo com a natureza do empreendimen-
havendo também previsão para a participa- to, deverá ser apresentado ao órgão am-
ção da comunidade no processo. biental um Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas (PRAD), aplicável após sua de-
sativação.
Medidas mitigadoras
As medidas mitigadores referem-se aos im- Relatório de impactos
pactos negativos detectados no estudo, vi-
sando amenizar, ou mitigar, seus efeitos de-
ambientais (RIMA)
letérios sobre o ambiente e seus componen-
O RIMA não tem vida própria. Ele só tem
tes. Normalmente seguem uma classificação
existência em função de um estudo de im-
genérica que pretende caracterizar estas
pacto ambiental (EIA) que é o instrumento
medidas, baseada em diferentes aspectos.
que lhe oferece substância e conteúdo. O
Assim, as medidas mitigadoras adotadas
RIMA deve ser apresentado de forma obje-
podem ser classificadas quanto:
tiva e adequada ao entendimento do públi-
co, acompanhado e ilustrado por mapas,
a) Natureza (preventiva ou corretiva).
gráficos e figuras. Sua acessibilidade deve
b) Fase (construção, operação, desativação).
ser garantida pelo órgão ambiental, que,
c) Fator afetado (físico, biológico, antrópi-
sempre que julgar pertinente, realizará uma
co).
audiência pública com a participação dos
d) Prazo de validação (curto, médio ou
agentes envolvidos, da comunidade e de-
longo).
mais interessados.
e) Responsabilidade (empreendedor ou po-
O RIMA conterá os objetivos e justifi-
der público).
cativas do projeto, sua relação e compatibi-
Observação: Deverão ser mencionados lidade com políticas setoriais, planos e pro-
os impactos não mitigáveis e que não po- gramas governamentais; a discriminação
dem ser evitados. do empreendimento e suas alternativas tec-
nológicas e locacionais, matérias-primas,
área de influência, fontes de energia, pro-
Programa de monitoramento cessos e técnicas operacionais, os prováveis
efluentes, emissões, resíduos de energia,
Indicação e justificativa de parâmetros sele- empregos diretos e indiretos a serem gera-
cionados para acompanhamento por parte dos; a síntese dos resultados dos estudos de
DICA DO PROFESSOR

Nas avaliações de impactos ambientais no meio biótico, pode-se detalhar o diagnóstico,


incluindo diferentes indicadores de impactos, como no vídeo a seguir:

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Os elementos ambientais sujeitos à avaliação de impactos ambientais no meio biótico


são:

A) O ar e a água.

B) A qualidade de vida, as chuvas e os solos.

C) A fauna e a flora.

D) As sociedades.

E) A vegetação e as águas.

2) Nas avaliações de impactos ambientais no meio biótico, deve-se considerar a


implantação ou não do empreendimento, qualificando e quantificando o quê?

A) As obras que deverão ser realizadas.

B) As alterações nas comunidades bióticas.

C) O encerramento do empreendimento.
D) O desmatamento.

E) O uso e a ocupação do solo.

3) Entre os indicadores avaliados em um diagnóstico detalhado no meio bióticos, há:

A) a poluição das águas.

B) a redução da cobertura vegetal.

C) a geração de efluentes.

D) a poluição do ar.

E) a evasão populacional.

4) Ao realizar a avaliação de impactos ambientais no meio biótico, devem-se considerar


as inter-relações e as dependências entre as espécies afetadas, identificando:

A) A melhor opção para compensação de vegetação.

B) O tipo de solo das áreas de influência.

C) A situação atual dos habitats locais.

D) A direção dos ventos na área de estudo.

E) A qualidade da água subterrânea.


5) Durante a etapa de operação de um parque eólico, espera-se que haja impactos
significativos em qual dos seguintes exemplos?

A) Répteis.

B) Vegetação.

C) Mamíferos.

D) Aves.

E) Ar.

NA PRÁTICA

Imagine-se como gestor ambiental de uma empresa que comprou uma área na região Sudeste do
país para ampliação. Neste processo de ampliação, você será o responsável pela condução dos
trâmites necessários ao licenciamento.

Durante a avaliação de impactos ambientais conduzida por você, foi possível identificar a
necessidade de realizar a supressão total de vegetação em praticamente toda a área que receberá
o empreendimento.

A partir desta informação, você propõe um programa de compensação ambiental destinado à


recuperação de mata nativa presente em uma grande área próxima ao empreendimento.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução no 1, de 23 de janeiro de 1986:

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução no 11, de 18 de março de 1986:

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução no 9, de 6 de dezembro de


1990:

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução no 237, de 19 de dezembro de


1997:

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Avaliação de impactos ambientais no
meio físico

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, será estudada a avaliação de impactos ambientais aplicados ao


meio físico. Nos licenciamentos ambientais atuais, exige-se o levantamento dos impactos nesse
meio, considerando todas as fases do empreendimento. Serão abordadas as diferentes formas de
avaliação de impactos no meio físico e sua aplicabilidade na prática.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Expressar as diferentes formas de avaliação de impactos ambientais no meio físico.


• Identificar como é feita a avaliação de impactos no meio físico.
• Relacionar indicadores para esse meio estudado.

INFOGRÁFICO

A avaliação de impactos no meio físico é dividida em três grupos, conforme no infográfico a


seguir.
CONTEÚDO DO LIVRO

O livro Ambiente: tecnologias traz, no capítulo 8, a partir do item "Utilização dos métodos de
avaliação ambiental", mais detalhes que complementam o tema abordado nesta Unidade de
Aprendizagem. Leia o trecho selecionado a seguir.

Boa leitura.
TE
I E N
M B AS
AECNOLO G I
E N K EDORA
T B E L A GANIZA
CI SCHW OR
A492 Ambiente [recurso eletrônico] : tecnologias / Organizadora,
Cibele Schwanke. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
Bookman, 2013.

Editado também como livro impresso em 2013.


ISBN 978-85-8260-012-2

1. Meio ambiente. 2. Conservação e proteção.


I. Schwanke, Cibele.

CDU 502.1

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB10/2052


Os custos e as despesas referentes ao EIA/RIMA, tais como: coleta e aquisição dos
dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, es-
DICA tudos técnicos e científicos, bem como acompanhamento e monitoramento dos
Acesse o site do IBAMA, impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos cinco cópias, corre-
selecione um EIA/RIMA rão por conta do proponente do projeto (Resolução CONAMA nº 1/1986, artigo 8º).
para consulta e verifique o
Os conteúdos mínimos que devem ser apresentados no estudo de impacto am-
conteúdo do documento e os
biental, conforme a Resolução CONAMA nº 1/1986 (BRASIL, 1986a), podem ser
tópicos estudados.
observados no Quadro 8.2.

Conforme consta na Resolução, o relatório de impacto ambiental (RIMA) deve re-


fletir as conclusões do estudo de impacto ambiental, devendo ser elaborado em
linguagem acessível, ilustrado e de fácil compreensão para que a sociedade en-
tenda vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências
ambientais de sua implementação. O RIMA deverá conter, no mínimo: os objetivos
e justificativas do projeto; a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas
e locacionais; a síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da
área de influência do projeto; a descrição dos prováveis impactos ambientais da
NO SITE implantação e operação da atividade; a caracterização da qualidade ambiental fu-
Acesse o ambiente virtual tura da área de influência; a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras
de aprendizagem e leia previstas em relação aos impactos negativos; o programa de acompanhamento e
a Resolução CONAMA monitoramento dos impactos; recomendação quanto à alternativa mais favorável
nº 9/1987, que regula a (conclusões e comentários de ordem geral).
audiência pública.
O EIA e o RIMA devem ser submetidos à análise técnica pelo órgão competente
municipal, estadual ou federal (BRASIL, 1986a), conforme verificado no processo
de avaliação ambiental.

Sempre que julgar necessário, o órgão de Meio Ambiente promoverá a realização


de audiência pública ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério
Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos (BRASIL, 1987).

O objetivo da audiência pública é o de apresentar o projeto proposto e os impac-


tos ambientais associados, discutir e dirimir dúvidas em relação ao RIMA, bem
como fornecer subsídios para a análise e o parecer final do órgão licenciador sobre
o empreendimento proposto. Após esse procedimento, o empreendimento pode
ou não ser aprovado pelo órgão ambiental.

DICA
Utilização dos métodos de avaliação
Acompanhe no site do órgão ambiental
ambiental do seu estado,
as datas das audiências Como visto anteriormente, a avaliação dos impactos ambientais decorrentes do
públicas e participe! projeto e de suas alternativas é uma exigência legal. Para auxiliar nessa avaliação,
existem diversos métodos para comparar, organizar e analisar informações sobre
impactos ambientais de uma proposta, incluindo os meios de apresentação escri-
ta e visual dessas informações (BASTOS; ALMEIDA, 2007).

152
Quadro 8.2 Conteúdo mínimo a ser apresentado no estudo de impacto ambiental
Informações gerais do empreendedor: identificação, localização, entre outros.
Caracterização do empreendimento: objetivos, porte, etapas de implantação, entre outros.
Área de influência do empreendimento:
• área de impacto direto;
• área de influência direta;
• área de influência indireta;
Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto
Completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo
a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando:
a) Meio físico: o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia,
os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as
correntes atmosféricas.
b) Meio biológico e os ecossistemas naturais: a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras
da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as
áreas de preservação permanente.
c) Meio socioeconômico: o uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando
os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de
dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura
desses recursos.
Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas:
Por meio de identificação, previsão da • os impactos positivos e negativos
magnitude e interpretação da importância dos (benéficos e adversos);
prováveis impactos relevantes, discriminando: • diretos e indiretos;

Avaliação de impacto ambiental


• imediatos e a médio e longo prazo;
• temporários e permanentes;
• seu grau de reversibilidade;
• suas propriedades cumulativas e sinérgicas;
• a distribuição dos ônus e benefícios sociais.
Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos: entre elas os equipamentos de
controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.
Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e
negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.
Fonte: Brasil (1986a).
capítulo 8

153
De acordo com os autores, ainda não existe uma metodologia completa e ideal que
atenda a todos os diferentes EIAs e suas respectivas fases. Além de atender aos requi-
sitos e às normas legais, a seleção da metodologia dependerá de diversos fatores, tais
como o tempo para o desenvolvimento do estudo, dos recursos financeiros disponí-
veis, da existência de informações ou dados existentes, da adaptação/adequação do
método às condições específicas de cada atividade e área de estudo analisada.

Como principais métodos de avaliação de impacto ambiental, pode-se citar o ad


hoc (grupo multidisciplinar); listagens (check list); matrizes de interação (matriz de
Leopold); redes de interação (networks); superposição de cartas (overlays); modelos
de simulação; projeção de cenários; análise custo-benefício; análise multiobjetivo.

PARA
PARA SABER
SAB MAIS
Leia o artigo Uso das metodologias de avaliação de impacto ambiental em estudos realizados no Ceará, de
Oliveira e Moura (2009), disponível no ambiente virtual de aprendizagem.

Algumas das características dos métodos podem ser observadas no Quadro 8.3.

Quadro 8.3 Principais métodos de avaliação de impacto ambiental e suas


características
Método Características
Método ad 1) Reúne uma equipe multidisciplinar de especialistas no assunto e/ou na área
hoc (grupo em questão, que desenvolve a avaliação de forma simples, objetiva e dissertativa.
multidisciplinar) 2) É utilizado em casos com escassez de dados, fornecendo orientação para
outras avaliações.
Método das 1) Trata-se de um dos métodos mais utilizados em AIA, na etapa inicial.
listagens 2) É adequado somente para avaliações preliminares.
(check list)
3) Identifica e enumera os impactos, a partir do diagnóstico ambiental feito por
especialistas dos meios físico, biótico e socioeconômico.
4) Relaciona-se os impactos decorrentes das fases de implantação e operação do
Ambiente: tecnologias

empreendimento, categorizando-os em positivos ou negativos, conforme o tipo


da modificação antrópica a ser introduzida no sistema analisado.
5) Existem diversas listas padronizadas por tipo de projetos (projetos hídricos,
autoestradas, etc.), além de listas computadorizadas. Mais conhecida é a de
Battelle Columbus.
(continua)

154
Quadro 8.3 Principais métodos de avaliação de impacto ambiental e suas
características (Continuação)
Método Características
Método das 1) Consiste em uma análise bidimensional, organizada em um quadro onde são
matrizes de listados horizontal e verticalmente os fatores ambientais e as ações de projeto.
interação (matriz Métodos basicamente de identificação.
de Leopold) 2) Tem maior destaque a matriz de Leopold (1971), que completa considera 100
ações que podem causar impactos e 88 características e condições ambientais.
Método das 1) Procura estabelecer a sequência de impactos ambientais a partir de uma
redes de determinada intervenção, utilizando método gráfico.
interação 2) Utiliza diagramas, gráficos ou fluxogramas, mostrando a cadeia de
(networks) modificações que ocorrem, ou seja, os impactos diretos e indiretos que podem
resultar de um empreendimento. Abrange efeitos secundários e terciários.
3) Tem maior destaque Sorensen (1974).
Método da 1) Confecciona cartas temáticas relativas aos fatores ambientais potencialmente
superposição de afetados, tais como: embasamento geológico, tipo de solo, declividades.
cartas (overlays) 2) Faz a superposição das imagens segundo conceito de fragilidade (cartas de
restrição) e potencial de uso (cartas de aptidão).
3) É bastante utilizado na escolha de traçado de projetos lineares: rodovias, dutos,
linhas de transmissão e em diagnósticos ambientais.
Método dos 1) Trabalha com modelos matemáticos.
modelos de 2) É estruturado com base na definição dos objetivos, escolha de variáveis e
simulação estabelecimento de suas inter-relações, discussão e interpretação dos resultados.
3) Simula várias alternativas do projeto.

Avaliação de impacto ambiental


4) Pode ser necessário utilizar alguns dos modelos de ponderação já
apresentados para a comparação e a ordenação das alternativas.
Método de 1) Proporciona uma análise de situações ambientais prováveis em termos
projeção de de evolução de um ambiente (cada situação corresponde a um cenário) e/
cenários ou de situações hipotéticas, referentes a situações diferenciadas geradas por
proposição de alternativas de projetos e programas.
Método 1) Computa custos e benefícios de um projeto ou de suas alternativas, visando
da análise compará-los e ordená-los por meio da relação custo-benefício ou do benefício
benefício-custo líquido.
(continua)
capítulo 8

155
Quadro 8.3 Principais métodos de avaliação de impacto ambiental e suas
características (Continuação)
Método Características
Método 1) É estruturado, em geral, na forma de uma hierarquia:
da análise • Meta: intenção ou objetivo muito genérico e que pode ser atendido por
multiobjetivo objetivos mais específicos que são quantificados por atributos.
• Objetivos: refletem as aspirações do decisor em relação ao atendimento de uma
determinada meta. Pode ser alcançado pela sua maximização ou minimização.
• Atributos: permitem avaliar como um determinado objetivo está sendo
alcançado. Aspecto mensurável (reais, metros ou ordinal – alto, médio, baixo).
Fonte: Braga et al. (2005), Oliveira e Moura (2009), Sánchez (2008), Santos (2007) e Tommasi (1994).

Agora é a sua vez!


Considerando o EIA/RIMA consultado no site do IBAMA, verifique o método utilizado para a avaliação do
impacto, utilizado pela equipe técnica responsável pelo estudo.

Utilização de indicadores para o


diagnóstico e/ou monitoramento
O diagnóstico e o monitoramento ambiental são de fundamental importância no
processo de avaliação ambiental, tanto para verificar a adesão às normas regula-
Ambiente: tecnologias

doras como para apoiar o sistema de gestão. A utilização de indicadores assegu-


ra que um processo de avaliação aborde as principais variáveis associadas com
a degradação ou com os impactos ambientais significativos. Também melhora a
comunicação entre os atores envolvidos.

156
Indicadores são bits de informação que resumem as características de um sistema,
ou o que está acontecendo no mesmo, simplificando fenômenos complexos.

É importante destacar que os indicadores, se bem selecionados, indicam diversas


tendências, porém não revelam toda a verdade. Um indicador é, portanto, rara-
mente “perfeito” no sentido de revelar todas as informações necessárias para as
decisões a serem tomadas. Em vez disso, fornece sinais para futuras investigações.

No contexto de um projeto, os indicadores ambientais são usados como uma fer-


ramenta de gestão para prever alterações ambientais, mitigar ou promover as al-
terações, bem como acompanhar o desenvolvimento, a fim de gerir o projeto de
maneira ideal frente à perspectiva ambiental.

O “método” para identificar e desenvolver indicadores é, portanto, o mais impor-


tante no contexto. Nesse estudo não foram incluídos exemplos de indicadores, no
entanto, serão fornecidas algumas ideias sobre os indicadores relevantes.

Os indicadores selecionados devem ser de fácil compreensão e utilização por


todas as partes envolvidas. Para essa seleção é importante a consulta aos atores
locais, o que também representa uma oportunidade para levantamento de estu-
dos já existentes relacionados com outros projetos ou atividades, e para discutir
a divisão de responsabilidades. Ainda, os atores locais devem ser continuamente
informados e envolvidos nesse processo.

Por exemplo, a avaliação do estado ambiental de uma determinada bacia hidro-


gráfica envolve os diferentes usos e não somente a atividade que está requerendo
o licenciamento. No mercado de trabalho, essa avaliação deveria ser de responsa-
bilidade de instituições oficiais e não de um determinado empreendimento.

Contudo, na prática, o que acontece é que uma empresa, que apresenta um EIA/
RIMA, muitas vezes precisa avaliar a bacia de uma maneira sistêmica, pois ciclos,
processos, serviços ambientais estão interligados. Quando a atividade está em
funcionamento por vários anos, com passivo ambiental associado, deve-se ana- Avaliação de impacto ambiental
lisar os diversos usos da bacia, sob pena do estado do ambiente encontrado, ser
creditado nas responsabilidades exclusivamente daquela atividade, uma vez que
as demais não foram estudadas.

Uma avaliação completa dos links causais, isto é, a identificação das relações de
causa e efeito das atividades, na área de influência do estudo, é um importante
passo na identificação de indicadores.

Na análise das relações de causa e efeito, um aspecto ambiental pode ser dividido
em cinco elementos diferentes (Figura 8.1):
capítulo 8

157
FORÇA MOTRIZ PRESSÃO
Tendências ambiental- Atividades antropogênicas
mente relacionadas, afetando diretamente o
por exemplo, pressão meio, por exemplo, a
populacional alteração de habitat.

RESPOSTA ESTADO
A sociedade estabelece a Mudanças observáveis no
proteção de áreas ambiente, por exemplo,
consideradas importantes a ameaça ou extinção de
processos ecológicos para uma parte do total de
solucionar o problema. espécies.

IMPACTO

Efeitos de uma mudança Figura 8.1 Modelo Força Motriz-Pressão-


no ambiente, por exemplo,
aumento da ameaça ou Estado-Impacto-Resposta.
extinção de espécies Fonte: Organisation for Economic Co-operation and Deve-
lopment (1999).

1. Tendência subjacente, que está dirigindo o problema ambiental (força motriz).

2. Tendência subjacente que provoca uma mudança de comportamento, o que


coloca uma pressão sobre o ambiente (pressão).

3. Pressão da mudança comportamental que resulta em um estado de ambiente


transformado (estado).

4. Mudanças no estado do ambiente que resultam em impactos e degradação


sobre o meio ambiente e pessoas (impacto).

5. A parte final do aspecto ambiental de uma avaliação, é a resposta das pes-


soas, da sociedade. Essa resposta pode atingir qualquer uma das partes cita-
das, mas é, preferencialmente com vista para a tendência subjacente, ou pelo
menos as pressões que essas tendências causam (a resposta). Essas respostas
surgem por meio de leis, programas, políticas privadas ou públicas ou até
mesmo por meio do princípio da precaução.

É importante lembrar, no entanto, que muitas ligações causais já foram estabe-


Ambiente: tecnologias

lecidas por meio de pesquisa e experiências anteriores (p. ex., a ligação entre
agricultura intensiva e o potencial de erosão do solo que tem sido observado em
numerosas ocasiões).

158
DICA DO PROFESSOR

Nas avaliações de impactos ambientais no meio físico, pode-se detalhar o diagnóstico, incluindo
diferentes indicadores de impactos, conforme a seguir:

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EXERCÍCIOS

1) Ao se realizar as avaliações de impactos ambientais no meio físico, deve-se considerar


que nesse meio ocorre uma série de fenômenos com relações entre si. Essas relações
ocorrem basicamente entre:

A) o meio abiótico e o biótico.

B) o meio abiótico e os fenômenos de causa e efeito.

C) o meio biótico e os solos.

D) os solos e a ar.

E) o meio abiótico e a água.

2) Qual das opções a seguir apresenta exemplos de componentes que agem ativamente
nos processos físicos?

A) Energia gravitacional

B) Energia elétrica
C) Água

D) Rochas

E) Fauna e flora

3) Na avaliação de impactos ambientais no meio físico, podem-se avaliar diferentes


indicadores para um estudo detalhado nas áreas de influência, como:

A) Desmatamento.

B) Plantio de vegetação nativa.

C) Dinâmica da água no subsolo.

D) Geração de efluentes.

E) Geração de gases.

4) O meio físico pode ter sua dinâmica deflagrada, catalisada, acelerada ou retardada
por alguns agentes. Qual dos seguintes impactos está diretamente relacionado ao
meio físico?

A) A perda da qualidade do ar.

B) O afugentamento de fauna.

C) A fragmentação de populações.
D) O aumento da renda per capta.

E) O aumento da violência.

5) Na avaliação de impactos ambientais no meio físico, identifica-se o aspecto "geração


de particulados, gases e fumaça" na área de influência direta (AID). Qual exemplo de
monitoramento poderia ser proposto?

A) Observação da AID.

B) Monitoramento atmosférico das fontes emissoras.

C) Conhecimento da direção dos ventos na região.

D) Monitoramento das chuvas na região.

E) Conhecimento das características dos solo da região.

NA PRÁTICA

Imagine que você esteja realizando uma avaliação de impactos ambientais para um projeto de
licenciamento, em que seja possível mapear as áreas que sofrem influências dos diferentes
impactos previstos do empreendimento.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTA

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Diagnóstico e Avaliação de Impacto Ambiental: Instrumentos para a proteção do Meio


Ambiente

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Avaliação de impactos ambientais no
meio antrópico

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, será estudada a avaliação de impactos ambientais aplicada ao


meio antrópico. A avaliação de impactos direcionada ao meio antrópico é fundamental para
avaliar a viabilidade de empreendimentos que tenham potencial de causar significativa
degradação ambiental. Deve-se visar à inclusão de informações sobre as necessidades, as
aspirações e os estilos de vida das populações envolvidas, buscando a compreensão das
consequências sobre os locais afetados com a implantação ou não do empreendimento, de modo
a orientar o licenciamento. Portanto, serão abordadas as diferentes formas de avaliação de
impactos para esse meio e sua aplicabilidade na prática.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Relacionar as diferentes formas de avaliação de impactos ambientais no Meio antrópico.


• Identificar como é feita a avaliação de impactos no meio antrópico.
• Expressar indicadores para esse meio estudado.

DESAFIO

Imagine que você, gestor ambiental, esteja coordenando o licenciamento para a construção
de linhas de transmissão de energia.

Durante o processo de implantação desta linha, espera-se que ocorram as seguintes ações:

- Abertura de estradas de acesso;


- Criação de áreas destinadas ao canteiro de obras;
- Delimitação de uma faixa de servidão.
Após a execução destas ações, será possível identificar o seguinte impacto: restrição ao uso do
solo pelos moradores locais.

A partir deste cenário, você deverá:

- Definir uma medida mitigadora relacionada a esse impacto.


- Indicar as etapas metodológicas que comporão essa medida mitigadora.
- Propor as ações de monitoramento que deverão ser adotadas, a fim de identificar a efetiva
mitigação desse impacto no meio antrópico.

INFOGRÁFICO

O processo de avaliação de impactos pode ser dividido em etapas, conforme ilustrado no


infográfico a seguir.

CONTEÚDO DO LIVRO

O livro Ambiente: tecnologias, traz, no capítulo 8, "Avaliação de impacto ambiental", um trecho


que trata mais especificamente dos documentos envolvidos na avaliação de impactos. Leia o
trecho selecionado a seguir.

Boa leitura.
TE
I E N
M B AS
AECNOLO G I
E N K EDORA
T B E L A GANIZA
CI SCHW OR
A492 Ambiente [recurso eletrônico] : tecnologias / Organizadora,
Cibele Schwanke. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
Bookman, 2013.

Editado também como livro impresso em 2013.


ISBN 978-85-8260-012-2

1. Meio ambiente. 2. Conservação e proteção.


I. Schwanke, Cibele.

CDU 502.1

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB10/2052


Devem ser consideradas ainda, as propriedades cumulativas e sinérgicas dos im-
pactos; a distribuição dos ônus e benefícios sociais, bem como apresentadas as
medidas mitigadoras dos impactos negativos.

Esse levantamento dos impactos é necessário e importante para avaliar a viabili-


dade ambiental do projeto, bem como medidas a serem implementadas de ma-
neira a causar o menor impacto adverso possível.

Análise de impacto ambiental


O processo de análise de impacto ambiental (AIA) pode ser dividido em três eta-
pas, cada qual com diferentes atividades. São elas: etapa inicial, análise detalhada
e etapa pós-aprovação, caso a tomada de decisão seja favorável (SÁNCHEZ, 2008).
De acordo com o autor, na etapa inicial verifica-se a necessidade ou não de uma
avaliação detalhada dos impactos ambientais de uma futura ação e, em caso posi-
tivo, deve-se definir o alcance e a profundidade dos estudos necessários.

A análise detalhada é aplicada somente nos casos de atividades que tenham o po-
tencial de causar impactos significativos, neste caso, deve-se efetuar o estudo de
impacto ambiental da atividade, com o respectivo relatório de impacto ambiental.
Caso o empreendimento seja implantado, ocorre o monitoramento dos impactos
causados pela atividade, bem como a aplicação das medidas de gestão ambiental.

Estudo de impacto ambiental (EIA) e o Relatório de impacto


ambiental (RIMA)
A elaboração do estudo de impacto ambiental (EIA) e o relatório de impacto am-
biental (RIMA) são exigências para o licenciamento de diversas atividades conside-
radas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio
(Resolução CONAMA nº 1/1986). Sua obrigatoriedade foi fixada pela Constituição
Federal de 1988, artigo 225, inciso IV (BRASIL, 1988).

Conforme consta nas Resoluções CONAMA nº 1/1986 e nº 11/1986 (BRASIL, 1986a,


1986b), nº 6/1987 (BRASIL, 1987), nº 9/1990 e nº 10/1990 (BRASIL, 1990a, 1990b),
as atividades que devem apresentar o EIA/RIMA, quando na solicitação da licença
prévia, são:

1. Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento.

2. Ferrovias.

3. Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos.


Ambiente: tecnologias

4. Aeroportos.

5. Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgo-


tos sanitários.

6. Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 KV.

150
7. Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem
para fins hidrelétricos, acima de 10 MW, de saneamento ou de irrigação, aber-
tura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos
d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques.

8. Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão).

9. Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração.

10. Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos.

11. Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia pri-
mária, acima de 10 MW.

12. Complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos,


cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos).

13. Distritos industriais e zonas estritamente industriais (ZEI).

14. Exploração econômica de madeira ou lenha em áreas acima de 100 hectares


ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de
importância do ponto de vista ambiental.

15. Projetos urbanísticos em áreas acima de 100 ha ou em áreas consideradas de


relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos estaduais ou
municipais. Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou pro-
dutos similares, em quantidade superior a 10 toneladas por dia.

16. Projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha ou menores,


quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de impor-
tância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental.

17. Empreendimento potencialmente lesivo ao patrimônio espeleológico nacional.


Avaliação de impacto ambiental
O órgão ambiental pode solicitar o EIA/RIMA de outros ramos, quando julgar ne-
cessário.

O EIA/RIMA é baseado no termo de referência e deve ser realizado por profissio-


nais legalmente habilitados, a custa do empreendedor. O empreendedor e os pro-
fissionais que subscrevem os estudos serão responsáveis pelas informações apre-
sentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais, conforme artigo
11 da Resolução CONAMA nº 237/1997 (BRASIL, 1997).

De acordo com Absy (1995), o termo de referência estabelece as diretrizes orien-


tadoras, o conteúdo e a abrangência do estudo exigido do empreendedor, sendo
elaborado pelo órgão de meio ambiente a partir das informações prestadas pelo
capítulo 8

empreendedor na fase de pedido de licenciamento ambiental. Em alguns casos, o


órgão de meio ambiente solicita que o empreendedor elabore o termo de referên-
cia, reservando-se apenas o papel de julgá-lo e aprová-lo.

151
Os custos e as despesas referentes ao EIA/RIMA, tais como: coleta e aquisição dos
dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, es-
DICA tudos técnicos e científicos, bem como acompanhamento e monitoramento dos
Acesse o site do IBAMA, impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos cinco cópias, corre-
selecione um EIA/RIMA rão por conta do proponente do projeto (Resolução CONAMA nº 1/1986, artigo 8º).
para consulta e verifique o
Os conteúdos mínimos que devem ser apresentados no estudo de impacto am-
conteúdo do documento e os
biental, conforme a Resolução CONAMA nº 1/1986 (BRASIL, 1986a), podem ser
tópicos estudados.
observados no Quadro 8.2.

Conforme consta na Resolução, o relatório de impacto ambiental (RIMA) deve re-


fletir as conclusões do estudo de impacto ambiental, devendo ser elaborado em
linguagem acessível, ilustrado e de fácil compreensão para que a sociedade en-
tenda vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências
ambientais de sua implementação. O RIMA deverá conter, no mínimo: os objetivos
e justificativas do projeto; a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas
e locacionais; a síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da
área de influência do projeto; a descrição dos prováveis impactos ambientais da
NO SITE implantação e operação da atividade; a caracterização da qualidade ambiental fu-
Acesse o ambiente virtual tura da área de influência; a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras
de aprendizagem e leia previstas em relação aos impactos negativos; o programa de acompanhamento e
a Resolução CONAMA monitoramento dos impactos; recomendação quanto à alternativa mais favorável
nº 9/1987, que regula a (conclusões e comentários de ordem geral).
audiência pública.
O EIA e o RIMA devem ser submetidos à análise técnica pelo órgão competente
municipal, estadual ou federal (BRASIL, 1986a), conforme verificado no processo
de avaliação ambiental.

Sempre que julgar necessário, o órgão de Meio Ambiente promoverá a realização


de audiência pública ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério
Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos (BRASIL, 1987).

O objetivo da audiência pública é o de apresentar o projeto proposto e os impac-


tos ambientais associados, discutir e dirimir dúvidas em relação ao RIMA, bem
como fornecer subsídios para a análise e o parecer final do órgão licenciador sobre
o empreendimento proposto. Após esse procedimento, o empreendimento pode
ou não ser aprovado pelo órgão ambiental.

DICA
Utilização dos métodos de avaliação
Acompanhe no site do órgão ambiental
ambiental do seu estado,
as datas das audiências Como visto anteriormente, a avaliação dos impactos ambientais decorrentes do
públicas e participe! projeto e de suas alternativas é uma exigência legal. Para auxiliar nessa avaliação,
existem diversos métodos para comparar, organizar e analisar informações sobre
impactos ambientais de uma proposta, incluindo os meios de apresentação escri-
ta e visual dessas informações (BASTOS; ALMEIDA, 2007).

152
Quadro 8.2 Conteúdo mínimo a ser apresentado no estudo de impacto ambiental
Informações gerais do empreendedor: identificação, localização, entre outros.
Caracterização do empreendimento: objetivos, porte, etapas de implantação, entre outros.
Área de influência do empreendimento:
• área de impacto direto;
• área de influência direta;
• área de influência indireta;
Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto
Completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo
a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando:
a) Meio físico: o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia,
os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as
correntes atmosféricas.
b) Meio biológico e os ecossistemas naturais: a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras
da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as
áreas de preservação permanente.
c) Meio socioeconômico: o uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando
os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de
dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura
desses recursos.
Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas:
Por meio de identificação, previsão da • os impactos positivos e negativos
magnitude e interpretação da importância dos (benéficos e adversos);
prováveis impactos relevantes, discriminando: • diretos e indiretos;

Avaliação de impacto ambiental


• imediatos e a médio e longo prazo;
• temporários e permanentes;
• seu grau de reversibilidade;
• suas propriedades cumulativas e sinérgicas;
• a distribuição dos ônus e benefícios sociais.
Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos: entre elas os equipamentos de
controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.
Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e
negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.
Fonte: Brasil (1986a).
capítulo 8

153
De acordo com os autores, ainda não existe uma metodologia completa e ideal que
atenda a todos os diferentes EIAs e suas respectivas fases. Além de atender aos requi-
sitos e às normas legais, a seleção da metodologia dependerá de diversos fatores, tais
como o tempo para o desenvolvimento do estudo, dos recursos financeiros disponí-
veis, da existência de informações ou dados existentes, da adaptação/adequação do
método às condições específicas de cada atividade e área de estudo analisada.

Como principais métodos de avaliação de impacto ambiental, pode-se citar o ad


hoc (grupo multidisciplinar); listagens (check list); matrizes de interação (matriz de
Leopold); redes de interação (networks); superposição de cartas (overlays); modelos
de simulação; projeção de cenários; análise custo-benefício; análise multiobjetivo.

PARA
PARA SABER
SAB MAIS
Leia o artigo Uso das metodologias de avaliação de impacto ambiental em estudos realizados no Ceará, de
Oliveira e Moura (2009), disponível no ambiente virtual de aprendizagem.

Algumas das características dos métodos podem ser observadas no Quadro 8.3.

Quadro 8.3 Principais métodos de avaliação de impacto ambiental e suas


características
Método Características
Método ad 1) Reúne uma equipe multidisciplinar de especialistas no assunto e/ou na área
hoc (grupo em questão, que desenvolve a avaliação de forma simples, objetiva e dissertativa.
multidisciplinar) 2) É utilizado em casos com escassez de dados, fornecendo orientação para
outras avaliações.
Método das 1) Trata-se de um dos métodos mais utilizados em AIA, na etapa inicial.
listagens 2) É adequado somente para avaliações preliminares.
(check list)
3) Identifica e enumera os impactos, a partir do diagnóstico ambiental feito por
especialistas dos meios físico, biótico e socioeconômico.
4) Relaciona-se os impactos decorrentes das fases de implantação e operação do
Ambiente: tecnologias

empreendimento, categorizando-os em positivos ou negativos, conforme o tipo


da modificação antrópica a ser introduzida no sistema analisado.
5) Existem diversas listas padronizadas por tipo de projetos (projetos hídricos,
autoestradas, etc.), além de listas computadorizadas. Mais conhecida é a de
Battelle Columbus.
(continua)

154
Quadro 8.3 Principais métodos de avaliação de impacto ambiental e suas
características (Continuação)
Método Características
Método das 1) Consiste em uma análise bidimensional, organizada em um quadro onde são
matrizes de listados horizontal e verticalmente os fatores ambientais e as ações de projeto.
interação (matriz Métodos basicamente de identificação.
de Leopold) 2) Tem maior destaque a matriz de Leopold (1971), que completa considera 100
ações que podem causar impactos e 88 características e condições ambientais.
Método das 1) Procura estabelecer a sequência de impactos ambientais a partir de uma
redes de determinada intervenção, utilizando método gráfico.
interação 2) Utiliza diagramas, gráficos ou fluxogramas, mostrando a cadeia de
(networks) modificações que ocorrem, ou seja, os impactos diretos e indiretos que podem
resultar de um empreendimento. Abrange efeitos secundários e terciários.
3) Tem maior destaque Sorensen (1974).
Método da 1) Confecciona cartas temáticas relativas aos fatores ambientais potencialmente
superposição de afetados, tais como: embasamento geológico, tipo de solo, declividades.
cartas (overlays) 2) Faz a superposição das imagens segundo conceito de fragilidade (cartas de
restrição) e potencial de uso (cartas de aptidão).
3) É bastante utilizado na escolha de traçado de projetos lineares: rodovias, dutos,
linhas de transmissão e em diagnósticos ambientais.
Método dos 1) Trabalha com modelos matemáticos.
modelos de 2) É estruturado com base na definição dos objetivos, escolha de variáveis e
simulação estabelecimento de suas inter-relações, discussão e interpretação dos resultados.
3) Simula várias alternativas do projeto.

Avaliação de impacto ambiental


4) Pode ser necessário utilizar alguns dos modelos de ponderação já
apresentados para a comparação e a ordenação das alternativas.
Método de 1) Proporciona uma análise de situações ambientais prováveis em termos
projeção de de evolução de um ambiente (cada situação corresponde a um cenário) e/
cenários ou de situações hipotéticas, referentes a situações diferenciadas geradas por
proposição de alternativas de projetos e programas.
Método 1) Computa custos e benefícios de um projeto ou de suas alternativas, visando
da análise compará-los e ordená-los por meio da relação custo-benefício ou do benefício
benefício-custo líquido.
(continua)
capítulo 8

155
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

Nas avaliações de impactos ambientais no meio antrópico, pode-se detalhar o diagnóstico,


incluindo diferentes indicadores de impactos, como a seguir:

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) A avaliação de impactos ambientais no meio antrópico pode ser feita em etapas, da


mais simples até a mais detalhada e, após a aprovação do projeto, em mais duas
etapas de acompanhamento. A fase em que se verifica se as medidas sugeridas para
prevenção de possíveis impactos está sendo eficiente é:

A) na medidas de gestão.

B) no monitoramento.

C) na análise Inicial.

D) na análise detalhada.

E) no uso atual dos recursos ambientais.

2) A avaliação de impactos ambientais no meio antrópico é feita considerando qual


inter-relação ou dependência?

A) Da comunidade com o meio ambiente.

B) Da comunidade com o solo.


C) Da comunidade com o empreendimento a ser instalado.

D) Da comunidade com a política local.

E) Da comunidade com os monumentos turísticos existentes na área de estudo.

3) Em uma avaliação impactos ambientais no meio antrópico, devem-se considerar


impactos positivos e negativos da instalação ou o não do empreendimento no local de
estudo. Um dos indicadores positivos que se pode considerar é:

A) o aumento populacional da região.

B) a canalização ou o desvio de corpos d'água.

C) o aumento da oferta de empregos que exigem qualificação profissional.

D) a melhoria na infraestrutura local de rodovias.

E) as especulações imobiliárias.

4) Quando identificado um impacto, há indicação e justificativa para o monitoramento


por parte do empreendedor, em alguns licenciamentos, de itens do meio antrópico.
Caso fosse identificado o impacto "ocupação desordenada do solo", um dos
monitoramentos poderia ser:

A) a priorização da contratação da mão de obra externa (migração).

B) o apoio a programas de contenção de ocupação urbana irregular.

C) a ocupação de áreas protegidas por funcionários do empreendimento.


D) o planejamento dos horários de transporte de pessoal.

E) a manutenção preventiva dos equipamentos.

5) Em um EIA-RIMA, deve-se realizar uma avaliação detalhada do meio antrópico das


áreas de influência do empreendimento. Todo esse estudo é detalhado no EIA, que é
transcrito em uma linguagem mais comum no RIMA. O RIMA é desenvolvido para
que toda a comunidade e partes interessadas tenham acesso as informações obtidas
com os estudos e, posteriormente, discutidas. Quando há essa discussão de
informações?

A) Na etapa de avaliação inicial.

B) Na audiência pública.

C) Na etapa de avaliação detalhada.

D) No monitoramento.

E) Na etapa de gestão ambiental.

NA PRÁTICA

Imagine que você, gestor ambiental, esteja realizando uma avaliação de impactos
ambientais para um projeto de licenciamento.

Em reunião com a equipe para delimitação da avaliação do meio antrópico, você sugere que seja
utilizada a metodologia de entrevista com a comunidade diretamente afetada e delimita alguns
temas para a elaboração das perguntas, como estes a seguir:
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Sensibilidade ecológica e ambientalismo: uma reflexão sobre as relações humanos-


natureza

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Resolução no 237, de 19 de dezembro de 1997.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Resolução no 9, de 6 de dezembro de 1990.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Resolução no 1, de 23 de janeiro de 1986.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Metodologias para avaliação de impactos
ambientais - parte 1

APRESENTAÇÃO

Tão importante quanto saber o que é um impacto e quais são os indicadores que o compõem é
conhecer metodologias capazes de utilizar essas informações em favor da Avaliação de
Impactos Ambientais. Portanto, tendo em vista a sua importância, essas metodologias serão
abordadas nesta Unidade de Aprendizagem.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer diferentes metodologias adotadas em processos de Avaliação de Impactos


Ambientais.
• Selecionar a metodologia mais propícia para um determinado processo de Avaliação de
Impacto Ambiental.
• Usar diferentes metodologias em processos de Avaliação de Impacto Ambiental.

DESAFIO

A energia eólica compreende uma fonte de energia cada vez mais utilizada no mundo. No
Brasil, esta realidade não é diferente. Assim como qualquer empreendimento, um parque eólico
também provoca impactos ambientais.

Sabendo disso, você deverá buscar imagens de um parque eólico localizado no Brasil (o mais
próximo possível da região onde você mora) e elaborar um relatório fotográfico desse
empreendimento. Para cada foto, você deverá montar uma lista com, no mínimo, dois impactos
ambientais. Lembre-se de caracterizar o empreendimento informando a localização, o número
de aerogeradores instalados e a potência total do empreendimento (em Megawatts).

Obs.: A análise de impacto é subjetiva e diretamente vinculada à realidade local. Ou seja,


uma lista de impactos de um empreendimento no Rio Grande do Sul não necessariamente
será igual a de um empreendimento similar no Pará.

INFOGRÁFICO

O infográfico a seguir apresenta as etapas metodológicas necessárias para um processo de


Avaliação de Impactos Ambientais.

CONTEÚDO DO LIVRO

No capítulo Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais, presente no livro Avaliação


de impactos ambientais, aborda metodologias capazes de utilizar essas informações, impacto
ambiental e seus indicadores, a favor da Avaliação de Impactos Ambientais.

Boa leitura.
AVALIAÇÃO DE
IMPACTOS
AMBIENTAIS

Karine Scherer
Revisão técnica:
Vanessa de Souza Machado
Bióloga
Mestre e Doutora em Ciências

Ronei Stein
Engenheiro Ambiental
Mestre em Engenharia Civil e Preservação Ambiental

A945 Avaliação de impactos ambientais / Ronei Stein... [et al.] ;


[revisão técnica: Vanessa de Souza Machado, Ronei T.
Stein]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.
428 p. : il. ; 22,5 cm

ISBN 978-85-9502-344-4

1. Engenharia ambiental. I. Stein, Ronei.


CDU 502.13

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147


Metodologias para
Avaliação de Impactos
Ambientais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer diferentes metodologias adotadas em processos de Ava-


liação de Impactos Ambientais.
 Selecionar a metodologia mais propícia para um determinado pro-
cesso de Avaliação de Impacto Ambiental.
 Usar diferentes metodologias em processos de Avaliação de Impacto
Ambiental.

Introdução
Tão importante quanto saber o que é um impacto e quais são os indi-
cadores que o compõem é conhecer metodologias capazes de utilizar
essas informações a favor da Avaliação de Impactos Ambientais. Portanto,
tendo em vista a sua importância, neste capítulo, você aprenderá sobre
essas metodologias.

Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) –


objetivos
Considerada um instrumento de gestão ambiental da Política Nacional do
Meio Ambiente, com base na Lei nº 6.938/81, a Avaliação de Impactos
Ambientais (AIA) tem como objetivos a prevenção dos impactos negativos
ao meio ambiente e a implementação de benefícios em caso de impactos
positivos. Esses estudos de AIA são de extrema importância para controlar
os riscos decorrentes de atividades produtivas e de empreendimentos. Por-
tanto, a AIA pode ser defi nida como um conjunto de diversos procedimentos
112 Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais

legais, institucionais e técnico-científicos com a fi nalidade de caracterizar


e identificar previamente os impactos ambientais de um empreendimento
ou atividade.
Desse modo, considerando que a AIA é um instrumento político que
descreve as diretrizes, os princípios e os objetivos a serem seguidos, o Estudo
de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente
(RIMA) entram nessa avaliação como os seus principais instrumentos de
aplicação, principalmente com relação à obtenção do licenciamento ambiental.
Simplificando, a AIA é o instrumento introdutório a ser seguido, o EIA é uma
ferramenta complementar da AIA e o RIMA é a conclusão dos trabalhos, com
os respectivos levantamentos finais dos riscos ambientais encontrados e as
soluções para a sua minimização.
Assim, a AIA deve seguir diretrizes que lhe permitam abranger os vários
aspectos de composição na detecção dos impactos, tendo como objetivo a
minimização dos efeitos adversos, lançando propostas de melhoramento dos
fatores em não conformidade com sua análise. Portanto, como fundamentos
básicos, a AIA deve prevenir, antecipar ou compensar todo tipo de impacto
gerado, seja ele positivo ou negativo, para a promoção do desenvolvimento
sustentável, da otimização dos recursos naturais e da proteção do meio am-
biente e da biodiversidade.

Metodologias para AIA


A ocorrência de impactos ambientais altera de forma significativa o meio
ambiente, devendo ser observadas todas as suas variáveis, ou seja, como são
gerados, as suas consequências, seu potencial, abrangência, aspectos negativos
e positivos, medidas mitigadoras, entre outros fatores.
Para que se adote um determinado método de avaliação, é bom que se tenha
consciência de que os seus resultados têm valor muito subjetivo em razão das
alternâncias que podem ocorrer no meio ambiente, mesmo antes da implan-
tação dos empreendimentos, como condições meteorológicas, fatores sociais
e econômicos, instrumentação de medição inadequada e outras adversidades
que influenciem a coleta de dados. Porém, dentro de uma faixa de normalidade
no desenvolvimento dos trabalhos, é possível apresentar resultados confiáveis
para a sua posterior interpretação e conclusão; porém, adversidades podem
ocorrer, de modo que os profissionais sempre calculam suas avaliações com
uma margem de erro, considerando outros aspectos dentro de sua perspectiva
futura, tendo em vista que, quando houver riscos de qualquer natureza, é
importante verificar tudo e de todas as maneiras.
Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais 113

O fato de que a Avaliação dos Impactos Ambientais apresente os resultados


de forma mais genérica, para uma posterior análise técnica mais profunda, não
significa que os dados simplesmente devam ser “jogados” para sua contempla-
ção; é preciso haver um mínimo de critério e senso de organização para a sua:

 Identificação: caracteriza a ação proposta e o ambiente a ser afetado,


ou seja, quais os impactos a serem investigados, sua relação com os
fatores ambientais e a definição de indicadores.
 Predição: utiliza os dados para o processamento de um acontecimento
futuro, entre os fatores ambientais e a magnitude dos impactos possíveis.
 Análise: interpreta os resultados, adicionando parâmetros para a sua
quantificação e qualificação, como importância, significância, frequ-
ência, entre outros.

Quanto à escolha da metodologia, deve-se adotar a que melhor couber no


processo, desde que justificada tecnicamente essa escolha e comprovados os
resultados fielmente, podendo ser adotado um método único em toda a ava-
liação ou em vários modelos a cada etapa dos trabalhos, o que geralmente é a
maneira mais coerente, em virtude dos diversos aspectos envolvidos (ecológi-
cos, econômicos, sociais), que podem ser iguais em importância, mas distintos
para uma análise mais específica. Abaixo, veremos alguns dos principais
métodos para avaliação de impactos ambientais:

Ad hoc

Ad hoc é uma expressão latina que significa, literalmente, “para isto” ou “para
esta finalidade”; e no contexto jurídico, é utilizado para um fim específico.
Esse método tem como diretrizes principais a sua aplicação para um projeto
específico, no qual é importante que os profissionais técnicos envolvidos sejam
muito experientes, pois a principal técnica de avaliação se baseia na adoção
do brainstorming, expressão inglesa que significa “tempestade cerebral” ou
“tempestade de ideias”.
O Ad hoc funciona como um bate-papo entre os técnicos, que, baseados
em seus conhecimentos empíricos, apresentariam estimativas subjetivas dos
impactos ambientais e de outros aspectos relevantes, sendo adequado em
casos que exijam rapidez e objetividade em situações de escassez de tempo e
dados para uma avaliação mais elaborada. Também apresentam as avaliações
por meio de tabelas e matrizes, que servem como orientação dissertativa para
outros métodos de avaliação e de fácil compreensão para o público geral; por
114 Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais

não apresentar os dados mais detalhadamente, podemos afirmar que o método


se aproxima mais de uma pré-avaliação dos impactos ambientais, o que não
deixa de ter a sua eficácia, principalmente para um direcionamento seguro
das próximas etapas de avaliação que serão desenvolvidas.

Checklist

É uma forma preliminar de avaliar os impactos no desenvolvimento dos


empreendimentos, sendo ideal que sua realização seja feita em cada etapa do
projeto, isto é, nas fases de implantação, operação e desativação. Trata-se de um
dos métodos mais utilizados em qualquer análise de riscos. Por sua praticidade
e padronização, o checklist consiste na listagem dos dados de acordo com a
identificação dos impactos, enumeração, classificação e graduação dos meios
físico, biótico e socioeconômico, dividida da seguinte maneira:

 Descritivas: descrição das características dos fatores ambientais, seus


parâmetros e outros pormenores relevantes para sua identificação;
 Escalares: descreve os fatores e impactos ambientais por meio de uma
escala de valores mais quantitativa;
 Escalares ponderadas: descreve os fatores e impactos ambientais por
meio de uma escala de valores mais qualitativa, graduando os dados
de interesse.

A vantagem do método é a sua objetividade, pois a utilização de listagens


específicas para cada fator ambiental, segmento empreendedor ou etapa
avaliada (ou uma junção dos três critérios) reduz o risco de que se omita
um impacto relevante por “esquecimento”, pois suas matrizes podem ser
preparadas com antecedência e conforme as necessidades da avaliação re-
querida. A desvantagem é apresentar resultados subjetivos, não considerando
a causa dos impactos e outros aspectos de significância para uma análise
mais aprofundada.

Matrizes de interação

Nesse método, as matrizes de interação ou correlação são listagens de controle


bidimensionais que permitem associar os fatores ambientais e as ações do
projeto, dispostas em linhas e colunas de dados para avaliação, semelhante a
uma planilha de cálculo com suas diretrizes de localização, com a diferença
de que, em cada célula de interseção, os dados representem a relação de causa
Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais 115

e efeito do impacto ocorrido. É um avanço na avaliação, pois confere meios de


qualificar mais os impactos e fornecer uma análise mais global dos trabalhos,
atribuindo os seguintes critérios de observação:

 Tipo de ação: avalia a relação de causa e efeito e a cadeia de reações


consequentes à ação, ou seja, primárias, secundárias ou enésimas.
 Ignição: quando o efeito se manifesta com certa defasagem de tempo
em relação à ação (imediata, médio prazo e longo prazo).
 Sinergia e criticidade: avalia o nível de interatividade entre os fatores
(alta, média e baixa).
 Extensão: é a avaliação do impacto sobre o fator ambiental, quando
este abrange uma área maior, igual ou menor em extensão.
 Periodicidade: verifica quando os efeitos dos impactos diagnosticados
não cessam sua manifestação, seu tempo incerto de duração ou têm
duração limitada (permanente, variável e temporária).
 Intensidade: quantifica a ação impactante (alta, média e baixa).
 Magnitude: avalia a importância dos impactos, ou seja, a medição e
sua gravidade.

Mesmo sendo um método de fácil compreensão, de inserção de dados


quantitativos e qualitativos em suas matrizes, os resultados são considerados
subjetivos e não projetam cenários futuros, sendo mais útil como pré-avaliação
dos impactos gerados.

Redes de interação

As redes de interação são utilizadas para estabelecer a relação de causa-


condição-efeito dos impactos, possibilitando acrescentar valores em seus
dados, como magnitude, importância e probabilidade nos eventos adversos.
É o método operacional adotado para a simulação dos resultados por meio de
representações gráficas nas quais é inserido, durante o processo de avaliação,
o conjunto de ações que desencadeou o impacto inicial para análise de sua
origem e das medidas mitigadoras a serem adotadas.
Enquanto o método de redes de interação proporciona uma visão global
de todos os níveis de impacto, inclusive os secundários e posteriores, com
a inserção de probabilidades, tendências e outros tipos de cenário futuro, a
desvantagem é a não caracterização temporal dos eventos (curto e longo prazo).
É importante para o estudo da dimensão espacial em áreas geográficas, já
que sua vantagem é proporcionar alternativas de localização para a implantação
116 Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais

dos empreendimentos e de medidas mitigadoras, sendo possível visualizar


teoricamente as hipóteses propostas para tal; porém, sua avaliação também
permite apenas resultados subjetivos, pois não há como mensurar outros as-
pectos relevantes na avaliação (dados não mapeáveis), como níveis de ruídos,
qualidade hídrica, meios bióticos, fatores sociais e econômicos, já que é uma
representação gráfica em sua totalidade. Mas a desvantagem citada pode ser
resolvida com o avanço da informática, que, por meio do desenvolvimento de
algum software específico, pode agregar os aspectos omitidos para, depois,
acrescentá-los aos mapas. Há de se vislumbrar, no futuro, sua visualização
gráfica digital, com todas as informações complementares para uma avaliação
mais completa.

Métodos de simulação

Ao contrário dos métodos citados até agora, que têm como característica
uma avaliação mais objetiva, subjetiva e com mais ênfase na identificação
dos impactos, nos métodos de simulação, há a predominância da valoração
quantitativa e qualitativa dos dados.
Os critérios na simulação são baseados em modelos matemáticos de
avaliação, ou seja, não basta saber quais impactos foram diagnosticados; é
preciso representar ordinariamente todas as informações para saber o quanto
esses impactos podem trazer de riscos, tendo em vista que, teoricamente, a
matemática traduz, em números, a suposição exata de um evento acontecer.
Sua vantagem principal é o aspecto temporal de sua metodologia, que pode
criar um cenário futuro dos impactos, a interação entre eles, os fatores
avaliados, a organização dos dados colhidos e sua possibilidade de variação
dos diagnósticos, apresentando como desvantagem o custo elevado e o uso
de computadores.

Combinação de métodos

A combinação de dois ou mais métodos é a ação mais interessante, pois pos-


sibilita adaptá-los a um projeto específico ou a uma área afetada, além de
reduzir a chance de que algum parâmetro de risco seja omitido. Podemos
concluir, portanto, que a escolha do método deve ser estudada em cada caso.
Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais 117

Aplicação das metodologias em


processos de AIA
De acordo com Antunes (2011), a AIA é um procedimento que visa avaliar a
repercussão que determinado empreendimento ou atividade pode ter sobre o
meio ambiente antes de tomar qualquer decisão que possa acarretar signifi-
cativa degradação sobre a qualidade do mesmo (Figura 1). Para cumprir esse
papel, a AIA é organizada de forma que seja realizada uma série de atividades
sequenciais e procedimentos, organizados de forma lógica. Portanto, para
se avaliar um impacto, é necessário estimar a probabilidade de que o evento
venha a ocorrer, bem como a extensão dos danos que o mesmo poderá causar.
De modo geral, a AIA é vista como um instrumento pol´Itico da Lei n°
6.938/1981, na qual são descritas as diretrizes, os princípios e os objetivos
que devem ser seguidos, sendo que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
e o Relatório de Impactos sobre o Meio Ambiente (RIMA) são dois de seus
principais instrumentos de aplicação, principalmente para a aquisição do
licenciamento ambiental (BRASIL, 1981).

Objetivos da AIA
Por se tratar de um instrumento de grande valia na gestão ambiental, a AIA
deve seguir diretrizes que permitam abranger os vários aspectos de compo-
sição na detecção de impactos, tendo como objetivo minimizar os efeitos
adversos mais significativos, propondo o melhoramento dos fatores em não
conformidade com a sua análise. Dessa forma, essa avaliação deve prevenir,
antecipar ou compensar todo tipo de impacto gerado (positivo ou negativo),
objetivando a promoção do desenvolvimento sustentável, da otimização dos
recursos naturais e da proteção do meio ambiente.
De acordo com a International Association for Impact Assessment (1999)
(Associação Internacional para a Avaliação de Impactos), a AIA deve ser/ter:

 Útil, informando a decisão e resultando em níveis adequados de proteção


ambiental e de bem-estar à comunidade;
 Rigorosa, aplicando as melhores metodologias e técnicas científicas
praticáveis e adequadas ao tratamento dos problemas em causa;
 Prática, produzindo informação e resultados que auxiliem a redução
de problemas e que sejam aceitáveis e utilizáveis pelo proponente;
 Relevante, fornecendo informação suficiente e utilizável nos processos
de desenvolvimento e na decisão;
118 Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais

 Custo eficaz, atingindo os objetivos da AIA dentro dos limites da


informação, do tempo, dos recursos e das metodologias disponíveis;
 Eficiente, impondo um mínimo de custos financeiros e de tempo aos
proponentes e aos participantes, compatível com os objetivos e os re-
quisitos da AIA;
 Focalizada, concentrando-se nos fatores-chave e nos efeitos ambientais
significativos, ou seja, nas questões a serem consideradas na decisão;
 Adaptativa, ajustando o processo à realidade, às questões e às circuns-
tâncias das propostas em análise sem comprometer sua integridade,
devendo ser interativo, incorporando as lições aprendidas ao longo
da proposta;
 Participativa, fazendo o processo providenciar oportunidades adequa-
das para informar e envolver públicos interessados e afetados, de modo
que os seus contributos e as suas preocupações sejam explicitamente
considerados na documentação e na decisão;
 Interdisciplinar, assegurando a utilização das técnicas e dos peritos
adequados nas relevantes disciplinas biofísicas e socioeconômicas,
incluindo, quando relevante, a utilização do saber tradicional;
 Credível, devendo ser conduzida com profissionalismo, rigor, honesti-
dade, objetividade, imparcialidade e equilíbrio, além de ser submetida
a análises e verificações independentes;
 Integrada, considerando as inter-relações entre os aspectos sociais,
econômicos e biofísicos;
 Transparente, apresentando requisitos de conteúdo claros e de fácil
compreensão; assegurando o acesso público à informação; identificando
os fatores considerados na decisão e reconhecendo as limitações e
dificuldades;
 Sistemática, fazendo o processo resultar na consideração plena de
toda a informação relevante sobre o ambiente afetado, das alternativas
propostas e dos seus impactos, além das medidas necessárias para
monitorar e investigar os efeitos residuais.

Em resumo, a elaboração da AIA deve ser pautada na melhor metodo-


logia possível, proporcionando uma dinâmica aos trabalhos, fator consi-
derado ausente quando realizados estudos de impactos ambientais; deve
identificar os possíveis impactos mais relevantes, e os que não puderem
ser mitigados deverão ser objeto de avaliação prioritária pelos envolvidos
na gestão, para indeferimento na operação dos empreendimentos e das
atividades impactantes. Todavia, alguns princípios operacionais devem
Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais 119

ser aplicados a fim de que a avaliação tenha êxito em atenuar os possíveis


impactos negativos, para que a gestão ambiental não se torne um entrave
aos aspectos econômico e social.

Alguns aspectos ambientais e fatores considerados em AIA:

Ambiente Fatores Exemplos de aspectos

Natural Meio físico (água, Hidrologia superficial, qualidade


ar, rochas e solos) das águas, oceanografia
física, clima, condições
meteorológicas, qualidade do
ar, geologia e geomorfologia.

Meio biológico (fauna, Populações de mamíferos,


flora e microrganismos) de aves, de répteis, áreas
de floresta natural, áreas de
manguezais, populações de
zooplancton e fitoplancton.

Antrópico Meio socioeconômico Uso e ocupação do solo,


estrutura produtiva, de serviços
e patrimônio histórico, cultural e
arqueológico, organização social.

A utilização de métodos de Avaliação de Impactos Ambientais permite


uma análise mais detalhada da identificação desses impactos, tendo em vista
que existe um grande número de métodos descritos para os mais variados
propósitos e situações. Porém, não existe um método que se aplique a todo e
qualquer estudo, pois nenhum método atende a todas as suas etapas. Todos
apresentam potencialidades e limitações, de modo que a escolha do método a
ser aplicado a cada caso vai depender de vários fatores, como recursos técnicos
e financeiros disponíveis, tempo para realização do estudo, disponibilidade de
dados e requisitos legais, características intrínsecas do tipo de empreendimento
e produtos finais pretendidos.
Esses métodos são mecanismos estruturados para coletar, comparar e organi-
zar informações qualitativas e quantitativas sobre os impactos ambientais gerados
120 Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais

pela implantação de um empreendimento, sendo considerado um importante


instrumento de gestão e proteção ambiental, principalmente no que diz respeito
à indicação de ações preventivas que visam à sustentabilidade ambiental. Já o
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) foi definido pela Resolução do CONAMA
001/86 como etapa central do processo de Avaliação de Impacto Ambiental e
como a mais importante ferramenta utilizada para o licenciamento de empre-
endimentos com potencial de degradação ambiental (CONAMA, 1986).
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) consiste em processo de estudo uti-
lizado para prever as consequências ambientais resultantes do desenvolvimento
de um projeto (hidrelétricas, portos, fábricas, entre outros). O objetivo do EIA
é assegurar que problemas possam ser previstos e atacados no estágio inicial
da elaboração do projeto, isto é, no seu planejamento e design. Já o RIMA
apresenta resultados dos estudos técnicos e científicos de avaliação de impacto
ambiental. Constitui um documento do processo de AIA e esclarece todos os
elementos da proposta, de modo que possam ser divulgados e apreciados pelos
grupos sociais interessados e por todas as instituições envolvidas na tomada
de decisão, informando, com clareza, sobre vantagens e desvantagens do
projeto, bem como sobre as consequências ambientais da sua implementação.

A utilização de diferentes
metodologias e processos de AIA
O estudo das metodologias de Avaliação de Impacto Ambiental nos permite
ampliar o conhecimento e o entendimento a respeito de cada método específico,
assim como suas características, funções, aspectos, vantagens e desvantagens,
facilitando a aplicação de um desses métodos ou até mesmo da combinação
de mais de um método em um mesmo projeto. A combinação dos métodos
se faz necessária uma vez que nenhum modelo pode ser aplicado a todos os
tipos de empreendimentos e ambientes, de maneira que cada um proporciona
uma melhor identificação e avaliação dos impactos ambientais em cada fase
do projeto. No entanto, segundo Costa, Chaves e Oliveira (2005), devido à
diversidade de métodos de AIA, é necessário que haja uma seleção criteriosa,
além de adaptações para que esses métodos de avaliação sejam realmente úteis
na tomada de decisão dos projetos. Portanto, fica a critério de cada equipe
técnica a escolha de um ou de mais métodos adequados ou parte deles para
avaliar o impacto de determinadas atividades.
Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais 121

Com a criação do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), a AIA e o Licencia-


mento Ambiental de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras passaram a ser
formalizados como instrumentos preventivos na Política Nacional de Meio Ambiente
(PNMA). No entanto, foi com a publicação da Resolução CONAMA nº 001/1986, que
dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a Avaliação de Impacto Ambiental,
que se definiu o arcabouço geral e as responsabilidades com relação aos Estudos de
Impacto Ambiental, que serão exigidos como pré-requisito para a implantação de
novos empreendimentos com significativo impacto ambiental.

Porém, a utilização desses métodos se mostra limitada pela própria difi-


culdade de prever a evolução de sistemas que são tão complexos quanto os
ecossistemas, tendo em vista que não existe nenhum método que se aplique a
todos os casos, pois cada empreendimento e ambiente apresenta suas peculiari-
dades, sendo necessária a adaptação ou fusão entre duas ou mais metodologias.
A escolha da metodologia aplicada dependerá de vários fatores, tais como:
a disponibilidade de dados, os requisitos legais dos termos de referência,
recursos técnicos e financeiros, tempo e características do empreendimento.
Para que seja feita a escolha do método a ser utilizado, inicialmente, devem
ser identificados os impactos ambientais. Esses impactos devem ser analisa-
dos com relação ao seu tamanho, potencial e natureza. Essa previsão poderá
utilizar dados físicos, biológicos, socioeconômicos, antropológicos e técnicas
diversas, além de empregar modelos matemáticos, fotomontagem, modelos
físicos, socioculturais, econômicos ou experiências.
Por exemplo, em trabalho realizado por Azevedo et al. (2015), os lixões,
uma prática antiga e muito utilizada nas cidades brasileiras, foram avaliados,
já que, nesses locais, os resíduos são depositados de forma inadequada e sem
nenhum tipo de tratamento, acarretando impactos para a saúde pública, para
a população e para o meio ambiente. Nesse caso, o objetivo do trabalho foi
realizar um diagnóstico qualitativo da degradação ambiental provocada pelo
lixão de Pombal, na Paraíba. Esse trabalho de pesquisa foi realizado com
base em visitas de campo, entrevistas aos gestores do município, catadores
da área do lixão e moradores próximos à área em questão. Para identificar
os impactos ambientais gerados pelo lixão, os pesquisadores utilizaram duas
metodologias: Ad Hoc e Checklist.
A partir da utilização dessas duas técnicas, foi possível avaliar os impactos
ambientais causados pela presença do lixão naquela região, identificando e
122 Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais

analisando de forma qualitativa os efeitos provocados pelos impactos na área de


influência direta, de modo que foi possível, dessa forma, classificá-los quanto
a valor, possibilidade de mitigação, significância, incidência e reversibilidade,
avaliando os prejuízos que essa atividade pode causar ao meio ambiente.

A Política Nacional do Meio Ambiente aborda vários aspectos importantes da questão


ambiental para que ela se desenvolva de forma eficaz. O surgimento de novas políticas
ambientais, leis e normas técnicas, além de melhorar as já existentes, torna obrigatório
que empreendimentos façam o Estudo de Impacto Ambiental, de forma a obter a
concessão do licenciamento ambiental para instalação e operação de suas atividades.
A Resolução do CONAMA 01/1986 apresenta todas as atividades modificadoras
do meio ambiente e que necessitam de estudos ambientais para a obtenção de
licenciamento. Acesse o link para ler a Resolução completa (CONAMA, 1986).

https://goo.gl/Rht4Yo

Devemos levar em consideração que todo impacto ambiental deve ser


analisado de forma isolada, com o objetivo de verificar o seu atendimento à
legislação vigente e de maneira que essa avaliação individual possa utilizar
outros métodos. Portanto, para se elaborar um EIA/RIMA completo, poderão
ser utilizados vários métodos para Avaliação de Impacto Ambiental, como, por
exemplo: as emissões aéreas da chaminé poderão ser modeladas pelo método
de sobreposição de mapas (GIS); a dispersão da temperatura da água em um
sistema de circulação de água no rio poderá ser modelada por simulação ou
sistema específico de computador e assim por diante, dependendo da atividade
e grandeza do empreendimento.
A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é um assunto recente e tem se
tornado um desafio no sentido da escolha do método que forneça o melhor
resultado possível. Essa precisão de resultados deve considerar as diversas fases
do empreendimento, os diferentes tipos de impactos, sua forma de externar
esse impacto (direto, indireto ou cumulativo), a área em que esse impacto
atua, o tempo que ele incide e suas consequências nos diversos meios; assim,
o uso de mais de um método seria uma maneira de se obter uma avaliação
mais completa e precisa dos impactos ambientais causados pelos diferentes
tipos de empreendimentos.
Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais 123

De acordo com a Resolução CONAMA 001/1986, são atividades que necessitam da


elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA) as seguintes atividades modificadoras do meio ambiente:

I. Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;


II. Ferrovias;
III. Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
IV. Aeroportos;
V. Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos
coletores e emissários de esgotos sanitários;
VI. Linhas de transmissão de energia elétrica acima de 230 KV;
VII. Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais
como: barragem para fins hidrelétricos acima de 10 MW, de
saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação,
drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de
barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;
VIII. Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX. Extração de minério, inclusive os da classe II,
definidas no Código de Mineração;
X. Aterros sanitários, processamento e destino final
de resíduos tóxicos ou perigosos;
XI. Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja
a fonte de energia primária, acima de 10 MW;
XII. Complexo e unidades industriais e agroindustriais
(petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de
álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hidróbios;
XIII. Distritos industriais e Zonas Estritamente Industriais (ZEI);
XIV. Exploração econômica de madeira ou de lenha em áreas acima de
100 ha ou menores, quando atingir áreas significativas em termos
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;
XV. Projetos urbanísticos acima de 100 ha ou em áreas consideradas
de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e
dos órgãos municipais e estaduais competentes;
124 Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais

XVI. Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos


similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia;
XVII. Projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha
ou menores; neste caso, quando se tratar de áreas significativas
em termos percentuais ou de importância do ponto de vista
ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental;
XVIII. Empreendimentos potencialmente lesivos ao
patrimônio espeleológico nacional.

1. Você acabou de chegar à empresa e) Avaliação embasada por


de consultoria ambiental em que tabelas que permitem a
você trabalha e encontrou, na sala de qualificação dos impactos.
reuniões, um grupo de especialistas 2. Qual das seguintes opções NÃO
discutindo os impactos ambientais compreende uma característica
de um futuro empreendimento. relacionada à Avaliação de
Analisando o cenário, você percebe Impactos Ambientais baseada
outros detalhes e logo identifica que no método checklist?
essa avaliação de impactos pode a) Identificação dos
ser classificada como Ad hoc. Qual impactos ambientais.
dos detalhes listados a seguir NÃO b) Utilização de listas preexistentes.
se encaixaria nas características c) Utilização em uma etapa
relacionadas a esse tipo de Avaliação preliminar da Avaliação de
de Impactos Ambientais? Impactos Ambientais.
a) Realizada em um cenário com d) Valoração dos impactos por
baixa quantidade de dados. meio de indicadores.
b) Realizada de maneira rápida. e) Utilização em avaliações
c) Baixo custo para realização. qualitativas de impactos
d) Alto nível de subjetividade. ambientais.
Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais 125

3. Avaliações de Impacto Ambiental a) Reversibilidade.


baseadas em checklist normalmente b) Sinergismo.
se utilizam de listas preexistentes c) Listas preexistentes.
para fundamentar a análise inicial. d) Qualificação de impactos.
A fim de permitir a avaliação dos e) Uso de indicadores.
impactos durante o ciclo de vida de 5. Qual dos itens a seguir NÃO é
produtos relacionados à construção fundamental durante a execução
civil, foram criados alguns bancos de metodologias relacionadas
de dados. Das opções a seguir, qual a processos de Avaliação de
NÃO compreenderia um banco de Impactos Ambientais baseados
dados que subsidiaria a elaboração na metodologia Ad hoc?
de listas de impactos ambientais? a) Domínio de conceitos
a) Inventário de ciclo de vida do relacionados à área ambiental.
Laboratório Nacional de Energias b) Compreensão do projeto
Renováveis dos Estados Unidos. e seus componentes.
b) Eco-invent. c) Entendimento da dinâmica
c) ISO 14001. social da região.
d) EcoQuantum d) Entendimento da dinâmica
e) IVAM Data. ambiental da região.
4. Qual dos itens a seguir é utilizado e) Domínio de indicadores que
em Avaliações de Impactos possibilitam a qualificação
Ambientais baseada em checklist? dos impactos identificados.
126 Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais

ANTUNES, P.B. Manual de Direito Ambiental. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.
AZEVEDO, P. B. et al. Diagnóstico da degradação ambiental na área do lixão de Pom-
bal – PB. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, Pombal, v.10, n.1,
p. 20-34, 2015. Disponível em: <http://www.gvaa.com.br/revista/index.php/RVADS/
article/view/3294>. Acesso em: 05 fev. 2018.
BARBOSA, R.P. Avaliação de Risco e Impacto Ambiental. São Paulo: Érica, 2014. (Série Eixos).
BRASIL. Lei n° 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Brasília, DF, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.
htm>. Acesso em: 03 fev. 2018
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, DF, 2018. Disponível em: <http://www.
mma.gov.br/biodiversidade-global/impactos>. Acesso em: 19 nov. 2017.
CONAMA. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios
básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Brasília, DF, 1986.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_
CONS_1986_001.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2018.
COSTA, M. V., CHAVES, P. S. V., OLIVEIRA, F. C. Uso das técnicas de avaliação de impacto
ambiental em estudos realizados no Ceará. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS
DA COMUNICAÇÃO. 28., Rio de Janeiro, 2005. Artigos... São Paulo: Intercom, 2005.
Disponível em: <http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/1542138827602223451
51472018846239931712.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2018.
INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR IMPACT ASSESMENT; INSTITUTE OF ENVIRONMEN-
TAL ASSESSMENT. Principles of environmental impact assessment best practice. Fargo:
IAIA, 1999. Disponível em: <https://www.iaia.org/uploads/pdf/principlesEA_1.pdf>.
Acesso em: 26 out. 2017.Leituras recomendadas
PHILIPPI JUNIOR, A.; ROMÉRO, M. A.; BRUNA, G.C. Curso de Gestão Ambiental. 2. ed.
Barueri: Manole, 2014. 1245p.
POLETO, C. Introdução ao Gerenciamento Ambiental. Rio de Janeiro: Interciência, 2010.
336p.
SÁNCHEZ, L.H. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo:
Oficina de Textos, 2013.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

As metodologias são fundamentais para a realização de Avaliações de Impacto Ambiental. Para


saber um pouco mais sobre elas, assista ao vídeo desta Unidade de Aprendizagem.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Você acabou de chegar à empresa de consultoria ambiental em que você trabalha e


encontrou, na sala de reuniões, um grupo de especialistas discutindo os impactos
ambientais de um futuro empreendimento. Analisando o cenário, você percebe outros
detalhes e logo identifica que esta avaliação de impactos pode ser classificada como
Ad hoc. Qual dos detalhes listados a seguir NÃO se encaixaria nas características
relacionadas a este tipo de Avaliação de Impactos Ambientais?

A) Realizada em um cenário com baixa quantidade de dados.

B) Realizada de maneira rápida.

C) Baixo custo para realização.

D) Alto nível de subjetividade.

E) Avaliação embasada por tabelas que permitem a qualificação dos impactos.

2) Qual das seguintes opções NÃO compreende uma característica relacionada à


Avaliação de Impactos Ambientais baseada no método check list?

A) Identificação dos impactos ambientais.


B) Utilização de listas pré-existentes.

C) Utilização em uma etapa preliminar da Avaliação de Impactos Ambientais.

D) Valoração dos impactos por meio de indicadores.

E) Utilização em avaliações qualitativas de impactos ambientais.

3) Avaliações de Impacto Ambiental baseadas em check list normalmente se utilizam de


listas pré-existentes para fundamentar a análise inicial. A fim de permitir a avaliação
dos impactos durante o ciclo de vida de produtos relacionados à construção civil,
foram criados alguns bancos de dados. Das opções a seguir, qual NÃO
compreenderia um banco de dados que subsidiaria a elaboração de listas de impactos
ambientais?

A) Inventário de ciclo de vida do Laboratório Nacional de Energias Renováveis dos Estados


Unidos

B) Eco-invent.

C) ISO 14001.

D) EcoQuantum

E) IVAM Data.

4) Qual dos itens a seguir é utilizado em Avaliações de Impactos Ambientais baseados


em check list?

A) Reversibilidade.
B) Sinergismo.

C) Listas pré-existentes.

D) Qualificação de impactos.

E) Uso de indicadores.

5) Qual dos itens a seguir NÃO é fundamental durante a execução de metodologias


relacionadas à processos de Avaliação de Impactos Ambientais baseados na
metodologia Ad hoc?

A) Domínio de conceitos relacionados à área ambiental.

B) Compreensão do projeto e seus componentes.

C) Entendimento da dinâmica social da região.

D) Entendimento da dinâmica ambiental da região.

E) Domínio de indicadores que possibilitam a qualificação dos impactos identificados.

NA PRÁTICA
O método check list, por exemplo, tem a vantagem de ser conciso, organizado e de fácil
compreensão. Indicado para analisar preliminarmente uma determinada situação, ele, uma vez
que prevê impactos futuros, incita a busca da avaliação das possíveis consequências; como
desvantagem, o método check list não apresenta as inter-relações entre os fatores ambientais,
também não apresenta condições de identificar os impactos secundários.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Meio Ambiente e Sustentabilidade

Ambiente - Tecnologias

Uso das metodologias de avaliação de impacto ambiental em estudos realizados no ceará

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Metodologias para avaliação de impactos
ambientais - parte 2

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, serão apresentadas metodologias relacionadas à Avaliação de


Impactos Ambientais. Conhecer diferentes maneiras de realizar uma Avaliação de Impactos é
fundamental para que o gestor ambiental possa enfrentar a diversidade de impactos existentes.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Comparar diferentes metodologias relacionadas à Avaliação de Impactos Ambientais.


• Identificar as etapas relacionadas às diferentes metodologias de Avaliação de Impactos
Ambientais.
• Avaliar os impactos ambientais à luz de diferentes metodologias.

DESAFIO

Atualmente, você está coordenando a Avaliação de Impactos Ambientais para a implantação de


uma grande planta industrial.

Devido à complexidade do empreendimento, você precisará compreender todas as interações


possíveis relacionadas aos aspectos e aos impactos ambientais. Para isso, você deverá elaborar
diagramas de interação capazes de mapear esses impactos e estabelecer as interações entre eles.

Partindo desta contextualização, você deverá elaborar um diagrama com, no mínimo,


cinco níveis de interação.

INFOGRÁFICO
No infográfico a seguir, estão ilustradas três metodologias para avaliar impactos ambientais,
sendo esclarecidos os seus focos principais para se chegar a uma avaliação adequada.

CONTEÚDO DO LIVRO

No trecho do livro Meio ambiente e sustentabilidade selecionado a seguir, abordam-se os


métodos utilizados para Avaliação de Impactos Ambientais.
M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] /
Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes
Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. –
Porto Alegre : Bookman, 2012.

Editado também como livro impresso em 2012.


ISBN 978-85-407-0197-7

1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André


Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini-
Carlos, Viviane.

CDU 502-022.316

Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150


222 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

3. Definir os limites da área geográfica a item primordial para a correta identificação


ser direta ou indiretamente afetada causa-efeito, para o cálculo dos valores e
pelos impactos, denominada área de magnitudes dos indicadores de impacto e
influência do projeto, considerando, para a mensuração, valoração e interpreta-
em todos os casos, a bacia hidrográfica ção dos efeitos ambientais e sua possível
na qual se localiza. prevenção (SANCHEZ, 2002). Os chamados
4. Considerar os planos e programas go- indicadores de impacto são parâmetros que
vernamentais, propostos e em implan- proporcionam a medida da grandeza do
tação na área de influência do projeto e impacto no tocante aos aspectos quantitati-
sua compatibilidade. vos e qualitativos.
Existem várias e diferentes técnicas
para se avaliar os impactos ambientais de-
10.2.2 Diagnóstico ambiental correntes de determinada ação ou empreen-
dimento. Os principais e mais utilizados são:
O diagnóstico ambiental da área de influên-
cia do projeto contemplará a descrição e a a) listagens de controle;
análise dos recursos ambientais e suas inte- b) matrizes;
rações considerando os meios físico, bioló- c) sobreposição de cartas;
gico e socioeconômico. d) métodos quantitativos;
e) redes de interação.
a) Meio físico: o subsolo, as águas, o ar e o
clima, destacando os recursos minerais,
a topografia, os tipos e aptidões do solo, Listagens de controle
os corpos d’água, o regime hidrológico,
as correntes marinhas, as correntes at- São utilizadas para uma avaliação rápida de
mosféricas; impactos, de forma qualitativa, identifican-
b) Meio biológico e os ecossistemas naturais: do-os para tipos específicos de projetos a
a fauna e a flora, destacando as espécies fim de que todos os itens sejam abordados.
indicadoras da qualidade ambiental, as Os itens considerados em uma lista são de
de valor científico e econômico, as raras natureza ampla e os impactos prováveis são
e as ameaçadas de extinção, e as áreas de qualificados. Os fatores ambientais listados
preservação permanente. são associados e caracterizados com a natu-
c) Meio socioeconômico: o uso e ocupação reza do impacto.
do solo, os usos da água e a economia da
região, destacando os sítios e monu-
mentos arqueológicos, históricos e cul- Matrizes
turais da comunidade, as relações de de-
pendência entre a sociedade local, os re- Consistem em duas listagens de controle,
cursos ambientais e a potencial utilização dispostas em forma de matriz, uma das lis-
futura desses recursos. tagens com as atividades (ações) do projeto
e outra com os fatores ambientais que
podem ser afetados por essas atividades. O
Análise dos impactos cruzamento entre essas listas permite iden-
tificar as relações causa e efeito, ou seja, o
A análise dos impactos presentes nos docu- impacto ambiental. As matrizes se caracteri-
mentos de estudos de impactos ambientais zam por serem muito flexíveis, adaptando-se
ou similares, constitui-se, sem dúvida, em às diversas situações e projetos a serem ana-
Meio ambiente e sustentabilidade 223

lisados. A matriz mais conhecida e mais uti- les com configuração linear (ferrovias, ro-
lizada é a matriz de Leopold (Leopold et al., dovias, oleodutos e outros).
1971). Na sua concepção original, possui 88
linhas (aspectos ambientais) e 100 colunas
(atividades) perfazendo um total de 8.800 Métodos quantitativos
quadrículas. O preenchimento de uma qua-
drícula representa a identificação de um Os impactos são quantificados e transfor-
impacto para o qual são atribuídos valores mados em unidades padronizadas, ponde-
de 1 a 10 quanto a dois aspectos. O primeiro radas em função da importância relativa, e
é a definição da magnitude do impacto manipulados matematicamente. Obtêm-se
sobre um setor específico do ambiente. O índices de impacto total para um número
segundo aspecto é a medida do grau de im- de alternativas a serem comparadas. Um
portância de uma determinada ação sobre o exemplo clássico é o Sistema Battelle – Co-
fator ambiental. Se o impacto for positivo, lumbus (DEE et al 1973), que foi desenvol-
deve-se indicar com um sinal positivo antes vido para avaliar projetos de recursos hídri-
do valor de magnitude. cos e manejo de qualidade de água, mas
A matriz deve vir acompanhada de que, no entanto, podem ser adaptados para
um texto que aborde os aspectos mais rele- outros tipos de empreendimentos.
vantes dos impactos identificados. Os tópicos de interesse são divididos
em quatro categorias: ecologia, poluição
ambiental, estética, interesse humano e so-
Superposição de cartas cial. Cada categoria é composta por um
conjunto de componentes. Cada compo-
Elabora-se um inventário onde os fatores nente compreende um conjunto de fatores,
ambientais são mapeados. Esses dados são in- totalizando 78 variáveis.
terpretados em função da localização das ati- As medidas ou estimativas dos parâ-
vidades e traduz-se em mapas de capacidade metros ambientais são transformadas e
para cada atividade. A área de estudo é subdi- normalizadas através de curvas específicas
vidida em unidades geográficas (quadrícu- ou funções, em índices de qualidade am-
las). Para cada unidade são levantadas infor- biental (IQA), para permitir a comparação
mações sobre os fatores ambientais e os inte- entre os impactos. Este índice varia de 0 a 1.
resses da comunidade. Esses interesses são Quando a variável possui apenas juízo de
agrupados por categorias não conflitantes valor, a população é consultada.
(econômicas, sociais, paisagísticas), limitadas Cada variável possui um valor de im-
quanto à abrangência de identificação de im- portância relativa dentro do sistema, que é
pactos, pois só utilizam dados que podem ser fixado para projetos similares e baseia-se no
representados pela cartografia. No entanto, julgamento da equipe multidisciplinar.
esta limitação pode ser contornada com a uti- Multiplica-se o IQA de cada fator am-
lização de um Sistema de Informação Geo- biental e seu peso. A somatória desses pro-
gráfica (SIG). Assim torna-se extremamente dutos resulta no valor para o meio ambien-
eficaz para a definição de padrões espaciais e te. Faz-se o cálculo para o ambiente sem o
localização dos efeitos e impactos, pois as pre- projeto (partindo-se de medidas reais dos
visões são feitas por unidade de área. parâmetros ambientais) e com o projeto e
Esse método é adequado para síntese e suas várias alternativas.
importante na elucidação de relações espa- O impacto ambiental é expresso pela
ciais complexas e é recomendável nos pro- diferença do valor do ambiente com e sem a
jetos de desenvolvimento regional e naque- ação, mais as várias alternativas.
224 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

Redes de interação do empreendedor, com a produção periódi-


ca e sistemática de relatórios enviados ao
Identificam os impactos indiretos. Funda- órgão ambiental, ou outros, contendo:
mentam-se na construção de fluxogramas
ou redes de interação que apresentam a su- a) Rede de amostragem, seu dimensiona-
cessão de impactos ambientais gerados pelas mento e distribuição espacial.
diversas fases do empreendimento (constru- b) Metodologia de coleta e análise das
ção, operação, desativação). Identificam os amostras.
processos e as sequências pelos quais os im- c) Periodicidade.
pactos diretos e indiretos são produzidos. d) Metodologia do processamento das infor-
Não se trata de um sistema de avalia- mações levantadas.
ção de impactos, pois, apesar de identificar
as alterações, não há previsão de magnitude Observação: Quando necessário, e de
(quantificação) ou importância relativa, não acordo com a natureza do empreendimen-
havendo também previsão para a participa- to, deverá ser apresentado ao órgão am-
ção da comunidade no processo. biental um Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas (PRAD), aplicável após sua de-
sativação.
Medidas mitigadoras
As medidas mitigadores referem-se aos im- Relatório de impactos
pactos negativos detectados no estudo, vi-
sando amenizar, ou mitigar, seus efeitos de-
ambientais (RIMA)
letérios sobre o ambiente e seus componen-
O RIMA não tem vida própria. Ele só tem
tes. Normalmente seguem uma classificação
existência em função de um estudo de im-
genérica que pretende caracterizar estas
pacto ambiental (EIA) que é o instrumento
medidas, baseada em diferentes aspectos.
que lhe oferece substância e conteúdo. O
Assim, as medidas mitigadoras adotadas
RIMA deve ser apresentado de forma obje-
podem ser classificadas quanto:
tiva e adequada ao entendimento do públi-
co, acompanhado e ilustrado por mapas,
a) Natureza (preventiva ou corretiva).
gráficos e figuras. Sua acessibilidade deve
b) Fase (construção, operação, desativação).
ser garantida pelo órgão ambiental, que,
c) Fator afetado (físico, biológico, antrópi-
sempre que julgar pertinente, realizará uma
co).
audiência pública com a participação dos
d) Prazo de validação (curto, médio ou
agentes envolvidos, da comunidade e de-
longo).
mais interessados.
e) Responsabilidade (empreendedor ou po-
O RIMA conterá os objetivos e justifi-
der público).
cativas do projeto, sua relação e compatibi-
Observação: Deverão ser mencionados lidade com políticas setoriais, planos e pro-
os impactos não mitigáveis e que não po- gramas governamentais; a discriminação
dem ser evitados. do empreendimento e suas alternativas tec-
nológicas e locacionais, matérias-primas,
área de influência, fontes de energia, pro-
Programa de monitoramento cessos e técnicas operacionais, os prováveis
efluentes, emissões, resíduos de energia,
Indicação e justificativa de parâmetros sele- empregos diretos e indiretos a serem gera-
cionados para acompanhamento por parte dos; a síntese dos resultados dos estudos de
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

O vídeo a seguir apresenta informações relacionadas a algumas metodologias comumente


adotadas em Avaliações de Impacto Ambiental.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Durante o processo de definição da metodologia que será empregada em um processo


de Avaliação de Impacto Ambiental, o gestor ambiental deve conhecer as
características de cada uma dessas metodologias.
Sabendo disso, indique qual das opções a seguir NÃO representa uma característica
relacionada à matriz de impactos.

A) Apresenta-se como um resumo da Avaliação de Impacto Ambiental do empreendimento.

B) Apresenta os aspectos e os impactos de um empreendimento.

C) Não promove relação entre os diferentes componentes ambientais do cenário avaliado.

D) Compreende um método baseado em tabelas formadas por linhas e colunas.

E) Baseia-se na sobreposição de mapas para a espacialização dos impactos ambientais.

2) Ao identificar uma ação e as suas respectivas consequências ambientais utilizando-se


de um raciocínio lógico-dedutivo, o gestor ambiental está adotando qual das seguintes
metodologias?

A) Matrizes
B) Sobreposição de cartas

C) Checklist

D) Diagramas de interação

E) Ad hoc

3) Ao se deparar com um grupo discutindo os impactos ambientais de um


empreendimento por meio de inúmeros mapas que podem ser sobrepostos, percebe-
se que o método que está sendo adotado é:

A) Ad hoc

B) Diagramas de interação

C) Checklist

D) Matrizes de interação

E) Sobreposição de cartas

4) Dentre as opções a seguir, indique qual compreende um aspecto negativo relacionado


à metodologia "diagramas de interação".

A) Exigência de textos muito extensos.

B) Possibilidade de visualizar as relações entre os impactos.


C) Supera a compartimentação de ambientes.

D) Possibilidade de perceber a existência de vários impactos gerados a partir de um único


aspecto.

E) Evidencia impactos indiretos.

5) Alguns indicadores são muito importantes no processo de qualificação de um impacto


ambiental. Alguns deles, tal como a abrangência, podem ser mais bem visualizados
por meio de qual das metodologias listadas a seguir?

A) Matriz de impactos

B) Sobreposição de cartas

C) Ad hoc

D) Lista de impactos

E) Diagrama de interações

NA PRÁTICA

Veja, na prática, como se dá a base da metodologia de sobreposição de cartas/mapas:

Ao elaborar ou estudar um projeto já pronto, é possível, com essa metodologia, mapear as áreas
que sofrem influências dos diferentes impactos previstos para o empreendimento.

No exemplo apresentado a seguir, pode-se observar que foi identificada uma sobreposição de
dois impactos diretamente relacionados ao meio antrópico (produção de ruído e alteração da
paisagem).
Nesse caso, esta zona que sofre com dois impactos simultâneos deverá receber uma atenção
especial no momento de propor os programas ambientais.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Uso das metodologias de avaliação de impacto ambiental em estudos realizados no Ceará

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Ambiente: Tecnologias

SCHWANKE., and Cibele. Bookman, 2013. VitalBook file.- Série Tekne


Introdução ao Impacto Ambiental

APRESENTAÇÃO

Tão importante quanto a identificação de um impacto é a definição da sua importância. Essa


avaliação da importância de um impacto compreende uma etapa complexa, pois ela não depende
apenas de um trabalho técnico de identificação, mas também envolve a atribuição de um valor
ao impacto identificado. Para que a definição da importância de um impacto ocorra, torna-se
necessário adotar indicadores que permitam o correto dimensionamento de um impacto. São
esses indicadores que serão abordados nesta Unidade de Aprendizagem.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Avaliar a expressão de um impacto ambiental.


• Identificar a origem de um impacto ambiental.
• Determinar a duração de um impacto ambiental.

DESAFIO

Ao ser contratado como gestor ambiental por uma importante indústria, o seu primeiro desafio
compreendeu a atualização dos dados presentes na planilha de aspectos e impactos. Para isso,
você iniciou uma inspeção no setor de produção dessa indústria.

Inicialmente, você percebeu que a chaminé está liberando materiais particulados fora do padrão
aceitável pela legislação (aspecto), provocando, assim, a alteração da qualidade do ar (impacto).
Você também percebeu que uma tubulação está liberando efluentes diretamente em um arroio
sem o devido tratamento (aspecto), comprometendo, assim, a qualidade da água desse corpo
hídrico (impacto) e, consequentemente, a deterioração da biota existente nesse local (impacto).

Felizmente, você também pôde perceber que alguns trabalhadores foram contratados devido ao
crescimento da empresa (aspecto), a qual abriu novas vagas de trabalho, promovendo um
aumento da renda per capta da cidade onde a indústria está localizada (impacto).
Considerando essas informações, elabore uma tabela levando em conta impactos e aspectos,
origem e duração. Comente suas escolhas.

INFOGRÁFICO

O infográfico a seguir apresenta uma compilação dos indicadores ambientais.

CONTEÚDO DO LIVRO

A fim de obter maiores informações sobre o uso de indicadores ambientais, recomenda-se a


leitura do capítulo "Utilização de indicadores para o diagnóstico e/ou monitoramento" presente
no livro Ambiente: tecnologias.

Boa leitura.
TE
I E N
M B AS
AECNOLO G I
E N K EDORA
T B E L A GANIZA
CI SCHW OR
A492 Ambiente [recurso eletrônico] : tecnologias / Organizadora,
Cibele Schwanke. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
Bookman, 2013.

Editado também como livro impresso em 2013.


ISBN 978-85-8260-012-2

1. Meio ambiente. 2. Conservação e proteção.


I. Schwanke, Cibele.

CDU 502.1

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB10/2052


Quadro 8.3 Principais métodos de avaliação de impacto ambiental e suas
características (Continuação)
Método Características
Método 1) É estruturado, em geral, na forma de uma hierarquia:
da análise • Meta: intenção ou objetivo muito genérico e que pode ser atendido por
multiobjetivo objetivos mais específicos que são quantificados por atributos.
• Objetivos: refletem as aspirações do decisor em relação ao atendimento de uma
determinada meta. Pode ser alcançado pela sua maximização ou minimização.
• Atributos: permitem avaliar como um determinado objetivo está sendo
alcançado. Aspecto mensurável (reais, metros ou ordinal – alto, médio, baixo).
Fonte: Braga et al. (2005), Oliveira e Moura (2009), Sánchez (2008), Santos (2007) e Tommasi (1994).

Agora é a sua vez!


Considerando o EIA/RIMA consultado no site do IBAMA, verifique o método utilizado para a avaliação do
impacto, utilizado pela equipe técnica responsável pelo estudo.

Utilização de indicadores para o


diagnóstico e/ou monitoramento
O diagnóstico e o monitoramento ambiental são de fundamental importância no
processo de avaliação ambiental, tanto para verificar a adesão às normas regula-
Ambiente: tecnologias

doras como para apoiar o sistema de gestão. A utilização de indicadores assegu-


ra que um processo de avaliação aborde as principais variáveis associadas com
a degradação ou com os impactos ambientais significativos. Também melhora a
comunicação entre os atores envolvidos.

156
Indicadores são bits de informação que resumem as características de um sistema,
ou o que está acontecendo no mesmo, simplificando fenômenos complexos.

É importante destacar que os indicadores, se bem selecionados, indicam diversas


tendências, porém não revelam toda a verdade. Um indicador é, portanto, rara-
mente “perfeito” no sentido de revelar todas as informações necessárias para as
decisões a serem tomadas. Em vez disso, fornece sinais para futuras investigações.

No contexto de um projeto, os indicadores ambientais são usados como uma fer-


ramenta de gestão para prever alterações ambientais, mitigar ou promover as al-
terações, bem como acompanhar o desenvolvimento, a fim de gerir o projeto de
maneira ideal frente à perspectiva ambiental.

O “método” para identificar e desenvolver indicadores é, portanto, o mais impor-


tante no contexto. Nesse estudo não foram incluídos exemplos de indicadores, no
entanto, serão fornecidas algumas ideias sobre os indicadores relevantes.

Os indicadores selecionados devem ser de fácil compreensão e utilização por


todas as partes envolvidas. Para essa seleção é importante a consulta aos atores
locais, o que também representa uma oportunidade para levantamento de estu-
dos já existentes relacionados com outros projetos ou atividades, e para discutir
a divisão de responsabilidades. Ainda, os atores locais devem ser continuamente
informados e envolvidos nesse processo.

Por exemplo, a avaliação do estado ambiental de uma determinada bacia hidro-


gráfica envolve os diferentes usos e não somente a atividade que está requerendo
o licenciamento. No mercado de trabalho, essa avaliação deveria ser de responsa-
bilidade de instituições oficiais e não de um determinado empreendimento.

Contudo, na prática, o que acontece é que uma empresa, que apresenta um EIA/
RIMA, muitas vezes precisa avaliar a bacia de uma maneira sistêmica, pois ciclos,
processos, serviços ambientais estão interligados. Quando a atividade está em
funcionamento por vários anos, com passivo ambiental associado, deve-se ana- Avaliação de impacto ambiental
lisar os diversos usos da bacia, sob pena do estado do ambiente encontrado, ser
creditado nas responsabilidades exclusivamente daquela atividade, uma vez que
as demais não foram estudadas.

Uma avaliação completa dos links causais, isto é, a identificação das relações de
causa e efeito das atividades, na área de influência do estudo, é um importante
passo na identificação de indicadores.

Na análise das relações de causa e efeito, um aspecto ambiental pode ser dividido
em cinco elementos diferentes (Figura 8.1):
capítulo 8

157
FORÇA MOTRIZ PRESSÃO
Tendências ambiental- Atividades antropogênicas
mente relacionadas, afetando diretamente o
por exemplo, pressão meio, por exemplo, a
populacional alteração de habitat.

RESPOSTA ESTADO
A sociedade estabelece a Mudanças observáveis no
proteção de áreas ambiente, por exemplo,
consideradas importantes a ameaça ou extinção de
processos ecológicos para uma parte do total de
solucionar o problema. espécies.

IMPACTO

Efeitos de uma mudança Figura 8.1 Modelo Força Motriz-Pressão-


no ambiente, por exemplo,
aumento da ameaça ou Estado-Impacto-Resposta.
extinção de espécies Fonte: Organisation for Economic Co-operation and Deve-
lopment (1999).

1. Tendência subjacente, que está dirigindo o problema ambiental (força motriz).

2. Tendência subjacente que provoca uma mudança de comportamento, o que


coloca uma pressão sobre o ambiente (pressão).

3. Pressão da mudança comportamental que resulta em um estado de ambiente


transformado (estado).

4. Mudanças no estado do ambiente que resultam em impactos e degradação


sobre o meio ambiente e pessoas (impacto).

5. A parte final do aspecto ambiental de uma avaliação, é a resposta das pes-


soas, da sociedade. Essa resposta pode atingir qualquer uma das partes cita-
das, mas é, preferencialmente com vista para a tendência subjacente, ou pelo
menos as pressões que essas tendências causam (a resposta). Essas respostas
surgem por meio de leis, programas, políticas privadas ou públicas ou até
mesmo por meio do princípio da precaução.

É importante lembrar, no entanto, que muitas ligações causais já foram estabe-


Ambiente: tecnologias

lecidas por meio de pesquisa e experiências anteriores (p. ex., a ligação entre
agricultura intensiva e o potencial de erosão do solo que tem sido observado em
numerosas ocasiões).

158
Escolha dos indicadores
Deve-se estabelecer um conjunto limitado de indicadores, visando a facilitar a in-
terpretação dos resultados. Deve-se levar em consideração que muitos indicado-
res estão correlacionados, portanto, a escolha de bons indicadores é mais eficaz do
que um grande número de indicadores.

O principal objetivo dos indicadores ambientais selecionados é permitir o acom-


panhamento dos impactos ambientais diretos e indiretos. É importante lembrar
que esses impactos podem ser tanto negativos como positivos. No entanto, a
identificação e/ou o monitoramento (e controle) dos impactos ambientais adver-
sos é de extrema relevância, pois estes podem afetar negativamente o bem-estar
das pessoas e os meios de subsistência e, no pior dos casos, há o risco de esses
impactos se tornarem irreversíveis.

Nesse sentido, as relações de causa e efeito, são, portanto, instrumentos vitais para
definir os impactos e assim orientar e subsidiar a seleção dos indicadores.

Enquanto as relações de causa e efeito são estabelecidas, é possível selecionar


indicadores de pressão para monitorar a causa do impacto, ou da degradação,
ou um indicador de impacto para monitorar o efeito real. Um exemplo disso é o
indicador “mudança de uso da terra”, que é um indicador de uma pressão sobre
o sistema natural. Essa pressão pode resultar em vários impactos diferentes, tais
como erosão do solo, perda da biodiversidade, migração, entre outros.

Ao observarem-se alterações no uso do solo, pode-se, portanto, obter um primeiro


sinal (ou indicação) de uma mudança que deve ser monitorada e mitigada.

Os indicadores devem ser relevantes ao longo de todo o ciclo de vida da atividade


estudada, isto é, busca-se a rastreabilidade, permitindo, dessa forma, o acompa-
nhamento, em qualquer tempo, das degradações e dos impactos projetados.

O monitoramento é, portanto, intimamente ligado aos elementos da atividade e


de seu desenvolvimento. Esses elementos e as medidas de monitoração associa-
das são ilustrados na Figura 8.2.

PARA SABER MAIS


Para aprofundar seu conhecimento, recomenda-se a leitura dos livros Avaliação de impacto ambiental, de
Sánchez (2008) e Planejamento ambiental: teoria e prática, de Santos (2007).

159
Estabelecer valores de Monitorar Estado
referência a serem usados: do Meio durante
• na área ambiental de influências; a implementação
• para comparações com • Efeitos adversos
atividades futuras. mitigados.
• Se os impactos
positivos são
Estudos de Estudos de
menores do que
pré-viabilidade viabilidade
o previsto, imple-
mentar ações.
Ideias Implementação
de atividade
Problemas: ou atividade já
necessidade implementada com
de avaliar passivo ambiental
Atividade finalizada
Trazendo de volta
conhecimentos e
experiência Monitorar Estado
Avaliação da atividade do Meio durante
e operação a implementação
• Efeitos adversos Figura 8.2 Monitoramento dos
mitigados. impactos ou degradação ambientais
• Se os impactos
positivos são de um projeto ou de uma atividade,
menores do que visando a avaliação ambiental.
o previsto, imple- Fonte: Organisation for Economic Co-opera-
mentar ações. tion and Development (1999).

Os indicadores não precisam ser necessariamente quantitativos, sendo que os


qualitativos também podem ser selecionados para acompanhamento e facilidade
de comunicação aos atores.

A seleção de indicadores também deve considerar o custo da amostragem. Se dois


indicadores apontam a mesma coisa, é muito natural que o menos caro deva ser
escolhido. No entanto, é importante considerar não só os custos de um indicador,
mas também o benefício de ter a informação fornecida pelo mesmo.

Pode-se recorrer a listas existentes de indicadores e utilizá-las como se fossem lis-


tas de compras, selecionando aqueles indicadores na lista que são mais apropria-
dos para a avaliação.

Aspectos como credibilidade, custo e eficácia dos indicadores determinam não só


a qualidade do sistema de monitoramento, estado do ambiente, como também a
Ambiente: tecnologias

sua sustentabilidade e as possibilidades de integrá-lo em relevantes processos de


tomada de decisão.

É de extrema relevância que os resultados do monitoramento sejam confiáveis e


que a equipe responsável pelo estudo tenha a capacidade adequada para desen-
volver e analisar os indicadores, para que não ocorram distorções ou interpreta-
ções errôneas das informações.

160
Após os indicadores terem sido desenvolvidos e os dados coletados, ainda é neces-
sário interpretar os resultados. O estabelecimento prévio de um valor de referência é
essencial para a comparação dos resultados. Sem esse valor não é possível interpretar
se os resultados indicam uma melhora ou uma deterioração da qualidade ambiental.

Para simplificar e minimizar o risco de erros na interpretação dos indicadores,


deve-se considerar que:

• O plano de atividades para o projeto ou as atividades deve ser claramente de-


finido. Quanto mais específica a atividade, mais fácil a detecção do impacto ou a
degradação com esta, bem como a sua mitigação.

• A proposta do projeto deve, na medida do possível, identificar claramente os im-


pactos ambientais do projeto. Descrições vagas ou demasiado amplas, tais como
“prejuízo na biodiversidade” são de pouca utilidade na seleção de indicadores.

• A alternativa zero, que é o cenário no qual se deve considerar o meio sem as ativi-
dades projetadas ou já em andamento, deve ser pensada e desenvolvida com mui-
to cuidado. Sem uma alternativa zero, a interpretação dos indicadores fica muito
difícil, devido à falta de um importante componente de comparação.

JUNTANDO TUDO!
1) Efetue uma análise crítica do EIA/RIMA consultado no site do IBAMA, destacando no documento os
conceitos abordados ao longo do capítulo.

2) Pesquise, conceitue e diferencie a avaliação de impacto ambiental e a avaliação ambiental estratégica.

Avaliação de impacto ambiental

REFERÊNCIAS
ABSY, M. L. (Coord.). Avaliação de impacto ambiental: agentes sociais, procedimentos e ferramentas. Brasília: Insti-
tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1995. Disponível em: ⬍http://www.hidro.
ufcg.edu.br/twiki/pub/Disciplinas/SistemasAmb/AIA.pdf⬎. Acesso em: 07 nov. 2012.

BASTOS, A. C. S.; ALMEIDA, J. R. Licenciamento ambiental brasileiro no contexto da avaliação de impactos am-
bientais. In: CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. Avaliação e perícia ambiental. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
capítulo 8

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 1, de 23 de janeiro de 1986. Diário Oficial da União,
17 fev. 1986a. Seção 1, n. 31, p. 2.548.

161
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

Assista ao vídeo para obter melhor entendimento relacionado ao uso dos indicadores ambientais
para a qualificação de impactos ambientais.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Entre as opções a seguir, indique uma que poderia ter sua expressão classificada
como positiva.

A) Perda da qualidade da água.

B) Aumento de material particulado no ar.

C) Aumento de ruído.

D) Crescimento da renda per capta.

E) Afugentamento de fauna.

2) Como gestor ambiental, você tem a responsabilidade de identificar os impactos que


são diretamente vinculados à indústria na qual você trabalha (fábrica de
refrigerantes em lata). Dentre as opções a seguir, identifique um impacto indireto.

A) Alteração da qualidade do ar devido à emissões atmosféricas.

B) Saturação de aterro sanitário.


C) Impermeabilização de solo.

D) Alteração na paisagem.

E) Poluição de corpo hídrico

3) A duração de um impacto compreende um importante indicador, o qual permite a


identificação de impactos temporários ou permanentes. Encontre, dentre as opções a
seguir, um impacto permanente.

A) Alteração da paisagem provocada por mineração.

B) Alteração da qualidade da água provocada por lançamento de efluentes.

C) Alteração da qualidade do ar provocada pelo lançamento de material particulado no ar.

D) Geração de ruído.

E) Geração de empregos diretos.

4) Ao se trabalhar com um indicador relacionado à origem de um impacto, torna-se


possível avaliar se este impacto é:

A) positivo.

B) negativo.

C) direto.
D) temporário.

E) permanente.

5) Dentre as opções a seguir, selecione a que NÃO representa um procedimento correto


que deve ser adotado ao se trabalhar com indicadores em processos de avaliação de
impactos ambientais.

A) Deve-se estabelecer um conjunto limitado de indicadores, visando a facilitar a


interpretação dos resultados.

B) Os indicadores devem ser relevantes ao longo de todo o ciclo de vida da atividade.

C) A seleção de indicadores deve considerar o custo para obtenção dos dados necessários,
adotando-se sempre a alternativa com menor custo.

D) é de extrema relevancia que os resultados do monitoramento sejam confiáveis e que a


equipe responsável pelo estudo tenha a capacidade adequada para desenvolver e analisar
os indicadores.

E) O estabelecimento prévio de um valor de referência é essencial para a comparação dos


resultados obtidos por meio de indicadores.

NA PRÁTICA

Imagine-se como gestor ambiental de uma grande fábrica. Durante a sua atuação profissional,
você realiza regulares avaliações de impacto, a fim de monitorar continuamente se a empresa
encontra-se alinhada às condicionantes ambientais presentes na licença de operação.
A fim de sanar este problema, você passa a inserir, na sua planilha de controle, alguns
indicadores que permitem não só identificar um impacto, mas também qualificá-lo. A partir
desse momento, você passa a ter mais subsídios para justificar, a sua diretoria, a necessidade de
intervenção em algum processo, produto ou instalação da empresa.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução no 1, de 23 de janeiro de 1986.


Diário Oficial da União, 17 fev. 1986a. Seção 1, n. 31, p. 2.548

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Avaliação de impacto ambiental

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


SILVA, Antonio Waldimir Leopoldino da; SELIG, Paulo Maurício; MORALES, Aran
Bey Tcholakian. Indicadores de sustentabilidade em processos de avaliação ambiental
estratégica. Ambient. soc., São Paulo , v. 15, n. 3, p. 75-96, Dec. 2012

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Indicadores Ambientais

APRESENTAÇÃO

Os indicadores ambientais compreendem uma importante ferramenta para a avaliação e para o


acompanhamento dos impactos ambientais identificados em qualquer fase de um
empreendimento (planejamento, implantação, operação e desativação). É preciso ter em mente
que os indicadores não se resumem apenas à expressão, à origem ou à duração de um impacto, o
que faz da avaliação de impacto ambiental um processo complexo e dependente de vários
indicadores.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Determinar a escala temporal de um impacto ambiental.


• Avaliar a reversibilidade de um impacto ambiental.
• Predizer a cumulatividade de um impacto ambiental.

DESAFIO

Você foi convocado para realizar uma avaliação de impactos ambientais em uma cidade que está
passando por uma série de transformações relacionadas às tecnologias adotadas na agricultura e
pecuária. A fim de ilustrar essa realidade, você analisará as imagens presentes nesse desafio.
Durante esta análise, você deverá identificar os impactos ambientais e classificá-los em relação
a sua escala temporal (imediatos, médio prazo e longo prazo), reversibilidade (reversível ou
irreversível), cumulatividade (cumulativo ou não cumulativo) e sinergia (sinérgico ou não
sinérgico).

Use uma tabela com as seguintes colunas para apresentar a sua análise: impacto, escala
temporal, reversibilidade, cumulatividade e sinergia.
INFOGRÁFICO

O infográfico a seguir apresenta uma compilação dos indicadores ambientais abordados nesta
Unidade de Aprendizagem.
CONTEÚDO DO LIVRO

A fim de obter maiores informações sobre o uso de indicadores ambientais, recomenda-se a


leitura do capítulo Utilização de indicadores para o diagnóstico e/ou monitoramento, presente no
livro Ambiente: tecnologias.

Boa leitura.
TE
I E N
M B AS
AECNOLO G I
E N K EDORA
T B E L A GANIZA
CI SCHW OR
A492 Ambiente [recurso eletrônico] : tecnologias / Organizadora,
Cibele Schwanke. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
Bookman, 2013.

Editado também como livro impresso em 2013.


ISBN 978-85-8260-012-2

1. Meio ambiente. 2. Conservação e proteção.


I. Schwanke, Cibele.

CDU 502.1

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB10/2052


Utilização de indicadores para o
diagnóstico e/ou monitoramento
O diagnóstico e o monitoramento ambiental são de fundamental importância no
processo de avaliação ambiental, tanto para verificar a adesão às normas regula-
Ambiente: tecnologias

doras como para apoiar o sistema de gestão. A utilização de indicadores assegu-


ra que um processo de avaliação aborde as principais variáveis associadas com
a degradação ou com os impactos ambientais significativos. Também melhora a
comunicação entre os atores envolvidos.

156
Indicadores são bits de informação que resumem as características de um sistema,
ou o que está acontecendo no mesmo, simplificando fenômenos complexos.

É importante destacar que os indicadores, se bem selecionados, indicam diversas


tendências, porém não revelam toda a verdade. Um indicador é, portanto, rara-
mente “perfeito” no sentido de revelar todas as informações necessárias para as
decisões a serem tomadas. Em vez disso, fornece sinais para futuras investigações.

No contexto de um projeto, os indicadores ambientais são usados como uma fer-


ramenta de gestão para prever alterações ambientais, mitigar ou promover as al-
terações, bem como acompanhar o desenvolvimento, a fim de gerir o projeto de
maneira ideal frente à perspectiva ambiental.

O “método” para identificar e desenvolver indicadores é, portanto, o mais impor-


tante no contexto. Nesse estudo não foram incluídos exemplos de indicadores, no
entanto, serão fornecidas algumas ideias sobre os indicadores relevantes.

Os indicadores selecionados devem ser de fácil compreensão e utilização por


todas as partes envolvidas. Para essa seleção é importante a consulta aos atores
locais, o que também representa uma oportunidade para levantamento de estu-
dos já existentes relacionados com outros projetos ou atividades, e para discutir
a divisão de responsabilidades. Ainda, os atores locais devem ser continuamente
informados e envolvidos nesse processo.

Por exemplo, a avaliação do estado ambiental de uma determinada bacia hidro-


gráfica envolve os diferentes usos e não somente a atividade que está requerendo
o licenciamento. No mercado de trabalho, essa avaliação deveria ser de responsa-
bilidade de instituições oficiais e não de um determinado empreendimento.

Contudo, na prática, o que acontece é que uma empresa, que apresenta um EIA/
RIMA, muitas vezes precisa avaliar a bacia de uma maneira sistêmica, pois ciclos,
processos, serviços ambientais estão interligados. Quando a atividade está em
funcionamento por vários anos, com passivo ambiental associado, deve-se ana- Avaliação de impacto ambiental
lisar os diversos usos da bacia, sob pena do estado do ambiente encontrado, ser
creditado nas responsabilidades exclusivamente daquela atividade, uma vez que
as demais não foram estudadas.

Uma avaliação completa dos links causais, isto é, a identificação das relações de
causa e efeito das atividades, na área de influência do estudo, é um importante
passo na identificação de indicadores.

Na análise das relações de causa e efeito, um aspecto ambiental pode ser dividido
em cinco elementos diferentes (Figura 8.1):
capítulo 8

157
FORÇA MOTRIZ PRESSÃO
Tendências ambiental- Atividades antropogênicas
mente relacionadas, afetando diretamente o
por exemplo, pressão meio, por exemplo, a
populacional alteração de habitat.

RESPOSTA ESTADO
A sociedade estabelece a Mudanças observáveis no
proteção de áreas ambiente, por exemplo,
consideradas importantes a ameaça ou extinção de
processos ecológicos para uma parte do total de
solucionar o problema. espécies.

IMPACTO

Efeitos de uma mudança Figura 8.1 Modelo Força Motriz-Pressão-


no ambiente, por exemplo,
aumento da ameaça ou Estado-Impacto-Resposta.
extinção de espécies Fonte: Organisation for Economic Co-operation and Deve-
lopment (1999).

1. Tendência subjacente, que está dirigindo o problema ambiental (força motriz).

2. Tendência subjacente que provoca uma mudança de comportamento, o que


coloca uma pressão sobre o ambiente (pressão).

3. Pressão da mudança comportamental que resulta em um estado de ambiente


transformado (estado).

4. Mudanças no estado do ambiente que resultam em impactos e degradação


sobre o meio ambiente e pessoas (impacto).

5. A parte final do aspecto ambiental de uma avaliação, é a resposta das pes-


soas, da sociedade. Essa resposta pode atingir qualquer uma das partes cita-
das, mas é, preferencialmente com vista para a tendência subjacente, ou pelo
menos as pressões que essas tendências causam (a resposta). Essas respostas
surgem por meio de leis, programas, políticas privadas ou públicas ou até
mesmo por meio do princípio da precaução.

É importante lembrar, no entanto, que muitas ligações causais já foram estabe-


Ambiente: tecnologias

lecidas por meio de pesquisa e experiências anteriores (p. ex., a ligação entre
agricultura intensiva e o potencial de erosão do solo que tem sido observado em
numerosas ocasiões).

158
Escolha dos indicadores
Deve-se estabelecer um conjunto limitado de indicadores, visando a facilitar a in-
terpretação dos resultados. Deve-se levar em consideração que muitos indicado-
res estão correlacionados, portanto, a escolha de bons indicadores é mais eficaz do
que um grande número de indicadores.

O principal objetivo dos indicadores ambientais selecionados é permitir o acom-


panhamento dos impactos ambientais diretos e indiretos. É importante lembrar
que esses impactos podem ser tanto negativos como positivos. No entanto, a
identificação e/ou o monitoramento (e controle) dos impactos ambientais adver-
sos é de extrema relevância, pois estes podem afetar negativamente o bem-estar
das pessoas e os meios de subsistência e, no pior dos casos, há o risco de esses
impactos se tornarem irreversíveis.

Nesse sentido, as relações de causa e efeito, são, portanto, instrumentos vitais para
definir os impactos e assim orientar e subsidiar a seleção dos indicadores.

Enquanto as relações de causa e efeito são estabelecidas, é possível selecionar


indicadores de pressão para monitorar a causa do impacto, ou da degradação,
ou um indicador de impacto para monitorar o efeito real. Um exemplo disso é o
indicador “mudança de uso da terra”, que é um indicador de uma pressão sobre
o sistema natural. Essa pressão pode resultar em vários impactos diferentes, tais
como erosão do solo, perda da biodiversidade, migração, entre outros.

Ao observarem-se alterações no uso do solo, pode-se, portanto, obter um primeiro


sinal (ou indicação) de uma mudança que deve ser monitorada e mitigada.

Os indicadores devem ser relevantes ao longo de todo o ciclo de vida da atividade


estudada, isto é, busca-se a rastreabilidade, permitindo, dessa forma, o acompa-
nhamento, em qualquer tempo, das degradações e dos impactos projetados.

O monitoramento é, portanto, intimamente ligado aos elementos da atividade e


de seu desenvolvimento. Esses elementos e as medidas de monitoração associa-
das são ilustrados na Figura 8.2.

PARA SABER MAIS


Para aprofundar seu conhecimento, recomenda-se a leitura dos livros Avaliação de impacto ambiental, de
Sánchez (2008) e Planejamento ambiental: teoria e prática, de Santos (2007).

159
Estabelecer valores de Monitorar Estado
referência a serem usados: do Meio durante
• na área ambiental de influências; a implementação
• para comparações com • Efeitos adversos
atividades futuras. mitigados.
• Se os impactos
positivos são
Estudos de Estudos de
menores do que
pré-viabilidade viabilidade
o previsto, imple-
mentar ações.
Ideias Implementação
de atividade
Problemas: ou atividade já
necessidade implementada com
de avaliar passivo ambiental
Atividade finalizada
Trazendo de volta
conhecimentos e
experiência Monitorar Estado
Avaliação da atividade do Meio durante
e operação a implementação
• Efeitos adversos Figura 8.2 Monitoramento dos
mitigados. impactos ou degradação ambientais
• Se os impactos
positivos são de um projeto ou de uma atividade,
menores do que visando a avaliação ambiental.
o previsto, imple- Fonte: Organisation for Economic Co-opera-
mentar ações. tion and Development (1999).

Os indicadores não precisam ser necessariamente quantitativos, sendo que os


qualitativos também podem ser selecionados para acompanhamento e facilidade
de comunicação aos atores.

A seleção de indicadores também deve considerar o custo da amostragem. Se dois


indicadores apontam a mesma coisa, é muito natural que o menos caro deva ser
escolhido. No entanto, é importante considerar não só os custos de um indicador,
mas também o benefício de ter a informação fornecida pelo mesmo.

Pode-se recorrer a listas existentes de indicadores e utilizá-las como se fossem lis-


tas de compras, selecionando aqueles indicadores na lista que são mais apropria-
dos para a avaliação.

Aspectos como credibilidade, custo e eficácia dos indicadores determinam não só


a qualidade do sistema de monitoramento, estado do ambiente, como também a
Ambiente: tecnologias

sua sustentabilidade e as possibilidades de integrá-lo em relevantes processos de


tomada de decisão.

É de extrema relevância que os resultados do monitoramento sejam confiáveis e


que a equipe responsável pelo estudo tenha a capacidade adequada para desen-
volver e analisar os indicadores, para que não ocorram distorções ou interpreta-
ções errôneas das informações.

160
Após os indicadores terem sido desenvolvidos e os dados coletados, ainda é neces-
sário interpretar os resultados. O estabelecimento prévio de um valor de referência é
essencial para a comparação dos resultados. Sem esse valor não é possível interpretar
se os resultados indicam uma melhora ou uma deterioração da qualidade ambiental.

Para simplificar e minimizar o risco de erros na interpretação dos indicadores,


deve-se considerar que:

• O plano de atividades para o projeto ou as atividades deve ser claramente de-


finido. Quanto mais específica a atividade, mais fácil a detecção do impacto ou a
degradação com esta, bem como a sua mitigação.

• A proposta do projeto deve, na medida do possível, identificar claramente os im-


pactos ambientais do projeto. Descrições vagas ou demasiado amplas, tais como
“prejuízo na biodiversidade” são de pouca utilidade na seleção de indicadores.

• A alternativa zero, que é o cenário no qual se deve considerar o meio sem as ativi-
dades projetadas ou já em andamento, deve ser pensada e desenvolvida com mui-
to cuidado. Sem uma alternativa zero, a interpretação dos indicadores fica muito
difícil, devido à falta de um importante componente de comparação.

Avaliação de impacto ambiental


capítulo 8

161
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

Assista ao vídeo a seguir para obter um melhor entendimento relacionado ao uso dos
indicadores ambientais para a qualificação de impactos ambientais.

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EXERCÍCIOS

1) A indústria em que você atua como gestor ambiental libera quantidades controladas
de amônia na atmosfera. Outra indústria, localizada nas proximidades, libera,
também de maneira controlada, óxidos de enxofre. Ao se unir na atmosfera, esses
dois componentes podem contribuir para a formação de chuva ácida. Nesse exemplo,
percebe-se que a avaliação de impactos ambientais deve se preocupar com qual dos
seguintes indicadores?

A) Reversibilidade.

B) Escala temporal.

C) Cumulatividade.

D) Sinergia.

E) Duração.

2) A emissão de gases por uma chaminé representa um processo capaz de alterar


significativamente a qualidade do ar de uma determinada região. Imagine a seguinte
situação: a fábrica em que você atua como gestor ambiental é mantém cerca de 100
partes por milhão (PPM) de material particulado na sua área de influência direta. A
partir do próximo mês, uma nova indústria também entrará em operação nessa
mesma região, a qual também lançará materiais particulados na atmosfera. A
expectativa é que a quantidade de material particulado em suspensão na atmosfera
salte dos atuais 100 PPM para 200 PPM. Nesse exemplo, percebe-se a importância do
uso de um indicador ambiental para a correta mensuração do impacto ambiental.
Qual indicador seria este?

A) Reversibilidade.

B) Duração.

C) Sinergia.

D) Cumulatividade.

E) Escala temporal.

3) Dentre os itens listados a seguir, indique a opção que representa um impacto


irreversível.

A) Alteração da qualidade de água em corpo hídrico.

B) Alteração da qualidade do ar.

C) Aumento da renda per capta.

D) Alteração de relevo devido à mineração.

E) Aumento do fluxo de veículos.


4) Infelizmente, ocorreu um vazamento de efluentes não tratados da indústria onde você
atua. Esse efluente percorreu uma curta distância sobre o solo e alcançou um rio que
passa ao lado do empreendimento. No mesmo dia, foi possível perceber um odor
diferente, assim como a alteração na coloração da água e a morte de alguns peixes.
Ao se pensar na escala temporal desses impactos, pode-se dizer que eles são:

A) imediatos.

B) de curto prazo.

C) de longo prazo.

D) temporários.

E) permanentes.

5) Uma indústria localizada a 5 quilômetros de um vilarejo produz ruídos que não são
percebidos por esta comunidade. Em uma distância similar, mas em direção oposta,
existe outra indústria que também produz ruídos. Quando as duas industrias operam
simultaneamente, percebe-se que algumas pessoas ouvem o ruído da operação desses
empreendimentos. Essa situação serve de exemplo para exaltar a importância de qual
dos indicadores a seguir?

A) Cumulatividade.

B) Escala temporal.

C) Reversibilidade.

D) Reversibilidade.
E) Sinergia.

NA PRÁTICA

Atualmente, você ocupa o cargo de gestor ambiental de uma futura fábrica. Dentre todas as
etapas, há a instalação do canteiro de obras. Lá, você precisará classificar os impactos que isso
vai causar. Serão necessárias instalações sanitárias, de alimentação, de vestuário, etc., para que
os trabalhadores do projeto que trabalharão no canteiro tenham a infraestrutura necessária para
executar suas funções. Os possíveis impactos que serão causados são:

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Indicadores de sustentabilidade em processos de avaliação ambiental estratégica


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Avaliação e Análise dos Impactos Ambientais

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Degradação ambiental

APRESENTAÇÃO

A frequência e os tipos de degradação ambiental que o planeta vem sofrendo têm aumentado e
diversificado muito no decorrer da história da humanidade, pois desde o surgimento do homem
na Terra, este vem modificando a natureza conforme as suas necessidades biológicas, culturais,
econômicas e sociais. A degradação ambiental, causada pela liberação de dejetos e gases
industriais, o aumento nos níveis de nitrogênio no ambiente e o vazamentos de óleo, em
conjunto com o crescimento da população humana e de suas atividades associadas à agricultura,
à industrialização e ao comércio, têm contribuído para a depredação da biodiversidade,
ameaçando a qualidade de vida e a sustentabilidade dos ecossistemas.

Portanto, nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver o conceito de degradação ambiental,
suas causas e que efeitos ela pode ter sobre a natureza e o homem.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir degradação ambiental.


• Identificar possíveis causas da degradação ambiental.
• Caracterizar recuperação ambiental e relacioná-la ao processo de licenciamento.

DESAFIO

Com relação à preservação e à conservação dos solos, o objetivo principal é o de combater a


erosão e evitar o seu empobrecimento, por meio da utilização de técnicas racionais para uso do
solo, mantendo e melhorando a sua fertilidade. Veja mais sobre este Desafio.
INFOGRÁFICO

Com relação à metodologia para a recuperação de áreas degradadas, observe o Infográfico a


seguir. Parte-se da definição de dano e de suas implicâncias sobre o ambiente e desenvolve-se
um plano de metas que será executado, monitorado e readequado, caso seja necessário.

Confira.
CONTEÚDO DO LIVRO

O homem tem transformado a natureza de forma drástica, destruindo espécies animais e


vegetais, desviando cursos de rios, cortando montanhas, drenando pântanos e liberando diversos
tipos de elementos no ar, na água e nos solos, esquecendo que a sua saúde e o seu bem-estar
estão diretamente relacionados com a qualidade do meio ambiente.

No capítulo Degradação ambiental, do livro Avaliação de impactos ambientais, você vai ver o
que é degradação ambiental e suas principais consequências ao meio ambiente e à
biodiversidade.

Boa leitura.
AVALIAÇÃO DE
IMPACTOS
AMBIENTAIS

Karine Scherer
Degradação ambiental
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir degradação ambiental.


 Identificar possíveis causas da degradação ambiental.
 Caracterizar recuperação ambiental e relacioná-la ao processo de
licenciamento.

Introdução
A frequência e os tipos de degradação ambiental que o planeta vem
sofrendo têm aumentado e diversificado muito no decorrer da história,
pois desde o surgimento do homem na Terra, este vem modificando a
natureza conforme as suas necessidades biológicas, culturais, econômicas
e sociais. A degradação ambiental, causada pela liberação de dejetos e
gases industriais, pelo aumento nos níveis de nitrogênio no ambiente e
pelos vazamentos de óleo, em conjunto com o crescimento da população
humana e de suas atividades associadas à agricultura, industrialização e
comércio, tem contribuído para a depredação da biodiversidade, amea-
çando a qualidade de vida e a sustentabilidade dos ecossistemas.
Portanto, neste capítulo, você vai ver o conceito de degradação am-
biental, suas causas e que efeitos ela pode ter sobre a natureza e o homem.

Conceitos
A Lei nº 6.938/1981, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, em seu
art. 3º, inciso II, diz que degradação ambiental é a degradação da qualidade
ambiental, por meio de alterações adversas das características do meio am-
biente. Porém, a Lei não deixa claro se o causador da degradação é o homem,
se é uma consequência de atividades antrópicas ou, então, se é um fenômeno
natural, como um raio que atinge uma determinada área verde, destruindo
esta por meio de um incêndio.
50 Degradação ambiental

Já para Guerra (2001), a degradação ambiental é causada pelo homem, que,


na maioria das vezes, não respeita os limites impostos pela natureza, sendo
que a degradação ambiental é mais ampla que a degradação dos solos, pois
envolve não só a erosão dos solos, mas também a extinção de espécies vegetais
e animais, a poluição de nascentes, rios, lagos e baías, o assoreamento e outros
impactos prejudiciais ao meio ambiente e ao próprio homem.
É importante ressaltar que, muitas vezes, as expressões degradação ambien-
tal e impacto ambiental são utilizadas como sinônimos, apesar de a legislação
apresentar conceitos específicos para cada uma delas, lembrando que, de acordo
com a Resolução CONAMA nº 1/1986, impacto ambiental é toda a atividade
que por alguma razão causa alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, podendo afetar direta ou indiretamente:

 a saúde, a segurança e o bem-estar da população;


 as atividades sociais e econômicas;
 a biota;
 as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
 a qualidade dos recursos ambientais.

A expressão “impacto ambiental” pode ser utilizada tanto para aspectos


ambientais positivos quanto negativos.
Sabe-se que a degradação dos recursos naturais vem crescendo de forma
assustadora, repercutindo na deterioração do meio ambiente, causando preju-
ízos de ordem econômica, ambiental e social, tanto no espaço urbano quanto
no rural. De acordo com o Ibama (BRASIL, 2002), entre os anos de 1960 e
1980, os padrões de produção e consumo criados pela sociedade acarretaram
visíveis problemas relacionados com a deterioração das dimensões ambientais,
culturais, sociais, econômicas e ecológicas, ocasionando perdas na qualidade
de vida das populações, na saúde e na qualidade do meio ambiente.
Assim, podemos dizer que a degradação ambiental afeta direta ou indireta-
mente a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais
e econômicas, a fauna e a flora, as condições estéticas e sanitárias do meio,
além da qualidade dos recursos naturais. Portanto, a degradação ambiental
de uma área ocorre quando:

 a vegetação nativa e a fauna foram destruídas, removidas ou expulsas;


 ocorrer remoção da camada fértil do solo;
 ocorrer alteração na qualidade e no regime de vazão do sistema hídrico.
Degradação ambiental 51

Dessa forma, uma área será considerada degradada quando a sua


resiliência, ou seja, sua habilidade em se recuperar de um dano e sua esta-
bilidade forem perdidas.

Apesar de ser datado de 1979, o livro Terra, um planeta inabitável? é considerado um


documento sobre a poluição que envolve a Europa e a Ásia; é um grito de alerta para
a geração atual, a fim de evitar que o mundo adoeça e a vida nele se torne impossível.
Nessa obra, você será conduzido pelos diversos caminhos seguidos pela humanidade,
desde os tempos mais remotos, inferindo que homens e animais poderão desaparecer
da Terra, caso a degradação do ambiente continue neste ritmo. Cita como exemplos
os desertos da China setentrional, da Pérsia, da Mesopotâmia e do norte da África, que
tiveram o esgotamento do solo por meio da exploração crescente de seus recursos,
tendo suas terras abandonadas após terem sido exploradas ao máximo.
Fonte: Liebmann (1979).

Causas da degradação ambiental


Consideramos que área degradada é aquela que não tem mais sua cobertura
vegetal original e que perdeu ou reduziu significativamente sua capacidade
de produção econômica para fi ns agrícolas, pecuários ou florestais, sendo
considerada aquela que sofreu algum grau de perturbação em sua integridade,
seja ela de natureza física, química ou biológica, ou seja, áreas degradadas
são aquelas que tiveram a cobertura vegetal e a fauna destruídas, havendo
perda da camada fértil do solo e alteração na qualidade e na vazão do
sistema hídrico.
Podemos considerar que as fontes de degradação são extremamente
variáveis, agindo no ambiente rural por meio da agricultura até a própria
urbanização com todas as atividades decorrentes dela – consumo energé-
tico, construção civil, geração de resíduos sólidos, químicos e de saúde,
industrialização, contaminações orgânicas e químicas dos recursos hídricos,
mineração, entre outras.
A agricultura e o seu respectivo avanço das fronteiras agrícolas são
responsáveis pelo desmatamento de grandes áreas e pela exposição do solo
a agentes erosivos, como a água e os ventos. Com a perda de solo causada
pela erosão, haverá reflexos nos custos de produção, que se tornarão cada vez
52 Degradação ambiental

mais elevados, tendo em vista que as camadas superficiais do solo, que são
as mais férteis, terão sido carregadas para os corpos d’água ou para as zonas
de menor cota topográfica, provocando o assoreamento destas. Os efeitos
da agricultura também são sentidos pela biodiversidade, tendo em vista que
a fauna e a flora são reduzidas e impactadas de forma significativa. Outro
fator preocupante e que está ligado à agricultura é o fato de ela ser a maior
consumidora mundial de água doce, utilizada nos sistemas de irrigação. Em
resumo, pode-se dizer que a agricultura promove a degradação ambiental
ao remover a cobertura vegetal, afastar a fauna, expor o solo à erosão e à
compactação e, ainda, reduzir a qualidade dos recursos hídricos por meio
do assoreamento e da contaminação destes com resíduos de agrotóxicos e
fertilizantes.
Já no ambiente urbano, os danos ambientais são causados pelo desma-
tamento para o desenvolvimento da área urbana, que resulta em alterações
climáticas, afastamento e remoção da fauna. Ocorre a alteração do regime
hídrico de bacias hidrográficas urbanas em virtude da impermeabilização
do solo, da canalização de córregos e arroios, da ausência de mata ciliar,
além das zonas para amortecimento de enchentes. As alterações no regime
hídrico levam a uma redução cada vez mais significativa do tempo de
detenção das bacias, que, por sua vez, implica em riscos de inundações
cada vez mais frequentes. A industrialização do ambiente urbano também
é responsável pela contaminação química e orgânica dos recursos hídricos,
dos solos e da atmosfera.
Não podemos deixar de mencionar os danos ambientais ocasionados pela
mineração, que é responsável pela remoção de grandes volumes de cobertura
vegetal, solo e rochas. A mineração também contamina recursos hídricos
superficiais e subsuperficiais durante a lavra, o beneficiamento e a disposição
dos minérios, inclusive depois do encerramento de suas atividades, por meio
da geração de drenagens contaminadas, além de provocar grandes alterações
na paisagem.
De modo geral, a degradação ambiental se dará quando houver alterações
de ordem química (acúmulo de metais em solos ou corpos d’água e variação de
parâmetros como pH ou oxigênio dissolvido), física (assoreamento de leitos de
rios, compactação e selamento de solos) ou biológica (bioacumulação, redução
em termos de biodiversidade, extinção de espécies, eliminação e fragmentação
de coberturas florestais e redução no banco de plântulas e sementes no solo).
Tais alterações repercutem de maneira negativa sobre a regeneração natural,
ao impedir ou retardar esta, em função da escassez de recursos.
Degradação ambiental 53

Degradação dos recursos hídricos


A poluição dos recursos hídricos ocorre por meio da introdução de elementos
que, através de suas ações físicas, químicas e biológicas degradam a qualidade
da água, podendo ser nocivos ou prejudiciais aos organismos, às plantas e
às atividades humanas. A cadeia alimentar pode ser facilmente afetada pela
contaminação das águas, levando até o homem substâncias tóxicas como
efluentes industriais, pesticidas agrícolas, resíduos de atividades mineradoras,
entre outras, atingindo sucessivamente micro-organismos, crustáceos e peixes,
até chegar ao homem. Também é preciso levar em consideração que a interação
permanente da água com o solo, sobre o qual flui e no qual se infiltra, obriga
a uma avaliação conjunta desses dois meios, além de um cuidado redobrado
para que os contaminantes de um não se transfiram e contaminem o outro.
A contaminação das águas é uma questão crítica, tendo em vista que lençóis
freáticos, lagos, rios, mares e oceanos são os destinatários finais de todo e
qualquer poluente solúvel em água, que tenha sido lançado no ar ou no solo.
Assim, além dos elementos poluentes já lançados nos corpos d’agua, estes
também recebem os poluentes oriundos da atmosfera e dos solos.
A racionalização do uso da água nas atividades promovidas pelo homem seria
um dos primeiros passos para reduzir os riscos da contaminação hídrica, pois
se forem menores os volumes de água utilizados e descartados por atividades
como mineração, agricultura, indústria ou serviços, menores serão as necessi-
dades de tratamento e de recondicionamento às condições originais de pureza.
Juntamente com a racionalização do uso da água estão atrelados outros dois
conceitos: o de reutilização da água por mais vezes antes de ser descartada para
o meio e o da segregação de seus vários fluxos, impedindo que águas pluviais
se misturem aos esgotos sanitários e às águas de processos industriais. Outro
ponto importante e que precisa ser destacado está relacionado ao saneamento do
meio (limpeza urbana, coleta de lixo, drenagem das águas pluviais, controle de
vetores), que tem como objetivo evitar que as chuvas, os ventos e outros meios
naturais e artificiais transportem seus agentes até os recursos hídricos. Referente
à degradação dos recursos hídricos, podemos citar, também:

 Maré negra: em todas as fases de exploração, refinamento, transporte e


distribuição do petróleo, podem acontecer vazamentos e danos ao ecossis-
tema aquático. Quando os tanques dos navios petroleiros são levados ao
mar, essa região fica poluída. Quando o petroleiro está vazio, é costume
encher seus tanques com água para equilibrá-lo; sendo que essa água suja
de petróleo é jogada no mar, poluindo suas águas. O petróleo adere às
54 Degradação ambiental

brânquias dos peixes, impedindo sua respiração, às penas das aves e aos
pelos dos mamíferos, eliminando o colchão de ar retido entre os pelos e as
penas. O resultado é a perda da capacidade de isolamento térmico, fazendo
com que o animal não consiga se proteger do frio e acabe morrendo.
 Eutrofização: quando são lançados esgotos domésticos nas águas ou
quando detergentes, fertilizantes ou adubos chegam a ela, o excesso
de minerais provoca a proliferação de algas microscópicas que vivem
próximas à superfície. Com isso, forma-se uma camada de algas, que
impede a penetração de luz na água e a realização da fotossíntese nas
camadas mais profundas. As algas abaixo da superfície morrem e a sua
grande quantidade favorece o aumento das bactérias decompositoras,
que passam a consumir muito oxigênio para realizar a decomposição; co-
meça a faltar oxigênio na água e os peixes e outros organismos aeróbios
morrem. Com a falta de oxigênio, a decomposição da matéria orgânica,
antes aeróbica, passa a ser anaeróbica, o que acarreta a produção de
gases tóxicos, como o gás sulfídrico.
 Poluição térmica: ocorre quando a água utilizada na refrigeração de
usinas que geram eletricidade é lançada em um ecossistema aquático.
O aquecimento da água pode prejudicar os animais estenotérmicos.
Além disso, a quantidade de oxigênio dissolvido na água diminui com o
aumento da temperatura, podendo acarretar a morte de seres aeróbicos.

Veja na Figura 1 a seguir um exemplo de água contaminada com óleo.

Figura 1. Água contaminada com óleo.


Fonte: Christian Vinces/Shutterstock.com.
Degradação ambiental 55

Degradação do solo
A poluição dos solos é causada pela introdução de elementos químicos,
como hidrocarbonetos de petróleo, metais pesados como chumbo, cádmio,
mercúrio, cromo e arsênio e pela aplicação indiscriminada de pesticidas ou,
então, por alterações causadas pela ação do homem e seu mau uso, como
a exploração mineral não racional e a disposição inadequada de resíduos
sólidos e líquidos, que, além de contaminar o solo, podem atingir também
o lençol freático.
O maior risco de contaminação do solo por elementos poluentes está
no fato de essas substâncias serem arrastadas pelas águas superficiais e
subterrâneas por distâncias que se encontrem fora das áreas sob controle e
monitoramento, gerando uma contaminação cuja remediação será custosa e
demorada. Por essa razão, o estudo da contaminação dos solos e as soluções
adotadas para que isso seja evitado estão quase sempre relacionados com a
contaminação das águas.
A contaminação dos solos é hoje um tema de grande relevância nas
grandes aglomerações urbanas, pela dificuldade de disposição adequada de
seus resíduos, gerados em grandes quantidades, pois uma área de disposição
e confinamento de resíduos pode gerar ainda outros riscos, como odores,
gases tóxicos, chorume, além do inevitável impacto visual negativo. Vale
ressaltar que a erosão e as inundações, provocadas pelo desmatamento de
áreas, por exemplo, também apresentam impactos consideráveis sobre o solo.
O mau uso da terra pode acelerar a erosão e provocar em algumas regiões a
formação ou a expansão das condições típicas de deserto (desertificação).
Sobre a degradação dos solos, podemos destacar, também os defensivos
agrícolas. As culturas agrícolas são muito sensíveis ao ataque de pragas,
sendo particularmente perigoso nas monoculturas, nas quais insetos e outros
organismos parasitas se propagam com muita facilidade em razão da pro-
ximidade entre as plantas e da ausência de predadores naturais. Por isso o
homem desenvolveu diversos tipos de defensivos agrícolas, que protegem as
sementes, as plantações e os alimentos estocados contra o ataque de pragas.
Acontece que a degradação de alguns pesticidas, como os organoclorados, dos
quais um exemplo é o DDT, é lenta e eles tendem a se acumular ao longo das
cadeias alimentares. Nos animais, o DDT se deposita no tecido adiposo, no
cérebro, no fígado, nos rins, nos pulmões e nas glândulas sexuais, podendo
causar problemas nesses órgãos.
A Figura 2, a seguir, mostra um exemplo da aplicação de pesticidas na
agricultura.
56 Degradação ambiental

Figura 2. Aplicação de pesticidas na agricultura.


Fonte: Federico Rostagno/Shutterstock.com.

Degradação atmosférica
A poluição do ar é provocada pelo acúmulo de elementos como monóxido de
carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio, enxofre, ozônio, compostos
de chumbo, fuligem e fumaça branca, que, em determinadas concentrações,
pode apresentar efeitos nocivos ao homem e ao meio ambiente. Essas subs-
tâncias, conhecidas como poluentes atmosféricos, podem aparecer sob a
forma de gases ou partículas provenientes de fontes naturais, como vulcões e
neblinas ou, ainda, de fontes artificiais, produzidas pelas atividades humanas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2016), a poluição atmosférica é
responsável por mais de 7 milhões de mortes por ano no mundo, em razão da
grande incidência de materiais particulados, constituídos por poeiras e fuligem,
que estão entre os principais causadores de doenças ocupacionais, como a
silicose e a asbestose. Além dos efeitos nocivos causados pela emissão de gases
e particulados, os odores, as radiações ionizantes, as emissões radioativas e a
poluição sonora também podem ser considerados como poluentes atmosféricos.
O crescimento nas taxas de incidência de algumas doenças ocupacionais
de origem respiratória e as condições extremas de contaminação do ar, que se
tornavam cada vez mais comuns em algumas regiões dos países industrializados,
foram os principais fatores que atuaram em favor de um controle mais rigoroso do
Degradação ambiental 57

lançamento de poluentes no ar. Pode-se dizer que hoje não existem mais razões
técnicas para que as indústrias continuem a lançar poluentes no ar, graças aos
avanços alcançados nos projetos de instalações de filtragem e de tratamento de
gases e vapores expelidos pelos processos industriais. Redes de monitoramento,
modelos de dispersão e sistemas de medição contínua são alguns dos recursos
técnicos disponíveis para assegurar um bom controle da qualidade do ar, porém,
em razão dos custos elevados de muitas dessas instalações, esse processo ainda
pode ser postergado. Dentro da poluição atmosférica, podemos citar:

 Inversão térmica: em situação normal, a temperatura do ar diminui com


a altitude, uma vez que as camadas inferiores de ar são aquecidas pelo
reflexo dos raios solares no solo. Com o aquecimento, o ar próximo ao
solo fica menos denso que o ar mais frio das camadas superiores, fazendo
surgir correntes de convecção, facilitando a dispersão dos poluentes:
uma de ar quente, que sobe; outra de ar frio, que desce e substitui o ar
que subiu. No inverno, durante a madrugada, o ar próximo ao solo pode
se tornar mais frio que o das camadas superiores. Como os raios solares
do dia são fracos nessa estação, eles não aquecem suficientemente o ar
próximo ao solo para que se formem as correntes de convecção.

A Figura 3 retrata a poluição atmosférica causada pelas atividades industriais.

Figura 3. Poluição atmosférica causada pelas atividades industriais.


Fonte: Hung Chung Chih/Shutterstock.com.
58 Degradação ambiental

Perda da biodiversidade
A conservação da biodiversidade e dos recursos naturais são dois fatores que
devem ser observados no desenvolvimento de empreendimentos impactantes.
Tendo em vista que biodiversidade é a variabilidade entre os organismos vivos
de todas as origens, em todos os seus níveis e abrangências, que vão desde
os micro-organismos até as grandes espécies aquáticas e terrestres, sejam
elas endêmicas ou ameaçadas, domesticadas ou selvagens, a sua preservação
se torna extremamente importante, tendo em vista que o equilíbrio facilita
a polinização das colheitas, o controle biológico de pragas e doenças, a ali-
mentação, os medicamentos e, principalmente, a manutenção do equilíbrio
em todos os ambientes terrestres.
A interferência do homem de forma descontrolada sobre o meio ambiente
tem alterado a diversidade biológica de maneira drástica. Perda e fragmentação
dos habitats, introdução de espécies e doenças exóticas, exploração excessiva
de espécies de plantas e animais, monocultura, pecuária, poluição e altera-
ções climáticas são apenas alguns dos fatores que estão contribuindo para o
desequilíbrio da biodiversidade. Estima-se que 27 mil espécies desapareçam
a cada ano. Se mantivermos a devastação e os níveis de poluição nesse ritmo,
o planeta não conseguirá fornecer os recursos necessários para a manutenção
da população humana.

Você sabe o que é a Agenda 21? É um plano de ação de


caráter internacional, criado para ser aplicado em escala
global, por organizações de Sistemas da Nações Unidas,
governo e sociedade civil, como forma de proteger o
meio ambiente.
Ela pode ser definida como um instrumento de plane-
jamento para a construção de sociedades sustentáveis,
em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de
proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.
Para saber mais a respeito da Agenda 21, acesse o link a
seguir.

https://goo.gl/pXL6wl
Degradação ambiental 59

Recuperação ambiental
A Constituição Federal brasileira determina, em seu art. 255, que “[...] todos
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo, essencial e saudável a qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações [...]”, em consonância com a Lei Federal nº 6.938/1981, que institui a
Política Nacional do Meio Ambiente e que tem por objetivos a preservação, a
melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícias à vida, considerando
o meio ambiente como patrimônio público.
Essa lei é bastante clara no que diz respeito à proteção do ambiente
natural, definindo que áreas degradadas deverão ser recuperadas, obje-
tivando seu entorno a uma forma de utilização de acordo com o plano
preestabelecido para uso do solo, visando à obtenção da qualidade do meio
ambiente. Podemos observar que a legislação ambiental brasileira não se
esgota na Lei Federal nº 6.938/1981, tendo em vista que outras leis, decretos
e resoluções expandem o leque de exigências, como é o caso da Lei Fede-
ral nº 9.605/1998, a qual deixa claro que cabe ao responsável pelo dano a
recuperação da área degradada.

A Lei Federal nº 9.605/1998, que “dispõe sobre as sanções


penais e administrativas derivadas de condutas e ativida-
des lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências”,
também é conhecida como a Lei de Crimes Ambientais.
Acesse no link ou código a seguir e leia na íntegra.

https://goo.gl/Xj6PDi

Apesar de todo trabalho sobre uma área degradada objetivar a recupe-


ração de suas integridades físicas, químicas e biológicas, tanto do ponto de
60 Degradação ambiental

vista ambientalista quanto produtivista, existem três resultados, dentro do


trabalho de recuperação de uma área degradada, que devem ser levados em
consideração:

 Restauração: conduz um ecossistema ou uma população degradada à


sua condição original, uma vez que eliminados os agentes da degradação,
sendo aplicada em ecossistemas raros e ameaçados.
 Reabilitação: retorna a área ou a população degradada a um estado
biológico estável, o qual não necessariamente deverá coincidir com a
condição original desta.
 Recuperação: implica no restabelecimento de um dado ecossistema, ou
população, a uma condição não degradada. Está baseada no manejo da
sucessão vegetal e biológica, em conformidade com os padrões naturais
locais, mediante um plano preestabelecido para a sua regeneração, com
o objetivo de, a médio e a longo prazo, criar uma condição estável e
sustentável, de acordo com valores ambientais, econômicos, estéticos
e sociais dos sistemas naturais ao seu entorno.

Cabe ressaltar que os trabalhos de recuperação ambiental são capazes


de controlar a poluição atmosférica, visual, sonora e hídrica, conservar
energia, contribuir no saneamento ambiental, ampliar a biodiversidade e
estabilizar o solo.

Metodologia para Recuperação de Áreas Degradadas


Os projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs) têm como objetivo
principal criar um roteiro sistemático, contendo as informações e as especifi-
cações técnicas organizadas em etapas lógicas, para orientar a tecnologia de
recuperação ambiental de áreas degradadas ou perturbadas para alcançar os
resultados esperados, ou seja, é o processo de auxílio à reestruturação de um
ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído.
A metodologia para recuperação de áreas degradadas parte da defi-
nição do dano e de suas consequências sobre o ambiente, desenvolvendo
um plano de metas que será executado, monitorado e readequado, se ne-
cessário. É importante compreender que será necessário relacionar os
compartimentos solo, água e vegetação de tal forma que desencadeie um
Degradação ambiental 61

processo de sucessão ecológica, que terá como resultado a recuperação


do ecossistema afetado.
A elaboração do diagnóstico ambiental compreende o entendimento e a
delimitação da área a ser recuperada, levando em consideração a inserção
local (entorno próximo) e regional. Para que esse diagnóstico seja feito, será
necessária uma equipe multidisciplinar, que levantará dados, como:

 mapeamento das áreas de risco e identificação do agente degradante;


 mapeamento geológico e topográfico;
 mapeamento do uso e da ocupação do solo;
 levantamentos qualitativos e quantitativos da qualidade do ar, dos solos,
da fauna e da flora;
 levantamento macro e microclimático;
 levantamento dos aspectos hidrológicos – regime de chuvas, áreas de
inundação e caminhos preferenciais da água, considerando-se como
unidade básica a microbacia hidrográfica;
 disponibilidade de plântulas e sementes na vegetação natural do entorno.

Esse tipo de diagnóstico ambiental também poderá ser solicitado por corpo
técnico de órgãos públicos de controle ambiental para empreendimentos em
etapa de licenciamento ambiental. Nesse caso, será exigido dos empreendi-
mentos, com relevância ambiental significativa, a elaboração de estudo de
impacto ambiental (EIA) e seu respectivo relatório de impacto sobre o meio
ambiente (RIMA). É por meio do EIA/RIMA que será feito o diagnóstico
ambiental que dará suporte aos técnicos com relação a licenciamento am-
biental, proposta de manejo de áreas afetadas e implementação de medidas
mitigatórias e compensatórias.
Ao término do diagnóstico ambiental, será possível elaborar um plano
de recuperação no qual se define o objetivo a ser alcançado ao término dos
trabalhos e qual metodologia utilizar. Os sistemas para recuperação de áreas
degradadas deverão ser específicos para cada situação, contemplando, entre
outros fatores, localização, clima, topografia, estabilidade do terreno, solo,
vegetação e natureza dos agentes causadores da degradação. Deve-se ter em
mente que o objetivo geral desse tipo de trabalho será o de sempre devolver
ao ecossistema em recuperação a sua estabilidade, resiliência, dinâmica su-
cessional, longevidade e qualidade paisagística, a tal ponto que não necessite
mais de intervenção antrópica.
62 Degradação ambiental

De acordo com a Resolução CONAMA nº 1/1986, são atividades que necessitam da


elaboração de estudo de impacto ambiental – EIA e respectivo relatório de impacto
ambiental – RIMA as seguintes atividades modificadoras do meio ambiente:
I – estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
II – ferrovias;
III – portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
IV – aeroportos;
V – oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos
sanitários;
VI – linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 KV;
VII – obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem
para fins hidrelétricos, acima de 10 MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de
canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura
de barras e embocaduras, transposição de bacias e diques;
VIII – extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX – extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração;
X – aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou
perigosos;
XI – usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária,
acima de 10 MW;
XII – complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos,
cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hidróbios);
XIII – distritos industriais e zonas estritamente industriais – ZEI;
XIV – exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 ha ou
menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância
do ponto de vista ambiental;
XV – projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou em áreas consideradas de relevante
interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes;
XVI – qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares,
em quantidade superior a 10 toneladas por dia;
XVII – projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha ou
menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais
ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção
ambiental; e
XVIII – empreendimentos potencialmente lesivos ao patrimônio espeleológico
nacional.
Fonte: Brasil (1986).
Degradação ambiental 63

BARBOSA, R.P. Avaliação de risco e impacto ambiental. São Paulo: Saraiva, 2014.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da
República, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm>. Acesso em: 15 jan. 2018.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Brasília: Presidência da República, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 15 jan. 2018.
BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências. Brasília: Presidência da República, 1998. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso em: 15 jan. 2018.
Degradação ambiental 64

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente.


Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Disponível em: <http://
www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html>. Acesso em: 20 de nov.
embro de 2017.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis. GEO Brasil 2002: perspectivas do meio ambiente no
Brasil. Brasília: IBAMA, 2002. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/
site_cnia/geo_brasil_2002.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2017.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Site. Brasília: MMA, 2018. Disponível em: <http://
www.mma.gov.br/biodiversidade-global/impactos>. Acesso em: 19 de novembro
de 2017.
GUERRA, A. J. T. Processos erosivos nas encostas. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Ge-
omorfologia: uma atualização de bases e conceitos. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2001.
LIEBMANN, H. Terra, um planeta inabitável? Da antiguidade até os nossos dias, toda
a trajetória poluidora da humanidade. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1979.

Leituras recomendadas
LOTT, C. P. M.; BESSA, G. D.; VILELA, O. Reabilitação de áreas e fechamento de minas.
Brasil Mineral, n. 228, jun. 2004.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. OMS divulga estimativas nacionais sobre ex-
posição à poluição do ar e impacto na saúde. 27 set. 2016. Disponível em: <http://
www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5249:oms-
-divulga-estimativas-nacionais-sobre-exposicao-a-poluicao-do-ar-e-impacto-na-
-saude&Itemid=839>. Acesso em 9 fev. 2018.
PHILLIPPI JR., A.; ROMÉRO, M. A.; BRUNA, G. C. Curso de gestão ambiental. 2. ed. São
Paulo: Manole, 2014.
PINTO, T. J. A. et al. Ciências farmacêuticas: sistema de gestão ambiental. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2009.
POLETO, C. Introdução ao gerenciamento ambiental. Rio de Janeiro: Interciência, 2010.
SÁNCHEZ, L. H. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina
de Textos, 2008.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

Esta Dica do Professor trata sobre o licenciamento ambiental. Você vai ver o conceito de
licenciamento ambiental e de licença ambiental e, ainda, que o processo de licenciamento se
divide em três fases: licença prévia (LP), licença de instalação (LI) e licença de operação (LO).
O licenciamento ambiental é uma exigência feita a todos os empreendimentos ou atividades que
empregam recursos naturais ou que possam causar algum tipo de poluição ou degradação ao
meio ambiente.

Assista.

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EXERCÍCIOS

1) As queimadas são utilizadas com frequência pelos agricultores como recurso para
preparar o solo para o plantio. É correto afirmar que o uso sistemático dessa conduta
não é indicado, por qual motivo?

A) Retira a água do solo.

B) Destrói micro-organismos do solo.

C) Impermeabiliza o solo.

D) Provoca menor desgaste do solo.

E) Dificulta a aeração do solo.

2) Considerando a importância da água para a manutenção da vida e a riqueza dos


recursos hídricos brasileiros, uma grave crise de água em nosso país poderia ser
motivada por:
A) reduzida área de solos agricultáveis.

B) ausência de reservas de águas subterrâneas.

C) escassez de rios e de grandes bacias hidrográficas.

D) degradação dos mananciais e desperdício no consumo.

E) transposição do rio São Francisco.

3) O ciclo da água pode ser aproveitado para produzir energia. Dessa forma, se faz
necessária a construção de uma barragem para represar a água e gerar energia
elétrica. Porém, a construção de barragens é responsável por diversos impactos
ambientais. Dentre eles, podemos citar:

A) o aumento do nível dos oceanos e das chuvas ácidas.

B) a chuva ácida e o efeito estufa.

C) os alagamentos e a intensificação do efeito estufa.

D) os alagamentos e os desequilíbrios da fauna e da flora.

E) a alteração do curso natural dos rios e a poluição atmosférica.

4) O aumento nos níveis de poluição é responsável por causar diversos problemas ao


meio ambiente, dos quais podemos citar a chuva ácida, que é um fenômeno causado,
principalmente, pelas emissões resultantes da queima de combustíveis fósseis. O
lançamento no ar de dióxido de enxofre por algumas indústrias e o óxido de
nitrogênio emitido em decorrência de diversos combustíveis fósseis e dos veículos
motorizados agregam-se ao hidrogênio na atmosfera e transformam-se em ácido
sulfúrico e em ácido nítrico. Com base nessas informações, é correto afirmar que, no
Brasil, o fenômeno das chuvas ácidas é:

A) inexistente, visto que a matriz energética brasileira é oriunda da energia hidráulica,


considerada limpa por não causar danos ambientais.

B) irrelevante, pois a maior parte da frota automobilística brasileira é movida a álcool,


combustível livre de gases responsáveis pelas chuvas ácidas.

C) intenso em algumas áreas, principalmente nos polos siderúrgicos, devido à utilização


maciça de carvão mineral.

D) inexistente, pois o carvão mineral utilizado para a geração de energia elétrica é pouco
poluente, por apresentar baixo teor de gases que provocam as chuvas ácidas.

E) intenso nos grandes centros urbanos, em razão do aumento expressivo da frota de


automóveis, com a queima de bicombustíveis.

5) Dois documentos são exigidos pela legislação ambiental brasileira aos


empreendedores como parte do processo de licenciamento ambiental, em
determinadas obras de grande impacto ambiental: o estudo de impacto ambiental
(EIA) e o relatório de impacto sobre o meio ambiente (RIMA). Com relação a esses
dois documentos, é correto afirmar que:

A) são desenvolvidos e redigidos exclusivamente pelos funcionários públicos técnicos do


Ibama, órgão do governo federal, o que leva, geralmente, a atrasos nos processos de
licenciamento.

B) devem indicar as medidas mitigadoras dos impactos do empreendimento, as quais serão


executadas sempre com recursos do governo federal.
C) são elaborados por equipes formadas exclusivamente por biólogos, que são os únicos
profissionais legalmente habilitados para a redação desses documentos.

D) são submetidos à aprovação do Ministério Público federal.

E) devem antecipar as consequências e impactos das obras sobre as condições geofísicas, os


ecossistemas e a população da área a ser afetada.

NA PRÁTICA

Na elaboração de um Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), é feito o


diagnóstico ambiental e a avaliação e a delimitação da área a ser recuperada, levando em
consideração a inserção local (entorno próximo). Para que esse diagnóstico seja feito, é
necessário que a equipe multidisciplinar levante os seguintes dados:

• Mapeamento das áreas de risco e identificação do agente degradante.


• Mapeamento geológico e topográfico.
• Mapeamento do uso e da ocupação do solo.
• Levantamentos qualitativos e quantitativos da qualidade do ar, dos solos, da fauna e da flora.
• Levantamento macro e microclimático.
• Levantamento dos aspectos hidrológicos – regime de chuvas, áreas de inundação, caminhos
preferenciais da água, considerando-se como unidade básica a microbacia hidrográfica.
• Disponibilidade de plântulas e sementes na vegetação natural do entorno.

Veja um caso prático.


SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

O conceito de biodiversidade e a história da biologia da conservação: da preservação da


wilderness à conservação da biodiversidade

Você verá o conceito de biodiversidade, discutindo a sua preservação e as preocupações que


devem ser tomadas com a proteção do patrimônio natural.
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Plano de recuperação de áreas degradadas (PRAD)

Veja mais sobre as definições gerais sobre o assunto, bem como os procedimentos e os métodos
necessários para a elaboração de um PRAD.

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Diagnóstico da degradação ambiental na área do lixão de Pombal - PB

O artigo trata da questão da degradação ambiental na área do lixão de Pombal, em Pernambuco,


abordando seus impactos sobre a população, a saúde pública e o meio ambiente. Também
aborda métodos para a identificação de impactos ambientais, como ad-hoc e checklist.

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Análise de riscos ambientais

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, será abordada a análise de riscos ambientais. O emprego


predominante da análise de risco acontece durante o licenciamento ambiental de fontes
potencialmente geradoras de acidentes ambientais. Essa análise, portanto, é fundamental em
Estudos de Impactos Ambientais (EIA)/Relatório de Impactos Ambientais (RIMA).

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir riscos ambientais.


• Reconhecer técnica(s) mais adequada(s) de identificação de riscos.
• Identificar riscos ambientais.

DESAFIO

Imagine que você foi contratado como gestor ambiental em um frigorífico para abate de frangos,
na região nordeste do Brasil. Segundo as normas de boas práticas para alimentos, as estruturas
de frigoríficos devem ser mantidas a temperaturas controladas, para não haver degradação ou
contaminação das carnes. O frigorífico em que você trabalha possui um sistema antigo de
refrigeração com uso de amônia, com riscos já identificados de vazamentos. A próxima
reunião já foi agendada e você precisa apresentar no mínimo três programas, com seus
respectivos objetivos, para serem inseridos no plano de gerenciamento para esse risco
ambiental. Não se esqueça de que não há verbas para inclusão de novas tecnologias ou para
troca do sistema de refrigeração existente.

INFOGRÁFICO

No infográfico a seguir, constam as cinco etapas que compõem a análise de riscos ambientais.
CONTEÚDO DO LIVRO

O capítulo Análise de Riscos Ambientais, da obra Avaliação de impactos ambientais apresenta a


análise de risco ambiental que acontece durante o licenciamento ambiental de fontes
potencialmente geradoras de acidentes ambientais.

Boa leitura!
AVALIAÇÃO DE
IMPACTOS
AMBIENTAIS

Karine Scherer
Revisão técnica:
Vanessa de Souza Machado
Bióloga
Mestre e Doutora em Ciências

Ronei Stein
Engenheiro Ambiental
Mestre em Engenharia Civil e Preservação Ambiental

A945 Avaliação de impactos ambientais / Ronei Stein... [et al.] ;


[revisão técnica: Vanessa de Souza Machado, Ronei T.
Stein]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.
428 p. : il. ; 22,5 cm

ISBN 978-85-9502-344-4

1. Engenharia ambiental. I. Stein, Ronei.


CDU 502.13

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147


Análise de riscos ambientais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir riscos ambientais.


 Reconhecer técnica(s) mais adequada(s) de identificação de riscos.
 Identificar diferentes tipos de riscos ambientais.

Introdução
Neste capítulo, será abordada a análise de riscos ambientais. O emprego
predominante da análise de risco acontece durante o licenciamento
ambiental de fontes potencialmente geradoras de acidentes ambientais.
Essa análise, portanto, é fundamental em Estudos de Impactos Ambientais
(EIA)/Relatório de Impactos Ambientais (RIMA).

Riscos ambientais
A Política Nacional do Meio Ambiente, introduzida pela Lei nº 6.938/1981,
prevê a utilização de diversos instrumentos para a implantação do gerencia-
mento de riscos ambientais. Entre eles, está a Avaliação de Riscos Ambientais,
que, na maioria das vezes, está inserida no EIA/RIMA (Estudo de Impacto
Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental), por meio da decisão de orga-
nizações governamentais de controle ambiental. (BRASIL, 1981). Assim, o
gerenciamento de riscos ambientais é precedido por uma série de processos
de avaliação das consequências de eventos potencialmente capazes de causar
impactos na saúde pública e no meio ambiente. Por exemplo, explosões, incên-
dios, derramamentos e emissões imediatas de substâncias tóxicas causadas
por acidentes são exemplos do primeiro tipo de consequência. Portanto, para
avaliar um risco, é necessário estimar a probabilidade de que o evento venha
a ocorrer, bem como a extensão dos danos que o mesmo poderá causar.
246 Análise de riscos ambientais

Dessa forma, a análise de riscos, embora seja complexa, é uma ferramenta


muito importante para identificar os pontos mais vulneráveis de uma insta-
lação ou de um processo, permitindo adotar medidas preventivas que irão
proteger o meio ambiente e o homem, caso venha a ocorrer algum acidente.
Assim, o controle e a minimização das fontes de poluição e o encaminhamento
correto dos resíduos gerados pelas empresas e pela sociedade são as duas
soluções mais efetivas e concretas utilizadas para assegurar a qualidade do
meio ambiente. Existe, porém, um outro ângulo do problema que deve ser
cuidadosamente analisado, pois afeta diretamente a eficácia destas duas
soluções – os riscos ambientais.
Podemos considerar como risco tudo aquilo que se refere à possibilidade
de ocorrências indesejáveis e passíveis de causar danos para a saúde, para
os sistemas econômicos e para o meio ambiente. Portanto, entre os riscos
ambientais que, com maior frequência dão origem a acidentes, estão aqueles
relacionados com o processamento, armazenamento e transporte de produtos.
Assim, visando um melhor planejamento e um maior controle por parte das
empresas para evitar tais situações, a legislação ambiental está estruturada
para punir severamente uma empresa que transgrida padrões de qualidade em
suas descargas ou que introduza modificações indesejadas no meio ambiente,
pois os riscos de contaminação, principalmente quando atingem o solo e os
corpos d’água, podem ter proporções desastrosas.
A identificação dos riscos inerentes às atividades da empresa e a avaliação
de suas possíveis consequências constituem os passos iniciais para qualquer
sistema de gestão. Por meio da avaliação de riscos, como a identificação e a
qualificação dos diferentes tipos de falhas que podem ocorrer e os volumes
de descargas que podem ser lançados em caso de acidentes, calculando a
possibilidade e a amplitude de um possível acidente, pode-se propor mudanças
no projeto, com o intuito de minimizar tais riscos ou até mesmo evitá-los.
Devemos nos perguntar “o que aconteceria se…” ao analisar a viabilidade
ambiental de um projeto, pois as consequências do mau funcionamento do
empreendimento podem ser mais significativas do que os impactos decorrentes
de seu funcionamento normal. O mapeamento dos riscos que podem afetar o
meio ambiente em uma determinada área ou instalação de uma empresa é o
primeiro passo para a solução de problemas ambientais, avaliando seus efeitos
sobre a água, o ar, os solos e a biodiversidade. A análise de riscos ambientais
está atrelada a três tipos de riscos existentes, que são:
Análise de riscos ambientais 247

 Riscos naturais: resultam do funcionamento dos sistemas naturais,


como abalos sísmicos, movimentos de massa em vertentes, erosão do
litoral, cheias e inundações.
 Riscos tecnológicos: resultam de acidentes, frequentemente súbitos e
não planejados, decorrentes da atividade humana, como cheias e inun-
dações por ruptura de barragens, acidentes no transporte de mercadorias
perigosas, emergências radiológicas, entre outras.
 Riscos mistos: resultam da combinação de ações continuadas da ati-
vidade humana com o funcionamento dos sistemas naturais, como
incêndios florestais.

Os riscos ambientais incorporam sempre dois componentes: a probabilidade


de ocorrência e a gravidade dos danos potenciais. Para avaliar um risco, são
necessárias, portanto, a probabilidade de que o evento venha a ocorrer e a
extensão dos danos que o mesmo pode causar. Riscos de maior probabilidade
de ocorrência e que impliquem em danos mais graves devem ser sempre con-
frontados em primeiro lugar, em qualquer plano de gerenciamento de riscos.
O nível de um risco pode ser avaliado em função da frequência com que
ocorrem as situações de risco e da severidade dos efeitos resultantes e, por isso,
as situações de risco são classificadas em permanentes, frequentes, esporádicas
e raras e a severidade desses efeitos pode variar de grave a negligível. É a
composição desses dois fatores que irá definir o nível de risco.
A análise de riscos, embora seja complexa, é uma ferramenta de extrema
importância para identificar os pontos mais vulneráveis de uma instalação ou de
um processo, permitindo adotar antecipadamente aquelas medidas preventivas
que servirão para proteger o meio ambiente e o homem, caso ocorra algum tipo
de acidente. É a partir da análise de riscos, com a identificação metódica das
situações e elementos que podem contribuir para o acontecimento de algum
acidente, que se pode elaborar um programa de redução ou minimização de riscos,
com planos de contingência e emergência em todos os setores da empresa. A
elaboração desses planos, ainda na fase de implantação de um projeto, irá facilitar
o processo de licenciamento ambiental das instalações do empreendimento.
Os riscos ambientais constituem, portanto, a mais nova preocupação pre-
sente nas decisões de empreendedores, que, para competir em um mercado
aberto e globalizado, precisarão se adequar às normas da série ISO 14.000,
relacionadas com a gestão da qualidade ambiental.
248 Análise de riscos ambientais

O tema meio ambiente assumiu uma posição de destaque entre as preocupações


que afligem a sociedade e, nos últimos anos, vem sendo objeto de um processo
de gradativa reavaliação. Atitudes isoladas visando à preservação do meio em que
vivemos, vão, aos poucos, cedendo espaço para abordagens mais racionais, objetivas
e sistêmicas dos problemas causados pela poluição e pelos impactos das atividades
humanas sobre o meio ambiente.
Com o intuito de uniformizar as ações que deveriam ser tomadas sob essa visão de
proteção ambiental, a ISO (Organização Internacional para a Normatização) decidiu
criar um sistema de normas denominadas ISO 14.000.
Em sua concepção, a série de normas ISO 14.000 tem como objetivo central um
Sistema de Gestão Ambiental que auxilia as empresas a cumprirem seus compromissos
assumidos com o meio ambiente. Como objetivos decorrentes, criam sistemas de cer-
tificação, tanto das empresas quanto de seus produtos, possibilitando, assim, distinguir
aquelas empresas que atendem à legislação ambiental e cumprem os princípios do
desenvolvimento sustentável.

Classificação de riscos ambientais


Os riscos ambientais podem ser classificados em quatro tipos:

 Riscos internos: relacionados com a saúde e a segurança dos funcioná-


rios, que podem dar motivo, com frequência, a processos trabalhistas e
autuações por órgãos fiscalizadores. Como exemplos de riscos internos,
podemos relacionar os casos de contaminação e intoxicação de funcio-
nários por produtos químicos prejudiciais à saúde, os níveis excessivos
de ruídos nos locais de trabalho, a contaminação de equipamentos e
partes das instalações por substâncias tóxicas, a contaminação do solo,
entre outros.
 Riscos externos: relacionados com a contaminação de comunidades
vizinhas e outras áreas, resultando, muitas vezes, em multas ou interdi-
ções pelos órgãos públicos e pressões por parte de ONGs (Organizações
Não-Governamentais). Os riscos externos mais frequentes são aqueles
decorrentes do transporte de resíduos e produtos da empresa, as des-
cargas de poluentes sobre moradias próximas e as emissões gasosas
que, associadas a condições atmosféricas desfavoráveis, podem causar
intoxicação em populações vizinhas.
Análise de riscos ambientais 249

 Riscos de contaminação dos próprios produtos: acarretam sérios


problemas de marketing, vendas e, em certos casos, processos movidos
em defesa dos consumidores.
 Riscos relacionados com a imagem institucional: são agravados
quando se trata de empresa exportadora para países nos quais os temas
ecológicos são tratados com maior rigorosidade.

Alguns riscos escapam ao julgamento objetivo e ao tratamento norma-


lizado dos exemplos já citados. São os riscos que incorporam interesses
comerciais ou resultam de campanhas movidas contra alguns tipos de produ-
tos. É o caso das barreiras não tarifárias que são impostas por alguns países
e blocos econômicos e que se aproveitam do tema ecológico para proteger
sua indústria e agricultura. Nesse sentido, é difícil estabelecer um limite
justo entre o zelo genuíno pelo meio ambiente e o protecionismo comercial
camuflado, mas é certo que empresas que não tiverem uma imagem am-
bientalmente correta correm o risco de ter os seus produtos rejeitados em
uma economia globalizada.
Algumas iniciativas, quando bem aplicadas, permitem que as empresas
alcancem esta imagem de “ambientalmente correta”, a custos compensadores,
por meio da política de portas abertas à comunidade, campanhas de coleta
seletiva e reciclagem e apoio aos moradores vizinhos para melhoria de suas
condições de vida; essas são apenas algumas das inciativas que têm permitido
a diversas empresas conquistar uma imagem positiva junto à sociedade. No
entanto, nessa situação, vale um alerta: o uso da má fé na criação de uma
imagem ambiental indevida e falsa é passível de penalidades legais.
Cabe ressaltar que outras ações, mais especificamente as de cunho técnico,
também podem contribuir para a redução de riscos ambientais. Entre essas
ações, convém destacar:

 A prática de auditorias ambientais periódicas, permitindo identificar as


áreas e operações de maior risco na empresa, antecipando-se à ocorrên-
cia de sinistros. Essas auditorias são fundamentais para a certificação
da empresa nas normas ISO 14.000.
 O tratamento adequado dos resíduos gerados, visando à sua efetiva
eliminação pela neutralização ou reciclagem de seus elementos tóxicos,
tendo em vista que simplesmente dispor esses resíduos em aterros não
elimina o risco ambiental, mas, pelo contrário, constitui-se em um
passivo ambiental para a empresa geradora.
250 Análise de riscos ambientais

 A adoção de tecnologias limpas que eliminam ou reduzem substancial-


mente a geração de poluentes no processo produtivo.
 A contratação da cobertura de riscos ambientais, modalidade de seguro
já existente em alguns países.

Nesse sentido, é muito importante ressaltar que, no caso da proteção ao


meio ambiente, a eventualidade da ocorrência de acidentes seja sempre con-
siderada de forma objetiva, despida do manto das catátrofes irremediáveis e
revestida de lógica e precaução.

Técnicas para identificação de riscos ambientais


A identificação de risco é um processo que determina quais riscos podem afetar
o empreendimento, documentando suas características a partir das informações
disponíveis e da experiência da equipe responsável. Esses riscos podem ser
considerados positivos (oportunidades) ou negativos (falhas). Geralmente, os
membros da equipe de identificação de risco são: equipe do projeto, consultores
do assunto, clientes, usuários finais, entre outros.
Podemos considerar a identificação de riscos como um processo intera-
tivo, que deve ocorrer de forma contínua entre a equipe de projeto (ou de
identificação de riscos) e todas as partes envolvidas, tendo em vista que novos
riscos podem surgir ao longo do processo.
A etapa de identificação de risco deve ser traduzida em um processo metó-
dico e bem organizado, de maneira que seja possível identificar todos os riscos,
inclusive os que não sejam controlados pela instituição, considerando que os
eventuais riscos não identificados nesta etapa dificilmente serão examinados
no futuro. Após a identificação, determinam-se todas as possíveis causas dos
eventos com base na criação de cenários e se citam algumas das ferramentas
que podem ser usadas, como: checklists, brainstormings ou análise de sistemas
semelhantes, entre outras. A escolha da ferramenta mais apropriada irá sempre
depender da natureza das atividades em estudo, dos tipos de risco, do contexto
em presença e dos objetivos da gestão de risco.
Entre as técnicas mais utilizadas para a identificação de riscos, podemos
citar as seguintes:
Análise de riscos ambientais 251

Técnicas de coleta de informação


 Brainstorming: é a técnica cujo objetivo é a obtenção de uma lista dos
riscos do projeto. Os principais stakeholders do projeto e especialistas
são agrupados para apresentar suas ideias sem qualquer tipo de restrição
ou consenso entre seus participantes. É importante que, durante essa
reunião, o gerente de riscos seja o facilitador, promovendo a identificação
de ameaças e oportunidades.
 Técnica Delphi: tem como objetivo o consenso entre especialistas.
Consiste em obter a opinião de especialistas em risco por meio de um
questionário, que deve ser respondido anonimamente. As respostas são
resumidas e redistribuídas aos especialistas para comentários adicionais.
O consenso será alcançado após algumas rodadas desse processo.
 Entrevistas: consiste em aplicar entrevistas com os principais stakehol-
ders do projeto e com especialistas, buscando identificar os riscos.
 Análise SWOT (strengths, weaknesses, opportunities and threats
analysis): este tipo de análise busca identificar problemas culturais,
organizacionais ou de ambiente que possam impactar o projeto com
base em quatro perguntas:

1. Quais são as forças da nossa organização, do projeto ou de algum


aspecto do projeto?
2. Quais são as fraquezas da nossa organização, do projeto ou de algum
aspecto do projeto?

Essas perguntas são de contexto interno do projeto, para avaliar o seu


ambiente atual.

3. Quais são as oportunidades que o projeto ou algum aspecto do projeto


apresenta?
4. Quais são as ameaças que o projeto ou algum aspecto do projeto
apresenta?

Essas perguntas buscam avaliar o contexto externo ao projeto e o am-


biente futuro.

 Análise da causa-raiz: busca identificar um problema e descobrir as


causas subjacentes que levaram a ele e desenvolver ações preventivas.
252 Análise de riscos ambientais

 Revisão da documentação do projeto: revisa todos os documentos do


projeto em busca de oportunidades e ameaças (riscos) para assegurar
a cobertura na identificação de riscos.
 Análise de listas de verificação ou checklist corporativo: é formado
por uma lista de verificação que auxilia o processo de análise das
informações históricas e da experiência da equipe.
 Opinião de especialistas: reúne especialistas em negócios, finanças
e nos aspectos técnicos para discutir os potenciais riscos do projeto.
 Análise de premissas: é a validação das premissas identificadas e
documentadas no decorrer dos processos de planejamento.
 Técnicas de diagramas:
■ Diagramas de causa e efeito (também conhecido como Ishikawa
ou espinha de peixe): são úteis para identificar a causa do risco,
definir alguns potenciais impactos e identificar as possíveis causas
para esses riscos.
■ Diagramas de sistema ou fluxograma (também conhecido como
diagrama de influência): demostram como os vários elementos de
um sistema se inter-relacionam e o mecanismo de causalidade.
■ Diagramas de influência: são a representação gráfica que apresenta os
eventos que mostram influências de causalidade, ordem dos eventos
no tempo e outras relações entre variáveis e resultados. Os riscos
identificados devem ser listados, explicitando suas causas e poten-
ciais impactos. Essas informações podem ajudar na definição dos
planos de respostas. Após serem identificados, os riscos podem ser
analisados qualitativamente e quantitativamente.
 Análise qualitativa de riscos: é o processo usado para avaliar o impacto
e a probabilidade dos riscos identificados. O objetivo desse processo é
promover uma forma de classificar os riscos identificados, priorizando-
-os. A determinação do grau de importância é o primeiro passo para a
elaboração de respostas adequadas e para seu controle, não devendo ser
considerada apenas na fase de planejamento, mas sim revista durante todo
o ciclo de vida do empreendimento. É uma maneira rápida e econômica
de estabelecer prioridades para o planejamento de resposta aos riscos,
devendo ser reexaminada durante todo o ciclo de vida do empreendimento.
 Análise quantitativa de riscos: É o processo usado para analisar
numericamente a probabilidade do risco, assim como sua consequência
nos objetivos do empreendimento. Ela difere da análise qualitativa por
ser mais precisa, sem envolvimento de mérito qualitativo, tendo por
objetivo determinar a probabilidade de alcançar um objetivo específico
Análise de riscos ambientais 253

do empreendimento, quantificar a exposição de risco, dimensionar o


custo e as reservas de contingência necessárias. Também visa obter
precisão na determinação dos recursos para defender contra incertezas
mapeadas no processo anterior, quantificar o nível de confiança para
alcançar os objetivos específicos do projeto, estimar distribuições de
probabilidade das variáveis mais importantes para o empreendimento,
aprimorando o processo de decisão, além de determinar a evolução do
risco total do empreendimento. Essa análise deve ser repetida após o
planejamento de respostas a riscos e de seu controle.

Identificação de riscos
Considera-se que a noção de risco está ligada à ideia de ameaça, no caso de que
um evento indesejável e danoso venha a ocorrer. Assim, os riscos podem ser
classificados a partir da natureza de seus agentes (químicos, biológicos, físicos
e psicossociais), de sua fonte geradora (meios de transporte, fármacos e proce-
dimentos medicos, hábitos individuais, entre outros) ou mesmo em relação ao
sujeito do risco (riscos à segurança, riscos à saúde humana, riscos ambientais,
riscos ao bem estar público, riscos financeiros, riscos ocupacionais, entre outros).
O mapeamento de riscos que podem afetar o meio ambiente em uma deter-
minada área ou instalação de uma empresa é o primeiro passo para a solução
dos problemas ambientais que a afligem. Esses riscos são avaliados por seus
efeitos sobre as três áreas básicas em que se divide tradicionalmente o meio
ambiente: as águas, o solo e o ar.
A poluição das águas se dá pela introdução de produtos que, por meio de
suas ações físicas, químicas e biológicas, degradam a qualidade da água e
afetam os organismos vivos nela existentes.
A poluição dos solos é causada principalmente pelo seu mau uso (exploração
mineral não racional, aplicação indiscriminada de pesticidas e outros produtos
químicos de uso na agricultura) e pela disposição incorreta de resíduos sólidos
ou líquidos que, além de contaminar o próprio solo, podem atingir o lençol
freático, passando a ser, também, agentes na poluição das águas.
A poluição do ar é causada pela acumulação na atmosfera de substâncias
em concentrações que gerem efeitos nocivos ao homem e ao meio ambiente.
Os principais contaminantes do ar são monóxido de carbono, hidrocarbo-
netos, óxidos de nitrogênio e enxofre, oxidantes fotoquímicos e materiais
particulados que, por efeito de sua reduzida granulometria, permanecem
em suspensão na atmosfera.
254 Análise de riscos ambientais

Também podemos citar duas outras formas de poluição ambiental que podem
assumir características de elevada nocividade: as radiações ionizantes, geradas
pelas atividades humanas (vazamentos e perdas ocorridos em centrais nucleares,
experimentos nucleares, radiações de equipamentos de raios X e microondas,
além dos subprodutos de algumas instalações de mineração) e a poluição sonora,
gerada em grandes aglomerados urbanos e nas atividades industriais que não
tenham sido adequadamente projetadas para controlar a propagação dos ruídos
resultantes de seus processos e equipamentos de produção.

Riscos aos recursos hídricos


A água, sendo essencial à vida, constitui um dos bens mais preciosos à dis-
posição da humanidade. Por ser um bem já escasso em muitas regiões, requer
racionalidade e parcimônia em sua utilização. A poluição dos recursos hídri-
cos ocorre através da introdução de elementos que, por meio de suas ações
físicas, químicas e biológicas degradam a qualidade da água, podendo ser
nocivos ou prejudiciais aos organismos, plantas e às atividades humanas. A
cadeia alimentar pode ser facilmente afetada pela contaminação das águas,
levando substâncias tóxicas como efluentes industriais, pesticidas agrícolas,
resíduos de atividades mineradoras, entre outros, atingindo sucessivamente
microrganismos, crustáceos e peixes, até chegar ao homem. Também é preciso
levar em consideração que a interação permanente da água com o solo sobre
o qual flui e no qual se infiltra obriga a uma avaliação conjunta desses dois
meios, além de um cuidado redobrado para que os contaminantes de um não
se transfiram e contaminem o outro.
O risco gerado pela contaminação das águas é uma questão crítica, tendo
em vista que lençóis freáticos, lagos, rios, mares e oceanos são o destinatário
final de todo e qualquer poluente solúvel em água que tenha sido lançado no
ar ou no solo. Assim, além dos elementos poluentes, os corpos d’água também
recebem os poluentes oriundos da atmosfera e dos solos.
A racionalização do uso da água nas atividades promovidas pelo homem
seria um dos primeiros passos para reduzir os riscos da contaminação hídrica,
pois se forem menores os volumes de água utilizados e descartados por ativi-
dades como mineração, agricultura, indústria ou serviços, menores serão as
necessidades de tratamento e de recondicionamento às condições originais de
pureza. Juntamente à racionalização do uso da água, estão atrelados outros dois
conceitos: o de reutilização da água por mais vezes antes de ser descartada para
o meio e o da segregação de seus vários fluxos, impedindo que águas pluviais
se misturem aos esgotos sanitários e as àguas de processos industriais. Outro
Análise de riscos ambientais 255

ponto importante e que precisa ser destacado está relacionado ao saneamento


do meio (limpeza urbana, coleta de lixo, drenagem das águas pluviais, controle
de vetores), que tem como objetivo evitar que as chuvas, os ventos e outros
meios naturais e artificiais transportem seus agentes até os recursos hídricos.

Riscos ao solo
A poluição dos solos é causada pela introdução de elementos químicos, como
hidrocarbonetos de petróleo, metais pesados como chumbo, cádmio, mercúrio,
cromo e arsênio e pela aplicação indiscriminada de pesticidas (Figura 1). Sua
causa também se deve a alterações causadas pela ação do homem e seu mau
uso, como a exploração mineral não racional e a disposição inadequada de
resíduos sólidos e líquidos que, além de contaminar o solo, podem atingir
também o lençol freático.

Figura 1. Contaminação do solo pela utilização de pesticidas na agricultura.


Fonte: Alf Ribeiro/Shutterstock.com.

O maior risco da contaminação do solo por elementos poluentes está no fato


de que essas substâncias são arrastadas pelas águas superficiais e subterrâneas
por distâncias que se encontram fora das áreas sob controle e monitoramento,
gerando uma contaminação cuja remediação será custosa e demorada. Por essa
razão, o estudo da contaminação dos solos e as soluções adotadas para que isso
seja evitado estão quase sempre relacionados com a contaminação das águas.
256 Análise de riscos ambientais

O risco de contaminação dos solos é, hoje, um tema de grande relevância


nas grandes aglomerações urbanas pela dificuldade de disposição adequada de
seus resíduos, gerados em grandes quantidades, pois uma área de disposição e
confinamento de resíduos pode gerar ainda outros riscos, como odores, gases
tóxicos, chorume, além do inevitável impacto visual negativo. Vale ressaltar
que a erosão e as inundações, provocadas pelo desmatamento de áreas, por
exemplo, também apresentam impactos consideráveis sobre o solo.

Riscos à atmosfera
A poluição do ar é provocada pelo acúmulo de elementos como monóxido
de carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio, de enxofre, ozônio,
compostos de chumbo, fuligem e fumaça branca que, em determinadas
concentrações, podem apresentar efeitos nocivos ao homem e ao meio am-
biente. Essas substâncias, conhecidas como poluentes atmosféricos, podem
aparecer sob a forma de gases ou partículas provenientes de fontes naturais,
como vulcões e neblinas, ou ainda de fontes artificiais, produzidas pelas
atividades humanas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2015), a poluição atmosférica
é responsável por mais de 7 milhões de mortes por ano no mundo devido
à grande incidência de materiais particulados, constituídos por poeiras e
fuligem, que estão entre os principais causadores de doenças ocupacionais,
como a silicose e a asbestose. Além dos efeitos nocivos causados pela emis-
são de gases e particulados, os odores, as radiações ionizantes, as emissões
radioativas e a poluição sonora também podem ser considerados como fatores
de risco para a atmosfera.
O crescimento nas taxas de incidência de algumas doenças ocupacionais
de origem respiratória e as condições extremas de contaminação do ar, que se
tornavam cada vez mais comuns em algumas regiões dos países industriali-
zados, foram os principais fatores que atuaram em favor de um controle mais
rigoroso do lançamento de poluentes no ar. Pode-se dizer que, hoje, não existem
mais razões técnicas para que as indústrias continuem a lançar poluentes no
ar, graças aos avanços alcançados nos projetos de instalações de filtragem e
de tratamento de gases e vapores expelidos pelos processos industriais. Redes
de monitoramento, modelos de dispersão e sistemas de medição contínua são
alguns dos recursos técnicos disponíveis para assegurar um bom controle da
qualidade do ar; no entanto, em razão dos custos elevados de muitas destas
instalações, esse processo ainda pode ser postergado.
Análise de riscos ambientais 257

Para compreender melhor as questões relacionadas à poluição ambiental e o que rege


a legislação referente a essas questões, sugere-se as seguintes leituras:
 Lei nº 6.938/1981 – Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981).
 Lei nº 12.305/2010 – Dispõe sobre a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010).
 Resolução CONAMA nº 3/1990 – Dispõe sobre Padrões de Qualidade do Ar.
 Resolução CONAMA nº 357/2005 – Dispõe sobre a Classificação dos Corpos da
Água e Diretrizes Ambientais para o seu Enquadramento.

Prevenção de riscos
Alguns impactos são de ocorrência incerta, mas essa incerteza não pode, de
forma alguma, ser negligenciada durante os estudos de Avaliação de Impacto
Ambiental (AIA) e, muito menos, durante os processos de operação do empre-
endimento. Da mesma forma, o plano de gestão deve incluir medidas voltadas
para esses impactos, pois quando o Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
comporta um estudo detalhado de risco ou é complementado por um estudo de
análise de risco, isso se torna evidente, tendo em vista que o estudo de risco irá
propor uma série de medidas de redução e gestão do risco que, naturalmente,
deverão fazer parte do plano de gestão do empreendimento. Entretanto, mesmo
que o projeto não comporte graves perigos e não seja necessária a preparação
de um estudo de risco, a incerteza sobre a ocorrência de certos impactos (que
ocorrerão somente se certas condições se manifestarem) não pode ser usada
para justificar a ausência de medidas para a redução de riscos, de modo que
elas devem fazer parte do conjunto de medidas mitigadoras.
No caso da prevenção de riscos, dois conjuntos de medidas podem fazer
parte do plano de gestão ambiental: o plano de gerenciamento de riscos e o
plano de atendimento a emergências. O Plano de Gerenciamento de Riscos
(PGR) deve contemplar todas as ações a serem implementadas em caso de
ocorrência de acidentes. Cabe ao órgão licenciador determinar a necessidade
de apresentação de um PGR, a fase do processo de licenciamento em que o
plano e o seu conteúdo devem ser apresentados.
Para boa parte dos empreendimentos sujeitos ao processo de AIA, não é neces-
sário um grande detalhamento dos procedimentos de segurança e gerencimentos
de riscos, tendo em vista que apresentam riscos substancialmente menores que o
de indústrias químicas ou de instalações de transporte e armazenagem de petróleo
258 Análise de riscos ambientais

ou derivados. Nesse caso, uma descrição dos procedimentos de prevenção de


riscos e das ações previstas em caso de ocorrência de acidentes pode ser suficiente.

No link a seguir, você terá acesso a um Programa de


Gerencimento de Riscos (PGR) referente à operação do
Porto de São Francisco do Sul (SC), elaborado como forma
de definir as ações de gestão para o controle das suas
atividades operacionais. Nele, são abordados os elemen-
tos preventivos que visam reduzir o risco de acidentes e
corretivos, minimizando eventuais impactos ambientais
(CARUSO JR, 2012).
Disponível em:
https://goo.gl/uGyvKG

Tais ações podem ser descritas no Plano de Atendimento de Emergências


(PAE). É importante salientar que a preparação para atendimento a emergências
é item obrigatório em sistemas de gestão ambiental que sigam as diretrizes
da norma NBR ISO 14.001:2004. (ASSOCIAÇÃO..., 2004)
Um PAE deve conter, entre outros itens:

 uma descrição dos cenários ou hipóteses acidentais consideradas;


 as ações de resposta às situações emergenciais compatíveis com os ce-
nários acidentais considerados, incluindo os procedimentos de avaliação
de situação, a atuação emergencial (combate a incêndios, isolamento,
evacuação, contenção de vazamentos, entre outros) e ações de recupe-
ração das áreas afetadas;
 a descrição dos recursos materias e humanos disponíveis e os programs
de treinamento e capacitação.

A capacitação dos recursos humanos é um dos requisitos mais importantes


para o sucesso dos planos de emergência e a obtenção de bons resultados dos
demais elementos do plano de gestão ambiental.
Análise de riscos ambientais 259

Em determinadas situações, a preparação de um estudo completo de análise


de risco pode ser substituída pela preparação de um plano de gerenciemanto de
riscos. Com isso, evitam-se as atividades complexas e detalhadas de estimativa
das frequências e de simulação dos efeitos físicos, concentrando os esforços na
formulação de medidas para reduzir os riscos e na preparação de um PAE. Esse
plano de gerenciamento de riscos pode facilmente ser incorporado a um EIA
ou a algum documento subsequente no processo de licenciamento ambiental.

Para entender um pouco mais sobre o Plano de Gerencia-


mento de Riscos (PGR) e sobre o Plano de Atendimento
de Emergências (PAE), sugere-se a leitura da Apostila do
Curso sobre Estudo de Análise de Riscos e Programa de
Gerenciamento de Riscos, oferecido pelo Ministério do
Meio Ambiente. Acesse a apostila no link ou código a seguir.
https://goo.gl/yfs5GF

1. A análise de riscos ambientais b) Ambiental, social e econômico.


pode ser dividida em cinco etapas: c) Flora e fauna.
identificação dos perigos, análise d) Geológico e hidrográfico.
dos riscos, monitoração do plano, e) Social e econômico.
implementação de um plano de 3. A liberação de pequenas
controle/redução dos riscos e: quantidades de substâncias em
a) mitigação de riscos. águas subterrâneas utilizadas
b) meio biótico. para abastecimento doméstico
c) gerenciamento dos riscos. é considerada como qual
d) riscos tecnológicos. tipo de risco ambiental?
e) reavaliação periódica do plano. a) Riscos agudos.
2. A análise de riscos ambientais b) Riscos naturais.
é o potencial de ocorrência c) Riscos crônicos.
de resultados adversos d) Riscos biológicos.
indesejados a quais meios? e) Riscos siderais.
a) Físico, biótico e antrópico.
260 Análise de riscos ambientais

4. Para um pleno gerenciamento 5. A explosão de um tanque de


dos riscos, as medidas de combustíveis, causada pela
prevenção de acidentes devem queda de um raio, é considerada
ser associadas a quê? qual tipo de risco ambiental?
a) Probabilidade × magnitude. a) Risco natural.
b) Aspecto × impacto. b) Risco biológico.
c) Fauna e flora. c) Risco geológico.
d) Meios antrópicos e físicos. d) Risco sideral.
e) Comunidade × impactos. e) Risco atmosférico.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRAS DE NORMAS TÉCNICAS. Norma Brasileira ABNT NBR ISO


14001. Sistemas da gestão ambiental - Requisitos com orientações para uso. São
Paulo: ABNT, 2004.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Brasília, DF, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.
htm>. Acesso em: 13 dez. 2017.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.
Brasília, DF, 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 13 dez. 2017.
CARUSO JR. Programa de Gerenciamento de Riscos: PGR Porto de São Francisco Do
Sul / SC. São Francisco do Sul, 2012. Disponível em: <http://www.apsfs.sc.gov.br/
wp-content/uploads/2014/11/SGA-PGR-00.pdf>. Acesso em: 13 dez. 2017.
CONAMA. Resolução CONAMA nº 3, de 28 de junho de 1990. Dispõe sobre padrões de
qualidade do ar, previstos no PRONAR. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 1990.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=100>.
Acesso em: 13 dez. 2017.
CONAMA. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos
corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como esta-
belece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.
Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 2005. Disponível em: <http://www.mma.
gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459>. Acesso em: 13 dez. 2017.
DET NORSKE VERITAS. Módulo 13: PGR/PAE. Rio de Janeiro: DNV, 2007. (Curso sobre
estudo de análise de riscos e programa de gerenciamento de riscos). Disponível em:
Análise de riscos ambientais 261

<http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/_14.pdf>. Acesso em: 17


nov. 2017.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Poluição do ar provoca morte de mais de 7 mi-
lhões de pessoas por ano. 27/10/2015. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/
oms-poluicao-do-ar-provoca-morte-de-mais-de-7-milhoes-de-pessoas-por-ano/>.
Acesso em: 21 dez. 2017.
SILVA, D. J. P. Entendendo a ISO 14000. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2012.
(Série Sistema de Gestão Ambiental). Disponível em: <https://www2.cead.ufv.br/sgal/
files/apoio/saibaMais/saibaMais6.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2017.

Leituras recomendadas
BARBOSA, R. P. Avaliação de Risco e Impacto Ambiental. São Paulo. Saraiva, 2014.
BRITO, R.M.L.D. Responsabilidade Ambiental: metodologia de análise de risco am-
biental. Dissertação (Mestrado em Biologia) - Faculdade de Ciências, Universidade
do Porto, Porto, 2013.
COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Manual (P4.261): orien-
tação para a elaboração de estudos de análise de riscos. São Paulo: CETESB, 2003.
PHILIPPI JUNIOR, A.; ROMÉRO, M. A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. 2. ed.
São Paulo: Manole, 2014.
PINTO, T. J. A. et al. Ciências Farmacêuticas: sistema de gestão ambiental. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2009. 354 p.
SÁNCHEZ, L. H. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo:
Oficina de Textos, 2008. 495 p.
VALLE, C. E. Como se preparar para as Normas ISO 14.000: qualidade ambiental. 2. ed.
São Paulo: Pioneira, 1995. 137 p.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

Nas análises de risco ambiental, é possível detalhar o diagnóstico, incluindo diferentes


parâmetros, conforme demonstrado no vídeo a seguir.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) A análise de riscos ambientais pode ser dividida em cinco etapas: identificação dos
perigos, análise dos riscos, monitoração do plano, implementação de um plano de
controle/redução dos riscos e:

A) mitigação de riscos.

B) meio biótico.

C) gerenciamento dos riscos.

D) riscos tecnológicos.

E) reavaliação periódica do plano.

2) Análise de riscos ambientais é o potencial de ocorrência de resultados adversos


indesejados a quais meios?

A) Físico, biótico e antrópico.

B) Ambiental, social e econômico.


C) Flora e fauna.

D) Geológico e hidrográfico.

E) Sociais e econômicos.

3) A liberação de pequenas quantidades de substâncias em águas subterrâneas


utilizadas para abastecimento doméstico é considerada como qual tipo de risco
ambiental?

A) Riscos agudos.

B) Riscos naturais.

C) Riscos crônicos.

D) Riscos biológicos.

E) Riscos siderais.

4) Para um pleno gerenciamento dos riscos, as medidas de prevenção de acidentes


devem ser associadas a quê?

A) Probabilidade x magnitude

B) Aspecto x impacto

C) Fauna e flora
D) Meios antrópicos e físico

E) Comunidade x impactos

5) A explosão de um tanque de combustíveis, causada pela queda de um raio, é


considerado qual tipo de risco ambiental?

A) Risco natural

B) Risco biológico

C) Risco geológico

D) Risco sideral

E) Risco atmosférico

NA PRÁTICA

Guia de Procedimentos do Licenciamento Ambiental FederalVocê é gestor ambiental em um


empreendimento que possui uma galvanoplastia. Neste contexto, você realizou, junto com sua
equipe, um estudo de análise de riscos ambientais. Nesse estudo, foi identificado que o efluente
gerado por sua galvanoplastia, somado ao efluente industrial do restante do empreendimento
(tratado separadamente), promove alta toxicidade no corpo receptor quando lançados. Como
uma das ações para o gerenciamento dos riscos, você sugeriu um estudo da composição de cada
efluente e justificou que o conhecimento mais detalhado acerca das propriedades de cada
efluente será fundamental para sanar o problema e para se agir adequadamente no foco da
contaminação.

Você sabe que a galvanoplastia é tida como uma das mais tóxicas entre os outros tipos de
indústrias, pois ela é um ramo da indústria metal-mecânica em que as superfícies metálicas ou
plásticas são tratadas a partir de processos químicos ou eletrolíticos.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Manual de Análise de Riscos Ambientais

Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM) 2001.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Resolução CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986

Resolução nº 1, de 23 de janeiro de 1986. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 fev. 1986.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Monitoramento de impactos ambientais

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, será abordado o monitoramento de impactos ambientais. Esse


monitoramento tem a função de confirmar ou não as previsões feitas na avaliação de impactos
ambientais e de constatar se o empreendimento atende aos requisitos aplicáveis (condicionantes
da licença ambiental, legislação, desempenho ambiental, entre outros). Além disso, serve para
alertar sobre necessidades de ajustes e correções.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a importância do monitoramento ambiental.


• Identificar as fases do monitoramento ambiental.
• Analisar a estrutura de um plano de monitoramento ambiental.

DESAFIO

Suponha que você, na condição de gestor ambiental, está trabalhando em uma incorporadora
imobiliária e recebeu a licença de instalação (LI) de uma novo empreendimento a ser instalado
em uma cidade próxima.

Ao ler a LI, você se depara com as seguintes condicionantes:

Item 1. O esgotamento sanitário gerado pelo canteiro de obras deverá ser coletado em banheiros
químicos e adequadamente destinado ou tratado por meio de fossa séptica e de filtro anaeróbio
adequadamente dimensionado.

Item 2. Resíduos Classe A deverão ser encaminhados para a central de triagem do município,
para aterros licenciados pelo órgão ambiental competente.

Item 3. Resíduos Classe B deverão ser encaminhados para empresas, cooperativas ou


associações de recicladores devidamente licenciados pelo órgão ambiental competente.
Item 4. Todos os resíduos gerados durante a obra deverão ter destino controlado e registrado
mensalmente em relatório que deverá estar à disposição de técnicos e fiscais da Secretária
Municipal do Meio Ambiente (SMMA) na obra.

Item 5. Deverão ser adotadas medidas mitigatórias no que diz respeito à erosão do solo, ao
derramamento de material em vias públicas, à poluição do ar pela movimentação de cargas, à
contaminação do solo, entre outras.

Diante destes itens, elabore um plano de monitoramento que obedeça as restrições e condições
exigidas pelo órgão competente.

INFOGRÁFICO

O infográfico a seguir apresenta um esquema do funcionamento de um monitoramento de


impactos ambientais.

CONTEÚDO DO LIVRO

Para mais informações sobre os elementos fundamentais ao processo de monitoramento de


impacto ambiental, uma das etapas que compõem um Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
Acompanhe o capitulo Monitoramento de Impactos Ambientais, do livro Avaliação de
impactos ambientais.

Boa leitura.
AVALIAÇÃO DE
IMPACTOS
AMBIENTAIS

Raquel Finkler
Revisão técnica:
Vanessa de Souza Machado
Bióloga
Mestre e Doutora em Ciências

Ronei Stein
Engenheiro Ambiental
Mestre em Engenharia Civil e Preservação Ambiental

A945 Avaliação de impactos ambientais / Ronei Stein... [et al.] ;


[revisão técnica: Vanessa de Souza Machado, Ronei T.
Stein]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.
428 p. : il. ; 22,5 cm

ISBN 978-85-9502-344-4

1. Engenharia ambiental. I. Stein, Ronei.


CDU 502.13

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147


Monitoramento de
impactos ambientais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer a importância do monitoramento ambiental.


 Identificar as fases do monitoramento ambiental.
 Analisar a estrutura de um Plano de Monitoramento Ambiental.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar os elementos fundamentais ao processo
de monitoramento de impacto ambiental, que é uma das etapas que
compõem um Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Além disso, o moni-
toramento serve para verificar se o empreendimento está atendendo à
legislação e/ou às condicionantes que constam na licença ambiental.
O monitoramento ambiental é uma etapa fundamental para a deter-
minação de efeitos adversos do empreendimento no meio. Com os dados
resultantes do monitoramento, você pode identificar possibilidades de
ajustes nos processos e garantir a qualidade ambiental do meio.

Monitoramento ambiental:
objetivos e importância
A garantia da qualidade ambiental está prevista na Política Nacional do Meio
Ambiente (BRASIL, 1981). No artigo 4º da referida Lei, constam os seus
objetivos, merecendo destaque:

[...] III - ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e


de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
334 Monitoramento de impactos ambientais

V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, a divulgação de dados


e informações ambientais e a formação de uma consciência pública sobre a
necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;
VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua
utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para manu-
tenção do equilíbrio ecológico propício a vida; [...].

Além disso, entre os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente


(BRASIL, 1981), consta o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental,
a Avaliação de Impactos Ambientais e o licenciamento e a revisão de atividades
efetiva e potencialmente poluidoras. Considerando o exposto, o monitoramento
ambiental busca verificar se os padrões de qualidade ambiental são atendidos pelos
empreendimentos, de forma a minimizar os impactos e a preservar o ambiente.
O monitoramento ambiental é previsto em diferentes resoluções do Con-
selho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). A Resolução Conama nº 1
(CONAMA, 1986) define que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) deve
atender à legislação e aos princípios expressos na Lei 6.938 (BRASIL, 1981).
O artigo 6 da referida Resolução define a “elaboração do programa de acom-
panhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos, indicando
os fatores e parâmetros a serem considerados”. Já na Resolução Conama nº
237 (CONAMA, 1997) define que, no processo de licenciamento ambiental,
devem ser previstas medidas de controle.
Sendo assim, a legislação ambiental reforça a relevância da etapa de mo-
nitoramento e controle dos impactos ambientais em todo o processo de licen-
ciamento ambiental, a partir da solicitação da apresentação de um Estudo de
Impactos Ambientais, quando for o caso, até a emissão da licença de operação
de um empreendimento.
Lembre-se que um estudo de Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)
é realizado em diferentes etapas, iniciando pelo diagnóstico ambiental da
área do empreendimento e passando por análise e definição dos impactos
ambientais, indicação de medidas de minimização dos impactos identificados
e estabelecimento de um programa de monitoramento.
Machado et al. (2002) afirmam que a AIA é um instrumento orientador do
processo de avaliação de efeitos ecológicos, sociais e econômicos decorrentes
da implantação de atividades antrópicas (projetos, planos e programas), bem
como do monitoramento e controle dos efeitos pelo poder público e pela socie-
dade. A definição dos autores indica que a etapa de monitoramento também
contribui para a identificação e avaliação dos impactos previstos na etapa de
análise de impactos por meio de metodologias como: método ad hoc, matrizes
de interação, modelagem, entre outras metodologias.
Monitoramento de impactos ambientais 335

Em síntese, no contexto de uma AIA, o monitoramento está relacionado à


medição das variáveis ambientais após o início da implantação de um empreen-
dimento para documentar as alterações, basicamente com o objetivo de testar as
hipóteses e previsões dos impactos e as medidas mitigadoras (BRASIL, 2002a).
Os registros das alterações do meio permitirão que tanto o empreendedor
quanto o órgão ambiental possam verificar a intensidade dos impactos que
vêm ocorrendo e, dessa forma, propor ações para a sua mitigação.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2009a), o mo-
nitoramento ambiental se refere ao conhecimento e ao acompanhamento
sistemático da situação dos recursos ambientais (meios físico e biótico), obje-
tivando a recuperação, a melhoria e a manutenção da qualidade ambiental. O
mesmo autor continua afirmando que a qualidade ambiental está relacionada
ao controle das variáveis ambientais, que se alteram em função das ações
antrópicas e/ou transformações naturais.
Vale ressaltar que qualidade ambiental pode ser compreendida como
(BRASIL, 2002b):

Resultado dos processos dinâmicos e interativos dos elementos do sistema


ambiental, define-se como o estado do meio ambiente, numa determinada
área ou região, conforme é percebido objetivamente, em função da medição
da qualidade de alguns de seus componentes, ou mesmo subjetivamente, em
relação a determinados atributos, como a beleza, o conforto, o bem-estar.

Rocha, Rosa e Cardoso (2009) afirmam que, no monitoramento ambiental,


o objetivo da realização de análises é obter dados que, quando comparados com
valores previamente estabelecidos, permitam diagnosticar se o objeto em estudo
obedece aos critérios ou padrões de qualidade reconhecidos por normas técnicas.
Os objetivos de um monitoramento ambiental são (SANCHEZ, 2013):

 verificar os impactos reais de um empreendimento;


 detectar mudanças não previstas;
 alertar para a necessidade de agir, caso os impactos ultrapassem certos
limites;
 avaliar a eficácia dos programas de gestão ambiental.

Em síntese, o monitoramento ambiental permite, por meio da realização


de análises e de indicadores, a avaliação espacial e temporal das condições
do meio (componente bióticos e abióticos), resultando no diagnóstico das suas
condições, permitindo traçar tendências e indicando intervenções.
336 Monitoramento de impactos ambientais

Fases de monitoramento ambiental


O monitoramento das condições do meio deve ser realizado em diferentes
etapas do processo de licenciamento ambiental. Segundo Sánchez (2013), o
monitoramento ambiental pode ser classificado segundo as etapas do empre-
endimento, conforme consta na Figura 1.

Figura 1. Tipos de monitoramento.


Fonte: adaptada de Sánchez (2013).

Pela análise da Figura 1, você observa que, em três etapas da implemen-


tação de um empreendimento, deverá ser realizado o monitoramento para
prever impactos ambientais e sociais. Segundo Sánchez (2013), essas etapas
se caracterizam da seguinte forma:

 monitoramento pré-operacional: é realizado na etapa dos estudos


base e pode continuar após o Estudo de Impacto Ambiental (EIA);
 monitoramento operacional: é realizado nas fases de implantação,
funcionamento e desativação de um empreendimento;
 monitoramento pós-operacional: é realizado após o fechamento de
um empreendimento, sendo executado para atividades nas quais há
significativos impactos ambientais.

O monitoramento pode ser realizado tanto por empreendimentos quanto


pelo poder público, com base em órgãos ambientais específicos. A implemen-
tação desses sistemas de acompanhamento das condições do meio deve seguir
as etapas definidas em um plano ou programa de monitoramento ambiental.
O Tribunal de Contas da União (2007) indica, na sua cartilha denominada
“Cartilha de Licenciamento Ambiental”, que, após concedida a licença de ope-
ração, o empreendedor deve realizar as medidas de controle ambiental e demais
condicionantes, sendo que estas se referem à implementação correta dos progra-
mas de monitoramento e de acompanhamento ambiental do empreendimento.
Monitoramento de impactos ambientais 337

Os critérios técnicos e a metodologia de coleta e de análise dos dados


para o monitoramento de um empreendimento devem estar descritos em um
documento denominado “Plano ou Programa de Monitoramento Ambiental”.
Ressalta-se que os todos os custos decorrentes da elaboração do “Plano de
Monitoramento”, bem como as etapas de coleta e análise dos dados e emissão
de relatório, são de responsabilidade do empreendedor.
Cunha (2014) afirma que o processo de AIA deve ser monitorado conti-
nuamente para verificar se o projeto atende aos procedimentos aprovados, se
os impactos ocorreram de acordo com o previsor e se as medidas mitigadoras
estão sendo efetivadas.
No que se refere ao monitoramento em sistemas de gestão ambiental
municipal, Finotti et al. (2009) afirmam que esse monitoramento apresenta
funções variáveis em virtude de seus objetivos, que normalmente visam ao
conhecimento para subsidiar as atividades de fiscalização e licenciamento ou
à geração de dados necessários para a criação de políticas, planos ou ações.
Os dados coletados na etapa de monitoramento permitem a elaboração
de indicadores que facilitam a compreensão e interpretação das condições
do meio. Para Santos (2011), “o estabelecimento de indicadores, ferramentas
gerenciais imprescindíveis para a sistemática de avaliação de políticas, pro-
gramas e projetos, é um dos elementos cruciais no processo de avaliação.”

Ferreira (2016), em seu trabalho de conclusão de curso de especialização em gestão


pública, realizou um diagnóstico das iniciativas federais na produção e disponibilização
de dados ambientais. Para compreender mais sobre esses dados, acesse o link a seguir.

https://goo.gl/knEz7U

Indicadores
De acordo com o site do Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2018a),
indicadores são:

informações quantificadas, de cunho científico, de fácil compreensão, usa-


das nos processos de decisão em todos os níveis da sociedade, úteis como
ferramentas de avaliação de determinados fenômenos, apresentando suas
tendências e progressos, que se alteram ao longo do tempo.
338 Monitoramento de impactos ambientais

Já Ferreira, Cassiolato e Gonzalez (2009) conceituam indicador como


“medida, de ordem quantitativa ou qualitativa, dotada de significado par-
ticular e utilizada para organizar e captar as informações relevantes dos
elementos que compõem o objeto da observação”. Os autores comentam,
ainda, que a adoção de indicadores é um recurso metodológico que informa
a evolução do aspecto observado. Por fim, na sua definição, é importante
analisar a relevância e a utilidade para seus usuários potenciais.
Malheiros, Coutinho e Philippi Jr. (2012) afirmam que indicador é uma
ferramenta de apoio à decisão e que depende das necessidades dos usuários,
ou seja, a partir de um objetivo, define-se a necessidade de informações de
apoio à decisão, sendo essas os indicadores. Os autores finalizam concluindo
que as variáveis são definidas a partir do que se espera desse indicador.
É importante, além disso, diferenciar indicadores de índices, que se referem
a ponderações numéricas de conjuntos de variáveis e parâmetros, dados ou
variáveis mensuráveis (BRASIL, 2014).
Um bom indicador deve ter como principais características simplicidade;
dados ou variáveis mensuráveis de dados disponíveis e ser de fácil inter-
pretação. As características de um bom indicador, segundo o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (BRASIL, 2010) são relevância para a
sua formulação, adequação à análise e mensuração.

A partir de indicadores, pode-se verificar a qualidade


ambiental atual. Considerando o exposto e buscando o
fortalecimento do Sistema Nacional de Informação sobre
Meio Ambiente (SINIMA), o Ministério do Meio Ambiente
publicou, em maio de 2014, o Painel Nacional de In-
dicadores Ambientais, que apresenta 34 indicadores
referentes aos temas: atmosfera e mudanças climáticas;
biodiversidade e florestas; governança, riscos e prevenção;
produção e consumo sustentáveis; qualidade ambiental;
recursos hídricos; e terra e solos (BRASIL, 2014). Acesse o
link ou o código a seguir e conheça todos eles.

https://goo.gl/8tmYZ5
Monitoramento de impactos ambientais 339

Plano de Monitoramento Ambiental


O Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2009a) define o plano ou programa
de monitoramento ambiental como o mecanismo de avaliação sistemática dos
resultados da implantação de um projeto. Sendo assim, o Plano de Monitora-
mento é um documento elaborado por um técnico habilitado e capacitado no
qual devem constar descritos os objetivos, a área de abrangência, a metodologia
de monitoramento (pontos de amostragem e análises a serem realizadas) e
as ferramentas a serem utilizadas na interpretação dos dados obtidos. Um
planejamento adequado do monitoramento garante que as análises e infor-
mações sejam fidedignas, o que permite o acompanhamento dos impactos de
um empreendimento e a tomada de ações.
Segundo Rosa, Franceto e Moschini-Carlos (2012), o programa de mo-
nitoramento, além da indicação e justificativa de parâmetros, deve conter:

 rede de amostragem, dimensionamento e distribuição espacial;


 metodologia de coleta e de análise de amostras;
 periodicidade;
 metodologia do processamento de informações.

Sánchez (2013) afirma que o Plano de Monitoramento deve ser compatível


com os impactos previstos, devendo-se monitorar os mesmos parâmetros
utilizados nos estudos base, preferencialmente nos mesmos pontos e com
métodos idênticos ou compatíveis.
No momento da elaboração do Plano de Monitoramento, deve-se veri-
ficar a existência de normas específicas para a validação do planejamento.
Barbosa (2014) comenta que, nesses planos, devem ser adotadas metodo-
logias específicas em que sejam indicados parâmetros e justificativas dos
modelos escolhidos para diagnóstico e análise, com base em amostras,
periodicidade, evolução, entre outros critérios de avaliação da qualidade
da água, do ar, do solo, níveis de ruídos e vibrações, alterações no meio
biótico e na população da área de abrangência.
340 Monitoramento de impactos ambientais

A Norma NBR 9897 (ASSOCIAÇÃO..., 1987a) determina o planejamento de amostras


de efluentes líquidos e corpos receptores. Esse é um exemplo de norma que deve ser
consultada na ocasião da elaboração de um plano ou programa de monitoramento de
recursos hídricos. Lembre-se de que, no documento, devem estar os critérios a serem
adotados na coleta de amostras; para tanto, consulte, também, a Norma NBR 9898
(ASSOCIAÇÃO..., 1987b), que determina a preservação e as técnicas de amostragem
de efluentes líquidos e corpos receptores.

O objetivo do Plano de Monitoramento é o acompanhamento sistemático


de informações e indicadores ambientais, sociais e econômicos. A delimi-
tação desses elementos dependerá das situações verificadas em um Estudo
de Impactos Ambientais, de critérios definidos pelo órgão ambiental ou
de objetivos determinados pelo empreendedor. É importante salientar que
os resultados do monitoramento devem ser capazes de subsidiar a análise
de impactos cumulativos e/ou sinergéticos numa bacia ou sub-bacia hidro-
gráfica ou região, contribuindo para o planejamento setorial e/ou regional
(BRASIL, 2009b).

Etapas de um Plano de Monitoramento


De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB
(2014), os planos e programas devem ser preferencialmente estruturados
contendo as seguintes informações:

 descrição;
 objetivo;
 medidas mitigadoras, potencializadoras ou compensatórias a serem
adotadas;
 metodologia;
 recursos materiais e humanos;
 indicadores ambientais;
 etapas do empreendimento;
 cronograma de execução;
 sistemas de registros e acompanhamento;
 responsável pela execução.
Monitoramento de impactos ambientais 341

É importante que todo plano/programa de monitoramento seja elaborado


por profissionais capacitados e habilitados na atividade e que compreendam a
magnitude dos impactos. Além disso, recomenda-se que o profissional emita
anotação de responsabilidade técnica (ART) junto ao seu respectivo conselho
na fase inicial da elaboração do documento.
As principais etapas para a elaboração de um plano de monitoramento são:

 definição de objetivos;
 delimitação da área de estudo;
 definição de metodologias;
 realização de coleta de dados;
 organização e interpretação de dados;
 elaboração de relatórios.

Essa é uma proposta sintética para a elaboração de planos/programas de


monitoramento. Na etapa inicial, é importante definir os objetivos a serem
alcançados ao longo da atividade, sendo essa etapa fundamental para o
estabelecimento de parâmetros de monitoramento e definição de indicadores.
Na etapa de delimitação da área, deve constar a identificação do em-
preendimento e sua área de abrangência; sugere-se a inclusão de mapas e
esquemas que indiquem a localização. Na definição de metodologia, deve
constar a descrição dos pontos de amostragem (inclusive com coordenadas
geográficas), parâmetros/variáveis a serem acompanhados, com sua respec-
tiva metodologia de execução e demais critérios que devem ser seguidos para
a obtenção de dados representativos. Também nessa etapa, deve constar a
descrição dos indicadores a serem monitorados.
Ainda no que se refere à definição de metodologia, vale ressaltar que o
monitoramento realizado em diversos locais constitui uma rede de monitora-
mento, que permite uma análise espacial dos dados e a sua comparação com a
realidade de outros locais, permitindo um adequado planejamento ambiental
e a tomada de decisões. Nesse sentido, Finotti et al. (2009) afirmam que no
monitoramento, como uma atividade de longo prazo, o tempo de funcio-
namento e a continuidade de operação são fundamentais para seu sucesso.
342 Monitoramento de impactos ambientais

No site da Agência Nacional de Águas, é possível encontrar informações sobre a Rede


Nacional de Monitoramento de Águas. Para conhecer mais sobre o assunto (BRASIL,
2018b), acesse o link a seguir.

https://goo.gl/Tghtd6

Após a realização da coleta, que também deve ser realizada por profissionais
habilitados, os dados devem ser analisados a partir de análises estatísticas,
gráficos, tabelas e outras ferramentas disponíveis. Além disso, nessa etapa de
organização e interpretação, pode-se comparar as informações obtidas com
padrões de qualidade estabelecidos na legislação.
Por fim, na etapa de elaboração de relatório, a interpretação dos dados deve
servir de subsídio para a indicação de impactos ambientais, sua evolução e a
proposição de medidas mitigadoras, se for o caso.

O Programa de Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros do Ministério do


Meio Ambiente busca mapear e monitorar a cobertura vegetal no nosso território.
Leia o documento e conheça mais sobre os tipos de monitoramento empregados e
os resultados esperados pelo Programa (BRASIL, 2016).

https://goo.gl/XYpjFs
Monitoramento de impactos ambientais 343

1. O plano de monitoramento deve b) Pássaros no local; pessoas que


apresentar, no mínimo, o quê? acessam o local; clima regional.
a) Os parâmetros a serem c) Chuvas torrenciais; erosão do
monitorados; a localização solo; temperatura (clima).
das estações de coleta; a d) Ventos fortes; chuvas
periodicidade das amostragens. torrenciais; erosão do solo.
b) O local do empreendimento; e) Número de cães que visitam
o mapa do local; o ramo da o local; número de pessoas
empresa contratante. que circulam na dependência
c) Os indicadores; a periodicidade; do empreendimento;
o mapa do local. chuvas torrenciais.
d) O fluxograma de funcionamento 3. O monitoramento ambiental
da empresa; o mapa do compreende um processo
local; o ramo da empresa. fundamental para a gestão de
e) As pessoas envolvidas; qualquer empreendimento.
os indicadores; a Isso fica evidente nos objetivos
frequência de coleta. relacionados ao monitoramento.
2. Um passo importante para o Sabendo disso, indique qual dos
processo de monitoramento objetivos listados teria relação com
ambiental compreende o o monitoramento ambiental.
estabelecimento de um conjunto a) Verificar os impactos reais
limitado de indicadores. O de um empreendimento.
principal objetivo dos indicadores b) Detectar mudanças
ambientais selecionados é permitir não previstas.
o acompanhamento dos impactos c) Alertar para a necessidade
ambientais diretos e indiretos. de agir caso os impactos
Quais das seguintes opções ultrapassem certos limites.
podem ser usadas como d) Avaliar a eficácia dos programas
indicadores ambientais? de gestão ambiental.
a) Alterações no solo; alterações e) Definir os aspectos ambientais
na qualidade do ar; alterações do empreendimento.
no nível de ruído.
344 Monitoramento de impactos ambientais

4. Um pesquisador mantinha um e) Autorizar o pedido e sugerir


estoque de peixes oriundos de que os animais passem por
uma única coleta em um rio de uma geração de “aclimatação”
sua cidade e utilizava esses animais às novas condições de cultura
para a realização de exames antes de serem utilizados.
toxicológicos. Precisando aumentar 5. Tão importante quanto o
o seu estoque, identificou um monitoramento dos impactos
colega, que também mantinha um químicos, físicos e biológicos é o
estoque da mesma espécie, com monitoramento de indicadores
animais coletados em um outro rio. relacionados à questão social.
Solicitou, então, em sua instituição, Sabendo disso, indique a alternativa
autorização para a vinda de novos que deve ser considerada ao
animais, que seriam utilizados monitorar esse componente.
para replicar um experimento. a) Não precisa ter uma
Qual foi a resposta adequada do metodologia própria, podendo
assessor científico da instituição? adotar procedimentos
a) Autorizar o pedido, pois quanto idênticos aos adotados no
maior o número de réplicas, mais monitoramento do meio físico.
confiáveis serão os resultados. b) Não precisa se preocupar
b) Negar o pedido, pois animais com as expectativas da
oriundos de regiões diferentes população diretamente atingida
não podem ser agrupados. pelo empreendimento.
c) Autorizar o pedido e c) Deve considerar que o conceito
sugerir um aumento no de impacto é quantitativo.
tamanho amostral em vez d) Deve adotar uma metodologia
de replicar o experimento. específica para a coleta de dados.
d) Negar o pedido e sugerir e) Não deve considerar as opiniões
a redução no tamanho da população diretamente
das amostras para ter atingida pelo empreendimento.
animais para as réplicas.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉNICAS. NBR 9897. Planejamento de amostra-


gem de efluentes líquidos e corpos receptores. Rio de Janeiro: ABNT, 1987a.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉNICAS. NBR 9898. Preservação e técnicas de
amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores. Rio de Janeiro: ABNT, 1987b.
BARBOSA, R. P. Avaliação de Risco e Impacto Ambiental. São Paulo: Érica, 2014.
Monitoramento de impactos ambientais 345

BRASIL. Avaliação ambiental estratégica. Brasília, DF: MMA, 2002b. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/aae.pdf>. Acesso em: 04
fev. 2018.
BRASIL. Estratégia do Programa Nacional de Monitoramento Ambiental dos Biomas
Brasileiros. Brasília, DF: MMA, 2016. Disponível em: <http://www.florestal.gov.br/snif/
images/Publicacoes/estrategia_programa_monitoramento_ambiental_biomas.
pdf>. Acesso em: 04 fev. 2018.
BRASIL. Governança ambiental. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, DF, 2018a. Dispo-
nível em: <http://www.mma.gov.br/governanca-ambiental/informacao-ambiental/
sistema-nacional-de-informacao-sobre-meio-ambiente-sinima/indicadores>. Acesso
em: 03 jan. 2018.
BRASIL. Guia de Procedimentos do Licenciamento Ambiental Federal: documento de
referência. Brasília, DF: MMA, 2002a. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/es-
truturas/sqa_pnla/_arquivos/Procedimentos.pdf>. Acesso em: 04 frv. 2018.BRASIL.
Indicadores de programas: guia metodológico. Brasília, DF: Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, 2010.
BRASIL. Lei n° 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Brasília, DF, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.
htm>. Acesso em: 03 fev. 2018.
BRASIL. PNIA 2012 Painel Nacional de Indicadores Ambientais: referencial teórico, com-
posição e síntese dos indicadores da versão-piloto. Brasília, DF: MMA, 2014. Disponível
em: <http://www.mma.gov.br/images/arquivos/Banner/banner_pnia_2012.pdf>.
Acesso em: 04 fev. 2018.
BRASIL. Programa nacional de capacitação de gestores ambientais. Brasília, DF: MMA,
2009b. 4v.
BRASIL. Programa Nacional do Meio Ambiente II PNMA II - Fase 2 – 2009-2014: compo-
nente desenvolvimento institucional, subcomponente monitoramento ambiental.
Brasília, DF: MMA, 2009a.
BRASIL. Rede Nacional: redes de monitoramento. Portal da Qualidade das Águas,
Brasília, DF, 2018. Disponível em: <http://portalpnqa.ana.gov.br/rede-nacional-rede-
-monitoramento.aspx>. Acesso em: 04 fev. 2018.
COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual para elaboração de estu-
dos para o licenciamento com avaliação de impacto ambiental. São Paulo: CETESB, 2014.
CONAMA. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios
básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Brasília, DF, 1986.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_
CONS_1986_001.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2018.
CONAMA. Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Brasília, DF: MMA, 1997.
346 Monitoramento de impactos ambientais

CUNHA, L. A. Avaliação de impacto ambiental no Brasil: análise da efetividade e propostas


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FERREIRA, G. P. Sistema Nacional de Informações Sobre o Meio Ambiente – SINIMA: do
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MALHEIROS, T. F.; COUTINHO, S. M. V.; PHILIPPI JUNIOR, A. Indicadores de sustentabili-
dade: uma abordagem conceitual. In: PHILIPPI JUNIOR, A.; MALHEIROS, T.F. Indicadores
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ROCHA, J. C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A.A. Introdução à química ambiental. 2. ed. Porto
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SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo:
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SANTOS, J. O. A etapa de acompanhamento no AIA: análise dos desafios e barreiras
à sua implementação no estado da Bahia. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Industrial) - Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Cartilha de Licenciamento Ambiental. 2. ed. Brasília, DF:
TCU, 2007. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/
cartilha.de.licenciamento.ambiental.segunda.edicao.pdf>. Acesso em: 04 fev. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

O vídeo a seguir explica, de forma geral, o monitoramento de impactos ambientais.

Confira!

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EXERCÍCIOS

1) O plano de monitoramento deve apresentar, no mínimo o quê?

A) Os parâmetros a serem monitorados; a localização das estações de coleta; a periodicidade


das amostragens.

B) O local do empreendimento; o mapa do local; o ramo da empresa contratante.

C) Os indicadores; a periodicidade; o mapa do local.

D) O fluxograma de funcionamento da empresa; o mapa do local; o ramo da empresa.

E) As pessoas envolvidas; os indicadores; a frequência de coleta.

2) Um passo importante para o processo de monitoramento ambiental compreende o


estabelecimento de um um conjunto limitado de indicadores. O principal objetivo dos
indicadores ambientais selecionados é permitir o acompanhamento dos impactos
ambientais diretos e indiretos. Quais das seguintes opções podem ser usadas como
indicadores ambientais?

A) Alterações no solo; alterações na qualidade do ar; alterações no nível de ruído.


B) Pássaros no local; pessoas que acessam o local; clima regional.

C) Chuvas torrenciais; erosão do solo; temperatura (clima)

D) Ventos fortes; chuvas torrenciais; erosão do solo.

E) Número de cães que visitam o local; número de pessoas que circulam na dependência do
empreendimento; chuvas torrenciais.

3) O monitoramento ambiental compreende um processo fundamental para a gestão de


qualquer empreendimento. Isso fica evidente nos objetivos relacionados ao
monitoramento. Sabendo disso, indique qual dos objetivos listados NÃO tem relação
com o monitoramento ambiental.

A) Verificar os impactos reais de um empreendimento.

B) Detectar mudanças não previstas.

C) Alertar para a necessidade de agir, caso os impactos ultrapassem certos limites.

D) Avaliar a eficácia dos programas de gestão ambiental.

E) Definir os aspectos ambientais do empreendimento.

4) Um pesquisador mantinha um estoque de peixes oriundos de uma única coleta em um


rio de sua cidade e utilizava esses animais para a realização de exames toxicológicos.
Precisando aumentar o seu estoque, identificou um colega, que também mantinha um
estoque da mesma espécie, com animais coletados em um outro rio. Solicitou, então,
em sua instituição, autorização para a vinda de novos animais, que seriam utilizados
para replicar um experimento.
Qual foi a resposta adequada do assessor científico da instituição foi?
A) Autorizar o pedido, pois, quanto maior o número de réplicas, mais confiáveis serão os
resultados.

B) Negar o pedido, pois animais oriundos de regiões diferentes não podem ser agrupados.

C) Autorizar o pedido e sugerir um aumento no tamanho amostral em vez de replicar o


experimento.

D) Negar o pedido e sugerir a redução no tamanho das amostras para ter animais para as
réplicas.

E) Autorizar o pedido e sugerir que os animais passem por uma geração de "aclimatação" às
novas condições de cultura antes de serem utilizados.

5) Tão importante quanto o monitoramento dos impactos químicos, físicos e biológicos é


o monitoramento de indicadores relacionados à questão social.
Sabendo disso, indique a alternativa que deve ser considerada ao monitorar esse
componente.

A) Não precisa ter uma metodologia própria, podendo adotar procedimentos idênticos aos
adotados no monitoramento do meio físico.

B) Não precisa se preocupar com as expectativas da população diretamente atingida pelo


empreendimento.

C) Deve considerar que o conceito de impacto é quantitativo.

D) Deve adotar uma metodologia específica para a coleta de dados.

E) Não deve considerar as opiniões da população diretamente atingida pelo empreendimento.


NA PRÁTICA

Para realizar um monitoramento de impactos ambientais, é necessário conhecer suas


definições. Depois disto, devem-se colocá-las em prática.

Veja, na prática, um estudo de caso, em que foram levantadas algumas ideias de como iniciar e
quais são os conhecimentos prévios que se deve ter para se elaborar o plano de monitoramento.

Indústria de alimentos

Você, como gestor ambiental, foi contratado para executar o monitoramento ambiental em uma
indústria alimentícia:
- O que fazer?
- Quais parâmetros devem ser analisados?
- Qual deve ser a frequência do monitoramento?

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Resolução no 237, de 19 de dezembro de 1997

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Matrizes para avaliação de impactos

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, serão discutidas as matrizes para avaliação de impactos. As


matrizes de interações são técnicas bidimensionais que relacionam ações com fatores
ambientais. Embora possam incorporar parâmetros de avaliação, são métodos basicamente de
identificação. A interação entre os fatores dos eixos opostos permite estabelecer o impacto. As
matrizes podem ser simples ou complexas, dependendo da quantidade de informações com que
se trabalha.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir matrizes para avaliação de impactos.


• Identificar tipos de matrizes.
• Nomear quais parâmetros são considerados em uma matriz para avaliação de impactos.

DESAFIO

Você é o gestor ambiental responsável pelo licenciamento da implantação de um novo aterro


sanitário, em área rural de um município da região Sul do país.

Os moradores desse local estão muito preocupados com a poluição sonora que esse
empreendimento causará. Nesse sentido, você está sendo desafiado a pensar e a elaborar uma
lista de atividades, sendo três na implantação e três na operação, que poderá gerar esse impacto.
INFOGRÁFICO

O infográfico a seguir demonstra que a matriz para avaliação de impactos é a organização de


informações, com dois eixos de dados:

CONTEÚDO DO LIVRO

Parte do Capítulo 10 do livro Meio ambiente e sustentabilidade aborda matrizes, além de ser a
obra que serve de base teórica para esta Unidade de Aprendizagem, tratando da relação do dia a
dia do gestor ambiental com os aspectos do saneamento básico. Leia do item 10.2.2,
"Diagnóstico ambiental" até o item "Tipos de avaliações".

Boa leitura!
M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] /
Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes
Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. –
Porto Alegre : Bookman, 2012.

Editado também como livro impresso em 2012.


ISBN 978-85-407-0197-7

1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André


Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini-
Carlos, Viviane.

CDU 502-022.316

Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150


222 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

3. Definir os limites da área geográfica a item primordial para a correta identificação


ser direta ou indiretamente afetada causa-efeito, para o cálculo dos valores e
pelos impactos, denominada área de magnitudes dos indicadores de impacto e
influência do projeto, considerando, para a mensuração, valoração e interpreta-
em todos os casos, a bacia hidrográfica ção dos efeitos ambientais e sua possível
na qual se localiza. prevenção (SANCHEZ, 2002). Os chamados
4. Considerar os planos e programas go- indicadores de impacto são parâmetros que
vernamentais, propostos e em implan- proporcionam a medida da grandeza do
tação na área de influência do projeto e impacto no tocante aos aspectos quantitati-
sua compatibilidade. vos e qualitativos.
Existem várias e diferentes técnicas
para se avaliar os impactos ambientais de-
10.2.2 Diagnóstico ambiental correntes de determinada ação ou empreen-
dimento. Os principais e mais utilizados são:
O diagnóstico ambiental da área de influên-
cia do projeto contemplará a descrição e a a) listagens de controle;
análise dos recursos ambientais e suas inte- b) matrizes;
rações considerando os meios físico, bioló- c) sobreposição de cartas;
gico e socioeconômico. d) métodos quantitativos;
e) redes de interação.
a) Meio físico: o subsolo, as águas, o ar e o
clima, destacando os recursos minerais,
a topografia, os tipos e aptidões do solo, Listagens de controle
os corpos d’água, o regime hidrológico,
as correntes marinhas, as correntes at- São utilizadas para uma avaliação rápida de
mosféricas; impactos, de forma qualitativa, identifican-
b) Meio biológico e os ecossistemas naturais: do-os para tipos específicos de projetos a
a fauna e a flora, destacando as espécies fim de que todos os itens sejam abordados.
indicadoras da qualidade ambiental, as Os itens considerados em uma lista são de
de valor científico e econômico, as raras natureza ampla e os impactos prováveis são
e as ameaçadas de extinção, e as áreas de qualificados. Os fatores ambientais listados
preservação permanente. são associados e caracterizados com a natu-
c) Meio socioeconômico: o uso e ocupação reza do impacto.
do solo, os usos da água e a economia da
região, destacando os sítios e monu-
mentos arqueológicos, históricos e cul- Matrizes
turais da comunidade, as relações de de-
pendência entre a sociedade local, os re- Consistem em duas listagens de controle,
cursos ambientais e a potencial utilização dispostas em forma de matriz, uma das lis-
futura desses recursos. tagens com as atividades (ações) do projeto
e outra com os fatores ambientais que
podem ser afetados por essas atividades. O
Análise dos impactos cruzamento entre essas listas permite iden-
tificar as relações causa e efeito, ou seja, o
A análise dos impactos presentes nos docu- impacto ambiental. As matrizes se caracteri-
mentos de estudos de impactos ambientais zam por serem muito flexíveis, adaptando-se
ou similares, constitui-se, sem dúvida, em às diversas situações e projetos a serem ana-
Meio ambiente e sustentabilidade 223

lisados. A matriz mais conhecida e mais uti- les com configuração linear (ferrovias, ro-
lizada é a matriz de Leopold (Leopold et al., dovias, oleodutos e outros).
1971). Na sua concepção original, possui 88
linhas (aspectos ambientais) e 100 colunas
(atividades) perfazendo um total de 8.800 Métodos quantitativos
quadrículas. O preenchimento de uma qua-
drícula representa a identificação de um Os impactos são quantificados e transfor-
impacto para o qual são atribuídos valores mados em unidades padronizadas, ponde-
de 1 a 10 quanto a dois aspectos. O primeiro radas em função da importância relativa, e
é a definição da magnitude do impacto manipulados matematicamente. Obtêm-se
sobre um setor específico do ambiente. O índices de impacto total para um número
segundo aspecto é a medida do grau de im- de alternativas a serem comparadas. Um
portância de uma determinada ação sobre o exemplo clássico é o Sistema Battelle – Co-
fator ambiental. Se o impacto for positivo, lumbus (DEE et al 1973), que foi desenvol-
deve-se indicar com um sinal positivo antes vido para avaliar projetos de recursos hídri-
do valor de magnitude. cos e manejo de qualidade de água, mas
A matriz deve vir acompanhada de que, no entanto, podem ser adaptados para
um texto que aborde os aspectos mais rele- outros tipos de empreendimentos.
vantes dos impactos identificados. Os tópicos de interesse são divididos
em quatro categorias: ecologia, poluição
ambiental, estética, interesse humano e so-
Superposição de cartas cial. Cada categoria é composta por um
conjunto de componentes. Cada compo-
Elabora-se um inventário onde os fatores nente compreende um conjunto de fatores,
ambientais são mapeados. Esses dados são in- totalizando 78 variáveis.
terpretados em função da localização das ati- As medidas ou estimativas dos parâ-
vidades e traduz-se em mapas de capacidade metros ambientais são transformadas e
para cada atividade. A área de estudo é subdi- normalizadas através de curvas específicas
vidida em unidades geográficas (quadrícu- ou funções, em índices de qualidade am-
las). Para cada unidade são levantadas infor- biental (IQA), para permitir a comparação
mações sobre os fatores ambientais e os inte- entre os impactos. Este índice varia de 0 a 1.
resses da comunidade. Esses interesses são Quando a variável possui apenas juízo de
agrupados por categorias não conflitantes valor, a população é consultada.
(econômicas, sociais, paisagísticas), limitadas Cada variável possui um valor de im-
quanto à abrangência de identificação de im- portância relativa dentro do sistema, que é
pactos, pois só utilizam dados que podem ser fixado para projetos similares e baseia-se no
representados pela cartografia. No entanto, julgamento da equipe multidisciplinar.
esta limitação pode ser contornada com a uti- Multiplica-se o IQA de cada fator am-
lização de um Sistema de Informação Geo- biental e seu peso. A somatória desses pro-
gráfica (SIG). Assim torna-se extremamente dutos resulta no valor para o meio ambien-
eficaz para a definição de padrões espaciais e te. Faz-se o cálculo para o ambiente sem o
localização dos efeitos e impactos, pois as pre- projeto (partindo-se de medidas reais dos
visões são feitas por unidade de área. parâmetros ambientais) e com o projeto e
Esse método é adequado para síntese e suas várias alternativas.
importante na elucidação de relações espa- O impacto ambiental é expresso pela
ciais complexas e é recomendável nos pro- diferença do valor do ambiente com e sem a
jetos de desenvolvimento regional e naque- ação, mais as várias alternativas.
224 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

Redes de interação do empreendedor, com a produção periódi-


ca e sistemática de relatórios enviados ao
Identificam os impactos indiretos. Funda- órgão ambiental, ou outros, contendo:
mentam-se na construção de fluxogramas
ou redes de interação que apresentam a su- a) Rede de amostragem, seu dimensiona-
cessão de impactos ambientais gerados pelas mento e distribuição espacial.
diversas fases do empreendimento (constru- b) Metodologia de coleta e análise das
ção, operação, desativação). Identificam os amostras.
processos e as sequências pelos quais os im- c) Periodicidade.
pactos diretos e indiretos são produzidos. d) Metodologia do processamento das infor-
Não se trata de um sistema de avalia- mações levantadas.
ção de impactos, pois, apesar de identificar
as alterações, não há previsão de magnitude Observação: Quando necessário, e de
(quantificação) ou importância relativa, não acordo com a natureza do empreendimen-
havendo também previsão para a participa- to, deverá ser apresentado ao órgão am-
ção da comunidade no processo. biental um Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas (PRAD), aplicável após sua de-
sativação.
Medidas mitigadoras
As medidas mitigadores referem-se aos im- Relatório de impactos
pactos negativos detectados no estudo, vi-
sando amenizar, ou mitigar, seus efeitos de-
ambientais (RIMA)
letérios sobre o ambiente e seus componen-
O RIMA não tem vida própria. Ele só tem
tes. Normalmente seguem uma classificação
existência em função de um estudo de im-
genérica que pretende caracterizar estas
pacto ambiental (EIA) que é o instrumento
medidas, baseada em diferentes aspectos.
que lhe oferece substância e conteúdo. O
Assim, as medidas mitigadoras adotadas
RIMA deve ser apresentado de forma obje-
podem ser classificadas quanto:
tiva e adequada ao entendimento do públi-
co, acompanhado e ilustrado por mapas,
a) Natureza (preventiva ou corretiva).
gráficos e figuras. Sua acessibilidade deve
b) Fase (construção, operação, desativação).
ser garantida pelo órgão ambiental, que,
c) Fator afetado (físico, biológico, antrópi-
sempre que julgar pertinente, realizará uma
co).
audiência pública com a participação dos
d) Prazo de validação (curto, médio ou
agentes envolvidos, da comunidade e de-
longo).
mais interessados.
e) Responsabilidade (empreendedor ou po-
O RIMA conterá os objetivos e justifi-
der público).
cativas do projeto, sua relação e compatibi-
Observação: Deverão ser mencionados lidade com políticas setoriais, planos e pro-
os impactos não mitigáveis e que não po- gramas governamentais; a discriminação
dem ser evitados. do empreendimento e suas alternativas tec-
nológicas e locacionais, matérias-primas,
área de influência, fontes de energia, pro-
Programa de monitoramento cessos e técnicas operacionais, os prováveis
efluentes, emissões, resíduos de energia,
Indicação e justificativa de parâmetros sele- empregos diretos e indiretos a serem gera-
cionados para acompanhamento por parte dos; a síntese dos resultados dos estudos de
Meio ambiente e sustentabilidade 225

diagnósticos ambiental da área de influên- requisitos básicos a serem atendidos nas fases
cia do projeto; a identificação dos prováveis de localização, instalação e operação, obser-
impactos ambientais da implantação e ope- vados os planos municipais, estaduais e fede-
ração da atividade, considerando o projeto, rais de uso do solo. A emissão da LP ocorre
suas alternativas, os horizontes de tempo de somente após a aprovação do EIA/RIMA.
incidência dos impactos e indicando os mé-
todos, técnicas e critérios adotados para sua
identificação, quantificação e interpretação; Licença de instalação (LI)
a caracterização da qualidade ambiental fu-
tura da área de influência comparando as Solicitada depois de concluído o projeto
diferentes situações da adoção do empreen- executivo do empreendimento e antes do
dimento e suas alternativas, bem como a hi- início das obras. É concedida após análise e
pótese de sua não realização; a descrição do aprovação dos projetos que especificam os
efeito esperado das medidas mitigadoras dispositivos de controle ambiental e as me-
previstas em relação aos impactos negati- didas de mitigação ou compensação am-
vos, mencionando aqueles que não pude- biental.
rem ser evitados, e o grau de alteração espe-
rado; o programa de acompanhamento e
monitoramento dos impactos; e, finalmen- Licença de operação (LO)
te, a recomendação quanto a alternativa
mais favorável (conclusões e comentários Solicitada antes da operação comercial do
de ordem geral). empreendimento. Autoriza, após diferentes
verificações, o início da atividade e o fun-
cionamento de seus equipamentos de con-
LICENCIAMENTO AMBIENTAL trole ambiental, de acordo com o previsto
nas licenças anteriores.
O processo de avaliação de impactos am- Os agentes que participam da elabora-
bientais (AIA), no Brasil, está vinculado, ção da avaliação de impactos ambientais
pela legislação, ao processo de licenciamen- devem conduzir suas atuações de maneira
to ambiental pelas empresas e pelo setor integrada, visando sempre aos princípios
público quando da instalação de ações, pro- norteadores da Política Nacional do Meio
gramas e projetos. O licenciamento am- Ambiente e a Legislação Brasileira. O pro-
biental apresenta uma variada gama de par- cesso de avaliação de impactos ambientais
ticularidades, cuja complexidade e nível de é, em suma, um conjunto tripartite de ações
exigências estão relacionadas com as dife- conjugadas, configurado pela participação
rentes naturezas dos empreendimentos ou dos órgãos ambientais, dos empreendedo-
projetos apresentados aos órgãos ambien- res e de equipes multidisciplinares encarre-
tais. Assim, basicamente os empreendimen- gadas de produzir documentos técnicos que
tos necessitam de três licenças fundamen- irão subsidiar as tomadas de decisão. Este
tais para seu pleno funcionamento e cum- conjunto integrado nada mais é do que o
primento das etapas de sua existência: reflexo das conjunturas formais de partici-
pação no referido processo, que são: a socie-
dade, que afinal vai julgar e decidir sobre a
Licença prévia (LP) relação custo-benefício de determinada ação
ou empreendimento; a economia de uma
Deve ser requerida pelo empreendedor no região ou país, que se consolida com a apli-
início do planejamento da obra, contendo os cação de recursos financeiros, energia e ma-
226 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

téria-prima em determinada ação ou em- O meio ambiente social define a forma


preendimento; e a ciência e a tecnologia como as sociedades humanas estão organi-
empregadas na elaboração dos estudos pré- zadas, e funcionam para satisfazer suas ne-
vios necessários para o licenciamento am- cessidades básicas (ou necessidades físicas:
biental da ação ou empreendimento. alimentação, saúde, moradia, vestuário) e
necessidades sociais: educação, trabalho, la-
zer, liberdade individual e possibilidade de
ESTRUTURA DOS ESTUDOS participar do sistema existente.
DE IMPACTOS AMBIENTAIS
Problemas ambientais sempre existiram, o Tipos de avaliações
que tem variado é sua escala, e a esta dimen-
são da problemática ambiental têm contri- As avaliações têm uma finalidade principal
buído muitas causas: que são as previsões. Estas podem ser inte-
grais ou parciais, ou seja, podem ser aplica-
a) Elevado crescimento demográfico. das total ou parcialmente:
b) Desenvolvimento e difusão da tecnolo-
gia industrial. a) Distintas alternativas de um mesmo
c) Avanços da medicina e do saneamento e projeto ou ação.
seus efeitos sobre a demografia. b) Estudos prévios ou preliminares deta-
d) Avanços da comunicação. lhados.
e) Crescente urbanização. c) Distintas fases do projeto (preliminar,
na fase de construção e/ou na fase de
Para conciliar a necessidade do me- operação).
lhoramento da qualidade de vida mediante
a qualidade ambiental, é necessário que se Ações e projetos contidos em um pla-
conheça e estude todos os benefícios e ma- nejamento completo, que considera várias
lefícios causados pelas realizações indus- alternativas tecnológicas e locacionais têm
triais, obras turísticas, urbanas, etc. por objetivos:
O levantamento e o estudo das causas
destas ações no ambiente podem ser feitos a) Avaliação do meio no estado pré-opera-
através de avaliações de impactos ambien- cional.
tais que têm por objetivo introduzir a vari- b) Estudo de medidas corretoras e instru-
ável ambiental nos programas de desenvol- mentos de controle.
vimento. c) Determinação dos impactos.
Primeiramente, antes de discutir o d) Cálculo da resistência do meio a esses
tema das avaliações de impacto ambiental, impactos e a sua capacidade de absorção
convém definir alguns conceitos: de tais impactos.
e) Aceitação do projeto na situação atual,
a) O meio ambiente natural: constituído introdução de melhoras e modificações.
por quatro sistemas interrelacionados:
atmosfera, hidrosfera, litosfera, biosfera,
da qual o homem faz parte. Tipos de impactos
b) O meio ambiente social: conjunto de in-
fraestruturas materiais construídas pelo a) Impactos primários – fatores físicos e
homem, os sistemas sociais e as institui- biológicos que causam maiores efeitos e
ções. são mais facilmente determinados.
DICA DO PROFESSOR

O vídeo a seguir apresenta tópicos importantes para a elaboração de matrizes para avaliação de
impactos.

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EXERCÍCIOS

1) As matrizes para avaliação de impactos são formadas, basicamente, por duas fontes
de informações, que são:

A) os dados do projeto e os dados do empreendedor.

B) as informações do projeto e as características ambientais.

C) as informações dos meios físico e as informações do meio biótico.

D) as informações da comunidade e os estudos arqueológicos.

E) os dados das comunidades de fauna e os dados da comunidade de flora.

2) Nas matrizes para avaliação de impactos, são identificados dois atributos para os
impactos identificados, que são:

A) a importância e a magnitude.

B) a importância e a frequência.

C) a magnitude e a extensão.
D) a importância e a natureza.

E) a magnitude e a cumulatividade.

3) Uma das vantagens do uso de matrizes para avaliação de impactos é:

A) a relação direta das ações com o meio e suas características ambientais.

B) os impactos separados por tipo de projeto.

C) o número de impactos por cada empreendimento.

D) a identificação e a avaliação dos impactos que talvez ocorram.

E) a dificuldade de compreensão das informações da matriz.

4) Qual alternativa contém ma das desvantagens do uso de matrizes para avaliação de


impactos?

A) Não realiza projeções no tempo.

B) Não identifica impactos diretos.

C) Não permite avaliar a magnitude das interações.

D) Não permite avaliar se o impacto é de natureza direta ao meio.

E) Não se consegue identificar todos os impactos gerados pelo projeto.


5) O objetivo das matrizes para avaliação de impactos é o de identificar as interações
possíveis entre dois itens, que são:

A) o meio biótico e o meio físico.

B) a comunidade e o projeto.

C) os componentes do projeto e os elementos do meio.

D) os monumentos históricos e os dados econômicos.

E) a magnitude e a escala do impacto.

NA PRÁTICA

Imagine-se como gestor ambiental em uma empresa que está realizando a ampliação de sua
produção de peças automotivas, com o licenciamento de uma nova unidade produtiva em um
município na região Sul do país.

Para esse projeto, foi identificado o impacto de "melhoria nas estradas vicinais", que irá
interferir em vários processos ambientais aquáticos. Você, então, percebe que se trata de um
impacto bastante significativo e justifica, em reunião, que os serviços de:
Dessa forma, aumentará a carga de sedimentos enviados aos corpos d'água - podendo, por sua
vez, promover o assoreamento dos leitos e, consequentemente, a alteração da comunidade
aquática.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Proposta de uma matriz para avaliação de impactos ambientais em uma indústria plástica.

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Identificação e avaliação dos impactos ambientais e medidas mitigadoras integradas.

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Avaliação de impacto ambiental

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