Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AULA 15
MODELAGEM DA DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS
4
Gestão da Qualidade do ar
15.1 CONCEITO
Os modelos de dispersão são ferramentas matemáticas muito usadas atualmente nas diversas
fases da implantação de empreendimentos que apresentam impactos na atmosfera.
5
Gestão da Qualidade do ar
Não é possível monitorar o ar em todos os locais, pois isso implicaria em custos muito elevados.
Com isso, os dados gerados quando há baixa representatividade de amostradores podem
ser insuficientes para a formulação de estratégias e o planejamento de ações de controle
da poluição. Portanto, as estimativas e modelagens permitem avaliar, de forma barata e com
razoável precisão, a qualidade do ar em áreas onde não existe monitoramento.
Os modelos mais usados são os elaborados pela US EPA, bem como por outros órgãos
ambientais reconhecidos internacionalmente. Esses órgãos se dedicam a melhorar seus
modelos ao longo dos anos, disponibilizando as novas versões periodicamente.
Atualmente, existem vários modelos que simulam a pluma de dispersão de poluentes. Cada
um possui diferentes características e requer diferentes dados de entrada.
Saiba Mais
Alguns modelos são disponibilizados ao público sem nenhum custo por agências
governamentais, como a US EPA, que desenvolve modelos confiáveis desde a
década de 70. Porém, eles são disponibilizados na linguagem FORTRAN - FÓRMULA
TRANSLATION - e não possuem interface gráfica, tornando-os mais difíceis de
serem utilizados. Por esse motivo, vários modelos são vendidos comercialmente por
companhias privadas, em formato mais fácil de usar, que cobram apenas pelo uso
da interface gráfica do usuário (Graphical User Interface - GUI, abreviação em inglês).
2⁹ https://www.epa.gov/scram/air-quality-dispersion-modeling-preferred-and-recommended-models#aermod
6
Gestão da Qualidade do ar
Na grande maioria dos processos de licenciamento ambiental no Brasil, são usados apenas
os modelos gaussianos, pois seriam necessários muito mais dados e maior capacidade
computacional para utilização dos modelos numéricos. Na prática, um bom modelo deve
ser capaz de “rodar” em um laptop e fornecer bons resultados. A correlação entre os valores
calculados pelos modelos e as medidas em campo estão cada vez melhores. Porém, os
modelos nunca serão capazes de representar a realidade em sua totalidade, pois as interações
na atmosfera são muito complexas.
Existem basicamente dois tipos de modelo que são mais frequentemente usados nos
processos de licenciamento:
Os modelos Gaussianos
São de fácil aplicação, requerem menos dados e baixa capacidade de processamento - um
laptop é suficiente. O modelo Gaussiano é baseado em uma fórmula simples que descreve um
campo de concentrações tridimensional gerado por uma fonte pontual elevada (uma chaminé),
sob a influência das condições meteorológicas. As condições de emissão dos poluentes nas
chaminés são consideradas contínuas e constantes - o que não é verdade -, pois as reações
químicas na atmosfera alteram as concentrações dos poluentes, mas esses modelos não
consideram as reações químicas. Outra limitação é a resolução em situações de topografia
complexa, ou em situação de calmaria (velocidade do vento < 0,5 m/s) (ARYA, 1999). Nenhum
modelo considera o vento com baixa velocidade de forma realística e, portanto, despreza o
cenário mais crítico para muitos tipos de fontes de emissões, como as fugitivas, por exemplo. Por
isso, é recomendado ajustar todos os valores <0,5 m/s do arquivo meteorológico para 0,5 m/s,
nos modelos de estado estacionário (steady-state) (NZMFE, 2004). O domínio da modelagem
desses modelos é de, no máximo, 50 por 50 Km.
Os modelos Numéricos
São bem mais complexos, consideram as reações químicas entre os poluentes, mas requerem
cluster (conjunto) de computadores para seu processamento e são usados para modelar Ozônio,
por exemplo. São de mesoescala, ou seja, permitem modelar uma cidade inteira, ou áreas de
até centenas de quilômetros. São geralmente usados por organizações especializadas, como
universidades ou institutos de pesquisa do clima, que possuem os equipamentos e técnicos
requeridos para processar o modelo. Os inventários de emissões para os modelos de mesoescala
são muito mais complexos e requerem conhecimento sobre fontes de emissões biogênicas,
antropogênicas, informações sobre as concentrações de background já existentes na região da
modelagem, dentre outros (NEVES, 2009).
7
Gestão da Qualidade do ar
Q y2 (z - H)2 (z - H)2
C (x,y,z) = exp[ ] {exp [- (2o)2 ] +exp[- (2o)2 ]}
(2πoyozU) 2o2y Z Z
Onde:
C = concentração esperada do contaminante na coordenada (x, y, z), em g/m³.
Q = taxa de emissão do poluente avaliado (g/s).
U = velocidade média do vento na direção do escoamento (x) e medida no
topo da chaminé (m/s).
oy, oz = coeficiente de dispersão na Vertical e na Horizontal (a pluma se abre
nesses eixos). Esses coeficientes dependem da estrutura turbulenta da atmosfera.
y = distância do receptor, coordenada horizontal (crosswind).
z = altura dos receptores. No solo: z=0 ou z=2m.
x não aparece, porém faz parte da equação dos sigmas (desvio padrão).
H = altura efetiva de lançamento (m).
Concentrção
Font Concentrção
Instantânea
Média
O AERMOD pode ser aplicado para áreas rurais e urbanas; em terrenos simples e complexos;
emissões de superfície ou elevadas; e múltiplas fontes (pontuais, área e fontes volumes). Esse
modelo calcula a concentração de poluentes ao nível do solo a partir de dados sobre a topografia
do domínio modelado, meteorologia representativa da área de estudo - referente ao período
mínimo de um ano -, e inventário de emissões de poluentes das fontes de interesse para cada
estudo, de acordo com seu respectivo objetivo.
9
Gestão da Qualidade do ar
a aprovação prévia do órgão ambiental, pois nem sempre são bem aceitos. Os dados medidos
são sempre a primeira opção (FELIX, 2015).
II - CALPUFF View - Long Range Transport Puff Air Dispersion Model CALPUFF View
O California Puff Model (CALPUFF) também é um modelo Gaussiano, de estado não
estacionário, adequado para a mesoescala (de dezenas de metros até centenas de quilômetros),
e que considera as reações químicas na atmosfera, visibilidade e cenários com campos de vento
complexos, tais como terrenos complexos (situações que não são bem atendidas pelo AERMOD)
e áreas situadas na costa, ou seja, considera o transporte de poluentes sobre a superfície do
mar ou de outros corpos hídricos. O CALPUFF estima as concentrações devido a emissões de
curta duração (puffs).
A US EPA possui diretrizes para a utilização de modelos de qualidade do ar. Dessa forma,
o CALPUFF foi adotado como o mais indicado para avaliação de transporte de poluentes de
longo alcance e seus impactos (EPA, 2005 apud SOARES e RAMALDES, 2012).
Os modelos de receptor usam as características químicas e físicas dos gases e das partículas
medidas na fonte emissora e no receptor para identificar a presença e quantificar as contribuições
da fonte para as concentrações do receptor. Esses modelos são, portanto, um complemento
natural de outros modelos de qualidade do ar e são usados como parte dos Planos de
Implementação Estaduais para identificar as fontes que contribuem para os problemas de
qualidade do ar.
A US EPA desenvolveu os modelos Chemical Mass Balance (CMB) e Unmix, bem como o
método Positive Matrix Factorization (PMF) para uso na gestão da qualidade do ar. O CMB
distribui totalmente as concentrações do receptor para tipos de fonte quimicamente distintos,
dependendo do banco de dados do perfil de fonte, enquanto o Unmix e o PMF geram perfis de
fonte internamente a partir dos dados ambientais30.
O modelo Sulfur Transport and Deposition Model - STEM - foi desenvolvido há mais de 20
anos pelo Center for Global and Regional Environmental Research (CGRER) da Universidade
de Iowa, nos Estados Unidos. O STEM foi criado originalmente para estudar as reações
químicas secundárias que ocorrem com o enxofre na atmosfera, mas a nova versão é usada,
principalmente, para estudar outros poluentes gasosos e material particulado na atmosfera.
É um modelo Euleriano Tridimensional de terceira geração, que foi desenvolvido para fornecer
uma base teórica para investigar a relação entre as emissões, seu transporte na atmosfera,
transformações químicas, processos de remoção e a distribuição resultante de poluentes
atmosféricos e seu perfil de deposição.
O STEM é um programa que requer o preparo de uma série de ”inputs” antes de seu
processamento. Os campos meteorológicos são obtidos através do processamento do
MM5 ou outro modelo meteorológico de mesoescala. Os campos meteorológicos precisam
ser atualizados e pré-processados para cada intervalo de tempo para o qual o modelo será
processado.
Como se pode observar, é um modelo complexo que deve ser usado em situações específicas,
como simular a dispersão de ozônio na mesoescala. Requer um cluster de computadores para
seu processamento (NEVES, 2009).
30 Cf. https://www.epa.gov/scram/air-pollutant-receptor-modeling
11
Gestão da Qualidade do ar
IV
O primeiro cenário de modelagem deve incluir todas as fontes de emissão do projeto, operando
12
Gestão da Qualidade do ar
com suas taxas máximas de emissão propostas e considerando todo o domínio da modelagem.
Outro cenário refere-se a simular a dispersão atmosférica da(s) maior(es) fonte(s) de emissões,
com o objetivo de priorizar seu controle, caso o impacto das maiores fontes seja muito grande.
Tome nota
Pode-se montar ainda vários cenários, tais como: localização das fontes, alturas
das chaminés, uso de equipamento de controle, com o objetivo de avaliar todas
as alternativas que tragam menos impactos ao meio ambiente. Esse é um dos
principais benefícios do modelo.
A experiência prática mostra que, na fase de licenciamento, o layout das fábricas que as
empresas apresentam nunca é o definitivo. As fontes de emissões, os prédios e as vias internas
sempre mudam de local. As emissões também podem variar e deverão ser modificadas e
alimentadas ao modelo à medida que o empreendedor defina melhor o projeto.
Os resultados devem, portanto, ser relatados de forma eficaz e concisa, de uma maneira
adequada para que possam ser compreendidos por outras pessoas, mesmo que não tenham
experiência para interpretar o output dos modelos. Existem dois elementos para isso:
13
Gestão da Qualidade do ar
A interpretação dos resultados é uma das fases mais importantes da modelagem, quando se
deve ter em mente os objetivos do estudo, a região de domínio e as áreas urbanas da modelagem,
e a legislação referente à qualidade do ar do local. Deve-se ter os resultados calculados para
cada poluente avaliado, de preferência na forma de gráficos e tabelas.
14
Gestão da Qualidade do ar
Importante
Para validar os resultados calculados pelos modelos é importante comparar as
concentrações calculadas com as concentrações medidas para a qualidade do
ar na região de domínio da modelagem, quando disponíveis, pois os modelos são
conservadores e, dessa forma, pode-se ter uma correlação entre os valores reais
medidos e calculados. Além disso, os modelos matemáticos meteorológicos não
descrevem bem a atmosfera na situação de ventos calmos (< 0,5 m/s) e podem
existir falhas nos inventários de emissões e nos dados meteorológicos. Portanto, é
bom ter conhecimento das concentrações reais quando se realiza a modelagem.
A concentração de uma substância varia a cada segundo. Para uso prático, as concentrações
são expressas como médias em períodos de tempo especificados pela legislação. Um cuidado
que deve ser tomado antes de processar cada poluente é alimentar os períodos de tempo
especificados na Resolução Conama nº 491/2018 para cada um deles.
As concentrações previstas no nível do solo podem ser altas devido a condições meteorológicas
extremas, raras e transitórias e podem ser consideradas outliers. Portanto, valores horários acima
do percentil 99,9 para cada receptor em cada ano podem ser desconsiderados. Por exemplo, as
oito maiores concentrações médias previstas de 1 hora para cada receptor em cada ano devem
ser desconsideradas. Para todos os períodos de média super-horária (períodos de média maiores
que uma hora), as oito maiores concentrações horárias previstas que foram desconsideradas
para o período médio de 1 hora devem ser incluídas no cálculo do valor do percentil 99,9. Por
exemplo, a média de 8 horas removeria a média das 8 horas principais, média das 24 horas não
removeria a média das 24 horas principais31.
31 Cf. https://www.alberta.ca/assets/documents/aep-air-quality-model-guideline-2020-draft.pdf
15
Gestão da Qualidade do ar
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTA Environment and Parks, Government of Alberta. Draft Air Quality Model Guideline. Alberta, 2020.
Disponível em: <https://www.alberta.ca/assets/documents/aep-air-quality-model-guideline-2020-draft.pdf>
Acesso em: 30 maio 2021.
ARYA, S.P. Air Pollution Meteorology and Dispersion. Oxford University Press. New York, 1999. Disponível em:
<http://www.sciepub.com/reference/231720> Acesso em: 30 maio 2021.
NEVES, N. M. S. Formação e Dispersão de Ozônio na Região do Recôncavo Baiano, 2010. Tese de Doutorado
UFBA. Disponível em: < https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/11753> Acesso em: 30 maio 2021.
NEW ZEALAND MINISTRY FOR THE ENVIRONMENT (NZMFE). Good Practice Guide for Atmospheric Dispersion
Modelling, 2004. Disponível em: < http://tools.envirolink.govt.nz/assets/Uploads/Good-Practice-Guide-MFE-
atmospheric-dispersion-modelling-jun04.pdf>. Acesso em: 29 set. 2021.
SOARES, L. A. e RAMALDES, L. N. Estudo Comparativo dos Modelos de Dispersão Atmosférica - Calpuff e Aermod
- Através da Análise da Qualidade do Ar na Região Metropolitana da Grande Vitória. 2012. Disponível em: < https://
engenhariaambiental.ufes.br/sites/ambiental.ufes.br/files/field/anexo/estudo_comparativo_dos_modelos_
de_dispersao_atmosferica_-_calpuff_e_aermod_-_atraves_da_analise_da_qualidade_do_ar_na_regiao_m.pdf>.
Acesso em: 30 maio 2021.
TADANO, Y. S. Simulação da dispersão dos poluentes atmosféricos para aplicação em análise de impacto.
Campinas, SP: [s.n.], 2012. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/265147/1/
Tadano_YaradeSouza_D.pdf>. Acesso em: 30 maio 2021.
16
MÓDULO IV – INSTRUMENTOS PARA A GESTÃO DA QUALIDADE DO AR
AULA 16
INVENTÁRIO DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS
17
Gestão da Qualidade do ar
Um inventário de fontes deve seguir uma metodologia aceita pela comunidade acadêmica
/ científica e pelos órgãos responsáveis pela fiscalização e controle das emissões. Assim,
um inventário de fontes deve ser: completo (todas as fontes para cada poluente em análise);
comparável (para outros anos e com outros inventários); consistente (homogeneidade no
tratamento); e transparente (deve permitir a verificação) (FEST, 2019).
Estimar, com auxílio de modelagem, os efeitos das emissões atmosféricas na qualidade do ar;
Estabelecer uma base para programas / estratégias de controle de perdas (FEST, 2019).
Para a indústria, os inventários são muito importantes e exigidos pelos órgãos ambientais
desde a fase de licenciamento. Estes devem ser atualizados periodicamente - em geral, a cada
dois anos e servem para:
18
Gestão da Qualidade do ar
Tipos de fontes;
Tipos de poluentes;
Taxas de emissão;
Altura das chaminés e de outros pontos de emissão, como pilhas de minérios, e tanques de
estocagem; e
Quanto mais atuais e precisas as informações, mais confiáveis serão os resultados obtidos.
Deve-se sempre registrar as fontes de informações dos dados e, em geral, são os engenheiros
de processo que os fornecem para a elaboração dos inventários.
II
IV
Realizar gestão.
19
Gestão da Qualidade do ar
Quantidade Emitida
Informar a quantidade total do poluente emitido em tonelada/ano (t/ano), consolidada
de acordo com as metodologias utilizadas para monitoramento das emissões atmosféricas,
definidas pelo processo de licenciamento ambiental; e,
Metodologia utilizada
Indicar como foram obtidos os dados: se por medição, cálculo ou estimativa.
Cálculo: as emissões são baseadas em cálculos que usam dados relativos à atividade
(como volume de combustível utilizado, taxa de produção), fatores de emissão ou balanço
de massa;
Existem duas metodologias de cálculo dos inventários, quanto ao seu nível de detalhamento:
Bottom Up e Top Down.
Inventários Bottom Up
São mais complexos e com custo mais elevado para implantação. Utilizam dados mais
detalhados, como:
Uso de valores desagregados;
• tipo de equipamento;
Produção total;
Fatores default.
Porém, por serem menos precisos, não são o modelo ideal para utilização na gestão das
emissões e, dificilmente, poderão ser usados em comparação com outros inventários. De forma
geral, os inventários Top Down são normalmente usados apenas como uma abordagem inicial,
quando não se tem a opção de elaborar um inventário Bottom Up.
Balanço de massa; e
A limpeza de peças com solventes e a pintura industrial são exemplos de operações onde se
aplica Balanço de Massa.
Figura 67 : Balanço de Massa
Emissões
Produtos
Insumos
Resíduos
Elaboração MMA
Fatores de emissão
A Agência Ambiental Americana (US EPA) possui a publicação AP-42 - Compilation of Air
Pollutant Emissions Factors (US EPA, 2018) com a compilação de fatores de emissão atmosférica
para uma grande parte dos processos industriais, que inclui as fontes fixas e também as fontes
móveis (veículos).
O AP-42 foi estabelecido em 1972 como a principal compilação das informações de fatores
de emissão da EPA. A quinta edição do AP-42 foi publicada em janeiro de 1995. Desde então, a
EPA publica suplementos e atualizações nos quinze capítulos disponíveis no Volume I - Ponto
Estacionário e Fontes de Área. Estes fatores são usados como referência em vários países,
incluindo o Brasil.
Tome nota
Os fatores de emissão mais recentes estão disponíveis no site:
https://www.epa.gov/air-emissions-factors-and-quantification/ap-42-
compilation-air-emissions-factors.
Um fator de emissão estabelece uma relação simples entre a quantidade de poluente emitida
e um parâmetro conhecido do processo como, por exemplo, o consumo de combustível. Estes
fatores são expressos como: massa do poluente, dividido por unidade de massa, volume,
distância, ou duração da atividade que emite os poluentes (ex.: kg de partículas emitidas por
tonelada de carvão queimado ou t/ano).
22
Gestão da Qualidade do ar
Os fatores são valores médios, obtidos a partir de dados com níveis variáveis de precisão. A
estimativa das emissões de uma planta com base nesses fatores deve ser, sempre que possível,
confirmada por meio de medições.
( (
Onde:
23
Gestão da Qualidade do ar
Legislação
A Resolução Conama nº 01/86, que estabelece as diretrizes para o licenciamento
ambiental no país, determina, em seu artigo 2º, quais setores dependem de
elaboração de Estudo de Impacto Ambiental – EIA e respectivo Relatório de
Impacto Ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual
competente e do Ibama. São atividades modificadoras do meio ambiente e com
potenciais impactos ao meio ambiente, tais como:
II - Ferrovias;
VI --Linhas
VII Obras de transmissão
hidráulicas parade energia elétrica,
exploração acimahídricos,
de recursos de 230KV; tais como: barragem
para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de
canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura
de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;
24
Gestão da Qualidade do ar
XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez
toneladas por dia.
Para elaboração do Estudo de Impacto Ambiental, no item referente ao meio físico, é necessário
avaliar se os empreendimentos possuem fontes de emissões atmosféricas, tanto na fase de
implantação quanto na operação e, caso sejam identificadas essas fontes, é necessário elaborar
o inventário de emissões atmosféricas para ambas as fases do projeto.
25
Gestão da Qualidade do ar
IV
A publicação AP-42 possui os fatores de emissões para essas fontes, tanto para a queima de
combustível, como para a emissão de material particulado das vias de tráfego das fontes móveis.
26
Gestão da Qualidade do ar
• Peso médio dos veículos que circulam pela via (carregados e vazios);
Para a emissão de gases e partículas oriundos da queima de combustíveis pelas fontes móveis,
a Cetesb também publica fatores de emissão, expressos em gramas de poluentes por distância
percorrida³⁵.
16.6.1 INTRODUÇÃO
33 https://www.epa.gov/sites/production/files/202010/documents/13.2.1_paved_roads.pdf
34 https://www.epa.gov/sites/production/files/2020-10/documents/13.2.2_unpaved_roads.pdf
35 https://cetesb.sp.gov.br/veicular/relatorios-e-publicacoes/
27
Gestão da Qualidade do ar
16.6.2 ESCOPO
Devem ser apresentados o ano base do inventário, os tipos de fontes e os setores que foram
inventariados.
Descrever como foi programada a seleção dos poluentes atmosféricos inventariados. Devem
ser inventariados, minimamente, todos os poluentes estabelecidos na Resolução Conama nº
491/18, além de outros poluentes relevantes emitidos.
16.6.3 METODOLOGIA
Para as estimativas das emissões provenientes de processos industriais devem ser apresentadas
as diversas abordagens metodológicas adotadas por cada grupo de fontes (utilização de dados de
monitoramento contínuo, monitoramento por amostragem, aplicação e fatores de emissão, adoção
de analogia com outras fontes emissoras etc.). Junto à apresentação das metodologias adotadas,
apresentar, em anexo, a memória de cálculo da quantificação e da estimativa das emissões.
28
Gestão da Qualidade do ar
A partir das conclusões encontradas, apresentar as recomendações para o controle das fontes
de emissões prioritárias.
Região Metropolitana de
CE Fortaleza (CE)
2018 (ano-base 2010,2015) Móveis Plicarpo et al
Prefeitura Municipal
MS Campo Grande (MS) 2016 (ano-base 2010) Fixas e Móveis de Campo Grande
Região Metropolitana do
RJ Rio de Janeiro (RJ) 2004 (ano-base 2001) Fixas e Móveis INEA
Região Metropolitana do
RJ Rio de Janeiro (RJ) 2005 (ano-base 2001) Fixas Pires
Região Metropolitana do
RJ Rio de Janeiro (RJ) 2016 (ano-base 2013) Móveis INEA
Região Metropolitana de
RS Porto Alegre (RS) 2008 (ano-base 2004) Móveis Teixeita et al
RS Estado do Rio Grande do Sul (RS) 2016 (ano-base 2012) Móveis Silva et al
Reprodução MMA
A seguir, são apresentados mais detalhes dos inventários da Região Metropolitana de São Paulo
(RMSP), da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) e da Região da Grande Vitória (RGV).
Região Metropolitana de São Paulo
A Cetesb atualiza frequentemente o inventário de emissões da RMSP. O gráfico 14 indica as
emissões relativas por tipo de fonte, referentes ao ano de 2019.
30
Gestão da Qualidade do ar
10,0%
43% 1,8%
40%
72,4%
51,0%
61,5%
20% 32,0%
0,1%
17,7% 11,2%
0%
6,2% 5,0% 4,3%
CO HC NOx MP10 MP2,5 SOx
300%
Taxa de emissão de poluentes (t/ano)x1000
250%
200%
150%
100%
50%
0%
De forma semelhante ao que ocorre na RMSP, na RMRJ os veículos respondem pela maior carga
de CO, NOx e HC lançadas na atmosfera. A maior carga de SO2 é lançada pelas fontes fixas.
31
Gestão da Qualidade do ar
Indústria de Produtos Minerais 143,75 84,66 43,77 65,84 24,71 192,67 21,44
Indústria de Produtos Químicos 8,34 6,21 3,75 16,10 3,73 8,88 62,67
Nota:
MP - Material particulado MP 10 - Material particulado <10 µm MP2.5 Material particulado <2,5 µm
NOX - Óxidos de nitrogênio SO₂ - Dióxido de enxofre CO - Monóxido de carbono
O inventário de emissões da Petrobras é gerido pelo sistema corporativo denominado SIGEA®) - Sistema de
Gestão de Emissões Atmosféricas, que compila, armazena, calcula e serve como banco de dados de todas as
informações relevantes de poluentes emitidos para a atmosfera da empresa. Todas as unidades da Petrobras
no Brasil e nos outros países fazem parte deste sistema.
O inventário é publicado desde 2002 e verificado por terceira parte anualmente. Inclui: óxidos de enxofre
(SOx), óxidos de nitrogênio (NOx), material particulado (MP), monóxido de carbono (CO), compostos orgâni-
cos voláteis (COVs) e hidrocarbonetos totais (HCT). O SIGEA® processa informações mensais de mais de 17
mil fontes cadastradas (PETROBRAS, 2020). O gráfico 16 apresenta as emissões de poluentes referentes ao
período de 2016 a 2020.
32
Gestão da Qualidade do ar
300000%
250000%
200000%
150000%
100000%
50000%
0%
Já a redução de óxidos de nitrogênio é aderente aos menores níveis de despacho termelétrico nos
últimos anos. Com relação ao material particulado, não são verificadas alterações significativas no
período, com leve tendência de redução desde 2018 associada à saída das atividades de produção
de fertilizantes do portfólio.
Tome nota
No período de 2018 a 2020, apesar do aumento da produção, observa-se a redução
do volume total de hidrocarbonetos não aproveitados, que está relacionada às ações
voltadas para melhoria de eficiência operacional e redução de queima em tocha,
bem como a melhorias contínuas de inventário, caracterização e quantificação de
perdas de hidrocarbonetos. Cabe destacar a redução de gás queimado em tocha em
2020 no refino (queda de 28% em relação a 2019) e na Exploração & Produção (20%
a menos que em 2019). No geral, em 2020, registrou-se uma média de queima de
5,7 milhões de metros cúbicos por dia de gás em tocha nas atividades, 23% abaixo
do valor de 2019. Registrou-se também uma redução relevante de hidrocarbonetos
dissipados na atmosfera (PETROBRAS, 2020).
O Inventário Nacional de Emissões (NEI36, da sigla em inglês para o National Emissions Inventory) dos
Estados Unidos é uma estimativa abrangente e detalhada das emissões atmosféricas dos poluentes
regulamentados, de seus precursores e dos poluentes atmosféricos prioritários das fontes de emissão.
33
Gestão da Qualidade do ar
Saiba Mais
O NEI é divulgado a cada três anos com base, principalmente, em dados fornecidos
pelos órgãos ambientais estaduais, locais e tribais para as fontes localizadas em
suas jurisdições e complementados por dados desenvolvidos pela US EPA. O NEI
é construído usando o Sistema de Inventário de Emissões (EIS, da sigla em inglês
para Emissions Inventory System) primeiramente para coletar os dados dos órgãos
ambientais estaduais e, em seguida, combinar esses dados com outras fontes de
dados.
O inventário inclui as fontes pontuais, fontes móveis e fontes móveis não rodoviárias que usam
combustíveis fósseis, tais como: aviões, locomotivas e navios; equipamentos usados na construção
civil e para cortar grama em parques e jardins. São consideradas também as emissões oriundas de
queimadas para fins agrícolas e também queimadas em matas e florestas que compõem o Inventá-
rio Nacional de Emissões de Queimadas (National Fire Emissions Inventory - NFEI).
Em 2005 foi elaborado um inventário internacional para avaliar o aumento das concentrações de
ozônio no mundo no período de 1890 e 1990, por meio de modelo matemático (LAMARQUE et al,
2005).
As emissões de todas as substâncias químicas foram baseadas no banco de dados EDGAR-HYDE
1.4. Os totais anuais globais (fontes antropogênicas e naturais) desse estudo são apresentados no
quadro 20 (LAMARQUE et al, 2005).
Quadro 20: Evolução das emissões mundiais totais (antrópicas e biogênicas)
de alguns compostos na atmosfera (Tg/ano)
36 https://www.epa.gov/air-emissions-inventories/national-emissions-inventory-nei
34
Gestão da Qualidade do ar
Essas emissões são baseadas nas atividades que, historicamente, ocorreram no mundo, e foram
calculadas para cada período de 10 anos, desde 1890. No quadro 19 pode-se observar que as
emissões de NO tiveram um aumento quase exponencial, passando de 15,3 Teragramas37 de NO/
ano, em 1890, para aproximadamente 74 Teragramas de NO/ano, em 1990 (LAMARQUE et al, 2005).
Esse aumento é oriundo, principalmente, das emissões antrópicas diretas, como, por exemplo, in-
dústrias metalúrgicas e têxteis, além das emissões originadas do uso de fertilizantes no solo e da
queima de biomassa.
Tome nota
As emissões de NO do solo levaram em consideração o uso crescente de fertilizantes.
Com relação às emissões de aviões, considerou-se que no período entre 1890 e 1930
elas eram zero; em 1940 equivaliam a 10% das emissões de 1990; e a partir de 1950
atribuiu-se um percentual de aumento dessas emissões de 20% ao ano, até 1990.
O estudo demonstrou, através da modelagem usando esses dados, que houve um aumento de
30% nas concentrações de ozônio presentes na troposfera no período compreendido entre 1890 e
1990, ou seja, entre o fim do século 19 e o fim do século 20. Portanto, é possível calcular um inventá-
rio referente a um período anterior ao atual, reconstituindo as emissões para o período de interesse.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARIOTTI, Paula. Método para aprimorar a estimativa de emissões veiculares em áreas urbanas através de
modelagem híbrida em redes, 2010. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/publicacoes/319_Paula%20
Ariotti.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2021.
CETESB. Relatório de Qualidade do Ar de São Paulo – 2019. Publicado em 2020. Disponível em https://cetesb.
sp.gov.br/ar/publicacoes-relatorios/. Acesso em: 15 jul. 2021.
FEST - FUNDAÇÃO ESPÍRITO SANTENSE DE TECNOLOGIA. Avaliação Técnica da Metodologia e dos Resultados
Apresentados pela Empresa Ecosoft (rtc190018) para Atualização do Inventário de Emissões Atmosféricas da
Região da Grande Vitória Ano Base – 2015. Publicado em 2019. Disponível em: https://iema.es.gov.br/Media/
iema/CQAI/INVENTÁRIO/UFES_Análise%20técnica%20FEST%20Inventário%20de%20Emissões%20RGV%20
2015%20versão%20final.pdf. Acesso em: 15 jul. 2021.
IEMA. Inventário de Emissões Atmosféricas da Região da Grande Vitória, 2011. Publicado em 2012. Disponível
em: https://iema.es.gov.br/Media/iema/CQAI/Documentos/Inventario_2010.zip. Acesso em: 15 jul. 2021.
IEMA. Inventário de Emissões Atmosféricas da Região da Grande Vitória Ano Base – 2015. Publicado em 2019.
Disponível em: https://iema.es.gov.br/qualidadedoar/inventariodefontes/2015. Acesso em: 15 jul. 2021.
LAMARQUE, J.F.; HESS, P. E; EMMONS, L. Tropospheric ozone evolution between 1890 and 1990. Journal of
Geophysical Research, Vol. 110, D08304, 2005
OLIVEIRA, Vinicius de. A qualidade do ar na Região Metropolitana do Rio de Janeiro: a saúde pública como
elo central de articulação e suas implicações na gestão integrada saúde e ambiente. Rio de Janeiro: s.n., 2008.
Disponível em: <https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/4340/2/ve_Vinicius_Oliveira_ENSP_2008.pdf>.
SANTOS, Fábio Soares dos. Diagnóstico das emissões atmosféricas em Minas Gerais: um estudo para as
fontes fixas e veiculares. Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia.
Belo Horizonte, 2018.
US EPA. AP-42 - Compilation of Air Pollutant Emissions Factors, 2018. Disponível em: https://www.epa.gov/air-
emissions-factors-and-quantification/ap-42-compilation-air-emissions-factors. Acesso em: 10 jan. 2021.
36
MÓDULO IV – INSTRUMENTOS PARA A GESTÃO DA QUALIDADE DO AR
AULA 17
PLANO DE CONTROLE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS
37
Gestão da Qualidade do ar
Legislação
De acordo com o inciso VI do artigo 2º da Resolução Conama nº 491/2018, o Plano
de Controle de Emissões Atmosféricas é o documento contendo a abrangência
geográfica e regiões a serem priorizadas; a identificação das principais fontes de
emissão e respectivos poluentes atmosféricos; as diretrizes e ações, com respectivos
objetivos, metas e prazos de implementação, visando o controle da poluição do ar
no território estadual ou distrital, observando os Padrões de Qualidade definidos e as
estratégias estabelecidas no Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar –
Pronar.
38
Gestão da Qualidade do ar
Diagnóstico
• Definição da área de abrangência;
• Identificação de fontes prioritárias.
• Identificação de áreas prioritárias;
• Identificação de poluentes prioritários.
Ações de Redução
• Definição das ações de redução;
• Estabelecimento de metas de redução,
• Estabelecimento de estratégia de
aplicação do plano.
Verificação
• Monitoramento da qualidade do ar,
• Inventários de emissão;
• Relatórios periódicos;
• Revisão do Plano de Controle.
39
Gestão da Qualidade do ar
As emissões contribuem para as concentrações locais de poluentes, que ocorrem quando esses
se acumulam em quantidades significativas em locais específicos como, por exemplo, perto de
estradas movimentadas, instalações industriais ou grandes operações agrícolas intensivas. A ex-
posição a altas concentrações de poluentes resulta diretamente em impactos adversos, que são
cumulativos, sendo necessário focar esforços na redução da exposição (DEFRA, 2018).
Com isso, num cenário de altas concentrações de poluentes em diferentes localidades, a defini-
ção das áreas prioritárias para ação deve levar em conta a maior densidade populacional e a exis-
tência de pessoas mais vulneráveis, tais como quando há hospitais ou escolas nos arredores dessas
localidades.
Para a identificação de áreas prioritárias podem ser utilizadas as seguintes ferramentas: Inventário
de fontes; Monitoramento da qualidade do ar; e Modelagem da dispersão atmosférica.
São várias as ferramentas disponíveis para a identificação de fontes prioritárias, tais como: Inventá-
rio de emissões atmosféricas; Modelagem da dispersão de poluentes; Mapeamento local; e Levan-
tamento de dados indiretos.
Devem ser priorizados para adoção de medidas de controle os poluentes que excedam ou mais
se aproximam da concentração estabelecida no respectivo padrão de qualidade do ar para cada
área prioritária. Essa definição deve levar em conta também a origem geográfica do poluente - se é
local ou não local; o setor responsável pela poluição - por exemplo, veicular ou industrial; o subsetor
responsável, como o tipo de veículo ou o tipo de indústria; e a atividade que gerou a emissão, como
desgaste dos pneus em superfície de estradas, emissões de escape etc.
Esta investigação pode auxiliar no direcionamento de ações para que os resultados gerados sejam
mais efetivos.
40
Gestão da Qualidade do ar
Para a identificação de poluentes prioritários podem ser utilizadas as seguintes ferramentas: In-
ventário de fontes; Monitoramento e a Modelagem da dispersão atmosférica.
Obras civis;
Frota veicular;
Queimadas; e
O controle das fontes fixas pode ser feito por meio de medidas que promovam a
redução dos poluentes em suas fontes: uso de matérias-primas e insumos com menor
impacto ambiental, uso de tecnologias de produção mais limpas (reúso, reutilização
e reciclagem), melhoria na eficiência dos processos industriais, mudanças na matriz
energética (uso de combustíveis mais limpos) e adoção de sistemas de tratamento das
emissões antes do seu lançamento à atmosfera (MMA, 2009).
A implementação de medidas de controle para fontes fixas pode ser feita por meio
de Termo de Compromissos Ambientais (TCA), Termo de Ajuste de Conduta (TAC), na
renovação da licença ambiental ou em atualização das condicionantes ambientais.
41
Gestão da Qualidade do ar
Importante
Para a adoção das melhores práticas e tecnologias disponíveis, podem ser utilizadas
as seguintes referências: Documento Referência da Comissão Europeia das Melhores
Técnicas Disponíveis³⁸ (Best Available Techniques – BAT Reference Document); Guia
de Melhor Tecnologia Disponível39 (Cetesb).
II - Obras civis
Obras civis podem contribuir com emissões relevantes para o ar, sendo desejável o
estabelecimento de ações e normas que visem aumentar o controle dessas emissões,
principalmente se essas ocorrerem em centros urbanos, onde há grande circulação de pessoas.
A produção de um edifício envolve uma grande variedade de atividades que são potenciais
fontes de emissão de poluentes, especialmente o material particulado: demolições;
movimentação de terra; serviços preliminares; e serviços de construção. Dentro desses grupos
há conjuntos de atividades que são comuns a todos eles e que possuem características
particulares de emissão: transporte, armazenagem; remoção de materiais e resíduos; veículos e
equipamentos de produção e transporte (REZENDE e CARDOSO, 2008).
A implementação de medidas de controle para fontes de emissão em obras civis pode ser
definida por meio de normas de referência definidas autorizadas pelos órgãos de controle.
Além disso, essas normas devem ser focadas na adoção das melhores práticas e tecnologias
disponíveis (Best Available Techniques – BAT).
38 Cf. European Integrated Pollution Prevention and Control Bureau (EIPPCB) - https://eippcb.jrc.ec.europa.eu/reference
39 Cf. Cetesb - https://cetesb.sp.gov.br/ar/plano-de-reducao-de-emissao-de-fontes-estacionarias-prefe/guia-de-
melhor-tecnologia-pratica-disponivel/
40 Poluição na construção civil pode ser evitada com medidas de baixo custo. Disponível em: https://governo-sp.
jusbrasil.com.br/noticias/155929/poluicao-na-construcao-civil-pode-ser-evitada-com-medidas-de-baixo-custo
Acesso em 16 de abril de 2021.
42
Gestão da Qualidade do ar
Importante
Para a adoção das melhores práticas e tecnologias disponíveis aplicadas a obras
civis públicas e privadas, podem ser utilizadas as seguintes referências: Melhores
tecnologias disponíveis aplicadas a obras civis públicas e privadas; Best Practices for
the Reduction of Air Emissions From Construction and Demolition Activities (Cheminfo/
Environment- Canada41); The control of dust and emissions from construction and
demolition - Best Practice Guidance (Greater London Authority42).
4 1 Best Practices for the Reduction of Air Emissions From Construction and Demolition Activities. Cheminfo/Environment
Canada. Disponível em: http://www.bv.transports.gouv.qc.ca/mono/1173259.pdf. Acesso em: 16 abr 2021.
The control of dust and emissions from construction and demolition - Best Practice Guidance. Greater
4 2 London Authority. Disponível em: https://www.rbkc.gov.uk/idoxWAM/doc/Other-1543502.pdf?extension=.
pdf&id=1543502&location=Volume2&contentType=application/pdf&pageCount=1
43
Gestão da Qualidade do ar
Além disso, as queimas feitas a céu aberto podem influenciar a qualidade do ar das cidades
devido à emissão de partículas e gases tóxicos, sendo desejável a definição de ações para coibir
esse tipo de prática. Ressalta-se que a legislação vigente no Brasil determina que são proibidas,
dentre outras formas de destinação final, a queima a céu aberto ou em recipientes, instalações
e equipamentos não licenciados para essa finalidade, de resíduos sólidos ou rejeitos. A Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) abre uma exceção na situação em que for decretada, por
exemplo, uma emergência sanitária, onde há uma possibilidade de realização dessa queima
de resíduos a céu aberto, desde que autorizada e acompanhada pelos órgãos competentes
do Sisnama, do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) e, quando couber, do Sistema
Unificado de Atenção a Sanidade Agropecuária (Suasa).
17.3.3 VERIFICAÇÃO
Monitoramento da qualidade do ar
O monitoramento contínuo da qualidade do ar possibilita o levantamento de informações
sobre a concentração de poluentes no território, sendo assim possível verificar se as ações
previstas nos planos estão sendo efetivas e se há necessidade de ajustes em sua execução. Os
dados obtidos no monitoramento devem ser transformados em relatórios e indicadores para
avaliação da evolução da qualidade do ar local.
Inventários de Emissão
Os inventários de emissão são instrumentos estratégicos de gestão ambiental que estimam
as emissões por fontes de poluição especificadas, numa dada área geográfica e em um
dado período de tempo, permitindo, assim, orientar medidas mais eficientes de intervenção.
A elaboração desses instrumentos é ponto de partida para o sucesso da implantação ou
reorientação de quaisquer programas voltados ao melhoramento da qualidade do ar, uma vez
que se presta a identificar e hierarquizar as diferentes fontes contribuintes e as emissões totais;
identificar os principais poluentes emitidos em uma área de interesse; avaliar os efeitos das
medidas de controle sobre as taxas de emissão; estimar, com auxílio de modelagem, os efeitos
das emissões atmosféricas na qualidade do ar; identificar medidas potenciais de redução; e
determinar tendências de emissões futuras.
45
Gestão da Qualidade do ar
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Compromisso pela Qualidade do Ar e Saúde Ambiental, Brasília, 2009.
Disponível em: https://antigo.mma.gov.br/images/arquivo/80060/Compromisso%20pela%20Qualidade%20
do%20Ar%20e%20Saude%20Ambiental.pdf Acesso em 28 maio 2021
DEFRA, Department of Environment, Food and Rural Affairs. Clean Air Strategy – 2018. Londres, Inglaterra, 2018.
Disponível em: https://consult.defra.gov.uk/environmental-quality/clean-air-strategy-consultation/supporting_
documents/Clean%20Air%20Strategy%202018%20Consultation.pdf. Acesso em 28 maio 2021.
IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Programa de controle
da poluição do ar por veículos automotores - Proconve/Promot/Ibama, 3 ed. — Brasília: Ibama/Diqua, 2011.
Disponível em: http://ibama.gov.br/phocadownload/veiculosautomotores/manual%20proconve%20promot_
portugues.pdf. Acesso em 28 maio 2021.
RESENDE, F., CARDOSO, F. F. Poluição atmosférica por emissão de material particulado: avaliação e controle nos
canteiros de obras de edifícios. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de
Construção Civil. São Paulo – SP, 2008.
SANTOS, I, M. Exposição a material particulado em um canteiro de obra da construção civil e sua associação com
marcadores inflamatórios sanguíneos. Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Ambiental, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Londrina, 2018.
UNEP, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Urban Air Quality Management Toolbook, 2005.
Disponível em: https://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/8728/Urban_quality_management_
toolbook.pdf?sequence=3&%3BisAllowed= Acesso em 28 maio 2021
46
MÓDULO IV – INSTRUMENTOS PARA A GESTÃO DA QUALIDADE DO AR
AULA 18
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR
47
Gestão da Qualidade do ar
• Desconformidades;
A Resolução Conama n° 491/2018 estabelece, no seu art. 6º, a obrigatoriedade aos órgãos
ambientais estaduais e distrital de elaborarem relatórios de qualidade do ar.
Legislação
Art. 6º Os órgãos ambientais estaduais e distrital elaborarão o Relatório de
Avaliação da Qualidade do Ar anualmente, garantindo sua publicidade.
48
Gestão da Qualidade do ar
Condições meteorológicas;
4. Redes de monitoramento
Rede automática
Rede manual
6. Metodologia de monitoramento
8. Representatividade de dados
Rede automática
Rede manual
11. Considerações gerais sobre estimativas de emissão de fontes móveis e fontes estacionárias
49
Gestão da Qualidade do ar
Alguns pontos importantes que devem ser inseridos nos relatórios de Avaliação
da Qualidade do Ar estão relacionados abaixo:
Todos esses dados devem ser apresentados de forma gráfica com uma descrição técnica
para cada item.
De acordo com os dados apresentados nas análises realizadas nos Relatórios de Qualidade do
Ar dos Estados de SP, RJ, ES, DF, RS e GO, constatou-se uma tendência de melhoria da qualidade
do ar, assim como a presença de alguns problemas localizados em regiões industrializadas e,
especificamente em relação ao ozônio, nas zonas urbanas.
50
Gestão da Qualidade do ar
A seguir são apresentados os tópicos que foram desenvolvidos pela Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo (Cetesb) quando da elaboração do relatório de avaliação da Qualidade do
ar no Estado de São Paulo – 2020, e pela Empresa de Proteção Ambiental do Polo Petroquímico
de Camaçari (Cetrel) ao elaborar o relatório da Rede de Monitoramento do Polo Petroquímico de
Camaçari. Foram escolhidas essas duas redes de monitoramento como exemplos em função
de uma ter sido implantada na década de 70 (Cetesb) e a outra na década de 90 (Cetrel) e
ambas contarem com elaboração de relatórios anuais de consolidação dos dados gerados.
a) Material Particulado
• Partículas Inaláveis
• Partículas Inaláveis Finas
• Fumaça
• Partículas Totais em Suspensão
b) Gases
• Ozônio
• Dióxido de Nitrogênio
• Monóxido de Carbono
• Dióxido de Enxofre
Considerações Gerais
Região Metropolitana de São Paulo (RMSP)
Cubatão
Polo Cerâmico de Santa Gertrudes
51
Gestão da Qualidade do ar
1 • Introdução
2 • Parâmetros, Padrões e Índices
2.1 Parâmetros de Qualidade do Ar
2.2 Padrões de Qualidade do Ar
2.3 Índice de Qualidade do Ar
3 • Redes de Monitoramento
3.1 Tipos de Rede e Parâmetros Monitorados
3.1.1 Rede Automática
3.1.2 Rede Manual
3.1.3 Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar no Estado de São Paul
3.2 Metodologia de Monitoramento
3.3 Metodologia de Tratamento dos Dados
3.3.1 Representatividade de Dados
3.3.1.1 Rede Automática
3.3.1.2 Rede Manual
3.3.2 Representatividade espacial das estações
3.3.3 Observações sobre o monitoramento
4 • Fontes de Poluição do Ar no Estado de São Paulo
4.1 Considerações gerais sobre estimativas de emissão de fontes móveis e
fontes estacionárias
4.2 Fontes de Poluição do Ar no Estado de São Paulo
4.3 Fontes de Poluição do Ar na RMSP
5 • Qualidade do ar no Estado de São Paulo
5.1 Aspectos Gerais da Meteorologia no Estado de São Paulo
5.1.1 Aspectos Climáticos no Estado de São Paulo
5.1.2 Aspectos Meteorológicos no Estado de São Paulo em 2020
5.1.3 Aspectos Meteorológicos na poluição do ar no Estado de São Paulo
5.1.3.1 Condições Meteorológicas para Dispersão de Poluentes - 2020
5.1.3.2 Condições Meteorológicas para Formação de Ozônio - 2020
5.2 Resultados do Monitoramento da Qualidade do Ar
5.2.1 Resultados – Material Particulado
5.2.1.1 Partículas Inaláveis - MP10
5.2.1.2 Partículas Inaláveis Finas – MP2,5
5.2.1.3 Fumaça - FMC
5.2.1.4 Partículas Totais em Suspensão - PTS
5.2.2 Resultados – Ozônio – O3
5.2.3 Resultados – Dióxido de Nitrogênio – NO2
5.2.4 Resultados – Monóxido de Carbono – CO
5.2.5 Resultados – Dióxido de Enxofre – SO2
5.2.6 Outros Poluentes
5.2.6.1 Enxofre Reduzido Total - ERT
5.2.6.2 Aldeídos
5.2.6.3 Benzeno e Tolueno
5.2.7 Estudos Especiais
5.2.7.1 Estudos do Compostos Orgânicos Voláteis (COV) na atmosfera do
município de Paulínia-SP
5.2.7.2 Evolução das concentrações de Carbono Orgânico e Carbono Elementar
no MP2,5 na atmosfera de São Paulo (Cerqueira César)
52
Gestão da Qualidade do ar
Referências
O relatório de Avaliação da Qualidade do Ar de São Paulo é disponibilizado
na internet por meio do link: https://cetesb.sp.gov.br/ar/wp-content/uploads/
sites/28/2021/05/Relatorio-de-Qualidade-do-Ar-no-Estado-de-Sao-Paulo-2020.pdf
1. Sumário Executivo
1.1. Meteorologia e dispersão dos poluentes atmosféricos
2. Introdução
6. Considerações Finais
7. Recomendações
8. Referências Bibliográficas
9. Anexos
Importante
O relatório de avaliação da qualidade do ar da rede do Polo Petroquímico de
Camaçari, por ser elaborado por uma empresa particular, é disponibilizado por meio
de solicitação direta à empresa Cetrel.
54