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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

GEOLOGIA APLICADA À ENGENHARIA CIVIL


PROFESSORA: ANA PAULA KLAUS LOCATELLI
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Introdução à geologia
PROFESSORA: ANA PAULA KLAUS LOCATELLI
Geologia
como a ciência que estuda a
 Podemos definir geologia
Terra em todos os seus aspectos, isto é, a constituição e
estrutura do globo terrestre, as diferentes forças que agem sobre as
rochas, modificando assim as formas do relevo e a composição
química original dos diversos elementos, a ocorrência e a evolução
da vida através das diferentes etapas da história física da terra
(estudo dos seres antigos).
Geologia
 Em resumo conceitua-se GEOLOGIA como:
“Ciência da terra que trata de sua origem, composição
(estrutura), de seus processos internos e externos e de sua
evolução, através do estudo das rochas.”

 É objeto da Geologia o estudo dos agentes de formação e


transformação das rochas, da composição e disposição das rochas na
crosta terrestre.
Divisão da Geologia
Divisão da Geologia
 Entende-se por Geologia Aplicada à Engenharia, ou Geologia de
Engenharia, o emprego dos conhecimentos geológicos para a
solução de certos problemas de Engenharia Civil, principalmente
nos setores de construção de rodovias/ferrovias,
implantação de barragens, abertura de túneis e canais,
obtenção de água subterrânea, projeto de fundações de
obras em geral , etc.
 A Geologia de Engenharia, além de sua raiz na Geologia, tem
ligações muito fortes com a Mecânica dos Solos e Mecânica das
Rochas. Estas três juntas formam a Geotecnia.
Aplicações da Geologia na Engenharia Civil
 O estudo da Geologia pode ser aplicado em projetos da engenharia
civil e de outras engenharias.
 Para facilitar as áreas de aplicação da Geologia, se divide a sua
aplicação em:
- Atividades de superfície;
- Atividades de profundidade; e
- Atividades especiais.
Atividades de superfície
 Obtenção de materiais pra construções em geral.
- Pedreiras, jazidas de argila e areia (Figura 1).

Figura 1 – Pedreira para obtenção de material


Fonte: http://www.engep.com.br/wp-content/themes/twentyten/images/webdoor-pedreira.jpg
Atividades de superfície
 Construção de estradas, corte em geral e minas a céu aberto.
- Realização de investigações de natureza geológica e geotécnica (Figura 2).

Figura 2 – Corte e aterro para construção de estradas


Fonte: https://petcivilufjf.files.wordpress.com/2015/08/002.jpg
Atividades de superfície
 Fundações.
- Coleta de dados e ensaios para projetar e dimensionar fundações (Figura 3).

Figura 3 – Fundação tipo sapata


Fonte: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/137/imagens/i56367.jpg
Atividades de superfície
 Obtenção de águas subterrâneas.
- Coleta de dados para encontrar o lençol ou nível freático (Figura 4).

Figura 4 – Lençol freático


Fonte: http://www.ebanataw.com.br/roberto/pericias/lfefei6.jpg
 Barragem de terra e aterros em geral.
- Estudo das condições topográficas, hidrológicas e
geológicas (Figura 5).

Atividades de
superfície

Figura 5 – Barragem Castelo de Bode


Fonte: http://correiodoribatejo.com/wp-content/uploads/2015/08/Barragem-de-Castelo-de-Bode-14.jpg
Atividades de superfície
 Túneis e escavações subterrâneas .
- Estudo das condições topográficas, hidrológicas e geológicas (Figura 6).

Figura 6 – Escavação de túnel na superfície


Fonte: http://euamoipatinga.com.br/noticias/images/%7B11E296A0-9ECA-4D49-BFF4-19AD996FAAF0%7D_t4.JPG
Atividades de profundidade
 Abertura (escavação) túneis para uso civil.
- Estudo do subsolo (Figura 7).

Figura 7 – Escavação de túnel subterrâneo


Fonte: http://www.cimentoitambe.com.br/wp-content/uploads/2013/06/rio.jpg
Atividades de profundidade
 Escavações de minas em profundidade.
- Estudo do subsolo (Figura 8).

Figura 8 – Escavação de minas subterrâneas


Fonte: http://imgms.viajeaqui.abril.com.br/13/foto-galeria-materia-620-p7.jpeg?1333640713
Atividades especiais
 Engenharia de petróleo (Figura 9).

Figura 9 – Poços de petróleo sub marítimos


Fonte: http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/09/navio-petroleo-poluicao.jpg
Atividades especiais
 Engenharia Geotécnica em geral (Figura 10).

Figura 10 – Fundações
Fonte: http://www.borgeslandeiro.com.br/arquivos/images/imoveis/Prime/Obra/Set-2013/Prime%20-%20Fundacao.JPG
Atividades especiais
 Engenharia do Meio Ambiente.
- Armazenamento de produtos radioativos (Figura 11).

Figura 11 – Depósito de rejeitos radioativos


Fonte: https://megaarquivo.files.wordpress.com/2015/10/fukushima-exclusion-zone-podniesinski-60.jpg?w=700
 Dados sobre a Terra
- Esferoide achatado nos polos e dilatado no Equador.
Elementos - Diâmetro Polar: 12.712 Km.
sobre a crosta - Diâmetro Equatorial: 12.756 Km.

terrestre
 Dados sobre a Terra
- Raio Médio: 6300 Km.
Elementos - Perfuração Atingida: 7 Km (0,1%).
- Massa (calculada mediante a lei da gravitação de
sobre a crosta Newton): 6 sextilhões de toneladas.
terrestre
 Dados sobre a Terra
- Informações sobre o interior da terra:
Elementos a. Meios diretos;
sobre a crosta b. Meios indiretos.

terrestre
 Dados sobre a Terra
- Estudos de propagação de ondas sísmicas originadas
Elementos por terremotos; cujas vibrações são medidas por
sismógrafos.
sobre a crosta - Sismologia: Ciência dos terremotos (abalos sísmicos).
terrestre
 Dados sobre a Terra
- Densidade: 5,52 (5,52 vezes o peso da d'água).
Elementos - Conclusão: Materiais de ocorrência em maiores
profundidades apresentam maior densidade.
sobre a crosta
terrestre
 Maior elevação: Everest 8.840m – Himalaia (Figura 12).

Elementos
sobre a crosta
terrestre

Figura 12 – Monte Everest


Fonte: http://img.ibxk.com.br/2014/05/12/12191956739820.jpg?w=1040
 Maior depressão: Fossas Filipinas 11.516m (Figura 13).

Elementos
sobre a crosta
terrestre

Figura 13 – Fossas Filipinas


Fonte:http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/geologia/12tectonicadojapao/12tectonicajapao3.jpg
Métodos diretos
 Vulcanismo: observando os materiais vulcânicos podemos conhecer
o interior da Terra.
 Tectônica: observando as deformações causadas pela tectónica
podemos conhecer os materiais do interior da Terra.
 Afloramentos: observação direta das rochas à superfície, que
ascendem devido a processos do ciclo das rochas.
 Minas e Pedreiras a céu aberto.
 Sondagem é o método que nos leva a maior profundidade.
Métodos indiretos
 Um abalo sísmico produz ondas de várias espécies.
 Ondas sísmicas: a propagação de ondas sísmicas é diferente em
diferentes estados físicos e diferentes constituições, levando-nos a
concluir sobre as diferentes camadas da Terra.
 Por ora, vamos estudar somente as ondas:
- Longitudinais e
- Transversais.
 As ondas longitudinais apresentam maior velocidade de
transmissão e por isso são ditas principais ou ondas P. A
vibração se dá na direção da propagação, de modo
análogo às ondas sonoras.

Ondas
longitudinais
 As onda transversais são mais lentas e são também
denominadas ondas secundárias ou ondas S. A vibração
se faz em direção perpendicular à direção de
propagação do modo análogo às ondas luminosas.

Ondas
transversais
Limites da crosta, manto e núcleo
 Existem duas descontinuidades mais importantes
chamadas de 1ª ordem, por corresponderem a uma
alteração muito sensível na curva velocidade-profundidade.
 São elas:
a) Descontinuidade Mohorovicic;
b) Descontinuidade de Weichert-Gutenberg.
Limites da crosta, manto e núcleo
a) Descontinuidade Mohorovicic -
também chamada Moho, ou
simplesmente Descontinuidade
M, é a fronteira entre a crosta e o
manto terrestre. Observada numa
profundidade de 30 à 50 km nas
regiões continentais e muito
menos nas regiões oceânicas.
Limites da crosta, manto e núcleo
b) Descontinuidade de Weichert-Gutenberg - é uma zona de
separação das camadas da Terra, separando o manto do núcleo, a
uma profundidade de 2.900 km.
 A crosta terrestre é a primeira das camadas da Terra,
sendo também a menor e mais “fina” entre elas.
 Sua profundidade oscila entre 5 km (em algumas
áreas oceânicas) e 70 km (em zonas continentais).
 Essa camada é subdividida em crosta superior e
Crosta terrestre crosta inferior.

Crosta Terrestre
 Baseado na velocidade de propagação das
ondas P, a crosta terrestre pode ser dividida
em duas camadas:
1. SIAL, ou camada “granítica”;
2. SIMA, ou camada “basáltica”.
Crosta terrestre
 Estima-se que nas regiões continentais a
espessura do SIAL (silício + alumínio) é da ordem
de 15 km e a espessura do SIMA (silício +
magnésio) é da ordem de 30 km.
 Já nas regiões oceânicas, o SIAL está praticamente
Crosta terrestre ausente e o SIMA tem de 5 à 10 km de espessura
(Figura 14).

Figura 14 – Divisão das Rochas SIAL e SIMA


O manto terrestre posiciona-se abaixo da
descontinuidade de Mohorovicic, que fica abaixo da
crosta.
 É a mais extensa das camadas da Terra e sua
profundidade máxima alcança os 2.900 km, ocupando
cerca de 80% do volume total do planeta.
Manto
 Sua composição é de silicatos de ferro e de magnésio, e
as rochas encontram-se em forma de material pastoso
chamado de magma.
 O manto superior é mais pastoso que o inferior e está em
movimentação. Em virtude da força exercida por esses
movimentos, seus efeitos são sentidos na crosta terrestre,
Manto causando o movimento das placas tectônicas.
 O núcleo terrestre, posicionado abaixo da descontinuidade
de Gutenberg e abaixo do manto, é o mais quente das
camadas da Terra e também é dividido em exterior e
interior. Sua composição predominante é o NIFE (níquel e
ferro).
 O núcleo externo encontra-se no estado líquido, enquanto
Núcleo o núcleo interno encontra-se no estado sólido, por causa da
extrema pressão aplicada sobre ele.
Rochas
 Rochas: Agregados naturais de uma ou mais espécies de minerais.
Constituindo assim unidades mais ou menos definidas da crosta
terrestre.

“As rochas são aglomerados de partículas consolidados,


resultantes da agregação e união natural dos minerais que as
compõem.”
Classificação segundo a gênese
 Em linhas gerais, as rochas são divididas em três tipos principais,
segundo a sua gênese (formação):
1. Ígneas (ou magmáticas),
2. Sedimentares e
3. Metamórficas.
 São aquelas que se originam a partir da
solidificação do magma ou da lava vulcânica.
 Elas costumam apresentar uma maior resistência e
subtipos geologicamente recentes e de formações
antigas. Elas dividem-se em dois tipos:
Rochas ígneas
1. Rochas ígneas extrusivas ou vulcânicas;
(ou magmáticas)
2. Rochas ígneas intrusivas ou plutônicas.
 São aquelas que surgem a partir do resfriamento
do magma expelido em forma de lava por vulcões,
formando a rocha na superfície e em áreas
oceânicas.
Rochas ígneas  Como nesse processo a formação da rocha é
extrusivas rápida, ela apresenta características diferentes das
rochas intrusivas.

ANDESITO BASALTO
 São aquelas que se formam no interior da Terra,
em um processo constitutivo mais longo.
 Elas surgem na superfície somente através de
afloramentos, que se formam graças ao movimento
Rochas ígneas das placas tectônicas, como ocorre com a
intrusivas constituição das montanhas.

GRANITO GABRO
 São formadas através da sedimentação de partículas de
outras rochas existentes ou de materiais orgânicos.
 As rochas sedimentares podem ser divididas em três
tipos:

Rochas 1. Clásticas,
2. Orgânicas e
sedimentares
3. Químicas.
 Também chamada de rochas sedimentares
detríticas, são formadas por detritos de outras
rochas antigas.
Rochas  Como exemplo de rocha clástica, existe o
sedimentares Arenito, Tilito, etc.
clásticas

ARENITO TILITO
 São formadas por restos de animais e vegetais
mortos, que vão se acumulando em alguns
locais, e através de grande pressão e
Rochas temperatura, dão origem á rochas e minerais
como calcário, carvão mineral, petróleo, etc.
sedimentares
orgânicas

CALCÁRIO CARVÃO MINERAL


 Se formam quando o líquido no qual os
detritos minerais foram dissolvidos se torna
saturado.
Rochas  As rochas químicas em geral formam cristais.
sedimentares Exemplos: calcita, aragonita, dolomita,
estalactites e estalagmites.
químicas

ESTALACTITE

ESTALAGMITE
CALCITA
 Esse tipo de rocha tem sua origem na
transformação de outras rochas, em virtude da
pressão e da temperatura.
 São exemplos de rochas metamórficas: gnaisse
Rochas (formada a partir do granito), ardósia (originada
da argila) e mármore (formação calcária).
metamórficas

GNAISSE MÁRMORE
 É um conceito básico em geologia que descreve as
transformações através do tempo geológico, entre os
três principais tipos de rochas: sedimentares,
metamórficas e ígneas.
 Cada um dos tipos de rochas são alterados ou
destruídos, quando ele é forçado para fora das suas
Ciclo das rochas condições de equilíbrio.
Distribuição das rochas

Gráfico 1 – Relação segundo volume da crosta terrestre Gráfico 2 – Relação segundo área
Composição das rochas
Tabela 1 – Composição média, em óxidos, para a crosta nas áreas continentais

SiO2: Óxido de silício Na2O: Óxido de sódio


Al2O3: Óxido de alumínio MgO: Óxido de magnésio
Fe2O3: Óxido ferroso (III) K2O: Óxido de potássio
FeO: Óxido ferroso (II) CaO: Óxido de cálcio
Composição das rochas
Tabela 2 – Elementos químicos mais comuns na Crosta da Terra
Bibliografia básica
MACIEL FILHO, C.L. Introdução à geologia de engenharia. 4ª ed. Santa Maria:
UFSM, 308p, 2011.
OLIVEIRA, A.M.S.; BRITO, S.N.A. Geologia de engenharia. São Paulo: ABGE, 587p,
1998.
TEIXEIRA, W. ET AL. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 568p, 2000.
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