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A humanidade está diante de uma terrível crise ambiental. Os problemas de hoje são resultantes de
centenas de anos de descaso com a preservação ambiental. Desde a primeira fase da Revolução Industrial, os seres
humanos apropriaram-se dos recursos naturais em larga escala de maneira desordenada.
Mudanças climáticas, efeito estufa, derretimento de geleiras, extinção de espécies vegetais e animais e
desertificação são alguns problemas ambientais que podem estar relacionados ao modelo de sociedade atual, marcado
principalmente pelo consumo desenfreado.
É assim que fica cada vez mais intensa a sensação de que a humanidade tem um destino comum e que
depende de cada um de nós adotar medidas para que gerações futuras tenham melhor qualidade de vida.
A sociedade de consumo
Vivemos em uma sociedade marcada e dominada pela lógica do consumo. Todos os seus componentes,
jovens, adultos, idosos – sejam eles ricos ou pobres – estão inseridos nesse contexto. Grande parte dos meios de
comunicação faz uma ligação entre o consumo e o prazer. São centenas de milhares de produtos apresentados como
necessários para alcançar a felicidade. É cada vez mais comum observarmos que o ato de consumir é colocado como
uma das formas que permite ao cidadão ou ao indivíduo sentir-se inserido na sociedade.
A expansão acelerada do consumismo acarreta alta demanda de energia, minérios, água e tudo o que é
necessário à produção e ao funcionamento dos bens de consumo. Esse padrão vem se difundindo em todo o globo, por
uma espécie de globalização do consumo, que vem crescendo a cada ano.
Extensos estudos feitos pela ONU, por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,
alertam para a velocidade de utilização dos recursos naturais, que já é muito maior que a capacidade de regeneração da
natureza, uma vez que a reposição de alguns elementos é impossível, pois a escala de tempo para a sua formação é
milhões de vezes maior que a vida média dos seres humanos.
Em nossos dias é perceptível que, para manter-se produtivo, o sistema capitalista precisa ter cada vez
mais recursos, como água e ar, por exemplo. Essa afirmativa, além de real, é impressionante, uma vez que até bem
pouco tempo atrás água e ar eram recursos limpos.
Hoje a reciclagem e a purificação desses recursos são cada vez mais complexas e caras. Até mesmo
estudos para criação de tecnologias que permitam esse reaproveitamento têm um custo altíssimo.
A expansão desenfreada do consumo gera problemas que antes eram vistos como indiretos, mas que hoje,
em função da complexidade das relações capitalistas, estão cada vez mais ligados de forma direta aos problemas
ambientais.
Estamos diante de um impasse, pois, de fato, precisamos de desenvolvimento econômico. Mas que tipo
de desenvolvimento econômico pode ter?
O desenvolvimento sustentável
Apesar de relativamente recente, a ideia de desenvolvimento sustentável vem ganhando espaço com o
desenvolvimento das relações internacionais intensificadas pelo aumento das trocas comerciais, principalmente nos
últimos 200 anos.
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) é que essas preocupações ganharam relevância. Uma
das razões para isso foi a tragédia das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki (1945), que mataram centenas de
milhares de pessoas. Ao deixar um rastro de radioatividade, as bombas ampliaram muito as preocupações ambientais de
uma considerável parcela da população mundial.
Com a criação da ONU, em 1945, as relações internacionais passaram por uma mudança que também
atingiu a questão ambiental. Em 1949 ocorreu a Conferência das Nações Unidas para a Conservação e Utilização dos
Recursos (Unscur), em Nova York. Em 1968 intelectuais, empresários e líderes políticos criaram uma organização
voltada ao debate ao debate sobre o futuro da humanidade, o Clube de Roma, que financia pesquisas para a publicação
de relatórios importantes. Em 1972 eles lançaram o relatório Limites do crescimento, em conjunto com cientistas do
Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Esse relatório gerou muita polêmica, pois basicamente afirmava que, se continuássemos ritmos de
crescimento da população, da utilização dos recursos naturais e da poluição, a humanidade correria sérios riscos de
sobrevivência no final do século XXI.
Em 1972, a ONU organizou a Conferência de Estocolmo, conhecida também como primeira Conferência
Internacional para o Meio Ambiente Humano.
Já se sabia que a economia do planeta consumia um volume cada vez maior de combustíveis fósseis –
recursos não renováveis – e lança bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, criando uma grande
instabilidade climática.
Buscando abastecer as atividades econômicas e expandir as áreas produtivas, tem havido uma devastação
cada vez maior de todas as formações vegetais e uma utilização incessante de terras agrícolas que se desgastam cada vez
mais, provocando uma erosão crescente.
Era preciso reduzir o impacto das atividades econômicas, mas, para isso, fazia-se necessário reduzir o
consumo e o desperdício. Começava, então, uma corrida para se atingir o desenvolvimento sustentável.
Efetivamente, poucos avanços foram conseguidos ao final desse encontro em 1972. Porém, a
sensibilização das lideranças da comunidade internacional acabou levando a ONU a criar, naquele período, o Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente, conhecida pela sigla Pnuma.
Como as discussões eram preliminares, acreditava-se em poucas alternativas para a solução da agressão
ao ambiente. Os delegados de Estocolmo afirmavam que era preciso controlar o crescimento populacional ou reduzir a
velocidade do crescimento econômico – argumentação que ficou conhecida como Neomalthusianismo. Em ambos os
casos, os mais afetados seriam os países em desenvolvimento, pois haviam iniciado seu processo de industrialização e
inserção na economia mundial recentemente e suas populações tinham altas taxas de crescimento vegetativo. Dessa
forma, ocorreram muitos protestos desses países, que acusavam os países ricos de tentar restringir o seu
desenvolvimento e assim manter a dependência dos países pobres em relação aos ricos.
Ficava claro que os países em desenvolvimento e os países muito pobres não estavam interessados em
abrir mão de vantagens do desenvolvimento econômico em nome da preservação ambiental.
Como havia muitas discussões sem solução, foi adotado um conceito chamado “ecodesenvolvimento”.
O ecodesenvolvimento é um conjunto de ideias e procedimentos que dão prioridade ao processo criativo
de transformação do meio em que vivemos, porém com a ajuda de técnicas ecologicamente corretas e que sejam
adequadas a cada um dos lugares. São as populações desses lugares que devem desenvolver, se organizar, utilizar os
recursos naturais de forma prudente e procurar soluções que levem a um futuro digno.
Somente em 1987 o Pnuma divulgou o relatório Nosso futuro comum. É o primeiro grande documento
científico que apresenta com detalhes as causas dos principais problemas ambientais e ecológicos.
A grande contribuição desse documento é a popularização do chamado desenvolvimento sustentável, um
aperfeiçoamento do ecodesenvolvimento.
Para atingir o desenvolvimento sustentável é necessário: