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ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO EDUARDO ANGELIM

PROFESSORA: ELENITA REIS DA SILVA


E.A DISCIPLINA: GEOGRAFIA
. SÉRIE: 3º ANO DATA; ____/ 10 / 2023
AS QUESTÕES AMBIENTAIS DO PLANETA

A humanidade está diante de uma terrível crise ambiental. Os problemas de hoje são resultantes de
centenas de anos de descaso com a preservação ambiental. Desde a primeira fase da Revolução Industrial, os seres
humanos apropriaram-se dos recursos naturais em larga escala de maneira desordenada.
Mudanças climáticas, efeito estufa, derretimento de geleiras, extinção de espécies vegetais e animais e
desertificação são alguns problemas ambientais que podem estar relacionados ao modelo de sociedade atual, marcado
principalmente pelo consumo desenfreado.
É assim que fica cada vez mais intensa a sensação de que a humanidade tem um destino comum e que
depende de cada um de nós adotar medidas para que gerações futuras tenham melhor qualidade de vida.

As origens dos problemas ambientais


Desde a Antiguidade, o ambiente é um tema discutido pelas sociedades. Na Grécia antiga, por exemplo,
os filósofos já debatiam sobre qual era a essência de tudo o que existe no mundo, especialmente da água, da terra, do
fogo e do ar. As poucas, mais significativas, descobertas feitas por eles levaram-no a acreditar que a Terra era
perfeitamente harmônica, concebida por algo divino e de extrema inteligência.
Aristóteles (c. 485 a.C -420 a.C), um dos maiores pensadores gregos, defendia que todas as coisas na
Terra, vivas e não vivas ( como as rochas), tinham uma profunda ligação entre si e até mesmo uma essência comum, se
desenvolveu a ideia de que a Terra é um gigantesco ser vivo.
Na Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), o ambiente passou a ser tratado isoladamente, como se
fosse um conjunto de elementos que não tinham nenhuma relação com a sociedade e existiam apenas para atender às
suas necessidades.
dentro desse contexto histórico – com suas características sociais, econômicas e políticas -, os interesses
econômicos privados tornaram-se explícitos e prevaleceram sobre qualquer alerta de problemas ambientais que
poderiam surgir em longo prazo.
Em 1962, por exemplo, a cientista estadunidense Rachel Carson (1907 – 1964) denunciou em seu livro
Primavera silenciosa o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras, afirmando que eles eram prejudiciais à natureza
e à saúde humana.
Imediatamente ela foi perseguida e difamada pelas indústrias químicas. Em 1963, uma equipe científica
do próprio governo dos Estados Unidos afirmou que a pesquisadora tinha razão, levando uma parcela da opinião pública
mundial a entender que os problemas com o equilíbrio da vida no planeta poderiam ser graves.
O processo de desenvolvimento do capitalismo foi acompanhado por profundos avanços científicos,
muitas vezes patrocinados por investimentos particulares. Mas qual é a relação disso com o ambiente? As descobertas
aceleraram a busca por recursos naturais, e, naquele período, não havia espaço para que os alertas da devastação
ambiental fossem ouvidos. De meados do século XIX até os nossos dias, ocorreu um verdadeiro saque aos recursos
naturais e uma destruição de muitos elementos da natureza.

A sociedade de consumo
Vivemos em uma sociedade marcada e dominada pela lógica do consumo. Todos os seus componentes,
jovens, adultos, idosos – sejam eles ricos ou pobres – estão inseridos nesse contexto. Grande parte dos meios de
comunicação faz uma ligação entre o consumo e o prazer. São centenas de milhares de produtos apresentados como
necessários para alcançar a felicidade. É cada vez mais comum observarmos que o ato de consumir é colocado como
uma das formas que permite ao cidadão ou ao indivíduo sentir-se inserido na sociedade.
A expansão acelerada do consumismo acarreta alta demanda de energia, minérios, água e tudo o que é
necessário à produção e ao funcionamento dos bens de consumo. Esse padrão vem se difundindo em todo o globo, por
uma espécie de globalização do consumo, que vem crescendo a cada ano.
Extensos estudos feitos pela ONU, por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,
alertam para a velocidade de utilização dos recursos naturais, que já é muito maior que a capacidade de regeneração da
natureza, uma vez que a reposição de alguns elementos é impossível, pois a escala de tempo para a sua formação é
milhões de vezes maior que a vida média dos seres humanos.
Em nossos dias é perceptível que, para manter-se produtivo, o sistema capitalista precisa ter cada vez
mais recursos, como água e ar, por exemplo. Essa afirmativa, além de real, é impressionante, uma vez que até bem
pouco tempo atrás água e ar eram recursos limpos.
Hoje a reciclagem e a purificação desses recursos são cada vez mais complexas e caras. Até mesmo
estudos para criação de tecnologias que permitam esse reaproveitamento têm um custo altíssimo.
A expansão desenfreada do consumo gera problemas que antes eram vistos como indiretos, mas que hoje,
em função da complexidade das relações capitalistas, estão cada vez mais ligados de forma direta aos problemas
ambientais.
Estamos diante de um impasse, pois, de fato, precisamos de desenvolvimento econômico. Mas que tipo
de desenvolvimento econômico pode ter?

O desenvolvimento sustentável
Apesar de relativamente recente, a ideia de desenvolvimento sustentável vem ganhando espaço com o
desenvolvimento das relações internacionais intensificadas pelo aumento das trocas comerciais, principalmente nos
últimos 200 anos.
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) é que essas preocupações ganharam relevância. Uma
das razões para isso foi a tragédia das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki (1945), que mataram centenas de
milhares de pessoas. Ao deixar um rastro de radioatividade, as bombas ampliaram muito as preocupações ambientais de
uma considerável parcela da população mundial.
Com a criação da ONU, em 1945, as relações internacionais passaram por uma mudança que também
atingiu a questão ambiental. Em 1949 ocorreu a Conferência das Nações Unidas para a Conservação e Utilização dos
Recursos (Unscur), em Nova York. Em 1968 intelectuais, empresários e líderes políticos criaram uma organização
voltada ao debate ao debate sobre o futuro da humanidade, o Clube de Roma, que financia pesquisas para a publicação
de relatórios importantes. Em 1972 eles lançaram o relatório Limites do crescimento, em conjunto com cientistas do
Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Esse relatório gerou muita polêmica, pois basicamente afirmava que, se continuássemos ritmos de
crescimento da população, da utilização dos recursos naturais e da poluição, a humanidade correria sérios riscos de
sobrevivência no final do século XXI.
Em 1972, a ONU organizou a Conferência de Estocolmo, conhecida também como primeira Conferência
Internacional para o Meio Ambiente Humano.
Já se sabia que a economia do planeta consumia um volume cada vez maior de combustíveis fósseis –
recursos não renováveis – e lança bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, criando uma grande
instabilidade climática.
Buscando abastecer as atividades econômicas e expandir as áreas produtivas, tem havido uma devastação
cada vez maior de todas as formações vegetais e uma utilização incessante de terras agrícolas que se desgastam cada vez
mais, provocando uma erosão crescente.
Era preciso reduzir o impacto das atividades econômicas, mas, para isso, fazia-se necessário reduzir o
consumo e o desperdício. Começava, então, uma corrida para se atingir o desenvolvimento sustentável.
Efetivamente, poucos avanços foram conseguidos ao final desse encontro em 1972. Porém, a
sensibilização das lideranças da comunidade internacional acabou levando a ONU a criar, naquele período, o Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente, conhecida pela sigla Pnuma.
Como as discussões eram preliminares, acreditava-se em poucas alternativas para a solução da agressão
ao ambiente. Os delegados de Estocolmo afirmavam que era preciso controlar o crescimento populacional ou reduzir a
velocidade do crescimento econômico – argumentação que ficou conhecida como Neomalthusianismo. Em ambos os
casos, os mais afetados seriam os países em desenvolvimento, pois haviam iniciado seu processo de industrialização e
inserção na economia mundial recentemente e suas populações tinham altas taxas de crescimento vegetativo. Dessa
forma, ocorreram muitos protestos desses países, que acusavam os países ricos de tentar restringir o seu
desenvolvimento e assim manter a dependência dos países pobres em relação aos ricos.
Ficava claro que os países em desenvolvimento e os países muito pobres não estavam interessados em
abrir mão de vantagens do desenvolvimento econômico em nome da preservação ambiental.
Como havia muitas discussões sem solução, foi adotado um conceito chamado “ecodesenvolvimento”.
O ecodesenvolvimento é um conjunto de ideias e procedimentos que dão prioridade ao processo criativo
de transformação do meio em que vivemos, porém com a ajuda de técnicas ecologicamente corretas e que sejam
adequadas a cada um dos lugares. São as populações desses lugares que devem desenvolver, se organizar, utilizar os
recursos naturais de forma prudente e procurar soluções que levem a um futuro digno.
Somente em 1987 o Pnuma divulgou o relatório Nosso futuro comum. É o primeiro grande documento
científico que apresenta com detalhes as causas dos principais problemas ambientais e ecológicos.
A grande contribuição desse documento é a popularização do chamado desenvolvimento sustentável, um
aperfeiçoamento do ecodesenvolvimento.
Para atingir o desenvolvimento sustentável é necessário:

 implantar projetos econômicos baseados em tecnologias menos agressivas ao ambiente como


uma forma de ajuda ao combate das instabilidades e do subdesenvolvimento, que representam
um risco para o equilíbrio ecológico, justamente pela falta de recursos para implementar as
mudanças necessárias.
 combater a pobreza humana, uma vez que as populações desempregadas e desamparadas tendem
a retirar recursos da natureza de forma descontrolada para a sua sobrevivência; portanto, o
conceito inclui desenvolvimento social.
 que as decisões sobre os caminhos a serem tomados tenham ampla participação da sociedade,
para que sejam revertidos em resultados positivos ao equilíbrio ambiental; portanto,
desenvolvimento sustentável inclui democracia.
Em todos os foros nos quais esse tema era discutido, chegava-se a um consenso: o padrão de consumo
dos países ricos não poderia ser reproduzido pelos países pobres, uma vez que isso levaria ao esgotamento do planeta.
Ao mesmo tempo, é fundamental que os países ricos procurem soluções alternativas (reciclagem, uso de energias
limpas) para o consumo exacerbado e assim assumam sua responsabilidade na preservação ambiental.
Assim, algumas fases extraídas do relatório Nosso futuro comum definem o conceito de desenvolvimento
sustentável.
Desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a
capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.
O desenvolvimento sustentável é mais que crescimento. Ele exige uma mudança na forma de crescimento, a
fim de consumir menos matérias-primas e energia, diminuindo assim seu impacto.
Fonte: ONU. Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso futuro comum. Oxford: OUP, 1987.

O crescimento da economia chinesa passou a ser também um termômetro da devastação ambiental.


Antigamente, falar em um crescimento da economia por volta de 10% representava mais empregos, mais dinheiro, mais
produção. Hoje, essas taxas podem representar a devastação desenfreada do ambiente. Não se cresce a taxa de 10% sem
comprometer o equilíbrio ambiental. Se a China continuar crescer no mesmo ritmo, 1,45 bilhão de chineses vão ter a
mesma renda per capita que apenas 300 milhões de habitantes dos EUA, em 2030. Isso significa que o padrão de
consumo estadunidense reproduzido vai deixar o planeta em uma série de crise. Observe alguns dados levantados pelo
pesquisador Lester Brown, divulgados em 2005.
 se a China continuar a ampliar seu consumo nesse ritmo, será necessário ampliar uma área
produtiva semelhante ao tamanho da Floresta Amazônica;
 em 2030, a população da China consumirá 67% da produção mundial de grãos;
 a China já consome o dobro da quantidade de carne bovina consumida nos Estados Unidos;
 em 2031 o país terá 1,1 bilhão de carros e queimará 99 milhões de barris de óleo por dia -20
milhões a mais que a produção mundial.
Imagine se a Índia seguir o mesmo caminho. Existirão recursos para tudo isso? Certamente não.

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