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ESCOLA DE HUMANIDADES

CURSO DE FILOSOFIA

JULYANO DUTRA PEREIRA TORRES


Desestruturação ambiental causada pelo ser humano:
Uma dura realidade que devemos encarar

PORTO ALEGRE,2022
Julyano Dutra Pereira Torres

Desestruturação ambiental causada pelo ser humano:


Uma dura realidade que devemos encarar

Trabalho apresentada como requisito


parcial para obtenção do grau na disciplina
de ética ambiental, pelo Curso de Filosofia
da Escola de Humanidades da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do
Sul.

Porto Alegre,2022

1
Resumo
Este artigo tem como intuito, uma breve explanação do problema ambiental causado
pela presença inconsequente da raça humana na terra, além de dialogar com
informações de organizações amigas da causa ambiental; para assim, poder
compreender a extrema necessidade que temos de mudar nossos hábitos e costumes
o mais rápido possível, para assim, preservar a vida na terra em sua plenitude e
magnificência. O combate a ignorância e ineficiência; além da necessidade de
desenvolvimento e integração de valores ambientais e éticos por todas as fazes da vida
humana, possam ser soluções para quem sabe um dia conseguirmos remediar todos os
males que causamos a este maravilhoso planeta que sempre deu tudo de si para nosso
crescimento, evolução e sobrevivência.

2
Desestruturação ambiental causada pelo ser humano

Até os dias de hoje, a comunidade cientifica não tem uma opinião consensual sobre a
origem da vida na terra. Muitas possibilidades são investigadas e teorizadas pelos
pensadores mais brilhantes ao redor de todo planeta terra, mas nenhum de fato,
consegue a façanha de apresentar prova irrefutável da origem do nosso surgimento.
Embora pareça obvia a existência de diversos outros tipos de vida espalhadas ao redor
do cosmos, perante as nossas capacidades perceptivas ou tecnológicas, ainda nos
reconhecemos como os únicos grupos de seres vivos, de um singular planeta azul que
orbita uma estrela comum, como tantos outros fazem. Visto de um distante ponto de
vista externo, podemos perceber que tal esfera é apenas um pontinho minúsculo,
diante da imensidão do espaço sideral. Justamente neste único ponto, quase que
imperceptível ao ser fitado de longe, é que se encontram condensadas todas as
variadas formas de vida que conhecemos. Aqui de dentro, nós mesmos parecemos tão
imponentes e superiores a tantas outras destas formas de vidas tidas como involuidas
ou inferiores perante a “maravilha humana”, que não percebemos nossa
insignificância dentro da magnitude do todo, e nossa intrínseca dependência a toda
biodiversidade que nos sustenta.

Em 1969, a primeira foto da Terra vista do espaço tocou o coração da


humanidade com a sua beleza e simplicidade. Ver pela primeira vez este
“grande mar azul” em uma imensa galáxia chamou a atenção de muitos para
o fato de que vivemos em uma única Terra – um ecossistema frágil e
interdependente. E a responsabilidade de proteger a saúde e o bem-estar
desse ecossistema começou a surgir na consciência coletiva do mundo. Com
o fim da tumultuada década de 1960, seus mais altos ideais e visões
começaram ser colocados em prática. Entre estes estava a visão ambiental –
agora, literalmente, um fenômeno global. Enquanto a preocupação
universal sobre o uso saudável e sustentável do planeta e de seus recursos
continuou a crescer, em 1972 a ONU convocou a Conferência das Nações
Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia). Site da ONU, A
ONU e o meio ambiente,2020. Disponível em: <https://brasil.un.org/pt-
br/91223-onu-e-o-meio-ambiente>

Ao nos elevarmos como seres dominadores de uma consciência inconsequente,


reafirmamos nossa própria inconsciência perante as reais necessidades existenciais,
que são tão negligenciadas por necessidades baseadas em condutas sociais

3
consumistas e predatórias, onde o “express” cada vez mais ganha espaço, e as
comodidades pessoais são tão asseguradas e incentivadas que ultrapassam as
capacidades naturais que nosso planeta tem de se recompor. Segundo o cálculo da
organização internacional de pesquisa da Global Footprint Network1, parceira do
WWF2, no ano de 2022, o dia de sobrecarga de produção de recursos da terra chega
em 28 de julho, data em que a humanidade já usou todos os recursos biológicos que a
Terra tem a capacidade de produzir e se regenerar durante o ano.

Chegamos a um ponto na História em que devemos moldar nossas ações em


todo o mundo, com maior atenção para as consequências ambientais.
Através da ignorância ou da indiferença podemos causar danos maciços e
irreversíveis ao meio ambiente, do qual nossa vida e bem-estar dependem.
Por outro lado, através do maior conhecimento e de ações mais sábias,
podemos conquistar uma vida melhor para nós e para a posteridade, com
um meio ambiente em sintonia com as necessidades e esperanças humanas.
Declaração da Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente, Estocolmo,
1972, parágrafo 6

Além de nosso consumismo desenfreado, ainda existe o problema de produção de lixo,


que tal consumo provoca. Nossa produção de resíduos não consegue ser absorvida de
formas naturais pelo meio ambiente, pois todos os anos, segundo a ONU3, mais de 2
bilhões de toneladas de lixo e outros resíduos são produzidos e descartados de formas
inconsequentes, o que acarreta em inúmeros problemas ao redor do mundo, como
por exemplo, a poluição dos biomas marinhos e terrestres que sofrem grave alteração,
resultando muitas vezes, em uma quebra de ecossistemas inteiros, onde diversas
espécies animais, vegetais e fungeas são completamente dizimadas por serem
intrinsicamente conectadas com aspectos (específicos ou gerais) do meio que viviam.
Biomas amazônicos, biomas atlânticos, cerrado, pampas e muitos outros, vivem de
uma delicada sintonia que a muito já foi perturbada. Tal perturbação desperta
dialeticamente o surgimento de grupos que se mobilizam em prol de uma cura para a
“doença humana” que perturba a biodiversidade. Grupos amigos do planeta que
desenvolvem um trabalho muito ardo na tentativa de conscientizar governos,
sociedades e indivíduos na existência humana de forma sustentável e consciente

1
Organização sem fins lucrativos com o objetivo é desenvolver e promover ferramentas para o avanço
da sustentabilidade no planeta
2
Organização não governamental que angaria verbas para o Fundo mundial da natureza
3
<https:// https://www.un.org/ >. Acesso em: 23 abr. 2022.

4
causando o menor número de impactos negativos que pudermos, além de um plano
de reestruturação daquilo que já danificamos.

A situação mudou nos anos 2000, quando as advertências se tornaram


sinistras e os sinais da crise – como a seca na Austrália, ciclones e incêndios
florestais frequentes, quebras de safra em muitas partes do mundo, o
derretimento das geleiras do Himalaia e de outras montanhas, bem como
das calotas polares, a acidez crescente dos mares e os danos à cadeia
alimentar – se tornaram política e economicamente incontornáveis. Além
disso, muitos passaram a expressar um receio cada vez maior frente à rápida
destruição de outras espécies e às marcas globais de uma população
humana prevista para ultrapassar a marca de nove bilhões em 2050.
CHAKRABARTY, D. O Clima da história. Quatro teses. Sopro 91 -2013, p.2-3

Estudos considerados pelas ONU afirmam que três quartos do ambiente terrestre em
conjunto com cerca de 66% do ambiente marinho foram alterados por ações humanas,
o que contribui para o aumento do número de espécies animais e vegetais ameaçados
de extinção, que já chegam a exorbitante marca de um milhão de espécies afetadas.
António Guterres4, afirma a necessidade de adotarmos medidas urgentes para
protegermos a biodiversidade, além de destacar a perda acelerada de espécies. Tais
objetivos de conscientização propostos, são fundamentais para a permanência e
existência da vida como a conhecemos, justamente por significar possibilitarmos o
desenvolvimento de uma sociedade atual saudáveis que vise um presente e um futuro
melhor para todos.

A ONU ainda destaca a importância da biodiversidade, justamente por se tratar da


resposta para muitos dos diversos desafios que o ser humano tende a enfrentar para
alcançar o desenvolvimento sustentável e a plena harmonia entre as diversas espécies
existentes e igualmente importantes. A diversidade biológica é sinônimo de planeta
saudável e sustentável, pois observamos que dentro de ambientes onde a vida não se

4
O secretário-geral das Nações Unidas ANTÓNIO GUTERRES. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida:
Wikimedia Foundation, 2022. Disponível em:
<https://https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ant%C3%B3nio_Guterres&oldid=63447719 >.
Acesso em: 23 abr. 2022.

5
faz presente, também não podemos nos manter por muito tempo de forma saudável e
autônoma, pois também somos vida.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um apelo global à ação


para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir
que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de
prosperidade. Estes são os objetivos para os quais as Nações Unidas estão
contribuindo a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 no Brasil.

O agronegócio, extração de recursos naturais, dilatação dos centros urbanos, são


alguns dos principais vilões deste cenário, onde equitares inteiros de florestas nativa
são queimados e derrubados para que no futuro possam ser arrendados pelo mercado
imobiliário, criadores de gado ou ainda para desenvolver plantações monoculturais
que sejam rentáveis economicamente, mas que com o tempo destroem o solo e toda a
vida que existia no local, além de instantaneamente colaborar com o aumento do
efeito estufa e o desequilíbrio ambiental.

Todo esse desequilíbrio ambiental estimula um aumento considerável na quantidade,


frequência e intensidade de desastres naturais que ocorrem. No período de 2000 a
2019, ocorreram 7.348 grandes eventos de desastres registrados, matando 1,23
milhões de vidas, afetando 4,2 bilhões de pessoas (muitos em mais de uma ocasião),
resultando em aproximadamente US$ 2,97 trilhões em perdas econômicas globais.
Este é um aumento acentuado em comparação aos vinte anos anteriores. De 1980 a
1999, 4.212 desastres foram associados a desastres naturais em todo o mundo,
matando aproximadamente 1,19 milhão de vidas e afetando 3,25 bilhões de pessoas,
resultando em aproximadamente US $ 1,63 trilhão em perdas econômicas. 5

Outro ponto da destruição é a perda da diversidade vegetal que também pode afetar
ecossistemas gigantescos. Apenas no período de agosto de 2018 a julho de 2019, o
desmatamento da Amazônia cresceu 30%, o equivalente a 1,4 milhões de campos de
futebol.6

5
Fonte:o relatório “The human cost of disasters: an overview of the last 20 years (2000-2019)” da
UNDRR (United Nations Office for Disaster Risk Reduction) publicado no dia 13/10/2020
6
Fonte: segundo dados do PRODES, medido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

6
Todos estes ataques que o planeta sofre atualmente passa por questões estruturais
enraizadas na política e no mercado capitalistas, ambas estruturas que priorizam
lucros imediatos e vantagens comerciais, ao invés de um mercado sustentável e
consciente, que vise além dos lucros, a necessidade de cuidarmos do todo que nos
possibilita a vida. Tais estruturas políticas e empresariais têm tanto poder financeiro
nas mãos que não encontram qualquer empecilho para patrocinarem abundantes
representações políticas, financiando campanhas de individuo inescrupulosos e
tendenciosos que defendem seus interesses particulares acima do bem comum. Nossa
democracia sofre de tal mal de forma tão absurda que nem conseguimos calcular ou
prever as consequências de tantas boiadas passadas por cortinas de fumaça
midiáticas.

Salvar o mundo em que vivemos e que outros viverão, passa também por saber
escolher os nossos representantes de uma maneira mais humana e consciente.
Enquanto os discursos políticos polarizados trabalharem para colocar o povo um
contra o outro, estaremos fadados a destruição de todo nosso planeta. Porém, se
começarmos agora uma real mudança mental e física, e desenvolvermos formas
criativas e efetivas de combater o mal que já está posto, além de impedir que novos
problemas surjam, aí sim, seremos capazes de chegar a um futuro saudável, onde
palavras como guerra, destruição, fome, miséria e morte, façam parte apenas de um
passado caótico distante.

7
Fontes:
CHAKRABARTY, D. O Clima da história. Quatro teses. Sopro 91 -2013
The human cost of disasters: an overview of the last 20 years (2000-2019), da UNDRR
(United Nations Office for Disaster Risk Reduction) publicado no dia 13/10/2020.
Disponível em:
<https://dds.cepal.org/redesoc/publication?id=5361#:~:text=In%20the%20period%20
2000%20to,over%20the%20previous%20twenty%20years.> acesso em: 01/06/2022

Site das nações unidas,2022. Disponível em:<https://www.un.org/ > acesso em:


01/06/2022

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Governo federal,2022. Disponível em:


<https://www.gov.br/inpe/pt-br> > acesso em: 01/06/2022
Site Wikipédia,2022. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ant%C3%B3nio_Guterres&oldid=634477
19 > acesso em: 01/06/2022
Fontes adicionais:
https://www.gov.br/ibama/pt-br

https://jornal.usp.br/atualidades/lixo-espacial-e-problema-crescente-com-solucoes-
dificeis/#:~:text=Fragmentos%20de%20foguetes%20e%20sat%C3%A9lites,%C3%A9%2
0chamado%20de%20lixo%20espacial.

https://dds.cepal.org/redesoc/publication?id=5361#:~:text=In%20the%20period%202
000%20to,over%20the%20previous%20twenty%20years.

https://www.ecodebate.com.br/2021/10/25/desastres-ambientais-cada-vez-mais-
frequentes-e-
caros/#:~:text=No%20per%C3%ADodo%20de%202000%20a,trilh%C3%B5es%20em%2
0perdas%20econ%C3%B4micas%20globais
https://ecoangola.com/destruicao-de-ecossistemas-perda-de-biodiversidade/

https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-
noticias/redacao/2019/07/17/consumo-e-74-mais-rapido-que-capacidade-da-terra-se-
regenerar-diz-estudo.htm?cmpid=copiaecola
https://www.greenpeace.org/brasil/
https://brasil.un.org/

8
https://brasil.un.org/pt-br/184128-cupula-da-onu-debate-medidas-para-reduzir-risco-
de-desastres

https://brasil.un.org/pt-br/183125-um-milhao-de-especies-animais-e-vegetais-estao-
ameacadas-de-extincao

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