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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS INSTITUTO DE FILOSOFIA,

CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM


SOCIEDADE E CULTURA NA AMAZÔNIA (PPGSCA)

RELATÓRIO : CENTRO DOS POVOS DA AMAZÔNIA

Turistando a Amazônia – uma viagem sem sair de casa

Maria Regina Kanawati de Figueiredo

Manaus – AM
2022

A Amazônia é conhecida internacionalmente por suas paisagens exuberantes e


continentais nas quais o homem se configura como parte indissociável, quase
imobilizado no âmago da natureza, como se fosse possível a existência no mundo
contemporâneo de uma natureza intocável. Neste processo, a história do homem na
Amazônia é marcada por silêncios e ausências que acentuam a sua relativa
invisibilidade e velam os traços definidos de sua identidade, onde a cultura esta
intrinsicamente ligada às raízes indígenas. Considerados os primeiros habitantes
conhecidos na Amazônia, os povos tradicionais da região detêm o conhecimento
ancestral da floresta e toda uma tecnologia de interatividade com o meio ambiente.
Na quinta-feira (28/04), tive a oportunidade de realizar essa viagem por espaços
significativos de conhecimento onde se apresentavam os mais diversos elementos que
referenciam a cultura da Amazônia brasileira e continental. O local oferece um roteiro
recheado de exposições gratuitas sobre a cultura, história e economia da região - o
Centro Cultural Povos da Amazônia. A iniciativa fez parte de atividades educativas dos
alunos do Programa Sociedade e Cultura da Amazonia, da Universidade Federal do
Amazonas (UFAM).
O referido local oferece ainda, ambientações regionais que visam à inserção do
visitante aos mundos secretos da realidade amazônica. Ademais, é possível interagir na
denominada cultura do movimento e fruir da arte, da beleza do artesanato indígena, das
peças feitas de fibras de tururi configuradas a partir de formas geométricas, da
exposição de peças, quadros e obras esculpidas, sendo algumas produzidas em resina
vegetal e pintadas (redes, cestas, desenhos, mascaras com representações de animais da
floresta etc.), figuras associadas aos espíritos guardiões da floresta Amazônica, (EX:
Mapinguari) que nos remete a importância de se destacar a apresentação nos rituais
indígenas durante o festival folclórico de Parintins, esculturas zoomórficas e lúdicas
com detalhes decorativos pirogravados em tamanho real de indígenas de diferentes
lugares do mundo feitas pelo artista peruano Felipe Letterson . Curioso foi o resultado
da apreciação dos animais esculpidos em madeira que suscitou a possibilidade da
percepção dos fascinantes detalhes das vestes e enfeites da etnia Tukano. Na mesma
medida, interessou-me significativamente as retratações dos mascarados no ritual da
moça nova que representa os momentos de transição de fases em que as mulheres
deixam de ser criança e passam para a fase adulta. Assim, “A vida é renovada”.
Na “Passarela dos Arcos” há a exibição no todo de nove painéis representativos
dos países que compõem a Amazônia Continental e seus grupos étnicos. Brasil -
Dessana, Venezuela - Yanomami, Colômbia - Yakuna, Equador - Cófan, Suriname -
Maroon, Guiana Francesa - Aparai, Peru - Wai Wai e Bolívia - Moxos que são
especialistas em plumar, na criação de aves, produção de acessórios e adereços para
vestimentas com o desenvolvimento de poder de agência na sociedade onde têm a
possibilidade de ditar os rumos da moda.
Um dos pontos altos do tour cultural é a réplica de uma casa indígena, feita de
fibras de tupé, chamada de cúpula, doada pelos povos indígenas para homenagear a
criação do espaço aqui posto em tela. O centro cultural ainda oferece para a sociedade
em geral a biblioteca Memorial Mário Ypiranga que tem acervo pessoal do escritor com
cerca de 15 mil volumes, entre livros, publicações raras, jornais antigos e documentos
da antiga província, divididos em coleções de livros, folhetos, periódicos e materiais
iconográfico. A visita foi guiada por um tempo aproximado de duas horas no que se
comentaram sobre a história, curiosidades e obras do patrimônio material e imaterial
dos povos da Amazônia. É importante ressaltar que o espaço em tela abriga o Museu do
Homem do Norte, retratando vários aspectos do homem amazônico, como sua relação
com a natureza, cultura e política. Os povos são comunidades tradicionais da Amazônia,
encontram na caça, pesca e no extrativismo fonte de alimentação e renda. Além disso,
alinham-se a esse modo de vida, conhecimentos tradicionais que contribuem para a
conservação do bioma e, assim, dialogam com o manejo sustentável para a conservação
da biodiversidade para a manutenção dos serviços ecossistêmicos. Essas populações
domesticaram diversas espécies frutíferas da região o que reforça o potencial dessa
atividade para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A partir do momento em
que nos aproximamos desse patrimônio, desperta a força do sentimento de
pertencimento sobre a história da cultura dos povos da Amazônia com ênfase na origem
indígena, a relevância em conhecer mais sobre a história dos amazônidas, compreender
e valorizar principalmente a cultura milenar adquirida pelos povos indígenas originários
desta terra.

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