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UNIVERSIDADE DE RIO VERDE – UniRV

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL

NDC 178 – GESTÃO AMBIENTAL

Prof. Fausto Amorim

2022/02
Política de Desenvolvimento Integrado

Histórico das Políticas Públicas Ambientais Globais até


a atualidade

A Influência dos documentos Internacionais nas


Políticas Públicas
Eminência dos Problemas Ambientais
 Revolução Industrial: intensificou problemas ambientais e
socioeconômicos;

 Dos intelectuais preocupados com os problemas ambientais surgiram os


primeiros socialistas (séc. XVIII);

 Cientistas argumentaram a necessidade de estabelecer áreas intocáveis –


Parque Yelowstone nos USA (1872);

 Surgiam preocupações com o desaparecimento de determinadas espécies;

 As primeiras Convenções preocupavam pouco em assegurar a


preservação em si – garantir exploração viável para o futuro.
Eminência dos Problemas Ambientais
 A noção de desenvolvimento era sinônimo de industrialização.

 Pressões sociais crescentes no início do séc. XX;

 Diversos acordos internacionais buscaram mitigar os efeitos nocivos


da ação humana sobre o ambiente;

 Os governos buscavam conservar o ambiente apenas para garantir


as atividades econômicas;

 A proteção do ambiente ficava muito restrita a determinadas


espécies consideradas “úteis”;
Convenção para a Preservação de Animais,
Pássaros e Peixes da África

 Realizada em Londres em 1900;

 Promovida pela coroa inglesa com demais colonizadores da África


(Alemanhã, Bélgica, França, Itália e Portugal);

 Criou calendários que estipulassem períodos para a caça no


continente africano;

 Objetivo: evitar que a extinção das espécies inviabilizasse essa prática


no futuro;
Convenção para a Proteção dos Pássaros úteis
para a Agricultura

 Realizada em Londres em 1902;

 Dimensão mais global;

 Combateu o uso excessivo das espingardas;

 O objetivo também era meramente comercial, pois eram espécies úteis


para a agricultura ;
Outras Convenções e Problemas Ambientais

 I Congresso Internacional para a Proteção da Natureza (Paris, 1923)


– foco na proteção ambiental;

 Convenção para a preservação de animais e plantas do território


africano (Paris, 1933) – metrópoles imperialistas;

 Minamata, Japão (1959): a empresa Chisso foi obrigada a pagar


indenizações à população afetada (contaminação por mercúrio
desde 1930);
Outras Convenções e Problemas Ambientais

 Rachel Carson (1962): publicou o best-seller “Silent Spring” – pesticida


DDT;

 Cientistas, políticos e intelectuais criam o Clube de Roma (1968) –


Relatório “Os limites do crescimento”;

 Em 1968, a Unesco, organizou em Paris uma conferencia de especialistas


sobre a biosfera – consenso sobre interdependência entre humanidade e
natureza; encontrar equilíbrio entre suprimento humano e as necessidades
do meio ambiente;

 Desde então a ONU se tornou indispensável nas discussões sobre tais


questões.
Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente Humano: Estocolmo, 1972

 Comunidade científica e representações diplomáticas de diversas nações;

 Grande marco nas discussões ambientais: poluição, crescimento


populacional e uso dos recursos naturais indiscriminado;

 Reflexões sobre os reveses da industrialização;

 Discussões político-econômicas e suas consequências sobre a natureza;


Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente Humano: Estocolmo, 1972

 Resultado: Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, documento


com 110 recomendações e 26 princípios – sem força de lei;

 Criação de um organismos internacionais para o debate da gestão


ambiental: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA);

 Participação de instituições financeiras (Banco Mundial e Banco


Interamericano) – financiar questões ecologicamente corretas;

 Conseqüências positivas: 1º Selo Ecológico na Holanda (1972); Selo


Ecológico Anjo Azul na Alemanha (1978).
Nosso Futuro Comum: Gro Brundtland, 1987

 Fruto da Comissão Mundial para Desenvolvimento e Meio Ambiente


(CMDMA), criada pela ONU em 1983;

 Relatório de Brundtland ou Carta da Terra;

 Liderança da Ministra da Noruega: Gro Brundtland;

 Desenvolvimento sustentável: equilíbrio ambiental, equidade social e


crescimento econômico;

 Pacto duplo: Não poupou críticas aos países ricos e defendia a


conservação ambiental aliada à melhoria dos índices socioeconômicos.
A questão do Ozônio

 Protocolo de Viena (Áustria) sobre a Camada de Ozônio, 1985 (declarações


vagas, sem prazos e metas);
 Protocolo de Montreal (Canadá), 1987 – superou as fragilidades da Convenção
de Viena:
 Propôs metas de redução drástica das emissões de CFC’s com vistas a sua
completa eliminação;
 Ano de 2010 – prazo para banimento do CFC;
 É possível resolver problemas ambientais.
No Brasil:
 Em 1991, os fabricantes de aerossóis foram obrigados a informar nas
embalagens dos produtos a ausência do uso da substância.
 Mais tarde, produtores de refrigeradores e aparelhos de ar condicionado
também foram impedidos de incorporar o gás à estrutura dos
equipamentos;
 Resolução CONAMA Nº 340, de 25 de setembro de 2003;
 O enrijecimento das medidas culminou, em 2006, no veto às importações de
CFCs
A questão do Ozônio
No Brasil – ainda sobre CFC’s:
 seria permitida importação apenas para a produção de medicamentos de dose
medida (MDIs), utilizados no tratamento da asma - 3 anos mais tarde isso já não
era mais tolerado;
 Em 1º de janeiro de 2010, o país anunciou o fim da produção, comercialização e
importação de clorofluorcarbonos (CFCs) em seu território
 https://www.youtube.com/watch?v=k39yUZJBJNE
 https://www.youtube.com/watch?v=8AK9I-j-1iQ
 https://www.youtube.com/watch?v=33G_z_W7DP8
 https://www.youtube.com/watch?v=FK4W8EvEQGE

 Convenção de Basileia (Suíça), 1989 – combater a exportação de poluentes:


 Exs: USA abandonaram resíduos perigosos em praia do Haiti;
 Italia abandonou bifenilas policloradas (óleo) em fazenda na Nigéria.
Princípio da Cooperação – presente na legislação ambiental brasileira.
ECO 92 – Rio de Janeiro, 1992 (Cúpula da Terra)

 Conferencia das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento;

 178 Nações discutindo políticas ambientais e Des. Sustentável;

 Participação da sociedade civil, Ong’s e chefes de Estado;

 2 frentes:
 países industrializados precisavam ser convencidos sobre os riscos da
industrialização;
 Países periféricos não aceitavam abrir mão de seus interesses em favor
do meio ambiente.
ECO 92 – Rio de Janeiro, 1992 (Cúpula da Terra)

 5 documentos resultantes, apesar das divergências:

1) Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento:


Carta com 27 princípios; recomenda que as sociedades modifiquem seu
comportamento; proteção e desenvolvimento (desenv. sustent.); condições
de vida dignas

2) Convenção sobre Princípios Florestais: evitar restrições na comercialização


de subprodutos florestais; princípios para orientar projetos de manejo
florestal e evitar esgotamentos dos recursos naturais; sem metas e prazos
claros
ECO 92 – Rio de Janeiro, 1992 (Cúpula da Terra)

3) Convenção sobre Mudanças Climáticas: problemas relacionados ao


aquecimento global e gases de efeito estufa; A ONU adota o princípio da
precaução frente os conflitos sobre o tema; os países assumiram o
compromisso de controlar as emissões desses gases;

4) Convenção sobre a biodiversidade: Evitar o acesso irrestrito aos recursos


naturais de uma nação; defendia a utilização sustentável dos recursos
biológicos com distribuição justa de ganhos;

5) Agenda 21: sistematizar obrigações ambientais; atuação do governo e


sociedade civil com 5 medidas específicas a serem trabalhadas.
ECO 92 – Rio de Janeiro, 1992 (Cúpula da Terra)

5) Agenda 21 - 5 medidas específicas:

 Estudos sobre relações do meio ambiente, pobreza, saúde, comércio,


consumo e população;

 Uso racional de matérias-primas e energia para a produção de bens e


serviços;

 Realização de pesquisas sobre novas formas de energia;

 Estímulos para disseminar a visão de desenvolvimento sustentável e evitar


a ausência de suprimentos para as gerações futuras;

 Comissões para promover o desenvolvimento sustentável com os governos


federal, estadual e municipal.
Protocolo de Quioto, 1997

 Rompeu a tradição da resistência e divergência de potências industriais com


os países em desenvolvimento;

 O documento Protocolo de Quioto foi aprovado com força de lei;

 Propôs um corte de 5% na emissão de GEE entre 2008 e 2010, a partir de


índices de 1990 – vigorou entre 2008 -2012;

 3 importantes mecanismos para o sucesso do protocolo: a) implementação


conjunta; b) comércio de emissões; c) mecanismo de desenvolvimento limpo
(MDL).
Protocolo de Quioto, 1997

 Implementação conjunta: cooperação entre países do anexo I –


transferência ou redução de unidades de emissões – sumidouros de
carbono ecologicamente correto;

 Comércio de Emissões: autoriza países do anexo I no comércio de


emissões para atingir suas metas – entre empresas e países que atingiram
e não atingiram a meta – “venda de direito de poluir”;
Protocolo de Quioto, 1997

 Mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL): criado pelos países ricos,


deveria estimular iniciativas ecológicas no modelo de produção dos países
subdesenvolvidos – Porém, é um direito de poluir que pode ser vendido para
países do anexo I;

Vídeo – MDL, Protocolo de Quioto e


Aquecimento Global
 https://www.youtube.com/watch?v=8cQxShruZYs
 https://www.youtube.com/watch?v=2jn7UPkVg2E
 https://www.youtube.com/watch?v=k39yUZJBJNE
Protocolo de Quioto, 1997

 Rápida adesão inicial, porém com dificuldades de aprovação no Senado;


 O Protocolo entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, logo após o
atendimento às condições, que exigiam a ratificação por, no mínimo, 55%
do total de países-membros da Convenção e que fossem responsáveis por,
pelo menos, 55% do total das emissões de 1990;
 Brasil ratificou o documento em 23 de agosto de 2002, tendo sua
aprovação interna se dado por meio do Decreto Legislativo nº 144 de 2002;
 Dentre os principais emissores de gases de efeito estufa, somente os EUA
não ratificaram o Protocolo. No entanto, continuam tendo
responsabilidades e obrigações definidas pela Convenção
Protocolo de Quioto, 1997

 É uma boa oportunidade de mercado para países periféricos - Mas também é


uma boa oportunidade para países desenvolvidos;
 Em 2012, termina o primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto
- aumento das emissões em 11% de 1990 a 2005, com destaque para o setor
energético, o grande emissor de GEE, que também apresenta emissões
crescentes;
 Por ocasião da 17ª Convenção das Partes, foi estabelecido um novo período
para o Protocolo de Kyoto, até 2017;
 Também foi criado o Fundo Verde do Clima e adiada para a COP 18 a
realização de um acordo vinculante que estipule novas metas de redução da
emissão de gases do efeito estufa, que deverá vigorar a partir de 2020 e incluir
os maiores poluidores atuais, Estados Unidos, China e Índia
Joanesburgo, 2002

 Conhecida também como Rio + 10;

 Objetivos: Rever as metas propostas pela Agenda 21 e direcionar as


realizações às áreas que requeriam um esforço adicional para sua
implementação;

 Mais de 150 países: levaram para discutir diretrizes da Eco-92 que muitas
vezes não tinham saído do papel;
Copenhague, 2009

 A reunião dinamarquesa foi um fracasso;

 Cada país sugeriu diferentes medidas para mitigar as emissões em seus


territórios – sem harmonizar opinões;

 Inviabilizou a criação de um novo tratado internacional com força de lei;

 Muitos países chegaram com as medidas predeterminadas – diretrizes


tinham sido articuladas numa reunião “Vip”;

 3 Objetivos: adaptar os territórios as consequências das mudanças climáticas;


combater as causas do aquecimento; transferir tecnologias para países
subdesenvolvidos.
Rio + 20 (2012)

 Realizada no Rio de Janeiro com o objetivo de discutir a renovação dos


acordos de sustentabilidade envolvendo os diferentes países, a Rio +20
contou com a presença de representantes de 183 países, entre eles o Irã
e o Vaticano.

 Os objetivos giravam em torno dos debates anteriores, com o


diferencial da formalização de planejamentos que considerassem
melhor o aspecto institucional e político das metas a serem atingidas.

 Rio 2012 foi um desastre em termos de avanço;


Acordo de Paris (2012)

 O Acordo de Paris é o mais recente visando a redução do efeito estufa.

 O objetivo do acordo é reduzir a emissão de gases estufa e manter o


aumento da temperatura do planeta abaixo de 2ºC nos próximos anos.

 O Acordo de Paris foi assinado por 195 países em 2015, inclusive o


Brasil que se comprometeu em diminuir a poluição e recuperar 12
milhões florestas para conter aquecimento global.
A importância das conferências ambientais

 Como consequência das conferências ambientais, tivemos diversos tratados e


acordos que surgiram entre os diferentes países, para alcance conjunto das
metas definidas e redução de impactos analisados e previstos pelos
estudiosos.

 Documentos importantes como o Relatório Brundtland, estabeleceram os


nortes em que ainda nos baseamos para seguir rumo a
uma sociedade onde se apliquem os conceitos de sustentabilidade.

 Desta forma, as conferências ambientais configuram a arena do planejamento


ambiental e das necessidades econômicas. São nelas que ocorrem a definição
de diretrizes que podem mudar nações e todo o planeta, ou ainda de
conceitos que influenciam a dinâmica do mercado, as empresas e a sociedade,
como por exemplo, a sustentabilidade. Sendo assim, imprescindíveis para o
nosso futuro.

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