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AULA 2

GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL

Prof. Rodrigo Berté


TEMA 1 – COMÉRCIO MUNDIAL E IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS

Atualmente, existem muitos estudos que demonstram que a humanidade


consome uma quantidade de recursos naturais superior à sua capacidade de
regeneração, sendo que o comércio mundial também contribui para essa
intensificação na utilização dos recursos naturais. A promoção de um uso
sustentável dos recursos naturais envolve diversos fatores, desde mudanças nos
atuais modelos de produção até a sensibilização dos consumidores em relação à
origem e impactos ambientais provenientes dos produtos nos quais estão
consumindo.
O processo de globalização e uma facilidade cada vez maior para
empresas e indivíduos adquirirem produtos diretamente de outros países, sem a
presença de intermediários, demonstram de maneira clara a necessidade de
novas políticas internacionais para o controle de emissões de poluentes e para
assegurar o uso sustentável dos recursos naturais de países que produzem essas
mercadorias, especialmente os países em desenvolvimento, já que a degradação
ambiental pode gerar consequências climáticas e outros fenômenos naturais que
podem afetar o meio ambiente e, consequentemente, as sociedades humanas em
escala global. De acordo com Feijó e Azevedo (2006), a forma como o comércio
internacional afeta o meio ambiente das nações e o impacto das políticas
ambientais adotadas unilateralmente sobre a competitividade dos mesmos ainda
são questões que carecem de maior investigação empírica.

A influência que o comércio internacional tem sobre o aquecimento


global provém basicamente de duas fontes: primeiro, por meio das
emissões de CO2, quando as mercadorias são transportadas para
diferentes partes o mundo; segundo, pelo deslocamento das atividades
produtivas poluidoras, que são canalizadas pelo comércio por meio de
vários mecanismos de mercado. (Feijó; Azevedo, 2006, p. 562).

O alto e recente crescimento demográfico, concentrado principalmente nos


centros urbanos, em particular nos países subdesenvolvidos, atua radicalmente
sobre a degradação dos recursos naturais (Borges; Rezende; Pereira, 2009. p.
448). É preciso pensar em um comércio internacional que favoreça a melhoria dos
indicadores de qualidade de vida, para que todos tenham acesso a um meio
ambiente equilibrado e saudável.

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TEMA 2 – POLÍTICA AMBIENTAL INTERNACIONAL E OS TRATADOS
INTERNACIONAIS

Desde a Revolução Industrial, os recursos naturais vêm sendo sobre-


explorados, gerando poluição e agressões ao meio ambiente em grande escala,
comprometendo a qualidade ambiental e, consequentemente, a qualidade de vida
dos seres humanos, podendo, a curto prazo, causar um desequilíbrio ambiental
que pode comprometer a própria vida humana e de inúmeras espécies de animais
e vegetais que compõem a biosfera. O advento da indústria é tido como o principal
causador de mudanças no meio ambiente em todo o planeta terra. De acordo com
Borges, Rezende e Pereira (2009), ao longo de milhares de anos, a preocupação
primordial dos povos foi com a conquista de territórios, como forma de aquisição
de poder político e econômico.
A legislação ambiental foi gestada com o objetivo de promover e disciplinar
o uso dos recursos naturais, como a flora, fauna, água, solo e o ar. Nas últimas
décadas, especialmente a partir da década de 1970, as questões ambientais,
gradualmente, deixaram de ser um assunto interno dos países e passaram a ser
de interesse internacional, visto que geram consequências em escala global,
conforme abordamos no tema anterior. Dessa forma, nas últimas décadas,
surgiram diversos tratados e convenções internacionais que visavam discutir
essas questões, dentre as quais elencamos as seguintes:

2.1 Conferência de Estocolmo (1972)

Foi a primeira grande conferência internacional voltada às discussões


ambientais, sendo que foi convocada pela Organização das Nações Unidas
(ONU) e foi caracterizada como um marco no alerta da sociedade global em
relação à gravidade e consequências dos problemas ambientais provenientes das
ações antrópicas. Ao término da Conferência, foi firmada a Convenção da
Declaração sobre o Meio Ambiente Humano.

2.2 Convenção sobre a Poluição Atmosférica Transfronteiriça a Longa


Distância (1979)

Foi uma convenção internacional realizada em Genebra (Suíça), voltada


para discutir os efeitos negativos da poluição e degradação da qualidade do ar.

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Dentre os principais temas discutidos foram os efeitos das chuvas ácidas e
consequentemente a acidificação dos corpos d’água e solos, e também o
processo de eutrofização (aumento da concentração de nutrientes em
ecossistemas aquáticos).

2.3 Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio (1985)

Foi ratificada por 28 países e seu objetivo era a cooperação em pesquisa e


monitoramento, além do compartilhamento de informações sobre produção e
emissões de CFC (composto baseado em carbono que contém cloro e flúor,
responsável pela redução da camada de ozônio), e de aprovação de protocolos
de controle.

2.4 Protocolo de Montreal (1987)

O Protocolo de Montreal é um dos tratados ambientais considerados mais


bem-sucedidos ao longo da história, sendo que, desde que foi adotado, encorajou
muitos países a se comprometerem com uma eliminação gradativa da produção
e da utilização de substâncias químicas que comprometem a camada de ozônio.

2.5 Eco 92 (1992)

Foi uma Conferência realizada pelas Nações Unidas, também conhecida


como Eco-92, Cúpula da Terra, Cimeira do Verão, Conferência do Rio de Janeiro
e Rio 92, e reuniu chefes de estado.

2.6 Protocolo de Kyoto (1997)

O Protocolo de Kyoto foi um tratado internacional que visava um


comprometimento dos países com a redução da emissão dos gases que geram
um agravamento no processo de efeito estufa. Segundo o Protocolo, as nações
que ratificaram o documento deveriam reduzir a emissão de gases causadores do
efeito estufa em 5,2%, em comparação com os níveis de 1990.

2.7 Rio+10 (2002)

Evento também conhecido como Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento


Sustentável, foi um fórum de discussão das Nações Unidas realizado em

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Johanesburgo, África do Sul. As discussões ocorridas na Rio+10 se destacaram
por não se restringirem somente às questões ambientais, mas também
englobaram os aspectos sociais.

2.8 Rio+20 (2012)

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,


também conhecida como Rio+20, foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, cujo
objetivo era promover uma discussão sobre a renovação do compromisso político
com o desenvolvimento sustentável, sendo que os principais temas trabalhados
foram a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da
erradicação da pobreza, e a estrutura institucional para o desenvolvimento
sustentável.

TEMA 3 – CONHECENDO A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA)

No Brasil, a legislação ambiental é um processo que evoluiu de forma lenta,


mas contínua, especialmente da década de 1930 até a década de 1970, quando
o país atravessava um período conhecido como milagre econômico. De acordo
com Borges, Rezende e Pereira (2009), neste período, ocorreu o primeiro choque
do petróleo e também se levantaram as primeiras vozes com sentimento
ambientalista em várias partes do globo, como reação ao crescimento desmedido
e sem controle. Durante a Conferência de Estocolmo (1972), o Brasil defendeu a
bandeira do crescimento econômico a qualquer preço, como forma de superar o
subdesenvolvimento, enquanto existia um bloco de países desenvolvidos que
argumentava que os recursos naturais não suportariam a longo prazo as ações
antrópicas.
De acordo com Borges, Rezende e Pereira (2009), o Brasil importou suas
primeiras leis de proteção ambiental de Portugal, que, como os demais países
europeus, também vinha protegendo seus recursos naturais da depredação. No
ano de 1802, por recomendação de José Bonifácio, foram baixadas as primeiras
instruções para reflorestar a costa brasileira, que já apresentava um processo de
devastação. Essas medidas tinham a finalidade de se fazer plantios em covas e
evitar o pastoreio (Magalhães, 2002). Em 1821 foi promulgada a legislação sobre
o uso da terra, a qual previa a manutenção de reservas florestais em 1/6 das áreas
vendidas ou doadas (Rezende; Borges; Coelho Júnior, 2004, p. 9).

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Durante a década de 1920, surgiu a ideia de se criar no Brasil um Código
Florestal para estabelecer o uso racional das florestas, sendo que em 1934, com
a implantação do Estado Novo, foi instituído o primeiro Código Florestal, que era
a principal norma que regulava o uso das florestas. No ano de 1965, foi criado o
segundo Código Florestal Brasileiro, em substituição do Código de 1934, sendo
que esse novo código foi um importante instrumento disciplinador das atividades
florestais, pois declarou as florestas presentes em território brasileiro como bens
de interesse comum a toda população.
No ano de 1981, finalmente, foi criada a Política Nacional de Meio Ambiente
(PNMA), que é regulamentada pela Lei n. 6.938, de 31 agosto de 1981 e define
os mecanismos e instrumentos de proteção do meio ambiente no Brasil (Brasil,
1981). Esta legislação é anterior à Constituição de 1988 e coloca que “todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações” (Brasil, 1981).
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) prevê, no art. 2º, a
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, sendo que, para
isso, a Lei apresenta o meio ambiente como um patrimônio público que deve ser
assegurado e protegido para o uso coletivo (Brasil, 1981). A Lei trata também do
princípio de racionalização do uso do solo, o planejamento e fiscalização do uso
dos recursos ambientais, a proteção dos ecossistemas e o controle e zoneamento
das atividades poluidoras. Além desses pontos, a Lei prevê incentivos à pesquisa
e ao estudo para a proteção dos recursos ambientais, além do acompanhamento
da qualidade ambiental, a recuperação de áreas degradadas, a proteção de áreas
ameaçadas de degradação e a educação ambiental (Brasil, 1981).
Entre os demais objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA)
encontra-se a compatibilização do desenvolvimento econômico e social com a
preservação ambiental, definição de áreas prioritárias de ação governamental e o
estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de manejo dos
recursos ambientais. Outros pontos previstos são o desenvolvimento de
pesquisas e tecnologias para uma utilização racional dos recursos ambientais, a
divulgação de dados e informações a respeito do meio ambiente, além de impor
a recuperação e/ou indenização dos danos causados aos recursos ambientais por
agentes poluidores ou predadores.

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A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) pode ser considerada como
a referência de maior importância para a proteção ambiental no Brasil, pois o
avanço tecnológico e industrial nas últimas décadas aumentou em grande parte a
demanda por recursos naturais e, por meio dessa Lei, os órgãos ambientais das
esferas federal, estadual e municipal podem limitar e fiscalizar a atuação de
empresas e indústrias, fazendo com que a exploração dos recursos naturais
ocorra de maneira sustentável.

TEMA 4 – CRIMES AMBIENTAIS

Podem ser considerados crimes ambientais os danos ao meio ambiente,


ou aos seus componentes, como os animais, as florestas, os recursos naturais ou
mesmo os patrimônios culturais. Como exemplo, podemos citar indústrias que
ignoram as normas ambientais estabelecidas na legislação ambiental e emitem
poluentes atmosféricos que ultrapassam os níveis permitidos, sendo que a
legislação ambiental apresenta uma previsão da quantidade de material
particulado que pode ser emitido. Lembramos que a situação de crime ocorre
quando existe um desrespeito a esses limites estabelecidos pela legislação, pois,
caso contrário, não é considerado como crime ambiental.
Também existem situações de atividades que não poluem o meio ambiente,
como a construção de galpões em uma determinada região, no entanto a
construção desse empreendimento não foi autorizada por meio do processo de
licenciamento ambiental. Nessas situações, embora a atividade não cause danos
diretos ao meio ambiente, está em desobediência às exigências previstas na
legislação ambiental, sendo passível de penalidades.
Em um processo de licenciamento ambiental, quando existem omissões de
dados técnico-científicos, bem como a emissão de uma licença ambiental em
desacordo com a Lei por parte de um agente público, estas também podem ser
considerados como crimes ambientais.
De acordo com a Lei de Crimes Ambientais, no capítulo V, encontram-se
os seguintes artigos:

Dos Crimes contra a Fauna


Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna
silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença
ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a
obtida:
Pena – detenção de seis meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas:

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I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em
desacordo com a obtida;
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em
cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da
fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e
objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou
sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
competente.
[...]
Dos Crimes contra a Flora
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação
permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das
normas de proteção:
Pena – detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em
estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica,
ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: (Incluído pela Lei
n. 11.428, de 2006).
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente. (Incluído pela Lei n. 11.428, de 2006).
[...]
Da Poluição e outros Crimes Ambientais
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que
resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que
provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da
flora:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Se o crime é culposo:
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.
[...]
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão
judicial;
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica
ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
[...]
Dos Crimes contra a Administração Ambiental
Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir
a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em
procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou
permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades,
obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder
Público:
Pena – detenção, de um a três anos, e multa. (Brasil, 1998)

TEMA 5 – CONHECENDO O LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O processo de licenciamento ambiental é caracterizado por um instrumento


que se encontra previsto na Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA). O
licenciamento ambiental deve ser realizado junto aos órgãos competentes. A
competência para a condução do licenciamento ambiental pode ser da União,

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estados ou municípios, sendo que os empreendimentos e atividades, no entanto,
são licenciados por somente um único ente federativo. O Ibama é o órgão executor
do licenciamento ambiental de competência da União. A Lei Complementar n.
140/11, art. 7º, inciso XIV (Brasil, 2011), e o Decreto n. 8.437/15 (Brasil, 2015)
estabelecem os critérios e tipos de atividades e de empreendimentos sujeitos ao
licenciamento ambiental no Ibama. São de competência do Ibama o licenciamento
ambiental de atividades e de empreendimentos:

a. localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país


limítrofe;
b. localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma
continental ou na zona econômica exclusiva;
c. localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
d. localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas
pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
e. localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
f. de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos
termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e
emprego das Forças Armadas;
g. destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar,
armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que
utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações,
mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen)
(Brasil, 2011)

• ferrovia federal: Implantação, ampliação de capacidade e regularização


ambiental. Não se aplica nos casos de implantação e ampliação de pátios
ferroviários, melhoramentos de ferrovias, implantação e ampliação de
estruturas de apoio de ferrovias, ramais e contornos ferroviários;
• rodovia federal: implantação, regularização ambiental de rodovias
pavimentadas, pavimentação e ampliação de capacidade com extensão
igual ou superior a 200 quilômetros e atividades de manutenção,
conservação, recuperação, restauração e melhoramento em rodovias
federais regularizadas. Não se aplica nos casos de contornos e acessos
rodoviários, anéis viários e travessias urbanas;
• hidrovias federais: implantação e ampliação de capacidade cujo somatório
dos trechos de intervenções seja igual ou superior a 200 quilômetros de
extensão;
• portos organizados, exceto as instalações portuárias que movimentem
carga em volume inferior a 450.000 TEU/ano ou a 15.000.000 ton/ano;
• terminais de uso privado e instalações portuárias que movimentem carga
em volume superior a 450.000 TEU/ano ou a 15.000.000 ton/ano;

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• petróleo e gás: exploração e avaliação de jazidas, compreendendo as
atividades de aquisição sísmica, coleta de dados de fundo (piston core),
perfuração de poços e teste de longa duração quando realizadas no
ambiente marinho e em zona de transição terra-mar (offshore);
• petróleo e gás: produção, compreendendo as atividades de perfuração de
poços, implantação de sistemas de produção e escoamento, quando
realizada no ambiente marinho e em zona de transição terra-mar (offshore);
• petróleo e gás: produção, quando realizada a partir de recurso não
convencional de petróleo e gás natural, em ambiente marinho e em zona
de transição terra-mar (offshore) ou terrestre (onshore), compreendendo as
atividades de perfuração de poços, fraturamento hidráulico e implantação
de sistemas de produção e escoamento;
• usinas hidrelétricas com capacidade instalada igual ou superior a 300
megawatts;
• usinas termelétricas com capacidade instalada igual ou superior a 300
megawatts;
• usinas eólicas, no caso de empreendimentos e atividades offshore e zona
de transição terra-mar.

O licenciamento ambiental apresenta como objetivo principal a


preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, sendo que deve ser
realizado junto ao órgão competente, desde as etapas iniciais de planejamento e
instalação até a efetiva operação do empreendimento. Este procedimento faz com
que seja necessário o empreendedor entrar em contato com o órgão ambiental e
conheça as suas obrigações quanto ao adequado controle de sua atividade.
O licenciamento ambiental passou a ser obrigatório em território brasileiro
desde o ano de 1981, sendo que qualquer atividade que apresente o potencial de
gerar poluição deve estar adequada às normas previstas no seu licenciamento
ambiental, pois empresas e indústrias que funcionem sem o licenciamento podem
receber punições previstas na Lei de Crimes Ambientais (1998), além de uma
exigência cada vez maior dos consumidores para que as empresas sejam
socialmente justas e ambientalmente corretas.
Em atividades cujos impactos ambientais atravessem mais de um
município pertencente ao mesmo estado, o órgão ambiental estadual é
responsável pelo processo, sendo que os estados podem licenciar
empreendimentos somente se possuírem um Conselho Estadual de Meio
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Ambiente e devem possuir profissionais habilitados, pois, caso contrário, o
licenciamento ocorre na esfera federal. Essa mesma regra se aplica aos
municípios, pois podem licenciar atividades somente se contarem com um
Conselho Municipal de Meio Ambiente; caso contrário, devem ser emitidas na
esfera estadual ou federal, sendo que as licenças são emitidas somente se os
impactos se restringirem dentro de suas áreas limítrofes.
Dentre as etapas do licenciamento ambiental, encontram-se a Licença
Prévia (LP), a Licença de Instalação (LI) e a Licença de Operação (LO).
De forma geral, as principais modalidades de licenciamento ambiental
expedidas são (Etapas..., [S.d.]):

• Licença Prévia (LP): aprova a localização e concepção do


empreendimento, atividade ou obra que se encontra na fase preliminar
do planejamento atestando a sua viabilidade ambiental, estabelecendo
os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas
fases de sua implantação, bem como suprindo o requerente com
parâmetros para lançamento de efluentes líquidos e gasosos, resíduos
sólidos, emissões sonoras, além de exigir a apresentação de propostas
de medidas de controle ambiental em função dos possíveis impactos
ambientais a serem gerados.
• Licença de Instalação (LI): autoriza a instalação do empreendimento,
atividade ou obra de acordo com as especificações constantes dos
planos, programas e projetos aprovados, fixando cronograma para
execução das medidas mitigadoras e da implantação dos sistemas de
controle ambiental.
• Licença de Operação (LO): autoriza a operação da atividade, obra ou
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento das
medidas de controle ambiental e condicionantes determinadas nas
licenças anteriores.
• Dispensa do licenciamento: as atividades dispensadas do licenciamento
ambiental podem ter significados e aplicações distintas entre os estados.
Os conceitos mais comuns são: atividades de muito baixo impacto
ambiental; não listadas nas legislações que regulamentam as atividades
passíveis de licenciamento ambiental no estado; atividade cujo
licenciamento é de competência municipal e não estadual; e aquelas
passíveis de licenciamento que por análise do órgão são dispensadas
dessa obrigação legal. A comprovação de que um empreendimento ou
atividade possui a Dispensa do licenciamento ambiental também varia
de estado para estado entre: a não emissão de documento; emissão de
declaração; e de documento próprio regulamentado em legislação.
• Licença de Alteração: geralmente está condicionada à existência de
Licença de Instalação (LI) ou Licença de Operação (LO), concedida
quando porventura ocorrer modificação no contrato social do
empreendimento, atividade ou obra, ou qualificação de pessoa física.
Licença de Ampliação: poderá ser concedida para a realização de
ampliações ou ajustes em empreendimento ou atividade já implantados
e licenciados.
• Licença de Instalação e de Operação (LIO): substitui os procedimentos
administrativos do licenciamento de instalação e do licenciamento de
operação ordinários, unificando-os. Através da LIO o órgão ambiental
autoriza, em uma única fase, a instalação e a operação de atividade ou
empreendimento. Deve ser solicitada antes de iniciar-se a implantação
do empreendimento ou atividade, estando sua concessão condicionada
às medidas e condições de controle ambiental estabelecidas pelo órgão
ambiental.

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• Licença Prévia e de Instalação (LPI): substitui os procedimentos
administrativos do licenciamento prévio e do licenciamento de instalação
ordinários, unificando-os. Antes de iniciar-se a implantação do
empreendimento ou atividade, em uma única fase o órgão ambiental
atesta a viabilidade ambiental e autoriza a instalação da atividade ou
empreendimento, estabelecendo as condições e medidas de controle
ambiental necessárias. Geralmente será concedida quando a análise de
viabilidade ambiental não depender de estudos ambientais, podendo
ocorrer simultaneamente à análise dos projetos de implantação.
• A Licença Ambiental Simplificada (LAS) é concedida antes de iniciar-se
a implantação do empreendimento ou atividade e, em uma única fase,
atesta a viabilidade ambiental, aprova a localização e autoriza a
implantação e a operação de empreendimento ou atividade,
estabelecendo as condições e medidas de controle ambiental que
deverão ser atendidas. A concessão da LAS geralmente está associada
à classificação do empreendimento quanto ao grau de impacto ambiental
gerado, sendo aplicada à empreendimentos ou atividades de pequeno
ou micro porte e baixo potencial poluidor. A Licença Única (LU) substitui
os procedimentos administrativos ordinários do licenciamento prévio, de
instalação e operação do empreendimento ou atividade, unificando-os
na emissão de uma única licença, exigindo-se as devidas condições e
medidas de controle ambiental.

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REFERÊNCIAS

BORGES, L. A. C.; REZENDE, J. L. P.; PEREIRA, J. A. A. Evolução da legislação


ambiental no Brasil. Revista em Agronegócios e Meio Ambiente, v. 2, n. 3, p.
447-466, set./dez. 2009.

BRASIL. Decreto n. 8.437, de 22 de abril de 2015. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 23 abr. 2015.

_____. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 2 set. 1981.

_____. Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 13 fev. 1998.

_____. Lei Complementar n. 140, de 8 de dezembro de 2011. Diário Oficial da


União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 9 dez. 2011.

ETAPAS do licenciamento. Portal Nacional do Licenciamento Ambiental, S.d.


Disponível em: <http://pnla.mma.gov.br/etapas-do-licenciamento>. Acesso em: 6
ago. 2021.

FEIJÓ, F. T.; AZEVEDO, A. F. Z. Comércio e meio ambiente: políticas ambientais


e competitividade no âmbito da ALCA. Economia Aplicada, São Paulo, v. 10, n.
4, p. 561-587, out.-dez. 2006.

MAGALHÃES, J. P. A evolução do direito ambiental no Brasil. São Paulo: J.


Oliveira, 2002.

REZENDE, J. L. P.; BORGES, L. A. C.; COELHO JÚNIOR, L. M. Introdução à


política e à legislação ambiental e florestal. Lavras, MG: UFLA, 2004.

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