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AULA 6

GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Prof. Rodrigo Berté


TEMA 1 – RESPONSABILIDADE SOCIAL, O GLOBAL COMPACT

O Pacto Global é uma iniciativa proposta pela Organização das Nações


Unidas (ONU) que visa encorajar as organizações para a adoção de políticas de
responsabilidade social corporativa e também relacionadas à sustentabilidade.
Para atingir os objetivos do Pacto Global, é necessário mobilizar a
comunidade empresarial internacional por meio da proposição de dez princípios
relacionados à promoção do trabalho, dos direitos humanos, à preservação do
meio ambiente e ao combate à corrupção. O Pacto Global surgiu por meio da
concepção de que as organizações apresentam um papel protagonista para o
desenvolvimento social dos países e devem agir com responsabilidade nos locais
nos quais estão inseridas.
A partir do momento em que as organizações passam a se comprometer
com a sociedade, apresentam a possibilidade de contribuir de maneira
significativa para a criação de uma sociedade mais digna e justa. O Pacto Global
é um instrumento que pode ser adotado de forma voluntária pelas organizações,
sendo que a organização que adere ao programa automaticamente assume o
compromisso na implantação dos seus dez princípios em suas atividades diárias
e devem prestar contas à sociedade através de meios transparentes e também
sobre como está a evolução no seu processo de implantação dos princípios,
mediante Comunicações de Progresso (COP). A comunicação dos progressos é
realizada de forma anual, por meio de um relatório elaborado pelas organizações.
O Pacto Global foi anunciado pelo ex-secretário da Organização das
Nações Unidas, Kofi Annan, no Fórum Econômico Mundial (Fórum de Davos) em
uma reunião realizada no dia 31 de janeiro de 1999 e foi oficialmente lançado no
dia 26 de julho de 2000, no escritório da ONU, na cidade de Nova York.
Entre os anos 2000 e 2003, o Pacto Global passou por um processo de
experimentação, sendo que, a partir do ano de 2003, passou a fazer ações mais
incisivas, por exemplo, a criação do Cities Programme, que visa melhorar a vida
urbana nas cidades do mundo por meio de uma relação efetiva entre as empresas,
sociedade civil e o governo.
A partir do mês de agosto do ano de 2005, o Pacto Global desenvolveu
uma nova governança com objetivos mais concretos, sendo que, no ano de 2006,
o Pacto Global já contava com mais de 3300 companhias de distintas regiões do

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mundo e mais de mil sindicatos e organizações da sociedade civil como membros
participantes.
Atualmente, a governança do Pacto Global é dividida em seis entidades
que apresentam diferentes funções:

• Global Compact Leaders Summit: é um encontro trienal em que os


executivos de maior destaque das organizações realizam discussões sobre
o andamento do Pacto Global e tem a oportunidade de realizar sugestões;
• Comissões Locais: formadas por grupos que atuam no desenvolvimento do
Pacto Global em suas localidades ou países;
• Fórum Anual das Comissões Locais: caracterizado por um fórum em que
as comissões locais apresentam os progressos que estão ocorrendo em
seus países ou localidades, além de terem a oportunidade de fazer uma
comparação de resultados e efetuar sugestões;
• Global Compact Board: grupo que teve o seu primeiro encontro no ano de
2006 e objetiva a recomendação de políticas e estratégias ao Escritório
Central do Pacto Global e respectivos participantes. Esse Board tem quatro
grupos com responsabilidades específicas: empresarial, sociedade civil,
sindicatos e Nações Unidas.
• Escritório do Pacto Global: entidade que coordena no Pacto Global, sendo
a Assembleia Geral das Nações Unidas incumbiu a responsabilidade da
entidade em promover boas práticas;
• Inter-Agency Team: apresenta a responsabilidade de dar suporte ao
processo de internalização dos princípios por todos os participantes do
Pacto Global.

Segundo a Rede Brasil do Pacto Global (UN Global Compact, S.d.), o Pacto
Global apresenta os seguintes princípios:

1. Respeitar e apoiar os direitos humanos reconhecidos internacionalmente


na sua área de influência;
2. Assegurar a não participação da empresa em violações dos direitos
humanos;
3. Apoiar a liberdade de associação e reconhecer o direito à negociação
coletiva;
4. Eliminar todas as formas de trabalho forçado ou compulsório;
5. Erradicar todas as formas de trabalho infantil da sua cadeia produtiva;

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6. Estimular práticas que eliminem qualquer tipo de discriminação no
emprego;
7. Assumir práticas que adotem uma abordagem preventiva, responsável e
proativa para os desafios ambientais;
8. Desenvolver iniciativas e práticas para promover e disseminar a
responsabilidade socioambiental;
9. Incentivar o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ambientalmente
responsáveis;
10. Combater a corrupção em todas as suas formas, incluindo extorsão e o
suborno.

No ano de 2015, a Organização das Nações Unidas propôs uma agenda


de desenvolvimento sustentável para os seus países membros, denominada
Agenda 2030, composta por 17 objetivos, chamados de Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS). De acordo com a Rede Brasil do Pacto
Global (UN Global Compact, S.d.), os ODS buscam assegurar os direitos
humanos, acabar com a pobreza, lutar contra a desigualdade e a injustiça,
alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas, agir
contra as mudanças climáticas, bem como enfrentar outros dos maiores desafios
de nossos tempos.
A Agenda 2030 é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a
prosperidade, que busca fortalecer a paz universal. O plano indica 17 Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas para erradicar a pobreza e
promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta. São objetivos e
metas claras para que todos os países adotem de acordo com suas próprias
prioridades e atuem no espírito de uma parceria global que orienta as escolhas
necessárias para melhorar a vida das pessoas, agora e no futuro (Agenda 2030,
S.d.).

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Figura 1 – Objetivos de desenvolvimento sustentável

Fonte: ODS Brasil, S.d.

O Pacto Global chegou ao cenário brasileiro no ano de 2003, sendo que


nesse período contava com a participação de 26 empresas e organizações, no
entanto foi ganhando relevância no decorrer dos anos seguintes e atualmente
possui mais de 800 membros, sendo a terceira maior rede do mundo, entre as
quase 80 que integram a iniciativa. Os 17 ODS orientam as ações do Pacto Global,
sendo que cerca de 78% das empresas que integram a Rede Brasil já estão
alinhando suas estratégias de negócio com os objetivos globais (UN Global
Compact, S.d.).
O setor privado apresenta um papel de grande importância para a
implementação da Agenda 2030, pois detém parte considerável do poder
econômico e pode ser um propulsor de novas tecnologias e inovações.

TEMA 2 – NORMA SA 8000

A SA 8000 é uma Norma de certificação internacional que visa incentivar


as organizações no desenvolvimento, manutenção e aplicação de práticas
socialmente aceitáveis no ambiente de trabalho. É baseada em convenções da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) e em outras convenções da ONU,
sendo desenvolvida no ano de 1997 pelo Órgão de Credenciamento do Conselho
de Prioridades Econômicas, que é ligado à ONU. Segundo a Social Accountability
International (2014), a intenção da SA 8000 é oferecer uma norma auditável,
voluntária, com base nas Declarações de Direitos Humanos da ONU, na OIT, em

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outros direitos humanos internacionais e em normas trabalhistas e leis trabalhistas
nacionais para capacitar e proteger todo o pessoal dentro do escopo de controle
e influência de uma organização que forneça produtos ou serviços para aquela
organização, incluindo o pessoal empregado pela própria organização, bem como
por seus fornecedores, subcontratados, subfornecedores e trabalhadores em
domicílio. Pretende-se que uma organização deva estar em conformidade com
esta Norma por meio de um Sistema de Gestão apropriado e eficaz.
A Norma SA 8000 possui requisitos e apresenta uma metodologia de
auditoria que visa promover uma avaliação das condições do local de trabalho.
Dentre as condições, estão incluídos:

• Trabalho infantil;
• Trabalhos forçados;
• Saúde;
• Segurança do trabalho;
• Liberdade de associação;
• Discriminação;
• Práticas disciplinares;
• Carga horária;
• Benefícios e responsabilidades da gerência em manter e melhorar as
condições de trabalho. (SAI, 2014)

A Norma pode ser aplicada em empresas de qualquer porte em


abrangência global. Segundo Guillardi (2006), a SA 8000 é única em muitos
aspectos, sendo o primeiro padrão global que pode ser implementado em
qualquer país e também é multissetorial, diferentemente de alguns outros padrões
que foram desenhados para ser aplicados apenas para um setor, pois o que
realmente separa a SA 8000 de outros padrões é o fato de ser um padrão
auditável.
Os auditores qualificados fazem visitas regulares às empresas certificadas
para averiguar se os requisitos da norma vêm sendo atendidos e também realizam
uma avaliação do sistema de gestão para verificar a melhoria contínua deste
processo. Caso, eventualmente, sejam detectadas não conformidades, será
necessário corrigir o processo, com a finalidade de evitar a recorrência em uma
próxima avaliação.

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De acordo com Oliveira (2003), os fatores que levam uma organização a
obter uma certificação social é a capacidade de assegurar que seus fornecedores
de mão de obra e produtos mantenham uma política de responsabilidade social
perante seus colaboradores, pois a cada dia a sociedade cobra e compra produtos
de empresas que respeitam o ser humano. Os benefícios levantados por Oliveira
(2003) são os seguintes:

• Para a empresa: melhoria no moral dos empregados; melhoria na


qualidade e produtividade; comprovação da prática da responsabilidade
social com os empregados; redução na rotatividade; melhoria na reputação
da empresa; facilidade no recrutamento e na retenção de bons
profissionais; melhores relações com o governo, sindicatos, ONGs e
empregados.
• Para os empregados: melhor ambiente de trabalho; redução no número de
acidentes; treinamento em saúde e segurança no trabalho; salários
adequados às necessidades.
• Para os investidores e consumidores: identificação de produtos feitos sob
condições humanas; informações claras, com credibilidade, para decisões
de compra e de investimento, baseadas em condições éticas; identificação
de empresas preocupadas com a condição humana dos empregados.
• Para a sociedade: redução do trabalho infantil; mais crianças na escola;
trabalhadores saudáveis; cooperação entre empresas, ONGs e sindicatos.

TEMA 3 – NORMA NBR ISO 26000

A Norma Internacional ISO 26000 – Diretrizes sobre Responsabilidade


Social foi publicada no dia 1 de novembro do ano de 2010, na cidade de Genebra,
Suíça, sendo que a versão em língua portuguesa da norma (ABNT NBR ISO
26000) foi lançada no dia 8 de dezembro do mesmo ano na Fiesp, na cidade de
São Paulo (ABNT, 2010). A ISO 26000 é uma norma orientadora de diretrizes e
de uso voluntário e tem a característica de que não visa nem é apropriada para
fins de certificação, pois qualquer oferta de certificação ou alegação de ser
certificado pela ABNT NBR ISO 26000 constitui em declaração falsa e
incompatível com o propósito da norma, todavia apresenta grande importância
devido à observância de seu conteúdo no momento do desenvolvimento de
políticas sustentáveis.

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De acordo com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(2021), a norma fornece orientações para todos os tipos de organização,
independentemente de seu porte ou localização, sobre:

• Conceitos, termos e definições referentes à responsabilidade social;


• Histórico, tendências e características da responsabilidade social;
• Princípios e práticas relativas à responsabilidade social;
• Temas centrais e questões referentes à responsabilidade social;
• Integração, implementação e promoção de comportamento socialmente
responsável em toda a organização e por meio de suas políticas e práticas
dentro de sua esfera de influência;
• Identificação e engajamento de partes interessadas;
• Comunicação de compromissos, desempenho e outras informações
referentes a responsabilidade social.

O desempenho de uma organização em relação à localidade na qual


desenvolve suas atividades e a sua influência sobre o meio ambiente se tornaram
elementos fundamentais no processo avaliativo de seu desempenho global e na
capacidade de manter a suas operações de forma satisfatória. Esses fatores são
um reflexo da importância em zelar pela manutenção do equilíbrio ecológico e na
promoção de condições que permitam promover uma igualdade social e bons
níveis de governança organizacional.
As organizações em diversos níveis estão cada vez mais sujeitas a
avaliações por parte dos seus investidores e sociedade, sendo que, de acordo
com a ABNT NBR ISO 26000 (ABNT, 2010), a percepção e a realidade do
desempenho em responsabilidade social da organização podem influenciar, além
de outros, os seguintes fatores:

• Sua vantagem competitiva;


• Sua reputação;
• Sua capacidade de atrair e manter trabalhadores e/ou conselheiros, sócios
e acionistas, clientes ou usuários;
• A manutenção da moral, do compromisso e da produtividade dos
empregados;
• A percepção de investidores, proprietários, doadores, patrocinadores e da
comunidade financeira;

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• Sua relação com empresas, governos, mídia, fornecedores, organizações
pares, clientes e a comunidade em que opera.

TEMA 4 – A NORMA NBR 16000

A NBR 16000 é uma norma voltada à responsabilidade social que foi


lançada no ano de 2004 pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas),
sendo caracteriza pela primeira regulamentação com o foco na responsabilidade
social que é emitido por um organismo de normalização (ABNT), fazendo com que
o Brasil se tornasse um pioneiro nesta questão.
A NBR 16000 é baseada no PDCA (Plan, Do, Check, Act) e objetiva a
promoção de uma melhoria contínua, sendo que o atendimento aos requisitos
previstos na norma não significa, obrigatoriamente, que a organização é
socialmente responsável, no entanto possui um sistema de responsabilidade
social.
A norma permite que a empresa possa implementar uma política e objetivos
que envolvam a legislação prevista, promoção da cidadania, compromissos
éticos, além da transparência e promoção do desenvolvimento sustentável em
seus processos.
O Inmetro desenvolveu o Programa Brasileiro de Certificação em
Responsabilidade Social de acordo com a NBR 16001, desde a sua primeira
versão, e agora definiu um plano de transição (por meio da Portaria Inmetro/MDIC
n. 407, de 2 de agosto de 2012) para as organizações, estabelecendo que:

I. As organizações certificadas com base na norma ABNT NBR


16001:2004 podem, a qualquer tempo, a contar da data de publicação
desta Portaria, migrar para a versão atual da norma, mediante auditoria;
II. As solicitações de certificação inicial poderão continuar a ser
concedidas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 12
(doze) meses contados da publicação desta Portaria;
III. As solicitações de recertificação poderão continuar a ser concedidas
com base na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 24 (vinte e quatro)
meses contados da publicação desta Portaria;
IV. Todas as certificações vigentes concedidas com base na norma
ABNT NBR 16001:2004 deverão ser migradas para a versão atual da
norma ou serem canceladas no prazo de 36 (trinta e seis) meses, contar
da data de publicação desta Portaria. (Inmetro, 2012)

De acordo com o Inmetro (S.d.), a norma é estruturada da seguinte


maneira:

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Quadro 1 – Estruturação da NBR 16001:2004

Prefácio
Introdução
1. Escopo
2. Termos e definições
3. Requisitos do Sistema de Gestão da responsabilidade social
3.1 Requisitos gerais
3.2 Política da responsabilidade social
3.3 Planejamento
3.3.1 Identificação das partes interessadas
3.3.2 Temas centrais da responsabilidade social e suas
questões
3.3.3 Due diligence
3.3.4 Identificação de oportunidades de melhoria e
inovação
3.3.5 Requisitos legais e outros
3.3.6 Objetivos, metas e programas
3.3.7 Recursos, funções, responsabilidades e autoridades
3.4 Implementação e operação
3.4.1 Competência, treinamento e conscientização
3.4.2 Engajamento das partes interessadas
3.4.3 Comunicação
3.4.4 Tratamento de conflitos ou desavenças
3.4.5 Controle operacional
3.5 Requisitos de documentação
3.5.1 Generalidades
3.5.2 Manual do sistema de gestão da responsabilidade
social
3.5.3 Controle de documentos
3.5.4 Controle de registros
3.6 Medição, análise e melhoria
3.6.1 Monitoramento e medição
3.6.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros
3.6.3 Não conformidade e ações corretiva e preventiva

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3.6.4 Auditoria interna
3.6.5 Análise pela Alta Direção
Bibliografia
Anexos
Anexo A (informativo) identificação das partes interessadas
Anexo B (informativo) engajamento das partes interessadas
Anexo C (informativo) Comunicação sobre responsabilidade social
Anexo D (informativo) Questões da responsabilidade social
Anexo E (informativo) Oportunidades de melhoria e inovação
Anexo F (informativo) Monitoramento e medição
Anexo G (informativo) Correspondência entre a ABNT NBR 16001:2012
e a ABNT NBR ISO 26000:2010
Figura
Figura 1 – Modelo do sistema de gestão da responsabilidade social
Tabela
Tabela G.1 - Correspondência entre a ABNT NBR 16001:2012 e a
ABNT NBR ISO 26000:2010
Fonte: Inmetro, S.d.

Segundo Ursine e Sekiguchi (2005), os pontos mais relevantes dessa


norma são os seguintes:

• É aplicável a todos os tipos e portes de organização. Embora o público


usual de normas de sistemas de gestão sejam as grandes corporações,
essa norma foi redigida de forma a aplicar-se também às pequenas e
médias empresas, de qualquer setor, bem como às demais organizações
públicas ou do terceiro setor que tiverem interesse em aplicá-la;
• Entendimento amplo do tema responsabilidade social. Essa norma
incorporou o conceito mais amplo de responsabilidade social, ao aproximá-
lo do desenvolvimento sustentável e incluir em seu cerne o engajamento e
a visão das partes interessadas;
• Necessidade de comprometimento dos funcionários e dirigentes de todos
os níveis e funções. Em diversos pontos da norma, ressalta-se a
necessidade de comprometimento dos dirigentes e funcionários de todos
os níveis e funções, em especial os da alta direção, uma vez que se trata
de um tema transversal;

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• Necessidade de uma política da responsabilidade social e o
desenvolvimento de programas com objetivos e metas. A norma prescreve
que a alta administração deve definir a política de Responsabilidade Social,
“consultando as partes interessadas” (ABNT, 2004) e assegurando, dentre
outros tópicos, que ela “inclua o comprometimento com a promoção da
ética e do desenvolvimento sustentável”. Na etapa de planejamento, a
organização deverá estabelecer, implementar e manter objetivos e metas
da Responsabilidade Social, com o envolvimento de funções e níveis
relevantes dentro da organização e demais partes interessadas.

TEMA 5 – PROJETO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL FAZENDO RENDA


(IBGPEX/UNINTER)

O projeto Fazendo Renda foi criado no ano de 2008, sendo uma iniciativa
do Instituto Ibgpex de responsabilidade socioambiental, braço social do Grupo
Uninter, que apresenta uma proposta de desenvolvimento sustentável por meio
da reciclagem têxtil com ações de design social e empreendedorismo e objetiva
capacitar mulheres a partir de 18 anos, especialmente em situações de
vulnerabilidade social, que visa a promoção da melhoria da condição social da
mulher, sua valorização e participação ativa na sociedade, criando oportunidades
de trabalho e geração de renda (Instituto Ibgpex, S.d.).
O projeto utiliza materiais que seriam descartados, especialmente resíduos
da indústria têxtil, como retalhos de tecidos e outros materiais recicláveis, que
possivelmente seriam descartados. A aliança do artesanato com a sensibilização
ambiental é um dos focos do projeto, que busca envolver os participantes sobre a
necessidade de fazer um uso adequado dos recursos naturais e evitar o consumo
exagerado.
As mulheres que participam do projeto recebem formação para
confeccionar bolsas, roupas e acessórios da moda, bem como também
participarem do processo de ensino de aprendizagem sobre gestão,
empreendedorismo, cidadania, sustentabilidade e qualidade de vida.
De acordo com o Instituto Ibgpex (S.d.), o Projeto Fazendo Renda teve uma
modificação para o ano de 2019 e atualmente conta com quatro grupos distintos
e diversificados:

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5.1 Projeto Voluntárias Fazendo Renda do Instituto IBGPEX

Esse projeto é desenvolvido nas segundas-feiras, das 14:00 às 17:00 em


sua sede, sendo composto por mulheres já capacitadas e certificadas pelo projeto
anteriormente. Realizam-se atividades de corte e costura e artesanato, produção
que posteriormente serão doadas para instituições que possuem demanda para
as peças produzidas. Exemplos: turbantes, faixas e lenços de retalhos de tecidos,
que posteriormente serão doadas ao Hospital Erasto Gaertner e vão atender
mulheres que usam os acessórios durante seu tratamento de quimioterapia.
Peças que compõem enxovais para bebês, que posteriormente serão doados à
Maternidade Mater Dei, e outros. As mulheres do projeto voluntárias participam
dos Temas Transversais com conteúdo sobre gestão e empreendedorismo,
cidadania e qualidade de vida.

5.2 Projeto Fazendo Renda – Capacitação

Esse projeto foi pensado para mulheres que necessitam gerar renda por
meio da moda e do artesanato. Elas utilizam retalhos de tecidos e materiais que
seriam descartados, as mulheres aprendem a confeccionar bolsas, roupas e
acessórios, bem como participam dos temas transversais com conteúdo sobre
gestão e empreendedorismo, cidadania e qualidade de vida.

5.3 Projeto Fazendo Renda Grupo de Produção

O Grupo de Produção é formado por mulheres que já foram capacitadas e


certificadas pelo Projeto Fazendo Renda anteriormente. O grupo atende a
demandas do Centro Universitário Internacional Uninter e comunidade externa,
confecciona brindes, acessórios e ecobags. A Renda financeira é 100% para as
mulheres participantes.

5.4 Oficinas Livres

As oficinas livres ocorrem com grupos específicos, conforme demanda


trazida pelas ONGs atendidas pelo Ibgpex. Como exemplo: a primeira oficina de
2019, “Costurando a Tradição da Moda Cigana com Inovação”, é uma iniciativa
do Ibgpex em parceria com movimentos ciganos de Curitiba. É desenvolvida pelo

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Projeto Fazendo Renda e é dirigida às mulheres ciganas em situação de
preconceito e vulnerabilidade.
Com uma indumentária rica com amplas saias adornadas por fitas, rendas,
pedrarias e muito brilho, as peças na maioria das vezes eram costuradas à mão
pelas mulheres ciganas. A oficina trata a tecnologia como diferencial inovador na
capacitação das mulheres ciganas para o uso da máquina de costura, agregando
qualidade às peças e contribuindo na sua geração de renda.
O Instituto Ibgpex também atua na comunidade por meio de outros
projetos, dentre os quais os seguintes: Ser Capaz (capacita e inclui pessoas com
deficiência no mercado de trabalho); Jovem Cidadão (garante direitos das
crianças e adolescente pela inclusão digital e musical, além de cursos e
capacitações); Rompendo Fronteiras e Pinceladas para a Vida (inclusão social,
digital, cultural e musical de idosos).

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REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 26000:2010 –


Diretrizes sobre responsabilidade social. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.

AGENDA 2030. Disponível em: <http://www.agenda2030.com.br/>. Acesso em:


30 ago. 2021.

GUILLARDI, C. R. Certificação social: um estudo sobre os benefícios da norma


AS 8000 em empresas certificadas. Universidade Municipal de São Caetano do
Sul, abr. 2006.

IBGPEX – Instituto Ibgpex de Responsabilidade Social. Fazendo Renda. Instituto


IBGPEX, S.d. Disponível em: <http://www.ibgpex.org.br/portfolio-item/fazendo-
renda/>. Acesso em: 30 ago. 2021.

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. A Norma


Nacional – ABNT NBR 16001. Inmetro, S.d. Disponível em:
<http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.a
sp>. Acesso em: 30 ago. 2021.

_____. Portaria n. 407, de 2 de agosto de 2012. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 6 ago. 2012.

ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em:


<https://odsbrasil.gov.br/>. Acesso em: 30 ago. 2021.

OLIVEIRA, M. A. L. de. SA8000: o modelo ISO9000 aplicado à responsabilidade


social. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003.

SAI – Social Accountability International. SA8000:2014 – Responsabilidade


Social 8000 – Norma internacional. New York: Sai, 2014. Disponível em:
<https://sa-intl.org/wp-content/uploads/2020/01/SA8000-2014_Portuguese.pdf>.
Acesso em: 30 ago. 2021.

UN Global Compact – Rede Brasil. Rede Brasil do Pacto Global. UN Global


Compact, S.d. Disponível em:
<https://www.pactoglobal.org.br/assets/docs/cartilha_pacto_global.pdf>. Acesso
em: 30 ago. 2021.

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URSINI, T. R.; SEKIGUCHI, C. Desenvolvimento sustentável e responsabilidade
social: rumo à terceira geração de normas ISO. In: UNIEMP. Inovação e
responsabilidade social. São Paulo: Instituto Uniemp, SP. 2005. v. 2.

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