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FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS

GERAIS

DIREITO INTERNACIONAL DO TRABALHO

RELATÓRIO PRELIMINAR DE PESQUISA

Tratado da ONU sobre empresas, direitos humanos e proteção social do trabalho -


relações e percepções entre ONU, OCDE e OIT

Alice Gerhardt david

Ana Vitória Batista Dumbá;

Arthur Bernardo Coelho Ribeiro Monteiro e Silva;

Luiz Henrique Santana Depollo;

Luiza Lopes Rodrigues;

Nathalia Magalhães de Matos

Belo Horizonte

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18 de Abril de 2024

Sumário

Introdução 3
Fundamentação do tema de apresentação de seminário (Nathalia e Depollo) 5
Objetivos da apresentação 6
Estrutura/roteiro preliminar de apresentação do seminário 6
Conclusões parciais 7
Bibliografia 8

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1. Introdução

Nas últimas décadas, tem havido um aumento dramático no crescimento das


corporações transnacionais. Algumas têm receitas que superam o Produto Interno Bruto (PIB)
de vários países, desempenhando um papel crucial no mercado global. Isso resultou em um
aumento significativo do poder corporativo nos âmbitos político, social e econômico. Ao
mesmo tempo, muitos Estados viram seu poder e recursos diminuírem (SAMPEDRO, 2021,
p. 11). Diante desse cenário, torna-se necessário reavaliar o papel das empresas e dos
Organismos internacionais em um mundo cada vez mais globalizado e interconectado.
À medida que a globalização avançava, durante os anos 1980, as empresas começaram
a perceber que podiam contornar regulamentações transferindo suas operações para outros
países, estabelecendo unidades em locais onde as proteções aos trabalhadores eram mais rasas
(SAMPEDRO, 2021, p. 11). A capacidade do direito internacional do trabalho de garantir o
cumprimento dos direitos trabalhistas se mostrou comprometida, principalmente porque,
enquanto o cumprimento das normas trabalhistas internacionais, assim como os direitos
humanos em geral, depende da autoridade dos Estados dentro de seus próprios territórios, o
sistema econômico opera além das fronteiras nacionais.
Reconhecendo essa lacuna regulatória e o aumento do poder das empresas desde os
anos 1970, atores estatais e não estatais, como organizações não governamentais (ONGs),
instituições internacionais, sindicatos, empresas, grupos de partes interessadas e órgãos da
indústria, começaram a intervir para desenvolver mecanismos de governança capazes de
preencher essas lacunas (SAMPEDRO, 2021, p. 11). Nesse sentido, foram concebidas várias
iniciativas nesse sentido, com destaque para aquelas originárias das principais organizações
internacionais.

1.1 Fundamentação do tema de apresentação de seminário

É diante desse cenário, portanto, que surgem as iniciativas mais notáveis, merece
destaque ao Pacto Global da ONU, lançado em 2000, que convocou as empresas a adotarem
voluntariamente um conjunto de dez princípios relacionados aos direitos humanos, direitos
trabalhistas, meio ambiente e combate à corrupção (SAMPEDRO, 2021, p. 12). Outra
iniciativa significativa ocorreu em julho de 2005, com a nomeação do Professor de Harvard
John Ruggie como Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a
questão das empresas e direitos humanos.

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1.1.1 Organização das Nações Unidas (ONU)

Os Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos,


conhecidos como Marco Ruggie, consistem em três pilares ou princípios orientadores: (1) o
dever do Estado de proteger contra violações dos direitos humanos por parte de terceiros,
incluindo empresas; (2) a responsabilidade corporativa de respeitar os direitos humanos; e (3)
a necessidade de proporcionar acesso efetivo a soluções (reparação). Esses princípios
orientadores visavam oferecer orientações para a implementação dessa estrutura e foram
considerados um dos marcos normativos mais importantes na tentativa de preencher a lacuna
regulatória relacionada a empresas e direitos humanos, sendo integrados às iniciativas da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização
internacional do Trabalho (OIT).
Além disso, durante o período compreendido entre as décadas de 1970 e 2000,
surgiram muitas outras iniciativas privadas, em um movimento conhecido como
“Responsabilidade Social Empresarial”. Isso se traduziu na elaboração de códigos de conduta
adotados voluntariamente pelas empresas para responder às pressões da sociedade civil e dos
consumidores, preocupadas com questões como as condições de trabalho dos funcionários,
entre outras.
Nesse amplo espectro de iniciativas, diversas ações foram empreendidas, a exemplo
do documento é destinado a empresas nacionais e multinacionais, governos e organizações de
empregadores e de trabalhadores, conhecido também como “Declaração Tripartite de
Princípios sobre Empresas Multinacionais e Política Social”, que trata de temas como
emprego, formação, condições de vida e de trabalho e relações industriais.

1.1.2 Organização Internacional do Trabalho (OIT)

Foi adotada pela Conferência Internacional do Trabalho da Organização Internacional


do Trabalho em 1977 e tem como objetivo promover um ambiente propício para
investimentos estrangeiros, ao mesmo tempo em que protege os direitos dos trabalhadores e
promove a cooperação entre governos, empresas e sindicatos. A Declaração Tripartite é
composta por princípios gerais que abordam várias áreas, incluindo emprego, formação
profissional, condições de trabalho, relações industriais e política social. Alguns dos
princípios centrais se integram ao (1) Princípio de Não Discriminação; (2) Princípio de
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Emprego; (3) Princípio de Relações Industriais; (4) Princípio de Condições de Trabalho; (5)
Princípio de Educação e Formação Profissional. Portanto, a Declaração Tripartite reconhece a
importância da cooperação entre governos, empresas e sindicatos na promoção de práticas
empresariais socialmente responsáveis e no desenvolvimento econômico sustentável. O
diploma incentiva o diálogo construtivo e a colaboração entre todas as partes interessadas para
garantir que as atividades das empresas multinacionais respeitem os direitos humanos,
trabalhistas e ambientais em todas as fases de suas operações globais.

1.1.3 Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico

A OCDE é uma organização que edita diversas diretrizes e normas de alcance


internacional visando as boas práticas em diversas dimensões. O Brasil ainda não compõem o
quadro de Estados-membros e faz parte do grupo de países que buscam incessantemente a
inserção na Organização (processo acirrado desde 2022), adotando as diretrizes e
recomendações elaboradas pela OCDE. Entre as diretrizes relevantes para o presente cenário,
cabe ressaltar os guias e manuais de Responsabilidade Corporativa que abarcam questões de
direitos humanos, incluindo os direitos humanos dos trabalhadores.
Sobre as recomendações da OCDE, verifica-se o alinhamento (ou tentativa para tal)
entre a OCDE, a ONU e a OIT. Não obstante, o manual explicita:
[...] este Guia procura alinhar-se com os Princípios Orientadores da ONU sobre
Empresas e Direitos Humanos, a Declaração da OIT sobre Princípios e Direitos
Fundamentais no Trabalho, as Convenções e Recomendações da OIT referidas nas
Diretrizes da OCDE para EMNs e a Declaração Tripartite de Princípios sobre
Empresas Multinacionais e Política Social da OIT. (OCDE, p. 13)

2. Objetivos da apresentação

2.1 Objetivos gerais

A apresentação tem como objetivo geral aplicar as análises, discussões e conceitos que
se deram em sala de aula, bem como atores, processos, relações laborais. Aqui, será dada
ênfase nas organizações internacionais: ONU, OCDE e OIT.

2.2. Objetivos específicos

A apresentação tem como objetivos específicos contextualizar a temática em questão,


observando e discutindo cenários e estruturas políticas e socioeconômicas que tornam a pauta
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presente e urgente. Naturalmente, é preciso ter conhecimento das circunstâncias antes de
elencar análises e, até mesmo, soluções. Assimilar a origem e os desdobramentos das
organizações internacionais e as relações existentes entre elas e para com o tratado da ONU
em questão. Trazer aos colegas uma percepção detalhada do tratado da ONU. Isso vai do
surgimento, passando por estrutura e fundamentos, até os impactos e as lacunas na esfera
trabalhista e humanística, aspecto crítico e que tem chamado atenção dos Grupos de Trabalho
da ONU e outros profissionais da área. O tratado é o ponto central da temática e sem ele é
impossível estabelecer conexões com as organizações e propor medidas efetivas para
erradicação dos dilemas existentes. Observar e discorrer sobre o estudo de caso, com o intuito
de ilustrar e exemplificar o conteúdo apresentado pelo grupo. Tal feito pode facilitar a
absorção do trabalho de forma pragmática e objetiva.

3. Estrutura/roteiro preliminar de apresentação do seminário

1. Introdução. Este primeiro momento será dedicado à contextualização do tema, sua


relevância e os objetivos da exposição.
2. ONU, OCDE e OIT: Breve visão geral. Adentrando à etapa conteudista da
comunicação, abordaremos as atribuições e missões de cada organização, além das
áreas de atuação relacionadas aos direitos humanos e proteção social do trabalho.
3. Tratado da ONU sobre empresas e direitos humanos. Nesse tópico iremos nos dedicar
a explorar o histórico e contexto de surgimento; os principais objetivos e disposições
do tratado; por fim, o impacto nas relações entre empresas, direitos humanos e
proteção social do trabalho.
4. Declaração Tripartite de Princípios sobre Empresas Multinacionais e Política Social.
No que se refere à Declaração, iremos dar continuidade ao tema e expor sobre as
origens e propósitos da declaração; os princípios-chave e a sua importância da
colaboração tripartite na promoção da responsabilidade corporativa.
5. Relações e Percepções entre as Organizações. No que se refere à inter-relação entre
ONU, OCDE e OIT, discutiremos acerca da análise comparativa das abordagens; as
sinergias e desafios na cooperação entre as organizações. Para materializar a
exposição, iremos apresentar exemplos de casos ou iniciativas conjuntas.
6. Impacto e Desafios na Implementação. A fim de estimular a criticidade, iremos avaliar
o impacto das políticas e diretrizes das organizações nas práticas empresariais,
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abordando os percalços enfrentados na implementação efetiva dos princípios e
tratados e por fim, propor sugestões para superar esses desafios.
7. Estudos de Caso. Como forma de exemplificação, apresentaremos alguns casos
emblemáticos que ilustram a interação entre empresas, direitos humanos e proteção
social do trabalho. Complementando com a análise dos resultados e lições aprendidas.
8. Conclusão. Prosseguiremos para o findar da exposição a partir da recapitulação dos
principais pontos discutidos; enfatizar a importância da colaboração internacional na
promoção da responsabilidade corporativa com o objetivo de promover a reflexão
sobre as perspectivas futuras e recomendações para avançar na agenda dos direitos
humanos e proteção social do trabalho.
9. Perguntas, Discussão e Encerramento. Por fim, abriremos para perguntas e
comentários do público, a fim de promover um espaço de diálogo, trocas e convidar os
ouvintes para futuras oportunidades de colaboração

5. Conclusões parciais

A crescente influência das corporações transnacionais na economia global trouxe


consigo desafios significativos em termos de direitos humanos, proteção social e
responsabilidade corporativa. Ao longo das últimas décadas, testemunhamos uma evolução
notável na resposta a esses desafios por meio de iniciativas internacionais, como os Princípios
Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos, a Declaração Tripartite
de Princípios sobre Empresas Multinacionais e Política Social da OIT e as diretrizes da
OCDE. Esses esforços coletivos refletem a crescente conscientização sobre a necessidade de
uma abordagem colaborativa para enfrentar questões complexas que transcendem fronteiras
nacionais.
No entanto, apesar dos avanços normativos e das parcerias estabelecidas entre
organizações internacionais, governos, empresas e sociedade civil, ainda há desafios
significativos na implementação efetiva dessas medidas. A lacuna entre as aspirações
normativas e a prática empresarial continua a ser um obstáculo importante. A falta de
aplicação consistente das normas trabalhistas e de direitos humanos em todo o mundo,
juntamente com as dificuldades na garantia de acesso a soluções eficazes em caso de
violações, destaca a necessidade contínua de aprimoramento e fortalecimento dos mecanismos
de governança global.

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À medida que avançamos, é crucial não apenas reconhecer os progressos alcançados,
mas também identificar áreas de melhoria e oportunidades para avançar na agenda dos
direitos humanos e proteção social do trabalho. Isso requer um compromisso renovado com a
cooperação internacional, a promoção da transparência e da responsabilização corporativa,
bem como o fortalecimento das capacidades institucionais em nível global e nacional.
Em última análise, a conclusão é clara: enfrentar os desafios impostos pelo poder
corporativo em um mundo globalizado exige uma abordagem coletiva e multifacetada, que
promova não apenas o crescimento econômico, mas também o bem-estar social e a dignidade
humana. A colaboração entre todas as partes interessadas é essencial para construir um futuro
mais justo, equitativo e sustentável para todos.

6. Bibliografia preliminar

SAMPEDRO, Maximiliano Lannes. Empresas transnacionais, direitos humanos e


responsabilidade social empresarial : a atuação e os desafios normativos da Organização
Internacional do Trabalho para proteção de direitos humanos dos trabalhadores.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Direito. Programa de
Pós-Graduação em Direito (2021).
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. OIT atualiza diretrizes globais sobre responsabilidade
social das empresas. Brasil, 2017. Disponível em:
https://brasil.un.org/pt-br/76061-oit-atualiza-diretrizes-globais-sobre-responsabilidade-social-
das-empresas . Acesso em: 16 de abr. de 2024.
OCDE. Diretrizes da OCDE para Empresas Multinacionais. Ministério da Fazenda.
2018. Disponível em: http://www.fazenda.gov.br/assuntos/atuacaointernacional/
ponto-de-contato-nacional/diretrizes-da-ocde-para-empresasmultinacionais. Acesso em 17
abr. 2024.
OCDE. Síntese. Linhas Diretrizes da OCDE para as Empresas Nacionais. 2000.
Disponível em: https://www.oecd.org/corporate/mne/38110590.pdf . Acesso em 17 de abr.
2024.
REVISTA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS. Empresas Transnacionais e
Direitos Humanos. 17° ed. Dez. 2012; Disponível em:
http://sur.conectas.org/empresas-transnacionais-e-direitos-humanos/ . Acesso em 16 de abr. de
2024.
OIT. Declaração Tripartida de Princípios sobre Empresas Multinacionais e Política
Social. Organização Internacional do Trabalho. Genebra 2017. Disponível em:
https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---rolima/---ilo-brasilia/documents/pu
blication/wcms_227046.pdf. Acesso em 16 abr. 2024.
Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE. Guia da OCDE de
Devida Diligência para uma Conduta Empresarial Responsável. 2018. Disponível em:
8
https://mneguidelines.oecd.org/guia-da-ocde-de-devida-diligencia-para-uma-conduta-empresa
rial-responsavel-2.pdf. Acesso em: 15 de abr. de 2024.

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