Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
A Lei 8.078 (Código de Proteção e Defesa do Consumidor – CPDC), de 1990, é a principal lei que regula as relações de
consumo. Devido a sua relevância social, o legislador constituinte lhe deu prestígio constitucional. Materializado por
meio do artigo 48 do ADCT (atos das disposições constitucionais transitórias, concepção da lei), do artigo 5, XXXII
(garantia de existência no ordenamento jurídico da CRFB/1988) e 170, V (relevância econômica).
Inobstante tais fundamentações, temos que estudar as normas de consumo, materializadas por meio da Lei 8.078 de
1990, que resulta em uma verdadeira hierarquia fática em leis de mesmo naipe. Pois o CPDC é, tecnicamente, uma lei
ordinária. E, em havendo confronto com outra lei ordinária haverá uma supremacia do CPDC. Excetuado o princípio da
especialidade (ou especificidade).
Sendo assim, gostaríamos de convidar a reconhecer a relevância dos “aspectos constitucionais consumeristas”.
OBJETIVOS
São várias as opiniões que vão desde as que lhe Sendo assim, o que se criou foi uma sobre-estrutura
atribuem o caráter de mera lei geral, inaplicável em jurídica multidisciplinar, aplicável em toda e qualquer
áreas específicas do Direito já disciplinadas por leis relação de consumo.
especiais, passando por aquelas com um
minissistema jurídico, com campo definido e
delimitado. Tal como fizeram as leis de locação
urbanas, registros públicos, falências, até chegar
naqueles que entendem tratar-se de um novo ramo
do direito – o Direito do Consumidor, com autonomia
e princípios próprios.
O Código de Defesa do Consumidor é aplicável em toda a estrutura jurídica em que existem duas figuras apolares:
CONSUMIDOR
O consumidor e sua definição legal (“...toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.”)
FORNECEDOR
A concepção de fornecedor (“...é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.”).
Diante do gigantismo numérico e das
atividades que exercem, vê-se que quase
tudo é matéria de consumo. Afinal, temos
mais de 204 milhões de brasileiros
realizando, na mesma proporção,
transações com objetivo final de consumo.
O Movimento Consumerista no Brasil não foi um fato estanque. A defesa do consumidor teve origem na Europa
arrasada pela Segunda Guerra Mundial, em que o mercado consumidor estava bastante enfraquecido.
1948
Os Estados Unidos viram, na destruição europeia, uma grande oportunidade de negócio através do Plano Marshall, que uniu os
países europeus no pós-guerra. Fato este que gerou a criação, em 1948, da Organização Europeia de Cooperação Econômica
(OECE), que expandiu o mercado norte-americano sobre a Europa.
1962
Em 1962, J.F. Kennedy vislumbrou duas faces bem distintas no mercado econômico: O consumidor e o fornecedor. No mesmo
ano, J.F. Kennedy, em discurso para o Congresso Americano, declamou a elaboração da “Carta de Política dos Consumidores”. Foi
o primeiro documento formal que estabeleceu uma política geral voltada, exclusivamente, para o consumidor.
O Texto tem sentido aberto e estabelece os direitos básicos, mas não específicos, dos consumidores.
1968
Já em 1968, fundou-se a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), unindo a OECE (europeia), EUA,
Canadá, Japão, Austrália e a Nova Zelândia, com o objetivo de estabelecer uma política de consumo entre seus membros.
1969
No ano de 1969, a OCDE criou uma comissão para política econômica, com o objetivo de organizar e promover uma política para
os consumidores.
1976
Desta comissão originou-se a “Carta do Consumidor”, em 1976.
Observa-se que desde o término da Segunda Guerra Mundial até aquele momento na história houve um processo evolutivo
socioeconômico que impôs uma mudança de mentalidade.
1985
Nos idos de 1985, a ONU se reuniu em 10 de abril e elaborou a Resolução 39/248, que é o reconhecimento Universal da Carta do
Consumidores de 1976, regulamentando este documento, com várias regras, com a finalidade de tutelar os direitos básicos do
consumidor e deveres dos Estados.
FINALIDADES
O claro objetivo do legislador constituinte, portanto, era o de que fosse implantada uma Política Nacional de Relações
de Consumo, uma disciplina jurídica única e uniforme destinada a tutelar os interesses patrimoniais e morais de todos
os consumidores.
Clique nos títulos a seguir para ler mais sobre o que diz a CF/88 sobre os direitos do consumidor:
OBS: Previsões na CRFB/1988 que tem ingerência direta nas normas de consumo:
Art. 1, III;
Art. 5° X, XXII e § 2°;
Art. 24, VIII;
Art. 30, I, II;
Art. 37, § 6°;
Art. 60, § 4°, IV;
Art. 87, Parágrafo único, II;
Art. 150, § 5° e
Art. 175, Parágrafo único, II.
ATIVIDADE PROPOSTAS
1. A respeito das previsões Constitucionais relativas ao Código de Defesa do Consumidor (CDC) e do seu campo de
aplicação, julgue o item a seguir.
Na hipótese de conflito entre norma prevista no CDC e outra lei ordinária, anterior ou posterior, prevalecerá qual lei?
Resposta Correta
2. Conforme o expresso no inciso XXXII, do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, o Estado promoverá, na forma
da lei, a defesa do:
A) Proprietário rural;
B) Pequeno empresário;
C) Contribuinte individual;
D) Consumidor;
E) Vendedor ambulante.
Justificativa
Justificativa
I) A defesa do consumidor está inserida expressamente no capítulo dedicado aos direitos e garantias fundamentais, e
a competência para legislar em matéria de dano ao consumidor é concorrente entre a União, os Estados e o Distrito
Federal.
II) A defesa do consumidor está inserida expressamente no capítulo dedicado aos direitos e garantias fundamentais e
também se estabelece expressamente dentre os princípios gerais da atividade econômica.
III) A defesa do consumidor está inserida no capítulo de dedicado aos direitos e garantias fundamentais, e a
competência para legislar em matéria de dano ao consumidor é privativa da União.
IV) A competência para legislar em matéria de dano ao consumidor é concorrente entre a União, Estados e Distrito
Federal, e o Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal previu a elaboração do Código de Defesa do
Consumidor.
V) A defesa do consumidor está prevista no Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal e o legislador
constitucional também a inseriu de forma expressa dentro dos princípios gerais da atividade econômica.
A) II: Incorreta;
B) III: Incorreta;
C) IV: Incorreta;
D) V: Incorreta;
E) I: Incorreta.
Justificativa
Glossário
LEI 8.078/90
CONSUMERISTAS
Alcunha de estudioso das relações de consumo.
CRFB/1988
Art. 5 (...)
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Como se sabe, a Constituição Federal eleva à garantia de inamovibilidade e relevância os incisos e parágrafos do seu art. 5.
Essa situação gera uma condição de garantia e estabilidade da “Defesa do Consumidor” enquanto vigorar a CRFB/1988.
CRFB/1988:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
V - defesa do consumidor;
Justificamos tal situação pelo singelo raciocínio de que o destinatário de todo e qualquer bem de consumo (produto e serviços)
são os consumidores. E que uma economia saudável depende, de maneira intrínseca, de um consumidor com condições
financeiras de aquisição e forte em seus direitos, como forma de tornar o mercado saudavelmente competitivo.