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SENADO FEDERAL

Mesa
Biênio 2021 – 2022

Senador Rodrigo Pacheco


PRESIDENTE

Senador Veneziano Vital do Rêgo


PRIMEIRO-VICE-PRESIDENTE

Senador Romário
SEGUNDO-VICE-PRESIDENTE

Senador Irajá
PRIMEIRO-SECRETÁRIO

Senador Elmano Férrer


SEGUNDO-SECRETÁRIO

Senador Rogério Carvalho


TERCEIRO-SECRETÁRIO

Senador Weverton
QUARTO-SECRETÁRIO

SUPLENTES DE SECRETÁRIO
Senador Jorginho Mello
Senador Luiz Carlos do Carmo
Senadora Eliziane Gama
Senador Zequinha Marinho
Secretaria de Editoração e Publicações
Coordenação de Edições Técnicas

Código de Defesa
do Consumidor
e normas correlatas

6a edição

Brasília – 2022
Edição do Senado Federal
Diretora-Geral: Ilana Trombka
Secretário-Geral da Mesa: Gustavo A. Sabóia Vieira

Impressa na Secretaria de Editoração e Publicações


Diretor: Rafael André Chervenski da Silva

Produzida na Coordenação de Edições Técnicas


Coordenador: Aloysio de Brito Vieira

Organização, atualização e revisão técnica: Serviço de Pesquisa


Projeto gráfico e editoração: Serviço de Publicações Técnico-Legislativas

Atualizada até março de 2022.

As normas aqui apresentadas não substituem as publicações do Diário Oficial da União.

Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas. – 6. ed. – Brasília, DF : Senado


Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2022.
144 p.

Conteúdo: Dispositivos constitucionais pertinentes – Normas principais – Normas


correlatas.

ISBN: 978-65-5676-198-5 (Impresso)


ISBN: 978-65-5676-199-2 (PDF)
ISBN: 978-65-5676-200-5 (ePub)

1. Direito do consumidor, legislação, Brasil. 2. Proteção e defesa do consumidor,


legislação, Brasil. 3. Relação de consumo, Brasil.

CDDir 342.5981

Coordenação de Edições Técnicas


Senado Federal, Bloco 8, Mezanino, Setor 11
CEP: 70165-900 – Brasília, DF
Telefone: (61) 3303-3579
E-mail: livraria@senado.leg.br
Sumário

9 Apresentação

Dispositivos constitucionais pertinentes

12 Constituição da República Federativa do Brasil

Normas principais

14 Índice sistemático da Lei no 8.078/1990

15 Lei no 8.078/1990
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.

37 Decreto no 7.962/2013
Regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para
dispor sobre a contratação no comércio eletrônico.

39 Decreto no 6.523/2008
Regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para fixar normas gerais sobre o Serviço de
Atendimento ao Consumidor – SAC.

42 Decreto no 5.903/2006
Regulamenta a Lei no 10.962, de 11 de outubro de 2004, e a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990.

45 Decreto no 2.181/1997
Dispõe sobre a organização do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC, estabelece as
normas gerais de aplicação das sanções administrativas previstas na Lei no 8.078, […]
Normas correlatas

62 Lei no 13.455/2017
Dispõe sobre a diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos ao público em função do prazo ou
do instrumento de pagamento utilizado, e altera a Lei no 10.962, de 11 de outubro de 2004.

63 Lei no 12.965/2014
Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil.

70 Lei no 12.741/2012
Dispõe sobre as medidas de esclarecimento ao consumidor, de que trata o § 5o do artigo 150 da
Constituição Federal; altera o inciso III do art. 6o e o inciso IV do art. 106 da Lei no 8.078, […]

72 Lei no 12.529/2011
Estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência; dispõe sobre a prevenção e repressão às
infrações contra a ordem econômica; altera a Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, […]

97 Lei no 12.414/2011
Disciplina a formação e consulta a bancos de dados com informações de adimplemento, de pessoas
naturais ou de pessoas jurídicas, para formação de histórico de crédito.

102 Lei no 12.291/2010


Torna obrigatória a manutenção de exemplar do Código de Defesa do Consumidor nos
estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços.

103 Lei no 10.962/2004


Dispõe sobre a oferta e as formas de afixação de preços de produtos e serviços para o consumidor.

105 Lei no 9.870/1999


Dispõe sobre o valor total das anuidades escolares e dá outras providências.

107 Lei no 9.656/1998


Dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde.

124 Lei no 8.987/1995


Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175
da Constituição Federal, e dá outras providências.

125 Lei no 8.137/1990


Define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as
relações de consumo, e dá outras providências.

129 Decreto-lei no 2.848/1940


Código Penal.

130 Decreto no 10.417/2020


Institui o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor.
133 Decreto no 8.771/2016
Regulamenta a Lei no 12.965, de 23 de abril de 2014, para tratar das hipóteses admitidas de
discriminação de pacotes de dados na internet e de degradação de tráfego, indicar procedimentos […]

137 Decreto no 7.963/2013


Institui o Plano Nacional de Consumo e Cidadania e cria a
Câmara Nacional das Relações de Consumo.

140 Decreto no 4.680/2003


Regulamenta o direito à informação, assegurado pela Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, quanto
aos alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal […]

142 Decreto no 1.306/1994


Regulamenta o Fundo de Defesa de Direitos Difusos, de que tratam os arts. 13 e 20 da Lei no 7.347, de
24 de julho de 1985, seu Conselho Gestor e dá outras providências.
O conteúdo aqui apresentado está atualizado até a data de fechamento da edição. Eventuais
notas de rodapé trazem informações complementares acerca dos dispositivos que compõem
as normas compiladas.
Apresentação

As obras de legislação do Senado Federal visam a permitir o acesso do cidadão


à legislação em vigor relativa a temas específicos de interesse público.

Tais coletâneas incluem dispositivos constitucionais, códigos ou leis principais


sobre o tema, além de normas correlatas e acordos internacionais relevantes, a
depender do assunto. Por meio de compilação atualizada e fidedigna, apresenta-
se ao leitor um painel consistente para estudo e consulta.

O índice temático, quando apresentado, oferece verbetes com tópicos de relevo,


tornando fácil e rápida a consulta a dispositivos de interesse mais pontual.

Na Livraria Virtual do Senado (livraria.senado.leg.br), além das obras impressas


disponíveis para compra direta, o leitor encontra e-books para download
imediato e gratuito.

Sugestões e críticas podem ser registradas na página da Livraria e certamente


contribuirão para o aprimoramento de nossos livros e periódicos.

Apresentação

9
Constituição
da República Federativa do Brasil

................................................................................ SEÇÃO II – Das Limitações do Poder de


Tributar
TÍTULO II – Dos Direitos e Garantias
Fundamentais Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias as-
CAPÍTULO I – Dos Direitos e Deveres seguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Individuais e Coletivos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
................................................................................
Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem dis- § 5o A lei determinará medidas para que
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos os consumidores sejam esclarecidos acerca
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País dos impostos que incidam sobre mercadorias
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, e serviços.
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos ................................................................................
termos seguintes:
................................................................................ TÍTULO VII – Da Ordem Econômica e
XXXII – o Estado promoverá, na forma da Financeira
lei, a defesa do consumidor; CAPÍTULO I – Dos Princípios Gerais da
................................................................................ Atividade Econômica

TÍTULO III – Da Organização do Estado Art. 170. A ordem econômica, fundada na


................................................................................ valorização do trabalho humano e na livre ini-
ciativa, tem por fim assegurar a todos existência
CAPÍTULO II – Da União digna, conforme os ditames da justiça social,
................................................................................ observados os seguintes princípios:
................................................................................
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao V – defesa do consumidor;
Distrito Federal legislar concorrentemente so- ................................................................................
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

bre:
................................................................................ ATO DAS DISPOSIÇÕES
VIII – responsabilidade por dano ao meio CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de ................................................................................
valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico; Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cen-
................................................................................ to e vinte dias da promulgação da Constituição,
elaborará código de defesa do consumidor.
TÍTULO VI – Da Tributação e do ................................................................................
Orçamento
CAPÍTULO I – Do Sistema Tributário
Nacional
................................................................................

12
Índice sistemático da
Lei no 8.078/1990

15 Título I – Dos Direitos do Consumidor


15 Capítulo I – Disposições Gerais
15 Capítulo II – Da Política Nacional de Relações de Consumo
16 Capítulo III – Dos Direitos Básicos do Consumidor
17 Capítulo IV – Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e da Reparação dos Danos
17 Seção I – Da Proteção à Saúde e Segurança
17 Seção II – Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço
18 Seção III – Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço
20 Seção IV – Da Decadência e da Prescrição
20 Seção V – Da Desconsideração da Personalidade Jurídica
20 Capítulo V – Das Práticas Comerciais
20 Seção I – Das Disposições Gerais
20 Seção II – Da Oferta
21 Seção III – Da Publicidade
21 Seção IV – Das Práticas Abusivas
22 Seção V – Da Cobrança de Dívidas
22 Seção VI – Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores
23 Capítulo VI – Da Proteção Contratual
23 Seção I – Disposições Gerais
24 Seção II – Das Cláusulas Abusivas
25 Seção III – Dos Contratos de Adesão
25 Capítulo VI-A – Da Prevenção e do Tratamento do Superendividamento
27 Capítulo VII – Das Sanções Administrativas
28 Título II – Das Infrações Penais
30 Título III – Da Defesa do Consumidor em Juízo
30 Capítulo I – Disposições Gerais
32 Capítulo II – Das Ações Coletivas para a Defesa de Interesses Individuais Homogêneos
32 Capítulo III – Das Ações de Responsabilidade do Fornecedor de Produtos e Serviços
33 Capítulo IV – Da Coisa Julgada
33 Capítulo V – Da Conciliação no Superendividamento
35 Título IV – Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor
35 Título V – Da Convenção Coletiva de Consumo
35 Título VI – Disposições Finais
Lei no 8.078/1990
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA CAPÍTULO II – Da Política Nacional de


Relações de Consumo
Faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte Lei:1 Art. 4o A Política Nacional das Relações de
Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à
TÍTULO I – Dos Direitos do Consumidor sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
CAPÍTULO I – Disposições Gerais seus interesses econômicos, a melhoria da sua
qualidade de vida, bem como a transparência e
Art. 1o O presente Código estabelece normas harmonia das relações de consumo, atendidos
de proteção e defesa do consumidor, de ordem os seguintes princípios:
pública e interesse social, nos termos dos arts. 5o, I – reconhecimento da vulnerabilidade do
inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Fe- consumidor no mercado de consumo;
deral e art. 48 de suas Disposições Transitórias. II – ação governamental no sentido de pro-
teger efetivamente o consumidor:
Art. 2o Consumidor é toda pessoa física ou a) por iniciativa direta;
jurídica que adquire ou utiliza produto ou ser- b) por incentivos à criação e desenvolvimen-
viço como destinatário final. to de associações representativas;
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor c) pela presença do Estado no mercado de
a coletividade de pessoas, ainda que indeter- consumo;
mináveis, que haja intervindo nas relações de d) pela garantia dos produtos e serviços com
consumo. padrões adequados de qualidade, segurança,
durabilidade e desempenho;
Art. 3o Fornecedor é toda pessoa física ou jurí- III – harmonização dos interesses dos par-
dica, pública ou privada, nacional ou estrangei- ticipantes das relações de consumo e compa-
ra, bem como os entes despersonalizados, que tibilização da proteção do consumidor com a
desenvolvem atividade de produção, montagem, necessidade de desenvolvimento econômico e
criação, construção, transformação, importação, tecnológico, de modo a viabilizar os princípios
exportação, distribuição ou comercialização de nos quais se funda a ordem econômica (art. 170,
produtos ou prestação de serviços. da Constituição Federal), sempre com base na
§ 1o Produto é qualquer bem, móvel ou imó- boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumi-
vel, material ou imaterial. dores e fornecedores;
§ 2o Serviço é qualquer atividade fornecida IV – educação e informação de fornecedo-
no mercado de consumo, mediante remunera- res e consumidores, quanto aos seus direitos e
ção, inclusive as de natureza bancária, financei- deveres, com vistas à melhoria do mercado de
ra, de crédito e securitária, salvo as decorrentes consumo;
das relações de caráter trabalhista. V – incentivo à criação pelos fornecedores
Normas principais

de meios eficientes de controle de qualidade e


segurança de produtos e serviços, assim como
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que alteram de mecanismos alternativos de solução de con-
normas, suprimiram-se as alterações determinadas flitos de consumo;
uma vez que já foram incorporadas às normas às VI – coibição e repressão eficientes de todos
quais se destinam. os abusos praticados no mercado de consumo, 15
inclusive a concorrência desleal e utilização II – a educação e divulgação sobre o consumo
indevida de inventos e criações industriais das adequado dos produtos e serviços, asseguradas
marcas e nomes comerciais e signos distintivos, a liberdade de escolha e a igualdade nas con-
que possam causar prejuízos aos consumidores; tratações;
VII – racionalização e melhoria dos serviços III – a informação adequada e clara sobre os
públicos; diferentes produtos e serviços, com especifica-
VIII – estudo constante das modificações do ção correta de quantidade, características, com-
mercado de consumo; posição, qualidade, tributos incidentes e preço,
IX – fomento de ações direcionadas à educa- bem como sobre os riscos que apresentem;
ção financeira e ambiental dos consumidores; IV – a proteção contra a publicidade engano-
X – prevenção e tratamento do superendivi- sa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou
damento como forma de evitar a exclusão social desleais, bem como contra práticas e cláusulas
do consumidor. abusivas ou impostas no fornecimento de pro-
dutos e serviços;
Art. 5o Para a execução da Política Nacional das V – a modificação das cláusulas contratuais
Relações de Consumo, contará o poder público que estabeleçam prestações desproporcionais
com os seguintes instrumentos, entre outros: ou sua revisão em razão de fatos supervenientes
I – manutenção de assistência jurídica, in- que as tornem excessivamente onerosas;
tegral e gratuita para o consumidor carente; VI – a efetiva prevenção e reparação de danos
II – instituição de Promotorias de Justiça de patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
Defesa do Consumidor, no âmbito do Minis- difusos;
tério Público; VII – o acesso aos órgãos judiciários e admi-
III – criação de delegacias de polícia espe- nistrativos com vistas à prevenção ou reparação
cializadas no atendimento de consumidores de danos patrimoniais e morais, individuais,
vítimas de infrações penais de consumo; coletivos ou difusos, assegurada a proteção ju-
IV – criação de Juizados Especiais de Pe- rídica, administrativa e técnica aos necessitados;
quenas Causas e Varas Especializadas para a VIII – a facilitação da defesa de seus direitos,
solução de litígios de consumo; inclusive com a inversão do ônus da prova, a
V – concessão de estímulos à criação e de- seu favor, no processo civil, quando, a critério
senvolvimento das Associações de Defesa do do juiz, for verossímil a alegação ou quando for
Consumidor; ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias
VI – instituição de mecanismos de prevenção de experiências;
e tratamento extrajudicial e judicial do supe- IX – (Vetado);
rendividamento e de proteção do consumidor X – a adequada e eficaz prestação dos serviços
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

pessoa natural; públicos em geral;


VII – instituição de núcleos de conciliação XI – a garantia de práticas de crédito respon-
e mediação de conflitos oriundos de superen- sável, de educação financeira e de prevenção e
dividamento. tratamento de situações de superendividamento,
§ 1o (Vetado) preservado o mínimo existencial, nos termos
§ 2o (Vetado) da regulamentação, por meio da revisão e da
repactuação da dívida, entre outras medidas;
XII – a preservação do mínimo existencial,
CAPÍTULO III – Dos Direitos Básicos do nos termos da regulamentação, na repactuação
Consumidor de dívidas e na concessão de crédito;
XIII – a informação acerca dos preços dos
Art. 6o São direitos básicos do consumidor: produtos por unidade de medida, tal como por
I – a proteção da vida, saúde e segurança quilo, por litro, por metro ou por outra unidade,
contra os riscos provocados por práticas no conforme o caso.
fornecimento de produtos e serviços conside- Parágrafo único. A informação de que trata o
16 rados perigosos ou nocivos; inciso III do caput deste artigo deve ser acessível
à pessoa com deficiência, observado o disposto sabe ou deveria saber apresentar alto grau de
em regulamento. nocividade ou periculosidade à saúde ou se-
gurança.
Art. 7o Os direitos previstos neste Código § 1o O fornecedor de produtos e serviços
não excluem outros decorrentes de tratados que, posteriormente à sua introdução no merca-
ou convenções internacionais de que o Brasil do de consumo, tiver conhecimento da periculo-
seja signatário, da legislação interna ordinária, sidade que apresentem, deverá comunicar o fato
de regulamentos expedidos pelas autoridades imediatamente às autoridades competentes e aos
administrativas competentes, bem como dos consumidores, mediante anúncios publicitários.
que derivem dos princípios gerais do direito, § 2o Os anúncios publicitários a que se refere
analogia, costumes e equidade. o parágrafo anterior serão veiculados na impren-
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a sa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor
ofensa, todos responderão solidariamente pela do produto ou serviço.
reparação dos danos previstos nas normas de § 3o Sempre que tiverem conhecimento de
consumo. periculosidade de produtos ou serviços à saú-
de ou segurança dos consumidores, a União,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
CAPÍTULO IV – Da Qualidade de Produtos deverão informá-los a respeito.
e Serviços, da Prevenção e da Reparação dos
Danos Art. 11. (Vetado)
SEÇÃO I – Da Proteção à Saúde e Segurança
Art. 11-A. (Vetado)
Art. 8o Os produtos e serviços colocados no
mercado de consumo não acarretarão riscos à
saúde ou segurança dos consumidores, exceto SEÇÃO II – Da Responsabilidade pelo Fato
os considerados normais e previsíveis em decor- do Produto e do Serviço
rência de sua natureza e fruição, obrigando-se
os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar Art. 12. O fabricante, o produtor, o constru-
as informações necessárias e adequadas a seu tor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respeito. respondem, independentemente da existência
§ 1o Em se tratando de produto industrial, de culpa, pela reparação dos danos causados
ao fabricante cabe prestar as informações a que aos consumidores por defeitos decorrentes de
se refere este artigo, através de impressos apro- projeto, fabricação, construção, montagem, fór-
priados que devam acompanhar o produto. mulas, manipulação, apresentação ou acondi-
§ 2o O fornecedor deverá higienizar os equi- cionamento de seus produtos, bem como por
pamentos e utensílios utilizados no forneci- informações insuficientes ou inadequadas sobre
mento de produtos ou serviços, ou colocados sua utilização e riscos.
à disposição do consumidor, e informar, de § 1o O produto é defeituoso quando não
maneira ostensiva e adequada, quando for o oferece a segurança que dele legitimamente se
caso, sobre o risco de contaminação. espera, levando-se em consideração as circuns-
tâncias relevantes, entre as quais:
Art. 9o O fornecedor de produtos e serviços I – sua apresentação;
potencialmente nocivos ou perigosos à saúde II – o uso e os riscos que razoavelmente dele
ou segurança deverá informar, de maneira os- se esperam;
Normas principais

tensiva e adequada, a respeito da sua nocividade III – a época em que foi colocado em cir-
ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de culação.
outras medidas cabíveis em cada caso concreto. § 2o O produto não é considerado defeituoso
pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no colocado no mercado.
mercado de consumo produto ou serviço que 17
§ 3o O fabricante, o construtor, o produtor Art. 15. (Vetado)
ou importador só não será responsabilizado
quando provar: Art. 16. (Vetado)
I – que não colocou o produto no mercado;
II – que, embora haja colocado o produto Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-
no mercado, o defeito inexiste; -se aos consumidores todas as vítimas do evento.
III – a culpa exclusiva do consumidor ou
de terceiro.
SEÇÃO III – Da Responsabilidade por Vício
Art. 13. O comerciante é igualmente respon- do Produto e do Serviço
sável, nos termos do artigo anterior, quando:
I – o fabricante, o construtor, o produtor ou Art. 18. Os fornecedores de produtos de con-
o importador não puderem ser identificados; sumo duráveis ou não duráveis respondem
II – o produto for fornecido sem identificação solidariamente pelos vícios de qualidade ou
clara do seu fabricante, produtor, construtor ou quantidade que os tornem impróprios ou ina-
importador; dequados ao consumo a que se destinam ou
III – não conservar adequadamente os pro- lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
dutos perecíveis. decorrentes da disparidade, com as indicações
Parágrafo único. Aquele que efetivar o paga- constantes do recipiente, da embalagem, rotu-
mento ao prejudicado poderá exercer o direito lagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
de regresso contra os demais responsáveis, se- variações decorrentes de sua natureza, podendo
gundo sua participação na causação do evento o consumidor exigir a substituição das partes
danoso. viciadas.
§ 1o Não sendo o vício sanado no prazo má-
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, ximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
independentemente da existência de culpa, pela alternativamente e à sua escolha:
reparação dos danos causados aos consumidores I – a substituição do produto por outro da
por defeitos relativos à prestação dos serviços, mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
bem como por informações insuficientes ou II – a restituição imediata da quantia paga,
inadequadas sobre sua fruição e riscos. monetariamente atualizada, sem prejuízo de
§ 1o O serviço é defeituoso quando não eventuais perdas e danos;
fornece a segurança que o consumidor dele III – o abatimento proporcional do preço.
pode esperar, levando-se em consideração as § 2o Poderão as partes convencionar a redu-
circunstâncias relevantes, entre as quais: ção ou ampliação do prazo previsto no parágrafo
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

I – o modo de seu fornecimento; anterior, não podendo ser inferior a sete nem
II – o resultado e os riscos que razoavelmente superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de
dele se esperam; adesão, a cláusula de prazo deverá ser conven-
III – a época em que foi fornecido. cionada em separado, por meio de manifestação
§ 2o O serviço não é considerado defeituoso expressa do consumidor.
pela adoção de novas técnicas. § 3o O consumidor poderá fazer uso imedia-
§ 3o O fornecedor de serviços só não será to das alternativas do § 1o deste artigo sempre
responsabilizado quando provar: que, em razão da extensão do vício, a substitui-
I – que, tendo prestado o serviço, o defeito ção das partes viciadas puder comprometer a
inexiste; qualidade ou características do produto, dimi-
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de nuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
terceiro. § 4o Tendo o consumidor optado pela al-
§ 4o A responsabilidade pessoal dos profis- ternativa do inciso I do § 1o deste artigo, e não
sionais liberais será apurada mediante a veri- sendo possível a substituição do bem, poderá
ficação de culpa. haver substituição por outro de espécie, marca
18 ou modelo diversos, mediante complementação
ou restituição de eventual diferença de preço, I – a reexecução dos serviços, sem custo adi-
sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do cional e quando cabível;
§ 1o deste artigo. II – a restituição imediata da quantia paga,
§ 5o No caso de fornecimento de produtos in monetariamente atualizada, sem prejuízo de
natura, será responsável perante o consumidor eventuais perdas e danos;
o fornecedor imediato, exceto quando identifi- III – o abatimento proporcional do preço.
cado claramente seu produtor. § 1o A reexecução dos serviços poderá ser
§ 6o São impróprios ao uso e consumo: confiada a terceiros devidamente capacitados,
I – os produtos cujos prazos de validade es- por conta e risco do fornecedor.
tejam vencidos; § 2o São impróprios os serviços que se mos-
II – os produtos deteriorados, alterados, adul- trem inadequados para os fins que razoavel-
terados, avariados, falsificados, corrompidos, mente deles se esperam, bem como aqueles
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos que não atendam as normas regulamentares
ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas de prestabilidade.
regulamentares de fabricação, distribuição ou
apresentação; Art. 21. No fornecimento de serviços que te-
III – os produtos que, por qualquer motivo, se nham por objetivo a reparação de qualquer
revelem inadequados ao fim a que se destinam. produto considerar-se-á implícita a obrigação
do fornecedor de empregar componentes de
Art. 19. Os fornecedores respondem solidaria- reposição originais adequados e novos, ou que
mente pelos vícios de quantidade do produto mantenham as especificações técnicas do fabri-
sempre que, respeitadas as variações decorrentes cante, salvo, quanto a estes últimos, autorização
de sua natureza, seu conteúdo líquido for in- em contrário do consumidor.
ferior às indicações constantes do recipiente,
da embalagem, rotulagem ou de mensagem Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas
publicitária, podendo o consumidor exigir, al- empresas, concessionárias, permissionárias ou
ternativamente e à sua escolha: sob qualquer outra forma de empreendimento,
I – o abatimento proporcional do preço; são obrigados a fornecer serviços adequados,
II – complementação do peso ou medida; eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,
III – a substituição do produto por outro contínuos.
da mesma espécie, marca ou modelo, sem os Parágrafo único. Nos casos de descumpri-
aludidos vícios; mento, total ou parcial, das obrigações referidas
IV – a restituição imediata da quantia paga, neste artigo, serão as pessoas jurídicas compeli-
monetariamente atualizada, sem prejuízo de das a cumpri-las e a reparar os danos causados,
eventuais perdas e danos. na forma prevista neste Código.
§ 1o Aplica-se a este artigo o disposto no
§ 4o do artigo anterior. Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os
§ 2o O fornecedor imediato será responsável vícios de qualidade por inadequação dos produ-
quando fizer a pesagem ou a medição e o ins- tos e serviços não o exime de responsabilidade.
trumento utilizado não estiver aferido segundo
os padrões oficiais. Art. 24. A garantia legal de adequação do pro-
duto ou serviço independe de termo expresso,
Art. 20. O fornecedor de serviços responde vedada a exoneração contratual do fornecedor.
pelos vícios de qualidade que os tornem im-
Normas principais

próprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, Art. 25. É vedada a estipulação contratual de
assim como por aqueles decorrentes da dispari- cláusula que impossibilite, exonere ou atenue
dade com as indicações constantes da oferta ou a obrigação de indenizar prevista nesta e nas
mensagem publicitária, podendo o consumidor Seções anteriores.
exigir, alternativamente e à sua escolha: § 1o Havendo mais de um responsável pela
causação do dano, todos responderão solida- 19
riamente pela reparação prevista nesta e nas social. A desconsideração também será efetivada
Seções anteriores. quando houver falência, estado de insolvência,
§ 2o Sendo o dano causado por componente encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
ou peça incorporada ao produto ou serviço, provocados por má administração.
são responsáveis solidários seu fabricante, § 1o (Vetado)
construtor ou importador e o que realizou a § 2o As sociedades integrantes dos grupos
incorporação. societários e as sociedades controladas, são sub-
sidiariamente responsáveis pelas obrigações
decorrentes deste Código.
SEÇÃO IV – Da Decadência e da Prescrição § 3o As sociedades consorciadas são solida-
riamente responsáveis pelas obrigações decor-
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios rentes deste Código.
aparentes ou de fácil constatação caduca em: § 4o As sociedades coligadas só responderão
I – trinta dias, tratando-se de fornecimento por culpa.
de serviço e de produto não duráveis; § 5o Também poderá ser desconsiderada a
II – noventa dias, tratando-se de fornecimen- pessoa jurídica sempre que sua personalidade
to de serviço e de produto duráveis. for, de alguma forma, obstáculo ao ressarci-
§ 1o Inicia-se a contagem do prazo decaden- mento de prejuízos causados aos consumidores.
cial a partir da entrega efetiva do produto ou do
término da execução dos serviços.
§ 2o Obstam a decadência: CAPÍTULO V – Das Práticas Comerciais
I – a reclamação comprovadamente formu- SEÇÃO I – Das Disposições Gerais
lada pelo consumidor perante o fornecedor
de produtos e serviços até a resposta negativa Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do se-
correspondente, que deve ser transmitida de guinte, equiparam-se aos consumidores todas
forma inequívoca; as pessoas determináveis ou não, expostas às
II – (Vetado); práticas nele previstas.
III – a instauração de inquérito civil, até seu
encerramento.
§ 3o Tratando-se de vício oculto, o prazo SEÇÃO II – Da Oferta
decadencial inicia-se no momento em que ficar
evidenciado o defeito. Art. 30. Toda informação ou publicidade, su-
ficientemente precisa, veiculada por qualquer
Art. 27. Prescreve em cinco anos a preten- forma ou meio de comunicação com relação a
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

são à reparação pelos danos causados por fato produtos e serviços oferecidos ou apresentados,
do produto ou do serviço prevista na Seção obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela
II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do se utilizar e integra o contrato que vier a ser
prazo a partir do conhecimento do dano e de celebrado.
sua autoria.
Parágrafo único. (Vetado) Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou
serviços devem assegurar informações corretas,
claras, precisas, ostensivas e em língua portu-
SEÇÃO V – Da Desconsideração da guesa sobre suas características, qualidades,
Personalidade Jurídica quantidade, composição, preço, garantia, prazos
de validade e origem, entre outros dados, bem
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a per- como sobre os riscos que apresentam à saúde
sonalidade jurídica da sociedade quando, em e segurança dos consumidores.
detrimento do consumidor, houver abuso de Parágrafo único. As informações de que trata
direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou este artigo, nos produtos refrigerados ofereci-
20 ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato
dos ao consumidor, serão gravadas de forma Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa
indelével. ou abusiva.
§ 1o É enganosa qualquer modalidade de
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão informação ou comunicação de caráter publici-
assegurar a oferta de componentes e peças de tário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qual-
reposição enquanto não cessar a fabricação ou quer outro modo, mesmo por omissão, capaz
importação do produto. de induzir em erro o consumidor a respeito da
Parágrafo único. Cessadas a produção ou natureza, características, qualidade, quantidade,
importação, a oferta deverá ser mantida por propriedades, origem, preço e quaisquer outros
período razoável de tempo, na forma da lei. dados sobre produtos e serviços.
§ 2o É abusiva, dentre outras, a publicidade
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por tele- discriminatória de qualquer natureza, a que
fone ou reembolso postal, deve constar o nome incite à violência, explore o medo ou a supers-
do fabricante e endereço na embalagem, publi- tição, se aproveite da deficiência de julgamento
cidade e em todos os impressos utilizados na e experiência da criança, desrespeita valores
transação comercial. ambientais, ou que seja capaz de induzir o con-
Parágrafo único. É proibida a publicidade de sumidor a se comportar de forma prejudicial
bens e serviços por telefone, quando a chamada ou perigosa à sua saúde ou segurança.
for onerosa ao consumidor que a origina. § 3o Para os efeitos deste Código, a publi-
cidade é enganosa por omissão quando deixar
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço de informar sobre dado essencial do produto
é solidariamente responsável pelos atos de seus ou serviço.
prepostos ou representantes autônomos. § 4o (Vetado)

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou servi- Art. 38. O ônus da prova da veracidade e corre-
ços recusar cumprimento à oferta, apresentação ção da informação ou comunicação publicitária
ou publicidade, o consumidor poderá, alterna- cabe a quem as patrocina.
tivamente e à sua livre escolha:
I – exigir o cumprimento forçado da obri-
gação, nos termos da oferta, apresentação ou SEÇÃO IV – Das Práticas Abusivas
publicidade;
II – aceitar outro produto ou prestação de Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos
serviço equivalente; ou serviços, dentre outras práticas abusivas:2
III – rescindir o contrato, com direito à res- I – condicionar o fornecimento de produto
tituição de quantia eventualmente antecipada, ou de serviço ao fornecimento de outro produto
monetariamente atualizada, e a perdas e danos. ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites
quantitativos;
II – recusar atendimento às demandas dos
SEÇÃO III – Da Publicidade consumidores, na exata medida de suas disponi-
bilidades de estoque, e, ainda, de conformidade
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal com os usos e costumes;
forma que o consumidor, fácil e imediatamente, III – enviar ou entregar ao consumidor, sem
a identifique como tal. solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer
Parágrafo único. O fornecedor, na publici- qualquer serviço;
Normas principais

dade de seus produtos ou serviços, manterá, em IV – prevalecer-se da fraqueza ou ignorân-


seu poder, para informação dos legítimos inte- cia do consumidor, tendo em vista sua idade,
ressados, os dados fáticos, técnicos e científicos
que dão sustentação à mensagem. 2
NE: o inciso XI foi incluído pela Medida Provisória
no 1.890-67/1999 e transformado em inciso XIII,
quando da conversão na Lei no 9.870/1999. 21
saúde, conhecimento ou condição social, para § 1o Salvo estipulação em contrário, o valor
impingir-lhe seus produtos ou serviços; orçado terá validade pelo prazo de dez dias,
V – exigir do consumidor vantagem mani- contado de seu recebimento pelo consumidor.
festamente excessiva; § 2o Uma vez aprovado pelo consumidor,
VI – executar serviços sem a prévia elabo- o orçamento obriga os contraentes e somente
ração de orçamento e autorização expressa do pode ser alterado mediante livre negociação
consumidor, ressalvadas as decorrentes de prá- das partes.
ticas anteriores entre as partes; § 3o O consumidor não responde por quais-
VII – repassar informação depreciativa, re- quer ônus ou acréscimos decorrentes da con-
ferente a ato praticado pelo consumidor no tratação de serviços de terceiros não previstos
exercício de seus direitos; no orçamento prévio.
VIII – colocar, no mercado de consumo,
qualquer produto ou serviço em desacordo com Art. 41. No caso de fornecimento de produtos
as normas expedidas pelos órgãos oficiais com- ou de serviços sujeitos ao regime de controle
petentes ou, se normas específicas não existirem, ou de tabelamento de preços, os fornecedores
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas deverão respeitar os limites oficiais sob pena de,
ou outra entidade credenciada pelo Conselho não o fazendo, responderem pela restituição da
Nacional de Metrologia, Normalização e Qua- quantia recebida em excesso, monetariamente
lidade Industrial (Conmetro); atualizada, podendo o consumidor exigir, à
IX – recusar a venda de bens ou a prestação sua escolha, o desfazimento do negócio, sem
de serviços, diretamente a quem se disponha a prejuízo de outras sanções cabíveis.
adquiri-los mediante pronto pagamento, res-
salvados os casos de intermediação regulados
em leis especiais; SEÇÃO V – Da Cobrança de Dívidas
X – elevar sem justa causa o preço de pro-
dutos ou serviços; Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor
XII – deixar de estipular prazo para o cum- inadimplente não será exposto a ridículo, nem
primento de sua obrigação ou deixar a fixação será submetido a qualquer tipo de constrangi-
de seu termo inicial a seu exclusivo critério; mento ou ameaça.
XIII – aplicar fórmula ou índice de reajuste Parágrafo único. O consumidor cobrado
diverso do legal ou contratualmente estabe- em quantia indevida tem direito à repetição
lecido; do indébito, por valor igual ao dobro do que
XIV – permitir o ingresso em estabelecimen- pagou em excesso, acrescido de correção mo-
tos comerciais ou de serviços de um número netária e juros legais, salvo hipótese de engano
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

maior de consumidores que o fixado pela au- justificável.


toridade administrativa como máximo.
Parágrafo único. Os serviços prestados e os Art. 42-A. Em todos os documentos de co-
produtos remetidos ou entregues ao consumi- brança de débitos apresentados ao consumidor,
dor, na hipótese prevista no inciso III, equipa- deverão constar o nome, o endereço e o número
ram-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas –
de pagamento. CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
– CNPJ do fornecedor do produto ou serviço
Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado correspondente.
a entregar ao consumidor orçamento prévio
discriminando o valor da mão de obra, dos
materiais e equipamentos a serem empregados, SEÇÃO VI – Dos Bancos de Dados e
as condições de pagamento, bem como as datas Cadastros de Consumidores
de início e término dos serviços.
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do dis-
22 posto no art. 86, terá acesso às informações
existentes em cadastros, fichas, registros e dados CAPÍTULO VI – Da Proteção Contratual
pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem SEÇÃO I – Disposições Gerais
como sobre as suas respectivas fontes.
§ 1o Os cadastros e dados de consumidores Art. 46. Os contratos que regulam as relações
devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em de consumo não obrigarão os consumidores,
linguagem de fácil compreensão, não podendo se não lhes for dada a oportunidade de tomar
conter informações negativas referentes a pe- conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os
ríodo superior a cinco anos. respectivos instrumentos forem redigidos de
§ 2o A abertura de cadastro, ficha, registro modo a dificultar a compreensão de seu sentido
e dados pessoais e de consumo deverá ser co- e alcance.
municada por escrito ao consumidor, quando
não solicitada por ele. Art. 47. As cláusulas contratuais serão inter-
§ 3o O consumidor, sempre que encontrar pretadas de maneira mais favorável ao consu-
inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá midor.
exigir sua imediata correção, devendo o arqui-
vista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar Art. 48. As declarações de vontade constantes
a alteração aos eventuais destinatários das in- de escritos particulares, recibos e pré-contratos
formações incorretas. relativos às relações de consumo vinculam o
§ 4o Os bancos de dados e cadastros relati- fornecedor, ensejando inclusive execução es-
vos a consumidores, os serviços de proteção ao pecífica, nos termos do art. 84 e parágrafos.
crédito e congêneres são considerados entidades
de caráter público. Art. 49. O consumidor pode desistir do contra-
§ 5o Consumada a prescrição relativa à co- to, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura
brança de débitos do consumidor, não serão ou do ato de recebimento do produto ou serviço,
fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Pro- sempre que a contratação de fornecimento de
teção ao Crédito, quaisquer informações que produtos e serviços ocorrer fora do estabeleci-
possam impedir ou dificultar novo acesso ao mento comercial, especialmente por telefone
crédito junto aos fornecedores. ou a domicílio.
§ 6o Todas as informações de que trata o Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o
caput deste artigo devem ser disponibilizadas em direito de arrependimento previsto neste artigo,
formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com os valores eventualmente pagos, a qualquer títu-
deficiência, mediante solicitação do consumidor. lo, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos,
de imediato, monetariamente atualizados.
Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do con-
sumidor manterão cadastros atualizados de Art. 50. A garantia contratual é complementar
reclamações fundamentadas contra fornecedo- à legal e será conferida mediante termo escrito.
res de produtos e serviços, devendo divulgá-lo Parágrafo único. O termo de garantia ou
pública e anualmente. A divulgação indicará se a equivalente deve ser padronizado e esclarecer,
reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor. de maneira adequada, em que consiste a mesma
§ 1o É facultado o acesso às informações garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar
lá constantes para orientação e consulta por em que pode ser exercitada e os ônus a cargo
qualquer interessado. do consumidor, devendo ser-lhe entregue, de-
§ 2o Aplicam-se a este artigo, no que couber, vidamente preenchido pelo fornecedor, no ato
as mesmas regras enunciadas no artigo anterior do fornecimento, acompanhado de manual de
Normas principais

e as do parágrafo único do art. 22 deste Código. instrução, de instalação e uso do produto em


linguagem didática, com ilustrações.
Art. 45. (Vetado)

23
SEÇÃO II – Das Cláusulas Abusivas XVII – condicionem ou limitem de qualquer
forma o acesso aos órgãos do Poder Judiciário;
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre ou- XVIII – estabeleçam prazos de carência em
tras, as cláusulas contratuais relativas ao forne- caso de impontualidade das prestações men-
cimento de produtos e serviços que: sais ou impeçam o restabelecimento integral
I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a dos direitos do consumidor e de seus meios de
responsabilidade do fornecedor por vícios de pagamento a partir da purgação da mora ou do
qualquer natureza dos produtos e serviços ou acordo com os credores;
impliquem renúncia ou disposição de direitos. XIX – (Vetado).
Nas relações de consumo entre o fornecedor e § 1o Presume-se exagerada, entre outros
o consumidor pessoa jurídica, a indenização casos, a vantagem que:
poderá ser limitada, em situações justificáveis; I – ofende os princípios fundamentais do
II – subtraiam ao consumidor a opção de sistema jurídico a que pertence;
reembolso da quantia já paga, nos casos pre- II – restringe direitos ou obrigações funda-
vistos neste Código; mentais inerentes à natureza do contrato, de
III – transfiram responsabilidades a terceiros; tal modo a ameaçar seu objeto ou o equilíbrio
IV – estabeleçam obrigações consideradas contratual;
iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor III – se mostra excessivamente onerosa para
em desvantagem exagerada, ou sejam incom- o consumidor, considerando-se a natureza e
patíveis com a boa-fé ou a equidade; conteúdo do contrato, o interesse das partes e
V – (Vetado); outras circunstâncias peculiares ao caso.
VI – estabeleçam inversão do ônus da prova § 2o A nulidade de uma cláusula contra-
em prejuízo do consumidor; tual abusiva não invalida o contrato, exceto
VII – determinem a utilização compulsória quando de sua ausência, apesar dos esforços de
de arbitragem; integração, decorrer ônus excessivo a qualquer
VIII – imponham representante para con- das partes.
cluir ou realizar outro negócio jurídico pelo § 3o (Vetado)
consumidor; § 4o É facultado a qualquer consumidor ou
IX – deixem ao fornecedor a opção de con- entidade que o represente requerer ao Ministé-
cluir ou não o contrato, embora obrigando o rio Público que ajuíze a competente ação para
consumidor; ser declarada a nulidade de cláusula contratual
X – permitam ao fornecedor, direta ou in- que contrarie o disposto neste Código ou de
diretamente, variação do preço de maneira qualquer forma não assegure o justo equilíbrio
unilateral; entre direitos e obrigações das partes.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

XI – autorizem o fornecedor a cancelar o


contrato unilateralmente, sem que igual direito Art. 52. No fornecimento de produtos ou servi-
seja conferido ao consumidor; ços que envolva outorga de crédito ou concessão
XII – obriguem o consumidor a ressarcir de financiamento ao consumidor, o fornecedor
os custos de cobrança de sua obrigação, sem deverá, entre outros requisitos, informá-lo pré-
que igual direito lhe seja conferido contra o via e adequadamente sobre:
fornecedor; I – preço do produto ou serviço em moeda
XIII – autorizem o fornecedor a modificar corrente nacional;
unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do II – montante dos juros de mora e da taxa
contrato, após sua celebração; efetiva anual de juros;
XIV – infrinjam ou possibilitem a violação III – acréscimos legalmente previstos;
de normas ambientais; IV – número e periodicidade das prestações;
XV – estejam em desacordo com o sistema V – soma total a pagar, com e sem finan-
de proteção ao consumidor; ciamento.
XVI – possibilitem a renúncia do direito de § 1o As multas de mora decorrentes do ina-
24 indenização por benfeitorias necessárias; dimplemento de obrigações no seu termo não
poderão ser superiores a dois por cento do valor com destaque, permitindo sua imediata e fácil
da prestação. compreensão.
§ 2o É assegurado ao consumidor a liquida- § 5o (Vetado)
ção antecipada do débito, total ou parcialmen-
te, mediante redução proporcional dos juros e
demais acréscimos. CAPÍTULO VI-A – Da Prevenção e do
§ 3o (Vetado) Tratamento do Superendividamento

Art. 53. Nos contratos de compra e venda de Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a preven-
móveis ou imóveis mediante pagamento em ção do superendividamento da pessoa natural,
prestações, bem como nas alienações fiduciárias sobre o crédito responsável e sobre a educação
em garantia, consideram-se nulas de pleno direi- financeira do consumidor.
to as cláusulas que estabeleçam a perda total das § 1o Entende-se por superendividamento
prestações pagas em benefício do credor que, em a impossibilidade manifesta de o consumidor
razão do inadimplemento, pleitear a resolução pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de
do contrato e a retomada do produto alienado. suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas,
§ 1o (Vetado) sem comprometer seu mínimo existencial, nos
§ 2o Nos contratos do sistema de consórcio termos da regulamentação.
de produtos duráveis, a compensação ou a res- § 2o As dívidas referidas no § 1o deste artigo
tituição das parcelas quitadas, na forma deste englobam quaisquer compromissos financeiros
artigo, terá descontada, além da vantagem eco- assumidos decorrentes de relação de consumo,
nômica auferida com a fruição, os prejuízos que inclusive operações de crédito, compras a prazo
o desistente ou inadimplente causar ao grupo. e serviços de prestação continuada.
§ 3o Os contratos de que trata o caput des- § 3o O disposto neste Capítulo não se apli-
te artigo serão expressos em moeda corrente ca ao consumidor cujas dívidas tenham sido
nacional. contraídas mediante fraude ou má-fé, sejam
oriundas de contratos celebrados dolosamente
com o propósito de não realizar o pagamento
SEÇÃO III – Dos Contratos de Adesão ou decorram da aquisição ou contratação de
produtos e serviços de luxo de alto valor.
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas
cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade Art. 54-B. No fornecimento de crédito e na
competente ou estabelecidas unilateralmente venda a prazo, além das informações obriga-
pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem tórias previstas no art. 52 deste Código e na
que o consumidor possa discutir ou modificar legislação aplicável à matéria, o fornecedor ou
substancialmente seu conteúdo. o intermediário deverá informar o consumi-
§ 1o A inserção de cláusula no formulário dor, prévia e adequadamente, no momento da
não desfigura a natureza de adesão do contrato. oferta, sobre:
§ 2o Nos contratos de adesão admite-se cláu- I – o custo efetivo total e a descrição dos
sula resolutória, desde que alternativa, cabendo elementos que o compõem;
a escolha ao consumidor, ressalvando-se o dis- II – a taxa efetiva mensal de juros, bem como
posto no § 2o do artigo anterior. a taxa dos juros de mora e o total de encargos,
§ 3o Os contratos de adesão escritos serão de qualquer natureza, previstos para o atraso
redigidos em termos claros e com caracteres no pagamento;
Normas principais

ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não III – o montante das prestações e o prazo de
será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de
sua compreensão pelo consumidor. 2 (dois) dias;
§ 4o As cláusulas que implicarem limitação IV – o nome e o endereço, inclusive o ele-
de direito do consumidor deverão ser redigidas trônico, do fornecedor;
25
V – o direito do consumidor à liquidação I – informar e esclarecer adequadamente
antecipada e não onerosa do débito, nos termos o consumidor, considerada sua idade, sobre a
do § 2o do art. 52 deste Código e da regulamen- natureza e a modalidade do crédito oferecido,
tação em vigor. sobre todos os custos incidentes, observado
§ 1o As informações referidas no art. 52 deste o disposto nos arts. 52 e 54-B deste Código, e
Código e no caput deste artigo devem constar sobre as consequências genéricas e específicas
de forma clara e resumida do próprio contrato, do inadimplemento;
da fatura ou de instrumento apartado, de fácil II – avaliar, de forma responsável, as condi-
acesso ao consumidor. ções de crédito do consumidor, mediante aná-
§ 2o Para efeitos deste Código, o custo efetivo lise das informações disponíveis em bancos
total da operação de crédito ao consumidor con- de dados de proteção ao crédito, observado
sistirá em taxa percentual anual e compreenderá o disposto neste Código e na legislação sobre
todos os valores cobrados do consumidor, sem proteção de dados;
prejuízo do cálculo padronizado pela autoridade III – informar a identidade do agente finan-
reguladora do sistema financeiro. ciador e entregar ao consumidor, ao garante e a
§ 3o Sem prejuízo do disposto no art. 37 outros coobrigados cópia do contrato de crédito.
deste Código, a oferta de crédito ao consumidor Parágrafo único. O descumprimento de
e a oferta de venda a prazo, ou a fatura mensal, qualquer dos deveres previstos no caput deste
conforme o caso, devem indicar, no mínimo, artigo e nos arts. 52 e 54-C deste Código poderá
o custo efetivo total, o agente financiador e a acarretar judicialmente a redução dos juros, dos
soma total a pagar, com e sem financiamento. encargos ou de qualquer acréscimo ao principal
e a dilação do prazo de pagamento previsto
Art. 54-C. É vedado, expressa ou implicita- no contrato original, conforme a gravidade da
mente, na oferta de crédito ao consumidor, conduta do fornecedor e as possibilidades finan-
publicitária ou não: ceiras do consumidor, sem prejuízo de outras
I – (Vetado); sanções e de indenização por perdas e danos,
II – indicar que a operação de crédito poderá patrimoniais e morais, ao consumidor.
ser concluída sem consulta a serviços de pro-
teção ao crédito ou sem avaliação da situação Art. 54-E. (Vetado)
financeira do consumidor;
III – ocultar ou dificultar a compreensão so- Art. 54-F. São conexos, coligados ou interde-
bre os ônus e os riscos da contratação do crédito pendentes, entre outros, o contrato principal de
ou da venda a prazo; fornecimento de produto ou serviço e os con-
IV – assediar ou pressionar o consumidor tratos acessórios de crédito que lhe garantam o
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

para contratar o fornecimento de produto, financiamento quando o fornecedor de crédito:


serviço ou crédito, principalmente se se tratar I – recorrer aos serviços do fornecedor de
de consumidor idoso, analfabeto, doente ou produto ou serviço para a preparação ou a con-
em estado de vulnerabilidade agravada ou se a clusão do contrato de crédito;
contratação envolver prêmio; II – oferecer o crédito no local da atividade
V – condicionar o atendimento de preten- empresarial do fornecedor de produto ou ser-
sões do consumidor ou o início de tratativas à viço financiado ou onde o contrato principal
renúncia ou à desistência de demandas judiciais, for celebrado.
ao pagamento de honorários advocatícios ou a § 1o O exercício do direito de arrependi-
depósitos judiciais. mento nas hipóteses previstas neste Código, no
Parágrafo único. (Vetado) contrato principal ou no contrato de crédito,
implica a resolução de pleno direito do contrato
Art. 54-D. Na oferta de crédito, previamente que lhe seja conexo.
à contratação, o fornecedor ou o intermediário § 2o Nos casos dos incisos I e II do caput
deverá, entre outras condutas: deste artigo, se houver inexecução de qualquer
26 das obrigações e deveres do fornecedor de pro-
duto ou serviço, o consumidor poderá requerer III – impedir ou dificultar, em caso de utili-
a rescisão do contrato não cumprido contra o zação fraudulenta do cartão de crédito ou simi-
fornecedor do crédito. lar, que o consumidor peça e obtenha, quando
§ 3o O direito previsto no § 2o deste artigo aplicável, a anulação ou o imediato bloqueio do
caberá igualmente ao consumidor: pagamento, ou ainda a restituição dos valores
I – contra o portador de cheque pós-datado indevidamente recebidos.
emitido para aquisição de produto ou serviço § 1o Sem prejuízo do dever de informação e
a prazo; esclarecimento do consumidor e de entrega da
II – contra o administrador ou o emitente minuta do contrato, no empréstimo cuja liquida-
de cartão de crédito ou similar quando o cartão ção seja feita mediante consignação em folha de
de crédito ou similar e o produto ou serviço pagamento, a formalização e a entrega da cópia
forem fornecidos pelo mesmo fornecedor ou do contrato ou do instrumento de contratação
por entidades pertencentes a um mesmo grupo ocorrerão após o fornecedor do crédito obter
econômico. da fonte pagadora a indicação sobre a existência
§ 4o A invalidade ou a ineficácia do contrato de margem consignável.
principal implicará, de pleno direito, a do con- § 2o Nos contratos de adesão, o fornecedor
trato de crédito que lhe seja conexo, nos termos deve prestar ao consumidor, previamente, as
do caput deste artigo, ressalvado ao fornecedor informações de que tratam o art. 52 e o caput
do crédito o direito de obter do fornecedor do do art. 54-B deste Código, além de outras por-
produto ou serviço a devolução dos valores ventura determinadas na legislação em vigor, e
entregues, inclusive relativamente a tributos. fica obrigado a entregar ao consumidor cópia
do contrato, após a sua conclusão.
Art. 54-G. Sem prejuízo do disposto no art. 39
deste Código e na legislação aplicável à matéria,
é vedado ao fornecedor de produto ou serviço CAPÍTULO VII – Das Sanções
que envolva crédito, entre outras condutas: Administrativas
I – realizar ou proceder à cobrança ou ao
débito em conta de qualquer quantia que houver Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Fe-
sido contestada pelo consumidor em compra deral, em caráter concorrente e nas suas respec-
realizada com cartão de crédito ou similar, en- tivas áreas de atuação administrativa, baixarão
quanto não for adequadamente solucionada normas relativas à produção, industrialização,
a controvérsia, desde que o consumidor haja distribuição e consumo de produtos e serviços.
notificado a administradora do cartão com an- § 1o A União, os Estados, o Distrito Federal
tecedência de pelo menos 10 (dez) dias conta- e os Municípios fiscalizarão e controlarão a
dos da data de vencimento da fatura, vedada a produção, industrialização, distribuição, a pu-
manutenção do valor na fatura seguinte e as- blicidade de produtos e serviços e o mercado
segurado ao consumidor o direito de deduzir de consumo, no interesse da preservação da
do total da fatura o valor em disputa e efetuar vida, da saúde, da segurança, da informação
o pagamento da parte não contestada, podendo e do bem-estar do consumidor, baixando as
o emissor lançar como crédito em confiança o normas que se fizerem necessárias.
valor idêntico ao da transação contestada que § 2o (Vetado)
tenha sido cobrada, enquanto não encerrada a § 3o Os órgãos federais, estaduais, do Dis-
apuração da contestação; trito Federal e municipais com atribuições para
II – recusar ou não entregar ao consumidor, fiscalizar e controlar o mercado de consumo
Normas principais

ao garante e aos outros coobrigados cópia da manterão comissões permanentes para elabora-
minuta do contrato principal de consumo ou ção, revisão e atualização das normas referidas
do contrato de crédito, em papel ou outro su- no § 1o, sendo obrigatória a participação dos
porte duradouro, disponível e acessível, e, após consumidores e fornecedores.
a conclusão, cópia do contrato; § 4o Os órgãos oficiais poderão expedir no-
tificações aos fornecedores para que, sob pena 27
de desobediência, prestem informações sobre dutos, de suspensão do fornecimento de produto
questões de interesse do consumidor, resguar- ou serviço, de cassação do registro do produto
dado o segredo industrial. e revogação da concessão ou permissão de uso
serão aplicadas pela administração, mediante
Art. 56. As infrações das normas de defesa do procedimento administrativo, assegurada ampla
consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às defesa, quando forem constatados vícios de
seguintes sanções administrativas, sem prejuízo quantidade ou de qualidade por inadequação
das de natureza civil, penal e das definidas em ou insegurança do produto ou serviço.
normas específicas:
I – multa; Art. 59. As penas de cassação de alvará de
II – apreensão do produto; licença, de interdição e de suspensão tempo-
III – inutilização do produto; rária da atividade, bem como a de intervenção
IV – cassação do registro do produto junto administrativa serão aplicadas mediante pro-
ao órgão competente; cedimento administrativo, assegurada ampla
V – proibição de fabricação do produto; defesa, quando o fornecedor reincidir na prática
VI – suspensão de fornecimento de produtos das infrações de maior gravidade previstas neste
ou serviço; Código e na legislação de consumo.
VII – suspensão temporária de atividade; § 1o A pena de cassação da concessão será
VIII – revogação de concessão ou permissão aplicada à concessionária de serviço público,
de uso; quando violar obrigação legal ou contratual.
IX – cassação de licença do estabelecimento § 2o A pena de intervenção administrativa
ou de atividade; será aplicada sempre que as circunstâncias de
X – interdição, total ou parcial, de estabele- fato desaconselharem a cassação de licença, a
cimento, de obra ou de atividade; interdição ou suspensão da atividade.
XI – intervenção administrativa; § 3o Pendendo ação judicial na qual se dis-
XII – imposição de contrapropaganda. cuta a imposição de penalidade administrativa,
Parágrafo único. As sanções previstas neste não haverá reincidência até o trânsito em jul-
artigo serão aplicadas pela autoridade adminis- gado da sentença.
trativa, no âmbito de sua atribuição, podendo
ser aplicadas cumulativamente, inclusive por Art. 60. A imposição de contrapropaganda
medida cautelar antecedente ou incidente de será cominada quando o fornecedor incorrer
procedimento administrativo. na prática de publicidade enganosa ou abusiva,
nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre
Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo às expensas do infrator.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

com a gravidade da infração, a vantagem au- § 1o A contrapropaganda será divulgada


ferida e a condição econômica do fornecedor, pelo responsável da mesma forma, frequência
será aplicada mediante procedimento adminis- e dimensão e, preferencialmente no mesmo
trativo, revertendo para o Fundo de que trata a veículo, local, espaço e horário, de forma capaz
Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores de desfazer o malefício da publicidade enganosa
cabíveis à União, ou para os Fundos estaduais ou abusiva.
ou municipais de proteção ao consumidor nos § 2o (Vetado)
demais casos. § 3o (Vetado)
Parágrafo único. A multa será em montante
não inferior a duzentas e não superior a três
milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de TÍTULO II – Das Infrações Penais
Referência (Ufir), ou índice equivalente que
venha a substituí-lo. Art. 61. Constituem crimes contra as relações
de consumo previstas neste Código, sem prejuí-
Art. 58. As penas de apreensão, de inutilização zo do disposto no Código Penal e leis especiais,
28 de produtos, de proibição de fabricação de pro- as condutas tipificadas nos artigos seguintes.
Art. 62. (Vetado) Pena – Detenção de um a seis meses ou
multa.
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos
sobre a nocividade ou periculosidade de produ- Art. 67. Fazer ou promover publicidade que
tos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva:
ou publicidade: Pena – Detenção de três meses a um ano
Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa.
e multa. Parágrafo único. (Vetado)
§ 1o Incorrerá nas mesmas penas quem dei-
xar de alertar, mediante recomendações escritas Art. 68. Fazer ou promover publicidade que
ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o
ser prestado. consumidor a se comportar de forma prejudicial
§ 2o Se o crime é culposo: ou perigosa a sua saúde ou segurança:
Pena – Detenção de um a seis meses ou Pena – Detenção de seis meses a dois anos
multa. e multa.
Parágrafo único. (Vetado)
Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade
competente e aos consumidores a nocividade ou Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos,
periculosidade de produtos cujo conhecimento técnicos e científicos que dão base à publicidade:
seja posterior à sua colocação no mercado: Pena – Detenção de um a seis meses ou
Pena – Detenção de seis meses a dois anos multa.
e multa.
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas Art. 70. Empregar, na reparação de produtos,
quem deixar de retirar do mercado, imediata- peça ou componentes de reposição usados, sem
mente quando determinado pela autoridade autorização do consumidor:
competente, os produtos nocivos ou perigosos, Pena – Detenção de três meses a um ano
na forma deste artigo. e multa.

Art. 65. Executar serviço de alto grau de pe- Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de
riculosidade, contrariando determinação de ameaça, coação, constrangimento físico ou mo-
autoridade competente: ral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas
Pena – Detenção de seis meses a dois anos ou de qualquer outro procedimento que expo-
e multa. nha o consumidor, injustificadamente, a ridículo
§ 1o As penas deste artigo são aplicáveis sem ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer:
prejuízo das correspondentes à lesão corporal Pena – Detenção de três meses a um ano
e à morte. e multa.
§ 2o A prática do disposto no inciso XIV do
art. 39 desta Lei também caracteriza o crime Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do con-
previsto no caput deste artigo. sumidor às informações que sobre ele constem
em cadastros, banco de dados, fichas e registros:
Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou Pena – Detenção de seis meses a um ano
omitir informação relevante sobre a natureza, ou multa.
característica, qualidade, quantidade, segurança,
desempenho, durabilidade, preço ou garantia Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente
Normas principais

de produtos ou serviços: informação sobre consumidor constante de


Pena – Detenção de três meses a um ano cadastro, banco de dados, fichas ou registros
e multa. que sabe ou deveria saber ser inexata:
§ 1o Incorrerá nas mesmas penas quem pa- Pena – Detenção de um a seis meses ou
trocinar a oferta. multa.
§ 2o Se o crime é culposo: 29
Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o II – a publicação em órgãos de comunicação
termo de garantia adequadamente preenchido de grande circulação ou audiência, às expen-
e com especificação clara de seu conteúdo: sas do condenado, de notícia sobre os fatos e
Pena – Detenção de um a seis meses ou a condenação;
multa. III – a prestação de serviços à comunidade.

Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de
para os crimes referidos neste Código incide que trata este Código, será fixado pelo juiz, ou
nas penas a esses cominadas na medida de sua pela autoridade que presidir o inquérito, entre
culpabilidade, bem como o diretor, adminis- cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus do
trador ou gerente da pessoa jurídica que pro- Tesouro Nacional (BTN), ou índice equivalente
mover, permitir ou por qualquer modo aprovar que venha a substituí-lo.
o fornecimento, oferta, exposição à venda ou Parágrafo único. Se assim recomendar a si-
manutenção em depósito de produtos ou a oferta tuação econômica do indiciado ou réu, a fiança
e prestação de serviços nas condições por ele poderá ser:
proibidas. a) reduzida até a metade de seu valor mí-
nimo;
Art. 76. São circunstâncias agravantes dos b) aumentada pelo juiz até vinte vezes.
crimes tipificados neste Código:
I – serem cometidos em época de grave crise Art. 80. No processo penal atinente aos cri-
econômica ou por ocasião de calamidade; mes previstos neste Código, bem como a outros
II – ocasionarem grave dano individual ou crimes e contravenções que envolvam relações
coletivo; de consumo, poderão intervir, como assistentes
III – dissimular-se a natureza ilícita do pro- do Ministério Público, os legitimados indicados
cedimento; no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é
IV – quando cometidos: facultado propor ação penal subsidiária, se a
a) por servidor público, ou por pessoa cuja denúncia não for oferecida no prazo legal.
condição econômico-social seja manifestamente
superior à da vítima;
b) em detrimento de operário ou rurícola; TÍTULO III – Da Defesa do Consumidor em
de menor de dezoito ou maior de sessenta anos Juízo
ou de pessoas portadoras de deficiência mental, CAPÍTULO I – Disposições Gerais
interditadas ou não;
V – serem praticados em operações que en- Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

volvam alimentos, medicamentos ou quaisquer consumidores e das vítimas poderá ser exercida
outros produtos ou serviços essenciais. em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exer-
Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção cida quando se tratar de:
será fixada em dias-multa, correspondente ao I – interesses ou direitos difusos, assim en-
mínimo e ao máximo de dias de duração da pena tendidos, para efeitos deste Código, os transin-
privativa da liberdade cominada ao crime. Na dividuais, de natureza indivisível, de que sejam
individualização desta multa, o juiz observará titulares pessoas indeterminadas e ligadas por
o disposto no art. 60, § 1o do Código Penal. circunstâncias de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim
Art. 78. Além das penas privativas de liberdade entendidos, para efeitos deste Código, os tran-
e de multa, podem ser impostas, cumulativa sindividuais de natureza indivisível de que seja
ou alternadamente, observado o disposto nos titular grupo, categoria ou classe de pessoas
arts. 44 a 47, do Código Penal: ligadas entre si ou com a parte contrária por
I – a interdição temporária de direitos; uma relação jurídica base;
30
III – interesses ou direitos individuais ho- § 3o Sendo relevante o fundamento da de-
mogêneos, assim entendidos os decorrentes de manda e havendo justificado receio de ineficácia
origem comum. do provimento final, é lícito ao juiz conceder a
tutela liminarmente ou após justificação prévia,
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, citado o réu.
são legitimados concorrentemente: § 4o O juiz poderá, na hipótese do § 3o ou na
I – o Ministério Público; sentença, impor multa diária ao réu, indepen-
II – a União, os Estados, os Municípios e o dentemente de pedido do autor, se for suficiente
Distrito Federal; ou compatível com a obrigação, fixando prazo
III – as entidades e órgãos da Administração razoável para o cumprimento do preceito.
Pública, direta ou indireta, ainda que sem per- § 5o Para a tutela específica ou para a obten-
sonalidade jurídica, especificamente destinados ção do resultado prático equivalente, poderá
à defesa dos interesses e direitos protegidos por o juiz determinar as medidas necessárias, tais
este Código; como busca e apreensão, remoção de coisas e
IV – as associações legalmente constituídas pessoas, desfazimento de obra, impedimento
há pelo menos um ano e que incluam entre de atividade nociva, além de requisição de força
seus fins institucionais a defesa dos interesses e policial.
direitos protegidos por este Código, dispensada
a autorização assemblear. Art. 85. (Vetado)
§ 1o O requisito da pré-constituição pode
ser dispensado pelo juiz, nas ações previstas Art. 86. (Vetado)
nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto
interesse social evidenciado pela dimensão ou Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este
característica do dano, ou pela relevância do Código não haverá adiantamento de custas,
bem jurídico a ser protegido. emolumentos, honorários periciais e quaisquer
§ 2o (Vetado) outras despesas, nem condenação da associação
§ 3o (Vetado) autora, salvo comprovada má-fé, em honorários
de advogados, custas e despesas processuais.
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses Parágrafo único. Em caso de litigância de
protegidos por este Código são admissíveis todas má-fé, a associação autora e os diretores res-
as espécies de ações capazes de propiciar sua ponsáveis pela propositura da ação serão soli-
adequada e efetiva tutela. dariamente condenados em honorários advo-
Parágrafo único. (Vetado) catícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo
da responsabilidade por perdas e danos.
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cum-
primento da obrigação de fazer ou não fazer, o Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo
juiz concederá a tutela específica da obrigação único deste Código, a ação de regresso poderá
ou determinará providências que assegurem ser ajuizada em processo autônomo, facultada
o resultado prático equivalente ao do adim- a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos
plemento. autos, vedada a denunciação da lide.
§ 1o A conversão da obrigação em perdas e
danos somente será admissível se por elas optar Art. 89. (Vetado)
o autor ou se impossível a tutela específica ou a
obtenção do resultado prático correspondente. Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste
Normas principais

§ 2o A indenização por perdas e danos se Título as normas do Código de Processo Civil e


fará sem prejuízo da multa (art. 287, do Código da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive
de Processo Civil). no que respeita ao inquérito civil, naquilo que
não contrariar suas disposições.

31
CAPÍTULO II – Das Ações Coletivas para a § 1o A execução coletiva far-se-á com base
Defesa de Interesses Individuais Homogêneos em certidão das sentenças de liquidação, da
qual deverá constar a ocorrência ou não do
Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 trânsito em julgado.
poderão propor, em nome próprio e no interesse § 2o É competente para a execução o juízo:
das vítimas ou seus sucessores, ação civil coletiva I – da liquidação da sentença ou da ação
de responsabilidade pelos danos individual- condenatória, no caso de execução individual;
mente sofridos, de acordo com o disposto nos II – da ação condenatória, quando coletiva
artigos seguintes. a execução.

Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a Art. 99. Em caso de concurso de créditos
ação, atuará sempre como fiscal da lei. decorrentes de condenação prevista na Lei
Parágrafo único. (Vetado) no 7.347, de 24 de julho de 1985, e de indeni-
zações pelos prejuízos individuais resultantes do
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça mesmo evento danoso, estas terão preferência
Federal, é competente para a causa a justiça local: no pagamento.
I – no foro do lugar onde ocorreu ou deva Parágrafo único. Para efeito do disposto neste
ocorrer o dano, quando de âmbito local; artigo, a destinação da importância recolhida ao
II – no foro da Capital do Estado ou no do fundo criado pela Lei no 7.347, de 24 de julho
Distrito Federal, para os danos de âmbito na- de 1985, ficará sustada enquanto pendentes de
cional ou regional, aplicando-se as regras do decisão de segundo grau as ações de indenização
Código de Processo Civil aos casos de compe- pelos danos individuais, salvo na hipótese de
tência concorrente. o patrimônio do devedor ser manifestamente
suficiente para responder pela integralidade
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital das dívidas.
no órgão oficial, a fim de que os interessados
possam intervir no processo como litisconsortes, Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem
sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios habilitação de interessados em número com-
de comunicação social por parte dos órgãos de patível com a gravidade do dano, poderão os
defesa do consumidor. legitimados do art. 82 promover a liquidação
e execução da indenização devida.
Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a Parágrafo único. O produto da indenização
condenação será genérica, fixando a responsa- devida reverterá para o fundo criado pela Lei
bilidade do réu pelos danos causados. no 7.347, de 24 de julho de 1985.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

Art. 96. (Vetado)


CAPÍTULO III – Das Ações de
Art. 97. A liquidação e a execução de senten- Responsabilidade do Fornecedor de Produtos
ça poderão ser promovidas pela vítima e seus e Serviços
sucessores, assim como pelos legitimados de
que trata o art. 82. Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do
Parágrafo único. (Vetado) fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo
do disposto nos Capítulos I e II deste Título,
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo serão observadas as seguintes normas:
promovida pelos legitimados de que trata o I – a ação pode ser proposta no domicílio
art. 82, abrangendo as vítimas cujas indeni- do autor;
zações já tiverem sido fixadas em sentença de II – o réu que houver contratado seguro de
liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de responsabilidade poderá chamar ao processo o
outras execuções. segurador, vedada a integração do contraditório
32 pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta
hipótese, a sentença que julgar procedente o como litisconsortes poderão propor ação de
pedido condenará o réu nos termos do art. 80 indenização a título individual.
do Código de Processo Civil. Se o réu houver § 3o Os efeitos da coisa julgada de que cui-
sido declarado falido, o síndico será intimado da o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei
a informar a existência de seguro de responsa- no 7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudica-
bilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o rão as ações de indenização por danos pessoal-
ajuizamento de ação de indenização diretamente mente sofridos, propostas individualmente ou
contra o segurador, vedada a denunciação da na forma prevista neste Código, mas, se proce-
lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dis- dente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus
pensado o litisconsórcio obrigatório com este. sucessores, que poderão proceder à liquidação
e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.
Art. 102. Os legitimados a agir na forma deste § 4o Aplica-se o disposto no parágrafo an-
Código poderão propor ação visando compelir terior à sentença penal condenatória.
o Poder Público competente a proibir, em todo
o território nacional, a produção, divulgação, Art. 104. As ações coletivas, previstas nos in-
distribuição ou venda, ou a determinar alteração cisos I e II do parágrafo único do art. 81, não
na composição, estrutura, fórmula ou acondi- induzem litispendência para as ações indivi-
cionamento de produto, cujo uso ou consumo duais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes
regular se revele nocivo ou perigoso à saúde ou ultra partes a que aludem os incisos II e III
pública e à incolumidade pessoal. do artigo anterior não beneficiarão os autores
§ 1o (Vetado) das ações individuais, se não for requerida sua
§ 2o (Vetado) suspensão no prazo de trinta dias, a contar da
ciência nos autos do ajuizamento da ação co-
letiva.
CAPÍTULO IV – Da Coisa Julgada

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este CAPÍTULO V – Da Conciliação no
Código, a sentença fará coisa julgada: Superendividamento
I – erga omnes, exceto se o pedido for julga-
do improcedente por insuficiência de provas, Art. 104-A. A requerimento do consumidor
hipótese em que qualquer legitimado poderá superendividado pessoa natural, o juiz poderá
intentar outra ação, com idêntico fundamento, instaurar processo de repactuação de dívidas,
valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso com vistas à realização de audiência concilia-
I do parágrafo único do art. 81; tória, presidida por ele ou por conciliador cre-
II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, denciado no juízo, com a presença de todos
categoria ou classe, salvo improcedência por os credores de dívidas previstas no art. 54-A
insuficiência de provas, nos termos do inciso deste Código, na qual o consumidor apresentará
anterior, quando se tratar da hipótese prevista proposta de plano de pagamento com prazo má-
no inciso II do parágrafo único do art. 81; ximo de 5 (cinco) anos, preservados o mínimo
III – erga omnes, apenas no caso de procedên- existencial, nos termos da regulamentação, e as
cia do pedido, para beneficiar todas as vítimas garantias e as formas de pagamento original-
e seus sucessores, na hipótese do inciso III do mente pactuadas.
parágrafo único do art. 81. § 1o Excluem-se do processo de repactuação
§ 1o Os efeitos da coisa julgada previstos nos as dívidas, ainda que decorrentes de relações
Normas principais

incisos I e II não prejudicarão interesses e direi- de consumo, oriundas de contratos celebrados


tos individuais dos integrantes da coletividade, dolosamente sem o propósito de realizar pa-
do grupo, categoria ou classe. gamento, bem como as dívidas provenientes
§ 2o Na hipótese prevista no inciso III, em de contratos de crédito com garantia real, de
caso de improcedência do pedido, os interes- financiamentos imobiliários e de crédito rural.
sados que não tiverem intervindo no processo 33
§ 2o O não comparecimento injustificado § 1o Serão considerados no processo por su-
de qualquer credor, ou de seu procurador com perendividamento, se for o caso, os documentos
poderes especiais e plenos para transigir, à au- e as informações prestadas em audiência.
diência de conciliação de que trata o caput deste § 2o No prazo de 15 (quinze) dias, os cre-
artigo acarretará a suspensão da exigibilidade dores citados juntarão documentos e as razões
do débito e a interrupção dos encargos da mora, da negativa de aceder ao plano voluntário ou
bem como a sujeição compulsória ao plano de renegociar.
de pagamento da dívida se o montante devido § 3o O juiz poderá nomear administrador,
ao credor ausente for certo e conhecido pelo desde que isso não onere as partes, o qual, no
consumidor, devendo o pagamento a esse cre- prazo de até 30 (trinta) dias, após cumpridas
dor ser estipulado para ocorrer apenas após o as diligências eventualmente necessárias, apre-
pagamento aos credores presentes à audiência sentará plano de pagamento que contemple
conciliatória. medidas de temporização ou de atenuação dos
§ 3o No caso de conciliação, com qualquer encargos.
credor, a sentença judicial que homologar o § 4o O plano judicial compulsório assegurará
acordo descreverá o plano de pagamento da aos credores, no mínimo, o valor do principal
dívida e terá eficácia de título executivo e força devido, corrigido monetariamente por índices
de coisa julgada. oficiais de preço, e preverá a liquidação total da
§ 4o Constarão do plano de pagamento re- dívida, após a quitação do plano de pagamento
ferido no § 3o deste artigo: consensual previsto no art. 104-A deste Código,
I – medidas de dilação dos prazos de paga- em, no máximo, 5 (cinco) anos, sendo que a
mento e de redução dos encargos da dívida ou primeira parcela será devida no prazo máximo
da remuneração do fornecedor, entre outras de 180 (cento e oitenta) dias, contado de sua
destinadas a facilitar o pagamento da dívida; homologação judicial, e o restante do saldo será
II – referência à suspensão ou à extinção das devido em parcelas mensais iguais e sucessivas.
ações judiciais em curso;
III – data a partir da qual será providenciada Art. 104-C. Compete concorrente e faculta-
a exclusão do consumidor de bancos de dados tivamente aos órgãos públicos integrantes do
e de cadastros de inadimplentes; Sistema Nacional de Defesa do Consumidor a
IV – condicionamento de seus efeitos à fase conciliatória e preventiva do processo de
abstenção, pelo consumidor, de condutas que repactuação de dívidas, nos moldes do art. 104-
importem no agravamento de sua situação de A deste Código, no que couber, com possibili-
superendividamento. dade de o processo ser regulado por convênios
§ 5o O pedido do consumidor a que se refere específicos celebrados entre os referidos órgãos
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

o caput deste artigo não importará em declara- e as instituições credoras ou suas associações.
ção de insolvência civil e poderá ser repetido § 1o Em caso de conciliação administra-
somente após decorrido o prazo de 2 (dois) anos, tiva para prevenir o superendividamento do
contado da liquidação das obrigações previstas consumidor pessoa natural, os órgãos públicos
no plano de pagamento homologado, sem pre- poderão promover, nas reclamações individuais,
juízo de eventual repactuação. audiência global de conciliação com todos os
credores e, em todos os casos, facilitar a ela-
Art. 104-B. Se não houver êxito na concilia- boração de plano de pagamento, preservado
ção em relação a quaisquer credores, o juiz, a o mínimo existencial, nos termos da regula-
pedido do consumidor, instaurará processo por mentação, sob a supervisão desses órgãos, sem
superendividamento para revisão e integração prejuízo das demais atividades de reeducação
dos contratos e repactuação das dívidas rema- financeira cabíveis.
nescentes mediante plano judicial compulsório § 2o O acordo firmado perante os órgãos
e procederá à citação de todos os credores cujos públicos de defesa do consumidor, em caso de
créditos não tenham integrado o acordo por- superendividamento do consumidor pessoa
34 ventura celebrado. natural, incluirá a data a partir da qual será pro-
videnciada a exclusão do consumidor de ban- preços, abastecimento, quantidade e segurança
cos de dados e de cadastros de inadimplentes, de bens e serviços;
bem como o condicionamento de seus efeitos IX – incentivar, inclusive com recursos fi-
à abstenção, pelo consumidor, de condutas que nanceiros e outros programas especiais, a for-
importem no agravamento de sua situação de mação de entidades de defesa do consumidor
superendividamento, especialmente a de con- pela população e pelos órgãos públicos estaduais
trair novas dívidas. e municipais;
X – (Vetado);
XI – (Vetado);
TÍTULO IV – Do Sistema Nacional de XII – (Vetado);
Defesa do Consumidor XIII – desenvolver outras atividades compa-
tíveis com suas finalidades.
Art. 105. Integram o Sistema Nacional de De- Parágrafo único. Para a consecução de seus
fesa do Consumidor (SNDC) os órgãos federais, objetivos, o Departamento Nacional de Defesa
estaduais, do Distrito Federal e municipais e as do Consumidor poderá solicitar o concurso de
entidades privadas de defesa do consumidor. órgãos e entidades de notória especialização
técnico-científica.
Art. 106. O Departamento Nacional de Defe-
sa do Consumidor, da Secretaria Nacional de
Direito Econômico (MJ), ou órgão federal que TÍTULO V – Da Convenção Coletiva de
venha substituí-lo, é organismo de coordenação Consumo
da política do Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor, cabendo-lhe: Art. 107. As entidades civis de consumidores
I – planejar, elaborar, propor, coordenar e as associações de fornecedores ou sindicatos
e executar a política nacional de proteção ao de categoria econômica podem regular, por
consumidor; convenção escrita, relações de consumo que te-
II – receber, analisar, avaliar e encaminhar nham por objeto estabelecer condições relativas
consultas, denúncias ou sugestões apresentadas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia
por entidades representativas ou pessoas jurí- e características de produtos e serviços, bem
dicas de direito público ou privado; como à reclamação e composição do conflito
III – prestar aos consumidores orientação de consumo.
permanente sobre seus direitos e garantias; § 1o A convenção tornar-se-á obrigatória a
IV – informar, conscientizar e motivar o partir do registro do instrumento no cartório
consumidor através dos diferentes meios de de títulos e documentos.
comunicação; § 2o A convenção somente obrigará os filia-
V – solicitar à polícia judiciária a instaura- dos às entidades signatárias.
ção de inquérito policial para a apreciação de § 3o Não se exime de cumprir a convenção o
delito contra os consumidores, nos termos da fornecedor que se desligar da entidade em data
legislação vigente; posterior ao registro do instrumento.
VI – representar ao Ministério Público com-
petente para fins de adoção de medidas proces- Art. 108. (Vetado)
suais no âmbito de suas atribuições;
VII – levar ao conhecimento dos órgãos com-
petentes as infrações de ordem administrativa TÍTULO VI – Disposições Finais
Normas principais

que violarem os interesses difusos, coletivos,


ou individuais dos consumidores; Art. 109. (Vetado)
VIII – solicitar o concurso de órgãos e enti-
dades da União, Estados, do Distrito Federal e Art. 110. Acrescente-se o seguinte inciso IV ao
Municípios, bem como auxiliar a fiscalização de art. 1o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985:
................................................................................ 35
Art. 111. O inciso II do art. 5o da Lei no 7.347, Art. 116. Dê-se a seguinte redação ao art. 18
de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985:
redação: ................................................................................
................................................................................
Art. 117. Acrescente-se à Lei no 7.347, de 24
o o o
Art. 112. O § 3 do art. 5 da Lei n  7.347, de 24 de julho de 1985, o seguinte dispositivo, renu-
de julho de 1985, passa a ter a seguinte redação: merando-se os seguintes:
................................................................................ ................................................................................

Art. 113. Acrescente-se os seguintes §§ 4o, 5o Art. 118. Este Código entrará em vigor dentro
e 6o ao art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de cento e oitenta dias a contar de sua publi-
de 1985: cação.
................................................................................
Art. 119. Revogam-se as disposições em con-
Art. 114. O art. 15 da Lei no 7.347, de 24 de trário.
julho de 1985, passa a ter a seguinte redação:
................................................................................ Brasília, 11 de setembro de 1990; 169o da Inde-
pendência e 102o da República.
Art. 115. Suprima-se o caput do art. 17 da
Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, passando FERNANDO COLLOR
o parágrafo único a constituir o caput, com a
seguinte redação: Promulgada em 11/9/1990, publicada no DOU de
................................................................................ 12/9/1990 – Edição extra – e retificada no DOU de
10/1/2007.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

36
Decreto no 7.962/2013
Regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para dispor sobre a contratação no comércio
eletrônico.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da forma e prazo da execução do serviço ou da


atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso entrega ou disponibilização do produto; e
IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto VI – informações claras e ostensivas a respei-
na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, to de quaisquer restrições à fruição da oferta.

DECRETA:1 Art. 3o Os sítios eletrônicos ou demais meios


eletrônicos utilizados para ofertas de compras
Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 8.078, coletivas ou modalidades análogas de contra-
de 11 de setembro de 1990, para dispor sobre a tação deverão conter, além das informações
contratação no comércio eletrônico, abrangendo previstas no art. 2o, as seguintes:
os seguintes aspectos: I – quantidade mínima de consumidores
I – informações claras a respeito do produto, para a efetivação do contrato;
serviço e do fornecedor; II – prazo para utilização da oferta pelo con-
II – atendimento facilitado ao consumidor; e sumidor; e
III – respeito ao direito de arrependimento. III – identificação do fornecedor responsável
pelo sítio eletrônico e do fornecedor do produto
Art. 2o Os sítios eletrônicos ou demais meios ou serviço ofertado, nos termos dos incisos I
eletrônicos utilizados para oferta ou conclusão e II do art. 2o.
de contrato de consumo devem disponibilizar,
em local de destaque e de fácil visualização, as Art. 4o Para garantir o atendimento facilitado
seguintes informações: ao consumidor no comércio eletrônico, o for-
I – nome empresarial e número de inscrição necedor deverá:
do fornecedor, quando houver, no Cadastro I – apresentar sumário do contrato antes
Nacional de Pessoas Físicas ou no Cadastro da contratação, com as informações necessá-
Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério rias ao pleno exercício do direito de escolha
da Fazenda; do consumidor, enfatizadas as cláusulas que
II – endereço físico e eletrônico, e demais limitem direitos;
informações necessárias para sua localização II – fornecer ferramentas eficazes ao consu-
e contato; midor para identificação e correção imediata de
III – características essenciais do produto erros ocorridos nas etapas anteriores à finali-
ou do serviço, incluídos os riscos à saúde e à zação da contratação;
segurança dos consumidores; III – confirmar imediatamente o recebimento
IV – discriminação, no preço, de quaisquer da aceitação da oferta;
despesas adicionais ou acessórias, tais como as IV – disponibilizar o contrato ao consumi-
de entrega ou seguros; dor em meio que permita sua conservação e
V – condições integrais da oferta, incluídas reprodução, imediatamente após a contratação;
Normas principais

modalidades de pagamento, disponibilidade, V – manter serviço adequado e eficaz de


atendimento em meio eletrônico, que possibi-
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que alteram lite ao consumidor a resolução de demandas
normas, suprimiram-se as alterações determinadas referentes a informação, dúvida, reclamação,
uma vez que já foram incorporadas às normas às suspensão ou cancelamento do contrato;
quais se destinam. 37
VI – confirmar imediatamente o recebimen- § 4o O fornecedor deve enviar ao consumi-
to das demandas do consumidor referidas no dor confirmação imediata do recebimento da
inciso, pelo mesmo meio empregado pelo con- manifestação de arrependimento.
sumidor; e
VII – utilizar mecanismos de segurança efi- Art. 6o As contratações no comércio eletrônico
cazes para pagamento e para tratamento de deverão observar o cumprimento das condições
dados do consumidor. da oferta, com a entrega dos produtos e serviços
Parágrafo único. A manifestação do forne- contratados, observados prazos, quantidade,
cedor às demandas previstas no inciso V do qualidade e adequação.
caput será encaminhada em até cinco dias ao
consumidor. Art. 7o A inobservância das condutas descritas
neste Decreto ensejará aplicação das sanções
Art. 5o O fornecedor deve informar, de forma previstas no art. 56 da Lei no 8.078, de 1990.
clara e ostensiva, os meios adequados e eficazes
para o exercício do direito de arrependimento Art. 8o O Decreto no 5.903, de 20 de setem-
pelo consumidor. bro de 2006, passa a vigorar com as seguintes
§ 1o O consumidor poderá exercer seu direi- alterações:
to de arrependimento pela mesma ferramenta ................................................................................
utilizada para a contratação, sem prejuízo de
outros meios disponibilizados. Art. 9o Este Decreto entra em vigor sessenta
§ 2o O exercício do direito de arrependimen- dias após a data de sua publicação.
to implica a rescisão dos contratos acessórios,
sem qualquer ônus para o consumidor. Brasília, 15 de março de 2013; 192o da Indepen-
§ 3o O exercício do direito de arrependi- dência e 125o da República.
mento será comunicado imediatamente pelo
fornecedor à instituição financeira ou à adminis- DILMA ROUSSEFF
tradora do cartão de crédito ou similar, para que:
I – a transação não seja lançada na fatura do Decretado em 15/3/2013 e publicado no DOU de
consumidor; ou 15/3/2013 – Edição extra.
II – seja efetivado o estorno do valor, caso o
lançamento na fatura já tenha sido realizado.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

38
Decreto no 6.523/2008
Regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para fixar normas gerais sobre o Serviço
de Atendimento ao Consumidor – SAC.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da Art. 4o O SAC garantirá ao consumidor, no


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, primeiro menu eletrônico, as opções de contato
da Constituição, e tendo em vista o disposto na com o atendente, de reclamação e de cancela-
Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, mento de contratos e serviços.
§ 1o A opção de contatar o atendimento
DECRETA: pessoal constará de todas as subdivisões do
menu eletrônico.
Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 8.078, § 2o O consumidor não terá a sua ligação
de 11 de setembro de 1990, e fixa normas gerais finalizada pelo fornecedor antes da conclusão
sobre o Serviço de Atendimento ao Consumidor do atendimento.
– SAC por telefone, no âmbito dos fornecedo- § 3o O acesso inicial ao atendente não será
res de serviços regulados pelo Poder Público condicionado ao prévio fornecimento de dados
federal, com vistas à observância dos direitos pelo consumidor.
básicos do consumidor de obter informação § 4o Regulamentação específica tratará do
adequada e clara sobre os serviços que contra- tempo máximo necessário para o contato di-
tar e de manter-se protegido contra práticas reto com o atendente, quando essa opção for
abusivas ou ilegais impostas no fornecimento selecionada.
desses serviços.
Art. 5o O SAC estará disponível, ininterrup-
tamente, durante vinte e quatro horas por dia
CAPÍTULO I – Do Âmbito da Aplicação e sete dias por semana, ressalvado o disposto
em normas específicas.
Art. 2o Para os fins deste Decreto, compreen-
de-se por SAC o serviço de atendimento telefô- Art. 6o O acesso das pessoas com deficiência
nico das prestadoras de serviços regulados que auditiva ou de fala será garantido pelo SAC, em
tenham como finalidade resolver as demandas caráter preferencial, facultado à empresa atribuir
dos consumidores sobre informação, dúvida, número telefônico específico para este fim.
reclamação, suspensão ou cancelamento de
contratos e de serviços. Art. 7o O número do SAC constará de forma
Parágrafo único. Excluem-se do âmbito de clara e objetiva em todos os documentos e ma-
aplicação deste Decreto a oferta e a contratação teriais impressos entregues ao consumidor no
de produtos e serviços realizadas por telefone. momento da contratação do serviço e durante
o seu fornecimento, bem como na página ele-
trônica da empresa na INTERNET.
CAPÍTULO II – Da Acessibilidade do Parágrafo único. No caso de empresa ou gru-
Serviço po empresarial que oferte serviços conjuntamen-
Normas principais

te, será garantido ao consumidor o acesso, ainda


Art. 3o As ligações para o SAC serão gratuitas que por meio de diversos números de telefone,
e o atendimento das solicitações e demandas a canal único que possibilite o atendimento de
previsto neste Decreto não deverá resultar em demanda relativa a qualquer um dos serviços
qualquer ônus para o consumidor. oferecidos.
39
CAPÍTULO III – Da Qualidade do CAPÍTULO IV – Do Acompanhamento de
Atendimento Demandas

Art. 8o O SAC obedecerá aos princípios da Art. 15. Será permitido o acompanhamento
dignidade, boa-fé, transparência, eficiência, pelo consumidor de todas as suas demandas
eficácia, celeridade e cordialidade. por meio de registro numérico, que lhe será
informado no início do atendimento.
Art. 9o O atendente, para exercer suas funções § 1o Para fins do disposto no caput, será uti-
no SAC, deve ser capacitado com as habilidades lizada sequência numérica única para identificar
técnicas e procedimentais necessárias para rea- todos os atendimentos.
lizar o adequado atendimento ao consumidor, § 2o O registro numérico, com data, hora
em linguagem clara. e objeto da demanda, será informado ao con-
sumidor e, se por este solicitado, enviado por
Art. 10. Ressalvados os casos de reclamação e correspondência ou por meio eletrônico, a cri-
de cancelamento de serviços, o SAC garantirá tério do consumidor.
a transferência imediata ao setor competente § 3o É obrigatória a manutenção da grava-
para atendimento definitivo da demanda, caso ção das chamadas efetuadas para o SAC, pelo
o primeiro atendente não tenha essa atribuição. prazo mínimo de noventa dias, durante o qual
§ 1o A transferência dessa ligação será efe- o consumidor poderá requerer acesso ao seu
tivada em até sessenta segundos. conteúdo.
§ 2o Nos casos de reclamação e cancelamento § 4o O registro eletrônico do atendimen-
de serviço, não será admitida a transferência da to será mantido à disposição do consumidor
ligação, devendo todos os atendentes possuir e do órgão ou entidade fiscalizadora por um
atribuições para executar essas funções. período mínimo de dois anos após a solução
§ 3o O sistema informatizado garantirá ao da demanda.
atendente o acesso ao histórico de demandas
do consumidor. Art. 16. O consumidor terá direito de acesso
ao conteúdo do histórico de suas demandas, que
Art. 11. Os dados pessoais do consumidor se- lhe será enviado, quando solicitado, no prazo
rão preservados, mantidos em sigilo e utilizados máximo de setenta e duas horas, por correspon-
exclusivamente para os fins do atendimento. dência ou por meio eletrônico, a seu critério.

Art. 12. É vedado solicitar a repetição da de-


manda do consumidor após seu registro pelo CAPÍTULO V – Do Procedimento para a
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

primeiro atendente. Resolução de Demandas

Art. 13. O sistema informatizado deve ser Art. 17. As informações solicitadas pelo con-
programado tecnicamente de modo a garantir sumidor serão prestadas imediatamente e suas
a agilidade, a segurança das informações e o reclamações, resolvidas no prazo máximo de
respeito ao consumidor. cinco dias úteis a contar do registro.
§ 1o O consumidor será informado sobre a
Art. 14. É vedada a veiculação de mensagens resolução de sua demanda e, sempre que solici-
publicitárias durante o tempo de espera para o tar, ser-lhe-á enviada a comprovação pertinente
atendimento, salvo se houver prévio consenti- por correspondência ou por meio eletrônico, a
mento do consumidor. seu critério.
§ 2o A resposta do fornecedor será clara e
objetiva e deverá abordar todos os pontos da
demanda do consumidor.
§ 3o Quando a demanda versar sobre serviço
40 não solicitado ou cobrança indevida, a cobrança
será suspensa imediatamente, salvo se o forne- previstas no art. 56 da Lei no 8.078, de 1990,
cedor indicar o instrumento por meio do qual o sem prejuízo das constantes dos regulamentos
serviço foi contratado e comprovar que o valor específicos dos órgãos e entidades reguladoras.
é efetivamente devido.
Art. 20. Os órgãos competentes, quando ne-
cessário, expedirão normas complementares
CAPÍTULO VI – Do Pedido de e específicas para execução do disposto neste
Cancelamento do Serviço Decreto.

Art. 18. O SAC receberá e processará imedia- Art. 21. Os direitos previstos neste Decreto não
tamente o pedido de cancelamento de serviço excluem outros, decorrentes de regulamentações
feito pelo consumidor. expedidas pelos órgãos e entidades reguladores,
§ 1o O pedido de cancelamento será permi- desde que mais benéficos para o consumidor.
tido e assegurado ao consumidor por todos os
meios disponíveis para a contratação do serviço. Art. 22. Este Decreto entra em vigor em 1o de
§ 2o Os efeitos do cancelamento serão ime- dezembro de 2008.
diatos à solicitação do consumidor, ainda que o
seu processamento técnico necessite de prazo, Brasília, 31 de julho de 2008; 187o da Indepen-
e independe de seu adimplemento contratual. dência e 120o da República.
§ 3o O comprovante do pedido de cancela-
mento será expedido por correspondência ou LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
por meio eletrônico, a critério do consumidor.
Decretado em 31/7/2008 e publicado no DOU de
1o/8/2008.
CAPÍTULO VII – Das Disposições Finais

Art. 19. A inobservância das condutas descri-


tas neste Decreto ensejará aplicação das sanções

Normas principais

41
Decreto no 5.903/2006
Regulamenta a Lei no 10.962, de 11 de outubro de 2004, e a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da Parágrafo único. No caso de outorga de


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, crédito, como nas hipóteses de financiamento
da Constituição, e tendo em vista o disposto na ou parcelamento, deverão ser também discri-
Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, e na Lei minados:
no 10.962, de 11 de outubro de 2004, I – o valor total a ser pago com financia-
mento;
DECRETA: II – o número, periodicidade e valor das
prestações;
Art. 1 o Este Decreto regulamenta a Lei III – os juros; e
no 10.962, de 11 de outubro de 2004, e dispõe IV – os eventuais acréscimos e encargos que
sobre as práticas infracionais que atentam con- incidirem sobre o valor do financiamento ou
tra o direito básico do consumidor de obter parcelamento.
informação adequada e clara sobre produtos
e serviços, previstas na Lei no 8.078, de 11 de Art. 4o Os preços dos produtos e serviços
setembro de 1990. expostos à venda devem ficar sempre visíveis
aos consumidores enquanto o estabelecimento
Art. 2o Os preços de produtos e serviços deve- estiver aberto ao público.
rão ser informados adequadamente, de modo Parágrafo único. A montagem, rearranjo
a garantir ao consumidor a correção, clareza, ou limpeza, se em horário de funcionamento,
precisão, ostensividade e legibilidade das infor- deve ser feito sem prejuízo das informações
mações prestadas. relativas aos preços de produtos ou serviços
§ 1o Para efeito do disposto no caput deste expostos à venda.
artigo, considera-se:
I – correção, a informação verdadeira que Art. 5o Na hipótese de afixação de preços de
não seja capaz de induzir o consumidor em erro; bens e serviços para o consumidor, em vitrines
II – clareza, a informação que pode ser en- e no comércio em geral, de que trata o inciso I
tendida de imediato e com facilidade pelo con- do art. 2o da Lei no 10.962, de 2004, a etiqueta ou
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

sumidor, sem abreviaturas que dificultem a sua similar afixada diretamente no produto exposto
compreensão, e sem a necessidade de qualquer à venda deverá ter sua face principal voltada ao
interpretação ou cálculo; consumidor, a fim de garantir a pronta visualiza-
III – precisão, a informação que seja exata, ção do preço, independentemente de solicitação
definida e que esteja física ou visualmente li- do consumidor ou intervenção do comerciante.
gada ao produto a que se refere, sem nenhum Parágrafo único. Entende-se como similar
embaraço físico ou visual interposto; qualquer meio físico que esteja unido ao pro-
IV – ostensividade, a informação que seja de duto e gere efeitos visuais equivalentes aos da
fácil percepção, dispensando qualquer esforço etiqueta.
na sua assimilação; e
V – legibilidade, a informação que seja visível Art. 6o Os preços de bens e serviços para o
e indelével. consumidor nos estabelecimentos comerciais de
que trata o inciso II do art. 2o da Lei no 10.962,
Art. 3o O preço de produto ou serviço deverá de 2004, admitem as seguintes modalidades
ser informado discriminando-se o total à vista. de afixação:
42 I – direta ou impressa na própria embalagem;
II – de código referencial; ou e a distância que os separa, demonstrando gra-
III – de código de barras. ficamente o cumprimento da distância máxima
§ 1o Na afixação direta ou impressão na pró- fixada neste artigo.
pria embalagem do produto, será observado o
disposto no art. 5o deste Decreto. Art. 8o A modalidade de relação de preços de
§ 2o A utilização da modalidade de afixação produtos expostos e de serviços oferecidos aos
de código referencial deverá atender às seguintes consumidores somente poderá ser empregada
exigências: quando for impossível o uso das modalidades
I – a relação dos códigos e seus respectivos descritas nos arts. 5o e 6o deste Decreto.
preços devem estar visualmente unidos e pró- § 1o A relação de preços de produtos ou
ximos dos produtos a que se referem, e ime- serviços expostos à venda deve ter sua face
diatamente perceptível ao consumidor, sem a principal voltada ao consumidor, de forma a
necessidade de qualquer esforço ou desloca- garantir a pronta visualização do preço, inde-
mento de sua parte; e pendentemente de solicitação do consumidor
II – o código referencial deve estar fisicamen- ou intervenção do comerciante.
te ligado ao produto, em contraste de cores e § 2o A relação de preços deverá ser também
em tamanho suficientes que permitam a pronta afixada, externamente, nas entradas de restau-
identificação pelo consumidor. rantes, bares, casas noturnas e similares.
§ 3o Na modalidade de afixação de código
de barras, deverão ser observados os seguintes Art. 9o Configuram infrações ao direito bá-
requisitos: sico do consumidor à informação adequada e
I – as informações relativas ao preço à vista, clara sobre os diferentes produtos e serviços,
características e código do produto deverão estar sujeitando o infrator às penalidades previstas
a ele visualmente unidas, garantindo a pronta na Lei no 8.078, de 1990, as seguintes condutas:
identificação pelo consumidor; I – utilizar letras cujo tamanho não seja uni-
II – a informação sobre as características do forme ou dificulte a percepção da informação,
item deve compreender o nome, quantidade e considerada a distância normal de visualização
demais elementos que o particularizem; e do consumidor;
III – as informações deverão ser disponibi- II – expor preços com as cores das letras e
lizadas em etiquetas com caracteres ostensivos do fundo idêntico ou semelhante;
e em cores de destaque em relação ao fundo. III – utilizar caracteres apagados, rasurados
ou borrados;
Art. 7o Na hipótese de utilização do código IV – informar preços apenas em parcelas,
de barras para apreçamento, os fornecedores obrigando o consumidor ao cálculo do total;
deverão disponibilizar, na área de vendas, para V – informar preços em moeda estrangeira,
consulta de preços pelo consumidor, equipa- desacompanhados de sua conversão em moeda
mentos de leitura ótica em perfeito estado de corrente nacional, em caracteres de igual ou
funcionamento. superior destaque;
§ 1o Os leitores óticos deverão ser indicados VI – utilizar referência que deixa dúvida
por cartazes suspensos que informem a sua quanto à identificação do item ao qual se refere;
localização. VII – atribuir preços distintos para o mesmo
§ 2o Os leitores óticos deverão ser dispostos item; e
na área de vendas, observada a distância máxima VIII – expor informação redigida na vertical
de quinze metros entre qualquer produto e a ou outro ângulo que dificulte a percepção.
Normas principais

leitora ótica mais próxima.


§ 3o Para efeito de fiscalização, os fornecedo- Art. 10. A aplicação do disposto neste Decre-
res deverão prestar as informações necessárias to dar-se-á sem prejuízo de outras normas de
aos agentes fiscais mediante disponibilização de controle incluídas na competência de demais
croqui da área de vendas, com a identificação órgãos e entidades federais.
clara e precisa da localização dos leitores óticos 43
Parágrafo único. O disposto nos arts. 2o, 3o Brasília, 20 de setembro de 2006; 185o da Inde-
o
e 9 deste Decreto aplica-se às contratações no pendência e 118o da República.
comércio eletrônico.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Art. 11. Este Decreto entra em vigor noventa
dias após sua publicação. Decretado em 20/9/2006 e publicado no DOU de
21/9/2006.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

44
Decreto no 2.181/1997
Dispõe sobre a organização do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC, estabelece as
normas gerais de aplicação das sanções administrativas previstas na Lei no 8.078, de 11 de setembro
de 1990, revoga o Decreto no 861, de 9 julho de 1993, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da IV – informar, conscientizar e motivar o con-


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da sumidor, por intermédio dos diferentes meios
Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei de comunicação;
no 8.078, de 11 de setembro de 1990, V – solicitar à polícia judiciária a instauração
de inquérito para apuração de delito contra o
DECRETA: consumidor, nos termos da legislação vigente;
VI – representar ao Ministério Público
Art. 1o Fica organizado o Sistema Nacional de competente, para fins de adoção de medidas
Defesa do Consumidor – SNDC e estabelecidas processuais, penais e civis, no âmbito de suas
as normas gerais de aplicação das sanções ad- atribuições;
ministrativas, nos termos da Lei no 8.078, de 11 VII – levar ao conhecimento dos órgãos com-
de setembro de 1990. petentes as infrações de ordem administrativa
que violarem os interesses difusos, coletivos ou
individuais dos consumidores;
CAPÍTULO I – Do Sistema Nacional de VIII – solicitar o concurso de órgãos e enti-
Defesa do Consumidor dades da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, bem como auxiliar na fisca-
Art. 2o Integram o SNDC a Secretaria Nacional lização de preços, abastecimento, quantidade e
do Consumidor do Ministério da Justiça e os segurança de produtos e serviços;
demais órgãos federais, estaduais, do Distrito IX – incentivar, inclusive com recursos finan-
Federal, municipais e as entidades civis de defesa ceiros e outros programas especiais, a criação de
do consumidor. órgãos públicos estaduais e municipais de defesa
do consumidor e a formação, pelos cidadãos, de
entidades com esse mesmo objetivo;
CAPÍTULO II – Da Competência dos Órgãos X – fiscalizar e aplicar as sanções administrati-
Integrantes do SNDC vas previstas na Lei no 8.078, de 1990, e em outras
normas pertinentes à defesa do consumidor;
Art. 3o Compete à Secretaria Nacional do Con- XI – solicitar o concurso de órgãos e entidades
sumidor do Ministério da Justiça, a coordenação de notória especialização técnico-científica para
da política do Sistema Nacional de Defesa do a consecução de seus objetivos;
Consumidor, cabendo-lhe: XII – celebrar convênios e termos de ajusta-
I – planejar, elaborar, propor, coordenar e mento de conduta, na forma do § 6o do art. 5o
executar a política nacional de proteção e defesa da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985;
do consumidor; XIII – elaborar e divulgar o cadastro nacional
II – receber, analisar, avaliar e apurar consultas de reclamações fundamentadas contra fornece-
Normas principais

e denúncias apresentadas por entidades repre- dores de produtos e serviços, a que se refere o
sentativas ou pessoas jurídicas de direito público art. 44 da Lei no 8.078, de 1990;
ou privado ou por consumidores individuais; XIV – desenvolver outras atividades compa-
III – prestar aos consumidores orientação tíveis com suas finalidades.
permanente sobre seus direitos e garantias;
45
Art. 4o No âmbito de sua jurisdição e competên- Consumidor poderão celebrar compromissos
cia, caberá ao órgão estadual, do Distrito Federal de ajustamento de conduta às exigências legais,
e municipal de proteção e defesa do consumidor, nos termos do § 6o do art. 5o da Lei no 7.347, de
criado, na forma da lei, especificamente para este 1985, na órbita de suas respectivas competências.
fim, exercitar as atividades contidas nos incisos § 1o A celebração de termo de ajustamento
II a XII do art. 3o deste Decreto e, ainda: de conduta não impede que outro, desde que
I – planejar, elaborar, propor, coordenar e mais vantajoso para o consumidor, seja lavrado
executar a política estadual, do Distrito Federal por quaisquer das pessoas jurídicas de direito
e municipal de proteção e defesa do consumidor, público integrantes do SNDC.
nas suas respectivas áreas de atuação; § 2o A qualquer tempo, o órgão subscritor
II – dar atendimento aos consumidores, pro- poderá, diante de novas informações ou se as-
cessando, regularmente, as reclamações funda- sim as circunstâncias o exigirem, retificar ou
mentadas; complementar o acordo firmado, determinando
III – fiscalizar as relações de consumo; outras providências que se fizerem necessárias,
IV – funcionar, no processo administrativo, sob pena de invalidade imediata do ato, dando-se
como instância de instrução e julgamento, no seguimento ao procedimento administrativo
âmbito de sua competência, dentro das regras eventualmente arquivado.
fixadas pela Lei no 8.078, de 1990, pela legislação § 3o O compromisso de ajustamento conterá,
complementar e por este Decreto; entre outras, cláusulas que estipulem condições
V – elaborar e divulgar anualmente, no âmbito sobre:
de sua competência, o cadastro de reclamações I – obrigação do fornecedor de adequar sua
fundamentadas contra fornecedores de produtos conduta às exigências legais, no prazo ajustado;
e serviços, de que trata o art. 44 da Lei no 8.078, II – pena pecuniária, diária, pelo descum-
de 1990 e remeter cópia à Secretaria Nacional do primento do ajustado, levando-se em conta os
Consumidor do Ministério da Justiça; seguintes critérios:
VI – desenvolver outras atividades compatí- a) o valor global da operação investigada;
veis com suas finalidades. b) o valor do produto ou serviço em questão;
c) os antecedentes do infrator;
Art. 5o Qualquer entidade ou órgão da Admi- d) a situação econômica do infrator;
nistração Pública, federal, estadual e municipal, III – ressarcimento das despesas de investi-
destinado à defesa dos interesses e direitos do gação da infração e instrução do procedimento
consumidor, tem, no âmbito de suas respectivas administrativo.
competências, atribuição para apurar e punir § 4o A celebração do compromisso de ajus-
infrações a este Decreto e à legislação das rela- tamento suspenderá o curso do processo ad-
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

ções de consumo. ministrativo, se instaurado, que somente será


Parágrafo único. Se instaurado mais de um arquivado após atendidas todas as condições
processo administrativo por pessoas jurídicas estabelecidas no respectivo termo.
de direito público distintas, para apuração de § 5o O descumprimento do termo de ajus-
infração decorrente de um mesmo fato impu- tamento de conduta acarretará a perda dos be-
tado ao mesmo fornecedor, eventual conflito de nefícios concedidos ao compromissário, sem
competência será dirimido pela Secretaria Na- prejuízo da pena pecuniária diária a que se refere
cional do Consumidor do Ministério da Justiça e o inciso II do caput do § 3o.
Segurança Pública, que poderá ouvir o Conselho § 6o Os recursos provenientes de termo de
Nacional de Defesa do Consumidor, considerada ajustamento de conduta deverão ser utilizados
a competência federativa para legislar sobre a nos termos do disposto no art. 13 da Lei no 7.347,
respectiva atividade econômica. de 1985.

Art. 6o As entidades e órgãos da Administra- Art. 6o-A. O termo de ajustamento de conduta


ção Pública destinados à defesa dos interesses poderá estipular obrigações de fazer ou compen-
46 e direitos protegidos pelo Código de Defesa do satórias a serem cumpridas pelo compromissário.
Parágrafo único. As obrigações de que trata o Art. 11. Sem exclusão da responsabilidade dos
caput deverão ser estimadas, preferencialmente, órgãos que compõem o SNDC, os agentes de
em valor monetário. que trata o artigo anterior responderão pelos
atos que praticarem quando investidos da ação
Art. 7o Compete aos demais órgãos públicos fiscalizadora.
federais, estaduais, do Distrito Federal e muni-
cipais que passarem a integrar o SNDC fiscali-
zar as relações de consumo, no âmbito de sua SEÇÃO II – Das Práticas Infrativas
competência, e autuar, na forma da legislação, os
responsáveis por práticas que violem os direitos Art. 12. São consideradas práticas infrativas:
do consumidor. I – condicionar o fornecimento de produto
ou serviço ao fornecimento de outro produto
Art. 8o As entidades civis de proteção e de- ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites
fesa do consumidor, legalmente constituídas, quantitativos;
poderão: II – recusar atendimento às demandas dos
I – encaminhar denúncias aos órgãos públicos consumidores na exata medida de sua disponi-
de proteção e defesa do consumidor, para as bilidade de estoque e, ainda, de conformidade
providências legais cabíveis; com os usos e costumes;
II – representar o consumidor em juízo, ob- III – recusar, sem motivo justificado, atendi-
servado o disposto no inciso IV do art. 82 da mento à demanda dos consumidores de serviços;
Lei no 8.078, de 1990; IV – enviar ou entregar ao consumidor qual-
III – exercer outras atividades correlatas. quer produto ou fornecer qualquer serviço, sem
solicitação prévia;
V – prevalecer-se da fraqueza ou ignorância
CAPÍTULO III – Da Fiscalização, das do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde,
Práticas Infrativas e das Penalidades conhecimento ou condição social, para impin-
Administrativas gir-lhe seus produtos ou serviços;
SEÇÃO I – Da Fiscalização VI – exigir do consumidor vantagem mani-
festamente excessiva;
Art. 9o A fiscalização das relações de consu- VII – executar serviços sem a prévia elabo-
mo de que tratam a Lei no 8.078, de 1990, este ração de orçamento e autorização expressa do
Decreto e as demais normas de defesa do con- consumidor, ressalvadas as decorrentes de prá-
sumidor será exercida em todo o território na- ticas anteriores entre as partes;
cional pela Secretaria Nacional do Consumidor VIII – repassar informação depreciativa
do Ministério da Justiça, pelos órgãos federais referente a ato praticado pelo consumidor no
integrantes do Sistema Nacional de Defesa do exercício de seus direitos;
Consumidor, pelos órgãos conveniados com a IX – colocar, no mercado de consumo, qual-
Secretaria e pelos órgãos de proteção e defesa quer produto ou serviço:
do consumidor criados pelos Estados, Distrito a) em desacordo com as normas expedidas
Federal e Municípios, em suas respectivas áreas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas
de atuação e competência. específicas não existirem, pela Associação Bra-
sileira de Normas Técnicas – ABNT ou outra
Art. 10. A fiscalização de que trata este Decreto entidade credenciada pelo Conselho Nacional
será efetuada por agentes fiscais, oficialmente de Metrologia, Normalização e Qualidade In-
Normas principais

designados, vinculados aos respectivos órgãos dustrial – Conmetro, observado o disposto no


de proteção e defesa do consumidor, no âmbito inciso VI do caput do art. 3o da Lei no 13.874,
federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, de 20 de setembro de 2019;
devidamente credenciados mediante Cédula b) que acarrete riscos à saúde ou à segurança
de Identificação Fiscal, admitida a delegação dos consumidores e sem informações ostensivas
mediante convênio. e adequadas, inclusive no caso de oferta ou de 47
aquisição de produto ou serviço por meio de incorreção retificada em tempo hábil ou exclu-
provedor de aplicação; sivamente atribuível ao veículo de comunicação,
c) em desacordo com as indicações constan- sem prejuízo, inclusive nessas duas hipóteses,
tes do recipiente, da embalagem, da rotulagem ou do cumprimento forçado do anunciado ou do
mensagem publicitária, respeitadas as variações ressarcimento de perdas e danos sofridos pelo
decorrentes de sua natureza; consumidor, assegurado o direito de regresso do
d) impróprio ou inadequado ao consumo a anunciante contra seu segurador ou responsável
que se destina ou que lhe diminua o valor; direto;
X – deixar de reexecutar os serviços, quando VII – omitir, nas ofertas ou vendas eletrôni-
cabível, sem custo adicional; cas, por telefone ou reembolso postal, o nome
XI – deixar de estipular prazo para o cum- e endereço do fabricante ou do importador na
primento de sua obrigação ou deixar a fixação embalagem, na publicidade e nos impressos uti-
ou variação de seu termo inicial a seu exclusivo lizados na transação comercial;
critério. VIII – deixar de cumprir, no caso de forneci-
mento de produtos e serviços, o regime de preços
Art. 13. Serão consideradas, ainda, práticas tabelados, congelados, administrados, fixados
infrativas, na forma dos dispositivos da Lei ou controlados pelo Poder Público;
no 8.078, de 1990: IX – submeter o consumidor inadimplente a
I – ofertar produtos ou serviços sem as in- ridículo ou a qualquer tipo de constrangimento
formações corretas, claras, precisas e ostensivas, ou ameaça;
em língua portuguesa, sobre suas características, X – impedir ou dificultar o acesso gratuito
qualidade, quantidade, composição, preço, con- do consumidor às informações existentes em
dições de pagamento, juros, encargos, garantia, cadastros, fichas, registros de dados pessoais e
prazos de validade e origem, entre outros dados de consumo, arquivados sobre ele, bem como
relevantes; sobre as respectivas fontes;
II – deixar de comunicar à autoridade com- XI – elaborar cadastros de consumo com da-
petente a periculosidade do produto ou serviço, dos irreais ou imprecisos;
quando do lançamento dos mesmos no mercado XII – manter cadastros e dados de consumi-
de consumo, ou quando da verificação posterior dores com informações negativas, divergentes
da existência do risco; da proteção legal;
III – deixar de comunicar aos consumidores, XIIII – deixar de comunicar, por escrito, ao
por meio de anúncios publicitários, a periculo- consumidor a abertura de cadastro, ficha, registro
sidade do produto ou serviço, quando do lan- de dados pessoais e de consumo, quando não
çamento dos mesmos no mercado de consumo, solicitada por ele;
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

ou quando da verificação posterior da existência XIV – deixar de corrigir, imediata e gratuita-


do risco; mente, a inexatidão de dados e cadastros, quando
IV – deixar de reparar os danos causados solicitado pelo consumidor;
aos consumidores por defeitos decorrentes de XV – deixar de comunicar ao consumidor, no
projetos, fabricação, construção, montagem, ma- prazo de cinco dias úteis, as correções cadastrais
nipulação, apresentação ou acondicionamento por ele solicitadas;
de seus produtos ou serviços, ou por informa- XVI – impedir, dificultar ou negar, sem justa
ções insuficientes ou inadequadas sobre a sua causa, o cumprimento das declarações constantes
utilização e risco; de escritos particulares, recibos e pré-contratos
V – deixar de empregar componentes de re- concernentes às relações de consumo;
posição originais, adequados e novos, ou que XVII – omitir em impressos, catálogos ou
mantenham as especificações técnicas do fabri- comunicações, impedir, dificultar ou negar a
cante, salvo se existir autorização em contrário desistência contratual, no prazo de até sete dias
do consumidor; a contar da assinatura do contrato ou do ato
VI – deixar de cumprir a oferta, publicitária de recebimento do produto ou serviço, sempre
48 ou não, suficientemente precisa, ressalvada a que a contratação ocorrer fora do estabeleci-
mento comercial, especialmente por telefone citário inteira ou parcialmente falsa, ou, por
ou a domicílio; qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz
XVIII – impedir, dificultar ou negar a devo- de induzir a erro o consumidor a respeito da
lução dos valores pagos, monetariamente atua- natureza, características, qualidade, quantidade,
lizados, durante o prazo de reflexão, em caso de propriedade, origem, preço e de quaisquer outros
desistência do contrato pelo consumidor; dados sobre produtos ou serviços.
XIX – deixar de entregar o termo de garantia, § 1o É enganosa, por omissão, a publicidade
devidamente preenchido com as informações que deixar de informar sobre dado essencial do
previstas no parágrafo único do art. 50 da Lei produto ou serviço a ser colocado à disposição
no 8.078, de 1990; dos consumidores.
XX – deixar, em contratos que envolvam § 2o É abusiva, entre outras, a publicidade
vendas a prazo ou com cartão de crédito, de discriminatória de qualquer natureza, que incite
informar por escrito ao consumidor, prévia e à violência, explore o medo ou a superstição,
adequadamente, inclusive nas comunicações se aproveite da deficiência de julgamento e da
publicitárias, o preço do produto ou do serviço inexperiência da criança, desrespeite valores am-
em moeda corrente nacional, o montante dos bientais, seja capaz de induzir o consumidor a se
juros de mora e da taxa efetiva anual de juros, comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua
os acréscimos legal e contratualmente previstos, saúde ou segurança, ou que viole normas legais
o número e a periodicidade das prestações e, ou regulamentares de controle da publicidade.
com igual destaque, a soma total a pagar, com § 3o O ônus da prova da veracidade (não
ou sem financiamento; enganosidade) e da correção (não abusividade)
XXI – deixar de assegurar a oferta de compo- da informação ou comunicação publicitária cabe
nentes e peças de reposição, enquanto não cessar a quem as patrocina.
a fabricação ou importação do produto, e, caso § 4o Para fins do disposto neste artigo, enten-
cessadas, de manter a oferta de componentes de-se por publicidade a veiculação de mensagem,
e peças de reposição por período razoável de em meio analógico ou digital, inclusive por meio
tempo, nunca inferior à vida útil do produto de provedor de aplicação, que vise a promover a
ou serviço; oferta ou a aquisição de produto ou de serviço
XXII – propor ou aplicar índices ou formas disponibilizado no mercado de consumo.
de reajuste alternativos, bem como fazê-lo em
desacordo com aquele que seja legal ou contra- Art. 14-A. Para fins do disposto no art. 14, o
tualmente permitido; órgão de proteção e defesa do consumidor deverá
XXIII – recusar a venda de produto ou a considerar as práticas de autorregulação adotadas
prestação de serviços, publicamente ofertados, pelo mercado de publicidade em geral.
diretamente a quem se dispõe a adquiri-los me-
diante pronto pagamento, ressalvados os casos Art. 15. O processo referente ao fornecedor de
regulados em leis especiais; produtos ou de serviços que tenha sido acionado
XXIV – deixar de trocar o produto impróprio, em mais de um Estado pelo mesmo fato gerador
inadequado, ou de valor diminuído, por outro de prática infrativa poderá ser remetido ao órgão
da mesma espécie, em perfeitas condições de coordenador do SNDC pela autoridade máxima
uso, ou de restituir imediatamente a quantia do sistema estadual.
paga, devidamente corrigida, ou fazer abatimento § 1o O órgão coordenador do SNDC apurará
proporcional do preço, a critério do consumidor. o fato e aplicará as sanções cabíveis, ouvido o
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nos in- Conselho Nacional de Defesa do Consumidor.
Normas principais

cisos I, II, III e VII do caput à oferta e à aquisição § 2o Na hipótese de a autoridade máxima
de produto ou de serviço por meio de provedor do sistema estadual optar por não encaminhar
de aplicação. o processo, o fato deverá ser comunicado ao
órgão coordenador do SNDC.
Art. 14. É enganosa qualquer modalidade de
informação ou comunicação de caráter publi- 49
Art. 16. Nos casos de processos administrativos § 2o As penalidades previstas neste artigo
em trâmite em mais de um Estado, que envolvam serão aplicadas pelos órgãos oficiais integrantes
interesses difusos ou coletivos, a Secretaria Na- do SNDC, sem prejuízo das atribuições do órgão
cional do Consumidor do Ministério da Justiça normativo ou regulador da atividade, na forma
e Segurança Pública poderá avocá-los, ouvido o da legislação vigente.
Conselho Nacional de Defesa do Consumidor, e § 3o As penalidades previstas nos incisos III
as autoridades máximas dos sistemas estaduais. a XI deste artigo sujeitam-se a posterior confir-
mação pelo órgão normativo ou regulador da
Art. 17. As práticas infrativas classificam-se em: atividade, nos limites de sua competência.
I – leves: aquelas em que forem verificadas
somente circunstâncias atenuantes; Art. 19. Toda pessoa física ou jurídica que fizer
II – graves: aquelas em que forem verificadas ou promover publicidade enganosa ou abusiva
circunstâncias agravantes. ficará sujeita à pena de multa, cumulada com
aquelas previstas no artigo anterior, sem pre-
juízo da competência de outros órgãos admi-
SEÇÃO III – Das Penalidades nistrativos.
Administrativas Parágrafo único. Incide também nas penas
deste artigo o fornecedor que:
Art. 18. A inobservância das normas contidas a) deixar de organizar ou negar aos legítimos
na Lei no 8.078, de 1990, e das demais normas interessados os dados fáticos, técnicos e científi-
de defesa do consumidor constituirá prática cos que dão sustentação à mensagem publicitária;
infrativa e sujeitará o fornecedor às seguintes b) veicular publicidade de forma que o con-
penalidades, que poderão ser aplicadas isolada sumidor não possa, fácil e imediatamente, iden-
ou cumulativamente, inclusive de forma cautelar, tificá-la como tal.
antecedente ou incidente no processo adminis-
trativo, sem prejuízo das de natureza cível, penal Art. 20. Sujeitam-se à pena de multa os órgãos
e das definidas em normas específicas: públicos que, por si ou suas empresas concessio-
I – multa; nárias, permissionárias ou sob qualquer outra
II – apreensão do produto; forma de empreendimento, deixarem de fornecer
III – inutilização do produto; serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto
IV – cassação do registro do produto junto aos essenciais, contínuos.
ao órgão competente;
V – proibição de fabricação do produto; Art. 21. A aplicação da sanção prevista no in-
VI – suspensão de fornecimento de produtos ciso II do art. 18 terá lugar quando os produtos
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

ou serviços; forem comercializados em desacordo com as es-


VII – suspensão temporária de atividade; pecificações técnicas estabelecidas em legislação
VIII – revogação de concessão ou permissão própria, na Lei no 8.078, de 1990, e neste Decreto.
de uso; § 1o Os bens apreendidos, a critério da autori-
IX – cassação de licença do estabelecimento dade, poderão ficar sob a guarda do proprietário,
ou de atividade; responsável, preposto ou empregado que respon-
X – interdição, total ou parcial, de estabele- da pelo gerenciamento do negócio, nomeado fiel
cimento, de obra ou de atividade; depositário, mediante termo próprio, proibida
XI – intervenção administrativa; a venda, utilização, substituição, subtração ou
XII – imposição de contrapropaganda. remoção, total ou parcial, dos referidos bens.
§ 1o Responderá pela prática infrativa, su- § 2o A retirada de produto por parte da au-
jeitando-se às sanções administrativas previstas toridade fiscalizadora não poderá incidir sobre
neste Decreto, quem por ação ou omissão lhe quantidade superior àquela necessária à reali-
der causa, concorrer para sua prática ou dela zação da análise pericial.
se beneficiar.
50
Art. 22. Será aplicada multa ao fornecedor de XV – restringir direitos ou obrigações funda-
produtos ou serviços que, direta ou indireta- mentais à natureza do contrato, de tal modo a
mente, inserir, fizer circular ou utilizar-se de ameaçar o seu objeto ou o equilíbrio contratual;
cláusula abusiva, qualquer que seja a modalidade XVI – onerar excessivamente o consumidor,
do contrato de consumo, inclusive nas opera- considerando-se a natureza e o conteúdo do
ções securitárias, bancárias, de crédito direto contrato, o interesse das partes e outras circuns-
ao consumidor, depósito, poupança, mútuo ou tâncias peculiares à espécie;
financiamento, e especialmente quando: XVII – determinar, nos contratos de compra
I – impossibilitar, exonerar ou atenuar a e venda mediante pagamento em prestações, ou
responsabilidade do fornecedor por vícios de nas alienações fiduciárias em garantia, a perda
qualquer natureza dos produtos e serviços ou total das prestações pagas, em benefício do cre-
implicar renúncia ou disposição de direito do dor que, em razão do inadimplemento, pleitear
consumidor; a resilição do contrato e a retomada do produto
II – deixar de reembolsar ao consumidor alienado, ressalvada a cobrança judicial de perdas
a quantia já paga, nos casos previstos na Lei e danos comprovadamente sofridos;
no 8.078, de 1990; XVIII – anunciar, oferecer ou estipular pa-
III – transferir responsabilidades a terceiros; gamento em moeda estrangeira, salvo nos casos
IV – estabelecer obrigações consideradas iní- previstos em lei;
quas ou abusivas, que coloquem o consumidor XIX – cobrar multas de mora superiores a
em desvantagem exagerada, incompatíveis com dois por cento, decorrentes do inadimplemento
a boa-fé ou a equidade; de obrigação no seu termo, conforme o disposto
V – estabelecer inversão do ônus da prova no § 1o do art. 52 da Lei no 8.078, de 1990, com
em prejuízo do consumidor; a redação dada pela Lei no 9.298, de 1o de agosto
VI – determinar a utilização compulsória de de 1996;
arbitragem; XX – impedir, dificultar ou negar ao consu-
VII – impuser representante para concluir ou midor a liquidação antecipada do débito, total
realizar outro negócio jurídico pelo consumidor; ou parcialmente, mediante redução proporcio-
VIII – deixar ao fornecedor a opção de con- nal dos juros, encargos e demais acréscimos,
cluir ou não o contrato, embora obrigando o inclusive seguro;
consumidor; XXI – fizer constar do contrato alguma das
IX – permitir ao fornecedor, direta ou indi- cláusulas abusivas a que se refere o art. 56 deste
retamente, variação unilateral do preço, juros, Decreto;
encargos, forma de pagamento ou atualização XXII – elaborar contrato, inclusive o de ade-
monetária; são, sem utilizar termos claros, caracteres os-
X – autorizar o fornecedor a cancelar o con- tensivos e legíveis, que permitam sua imediata
trato unilateralmente, sem que igual direito seja e fácil compreensão, destacando-se as cláusulas
conferido ao consumidor, ou permitir, nos con- que impliquem obrigação ou limitação dos direi-
tratos de longa duração ou de trato sucessivo, tos contratuais do consumidor, inclusive com a
o cancelamento sem justa causa e motivação, utilização de tipos de letra e cores diferenciados,
mesmo que dada ao consumidor a mesma opção; entre outros recursos gráficos e visuais;
XI – obrigar o consumidor a ressarcir os cus- XXIII – que impeça a troca de produto im-
tos de cobrança de sua obrigação, sem que igual próprio, inadequado, ou de valor diminuído, por
direito lhe seja conferido contra o fornecedor; outro da mesma espécie, em perfeitas condições
XII – autorizar o fornecedor a modificar de uso, ou a restituição imediata da quantia paga,
Normas principais

unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do devidamente corrigida, ou fazer abatimento pro-


contrato após sua celebração; porcional do preço, a critério do consumidor.
XIII – infringir normas ambientais ou pos- Parágrafo único. Dependendo da gravidade
sibilitar sua violação; da infração prevista nos incisos dos arts. 12,
XIV – possibilitar a renúncia ao direito de 13 e deste artigo, a pena de multa poderá ser
indenização por benfeitorias necessárias; cumulada com as demais previstas no art. 18, 51
sem prejuízo da competência de outros órgãos VIII – dissimular-se a natureza ilícita do ato
administrativos. ou atividade;
IX – ser a conduta infrativa praticada apro-
Art. 23. Os serviços prestados e os produtos re- veitando-se o infrator de grave crise econômica
metidos ou entregues ao consumidor, na hipótese ou da condição cultural, social ou econômica da
prevista no inciso IV do art. 12 deste Decreto, vítima, ou, ainda, por ocasião de calamidade.
equiparam-se às amostras grátis, inexistindo Parágrafo único. Para fins de reconhecimento
obrigação de pagamento. da circunstância agravante de que trata o inciso
VI do caput, a Secretaria Nacional do Consumi-
Art. 24. Para a imposição da pena e sua grada- dor do Ministério da Justiça e Segurança Pública
ção, serão considerados: manterá e regulamentará banco de dados, ga-
I – as circunstâncias atenuantes e agravantes; rantido o acesso dos demais órgãos e entidades
II – os antecedentes do infrator, nos termos federais, estaduais, distritais e municipais de
do art. 28 deste Decreto. defesa do consumidor, com vistas a subsidiar a
atuação no âmbito dos processos administrativos
Art. 25. Consideram-se circunstâncias ate- sancionadores.
nuantes:
I – a ação do infrator não ter sido fundamental Art. 26-A. As circunstâncias agravantes e ate-
para a consecução do fato; nuantes, de que tratam os art. 25 e art. 26, têm
II – ser o infrator primário; natureza taxativa e não comportam ampliação
III – ter o infrator adotado as providências por meio de ato dos órgãos de proteção e defesa
pertinentes para minimizar ou de imediato re- do consumidor.
parar os efeitos do ato lesivo;
IV – a confissão do infrator; Art. 27. Considera-se reincidência a repetição
V – a participação regular do infrator em de prática infrativa, de qualquer natureza, às
projetos e ações de capacitação e treinamento normas de defesa do consumidor, punida por
oferecidos pelos órgãos integrantes do SNDC; e decisão administrativa irrecorrível.
VI – ter o fornecedor aderido à plataforma Parágrafo único. Para efeito de reincidência,
Consumidor.gov.br, de que trata o Decreto não prevalece a sanção anterior, se entre a data
no 8.573, de 19 de novembro de 2015. da decisão administrativa definitiva e aquela da
prática posterior houver decorrido período de
Art. 26. Consideram-se circunstâncias agra- tempo superior a cinco anos.
vantes:
I – ser o infrator reincidente; Art. 28. Observado o disposto no art. 24 pela
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

II – ter o infrator, comprovadamente, co- autoridade competente e respeitados os parâme-


metido a prática infrativa para obter vantagens tros estabelecidos no parágrafo único do art. 57
indevidas; da Lei no 8.078, de 1990, a pena de multa fixada
III – trazer a prática infrativa consequências considerará:
danosas à saúde ou à segurança do consumidor; I – a gravidade da prática infrativa;
IV – deixar o infrator, tendo conhecimento do II – a extensão do dano causado aos consu-
ato lesivo, de tomar as providências para evitar midores;
ou mitigar suas consequências; III – a vantagem auferida com o ato infrativo;
V – ter o infrator agido com dolo; IV – a condição econômica do infrator; e
VI – ocasionar a prática infrativa dano cole- V – a proporcionalidade entre a gravidade da
tivo ou ter caráter repetitivo; falta e a intensidade da sanção.
VII – ter a prática infrativa ocorrido em detri-
mento de menor de dezoito ou maior de sessenta Art. 28-A. Na fixação da pena de multa, os
anos ou de pessoas portadoras de deficiência elementos que forem utilizados para a fixação da
física, mental ou sensorial, interditadas ou não; pena-base não poderão ser valorados novamente
52 como circunstâncias agravantes ou atenuantes.
Art. 28-B. Ato do Secretário Nacional do Con- CAPÍTULO V – Do Processo Administrativo
sumidor do Ministério da Justiça e Segurança SEÇÃO I – Das Disposições Gerais
Pública poderá estabelecer critérios gerais para:
I – a valoração das circunstâncias agravantes Art. 33. As práticas infrativas às normas de
e atenuantes, de que tratam os art. 25 e art. 26; e proteção e defesa do consumidor serão apuradas
II – a fixação da pena-base para a aplicação em processo administrativo sancionador, que
da pena de multa. terá início mediante:
I – ato, por escrito, da autoridade compe-
tente; e
CAPÍTULO IV – Da Destinação da Multa e II – lavratura de auto de infração.
da Administração dos Recursos III – (Revogado).
§ 1o Antecedendo à instauração do processo
Art. 29. A multa de que trata o inciso I do art. 56 administrativo, poderá a autoridade competen-
e caput do art. 57 da Lei no 8.078, de 1990, rever- te abrir investigação preliminar, cabendo, para
terá para o Fundo pertinente à pessoa jurídica tanto, requisitar dos fornecedores informações
de direito público que impuser a sanção, gerido sobre as questões investigados, resguardado o
pelo respectivo Conselho Gestor. segredo industrial, na forma do disposto no § 4o
Parágrafo único. As multas arrecadadas pela do art. 55 da Lei no 8.078, de 1990.
União e órgãos federais reverterão para o Fundo § 2o A recusa à prestação das informações ou
de Direitos Difusos de que tratam a Lei no 7.347, o desrespeito às determinações e convocações
de 1985, e Lei no 9.008, de 21 de março de 1995, dos órgãos do SNDC caracterizam desobediên-
gerido pelo Conselho Federal Gestor do Fundo cia, na forma do art. 330 do Código Penal, fi-
de Defesa dos Direitos Difusos – CFDD. cando a autoridade administrativa com poderes
para determinar a imediata cessação da prática,
Art. 30. As multas arrecadadas serão destina- além da imposição das sanções administrativas
das para a reconstituição dos bens lesados, nos e civis cabíveis.
termos do disposto no caput do art. 13 da Lei § 3o A autoridade administrativa poderá de-
no 7.347, de 1985, após aprovação pelo respectivo terminar, no curso das averiguações preliminares
Conselho Gestor, em cada unidade federativa. e dos processos administrativos sancionadores,
a adoção de medidas cautelares, nos termos do
Art. 31. Na ausência de Fundos municipais, os disposto no art. 18, com ou sem oitiva prévia da
recursos serão depositados no Fundo do respec- pessoa que estará sujeita a seus efeitos.
tivo Estado e, faltando este, no Fundo federal. § 4o Na hipótese de ser indicada a baixa lesão
Parágrafo único. O Conselho Federal Gestor ao bem jurídico tutelado, inclusive em relação
do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos poderá aos custos de persecução, a autoridade adminis-
apreciar e autorizar recursos para projetos espe- trativa, mediante ato motivado, poderá deixar de
ciais de órgãos e entidades federais, estaduais e instaurar processo administrativo sancionador.
municipais de defesa do consumidor. § 5o Para fins do disposto no § 4o, a autori-
dade administrativa deverá utilizar outros ins-
Art. 32. Na hipótese de multa aplicada pelo trumentos e medidas de supervisão, observados
órgão coordenador do SNDC nos casos previstos os princípios da finalidade, da motivação, da
pelo art. 15 deste Decreto, o Conselho Federal razoabilidade e da eficiência.
Gestor do FDD restituirá aos fundos dos Estados
envolvidos o percentual de até oitenta por cento
Normas principais

do valor arrecadado. SEÇÃO I-A – Das Averiguações Preliminares

Art. 33-A. A averiguação preliminar é o pro-


cedimento investigatório de natureza inquisi-
torial, instaurado pela autoridade competente
de proteção e defesa do consumidor, quando 53
os indícios ainda não forem suficientes para a SEÇÃO III – Dos Autos de Infração, de
instauração imediata de processo administrativo Apreensão e do Termo de Depósito
sancionador.
§ 1o Na averiguação preliminar, a autoridade Art. 35. Os Autos de Infração, de Apreensão
competente poderá exercer quaisquer competên- e o Termo de Depósito deverão ser impressos,
cias instrutórias legalmente previstas, inclusive numerados em série e preenchidos de forma clara
requerer esclarecimentos do representado ou de e precisa, sem entrelinhas, rasuras ou emendas,
terceiros, por escrito ou pessoalmente. mencionando:
§ 2o Da averiguação preliminar poderá re- I – o Auto de Infração:
sultar: a) o local, a data e a hora da lavratura;
I – a instauração de processo administrativo b) o nome, o endereço e a qualificação do
sancionador; ou autuado;
II – o arquivamento do caso. c) a descrição do fato ou do ato constitutivo
§ 3o A averiguação preliminar poderá ser da infração;
desmembrada, quando conveniente para a ins- d) o dispositivo legal infringido;
trução do caso. e) a determinação da exigência e a intimação
para cumpri-la ou impugná-la no prazo estabe-
Art. 33-B. No prazo de até vinte dias após a lecido no caput do art. 42;
publicação oficial da decisão que resultar no f) a identificação do agente autuante, sua
arquivamento da averiguação preliminar, o su- assinatura, a indicação do seu cargo ou função
perior hierárquico do órgão prolator da decisão e o número de sua matrícula;
poderá avocar o processo, de ofício ou mediante g) a designação do órgão julgador e o res-
provocação. pectivo endereço;
Parágrafo único. A autoridade responsável h) a assinatura do autuado;
por avocar a averiguação preliminar poderá: i) a cientificação do autuado para apresentar
I – ratificar a decisão de arquivamento; ou defesa no prazo estabelecido no caput do art. 42
II – determinar o retorno dos autos à au- e especificar as provas que pretende produzir,
toridade competente para a continuidade da de modo a declinar, se for o caso, a qualificação
averiguação preliminar ou para a instauração completa de até três testemunhas, mediante for-
de processo administrativo sancionatório, con- necimento do motivo para o seu arrolamento e
forme o caso. sempre que possível:
1. do nome;
2. da profissão;
SEÇÃO II – Da Reclamação 3. do estado civil;
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

4. da idade;
Art. 34. O consumidor poderá apresentar a 5. do número de inscrição no Cadastro de
sua reclamação pessoalmente ou por meio de Pessoas Físicas;
telegrama, carta, telex, fac-símile ou qualquer 6. do número de registro da identidade; e
outro meio de comunicação, físico ou eletrônico, 7. do endereço completo da residência e do
a qualquer órgão oficial de proteção e defesa do local de trabalho;
consumidor. II – o Auto de Apreensão e o Termo de De-
Parágrafo único. As reclamações apresentadas pósito:
na forma prevista no caput orientarão a imple- a) o local, a data e a hora da lavratura;
mentação das políticas públicas de proteção e b) o nome, o endereço e a qualificação do
defesa do consumidor. depositário;
c) a descrição e a quantidade dos produtos
apreendidos;
d) as razões e os fundamentos da apreensão;
e) o local onde o produto ficará armazenado;
54
f) a quantidade de amostra colhida para ou inexistente, nos termos do disposto na Lei
análise; no 13.874, de 2019.
g) a identificação do agente autuante, sua § 1o Para fins do disposto no caput, o critério
assinatura, a indicação do seu cargo ou função de dupla visita para lavratura de auto de infração
e o número de sua matrícula; será observado, exceto na hipótese de ocorrência
h) a assinatura do depositário; de reincidência, fraude, resistência ou embaraço
i) as proibições contidas no § 1o do art. 21 à fiscalização.
deste Decreto. § 2o A inobservância do critério de dupla
visita, nos termos do disposto no § 1o, implica
Art. 36. Os Autos de Infração, de Apreensão e nulidade do auto de infração, independente-
o Termo de Depósito serão lavrados pelo agente mente da natureza da obrigação.
autuante que houver verificado a prática infra- § 3o Os órgãos e as entidades da administra-
tiva, preferencialmente no local onde foi com- ção pública federal, estadual, distrital e munici-
provada a irregularidade. pal deverão observar o princípio do tratamento
diferenciado, simplificado e favorecido previsto
Art. 37. Os Autos de Infração, de Apreensão e na Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro
o Termo de Depósito serão lavrados em impres- de 2006, na fixação de valores decorrentes de
so próprio, composto de três vias, numeradas multas e demais sanções administrativas.
tipograficamente.
§ 1o Quando necessário, para comprovação
de infração, os Autos serão acompanhados de SEÇÃO IV – Da Instauração do Processo
laudo pericial. Administrativo por Ato de Autoridade
§ 2o Quando a verificação do defeito ou ví- Competente
cio relativo à qualidade, oferta e apresentação
de produtos não depender de perícia, o agente Art. 39. O processo administrativo sancionador
competente consignará o fato no respectivo Auto. de que trata o art. 33 poderá ser instaurado de
§ 3o Os autos de infração, de apreensão e o ofício pela autoridade competente ou a pedido
termo de depósito poderão ser formalizados, do interessado.
comunicados e transmitidos em meio eletrônico, Parágrafo único. Na hipótese de a investiga-
observado o disposto na legislação aplicável. ção preliminar não resultar em processo admi-
nistrativo com base em reclamação apresentada
Art. 38. A assinatura nos Autos de Infração, de por consumidor, deverá este ser informado so-
Apreensão e no Termo de Depósito, por parte do bre as razões do arquivamento pela autoridade
autuado, ao receber cópias dos mesmos, constitui competente.
notificação, sem implicar confissão, para os fins
do art. 44 do presente Decreto. Art. 40. O ato que instaurar o processo admi-
Parágrafo único. Em caso de recusa do autua- nistrativo sancionador, na forma do inciso I do
do em assinar os Autos de Infração, de Apreensão caput do art. 33, deverá conter:
e o Termo de Depósito, o Agente competente I – a identificação do infrator;
consignará o fato nos Autos e no Termo, reme- II – a descrição do fato ou ato constitutivo
tendo-os ao autuado por via postal, com Aviso da infração;
de Recebimento (AR) ou outro procedimento III – os dispositivos legais infringidos;
equivalente, tendo os mesmos efeitos do caput IV – a assinatura da autoridade competente; e
deste artigo. V – a determinação de notificação do repre-
Normas principais

sentado para apresentar defesa no prazo estabe-


Art. 38-A. A fiscalização, no âmbito das rela- lecido no caput do art. 42 e especificar as provas
ções de consumo, deverá ser prioritariamente que pretende produzir, de modo a declinar, se
orientadora, quando a atividade econômica for o caso, a qualificação completa de até três
for classificada como de risco leve, irrelevante testemunhas, mediante fornecimento do motivo
para o seu arrolamento e sempre que possível: 55
a) do nome; SEÇÃO V – Das Notificações e das
b) da profissão; Intimações
c) do estado civil;
d) da idade; Art. 42. A autoridade competente expedirá
e) do número de inscrição no Cadastro de notificação ao infrator e fixará prazo de vinte
Pessoas Físicas; dias, contado da data de seu recebimento pelo
f) do número de registro da identidade; e infrator, para apresentação de defesa, nos termos
g) do endereço completo da residência e do do disposto no art. 44.
local de trabalho. § 1o A notificação será acompanhada de
§ 1o O resumo dos fatos a serem apurados cópia de ato de instauração do processo admi-
e a motivação da decisão poderão consistir em nistrativo sancionador e, se for o caso, da nota
declaração de concordância com fundamentos técnica ou de outro ato que o fundamente por
anteriores, pareceres, informações, decisões ou meio de remissão e será feita:
proposta que, nesse caso, serão parte integrante I – por carta registrada ao representado, seu
do ato de instauração. mandatário ou preposto, com aviso de recebi-
§ 2o Até que ocorra a decisão de primeira mento;
instância, o ato de instauração a que se refere o II – por outro meio, físico ou eletrônico, que
caput poderá ser aditado para inclusão de novos assegure a certeza da ciência do representado; ou
representados ou de novos fatos que não tenham III – por mecanismos de cooperação inter-
sido objeto de alegação pelas partes nos autos, nacional.
hipótese em que será reiniciada a contagem do § 2o Na hipótese de notificação de represen-
prazo para a defesa nos limites do aditamento. tados que residam em países que aceitem a noti-
ficação postal direta, a notificação internacional
Art. 40-A. A critério da autoridade processante poderá ser realizada por meio de serviço postal
e por meio de despacho fundamentado, o pro- com aviso de recebimento em nome próprio.
cesso administrativo poderá ser desmembrado § 3o O comparecimento espontâneo do re-
quando: presentado supre a falta ou a nulidade da noti-
I – as infrações tiverem sido praticadas em ficação e nessa data se iniciará a contagem do
circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes; prazo para apresentação de defesa no processo
II – houver número de representados exces- administrativo sancionador.
sivo, para não comprometer a duração razoável
do processo ou dificultar a defesa; Art. 42-A. A intimação dos demais atos pro-
III – houver dificuldade de notificar um ou cessuais será feita por meio de:
mais dos representados; ou I – carta registrada ao representado, ou ao
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

IV – houver outro motivo considerado rele- seu mandatário ou preposto, com aviso de re-
vante pela autoridade processante. cebimento;
II – publicação oficial, da qual constarão os
Art. 40-B. Na hipótese de haver conexão te- nomes do representado e de seu procurador, se
mática entre os processos administrativos e as houver; ou
infrações terem sido praticadas em circunstân- III – por outro meio, físico ou eletrônico, que
cias de tempo ou de lugar similares, a autoridade assegure a certeza da ciência do representado.
processante poderá proceder à juntada de pro- § 1o O representado arguirá a nulidade da
cessos administrativos diferentes com vistas à intimação em capítulo preliminar do próprio
racionalização dos recursos. ato que lhe caiba praticar, o qual será tido por
tempestivo caso o vício seja reconhecido.
Art. 41. A autoridade administrativa poderá § 2o Na hipótese de não ser possível a prática
determinar, na forma de ato próprio, constatação imediata do ato diante da necessidade de acesso
preliminar da ocorrência de prática presumida. prévio aos autos, ao representado será limitado
arguir a nulidade da intimação, caso em que
56
o prazo será contado da data da intimação da IV – de maneira fundamentada, as provas
decisão que a reconheça. que pretende produzir, de modo a declinar a
§ 3o As intimações dirigidas ao endereço qualificação completa de até três testemunhas.
constante dos autos serão presumidas válidas,
ainda que não sejam recebidas pessoalmente pelo Art. 45. Decorrido o prazo da impugnação,
interessado, caso a modificação temporária ou o órgão decisor determinará as diligências ca-
definitiva do endereço não tenha sido comuni- bíveis e:
cada ao órgão processante. I – deverá dispensar as diligências meramente
§ 4o As disposições deste artigo aplicam-se protelatórias ou irrelevantes; e
aos fornecedores que ofereçam produtos ou ser- II – poderá requisitar informações, escla-
viços, por meio de aplicação de internet, desde recimentos ou documentos ao representado, a
que o uso ou a fruição do bem adquirido se dê pessoas físicas ou jurídicas e a órgãos ou enti-
no território nacional. dades públicos, a serem apresentados no prazo
estabelecido.
§ 1o As provas propostas pelo representado
SEÇÃO V-A – Do Amicus Curiae que forem ilícitas, impertinentes, desnecessárias
ou protelatórias serão indeferidas por meio de
Art. 42-B. Considerada a relevância da maté- despacho fundamentado.
ria, a especificidade do tema ou a repercussão § 2o Os depoimentos e as oitivas serão to-
social da demanda, a autoridade competente mados por qualquer servidor em exercício no
poderá, de ofício, a requerimento das partes órgão processante e serão realizados nas de-
ou de quem pretenda se manifestar, solicitar pendências do referido órgão, exceto se houver
ou admitir a participação de pessoa natural ou impossibilidade comprovada de deslocamento
jurídica, órgão ou entidade especializada, com da testemunha, sob as expensas da parte que a
representatividade adequada, na condição de arrolou.
amicus curiae, no prazo de quinze dias, contado § 3o Os depoimentos e as oitivas de que tra-
da data de intimação. tam o § 2o serão realizados preferencialmente
Parágrafo único. A intervenção de que trata por meio de videoconferência ou de recurso
o caput não: tecnológico de transmissão de sons e imagens
I – implicará alteração de competência; ou em tempo real, desde que estejam presentes as
II – autorizará a interposição de recursos. condições técnicas para realização da diligência e
segundo critério de conveniência e oportunidade
da autoridade competente.
SEÇÃO VI – Da Impugnação, da Instrução § 4o Na hipótese de realização de prova tes-
e do Julgamento do Processo Administrativo temunhal, cabe ao representado informar ou
Sancionador intimar a testemunha por ele arrolada o dia, a
hora e o local da audiência designada, dispensada
Art. 43. (Revogado) a intimação por parte do órgão responsável pela
instrução do processo.
Art. 44. O representado poderá impugnar o ato § 5o Na hipótese de que trata o § 4o, o não
que instaurar o processo administrativo sancio- comparecimento injustificado da testemunha
nador, no prazo estabelecido no caput do art. 42, presumirá que a parte desistiu de sua inquirição.
contado da data de sua notificação, de modo a § 6o A juntada de prova documental pode-
indicar em sua defesa: rá ser realizada até o saneamento do processo,
Normas principais

I – a autoridade decisória a quem é dirigida; excetuadas as seguintes hipóteses:


II – a qualificação do impugnante; I – necessidade de demonstração de fato
III – as razões de fato e de direito que funda- ocorrido após o encerramento da instrução
mentam a impugnação; e processual;

57
II – necessidade de contraposição a fato § 2o A decisão condenatória poderá consistir
levantado após o encerramento da instrução em declaração de concordância com pareceres,
processual; notas técnicas ou decisões, hipótese em que in-
III – o documento ter se tornado conhecido, tegrarão o ato decisório.
acessível ou disponível após o encerramento da § 3o (Revogado)
instrução processual, hipótese em que caberá à
parte que os produzir comprovar o motivo que Art. 47. Quando a cominação prevista for a con-
a impediu de juntá-los anteriormente; ou trapropaganda, o processo poderá ser instruído
IV – o documento ter sido formado após a com indicações técnico-publicitárias, das quais
instauração do processo sancionatório. se intimará o autuado, obedecidas, na execução
§ 7o O órgão processante poderá admitir a da respectiva decisão, as condições constantes do
utilização de prova produzida em outro processo, § 1o do art. 60 da Lei no 8.078, de 1990.
administrativo ou judicial, e lhe atribuirá o valor
probatório adequado, observados os princípios
do contraditório e da ampla defesa. SEÇÃO VII – Das Nulidades

Art. 46. A decisão administrativa conterá: Art. 48. A inobservância de forma não acarre-
I – a identificação do representado e, quando tará a nulidade do ato, se não houver prejuízo
for o caso, do representante; para a defesa.
II – o resumo dos fatos imputados ao repre- Parágrafo único. A nulidade prejudica so-
sentado, com a indicação dos dispositivos legais mente os atos posteriores ao ato declarado nulo
infringidos; e dele diretamente dependentes ou de que sejam
III – o sumário das razões de defesa; consequência, cabendo à autoridade que a de-
IV – o registro das principais ocorrências no clarar indicar tais atos e determinar o adequado
andamento do processo; procedimento saneador, se for o caso.
V – a apreciação das provas; e
VI – o dispositivo, com a conclusão a respeito
da configuração da prática infrativa, com a es- SEÇÃO VIII – Dos Recursos Administrativos
pecificação dos fatos que constituam a infração
apurada na hipótese de condenação. Art. 49. Das decisões da autoridade competente
§ 1o Na hipótese de caracterização de infra- do órgão público que aplicou a sanção caberá
ção contra as normas de proteção e defesa do recurso, sem efeito suspensivo, no prazo de dez
consumidor, a decisão também deverá conter: dias, contados da data da intimação da decisão,
I – a indicação das providências a serem to- a seu superior hierárquico, que proferirá decisão
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

madas pelos responsáveis para fazê-la cessar, definitiva.


quando for o caso; Parágrafo único. (Revogado)
II – o prazo no qual deverão ser iniciadas e § 1o Na hipótese de aplicação de multas, o
concluídas as providências referidas no inciso I; recurso será recebido, com efeito suspensivo,
III – a multa estipulada, sua individualização pela autoridade superior.
e sua dosimetria; § 2o A decisão recorrida pode ser confirma-
IV – a multa diária, em caso de continuidade da, total ou parcialmente, pelos seus próprios
da infração; fundamentos.
V – as demais sanções descritas na Lei § 3o Na hipótese prevista no § 2o, a autorida-
no 8.078, de 1990, se for o caso; de competente poderá apenas fazer remissão à
VI – a multa em caso de descumprimento das própria decisão anterior, no caso de confirmação
providências estipuladas, se for o caso; e integral, ou ao trecho confirmado, no caso de
VII – o prazo para pagamento da multa e confirmação parcial, desde que tenham sido
para cumprimento das demais obrigações de- confrontados todos os argumentos deduzidos no
terminadas. recurso capazes, em tese, de infirmar a conclusão
58 adotada na decisão recorrida.
Art. 50. Quando o processo tramitar no âm- § 1o Na elaboração do elenco referido no
bito do Departamento de Proteção e Defesa caput e posteriores inclusões, a consideração
do Consumidor, o julgamento do feito será de sobre a abusividade de cláusulas contratuais se
responsabilidade do Diretor daquele órgão, ca- dará de forma genérica e abstrata.
bendo recurso ao titular da Secretaria Nacional § 2o O rol de cláusulas consideradas abu-
do Consumidor, no prazo de dez dias, contado sivas tem natureza exemplificativa, o que não
da data da intimação da decisão, como segunda impede que outras cláusulas possam ser assim
e última instância recursal. consideradas pelos órgãos da administração
pública incumbidos da defesa dos interesses e
Art. 51. Não será conhecido o recurso inter- direitos protegidos pela Lei no 8.078, de 1990, e
posto fora dos prazos e condições estabelecidos pela legislação correlata, por meio de ato próprio,
neste Decreto. observado o disposto no art. 4o da Lei no 13.874,
de 2019.
Art. 52. Sendo julgada insubsistente a infração, § 3o A apreciação sobre a abusividade de
a autoridade julgadora recorrerá à autoridade cláusulas contratuais, para fins de sua inclusão
imediatamente superior, nos termos fixados nes- no rol a que se refere o caput se dará de ofício
ta Seção, mediante declaração na própria decisão. ou por provocação dos legitimados previstos no
art. 82 da Lei no 8.078, de 1990, ou por terceiros
Art. 53. A decisão é definitiva quando não mais interessados, mediante procedimento de consulta
couber recurso, seja de ordem formal ou material. pública, a ser regulamentado em ato do Secretá-
Parágrafo único. Na hipótese de não caber rio Nacional do Consumidor do Ministério da
mais recursos em relação à aplicação da pena de Justiça e Segurança Pública.
multa, o infrator será notificado para efetuar o § 4o Compete exclusivamente à Secretaria
recolhimento no prazo de dez dias, nos termos Nacional do Consumidor do Ministério da Justi-
do disposto nos art. 29 a art. 32. ça e Segurança Pública elencar as cláusulas abu-
sivas, observadas as disposições deste Decreto,
Art. 54. Todos os prazos referidos nesta Seção quando o fornecedor de produtos ou serviços
são preclusivos. utilizá-las uniformemente em âmbito nacional.

SEÇÃO IX – Da Inscrição na Dívida Ativa SEÇÃO II – Do Cadastro de Fornecedores

Art. 55. Não sendo recolhido o valor da multa Art. 57. Os cadastros de reclamações fun-
em trinta dias, será o débito inscrito em dívida damentadas contra fornecedores constituem
ativa do órgão que houver aplicado a sanção, instrumento essencial de defesa e orientação
para subsequente cobrança executiva. dos consumidores, devendo os órgãos públicos
competentes assegurar sua publicidade, confia-
bilidade e continuidade, nos termos do art. 44
CAPÍTULO VI – Do Elenco de Cláusulas da Lei no 8.078, de 1990.
Abusivas e do Cadastro de Fornecedores
SEÇÃO I – Do Elenco de Cláusulas Abusivas Art. 58. Para os fins deste Decreto, considera-se:
I – cadastro: o resultado dos registros feitos
Art. 56. Na forma do art. 51 da Lei no 8.078, pelos órgãos públicos de defesa do consumidor
de 1990, e com o objetivo de orientar o Sistema de todas as reclamações fundamentadas contra
Normas principais

Nacional de Defesa do Consumidor, a Secretaria fornecedores;


Nacional do Consumidor divulgará, anualmente, II – reclamação fundamentada: a notícia de
elenco complementar de cláusulas contratuais lesão ou ameaça a direito de consumidor anali-
consideradas abusivas, notadamente para o fim sada por órgão público de defesa do consumi-
de aplicação do disposto no inciso IV do caput dor, a requerimento ou de ofício, considerada
do art. 22. procedente, por decisão definitiva. 59
Art. 59. Os órgãos públicos de defesa do con- Art. 62. Os cadastros específicos de cada órgão
sumidor devem providenciar a divulgação pe- público de defesa do consumidor serão consoli-
riódica dos cadastros atualizados de reclamações dados em cadastros gerais, nos âmbitos federal
fundamentadas contra fornecedores. e estadual, aos quais se aplica o disposto nos
§ 1o O cadastro referido no caput deste artigo artigos desta Seção.
será publicado, obrigatoriamente, no órgão de
imprensa oficial local, devendo a entidade res-
ponsável dar-lhe a maior publicidade possível CAPÍTULO VII – Das Disposições Gerais
por meio dos órgãos de comunicação, inclusive
eletrônica. Art. 63. Nos termos do disposto na Lei no 8.078,
§ 2o O cadastro será divulgado anualmente, de 1990, e na legislação complementar, a Secre-
podendo o órgão responsável fazê-lo em período taria Nacional do Consumidor do Ministério da
menor, sempre que julgue necessário, e conterá Justiça e Segurança Pública poderá editar atos
informações objetivas, claras e verdadeiras sobre administrativos com vistas à observância das
o objeto da reclamação, a identificação do for- normas de proteção e defesa do consumidor,
necedor e o atendimento ou não da reclamação facultada a oitiva do Conselho Nacional de De-
pelo fornecedor. fesa do Consumidor.
§ 3o Os cadastros deverão ser atualizados
permanentemente, por meio das devidas anota- Art. 64. Poderão ser lavrados Autos de Com-
ções, não podendo conter informações negativas provação ou Constatação, a fim de estabelecer
sobre fornecedores, referentes a período superior a situação real de mercado, em determinado
a cinco anos, contado da data da intimação da lugar e momento, obedecido o procedimento
decisão definitiva. adequado.

Art. 60. Os cadastros de reclamações funda- Art. 65. Em caso de impedimento à aplicação
mentadas contra fornecedores são considerados do presente Decreto, ficam as autoridades com-
arquivos públicos, sendo informações e fontes petentes autorizadas a requisitar o emprego de
a todos acessíveis, gratuitamente, vedada a uti- força policial.
lização abusiva ou, por qualquer outro modo,
estranha à defesa e orientação dos consumidores, Art. 65-A. As normas procedimentais esta-
ressalvada a hipótese de publicidade compa- belecidas pela Lei no 9.784, de 29 de janeiro de
rativa. 1999, e pela Lei no 13.105, de 16 de março de
2015 – Código de Processo Civil, aplicam-se
Art. 61. O consumidor ou fornecedor poderá subsidiariamente e supletivamente a este Decreto.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

requerer, em cinco dias a contar da divulgação


do cadastro e mediante petição fundamentada, a Art. 66. Este Decreto entra em vigor na data
retificação de informação inexata que nele cons- de sua publicação.
te, bem como a inclusão de informação omitida,
devendo a autoridade competente, no prazo de Art. 67. Fica revogado o Decreto no 861, de 9
dez dias úteis, pronunciar-se, motivadamente, de julho de 1993.
pela procedência ou improcedência do pedido.
Parágrafo único. No caso de acolhimento do Brasília, 20 de março de 1997; 176o da Indepen-
pedido, a autoridade competente providenciará, dência e 109o da República.
no prazo deste artigo, a retificação ou inclusão
de informação e sua divulgação, nos termos do FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
§ 1o do art. 59 deste Decreto.
Decretado em 20/3/1997 e publicado no DOU de
21/3/1997.

60
Lei no 13.455/2017
Dispõe sobre a diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos ao público em função do prazo
ou do instrumento de pagamento utilizado, e altera a Lei no 10.962, de 11 de outubro de 2004.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 2o A Lei no 10.962, de 11 de outubro de


2004, passa a vigorar acrescida do seguinte
Faço saber que o Congresso Nacional decreta art. 5o-A:
e eu sanciono a seguinte Lei:1 ................................................................................

Art. 1o Fica autorizada a diferenciação de pre- Art. 3o Esta Lei entra em vigor na data de sua
ços de bens e serviços oferecidos ao público em publicação.
função do prazo ou do instrumento de paga-
mento utilizado. Brasília, 26 de junho de 2017; 196o da Indepen-
Parágrafo único. É nula a cláusula contratual, dência e 129o da República.
estabelecida no âmbito de arranjos de paga-
mento ou de outros acordos para prestação de MICHEL TEMER
serviço de pagamento, que proíba ou restrinja
a diferenciação de preços facultada no caput Promulgada em 26/6/2017 e publicada no DOU de
deste artigo. 27/6/2017.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que alteram
normas, suprimiram-se as alterações determinadas
uma vez que já foram incorporadas às normas às
62 quais se destinam.
Lei no 12.965/2014
Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA VI – responsabilização dos agentes de acordo


com suas atividades, nos termos da lei;
Faço saber que o Congresso Nacional decreta VII – preservação da natureza participativa
e eu sanciono a seguinte Lei: da rede;
VIII – liberdade dos modelos de negócios
promovidos na internet, desde que não con-
CAPÍTULO I – Disposições Preliminares flitem com os demais princípios estabelecidos
nesta Lei.
Art. 1o Esta Lei estabelece princípios, garantias, Parágrafo único. Os princípios expressos
direitos e deveres para o uso da internet no nesta Lei não excluem outros previstos no orde-
Brasil e determina as diretrizes para atuação da namento jurídico pátrio relacionados à matéria
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos ou nos tratados internacionais em que a Repú-
Municípios em relação à matéria. blica Federativa do Brasil seja parte.

Art. 2o A disciplina do uso da internet no Brasil Art. 4o A disciplina do uso da internet no Brasil
tem como fundamento o respeito à liberdade tem por objetivo a promoção:
de expressão, bem como: I – do direito de acesso à internet a todos;
I – o reconhecimento da escala mundial da II – do acesso à informação, ao conhecimento
rede; e à participação na vida cultural e na condução
II – os direitos humanos, o desenvolvimento dos assuntos públicos;
da personalidade e o exercício da cidadania em III – da inovação e do fomento à ampla di-
meios digitais; fusão de novas tecnologias e modelos de uso
III – a pluralidade e a diversidade; e acesso; e
IV – a abertura e a colaboração; IV – da adesão a padrões tecnológicos abertos
V – a livre iniciativa, a livre concorrência e que permitam a comunicação, a acessibilidade
a defesa do consumidor; e e a interoperabilidade entre aplicações e bases
VI – a finalidade social da rede. de dados.

Art. 3o A disciplina do uso da internet no Brasil Art. 5o Para os efeitos desta Lei, considera-se:
tem os seguintes princípios: I – internet: o sistema constituído do conjun-
I – garantia da liberdade de expressão, co- to de protocolos lógicos, estruturado em escala
municação e manifestação de pensamento, nos mundial para uso público e irrestrito, com a fi-
termos da Constituição Federal; nalidade de possibilitar a comunicação de dados
II – proteção da privacidade; entre terminais por meio de diferentes redes;
III – proteção dos dados pessoais, na forma II – terminal: o computador ou qualquer
da lei; dispositivo que se conecte à internet;
IV – preservação e garantia da neutralidade III – endereço de protocolo de internet (en-
Normas correlatas

de rede; dereço IP): o código atribuído a um terminal


V – preservação da estabilidade, segurança de uma rede para permitir sua identificação,
e funcionalidade da rede, por meio de medidas definido segundo parâmetros internacionais;
técnicas compatíveis com os padrões interna- IV – administrador de sistema autônomo: a
cionais e pelo estímulo ao uso de boas práticas; pessoa física ou jurídica que administra blocos
de endereço IP específicos e o respectivo sistema 63
autônomo de roteamento, devidamente cadas- VI – informações claras e completas constan-
trada no ente nacional responsável pelo registro tes dos contratos de prestação de serviços, com
e distribuição de endereços IP geograficamente detalhamento sobre o regime de proteção aos
referentes ao País; registros de conexão e aos registros de acesso a
V – conexão à internet: a habilitação de um aplicações de internet, bem como sobre práticas
terminal para envio e recebimento de pacotes de gerenciamento da rede que possam afetar
de dados pela internet, mediante a atribuição sua qualidade;
ou autenticação de um endereço IP; VII – não fornecimento a terceiros de seus
VI – registro de conexão: o conjunto de in- dados pessoais, inclusive registros de conexão, e
formações referentes à data e hora de início e de acesso a aplicações de internet, salvo median-
término de uma conexão à internet, sua duração te consentimento livre, expresso e informado
e o endereço IP utilizado pelo terminal para o ou nas hipóteses previstas em lei;
envio e recebimento de pacotes de dados; VIII – informações claras e completas so-
VII – aplicações de internet: o conjunto de bre coleta, uso, armazenamento, tratamento e
funcionalidades que podem ser acessadas por proteção de seus dados pessoais, que somente
meio de um terminal conectado à internet; e poderão ser utilizados para finalidades que:
VIII – registros de acesso a aplicações de a) justifiquem sua coleta;
internet: o conjunto de informações referentes b) não sejam vedadas pela legislação; e
à data e hora de uso de uma determinada apli- c) estejam especificadas nos contratos de
cação de internet a partir de um determinado prestação de serviços ou em termos de uso de
endereço IP. aplicações de internet;
IX – consentimento expresso sobre coleta,
Art. 6o Na interpretação desta Lei serão levados uso, armazenamento e tratamento de dados
em conta, além dos fundamentos, princípios e pessoais, que deverá ocorrer de forma destacada
objetivos previstos, a natureza da internet, seus das demais cláusulas contratuais;
usos e costumes particulares e sua importância X – exclusão definitiva dos dados pessoais
para a promoção do desenvolvimento humano, que tiver fornecido a determinada aplicação
econômico, social e cultural. de internet, a seu requerimento, ao término da
relação entre as partes, ressalvadas as hipóteses
de guarda obrigatória de registros previstas nesta
CAPÍTULO II – Dos Direitos e Garantias Lei e na que dispõe sobre a proteção de dados
dos Usuários pessoais;
XI – publicidade e clareza de eventuais políti-
Art. 7o O acesso à internet é essencial ao exer- cas de uso dos provedores de conexão à internet
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

cício da cidadania, e ao usuário são assegurados e de aplicações de internet;


os seguintes direitos: XII – acessibilidade, consideradas as caracte-
I – inviolabilidade da intimidade e da vida rísticas físico-motoras, perceptivas, sensoriais,
privada, sua proteção e indenização pelo dano intelectuais e mentais do usuário, nos termos
material ou moral decorrente de sua violação; da lei; e
II – inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas XIII – aplicação das normas de proteção e
comunicações pela internet, salvo por ordem defesa do consumidor nas relações de consumo
judicial, na forma da lei; realizadas na internet.
III – inviolabilidade e sigilo de suas comuni-
cações privadas armazenadas, salvo por ordem Art. 8o A garantia do direito à privacidade e
judicial; à liberdade de expressão nas comunicações é
IV – não suspensão da conexão à internet, condição para o pleno exercício do direito de
salvo por débito diretamente decorrente de sua acesso à internet.
utilização; Parágrafo único. São nulas de pleno direito
V – manutenção da qualidade contratada da as cláusulas contratuais que violem o disposto
64 conexão à internet; no caput, tais como aquelas que:
I – impliquem ofensa à inviolabilidade e ao si- SEÇÃO II – Da Proteção aos Registros, aos
gilo das comunicações privadas, pela internet; ou Dados Pessoais e às Comunicações Privadas
II – em contrato de adesão, não ofereçam
como alternativa ao contratante a adoção do Art. 10. A guarda e a disponibilização dos
foro brasileiro para solução de controvérsias registros de conexão e de acesso a aplicações
decorrentes de serviços prestados no Brasil. de internet de que trata esta Lei, bem como de
dados pessoais e do conteúdo de comunicações
privadas, devem atender à preservação da inti-
CAPÍTULO III – Da Provisão de Conexão e midade, da vida privada, da honra e da imagem
de Aplicações de Internet das partes direta ou indiretamente envolvidas.
SEÇÃO I – Da Neutralidade de Rede § 1o O provedor responsável pela guarda so-
mente será obrigado a disponibilizar os registros
Art. 9o O responsável pela transmissão, comu- mencionados no caput, de forma autônoma ou
tação ou roteamento tem o dever de tratar de associados a dados pessoais ou a outras informa-
forma isonômica quaisquer pacotes de dados, ções que possam contribuir para a identificação
sem distinção por conteúdo, origem e destino, do usuário ou do terminal, mediante ordem
serviço, terminal ou aplicação. judicial, na forma do disposto na Seção IV deste
§ 1o A discriminação ou degradação do trá- Capítulo, respeitado o disposto no art. 7o.
fego será regulamentada nos termos das atri- § 2o O conteúdo das comunicações privadas
buições privativas do Presidente da República somente poderá ser disponibilizado mediante
previstas no inciso IV do art. 84 da Constituição ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
Federal, para a fiel execução desta Lei, ouvidos lei estabelecer, respeitado o disposto nos incisos
o Comitê Gestor da Internet e a Agência Na- II e III do art. 7o.
cional de Telecomunicações, e somente poderá § 3o O disposto no caput não impede o aces-
decorrer de: so aos dados cadastrais que informem qualifica-
I – requisitos técnicos indispensáveis à pres- ção pessoal, filiação e endereço, na forma da lei,
tação adequada dos serviços e aplicações; e pelas autoridades administrativas que detenham
II – priorização de serviços de emergência. competência legal para a sua requisição.
§ 2o Na hipótese de discriminação ou degra- § 4o As medidas e os procedimentos de
dação do tráfego prevista no § 1o, o responsável segurança e de sigilo devem ser informados
mencionado no caput deve: pelo responsável pela provisão de serviços de
I – abster-se de causar dano aos usuários, forma clara e atender a padrões definidos em
na forma do art. 927 da Lei no 10.406, de 10 de regulamento, respeitado seu direito de confi-
janeiro de 2002 – Código Civil; dencialidade quanto a segredos empresariais.
II – agir com proporcionalidade, transpa-
rência e isonomia; Art. 11. Em qualquer operação de coleta, ar-
III – informar previamente de modo trans- mazenamento, guarda e tratamento de registros,
parente, claro e suficientemente descritivo aos de dados pessoais ou de comunicações por pro-
seus usuários sobre as práticas de gerenciamento vedores de conexão e de aplicações de internet
e mitigação de tráfego adotadas, inclusive as em que pelo menos um desses atos ocorra em
relacionadas à segurança da rede; e território nacional, deverão ser obrigatoriamente
IV – oferecer serviços em condições comer- respeitados a legislação brasileira e os direitos à
ciais não discriminatórias e abster-se de praticar privacidade, à proteção dos dados pessoais e ao
condutas anticoncorrenciais. sigilo das comunicações privadas e dos registros.
Normas correlatas

§ 3o Na provisão de conexão à internet, one- § 1o O disposto no caput aplica-se aos dados


rosa ou gratuita, bem como na transmissão, coletados em território nacional e ao conteúdo
comutação ou roteamento, é vedado bloquear, das comunicações, desde que pelo menos um
monitorar, filtrar ou analisar o conteúdo dos dos terminais esteja localizado no Brasil.
pacotes de dados, respeitado o disposto neste § 2o O disposto no caput aplica-se mesmo
artigo. que as atividades sejam realizadas por pessoa 65
jurídica sediada no exterior, desde que oferte § 1o A responsabilidade pela manutenção
serviço ao público brasileiro ou pelo menos dos registros de conexão não poderá ser trans-
uma integrante do mesmo grupo econômico ferida a terceiros.
possua estabelecimento no Brasil. § 2o A autoridade policial ou administrativa
§ 3o Os provedores de conexão e de aplica- ou o Ministério Público poderá requerer cau-
ções de internet deverão prestar, na forma da telarmente que os registros de conexão sejam
regulamentação, informações que permitam a guardados por prazo superior ao previsto no
verificação quanto ao cumprimento da legis- caput.
lação brasileira referente à coleta, à guarda, ao § 3o Na hipótese do § 2o, a autoridade reque-
armazenamento ou ao tratamento de dados, rente terá o prazo de 60 (sessenta) dias, contados
bem como quanto ao respeito à privacidade e a partir do requerimento, para ingressar com
ao sigilo de comunicações. o pedido de autorização judicial de acesso aos
§ 4o Decreto regulamentará o procedimento registros previstos no caput.
para apuração de infrações ao disposto neste § 4o O provedor responsável pela guarda
artigo. dos registros deverá manter sigilo em relação
ao requerimento previsto no § 2o, que perderá
Art. 12. Sem prejuízo das demais sanções cí- sua eficácia caso o pedido de autorização judicial
veis, criminais ou administrativas, as infrações às seja indeferido ou não tenha sido protocolado
normas previstas nos arts. 10 e 11 ficam sujeitas, no prazo previsto no § 3o.
conforme o caso, às seguintes sanções, aplicadas § 5o Em qualquer hipótese, a disponibili-
de forma isolada ou cumulativa: zação ao requerente dos registros de que trata
I – advertência, com indicação de prazo para este artigo deverá ser precedida de autorização
adoção de medidas corretivas; judicial, conforme disposto na Seção IV deste
II – multa de até 10% (dez por cento) do Capítulo.
faturamento do grupo econômico no Brasil § 6o Na aplicação de sanções pelo descum-
no seu último exercício, excluídos os tributos, primento ao disposto neste artigo, serão con-
considerados a condição econômica do infra- siderados a natureza e a gravidade da infração,
tor e o princípio da proporcionalidade entre a os danos dela resultantes, eventual vantagem
gravidade da falta e a intensidade da sanção; auferida pelo infrator, as circunstâncias agravan-
III – suspensão temporária das atividades tes, os antecedentes do infrator e a reincidência.
que envolvam os atos previstos no art. 11; ou
IV – proibição de exercício das atividades que
envolvam os atos previstos no art. 11. SUBSEÇÃO II – Da Guarda de Registros de
Parágrafo único. Tratando-se de empresa Acesso a Aplicações de Internet na Provisão
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

estrangeira, responde solidariamente pelo pa- de Conexão


gamento da multa de que trata o caput sua filial,
sucursal, escritório ou estabelecimento situado Art. 14. Na provisão de conexão, onerosa ou
no País. gratuita, é vedado guardar os registros de acesso
a aplicações de internet.

SUBSEÇÃO I – Da Guarda de Registros de


Conexão SUBSEÇÃO III – Da Guarda de Registros de
Acesso a Aplicações de Internet na Provisão
Art. 13. Na provisão de conexão à internet, de Aplicações
cabe ao administrador de sistema autônomo
respectivo o dever de manter os registros de Art. 15. O provedor de aplicações de inter-
conexão, sob sigilo, em ambiente controlado net constituído na forma de pessoa jurídica e
e de segurança, pelo prazo de 1 (um) ano, nos que exerça essa atividade de forma organizada,
termos do regulamento. profissionalmente e com fins econômicos de-
66 verá manter os respectivos registros de acesso a
aplicações de internet, sob sigilo, em ambiente SEÇÃO III – Da Responsabilidade por
controlado e de segurança, pelo prazo de 6 (seis) Danos Decorrentes de Conteúdo Gerado por
meses, nos termos do regulamento. Terceiros
§ 1o Ordem judicial poderá obrigar, por tem-
po certo, os provedores de aplicações de internet Art. 18. O provedor de conexão à internet não
que não estão sujeitos ao disposto no caput a será responsabilizado civilmente por danos de-
guardarem registros de acesso a aplicações de correntes de conteúdo gerado por terceiros.
internet, desde que se trate de registros relativos
a fatos específicos em período determinado. Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade
§ 2o A autoridade policial ou administrativa de expressão e impedir a censura, o provedor
ou o Ministério Público poderão requerer cau- de aplicações de internet somente poderá ser
telarmente a qualquer provedor de aplicações responsabilizado civilmente por danos decor-
de internet que os registros de acesso a aplica- rentes de conteúdo gerado por terceiros se, após
ções de internet sejam guardados, inclusive por ordem judicial específica, não tomar as provi-
prazo superior ao previsto no caput, observado dências para, no âmbito e nos limites técnicos
o disposto nos §§ 3o e 4o do art. 13. do seu serviço e dentro do prazo assinalado,
§ 3o Em qualquer hipótese, a disponibili- tornar indisponível o conteúdo apontado como
zação ao requerente dos registros de que trata infringente, ressalvadas as disposições legais
este artigo deverá ser precedida de autorização em contrário.
judicial, conforme disposto na Seção IV deste § 1o A ordem judicial de que trata o caput
Capítulo. deverá conter, sob pena de nulidade, identifi-
§ 4o Na aplicação de sanções pelo descum- cação clara e específica do conteúdo apontado
primento ao disposto neste artigo, serão con- como infringente, que permita a localização
siderados a natureza e a gravidade da infração, inequívoca do material.
os danos dela resultantes, eventual vantagem § 2o A aplicação do disposto neste artigo
auferida pelo infrator, as circunstâncias agravan- para infrações a direitos de autor ou a direitos
tes, os antecedentes do infrator e a reincidência. conexos depende de previsão legal específica,
que deverá respeitar a liberdade de expressão e
Art. 16. Na provisão de aplicações de internet, demais garantias previstas no art. 5o da Cons-
onerosa ou gratuita, é vedada a guarda: tituição Federal.
I – dos registros de acesso a outras aplicações § 3o As causas que versem sobre ressarci-
de internet sem que o titular dos dados tenha mento por danos decorrentes de conteúdos dis-
consentido previamente, respeitado o disposto ponibilizados na internet relacionados à honra,
no art. 7o; ou à reputação ou a direitos de personalidade, bem
II – de dados pessoais que sejam excessivos como sobre a indisponibilização desses conteú-
em relação à finalidade para a qual foi dado con- dos por provedores de aplicações de internet,
sentimento pelo seu titular, exceto nas hipóteses poderão ser apresentadas perante os juizados
previstas na Lei que dispõe sobre a proteção de especiais.
dados pessoais. § 4o O juiz, inclusive no procedimento pre-
visto no § 3o, poderá antecipar, total ou par-
Art. 17. Ressalvadas as hipóteses previstas cialmente, os efeitos da tutela pretendida no
nesta Lei, a opção por não guardar os registros pedido inicial, existindo prova inequívoca do
de acesso a aplicações de internet não implica fato e considerado o interesse da coletividade na
responsabilidade sobre danos decorrentes do disponibilização do conteúdo na internet, desde
Normas correlatas

uso desses serviços por terceiros. que presentes os requisitos de verossimilhança


da alegação do autor e de fundado receio de
dano irreparável ou de difícil reparação.

Art. 20. Sempre que tiver informações de


contato do usuário diretamente responsável 67
pelo conteúdo a que se refere o art. 19, caberá I – fundados indícios da ocorrência do ilícito;
ao provedor de aplicações de internet comu- II – justificativa motivada da utilidade dos
nicar-lhe os motivos e informações relativos à registros solicitados para fins de investigação
indisponibilização de conteúdo, com informa- ou instrução probatória; e
ções que permitam o contraditório e a ampla III – período ao qual se referem os registros.
defesa em juízo, salvo expressa previsão legal ou
expressa determinação judicial fundamentada Art. 23. Cabe ao juiz tomar as providências
em contrário. necessárias à garantia do sigilo das informações
Parágrafo único. Quando solicitado pelo recebidas e à preservação da intimidade, da vida
usuário que disponibilizou o conteúdo tornado privada, da honra e da imagem do usuário, po-
indisponível, o provedor de aplicações de inter- dendo determinar segredo de justiça, inclusive
net que exerce essa atividade de forma organi- quanto aos pedidos de guarda de registro.
zada, profissionalmente e com fins econômicos
substituirá o conteúdo tornado indisponível
pela motivação ou pela ordem judicial que deu CAPÍTULO IV – Da Atuação do Poder
fundamento à indisponibilização. Público

Art. 21. O provedor de aplicações de internet Art. 24. Constituem diretrizes para a atuação
que disponibilize conteúdo gerado por terceiros da União, dos Estados, do Distrito Federal e
será responsabilizado subsidiariamente pela dos Municípios no desenvolvimento da internet
violação da intimidade decorrente da divul- no Brasil:
gação, sem autorização de seus participantes, I – estabelecimento de mecanismos de go-
de imagens, de vídeos ou de outros materiais vernança multiparticipativa, transparente, co-
contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de laborativa e democrática, com a participação
caráter privado quando, após o recebimento de do governo, do setor empresarial, da sociedade
notificação pelo participante ou seu representan- civil e da comunidade acadêmica;
te legal, deixar de promover, de forma diligente, II – promoção da racionalização da gestão,
no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço, expansão e uso da internet, com participação
a indisponibilização desse conteúdo. do Comitê Gestor da internet no Brasil;
Parágrafo único. A notificação prevista no III – promoção da racionalização e da in-
caput deverá conter, sob pena de nulidade, teroperabilidade tecnológica dos serviços de
elementos que permitam a identificação es- governo eletrônico, entre os diferentes Pode-
pecífica do material apontado como violador res e âmbitos da Federação, para permitir o
da intimidade do participante e a verificação intercâmbio de informações e a celeridade de
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

da legitimidade para apresentação do pedido. procedimentos;


IV – promoção da interoperabilidade entre
sistemas e terminais diversos, inclusive entre os
SEÇÃO IV – Da Requisição Judicial de diferentes âmbitos federativos e diversos setores
Registros da sociedade;
V – adoção preferencial de tecnologias, pa-
Art. 22. A parte interessada poderá, com o drões e formatos abertos e livres;
propósito de formar conjunto probatório em VI – publicidade e disseminação de dados
processo judicial cível ou penal, em caráter inci- e informações públicos, de forma aberta e es-
dental ou autônomo, requerer ao juiz que ordene truturada;
ao responsável pela guarda o fornecimento de VII – otimização da infraestrutura das redes
registros de conexão ou de registros de acesso e estímulo à implantação de centros de arma-
a aplicações de internet. zenamento, gerenciamento e disseminação de
Parágrafo único. Sem prejuízo dos demais dados no País, promovendo a qualidade técnica,
requisitos legais, o requerimento deverá conter, a inovação e a difusão das aplicações de inter-
68 sob pena de inadmissibilidade:
net, sem prejuízo à abertura, à neutralidade e à Art. 28. O Estado deve, periodicamente, for-
natureza participativa; mular e fomentar estudos, bem como fixar me-
VIII – desenvolvimento de ações e programas tas, estratégias, planos e cronogramas, referentes
de capacitação para uso da internet; ao uso e desenvolvimento da internet no País.
IX – promoção da cultura e da cidadania; e
X – prestação de serviços públicos de atendi-
mento ao cidadão de forma integrada, eficiente, CAPÍTULO V – Disposições Finais
simplificada e por múltiplos canais de acesso,
inclusive remotos. Art. 29. O usuário terá a opção de livre escolha
na utilização de programa de computador em
Art. 25. As aplicações de internet de entes do seu terminal para exercício do controle parental
poder público devem buscar: de conteúdo entendido por ele como impróprio
I – compatibilidade dos serviços de governo a seus filhos menores, desde que respeitados
eletrônico com diversos terminais, sistemas os princípios desta Lei e da Lei no 8.069, de 13
operacionais e aplicativos para seu acesso; de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do
II – acessibilidade a todos os interessados, Adolescente.
independentemente de suas capacidades físico- Parágrafo único. Cabe ao poder público, em
-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais, conjunto com os provedores de conexão e de
mentais, culturais e sociais, resguardados os aplicações de internet e a sociedade civil, pro-
aspectos de sigilo e restrições administrativas mover a educação e fornecer informações sobre
e legais; o uso dos programas de computador previstos
III – compatibilidade tanto com a leitura no caput, bem como para a definição de boas
humana quanto com o tratamento automatizado práticas para a inclusão digital de crianças e
das informações; adolescentes.
IV – facilidade de uso dos serviços de go-
verno eletrônico; e Art. 30. A defesa dos interesses e dos direitos
V – fortalecimento da participação social estabelecidos nesta Lei poderá ser exercida em
nas políticas públicas. juízo, individual ou coletivamente, na forma
da lei.
Art. 26. O cumprimento do dever constitu-
cional do Estado na prestação da educação, em Art. 31. Até a entrada em vigor da lei específica
todos os níveis de ensino, inclui a capacitação, prevista no § 2o do art. 19, a responsabilidade
integrada a outras práticas educacionais, para o do provedor de aplicações de internet por danos
uso seguro, consciente e responsável da internet decorrentes de conteúdo gerado por terceiros,
como ferramenta para o exercício da cidadania, quando se tratar de infração a direitos de autor
a promoção da cultura e o desenvolvimento ou a direitos conexos, continuará a ser discipli-
tecnológico. nada pela legislação autoral vigente aplicável na
data da entrada em vigor desta Lei.
Art. 27. As iniciativas públicas de fomento à
cultura digital e de promoção da internet como Art. 32. Esta Lei entra em vigor após decorri-
ferramenta social devem: dos 60 (sessenta) dias de sua publicação oficial.
I – promover a inclusão digital;
II – buscar reduzir as desigualdades, sobretu- Brasília, 23 de abril de 2014; 193o da Indepen-
do entre as diferentes regiões do País, no acesso dência e 126o da República.
Normas correlatas

às tecnologias da informação e comunicação e


no seu uso; e DILMA ROUSSEFF
III – fomentar a produção e circulação de
conteúdo nacional. Promulgada em 23/4/2014 e publicada no DOU de
24/4/2014.
69
Lei no 12.741/2012
Dispõe sobre as medidas de esclarecimento ao consumidor, de que trata o § 5o do artigo 150 da
Constituição Federal; altera o inciso III do art. 6o e o inciso IV do art. 106 da Lei no 8.078, de 11 de
setembro de 1990 – Código de Defesa do Consumidor.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA § 5o Os tributos que deverão ser computados


são os seguintes:
Faço saber que o Congresso Nacional decreta I – Imposto sobre Operações relativas a Cir-
e eu sanciono a seguinte Lei:1 culação de Mercadorias e sobre Prestações de
Serviços de Transporte Interestadual e Inter-
Art. 1o Emitidos por ocasião da venda ao con- municipal e de Comunicação (ICMS);
sumidor de mercadorias e serviços, em todo ter- II – Imposto sobre Serviços de Qualquer
ritório nacional, deverá constar, dos documentos Natureza (ISS);
fiscais ou equivalentes, a informação do valor III – Imposto sobre Produtos Industriali-
aproximado correspondente à totalidade dos zados (IPI);
tributos federais, estaduais e municipais, cuja IV – Imposto sobre Operações de Crédito,
incidência influi na formação dos respectivos Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou Va-
preços de venda. lores Mobiliários (IOF);
§ 1o A apuração do valor dos tributos inci- V – (Vetado);
dentes deverá ser feita em relação a cada mer- VI – (Vetado);
cadoria ou serviço, separadamente, inclusive VII – Contribuição Social para o Programa
nas hipóteses de regimes jurídicos tributários de Integração Social (PIS) e para o Programa de
diferenciados dos respectivos fabricantes, vare- Formação do Patrimônio do Servidor Público
jistas e prestadores de serviços, quando couber. (Pasep) – (PIS/Pasep);
§ 2o A informação de que trata este artigo VIII – Contribuição para o Financiamento
poderá constar de painel afixado em local visível da Seguridade Social (Cofins);
do estabelecimento, ou por qualquer outro meio IX – Contribuição de Intervenção no Domí-
eletrônico ou impresso, de forma a demonstrar nio Econômico, incidente sobre a importação e
o valor ou percentual, ambos aproximados, dos a comercialização de petróleo e seus derivados,
tributos incidentes sobre todas as mercadorias gás natural e seus derivados, e álcool etílico
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

ou serviços postos à venda. combustível (Cide).


§ 3o Na hipótese do § 2o, as informações a § 6o Serão informados ainda os valores re-
serem prestadas serão elaboradas em termos de ferentes ao imposto de importação, PIS/Pasep/
percentuais sobre o preço a ser pago, quando se Importação e Cofins/Importação, na hipótese de
tratar de tributo com alíquota ad valorem, ou produtos cujos insumos ou componentes sejam
em valores monetários (no caso de alíquota es- oriundos de operações de comércio exterior e
pecífica); no caso de se utilizar meio eletrônico, representem percentual superior a 20% (vinte
este deverá estar disponível ao consumidor no por cento) do preço de venda.
âmbito do estabelecimento comercial. § 7o Na hipótese de incidência do imposto
§ 4o (Vetado) sobre a importação, nos termos do § 6o, bem
como da incidência do Imposto sobre Produtos
Industrializados – IPI, todos os fornecedores
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que alteram constantes das diversas cadeias produtivas de-
normas, suprimiram-se as alterações determinadas verão fornecer aos adquirentes, em meio mag-
uma vez que já foram incorporadas às normas às nético, os valores dos 2 (dois) tributos indivi-
70 quais se destinam. dualizados por item comercializado.
§ 8o Em relação aos serviços de natureza cidamente idônea, voltada primordialmente à
financeira, quando não seja legalmente prevista apuração e análise de dados econômicos.
a emissão de documento fiscal, as informações
de que trata este artigo deverão ser feitas em ta- Art. 3o O inciso III do art. 6o da Lei no 8.078,
belas afixadas nos respectivos estabelecimentos. de 11 de setembro de 1990, passa a vigorar com
§ 9o (Vetado) a seguinte redação:
§ 10. A indicação relativa ao IOF (prevista ................................................................................
no inciso IV do § 5o) restringe-se aos produtos
financeiros sobre os quais incida diretamente Art. 4o (Vetado)
aquele tributo.
§ 11. A indicação relativa ao PIS e à Cofins Art. 5o Decorrido o prazo de 12 (doze) me-
(incisos VII e VIII do § 5o), limitar-se-á à tri- ses, contado do início de vigência desta Lei, o
butação incidente sobre a operação de venda descumprimento de suas disposições sujeitará
ao consumidor. o infrator às sanções previstas no Capítulo VII
§ 12. Sempre que o pagamento de pessoal do Título I da Lei no 8.078, de 11 de setembro
constituir item de custo direto do serviço ou de 1990.
produto fornecido ao consumidor, deve ser di-
vulgada, ainda, a contribuição previdenciária Art. 6o Esta Lei entra em vigor 6 (seis) meses
dos empregados e dos empregadores incidente, após a data de sua publicação.
alocada ao serviço ou produto.
Brasília, 8 de dezembro de 2012; 191o da Inde-
o
Art. 2 Os valores aproximados de que trata pendência e 124o da República.
o art. 1o serão apurados sobre cada operação, e
poderão, a critério das empresas vendedoras, DILMA ROUSSEFF
ser calculados e fornecidos, semestralmente,
por instituição de âmbito nacional reconhe- Promulgada em 8/12/2012 e publicada no DOU de
10/12/2012.

Normas correlatas

71
Lei no 12.529/2011
Estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência; dispõe sobre a prevenção e repressão às
infrações contra a ordem econômica; altera a Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, o Decreto-lei
no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, e a Lei no 7.347, de 24 de julho de
1985; revoga dispositivos da Lei no 8.884, de 11 de junho de 1994, e a Lei no 9.781, de 19 de janeiro
de 1999; e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA nesta Lei, independentemente de procuração


ou de disposição contratual ou estatutária, na
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e pessoa do agente ou representante ou pessoa
eu sanciono a seguinte Lei:1 responsável por sua filial, agência, sucursal, es-
tabelecimento ou escritório instalado no Brasil.

TÍTULO I – Disposições Gerais


CAPÍTULO I – Da Finalidade TÍTULO II – Do Sistema Brasileiro de Defesa
da Concorrência
Art. 1o Esta Lei estrutura o Sistema Brasileiro de CAPÍTULO I – Da Composição
Defesa da Concorrência – SBDC e dispõe sobre
a prevenção e a repressão às infrações contra Art. 3o O SBDC é formado pelo Conselho Ad-
a ordem econômica, orientada pelos ditames ministrativo de Defesa Econômica – CADE e
constitucionais de liberdade de iniciativa, livre pela Secretaria de Acompanhamento Econômico
concorrência, função social da propriedade, do Ministério da Fazenda, com as atribuições
defesa dos consumidores e repressão ao abuso previstas nesta Lei.
do poder econômico.
Parágrafo único. A coletividade é a titular dos
bens jurídicos protegidos por esta Lei. CAPÍTULO II – Do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica –
CADE
CAPÍTULO II – Da Territorialidade
Art. 4o O Cade é entidade judicante com ju-
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

o
Art. 2 Aplica-se esta Lei, sem prejuízo de con- risdição em todo o território nacional, que se
venções e tratados de que seja signatário o Brasil, constitui em autarquia federal, vinculada ao
às práticas cometidas no todo ou em parte no Ministério da Justiça, com sede e foro no Dis-
território nacional ou que nele produzam ou trito Federal, e competências previstas nesta Lei.
possam produzir efeitos.
§ 1o Reputa-se domiciliada no território
nacional a empresa estrangeira que opere ou SEÇÃO I – Da Estrutura Organizacional do
tenha no Brasil filial, agência, sucursal, escritório, Cade
estabelecimento, agente ou representante.
§ 2o A empresa estrangeira será notificada e Art. 5o O Cade é constituído pelos seguintes
intimada de todos os atos processuais previstos órgãos:
I – Tribunal Administrativo de Defesa Eco-
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que alteram nômica;
normas, suprimiram-se as alterações determinadas II – Superintendência-Geral; e
uma vez que já foram incorporadas às normas às III – Departamento de Estudos Econômicos.
72 quais se destinam.
SEÇÃO II – Do Tribunal Administrativo de ou 20 (vinte) intercaladas, ressalvados os afasta-
Defesa Econômica mentos temporários autorizados pelo Plenário.

Art. 6o O Tribunal Administrativo, órgão judi- Art. 8o Ao Presidente e aos Conselheiros é


cante, tem como membros um Presidente e seis vedado:
Conselheiros escolhidos dentre cidadãos com I – receber, a qualquer título, e sob qualquer
mais de 30 (trinta) anos de idade, de notório pretexto, honorários, percentagens ou custas;
saber jurídico ou econômico e reputação ilibada, II – exercer profissão liberal;
nomeados pelo Presidente da República, depois III – participar, na forma de controlador,
de aprovados pelo Senado Federal. diretor, administrador, gerente, preposto ou
§ 1o O mandato do Presidente e dos Conse- mandatário, de sociedade civil, comercial ou
lheiros é de 4 (quatro) anos, não coincidentes, empresas de qualquer espécie;
vedada a recondução. IV – emitir parecer sobre matéria de sua es-
§ 2o Os cargos de Presidente e de Conselheiro pecialização, ainda que em tese, ou funcionar
são de dedicação exclusiva, não se admitindo como consultor de qualquer tipo de empresa;
qualquer acumulação, salvo as constitucional- V – manifestar, por qualquer meio de co-
mente permitidas. municação, opinião sobre processo pendente
§ 3o No caso de renúncia, morte, impedimen- de julgamento, ou juízo depreciativo sobre des-
to, falta ou perda de mandato do Presidente do pachos, votos ou sentenças de órgãos judiciais,
Tribunal, assumirá o Conselheiro mais antigo ressalvada a crítica nos autos, em obras técnicas
no cargo ou o mais idoso, nessa ordem, até nova ou no exercício do magistério; e
nomeação, sem prejuízo de suas atribuições. VI – exercer atividade político-partidária.
§ 4o No caso de renúncia, morte ou perda § 1o É vedado ao Presidente e aos Conse-
de mandato de Conselheiro, proceder-se-á a lheiros, por um período de 120 (cento e vinte)
nova nomeação, para completar o mandato do dias, contado da data em que deixar o cargo,
substituído. representar qualquer pessoa, física ou jurídica,
§ 5o Se, nas hipóteses previstas no § 4o deste ou interesse perante o SBDC, ressalvada a defesa
artigo, ou no caso de encerramento de mandato de direito próprio.
dos Conselheiros, a composição do Tribunal § 2o Durante o período mencionado no § 1o
ficar reduzida a número inferior ao estabelecido deste artigo, o Presidente e os Conselheiros re-
no § 1o do art. 9o desta Lei, considerar-se-ão ceberão a mesma remuneração do cargo que
automaticamente suspensos os prazos previstos ocupavam.
nesta Lei, e suspensa a tramitação de processos, § 3o Incorre na prática de advocacia adminis-
continuando-se a contagem imediatamente após trativa, sujeitando-se à pena prevista no art. 321
a recomposição do quorum. do Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de
1940 – Código Penal, o ex-presidente ou ex-con-
Art. 7o A perda de mandato do Presidente ou selheiro que violar o impedimento previsto no
dos Conselheiros do Cade só poderá ocorrer § 1o deste artigo.
em virtude de decisão do Senado Federal, por § 4o É vedado, a qualquer tempo, ao Presi-
provocação do Presidente da República, ou em dente e aos Conselheiros utilizar informações
razão de condenação penal irrecorrível por crime privilegiadas obtidas em decorrência do cargo
doloso, ou de processo disciplinar de confor- exercido.
midade com o que prevê a Lei no 8.112, de 11
de dezembro de 1990 e a Lei no 8.429, de 2 de
Normas correlatas

junho de 1992, e por infringência de quaisquer SUBSEÇÃO I – Da Competência do Plenário


das vedações previstas no art. 8o desta Lei. do Tribunal
Parágrafo único. Também perderá o manda-
to, automaticamente, o membro do Tribunal que Art. 9o Compete ao Plenário do Tribunal, den-
faltar a 3 (três) reuniões ordinárias consecutivas, tre outras atribuições previstas nesta Lei:
73
I – zelar pela observância desta Lei e seu re- XVI – propor a estrutura do quadro de pes-
gulamento e do regimento interno; soal do Cade, observado o disposto no inciso
II – decidir sobre a existência de infração II do caput do art. 37 da Constituição Federal;
à ordem econômica e aplicar as penalidades XVII – elaborar proposta orçamentária nos
previstas em lei; termos desta Lei;
III – decidir os processos administrativos XVIII – requisitar informações de quaisquer
para imposição de sanções administrativas por pessoas, órgãos, autoridades e entidades públicas
infrações à ordem econômica instaurados pela ou privadas, respeitando e mantendo o sigilo
Superintendência-Geral; legal quando for o caso, bem como determi-
IV – ordenar providências que conduzam à nar as diligências que se fizerem necessárias ao
cessação de infração à ordem econômica, dentro exercício das suas funções; e
do prazo que determinar; XIX – decidir pelo cumprimento das decisões,
V – aprovar os termos do compromisso de compromissos e acordos.
cessação de prática e do acordo em controle de § 1o As decisões do Tribunal serão tomadas
concentrações, bem como determinar à Superin- por maioria, com a presença mínima de 4 (qua-
tendência-Geral que fiscalize seu cumprimento; tro) membros, sendo o quorum de deliberação
VI – apreciar, em grau de recurso, as medidas mínimo de 3 (três) membros.
preventivas adotadas pelo Conselheiro-Relator § 2o As decisões do Tribunal não compor-
ou pela Superintendência-Geral; tam revisão no âmbito do Poder Executivo,
VII – intimar os interessados de suas decisões; promovendo-se, de imediato, sua execução e
VIII – requisitar dos órgãos e entidades da comunicando-se, em seguida, ao Ministério
administração pública federal e requerer às au- Público, para as demais medidas legais cabíveis
toridades dos Estados, Municípios, do Distrito no âmbito de suas atribuições.
Federal e dos Territórios as medidas necessárias § 3o As autoridades federais, os diretores
ao cumprimento desta Lei; de autarquia, fundação, empresa pública e so-
IX – contratar a realização de exames, vis- ciedade de economia mista federais e agências
torias e estudos, aprovando, em cada caso, os reguladoras são obrigados a prestar, sob pena de
respectivos honorários profissionais e demais responsabilidade, toda a assistência e colabora-
despesas de processo, que deverão ser pagas ção que lhes for solicitada pelo Cade, inclusive
pela empresa, se vier a ser punida nos termos elaborando pareceres técnicos sobre as matérias
desta Lei; de sua competência.
X – apreciar processos administrativos de atos § 4o O Tribunal poderá responder consultas
de concentração econômica, na forma desta Lei, sobre condutas em andamento, mediante paga-
fixando, quando entender conveniente e oportu- mento de taxa e acompanhadas dos respectivos
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

no, acordos em controle de atos de concentração; documentos.


XI – determinar à Superintendência-Geral § 5o O Cade definirá, em resolução, normas
que adote as medidas administrativas necessárias complementares sobre o procedimento de con-
à execução e fiel cumprimento de suas decisões; sultas previsto no § 4o deste artigo.
XII – requisitar serviços e pessoal de quais-
quer órgãos e entidades do Poder Público Fe-
deral; SUBSEÇÃO II – Da Competência do
XIII – requerer à Procuradoria Federal junto Presidente do Tribunal
ao Cade a adoção de providências administra-
tivas e judiciais; Art. 10. Compete ao Presidente do Tribunal:
XIV – instruir o público sobre as formas de I – representar legalmente o Cade no Brasil
infração da ordem econômica; ou no exterior, em juízo ou fora dele;
XV – elaborar e aprovar regimento interno do II – presidir, com direito a voto, inclusive o
Cade, dispondo sobre seu funcionamento, forma de qualidade, as reuniões do Plenário;
das deliberações, normas de procedimento e III – distribuir, por sorteio, os processos aos
74 organização de seus serviços internos; Conselheiros;
IV – convocar as sessões e determinar a or- VI – requerer à Procuradoria Federal junto ao
ganização da respectiva pauta; Cade emissão de parecer jurídico nos processos
V – solicitar, a seu critério, que a Superinten- em que forem relatores, quando entenderem
dência-Geral auxilie o Tribunal na tomada de necessário e em despacho fundamentado, na
providências extrajudiciais para o cumprimento forma prevista no inciso VII do art. 15 desta Lei;
das decisões do Tribunal; VII – determinar ao Economista-Chefe,
VI – fiscalizar a Superintendência-Geral na quando necessário, a elaboração de pareceres
tomada de providências para execução das de- nos processos em que forem relatores, sem pre-
cisões e julgados do Tribunal; juízo da tramitação normal do processo e sem
VII – assinar os compromissos e acordos que tal determinação implique a suspensão do
aprovados pelo Plenário; prazo de análise ou prejuízo à tramitação normal
VIII – submeter à aprovação do Plenário a do processo;
proposta orçamentária e a lotação ideal do pes- VIII – desincumbir-se das demais tarefas que
soal que prestará serviço ao Cade; lhes forem cometidas pelo regimento;
IX – orientar, coordenar e supervisionar as IX – propor termo de compromisso de ces-
atividades administrativas do Cade; sação e acordos para aprovação do Tribunal;
X – ordenar as despesas atinentes ao Cade, X – prestar ao Poder Judiciário, sempre que
ressalvadas as despesas da unidade gestora da solicitado, todas as informações sobre andamen-
Superintendência-Geral; to dos processos, podendo, inclusive, fornecer
XI – firmar contratos e convênios com órgãos cópias dos autos para instruir ações judiciais.
ou entidades nacionais e submeter, previamente,
ao Ministro de Estado da Justiça os que devam
ser celebrados com organismos estrangeiros ou SEÇÃO III – Da Superintendência-Geral
internacionais; e
XII – determinar à Procuradoria Federal Art. 12. O Cade terá em sua estrutura uma
junto ao Cade as providências judiciais deter- Superintendência-Geral, com 1 (um) Superin-
minadas pelo Tribunal. tendente-Geral e 2 (dois) Superintendentes-
-Adjuntos, cujas atribuições específicas serão
definidas em Resolução.
SUBSEÇÃO III – Da Competência dos § 1o O Superintendente-Geral será escolhido
Conselheiros do Tribunal dentre cidadãos com mais de 30 (trinta) anos
de idade, notório saber jurídico ou econômico
Art. 11. Compete aos Conselheiros do Tri- e reputação ilibada, nomeado pelo Presidente
bunal: da República, depois de aprovado pelo Senado
I – emitir voto nos processos e questões sub- Federal.
metidas ao Tribunal; § 2o O Superintendente-Geral terá mandato
II – proferir despachos e lavrar as decisões de 2 (dois) anos, permitida a recondução para
nos processos em que forem relatores; um único período subsequente.
III – requisitar informações e documentos de § 3o Aplicam-se ao Superintendente-Geral
quaisquer pessoas, órgãos, autoridades e entida- as mesmas normas de impedimentos, perda de
des públicas ou privadas, a serem mantidos sob mandato, substituição e as vedações do art. 8o
sigilo legal, quando for o caso, bem como deter- desta Lei, incluindo o disposto no § 2o do art. 8o
minar as diligências que se fizerem necessárias; desta Lei, aplicáveis ao Presidente e aos Conse-
IV – adotar medidas preventivas, fixando o lheiros do Tribunal.
Normas correlatas

valor da multa diária pelo seu descumprimento; § 4o Os cargos de Superintendente-Geral e


V – solicitar, a seu critério, que a Superinten- de Superintendentes-Adjuntos são de dedicação
dência-Geral realize as diligências e a produção exclusiva, não se admitindo qualquer acumula-
das provas que entenderem pertinentes nos autos ção, salvo as constitucionalmente permitidas.
do processo administrativo, na forma desta Lei; § 5o Durante o período de vacância que an-
teceder à nomeação de novo Superintenden- 75
te-Geral, assumirá interinamente o cargo um autoridades e entidades, públicas ou privadas,
dos superintendentes adjuntos, indicado pelo mantendo o sigilo legal, quando for o caso, bem
Presidente do Tribunal, o qual permanecerá como determinar as diligências que se fizerem
no cargo até a posse do novo Superintendente- necessárias ao exercício de suas funções;
-Geral, escolhido na forma do § 1o deste artigo. b) requisitar esclarecimentos orais de quais-
§ 6o Se, no caso da vacância prevista no § 5o quer pessoas, físicas ou jurídicas, órgãos, auto-
deste artigo, não houver nenhum Superinten- ridades e entidades, públicas ou privadas, na
dente Adjunto nomeado na Superintendência forma desta Lei;
do Cade, o Presidente do Tribunal indicará ser- c) realizar inspeção na sede social, estabele-
vidor em exercício no Cade, com conhecimen- cimento, escritório, filial ou sucursal de empre-
to jurídico ou econômico na área de defesa da sa investigada, de estoques, objetos, papéis de
concorrência e reputação ilibada, para assumir qualquer natureza, assim como livros comerciais,
interinamente o cargo, permanecendo neste até a computadores e arquivos eletrônicos, poden-
posse do novo Superintendente-Geral, escolhido do-se extrair ou requisitar cópias de quaisquer
na forma do § 1o deste artigo. documentos ou dados eletrônicos;
§ 7o Os Superintendentes-Adjuntos serão d) requerer ao Poder Judiciário, por meio da
indicados pelo Superintendente-Geral. Procuradoria Federal junto ao Cade, mandado
de busca e apreensão de objetos, papéis de qual-
Art. 13. Compete à Superintendência-Geral: quer natureza, assim como de livros comerciais,
I – zelar pelo cumprimento desta Lei, monito- computadores e arquivos magnéticos de empre-
rando e acompanhando as práticas de mercado; sa ou pessoa física, no interesse de inquérito
II – acompanhar, permanentemente, as ati- administrativo ou de processo administrativo
vidades e práticas comerciais de pessoas físicas para imposição de sanções administrativas por
ou jurídicas que detiverem posição dominan- infrações à ordem econômica, aplicando-se, no
te em mercado relevante de bens ou serviços, que couber, o disposto no art. 839 e seguintes da
para prevenir infrações da ordem econômica, Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código
podendo, para tanto, requisitar as informações de Processo Civil, sendo inexigível a propositura
e documentos necessários, mantendo o sigilo de ação principal;
legal, quando for o caso; e) requisitar vista e cópia de documentos
III – promover, em face de indícios de infra- e objetos constantes de inquéritos e processos
ção da ordem econômica, procedimento prepa- administrativos instaurados por órgãos ou en-
ratório de inquérito administrativo e inquérito tidades da administração pública federal;
administrativo para apuração de infrações à f) requerer vista e cópia de inquéritos poli-
ordem econômica; ciais, ações judiciais de quaisquer natureza2, bem
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

IV – decidir pela insubsistência dos indícios, como de inquéritos e processos administrativos


arquivando os autos do inquérito administrativo instaurados por outros entes da federação, de-
ou de seu procedimento preparatório; vendo o Conselho observar as mesmas restri-
V – instaurar e instruir processo administra- ções de sigilo eventualmente estabelecidas nos
tivo para imposição de sanções administrativas procedimentos de origem;
por infrações à ordem econômica, procedimento VII – recorrer de ofício ao Tribunal quando
para apuração de ato de concentração, processo decidir pelo arquivamento de processo adminis-
administrativo para análise de ato de concentra- trativo para imposição de sanções administrati-
ção econômica e processo administrativo para vas por infrações à ordem econômica;
imposição de sanções processuais incidentais VIII – remeter ao Tribunal, para julgamen-
instaurados para prevenção, apuração ou repres- to, os processos administrativos que instaurar,
são de infrações à ordem econômica; quando entender configurada infração da ordem
VI – no interesse da instrução dos tipos pro- econômica;
cessuais referidos nesta Lei:
a) requisitar informações e documentos de
76 quaisquer pessoas, físicas ou jurídicas, órgãos, 2
NE: conforme registrado no DOU.
IX – propor termo de compromisso de ces- V – ordenar despesas referentes à unidade
sação de prática por infração à ordem econô- gestora da Superintendência-Geral; e
mica, submetendo-o à aprovação do Tribunal, VI – exercer outras atribuições previstas em
e fiscalizar o seu cumprimento; lei.
X – sugerir ao Tribunal condições para a cele-
bração de acordo em controle de concentrações
e fiscalizar o seu cumprimento; SEÇÃO IV – Da Procuradoria Federal junto
XI – adotar medidas preventivas que condu- ao Cade
zam à cessação de prática que constitua infração
da ordem econômica, fixando prazo para seu Art. 15. Funcionará junto ao Cade Procura-
cumprimento e o valor da multa diária a ser doria Federal Especializada, competindo-lhe:
aplicada, no caso de descumprimento; I – prestar consultoria e assessoramento ju-
XII – receber, instruir e aprovar ou impugnar rídico ao Cade;
perante o Tribunal os processos administrativos II – representar o Cade judicial e extrajudi-
para análise de ato de concentração econômica; cialmente;
XIII – orientar os órgãos e entidades da ad- III – promover a execução judicial das deci-
ministração pública quanto à adoção de medidas sões e julgados do Cade;
necessárias ao cumprimento desta Lei; IV – proceder à apuração da liquidez dos
XIV – desenvolver estudos e pesquisas ob- créditos do Cade, inscrevendo-os em dívida ativa
jetivando orientar a política de prevenção de para fins de cobrança administrativa ou judicial;
infrações da ordem econômica; V – tomar as medidas judiciais solicitadas
XV – instruir o público sobre as diversas pelo Tribunal ou pela Superintendência-Geral,
formas de infração da ordem econômica e os necessárias à cessação de infrações da ordem
modos de sua prevenção e repressão; econômica ou à obtenção de documentos para
XVI – exercer outras atribuições previstas a instrução de processos administrativos de
em lei; qualquer natureza;
XVII – prestar ao Poder Judiciário, sempre VI – promover acordos judiciais nos proces-
que solicitado, todas as informações sobre an- sos relativos a infrações contra a ordem econô-
damento das investigações, podendo, inclusive, mica, mediante autorização do Tribunal;
fornecer cópias dos autos para instruir ações VII – emitir, sempre que solicitado expressa-
judiciais; e mente por Conselheiro ou pelo Superintenden-
XVIII – adotar as medidas administrativas te-Geral, parecer nos processos de competência
necessárias à execução e ao cumprimento das do Cade, sem que tal determinação implique
decisões do Plenário. a suspensão do prazo de análise ou prejuízo à
tramitação normal do processo;
Art. 14. São atribuições do Superintenden- VIII – zelar pelo cumprimento desta Lei; e
te-Geral: IX – desincumbir-se das demais tarefas que
I – participar, quando entender necessário, lhe sejam atribuídas pelo regimento interno.
sem direito a voto, das reuniões do Tribunal e Parágrafo único. Compete à Procuradoria
proferir sustentação oral, na forma do regimento Federal junto ao Cade, ao dar execução judi-
interno; cial às decisões da Superintendência-Geral e do
II – cumprir e fazer cumprir as decisões do Tribunal, manter o Presidente do Tribunal, os
Tribunal na forma determinada pelo seu Pre- Conselheiros e o Superintendente-Geral infor-
sidente; mados sobre o andamento das ações e medidas
Normas correlatas

III – requerer à Procuradoria Federal junto judiciais.


ao Cade as providências judiciais relativas ao
exercício das competências da Superintendên- Art. 16. O Procurador-Chefe será nomeado
cia-Geral; pelo Presidente da República, depois de apro-
IV – determinar ao Economista-Chefe a ela- vado pelo Senado Federal, dentre cidadãos bra-
boração de estudos e pareceres; sileiros com mais de 30 (trinta) anos de idade, 77
de notório conhecimento jurídico e reputação CAPÍTULO III – Da Secretaria de
ilibada. Acompanhamento Econômico
§ 1o O Procurador-Chefe terá mandato de
2 (dois) anos, permitida sua recondução para Art. 19. Compete à Secretaria de Acompanha-
um único período. mento Econômico promover a concorrência
§ 2o O Procurador-Chefe poderá participar, em órgãos de governo e perante a sociedade
sem direito a voto, das reuniões do Tribunal, cabendo-lhe, especialmente, o seguinte:
prestando assistência e esclarecimentos, quando I – opinar, nos aspectos referentes à promoção
requisitado pelos Conselheiros, na forma do da concorrência, sobre propostas de alterações
Regimento Interno do Tribunal. de atos normativos de interesse geral dos agentes
§ 3o Aplicam-se ao Procurador-Chefe as econômicos, de consumidores ou usuários dos
mesmas normas de impedimento aplicáveis serviços prestados submetidos a consulta pública
aos Conselheiros do Tribunal, exceto quanto pelas agências reguladoras e, quando entender
ao comparecimento às sessões. pertinente, sobre os pedidos de revisão de tarifas
§ 4o Nos casos de faltas, afastamento tem- e as minutas;
porário ou impedimento do Procurador-Chefe, II – opinar, quando considerar pertinente,
o Plenário indicará e o Presidente do Tribunal sobre minutas de atos normativos elaborados por
designará o substituto eventual dentre os inte- qualquer entidade pública ou privada submeti-
grantes da Procuradoria Federal Especializada. dos à consulta pública, nos aspectos referentes
à promoção da concorrência;
III – opinar, quando considerar pertinente,
SEÇÃO V – Do Departamento de Estudos sobre proposições legislativas em tramitação no
Econômicos Congresso Nacional, nos aspectos referentes à
promoção da concorrência;
Art. 17. O Cade terá um Departamento de IV – elaborar estudos avaliando a situação
Estudos Econômicos, dirigido por um Econo- concorrencial de setores específicos da ativi-
mista-Chefe, a quem incumbirá elaborar estudos dade econômica nacional, de ofício ou quando
e pareceres econômicos, de ofício ou por solici- solicitada pelo Cade, pela Câmara de Comércio
tação do Plenário, do Presidente, do Conselhei- Exterior ou pelo Departamento de Proteção e
ro-Relator ou do Superintendente-Geral, zelando Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça
pelo rigor e atualização técnica e científica das ou órgão que vier a sucedê-lo;
decisões do órgão. V – elaborar estudos setoriais que sirvam de
insumo para a participação do Ministério da
Art. 18. O Economista-Chefe será nomeado, Fazenda na formulação de políticas públicas
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

conjuntamente, pelo Superintendente-Geral e setoriais nos fóruns em que este Ministério tem
pelo Presidente do Tribunal, dentre brasileiros assento;
de ilibada reputação e notório conhecimento VI – propor a revisão de leis, regulamentos e
econômico. outros atos normativos da administração pública
§ 1o O Economista-Chefe poderá participar federal, estadual, municipal e do Distrito Federal
das reuniões do Tribunal, sem direito a voto. que afetem ou possam afetar a concorrência nos
§ 2o Aplicam-se ao Economista-Chefe as diversos setores econômicos do País;
mesmas normas de impedimento aplicáveis VII – manifestar-se, de ofício ou quando
aos Conselheiros do Tribunal, exceto quanto solicitada, a respeito do impacto concorrencial
ao comparecimento às sessões. de medidas em discussão no âmbito de fóruns
negociadores relativos às atividades de alteração
tarifária, ao acesso a mercados e à defesa comer-
cial, ressalvadas as competências dos órgãos
envolvidos;
VIII – encaminhar ao órgão competente re-
78 presentação para que este, a seu critério, ado-
te as medidas legais cabíveis, sempre que for Art. 22. Anualmente, o Presidente do Tribunal,
identificado ato normativo que tenha caráter ouvido o Superintendente-Geral, encaminhará
anticompetitivo. ao Poder Executivo a proposta de orçamento do
§ 1o Para o cumprimento de suas atribuições, Cade e a lotação ideal do pessoal que prestará
a Secretaria de Acompanhamento Econômico serviço àquela autarquia.
poderá:
I – requisitar informações e documentos de Art. 23. Instituem-se taxas processuais sobre
quaisquer pessoas, órgãos, autoridades e enti- os processos de competência do Cade, no valor
dades, públicas ou privadas, mantendo o sigilo de R$ 85.000,00 (oitenta e cinco mil reais), para
legal quando for o caso; os processos que têm como fato gerador a apre-
II – celebrar acordos e convênios com órgãos sentação dos atos previstos no art. 88 desta Lei,
ou entidades públicas ou privadas, federais, es- e no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais),
taduais, municipais, do Distrito Federal e dos para os processos que têm como fato gerador a
Territórios para avaliar e/ou sugerir medidas apresentação das consultas referidas no § 4o do
relacionadas à promoção da concorrência. art. 9o desta Lei.
§ 2o A Secretaria de Acompanhamento Eco- Parágrafo único. A taxa processual de que
nômico divulgará anualmente relatório de suas trata o caput deste artigo poderá ser atualizada
ações voltadas para a promoção da concorrência. por ato do Poder Executivo, após autorização
do Congresso Nacional.

TÍTULO III – Do Ministério Público Federal Art. 24. São contribuintes da taxa processual
perante o CADE que tem como fato gerador a apresentação dos
atos previstos no art. 88 desta Lei qualquer das
Art. 20. O Procurador-Geral da República, ou- requerentes.
vido o Conselho Superior, designará membro do
Ministério Público Federal para, nesta qualidade, Art. 25. O recolhimento da taxa processual que
emitir parecer, nos processos administrativos tem como fato gerador a apresentação dos atos
para imposição de sanções administrativas por previstos no art. 88 desta Lei deverá ser com-
infrações à ordem econômica, de ofício ou a provado no momento da protocolização do ato.
requerimento do Conselheiro-Relator. § 1o A taxa processual não recolhida no mo-
mento fixado no caput deste artigo será cobrada
com os seguintes acréscimos:
TÍTULO IV – Do Patrimônio, das Receitas I – juros de mora, contados do mês seguinte
e da Gestão Administrativa, Orçamentária e ao do vencimento, à razão de 1% (um por cento),
Financeira calculados na forma da legislação aplicável aos
tributos federais;
Art. 21. Compete ao Presidente do Tribunal II – multa de mora de 20% (vinte por cento).
orientar, coordenar e supervisionar as atividades § 2o Os juros de mora não incidem sobre o
administrativas do Cade, respeitadas as atribui- valor da multa de mora.
ções dos dirigentes dos demais órgãos previstos
no art. 5o desta Lei. Art. 26. (Vetado)
§ 1o A Superintendência-Geral constituirá
unidade gestora, para fins administrativos e Art. 27. As taxas de que tratam os arts. 23 e 26
financeiros, competindo ao seu Superinten- desta Lei serão recolhidas ao Tesouro Nacional
Normas correlatas

dente-Geral ordenar as despesas pertinentes às na forma regulamentada pelo Poder Executivo.


respectivas ações orçamentárias.
§ 2o Para fins administrativos e financeiros, Art. 28. Constituem receitas próprias do Cade:
o Departamento de Estudos Econômicos estará I – o produto resultante da arrecadação das
ligado ao Tribunal. taxas previstas nos arts. 23 e 26 desta Lei;
79
II – a retribuição por serviços de qualquer nistério da Justiça atualmente afetados às ativi-
natureza prestados a terceiros; dades do Departamento de Proteção e Defesa
III – as dotações consignadas no Orçamento Econômica da Secretaria de Direito Econômico.
Geral da União, créditos especiais, créditos adi-
cionais, transferências e repasses que lhe forem
conferidos; TÍTULO V – Das Infrações da Ordem
IV – os recursos provenientes de convênios, Econômica
acordos ou contratos celebrados com entidades CAPÍTULO I – Disposições Gerais
ou organismos nacionais e internacionais;
V – as doações, legados, subvenções e outros Art. 31. Esta Lei aplica-se às pessoas físicas
recursos que lhe forem destinados; ou jurídicas de direito público ou privado, bem
VI – os valores apurados na venda ou aluguel como a quaisquer associações de entidades ou
de bens móveis e imóveis de sua propriedade; pessoas, constituídas de fato ou de direito, ainda
VII – o produto da venda de publicações, que temporariamente, com ou sem personalida-
material técnico, dados e informações; de jurídica, mesmo que exerçam atividade sob
VIII – os valores apurados em aplicações no regime de monopólio legal.
mercado financeiro das receitas previstas neste
artigo, na forma definida pelo Poder Executivo; e Art. 32. As diversas formas de infração da or-
IX – quaisquer outras receitas, afetas às suas dem econômica implicam a responsabilidade da
atividades, não especificadas nos incisos I a VIII empresa e a responsabilidade individual de seus
do caput deste artigo. dirigentes ou administradores, solidariamente.
§ 1o (Vetado)
§ 2o (Vetado) Art. 33. Serão solidariamente responsáveis as
§ 3o O produto da arrecadação das multas empresas ou entidades integrantes de grupo eco-
aplicadas pelo Cade, inscritas ou não em dívida nômico, de fato ou de direito, quando pelo menos
ativa, será destinado ao Fundo de Defesa de uma delas praticar infração à ordem econômica.
Direitos Difusos de que trata o art. 13 da Lei
no 7.347, de 24 de julho de 1985, e a Lei no 9.008, Art. 34. A personalidade jurídica do responsá-
de 21 de março de 1995. vel por infração da ordem econômica poderá ser
§ 4o As multas arrecadadas na forma desta desconsiderada quando houver da parte deste
Lei serão recolhidas ao Tesouro Nacional na abuso de direito, excesso de poder, infração da
forma regulamentada pelo Poder Executivo. lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos
ou contrato social.
Art. 29. O Cade submeterá anualmente ao Mi- Parágrafo único. A desconsideração também
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

nistério da Justiça a sua proposta de orçamento, será efetivada quando houver falência, estado de
que será encaminhada ao Ministério do Plane- insolvência, encerramento ou inatividade da pes-
jamento, Orçamento e Gestão para inclusão na soa jurídica provocados por má administração.
lei orçamentária anual, a que se refere o § 5o do
art. 165 da Constituição Federal. Art. 35. A repressão das infrações da ordem
§ 1o O Cade fará acompanhar as propos- econômica não exclui a punição de outros ilícitos
tas orçamentárias de quadro demonstrativo do previstos em lei.
planejamento plurianual das receitas e despe-
sas, visando ao seu equilíbrio orçamentário e
financeiro nos 5 (cinco) exercícios subsequentes. CAPÍTULO II – Das Infrações
§ 2o A lei orçamentária anual consignará as
dotações para as despesas de custeio e capital do Art. 36. Constituem infração da ordem econô-
Cade, relativas ao exercício a que ela se referir. mica, independentemente de culpa, os atos sob
qualquer forma manifestados, que tenham por
Art. 30. Somam-se ao atual patrimônio do objeto ou possam produzir os seguintes efeitos,
80 Cade os bens e direitos pertencentes ao Mi- ainda que não sejam alcançados:
I – limitar, falsear ou de qualquer forma pre- VI – exigir ou conceder exclusividade para
judicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; divulgação de publicidade nos meios de comu-
II – dominar mercado relevante de bens ou nicação de massa;
serviços; VII – utilizar meios enganosos para provocar
III – aumentar arbitrariamente os lucros; e a oscilação de preços de terceiros;
IV – exercer de forma abusiva posição do- VIII – regular mercados de bens ou serviços,
minante. estabelecendo acordos para limitar ou controlar
§ 1o A conquista de mercado resultante de a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, a
processo natural fundado na maior eficiência produção de bens ou prestação de serviços, ou
de agente econômico em relação a seus com- para dificultar investimentos destinados à pro-
petidores não caracteriza o ilícito previsto no dução de bens ou serviços ou à sua distribuição;
inciso II do caput deste artigo. IX – impor, no comércio de bens ou servi-
§ 2o Presume-se posição dominante sempre ços, a distribuidores, varejistas e representan-
que uma empresa ou grupo de empresas for ca- tes preços de revenda, descontos, condições de
paz de alterar unilateral ou coordenadamente as pagamento, quantidades mínimas ou máximas,
condições de mercado ou quando controlar 20% margem de lucro ou quaisquer outras condições
(vinte por cento) ou mais do mercado relevante, de comercialização relativos a negócios destes
podendo este percentual ser alterado pelo Cade com terceiros;
para setores específicos da economia. X – discriminar adquirentes ou fornecedores
§ 3o As seguintes condutas, além de outras, de bens ou serviços por meio da fixação diferen-
na medida em que configurem hipótese prevista ciada de preços, ou de condições operacionais
no caput deste artigo e seus incisos, caracterizam de venda ou prestação de serviços;
infração da ordem econômica: XI – recusar a venda de bens ou a prestação
I – acordar, combinar, manipular ou ajustar de serviços, dentro das condições de pagamento
com concorrente, sob qualquer forma: normais aos usos e costumes comerciais;
a) os preços de bens ou serviços ofertados XII – dificultar ou romper a continuidade ou
individualmente; desenvolvimento de relações comerciais de prazo
b) a produção ou a comercialização de uma indeterminado em razão de recusa da outra
quantidade restrita ou limitada de bens ou a parte em submeter-se a cláusulas e condições
prestação de um número, volume ou frequência comerciais injustificáveis ou anticoncorrenciais;
restrita ou limitada de serviços; XIII – destruir, inutilizar ou açambarcar
c) a divisão de partes ou segmentos de um matérias-primas, produtos intermediários ou
mercado atual ou potencial de bens ou serviços, acabados, assim como destruir, inutilizar ou di-
mediante, dentre outros, a distribuição de clien- ficultar a operação de equipamentos destinados
tes, fornecedores, regiões ou períodos; a produzi-los, distribuí-los ou transportá-los;
d) preços, condições, vantagens ou abstenção XIV – açambarcar ou impedir a exploração de
em licitação pública; direitos de propriedade industrial ou intelectual
II – promover, obter ou influenciar a adoção ou de tecnologia;
de conduta comercial uniforme ou concertada XV – vender mercadoria ou prestar serviços
entre concorrentes; injustificadamente abaixo do preço de custo;
III – limitar ou impedir o acesso de novas XVI – reter bens de produção ou de consumo,
empresas ao mercado; exceto para garantir a cobertura dos custos de
IV – criar dificuldades à constituição, ao fun- produção;
cionamento ou ao desenvolvimento de empresa XVII – cessar parcial ou totalmente as ativi-
Normas correlatas

concorrente ou de fornecedor, adquirente ou dades da empresa sem justa causa comprovada;


financiador de bens ou serviços; XVIII – subordinar a venda de um bem à
V – impedir o acesso de concorrente às fontes aquisição de outro ou à utilização de um servi-
de insumo, matérias-primas, equipamentos ou ço, ou subordinar a prestação de um serviço à
tecnologia, bem como aos canais de distribuição; utilização de outro ou à aquisição de um bem; e
81
XIX – exercer ou explorar abusivamente di- vidade dos fatos ou o interesse público geral,
reitos de propriedade industrial, intelectual, poderão ser impostas as seguintes penas, isolada
tecnologia ou marca. ou cumulativamente:
I – a publicação, em meia página e a expensas
do infrator, em jornal indicado na decisão, de
CAPÍTULO III – Das Penas extrato da decisão condenatória, por 2 (dois)
dias seguidos, de 1 (uma) a 3 (três) semanas
Art. 37. A prática de infração da ordem econô- consecutivas;
mica sujeita os responsáveis às seguintes penas: II – a proibição de contratar com instituições
I – no caso de empresa, multa de 0,1% (um financeiras oficiais e participar de licitação tendo
décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do por objeto aquisições, alienações, realização de
valor do faturamento bruto da empresa, grupo obras e serviços, concessão de serviços públi-
ou conglomerado obtido, no último exercício cos, na administração pública federal, estadual,
anterior à instauração do processo administra- municipal e do Distrito Federal, bem como em
tivo, no ramo de atividade empresarial em que entidades da administração indireta, por prazo
ocorreu a infração, a qual nunca será inferior não inferior a 5 (cinco) anos;
à vantagem auferida, quando for possível sua III – a inscrição do infrator no Cadastro Na-
estimação; cional de Defesa do Consumidor;
II – no caso das demais pessoas físicas ou IV – a recomendação aos órgãos públicos
jurídicas de direito público ou privado, bem competentes para que:
como quaisquer associações de entidades ou a) seja concedida licença compulsória de
pessoas constituídas de fato ou de direito, ain- direito de propriedade intelectual de titularidade
da que temporariamente, com ou sem perso- do infrator, quando a infração estiver relacionada
nalidade jurídica, que não exerçam atividade ao uso desse direito;
empresarial, não sendo possível utilizar-se o b) não seja concedido ao infrator parcela-
critério do valor do faturamento bruto, a multa mento de tributos federais por ele devidos ou
será entre R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para que sejam cancelados, no todo ou em parte,
e R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais); incentivos fiscais ou subsídios públicos;
III – no caso de administrador, direta ou in- V – a cisão de sociedade, transferência de
diretamente responsável pela infração cometida, controle societário, venda de ativos ou cessação
quando comprovada a sua culpa ou dolo, multa parcial de atividade;
de 1% (um por cento) a 20% (vinte por cento) VI – a proibição de exercer o comércio em
daquela aplicada à empresa, no caso previsto nome próprio ou como representante de pessoa
no inciso I do caput deste artigo, ou às pessoas jurídica, pelo prazo de até 5 (cinco) anos; e
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

jurídicas ou entidades, nos casos previstos no VII – qualquer outro ato ou providência ne-
inciso II do caput deste artigo. cessários para a eliminação dos efeitos nocivos
§ 1o Em caso de reincidência, as multas co- à ordem econômica.
minadas serão aplicadas em dobro.
§ 2o No cálculo do valor da multa de que Art. 39. Pela continuidade de atos ou situações
trata o inciso I do caput deste artigo, o Cade po- que configurem infração da ordem econômica,
derá considerar o faturamento total da empresa após decisão do Tribunal determinando sua
ou grupo de empresas, quando não dispuser cessação, bem como pelo não cumprimento de
do valor do faturamento no ramo de atividade obrigações de fazer ou não fazer impostas, ou
empresarial em que ocorreu a infração, definido pelo descumprimento de medida preventiva ou
pelo Cade, ou quando este for apresentado de termo de compromisso de cessação previstos
forma incompleta e/ou não demonstrado de nesta Lei, o responsável fica sujeito a multa diária
forma inequívoca e idônea. fixada em valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais),
podendo ser aumentada em até 50 (cinquenta)
Art. 38. Sem prejuízo das penas cominadas vezes, se assim recomendar a situação econômica
82 no art. 37 desta Lei, quando assim exigir a gra- do infrator e a gravidade da infração.
Art. 40. A recusa, omissão ou retardamento (cinco milhões de reais), de acordo com a gra-
injustificado de informação ou documentos vidade dos fatos e a situação econômica do
solicitados pelo Cade ou pela Secretaria de infrator, sem prejuízo das demais cominações
Acompanhamento Econômico constitui infra- legais cabíveis.
ção punível com multa diária de R$ 5.000,00
(cinco mil reais), podendo ser aumentada em Art. 44. Aquele que prestar serviços ao Cade ou
até 20 (vinte) vezes, se necessário para garantir a Seae, a qualquer título, e que der causa, mesmo
sua eficácia, em razão da situação econômica que por mera culpa, à disseminação indevida
do infrator. de informação acerca de empresa, coberta por
§ 1o O montante fixado para a multa diária sigilo, será punível com multa pecuniária de
de que trata o caput deste artigo constará do R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 20.000,00 (vinte
documento que contiver a requisição da auto- mil reais), sem prejuízo de abertura de outros
ridade competente. procedimentos cabíveis.
§ 2o Compete à autoridade requisitante a § 1o Se o autor da disseminação indevida
aplicação da multa prevista no caput deste artigo. estiver servindo o Cade em virtude de man-
§ 3o Tratando-se de empresa estrangeira, dato, ou na qualidade de Procurador Federal
responde solidariamente pelo pagamento da ou Economista-Chefe, a multa será em dobro.
multa de que trata o caput sua filial, sucursal, § 2o O Regulamento definirá o procedimento
escritório ou estabelecimento situado no País. para que uma informação seja tida como sigilosa,
no âmbito do Cade e da Seae.
Art. 41. A falta injustificada do representado
ou de terceiros, quando intimados para prestar Art. 45. Na aplicação das penas estabelecidas
esclarecimentos, no curso de inquérito ou pro- nesta Lei, levar-se-á em consideração:
cesso administrativo, sujeitará o faltante à multa I – a gravidade da infração;
de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 15.000,00 II – a boa-fé do infrator;
(quinze mil reais) para cada falta, aplicada con- III – a vantagem auferida ou pretendida pelo
forme sua situação econômica. infrator;
Parágrafo único. A multa a que se refere o IV – a consumação ou não da infração;
caput deste artigo será aplicada mediante auto V – o grau de lesão, ou perigo de lesão, à
de infração pela autoridade competente. livre concorrência, à economia nacional, aos
consumidores, ou a terceiros;
Art. 42. Impedir, obstruir ou de qualquer outra VI – os efeitos econômicos negativos produ-
forma dificultar a realização de inspeção autori- zidos no mercado;
zada pelo Plenário do Tribunal, pelo Conselhei- VII – a situação econômica do infrator; e
ro-Relator ou pela Superintendência-Geral no VIII – a reincidência.
curso de procedimento preparatório, inquérito
administrativo, processo administrativo ou qual-
quer outro procedimento sujeitará o inspecio- CAPÍTULO IV – Da Prescrição
nado ao pagamento de multa de R$ 20.000,00
(vinte mil reais) a R$ 400.000,00 (quatrocentos Art. 46. Prescrevem em 5 (cinco) anos as ações
mil reais), conforme a situação econômica do punitivas da administração pública federal, di-
infrator, mediante a lavratura de auto de infração reta e indireta, objetivando apurar infrações da
pelo órgão competente. ordem econômica, contados da data da prática
do ilícito ou, no caso de infração permanente
Normas correlatas

Art. 43. A enganosidade ou a falsidade de in- ou continuada, do dia em que tiver cessada a
formações, de documentos ou de declarações prática do ilícito.
prestadas por qualquer pessoa ao Cade ou à § 1o Interrompe a prescrição qualquer ato
Secretaria de Acompanhamento Econômico administrativo ou judicial que tenha por objeto a
será punível com multa pecuniária no valor de apuração da infração contra a ordem econômica
R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 5.000.000,00 83
mencionada no caput deste artigo, bem como a IV – processo administrativo para análise de
notificação ou a intimação da investigada. ato de concentração econômica;
§ 2o Suspende-se a prescrição durante a V – procedimento administrativo para apu-
vigência do compromisso de cessação ou do ração de ato de concentração econômica; e
acordo em controle de concentrações. VI – processo administrativo para imposição
§ 3o Incide a prescrição no procedimento de sanções processuais incidentais.
administrativo paralisado por mais de 3 (três)
anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos Art. 49. O Tribunal e a Superintendência-Ge-
autos serão arquivados de ofício ou mediante ral assegurarão nos procedimentos previstos
requerimento da parte interessada, sem prejuí- nos incisos II, III, IV e VI do caput do art. 48
zo da apuração da responsabilidade funcional desta Lei o tratamento sigiloso de documentos,
decorrente da paralisação, se for o caso. informações e atos processuais necessários à
§ 4o Quando o fato objeto da ação punitiva elucidação dos fatos ou exigidos pelo interesse
da administração também constituir crime, a da sociedade.
prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei Parágrafo único. As partes poderão requerer
penal. tratamento sigiloso de documentos ou informa-
ções, no tempo e modo definidos no regimento
interno.
CAPÍTULO V – Do Direito de Ação
Art. 50. A Superintendência-Geral ou o Con-
Art. 47. Os prejudicados, por si ou pelos le- selheiro-Relator poderá admitir a intervenção
gitimados referidos no art. 82 da Lei no 8.078, no processo administrativo de:
de 11 de setembro de 1990, poderão ingressar I – terceiros titulares de direitos ou interes-
em juízo para, em defesa de seus interesses in- ses que possam ser afetados pela decisão a ser
dividuais ou individuais homogêneos, obter a adotada; ou
cessação de práticas que constituam infração da II – legitimados à propositura de ação civil
ordem econômica, bem como o recebimento pública pelos incisos III e IV do art. 82 da Lei
de indenização por perdas e danos sofridos, no 8.078, de 11 de setembro de 1990.
independentemente do inquérito ou processo
administrativo, que não será suspenso em vir- Art. 51. Na tramitação dos processos no Cade,
tude do ajuizamento de ação. serão observadas as seguintes disposições, além
daquelas previstas no regimento interno:
I – os atos de concentração terão prioridade
TÍTULO VI – Das Diversas Espécies de sobre o julgamento de outras matérias;
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

Processo Administrativo II – a sessão de julgamento do Tribunal é


CAPÍTULO I – Disposições Gerais pública, salvo nos casos em que for determinado
tratamento sigiloso ao processo, ocasião em que
Art. 48. Esta Lei regula os seguintes proce- as sessões serão reservadas;
dimentos administrativos instaurados para III – nas sessões de julgamento do Tribunal,
prevenção, apuração e repressão de infrações poderão o Superintendente-Geral, o Econo-
à ordem econômica: mista-Chefe, o Procurador-Chefe e as partes
I – procedimento preparatório de inquérito do processo requerer a palavra, que lhes será
administrativo para apuração de infrações à concedida, nessa ordem, nas condições e no
ordem econômica; prazo definido pelo regimento interno, a fim
II – inquérito administrativo para apuração de sustentarem oralmente suas razões perante
de infrações à ordem econômica; o Tribunal;
III – processo administrativo para imposi- IV – a pauta das sessões de julgamento será
ção de sanções administrativas por infrações à definida pelo Presidente, que determinará sua
ordem econômica; publicação, com pelo menos 120 (cento e vinte)
84 horas de antecedência; e
V – os atos e termos a serem praticados nos tendência-Geral fará publicar edital, indicando
autos dos procedimentos enumerados no art. 48 o nome dos requerentes, a natureza da operação
desta Lei poderão ser encaminhados de forma e os setores econômicos envolvidos.
eletrônica ou apresentados em meio magnético
ou equivalente, nos termos das normas do Cade. Art. 54. Após cumpridas as providências in-
dicadas no art. 53, a Superintendência-Geral:
Art. 52. O cumprimento das decisões do Tribu- I – conhecerá diretamente do pedido, pro-
nal e de compromissos e acordos firmados nos ferindo decisão terminativa, quando o proces-
termos desta Lei poderá, a critério do Tribunal, so dispensar novas diligências ou nos casos de
ser fiscalizado pela Superintendência-Geral, com menor potencial ofensivo à concorrência, assim
o respectivo encaminhamento dos autos, após definidos em resolução do Cade; ou
a decisão final do Tribunal. II – determinará a realização da instrução
§ 1o Na fase de fiscalização da execução das complementar, especificando as diligências a
decisões do Tribunal, bem como do cumprimen- serem produzidas.
to de compromissos e acordos firmados nos ter-
mos desta Lei, poderá a Superintendência-Geral Art. 55. Concluída a instrução complementar
valer-se de todos os poderes instrutórios que lhe determinada na forma do inciso II do caput
são assegurados nesta Lei. do art. 54 desta Lei, a Superintendência-Geral
§ 2o Cumprida integralmente a decisão do deverá manifestar-se sobre seu satisfatório cum-
Tribunal ou os acordos em controle de con- primento, recebendo-a como adequada ao exame
centrações e compromissos de cessação, a Su- de mérito ou determinando que seja refeita, por
perintendência-Geral, de ofício ou por provo- estar incompleta.
cação do interessado, manifestar-se-á sobre seu
cumprimento. Art. 56. A Superintendência-Geral poderá, por
meio de decisão fundamentada, declarar a ope-
ração como complexa e determinar a realização
CAPÍTULO II – Do Processo Administrativo de nova instrução complementar, especificando
no Controle de Atos de Concentração as diligências a serem produzidas.
Econômica Parágrafo único. Declarada a operação como
SEÇÃO I – Do Processo Administrativo na complexa, poderá a Superintendência-Geral
Superintendência-Geral requerer ao Tribunal a prorrogação do prazo
de que trata o § 2o do art. 88 desta Lei.
Art. 53. O pedido de aprovação dos atos de
concentração econômica a que se refere o art. 88 Art. 57. Concluídas as instruções complemen-
desta Lei deverá ser endereçado ao Cade e ins- tares de que tratam o inciso II do art. 54 e o
truído com as informações e documentos indis- art. 56 desta Lei, a Superintendência-Geral:
pensáveis à instauração do processo administra- I – proferirá decisão aprovando o ato sem
tivo, definidos em resolução do Cade, além do restrições;
comprovante de recolhimento da taxa respectiva. II – oferecerá impugnação perante o Tribu-
§ 1o Ao verificar que a petição não preenche nal, caso entenda que o ato deva ser rejeitado,
os requisitos exigidos no caput deste artigo ou aprovado com restrições ou que não existam
apresenta defeitos e irregularidades capazes de elementos conclusivos quanto aos seus efeitos
dificultar o julgamento de mérito, a Superin- no mercado.
tendência-Geral determinará, uma única vez, Parágrafo único. Na impugnação do ato pe-
Normas correlatas

que os requerentes a emendem, sob pena de rante o Tribunal, deverão ser demonstrados, de
arquivamento. forma circunstanciada, o potencial lesivo do ato
§ 2o Após o protocolo da apresentação do ato à concorrência e as razões pelas quais não deve
de concentração, ou de sua emenda, a Superin- ser aprovado integralmente ou rejeitado.

85
SEÇÃO II – Do Processo Administrativo no § 1o O Tribunal determinará as restrições
Tribunal cabíveis no sentido de mitigar os eventuais efei-
tos nocivos do ato de concentração sobre os
Art. 58. O requerente poderá oferecer, no prazo mercados relevantes afetados.
de 30 (trinta) dias da data de impugnação da § 2o As restrições mencionadas no § 1o deste
Superintendência-Geral, em petição escrita, di- artigo incluem:
rigida ao Presidente do Tribunal, manifestação I – a venda de ativos ou de um conjunto de
expondo as razões de fato e de direito com que ativos que constitua uma atividade empresarial;
se opõe à impugnação do ato de concentração II – a cisão de sociedade;
da Superintendência-Geral e juntando todas III – a alienação de controle societário;
as provas, estudos e pareceres que corroboram IV – a separação contábil ou jurídica de ati-
seu pedido. vidades;
Parágrafo único. Em até 48 (quarenta e oito) V – o licenciamento compulsório de direitos
horas da decisão de que trata a impugnação pela de propriedade intelectual; e
Superintendência-Geral, disposta no inciso II do VI – qualquer outro ato ou providência ne-
caput do art. 57 desta Lei e na hipótese do inciso cessários para a eliminação dos efeitos nocivos
I do art. 65 desta Lei, o processo será distribuído, à ordem econômica.
por sorteio, a um Conselheiro-Relator. § 3o Julgado o processo no mérito, o ato não
poderá ser novamente apresentado nem revisto
Art. 59. Após a manifestação do requerente, o no âmbito do Poder Executivo.
Conselheiro-Relator:
I – proferirá decisão determinando a inclusão Art. 62. Em caso de recusa, omissão, engano-
do processo em pauta para julgamento, caso en- sidade, falsidade ou retardamento injustificado,
tenda que se encontre suficientemente instruído; por parte dos requerentes, de informações ou
II – determinará a realização de instrução documentos cuja apresentação for determinada
complementar, se necessário, podendo, a seu pelo Cade, sem prejuízo das demais sanções
critério, solicitar que a Superintendência-Geral cabíveis, poderá o pedido de aprovação do ato
a realize, declarando os pontos controversos e de concentração ser rejeitado por falta de pro-
especificando as diligências a serem produzidas. vas, caso em que o requerente somente poderá
§ 1o O Conselheiro-Relator poderá autorizar, realizar o ato mediante apresentação de novo
conforme o caso, precária e liminarmente, a pedido, nos termos do art. 53 desta Lei.
realização do ato de concentração econômica,
impondo as condições que visem à preservação Art. 63. Os prazos previstos neste Capítulo não
da reversibilidade da operação, quando assim se suspendem ou interrompem por qualquer
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

recomendarem as condições do caso concreto. motivo, ressalvado o disposto no § 5o do art. 6o


§ 2o O Conselheiro-Relator poderá acom- desta Lei, quando for o caso.
panhar a realização das diligências referidas no
inciso II do caput deste artigo. Art. 64. (Vetado)

Art. 60. Após a conclusão da instrução, o Con-


selheiro-Relator determinará a inclusão do pro- SEÇÃO III – Do Recurso contra Decisão de
cesso em pauta para julgamento. Aprovação do Ato pela Superintendência-
Geral
Art. 61. No julgamento do pedido de aprovação
do ato de concentração econômica, o Tribunal Art. 65. No prazo de 15 (quinze) dias contado
poderá aprová-lo integralmente, rejeitá-lo ou a partir da publicação da decisão da Superinten-
aprová-lo parcialmente, caso em que determi- dência-Geral que aprovar o ato de concentração,
nará as restrições que deverão ser observadas na forma do inciso I do caput do art. 54 e do
como condição para a validade e eficácia do ato. inciso I do caput do art. 57 desta Lei:
86
I – caberá recurso da decisão ao Tribunal, que CAPÍTULO III – Do Inquérito
poderá ser interposto por terceiros interessados Administrativo para Apuração de Infrações
ou, em se tratando de mercado regulado, pela à Ordem Econômica e do Procedimento
respectiva agência reguladora; Preparatório
II – o Tribunal poderá, mediante provocação
de um de seus Conselheiros e em decisão fun- Art. 66. O inquérito administrativo, procedi-
damentada, avocar o processo para julgamento mento investigatório de natureza inquisitorial,
ficando prevento o Conselheiro que encaminhou será instaurado pela Superintendência-Geral
a provocação. para apuração de infrações à ordem econômica.
§ 1o Em até 5 (cinco) dias úteis a partir do § 1o O inquérito administrativo será ins-
recebimento do recurso, o Conselheiro-Relator: taurado de ofício ou em face de representação
I – conhecerá do recurso e determinará a sua fundamentada de qualquer interessado, ou em
inclusão em pauta para julgamento; decorrência de peças de informação, quando
II – conhecerá do recurso e determinará a os indícios de infração à ordem econômica não
realização de instrução complementar, poden- forem suficientes para a instauração de processo
do, a seu critério, solicitar que a Superinten- administrativo.
dência-Geral a realize, declarando os pontos § 2o A Superintendência-Geral poderá ins-
controversos e especificando as diligências a taurar procedimento preparatório de inquéri-
serem produzidas; ou to administrativo para apuração de infrações
III – não conhecerá do recurso, determinando à ordem econômica para apurar se a conduta
o seu arquivamento. sob análise trata de matéria de competência do
§ 2o As requerentes poderão manifestar-se Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência,
acerca do recurso interposto, em até 5 (cinco) nos termos desta Lei.
dias úteis do conhecimento do recurso no Tri- § 3o As diligências tomadas no âmbito do
bunal ou da data do recebimento do relatório procedimento preparatório de inquérito admi-
com a conclusão da instrução complementar nistrativo para apuração de infrações à ordem
elaborada pela Superintendência-Geral, o que econômica deverão ser realizadas no prazo má-
ocorrer por último. ximo de 30 (trinta) dias.
§ 3o O litigante de má-fé arcará com mul- § 4o Do despacho que ordenar o arquiva-
ta, em favor do Fundo de Defesa de Direitos mento de procedimento preparatório, indeferir o
Difusos, a ser arbitrada pelo Tribunal entre requerimento de abertura de inquérito adminis-
R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e R$ 5.000.000,00 trativo, ou seu arquivamento, caberá recurso de
(cinco milhões de reais), levando-se em consi- qualquer interessado ao Superintendente-Geral,
deração sua condição econômica, sua atuação no na forma determinada em regulamento, que
processo e o retardamento injustificado causado decidirá em última instância.
à aprovação do ato. § 5o (Vetado)
§ 4o A interposição do recurso a que se re- § 6o A representação de Comissão do Con-
fere o caput deste artigo ou a decisão de avocar gresso Nacional, ou de qualquer de suas Casas,
suspende a execução do ato de concentração bem como da Secretaria de Acompanhamento
econômica até decisão final do Tribunal. Econômico, das agências reguladoras e da Pro-
§ 5o O Conselheiro-Relator poderá acom- curadoria Federal junto ao Cade, independe
panhar a realização das diligências referidas no de procedimento preparatório, instaurando-se
inciso II do § 1o deste artigo. desde logo o inquérito administrativo ou pro-
cesso administrativo.
Normas correlatas

§ 7o O representante e o indiciado poderão


requerer qualquer diligência, que será realizada
ou não, a juízo da Superintendência-Geral.
§ 8o A Superintendência-Geral poderá so-
licitar o concurso da autoridade policial ou do
Ministério Público nas investigações. 87
§ 9o O inquérito administrativo deverá ser CAPÍTULO IV – Do Processo
encerrado no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, Administrativo para Imposição de Sanções
contado da data de sua instauração, prorrogáveis Administrativas por Infrações à Ordem
por até 60 (sessenta) dias, por meio de despacho Econômica
fundamentado e quando o fato for de difícil
elucidação e o justificarem as circunstâncias Art. 69. O processo administrativo, procedi-
do caso concreto. mento em contraditório, visa a garantir ao acu-
§ 10. Ao procedimento preparatório, assim sado a ampla defesa a respeito das conclusões
como ao inquérito administrativo, poderá ser do inquérito administrativo, cuja nota técnica
dado tratamento sigiloso, no interesse das inves- final, aprovada nos termos das normas do Cade,
tigações, a critério da Superintendência-Geral. constituirá peça inaugural.

Art. 67. Até 10 (dez) dias úteis a partir da data Art. 70. Na decisão que instaurar o processo
de encerramento do inquérito administrativo, administrativo, será determinada a notificação
a Superintendência-Geral decidirá pela instau- do representado para, no prazo de 30 (trinta)
ração do processo administrativo ou pelo seu dias, apresentar defesa e especificar as provas que
arquivamento. pretende sejam produzidas, declinando a qua-
§ 1o O Tribunal poderá, mediante provo- lificação completa de até 3 (três) testemunhas.
cação de um Conselheiro e em decisão fun- § 1o A notificação inicial conterá o inteiro
damentada, avocar o inquérito administrativo teor da decisão de instauração do processo ad-
ou procedimento preparatório de inquérito ministrativo e da representação, se for o caso.
administrativo arquivado pela Superintendên- § 2o A notificação inicial do representado
cia-Geral, ficando prevento o Conselheiro que será feita pelo correio, com aviso de recebimento
encaminhou a provocação. em nome próprio, ou outro meio que assegure a
§ 2o Avocado o inquérito administrativo, o certeza da ciência do interessado ou, não tendo
Conselheiro-Relator terá o prazo de 30 (trinta) êxito a notificação postal, por edital publicado
dias úteis para: no Diário Oficial da União e em jornal de grande
I – confirmar a decisão de arquivamento da circulação no Estado em que resida ou tenha
Superintendência-Geral, podendo, se entender sede, contando-se os prazos da juntada do aviso
necessário, fundamentar sua decisão; de recebimento, ou da publicação, conforme
II – transformar o inquérito administrativo o caso.
em processo administrativo, determinando a § 3o A intimação dos demais atos processuais
realização de instrução complementar, poden- será feita mediante publicação no Diário Oficial
do, a seu critério, solicitar que a Superinten- da União, da qual deverá constar o nome do
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

dência-Geral a realize, declarando os pontos representado e de seu procurador, se houver.


controversos e especificando as diligências a § 4o O representado poderá acompanhar o
serem produzidas. processo administrativo por seu titular e seus
§ 3o Ao inquérito administrativo poderá ser diretores ou gerentes, ou por seu procurador,
dado tratamento sigiloso, no interesse das in- assegurando-se-lhes amplo acesso aos autos
vestigações, a critério do Plenário do Tribunal. no Tribunal.
§ 5o O prazo de 30 (trinta) dias mencionado
Art. 68. O descumprimento dos prazos fixados no caput deste artigo poderá ser dilatado por até
neste Capítulo pela Superintendência-Geral, 10 (dez) dias, improrrogáveis, mediante requi-
assim como por seus servidores, sem justificativa sição do representado.
devidamente comprovada nos autos, poderá
resultar na apuração da respectiva responsabi- Art. 71. Considerar-se-á revel o representado
lidade administrativa, civil e criminal. que, notificado, não apresentar defesa no prazo
legal, incorrendo em confissão quanto à matéria
de fato, contra ele correndo os demais prazos,
88 independentemente de notificação.
Parágrafo único. Qualquer que seja a fase poderá apresentar esclarecimentos ao Tribunal,
do processo, nele poderá intervir o revel, sem a propósito de assuntos que estejam em pauta.
direito à repetição de qualquer ato já praticado.
Art. 79. A decisão do Tribunal, que em qual-
Art. 72. Em até 30 (trinta) dias úteis após o quer hipótese será fundamentada, quando for
decurso do prazo previsto no art. 70 desta Lei, pela existência de infração da ordem econômica,
a Superintendência-Geral, em despacho funda- conterá:
mentado, determinará a produção de provas que I – especificação dos fatos que constituam a
julgar pertinentes, sendo-lhe facultado exercer infração apurada e a indicação das providên-
os poderes de instrução previstos nesta Lei, cias a serem tomadas pelos responsáveis para
mantendo-se o sigilo legal, quando for o caso. fazê-la cessar;
II – prazo dentro do qual devam ser iniciadas
Art. 73. Em até 5 (cinco) dias úteis da data de e concluídas as providências referidas no inciso
conclusão da instrução processual determinada I do caput deste artigo;
na forma do art. 72 desta Lei, a Superintendên- III – multa estipulada;
cia-Geral notificará o representado para apre- IV – multa diária em caso de continuidade
sentar novas alegações, no prazo de 5 (cinco) da infração; e
dias úteis. V – multa em caso de descumprimento das
providências estipuladas.
Art. 74. Em até 15 (quinze) dias úteis contados Parágrafo único. A decisão do Tribunal será
do decurso do prazo previsto no art. 73 desta Lei, publicada dentro de 5 (cinco) dias úteis no Diário
a Superintendência-Geral remeterá os autos do Oficial da União.
processo ao Presidente do Tribunal, opinando,
em relatório circunstanciado, pelo seu arquiva- Art. 80. Aplicam-se às decisões do Tribunal o
mento ou pela configuração da infração. disposto na Lei no 8.437, de 30 de junho de 1992.

Art. 75. Recebido o processo, o Presidente do Art. 81. Descumprida a decisão, no todo ou
Tribunal o distribuirá, por sorteio, ao Conselhei- em parte, será o fato comunicado ao Presidente
ro-Relator, que poderá, caso entenda necessário, do Tribunal, que determinará à Procuradoria
solicitar à Procuradoria Federal junto ao Cade Federal junto ao Cade que providencie sua exe-
que se manifeste no prazo de 20 (vinte) dias. cução judicial.

Art. 76. O Conselheiro-Relator poderá deter- Art. 82. O descumprimento dos prazos fixados
minar diligências, em despacho fundamentado, neste Capítulo pelos membros do Cade, assim
podendo, a seu critério, solicitar que a Superin- como por seus servidores, sem justificativa de-
tendência-Geral as realize, no prazo assinado. vidamente comprovada nos autos, poderá resul-
Parágrafo único. Após a conclusão das dili- tar na apuração da respectiva responsabilidade
gências determinadas na forma deste artigo, o administrativa, civil e criminal.
Conselheiro-Relator notificará o representado
para, no prazo de 15 (quinze) dias úteis, apre- Art. 83. O Cade disporá de forma complemen-
sentar alegações finais. tar sobre o inquérito e o processo administrativo.

Art. 77. No prazo de 15 (quinze) dias úteis


contado da data de recebimento das alegações CAPÍTULO V – Da Medida Preventiva
Normas correlatas

finais, o Conselheiro-Relator solicitará a inclusão


do processo em pauta para julgamento. Art. 84. Em qualquer fase do inquérito ad-
ministrativo para apuração de infrações ou do
Art. 78. A convite do Presidente, por indica- processo administrativo para imposição de san-
ção do Conselheiro-Relator, qualquer pessoa ções por infrações à ordem econômica, poderá
o Conselheiro-Relator ou o Superintendente- 89
-Geral, por iniciativa própria ou mediante pro- que não poderá ser inferior ao mínimo previsto
vocação do Procurador-Chefe do Cade, adotar no art. 37 desta Lei.
medida preventiva, quando houver indício ou § 3o (Vetado)
fundado receio de que o representado, direta ou § 4o A proposta de termo de compromisso
indiretamente, cause ou possa causar ao mercado de cessação de prática somente poderá ser apre-
lesão irreparável ou de difícil reparação, ou torne sentada uma única vez.
ineficaz o resultado final do processo. § 5o A proposta de termo de compromisso
§ 1o Na medida preventiva, determinar-se-á de cessação de prática poderá ter caráter con-
a imediata cessação da prática e será ordenada, fidencial.
quando materialmente possível, a reversão à si- § 6o A apresentação de proposta de termo
tuação anterior, fixando multa diária nos termos de compromisso de cessação de prática não sus-
do art. 39 desta Lei. pende o andamento do processo administrativo.
§ 2o Da decisão que adotar medida preventi- § 7o O termo de compromisso de cessação de
va caberá recurso voluntário ao Plenário do Tri- prática terá caráter público, devendo o acordo
bunal, em 5 (cinco) dias, sem efeito suspensivo. ser publicado no sítio do Cade em 5 (cinco) dias
após a sua celebração.
§ 8o O termo de compromisso de cessação de
CAPÍTULO VI – Do Compromisso de prática constitui título executivo extrajudicial.
Cessação § 9o O processo administrativo ficará sus-
penso enquanto estiver sendo cumprido o
Art. 85. Nos procedimentos administrativos compromisso e será arquivado ao término do
mencionados nos incisos I, II e III do art. 48 prazo fixado, se atendidas todas as condições
desta Lei, o Cade poderá tomar do represen- estabelecidas no termo.
tado compromisso de cessação da prática sob § 10. A suspensão do processo administra-
investigação ou dos seus efeitos lesivos, sempre tivo a que se refere o § 9o deste artigo dar-se-á
que, em juízo de conveniência e oportunidade, somente em relação ao representado que firmou
devidamente fundamentado, entender que aten- o compromisso, seguindo o processo seu curso
de aos interesses protegidos por lei. regular para os demais representados.
§ 1o Do termo de compromisso deverão § 11. Declarado o descumprimento do
constar os seguintes elementos: compromisso, o Cade aplicará as sanções nele
I – a especificação das obrigações do repre- previstas e determinará o prosseguimento do
sentado no sentido de não praticar a conduta processo administrativo e as demais medidas
investigada ou seus efeitos lesivos, bem como administrativas e judiciais cabíveis para sua
obrigações que julgar cabíveis; execução.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

II – a fixação do valor da multa para o caso de § 12. As condições do termo de compromisso


descumprimento, total ou parcial, das obrigações poderão ser alteradas pelo Cade se se comprovar
compromissadas; sua excessiva onerosidade para o representado,
III – a fixação do valor da contribuição pecu- desde que a alteração não acarrete prejuízo para
niária ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos terceiros ou para a coletividade.
quando cabível. § 13. A proposta de celebração do compro-
§ 2o Tratando-se da investigação da prática misso de cessação de prática será indeferida
de infração relacionada ou decorrente das con- quando a autoridade não chegar a um acordo
dutas previstas nos incisos I e II do § 3o do art. 36 com os representados quanto aos seus termos.
desta Lei, entre as obrigações a que se refere o § 14. O Cade definirá, em resolução, normas
inciso I do § 1o deste artigo figurará, necessa- complementares sobre o termo de compromisso
riamente, a obrigação de recolher ao Fundo de de cessação.
Defesa de Direitos Difusos um valor pecuniário § 15. Aplica-se o disposto no art. 50 desta
Lei ao Compromisso de Cessação da Prática.

90
CAPÍTULO VII – Do Programa de I – decretar a extinção da ação punitiva da
Leniência administração pública em favor do infrator, nas
hipóteses em que a proposta de acordo tiver sido
Art. 86. O Cade, por intermédio da Superin- apresentada à Superintendência-Geral sem que
tendência-Geral, poderá celebrar acordo de essa tivesse conhecimento prévio da infração
leniência, com a extinção da ação punitiva da noticiada; ou
administração pública ou a redução de 1 (um) II – nas demais hipóteses, reduzir de 1 (um) a
a 2/3 (dois terços) da penalidade aplicável, nos 2/3 (dois terços) as penas aplicáveis, observado
termos deste artigo, com pessoas físicas e jurí- o disposto no art. 45 desta Lei, devendo ainda
dicas que forem autoras de infração à ordem considerar na gradação da pena a efetividade da
econômica, desde que colaborem efetivamente colaboração prestada e a boa-fé do infrator no
com as investigações e o processo administrativo cumprimento do acordo de leniência.
e que dessa colaboração resulte: § 5o Na hipótese do inciso II do § 4o deste
I – a identificação dos demais envolvidos na artigo, a pena sobre a qual incidirá o fator redutor
infração; e não será superior à menor das penas aplicadas
II – a obtenção de informações e documentos aos demais coautores da infração, relativamente
que comprovem a infração noticiada ou sob aos percentuais fixados para a aplicação das
investigação. multas de que trata o inciso I do art. 37 desta Lei.
§ 1o O acordo de que trata o caput deste arti- § 6o Serão estendidos às empresas do mesmo
go somente poderá ser celebrado se preenchidos, grupo, de fato ou de direito, e aos seus dirigen-
cumulativamente, os seguintes requisitos: tes, administradores e empregados envolvidos
I – a empresa seja a primeira a se qualificar na infração os efeitos do acordo de leniência,
com respeito à infração noticiada ou sob in- desde que o firmem em conjunto, respeitadas
vestigação; as condições impostas.
II – a empresa cesse completamente seu en- § 7o A empresa ou pessoa física que não
volvimento na infração noticiada ou sob investi- obtiver, no curso de inquérito ou processo ad-
gação a partir da data de propositura do acordo; ministrativo, habilitação para a celebração do
III – a Superintendência-Geral não disponha acordo de que trata este artigo, poderá celebrar
de provas suficientes para assegurar a condena- com a Superintendência-Geral, até a remessa do
ção da empresa ou pessoa física por ocasião da processo para julgamento, acordo de leniência
propositura do acordo; e relacionado a uma outra infração, da qual o
IV – a empresa confesse sua participação no Cade não tenha qualquer conhecimento prévio.
ilícito e coopere plena e permanentemente com § 8o Na hipótese do § 7o deste artigo, o infra-
as investigações e o processo administrativo, tor se beneficiará da redução de 1/3 (um terço)
comparecendo, sob suas expensas, sempre que da pena que lhe for aplicável naquele processo,
solicitada, a todos os atos processuais, até seu sem prejuízo da obtenção dos benefícios de que
encerramento. trata o inciso I do § 4o deste artigo em relação
§ 2o Com relação às pessoas físicas, elas à nova infração denunciada.
poderão celebrar acordos de leniência desde § 9o Considera-se sigilosa a proposta de acor-
que cumpridos os requisitos II, III e IV do § 1o do de que trata este artigo, salvo no interesse
deste artigo. das investigações e do processo administrativo.
§ 3o O acordo de leniência firmado com o § 10. Não importará em confissão quanto à
Cade, por intermédio da Superintendência-Ge- matéria de fato, nem reconhecimento de ilicitude
ral, estipulará as condições necessárias para asse- da conduta analisada, a proposta de acordo de
Normas correlatas

gurar a efetividade da colaboração e o resultado leniência rejeitada, da qual não se fará qualquer
útil do processo. divulgação.
§ 4o Compete ao Tribunal, por ocasião do § 11. A aplicação do disposto neste artigo
julgamento do processo administrativo, verifi- observará as normas a serem editadas pelo Tri-
cado o cumprimento do acordo: bunal.
91
§ 12. Em caso de descumprimento do acordo e realizado em, no máximo, 240 (duzentos e
de leniência, o beneficiário ficará impedido de quarenta) dias, a contar do protocolo de petição
celebrar novo acordo de leniência pelo prazo de ou de sua emenda.
3 (três) anos, contado da data de seu julgamento. § 3o Os atos que se subsumirem ao disposto
no caput deste artigo não podem ser consumados
Art. 87. Nos crimes contra a ordem econômica, antes de apreciados, nos termos deste artigo e do
tipificados na Lei no 8.137, de 27 de dezembro de procedimento previsto no Capítulo II do Título
1990, e nos demais crimes diretamente relacio- VI desta Lei, sob pena de nulidade, sendo ainda
nados à prática de cartel, tais como os tipificados imposta multa pecuniária, de valor não inferior
na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e os a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) nem superior
tipificados no art. 288 do Decreto-lei no 2.848, a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais), a
de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, a ser aplicada nos termos da regulamentação, sem
celebração de acordo de leniência, nos termos prejuízo da abertura de processo administrativo,
desta Lei, determina a suspensão do curso do nos termos do art. 69 desta Lei.
prazo prescricional e impede o oferecimento § 4o Até a decisão final sobre a operação,
da denúncia com relação ao agente beneficiário deverão ser preservadas as condições de concor-
da leniência. rência entre as empresas envolvidas, sob pena
Parágrafo único. Cumprido o acordo de de aplicação das sanções previstas no § 3o deste
leniência pelo agente, extingue-se automatica- artigo.
mente a punibilidade dos crimes a que se refere § 5o Serão proibidos os atos de concentração
o caput deste artigo. que impliquem eliminação da concorrência em
parte substancial de mercado relevante, que pos-
sam criar ou reforçar uma posição dominante
TÍTULO VII – Do Controle de ou que possam resultar na dominação de mer-
Concentrações cado relevante de bens ou serviços, ressalvado
CAPÍTULO I – Dos Atos de Concentração o disposto no § 6o deste artigo.
§ 6o Os atos a que se refere o § 5o deste ar-
Art. 88. Serão submetidos ao Cade pelas partes tigo poderão ser autorizados, desde que sejam
envolvidas na operação os atos de concentração observados os limites estritamente necessários
econômica em que, cumulativamente: para atingir os seguintes objetivos:
I – pelo menos um dos grupos envolvidos na I – cumulada ou alternativamente:
operação tenha registrado, no último balanço, a) aumentar a produtividade ou a compe-
faturamento bruto anual ou volume de negó- titividade;
cios total no País, no ano anterior à operação, b) melhorar a qualidade de bens ou servi-
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

equivalente ou superior a R$ 400.000.000,00 ços; ou


(quatrocentos milhões de reais); e c) propiciar a eficiência e o desenvolvimento
II – pelo menos um outro grupo envolvido na tecnológico ou econômico; e
operação tenha registrado, no último balanço, II – sejam repassados aos consumidores parte
faturamento bruto anual ou volume de negócios relevante dos benefícios decorrentes.
total no País, no ano anterior à operação, equi- § 7o É facultado ao Cade, no prazo de 1 (um)
valente ou superior a R$ 30.000.000,00 (trinta ano a contar da respectiva data de consumação,
milhões de reais). requerer a submissão dos atos de concentração
§ 1o Os valores mencionados nos incisos I que não se enquadrem no disposto neste artigo.
e II do caput deste artigo poderão ser adequa- § 8o As mudanças de controle acionário de
dos, simultânea ou independentemente, por companhias abertas e os registros de fusão, sem
indicação do Plenário do Cade, por portaria prejuízo da obrigação das partes envolvidas,
interministerial dos Ministros de Estado da Fa- devem ser comunicados ao Cade pela Comissão
zenda e da Justiça. de Valores Mobiliários – CVM e pelo Departa-
§ 2o O controle dos atos de concentração mento Nacional do Registro do Comércio do
92 de que trata o caput deste artigo será prévio Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, respectivamente, no prazo ou mediante provocação da Superintendência-
de 5 (cinco) dias úteis para, se for o caso, ser -Geral, se a decisão for baseada em informações
examinados. falsas ou enganosas prestadas pelo interessado,
§ 9o O prazo mencionado no § 2o deste artigo se ocorrer o descumprimento de quaisquer das
somente poderá ser dilatado: obrigações assumidas ou não forem alcançados
I – por até 60 (sessenta) dias, improrrogáveis, os benefícios visados.
mediante requisição das partes envolvidas na Parágrafo único. Na hipótese referida no
operação; ou caput deste artigo, a falsidade ou enganosida-
II – por até 90 (noventa) dias, mediante de- de será punida com multa pecuniária, de valor
cisão fundamentada do Tribunal, em que sejam não inferior a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais)
especificados as razões para a extensão, o prazo nem superior a R$ 6.000.000,00 (seis milhões
da prorrogação, que será não renovável, e as de reais), a ser aplicada na forma das normas
providências cuja realização seja necessária para do Cade, sem prejuízo da abertura de processo
o julgamento do processo. administrativo, nos termos do art. 67 desta Lei,
e da adoção das demais medidas cabíveis.
Art. 89. Para fins de análise do ato de con-
centração apresentado, serão obedecidos os
procedimentos estabelecidos no Capítulo II do CAPÍTULO II – Do Acordo em Controle de
Título VI desta Lei. Concentrações
Parágrafo único. O Cade regulamentará, por
meio de Resolução, a análise prévia de atos de Art. 92. (Vetado)
concentração realizados com o propósito es-
pecífico de participação em leilões, licitações
e operações de aquisição de ações por meio de TÍTULO VIII – Da Execução Judicial das
oferta pública. Decisões do CADE
CAPÍTULO I – Do Processo
Art. 90. Para os efeitos do art. 88 desta Lei,
realiza-se um ato de concentração quando: Art. 93. A decisão do Plenário do Tribunal,
I – 2 (duas) ou mais empresas anteriormente cominando multa ou impondo obrigação de
independentes se fundem; fazer ou não fazer, constitui título executivo
II – 1 (uma) ou mais empresas adquirem, extrajudicial.
direta ou indiretamente, por compra ou permuta
de ações, quotas, títulos ou valores mobiliários Art. 94. A execução que tenha por objeto exclu-
conversíveis em ações, ou ativos, tangíveis ou sivamente a cobrança de multa pecuniária será
intangíveis, por via contratual ou por qualquer feita de acordo com o disposto na Lei no 6.830,
outro meio ou forma, o controle ou partes de de 22 de setembro de 1980.
uma ou outras empresas;
III – 1 (uma) ou mais empresas incorporam Art. 95. Na execução que tenha por objeto,
outra ou outras empresas; ou além da cobrança de multa, o cumprimento de
IV – 2 (duas) ou mais empresas celebram obrigação de fazer ou não fazer, o Juiz concederá
contrato associativo, consórcio ou joint venture. a tutela específica da obrigação, ou determinará
Parágrafo único. Não serão considerados atos providências que assegurem o resultado prático
de concentração, para os efeitos do disposto no equivalente ao do adimplemento.
art. 88 desta Lei, os descritos no inciso IV do § 1o A conversão da obrigação de fazer ou
Normas correlatas

caput, quando destinados às licitações promovi- não fazer em perdas e danos somente será ad-
das pela administração pública direta e indireta missível se impossível a tutela específica ou a
e aos contratos delas decorrentes. obtenção do resultado prático correspondente.
§ 2o A indenização por perdas e danos far-
Art. 91. A aprovação de que trata o art. 88 desta -se-á sem prejuízo das multas.
Lei poderá ser revista pelo Tribunal, de ofício 93
Art. 96. A execução será feita por todos os demais espécies de ação, exceto habeas corpus
meios, inclusive mediante intervenção na em- e mandado de segurança.
presa, quando necessária.

Art. 97. A execução das decisões do Cade será CAPÍTULO II – Da Intervenção Judicial
promovida na Justiça Federal do Distrito Federal
ou da sede ou domicílio do executado, à escolha Art. 102. O Juiz decretará a intervenção na
do Cade. empresa quando necessária para permitir a
execução específica, nomeando o interventor.
Art. 98. O oferecimento de embargos ou o Parágrafo único. A decisão que determinar a
ajuizamento de qualquer outra ação que vise à intervenção deverá ser fundamentada e indicará,
desconstituição do título executivo não suspen- clara e precisamente, as providências a serem
derá a execução, se não for garantido o juízo no tomadas pelo interventor nomeado.
valor das multas aplicadas, para que se garanta
o cumprimento da decisão final proferida nos Art. 103. Se, dentro de 48 (quarenta e oito)
autos, inclusive no que tange a multas diárias. horas, o executado impugnar o interventor por
§ 1o Para garantir o cumprimento das obriga- motivo de inaptidão ou inidoneidade, feita a
ções de fazer, deverá o juiz fixar caução idônea. prova da alegação em 3 (três) dias, o juiz decidirá
§ 2o Revogada a liminar, o depósito do valor em igual prazo.
da multa converter-se-á em renda do Fundo de
Defesa de Direitos Difusos. Art. 104. Sendo a impugnação julgada proce-
§ 3o O depósito em dinheiro não suspende- dente, o juiz nomeará novo interventor no prazo
rá a incidência de juros de mora e atualização de 5 (cinco) dias.
monetária, podendo o Cade, na hipótese do § 2o
deste artigo, promover a execução para cobrança Art. 105. A intervenção poderá ser revogada
da diferença entre o valor revertido ao Fundo de antes do prazo estabelecido, desde que compro-
Defesa de Direitos Difusos e o valor da multa vado o cumprimento integral da obrigação que
atualizado, com os acréscimos legais, como se a determinou.
sua exigibilidade do crédito jamais tivesse sido
suspensa. Art. 106. A intervenção judicial deverá restrin-
§ 4o (Revogado) gir-se aos atos necessários ao cumprimento da
decisão judicial que a determinar e terá duração
Art. 99. Em razão da gravidade da infração da máxima de 180 (cento e oitenta) dias, ficando o
ordem econômica, e havendo fundado receio de interventor responsável por suas ações e omis-
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

dano irreparável ou de difícil reparação, ainda sões, especialmente em caso de abuso de poder
que tenha havido o depósito das multas e presta- e desvio de finalidade.
ção de caução, poderá o Juiz determinar a adoção § 1o Aplica-se ao interventor, no que couber,
imediata, no todo ou em parte, das providências o disposto nos arts. 153 a 159 da Lei no 6.404,
contidas no título executivo. de 15 de dezembro de 1976.
§ 2o A remuneração do interventor será
Art. 100. No cálculo do valor da multa diária arbitrada pelo Juiz, que poderá substituí-lo a
pela continuidade da infração, tomar-se-á como qualquer tempo, sendo obrigatória a substituição
termo inicial a data final fixada pelo Cade para quando incorrer em insolvência civil, quando
a adoção voluntária das providências contidas for sujeito passivo ou ativo de qualquer forma de
em sua decisão, e como termo final o dia do seu corrupção ou prevaricação, ou infringir quais-
efetivo cumprimento. quer de seus deveres.

Art. 101. O processo de execução em juízo Art. 107. O juiz poderá afastar de suas funções
das decisões do Cade terá preferência sobre as os responsáveis pela administração da empresa
94 que, comprovadamente, obstarem o cumpri-
mento de atos de competência do interventor, Art. 113. Visando a implementar a transição
devendo eventual substituição dar-se na forma para o sistema de mandatos não coincidentes,
estabelecida no contrato social da empresa. as nomeações dos Conselheiros observarão os
§ 1o Se, apesar das providências previstas seguintes critérios de duração dos mandatos,
no caput deste artigo, um ou mais responsáveis nessa ordem:
pela administração da empresa persistirem em I – 2 (dois) anos para os primeiros 2 (dois)
obstar a ação do interventor, o juiz procederá na mandatos vagos; e
forma do disposto no § 2o deste artigo. II – 3 (três) anos para o terceiro e o quarto
§ 2o Se a maioria dos responsáveis pela ad- mandatos vagos.
ministração da empresa recusar colaboração ao § 1o Os mandatos dos membros do Cade e
interventor, o juiz determinará que este assuma do Procurador-Chefe em vigor na data de pro-
a administração total da empresa. mulgação desta Lei serão mantidos e exercidos
até o seu término original, devendo as nomea-
Art. 108. Compete ao interventor: ções subsequentes à extinção desses mandatos
I – praticar ou ordenar que sejam praticados observar o disposto neste artigo.
os atos necessários à execução; § 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, o Con-
II – denunciar ao Juiz quaisquer irregularida- selheiro que estiver exercendo o seu primeiro
des praticadas pelos responsáveis pela empresa mandato no Cade, após o término de seu manda-
e das quais venha a ter conhecimento; e to original, poderá ser novamente nomeado no
III – apresentar ao Juiz relatório mensal de mesmo cargo, observado o disposto nos incisos
suas atividades. I e II do caput deste artigo.
§ 3o O Conselheiro que estiver exercendo o
Art. 109. As despesas resultantes da interven- seu segundo mandato no Cade, após o término
ção correrão por conta do executado contra de seu mandato original, não poderá ser nova-
quem ela tiver sido decretada. mente nomeado para o período subsequente.
§ 4o Não haverá recondução para o Procu-
Art. 110. Decorrido o prazo da intervenção, rador-Chefe que estiver exercendo mandato no
o interventor apresentará ao juiz relatório cir- Cade, após o término de seu mandato original,
cunstanciado de sua gestão, propondo a extinção podendo ele ser indicado para permanecer no
e o arquivamento do processo ou pedindo a cargo na forma do art. 16 desta Lei.
prorrogação do prazo na hipótese de não ter
sido possível cumprir integralmente a decisão Art. 114. (Vetado)
exequenda.
Art. 115. Aplicam-se subsidiariamente aos
Art. 111. Todo aquele que se opuser ou obs- processos administrativo e judicial previstos
taculizar a intervenção ou, cessada esta, prati- nesta Lei as disposições das Leis nos 5.869, de
car quaisquer atos que direta ou indiretamente 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo
anulem seus efeitos, no todo ou em parte, ou Civil, 7.347, de 24 de julho de 1985, 8.078, de 11
desobedecer a ordens legais do interventor será, de setembro de 1990, e 9.784, de 29 de janeiro
conforme o caso, responsabilizado criminalmen- de 1999.
te por resistência, desobediência ou coação no
curso do processo, na forma dos arts. 329, 330 Art. 116. O art. 4o da Lei no 8.137, de 27 de
e 344 do Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro dezembro de 1990, passa a vigorar com a se-
de 1940 – Código Penal. guinte redação:
Normas correlatas

.................................................................................

TÍTULO IX – Disposições Finais e Art. 117. O caput e o inciso V do art. 1o da


Transitórias Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, passam a
vigorar com a seguinte redação:
Art. 112. (Vetado) ................................................................................. 95
Art. 118. Nos processos judiciais em que se Art. 123. Ato do Ministro de Estado do Pla-
discuta a aplicação desta Lei, o Cade deverá ser nejamento, Orçamento e Gestão fixará o quan-
intimado para, querendo, intervir no feito na titativo ideal de cargos efetivos, ocupados, a
qualidade de assistente. serem mantidos, mediante lotação, requisição
ou exercício, no âmbito do Cade e da Secretaria
Art. 119. O disposto nesta Lei não se aplica aos de Acompanhamento Econômico, bem como
casos de dumping e subsídios de que tratam os fixará cronograma para que sejam atingidos
Acordos Relativos à Implementação do Artigo os seus quantitativos, observadas as dotações
VI do Acordo Geral sobre Tarifas Aduanei- consignadas nos Orçamentos da União.
ras e Comércio, promulgados pelos Decretos
nos 93.941 e 93.962, de 16 e 22 de janeiro de Art. 124. Ficam criados, no âmbito do Poder
1987, respectivamente. Executivo Federal, para alocação ao Cade, os
seguintes cargos em comissão do Grupo-Direção
Art. 120. (Vetado) e Assessoramento Superiores – DAS: 2 (dois)
cargos de natureza especial NES de Presidente do
Art. 121. Ficam criados, para exercício na Cade e Superintendente-Geral do Cade, 7 (sete)
Secretaria de Acompanhamento Econômico DAS-6, 16 (dezesseis) DAS-4, 8 (oito) DAS-3, 11
e, prioritariamente, no Cade, observadas as (onze) DAS-2 e 21 (vinte e um) DAS-1.
diretrizes e quantitativos estabelecidos pelo
Órgão Supervisor da Carreira, 200 (duzentos) Art. 125. O Poder Executivo disporá sobre a
cargos de Especialistas em Políticas Públicas e estrutura regimental do Cade, sobre as compe-
Gestão Governamental, integrantes da Carreira tências e atribuições, denominação das unidades
de Especialista em Políticas Públicas e Gestão e especificações dos cargos, promovendo a alo-
Governamental, para o exercício das atribuições cação, nas unidades internas da autarquia, dos
referidas no art. 1o da Lei no 7.834, de 6 de ou- cargos em comissão e das funções gratificadas.
tubro de 1989, a serem providos gradualmente,
observados os limites e a autorização específica Art. 126. Ficam extintos, no âmbito do Poder
da lei de diretrizes orçamentárias, nos termos Executivo Federal, os seguintes cargos em co-
do inciso II do § 1o do art. 169 da Constituição missão do Grupo-Direção e Assessoramento
Federal. Superiores – DAS e Funções Gratificadas – FG:
Parágrafo único. Ficam transferidos para o 3 (três) DAS-5, 2 (duas) FG-1 e 16 (dezesseis)
Cade os cargos pertencentes ao Ministério da FG-3.
Justiça atualmente alocados no Departamento
de Proteção e Defesa Econômica da Secretaria Art. 127. Ficam revogados a Lei no 9.781, de 19
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

de Direito Econômico, bem como o DAS-6 do de janeiro de 1999, os arts. 5o e 6o da Lei no 8.137,
Secretário de Direito Econômico. de 27 de dezembro de 1990, e os arts. 1o a 85 e
88 a 93 da Lei no 8.884, de 11 de junho de 1994.
Art. 122. Os órgãos do SBDC poderão requisi-
tar servidores da administração pública federal Art. 128. Esta Lei entra em vigor após decorri-
direta, autárquica ou fundacional para neles dos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação
ter exercício, independentemente do exercício oficial.
de cargo em comissão ou função de confiança.
Parágrafo único. Ao servidor requisitado na Brasília, 30 de novembro de 2011; 190o da In-
forma deste artigo são assegurados todos os dependência e 123o da República.
direitos e vantagens a que façam jus no órgão
ou entidade de origem, considerando-se o pe- DILMA ROUSSEFF
ríodo de requisição para todos os efeitos da vida
funcional, como efetivo exercício no cargo que Promulgada em 30/11/2011, publicada no DOU de
ocupe no órgão ou entidade de origem. 1o/12/2011 e retificada no DOU de 2/12/2011.
96
Lei no 12.414/2011
Disciplina a formação e consulta a bancos de dados com informações de adimplemento, de pessoas
naturais ou de pessoas jurídicas, para formação de histórico de crédito.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA continuados de água, esgoto, eletricidade, gás,


telecomunicações e assemelhados;
Faço saber que o Congresso Nacional decreta V – consulente: pessoa natural ou jurídica
e eu sanciono a seguinte Lei: que acesse informações em bancos de dados
para qualquer finalidade permitida por esta Lei;
Art. 1o Esta Lei disciplina a formação e consulta VI – anotação: ação ou efeito de anotar, as-
a bancos de dados com informações de adim- sinalar, averbar, incluir, inscrever ou registrar
plemento, de pessoas naturais ou de pessoas informação relativa ao histórico de crédito em
jurídicas, para formação de histórico de crédito, banco de dados; e
sem prejuízo do disposto na Lei no 8.078, de 11 VII – histórico de crédito: conjunto de dados
de setembro de 1990 – Código de Proteção e financeiros e de pagamentos, relativos às ope-
Defesa do Consumidor. rações de crédito e obrigações de pagamento
Parágrafo único. Os bancos de dados ins- adimplidas ou em andamento por pessoa natural
tituídos ou mantidos por pessoas jurídicas de ou jurídica.
direito público interno serão regidos por legis-
lação específica. Art. 3o Os bancos de dados poderão conter
informações de adimplemento do cadastrado,
Art. 2o Para os efeitos desta Lei, considera-se: para a formação do histórico de crédito, nas
I – banco de dados: conjunto de dados rela- condições estabelecidas nesta Lei.
tivo a pessoa natural ou jurídica armazenados § 1o Para a formação do banco de dados,
com a finalidade de subsidiar a concessão de somente poderão ser armazenadas informações
crédito, a realização de venda a prazo ou de objetivas, claras, verdadeiras e de fácil com-
outras transações comerciais e empresariais preensão, que sejam necessárias para avaliar a
que impliquem risco financeiro; situação econômica do cadastrado.
II – gestor: pessoa jurídica que atenda aos § 2o Para os fins do disposto no § 1o, consi-
requisitos mínimos de funcionamento previstos deram-se informações:
nesta Lei e em regulamentação complementar, I – objetivas: aquelas descritivas dos fatos e
responsável pela administração de banco de que não envolvam juízo de valor;
dados, bem como pela coleta, pelo armazena- II – claras: aquelas que possibilitem o ime-
mento, pela análise e pelo acesso de terceiros diato entendimento do cadastrado independen-
aos dados armazenados; temente de remissão a anexos, fórmulas, siglas,
III – cadastrado: pessoa natural ou jurídica símbolos, termos técnicos ou nomenclatura
cujas informações tenham sido incluídas em específica;
banco de dados; III – verdadeiras: aquelas exatas, completas e
IV – fonte: pessoa natural ou jurídica que sujeitas à comprovação nos termos desta Lei; e
conceda crédito, administre operações de au- IV – de fácil compreensão: aquelas em sen-
Normas correlatas

tofinanciamento ou realize venda a prazo ou tido comum que assegurem ao cadastrado o


outras transações comerciais e empresariais pleno conhecimento do conteúdo, do sentido e
que lhe impliquem risco financeiro, inclusive as do alcance dos dados sobre ele anotados.
instituições autorizadas a funcionar pelo Banco § 3o Ficam proibidas as anotações de:
Central do Brasil e os prestadores de serviços
97
I – informações excessivas, assim conside- § 8o É obrigação do gestor manter procedi-
radas aquelas que não estiverem vinculadas à mentos adequados para comprovar a autenti-
análise de risco de crédito ao consumidor; e cidade e a validade da autorização de que trata
II – informações sensíveis, assim considera- a alínea “b” do inciso IV do caput deste artigo.
das aquelas pertinentes à origem social e étnica,
à saúde, à informação genética, à orientação Art. 5o São direitos do cadastrado:
sexual e às convicções políticas, religiosas e I – obter o cancelamento ou a reabertura do
filosóficas. cadastro, quando solicitado;
II – acessar gratuitamente, independente-
Art. 4o O gestor está autorizado, nas condições mente de justificativa, as informações sobre
estabelecidas nesta Lei, a: ele existentes no banco de dados, inclusive seu
I – abrir cadastro em banco de dados com histórico e sua nota ou pontuação de crédito,
informações de adimplemento de pessoas na- cabendo ao gestor manter sistemas seguros, por
turais e jurídicas; telefone ou por meio eletrônico, de consulta às
II – fazer anotações no cadastro de que trata informações pelo cadastrado;
o inciso I do caput deste artigo; III – solicitar a impugnação de qualquer in-
III – compartilhar as informações cadastrais formação sobre ele erroneamente anotada em
e de adimplemento armazenadas com outros banco de dados e ter, em até 10 (dez) dias, sua
bancos de dados; e correção ou seu cancelamento em todos os ban-
IV – disponibilizar a consulentes: cos de dados que compartilharam a informação;
a) a nota ou pontuação de crédito elaborada IV – conhecer os principais elementos e
com base nas informações de adimplemento critérios considerados para a análise de risco,
armazenadas; e resguardado o segredo empresarial;
b) o histórico de crédito, mediante prévia V – ser informado previamente sobre a iden-
autorização específica do cadastrado. tidade do gestor e sobre o armazenamento e
§ 1o (Revogado) o objetivo do tratamento dos dados pessoais;
§ 2o (Revogado) VI – solicitar ao consulente a revisão de
§ 3o (Vetado) decisão realizada exclusivamente por meios
§ 4o A comunicação ao cadastrado deve: automatizados; e
I – ocorrer em até 30 (trinta) dias após a VII – ter os seus dados pessoais utilizados
abertura do cadastro no banco de dados, sem somente de acordo com a finalidade para a qual
custo para o cadastrado; eles foram coletados.
II – ser realizada pelo gestor, diretamente ou § 1o (Vetado)
por intermédio de fontes; e § 2o (Vetado)
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

III – informar de maneira clara e objetiva § 3o O prazo para disponibilização das in-
os canais disponíveis para o cancelamento do formações de que tratam os incisos II e IV do
cadastro no banco de dados. caput deste artigo será de 10 (dez) dias.
§ 5o Fica dispensada a comunicação de que § 4o O cancelamento e a reabertura de ca-
trata o § 4o deste artigo caso o cadastrado já dastro somente serão processados mediante
tenha cadastro aberto em outro banco de dados. solicitação gratuita do cadastrado ao gestor.
§ 6o Para o envio da comunicação de que § 5o O cadastrado poderá realizar a solicita-
trata o § 4o deste artigo, devem ser utilizados ção de que trata o § 4o deste artigo a qualquer
os dados pessoais, como endereço residencial, gestor de banco de dados, por meio telefônico,
comercial, eletrônico, fornecidos pelo cadas- físico e eletrônico.
trado à fonte. § 6o O gestor que receber a solicitação de
§ 7o As informações do cadastrado somente que trata o § 4o deste artigo é obrigado a, no
poderão ser disponibilizadas a consulentes 60 prazo de até 2 (dois) dias úteis:
(sessenta) dias após a abertura do cadastro, I – encerrar ou reabrir o cadastro, conforme
observado o disposto no § 8o deste artigo e no solicitado; e
98 art. 15 desta Lei.
II – transmitir a solicitação aos demais ges- I – realização de análise de risco de crédito
tores, que devem também atender, no mesmo do cadastrado; ou
prazo, à solicitação do cadastrado. II – subsidiar a concessão ou extensão de
§ 7o O gestor deve proceder automaticamen- crédito e a realização de venda a prazo ou ou-
te ao cancelamento de pessoa natural ou jurídica tras transações comerciais e empresariais que
que tenha manifestado previamente, por meio impliquem risco financeiro ao consulente.
telefônico, físico ou eletrônico, a vontade de Parágrafo único. Cabe ao gestor manter sis-
não ter aberto seu cadastro. temas seguros, por telefone ou por meio eletrô-
§ 8o O cancelamento de cadastro implica nico, de consulta para informar aos consulentes
a impossibilidade de uso das informações do as informações de adimplemento do cadastrado.
histórico de crédito pelos gestores, para os fins
previstos nesta Lei, inclusive para a composição Art. 7o-A. Nos elementos e critérios considera-
de nota ou pontuação de crédito de terceiros dos para composição da nota ou pontuação de
cadastrados, na forma do art. 7o-A desta Lei. crédito de pessoa cadastrada em banco de dados
de que trata esta Lei, não podem ser utilizadas
Art. 6o Ficam os gestores de bancos de dados informações:
obrigados, quando solicitados, a fornecer ao I – que não estiverem vinculadas à análise de
cadastrado: risco de crédito e aquelas relacionadas à origem
I – todas as informações sobre ele constantes social e étnica, à saúde, à informação genética,
de seus arquivos, no momento da solicitação; ao sexo e às convicções políticas, religiosas e
II – indicação das fontes relativas às informa- filosóficas;
ções de que trata o inciso I, incluindo endereço II – de pessoas que não tenham com o cadas-
e telefone para contato; trado relação de parentesco de primeiro grau
III – indicação dos gestores de bancos de ou de dependência econômica; e
dados com os quais as informações foram com- III – relacionadas ao exercício regular de
partilhadas; direito pelo cadastrado, previsto no inciso II
IV – indicação de todos os consulentes que do caput do art. 5o desta Lei.
tiveram acesso a qualquer informação sobre § 1o O gestor de banco de dados deve dispo-
ele nos 6 (seis) meses anteriores à solicitação; nibilizar em seu sítio eletrônico, de forma clara,
V – cópia de texto com o sumário dos seus acessível e de fácil compreensão, a sua política
direitos, definidos em lei ou em normas infrale- de coleta e utilização de dados pessoais para
gais pertinentes à sua relação com gestores, bem fins de elaboração de análise de risco de crédito.
como a lista dos órgãos governamentais aos § 2o A transparência da política de coleta e
quais poderá ele recorrer, caso considere que utilização de dados pessoais de que trata o § 1o
esses direitos foram infringidos; e deste artigo deve ser objeto de verificação, na
VI – confirmação de cancelamento do ca- forma de regulamentação a ser expedida pelo
dastro. Poder Executivo.
§ 1o É vedado aos gestores de bancos de
dados estabelecerem políticas ou realizarem Art. 8o São obrigações das fontes:
operações que impeçam, limitem ou dificultem I – (Revogado);
o acesso do cadastrado previsto no inciso II II – (Revogado);
do art. 5o. III – verificar e confirmar, ou corrigir, em
§ 2o O prazo para atendimento das informa- prazo não superior a 2 (dois) dias úteis, infor-
ções de que tratam os incisos II, III, IV e V do mação impugnada, sempre que solicitado por
Normas correlatas

caput deste artigo será de 10 (dez) dias. gestor de banco de dados ou diretamente pelo
cadastrado;
Art. 7o As informações disponibilizadas nos IV – atualizar e corrigir informações en-
bancos de dados somente poderão ser utili- viadas aos gestores, em prazo não superior a
zadas para: 10 (dez) dias;
99
V – manter os registros adequados para ve- terísticas de concessão de crédito somente aos
rificar informações enviadas aos gestores de gestores registrados no Banco Central do Brasil.
bancos de dados; e § 1o (Revogado)
VI – fornecer informações sobre o cadastra- § 2o (Revogado)
do, em bases não discriminatórias, a todos os § 3o O Conselho Monetário Nacional adota-
gestores de bancos de dados que as solicitarem, rá as medidas e normas complementares neces-
no mesmo formato e contendo as mesmas in- sárias para a aplicação do disposto neste artigo.
formações fornecidas a outros bancos de dados. § 4o O compartilhamento de que trata o
Parágrafo único. É vedado às fontes estabele- inciso III do caput do art. 4o desta Lei, quando
cer políticas ou realizar operações que impeçam, referente a informações provenientes de institui-
limitem ou dificultem a transmissão a banco de ções autorizadas a funcionar pelo Banco Central
dados de informações de cadastrados. do Brasil, deverá ocorrer apenas entre gestores
registrados na forma deste artigo.
Art. 9o O compartilhamento de informações § 5o As infrações à regulamentação de que
de adimplemento entre gestores é permitido na trata o § 3o deste artigo sujeitam o gestor ao
forma do inciso III do caput do art. 4o desta Lei. cancelamento do seu registro no Banco Central
§ 1o O gestor que receber informação por do Brasil, assegurado o devido processo legal, na
meio de compartilhamento equipara-se, para forma da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
todos os efeitos desta Lei, ao gestor que anotou § 6o O órgão administrativo competente
originariamente a informação, inclusive quanto poderá requerer aos gestores, na forma e no
à responsabilidade por eventuais prejuízos a prazo que estabelecer, as informações neces-
que der causa e ao dever de receber e proces- sárias para o desempenho das atribuições de
sar impugnações ou cancelamentos e realizar que trata este artigo.
retificações. § 7o Os gestores não se sujeitam à legislação
§ 2o O gestor originário é responsável por aplicável às instituições financeiras e às demais
manter atualizadas as informações cadastrais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco
nos demais bancos de dados com os quais com- Central do Brasil, inclusive quanto às disposi-
partilhou informações, sem nenhum ônus para ções sobre processo administrativo sancionador,
o cadastrado. regime de administração especial temporária,
§ 3o (Revogado) intervenção e liquidação extrajudicial.
§ 4o O gestor deverá assegurar, sob pena de § 8o O disposto neste artigo não afasta a
responsabilidade, a identificação da pessoa que aplicação pelos órgãos integrantes do Sistema
promover qualquer inscrição ou atualização de Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC),
dados relacionados com o cadastrado, regis- na forma do art. 17 desta Lei, das penalidades
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

trando a data desta ocorrência, bem como a cabíveis por violação das normas de proteção
identificação exata da fonte, do nome do agente do consumidor.
que a efetuou e do equipamento ou terminal
a partir do qual foi processada tal ocorrência. Art. 13. O Poder Executivo regulamentará o
disposto nesta Lei, em especial quanto:
Art. 10. É proibido ao gestor exigir exclusivi- I – ao uso, à guarda, ao escopo e ao com-
dade das fontes de informações. partilhamento das informações recebidas por
bancos de dados;
Art. 11. (Revogado) II – aos procedimentos aplicáveis aos gestores
de banco de dados na hipótese de vazamento
Art. 12. As instituições autorizadas a funcio- de informações dos cadastrados, inclusive com
nar pelo Banco Central do Brasil fornecerão relação à comunicação aos órgãos responsáveis
as informações relativas a suas operações de pela sua fiscalização, nos termos do § 1o do
crédito, de arrendamento mercantil e de auto- art. 17 desta Lei; e
financiamento realizadas por meio de grupos III – ao disposto nos arts. 5o e 7o-A desta Lei.
100 de consórcio e a outras operações com carac-
Art. 14. As informações de adimplemento não § 2o Sem prejuízo do disposto no caput e
poderão constar de bancos de dados por período no § 1o deste artigo, os órgãos de proteção e
superior a 15 (quinze) anos. defesa do consumidor poderão aplicar medidas
corretivas e estabelecer aos bancos de dados que
Art. 15. As informações sobre o cadastrado descumprirem o previsto nesta Lei a obrigação
constantes dos bancos de dados somente po- de excluir do cadastro informações incorretas,
derão ser acessadas por consulentes que com no prazo de 10 (dez) dias, bem como de can-
ele mantiverem ou pretenderem manter relação celar os cadastros de pessoas que solicitaram o
comercial ou creditícia. cancelamento, conforme disposto no inciso I
do caput do art. 5o desta Lei.
Art. 16. O banco de dados, a fonte e o consu-
lente são responsáveis, objetiva e solidariamente, Art. 17-A. A quebra do sigilo previsto na Lei
pelos danos materiais e morais que causarem Complementar no 105, de 10 de janeiro de 2001,
ao cadastrado, nos termos da Lei no 8.078, de sujeita os responsáveis às penalidades previstas
11 de setembro de 1990 (Código de Proteção e no art. 10 da referida Lei, sem prejuízo do dis-
Defesa do Consumidor). posto na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990
(Código de Proteção e Defesa do Consumidor).
Art. 17. Nas situações em que o cadastrado
for consumidor, caracterizado conforme a Lei Art. 18. Esta Lei entra em vigor na data de
no 8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código de sua publicação.
Proteção e Defesa do Consumidor, aplicam-se
as sanções e penas nela previstas e o disposto Brasília, 9 de junho de 2011; 190o da Indepen-
no § 2o. dência e 123o da República.
§ 1o Nos casos previstos no caput, a fiscali-
zação e a aplicação das sanções serão exercidas DILMA ROUSSEFF
concorrentemente pelos órgãos de proteção e
defesa do consumidor da União, dos Estados, Promulgada em 9/6/2011 e publicada no DOU de
do Distrito Federal e dos Municípios, nas res- 10/6/2011.
pectivas áreas de atuação administrativa.

Normas correlatas

101
Lei no 12.291/2010
Torna obrigatória a manutenção de exemplar do Código de Defesa do Consumidor nos estabelecimentos
comerciais e de prestação de serviços.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA I – multa no montante de até R$ 1.064,10


(mil e sessenta e quatro reais e dez centavos);
Faço saber que o Congresso Nacional decreta II – (Vetado); e
e eu sanciono a seguinte Lei: III – (Vetado).

Art. 1o São os estabelecimentos comerciais e Art. 3o Esta Lei entra em vigor na data de sua
de prestação de serviços obrigados a manter, em publicação.
local visível e de fácil acesso ao público, 1 (um)
exemplar do Código de Defesa do Consumidor. Brasília, 20 de julho de 2010; 189o da Indepen-
dência e 122o da República.
Art. 2o O não cumprimento do disposto nesta
Lei implicará as seguintes penalidades, a serem LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
aplicadas aos infratores pela autoridade admi-
nistrativa no âmbito de sua atribuição: Promulgada em 20/7/2010 e publicada no DOU de
21/7/2010.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

102
Lei no 10.962/2004
Dispõe sobre a oferta e as formas de afixação de preços de produtos e serviços para o consumidor.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA mento ou área, de acordo com a forma habitual


de comercialização de cada tipo de produto.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta Parágrafo único. O disposto neste artigo não
e eu sanciono a seguinte Lei: se aplica à comercialização de medicamentos.

Art. 1o Esta Lei regula as condições de oferta Art. 3o Na impossibilidade de afixação de pre-
e afixação de preços de bens e serviços para o ços conforme disposto no art. 2o, é permitido o
consumidor. uso de relações de preços dos produtos expostos,
bem como dos serviços oferecidos, de forma
Art. 2o São admitidas as seguintes formas de escrita, clara e acessível ao consumidor.
afixação de preços em vendas a varejo para o
consumidor: Art. 4o Nos estabelecimentos que utilizem có-
I – no comércio em geral, por meio de etique- digo de barras para apreçamento, deverão ser
tas ou similares afixados diretamente nos bens oferecidos equipamentos de leitura ótica para
expostos à venda, e em vitrines, mediante di- consulta de preço pelo consumidor, localizados
vulgação do preço à vista em caracteres legíveis; na área de vendas e em outras de fácil acesso.
II – em autosserviços, supermercados, hi- § 1o O regulamento desta Lei definirá, obser-
permercados, mercearias ou estabelecimentos vados, dentre outros critérios ou fatores, o tipo
comerciais onde o consumidor tenha acesso e o tamanho do estabelecimento e a quantidade
direto ao produto, sem intervenção do comer- e a diversidade dos itens de bens e serviços, a
ciante, mediante a impressão ou afixação do área máxima que deverá ser atendida por cada
preço do produto na embalagem, ou a afixação leitora ótica.
de código referencial, ou ainda, com a afixação § 2o Para os fins desta Lei, considera-se área
de código de barras; de vendas aquela na qual os consumidores têm
III – no comércio eletrônico, mediante di- acesso às mercadorias e serviços oferecidos para
vulgação ostensiva do preço à vista, junto à consumo no varejo, dentro do estabelecimento.
imagem do produto ou descrição do serviço,
em caracteres facilmente legíveis com tamanho Art. 5o No caso de divergência de preços para o
de fonte não inferior a doze. mesmo produto entre os sistemas de informação
Parágrafo único. Nos casos de utilização de de preços utilizados pelo estabelecimento, o
código referencial ou de barras, o comerciante consumidor pagará o menor dentre eles.
deverá expor, de forma clara e legível, junto aos
itens expostos, informação relativa ao preço à Art. 5o-A. O fornecedor deve informar, em
vista do produto, suas características e código. local e formato visíveis ao consumidor, eventuais
descontos oferecidos em função do prazo ou do
Art. 2o-A. Na venda a varejo de produtos fra- instrumento de pagamento utilizado.
cionados em pequenas quantidades, o comer- Parágrafo único. Aplicam-se às infrações a
Normas correlatas

ciante deverá informar, na etiqueta contendo o este artigo as sanções previstas na Lei no 8.078,
preço ou junto aos itens expostos, além do preço de 11 de setembro de 1990.
do produto à vista, o preço correspondente a
uma das seguintes unidades fundamentais de Art. 6o (Vetado)
medida: capacidade, massa, volume, compri-
103
Art. 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
publicação.
Promulgada em 11/10/2004 e publicada no DOU
Brasília, 11 de outubro de 2004; 183o da Inde- de 13/10/2004.
pendência e 116o da República.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

104
Lei no 9.870/1999
Dispõe sobre o valor total das anuidades escolares e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA um ano a contar da data de sua fixação, salvo


quando expressamente prevista em lei.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta § 7o Será nula cláusula contratual que obri-
e eu sanciono a seguinte Lei:1 gue o contratante ao pagamento adicional ou ao
fornecimento de qualquer material escolar de
Art. 1o O valor das anuidades ou das semestra- uso coletivo dos estudantes ou da instituição,
lidades escolares do ensino pré-escolar, funda- necessário à prestação dos serviços educacionais
mental, médio e superior, será contratado, nos contratados, devendo os custos correspondentes
termos desta Lei, no ato da matrícula ou da sua ser sempre considerados nos cálculos do valor
renovação, entre o estabelecimento de ensino e das anuidades ou das semestralidades escolares.
o aluno, o pai do aluno ou o responsável.
§ 1o O valor anual ou semestral referido no Art. 2o O estabelecimento de ensino deverá
caput deste artigo deverá ter como base a última divulgar, em local de fácil acesso ao público, o
parcela da anuidade ou da semestralidade legal- texto da proposta de contrato, o valor apurado
mente fixada no ano anterior, multiplicada pelo na forma do art. 1o e o número de vagas por
número de parcelas do período letivo. sala-classe, no período mínimo de quarenta e
§ 2o (Vetado) cinco dias antes da data final para matrícula,
§ 3o Poderá ser acrescido ao valor total anual conforme calendário e cronograma da insti-
de que trata o § 1o montante proporcional à va- tuição de ensino.
riação de custos a título de pessoal e de custeio, Parágrafo único. (Vetado)
comprovado mediante apresentação de planilha
de custo, mesmo quando esta variação resulte Art. 3o (Vetado)
da introdução de aprimoramentos no processo
didático-pedagógico. Art. 4o A Secretaria de Direito Econômico
§ 4o A planilha de que trata o § 3o será edi- do Ministério da Justiça, quando necessário,
tada em ato do Poder Executivo. poderá requerer, nos termos da Lei no 8.078, de
§ 5o O valor total, anual ou semestral, apu- 11 de setembro de 1990, e no âmbito de suas
rado na forma dos parágrafos precedentes terá atribuições, comprovação documental refe-
vigência por um ano e será dividido em doze ou rente a qualquer cláusula contratual, exceto
seis parcelas mensais iguais, facultada a apre- dos estabelecimentos de ensino que tenham
sentação de planos de pagamento alternativos, firmado acordo com alunos, pais de alunos ou
desde que não excedam ao valor total anual associações de pais e alunos, devidamente le-
ou semestral apurado na forma dos parágrafos galizadas, bem como quando o valor arbitrado
anteriores. for decorrente da decisão do mediador.
§ 6o Será nula, não produzindo qualquer Parágrafo único. Quando a documentação
efeito, cláusula contratual de revisão ou rea- apresentada pelo estabelecimento de ensino
justamento do valor das parcelas da anuidade não corresponder às condições desta Lei, o ór-
Normas correlatas

ou semestralidade escolar em prazo inferior a gão de que trata este artigo poderá tomar, dos
interessados, termo de compromisso, na forma
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que alteram da legislação vigente.
normas, suprimiram-se as alterações determinadas
uma vez que já foram incorporadas às normas às Art. 5o Os alunos já matriculados, salvo quan-
quais se destinam. do inadimplentes, terão direito à renovação das 105
matrículas, observado o calendário escolar da no inciso V do art. 53 do Estatuto da Criança
instituição, o regimento da escola ou cláusula e do Adolescente.
contratual.
Art. 7o São legitimados à propositura das ações
o
Art. 6 São proibidas a suspensão de provas previstas na Lei no 8.078, de 1990, para a defe-
escolares, a retenção de documentos escolares sa dos direitos assegurados por esta Lei e pela
ou a aplicação de quaisquer outras penalidades legislação vigente, as associações de alunos,
pedagógicas por motivo de inadimplemento, de pais de alunos e responsáveis, sendo indis-
sujeitando-se o contratante, no que couber, às pensável, em qualquer caso, o apoio de, pelo
sanções legais e administrativas, compatíveis menos, vinte por cento dos pais de alunos do
com o Código de Defesa do Consumidor, e estabelecimento de ensino ou dos alunos, no
com os arts. 177 e 1.092 do Código Civil Bra- caso de ensino superior.
sileiro, caso a inadimplência perdure por mais
de noventa dias. Art. 8o O art. 39 da Lei no 8.078, de 1990, passa
§ 1o O desligamento do aluno por inadim- a vigorar acrescido do seguinte inciso:
plência somente poderá ocorrer ao final do ................................................................................
ano letivo ou, no ensino superior, ao final do
semestre letivo quando a instituição adotar o Art. 9o A Lei no 9.131, de 24 de novembro de
regime didático semestral. 1995, passa a vigorar acrescida dos seguintes
§ 2o Os estabelecimentos de ensino funda- artigos:
mental, médio e superior deverão expedir, a ................................................................................
qualquer tempo, os documentos de transferên-
cia de seus alunos, independentemente de sua Art. 10. Continuam a produzir efeitos os atos
adimplência ou da adoção de procedimentos praticados com base na Medida Provisória
legais de cobranças judiciais. no 1.890-66, de 24 de setembro de 1999, e nas
§ 3o São asseguradas em estabelecimentos suas antecessoras.
públicos de ensino fundamental e médio as ma-
trículas dos alunos, cujos contratos, celebrados Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de
por seus pais ou responsáveis para a prestação sua publicação.
de serviços educacionais, tenham sido suspensos
em virtude de inadimplemento, nos termos do Art. 12. Revogam-se a Lei no 8.170, de 17 de
caput deste artigo. janeiro de 1991; o art. 14 da Lei no 8.178, de
§ 4o Na hipótese de os alunos a que se refere 1o de março de 1991; e a Lei no 8.747, de 9 de
o § 2o, ou seus pais ou responsáveis, não terem dezembro de 1993.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

providenciado a sua imediata matrícula em


outro estabelecimento de sua livre escolha, as Brasília, 23 de novembro de 1999; 178o da In-
Secretarias de Educação estaduais e municipais dependência e 111o da República.
deverão providenciá-la em estabelecimento de
ensino da rede pública, em curso e série corres- FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
pondentes aos cursados na escola de origem, de
forma a garantir a continuidade de seus estudos Promulgada em 23/11/1999 e publicada no DOU de
no mesmo período letivo e a respeitar o disposto 24/11/1999 – Edição extra.

106
Lei no 9.656/1998
Dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA médica, hospitalar e odontológica, outras ca-


racterísticas que o diferencie de atividade ex-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta clusivamente financeira, tais como:
e eu sanciono a seguinte Lei: a) custeio de despesas;
b) oferecimento de rede credenciada ou
Art. 1o Submetem-se às disposições desta Lei referenciada;
as pessoas jurídicas de direito privado que ope- c) reembolso de despesas;
ram planos de assistência à saúde, sem prejuízo d) mecanismos de regulação;
do cumprimento da legislação específica que e) qualquer restrição contratual, técnica ou
rege a sua atividade, adotando-se, para fins de operacional para a cobertura de procedimen-
aplicação das normas aqui estabelecidas, as se- tos solicitados por prestador escolhido pelo
guintes definições: consumidor; e
I – Plano Privado de Assistência à Saúde: f) vinculação de cobertura financeira à
prestação continuada de serviços ou cobertura aplicação de conceitos ou critérios médico-as-
de custos assistenciais a preço pré ou pós-es- sistenciais.
tabelecido, por prazo indeterminado, com a § 2o Incluem-se na abrangência desta Lei as
finalidade de garantir, sem limite financeiro, a cooperativas que operem os produtos de que
assistência à saúde, pela faculdade de acesso e tratam o inciso I e o § 1o deste artigo, bem assim
atendimento por profissionais ou serviços de as entidades ou empresas que mantêm sistemas
saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de assistência à saúde, pela modalidade de au-
de rede credenciada, contratada ou referenciada, togestão ou de administração.
visando a assistência médica, hospitalar e odon- § 3o As pessoas físicas ou jurídicas residentes
tológica, a ser paga integral ou parcialmente às ou domiciliadas no exterior podem constituir
expensas da operadora contratada, mediante ou participar do capital, ou do aumento do ca-
reembolso ou pagamento direto ao prestador, pital, de pessoas jurídicas de direito privado
por conta e ordem do consumidor; constituídas sob as leis brasileiras para operar
II – Operadora de Plano de Assistência à Saú- planos privados de assistência à saúde.
de: pessoa jurídica constituída sob a modalidade § 4o É vedada às pessoas físicas a operação
de sociedade civil ou comercial, cooperativa, dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1o
ou entidade de autogestão, que opere produto, deste artigo.
serviço ou contrato de que trata o inciso I deste
artigo; Arts. 2o a 7o (Revogados)
III – Carteira: o conjunto de contratos de
cobertura de custos assistenciais ou de serviços Art. 8o Para obter a autorização de funciona-
de assistência à saúde em qualquer das moda- mento, as operadoras de planos privados de
lidades de que tratam o inciso I e o § 1o deste assistência à saúde devem satisfazer os seguintes
artigo, com todos os direitos e obrigações nele requisitos, independentemente de outros que
Normas correlatas

contidos. venham a ser determinados pela ANS:


§ 1o Está subordinada às normas e à fiscaliza- I – registro nos Conselhos Regionais de Me-
ção da Agência Nacional de Saúde Suplementar dicina e Odontologia, conforme o caso, em cum-
– ANS qualquer modalidade de produto, serviço primento ao disposto no art. 1o da Lei no 6.839,
e contrato que apresente, além da garantia de de 30 de outubro de 1980;
cobertura financeira de riscos de assistência 107
II – descrição pormenorizada dos serviços Art. 9o Após decorridos cento e vinte dias de
de saúde próprios oferecidos e daqueles a serem vigência desta Lei, para as operadoras, e duzen-
prestados por terceiros; tos e quarenta dias, para as administradoras de
III – descrição de suas instalações e equi- planos de assistência à saúde, e até que sejam
pamentos destinados a prestação de serviços; definidas pela ANS, as normas gerais de registro,
IV – especificação dos recursos humanos as pessoas jurídicas que operam os produtos de
qualificados e habilitados, com responsabili- que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei,
dade técnica de acordo com as leis que regem e observado o que dispõe o art. 19, só poderão
a matéria; comercializar estes produtos se:
V – demonstração da capacidade de atendi- I – as operadoras e administradoras estiverem
mento em razão dos serviços a serem prestados; provisoriamente cadastradas na ANS; e
VI – demonstração da viabilidade econômi- II – os produtos a serem comercializados
co-financeira dos planos privados de assistência estiverem registrados na ANS.
à saúde oferecidos, respeitadas as peculiarida- § 1o O descumprimento das formalida-
des operacionais de cada uma das respectivas des previstas neste artigo, além de configurar
operadoras; infração, constitui agravante na aplicação de
VII – especificação da área geográfica coberta penalidades por infração das demais normas
pelo plano privado de assistência à saúde. previstas nesta Lei.
§ 1o São dispensadas do cumprimento das § 2o A ANS poderá solicitar informações,
condições estabelecidas nos incisos VI e VII determinar alterações e promover a suspensão
deste artigo as entidades ou empresas que man- do todo ou de parte das condições dos planos
têm sistemas de assistência privada à saúde na apresentados.
modalidade de autogestão, citadas no § 2o do § 3o A autorização de comercialização será
art. 1o. cancelada caso a operadora não comercialize os
§ 2o A autorização de funcionamento será planos ou os produtos de que tratam o inciso I
cancelada caso a operadora não comercialize e o § 1o do art. 1o desta Lei, no prazo máximo
os produtos de que tratam o inciso I e o § 1o de cento e oitenta dias a contar do seu registro
do art. 1o desta Lei, no prazo máximo de cento na ANS.
e oitenta dias a contar do seu registro na ANS. § 4o A ANS poderá determinar a suspen-
§ 3o As operadoras privadas de assistência à são temporária da comercialização de plano
saúde poderão voluntariamente requerer auto- ou produto caso identifique qualquer irregu-
rização para encerramento de suas atividades, laridade contratual, econômico-financeira ou
observando os seguintes requisitos, indepen- assistencial.
dentemente de outros que venham a ser deter-
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

minados pela ANS: Art. 10. É instituído o plano-referência de as-


a) comprovação da transferência da carteira sistência à saúde, com cobertura assistencial mé-
sem prejuízo para o consumidor, ou a inexistên- dico-ambulatorial e hospitalar, compreendendo
cia de beneficiários sob sua responsabilidade; partos e tratamentos, realizados exclusivamente
b) garantia da continuidade da prestação no Brasil, com padrão de enfermaria, centro de
de serviços dos beneficiários internados ou em terapia intensiva, ou similar, quando necessária
tratamento; a internação hospitalar, das doenças listadas na
c) comprovação da quitação de suas obriga- Classificação Estatística Internacional de Doen-
ções com os prestadores de serviço no âmbito ças e Problemas Relacionados com a Saúde, da
da operação de planos privados de assistência Organização Mundial de Saúde, respeitadas
à saúde; as exigências mínimas estabelecidas no art. 12
d) informação prévia à ANS, aos beneficiá- desta Lei, exceto:
rios e aos prestadores de serviço contratados, I – tratamento clínico ou cirúrgico experi-
credenciados ou referenciados, na forma e nos mental;
prazos a serem definidos pela ANS.
108
II – procedimentos clínicos ou cirúrgicos § 6o As coberturas a que se referem as alíneas
para fins estéticos, bem como órteses e próteses “c” do inciso I e “g” do inciso II do caput do
para o mesmo fim; art. 12 desta Lei são obrigatórias, em confor-
III – inseminação artificial; midade com a prescrição médica, desde que os
IV – tratamento de rejuvenescimento ou de medicamentos utilizados estejam registrados
emagrecimento com finalidade estética; no órgão federal responsável pela vigilância
V – fornecimento de medicamentos impor- sanitária, com uso terapêutico aprovado para
tados não nacionalizados; essas finalidades, observado o disposto no § 7o
VI – fornecimento de medicamentos para deste artigo.
tratamento domiciliar, ressalvado o disposto nas § 7o A atualização do rol de procedimentos
alíneas “c” do inciso I e “g” do inciso II do art. 12; e eventos em saúde suplementar pela ANS será
VII – fornecimento de próteses, órteses e realizada por meio da instauração de processo
seus acessórios não ligados ao ato cirúrgico; administrativo, a ser concluído no prazo de
VIII – (Revogado); 180 (cento e oitenta) dias, contado da data em
IX – tratamentos ilícitos ou antiéticos, as- que foi protocolado o pedido, prorrogável por
sim definidos sob o aspecto médico, ou não 90 (noventa) dias corridos quando as circuns-
reconhecidos pelas autoridades competentes; tâncias o exigirem.
X – casos de cataclismos, guerras e comoções § 8o Os processos administrativos de atua-
internas, quando declarados pela autoridade lização do rol de procedimentos e eventos em
competente. saúde suplementar referente aos tratamentos
§ 1o As exceções constantes dos incisos deste listados nas alíneas “c” do inciso I e “g” do in-
artigo serão objeto de regulamentação pela ANS. ciso II do caput do art. 12 desta Lei deverão ser
§ 2o As pessoas jurídicas que comercializam analisados de forma prioritária e concluídos no
produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do prazo de 120 (cento e vinte) dias, contado da
art. 1o desta Lei oferecerão, obrigatoriamente, data em que foi protocolado o pedido, prorro-
a partir de 3 de dezembro de 1999, o plano-re- gável por 60 (sessenta) dias corridos quando as
ferência de que trata este artigo a todos os seus circunstâncias o exigirem.
atuais e futuros consumidores.1 § 9o Finalizado o prazo previsto no § 7o deste
§ 3o Excluem-se da obrigatoriedade a que artigo sem manifestação conclusiva da ANS no
se refere o § 2o deste artigo as pessoas jurídicas processo administrativo, será realizada a inclu-
que mantêm sistemas de assistência à saúde são automática do medicamento, do produto
pela modalidade de autogestão e as pessoas de interesse para a saúde ou do procedimento
jurídicas que operem exclusivamente planos no rol de procedimentos e eventos em saúde
odontológicos. suplementar até que haja decisão da ANS, ga-
§ 4o A amplitude das coberturas no âmbito rantida a continuidade da assistência iniciada
da saúde suplementar, inclusive de transplantes mesmo se a decisão for desfavorável à inclusão.
e de procedimentos de alta complexidade, será § 10. As tecnologias avaliadas e recomen-
estabelecida em norma editada pela ANS. dadas positivamente pela Comissão Nacional
§ 5o As metodologias utilizadas na avalia- de Incorporação de Tecnologias no Sistema
ção de que trata o § 3o do art. 10-D desta Lei, Único de Saúde (Conitec), instituída pela Lei
incluídos os indicadores e os parâmetros de no 12.401, de 28 de abril de 2011, cuja decisão
avaliação econômica de tecnologias em saúde de incorporação ao SUS já tenha sido publica-
utilizados em combinação com outros critérios, da, serão incluídas no Rol de Procedimentos e
serão estabelecidas em norma editada pela ANS, Eventos em Saúde Suplementar no prazo de até
Normas correlatas

assessorada pela Comissão de Atualização do 60 (sessenta) dias.


Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Su- § 11. O processo administrativo de que trata
plementar, e terão ampla divulgação. o § 7o deste artigo observará o disposto na Lei
no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, no que couber,
e as seguintes determinações:
1
Nota do Editor (NE): ver ADI no 1.931. 109
I – apresentação, pelo interessado, dos do- Art. 10-B. Cabe às operadoras dos produtos de
cumentos com as informações necessárias ao que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o, por meio
atendimento do disposto no § 3o do art. 10-D de rede própria, credenciada, contratada ou
desta Lei, na forma prevista em regulamento; referenciada, ou mediante reembolso, fornecer
II – apresentação do preço estabelecido pela bolsas de colostomia, ileostomia e urostomia,
Câmara de Regulação do Mercado de Medica- sonda vesical de demora e coletor de urina com
mentos, no caso de medicamentos; conector, para uso hospitalar, ambulatorial ou
III – realização de consulta pública pelo prazo domiciliar, vedada a limitação de prazo, valor
de 20 (vinte) dias com a divulgação de relatório máximo e quantidade.
preliminar emitido pela Comissão de Atuali-
zação do Rol de Procedimentos e Eventos em Art. 10-C. Os produtos de que tratam o inciso
Saúde Suplementar; I do caput e o § 1o do art. 1o desta Lei deverão
IV – realização de audiência pública, na hi- incluir cobertura de atendimento à violência
pótese de matéria relevante, ou quando tiver autoprovocada e às tentativas de suicídio.
recomendação preliminar de não incorporação,
ou quando solicitada por no mínimo 1/3 (um Art. 10-D. Fica instituída a Comissão de Atua-
terço) dos membros da Comissão de Atualização lização do Rol de Procedimentos e Eventos em
do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Saúde Suplementar à qual compete assessorar
Suplementar; a ANS nas atribuições de que trata o § 4o do
V – divulgação do relatório final de que trata art. 10 desta Lei.
o § 3o do art. 10-D desta Lei da Comissão de § 1o O funcionamento e a composição da
Atualização do Rol de Procedimentos e Eventos Comissão de Atualização do Rol de Procedi-
em Saúde Suplementar; e mentos e Eventos em Saúde Suplementar serão
VI – possibilidade de recurso, no prazo de estabelecidos em regulamento.
até 15 (quinze) dias após a divulgação do re- § 2o A Comissão de Atualização do Rol de
latório final. Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar
terá composição e regimento definidos em regu-
Art. 10-A. Cabe às operadoras definidas nos lamento, com a participação nos processos de:
incisos I e II do § 1o do art. 1o desta Lei, por I – 1 (um) representante indicado pelo Con-
meio de sua rede de unidades conveniadas, selho Federal de Medicina;
prestar serviço de cirurgia plástica reconstru- II – 1 (um) representante da sociedade de
tiva de mama, utilizando-se de todos os meios especialidade médica, conforme a área tera-
e técnicas necessárias, para o tratamento de pêutica ou o uso da tecnologia a ser analisada,
mutilação decorrente de utilização de técnica indicado pela Associação Médica Brasileira;
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

de tratamento de câncer. III – 1 (um) representante de entidade repre-


§ 1o Quando existirem condições técnicas, a sentativa de consumidores de planos de saúde;
reconstrução da mama será efetuada no tempo IV – 1 (um) representante de entidade repre-
cirúrgico da mutilação referida no caput deste sentativa dos prestadores de serviços na saúde
artigo. suplementar;
§ 2o No caso de impossibilidade de recons- V – 1 (um) representante de entidade repre-
trução imediata, a paciente será encaminhada sentativa das operadoras de planos privados de
para acompanhamento e terá garantida a reali- assistência à saúde;
zação da cirurgia imediatamente após alcançar VI – representantes de áreas de atuação pro-
as condições clínicas requeridas. fissional da saúde relacionadas ao evento ou
§ 3o Os procedimentos de simetrização procedimento sob análise.
da mama contralateral e de reconstrução do § 3o A Comissão de Atualização do Rol de
complexo aréolo-mamilar integram a cirurgia Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar
plástica reconstrutiva prevista no caput e no deverá apresentar relatório que considerará:
§ 1o deste artigo. I – as melhores evidências científicas dis-
110 poníveis e possíveis sobre a eficácia, a acurá-
cia, a efetividade, a eficiência, a usabilidade c) cobertura de tratamentos antineoplásicos
e a segurança do medicamento, do produto domiciliares de uso oral, incluindo medicamen-
ou do procedimento analisado, reconhecidas tos para o controle de efeitos adversos relacio-
pelo órgão competente para o registro ou para nados ao tratamento e adjuvantes;
a autorização de uso; II – quando incluir internação hospitalar:
II – a avaliação econômica comparativa dos a) cobertura de internações hospitalares,
benefícios e dos custos em relação às coberturas vedada a limitação de prazo, valor máximo e
já previstas no rol de procedimentos e eventos quantidade, em clínicas básicas e especializadas,
em saúde suplementar, quando couber; e reconhecidas pelo Conselho Federal de Medici-
III – a análise de impacto financeiro da na, admitindo-se a exclusão dos procedimentos
ampliação da cobertura no âmbito da saúde obstétricos;
suplementar. b) cobertura de internações hospitalares em
§ 4o Os membros indicados para compor a centro de terapia intensiva, ou similar, vedada a
Comissão de Atualização do Rol de Procedi- limitação de prazo, valor máximo e quantidade,
mentos e Eventos em Saúde Suplementar, bem a critério do médico assistente;
como os representantes designados para par- c) cobertura de despesas referentes a hono-
ticiparem dos processos, deverão ter formação rários médicos, serviços gerais de enfermagem
técnica suficiente para compreensão adequada e alimentação;
das evidências científicas e dos critérios utili- d) cobertura de exames complementares
zados na avaliação. indispensáveis para o controle da evolução da
doença e elucidação diagnóstica, fornecimento
Art. 11. É vedada a exclusão de cobertura às de medicamentos, anestésicos, gases medici-
doenças e lesões preexistentes à data de contra- nais, transfusões e sessões de quimioterapia e
tação dos produtos de que tratam o inciso I e o radioterapia, conforme prescrição do médico
§ 1o do art. 1o desta Lei após vinte e quatro meses assistente, realizados ou ministrados durante
de vigência do aludido instrumento contratual, o período de internação hospitalar;
cabendo à respectiva operadora o ônus da prova e) cobertura de toda e qualquer taxa, incluin-
e da demonstração do conhecimento prévio do do materiais utilizados, assim como da remoção
consumidor ou beneficiário. do paciente, comprovadamente necessária, para
Parágrafo único. É vedada a suspensão da outro estabelecimento hospitalar, dentro dos
assistência à saúde do consumidor ou benefi- limites de abrangência geográfica previstos no
ciário, titular ou dependente, até a prova de que contrato, em território brasileiro;
trata o caput, na forma da regulamentação a ser f) cobertura de despesas de acompanhante,
editada pela ANS. no caso de pacientes menores de dezoito anos;
g) cobertura para tratamentos antineoplá-
Art. 12. São facultadas a oferta, a contratação sicos ambulatoriais e domiciliares de uso oral,
e a vigência dos produtos de que tratam o inciso procedimentos radioterápicos para tratamento
I e o § 1o do art. 1o desta Lei, nas segmentações de câncer e hemoterapia, na qualidade de proce-
previstas nos incisos I a IV deste artigo, respeita- dimentos cuja necessidade esteja relacionada à
das as respectivas amplitudes de cobertura defi- continuidade da assistência prestada em âmbito
nidas no plano-referência de que trata o art. 10, de internação hospitalar;
segundo as seguintes exigências mínimas: III – quando incluir atendimento obstétrico:
I – quando incluir atendimento ambulatorial: a) cobertura assistencial ao recém-nascido,
a) cobertura de consultas médicas, em nú- filho natural ou adotivo do consumidor, ou de
Normas correlatas

mero ilimitado, em clínicas básicas e especia- seu dependente, durante os primeiros trinta
lizadas, reconhecidas pelo Conselho Federal dias após o parto;
de Medicina; b) inscrição assegurada ao recém-nascido,
b) cobertura de serviços de apoio diagnós- filho natural ou adotivo do consumidor, como
tico, tratamentos e demais procedimentos am- dependente, isento do cumprimento dos perío-
bulatoriais, solicitados pelo médico assistente; dos de carência, desde que a inscrição ocorra 111
no prazo máximo de trinta dias do nascimento § 4o As coberturas a que se referem as alíneas
ou da adoção; “c” do inciso I e “g” do inciso II deste artigo
IV – quando incluir atendimento odonto- serão objeto de protocolos clínicos e diretrizes
lógico: terapêuticas, revisados periodicamente, ouvidas
a) cobertura de consultas e exames auxiliares as sociedades médicas de especialistas da área,
ou complementares, solicitados pelo odontólogo publicados pela ANS.
assistente; § 5o O fornecimento previsto nas alíneas “c”
b) cobertura de procedimentos preventivos, do inciso I e “g” do inciso II do caput deste artigo
de dentística e endodontia; dar-se-á em até 10 (dez) dias após a prescrição
c) cobertura de cirurgias orais menores, médica, por meio de rede própria, credenciada,
assim consideradas as realizadas em ambiente contratada ou referenciada, diretamente ao pa-
ambulatorial e sem anestesia geral; ciente ou ao seu representante legal, podendo
V – quando fixar períodos de carência: ser realizado de maneira fracionada por ciclo,
a) prazo máximo de trezentos dias para sendo obrigatória a comprovação de que o pa-
partos a termo; ciente ou seu representante legal recebeu as
b) prazo máximo de cento e oitenta dias devidas orientações sobre o uso, a conservação
para os demais casos; e o eventual descarte do medicamento.
c) prazo máximo de vinte e quatro horas para
a cobertura dos casos de urgência e emergência; Art. 13. Os contratos de produtos de que tra-
VI – reembolso, em todos os tipos de pro- tam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei têm
dutos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o renovação automática a partir do vencimento
desta Lei, nos limites das obrigações contratuais, do prazo inicial de vigência, não cabendo a
das despesas efetuadas pelo beneficiário com cobrança de taxas ou qualquer outro valor no
assistência à saúde, em casos de urgência ou ato da renovação.
emergência, quando não for possível a utilização Parágrafo único. Os produtos de que trata
dos serviços próprios, contratados, credenciados o caput, contratados individualmente, terão
ou referenciados pelas operadoras, de acordo vigência mínima de um ano, sendo vedadas:
com a relação de preços de serviços médicos e I – a recontagem de carências;
hospitalares praticados pelo respectivo produto, II – a suspensão ou a rescisão unilateral do
pagáveis no prazo máximo de trinta dias após a contrato, salvo por fraude ou não pagamento
entrega da documentação adequada; da mensalidade por período superior a ses-
VII – inscrição de filho adotivo, menor de senta dias, consecutivos ou não, nos últimos
doze anos de idade, aproveitando os períodos doze meses de vigência do contrato, desde que
de carência já cumpridos pelo consumidor o consumidor seja comprovadamente notificado
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

adotante. até o quinquagésimo dia de inadimplência; e


§ 1o Após cento e vinte dias da vigência desta III – a suspensão ou a rescisão unilateral
Lei, fica proibido o oferecimento de produtos do contrato, em qualquer hipótese, durante a
de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta ocorrência de internação do titular.
Lei fora das segmentações de que trata este ar-
tigo, observadas suas respectivas condições de Art. 14. Em razão da idade do consumidor, ou
abrangência e contratação. da condição de pessoa portadora de deficiência,
§ 2o A partir de 3 de dezembro de 1999, da ninguém pode ser impedido de participar de
documentação relativa à contratação de produ- planos privados de assistência à saúde.
tos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o
desta Lei, nas segmentações de que trata este Art. 15. A variação das contraprestações pecu-
artigo, deverá constar declaração em separado niárias estabelecidas nos contratos de produtos
do consumidor, de que tem conhecimento da de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta
existência e disponibilidade do plano referência, Lei, em razão da idade do consumidor, somente
e de que este lhe foi oferecido. poderá ocorrer caso estejam previstas no con-
112 § 3o (Revogado) trato inicial as faixas etárias e os percentuais de
reajustes incidentes em cada uma delas, confor- promisso com os consumidores quanto à sua
me normas expedidas pela ANS, ressalvado o manutenção ao longo da vigência dos contratos,
disposto no art. 35-E. permitindo-se sua substituição, desde que seja
Parágrafo único. É vedada a variação a que por outro prestador equivalente e mediante
alude o caput para consumidores com mais de comunicação aos consumidores com 30 (trinta)
sessenta anos de idade, que participarem dos dias de antecedência.
produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do § 1o É facultada a substituição de entidade
art. 1o, ou sucessores, há mais de dez anos. hospitalar, a que se refere o caput deste artigo,
desde que por outro equivalente e mediante
Art. 16. Dos contratos, regulamentos ou condi- comunicação aos consumidores e à ANS com
ções gerais dos produtos de que tratam o inciso trinta dias de antecedência, ressalvados desse
I e o § 1o do art. 1o desta Lei devem constar prazo mínimo os casos decorrentes de rescisão
dispositivos que indiquem com clareza: por fraude ou infração das normas sanitárias e
I – as condições de admissão; fiscais em vigor.
II – o início da vigência; § 2o Na hipótese de a substituição do estabe-
III – os períodos de carência para consultas, lecimento hospitalar a que se refere o § 1o ocor-
internações, procedimentos e exames; rer por vontade da operadora durante período
IV – as faixas etárias e os percentuais a que de internação do consumidor, o estabelecimento
alude o caput do art. 15; obriga-se a manter a internação e a operadora, a
V – as condições de perda da qualidade de pagar as despesas até a alta hospitalar, a critério
beneficiário; médico, na forma do contrato.
VI – os eventos cobertos e excluídos; § 3o Excetuam-se do previsto no § 2o os casos
VII – o regime, ou tipo de contratação: de substituição do estabelecimento hospitalar
a) individual ou familiar; por infração às normas sanitárias em vigor,
b) coletivo empresarial; ou durante período de internação, quando a opera-
c) coletivo por adesão; dora arcará com a responsabilidade pela trans-
VIII – a franquia, os limites financeiros ou ferência imediata para outro estabelecimento
o percentual de coparticipação do consumidor equivalente, garantindo a continuação da assis-
ou beneficiário, contratualmente previstos nas tência, sem ônus adicional para o consumidor.
despesas com assistência médica, hospitalar e § 4o Em caso de redimensionamento da rede
odontológica; hospitalar por redução, as empresas deverão
IX – os bônus, os descontos ou os agrava- solicitar à ANS autorização expressa para tanto,
mentos da contraprestação pecuniária; informando:
X – a área geográfica de abrangência; I – nome da entidade a ser excluída;
XI – os critérios de reajuste e revisão das II – capacidade operacional a ser reduzida
contraprestações pecuniárias; com a exclusão;
XII – número de registro na ANS. III – impacto sobre a massa assistida, a partir
Parágrafo único. A todo consumidor titular de parâmetros definidos pela ANS, correlacio-
de plano individual ou familiar será obrigatoria- nando a necessidade de leitos e a capacidade
mente entregue, quando de sua inscrição, cópia operacional restante; e
do contrato, do regulamento ou das condições IV – justificativa para a decisão, observando
gerais dos produtos de que tratam o inciso I e o a obrigatoriedade de manter cobertura com
§ 1o do art. 1o, além de material explicativo que padrões de qualidade equivalente e sem ônus
descreva, em linguagem simples e precisa, todas adicional para o consumidor.
Normas correlatas

as suas características, direitos e obrigações.


Art. 17-A. As condições de prestação de ser-
Art. 17. A inclusão de qualquer prestador de viços de atenção à saúde no âmbito dos planos
serviço de saúde como contratado, referenciado privados de assistência à saúde por pessoas fí-
ou credenciado dos produtos de que tratam o sicas ou jurídicas, independentemente de sua
inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei implica com- qualificação como contratadas, referenciadas 113
ou credenciadas, serão reguladas por contrato denciado ou cooperado de uma operadora de
escrito, estipulado entre a operadora do plano produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do
e o prestador de serviço. art. 1o desta Lei implica as seguintes obrigações
§ 1o São alcançados pelas disposições do e direitos:
caput os profissionais de saúde em prática li- I – o consumidor de determinada operadora,
beral privada, na qualidade de pessoa física, em nenhuma hipótese e sob nenhum pretexto ou
e os estabelecimentos de saúde, na qualidade alegação, pode ser discriminado ou atendido de
de pessoa jurídica, que prestem ou venham a forma distinta daquela dispensada aos clientes
prestar os serviços de assistência à saúde a que vinculados a outra operadora ou plano;
aludem os arts. 1o e 35-F desta Lei, no âmbito II – a marcação de consultas, exames e quais-
de planos privados de assistência à saúde. quer outros procedimentos deve ser feita de
§ 2o O contrato de que trata o caput deve forma a atender às necessidades dos consumi-
estabelecer com clareza as condições para a dores, privilegiando os casos de emergência
sua execução, expressas em cláusulas que de- ou urgência, assim como as pessoas com mais
finam direitos, obrigações e responsabilidades de sessenta e cinco anos de idade, as gestantes,
das partes, incluídas, obrigatoriamente, as que lactantes, lactentes e crianças até cinco anos;
determinem: III – a manutenção de relacionamento de
I – o objeto e a natureza do contrato, com contratação, credenciamento ou referencia-
descrição de todos os serviços contratados; mento com número ilimitado de operadoras,
II – a definição dos valores dos serviços sendo expressamente vedado às operadoras,
contratados, dos critérios, da forma e da pe- independente de sua natureza jurídica consti-
riodicidade do seu reajuste e dos prazos e pro- tutiva, impor contratos de exclusividade ou de
cedimentos para faturamento e pagamento dos restrição à atividade profissional.
serviços prestados; Parágrafo único. A partir de 3 de dezembro
III – a identificação dos atos, eventos e pro- de 1999, os prestadores de serviço ou profissio-
cedimentos médico-assistenciais que necessitem nais de saúde não poderão manter contrato,
de autorização administrativa da operadora; credenciamento ou referenciamento com ope-
IV – a vigência do contrato e os critérios e radoras que não tiverem registros para funcio-
procedimentos para prorrogação, renovação namento e comercialização conforme previsto
e rescisão; nesta Lei, sob pena de responsabilidade por
V – as penalidades pelo não cumprimento atividade irregular.
das obrigações estabelecidas.
§ 3o A periodicidade do reajuste de que trata Art. 19. Para requerer a autorização definitiva
o inciso II do § 2o deste artigo será anual e rea- de funcionamento, as pessoas jurídicas que já
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

lizada no prazo improrrogável de 90 (noventa) atuavam como operadoras ou administradoras


dias, contado do início de cada ano-calendário. dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do
§ 4o Na hipótese de vencido o prazo previsto art. 1o desta Lei, terão prazo de cento e oitenta
no § 3o deste artigo, a Agência Nacional de Saúde dias, a partir da publicação da regulamentação
Suplementar – ANS, quando for o caso, definirá específica pela ANS.
o índice de reajuste. § 1o Até que sejam expedidas as normas de
§ 5o A ANS poderá constituir, na forma da registro, serão mantidos registros provisórios
legislação vigente, câmara técnica com represen- das pessoas jurídicas e dos produtos na ANS,
tação proporcional das partes envolvidas para com a finalidade de autorizar a comercialização
o adequado cumprimento desta Lei. ou operação dos produtos a que alude o caput,
§ 6o A ANS publicará normas regulamen- a partir de 2 de janeiro de 1999.
tares sobre o disposto neste artigo. § 2o Para o registro provisório, as operadoras
ou administradoras dos produtos a que alude
Art. 18. A aceitação, por parte de qualquer o caput deverão apresentar à ANS as informa-
prestador de serviço ou profissional de saúde, ções requeridas e os seguintes documentos,
114 da condição de contratado, referenciado, cre-
independentemente de outros que venham a § 7o As pessoas jurídicas que forem iniciar
ser exigidos: operação de comercialização de planos privados
I – registro do instrumento de constituição de assistência à saúde, a partir de 8 de dezembro
da pessoa jurídica; de 1998, estão sujeitas aos registros de que trata
II – nome fantasia; o § 1o deste artigo.
III – CNPJ;
IV – endereço; Art. 20. As operadoras de produtos de que
V – telefone, fax e e-mail; e tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei são
VI – principais dirigentes da pessoa jurídica obrigadas a fornecer, periodicamente, à ANS to-
e nome dos cargos que ocupam. das as informações e estatísticas relativas às suas
§ 3o Para registro provisório dos produtos atividades, incluídas as de natureza cadastral,
a serem comercializados, deverão ser apresen- especialmente aquelas que permitam a identifi-
tados à ANS os seguintes dados: cação dos consumidores e de seus dependentes,
I – razão social da operadora ou da admi- incluindo seus nomes, inscrições no Cadastro
nistradora; de Pessoas Físicas dos titulares e Municípios
II – CNPJ da operadora ou da administra- onde residem, para fins do disposto no art. 32.
dora; § 1o Os agentes, especialmente designados
III – nome do produto; pela ANS, para o exercício das atividades de
IV – segmentação da assistência (ambulato- fiscalização e nos limites por ela estabelecidos,
rial, hospitalar com obstetrícia, hospitalar sem têm livre acesso às operadoras, podendo requi-
obstetrícia, odontológica e referência); sitar e apreender processos, contratos, manuais
V – tipo de contratação (individual/familiar, de rotina operacional e demais documentos,
coletivo empresarial e coletivo por adesão); relativos aos produtos de que tratam o inciso I
VI – âmbito geográfico de cobertura; e o § 1o do art. 1o desta Lei.
VII – faixas etárias e respectivos preços; § 2o Caracteriza-se como embaraço à fis-
VIII – rede hospitalar própria por Município calização, sujeito às penas previstas na lei, a
(para segmentações hospitalar e referência); imposição de qualquer dificuldade à consecução
IX – rede hospitalar contratada ou referencia- dos objetivos da fiscalização, de que trata o § 1o
da por Município (para segmentações hospitalar deste artigo.
e referência);
X – outros documentos e informações que Art. 21. É vedado às operadoras de planos pri-
venham a ser solicitados pela ANS. vados de assistência à saúde realizar quaisquer
§ 4o Os procedimentos administrativos para operações financeiras:
registro provisório dos produtos serão tratados I – com seus diretores e membros dos con-
em norma específica da ANS. selhos administrativos, consultivos, fiscais ou
§ 5o Independentemente do cumprimento, assemelhados, bem como com os respectivos
por parte da operadora, das formalidades do cônjuges e parentes até o segundo grau, inclu-
registro provisório, ou da conformidade dos sive;
textos das condições gerais ou dos instrumen- II – com empresa de que participem as pes-
tos contratuais, ficam garantidos, a todos os soas a que se refere o inciso I, desde que estas
usuários de produtos a que alude o caput, con- sejam, em conjunto ou isoladamente, conside-
tratados a partir de 2 de janeiro de 1999, todos radas como controladoras da empresa.
os benefícios de acesso e cobertura previstos
nesta Lei e em seus regulamentos, para cada Art. 22. As operadoras de planos privados de
Normas correlatas

segmentação definida no art. 12. assistência à saúde submeterão suas contas a


§ 6o O não cumprimento do disposto neste auditores independentes, registrados no res-
artigo implica o pagamento de multa diária no pectivo Conselho Regional de Contabilidade
valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) aplicada e na Comissão de Valores Mobiliários – CVM,
às operadoras dos produtos de que tratam o publicando, anualmente, o parecer respectivo,
inciso I e o § 1o do art. 1o. juntamente com as demonstrações financeiras 115
determinadas pela Lei no 6.404, de 15 de de- os relativos à guarda e à proteção dos bens e
zembro de 1976. imóveis da massa;
§ 1o A auditoria independente também po- III – a manutenção da indisponibilidade dos
derá ser exigida quanto aos cálculos atuariais, bens dos administradores, gerentes, conselheiros
elaborados segundo diretrizes gerais definidas e assemelhados, até posterior determinação
pelo CONSU. judicial; e
§ 2o As operadoras com número de benefi- IV – prevenção do juízo que emitir o primei-
ciários inferior a vinte mil usuários ficam dis- ro despacho em relação ao pedido de conversão
pensadas da publicação do parecer do auditor do regime.
e das demonstrações financeiras, devendo, a § 5o A ANS, no caso previsto no inciso II
ANS, dar-lhes publicidade. do § 1o deste artigo, poderá, no período com-
preendido entre a distribuição do requerimento
Art. 23. As operadoras de planos privados de e a decretação da falência ou insolvência civil,
assistência à saúde não podem requerer concor- apoiar a proteção dos bens móveis e imóveis da
data e não estão sujeitas a falência ou insolvência massa liquidanda.
civil, mas tão somente ao regime de liquidação § 6o O liquidante enviará ao juízo prevento o
extrajudicial. rol das ações judiciais em curso cujo andamento
§ 1o As operadoras sujeitar-se-ão ao regime ficará suspenso até que o juiz competente no-
de falência ou insolvência civil quando, no curso meie o síndico da massa falida ou o liquidante
da liquidação extrajudicial, forem verificadas da massa insolvente.
uma das seguintes hipóteses:
I – o ativo da massa liquidanda não for sufi- Art. 24. Sempre que detectadas nas operadoras
ciente para o pagamento de pelo menos a metade sujeitas à disciplina desta Lei insuficiência das
dos créditos quirografários; garantias do equilíbrio financeiro, anormalida-
II – o ativo realizável da massa liquidanda des econômico-financeiras ou administrativas
não for suficiente, sequer, para o pagamento graves que coloquem em risco a continuidade
das despesas administrativas e operacionais ou a qualidade do atendimento à saúde, a ANS
inerentes ao regular processamento da liqui- poderá determinar a alienação da carteira, o
dação extrajudicial; ou regime de direção fiscal ou técnica, por pra-
III – nas hipóteses de fundados indícios de zo não superior a trezentos e sessenta e cinco
condutas previstas nos arts. 186 a 189 do Decre- dias, ou a liquidação extrajudicial, conforme a
to-Lei no 7.661, de 21 de junho de 1945. gravidade do caso.
§ 2o Para efeito desta Lei, define-se ativo § 1o O descumprimento das determinações
realizável como sendo todo ativo que possa ser do diretor-fiscal ou técnico, e do liquidante, por
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

convertido em moeda corrente em prazo com- dirigentes, administradores, conselheiros ou


patível para o pagamento das despesas admi- empregados da operadora de planos privados
nistrativas e operacionais da massa liquidanda. de assistência à saúde acarretará o imediato afas-
§ 3o À vista do relatório do liquidante ex- tamento do infrator, por decisão da ANS, sem
trajudicial, e em se verificando qualquer uma prejuízo das sanções penais cabíveis, assegurado
das hipóteses previstas nos incisos I, II ou III o direito ao contraditório, sem que isto implique
do § 1o deste artigo, a ANS poderá autorizá-lo efeito suspensivo da decisão administrativa que
a requerer a falência ou insolvência civil da determinou o afastamento.
operadora. § 2o A ANS, ex officio ou por recomendação
§ 4o A distribuição do requerimento produ- do diretor técnico ou fiscal ou do liquidante,
zirá imediatamente os seguintes efeitos: poderá, em ato administrativo devidamente
I – a manutenção da suspensão dos prazos motivado, determinar o afastamento dos di-
judiciais em relação à massa liquidanda; retores, administradores, gerentes e membros
II – a suspensão dos procedimentos admi- do conselho fiscal da operadora sob regime de
nistrativos de liquidação extrajudicial, salvo direção ou em liquidação.
116
§ 3o No prazo que lhe for designado, o di- § 5o A indisponibilidade também não al-
retor-fiscal ou técnico procederá à análise da cança os bens objeto de contrato de alienação,
organização administrativa e da situação eco- de promessa de compra e venda, de cessão ou
nômico-financeira da operadora, bem assim da promessa de cessão de direitos, desde que os
qualidade do atendimento aos consumidores, e respectivos instrumentos tenham sido levados
proporá à ANS as medidas cabíveis. ao competente registro público, anteriormente
§ 4o O diretor-fiscal ou técnico poderá pro- à data da decretação da direção fiscal ou da
por a transformação do regime de direção em liquidação extrajudicial.
liquidação extrajudicial. § 6o Os administradores das operadoras de
§ 5o A ANS promoverá, no prazo máximo de planos privados de assistência à saúde respon-
noventa dias, a alienação da carteira das opera- dem solidariamente pelas obrigações por eles
doras de planos privados de assistência à saúde, assumidas durante sua gestão até o montante
no caso de não surtirem efeito as medidas por dos prejuízos causados, independentemente do
ela determinadas para sanar as irregularidades nexo de causalidade.
ou nas situações que impliquem risco para os
consumidores participantes da carteira. Art. 24-B. A Diretoria Colegiada definirá as
atribuições e competências do diretor técnico,
Art. 24-A. Os administradores das operadoras diretor fiscal e do responsável pela alienação
de planos privados de assistência à saúde em de carteira, podendo ampliá-las, se necessário.
regime de direção fiscal ou liquidação extraju-
dicial, independentemente da natureza jurídica Art. 24-C. Os créditos decorrentes da prestação
da operadora, ficarão com todos os seus bens de serviços de assistência privada à saúde pre-
indisponíveis, não podendo, por qualquer for- ferem a todos os demais, exceto os de natureza
ma, direta ou indireta, aliená-los ou onerá-los, trabalhista e tributários.
até apuração e liquidação final de suas respon-
sabilidades. Art. 24-D. Aplica-se à liquidação extrajudicial
§ 1o A indisponibilidade prevista neste artigo das operadoras de planos privados de assistência
decorre do ato que decretar a direção fiscal ou a à saúde e ao disposto nos arts. 24-A e 35-I, no
liquidação extrajudicial e atinge a todos aqueles que couber com os preceitos desta Lei, o dispos-
que tenham estado no exercício das funções nos to na Lei no 6.024, de 13 de março de 1974, no
doze meses anteriores ao mesmo ato. Decreto-Lei no 7.661, de 21 de junho de 1945, no
§ 2o Na hipótese de regime de direção fiscal, Decreto-Lei no 41, de 18 de novembro de 1966,
a indisponibilidade de bens a que se refere o e no Decreto-Lei no 73, de 21 de novembro de
caput deste artigo poderá não alcançar os bens 1966, conforme o que dispuser a ANS.
dos administradores, por deliberação expressa
da Diretoria Colegiada da ANS. Art. 25. As infrações dos dispositivos desta Lei
§ 3o A ANS, ex officio ou por recomendação e de seus regulamentos, bem como aos disposi-
do diretor fiscal ou do liquidante, poderá esten- tivos dos contratos firmados, a qualquer tempo,
der a indisponibilidade prevista neste artigo: entre operadoras e usuários de planos privados
I – aos bens de gerentes, conselheiros e aos de assistência à saúde, sujeitam a operadora dos
de todos aqueles que tenham concorrido, no produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do
período previsto no § 1o, para a decretação da art. 1o desta Lei, seus administradores, membros
direção fiscal ou da liquidação extrajudicial; de conselhos administrativos, deliberativos,
II – aos bens adquiridos, a qualquer título, consultivos, fiscais e assemelhados às seguintes
Normas correlatas

por terceiros, no período previsto no § 1o, das penalidades, sem prejuízo de outras estabeleci-
pessoas referidas no inciso I, desde que confi- das na legislação vigente:
gurada fraude na transferência. I – advertência;
§ 4o Não se incluem nas disposições deste II – multa pecuniária;
artigo os bens considerados inalienáveis ou im- III – suspensão do exercício do cargo;
penhoráveis pela legislação em vigor. 117
IV – inabilitação temporária para exercício I – cessar a prática de atividades ou atos ob-
de cargos em operadoras de planos de assis- jetos da apuração; e
tência à saúde; II – corrigir as irregularidades, inclusive in-
V – inabilitação permanente para exercício denizando os prejuízos delas decorrentes.
de cargos de direção ou em conselhos das ope- § 2o O termo de compromisso de ajuste de
radoras a que se refere esta Lei, bem como em conduta conterá, necessariamente, as seguintes
entidades de previdência privada, sociedades cláusulas:
seguradoras, corretoras de seguros e instituições I – obrigações do compromissário de fazer
financeiras; cessar a prática objeto da apuração, no prazo
VI – cancelamento da autorização de funcio- estabelecido;
namento e alienação da carteira da operadora. II – valor da multa a ser imposta no caso de
descumprimento, não inferior a R$ 5.000,00
Art. 26. Os administradores e membros dos (cinco mil reais) e não superior a R$ 1.000.000,00
conselhos administrativos, deliberativos, con- (um milhão de reais) de acordo com o porte
sultivos, fiscais e assemelhados das operadoras econômico da operadora ou da prestadora de
de que trata esta Lei respondem solidariamente serviço.
pelos prejuízos causados a terceiros, inclusive § 3o A assinatura do termo de compromisso
aos acionistas, cotistas, cooperados e consu- de ajuste de conduta não importa confissão
midores de planos privados de assistência à do compromissário quanto à matéria de fato,
saúde, conforme o caso, em consequência do nem reconhecimento de ilicitude da conduta
descumprimento de leis, normas e instruções em apuração.
referentes às operações previstas na legislação § 4o O descumprimento do termo de com-
e, em especial, pela falta de constituição e co- promisso de ajuste de conduta, sem prejuízo
bertura das garantias obrigatórias. da aplicação da multa a que se refere o inciso
II do § 2o, acarreta a revogação da suspensão
Art. 27. A multa de que trata o art. 25 será do processo.
fixada e aplicada pela ANS no âmbito de suas § 5o Cumpridas as obrigações assumidas no
atribuições, com valor não inferior a R$ 5.000,00 termo de compromisso de ajuste de conduta,
(cinco mil reais) e não superior a R$ 1.000.000,00 será extinto o processo.
(um milhão de reais) de acordo com o porte eco- § 6o Suspende-se a prescrição durante a
nômico da operadora ou prestadora de serviço vigência do termo de compromisso de ajuste
e a gravidade da infração, ressalvado o disposto de conduta.
no § 6o do art. 19. § 7o Não poderá ser firmado termo de com-
Parágrafo único. (Revogado) promisso de ajuste de conduta quando tiver
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

havido descumprimento de outro termo de


Art. 28. (Revogado) compromisso de ajuste de conduta nos termos
desta Lei, dentro do prazo de dois anos.
Art. 29. As infrações serão apuradas mediante § 8o O termo de compromisso de ajuste de
processo administrativo que tenha por base o conduta deverá ser publicado no Diário Oficial
auto de infração, a representação ou a denúncia da União.
positiva dos fatos irregulares, cabendo à ANS § 9o A ANS regulamentará a aplicação do
dispor sobre normas para instauração, recursos disposto nos §§ 1o a 7o deste artigo.
e seus efeitos, instâncias e prazos.
§ 1o O processo administrativo, antes de Art. 29-A. A ANS poderá celebrar com as
aplicada a penalidade, poderá, a título excepcio- operadoras termo de compromisso, quando
nal, ser suspenso, pela ANS, se a operadora ou houver interesse na implementação de práticas
prestadora de serviço assinar termo de compro- que consistam em vantagens para os consumi-
misso de ajuste de conduta, perante a diretoria dores, com vistas a assegurar a manutenção da
colegiada, que terá eficácia de título executivo qualidade dos serviços de assistência à saúde.
118 extrajudicial, obrigando-se a:
§ 1o O termo de compromisso referido no Art. 31. Ao aposentado que contribuir para
caput não poderá implicar restrição de direitos produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do
do usuário. art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo
§ 2o Na definição do termo de que trata este empregatício, pelo prazo mínimo de dez anos,
artigo serão considerados os critérios de aferição é assegurado o direito de manutenção como be-
e controle da qualidade dos serviços a serem neficiário, nas mesmas condições de cobertura
oferecidos pelas operadoras. assistencial de que gozava quando da vigência
§ 3o O descumprimento injustificado do do contrato de trabalho, desde que assuma o
termo de compromisso poderá importar na seu pagamento integral.
aplicação da penalidade de multa a que se refere § 1o Ao aposentado que contribuir para pla-
o inciso II, § 2o, do art. 29 desta Lei. nos coletivos de assistência à saúde por período
inferior ao estabelecido no caput é assegurado
Art. 30. Ao consumidor que contribuir para o direito de manutenção como beneficiário, à
produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do razão de um ano para cada ano de contribui-
art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo ção, desde que assuma o pagamento integral
empregatício, no caso de rescisão ou exonera- do mesmo.
ção do contrato de trabalho sem justa causa, é § 2o Para gozo do direito assegurado neste
assegurado o direito de manter sua condição artigo, observar-se-ão as mesmas condições
de beneficiário, nas mesmas condições de co- estabelecidas nos §§ 2o, 3o, 4o, 5o e 6o do art. 30.
bertura assistencial de que gozava quando da
vigência do contrato de trabalho, desde que Art. 32. Serão ressarcidos pelas operadoras dos
assuma o seu pagamento integral. produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do
§ 1o O período de manutenção da condição art. 1o desta Lei, de acordo com normas a serem
de beneficiário a que se refere o caput será de um definidas pela ANS, os serviços de atendimento
terço do tempo de permanência nos produtos à saúde previstos nos respectivos contratos,
de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o, ou prestados a seus consumidores e respectivos
sucessores, com um mínimo assegurado de seis dependentes, em instituições públicas ou pri-
meses e um máximo de vinte e quatro meses. vadas, conveniadas ou contratadas, integrantes
§ 2o A manutenção de que trata este artigo do Sistema Único de Saúde – SUS.
é extensiva, obrigatoriamente, a todo o grupo § 1o O ressarcimento será efetuado pelas
familiar inscrito quando da vigência do contrato operadoras ao SUS com base em regra de valo-
de trabalho. ração aprovada e divulgada pela ANS, mediante
§ 3o Em caso de morte do titular, o direito crédito ao Fundo Nacional de Saúde – FNS.
de permanência é assegurado aos dependentes § 2o Para a efetivação do ressarcimento, a
cobertos pelo plano ou seguro privado coletivo ANS disponibilizará às operadoras a discrimi-
de assistência à saúde, nos termos do disposto nação dos procedimentos realizados para cada
neste artigo. consumidor.
§ 4o O direito assegurado neste artigo não § 3o A operadora efetuará o ressarcimento
exclui vantagens obtidas pelos empregados de- até o 15o (décimo quinto) dia da data de rece-
correntes de negociações coletivas de trabalho. bimento da notificação de cobrança feita pela
§ 5o A condição prevista no caput deste ar- ANS.
tigo deixará de existir quando da admissão do § 4o O ressarcimento não efetuado no prazo
consumidor titular em novo emprego. previsto no § 3o será cobrado com os seguintes
§ 6o Nos planos coletivos custeados integral- acréscimos:
Normas correlatas

mente pela empresa, não é considerada contri- I – juros de mora contados do mês seguinte
buição a coparticipação do consumidor, única ao do vencimento, à razão de um por cento ao
e exclusivamente, em procedimentos, como mês ou fração;
fator de moderação, na utilização dos serviços II – multa de mora de dez por cento.
de assistência médica ou hospitalar. § 5o Os valores não recolhidos no prazo pre-
visto no § 3o serão inscritos em dívida ativa da 119
ANS, a qual compete a cobrança judicial dos § 3o As entidades de que trata o § 1o que
respectivos créditos. optarem por proceder de acordo com o previsto
§ 6o O produto da arrecadação dos juros e no § 2o assegurarão condições para sua ade-
da multa de mora serão revertidos ao Fundo quada segregação patrimonial, administrativa,
Nacional de Saúde. financeira e contábil.
§ 7o A ANS disciplinará o processo de glosa
ou impugnação dos procedimentos encaminha- Art. 35. Aplicam-se as disposições desta Lei
dos, conforme previsto no § 2o deste artigo, ca- a todos os contratos celebrados a partir de sua
bendo-lhe, inclusive, estabelecer procedimentos vigência, assegurada aos consumidores com
para cobrança dos valores a serem ressarcidos. contratos anteriores, bem como àqueles com
§ 8o Os valores a serem ressarcidos não se- contratos celebrados entre 2 de setembro de
rão inferiores aos praticados pelo SUS e nem 1998 e 1o de janeiro de 1999, a possibilidade
superiores aos praticados pelas operadoras de de optar pela adaptação ao sistema previsto
produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do nesta Lei.
art. 1o desta Lei. § 1o Sem prejuízo do disposto no art. 35-E,
§ 9o Os valores a que se referem os §§ 3o a adaptação dos contratos de que trata este ar-
e 6o deste artigo não serão computados para tigo deverá ser formalizada em termo próprio,
fins de aplicação dos recursos mínimos nas assinado pelos contratantes, de acordo com as
ações e serviços públicos de saúde nos termos normas a serem definidas pela ANS.
da Constituição Federal. § 2o Quando a adaptação dos contratos in-
cluir aumento de contraprestação pecuniária,
Art. 33. Havendo indisponibilidade de leito a composição da base de cálculo deverá ficar
hospitalar nos estabelecimentos próprios ou restrita aos itens correspondentes ao aumento
credenciados pelo plano, é garantido ao consu- de cobertura, e ficará disponível para verificação
midor o acesso à acomodação, em nível superior, pela ANS, que poderá determinar sua alteração
sem ônus adicional. quando o novo valor não estiver devidamente
justificado.
Art. 34. As pessoas jurídicas que executam § 3o A adaptação dos contratos não implica
outras atividades além das abrangidas por esta nova contagem dos períodos de carência e dos
Lei deverão, na forma e no prazo definidos pela prazos de aquisição dos benefícios previstos
ANS, constituir pessoas jurídicas independentes, nos arts. 30 e 31 desta Lei, observados, quanto
com ou sem fins lucrativos, especificamente para aos últimos, os limites de cobertura previstos
operar planos privados de assistência à saúde, no contrato original.
na forma da legislação em vigor e em especial § 4o Nenhum contrato poderá ser adaptado
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

desta Lei e de seus regulamentos. por decisão unilateral da empresa operadora.


§ 1o O disposto no caput não se aplica às § 5o A manutenção dos contratos originais
entidades de autogestão constituídas sob a forma pelos consumidores não optantes tem caráter
de fundação, de sindicato ou de associação que, personalíssimo, devendo ser garantida somente
na data da publicação desta Lei, já exerciam ou- ao titular e a seus dependentes já inscritos, per-
tras atividades em conjunto com as relacionadas mitida inclusão apenas de novo cônjuge e filhos,
à assistência à saúde, nos termos dos pertinentes e vedada a transferência da sua titularidade, sob
estatutos sociais. qualquer pretexto, a terceiros.
§ 2o As entidades de que trata o § 1o poderão, § 6o Os produtos de que tratam o inciso I
desde que a hipótese de segregação da finalidade e o § 1o do art. 1o desta Lei, contratados até 1o
estatutária esteja prevista ou seja assegurada de janeiro de 1999, deverão permanecer em
pelo órgão interno competente, constituir filial operação, por tempo indeterminado, apenas
ou departamento com número do Cadastro para os consumidores que não optarem pela
Nacional da Pessoa Jurídica sequencial ao da adaptação às novas regras, sendo considerados
pessoa jurídica principal. extintos para fim de comercialização.
120
§ 7o Às pessoas jurídicas contratantes de I – Chefe da Casa Civil da Presidência da
planos coletivos, não optantes pela adaptação República, na qualidade de Presidente;
prevista neste artigo, fica assegurada a manu- II – da Saúde;
tenção dos contratos originais, nas coberturas III – da Fazenda;
assistenciais neles pactuadas. IV – da Justiça; e
§ 8o A ANS definirá em norma própria os V – do Planejamento, Orçamento e Gestão.
procedimentos formais que deverão ser adota- § 1o O Conselho deliberará mediante reso-
dos pelas empresas para a adaptação dos con- luções, por maioria de votos, cabendo ao Pre-
tratos de que trata este artigo. sidente a prerrogativa de deliberar nos casos de
urgência e relevante interesse, ad referendum
Art. 35-A. Fica criado o Conselho de Saúde dos demais membros.
Suplementar – CONSU, órgão colegiado inte- § 2o Quando deliberar ad referendum do
grante da estrutura regimental do Ministério Conselho, o Presidente submeterá a decisão ao
da Saúde, com competência para: Colegiado na primeira reunião que se seguir
I – estabelecer e supervisionar a execução àquela deliberação.
de políticas e diretrizes gerais do setor de saúde § 3o O Presidente do Conselho poderá con-
suplementar; vidar Ministros de Estado, bem assim outros
II – aprovar o contrato de gestão da ANS; representantes de órgãos públicos, para parti-
III – supervisionar e acompanhar as ações e cipar das reuniões, não lhes sendo permitido
o funcionamento da ANS; o direito de voto.
IV – fixar diretrizes gerais para implementa- § 4o O Conselho reunir-se-á sempre que for
ção no setor de saúde suplementar sobre: convocado por seu Presidente.
a) aspectos econômico-financeiros; § 5o O regimento interno do CONSU será
b) normas de contabilidade, atuariais e es- aprovado por decreto do Presidente da Repú-
tatísticas; blica.
c) parâmetros quanto ao capital e ao patri- § 6o As atividades de apoio administrativo
mônio líquido mínimos, bem assim quanto às ao CONSU serão prestadas pela ANS.
formas de sua subscrição e realização quando § 7o O Presidente da ANS participará,
se tratar de sociedade anônima; na qualidade de Secretário, das reuniões do
d) critérios de constituição de garantias de CONSU.
manutenção do equilíbrio econômico-finan-
ceiro, consistentes em bens, móveis ou imóveis, Art. 35-C. É obrigatória a cobertura do aten-
ou fundos especiais ou seguros garantidores; dimento nos casos:
e) criação de fundo, contratação de seguro I – de emergência, como tal definidos os que
garantidor ou outros instrumentos que julgar implicarem risco imediato de vida ou de lesões
adequados, com o objetivo de proteger o consu- irreparáveis para o paciente, caracterizado em
midor de planos privados de assistência à saúde declaração do médico assistente;
em caso de insolvência de empresas operadoras; II – de urgência, assim entendidos os resul-
V – deliberar sobre a criação de câmaras tantes de acidentes pessoais ou de complicações
técnicas, de caráter consultivo, de forma a sub- no processo gestacional;
sidiar suas decisões. III – de planejamento familiar.
Parágrafo único. A ANS fixará as normas Parágrafo único. A ANS fará publicar nor-
sobre as matérias previstas no inciso IV des- mas regulamentares para o disposto neste artigo,
te artigo, devendo adequá-las, se necessário, observados os termos de adaptação previstos
Normas correlatas

quando houver diretrizes gerais estabelecidas no art. 35.


pelo CONSU.
Art. 35-D. As multas a serem aplicadas pela
Art. 35-B. O CONSU será integrado pelos ANS em decorrência da competência fisca-
seguintes Ministros de Estado: lizadora e normativa estabelecida nesta Lei e
em seus regulamentos serão recolhidas à conta 121
daquela Agência, até o limite de R$ 1.000.000,00 fixo, esclarecendo, ainda, que o seu pagamento
(um milhão de reais) por infração, ressalvado o formalizará esta repactuação;
disposto no § 6o do art. 19 desta Lei. IV – a cláusula original de reajuste deverá ter
sido previamente submetida à ANS;
Art. 35-E. A partir de 5 de junho de 1998, V – na falta de aprovação prévia, a opera-
fica estabelecido para os contratos celebrados dora, para que possa aplicar reajuste por faixa
anteriormente à data de vigência desta Lei que:2 etária a consumidores com sessenta anos ou
I – qualquer variação na contraprestação mais de idade e dez anos ou mais de contrato,
pecuniária para consumidores com mais de deverá submeter à ANS as condições contratuais
sessenta anos de idade estará sujeita à autori- acompanhadas de nota técnica, para, uma vez
zação prévia da ANS; aprovada a cláusula e o percentual de reajuste,
II – a alegação de doença ou lesão preexis- adotar a diluição prevista neste parágrafo.
tente estará sujeita à prévia regulamentação da § 2o Nos contratos individuais de produ-
matéria pela ANS; tos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o
III – é vedada a suspensão ou a rescisão uni- desta Lei, independentemente da data de sua
lateral do contrato individual ou familiar de celebração, a aplicação de cláusula de reajuste
produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do das contraprestações pecuniárias dependerá de
art. 1o desta Lei por parte da operadora, salvo prévia aprovação da ANS.
o disposto no inciso II do parágrafo único do § 3o O disposto no art. 35 desta Lei aplica-se
art. 13 desta Lei; sem prejuízo do estabelecido neste artigo.
IV – é vedada a interrupção de internação
hospitalar em leito clínico, cirúrgico ou em Art. 35-F. A assistência a que alude o art. 1o
centro de terapia intensiva ou similar, salvo a desta Lei compreende todas as ações necessárias
critério do médico assistente. à prevenção da doença e à recuperação, manu-
§ 1o Os contratos anteriores à vigência desta tenção e reabilitação da saúde, observados os
Lei, que estabeleçam reajuste por mudança de termos desta Lei e do contrato firmado entre
faixa etária com idade inicial em sessenta anos as partes.
ou mais, deverão ser adaptados, até 31 de ou-
tubro de 1999, para repactuação da cláusula de Art. 35-G. Aplicam-se subsidiariamente aos
reajuste, observadas as seguintes disposições: contratos entre usuários e operadoras de pro-
I – a repactuação será garantida aos consumi- dutos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o
dores de que trata o parágrafo único do art. 15, desta Lei as disposições da Lei no 8.078, de 1990.
para as mudanças de faixa etária ocorridas após
a vigência desta Lei, e limitar-se-á à diluição da Art. 35-H. Os expedientes que até esta data fo-
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

aplicação do reajuste anteriormente previsto, ram protocolizados na SUSEP pelas operadoras


em reajustes parciais anuais, com adoção de de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do
percentual fixo que, aplicado a cada ano, permita art. 1o desta Lei e que forem encaminhados à
atingir o reajuste integral no início do último ANS em consequência desta Lei, deverão estar
ano da faixa etária considerada; acompanhados de parecer conclusivo daquela
II – para aplicação da fórmula de diluição, Autarquia.
consideram-se de dez anos as faixas etárias que
tenham sido estipuladas sem limite superior; Art. 35-I. Responderão subsidiariamente pelos
III – a nova cláusula, contendo a fórmula de direitos contratuais e legais dos consumidores,
aplicação do reajuste, deverá ser encaminhada prestadores de serviço e fornecedores, além dos
aos consumidores, juntamente com o boleto débitos fiscais e trabalhistas, os bens pessoais dos
ou título de cobrança, com a demonstração diretores, administradores, gerentes e membros
do valor originalmente contratado, do valor de conselhos da operadora de plano privado de
repactuado e do percentual de reajuste anual assistência à saúde, independentemente da sua
natureza jurídica.
2
122 NE: ver ADI no 1.931.
Art. 35-J. O diretor técnico ou fiscal ou o li- operadora de plano de assistência à saúde e
quidante são obrigados a manter sigilo relativo pela ANS.
às informações da operadora às quais tiverem
acesso em razão do exercício do encargo, sob Art. 35-M. As operadoras de produtos de que
pena de incorrer em improbidade administra- tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei
tiva, sem prejuízo das responsabilidades civis poderão celebrar contratos de resseguro junto
e penais. às empresas devidamente autorizadas a operar
em tal atividade, conforme estabelecido na Lei
Art. 35-L. Os bens garantidores das provisões no 9.932, de 20 de dezembro de 1999, e regula-
técnicas, fundos e provisões deverão ser regis- mentações posteriores.
trados na ANS e não poderão ser alienados,
prometidos a alienar ou, de qualquer forma, Art. 36. Esta Lei entra em vigor noventa dias
gravados sem prévia e expressa autorização, após a data de sua publicação.
sendo nulas, de pleno direito, as alienações
realizadas ou os gravames constituídos com Brasília, 3 de junho de 1998; 177o da Indepen-
violação deste artigo. dência e 110o da República.
Parágrafo único. Quando a garantia recair
em bem imóvel, será obrigatoriamente inscrita FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
no competente Cartório do Registro Geral de
Imóveis, mediante requerimento firmado pela Promulgada em 3/6/1998 e publicada no DOU de
4/6/1998.

Normas correlatas

123
Lei no 8.987/1995
Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175
da Constituição Federal, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA vencimento, o mínimo de seis datas opcionais


para escolherem os dias de vencimento de seus
Faço saber que o Congresso Nacional decreta débitos.
e eu sanciono a seguinte Lei: Parágrafo único. (Vetado)
................................................................................ ................................................................................

CAPÍTULO III – Dos Direitos e Obrigações Brasília, 13 de fevereiro de 1995; 174o da Inde-
dos Usuários pendência e 107o da República.
................................................................................
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Art. 7o-A. As concessionárias de serviços pú-
blicos, de direito público e privado, nos Estados Promulgada em 13/2/1995, publicada no DOU de
e no Distrito Federal, são obrigadas a oferecer 14/2/1995 e republicada no DOU de 28/9/1998.
ao consumidor e ao usuário, dentro do mês de
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

124
Lei no 8.137/1990
Define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras
providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA razão da maior ou menor complexidade da ma-


téria ou da dificuldade quanto ao atendimento
Faço saber que o Congresso Nacional decreta da exigência, caracteriza a infração prevista no
e eu sanciono a seguinte Lei:1 inciso V.

Art. 2o Constitui crime da mesma natureza:


CAPÍTULO I – Dos Crimes contra a Ordem I – fazer declaração falsa ou omitir declaração
Tributária sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra
SEÇÃO I – Dos Crimes Praticados por fraude, para eximir-se, total ou parcialmente,
Particulares de pagamento de tributo;
II – deixar de recolher, no prazo legal, valor
Art. 1o Constitui crime contra a ordem tri- de tributo ou de contribuição social, descontado
butária suprimir ou reduzir tributo, ou contri- ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo
buição social e qualquer acessório, mediante as de obrigação e que deveria recolher aos cofres
seguintes condutas: públicos;
I – omitir informação, ou prestar declaração III – exigir, pagar ou receber, para si ou para o
falsa às autoridades fazendárias; contribuinte beneficiário, qualquer percentagem
II – fraudar a fiscalização tributária, inserin- sobre a parcela dedutível ou deduzida de im-
do elementos inexatos, ou omitindo operação posto ou de contribuição como incentivo fiscal;
de qualquer natureza, em documento ou livro IV – deixar de aplicar, ou aplicar em desacor-
exigido pela lei fiscal; do com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas
III – falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, de imposto liberadas por órgão ou entidade de
duplicata, nota de venda, ou qualquer outro desenvolvimento;
documento relativo à operação tributável; V – utilizar ou divulgar programa de pro-
IV – elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou cessamento de dados que permita ao sujeito
utilizar documento que saiba ou deva saber passivo da obrigação tributária possuir infor-
falso ou inexato; mação contábil diversa daquela que é, por lei,
V – negar ou deixar de fornecer, quando obri- fornecida à Fazenda Pública.
gatório, nota fiscal ou documento equivalente, Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
relativa a venda de mercadoria ou prestação de anos, e multa.
serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la
em desacordo com a legislação;
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, SEÇÃO II – Dos Crimes Praticados por
e multa. Funcionários Públicos
Parágrafo único. A falta de atendimento da
exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) Art. 3o Constitui crime funcional contra a or-
Normas correlatas

dias, que poderá ser convertido em horas em dem tributária, além dos previstos no Decreto-
-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que alteram Penal (Título XI, Capítulo I):
normas, suprimiram-se as alterações determinadas I – extraviar livro oficial, processo fiscal ou
uma vez que já foram incorporadas às normas às qualquer documento, de que tenha a guarda
quais se destinam. em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, 125
total ou parcialmente, acarretando pagamento Art. 5o (Revogado)
indevido ou inexato de tributo ou contribuição
social; Art. 6o (Revogado)
II – exigir, solicitar ou receber, para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora Art. 7o Constitui crime contra as relações de
da função ou antes de iniciar seu exercício, mas consumo:
em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar I – favorecer ou preferir, sem justa causa,
promessa de tal vantagem, para deixar de lançar comprador ou freguês, ressalvados os sistemas
ou cobrar tributo ou contribuição social, ou de entrega ao consumo por intermédio de dis-
cobrá-los parcialmente; tribuidores ou revendedores;
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, II – vender ou expor à venda mercadoria
e multa. cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou
III – patrocinar, direta ou indiretamente, composição esteja em desacordo com as prescri-
interesse privado perante a administração fazen- ções legais, ou que não corresponda à respectiva
dária, valendo-se da qualidade de funcionário classificação oficial;
público. III – misturar gêneros e mercadorias de es-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, pécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à
e multa. venda como puros; misturar gêneros e merca-
dorias de qualidades desiguais para vendê-los
ou expô-los à venda por preço estabelecido para
CAPÍTULO II – Dos Crimes contra a os de mais alto custo;
Ordem Econômica e as Relações de Consumo IV – fraudar preços por meio de:
a) alteração, sem modificação essencial ou
Art. 4o Constitui crime contra a ordem eco- de qualidade, de elementos tais como denomi-
nômica: nação, sinal externo, marca, embalagem, especi-
I – abusar do poder econômico, dominando o ficação técnica, descrição, volume, peso, pintura
mercado ou eliminando, total ou parcialmente, ou acabamento de bem ou serviço;
a concorrência mediante qualquer forma de b) divisão em partes de bem ou serviço,
ajuste ou acordo de empresas; habitualmente oferecido à venda em conjunto;
a) (Revogada); c) junção de bens ou serviços, comumente
b) (Revogada); oferecidos à venda em separado;
c) (Revogada); d) aviso de inclusão de insumo não empre-
d) (Revogada); gado na produção do bem ou na prestação dos
e) (Revogada); serviços;
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

f) (Revogada); V – elevar o valor cobrado nas vendas a prazo


II – formar acordo, convênio, ajuste ou alian- de bens ou serviços, mediante a exigência de
ça entre ofertantes, visando: comissão ou de taxa de juros ilegais;
a) à fixação artificial de preços ou quanti- VI – sonegar insumos ou bens, recusando-se
dades vendidas ou produzidas; a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas
b) ao controle regionalizado do mercado condições publicamente ofertadas, ou retê-los
por empresa ou grupo de empresas; para o fim de especulação;
c) ao controle, em detrimento da concorrên- VII – induzir o consumidor ou usuário a
cia, de rede de distribuição ou de fornecedores. erro, por via de indicação ou afirmação falsa
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos ou enganosa sobre a natureza, qualidade de
e multa. bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio,
III – (Revogado); inclusive a veiculação ou divulgação publicitária;
IV – (Revogado); VIII – destruir, inutilizar ou danificar ma-
V – (Revogado); téria-prima ou mercadoria, com o fim de pro-
VI – (Revogado); vocar alta de preço, em proveito próprio ou de
126 VII – (Revogado). terceiros;
IX – vender, ter em depósito para vender ou Parágrafo único. Quando a venda ao consu-
expor à venda ou, de qualquer forma, entregar midor for efetuada por sistema de entrega ao
matéria-prima ou mercadoria, em condições consumo ou por intermédio de distribuidor ou
impróprias ao consumo; revendedor, seja em regime de concessão comer-
Pena – detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, cial ou outro em que o preço ao consumidor
ou multa. é estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos concedente, o ato por este praticado não alcança
II, III e IX pune-se a modalidade culposa, redu- o distribuidor ou revendedor.
zindo-se a pena e a detenção de 1/3 (um terço)
ou a de multa à quinta parte. Art. 12. São circunstâncias que podem agravar
de 1/3 (um terço) até a metade as penas previstas
nos arts. 1o, 2o e 4o a 7o:
CAPÍTULO III – Das Multas I – ocasionar grave dano à coletividade;
II – ser o crime cometido por servidor pú-
Art. 8o Nos crimes definidos nos arts. 1o a 3o blico no exercício de suas funções;
desta Lei, a pena de multa será fixada entre 10 III – ser o crime praticado em relação à
(dez) e 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, prestação de serviços ou ao comércio de bens
conforme seja necessário e suficiente para re- essenciais à vida ou à saúde.
provação e prevenção do crime.
Parágrafo único. O dia-multa será fixado Art. 13. (Vetado)
pelo juiz em valor não inferior a 14 (quatorze)
nem superior a 200 (duzentos) Bônus do Te- Art. 14. (Revogado)
souro Nacional – BTN.
Art. 15. Os crimes previstos nesta Lei são de
Art. 9o A pena de detenção ou reclusão poderá ação penal pública, aplicando-se-lhes o dispos-
ser convertida em multa de valor equivalente a: to no art. 100 do Decreto-lei no 2.848, de 7 de
I – 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 dezembro de 1940 – Código Penal.
(cinco milhões) de BTN, nos crimes definidos
no art. 4o; Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar
II – 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos a iniciativa do Ministério Público nos crimes
mil) BTN, nos crimes definidos nos arts. 5o e 6o; descritos nesta Lei, fornecendo-lhe por escrito
III – 50.000 (cinquenta mil) até 1.000.000 informações sobre o fato e a autoria, bem como
(um milhão de BTN), nos crimes definidos indicando o tempo, o lugar e os elementos de
no art. 7o. convicção.
Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta
Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilí- Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o
cito e a situação econômica do réu, verifique coautor ou partícipe que através de confissão
a insuficiência ou excessiva onerosidade das espontânea revelar à autoridade policial ou ju-
penas pecuniárias previstas nesta Lei, poderá dicial toda a trama delituosa terá a sua pena
diminuí-las até a décima parte ou elevá-las ao reduzida de um a dois terços.
décuplo.
Art. 16-A. (Vetado)

CAPÍTULO IV – Das Disposições Gerais Art. 17. Compete ao Departamento Nacio-


Normas correlatas

nal de Abastecimento e Preços, quando e se


Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive necessário, providenciar a desapropriação de
por meio de pessoa jurídica, concorre para os estoques, a fim de evitar crise no mercado ou
crimes definidos nesta Lei, incide nas penas a es- colapso no abastecimento.
tes cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Art. 18. (Revogado) 127
Art. 19. O caput do art. 172 do Decreto-lei Art. 22. Esta Lei entra em vigor na data de
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código sua publicação.
Penal, passa a ter a seguinte redação:
................................................................................ Art. 23. Revogam-se as disposições em con-
trário e, em especial, o art. 279 do Decreto-lei
Art. 20. O § 1o do art. 316 do Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal.
Penal, passa a ter a seguinte redação:
................................................................................ Brasília, 27 de dezembro de 1990; 169o da In-
dependência e 102o da República.
Art. 21. O art. 318 do Decreto-lei no 2.848, de
7 de dezembro de 1940 – Código Penal, quanto FERNANDO COLLOR
à fixação da pena, passa a ter a seguinte redação:
................................................................................ Promulgada em 27/12/1990 e publicada no DOU
de 28/12/1990.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

128
Decreto-lei no 2.848/1940
Código Penal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da Fraude no comércio


atribuição que lhe confere o art. 180 da Cons-
tituição, Art. 175. Enganar, no exercício de atividade
comercial, o adquirente ou consumidor:
DECRETA a seguinte Lei: I – vendendo, como verdadeira ou perfeita,
................................................................................ mercadoria falsificada ou deteriorada;
II – entregando uma mercadoria por outra:
PARTE ESPECIAL Pena – detenção, de seis meses a dois anos,
................................................................................ ou multa.
§ 1o Alterar em obra que lhe é encomendada
TÍTULO II – Dos Crimes contra o a qualidade ou o peso de metal ou substituir,
Patrimônio no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou
................................................................................ por outra de menor valor; vender pedra falsa
por verdadeira; vender, como precioso, metal
CAPÍTULO VI – Do Estelionato e Outras de outra qualidade:
Fraudes Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa.
................................................................................ § 2o É aplicável o disposto no art. 155, § 2o.
................................................................................
Duplicata simulada
Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; 119o da
Art. 172. Emitir fatura, duplicata ou nota Independência e 52o da República.
de venda que não corresponda à mercadoria
vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao GETÚLIO VARGAS
serviço prestado:
Pena – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) Decretado em 7/12/1940, publicado no DOU de
anos, e multa. 31/12/1940 e retificado no DOU de 3/1/1941.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incor-
rerá aquele que falsificar ou adulterar a escri-
turação do Livro de Registro de Duplicatas.
................................................................................ Normas correlatas

129
Decreto no 10.417/2020
Institui o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das e) interpretações da legislação consume-


atribuições que lhe confere o art. 84, caput, inci- rista que garantam segurança jurídica e pre-
sos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo visibilidade, destinadas a orientar, em caráter
em vista o disposto no art. 4o e art. 106, pará- não vinculante, os diversos órgãos de defesa
grafo único, da Lei no 8.078, de 11 de setembro do consumidor em âmbito federal, estadual,
de 1990, distrital e municipal;
II – promover programas de apoio aos con-
DECRETA:1 sumidores menos favorecidos;
III – propor medidas de educação do con-
Art. 1o Fica instituído o Conselho Nacional sumidor sobre seus direitos e suas obrigações
de Defesa do Consumidor, com a finalidade decorrentes da legislação consumerista;
de assessorar o Ministro de Estado da Justiça e IV – opinar:
Segurança Pública na formulação e na condução a) nos conflitos de competência decorrentes
da Política Nacional de Defesa do Consumidor, da instauração de mais de um processo adminis-
e, ainda, formular e propor recomendações aos trativo por pessoas jurídicas de direito público
órgãos integrantes do Sistema Nacional de Defe- distintas, para apuração de infração decorrente
sa do Consumidor para adequação das políticas de fato imputado ao mesmo fornecedor, de acor-
públicas de defesa do consumidor. do com o disposto no parágrafo único do art. 5o
do Decreto no 2.181, de 20 de março de 1997; e
Art. 2o Ao Conselho Nacional de Defesa do b) nas medidas de avocação de processos
Consumidor compete: administrativos em trâmite em mais de um
I – propor aos órgãos integrantes do Sistema Estado, que envolvam interesses difusos ou co-
Nacional de Defesa do Consumidor: letivos, de acordo com o disposto no art. 16 do
a) medidas para a prestação adequada da Decreto no 2.181, de 1997;
defesa dos interesses e direitos do consumidor, V – requerer a qualquer órgão público a co-
da livre iniciativa e do aprimoramento e da har- laboração e a observância às normas que, direta
monização das relações de consumo; ou indiretamente, promovam a livre iniciativa; e
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

b) adequação das políticas públicas de de- VI – sugerir e incentivar a adoção de me-


fesa do consumidor às práticas defendidas por canismos de negociação, de mediação e de ar-
organismos internacionais, tais como a Orga- bitragem para pequenos litígios referentes às
nização para Cooperação e Desenvolvimento relações de consumo ou para convenção coletiva
Econômico – OCDE e a Conferência das Nações de consumo.
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento;
c) medidas para coibir fraudes e abusos con- Art. 3o O Conselho Nacional de Defesa do
tra o consumidor; Consumidor é composto:
d) aperfeiçoamento, consolidação e revo- I – pelo Secretário Nacional do Consumidor
gação de atos normativos relativos às relações do Ministério da Justiça e Segurança Pública,
de consumo; e que o presidirá;
II – por um representante indicado pelo Mi-
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que alteram nistério da Economia;
normas, suprimiram-se as alterações determinadas III – por um representante indicado pelo
uma vez que já foram incorporadas às normas às Conselho Administrativo de Defesa Econô-
130 quais se destinam. mica – Cade;
IV – por um representante indicado pelo Art. 4o O quórum de reunião do Conselho
Banco Central do Brasil; Nacional de Defesa do Consumidor será de dois
V – por quatro representantes de agências terços dos membros e o quórum de aprovação
reguladoras, dos quais: será de maioria simples dos membros.
a) um indicado pela Agência Nacional de Parágrafo único. Além do voto ordinário,
Aviação Civil; o Presidente do Conselho Nacional de Defesa
b) um indicado pela Agência Nacional de do Consumidor terá o voto de qualidade em
Telecomunicações; caso de empate.
c) um indicado pela Agência Nacional de
Energia Elétrica; e Art. 5o O Conselho Nacional de Defesa do
d) um indicado pela Agência Nacional de Consumidor se reunirá em caráter ordinário, no
Petróleo; mínimo, quatro vezes ao ano, na cidade de Brasí-
VI – por três representantes de entidades pú- lia, Distrito Federal, e em caráter extraordinário
blicas estaduais ou distritais destinadas à defesa a pedido de seu Presidente ou por solicitação
do consumidor de três regiões diferentes do País; de, no mínimo, um quarto de seus membros.
VII – por um representante de entidades
públicas municipais destinadas à defesa do Art. 6o Serão convidados a compor o Conse-
consumidor; lho Nacional de Defesa do Consumidor, sem
VIII – por um representante de associações direito a voto:
destinadas à defesa do consumidor com co- I – um membro de Ministério Público Es-
nhecimento e capacidade técnica para realizar tadual, indicado pelo Conselho Nacional de
análises de impacto regulatório; Procuradores-Gerais;
IX – por um representante dos fornecedores II – um membro do Ministério Público
com conhecimento e capacidade técnica para Federal, indicado pelo Procurador-Geral da
realizar análises de impacto regulatório; e República; e
X – por um jurista de notório saber e re- III – um membro da Defensoria Pública,
conhecida atuação em direito econômico, do indicado pelo Colégio Nacional dos Defensores
consumidor ou de regulação. Públicos Gerais.
§ 1o Cada membro do Conselho Nacional de
Defesa do Consumidor terá um suplente, que o Art. 7o O Conselho Nacional de Defesa do
substituirá em suas ausências e impedimentos. Consumidor poderá convidar autoridades,
§ 2o O membro de que trata o inciso II do técnicos e representantes de órgãos públicos
caput e respectivo suplente será indicado pelo ou privados para prestar esclarecimentos, in-
Ministro de Estado da Economia. formações e participar de suas reuniões, sem
§ 3o Os membros de que tratam os incisos direito a voto.
III ao V do caput e respectivos suplentes serão
indicados pela autoridade máxima das entidades Art. 8o A Secretaria Nacional do Consumidor
que representam. do Ministério da Justiça e Segurança Pública
§ 4o Os membros de que tratam os incisos exercerá a função de Secretaria-Executiva do
VI ao X do caput e respectivos suplentes serão Conselho Nacional de Defesa do Consumidor.
indicados pelo Ministro de Estado da Justiça e
Segurança Pública, após chamamento público, Art. 9o O Conselho Nacional de Defesa do
conforme normas definidas em ato do Minis- Consumidor poderá instituir comissões es-
tro de Estado da Justiça e Segurança Pública, peciais com a finalidade de realizar tarefas e
Normas correlatas

e terão mandato de dois anos, permitida uma estudos específicos destinados à defesa do con-
recondução. sumidor na ordem econômica constitucional
§ 5o Na ausência do Presidente, as reuniões brasileira.
do Conselho Nacional de Defesa do Consumi-
dor serão presididas por seu substituto no cargo. Art. 10. As comissões especiais:
131
I – serão compostas na forma de ato do Con- Art. 14. O Decreto no 2.181, de 1997, passa a
selho Nacional de Defesa do Consumidor; vigorar com as seguintes alterações:
II – não poderão ter mais de sete membros; ................................................................................
III – terão caráter temporário e duração não
superior a um ano; e Art. 15. Ficam revogados:
IV – estarão limitadas a três operando si- I – o Decreto de 28 de setembro de 1995,
multaneamente. que cria a Comissão Nacional Permanente de
Defesa do Consumidor; e
Art. 11. Os membros do Conselho Nacional de II – o Decreto de 11 de janeiro de 1996, que
Defesa do Consumidor e das comissões especiais acrescenta inciso ao art. 2o do Decreto de 28 de
que se encontrarem no Distrito Federal se reu- setembro de 1995, que cria a Comissão Nacional
nirão presencialmente ou por videoconferência Permanente de Defesa do Consumidor.
e os membros que se encontrem em outros entes
federativos participarão da reunião por meio de Art. 16. Este Decreto entra em vigor na data
videoconferência. de sua publicação.

Art. 12. É vedado aos membros a divulgação de Brasília, 7 de julho de 2020; 199o da Indepen-
discussões em curso no Conselho Nacional de dência e 132o da República.
Defesa do Consumidor sem a prévia anuência
de seu Presidente. JAIR MESSIAS BOLSONARO

Art. 13. A participação no Conselho Nacio- Decretado em 7/7/2020 e publicado no DOU de


nal de Defesa do Consumidor e nas comissões 8/7/2020.
especiais será considerada prestação de serviço
público relevante, não remunerada.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

132
Decreto no 8.771/2016
Regulamenta a Lei no 12.965, de 23 de abril de 2014, para tratar das hipóteses admitidas de
discriminação de pacotes de dados na internet e de degradação de tráfego, indicar procedimentos
para guarda e proteção de dados por provedores de conexão e de aplicações, apontar medidas de
transparência na requisição de dados cadastrais pela administração pública e estabelecer parâmetros
para fiscalização e apuração de infrações.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da b) sejam destinados a grupos específicos


atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso de usuários com controle estrito de admissão.
IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto
na Lei no 12.965, de 23 de abril de 2014,
CAPÍTULO II – Da Neutralidade de Rede
DECRETA:
Art. 3o A exigência de tratamento isonômico
de que trata o art. 9o da Lei no 12.965, de 2014,
CAPÍTULO I – Disposições Gerais deve garantir a preservação do caráter público e
irrestrito do acesso à internet e os fundamentos,
Art. 1o Este Decreto trata das hipóteses ad- princípios e objetivos do uso da internet no País,
mitidas de discriminação de pacotes de dados conforme previsto na Lei no 12.965, de 2014.
na internet e de degradação de tráfego, indica
procedimentos para guarda e proteção de da- Art. 4o A discriminação ou a degradação de
dos por provedores de conexão e de aplicações, tráfego são medidas excepcionais, na medida
aponta medidas de transparência na requisição em que somente poderão decorrer de requisitos
de dados cadastrais pela administração pública técnicos indispensáveis à prestação adequada
e estabelece parâmetros para fiscalização e apu- de serviços e aplicações ou da priorização de
ração de infrações contidas na Lei no 12.965, de serviços de emergência, sendo necessário o
23 de abril de 2014. cumprimento de todos os requisitos dispostos
no art. 9o, § 2o, da Lei no 12.965, de 2014.
Art. 2o O disposto neste Decreto se destina
aos responsáveis pela transmissão, pela comu- Art. 5o Os requisitos técnicos indispensáveis
tação ou pelo roteamento e aos provedores de à prestação adequada de serviços e aplicações
conexão e de aplicações de internet, definida devem ser observados pelo responsável de ati-
nos termos do inciso I do caput do art. 5o da vidades de transmissão, de comutação ou de
Lei no 12.965, de 2014. roteamento, no âmbito de sua respectiva rede,
Parágrafo único. O disposto neste Decreto e têm como objetivo manter sua estabilidade,
não se aplica: segurança, integridade e funcionalidade.
I – aos serviços de telecomunicações que § 1o Os requisitos técnicos indispensáveis
não se destinem ao provimento de conexão de apontados no caput são aqueles decorrentes de:
internet; e I – tratamento de questões de segurança de
II – aos serviços especializados, entendidos redes, tais como restrição ao envio de mensa-
Normas correlatas

como serviços otimizados por sua qualidade gens em massa (spam) e controle de ataques de
assegurada de serviço, de velocidade ou de se- negação de serviço; e
gurança, ainda que utilizem protocolos lógicos II – tratamento de situações excepcionais
TCP/IP ou equivalentes, desde que: de congestionamento de redes, tais como rotas
a) não configurem substituto à internet em alternativas em casos de interrupções da rota
seu caráter público e irrestrito; e principal e em situações de emergência. 133
§ 2o A Agência Nacional de Telecomuni- Parágrafo único. A transmissão de dados
cações – Anatel atuará na fiscalização e na nos casos elencados neste artigo será gratuita.
apuração de infrações quanto aos requisitos
técnicos elencados neste artigo, consideradas Art. 9o Ficam vedadas condutas unilaterais ou
as diretrizes estabelecidas pelo Comitê Gestor acordos entre o responsável pela transmissão,
da Internet – CGIbr. pela comutação ou pelo roteamento e os pro-
vedores de aplicação que:
Art. 6o Para a adequada prestação de serviços I – comprometam o caráter público e irres-
e aplicações na internet, é permitido o geren- trito do acesso à internet e os fundamentos,
ciamento de redes com o objetivo de preservar os princípios e os objetivos do uso da internet
sua estabilidade, segurança e funcionalidade, no País;
utilizando-se apenas de medidas técnicas com- II – priorizem pacotes de dados em razão de
patíveis com os padrões internacionais, desen- arranjos comerciais; ou
volvidos para o bom funcionamento da internet, III – privilegiem aplicações ofertadas pelo
e observados os parâmetros regulatórios expe- próprio responsável pela transmissão, pela co-
didos pela Anatel e consideradas as diretrizes mutação ou pelo roteamento ou por empresas
estabelecidas pelo CGIbr. integrantes de seu grupo econômico.

Art. 7o O responsável pela transmissão, pela Art. 10. As ofertas comerciais e os modelos de
comutação ou pelo roteamento deverá adotar cobrança de acesso à internet devem preservar
medidas de transparência para explicitar ao uma internet única, de natureza aberta, plural
usuário os motivos do gerenciamento que im- e diversa, compreendida como um meio para
plique a discriminação ou a degradação de que a promoção do desenvolvimento humano, eco-
trata o art. 4o, tais como: nômico, social e cultural, contribuindo para a
I – a indicação nos contratos de prestação de construção de uma sociedade inclusiva e não
serviço firmado com usuários finais ou prove- discriminatória.
dores de aplicação; e
II – a divulgação de informações referentes
às práticas de gerenciamento adotadas em seus CAPÍTULO III – Da Proteção aos Registros,
sítios eletrônicos, por meio de linguagem de aos Dados Pessoais e às Comunicações
fácil compreensão. Privadas
Parágrafo único. As informações de que trata SEÇÃO I – Da Requisição de Dados
esse artigo deverão conter, no mínimo: Cadastrais
I – a descrição dessas práticas;
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

II – os efeitos de sua adoção para a qualidade Art. 11. As autoridades administrativas a que
de experiência dos usuários; e se refere o art. 10, § 3o, da Lei no 12.965, de 2014,
III – os motivos e a necessidade da adoção indicarão o fundamento legal de competência
dessas práticas. expressa para o acesso e a motivação para o
pedido de acesso aos dados cadastrais.
Art. 8o A degradação ou a discriminação de- § 1o O provedor que não coletar dados ca-
corrente da priorização de serviços de emer- dastrais deverá informar tal fato à autoridade
gência somente poderá decorrer de: solicitante, ficando desobrigado de fornecer
I – comunicações destinadas aos prestadores tais dados.
dos serviços de emergência, ou comunicação § 2o São considerados dados cadastrais:
entre eles, conforme previsto na regulamenta- I – a filiação;
ção da Agência Nacional de Telecomunicações II – o endereço; e
– Anatel; ou III – a qualificação pessoal, entendida como
II – comunicações necessárias para informar nome, prenome, estado civil e profissão do
a população em situações de risco de desastre, de usuário.
134 emergência ou de estado de calamidade pública.
§ 3o Os pedidos de que trata o caput devem lidade dos dados, como encriptação ou medidas
especificar os indivíduos cujos dados estão sen- de proteção equivalentes.
do requeridos e as informações desejadas, sendo § 1o Cabe ao CGIbr promover estudos e re-
vedados pedidos coletivos que sejam genéricos comendar procedimentos, normas e padrões
ou inespecíficos. técnicos e operacionais para o disposto nesse
artigo, de acordo com as especificidades e o
Art. 12. A autoridade máxima de cada órgão porte dos provedores de conexão e de aplicação.
da administração pública federal publicará § 2o Tendo em vista o disposto nos incisos
anualmente em seu sítio na internet relatórios VII a X do caput do art. 7o da Lei no 12.965, de
estatísticos de requisição de dados cadastrais, 2014, os provedores de conexão e aplicações
contendo: devem reter a menor quantidade possível de
I – o número de pedidos realizados; dados pessoais, comunicações privadas e regis-
II – a listagem dos provedores de conexão tros de conexão e acesso a aplicações, os quais
ou de acesso a aplicações aos quais os dados deverão ser excluídos:
foram requeridos; I – tão logo atingida a finalidade de seu uso;
III – o número de pedidos deferidos e inde- ou
feridos pelos provedores de conexão e de acesso II – se encerrado o prazo determinado por
a aplicações; e obrigação legal.
IV – o número de usuários afetados por tais
solicitações. Art. 14. Para os fins do disposto neste Decreto,
considera-se:
I – dado pessoal – dado relacionado à pessoa
SEÇÃO II – Padrões de Segurança e natural identificada ou identificável, inclusive
Sigilo dos Registros, Dados Pessoais e números identificativos, dados locacionais ou
Comunicações Privadas identificadores eletrônicos, quando estes esti-
verem relacionados a uma pessoa; e
Art. 13. Os provedores de conexão e de apli- II – tratamento de dados pessoais – toda
cações devem, na guarda, armazenamento e operação realizada com dados pessoais, como
tratamento de dados pessoais e comunicações as que se referem a coleta, produção, recepção,
privadas, observar as seguintes diretrizes sobre classificação, utilização, acesso, reprodução,
padrões de segurança: transmissão, distribuição, processamento, ar-
I – o estabelecimento de controle estrito so- quivamento, armazenamento, eliminação, ava-
bre o acesso aos dados mediante a definição de liação ou controle da informação, modificação,
responsabilidades das pessoas que terão pos- comunicação, transferência, difusão ou extração.
sibilidade de acesso e de privilégios de acesso
exclusivo para determinados usuários; Art. 15. Os dados de que trata o art. 11 da
II – a previsão de mecanismos de autentica- Lei no 12.965, de 2014, deverão ser mantidos
ção de acesso aos registros, usando, por exemplo, em formato interoperável e estruturado, para
sistemas de autenticação dupla para assegurar a facilitar o acesso decorrente de decisão judicial
individualização do responsável pelo tratamento ou determinação legal, respeitadas as diretrizes
dos registros; elencadas no art. 13 deste Decreto.
III – a criação de inventário detalhado dos
acessos aos registros de conexão e de acesso a Art. 16. As informações sobre os padrões de se-
aplicações, contendo o momento, a duração, a gurança adotados pelos provedores de aplicação
Normas correlatas

identidade do funcionário ou do responsável e provedores de conexão devem ser divulgadas


pelo acesso designado pela empresa e o arquivo de forma clara e acessível a qualquer interessado,
acessado, inclusive para cumprimento do dis- preferencialmente por meio de seus sítios na in-
posto no art. 11, § 3o, da Lei no 12.965, de 2014; e ternet, respeitado o direito de confidencialidade
IV – o uso de soluções de gestão dos registros quanto aos segredos empresariais.
por meio de técnicas que garantam a inviolabi- 135
CAPÍTULO IV – Da Fiscalização e da inclusive quanto à aplicação das sanções cabí-
Transparência veis, mesmo que as atividades sejam realizadas
por pessoa jurídica sediada no exterior, nos
Art. 17. A Anatel atuará na regulação, na fisca- termos do art. 11 da Lei no 12.965, de 2014.
lização e na apuração de infrações, nos termos
da Lei no 9.472, de 16 de julho de 1997. Art. 21. A apuração de infrações à Lei
no 12.965, de 2014, e a este Decreto atenderá
Art. 18. A Secretaria Nacional do Consumidor aos procedimentos internos de cada um dos
atuará na fiscalização e na apuração de infrações, órgãos fiscalizatórios e poderá ser iniciada de
nos termos da Lei no 8.078, de 11 de setembro ofício ou mediante requerimento de qualquer
de 1990. interessado.

Art. 19. A apuração de infrações à ordem eco- Art. 22. Este Decreto entra em vigor trinta
nômica ficará a cargo do Sistema Brasileiro dias após a data de sua publicação.
de Defesa da Concorrência, nos termos da Lei
no 12.529, de 30 de novembro de 2011. Brasília, 11 de maio de 2016; 195o da Indepen-
dência e 128o da República.
Art. 20. Os órgãos e as entidades da admi-
nistração pública federal com competências DILMA ROUSSEFF
específicas quanto aos assuntos relacionados
a este Decreto atuarão de forma colaborativa, Decretado em 11/5/2016 e publicado no DOU de
consideradas as diretrizes do CGIbr, e deverão 11/5/2016 – Edição extra.
zelar pelo cumprimento da legislação brasileira,
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

136
Decreto no 7.963/2013
Institui o Plano Nacional de Consumo e Cidadania e cria a Câmara Nacional das Relações de Consumo.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da serviços e instalações abertos ao público, de uso


atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso público ou privados de uso coletivo, tanto na
VI, alínea “a”, da Constituição, zona urbana como na rural, por pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida.
DECRETA:
Art. 3o São objetivos do Plano Nacional de
o
Art. 1 Fica instituído o Plano Nacional de Consumo e Cidadania:
Consumo e Cidadania, com a finalidade de I – garantir o atendimento das necessidades
promover a proteção e defesa do consumidor dos consumidores;
em todo o território nacional, por meio da in- II – assegurar o respeito à dignidade, saúde
tegração e articulação de políticas, programas e segurança do consumidor;
e ações. III – estimular a melhoria da qualidade e o
Parágrafo único. O Plano Nacional de Con- desenho universal de produtos e serviços dis-
sumo e Cidadania será executado pela União ponibilizados no mercado de consumo;
em colaboração com Estados, Distrito Federal, IV – assegurar a prevenção e a repressão de
Municípios e com a sociedade. condutas que violem direitos do consumidor;
V – promover o acesso a padrões de produção
Art. 2o São diretrizes do Plano Nacional de e consumo sustentáveis; e
Consumo e Cidadania: VI – promover a transparência e harmonia
I – educação para o consumo; das relações de consumo.
II – adequada e eficaz prestação dos serviços Parágrafo único. Para fins do disposto neste
públicos; Decreto, considera-se:
III – garantia do acesso do consumidor à I – desenho universal – concepção de pro-
justiça; dutos, ambientes, programas e serviços a serem
IV – garantia de produtos e serviços com usados por todas as pessoas, sem necessidade
padrões adequados de qualidade, segurança, de adaptação ou de projeto específico, incluídos
durabilidade, desempenho e acessibilidade; os recursos de tecnologia assistiva; e
V – fortalecimento da participação social na II – tecnologia assistiva – produtos, equipa-
defesa dos consumidores; mentos, dispositivos, recursos, metodologias,
VI – prevenção e repressão de condutas que estratégias, práticas e serviços que objetivem
violem direitos do consumidor; e promover a funcionalidade, relacionada à ativi-
VII – autodeterminação, privacidade, con- dade e à participação da pessoa com deficiência
fidencialidade e segurança das informações e ou com mobilidade reduzida, visando à sua
dados pessoais prestados ou coletados, inclusive autonomia, independência, qualidade de vida
por meio eletrônico. e inclusão social.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste
Decreto, considera-se acessibilidade a possibi- Art. 4o São eixos de atuação do Plano Nacional
Normas correlatas

lidade e a condição de alcance para utilização, de Consumo e Cidadania:


com segurança e autonomia, de espaços, mo- I – prevenção e redução de conflitos;
biliários, equipamentos urbanos, edificações, II – regulação e fiscalização; e
transportes, informação e comunicação, inclu- III – fortalecimento do Sistema Nacional de
sive seus sistemas e suas tecnologias, e de outros Defesa do Consumidor.
137
Art. 5o O eixo de prevenção e redução de nacional, subsidiarão a definição das Políticas
conflitos será composto, dentre outras, pelas e ações do Plano Nacional de Consumo e Ci-
seguintes políticas e ações: dadania.
I – aprimoramento dos procedimentos de Parágrafo único. Compete ao Ministério da
atendimento ao consumidor no pós-venda de Justiça coordenar, gerenciar e ampliar o SIN-
produtos e serviços; DEC, garantindo o acesso às suas informações.
II – criação de indicadores e índices de qua-
lidade das relações de consumo; e Arts. 9o a 12. (Revogados)
III – promoção da educação para o consumo,
incluída a qualificação e capacitação profissional Art. 13. Para a execução do Plano Nacional
em defesa do consumidor. de Consumo e Cidadania poderão ser firmados
convênios, acordos de cooperação, ajustes ou
Art. 6o O eixo regulação e fiscalização será instrumentos congêneres, com órgãos e entida-
composto, dentre outras, pelas seguintes po- des da administração pública federal, dos Esta-
líticas e ações: dos, do Distrito Federal e dos Municípios, com
I – instituição de avaliação de impacto re- consórcios públicos, bem como com entidades
gulatório sob a perspectiva dos direitos do privadas, na forma da legislação pertinente.
consumidor;
II – promoção da inclusão, nos contratos de Art. 14. O Plano Nacional de Consumo e Ci-
concessão de serviços públicos, de mecanismos dadania será custeado por:
de garantia dos direitos do consumidor; I – dotações orçamentárias da União consig-
III – ampliação e aperfeiçoamento dos pro- nadas anualmente nos orçamentos dos órgãos
cessos fiscalizatórios quanto à efetivação de e entidades envolvidos no Plano, observados
direitos do consumidor; os limites de movimentação, de empenho e de
IV – garantia de autodeterminação, privaci- pagamento fixados anualmente;
dade, confidencialidade e segurança das infor- II – recursos oriundos dos órgãos participan-
mações e dados pessoais prestados ou coletados, tes do Plano Nacional de Consumo e Cidadania
inclusive por meio eletrônico; e que não estejam consignados nos Orçamentos
V – garantia da efetividade da execução das Fiscal e da Seguridade Social da União; e
multas; e III – outras fontes de recursos destinadas por
VI – implementação de outras medidas san- Estados, Distrito Federal e Municípios, bem
cionatórias relativas à regulação de serviços. como por outras entidades públicas.

Art. 7o O eixo de fortalecimento do Sistema Art. 15. O Ministro de Estado do Planejamen-


Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

Nacional de Defesa do Consumidor será com- to, Orçamento e Gestão poderá, nos termos do
posto, dentre outras, pelas seguintes políticas § 7o do art. 93 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro
e ações: de 1990, determinar o exercício temporário
I – estimulo à interiorização e ampliação de servidores ou empregados dos órgãos inte-
do atendimento ao consumidor, por meio de grantes do Observatório Nacional das Relações
parcerias com Estados e Municípios; de Consumo da administração pública federal
II – promoção da participação social junto ao direta e indireta para desempenho de atividades
Sistema Nacional de Defesa do Consumidor; e no âmbito do Ministério da Justiça, com obje-
III – fortalecimento da atuação dos Procons tivo de auxiliar a gestão do Plano Nacional de
na proteção dos direitos dos consumidores. Consumo e Cidadania.
§ 1o A determinação de exercício tempo-
Art. 8o Dados e informações de atendimento rário referido no caput observará os seguintes
ao consumidor registrados no Sistema Nacio- procedimentos:
nal de Informações de Defesa do Consumidor I – requisição do Ministro de Estado da
– SINDEC, que integra os órgãos de proteção Justiça ao Ministro de Estado ou autoridade
138 e defesa do consumidor em todo o território
competente de órgão integrante da Presidência economista, do Plano Geral de Cargos do Poder
da República a que pertencer o servidor; Executivo – PGPE.
II – o órgão ou entidade cedente instruirá
o processo de requisição no prazo máximo de Art. 16. O Conselho de Ministros da Câmara
dez dias, encaminhando-o ao Ministério do Nacional das Relações de Consumo elaborará,
Planejamento, Orçamento e Gestão; e em prazo definido por seus membros e forma-
III – examinada a adequação da requisição lizado em ato do Ministro de Estado da Justiça,
ao disposto neste Decreto, o Ministro de Estado proposta de regulamentação do § 3o do art. 18
do Planejamento, Orçamento e Gestão editará, da Lei no 8.078, de 1990, para especificar pro-
no prazo de até dez dias, ato determinando o dutos de consumo considerados essenciais e
exercício temporário do servidor requisitado. dispor sobre procedimentos para uso imediato
§ 2o O prazo do exercício temporário não das alternativas previstas no § 1o do art. 18 da
poderá ser superior a um ano, admitindo-se referida Lei.
prorrogações sucessivas, de acordo com as ne-
cessidades do projeto. Art. 17. Este Decreto entra em vigor na data
§ 3o Os servidores de que trata o caput de sua publicação.
deverão, preferencialmente, ser ocupantes de
cargos efetivos de Especialista em Regulação de Brasília, 15 de março de 2013; 192o da Indepen-
Serviços Públicos de Telecomunicações, de Es- dência e 125o da República.
pecialista em Regulação de Serviços Públicos de
Energia, de Especialista em Regulação de Saúde DILMA ROUSSEFF
Suplementar, e de Especialista em Regulação de
Aviação Civil, integrantes das carreiras de que Decretado em 15/3/2013 e publicado no DOU de
trata a Lei no 10.871, de 20 de maio de 2004, e 15/3/2013 – Edição extra.
de Analista em Tecnologia da Informação e de

Normas correlatas

139
Decreto no 4.680/2003
Regulamenta o direito à informação, assegurado pela Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990,
quanto aos alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que
contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados, sem prejuízo
do cumprimento das demais normas aplicáveis.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da o produto ou ingrediente em todas as etapas da


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, cadeia produtiva.
da Constituição, § 4o O percentual referido no caput poderá
ser reduzido por decisão da Comissão Técnica
DECRETA: Nacional de Biossegurança – CTNBio.

Art. 1o Este Decreto regulamenta o direito à Art. 3o Os alimentos e ingredientes produzidos


informação, assegurado pela Lei no 8.078, de a partir de animais alimentados com ração con-
11 de setembro de 1990, quanto aos alimen- tendo ingredientes transgênicos deverão trazer
tos e ingredientes alimentares destinados ao no painel principal, em tamanho e destaque
consumo humano ou animal que contenham previstos no art. 2o, a seguinte expressão: “(nome
ou sejam produzidos a partir de organismos do animal) alimentado com ração contendo
geneticamente modificados, sem prejuízo do ingrediente transgênico” ou “(nome do ingre-
cumprimento das demais normas aplicáveis. diente) produzido a partir de animal alimentado
com ração contendo ingrediente transgênico”.
Art. 2o Na comercialização de alimentos e in-
gredientes alimentares destinados ao consumo Art. 4o Aos alimentos e ingredientes alimenta-
humano ou animal que contenham ou sejam res que não contenham nem sejam produzidos
produzidos a partir de organismos geneticamen- a partir de organismos geneticamente modifi-
te modificados, com presença acima do limite cados será facultada a rotulagem “(nome do
de um por cento do produto, o consumidor produto ou ingrediente) livre de transgênicos”,
deverá ser informado da natureza transgênica desde que tenham similares transgênicos no
desse produto. mercado brasileiro.
§ 1o Tanto nos produtos embalados como
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

nos vendidos a granel ou in natura, o rótulo Art. 5o As disposições dos §§ 1o, 2o e 3o do


da embalagem ou do recipiente em que estão art. 2o e do art. 3o deste Decreto não se aplicam
contidos deverá constar, em destaque, no painel à comercialização de alimentos destinados ao
principal e em conjunto com o símbolo a ser consumo humano ou animal que contenham
definido mediante ato do Ministério da Justiça, ou tenham sido produzidos a partir de soja da
uma das seguintes expressões, dependendo do safra colhida em 2003.
caso: “(nome do produto) transgênico”, “contém § 1o As expressões “pode conter soja trans-
(nome do ingrediente ou ingredientes) trans- gênica” e “pode conter ingrediente produzido
gênico(s)” ou “produto produzido a partir de a partir de soja transgênica” deverão, conforme
(nome do produto) transgênico”. o caso, constar do rótulo, bem como da docu-
§ 2o O consumidor deverá ser informado mentação fiscal, dos produtos a que se refere
sobre a espécie doadora do gene no local re- o caput, independentemente do percentual da
servado para a identificação dos ingredientes. presença de soja transgênica, exceto se:
§ 3o A informação determinada no § 1o deste I – a soja ou o ingrediente a partir dela pro-
artigo também deverá constar do documento duzido seja oriundo de região excluída pelo
140 fiscal, de modo que essa informação acompanhe Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento do regime de que trata a Medida Art. 6o À infração ao disposto neste Decreto
Provisória no 113, de 26 de março de 2003, de aplica-se as penalidades previstas no Código
conformidade com o disposto no § 5o do seu de Defesa do Consumidor e demais normas
art. 1o; ou aplicáveis.
II – a soja ou o ingrediente a partir dela
produzido seja oriundo de produtores que ob- Art. 7o Este Decreto entra em vigor na data
tenham o certificado de que trata o art. 4o da de sua publicação.
Medida Provisória no 113, de 2003, devendo,
nesse caso, ser aplicadas as disposições do art. 4o Art. 8o Revoga-se o Decreto no 3.871, de 18
deste Decreto. de julho de 2001.
§ 2o A informação referida no § 1o pode
ser inserida por meio de adesivos ou qualquer Brasília, 24 de abril de 2003; 182o da Indepen-
forma de impressão. dência e 115o da República.
§ 3o Os alimentos a que se refere o caput
poderão ser comercializados após 31 de janeiro LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
de 2004, desde que a soja a partir da qual foram
produzidos tenha sido alienada pelo produtor Decretado em 24/4/2003, publicado no DOU de
até essa data. 25/4/2003 e republicado no DOU de 28/4/2003.

Normas correlatas

141
Decreto no 1.306/1994
Regulamenta o Fundo de Defesa de Direitos Difusos, de que tratam os arts. 13 e 20 da Lei no 7.347,
de 24 de julho de 1985, seu Conselho Gestor e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das Art. 3o O FDD será gerido pelo Conselho
atribuições que lhe confere o art. 84, incisos Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos
IV e VI, da Constituição, e tendo em vista o Difusos (CFDD), órgão colegiado integrante
disposto nos arts. 13 e 20, da Lei no 7.347, de da estrutura organizacional do Ministério da
24 de julho de 1985, Justiça, com sede em Brasília, e composto pelos
seguintes membros:
DECRETA: I – um representante da Secretaria Nacional
do Consumidor do Ministério da Justiça, que
Art. 1o O Fundo de Defesa de Direitos Difusos o presidirá;
(FDD), criado pela Lei no 7.347, de 24 de julho II – um representante do Ministério do Meio
de 1985, tem por finalidade a reparação dos Ambiente e da Amazônia Legal;
danos causados ao meio ambiente, ao consumi- III – um representante do Ministério da
dor, a bens e direitos de valor artístico, estético, Cultura;
histórico, turístico, paisagístico, por infração à IV – um representante do Ministério da
ordem econômica e a outros interesses difusos Saúde vinculado à área de vigilância sanitária;
e coletivos. V – um representante do Ministério da
Fazenda;
Art. 2o Constituem recursos do FDD o pro- VI – um representante do Conselho Ad-
duto da arrecadação: ministrativo de Defesa Econômica – CADE;
I – das condenações judiciais de que tratam VII – um representante do Ministério Pú-
os arts. 11 e 13, da Lei no 7.347, de 24 de julho blico Federal;
de 1985; VIII – três representantes de entidades civis
II – das multas e indenizações decorrentes que atendam aos pressupostos dos incisos I e
da aplicação da Lei no 7.853, de 24 de outubro II, do art. 5o, da Lei no 7.347, de 24 de julho
de 1989, desde que não destinadas à reparação de 1985.
de danos a interesses individuais; § 1o Cada representante de que trata este
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

III – dos valores destinados à União em vir- artigo terá um suplente, que o substituirá nos
tude da aplicação da multa prevista no art. 57 seus afastamentos e impedimentos legais.
e seu parágrafo único e do produto de inde- § 2o É vedada a remuneração, a qualquer
nização prevista no art. 100, parágrafo único, título, pela participação no CFDD, sendo a ati-
da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990; vidade considerada serviço público relevante.
IV – das condenações judiciais de que trata
o parágrafo 2o, do art. 2o, da Lei no 7.913, de 7 Art. 4o Os representantes e seus respectivos
de dezembro de 1989; suplentes serão designados pelo Ministro da
V – das multas referidas no art. 84, da Lei Justiça; os dos incisos I a V dentre os servidores
no 8.884, de 11 de junho de 1994; dos respectivos Ministérios, indicados pelo
VI – dos rendimentos auferidos com a apli- seu titular; o do inciso VI dentre os servidores
cação dos recursos do Fundo; ou Conselheiros, indicado pelo Presidente da
VII – de outras receitas que vierem a ser Autarquia; o do inciso VII indicado pelo Procu-
destinadas ao Fundo; rador-Geral da República, dentre os integrantes
VIII – de doações de pessoas físicas ou ju- da carreira, e os do inciso VIII indicados pelas
142 rídicas, nacionais ou estrangeiras.
respectivas entidades devidamente inscritas Parágrafo único. Os recursos serão priorita-
perante o CFDD. riamente aplicados na reparação específica do
Parágrafo único. Os representantes serão dano causado, sempre que tal fato for possível.
designados pelo prazo de dois anos, admitida
uma recondução, exceto quanto ao represen- Art. 8o Em caso de concurso de créditos
tante referido no inciso I, do art. 3o, que poderá decorrentes de condenação prevista na Lei
ser reconduzido por mais de uma vez. no 7.347, de 24 de julho de 1985, e depositados
no FDD, e de indenizações pelos prejuízos
Art. 5o Funcionará como Secretaria-Executiva individuais resultantes do mesmo evento da-
do CFDD a Secretaria Nacional do Consumi- noso, estas terão preferência no pagamento, de
dor do Ministério da Justiça. acordo com o art. 99 da Lei no 8.078, de 1990.
Parágrafo único. Neste caso, a importância
Art. 6o Compete ao CFDD: recolhida ao FDD terá sua destinação sustada
I – zelar pela aplicação dos recursos na enquanto pendentes de recurso as ações de
consecução dos objetivos previstos nas Leis indenização pelos danos individuais, salvo na
nos 7.347, de 1985, 7.853, de 1989, 7.913, de hipótese de o patrimônio do devedor ser ma-
1989, 8.078, de 1990 e 8.884, de 1994, no âmbito nifestamente suficiente para responder pela
do disposto no art. 1o deste decreto; integralidade das dívidas.
II – aprovar convênios e contratos, a serem
firmados pela Secretaria Executiva do Conse- Art. 9o O CFDD estabelecerá sua forma de
lho, objetivando atender ao disposto no inciso funcionamento por meio de Regimento In-
I deste artigo; terno, que será elaborado dentro de sessenta
III – examinar e aprovar projetos de recons- dias, a partir da sua instalação, aprovado por
tituição de bens lesados, inclusive os de caráter Portaria do Ministro da Justiça.
científico e de pesquisa;
IV – promover, por meio de órgãos da ad- Art. 10. Os recursos destinados ao Fundo
ministração pública e de entidades civis in- serão centralizados em conta especial manti-
teressadas, eventos educativos ou científicos; da no Banco do Brasil S.A., em Brasília, DF,
V – fazer editar, inclusive em colaboração denominada “Ministério da Justiça – CFDD
com órgãos oficiais, material informativo so- – Fundo”.
bre as matérias mencionadas no art. 1o deste Parágrafo único. Nos termos do Regimento
Decreto; Interno do CFDD, os recursos destinados ao
VI – promover atividades e eventos que Fundo provenientes de condenações judiciais
contribuam para a difusão da cultura, da pro- e de aplicação de multas administrativas de-
teção ao meio ambiente, do consumidor, da verão ser identificados segundo a natureza
livre concorrência, do patrimônio histórico, da infração ou do dano causado, de modo a
artístico, estético, turístico, paisagístico e de permitir o cumprimento do disposto no art. 7o
outros interesses difusos e coletivos; deste Decreto.
VII – examinar e aprovar os projetos de
modernização administrativa dos órgãos pú- Art. 11. O CFDD, mediante entendimento a
blicos responsáveis pela execução das políticas ser mantido com o Poder Judiciário e os Mi-
relativas às áreas a que se refere o art. 1o deste nistérios Públicos Federal e Estaduais, será
Decreto; informado sobre a propositura de toda ação
VIII – elaborar o seu Regimento Interno. civil pública, a existência de depósito judicial,
Normas correlatas

de sua natureza, e do trânsito em julgado da


Art. 7o Os recursos arrecadados serão distri- decisão.
buídos para a efetivação das medidas dispostas
no artigo anterior e suas aplicações deverão Art. 12. Este Decreto entra em vigor na data
estar relacionadas com a natureza da infração de sua publicação.
ou do dano causado. 143
Art. 13. Fica revogado o Decreto no 407, de ITAMAR FRANCO
27 de dezembro de 1991.
Decretado em 9/11/1994, publicado no DOU de
Brasília, 9 de novembro de 1994; 173o da In- 10/11/1994 e retificado no DOU de 11/11/1994.
dependência e 106o da República.
Código de Defesa do Consumidor e normas correlatas

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