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HIS T ÓRIA DA COL ONIZ AÇ ÃO POR T UGUE SA DO BR A SIL

VOLUME III
Edição Fac-similar

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VOL. EDIÇÕES DO
SENADO FEDERAL 303-C
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Mesa Diretora
Biênio 2021-2022

Senador Rodrigo Pacheco


Presidente

Senador Veneziano Vital do Rêgo Senador Romário


1º Vice-Presidente 2º Vice-Presidente

Senador Irajá Senador Elmano Férrer


1º Secretário 2º Secretário

Senador Rogério Carvalho Senador Weverton Rocha


3º Secretário 4º Secretário

Suplentes de Secretário
1º suplente: Senador Jorginho Mello 2º suplente: Senador Luiz Carlos do Carmo
3º suplente: Senadora Eliziane Gama 4º suplente: Senador Zequinha Marinho

Conselho Editorial

Senador Randolfe Rodrigues Esther Bemerguy de Albuquerque


Presidente Vice-Presidente

Conselheiros
Alcinéa Cavalcante Fabrício Ferrão Araújo
Aldrin Moura de Figueiredo Heloísa Maria Murgel Starling
Ana Luísa Escorel de Moraes Ilana Feldman Marzochi
Ana Maria Martins Machado Ilana Trombka
Carlos Ricardo Cachiollo João Batista Gomes Filho
Cid de Queiroz Benjamin Ladislau Dowbor
Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque Márcia Abrahão de Moura
Eduardo Rômulo Bueno Rita Gomes do Nascimento
Elisa Lucinda dos Campos Gomes Toni Carlos Pereira
HISTÓRIA DA COLONIZAÇÃO
PORTUGUESA DO BRASIL
volume III

Edição Fac-similar

Edições do Senado Federal


Vol. 303-C

Brasília, 2022
EDIÇÕES DO
SENADO FEDERAL
Vol. 303-C
O Conselho Editorial do Senado Federal, criado pela Mesa Diretora em 31 de janeiro de 1997, buscará editar, sempre,
obras de valor histórico e cultural e de importância para a compreensão da história política, econômica e social
do Brasil e reflexão sobre os destinos do país e também obras da história mundial.

Organização: Carlos Malheiro Dias, Ernesto de Vasconcelos e Roque Gameiro

Revisão: Cristiano Ferreira e SEGRAF


Editoração eletrônica: SEGRAF
Ilustração de capa: Roque Gameiro, 1922
Projeto gráfico: Serviço de Formatação e Programação Visual do Senado Federal (Sefpro)
Comissão Especial Curadora destinada a elaborar e viabilizar a execução das comemorações em torno do tema “O Senado Federal e os
200 anos da Independência do Brasil”.
Senador Randolfe Rodrigues – Coordenador
Senador Jean-Paul Prates
Senador Rodrigo Cunha
Senador Rodrigo Pacheco
Heloisa Murgel Starling
Eduardo Bueno
Ilana Trombka
Nathalia Henrich
Esther Bemerguy de Albuquerque

© Senado Federal, 2022


Congresso Nacional
Praça dos Três Poderes s/nº
CEP 70165-900 – DF
cedit@senado.gov.br
http://www.senado.gov.br/web/conselho/conselho.htm
Todos os direitos reservados

História da Colonização Portuguesa do Brasil. — Brasília : Senado Federal, 2022.


3 v. : il. — (Edições do Senado Federal). (Coleção 200 anos da Independência do Brasil)
Fac-sím. de: Porto : Litografia Nacional, 1921-1924.

Obra originalmente dirigida por Carlos Malheiros Dias. Trabalhos artísticos, de lápis e pincel, do
original, executados pelo aquarelista Roque Gameiro e cartografia da obra executada pelo geógrafo
português Ernesto de Vasconcelos.

ISBN: 978-65-5676-267-8
ISBN: 978-65-5676-270-8

1. Colonização, Brasil. 2. Colônias, Portugal. 3. América do Sul, descoberta e exploração.

 CDD 981.01

Ficha catalográfica elaborada por Cláudia Coimbra Diniz CRB1-1179


Sumário

7 Prefácio
Senador Rodrigo Pacheco

11 Nota do Editor
15 História da Colonização Portuguesa do Brasil
21 Segunda Parte – A colonização
21 Volu m e III – A Id a d e M édi a br a s i l ei r a ( 1 5 2 1 - 1 5 8 0 )
25 Intr o duç ã o
89 Cap í tul o I – A Metr ó p o l e e s u as co n q u i s t as n o s r e i n ad o s d e
D. J o ã o I I I , D . S eba s ti ão e car d e al D . He n r i q u e
92 D. João I I I
131 D. Sebast ião
157 O Cardeal-R ei
160 A p ên dic e – L ín gu a e L iter atur a por tuguesa (15 21-15 80)
169 Cap í tul o I I – A E xpedi ção d e Cr i s t ó v am Jacq u e s
202 A p ên dic e
211 Cap í tul o I I I – A exped i ção d e M ar t i n A f o n s o d e So u s a ( 1 5 30 -
1533)
279 A p ên dic e
285 Cap í tul o I V – A s o l uç ã o t r ad i ci o n al d a co l o n i z ação d o B r asi l
287 A s doaç ões de c apit an ias com o si stem a tr adi ci onal de col oni z açã o ;
a p lic aç ão dest e sist ema ao Br asi l
294 N ormas ju rídic as e in sti tui ções
304 O s direit os de Por t u gal em rel ação ao Br asi l per ante o Di rei to
In t ern ac ion al. A polít ic a de m onopól i o e o " m are cl ausum"
309 Cap í tul o V – O s pr i me i r o s d o n at ár i o s
314 D u ar t e Coelh o, don at á r i o de Pernam buco
322 Va sc o Fern an des Cou t i nho, donatár i o do Espí r i to Santo
325 Pedro do Campo Tou rinho, donatár i o de Por to Seguro
327 J orge de Figu eiredo Co r rei a, donatár i o dos Il héus
329 O s don at ários João de Bar ros, Fernando Ál v ares de Andr ade e Ai res
d a Cu n h a
333 A nt ón io Cardoso de B a r ros, donatár i o do Cear á
334 Pedro de Góis, don at ári o da Par ahi ba do Sul
336 F r an c isc o Pereira Cou t i nho, donatár i o da Bahi a
337 C on c lu são
339 Cap í tul o VI – O r egí m e n f e u d al d as d o n at ár i as
347 C apit an ia de S. Vic en t e
361 C apit an ias de San t o Amaro, Sant' Ana e Itam ar acá
365 C apit an ia da Parah yba do Sul
369 C apit an ia do E spírit o Santo
372 C apit an ia de Por t o Seguro
374 C apit an ia dos I lh éu s
376 C apit an ia da B ah ia
382 A s c apit an ias set en t rionai s
389 A p ên dic e
417 Cap í tul o VI I – A no va L u s i t ân i a
441 A p ên dic e
457 Cap í tul o VI I I – A i ns ti t u i ção d o G o v e r n o G e r al
459 O govern o de Tomé de Sousa
471 O govern o de D. D u ar te da Costa
477 A p ên dic e
517 Índi c e
520 Índi c e da s gr a v u r a s do v o l u m e III
522 Errata s e c o mentá r i o s
Prefácio
Senador Rodrigo Pacheco

O Senado Federal vem, há vários anos, republicando diversas obras que, a despeito de sua
importância, foram deixadas de lado pelo mercado editorial. Essa importante missão – de manter
em catálogo títulos de relevo para as ciências sociais e históricas de nosso país – dá um passo a
mais agora, quando celebramos os 200 anos de Independência do Brasil.

A Comissão Especial Curadora “O Senado Federal e os 200 Anos da Independência do Brasil”


recupera para o grande público a relevante e significativa História da Colonização Portuguesa no
Brasil, obra originalmente publicada entre 1921 e 1924, como parte da celebração pelo primeiro
centenário da Independência de nosso país. A obra, que já estava disponível em versão fac-símile
no sítio do Senado, conta agora com uma edição física atualizada.

A História da Colonização Portuguesa do Brasil se constituiu, quando de seu lançamento, em


marco valioso da produção historiográfica em nosso país. A ideia de sua elaboração partiu da Câmara
do Comércio e Indústria do Pará e foi abraçada pelas várias e vastas colônias portuguesas existentes
no Brasil, em particular aquelas do próprio Estado do Pará e do Rio de Janeiro.

Para levar a cabo a iniciativa, fundaram uma empresa – a Sociedade Editora da História da
Colonização Portuguesa no Brasil –, com sede na cidade do Rio de Janeiro. Foi, pois, fundamental-
mente uma iniciativa privada. Contou com apoio dos governos de Portugal e do Brasil apenas no
que tange à isenção de impostos.

Originalmente, a História da Colonização Portuguesa do Brasil foi editada em fascículos mensais


que se constituíram em três volumes: “Os precursores de Cabral”, “A epopeia dos litorais” e “A Idade
Média brasileira – 1521-1580”. Outros dois, que concluiriam a obra, acabaram por ser deixados de
lado por motivos financeiros.

A primeira diretoria da sociedade editorial foi constituída pelos seguintes membros: Albino
Souza Cruz (direção financeira), Carlos Malheiro Dias (direção literária), Roque Gameiro (direção
artística) e Ernesto de Vasconcellos (direção cartográfica).

Desses, destacavam-se dois nomes. O primeiro é o de Souza Cruz, fundador da indústria de


tabaco de mesmo nome. Português de nascimento, era uma das grandes lideranças empresariais do
início do século XX, o que demonstra o quanto a comunidade lusitana considerava prioritária a obra.

O outro nome a se destacar é o de Carlos Malheiro Dias. Nascido no Porto, em 1875, foi ro-
mancista bastante reverenciado na virada do século XIX para o XX e figura de destaque no mundo
intelectual luso-brasileiro das primeiras décadas do século passado. Em nosso país, veio a ocupar,
em substituição a Eça de Queiroz, cadeira de sócio correspondente na Academia Brasileira de Letras.

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Sendo uma obra coletiva, a História teve a colaboração de vários historiadores do início do
século passado. O único brasileiro foi o bastante conhecido Manuel de Oliveira Lima. Dos portu-
gueses, dois nomes se destacavam. O primeiro era o de Antonio Baião, respeitado pelas pesquisas
na Torre do Tombo. O segundo – e mais renomado – foi o de Jaime Cortesão, que tem uma vasta
obra historiográfica. Malheiro, editor-chefe da obra, planejava incluir mais autores nos dois volumes
finais que não chegaram a ser publicados.

A obra – que agora o Senado Federal tem a honra de recolocar à disposição do grande públi-
co – acabou ela própria por ganhar importância histórica ao retratar o modo como então se davam
as relações entre Brasil e Portugal.

Portugal vivia, há alguns anos, momentos de turbulência política, acentuados pelo fim trau-
mático da monarquia, em 1908. Muitos portugueses emigraram para cá, onde constituíram uma
vibrante comunidade, que buscava, é claro, estreitar os laços entre os dois lados do Atlântico.

O Brasil, por sua vez, chegava aos 100 anos como nação independente, repleto de otimismo.
Um exemplo que não se pode esquecer foi o da Exposição Internacional do Centenário da Inde-
pendência, realizada na cidade do Rio de Janeiro entre 7 de setembro de 1922 e 23 de março de
1923, que, até hoje, é a maior exposição internacional promovida em nosso país.

A comunidade portuguesa no Brasil via, assim, os 100 anos do Brasil independente sem res-
sentimentos e amarguras. Na verdade, entendia que o momento era oportuno para intensificar os
laços linguísticos, culturais, políticos e econômicos entre os dois países. Para os portugueses, o Brasil
se revelava a grande obra daquele país. Entendiam que não se podia deixar de lado o que Portugal
representou como elemento formador e fundacional da nossa nação.

A História da Colonização Portuguesa do Brasil, assim, em razão da importância que teve, acabou
por se tornar, ela própria, um documento importante para que possamos refletir sobre o primeiro
e o segundo centenários da Independência do Brasil.

Em 1922, o Brasil havia definitivamente se consolidado como um Estado-nação. Problemas


eram muitos, é verdade, mas havia um sentimento de que o futuro era auspicioso. Exemplo foi o
da própria Exposição Internacional, feita para celebrar o aniversário de 100 anos do país.

Havia, é verdade, uma ânsia profunda por autoconhecimento. A identidade nacional ou, me-
lhor dizendo, a busca dessa identidade se revelou uma verdadeira obsessão durante boa parte do
século XIX e do século XX.

No século XIX, a obra pioneira História Geral do Brasil, de Francisco Varnhagen, visconde de
Porto Seguro, publicada entre 1854 e 1857, constituiu-se como essa busca do sentido de nação.
Poderíamos, ainda, citar como outro exemplo daquele mesmo século O Abolicionismo, de Joaquim
Nabuco.

No século XX, essa busca se fez ainda mais presente. Foram os tempos das obras históricas e
sociológicas que buscavam realizar a grande síntese que explicasse o Brasil. Entre os muitos exem-
plos, vale a pena citar obras como Os Sertões, de Euclides da Cunha; Retrato do Brasil, de Paulo
Prado; Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda; Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freire;

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bem como a obra de Manuel Bonfim, Oliveira Viana e do próprio Oliveira Lima, que – como já ob-
servamos – colaborou na presente obra.

A História da Colonização Portuguesa do Brasil acabava por se inserir nessa investigação ao


abordar o papel de Portugal na criação do país chamado Brasil. Era, pois, a resposta que a comu-
nidade portuguesa nos ofereceu ao pôr em relevo a importância do elemento português para a
nossa própria existência.

É verdade que nem sempre as relações entre os dois países foram das mais tranquilas. Nunca
é demais afirmar que o processo de Independência foi menos pacífico do que se costuma lembrar.
Além disso, houve episódios lamentáveis de antilusitanismo em nosso país. O mais conhecido deles,
muito provavelmente, foi o da Noite das Garrafadas, que acabou por ser, em 1831, um dos estopins
da abdicação de D. Pedro I ao trono brasileiro. Lembremos, ainda, que houve momento em que
os dois países chegaram mesmo a romper relações diplomáticas. Isso se deu entre maio de 1894 e
março de 1895, em razão do abrigo dado pelos portugueses aos partidários da Revolta da Armada.

Hoje, afortunadamente, vivemos um excelente momento nas relações entre os dois países.
Somos duas nações democráticas, saídas ambas de longos períodos autoritários – lá mais longo do
que cá –, que traçam caminhos de influência mútua. A Constituição brasileira de 1988 foi buscar,
sem nenhum constrangimento, inspiração na Constituição portuguesa de 1976.

Comungamos, ainda, do mesmo idioma, mesmo que cada lado do Atlântico o tempere um
pouco ao seu modo. Essa mútua inteligibilidade faz o brasileiro respeitar, admirar e buscar inspi-
ração no que é feito do outro lado do oceano. Cada pedaço do Brasil tem um pouco de Portugal
dentro de si.

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Nota do Editor

A numeração de páginas utilizada no sumário da obra refere-se àquela inserida pelo editor,
mantendo-se ainda a numeração original das páginas, por se tratar de versão fac-similar. O sumário
original, o índice de ilustrações e o índice de erratas estão numerados conforme a versão original.

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