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Colégio Estadual Ignácio Azevedo do Amaral

Política Educacional e Organizacional do Sistema de Ensino


PEOSE
3º ANO - 2023
Professor: VITO RENATO RIZZO

NOME:___________________________________________________________ Turma:_______

1
1º BIMESTRE

 Sistema político brasileiro.


 A dimensão política e social da educação brasileira.
 Principais legislações da Educação brasileira.
 Constituição Federal – 1988;
 Estatuto da Criança e do Adolescente – 1990;
 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 1996.

2º BIMESTRE
 A estrutura, o funcionamento e a organização do sistema
educacional brasileiro.

3º BIMESTRE

 Políticas de formação e valorização do profissional docente.


 A formação docente e política de valorização

4º BIMESTRE

 Políticas neoliberais da educação brasileira.


 Norteadores da gestão escolar brasileira.

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1º BIMESTRE

Aula 1

Sistema Político Brasileiro

Como já sabemos, o Brasil é uma república federativa presidencialista. República, porque o Chefe
de Estado é eletivo e temporário; federativa, pois os Estados são dotados de autonomia política;
presidencialista, porque ambas as funções de Chefe de Governo e Chefe de Estado são exercidas pelo
presidente.

O Estado brasileiro está organizado em três Poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. O


Chefe do Poder Executivo (que acumula as funções de chefe de Estado e chefe de Governo) é o Presidente
da República.

Cada um dos poderes exerce uma função no governo brasileiro:

Poder Executivo (Conselho de Estado)

Tem como objetivo implementar, ou executar as leis e a agenda diária do governo ou do estado. O
poder executivo de uma nação é regularmente relacionado ao próprio governo. Ele é composto por um
presidente eleito por voto direto e seu gabinete de ministros e secretários, cumpre-se um mandato de 4
anos, com a possibilidade de uma reeleição em sequência. Seu gabinete e ministros é nomeado pelo
presidente.

Poder Legislativo Câmara de Deputados e Senado (Assembleia Geral)

Cada estado é representado por no mínimo três deputados, a divisão de cadeiras da câmara vai de
acordo com o número de população, e são eleitos por votação proporcional, que é um sistema eleitoral de
vencedor múltiplo no qual a proporção de cadeiras parlamentares ocupadas por cada partido é
diretamente determinada pela proporção de votos obtida por ele. O Poder Legislativo tem como objetivo
elaborar normas que são estabelecidas aos cidadãos ou as instituições públicas.

E é composto da seguinte maneira:

 Senado da República: com Presidente do Senado – Senadores;


 Câmara dos Deputados: com Presidente da Câmara – Deputados.

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Suas funções são:

 Fiscalizar o Poder Executivo


 Votar leis orçamentárias e;
 Em situações especificas julgar determinadas pessoas.

Poder Judiciário (Supremo Tribunal de Justiça)

Cabe a capacidade de julgar de acordo com as leis criadas pelo poder legislativo e de acordo com as regras
constitucionais em determinado país.

No Poder Judiciário existem quatro áreas jurisdicionais:

 Justiça comum – é aquela formada pela justiça federal e a estadual, pelos juízes e juizados federais.
A Justiça Estadual é composta por 27 Tribunais de Justiça dos estados, ou seja, cada unidade da
federação possui o seu.
 Justiça do trabalho – concilia e julga as ações judiciais entre trabalhadores e empregadores e outras
controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como as demandas que tenham origem no
cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive as coletivas.
 Justiça eleitoral – A Justiça Eleitoral é composta pelo TSE, pelos TREs, pelos juízes e pelas juntas
eleitorais. Ela é responsável por organizar todas as etapas do processo eleitoral brasileiro, desde o
alistamento dos eleitores até a diplomação dos candidatos eleitos.
 Justiça militar – Compete àquela processar e julgar os militares integrantes das forças armadas –
Exército, Marinha e Aeronáutica – e, de forma excepcional, civis, nos crimes militares definidos em
lei.

O Supremo Tribunal Federal que faz parte do poder, é constituído por 11 ministros apontados pelo
Presidente da República e aprovados pelo Senado. E é a instancia máxima do poder judiciário.

E por fim, o poder judiciário é composto por:

 Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), escolhido pelos ministros.


 Ministros do STF: Escolhidos pelo presidente da República e aprovado pelo Senado.
 Tribunal de Justiça dos Estados.

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Entenda que, embora a autoridade máxima de um país seja o poder executivo, mais bem dizendo o
Presidente da República, caso se torne necessário o Congresso Nacional da República (Senado Federal e
Câmara dos Deputados) tem total autonomia de intervenção e julgamento.

Fonte: https://www.plenusgestaopublica.com.br/blog/hierarquia-politica-do-brasil-entenda-como-
funciona-o-sistema-politico-brasileiro/

Observações:

Qual é a função de um parlamentar?


O parlamentar tem três funções básicas: legislar, fiscalizar e propor políticas públicas.
Um parlamentar legisla quando aprecia, analisa e vota Projetos de Lei criados por ele mesmo, pelo
Executivo (presidente, governador ou prefeito), por outros parlamentares ou pela população.

Texto
1

A ESTRUTURA DO SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO

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Segundo a revista britânica The Economist (2012) o desempenho do Brasil no que se refere à
participação política é extremamente baixo, equiparando-se a países como Etiópia, Gana e Jamaica, da
mesma forma no quesito de cultura política, equiparando-se a países como Cuba, Kuwait e Paquistão,
posição que se distancia da ideal ao pleno exercício da democracia.
O desinteresse da população muitas vezes pode ocorrer devido à desinformação a respeito do
tema, bem como ao falso conceito de política disseminado pela mídia, confundindo-se com politicagem. O
fato é que a informação deve ser transmitida ainda nas bases escolares a fim de que os jovens eleitores
saibam filtrar as ideias que lhes sejam repassadas, motivando-os a refletir e buscar a acreditar que a
verdadeira política pode sim ser boa e essencial à evolução social.
As instituições de ensino infelizmente não contribuem para desmistificar conceitos, de modo que
existe uma carência muito grande acerca do ensino político nas bases educacionais; a estrutura política do
Estado é discutida muito superficialmente, restrita a conceitos simplórios, do tipo: o legislativo cria as leis,
o executivo as executa e o judiciário fiscaliza. A estrutura política do Estado vai muito além de conceitos
decorados, que utilizados dessa forma não são atrativos e não passam de mera teoria sem aplicação
prática.
Não é necessário nenhum grande pensador para realizar tais constatações, qualquer pessoa que se
aprofunde um pouco mais no assunto é capaz de perceber a carência de uma preparação para a efetiva
vida política, que atualmente pode começar aos dezesseis anos no Brasil. O desinteresse da maioria dos
jovens na política é evidente, situação esta, que se busca modificar com a conclusão deste trabalho,
através do acesso à informação e de uma discussão crítica sobre o tema.
Merece atenção a seguinte consideração realizada por Montesquieu:
Normalmente, temos o poder de transmitir nossos conhecimentos a nossos filhos;
temos o poder ainda maior de transmitir-lhes nossas paixões (...). Não é a nova
geração que degenera; ela só se perde quando os adultos já estão corrompidos.
(MONTESQUIEU, 2007).
Pode-se dizer que a política surge da relação entre o homem, a sociedade e o Estado. Destaca-se que a
sociedade é um conjunto de pessoas que compartilham ideais, interesses, costumes advindos da interação entre
seus membros, tendo como viés a necessidade de cumprir suas finalidades sejam elas resultantes de graus
econômicos, sociais ou culturais. A associação de pessoas conforme afirma Aristóteles é a característica essencial do
ser humano, pois o homem é um “animal político”. Para o cumprimento destas finalidades a sociedade determina
uma autoridade para conduzi-la em razão de possíveis desvios que possa vir a sofrer, devido a um ou mais
indivíduos. (CICCO, 2008).

Na busca de suas finalidades cada sociedade pode enfrentar dificuldades, como um conjunto de pessoas que
pretende chegar a um determinado lugar, mas que durante o caminho encontra um penhasco que as impossibilita
de chegar ao destino; surge, portanto, o Estado, também chamado de sociedade política, que tem por escopo
fornecer todos os meios para que cada sociedade atinja a sua finalidade e, no caso supracitado, o Estado construiria
uma ponte para o deslocamento das pessoas. (CICCO, 2008).

Nesta senda surge a figura da política com o objetivo de atender os interesses coletivos, respeitando os
interesses individuais, atuando como meio para que as sociedades atinjam os fins a que se propõe. Diante das
diversas sociedades existentes surgem diversas estruturas políticas a fim de atender as diferentes necessidades.

 O PENSAMENTO MODERNO ACERCA DO ESTADO - A DIVISÃO DOS TRÊS PODERES.

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A divisão dos três poderes é um grande marco na história da política mundial que tem a sua origem nos ideais
iluministas do séc. XVIII. Para introduzir o assunto é necessário voltar ao período de 1749, no que se refere a teoria
política filosófica de Montesquieu.

O autor, influenciado pelas teorias filosóficas de Aristóteles, Locke e pelos ideais iluministas da França propõe
uma teoria política, que é conhecida pela divisão dos três poderes, encontrada na obra Espírito das Leis. Nesta obra
o autor disserta sobre a ampliação e divisão dos três poderes que fora elaborada anteriormente por Locke. O autor
nutre a crença de que, para haver rechaça aos estados absolutistas e o exercício da autonomia, é fundamental
estabelecer os ditames e limites de cada poder. Criou-se, assim, o sistema de freios e contrapesos. Este sistema
consiste na “contenção” do poder, isto é, casa poder é autônomo entre si, mas deverá exercer a fiscalização do
outro como podemos ver na relação entre os três poderes. Sendo assim, chegamos à conclusão de que os poderes
são independentes, porém harmônicos.

No Brasil, os três poderes são caracterizados pela Constituição Federal, conforme o art. 2º, como independentes
e harmônicos, isto é, há autonomia entre eles e não há qualquer hierarquia respeitando os princípios que cada um
exerce diante da população brasileira. A seguir veremos quais são as suas principais características e representantes
de cada poder.

A União está dívida em três poderes, sendo eles o Legislativo, que elabora leis; o Executivo, que atua na
execução de programas ou prestação de serviço público; e o Poder Judiciário, que soluciona conflitos entre cidadãos,
entidades e o Estado.

 Três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário

Os três poderes são caracterizados pela nossa Constituição Federal como independentes e harmônicos, isto é, há
autonomia entre eles sem hierarquia, respeitando os princípios que cada um exerce diante da população brasileira.
A seguir veremos quais são as suas principais características e representantes de cada poder.

Poder executivo: O poder executivo tem como objetivo auxiliar na resolução dos problemas do povo e do estado. No
Brasil o poder executivo distribui-se da seguinte maneira: na esfera federal quem o exerce é o presidente e o vice-
presidente da república, na esfera estadual quem o exerce é governador e o vice-governador do estado e a esfera
municipal quem o exerce é o prefeito e o vice prefeito. O presidente é eleito por voto popular direto para um
mandato de quatro anos. Os Ministros de Estado, que o chefe de Estado e de governo nomeia são seus auxiliares
durante este mandato a fim de contribuir nas atividades administrativas do Estado. O poder executivo estadual é
exercido pelo Governador do Estado, que também é eleito através do voto direto com mandato de duração de
quatro anos, o mesmo nomeia os secretários do estado. Estes secretários deverão auxiliá-lo nas tarefas
administrativas. O exercente do executivo municipal, enquanto comandante-em-chefe da então chamada Guarda
Municipal, é o Prefeito. Os colaboradores que auxiliam o Prefeito são os Secretários Municipais.

Poder legislativo: O poder legislativo tem como objetivo elaborar as leis que regulam o Estado. O poder legislativo,
na maioria das repúblicas e monarquias, é bicameral, isto é, o Parlamento (também nomeado Congresso, como no
Brasil) é formado por uma Câmara (ex: dos Deputados, dos Representantes, dos Comuns, etc.). Entre as funções
elementares do poder legislativo está a de fiscalizar o poder executivo, votar leis relativas aos orçamentos e, em
situações específicas, julgar determinadas pessoas, como o Presidente da República ou os próprios membros da
assembleia.

Poder judiciário: O poder Judiciário é composto por ministros, desembargadores e juízes, os quais têm a função de
julgar, de acordo com as leis criadas pelo Poder Legislativo e de acordo com as regras constitucionais do país. Cabe-
lhe a função de aplicar as Leis. Para solucionar conflitos resultantes das relações interpessoais da vida humana. O
Poder Judiciário utiliza mecanismos (como o processo judicial) para colocar frente a frente as leis que estão em
vigência com a finalidade de resolver determinadas situações. Levando em consideração os costumes vigentes na
sociedade e as decisões anteriores tomadas pelo próprio Poder Judiciário em situações iguais ou semelhantes à
situação em questão. Os órgãos que são responsáveis pela atuação do Poder Judiciário são: o Supremo Tribunal
Federal, o Superior Tribunal de Justiça, os Tribunais Regionais Federais. Com mais detalhes, são assim caracterizados:

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Superior Tribunal de Justiça: criado para ser um órgão de execução da justiça em todo o País, e é composto por pelo
menos 33 ministros. Funciona junto ao Conselho da Justiça Federal o qual é destinado a supervisionar a justiça
federal. Esse conselho é composto pelo Presidente do Superior Tribunal de Justiça, pelo vice-presidente e mais três
ministros, e pelos presidentes dos Tribunais Regionais Federais.

Tribunal Superior Eleitoral: tem a função de acompanhar a legislação eleitoral juntamente com os Tribunais
Regionais Eleitorais. Sua sede fica na capital federal e é encarregado de expedir instruções para a execução da lei
que rege o processo eleitoral.

Tribunal Superior do Trabalho: sua principal função é uniformizar as leis trabalhistas, mas também é da sua
responsabilidade resolver conflitos entre trabalhadores e empregadores, no plano individual ou coletivo, resultante
da relação de emprego. É composto por 27 ministros nomeados pelo Presidente da República.

Superior Tribunal Militar: A ele cabem funções judiciais e administrativas, mas é especializada em processar e julgar
crimes que envolvam militares da Marinha, Exército e Aeronáutica. É composto por 15 ministros vitalícios,
nomeados pelo Presidente da República com indicação aprovada pelo Senado Federal. Três ministros são da
Marinha, quatro do Exército e três da Aeronáutica, os outros cinco são civis.

Tribunais Regionais Federais: existem cinco Tribunais Regionais Federais, com sedes em Brasília, Rio de Janeiro, São
Paulo, Porto Alegre e Recife. Cada um é responsável por uma região político-administrativa do país. São responsáveis
por matérias de natureza previdenciária e tributária. São compostos por sete juízes preferencialmente pertencentes
à respectiva região, os quais são nomeados pelo presidente da república. É competência de estes tribunais
processarem e julgar os juízes federais da sua área e dos membros do Ministério Público da União.

 A ESTRUTURA POLÍTICA DO ESTADO BRASILEIRO

A Constituição Federal de 1988dispõe em seu texto a respeito da estrutura política adotada pelo Brasil. Essa
delimitação é importante, visto que todo o Estado precisa definir sua organização, a fim de que seus objetivos,
diretrizes e normas também sejam cumpridos. Então, a partir do preâmbulo e dos primeiros artigos da Constituição
Federal, é possível traçar um esboço da organização política brasileira e identificar as principais características do
nosso estado nacional, descrevendo as instituições que lhe dão esteio.

Duas dessas instituições têm implicação direta no funcionamento do Estado e no processo de formação das leis.
São elas a forma federativa de Estado e a repartição de poderes.

A divisão político-administrativa do Brasil pode ser encontrada no artigo 18 da CF/88, revelando que o país é
uma República Federativa Presidencialista, formada pela União, estados e municípios, em que o exercício do poder é
atribuído a órgãos distintos e independentes, submetidos a um sistema de controle para garantir o cumprimento das
leis e da Constituição. É chamada de República, porque o Chefe de Estado é eleito pelo povo, por período
determinado. É presidencialista, porque o presidente da República é Chefe de Estado e também Chefe de governo. É
República Federativa, porque os estados têm autonomia política.

O Brasil possui um sistema pluripartidário, ou seja, admite a formação legal de vários partidos. O partido político
é uma associação voluntária de pessoas que compartilham os mesmos ideais, interesses, objetivos e doutrinas
políticas, tendo como objetivo influenciar e fazer parte do poder político.

Quanto à divisão em três poderes, como já explicado anteriormente e, por essa razão, essa parte do estudo será
centrada nos primeiros pontos supracitados. Então, para que cada cidadão possa exercer corretamente seu direito
de votar em seus representantes, precisa, necessariamente, conhecer o sistema onde os eleitos irão atuar e como
esse sistema funciona.

Caso não houvesse a divisão interna do país em municípios e Distrito Federal, seria uma tarefa realmente difícil
administrar um país com as dimensões do Brasil. É possível perceber que, mesmo com essa divisão, a administração
encontra entraves, mas sem ela a situação seria mais complicada. Contudo, a divisão existe e com ela cada município
possui seu representante, subordinado ao Estado que, por sua vez, é subordinado ao país.

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Para cada âmbito dessa divisão existem normas específicas, sempre devendo ser ligadas e não contrárias umas
às outras, assim como existem atribuições e deveres diferentes para cada representante eleito. Quando um cidadão
entende o que cada cargo e o que cada órgão pode ou não fazer, começa a ter em suas mãos a possibilidade de
votar com inteligência e, depois, a ferramenta de cobrança de resultados adequada.

Importante ressaltar que a diferença entre senadores e deputados é mais formal do que prática. Na teoria, os
deputados representam a população, enquanto os senadores representam os Estados. Qualquer lei, para ser
aprovada, tem que ser aprovada tanto pelo Senado quanto pela Câmara dos Deputados.

Esse conhecimento é mais importante do que se imagina. Isto é, se os cidadãos começarem a perceber isso com
mais ênfase, podem votar melhor e obter melhores resultados para o seu país. O sentido disso se encontra na
percepção de que, tendo estas funções em mente, bem como as funções dos demais cargos, ao escolher o seu
candidato, é essencial avaliar qual será a sua representação no Congresso ou quantos partidos estão ao lado do
governador ou presidente, por exemplo.

Para que o país funcione e as políticas públicas sejam implementadas é necessário que o Executivo tenha apoio
do Legislativo, e que tenha maioria de votos para conseguir viabilizar os seus projetos.

Portanto, é possível perceber que a estrutura política é uma estratégia para melhor governar e aos indivíduos
cabe a escolha e participação consciente desta estratégia e não apenas “votar por votar”, mas observar as
considerações dessa realidade e as variantes presentes na estrutura política brasileira.

Fonte: http://sites.fadismaweb.com.br/entrementes/anais/wp-content/uploads/2015/08/a-estrutura-do-sistema-
politico-brasileiro.pdf

Aula 2
A dimensão política e social da educação brasileira.

Texto
2

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Educação e política em Demerval Saviani.
Educação e política em Demerval Saviani, “para muitos professores, é um pouco escandaloso falar em
política e em educação no mesmo texto”, A especificidade da Educação e da Política, Competência técnica e
Compromisso político na Educação.

Na obra Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações, Demerval Saviani explora novamente


a problemática, e a relação, por vezes sutil, entre educação e política ao discutir a competência política e o
compromisso técnico.
Sendo a prática educativa do professor uma atividade com “um sentido político em si” – observado e
desvelado na análise dessa prática “como um momento de uma totalidade concreta” (SAVIANI, 2003, p.
27), - o compromisso político assume vital importância, porque confere um rumo à competência técnica, a
qual corresponde à habilidade para realizar uma ação: “(...) a competência técnica significa o
conhecimento, o domínio das formas adequadas de agir: é, pois, o saber-fazer”. (Ibid., p. 36). Assim, a
competência técnica é uma das formas para se realizar o compromisso político. “A competência é
mediação, isto quer dizer que ela está entre, no meio, no interior do compromisso político. (...) ela é, pois,
instrumento, ou seja, ela não se justifica por si mesma, mas tem o seu sentido, a sua razão de ser no
compromisso político” (Ibid., p. 34-35).
Um exemplo de compromisso político que requer o contributo da prática educativa refere-se à
superação do quadro de desintegração cultural brasileira identificada por Saviani ao final da década de
1970, quando observou a existência de diferentes graus de participação dos grupos (sociais) no usufruto
dos bens culturais – o que era uma conquista de toda a sociedade vinha sendo acessada por apenas uma
pequena fração dela. Fato reconhecido até os dias de hoje, fazendo com que se defenda que “é preciso
reconhecer a importância de se lutar pela apropriação da cultura produzida historicamente, pois constitui
direito do trabalhador ao consumo de algo que é produzido sempre à custa de seus esforços, nesta e em
todas as gerações” (PARO, 2001, p. 133).
As frases acima sintetizam o compromisso político eminente, defendido por Demerval Saviani, de
garantir às populações, principalmente dos grandes centros, o acesso ao saber escolar. Isso em um tempo
marcado pelo altos índices de analfabetismo, semianalfabetíssimo e muitas dificuldades de acesso e
permanência na escola, num Brasil em processo de urbanização e crescimento industrial intensos no Eixo
Rio-São Paulo, com grande parcela da população necessitando organizar-se para exigir do poder público
direitos básicos como: educação, moradia, saneamento e segurança, dentre outros, incluindo a
participação política, ou seja, direitos políticos, enfim, a democratização da sociedade.
Fonte: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/imprimir/7546

Constituição Federal de 1988

Observações:

A Constituição de 1988, foi resultado do esforço político pela redemocratização e símbolo do fim do
autoritarismo dos militares. Foi escrita durante o processo de redemocratização do Brasil após o fim da
Ditadura Militar, sendo conhecida por isso como Constituição Cidadã.

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Fonte: https://www.gov.br/pt-br/constituicao-30-anos/textos/breve-historia-das-constituicoes-o-caminho-
percorrido-pelo-brasil-ate-1988

Artigos da Constituição Federal de 1988 que abordam a Educação:

CAPÍTULO III
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
SEÇÃO I
DA EDUCAÇÃO

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania
e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de ideais e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de


ensino;

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com
ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;

VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII - garantia de padrão de qualidade.

VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei
federal.

IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.

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Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação
básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e


patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

§ 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.

§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesquisa científica e tecnológica.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada
inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;

II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular
de ensino;

IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de
cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas
suplementares de material didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa
responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar,
junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.

Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:

I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;

II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação
básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.

§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas
públicas de ensino fundamental.

§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades


indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus
sistemas de ensino.

§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino
públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir
equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e
financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;

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§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil§ 3º Os Estados e o
Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio

§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


definirão formas de colaboração, de forma a assegurar a universalização, a qualidade e a equidade do ensino
obrigatório.

§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular.

§ 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão ação redistributiva em relação a suas
escolas.

§ 7º O padrão mínimo de qualidade de que trata o § 1º deste artigo considerará as condições adequadas de
oferta e terá como referência o Custo Aluno Qualidade (CAQ), pactuados em regime de colaboração na forma
disposta em lei complementar, conforme o parágrafo único do art. 23 desta Constituição

Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste
artigo, receita do governo que a transferir.

§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no "caput" deste artigo, serão considerados os sistemas de
ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213.

§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino
obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano
nacional de educação.

§ 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão
financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários.

§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-
educação, recolhida pelas empresas na forma da lei.

§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição social do salário-educação serão


distribuídas proporcionalmente ao número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas redes
públicas de ensino.

§ 7º É vedado o uso dos recursos referidos no caput e nos §§ 5º e 6º deste artigo para pagamento de
aposentadorias e de pensões.

§ 8º Na hipótese de extinção ou de substituição de impostos, serão redefinidos os percentuais referidos


no caput deste artigo e no inciso II do caput do art. 212-A, de modo que resultem recursos vinculados à manutenção
e ao desenvolvimento do ensino, bem como os recursos subvinculados aos fundos de que trata o art. 212-A desta
Constituição, em aplicações equivalentes às anteriormente praticadas.

§ 9º A lei disporá sobre normas de fiscalização, de avaliação e de controle das despesas com educação nas
esferas estadual, distrital e municipal.

Art. 212-A. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão parte dos recursos a que se refere
o caput do art. 212 desta Constituição à manutenção e ao desenvolvimento do ensino na educação básica e à
remuneração condigna de seus profissionais, respeitadas as seguintes disposições;

I - a distribuição dos recursos e de responsabilidades entre o Distrito Federal, os Estados e seus Municípios é
assegurada mediante a instituição, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de um Fundo de Manutenção e

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Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), de natureza
contábil;

II - os fundos referidos no inciso I do caput deste artigo serão constituídos por 20% (vinte por cento) dos
recursos a que se referem os incisos I, II e III do caput do art. 155, o inciso II do caput do art. 157, os incisos II, III e
IV do caput do art. 158 e as alíneas "a" e "b" do inciso I e o inciso II do caput do art. 159 desta Constituição;

III - os recursos referidos no inciso II do caput deste artigo serão distribuídos entre cada Estado e seus
Municípios, proporcionalmente ao número de alunos das diversas etapas e modalidades da educação básica
presencial matriculados nas respectivas redes, nos âmbitos de atuação prioritária, conforme estabelecido nos §§ 2º e
3º do art. 211 desta Constituição, observadas as ponderações referidas na alínea "a" do inciso X do caput e no § 2º
deste artigo;

IV - a União complementará os recursos dos fundos a que se refere o inciso II do caput deste artigo;

V - a complementação da União será equivalente a, no mínimo, 23% (vinte e três por cento) do total de
recursos a que se refere o inciso II do caput deste artigo, distribuída da seguinte forma:

a) 10 (dez) pontos percentuais no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, sempre que o valor anual por
aluno (VAAF), nos termos do inciso III do caput deste artigo, não alcançar o mínimo definido nacionalmente;

b) no mínimo, 10,5 (dez inteiros e cinco décimos) pontos percentuais em cada rede pública de ensino
municipal, estadual ou distrital, sempre que o valor anual total por aluno (VAAT), referido no inciso VI do caput deste
artigo, não alcançar o mínimo definido nacionalmente;

c) 2,5 (dois inteiros e cinco décimos) pontos percentuais nas redes públicas que, cumpridas condicionalidades
de melhoria de gestão previstas em lei, alcançarem evolução de indicadores a serem definidos, de atendimento e
melhoria da aprendizagem com redução das desigualdades, nos termos do sistema nacional de avaliação da
educação básica;

VI - o VAAT será calculado, na forma da lei de que trata o inciso X do caput deste artigo, com base nos
recursos a que se refere o inciso II do caput deste artigo, acrescidos de outras receitas e de transferências
vinculadas à educação, observado o disposto no § 1º e consideradas as matrículas nos termos do inciso III
do caput deste artigo;

VII - os recursos de que tratam os incisos II e IV do caput deste artigo serão aplicados pelos Estados e pelos
Municípios exclusivamente nos respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme estabelecido nos §§ 2º e 3º do
art. 211 desta Constituição;

VIII - a vinculação de recursos à manutenção e ao desenvolvimento do ensino estabelecida no art. 212 desta
Constituição suportará, no máximo, 30% (trinta por cento) da complementação da União, considerados para os fins
deste inciso os valores previstos no inciso V do caput deste artigo;

IX - o disposto no caput do art. 160 desta Constituição aplica-se aos recursos referidos nos incisos II e IV
do caput deste artigo, e seu descumprimento pela autoridade competente importará em crime de
responsabilidade;

X - a lei disporá, observadas as garantias estabelecidas nos incisos I, II, III e IV do caput e no § 1º do art. 208
e as metas pertinentes do plano nacional de educação, nos termos previstos no art. 214 desta Constituição,
sobre:

a) a organização dos fundos referidos no inciso I do caput deste artigo e a distribuição proporcional de seus
recursos, as diferenças e as ponderações quanto ao valor anual por aluno entre etapas, modalidades, duração da
jornada e tipos de estabelecimento de ensino, observados as respectivas especificidades e os insumos necessários
para a garantia de sua qualidade;

b) a forma de cálculo do VAAF decorrente do inciso III do caput deste artigo e do VAAT referido no inciso VI do
caput deste artigo;

c) a forma de cálculo para distribuição prevista na alínea "c" do inciso V do caput deste artigo
14
d) a transparência, o monitoramento, a fiscalização e o controle interno, externo e social dos fundos referidos
no inciso I do caput deste artigo, assegurada a criação, a autonomia, a manutenção e a consolidação de conselhos
de acompanhamento e controle social, admitida sua integração aos conselhos de educação;

e) o conteúdo e a periodicidade da avaliação, por parte do órgão responsável, dos efeitos redistributivos, da
melhoria dos indicadores educacionais e da ampliação do atendimento;

XI - proporção não inferior a 70% (setenta por cento) de cada fundo referido no inciso I do caput deste artigo,
excluídos os recursos de que trata a alínea "c" do inciso V do caput deste artigo, será destinada ao pagamento dos
profissionais da educação básica em efetivo exercício, observado, em relação aos recursos previstos na alínea "b" do
inciso V do caput deste artigo, o percentual mínimo de 15% (quinze por cento) para despesas de capital;

XII - lei específica disporá sobre o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério da
educação básica pública; XIII - a utilização dos recursos a que se refere o § 5º do art. 212 desta Constituição para
a complementação da União ao Fundeb, referida no inciso V do caput deste artigo, é vedada. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

§ 1º O cálculo do VAAT, referido no inciso VI do caput deste artigo, deverá considerar, além dos recursos
previstos no inciso II do caput deste artigo, pelo menos, as seguintes disponibilidades: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 108, de 2020)

I - receitas de Estados, do Distrito Federal e de Municípios vinculadas à manutenção e ao desenvolvimento do


ensino não integrantes dos fundos referidos no inciso I do caput deste artigo;

II - cotas estaduais e municipais da arrecadação do salário-educação de que trata o § 6º do art. 212 desta
Constituição;

III - complementação da União transferida a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios nos termos da alínea
"a" do inciso V do caput deste artigo.

§ 2º Além das ponderações previstas na alínea "a" do inciso X do caput deste artigo, a lei definirá outras
relativas ao nível socioeconômico dos educandos e aos indicadores de disponibilidade de recursos vinculados à
educação e de potencial de arrecadação tributária de cada ente federado, bem como seus prazos de
implementação.

§ 3º Será destinada à educação infantil a proporção de 50% (cinquenta por cento) dos recursos globais a que
se refere a alínea "b" do inciso V do caput deste artigo, nos termos da lei."

Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas
comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:

I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação;

II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao


Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades.

§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o ensino
fundamental e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de
vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da residência do educando, ficando o Poder Público obrigado
a investir prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.

§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por universidades


e/ou por instituições de educação profissional e tecnológica poderão receber apoio financeiro do Poder Público.

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o
sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de
implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e
modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam
a:

15
I - erradicação do analfabetismo;

II - universalização do atendimento escolar;

III - melhoria da qualidade do ensino;

IV - formação para o trabalho;

V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.

VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto


interno bruto.

Texto
3

O direito à educação no Estatuto da Criança e do Adolescente


(Ana Luiza Santos e Edgar Jacobs)

Antes de focarmos no direito à educação no ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente -


sugerimos aos nossos leitores uma visita ao site do Ministério Público do estado do Paraná para
visualizar a linha do tempo sobre os direitos de crianças e adolescentes no Brasil.

O material é interessante, começando na época em que havia no país as Rodas dos Rejeitados, nos idos
1726, e a atenção às crianças tinha caráter meramente religioso. A sequência dos acontecimentos nos mostra o
quão recentes são as medidas do Estado para controle da assistência dos menores em escala nacional.

Somente em 1941 foi instituído um Serviço de Assistência a Menores (SAM), que atendia aos
"menores abandonados" e "desvalidos", encaminhando-os às instituições oficiais existentes. Os
"menores delinquentes" eram internos em colônias correcionais e reformatórios.

Em 1979 tivemos um Código de Menores, que trazia um pouco da doutrina da proteção integral
presente na concepção futura do ECA, mas somente com a Constituição Federal de 1988 que se
estabeleceu como dever da família, da sociedade e do Estado “assegurar à criança, ao adolescente e ao
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão". Foi também aí que o direito à educação foi consagrado pela primeira
vez como um direito social.

A Constituição de 88 e seus novos ares permitiu a promulgação do Estatuto da Criança e do


Adolescente em 1990. Marco legal sobre o assunto no país, reuniu reivindicações de movimentos
sociais que trabalharam por décadas em defesa da ideia de que crianças e adolescentes também são
sujeitos de direitos e merecem acesso à cidadania e proteção.

16
Isso significa reconhecer que são pessoas em formação de sua personalidade, de sua
integridade física e moral e que estes aspectos são fundamentais para o seu desenvolvimento humano.
Uma verdadeira mudança de paradigma.
Aspectos gerais do ECA

Para facilitar, o ECA foi dividido em cinco direitos fundamentais:

I - Direito à Vida e à Saúde


II – Direito à Liberdade, Respeito e Dignidade
III – Direito à Convivência Familiar e Comunitária
IV – Direito à Educação, Cultura, Esporte e Lazer
V – Direito à Profissionalização e Proteção no Trabalho.

Os eixos centrais da lei são a sobrevivência, o desenvolvimento pessoal e social, e a integridade


física, moral, psicológica e social do menor.

As políticas prioritárias são a saúde, a educação e a proteção especial; e são direitos


fundamentais garantidos o direito à vida, à saúde e à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao
lazer e à profissionalização.

A convivência familiar e comunitária, a liberdade, a dignidade e o respeito também são direitos


garantidos pela lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.

 O direito à educação no ECA

A educação, portanto, é uma das políticas prioritárias da lei que, ao contrário dos dizeres
populares alardeados pela mídia, não ameaça a autoridade do sistema educacional nem os pais e/ou
responsáveis pelas crianças e adolescentes, sendo, na verdade, um contentor das negligências
promovidas contra elas e importante ferramenta de trabalho para os profissionais da educação em
suas ações pedagógicas. É também um instrumento que garante as políticas públicas necessárias à
infância e à juventude em situações de risco e vulnerabilidade social.
Segundo o ECA, “a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”.
A lei assegura:

 Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;


 Direito de ser respeitado por seus educadores;
 Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares
superiores;
 Direito de organização e participação em entidades estudantis, e
 Acesso a escola pública e gratuita próxima de sua residência.

O estatuto também estipula os deveres do Estado para que sejam assegurados os direitos
apontados, quais sejam:

 Garantir ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não
tiveram acesso na idade própria;
 Assegurar progressivamente a extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino
médio;
 Oferecer atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
17
 Oferecer atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;
 Garantir acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um;
 Ofertar ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;
 Promover atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de
material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
Vale lembrar que o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é um direito público subjetivo, o que
quer dizer que, caso o Poder Público não o garanta ou não o faça de maneira regular, o cidadão tem a
possibilidade de exigi-lo judicialmente.

Todos os poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - e níveis da federação - União, Estados e


Municípios - devem efetivar os direitos e garantias previstos, bem como fiscalizar seu cumprimento,
para o quê devem existir órgãos capacitados e competentes para tal.

Temos hoje, por exemplo, Coordenadorias de Educação (escolas municipais), Diretorias


Regionais de Ensino (escolas estaduais), Secretarias de Educação (estadual e municipal), Defensoria
Pública, Ministério Público, Poder Judiciário, Conselhos Tutelares, e Conselhos de Direitos da Criança e
do Adolescente.

Reforçando: prefeituras, governos estaduais e governo federal têm como uma de suas funções
principais promover a política social básica da Educação e são obrigados a oferecer e cuidar de uma
rede constante de ensino. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação chegou em 1996 para especificar
que à União cabe a função de estabelecer uma política nacional de educação, que aos Estados cabe
oferecer o ensino fundamental gratuito e priorizar o ensino médio e que aos municípios cabe prover o
ensino infantil (creche e pré-escola), priorizando o ensino fundamental.

 Medidas protetivas

18
O ECA determina a possibilidade de aplicação de medidas protetivas sempre que os direitos nele
previstos forem ameaçados ou violados. Isso vale tanto para as ameaças aos direitos pelo Estado, pela
sociedade ou pela própria família.

Nesse caso a atuação da Defensoria Pública ou do Ministério Público serão essenciais, sem falar
nos Conselhos Tutelares, órgãos permanentes e autônomos, não jurisdicionais, encarregados pela
sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos definidos no Estatuto.
Caso os pais, por exemplo, não encontrem vagas nas escolas para os filhos, o Conselho Tutelar
pode ser acionado, solicitando ao serviço público o atendimento da demanda. Da mesma maneira, o
Conselho pode exigir dos pais a matrícula e a frequência obrigatória em estabelecimento oficial de
ensino. Afinal, ainda não há lei que regulamente a educação domiciliar no Brasil, sendo obrigatório o
ensino em instituição adequada dos 4 a 17 anos de idade, compreendendo três etapas: a educação
infantil, o ensino fundamental e o ensino médio.

A propósito, o ECA também prevê medidas socioeducativas, direcionadas exclusivamente aos


adolescentes que tenham praticado atos infracionais e, ainda que o adolescente esteja cumprindo
sanção pela prática de algum ato, seu direito à educação em nada é afetado.

Por fim, vamos lembrar que uma das obrigações impostas aos gestores escolares é comunicar ao
Conselho Tutelar, sob pena de cometer infração administrativa, casos de maus-tratos envolvendo seus
alunos, reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar e elevados níveis de repetência, após
esgotados os recursos escolares de solução pedagógica dos casos específicos.

Essa é uma das grandes questões que envolvem o debate sobre o momento adequado do retorno
às aulas presenciais, inclusive, pois enquanto a criança e o adolescente estão dentro de sala de aula
encontram-se em apoio psicossocial. Sem escola muitas vezes não têm com quem ficar, se privam da
merenda escolar, sofrem mais violência doméstica e gravidez precoce.

Outro eixo de promoção do direito à Educação consolidado pelo ECA é a família, sendo os pais
e/ou responsáveis compelidos a matricular as crianças e adolescentes nas instituições de ensino e
garantir a permanência deles até o final do período compulsório. Alguns programas públicos de
distribuição de renda, inclusive, condicionam o benefício à frequência escolar.
O não cumprimento dessas obrigações também pode acarretar sanções de natureza civil e penal.
Na esfera cível, responsabilidade em razão do poder familiar e, na penal, sujeição à infração do art.
2464 do Código Penal, pelo crime de abandono intelectual.

 Os 30 anos do ECA e os tempos de pandemia

Trinta anos se passaram desde a promulgação do ECA e não se pode negar que houve enormes
avanços na proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes.

O ECA promoveu mudanças culturais, como a forma de ver o trabalho infantil. A partir do estatuto
não pôde mais haver trabalho até os 16 anos, salvo em condição de aprendizagem, a partir dos 14
anos. A violência física como instrumento mediador da educação familiar também passou a ser
repudiada, existindo, inclusive, outras leis a respeito do tema.

Entre outros avanços está o crescimento dos percentuais de crianças e adolescentes na escola. O
Relatório do 3º Ciclo de Monitoramento do Plano Nacional de Educação (PNE) 2020 demonstra que
98,1% da população de 6 a 14 anos frequenta ou já concluiu o ensino fundamental e 73,1% dos
adolescentes de 15 a 17 anos frequentam ou já concluíram o ensino médio.

19
Apesar de a educação brasileira ainda ter que superar o desafio da qualidade, os índices anteriores
ao ECA eram muito menores, sem contar a inexistência do Conselho Tutelar, que ampliou a rede de
proteção à infância. O antigo Código de Menores – de 1979 - identificava crianças e adolescentes como
indivíduos com menos direitos e apenas depois da vigência do Estatuto tivemos órgãos competentes
para lidar tanto na prevenção de violação de direitos quanto no enfrentamento dos inúmeros
problemas ainda existentes.

Com a pandemia, o ECA ganhou novos e inéditos desafios. Agora a preocupação é o não
agravamento da vulnerabilidade social das crianças e adolescentes fora das escolas há mais de 06
meses.
A crise não é de pouca monta: já se percebe queda nos indicadores de aprendizagem dos alunos
menos favorecidos e, num segundo momento, é previsto o aumento das desigualdades. Milhares de
estudantes não conseguiram continuar os estudos, seja pela escola não poder propiciar o ensino
remoto, seja pela inviabilidade de acessar o conteúdo ou pela necessidade de, em plena pandemia,
trabalhar para ajudar a família em desespero econômico. O aumento na evasão escolar também é
aguardado, já que houve quebra do vínculo aluno/escola.

Em recente relatório, a OCDE afirma que o Brasil, devido ao tratamento dado à pandemia, fez com
que os alunos ficassem mais tempo sem aulas presenciais se comparado a várias outras nações. Há a
crítica de que outros países, como Portugal, por exemplo, frearam a reabertura de outros serviços
para priorizar o retorno às escolas, enquanto nós fizemos o contrário.

Enfim, é importante lembrar que, após os 30 anos de existência, o ECA já foi alvo de mais de 20 leis
que modificaram sua redação original e ainda estão em análise na Câmara dos Deputados mais de 300
propostas que pretendem alterar o estatuto. Muitas mudanças vieram para modernizar a norma, mas,
em relação a novos projetos, pelo menos um quarto deles tem o interesse de endurecer a punição aos
adolescentes infratores.

Fato é que, apesar de uma constante desinformação dentro do próprio país sobre sua adequação e
eficiência, o Estatuto da Criança e do Adolescente é visto como referência mundial na defesa dos
direitos da infância e da adolescência. Lei que nasceu com essência democrática, levando em
consideração perspectivas de especialistas de diversas áreas; lei que protege a infância e a Educação e
que, por consequência, protege a sociedade inteira.

Fonte: https://www.jacobsconsultoria.com.br/post/o-direito-%C3%A0-educa%C3%A7%C3%A3o-
no-estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente

20
2º BIMESTRE
Aula 1
A estrutura, o funcionamento e a organização do sistema educacional
brasileiro.
Como são aplicadas as políticas educacionais no Brasil?

As políticas educacionais são todas as ações conduzidas pelo Estado destinadas a garantir os
direitos de educação para a sociedade. Elas estão ligadas às decisões que o poder público toma em relação
a programas, projetos, fundos, planos, exames, entre outros.
A atuação das políticas públicas da educação está relacionada com o desenvolvimento social. Assim,
são objetivos delas a erradicação do analfabetismo, a universalização do ensino, o acesso à tecnologia e à
profissionalização, entre outros.
Como todas as políticas públicas, as políticas educacionais devem ser construídas a partir de diálogo
com a sociedade civil, através de processos de escuta e de participação da comunidade escolar, além de
conselhos e de entidades do setor privado.
No Brasil, as políticas educacionais passaram por diversas reformulações ao longo dos anos.
Neste artigo, vamos entender o que são as políticas públicas da educação, como elas são implementadas e
quais as principais vigentes no Brasil.

 Oquesãopolíticaspúblicas?

As políticas públicas são um conjunto de decisões governamentais tomadas na forma de programas, de


planos, de ações ou de projetos, para garantir os direitos estabelecidos pela Constituição Federal – que em
seu artigo 6° coloca o direito à educação, por exemplo. Por isso, elas são destinadas a todos os cidadãos,
independente de raça, classe social ou gênero.
As políticas públicas fazem parte do projeto do governo e podem ou não ser colocadas em prática com
a alternância de poder. No entanto, vale diferenciar o que é uma política governamental de uma política
de Estado.
A política de Estado é independente da atual gestão do governo, ou seja, deve ser realizada por todo
governante eleito e é garantida pela Constituição. A política de governo é adotada pela gestão em vigor e
pode ser modificada com a alternância de poder.

 Qualé aimportânciadaspolíticaspúblicasnaeducação?

21
Em um país de dimensões continentais e um alto índice de desigualdade social como o Brasil, as
políticas públicas educacionais atuam para corrigir distorções sociais e garantir que mais pessoas tenham
acesso à educação.
O Brasil ocupa a 9ª posição no ranking de desigualdade no mundo, de acordo com o Banco Mundial.
Esse índice reflete também o acesso à moradia, ao lazer e à educação, logo, afeta o bem-estar social.
Em 2020, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, registrou que a taxa
de analfabetismo no Brasil é de 6,8%, o que equivale a aproximadamente 11 milhões de pessoas.
A mesma pesquisa mostra que 1 em cada 4 brasileiros não têm acesso à internet, o que representa
cerca de 46 milhões de pessoas. Dado que foi particularmente significativo para a implementação
do ensino híbrido ou à distância durante a transição emergencial da pandemia mundial.
Esses dados são alguns dos elementos utilizados pelo poder público para guiar as políticas educacionais
vigentes no país. Atualmente, os programas do Governo têm o objetivo de:
 Ampliar o acesso à escola;
 Garantir educação de qualidade;
 Permitir a alfabetização de crianças, jovens, adultos e idosos;
 Combater a evasão escolar;
 Reduzir a subnutrição e a miséria;
 Ampliar a digitalização do ensino;
 Repasse de recursos públicos para instituições de ensino.

 Como aspolíticaspúblicaseducacionaissãoimplementadas?

As políticas educacionais são adotadas a partir de leis federais, estaduais e municipais criadas pelo
Poder Legislativo e em propostas enviadas pelo Poder Executivo.
A criação das leis educacionais conta com o apoio de representantes da sociedade civil e de classes da
educação, através de conselhos e outras formas de organização.
Em um modelo garantido pela democracia participativa, a iniciativa popular contribui para que as
demandas de toda a população, ou parte dela, possam ser ouvidas e efetivadas.
Da mesma forma que contribui para a criação das leis, a força da sociedade civil pode atuar também
para impedir medidas autoritárias que atentem ao direito universal constitucional.
Com o apoio do Ministério Público, os cidadãos podem fiscalizar a gestão dos recursos e acompanhar a
execução das políticas educacionais, exercendo pressão sobre o governo.
Assim, para ter suas demandas atendidas, é fundamental que a população conheça as normas e
regimentos que fundamentam as políticas públicas de educação no país.

 Quaissão asbaseslegaisda educação brasileira?

O direito à educação e a obrigação do Estado em preservá-lo estão presentes no texto da Constituição


Federal de 1988.
No artigo 205, a constituição afirma que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
A responsabilidade na condução das políticas públicas de educação é do Ministério da Educação (MEC),
das secretarias estaduais e das municipais de educação. O principal instrumento garantidor da educação
no país é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), de 1996, responsável por todo o
sistema educacional no Brasil. A LDB abrange a educação no país como um todo, definindo como a União,
os Estados e os Municípios devem articular suas ações na formação do ensino público, de forma a reduzir
as desigualdades e garantir a qualidade dos sistemas educacionais.
Um dos principais pontos levantados pela LDB é a criação de uma base comum que deverá nortear a
elaboração dos currículos da educação básica: a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

22
A BNCC apresenta os conhecimentos que todo aluno da educação básica tem direito de aprender,
considerando um ensino através de competências e habilidades que o estudante deve desenvolver na
escola.
A LDB também estabelece a criação do Plano Nacional de Educação (PNE), com diretrizes e metas para
a política educacional em um período de 10 anos. Através de dados levantados em todo o país, o PNE
permite identificar as demandas mais urgentes e traçar planos de ação para garantir a qualidade no
aprendizado, tanto na educação infantil quanto no ensino superior.

 Quaissão aspolíticaseducacionaisbrasileiras?

Além da LDB e do PNE, existem diversas políticas educacionais em atuação no Brasil, em caráter
municipal, estadual ou federal. Selecionamos alguns dos principais projetos vigentes no país, confira:

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

Você sabia que até 1990 as crianças e adolescentes não eram vistas como sujeitos do ponto de vista
legal? Foi a partir da publicação do ECA que os direitos das crianças à saúde, ao lazer e à educação
passaram a ter peso de lei. O ECA estabelece quais os direitos e deveres de toda criança e adolescente,
sem distinção de raça, classe, sexo ou religião.
O documento também protege contra abusos – físicos, sexuais ou de negligência -, contra a
violência, contra o trabalho infantil, e dá ao Estado a tutela do menor caso a família não consiga garantir
seus direitos.

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)

O FNDE é uma autarquia federal responsável pela execução de políticas educacionais do Ministério
da Educação. Cabe a ele prestar assistência técnica e financeira aos estados e municípios, entre outras
atribuições, através de repasses de recursos federais.
Por isso, fazem parte da pasta do FNDE o Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE), Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), o Programa Nacional de Tecnologia Educacional
(ProInfo), o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), entre outros.

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da


Educação (Fundeb)

O Fundeb é uma das políticas públicas educacionais mais comentadas nos últimos anos, e não é para
menos. Ele reúne fundos de 26 estados e do Distrito Federal, e redistribui os recursos para atender a
educação básica em todo o país. Ele permite que estados e municípios aumentem a oferta de vagas na
educação básica, tanto de creches quanto de instituições de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Criado em 2007, o Fundeb estaria em vigor até o final de 2020. Após pressão de representantes da
sociedade civil, o fundo foi instituído como instrumento permanente de financiamento da educação
pública, por meio de Emenda Constitucional.

Programa Universidade para todos (Prouni)

É provável que você conheça alguém que entrou para o ensino superior através do Prouni. Isso
porque, desde 2004, o programa ajuda milhares de pessoas a ingressarem em uma universidade.
O Prouni é um programa do Ministério da Educação que oferece bolsas de estudo, integrais ou de 50%, em
cursos de graduação de instituições de ensino superior privadas de todo o Brasil.
23
Sistema de Cotas

As cotas são políticas afirmativas que têm o objetivo de reduzir as desigualdades socioeconômicas
enfrentadas pela população brasileira, com ênfase para a comunidade negra e indígena.
No Brasil, o sistema de cotas passou a ser implementado no começo dos anos 2000 e é utilizado
tanto para o ingresso em universidades, como para a destinação de um percentual de vagas para
candidatos autodeclarados negros, indígenas ou de baixa renda. Além disso, vale para os cargos em órgãos
públicos também.
Essas ações visam reparar as diferenças sociais deixadas pelo longo período de escravidão no Brasil,
que reservou a uma boa parcela da população as piores condições de ascensão social e de acesso a direitos
básicos.

Políticas Intersetoriais–o impacto integraldo BolsaFamília

A atuação de diferentes setores da política pública em torno de ações integradas com objetivos em
comum ganha o nome de intersetorialidade. No Brasil, uma das políticas intersetoriais mais importantes é
o Bolsa Família.
O programa de transferência de renda foi criado com o objetivo de reduzir a pobreza no país,
através de uma articulação que visava não só o impacto na economia e na segurança alimentar, como
também na educação e na saúde das crianças.
Para receber o benefício, as crianças da família precisam comprovar e manter a frequência na
escola e ter a carteira de vacinação em dia, o que estimula a permanência das crianças na educação,
evitando a evasão escolar.

Fonte: https://tutormundi.com/blog/politicas-educacionais-do-brasil/

Texto
1

O que é LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação)


A Lei de Diretrizes e Bases da Educação ou LDB é a legislação que define e regulamenta o
sistema educacional brasileiro, seja ele público ou privado.

Esta legislação foi criada com base nos princípios presentes na Constituição Federal, que
reafirma o direito à educação desde a educação básica até o ensino superior.

Ela foi citada a primeira vez na Constituição de 1934, porém só foi criada efetivamente em
1961, seguida de duas promulgações, uma em 1971 e a última em 1996, que vigora até os dias
atuais.

A LDB 9.394/96 estabelece os princípios da educação e os deveres do Estado enquanto


agente provedor da educação escolar pública, definindo suas responsabilidades em colaboração
com a União, o Distrito Federal e os municípios.

24
Ela também estabelece uma gestão democrática do ensino público e uma progressiva
autonomia pedagógica e administrativa da gestão financeira das unidades escolares, além de
prever a criação do Plano Nacional de Educação.

Divisão da educação brasileira de acordo com a LDB


A LDB também estabelece a divisão da educação brasileira em dois níveis: a educação
básica e o ensino superior.

A educação básica é composta pela educação infantil, o ensino fundamental e o ensino


médio. De responsabilidade dos municípios, a educação infantil pode ser gratuita, porém não é
obrigatória. Nela, o aluno pode frequentar as creches, no período de 0 a 3 anos e a pré-escola
dos 4 aos 5 anos.

Já o ensino fundamental é obrigatório, podendo ser gratuito ou não. Ele é composto pelos
anos iniciais, do 1º ao 5º ano e os anos finais, do 6º ao 9 ano. A LDB estabelece que os
municípios se responsabilizem gradativamente por todo o ensino fundamental, porém, na prática,
ele atende os anos iniciais e o Estado aos anos finais.

O ensino médio é de inteira responsabilidade do Estado. Ele corresponde ao antigo 2º


grau e antecede o ingresso ao ensino superior. Ele também pode ser técnico profissionalizante.

O ensino superior é de competência da União, podendo ser ofertado pelo Estado e pelo
município, desde que estes já tenham atendido os níveis pelos quais é responsável em sua
totalidade. Cabe também a União autorizar e fiscalizar as instituições privadas de ensino superior.

A educação brasileira também conta com modalidades específicas de educação, que


podem atender a todos os níveis da educação nacional, como a educação especial, o ensino à
distância, a educação de jovens e adultos e a educação indígena.

Além dessas determinações, a LDB 9394/96 aborda temas como os recursos financeiros e
a formação dos profissionais da educação.

Fonte: https://www.significados.com.br/lei-de-diretrizes-e-bases-da-educacao/

Aula 2

QUE É A BNCC?
25
A Base Nacional Comum Curricular é um documento normativo que define o conjunto de
aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da
Educação Básica.
Seu principal objetivo é ser a balizadora da qualidade da educação no País por meio do
estabelecimento de um patamar de aprendizagem e desenvolvimento a que todos os alunos têm direito!
A Base deverá nortear a formulação dos currículos dos sistemas e das redes escolares de
todo o Brasil, indicando as competências e habilidades que se espera que todos os estudantes
desenvolvam ao longo da escolaridade.

O documento está estruturado em:

 Textos introdutórios (geral, por etapa e por área);


 Competências gerais que os alunos devem desenvolver ao longo de todas as etapas da
Educação Básica;
 Competências específicas de cada área do conhecimento e dos componentes
curriculares;
 Direitos de Aprendizagem ou Habilidades relativas a diversos objetos de conhecimento
(conteúdos, conceitos e processos) que os alunos devem desenvolver em cada etapa da
Educação Básica — da Educação Infantil ao Ensino Médio.

26
27
Como foi o processo de discussão sobre a
elaboração da BNCC?
O Conselho Nacional de Educação (CNE) realizou audiências públicas, em 2017, para a
discussão sobre o documento para as etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental e,
em 2018, para a discussão sobre o documento para a etapa do Ensino Médio. Além disso, o
CNE coletou contribuições públicas enviadas por pessoas e instituições de todo o País, contendo
sugestões de aprimoramento do texto da Base. Todas as contribuições recebidas foram
analisadas e geraram alterações no documento!

A Etapa do Ensino Médio


Enquanto os documentos da BNCC referentes às etapas da Educação Infantil e do Ensino
Fundamental foram homologados em 2017, o documento da Etapa do Ensino Médio foi
reformulado ao longo do ano seguinte, recebeu mais de 44 mil contribuições e foi aprovado pelo
CNE em 4 de dezembro de 2018.

A Base foi elaborada em cumprimento às leis educacionais vigentes no País e contou com a
participação de variadas entidades, representativas dos diferentes segmentos envolvidos com a Educação
Básica nas esferas federal, estadual e municipal, das universidades, escolas, instituições do terceiro setor,
professores e especialistas em educação brasileiros e estrangeiros. Sua primeira versão, disponibilizada para
consulta pública entre os meses de outubro de 2015 e março de 2016, recebeu mais de 12 milhões de
contribuições dos diversos setores interessados. Em maio de 2016, uma segunda versão, incorporando o
debate anterior, foi publicada e novamente discutida com cerca de 9 mil professores em seminários
organizados por Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e Undime (União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação), em todas as unidades da federação, entre 23 de junho e 10 de agosto de
2016. Os resultados desses seminários foram sistematizados pela UnB (Universidade de Brasília) e
28
subsidiaram a produção de um relatório expressando o posicionamento conjunto de Consed e Undime. Esse
relatório foi a principal referência para a elaboração da versão final, que também foi revista por especialistas
e gestores do MEC com base nos diversos pareceres críticos recebidos e que foi colocada em consulta
pública, a partir da qual recebeu-se mais de 44 mil contribuições.

O MEC criou, para cada rede pública de ensino estadual em articulação com redes municipais, o
Programa “Pró-BNCC”, com equipes que apoiarão o processo de (re) elaboração dos currículos e de
implementação da BNCC.

A ausência de indicações claras do que todos os alunos devem aprender para enfrentar com êxito os
desafios do mundo contemporâneo tem impactos diretos sobre a qualidade da educação. Sem igualdade de
oportunidades para que todos possam ingressar, permanecer e aprender na escola, por meio do
estabelecimento de um patamar de aprendizagem e desenvolvimento a que todos têm direito, a busca pela
equidade, com acolhimento da diversidade que é inerente ao conjunto dos alunos, fica comprometida.

A adoção de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enfrenta diretamente esse problema. Ao
indicar com precisão quais são as competências que todos os alunos devem desenvolver e que habilidades
são essenciais para o seu desenvolvimento, as redes e os sistemas de ensino poderão adequar seus currículos
tomando a Base como referência e levando em conta as necessidades e as possibilidades dos seus estudantes,
assim como as suas identidades. Da mesma forma, escolas e professores passarão a ter clareza do que os
seus alunos devem aprender e o que devem ser capazes de fazer com esse aprendizado e, assim, poderão
planejar seu trabalho anual, sua rotina e os eventos do cotidiano escolar considerando as características
próprias do seu alunado. Assim, a superação da fragmentação das políticas educacionais, o fortalecimento
do regime de colaboração entre as três esferas de governo e o alinhamento dos currículos e das propostas
pedagógicas à BNCC deve ajudar a promover a qualidade da educação garantindo igualdade e equidade para
todos.

A Base não é a solução para tudo, mas a partir dela é possível identificar e colocar em prática diversas
soluções para uma melhoria sistêmica da Educação. Ao deixar claro o que cada aluno precisa aprender em
cada etapa da Educação Básica, ano a ano ou a cada bloco de anos, a Base Nacional Comum Curricular
estipula um patamar de qualidade na Educação. A partir daí, poderá haver um alinhamento de todo o sistema
educacional em torno dela. A formação e a capacitação dos professores, a troca de experiências bem
sucedidas entre docentes, escolas e redes, a produção de materiais didáticos, a elaboração de avaliações
padronizadas que medem os avanços educacionais (como a Prova Brasil), tudo isso passa a ser pensado,
planejado e praticado a partir desse conjunto de conhecimentos e habilidades essenciais.

O MEC tem o papel de coordenar a política nacional para a Educação Básica, na qual a BNCC
desempenhará papel estratégico. Nas três versões do documento, coube ao MEC indicar parte dos
especialistas responsáveis por redigi-lo. Ao Ministério da Educação caberá, ainda, oferecer assistência
técnica às Unidades da Federação e aos Municípios para a implementação da Base no país.

Como órgão de assessoramento do Ministro da Educação com atribuições normativas e a


responsabilidade de assegurar a participação da sociedade no aprimoramento da educação brasileira, cabe ao
CNE apreciar a BNCC e discuti-la com a sociedade, por meio de audiências públicas, para posterior
elaboração de parecer e resolução a serem submetidos à homologação do Ministro da Educação.

Fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base

29
3º BIMESTRE
Aula 1

30
Sobre o Fundeb
O que é?
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb) é um Fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um total de vinte e sete
Fundos), composto por recursos provenientes de impostos e das transferências dos Estados, Distrito Federal e
Municípios vinculados à educação, conforme disposto nos arts. 212 e 212-A da Constituição Federal.
O Fundeb foi instituído como instrumento permanente de financiamento da educação pública por meio da
Emenda Constitucional n° 108, de 27 de agosto de 2020, e encontra-se regulamentado pela Lei nº 14.113, de
25 de dezembro de 2020.
Independentemente da fonte de origem dos valores que compõem o Fundo, todo o recurso gerado é
redistribuído para aplicação exclusiva na manutenção e no desenvolvimento da educação básica pública, bem
como na valorização dos profissionais da educação, incluída sua condigna remuneração.
Além das fontes de receita de impostos e de transferências constitucionais dos Estados, Distrito Federal e
Municípios, integram a composição do Fundeb os recursos provenientes da União a título de complementação
aos entes federados que não atingiram o valor mínimo por aluno/ano definido nacionalmente ou que efetivaram
as condicionalidades de melhoria de gestão e alcançaram a evolução dos indicadores a serem definidos sobre
atendimento e melhoria de aprendizagem com a redução das desigualdades.
A contribuição da União neste novo Fundeb sofrerá um aumento gradativo, até atingir o percentual de 23%
(vinte e três por cento) dos recursos que formarão o Fundo em 2026. Passará de 10% (dez por cento), do
modelo do extinto Fundeb, cuja vigência se encerrou em 31 de dezembro de 2020, para 12% (doze por cento)
em 2021; em seguida, para 15% (quinze por cento) em 2022; 17% (dezessete por cento) em 2023; 19%
(dezenove por cento) em 2024; 21% (vinte e um por cento) em 2025; até alcançar 23% (vinte e três por cento)
em 2026.
Os investimentos realizados pelos governos dos Estados, Distrito Federal e Municípios e o cumprimento dos
limites legais da aplicação dos recursos do Fundeb são monitorados por meio das informações declaradas no
Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope), disponível no sítio do FNDE, no
endereço eletrônico: http://www.fnde.gov.br/fnde_sistemas/siope.

A quem se destina?
Os recursos oriundos do Fundeb são destinados/distribuídos aos Estados, Distrito Federal e Municípios, para o
financiamento de ações de manutenção e desenvolvimento da educação básica pública, levando-se em
consideração os respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme estabelecido no art. 211, §§2º e 3º da
Constituição Federal. Nesse sentido, os Municípios utilizarão os recursos provenientes do Fundeb na educação
infantil e no ensino fundamental e os Estados no ensino fundamental e médio.
Na distribuição desses recursos será observado o número de matrículas nas escolas públicas e conveniadas
apuradas no último Censo Escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(Inep/MEC).
Os alunos considerados, portanto, são aqueles atendidos:

 Nas etapas de educação infantil (creche e pré-escola), do ensino fundamental (de oito ou de nove anos)
e do ensino médio;
 Nas modalidades de ensino regular, educação especial, educação de jovens e adultos e ensino
profissional integrado;
 Nas escolas localizadas nas zonas urbana e rural; e
 Nos turnos com regime de atendimento em tempo integral ou parcial (matutino e vespertino ou noturno).

Como acessar?
Os recursos procedentes do Fundeb são distribuídos de forma automática (sem necessidade de autorização ou
convênios para esse fim) e periódica, mediante crédito na conta específica de cada governo estadual e

31
municipal. A distribuição é realizada com base no número de alunos da educação básica pública, de acordo
com dados do último Censo Escolar.

Órgãos Gestores / Áreas Gestoras


São instituições envolvidas na operacionalização do Fundeb, que desempenham as seguintes atribuições:

 INEP:

Realizar o Censo Escolar e disponibilizar dados.

 FNDE:

- Dar apoio técnico acerca do Fundo aos Estados, Distrito Federal, Municípios, conselhos e instâncias de
controle;
- Realizar capacitação dos membros dos conselhos;
- Divulgar orientações e dados;
- Realizar estudos técnicos com vistas ao valor referencial anual por aluno que assegure qualidade do ensino;
- Monitorar a aplicação de recursos.

 Ministério da Economia:

- Definir a estimativa de receita do Fundo;


- Definir e publicar os parâmetros operacionais do Fundeb, em conjunto com o Ministério da Educação;
- Disponibilizar os recursos arrecadados para distribuição por meio do Fundo;
- Realizar o fechamento de contas das receitas anuais do Fundo;
- Assegurar no orçamento recursos federais que compõem o Fundo;
- Participar do Conselho do Fundo, no âmbito da União;

 Banco do Brasil:

- Distribuir recursos e manter contas específicas do Fundo, de Estados e Municípios.

 Caixa Econômica Federal

- Manter contas específicas do Fundo, de Estados e Municípios.

Atuação
A atuação da Coordenação-Geral de Operacionalização do Fundeb e de Acompanhamento e Distribuição de
Arrecadação do Salário-Educação (CGFSE) relacionada ao Fundeb consiste em:
- Dar apoio técnico acerca do Fundo aos Estados, Distrito Federal, Municípios, conselhos e instâncias de
controle;
- Divulgar orientações e dados;
- Realizar estudos técnicos com vistas ao valor referencial anual por aluno que assegure qualidade do ensino;
- Monitorar a aplicação de recursos.

32
Legislação
O Fundeb atual e vigente foi instituído pela Emenda Constitucional n° 108, de 27 de agosto de 2020, e
regulamentado pela Lei nº 14.113, de 25 de dezembro de 2020.

Fonte: https://www.fnde.gov.br/financiamento/fundeb

Aula 2

Texto
1

O que muda com o novo Fundeb?


O Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação) é um fundo coletivo, composto pela contribuição dos 26 Estados e do
Distrito Federal, tem o objetivo de redistribuir os recursos de forma a diminuir as desigualdades
educacionais no país.

Como funciona o Fundeb?

Deste grande cofre, sai dinheiro para a manutenção de todas as etapas da educação básica, desde
creches, pré-escolas, educação infantil, ensino fundamental, ensino médio até a educação de jovens e
adultos (EJA). Segundo o Estudo Técnico 24/2017 feito pela Câmara dos Deputados, sem a política do
fundo, a desigualdade seria de 10.000% e com o modelo atual, a diferença é reduzida para 564%.

Os recursos são distribuídos com base num valor mínimo por aluno anual, definido pelo próprio
fundo, e funciona como uma complementação deste valor para escolas estaduais e municipais em
situação de vulnerabilidade que não alcancem este valor, cerca de 60% de todo o investimento em
educação feito no Brasil vem do Fundeb e é destinado em sua maioria para as regiões Norte e
Nordeste.

Leia também: Como é feita a distribuição dos recursos do Fundeb?

Histórico de fundos anteriores

O Fundeb substituiu o Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de


Valorização do Magistério) que esteve válido de 1998 até 2006, tinha a mesma metodologia, contudo,
ampliou seus recursos e renovou sua validade para 2020, até ser atualizado mais uma vez pelo Novo
Fundeb em Janeiro de 2021.

33
O que muda no Fundeb após 2021?

Após 2021, a obrigação financeira da União com o fundo de educação aumentará gradativamente.
Atualmente ela se encontra em 10%, passando para 12% ainda em 2021 e podendo chegar até 23%
em 2026. Vale ressaltar que a nova organização do fundo traz mudanças claras em relação a simetria
da quantidade de verba transferida e a qualidade da educação básica, em especial, o fundo da União,
que será dividido em 3 critérios:

 Critério 1 – 10% seguirá as regras atuais de distribuição, ou seja, irão para os Estados mais
pobres como complemento para aqueles que não atingirem o valor mínimo.
 Critério 2 – 10.5% para redes públicas de ensino municipais, estaduais e distritais que não
atingirem o valor anual TOTAL pro aluno.
 Critério 3 – 2.5% complementarão o valor anual por aluno que serão distribuídos com base na
evolução de indicadores e na melhoria do aprendizado, ou seja, quem apresentar evolução na
sua qualidade de ensino.

E quais são esses indicadores de melhoria?

1. Mérito e desempenho para o provimento de cargo de gestor escolar;


2. 80% de participação dos estudantes em avaliações da educação básica;
3. Redução de desigualdades socioeconômicas e raciais na educação;
4. Referências curriculares alinhados à Base Nacional Comum Curricular;
5. Repasse de 10% do ICMS que cabe a cada município com base em melhoria de resultados da
aprendizagem;

Com o atual modelo, fica evidente, portanto, que não basta apenas colocar mais dinheiro na educação
como vinhamos fazendo ano após ano, é preciso dar ênfase a qualidade da educação.

Fonte: https://www.clp.org.br/como-funciona-o-fundeb-e-o-que-muda-apos-2021/

Aula 3
Texto
2

34
Formação do docente: caminhos, perspectivas e a
necessidade de formaçãocontinuada

Isabela Priscila Araújo Rocha Guaiano


Graduanda em Letras (UFF), bolsista de Iniciação Científica (CNPq)

Flávia Monteiro de Barros Araújo


Doutora em Educação (UERJ)

Iniciar em qualquer profissão envolve expectativas e inseguranças, com o professor, não é


diferente. Sobre esse profissional, recai a responsabilidade de gerir diferentes situações em seu
primeiro contato com a turma, logo no começo de sua vida profissional. Essas situações não
permeiam somente o campo do conhecimento, mas das relações interpessoais, da vida em
sociedade. Entender quem é esse aluno, quais suas dificuldades e auxiliá-lo no processo de
aprendizagem e formar indivíduos para serem cidadãos críticos.

Esse professor tem ainda a função de estar sempre atualizado, na sua área de estudo e naquilo que
ocorre no mundo como um todo. Se formos considerar os processos de transformação pelos quais
o mundo tem passado, que tem feito com que o conhecimento se torne obsoleto rapidamente,
vale salientar a exigência de que o indivíduo reveja e reavalie seus saberes constantemente. O
desafio do professor não é pequeno nem é fácil; por isso, trataremos de sua formação e de métodos
relevantes que o auxiliem a estar sempre em constante aperfeiçoamento.

A formação de professores tem suscitado debates políticos e acadêmicos, porém ainda não se
obtiveram resultados conclusivos no que se refere ao processo de formação desse profissional. No
Brasil, a discussão atravessa fóruns de debate com um agravante maior: a realidade histórica da
educação. Quando é desenhada a formação profissional ao longo dos anos no país, podemos
observar que o fazer era prioridade em detrimento da capacitação; concluímos que esse ato era
marcado pela ação de educadores leigos. Os exercícios na perspectiva de transformar essa realidade
foram muito presentes nas últimas décadas e vêm se constituindo em ritmo crescente.

No histórico de políticas públicas de formação docente, a década de 1980 foi marcada por lutas dos
profissionais da educação. O objetivo deles era reformular os cursos de formação, que
reivindicavam o pensamento técnico exigido na década de 1960 e 1970. A formação docente nessa
época era centrada, durante os três primeiros anos, no conteúdo; no último ano, nas disciplinas
pedagógicas. Os profissionais da educação lutavam contra esse modelo, pois entendiam que era
necessária uma formação com caráter mais amplo e atual, desenvolvendo consciência capaz de
transformar as condições escolares, da educação e, por consequência, da sociedade como um

35
todo.

Esse modelo emergencial, fragmentado, era criticado por ser de caráter conservador, distante do
que a sociedade necessitava – e ainda necessita. Embora nos últimos anos essas discussões em
torno da defesa da capacitação tenham ganhado mais notoriedade, o caminho de evidenciar
políticas públicas de caráter incisivo no sentido de qualificar o docente ainda é raso. Ainda hoje, o
desequilíbrio de forças políticas prejudica as diretrizes que guiam a educação, uma vez que a
disputa de interesses em esferas estaduais, municipais e federais tira o foco do que deveria ser o
principal.

Recuperamos algumas das principais leis no que se refere à formação de professores no intuito de
compreender melhor o cenário atual. A Lei nº 4.024/61 organizava a formação em três dimensões: o
ensino normal (formação de professores para o primeiro nível), as faculdades de Filosofia, Ciências e
Letras (formação de professores para o Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e os institutos de
educação (formação de professores do Ensino Normal). Dez anos mais tarde, a Lei nº 5.692/71
trocou produtos da primeira LDB, dando maior ênfase na formação que buscava rápida
profissionalização dos trabalhadores; além disso, buscava privatizar o ensino.

A partir da Lei nº 7.044/82, os professores do Ensino Primário deveriam ter no mínimo Ensino
Médio completo, os professores do Ensino Fundamental deveriam cursar licenciatura de curta
duração e os professores do Ensino Médio deveriam ter licenciatura plena. Foi proposto em 1986
que se acabasse com as licenciaturas de curta duração; no entanto, pelo que mostra a história,
elas só tiveram fim após a Lei nº 9.394/96. Essa nova legislação educacional brasileira atendeu às
reivindicações dos professores e aos interesses do governo, que tinha como prioridade acatar as
propostas dos organismos multilaterais.
Sobre a formação dos professores, a LDB em meio a diversas afirmações presentes em seus artigos,
tinha o intuito de garantir que:

A formação dos profissionais da educação terá como fundamentos: a presença de sólida formação
básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de
trabalho; a associação entre teorias e práticas, mediante estágio supervisionado e capacitação em
serviço e o aproveitamento da formação experiências anteriores, em instituições de ensino e em
outras atividades.

O presente trabalho não tem intuito de questionar se tudo que foi proposto na lei vigorou de fato,
mas chamar a atenção para o fato de que as reformas educacionais do século XX provocaram
análises e estudos que buscaram elucidar e assimilar a dimensão das transformações na
educação até os dias de hoje.

Sabemos que o desafio de ensinar não é pequeno para o exercício do trabalho docente, se
levarmos em consideração o processo pelo qual passaram – e muitas vezes ainda passam – os
professores da Educação Básica e das Licenciaturas, provenientes de faculdades cuja formação
postulou uma visão fragmentada, emergencial do ‘método de ensinar’.

Muito possivelmente o trabalho desses professores refletirá a formação recebida por eles,
conflitando com o parecer pedagógico que conduzem os Parâmetros Curriculares Nacionais. É
necessário que a eficiência técnica e o fazer pedagógico sejam articulados, duas tarefas que são
intrínsecas à atividade docente.

36
A conjuntura atual da educação brasileira conduz para uma estruturação de currículo que faça
uma associação entre teoria e prática, com discernimentos que propiciem ao aluno ser agente do
mundo em que vive e que está sempre em constantes mudanças. Faz parte do ‘ser’ educador
estar atento a essas mudanças e se moldar ao perfil que é requisitado, dado que a história mostra
que a educação se molda, a todo tempo, para atender às novas determinações do mercado. Neste
momento se destaca a importância da formação continuada para que esse professor seja capaz
de compreender essas mudanças que têm ocorrido no mundo, ou seja, compreender as
informações que chegam até ele etransformá-las em conhecimento escolar.

Sabemos que esse modelo de ‘copiar e colar’, o modelo ‘reprodutivista’, já é obsoleto no atual
cenário escolar, uma vez que o aluno é bombardeado com informações em todos os lugares, a
todo tempo. É necessário e urgente que a escola rompa com alguns paradigmas e se enquadre na
atualidade. Sobre o professor recai sempre a maioria das exigências; no entanto, é importante frisar
que é necessário envolvimento de todo o corpo escolar. A escola é feita pela interação de alunos,
pais, professores, direção e mais. Todos precisam passar por uma reavaliação de seus conceitos para
que se renovem.

Em se tratando do professor, a formação continuada é um dos principais requisitos para essa


transformação. É através do estudo, do contato constante com o novo, com novas ideias e
perspectivas, que é possível mudar. A formação continuada deve ser um processo permanente de
aperfeiçoamento daquilo que foi passado na formação inicial. No entanto, além de bem informado
com o que ocorre no mundo, é imprescindível que educador esteja atento às novas tendências
educacionais, aos novos conhecimentos pedagógicos e curriculares; por exemplo, às reformas da
Base Nacional Curricular Comum.

O profissional precisa valorizar a investigação, a pesquisa como estratégia de ensino, desenvolvendo


seu pensamento crítico, sendo preocupadoem aprimorar sua formação. É interessante salientar que
essa formação deve ser interessante, significativa para o professor e que de fato contribua para o
desenvolvimento profissional; precisa refletir a realidade do professor em sala de aula, precisa ser
eficaz, partindo das necessidades reais do cotidiano, valorizando o saber que já o acompanha,
saber esse que não é só informativo, mas também de experiência.

Buscamos algumas ofertas de formação continuada oferecidas pela Secretaria de Estado de


Educação do Rio de Janeiro (Seeduc) em parceria com a Fundação Cecierj e pelo Ministério da
Educação (MEC).

No site do MEC, encontramos diversas oportunidades de formação continuada para o professor:


Formação no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – curso presencial de dois anos para
professores alfabetizadores; ProInfantil – curso em nível médio, a distância, na modalidade Normal;
Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – Parfor – curso que induz e
fomenta a oferta de educação superior, gratuita e de qualidade para professores em exercício na
rede pública de Educação Básica; Proinfo Integrado – um programa de formação voltado para o
uso didático-pedagógico das tecnologias da informação e comunicação no cotidiano escolar; o e-
Proinfo – ambiente virtual colaborativo de aprendizagem que permite a concepção, administração
e desenvolvimento de diversos tipos de ações; Pró-letramento – programa de formação
continuada de professores para a melhoria da qualidade de aprendizagem da leitura/escrita e
Matemática nos anos/séries iniciais do Ensino Fundamental; Gestar II (Programa Gestão da
37
Aprendizagem Escolar) – oferece formação continuada em Língua Portuguesa e Matemática aos
professores dos anos finais (do 6º ao 9º ano) do Ensino Fundamental em exercício nas escolas
públicas.

O Programa Rede Nacional de Formação Continuada de Professores foi criado com o objetivo de
contribuir para a melhoria da formação dos professores e alunos. O público-alvo prioritário da rede são
os professores de Educação Básica dos sistemas públicos de educação. Relacionado a esse programa
encontramos no site da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro um portal que direciona
ao Projeto Seeduc, que propõe metas para cada unidade escolar, seleção de gestores de educação e
elaboração de ações de capacitação permanente. Propõe que a formação continuada seja um curso de
aperfeiçoamento somado a uma especialização, preenchendo as eventuais lacunas do conhecimento e a
capacitação do professor, curso de 120 horas semipresencial.

No entanto, só está apto a fazer o curso de especialização, aquele que tiver concluído o curso de
formação continuada. Esses cursos de especialização são oferecidos em parceria com universidades
públicas participantes do Consórcio Cederj; elas são as responsáveis por elaborar todo o curso. Isso
inclui: definir ementa das disciplinas, escolher os docentes e tutores, determinar a carga horária,
fornecer infraestrutura física e informática. Esse curso deve durar cerca de 11 meses ou 200 horas-
aula.

Sabemos que cada escola possui sua história e filosofia, que o grupo de professores que compõe
cada uma dessas escolas é diverso; no entanto, acreditamos que a combinação de alguns fatores
pode levar a uma formação eficiente e significativa. A formação continuada deve investir em
aproximar a prática pedagógica e os pressupostos teóricos, sendo capaz de fazer com que esses
dois métodos não sejam excludentes, mas aliados. Esse tipo de exercício precisa ser divulgado,
compartilhado. Uma escola que investe no professor ganha como um todo. “Ninguém promove o
desenvolvimento daquilo que não teve oportunidade de construir em si mesmo. (...) Ou a autonomia
que não teve a oportunidade deconstruir”.

Referências
BRAGA, M. M. A licenciatura no Brasil: um breve histórico sobre o período 1973-1987. Ciência & Cultura,
São Paulo, v. 40, nº 2, p. 16-27, 1988.

GOMES, Catia Cristina; ROMANOWSKI, Joana Paulin. A formação continuada do professor do


Ensino Médio: a escola como espaço para odesenvolvimento profissional. Curitiba: PUC-PR, 2006.

MAZZEU, L. T. B. A política de formação docente no Brasil: fundamentos teóricos e


metodológicos. In: Reunião Anual da Anped, 32, 2009,Caxambu-MG. Anais... Caxambu,
2009.

PEREIRA, S. M. Formação de docentes para a Educação Básica no contexto das exigências do mundo do
trabalho: novas (ou velhas?) propostas?
Revista da Faeeba – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 17, nº 30, p. 105-116, jul./dez.2008.

PIMENTA, Selma Garrido. Professor reflexivo: construindo uma crítica. In: PIMENTA, Selma Garrido;

38
GHEDIN, Evandro (Orgs.). Professor reflexivo noBrasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo:
Cortez, 2002.

RICCI, C. S. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a formação de professores. In: SOUZA, J. V. A.
(Org.). Formação de professores paraa Educação Básica: dez anos da LDB. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
p. 159-174.

RIO DE JANEIRO. SEEDUC/RJ. Site da Secretaria de Educação. Disponível em: http://www.rj.gov.br/web/seeduc.

SOUZA, D. T. R. Formação continuada de professores e fracasso escolar: problematizando o


argumento da incompetência. Educ. Pesq., São Paulo,v. 32, nº 3, p. 477-492, dez. 2006.

Fonte: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/17/19/formao-do-docente-caminhos-
perspectivas-e-a-necessidade-de-formao-continuada

4º BIMESTRE
Aula 1
Texto
1

Neoliberalismo

Neoliberalismo é uma doutrina econômica e política que surgiu no século XX com base em
teorias formuladas por teóricos, como o economista ucraniano Ludwig von Mises e o
economista austríaco Friedrich Hayek. A teoria neoliberal surge para opor-se à teoria keynesiana de
bem-estar social e propõe uma nova leitura da parte econômica do liberalismo clássico, tendo
como base uma visão econômica conservadora que pretende diminuir ao máximo a
participação do Estado na economia.

Características do neoliberalismo

Em geral, podemos dizer que as características do neoliberalismo,

39
de acordo com as teorias dos estudiosos da Escola Austríaca, são o enfraquecimento do Estado e a
diminuição drástica da participação estatal na economia. Os teóricos neoliberais defendem a mínima
cobrança de impostos e a privatização dos serviços públicos.

A doutrina neoliberal prega a menor participação possível do Estado na economia, dando


preferência aos setores privados.

Um esboço do plano neoliberal deu-se com as 10 regras do Consenso de Washington, que


propôs uma cartilha básica que as economias neoliberais (em especial as economias em
desenvolvimento que quisessem aderir à ajuda oferecida pelo FMI e pelo Banco Mundial)
deveriam seguir. Veja a seguir as 10 regras do Consenso de Washington que delineiam as
características do neoliberalismo.

Disciplina fiscal: o estabelecimento de um teto de gastos públicos, o que, na prática, reduz ou


limita os gastos com serviços básicos.

Redução dos gastos públicos: deve contar com a disciplina fiscal e com outras medidas, como a
privatização dos serviçospúblicos.

Reforma tributária: reformular o modo de cobrar-se impostos. Em geral, o que o Consenso de


Washington defende é amenor taxação de impostos possível.

Juros de mercado: controlar os juros para que a inflação não cresça.

40
Câmbio de mercado: operar trocas de mercado no mundo realizando importações e
exportações de produto. Isso pode ser, em alguns casos, ruim para a economia local e para os
pequenos e médios empresários.

Abertura comercial: liberar o comércio com outros países não colocando entraves ideológicos ou
políticos que dificultem as relações comerciais exteriores.

Investimento estrangeiro direto: abrir filiais de empresas estrangeiras no país em desenvolvimento.

Privatização de empresas estatais: privatizar todos os serviços que forem possíveis de


privatização, ou seja, entregá-los à iniciativa privada. No Brasil, tivemos experiências de
privatização escandalosas no governo de Fernando Henrique Cardoso, porque nele as nossas
empresas estatais foram vendidas a preços muito baixos.

Desregulamentação (flexibilização de leis econômicas e trabalhistas): flexibilização das leis que


regulamentam a economia, o que significa diminuição da participação do Estado na economia, e das
leis trabalhistas, o que significa menos direitos para os trabalhadores.

Direito à propriedade intelectual: garantir aos autores de uma obra intelectual, científica, filosófica
ou artística o direito de receber pela reprodução daquela obra.

Contexto histórico

O liberalismo econômico (também chamado de liberalismo clássico) foi uma doutrina


econômica e política que surgiu no século XVIII e consolidou-se no século XIX como maneira de
atender aos anseios da burguesia de expandir a industrialização. Nesse momento, houve uma
defesa da não interferência do Estado na economia para que esta fosse regulada por si mesma e
pudesse crescer.

Na teoria, os liberais defendiam que o liberalismo era a única saída viável para beneficiar a todos
(mais ricos e mais pobres), pois essa doutrina permitiria o crescimento econômico e a expansão
industrial, fazendo gerar mais emprego e renda. Na prática, o abismo social existente entre a
burguesia e proletariado aumentou drasticamente e a qualidade de vida das camadas mais
pobres da população piorou.

No fim do século XIX, a situação da classe trabalhadora era extremamente precária. Sem limites de
jornadas de trabalho, sem previdência, sem férias remuneradas, sem descanso remunerado
semanal e sem qualquer direito (inclusive a um salário mínimo), a burguesia era quem decidia
as situações de contratação dos funcionários. No início do século XX, as organizações sindicais
41
começaram a multiplicar-se e lutar cada vez mais pela conquista de direitos.

O economista inglês John Maynard Keynes percebeu que o sistema liberal não permitia a grande
injeção de dinheiro na economia, pois a maioria da população não tinha dinheiro para consumir. Segundo
Keynes, era papel do Estado garantir um padrão mínimo de qualidade de vida para a população mais
pobre e criar leis que regulamentassem o trabalho, a fim de conceder direitos aos trabalhadores e melhorar
as suas condições, criando um Estado de bem-estar social.

Concedendo direitos e garantindo um padrão mínimo de qualidade de vida para todos, o Estado
estaria ajudando a economia, pois essa voltaria a girar com a injeção de dinheiro propiciada pela
maioria da população, que teria acesso à saúde, à educação e a outros serviços básicos, além de
mais dinheiro para consumir.

As medidas propostas por Keynes também garantiriam o pleno emprego, com o Estado atuando
para evitar que o desemprego crescesse substancialmente, e controlaria a inflação — termo
utilizado na economia para designar o aumento dos preços dos produtos, sendo que uma alta
inflação não permite o consumo e faz a moeda perder seu valor. As consequências de uma
inflação alta são o enfraquecimento do mercado com a diminuição das vendas e,
consequentemente, da produção, afetando o comércio e as indústrias.

Em 1929, a Bolsa de Valores de Nova Iorque quebrou, gerando uma grave crise financeira que m
e
assolou o mundo todo. Foi u período de caos econômico e instabilidade, sobretudo nos Estados
Unidos e na Europa. A partir desse momento, o president dos Estados Unidos Franklin Delano
Roosevelt propôs o New Deal (novo acordo), que implantava medidas keynesianas para cessar a
crise gerada pela crise de 1929.

Após a Segunda Guerra Mundial, algumas nações europeias também adotaram medidas
sustentadas por Keynes, a fim de reconstruir o cenário de devastação deixado pela guerra,
fazendo surgir a chamada social-democracia (governo democrático capitalista, porém com
políticas voltadas para o bem-estar social). Quem não ficou satisfeito com essa política foi o
setor industrial, sobretudo as indústrias de grande porte.

O Estado de bem-estar social significava, para a classe empresarial, mais impostos a serem pagos e
mais encargos trabalhistas (gastos com os direitos trabalhistas, como salário mínimo, jornada de
trabalho fixa e regulada, previdência etc.). O Estado de bem-estar social requer uma máquina
estatal forte e ampla, capaz de oferecer serviços básicos (saúde, alimentação, saneamento e
educação) a toda a população. Para essa máquina funcionar, é preciso aumentar a arrecadação de
impostos. O que os empresários não queriam fazer era pagar mais impostos.

Como proposta contrária ao modelo de Keynes, os teóricos da chamada Escola Austríaca de


Economia, os economistas conservadores Ludwig von Mises e Friedrich Hayek, criaram uma
nova teoria inspirada no liberalismo com propostas de redução do papel estatal, redução da

42
máquina estatal e aumento da participação da iniciativa privada na economia. Apesar de a teoria
econômica de Mises já propor o livre mercado e apontar o que chamou de problemas do
cálculo econômico marxista, ainda não podemos dizer que foram os austríacos os fundadores
do neoliberalismo.

O economista austríaco Ludwig von Mises é um dos primeiros teóricos do neoliberalismo

Mais tarde, a Escola de Chicago, uma instituição liberal de economia estadunidense,


também entrou na história do neoliberalismo com as teorias dos economistas Milton
Friedman e George Stigler. Essa instituição foi responsável pela assessoria à primeira
experiência prática do neoliberalismo que ocorreu no Chile, durante a ditadura militar
comandada por Augusto Pinochet na década de 1970. A ex-primeira-ministra britânica
Margareth Thatcher também implantou medidas neoliberais na Inglaterra nas décadas de
1970 e 1980.

A partir da primeira experiência, o neoliberalismo começa a crescer e a ganhar adeptos. Um


desses é o Fundo Monetário Internacional (FMI) — uma agência da ONU criada em 1944 e que
tem como objetivo observar, fiscalizar e atuar cooperativamente na economia global. O FMI
visa, ao menos na teoria, criar um ambiente de cooperativismo entre os países signatários,
facilitando o comércio global e oferecendo empréstimos para recuperar países em crise (em

43
geral, países em desenvolvimento).

Em 1989, foi ratificado o Consenso de Washington, que passou a ser o fio condutor das ações do FMI.
e
Tal consenso, estabelecido pelo economista neoliberal John Williamson, visava criar um conjunto de
regras de atuação do FMI baseado no neoliberalismo, seu alvo foram os países latinos em
desenvolvimento, entre eles o Brasil. Para que os países conseguissem a ajuda financeira do FMI,
eles deveriam aderir às regras do Consenso.

Na década de 1990, muitos economistas latino-americanos colocaram-se como céticos das regras
do Consenso. De fato, hoje percebemos que a economia da Argentina afundou no fim dos anos de
1990 e que a brasileira, apesar de ter sido fortalecida com o plano real, perdeu muito por seguir a
regra da privatização irrestrita, e o nosso Estado enfraqueceu-se ao deixar de investir no serviço
público. A adesão ao plano do FMI aqui no Brasil deu-se durante o governo do presidente
Fernando Henrique Cardoso.

Neoliberalismo e liberalismo

Milton Friedman, economista da Escola de Chicago.

A primeira e mais essencial comparação que podemos fazer entre o liberalismo e o neoliberalismo diz
respeito à redução da participação do Estado na economia. Enquanto um Estado liberal não intervém na
economia, um Estado neoliberal intervém muito pouco, tendo sua participação evocada apenas para a
promoção de flexibilizações legais.

No entanto, existem diferenças substanciais entre o liberalismo e o neoliberalismo, e essas


devem ser notadas. Para os neoliberais, os serviços básicos devem ser mantidos, mudando
apenas sua forma de gestão: desconcentrando-os das mãos do Estado e concentrando-os nas

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mãos da iniciativa privada.

Neoliberalismo e globalização

Denominamos globalização o fenômeno da integração financeira e cultural dos países por meio de
organismos internacionais. A globalização foi intensificada a partir do século XX por conta da difusão
massiva dos meios de comunicação.

O FMI, a ONU e o Banco Mundial são organismos internacionais que visam manter a política de
cooperação financeira global para que haja integração entre as nações. Um problema desse
fenômeno é a compressão da economia dos países em desenvolvimento pela economia dos
países desenvolvidos, pois percebemos uma relação desigual, em que um tem muito mais força que
o outro e, por isso, acaba garantindo seus benefícios em detrimento do mais fraco.

Outro ponto a considerar-se é a cultura nos países em desenvolvimento, que perde seu espaço
para a cultura hegemônica de países como os Estados Unidos, criando-se um ambiente favorável
à dominação ideológica dos países mais fracos pelos mais fortes.

Neoliberalismo na educação

Como há uma espécie de disseminação do neoliberalismo por meio do FMI e da globalização, os


sistemas educativos de países em desenvolvimento têm adotado, gradativamente, ações
neoliberais e seguido concepções teóricas de mesmo cunho para nortear os seus currículos.
Exemplo disso são as privatizações ou terceirizações de sistemas públicos de ensino e as parcerias
entre as iniciativas pública e privada para a gestão da educação.

Essas parcerias e privatizações evidenciam uma recusa dos governos a assumirem por
completo o compromisso com a educação pública e passam a ideia de que a educação deve ser
retirada das mãos do Estado para que ele tenha menos ônus. Nesse sentido, surgiram ONGs,
como o Instituto Millenium e a Fundação Leman, que atuam como parceiras da educação
oferecendo produtos e serviços para que essa possa ser alavancada.

As instituições escolares que adotam esses sistemas passam valores cultivados pela lógica
neoliberal, como a meritocracia
(crença de que o sucesso é resultado único e exclusivo do esforço pessoal) e a importância do
empreendedorismo para as crianças na escola.

Uma crítica que pode ser feita à entrada do neoliberalismo na educação diz respeito à formação:
uma educação neoliberal visa formar pessoas aptas a entrarem no competitivo mundo
capitalista, enquanto uma educação libertadora, voltada para a cidadania e para a
intelectualidade, necessita muito mais que ensinar estratégias, técnicas e valores neoliberais,

45
como a meritocracia.

Aliás, se pensarmos na realidade social de nosso país (que ainda é extremamente desigual), a
meritocracia sequer pode ser cogitada, pois a realidade social de um estudante de uma escola da
periferia, de família de baixa renda e que, na maioria das vezes, mora em uma zona de conflitos
gerados pela criminalidade, é muito mais difícil de ser vivida do que a realidade de um estudante
da classe média que possui boas condições de moradia e estuda em uma escola particular.

Além do que já foi mencionado, também se pode criticar a ideia de empreendedorismo na


educação quando esse é colocado como saída desejada para a solução de problemas que
deveriam ser resolvidos pelo Estado. Os neoliberais defendem a diminuição estatal e, por
isso, colocam no modelo de educação neoliberal a ideologia que afirma que a saída para os
problemas sociais está nos indivíduos, criando termos, como o empreendedorismo social e
cooperativismo, como forças capazes de suprir os déficits deixados pela falta de investimentos
estatais.

Neoliberalismo no Brasil

As medidas neoliberais começaram a ser implantadas no Brasil no governo de Fernando Henrique Cardoso,
ainda na década de 1990. O presidente FHC, como também é chamado, tirou o Brasil de uma crise econômica
que se estendia desde a década anterior, resultado da desastrosa política do milagre econômico,
originada na Ditadura Militar. O milagre econômico visava expandir a nossa economia por meio da
importação de produtos, como automóveis e eletrodomésticos. No entanto, essa política causou o
endividamento massivo da população.

Por outro lado, a economia desacelerou por conta da falta de emprego e das crises institucionais
geradas pelos enormes gastos do governo militar e pelos incontáveis desvios de verba e
corrupção encampados por esse governo. O resultado foi uma hiperinflação que fez a moeda
vigente, o cruzeiro, perder drasticamente o seu valor. Vários planos de estabilização da moeda
foram tentados para solucionar a crise econômica, como o Plano Cruzado e o Cruzeiro Novo
(novas moedas que passaram a circular, porém sem redução da inflação).

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Fernando Henrique Cardoso, presidente brasileiro que implantou as medidas neoliberais no Brasil.

O Plano Real, liderado pelo sociólogo e ex-professor de sociologia da USP Fernando


Henrique Cardoso, então ministro da fazenda do governo de Itamar Franco em 1993, iniciou um
processo de estabilização da economia por meio da criação da moeda Real e da tomada de
empréstimos do Banco Mundial e do FMI, para fazer mais dinheiro circular em nosso país. Como
contrapartida, o Brasil deveria adotar as medidas propostas no Consenso de Washington. Em
1994, FHC foi eleito presidente do Brasil e iniciou o cumprimento das medidas neoliberais a todo
vapor.

Os gastos estatais foram reduzidos, o Estado foi reduzido com a privatização a preço baixo de
várias empresas estatais, e foram dados incentivos para que empresas estrangeiras
estabelecessem novas filiais em nosso país. A economia estabilizou, porém a desigualdade social
ficou ainda mais evidente do que já era nos anos anteriores.

Os serviços públicos foram sucateados. Hospitais, escolas e universidades públicas deixaram de


receber verbas para insumos necessários. Professores, policiais, médicos e funcionários públicos
federais em geral tiveram salários atrasados e planos de progressão na carreira pública
achatados. O país foi tomado por várias greves de funcionários descontentes, enquanto a
população mais pobre passava fome, não tinha acesso à saúde de qualidade e não tinha o seu
direito à educação respeitado. Enquanto a economia restabelecia-se, as questões sociais foram
deixadas de lado.

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De 2016 para cá, o nosso país vive uma nova onda neoliberal. Com o governo Temer,
intensificaram-se discussões já propostas por parlamentares sobre uma reforma tributária, uma
reforma da previdência, privatizações de órgãos públicos e terceirização dos serviços. Além disso,
foi realizada uma reforma trabalhista que retirou alguns direitos dos trabalhadores conquistados
com anos de lutas sindicais, o que evidencia uma nova guinada do neoliberalismo no Brasil.

Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/neoliberalismo-1.htm

Aula 2

Texto
2

Como os 6 Pilares da Gestão Escolar ajudam


a atingir os propósitos da escola

A gestão escolar é um conceito que se difere da administração escolar. Isso porque enquanto
uma visão administrativa foca na organização e direcionamento de recursos, a gestão é resultado
de uma visão estratégica. Por sua vez, o que se sobressai é o significado dos recursos que
precisam ser atribuídos por pessoas e para pessoas.

De acordo com a especialista em educação Heloísa Lück:

“A gestão escolar aborda questões concretas da rotina educacional e busca garantir que as
instituições de ensino tenham as condições necessárias para cumprir seu papel principal: ensinar
com qualidade e formar cidadãos com as competências e habilidades indispensáveis para sua
vida pessoal e profissional.”

Para desempenhar tal função, existem 6 pilares da Gestão Escolar a serem considerados: Gestão
Pedagógica, Gestão Administrativa, Gestão Financeira, Gestão de Pessoas, Gestão de
Comunicação, Gestão de Tempo e Eficiência dos Processos.

Ter essa divisão em mente e dar a devida atenção a cada um dos pilares, ajuda os gestores a
terem visibilidade de seu trabalho e atuar com maior foco em cada necessidade de cada vez.

Saiba mais sobre os 6 Pilares da Gestão Escolar!

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1. Gestão Pedagógica
O planejamento dos propósitos, conteúdos e métodos relacionados diretamente à educação.

É por meio da gestão pedagógica que se define quais são os parâmetros de ensino-
aprendizagem que sua escola irá adotar. Para tanto, é preciso analisar também as etapas que se
precedem e sucedem o momento do aprendizado em si.

Enquanto os propósitos direcionam o norte da educação, as metodologias irão adentrar o campo


da viabilização, através de materiais e treinamento de professores que permitirão atingir esses
objetivos.

A absorção e o engajamento dos alunos durante a aula serão reflexos destas etapas anteriores,
mas deverão ser acompanhados de perto pelos professores que precisam estar bem alinhados e
motivados aos propósitos definidos.

Através de uma metodologia voltada à experiência, por exemplo, é possível medir resultados já
durante as aulas e não apenas esperar para avaliar o desempenho por meio de provas
posteriores.

2 . Gestão Administrativa
Estabelecer o cuidado e manutenção da estrutura da escola que garantam seu funcionamento.
O que inclui recursos físicos, materiais e financeiros.

Dentro deste processo se encontram desde o cuidado e a manutenção patrimonial até as rotinas
da secretaria. Basicamente, se trata de manter o ambiente organizado por meio de diretrizes
que não atrapalhem, mas muito pelo contrário, permitam a fluidez e otimização da Gestão
Pedagógica.

Por isso a importância de manter o ambiente limpo, todos os materiais disponíveis e até as
tecnologias da informação adequadas que permitam melhorar o trabalho de todos no dia a dia.

Para escolas conservadoras, a gestão administrativa é suficiente. Porém os recursos são


apenas o cenário. A gestão adequada insere os alunos no centro de interesse e usa dos
recursos para atender aos objetivos centrais da educação.

3. Gestão Financeira
Enquanto a gestão administrativa aponta para as necessidades estruturais da escola, a gestão
financeira viabiliza esses recursos através das finanças que precisam estar equilibradas e
saudáveis. Em resumo, elas precisam andar de mãos dadas.

Para isto, é preciso ter controle de contas a pagar e a receber, visualização clara de gastos fixos
e variáveis, medidas para problemas como o da inadimplência tanto quanto um trabalho voltado à
captação de novas matrículas.
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Além de visão, na prática também será preciso investir em softwares e ter profissionais aliados de
contabilidade e administração que permitam uma gestão segura dos recursos financeiros da
escola.

4. Gestão de Pessoas
Para que a escola funcione harmoniosamente diante de todos os pilares, como um orquestra em
sinfonia, é preciso considerar toda a comunidade escolar, ou seja, todas as pessoas direta ou
indiretamente envolvidas.

Portanto, a gestão de recursos humanos inclui especialmente alunos, professores,


coordenadores, funcionários, fornecedores e pais. Em geral, todos aqueles que podem afetar de
alguma forma os objetivos estabelecidos.

Um outro ponto é que, apesar de que os gestores precisam desenvolver a visão do processo
completo, será preciso dividir os papeis de atuação mais próximos de cada função, entre
gestores, coordenadores e professores.

Diante das pessoas, é preciso se lembrar do papel de liderança que engaja e estimula a todos
dentro dos mesmos ideais, mas estipulando os papeis e funções de cada um.

Os líderes são capazes de manter o respeito e o entrosamento que favorece o trabalho em


equipe, sempre incentivando e orientando para extrair o melhor das pessoas.

5. Gestão da Comunicação
A comunicação está ligada diretamente à gestão de recursos humanos. Afinal diz respeito à troca
entre transmissão e recepção da mensagem por pessoas.

Por mais intangível que pareça, é por meio de uma boa comunicação que muitos problemas são
evitados ou minimizados. Se achar melhor, pode organizá-la entre interna e externa.

Entre algumas métricas que garantem a qualidade dessa gestão no ambiente escolar estão:
garantir que professores estejam alinhados e engajados com as propostas da escola, assim como
os alunos focados no aprendizado e pais conscientes de sua importância nos estudos dos filhos.

Apesar dos vários meios, o mais importante é garantir que as informações foram recebidas e
compreendidas pela outra ponta. Da mesma forma, saber ouvir e considerar as opiniões e
possíveis respostas que surjam a partir daí.

Na prática, as escolas podem se comunicar com a comunidade escolar através de murais,


aplicativos, e-mails ou reuniões, por exemplo. Quanto mais objetiva e generalizada a
informação, maior é a chance de usar um método impessoal como um aplicativo.

Já um feedback comportamental sobre um aluno a seus pais ou mesmo ou uma orientação


voltada a um funcionário, devem ser feitas com maior cautela e de preferência pessoalmente.

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6. Gestão de Tempo e Eficiência dos
Processos
O tempo é um dos grandes recursos que precisam ser considerados para estabelecer
prioridades e garantir o foco no cumprimento de tarefas.

De acordo com pesquisas, os gestores escolares passam a maior parte de seu tempo imersos
em tarefas operacionais, enquanto “apagam incêndios” cotidianos. Já o planejamento a médio e
longo prazo acabam sendo deixados para segundo plano, mesmo sabendo que este deveria ser o
foco principal para os gestores.

Dessa forma, estabelecer listas de prioridades, funções bem delimitadas entre os colaboradores e
ainda desenhar processos assim como maneiras de automatizá-los no dia a dia, fazem parte de
uma gestão de tempo eficiente.

Será um exercício constante em favor do aumento da produtividade, garantindo assim maior


previsibilidade de desafios e potenciais.

Visão 360°
Todos os pilares têm igual importância e devem ser integrados à gestão geral da escola. Apesar
de alguns estarem mais relacionados entre si, como gestão administrativa e financeira ou então
gestão de recursos humanos e comunicação, todos eles se afetam entre si, podendo gerar
reações em cadeia tanto positivas quanto negativas dependendo do direcionamento de cada
trabalho.

Os bons gestores são aqueles capazes de desenvolver esta visão 360°, aprendendo a
desmembrar os pilares como um método para definir metas e medir resultados separadamente,
atuando em cada setor com mais clareza e objetividade.

Ainda assim, os nortes gerais devem estar presentes em todos eles. E para vocês, como anda a
gestão da sua escola em todos os pilares? Você acredita que algum deles não colabora para os
propósitos centrais de educação? Reveja e analise sempre!

Fonte:

https://educador360.com/gestao/gestao-escolar-pilares/

Aula 3

Texto
3
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Educação: contra a terra arrasada, voltar aos mestres
As ideias de Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Paulo Freire dão pistas para construir um novo
projeto de país, através de um ensino público crítico e conectado às novas tecnologias. O
primeiro passo: superar ideia neoliberal que o vê como “custoso”

OutrasPalavras:
Descolonizações
Por Paulo Cannabrava
Filho Publicado
11/01/2023 às 13:36
Atualizado 11/01/2023
às 13:38

Anísio Teixeira, considerado o criador da escola pública no Brasil

O baiano Anísio Teixeira (1900-1971) e o mineiro Darcy Ribeiro (1922-1997) se completavam.


Juntos traçaram os rumos para a educação no Brasil como projeto para o desenvolvimento. A eles
se junta o pernambucano Paulo Freire (1921-1997). Eles são referência mundial em educação.

Décadas de abandono da educação, mais os quatro anos de destruição do sistema, chegamos a


uma situação de caos. O que fazer?

Saídas para o caos em que foi mergulhada a educação há; está tudo nas obras desse trio de gênios.
Anísio e Darcy estavam juntos no Conselho Nacional de Educação quando inventaram a
Universidade Nacional de Brasília (UNB). O presidente João Marques Goulart (1919-1976), o
Jango, convocou Darcy
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Ribeiro para ser o chefe da Casa Civil da Presidência da República, sem chance de recusar, e Anísio
ficou de reitor na Universidade pensada para ser modelo para o ensino superior no país, para
pensar o país.
Paulo Reglus Neves Freire estava na Zona da Mata Pernambucana trabalhando no Movimento de
Educação de Base. O MEB, projeto de alfabetização de
adultos que empolgou setores da juventude: todo mundo queria ir alfabetizar. Os Centros
Populares de Cultura (CPC) da UNE foram criados com a intenção de fazer ação cultural junto
com os marginalizados.

Alfabetizando, Paulo Freire criou uma pedagogia: um método. No governo, Darcy transformou
o projeto de alfabetização e o método em política pública de Estado e colocou, claro, Paulo pra
dirigir. O golpe dos militares, de 1964, pôs tudo a perder e os três tiveram que partir para o
exílio.

Anísio Teixeira é uma figura singular, sua extensa obra teórico e prática requer muito espaço.
Para se ter uma ideia, eu digo com todas as letras, Anísio inventou a Escola Pública para o Brasil
e, não fosse Anísio, não teríamos nem Darcy nem Freire. Convivi com Freire e com Darcy que se
vivos fossem endossariam minha assertiva.
Na Republica Velha, a educação existia somente para os filhos dos oligarcas. Para o resto a má

escola para manter marginalidade e perpetuar a hegemonia. Nada havia além da má escola.

A Revolução de 1930 veio para mudar a ordem oligarca e dar voz às demais classes emergentes.
A Revolução veio com um projeto de criar condições para ingressar na era industrial e
tecnológica e o único caminho era a educação. Vargas semeou o país de escolas: escola normal
para formar professoras, escolas primárias e secundárias, escola técnicas para formar técnico
de nível médio, universidades federais em cada estado.

Anísio, em 1932, trabalhava na Secretaria de Educação do Distrito Federal no Rio, então


capital, quando criou a Universidade Federal do Rio de Janeiro e lançou o Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova. Nova era a palavra chave, que incitava a gerar a nova escola e o
novo homem para a sociedade industrial.
Os Pioneiros previam um sistema completo de educação para atender as necessidades dessa nova era que
se iniciava: a das grandes transformações. Propunham o ensino universal, obrigatório e gratuito até os 18
anos, financiado pelo Estado e por fundos gerados envolvendo sociedade civil. O manifesto está disponível
em PDF na web, vale a pena.

O conceito de escola nova não satisfazia. Anísio foi convidado para assumir a Secretaria da Educação na Bahia,
aceitou e foi desenvolver na prática o que entendia como conceito para educação integral, mais que integral,
progressiva. Em 1936, criou na Bahia o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, a primeira Escola Parque, a fonte
para o desenvolvimento de teorias associadas à prática. Tudo está documentado.

A escola pública, universal e laica, gratuita e pautada pela liberdade. No complexo educacional funcionavam
quatro escolas-classe de mil alunos cada, integradas à Escola Parque com capacidade para quatro mil
alunos. O conceito foi elogiado pela Unesco, que o recomenda para ser adotado como política pública por
países que pretendem se desenvolver.

Anos mais tarde inspirou o projeto adotado por Darcy Ribeiro e Leonel Brizola com a criação dos Cieps no
estado do Rio de Janeiro e, anos depois, por Marta Suplicy, com os CEUs no município de São Paulo.

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Mudam os conceitos didáticos e pedagógicos
Não se trata mais de aprender, memorizar, mas sim de

compreender e se expressar. Quantas formas de se

expressar existem?

Para isso a escola e os professores têm que oferecer os meios para que se expressem, seja através da
fotografia, da pintura ou da dança, da música ou das letras, ou através das novas tecnologias cibernéticas.

Educar não é ensinar matemática ou história, é desenvolver capacidades e o espírito crítico. Nas palavras de
Freire, desenvolver o olhar crítico e criativo da realidade. A escola com liberdade, de Anísio, tem que ser
também libertadora, como reza a Pedagogia do Oprimido. A criança e o adulto aprendem por
experiência trabalhando em seu universo próprio.

Na construção de Brasília, o arquiteto e o urbanista tiveram que refletir para fazer funcionar no concreto armado
os conceitos de Anísio. Assim, para cada superquadra foi arquitetada uma Escola Parque. Nela o aluno
permanece nove horas, com dois períodos de quatro horas.

A criança entra na escola, assiste aulas das disciplinas regulamentares, tem educação física, oferece arte,
oficinas culturais, assistência médica e dentária, café da manhã, almoço, lanche e janta, entrega a criança pra
mãe limpinho pra ser curtido e dormir.
Fernando Henrique Cardoso abominou o projeto argumentando ser caro de mais? Em debate público, Brizola
lhe contestou: “cara mesmo é a ignorância.
Olha o que custa para este país a ignorância não é brincadeira. A ignorância permeada nas elites tem levado o
país a essa situação”. Vale a pena ver, é curtinho trecho do debate eleitoral de 1989.

Então é isso. Por considerar cara a educação, os neoliberais deixaram de investir. O país, assim como a educação
e a saúde, está à deriva.

A ideia de remodelar o país pela educação está dada nos projetos e nas ideias de nossos
próceres, os três gênios da educação. Está dada também pelos técnicos e intelectuais formados
na escola desses próceres. Eu sou um deles. O jornalismo que faço é documental, educa e
instiga o espírito crítico

Em 1934, como diretor da Instrução Pública no Rio de Janeiro, então capital do país, Anísio publicou o
livro Educação progressiva: uma introdução à filosofia da educação em que, profeticamente, vaticinava:

“Vai, porém, muito adiantada a marcha da humanidade, nas suas adaptações e


readaptações sucessivas. […] As mudanças são tão aceleradas que, se a distância e a
diferença de ritmo entre a escola e a sociedade permanecessem as mesmas de
outros tempos, ao terminarmos a nossa educação escolar, seria necessário começá-
la de novo, tão longe, tão adiante já se acharia a vida”.

Tão longe e tão distante foi parar a escola e a vida por obra e graça de governos neoliberais que
desprezam a educação. Tão árduo e tão longo será o caminho para restabelecer a escola e, mais
que tudo, recuperar as pessoas; recuperar o atraso das pessoas.

A má escola gerou 70% da população analfabeta funcional. Essa é a realidade hoje a ser
superada. Elites incompetentes, como assinalou Leonel Brizola, levaram o país a essa situação.

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Situação de descalabro, com doutores e generais que nunca leram um livro. Meninos e
meninas com fome não conseguem estudar. O diagnostico está na mídia, está no relatório da
equipe de transição. Tentemos ser o mais propositivo.

Como reverter o país do descalabro, da ruína, para o progresso, para o desenvolvimento,


eis a questão crucial da atualidade e só há um caminho: o da educação.

Educação e cultura permeando tudo.

Superar o analfabetismo funcional, a ignorância, colocando todo mundo de novo na escola; na


boa escola. Não precisa ser a escola da esquina, mas a escola que funciona em todos os
lugares, em todas as horas, com todos empenhados em superar o atraso.

É fundamental recuperar os espaços de memória e criar novos, pois sem memória não há história
e povo sem história é povo sem futuro.

Assim como na década de 1930, é preciso envolver as mentes através da educação no


projeto de país. Educação voltada a repensar o país, a reconstruir o Estado nacional, pensar a
democracia necessária, reconquistar a soberania.

Naquele Brasil de Anísio, o mundo novo que se descortinava era o projeto de incluir o país na
modernidade através do desenvolvimento, tendo a indústria como locomotiva. Hoje a situação se
assemelha inclusive dada a necessidade de reindustrializar o país. O que difere, sem nos
separar, são as novas tecnologias, a necessidade de estar preparado para um mundo novo
fundado na cibernética, na inteligência artificial.

Fonte: https://outraspalavras.net/descolonizacoes/educacao-contra-a-terra-arrasada-voltar-aos-mestres/

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