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GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL

POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL


SECRETARIA GERAL
SEÇÃO DE ASSUNTOS INSTITUCIONAIS
ASSESSORIA PARLAMENTAR

II Curso de
Assessoria Parlamentar
Institucional

Disciplina:
Sistema Eleitoral e Político Brasileiro

Brasília – DF, 2012


Sistema Eleitoral e Político Brasileiro
Elaborado com base no material fornecido pelo Major José Martins (PMDF)

Objetivo Particular da Matéria

Transmitir conhecimentos sobre o Sistema Eleitoral e Político Brasileiro e sua evolução


após a vigência da Constituição Federal de 1988.

Objetivos Específicos da Matéria

1. Sistema Eleitoral Brasileiro


Transmitir conhecimentos sobre o Sistema Eleitoral Brasileiro, conceitos do Direito
Eleitoral e Legislação eleitoral específica.

2. Sistema Político Brasileiro


Fornecer conceitos de representação política e sua evolução, parlamento, instituições e
partidos políticos e Poderes da República.
________________________________________________________________________________________________

Sistema Político Brasileiro

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Introdução

A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados


e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem
como fundamentos a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores
sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. (Constituição Federal, art.
1º).

Com base nos pensamentos de Montesquieu, a União constitui-se por três


poderes, independentes e harmônicos entre si, quais sejam: Poder Executivo; Poder
Legislativo; e Poder Judiciário.

Poder Executivo

Na esfera federal, é exercido pelo Presidente da República, que governa


auxiliado pelos Ministros de Estado. A Constituição brasileira consagra a forma de governo
Presidencialista no âmbito Federal e tem como correspondente estadual os governadores
de Estado e do Distrito Federal, e, na esfera municipal, os prefeitos. Esses cargos
executivos, nos seus três níveis, devem ser exercidos por brasileiros eleitos que preencham
os requisitos estabelecidos no Código Eleitoral.

O modelo eleitoral brasileiro é, portanto, o de uma democracia representativa,


em que o Presidente, os Governadores, os Prefeitos, os Senadores, os Deputados Federais,
Estaduais e Distritais, e os Vereadores são eleitos pelo voto direto, secreto, universal e
periódico. Significa dizer que os dirigentes são os representantes da sociedade e, em nome
dela, exercem suas funções.

Há uma peculiaridade do Poder Executivo no Brasil: a sua capacidade


legiferante (poder de estabelecer, criar leis). Essa prerrogativa não é usual em outros
modelos presidencialistas, como o dos Estados Unidos, já que nesse país o orçamento –
budget - e o poder de veto são as únicas modalidades de intervenção do governo no
processo legislativo.

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O Poder Judiciário

Este é o poder que faz a aplicação das leis de um país e é responsável pela
justiça no território de cada nação. Constitui-se em um dos pilares do Estado Democrático
de Direito, e se os outros dois poderes (Executivo e Legislativo) devem ser independentes
e harmônicos, o Poder Judiciário, por razão de sua própria existência e sobrevivência, tem
por obrigação sê-lo.

Cabe ao Poder Judiciário a interpretação das leis, nos casos de dúvida, bem
como a declaração de inconstitucionalidade de uma norma legal, através do Supremo
Tribunal Federal.

Atualmente, como em todas as Constituições brasileiras, o Poder Judiciário é


composto dos seguintes órgãos: Supremo Tribunal Federal – STF; Superior Tribunal de
Justiça – STJ; Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; Tribunais e Juízes do
Trabalho; Tribunais e Juízes Eleitorais; Tribunais e Juízes Militares; e Tribunais e Juízes dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios.

Este conjunto de entidades que compõem o Poder Judiciário é regido por


normas próprias estabelecidas no Estatuto da Magistratura, segundo determina a
Constituição (CF, art. 93).

A Constituição estabelece critérios segundo os quais o cidadão pode se tornar


um ministro, tanto do STF, como dos demais Tribunais Superiores. Os ministros, para
todos os tribunais, serão de livre escolha do Presidente da República dentre os cidadãos
com mais de 35 anos e menos de 65 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada (CF,
arts. 101, 104, 107, 111 e 123). Uma vez escolhidos, os nomes indicados pelo Presidente da
República são submetidos ao Senado Federal, que, em votação secreta, pode aprovar ou
rejeitar as escolhas feitas.

Para o exercício essencial da justiça, no nosso arcabouço jurídico, o Ministério


Público (MP) é instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais
e individuais indisponíveis (CF, art. 127). Em resumo, compete ao MP a defesa dos
interesses da população contra os abusos cometidos com os recursos da União. Trata-se de
órgão que, segundo a Constituição (CF, § 2º do art. 127), e pela sua própria natureza,
possui autonomia funciona l e administrativa asseguradas.

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O Poder Legislativo

Para os estudiosos da Ciência Política, o Parlamento, que forma o Poder


Legislativo, é a caixa de ressonância da sociedade. É no Parlamento que os grandes temas
de um país são debatidos e são buscadas as soluções para harmonizar os diferentes
interesses sociais.

É composto de duas Câmaras: a Câmara dos Deputados, que representa o


povo, ou seja, representa as populações das unidades federadas e o Senado Federal, que
representa os Estados e o Distrito Federal.

Ambas formam o Congresso Nacional (ou Parlamento - termo comumente


usado para se referir à instituição legislativa). Qualquer que seja a denominação, o Poder
Legislativo é constituído por assembleias representativas eleitas pelo povo. Este princípio é
válido para todas as assembleias, seja na esfera federal (Câmara e Senado), na esfera
estadual (Assembleias Legislativas) na esfera municipal (Câmara de Vereadores) e no caso
do Distrito Federal, na Câmara Legislativa do DF.

O Poder Legislativo tem a função de representar o povo brasileiro, legislar


sobre assuntos de interesse nacional e fiscalizar a aplicação de recursos públicos.

A característica essencial do Parlamento é a discussão, o debate, as


negociações, o que demanda um certo período de tempo para que o consenso seja
alcançado. Certo é que as deliberações do Poder Legislativo são baseadas e alcançadas pelo
consenso, fato que torna essa instituição mais afinada com as normas e regras
democráticas.

Dentre as várias funções do Poder Legislativo que podem ser listadas,


destacam três: função legiferante; função educativa; função fiscalizadora.

 Função legiferante

É a função de elaborar leis. Modernamente, os parlamentos ampliaram suas


atribuições e além de manterem a capacidade legiferante, atuam como meio de
comunicação entre o povo e o governo e forçam este a responder às aspirações populares.

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O Congresso é a caixa de ressonância da sociedade. Isso significa que todo e
qualquer assunto ou situação que de alguma forma afeta os cidadãos encontra eco dentro
das Casas Legislativas. As questões que afetam os cidadãos ou os interesses da economia,
emprego, saúde, entre outros, merecem a atenção dos parlamentares na busca de solução
para as partes envolvidas.

 Função educativa

O Parlamento exerce, hoje, um papel de educador, na medida em que nele são


discutidas, debatidas e buscadas soluções e alternativas para os problemas nacionais. A
prática cada vez mais frequente de ouvir segmentos da sociedade organizada nas audiências
públicas permite uma integração maior do Parlamento com o povo, consolidando o
processo de construção da cidadania.

 Função fiscalizadora

A fiscalização dos atos do Poder Executivo é outra importante atividade do


Parlamento Nacional. A função fiscalizadora está amparada por dispositivos constitucionais
que asseguram aos deputados, senadores e comissões das duas Casas do Congresso a
competente prerrogativa para exercê-la de forma independente. Além disso, constitui uma
maneira importante de o Parlamento ser coadjuvante da administração, pois ele acompanha
as ações do Governo, conforme as decisões tomadas em seus plenários.

Vários são os instrumentos que permitem à Câmara dos Deputados e ao


Senado Federal, por meio de seus parlamentares, individualmente, ou de suas comissões,
conduzir com eficácia essa função.

Organizações do Poder Legislativo

Os Partidos Políticos

No Brasil os partidos tiveram sua criação com a vinda da Família Real


Portuguesa.

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Podem ser destacadas três funções essenciais dos partidos políticos:

a) Formação da opinião pública – evidencia que os partidos exercem um papel


visivelmente ideológico;
b) Seleção dos candidatos – através desta função, os partidos procuram recrutar
pessoas com influências e que fazem parte das elites para os cargos políticos;
c) Enquadramento dos eleitos – os eleitos devem manter-se fiéis à plataforma que
os elegeu ou respeitar as promessas da campanha eleitoral.

O Brasil possui vinte e seis estados e o Distrito Federal, cada um com seus
representantes eleitos pelo voto direto.

O Parlamento

O parlamento federal brasileiro está sediado em Brasília e o Congresso


Nacional é a instituição política onde o Poder Legislativo é exercido.

O Congresso Nacional é composto pela Câmara dos Deputados, formada


pelos 513 deputados federais e pelos 81 senadores.

Os deputados federais são eleitos pelo sistema proporcional, sendo que em


cada Estado e o Distrito Federal isso acontece de acordo com o tamanho da população, no
mínimo oito e no máximo 70 deputados para cada Legislatura de quatro anos. Já os
senadores cumprem um mandato de oito anos e cada uma das 27 unidades da federação
possui três representantes.

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Sistema Eleitoral Brasileiro

Introdução

Sob a vigência das Ordenações do Reino, um embrião de código eleitoral, D.


João VI, mediante decreto de 7 de março de 1821, convocou as primeiras eleições gerais no
Brasil, para a escolha de seus representantes junto às cortes de Lisboa.

Em 19 de junho de 1822, foi publicada a primeira lei eleitoral elaborada no


Brasil, por determinação de D. Pedro I. Essa lei regulamentou a eleição de uma Assembleia
Geral Constituinte e Legislativa, a ser composta de deputados das províncias do Brasil.

As eleições para a Assembleia Constituinte foram realizadas após a


Proclamação da Independência. A primeira Constituição política do país foi outorgada em
25 de março de 1824. Em 4 de maio de 1842, nova lei estabeleceu procedimentos para as
eleições gerais e provinciais e instituiu o alistamento prévio e a eleição das mesas, proibindo
o voto por procuração.

Lei eleitoral

A primeira lei eleitoral elaborada pelo Poder Legislativo foi assinada pelo
imperador em 19 de agosto de 1846. Revogando todas as anteriores, ela condensou as
instruções para eleições provinciais e municipais e estabeleceu, pela primeira vez, uma data
para eleições simultâneas em todo o Império.

Lei dos Círculos

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O decreto elaborado pela Assembleia Geral Legislativa e assinado pelo
Imperador D. Pedro II, em 19 de setembro de 1855, ficou conhecido como Lei dos
Círculos, porque estabelecia o voto por distritos ou círculos eleitorais. Realizadas as
eleições, essa lei sofreu severas críticas, entre elas a de ter contribuído para o
enfraquecimento dos partidos políticos. Por isso, antes de novo pleito, foi revogada.

Segunda Lei dos Círculos e Lei do Terço

A Segunda Lei dos Círculos estabeleceu a eleição de três deputados por distrito
eleitoral e exigiu que as autoridades se desincompatibilizassem de seus cargos seis meses
antes dos pleitos. Quinze anos depois, ela foi substituída pela Lei do Terço, que
determinou que as eleições para deputados à Assembleia Geral e para membros das
assembleias legislativas fossem realizadas por províncias.

A Lei do Terço determinava, ainda, que os partidos ou coligações vitoriosos


preenchessem dois terços dos cargos, e o restante fosse ocupado por partidos minoritários,
além de instituir o título.

Lei Saraiva

Em janeiro de 1881, a Lei Saraiva estabeleceu as eleições diretas, o voto


secreto, o alistamento preparado pela Justiça e o retorno às eleições distritais.

Proclamação da República

Em junho de 1890, foi publicada a lei que regulamentou o pleito eleitoral,


convocado pelo governo provisório para a eleição da Assembleia Constituinte, que elegeu o
primeiro presidente e o primeiro vice-presidente da República.O Congresso, então eleito,
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promulgou, em 24 de fevereiro de 1891, a primeira Constituição da República dos Estados
Unidos do Brasil.

República Velha

O processo para as eleições federais foi estabelecido pela Lei nº 35, de 26 de


janeiro de 1892.Durante a República Velha, várias leis versando sobre matéria eleitoral
foram editadas, sem que houvesse aperfeiçoamento que evitasse a fraude e a manipulação
do voto.

República Velha

Os principais movimentos reivindicatórios sobre a matéria eleitoral, naquela


época, foram a luta pelo voto secreto e pelo voto feminino, que só vieram a ser adotados
após a Revolução de 30. A junta militar que assumiu o poder estabeleceu uma comissão
para reformar a legislação eleitoral, cujo trabalho resultou no Código Eleitoral, constituído
pelo Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932.

Esse Decreto criou a Justiça Eleitoral, que passou a ser responsável por todos
os trabalhos eleitorais: alistamento, organização das mesas, apuração dos votos,
reconhecimento e proclamação dos eleitos, regulando as eleições federais, estaduais e
municipais. Instituiu também a representação proporcional.

Sob a égide desse código foi eleita a primeira parlamentar brasileira, a deputada
constituinte Carlota Pereira Queiroz (SP, 1933).

Revolução de 1930

A legislação eleitoral após a Revolução de 1930 incorporou avanços:

a) A instituição de uma Justiça Eleitoral independente de injunções políticas;


b) A adoção da representação proporcional e da cédula oficial e única nas eleições
majoritárias;

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c) O registro dos partidos políticos e a volta à unidade nacional em matéria
eleitoral.
d) Estado Novo.

A Constituição de 1937, outorgada por Getúlio Vargas, regrediu, pois excluiu a


Justiça Eleitoral dentre os órgãos do Poder Judiciário.De 1937 a 1945 não houve eleições
no Brasil, as Casas Legislativas foram dissolvidas e a ditadura governou com interventores
nos estados.

Estado Novo

A insatisfação contra o regime de Vargas estendia-se por todo o país, e a


pressão popular fez com que o governo finalmente convocasse eleições, por meio da Lei
Constitucional nº 9, de 1945. Noventa dias depois, o Presidente da República baixou o
Decreto-Lei nº 7.586, regulando as eleições em todo o território nacional e restabelecendo
a Justiça Eleitoral (Lei Agamenon, em homenagem ao Ministro da Justiça Agamenon
Magalhães, responsável por sua elaboração).

Constituição de 1946

Após a queda do Estado Novo, o parlamento, eleito em 2 de dezembro de


1945, usando dos poderes ilimitados a ele conferidos pela Lei Constitucional nº 13, do
mesmo ano, reuniu-se em Assembleia Constituinte e votou a Constituição dos Estados
Unidos do Brasil.

A Lei nº 1.164, de 24 de julho de 1950, instituiu o código que regulou a Justiça


Eleitoral, os partidos políticos e toda matéria relativa a alistamento, eleições e propaganda

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eleitoral - até 1965, quando a Lei nº 4.737, instituiu o Código Eleitoral que, com algumas
alterações, está em vigor até hoje.

Governo Militar

A legislação eleitoral no período compreendido entre a saída de João Goulart,


em 31 de março de 1964, e a eleição de Tancredo Neves, em 15 de janeiro de 1985, foi
marcada por uma sucessão de atos institucionais e emendas constitucionais, leis e decretos-
leis com os quais o Governo conduziu o processo eleitoral à obtenção de uma maioria que
lhe fosse favorável.

Entre as mudanças, destacam-se a alteração de duração de mandatos, a


cassação de direitos políticos, as eleições indiretas para presidente da República,
governadores dos estados e dos territórios e para prefeitos dos municípios considerados de
interesse da segurança nacional e das estâncias hidrominerais. Além disso, institui-se as
candidaturas natas, o voto vinculado e as sublegendas e alterou-se o cálculo para o número
de deputados na Câmara, com base ora na população, ora no eleitorado.

Em 1965, foi editada Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei nº 4.740). Logo
depois, o AI-2 extinguiu os partidos políticos existentes. O Ato Complementar nº 4
determinou ao Congresso Nacional a criação de organizações com atribuições de partidos
políticos (origem à ARENA e ao MDB -blocos aglutinadores, respectivamente, de
governistas e de seus opositores – tornam-se partidos com a Lei 4.740).

O AI-5, em 1968, suspendeu as garantias da Constituição de 67 e ampliou os


poderes do presidente da República, permitindo-lhe, em 1968, decretar o recesso do
Congresso Nacional – que voltou a se reunir em 25 de outubro de 1969 para eleger o novo
presidente da República. O referido recesso só foi definitivamente suspenso pelo Ato
Complementar nº 72.

Medidas eleitorais relevantes:

a) Lei Falcão (Lei nº 6.339), de 1º de julho de 1976, que restringiu severamente a


propaganda eleitoral, impedindo o debate político nos meios de comunicação.

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b) Emenda Constitucional nº 8, de 14 de abril de 1977, que instituiu a figura do
senador biônico.
c) Emenda Constitucional nº 11, de 13 de dezembro de 1978, que revogou os atos
institucionais e complementares e modificou as exigências para a organização
dos partidos políticos.

Em 19 de novembro de 1980, a Emenda Constitucional nº 15 restabeleceu as


eleições diretas para governador e senador, pondo fim à figura do senador biônico. A Lei
nº 6.767, de 20 de dezembro de 1979, extinguiu a ARENA e o MDB e restabeleceu o
pluripartidarismo, sinalizando, assim, o início de uma abertura política.

Durante este período foram eleitos, indiretamente, cinco presidentes militares.


A Emenda Dante de Oliveira, em 25 de abril de 1984, que previa eleição direta para
presidente e vice-presidente da República foi rejeitada.Em 15 de janeiro de 1985, elegeu-se
um presidente da República civil, por meio de eleição indireta (colégio eleitoral).

Em 15 de maio de 1985, a Emenda Constitucional nº 25 estabeleceu normas


constitucionais de caráter transitório, destacadas a seguir:

a) Eleições diretas para presidente e vice-presidente da República, em dois turnos;


b) Eleições para deputado federal e senador para o Distrito Federal;
c) Eleições diretas para prefeito e vice-prefeito das capitais dos estados, dos
municípios considerados de interesse da segurança nacional e das estâncias
hidrominerais;
d) Abolição da fidelidade partidária e revogação do artigo que previa a adoção do
sistema distrital misto.

Em 1982, mesmo ano em que foi eliminado da legislação eleitoral o voto


vinculado (todos os cargos), foi instituída pela Lei nº 4.737/1965, a Lei nº 6.996, que dispôs
sobre a utilização do processamento eletrônico de dados dos serviços eleitorais.

Três anos depois, em 1985, a Lei nº 7.444 disciplinou a implantação do


processamento eletrônico de dados no alistamento eleitoral e na revisão do eleitorado,
possibilitando, em 1986, o recadastramento, em todo o território nacional.

Constituição de 1988

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Estabeleceu plebiscito para definir a forma (república ou monarquia
constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo). Estabeleceu,
ainda, que o período de mandato do presidente seria de cinco anos, vedando-lhe a reeleição
para o período subsequente e fixou a desincompatibilização até seis meses antes do pleito
para os chefes dos executivos federal, estaduais e municipais que quisessem concorrer a
outros cargos.

A eleição do presidente e dos governadores, bem como dos prefeitos dos


municípios com mais de 200 mil eleitores, passou a ser por maioria absoluta ou em dois
turnos. Se nenhum candidato alcançasse a maioria absoluta na primeira votação e, naqueles
municípios com menos de duzentos mil eleitores, foi estabelecido que os chefes do
executivo seriam eleitos por maioria simples.

Para evitar os casuísmos, tão comuns no período anterior, a Emenda


Constitucional nº 4, de1993, estabeleceu que a lei que alterar o processo eleitoral somente
será aplicada um ano após sua vigência.

A Emenda Constitucional de Revisão nº 5/1994, reduziu para 4 anos o


mandato presidencial, e a Emenda Constitucional nº 16/1997, permitiu a reeleição dos
chefes dos executivos federal, estadual e municipal (único período subsequente).

Com a aprovação da Lei nº 9.096, regulamentou-se os partidos políticos no


País (Lei dos Partidos) e com a Lei nº 9.504, de 1997, o legislador pretendeu iniciar nova
fase em que a normatização das eleições seja duradoura. (Lei das Eleições).

Sistemas Eleitorais

Sistema eleitoral é um conjunto de regras que define como, em uma


determinada eleição, o eleitor pode fazer suas escolhas e como os votos são contabilizados
para serem transformados em mandatos (cadeiras no Legislativo ou chefia do Executivo).

Espécies

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Existem dois grandes grupos: o de representação majoritária e o de
representação proporcional. Além desses, existem também modelos mistos, um de
superposição e outro de correção.

a) Representação majoritária – eleição do (s) candidato (s) que obtiver mais votos.
Dá-se por maioria simples, em dois turnos e voto alternativo.
b) Representação proporcional – distribuição em proporção à votação obtida pelos
candidatos. Voto único transferível e sistema de lista

Sistemas e magnitude

Distrito eleitoral é a unidade territorial onde os votos são contabilizados para


efeitos de distribuição das cadeiras em disputa. A magnitude do número de cadeiras para
deputados federais do distrito Federal, por exemplo, é de oito (8).

Os sistemas podem ser Majoritários ou Proporcionais.

a) Majoritários: M = 1 (distritos uninominais), mas, também podem ser utilizados


em distritos plurinominais.

b) Proporcionais: M > 1 (distritos plurinominais)

Os sistemas podem apresentar problemas. No sistema majoritário pode


ocorrer a manipulação das fronteiras dos distritos e no sistema proporcional, a alocação
desproporcional de cadeiras. O sistema majoritário, no entanto, assegura a representação
do (s) candidato (s) mais votado (s), independentemente da votação dos outros recebe
100% da representação.

Variantes:

a) maioria simples (chamado no Brasil de distrital)


b) dois turnos (dois candidatos)
c) voto alternativo

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 Maioria simples

Em distritos uninominais. Há maior controle pelos eleitores e os governos têm


um partido (sem coalizão). Partidos que tem muitos votos, mas espalhados, são
subrepresentados.

Em distritos plurinominais (Brasil, 2/3 SF), o número de candidatos é igual ao


número de cadeiras (eleitor vota em duas chapas). A variante ocorre com voto em bloco
partidário (lista fechada) (eleição para presidente nos EUA) ou com voto único não
transferível (vários candidatos de um mesmo partido).

 Dois turnos

Em regra ocorre quando nenhum candidato atinge mais de 50% dos votos. Em
Distritos uninominais há a garantia de representação comunitária e maior controle.
Favorece partidos mais moderados, pois fazem alianças.

 Voto alternativo

Se o candidato recebe mais de 50% é eleito. Se não, os votos do último


colocado são transferidos, até que um atinja a maioria absoluta (de acordo com a ordem de
preferência dos eleitores). Dificulta-se a eleição de candidatos com forte rejeição.

Eleições para o PE no Brasil

a) 1945-1965 – maioria simples. Ex.: JK elegeu-se com 36% dos votos.


b) 1988 – maioria absoluta (2 turnos) e regra mista para prefeitos (cidades com + de
200 mil eleitores ou com menos – variantes diferentes).
c) Maior número de candidatos – sistema de dois turnos (alianças para o segundo
turno).

Sistema proporcional

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a) Assegura a diversidade de opiniões.
b) Garante a representação, conforme os votos obtidos.
c) Variantes: voto único transferível garante a representação de opiniões, prevê quota
individual. Acima dela transfere, proporcional à preferência. Ampla escolha e
controle do eleitor (diferente do sistema de lista). Sistema de lista (prevê quota
partidária)

A Fórmula Eleitoral

É o método utilizado para distribuir as cadeiras entre os partidos.

a) Maiores Sobras: calcula-se uma quota.


b) Quota Hare: votos/ cadeiras
c) Cada vez que um partido atinge a quota elege um representante.
d) As cadeiras não ocupadas, vão para o (s) partido (s) com as maiores sobras
e) Maiores Médias: a votação total dos partidos é dividida por uma série de
números. As cadeiras são ocupadas paulatinamente para os partidos que
recebem os maiores valores.
f) D Hondt: a votação de cada partido é dividida por 1,2, 3,4,5... (série)
g) Sainte-Lague: a votação dos partidos é dividida por 1,3,5, 7, 9
h) Dois Passos: Quota Hare (votos/cadeiras) = Quociente Eleitoral e Fórmula D
Hondt para as cadeiras não ocupadas.

Níveis para Alocação de Cadeiras

Em que nível as fórmulas são aplicadas? Na maioria dos países, um único nível
é utilizado. Na Holanda e em Israel é o nacional. Na Argentina, Espanha, Suíça e Portugal
é o local.

Quando há mais de um nível de alocação parte do cálculo é feita pela quota


nos distritos locais. As cadeiras não ocupadas são distribuídas agregando-se as sobras dos
votos em um nível superior (p.ex. Grécia). O nível superior é corretivo, ou seja, um

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número de cadeiras suplementares corrigem as distorções produzidas nos distritos locais
(p.ex. África do Sul e Dinamarca).

Além dos distritos regionais, existe um número de cadeiras que são distribuídas
segundo a votação nacional dos partidos. É o que acontece na Polônia.

A cláusula de exclusão (barreira)

Mínimo de votos que um partido necessita para obter representação.Pode ser


aplicado no âmbito regional ou nacional. Na Espanha, 3% de votos nos distritos regionais.
Na Suécia: 4% dos votos nacionais ou 12% nos distritos locais; e 4% para ter acesso as
cadeiras suplementares.

Cláusula de Exclusão no Brasil

No Brasil, o quociente eleitoral opera como cláusula de exclusão. O partido


que não consegue obter o número de votos do quociente está fora da disputa das
cadeiras.Para Câmara dos Deputados, a cláusula varia de 12,5% (Acre, Rondônia, Roraima)
a 1,4 % (São Paulo).

As coligações

Coligação é a possibilidade de os partidos terem seus votos agregados para fins


de distribuição de cadeiras. Isso facilita a obtenção de cadeiras pelos pequenos partidos. As
cadeiras obtidas pela coligação são redistribuídas proporcionalmente à votação de cada
partido da coligação. Exemplos: Bélgica, Bulgária, Chile, Dinamarca, Israel, Polônia e
Suécia.

No Brasil, a singularidade é que não é feita uma distribuição proporcional das


cadeiras obtidas pela coligação entre os partidos. Essas geram distorções intensas (p. ex:
partidos com menos votos que outros elegendo representantes), quando se compara votos

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e cadeiras. Pequenos partidos apresentam poucos nomes e procuram concentrar os votos.
Isso tem contribuído para aumentar a fragmentação partidária.

A escolha dos candidatos

Existe uma série de opções para distribuir as cadeiras entre os candidatos da


lista:

a) Lista Fechada
b) Lista Aberta - voto preferencial
c) Lista Flexível

 A Lista Fechada

Os partidos decidem antes da eleição, a ordem que os candidatos aparecerão na


lista. Os eleitores votam apenas na legenda e não em nomes.

Vantagens e Desvantagens

a) Vantagens: fortalece a partidarização da escolha eleitoral; os dirigentes têm


controle sobre quem representará o partido.
b) Desvantagens: reduz a liberdade de escolha do eleitor; pode dificultar o processo
de renovação da elite partidária.

 A Lista Aberta

A decisão sobre quais candidatos serão eleitos cabe exclusivamente ao eleitor.


O partido apresenta a lista de candidatos. O eleitor vota em um dos nomes da lista. Os
mais votados de cada lista ocupam as cadeiras.

Vantagens e Desvantagens

a) Vantagens: maior grau de escolha eleitoral; favorece a renovação política.


b) Desvantagens: estimula a competição entre os candidatos do mesmo partido;
estimula a personalização da escolha eleitoral; dirigentes partidários têm pouco
controle sobre quais nomes serão eleitos.

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 Lista Flexível

Os partidos apresentam uma lista ordenada de candidatos, mas os eleitores


podem alterá-la. Em alguns casos, vota-se em um nome específico (Bélgica, Holanda e
Dinamarca). Em outros, propõe-se um ordenamento alternativo (Áustria, Noruega e
Suécia).Em geral, os eleitores não alteram a lista partidária. Há dificuldade na formação dos
governos, além disso, favorece os pequenos partidos.

Vantagens e Desvantagens

a) Vantagens: leva em conta a preferência do partido, sem eliminar a escolha do


eleitor.
b) Desvantagens: complexidade da votação, pode gerar competição entre os
candidatos de um mesmo partido.

 Representação Proporcional de Lista

Na América Latina, ocorre em oito países: Argentina, Brasil, Costa Rica,


Honduras, Nicarágua, El Salvador, Uruguai e República Dominicana.

Na África e no Oriente Médio, ocorre em quatro países: África do Sul,


Moçambique, Benin e Israel.

Na Europa, ocorre em dezessete países: Bulgária, Finlândia, Portugal, Espanha,


Suíça, Turquia, República Checa, Romênia, Bélgica, Dinamarca, Noruega, Polônia, Áustria,
Grécia, Suécia, Holanda e Eslováquia.

O que se pretende quando se reforma o sistema eleitoral?

Reduzir o número de partidos (reduzir a proporcionalidade): proibir coligações,


criar uma cláusula de barreira nacional.

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Ampliar a proporcionalidade: proibir as coligações e eliminar o quociente
como cláusula de barreira, mudar a fórmula matemática, corrigir a distorção na
representação dos estados na Câmara dos Deputados.

Aumentar o controle do partido na definição de quais candidatos serão eleitos:


adoção da lista fechada ou flexível.

Diminuir o controle: países que abandonaram a lista fechada (Venezuela e


Itália). No Brasil não está em debate.

Sistemas Mistos

Sistema em que diferentes fórmulas são utilizadas simultaneamente em uma


mesma eleição: maioria simples / proporcional; maioria absoluta/ proporcional

 Tipos de Sistema Misto

Combinação (superposição) - Uma parte dos representantes é eleita,


independente da outra (proporcional e majoritária).Ocorre em países como Japão, Lituânia,
Rússia, Coréia do Sul, Taiwan, Tailândia, Ucrânia e Equador.

Correção - A parte proporcional compensa as distorções geradas na parte


majoritária. Ocorre em países como Alemanha, Bolívia, Itália, México, Nova Zelândia,
Filipinas, Venezuela e Hungria.

 O sistema de combinação da Rússia

A Câmara dos Deputados (Duma) é composta por 450 representantes.


Duzentos e vinte e cinco (225) são eleitos em distritos de um representante por maioria
simples e outros duzentos e vinte e cinco (225) são eleitos pelo sistema proporcional em
uma lista fechada nacional. Há uma cláusula de 5%. O eleitor faz duas escolhas: vota em
um partido e em um nome que disputa na eleição majoritária.

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 O sistema de correção da Alemanha

A Câmara dos Deputados (Bundestag) é composta por 656 representantes. O


país é dividido em 328 distritos de um representante. O eleitor faz duas escolhas: vota em
um candidato do distrito (maioria simples) e em um dos partidos (proporcional). Não
vinculados.

 O sistema de correção da Alemanha

As 656 cadeiras são distribuídas entre os partidos de acordo com o segundo


voto (lista) – cláusula de 5% ou 3 distritos uninominais (só nos distritos – 328 cadeiras). As
cadeiras recebidas nacionalmente são distribuídas proporcionalmente à votação dos
partidos em cada Land (estados).Uma subtração é feita em cada Land: cadeiras totais –
cadeiras obtidas no distrito = cadeiras preenchidas pela lista.Se um partido vencer em mais
distritos de um determinado Land do que o estabelecido pela lista, o número de deputados
do Parlamento aumenta.

 No Brasil

Ocorre o modelo misto, sem definição se será de superposição ou de correção.


Comissão Arinos (1995) – superposição (50% proporcional e 50% maioria simples em
distritos uninominais). Reforma TSE – dois votos – distrito e lista- voto da lista serviria
para o cálculo de cadeiras dos partidos no estado, diminuídas daquelas conquistadas nos
distritos uninominais.

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