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Direito Constitucional | Aula 02 Alexandre Machado

DIREITO CONSTITUCIONAL | AULA 02


PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO 01


2. FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 04
3. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 05
4. PRINCÍPIOS DA REPÚBLICA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 05
5. TRIPARTIÇÃO DO PODER 06

1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: INTRODUÇÃO

Os princípios fundamentais sã o muito importantes, pois sã o eles os responsá veis


por estruturar e organizar o Estado Brasileiro, bem como os seus Poderes. Eles
estã o previstos pelo art. 1º da Constituiçã o Federal:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...)

O art. 1º da Constituiçã o nos traz algumas informaçõ es muito importantes a


respeito de como está estruturado o nosso país, as quais nó s tentaremos sintetizar
abaixo:

 Nome oficial – Repú blica Federativa do Brasil

 Forma de Governo – Repú blica

 Forma de Estado – Federaçã o

 Sistema de Governo – Presidencialismo

 Regime Político – Democracia

Com certeza, você já sabia todas ou quase todas essas informaçõ es. No entanto,
para se dar bem na prova, é necessá rio associá -las ao que cada uma delas
representa, porque é neste ponto que o examinador vai tentar te confundir.

1.1 Características da República

O art. 1º da Constituiçã o Federal consagrou o princípio republicano, adotando a


Repú blica como forma de governo. A Repú blica se contrapõ e à Monarquia,
apresentando as seguintes características bá sicas:

 Eletividade – os governantes devem ser eleitos pelo povo;

 Temporariedade dos mandatos – os governantes só permanecem no


poder por um determinado tempo, para evitar abusos;
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 Dever de prestar contas – uma vez que o patrimô nio pú blico pertence ao
povo, o governante deve deixar claro o que está sendo feito com ele;

 Responsabilidade dos governantes – caso algum governante atue de


forma indevida, ele deve responder pelos seus atos;

 Tripartição dos poderes – a fim de evitar a concentraçã o de poder, as


funçõ es sã o divididas entre Legislativo, Executivo e Judiciá rio.

A doutrina entende que a República não é uma cláusula pétrea, razã o pela qual
ela poderia ser abolida por emenda constitucional. No entanto, entendem que a
forma de governo republicana seria um princípio sensível e qualquer desrespeito a
ele poderia ensejar intervençã o federal.

1.2 Características da Federação

Além da forma de governo republicana, a nossa Constituiçã o adotou o princípio


do federalismo, estabelecendo a Federaçã o como forma de Estado. Por isso, o
nosso país é dividido em unidades federativas, quais sejam Uniã o, Estados, Distrito
Federal e Municípios.

Uma pegadinha bastante recorrente em provas de concursos é o examinador


tentar te confundir dizendo que territó rios federais também sã o unidades
federativas, mas isso não é verdade. Territórios federais fazem parte da União.

Na prova, o examinador pode vir a perguntar algumas das características da


federaçã o:

 Indissolubilidade – a forma federativa nã o pode ser dissolvida, conforme o


art. 1º da Constituiçã o. Além disso, o § 4º do art. 60 incluiu expressamente a
forma federativa como clá usula pétrea, nã o podendo ela ser abolida por
emenda constitucional.

 Inexistência de centralização político-administrativa – na federaçã o


brasileira, as competências sã o distribuídas entre as unidades federativas;

 Autonomia das unidades federativas – as unidades federativas possuem


três atributos que as caracterizam como autô nomas:

o Autogoverno – escolhem os seus governantes independentemente


das demais unidades;
o Auto-organização – instituem suas pró prias Constituiçõ es e leis;
o Autoadministração – sã o responsá veis por tomar suas pró prias
decisõ es e por gerir o pró prio patrimô nio.

 Formada por movimento centrífugo – antigamente, havia apenas o


Estado Brasileiro que se desmembrou em vá rios para formar a federaçã o.
Por isso, diz-se que a federaçã o no Brasil foi formada de dentro para fora.
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Diferente do Brasil, os Estados Unidos foram formados por movimento


centrípeto (de fora para dentro), uma vez que diversos Estados soberanos
se uniram para formar um ú nico Estado federativo (formado, obviamente,
por diversas unidades federativas).

Existem outras características da federaçã o, mas nã o precisamos conhecê-las para


provas de tribunais. Pelo histó rico de questõ es cobradas, conhecer estas é mais do
que suficiente para acertar todas as perguntas relativas a este tema.

Para que nã o restem dú vidas a respeito disso, vou repetir mais uma vez: a
Constituiçã o Federal incluiu expressamente a forma federativa como cláusula
pétrea, nã o podendo ela ser abolida por emenda constitucional.

1.3 Características do Presidencialismo

O presidencialismo tem como característica a unicidade da chefia. Ou seja, o


Presidente da Repú blica é, ao mesmo tempo, Chefe de Estado e Chefe de Governo
(ao contrá rio do parlamentarismo, em que nó s temos duas pessoas diferentes para
exercer estas funçõ es).

O Chefe de Estado é responsá vel por representar o país no âmbito externo


(apesar de também ser, formalmente, um representante do poder em â mbito
interno). Já o Chefe de Governo é aquele que governa o país no âmbito interno.

Além disso, no presidencialismo os Poderes Legislativo e Executivo são


independentes um do outro, ao passo que no parlamentarismo existe uma
interdependência entre eles.

1.4 Características da Democracia

Democracia significa que o responsá vel pelas decisõ es políticas do Brasil é o povo.
É isso que podemos extrair do pará grafo ú nico do art. 1º da Constituiçã o:

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Em regra, a democracia pode ser de dois tipos. Na democracia representativa


(ou indireta), o povo elege representantes que irã o tomar as decisõ es políticas e
elaborar leis em seu nome. Por outro lado, na democracia direta, as decisõ es
políticas e legislativas sã o tomadas diretamente pelo povo, sem intermédio de
representantes.

O Brasil, entretanto, optou por um sistema que é uma mistura de democracia


direta e indireta, chamada pela doutrina de democracia mista ou semidireta.
Aqui, nó s elegemos representantes que tomarã o as decisõ es políticas e legislativas
em nosso nome, no dia-a-dia, mas também podemos participar diretamente dessas
decisõ es, eventualmente, de três formas diferentes, conforme a Constituiçã o:
plebiscito, referendo e iniciativa popular.

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 Plebiscito – o governo pede a opiniã o do povo sobre um assunto que será


tratado (ou nã o) em uma lei que ainda nã o foi escrita;

 Referendo – o governo já escreveu a proposta da lei e solicita que o povo


aprove ou nã o aquilo que está escrito;

 Iniciativa popular – possibilidade de apresentar à Câ mara dos Deputados


um projeto de lei (subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional,
distribuído pelo menos por cinco Estados, com nã o menos de 0,3% dos
eleitores de cada um deles).

Tome cuidado com uma coisa: a Constituiçã o estabelece, nos arts. 1º ao 4º, os
princípios fundamentais. Tudo o que nó s vamos ver nessa aula é princípio
fundamental. No entanto, se a prova quiser ser específica, ela pode se referir à s
subcategorias que existem dentro dos princípios fundamentais, que sã o os
fundamentos da repú blica, os objetivos fundamentais e os princípios das relaçõ es
internacionais.

2. FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Como vimos no tó pico anterior, o caput do art. 1º da Constituiçã o Federal traz


diversos princípios que estruturam o nosso país. Além disso, o art. 1º também nos
diz quais sã o os fundamentos da república adotados pelo legislador constituinte,
que sã o tidos como a base do nosso país.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Para a prova, é necessá rio decorar esses cinco fundamentos. Já é bem famoso entre
os estudantes a sigla SO-CI-DI-VA-PLU, que serve para facilitar a memorizaçã o dos
fundamentos da repú blica.

3. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

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Os objetivos fundamentais da república foram previstos pelo art. 3º da


Constituiçã o Federal:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do


Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades


sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,


idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Se você prestar atençã o, os fundamentos da república (tratados no tó pico


anterior) eram todos substantivos. Por outro lado, os objetivos fundamentais da
repú blica sã o sempre verbos, já que eles indicam metas a serem alcançadas pelo
nosso país. Algumas pessoas usam a sigla CON-GA-ERRA-PRO para ajudar na
memorizaçã o desses quatro incisos.

É muito importante que você tenha na ponta da língua esses objetivos. As provas
costumam cobrar o texto constitucional literalmente. Uma pegadinha bastante
comum é quando o examinador tenta confundir sua cabeça colocando um
fundamento da repú blica e dizendo que ele é um objetivo fundamental. Tome
bastante cuidado com isso.

4. PRINCÍPIOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL NAS RELAÇÕES


INTERNACIONAIS

A Constituiçã o Federal estabelece, ainda, que o Brasil deve obedecer a alguns


princípios nas relações internacionais. Se você observar, a maioria deles é bem
ó bvia e de fá cil associaçã o com o fato de se referir a relaçõ es entre diferentes
países.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações


internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

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VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração


econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina,
visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Esse artigo traz mais dez hipó teses que você precisa saber para a prova. Como eu
sei que é bem difícil decorar tudo isso, vou deixar mais uma “sigla” pra você. A
princípio vai parecer grande demais e até mais difícil para memorizar do que os
incisos do dispositivo, mas acredite em mim que isso ajuda bastante na hora da
prova. Para nã o esquecer os princípios das relaçõ es internacionais, podemos
utilizar a “sigla” IN-PRE-AUTO-NÃO-IGUAL-DEFE-SO-RE-CO-CO.

Dentro do art. 3º da Constituiçã o, temos, ainda, o pará grafo ú nico, que estabelece
que a Repú blica Federativa do Brasil buscará a integraçã o econô mica, política,
social e cultural dos povos da América Latina, visando à formaçã o de uma
comunidade latino-americana de naçõ es. Eu preciso que você preste atençã o a
algumas coisas nesse dispositivo:

I) A integraçã o buscada pelo Brasil é econômica, política, social e


cultural;

II) O Brasil busca uma integraçã o dos povos da América Latina (muitas
provas tentam confundir o candidato dizendo ser da América do Sul);

III) O Brasil visa à formaçã o de uma comunidade latino-americana de


naçõ es (e nã o sul-americana, como o examinador pode dizer para tentar
confundir sua cabeça).

5. TRIPARTIÇÃO DO PODER

O art. 2º da Constituiçã o Federal estabelece o famoso princípio da tripartição do


poder:

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o


Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Primeiramente, você precisa entender que não é tecnicamente adequado dizer


que há uma separação dos poderes (embora algumas provas ainda usem essa
expressã o). A doutrina entende que o poder do Estado é um só , sendo que as

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funçõ es desse poder sã o divididas para evitar abusos. Por isso falamos em
tripartição do poder.

Em segundo lugar, você precisa saber também que a tripartição do poder é uma
cláusula pétrea, conforme o § 4º do art. 60 da Constituiçã o, nã o podendo ser
abolido nem mesmo por emenda constitucional.

A ideia de tripartiçã o do poder teve origem no pensamento de Montesquieu,


segundo o qual nó s teríamos a seguinte divisã o:

 Poder Executivo – administrar (funçã o administrativa);


 Poder Legislativo – legislar e fiscalizar (funçã o legislativa);
 Poder Judiciário – julgar (funçã o jurisdicional).

Cada poder tem funçõ es típicas, que os caracterizam. No entanto, além das funçõ es
típicas, eles também podem exercer atipicamente as funçõ es típicas dos outros.
Vamos trazer alguns exemplos abaixo (que vocês nã o precisam decorar, já que a
parte importante é saber que cada poder exerce tipicamente a sua função e
atipicamente a função dos demais).

O Poder Executivo pode, por exemplo, editar medidas provisó rias, que sã o atos
normativos com força de lei. Além disso, o Poder Executivo deve julgar seus
processos administrativos, o que seria um exercício atípico da funçã o jurisdicional.

O Poder Legislativo, por sua vez, deve fazer licitaçõ es para comprar materiais e
realizar concursos pú blicos para contratar servidores, o que seria uma
manifestaçã o da funçã o administrativa. Ademais, o Poder Legislativo também
exerce a funçã o jurisdicional na chamada Comissã o Parlamentar de Inquérito
(CPI).

O Poder Judiciá rio também deve fazer licitaçõ es para comprar materiais e realizar
concursos pú blicos para contratar servidores, evidenciando o exercício atípico da
funçã o administrativa. Quanto ao exercício atípico da funçã o legislativa, podemos
citar o poder que o Supremo Tribunal Federal tem de editar sú mulas vinculantes.
As sú mulas vinculantes sã o enunciados de observâ ncia obrigató ria pelos tribunais,
funcionando como verdadeiras leis.

Se você observar, o art. 2º diz que os três poderes sã o independentes e harmô nicos
entre si. Apesar de haver certa independência, o que garante que a harmonia entre
eles é o chamado sistema de freios e contrapesos (checks and balances). Embora
independentes entre si, cada poder sempre terá atribuições trazidas pela
própria Constituição que o permitirão controlar os demais poderes, evitando
que estes atuem com arbitrariedade. Apenas para você poder visualizar (nã o
precisa decorar), vamos dar um exemplo. O Poder Judiciá rio pode fazer o controle
das leis editadas pelo Poder Legislativo à luz da Constituiçã o. Assim, caso alguma
lei esteja conflitando com o texto constitucional, o Poder Judiciá rio pode
determinar que aquela lei é inconstitucional e determinar que ela nã o seja mais
aplicada.

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