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A Lei Orgânica do Distrito Federal

1. Introdução

O Distrito Federal foi criado incialmente em 1891 na Constituição dos Estados Unidos do Brasil, no artigo 41 do Código
Civil, onde classifica o mesmo como: ente federativo com personalidade jurídica de direto público interno, assim como os
estados. Inicialmente foi sediado na cidade do Rio de Janeiro até o dia 21 de abril de 1960, onde passou a ser sediado na cidade
de Brasília (um quadrilátero no nordeste do Goiás).

O DF foi organizado lentamente, onde o seu primeiro governador e deputado distrital foi eleito somente em 1990 e
somente em 1991 foi instalada a Câmara Legislativa do DF (CLDF), onde até aquele momento a sua competência era exercida
pelo Senado Federal1.

O DF é um ente político diferente aos demais (anômalo), pois possui tanto características
de estado quanto de município, ou até nenhum dos dois, tendo assim natureza hibrida ou
mista2.Como a CF definiu as competências dos estados e municípios e o DF não é nenhum dos
dois, exerce a competência de ambos.

2. Previsão Constitucional

Como a CF é a lei de maior ordenamento jurídico no Brasil, é exigida da Lei Orgânica do


DF3:

 O DF deve ser regido por esta lei;


 Votação legislativa em dois turnos com intervalos de 10 dias;
 Aprovada por dois terços dos deputados da Câmara Legislativa do DF; e
 Promulgada pela casa legislativa do DF.

3. Características

A LODF é a lei fundamental do DF (“constituição distrital”), cuja sua elaboração é de


competência da CLDF. Promulgada em 08/06/1993 e Publicada em 09/06/1993 4. O STF definiu
que a LODF possui status de Constituição Estadual, equiparando a dos Estados.

Conforme a Lei Distrital n. 5.768/2016 a LODF deve constar no conteúdo programático de


todos dos concursos do DF.

4. Preâmbulo da LODF
1
Art 16 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias: A competência da Câmara Legislativa do Distrito Federal, até que
se instale, será exercida pelo Senado Federal.
2
Min. Carlos Britto resumiu no julgamento da ADI 3.756: “conquanto submetido a regime constitucional diferenciado, o Distrito
federal está bem mais próximo da estruturação dos Estados-membros do que da arquitetura constitucional dos Municípios”.
Para a Suprema Corte, no art 32 da Constituição: Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos
Estados e Municípios
3
Art. 32 da CF: O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição.
4
Promulgação tem por objetivo dar conhecimento da existência da lei para os órgãos da administração, aos encarregados de dar
a sua execução, enquanto a publicação dá conhecimento aos particulares.
Não possui força normativa e não cria direitos ou obrigações. Mas define que a LODF é a
Lei Fundamental do DF, e seu objetivo é de: organizar o exercício do poder; fortalecer as
instituições democráticas e os direitos da pessoa humana.

5. Autonomia

O DF faz parte de um conjunto denominado República Federativa do Brasil, que é


composto pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do DF, cada um possuindo
autonomia (diferente de soberania5) disposta expressamente na CF.

A autonomia conferida ao DF é parcialmente tutelada pela União, possuindo a


competência de manter e organizar o Poder Judiciário, o Ministério Público, a polícia civil e forças
auxiliares.6

A defensoria pública do DF também era organizada e mantida pela união até 2012 onde a
Emenda Constitucional n. 69 transferiu a competência ao DF

(Art. 1 da LODF) A autonomia do DF é política, administrativa e financeira (PAF),


materializado para ter capacidade de auto-organização, autolegislação, autogoverno e
autoadministração, conforme consagradas no art 25 da CF.

Logo a autonomia PAF do DF tem como definição:

 autonomia política refere-se à capacidade de elaboração de leis, eleição dos


representantes e a organização de seus poderes;
 autonomia administrativa é o poder de gerenciar e administrar os negócios e
serviços públicos no âmbito do DF; e
 autonomia financeira é o privilégio que o DF possui para instituir e arrecadar seus
próprios tributos, ou seja, ter sua própria receita para manter a máquina pública e
prestar os serviços públicos de sua competência.

Logo o DF possui estas 3 formas de autonomia.

6. Valores Fundamentais

5
A Soberania é um atributo conferido ao poder do Estado, em virtude dele ser juridicamente ilimitado, não devendo obediência
a outro Estado. É, portanto, um poder, onde seu detentor não está submetido à outra autoridade. Ela se revela no plano
externo. A soberania é um atributo da Federação. Já a autonomia é a margem de descrição e liberdade delimitada pelo direito.
Apesar desse limite imposto, não há que se falar em subordinação do ente autônomo em relação à soberania exercida pelo
Estado. É um fenômeno que ocorre no âmbito interno. Os entes União, Estados, DF e Municípios possuem autonomia
6
Art. 21 da CF. Compete à União: XIII – organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos
Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; XIV – organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros
militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por
meio de fundo próprio.
(Art. 2 LODF) Os valores fundamentais do DF configuram os pilares de sua sustentação
a autonomia distrital, sendo que estes valores guardam um paralelo (semelhança) com os
Fundamentos da República Federativa do Brasil. Abaixo pode ser observado essa semelhança:

CF/88 LODF
Art. 1º A República Federativa do Art. 2º O Distrito Federal integra a
Brasil, formada pela união união indissolúvel da República

MENMÔNICO

PALAVRA
indissolúvel dos Estados e Federativa do Brasil e tem como
Municípios e do Distrito Federal, valores fundamentais:7
constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
I – a soberania; I – a preservação de sua autonomia Au Autonomia
como unidade federativa;8
II – a cidadania; II – a plena cidadania;9 Ci Cidadania
III – a dignidade da pessoa III – a dignidade da pessoa Di Dignidade
humana; humana;10
IV – os valores sociais do IV – os valores sociais do trabalho e Va Valores
trabalho e da livre iniciativa; da livre iniciativa;11
V – o pluralismo político V – o pluralismo político12 Plu Pluralismo
Parágrafo único. Todo o poder Parágrafo único. Ninguém será discriminado ou
emana do povo, que o exerce por prejudicado em razão de nascimento, idade, etnia, raça,
meio de representantes eleitos cor, sexo, características genéticas, estado civil,
ou diretamente, nos termos desta trabalho rural ou urbano, religião, convicções políticas
Constituição. ou filosóficas, orientação sexual, deficiência física,
imunológica, sensorial ou mental, por ter cumprido
pena, nem por qualquer particularidade ou condição,
observada a Constituição Federal. (art 2 da LODF)

7. Objetivos Prioritários
7
Art. 34 da CF/88 determina a indissolubilidade do vínculo dos entes a federação, e o não cumprimento acarretará intervenção
federal.
8
A preservação da sua autonomia é fundamental do sistema jurídico.
9
A plena cidadania consiste no exercício da democracia, nos direitos políticos, civis e sociais, conferindo plenitude ao cidadão.
10
A dignidade da pessoa humana é baseada no mínimo que o Estado deve assegurar ao ser humano de possuir todos os direitos
fundamentais e garantias individuais.
11
Os valores sociais do trabalho, em um sistema capitalista como o DF, devem estimular e orientar o trabalho ao ser humano em
prol do desenvolvimento econômico, social com a garantia da dignidade humana. A livre iniciativa consiste na liberdade do
cidadão exercer sua atividade econômica legal, sendo livre desde que seja respeitada as imposições legais.
12
O pluralismo político permite, que em um regime democrático, diferentes opiniões e ideologias políticas e sociais se organize
de forma harmônica, criando diversos partidos nos quais representantes possam ter acesso ao poder legislativo, judiciário e
executivo.
(Art. 3 da LODF) Os objetivos prioritários são as metas a serem alcançadas pelo DF,
sendo essas metas matérias e assuntos a serem implementados no decorrer do tempo. Também
conhecida como normas pragmáticas, na LODF iniciam com verbo no infinitivo, ou seja, ações ou
estados atemporais.

São eles:

I. garantir e promover os direitos humanos assegurados na Constituição Federal


(CF) e na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). (ou seja, os
direitos humanos são assegurados em dois documentos legais, na CF e na
DUDH);
II. assegurar ao cidadão o exercício dos direitos de iniciativa que lhe couberem,
relativos ao controle de legalidade e legitimidade dos atos do Poder Público e da
eficácia dos serviços públicos. (O Ministério Público, MP, não possui controle
exclusivo dos atos do Poder Público e a eficácia dos Serviços Públicos, pois
esse controle também cabe a iniciativa de qualquer cidadão);
III. preservar os interesses gerais e coletivos. (Sendo esses interesses públicos e
não particulares, não ferindo o princípio da supremacia do interesse público sobre
o particular, art.º 2 Lei nº 9.784/99);
IV. promover o bem de todos. (Buscar o bem da coletividade e não de um único
indivíduo ou grupo);
V. proporcionar aos seus habitantes, condições de vida compatíveis com a
dignidade humana, a justiça social e o bem comum. (Assegura que cada
pessoa seja tratada com respeito, honra, igualdade, justiça, e tenha acesso aos
bens públicos materiais ou ideológicos);
VI. dar prioridade ao atendimento das demandas da sociedade nas áreas de saúde,
moradia, segurança pública, educação, saneamento básico, transporte, assistência
social, trabalho e lazer. (mnemônico: “SMS ESTA TL”, Alimentação, turismo e
cultura não fazem parte desse rol);
VII. garantir a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovam insuficiência de recursos. (Aos que comprovam que não possuem
condições financeiras para assistência jurídica, o DF garantirá, sem cobrança, tal
assistência através da defensoria pública. Não são sinônimos: declarar e
pobreza);
VIII. preservar sua identidade, adequando as exigências do desenvolvimento à
preservação de sua memória, tradição e peculiaridades. (identidade do DF);
IX. valorizar e desenvolver a cultura local, de modo a contribuir para a cultura
brasileira. (A Lei Rouanet (nº 8.313/91) e a Lei do Audiovisual (nº 8.685/93)
buscam estimular a valorização e desenvolvimento da cultural brasileira, assim a
lei orgânica implementou como objetivo prioritário o desenvolvimento da cultura do
DF em prol do desenvolvimento da cultura brasileira);
X. assegurar, por parte do Poder Público, a proteção individualizada à vida e à
integridade física e psicológica das vítimas e testemunhas de infrações penais e de
seus familiares. (A proteção assegurada pelo Poder Público é para as vítimas e
testemunhas de um crime de um autor ou grupo que ameace suas integridades. O
autor não possui proteção);
XI. zelar pelo conjunto urbanístico de Brasília, tombado sob a inscrição n. 532 do Livro de
Tombo Histórico, respeitadas as definições e critérios constantes do Decreto n. 10.829/87 e da Portaria n.
314/92, do então Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural – IBPC, hoje Instituto do Patrimônio Histórico e

Artístico Nacional – IPHAN. (Qual quer alteração arquitetônico, seja ela em prédios,
rodovias, paisagismo de BRASÍLIA (não é do DF), deve ser autorizada pelo
IPHAN.);
XII. promover, proteger e defender os Direitos da Criança, do Adolescente e do
Jovem, CAJ. (De acordo como art 70 da Lei nº 8.069/90, Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), é dever de todos os entes preservar esses direitos.);
XIII. valorizar a vida e adotar políticas de saúde, de assistência e de educação
preventivas do suicídio. (Lei a favor da vida);
promover a inclusão digital, o direito de acesso à Internet, o exercício da cidadania
em meios digitais e a prestação de serviços públicos por múltiplos canais de
acesso. (Nova alteração da Lei).
RESUMO:

• Devido à sua importância, a Lei LODF deve constar do conteúdo programático de todos os concursos do Distrito Federal, conforme a
Lei Distrital n. 5.768/2016;

• O Distrito Federal é um ente político diferente em relação aos demais. Ora possui características de um estado, ora de um município e
em alguns casos possui características que não existem nem nos Estados e nem nos Municípios. Por isso, costuma-se dizer que o DF possui
natureza híbrida ou mista;

• Para a elaboração e promulgação da Lei Orgânica do DF, deve ser observada a exigência constitucional de:

− O DF deve ser regido por lei orgânica;

− Votada em dois turnos;

− Com interstício mínimo de dez dias;

− Aprovada por dois terços da Câmara Legislativa;

− Promulgada pela casa legislativa do DF;

• A Lei Orgânica tem força e autoridade equivalentes a um verdadeiro estatuto constitucional, podendo ser equiparada às Constituições
promulgadas pelos Estados-Membros, ou seja, possui “status de Constituição”;

• O preâmbulo não possui força normativa e não cria direitos ou obrigações;

• A Lei Orgânica é a Lei Fundamental do Distrito Federal;

• O Objetivo da LODF é organizar o exercício do poder, fortalecer as instituições democráticas e os direitos da pessoa humana;

• O Distrito Federal faz parte de um conjunto. A esse conjunto damos o nome de República Federativa do Brasil que é composto pela
união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal. O DF não pode se separar da Federação!

• O DF possui autonomia. AUTONOMIA P A F

P OLÍTICA A DMINISTRATIVA F INANCEIRA

São valores fundamentais do DF a preservação de sua autonomia como unidade federativa, a plena cidadania, a dignidade da pessoa
humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.

Tente memorizar o AU CI DI VA PLU.

AU TONOMIA CI DADANIA DI GNIDADE VA LORES PLU RALISMO

Conforme o § único do artigo 2º da Lei Orgânica do DF, observada a Constituição Federal, ninguém será discriminado ou prejudicado em
razão de:

• nascimento;• idade;• etnia;• raça;• cor;• sexo;• características genéticas;• estado civil;• trabalho rural ou urbano;• religião;• convicções
políticas ou filosóficas;• orientação sexual;• deficiência física, imunológica, sensorial ou mental; por ter cumprido pena;• nem por qualquer
particularidade ou condição.

São objetivos prioritários do Distrito Federal:

I – garantir e promover os direitos humanos assegurados na Constituição Federal e na Declaração Universal dos Direitos Humanos;

II – assegurar ao cidadão o exercício dos direitos de iniciativa que lhe couberem, relativos ao controle da legalidade e legitimidade dos
atos do Poder Público e da eficácia dos serviços públicos;

III – preservar os interesses gerais e coletivos;

IV – promover o bem de todos;

V – proporcionar aos seus habitantes condições de vida compatíveis com a dignidade humana, a justiça social e o bem comum;

VI – dar prioridade ao atendimento das demandas da sociedade nas áreas de educação, saúde, trabalho, transporte, segurança pública,
moradia, saneamento básico, lazer e assistência social;

VII – garantir a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

VIII – preservar sua identidade, adequando as exigências do desenvolvimento à preservação de sua memória, tradição e peculiaridades;

IX – valorizar e desenvolver a cultura local, de modo a contribuir para a cultura brasileira;

X – assegurar, por parte do Poder Público, a proteção individualizada à vida e à integridade física e psicológica das vítimas e das
testemunhas de infrações penais e de seus respectivos familiares;

XI – zelar pelo conjunto urbanístico de Brasília, tombado sob a inscrição n. 532 do Livro do Tombo Histórico, respeitadas as definições e
critérios constantes do Decreto n. 10.829, de 2 de outubro de

1987, e da Portaria n. 314, de 8 de outubro de 1992, do então Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural – IBPC, hoje Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN;

XII – promover, proteger e defender os direitos da criança, do adolescente e do jovem.

XIII – valorizar a vida e adotar políticas públicas de saúde, de assistência e de educação preventivas do suicídio.

XIV – promover a inclusão digital, o direito de acesso à Internet, o exercício da cidadania em meios digitais e a prestação de serviços
públicos por múltiplos canais de acesso.

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