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CRIATIVA: PROTÓTIPO
DE JOGOS EM
CONSTRUCT
Introdução
Com a queda no preço de computadores pessoais e smartphones e
aumento de sua capacidade de processamento, a indústria do entrete-
nimento tem sido tomada por jogos digitais. O principal atrativo dessa
mídia é permitir que o usuário tenha uma interação direta com a expe-
riência, ao contrário de mídias tradicionais, como cinema, livros e teatro.
Diversos profissionais participam do desenvolvimento de um jogo digital.
Programadores são encarregados de implementar as regras do jogo,
artistas de criar uma estética única e escritores de montar uma narrativa
rica e interessante. Dentro dessa equipe multidisciplinar está o designer
de games, responsável por moldar o jogo e suas regras para proporcionar
uma experiência interativa e cativante para seus jogadores.
Neste capítulo, você vai estudar diferentes definições usadas para
estabelecer o que é um jogo e quais distinções devem ser feitas quando
lidamos com jogos digitais. Você também vai aprender a distinguir jogos
de diferentes plataformas e quais elementos são mais comuns em cada
grupo. Por fim, entenderá o papel e as responsabilidades de um game
designer dentro de uma equipe de desenvolvimento, sua relação com
os jogadores, a criação de experiências interativas e quais passos devem
ser tomados para se tornar um designer de games.
2 Introdução ao design de games
[...] um jogo é uma atividade com regras. É uma forma de brincar que nor-
malmente, mas nem sempre, envolve conflito entre os jogadores, contra o
próprio jogo ou contra aleatoriedade/destino/sorte. A maioria dos jogos possui
objetivos, mas nem todos. A maioria dos jogos possui pontos iniciais e finais
estabelecidos, mas nem todos. A maioria dos jogos exige tomada de decisões
por parte dos jogadores, mas nem todos. Um jogo digital é um jogo (como
definido acima) que utiliza uma tela de vídeo de algum tipo, de alguma forma.
Introdução ao design de games 3
Com essa lista, podemos definir o termo “jogo digital” como um jogo
que possui essas qualidades e que utiliza alguma tecnologia digital, como
computadores ou celulares, como meio de interação com o jogador. Agora,
vamos estudar um pouco sobre os elementos que compõem um jogo digital.
Introdução ao design de games 5
A Tétrade Elementar
Segundo Schell (2014), existem diversas maneiras de dividir os elementos que
compõem um jogo. Uma dessas maneiras é a que ele chama de Tétrade Elementar,
que pode ser vista na Figura 1. Ela é composta por quatro elementos relacionados.
Uma boa prática para o game designer é tentar reconhecer as principais mecânicas de
jogos mais antigos, pois elas tendem a ser mais simples e ter elementos mais identificá-
veis. Essa prática também permite que o profissional entenda as decisões tomadas pela
equipe de desenvolvimento que resultaram nessas mecânicas. Analisemos algumas
das mecânicas básicas do jogo Super Mario Bros. (Nintendo, 1985), começando pelas
ações que o jogador pode realizar:
Introdução ao design de games 7
Classificação de jogos
Com a popularização de jogos digitais, naturalmente surgiram termos para
classificar qualquer jogo que não se encaixasse nessa definição. Alguns profis-
sionais utilizam o termo “jogo não digital” para estabelecer a distinção entre
os dois grupos, enquanto outros utilizam o termo “jogo de mesa”, oriundo
do inglês table top game. Como na área da engenharia elétrica e eletrônica é
comum a distinção entre sinais analógicos e digitais, o termo jogo analógico
começou a ganhar mais popularidade como oposto ao termo jogo digital. No
Introdução ao design de games 9
Plataformas
Quando falamos em plataformas, estamos definindo em qual hardware po-
demos jogar um jogo digital.
As plataformas para jogos digitais são:
É comum que jogos sejam desenvolvidos para mais que uma plataforma,
como PCs e consoles. Nesses casos, é necessário que o game designer planeje
as ações dos jogadores, pois os meios de interação entre o jogador e o har-
dware são específicos de cada plataforma. Essas peculiaridades e limitações
também devem ser levadas em consideração no momento de definir o tipo de
experiência que será criada para o jogador.
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Criação de experiências
Bruce Dickinson, vocalista da banda Iron Maiden, comentou (BRUCE..., 2017)
em uma entrevista que seu papel é de um contador de histórias e que ter se
tornado vocalista é apenas o meio que ele escolheu para conta-las. Caso não
pudesse cantar, escolheria outro meio, como o teatro ou a escrita. De modo
similar, o papel de um game designer é ser um criador de experiências que
escolheu os jogos, sejam analógicos ou digitais, como meio de expressar
sua arte. Caso os jogos não fossem uma possibilidade, é provável que game
designers optassem por outros meios, como se tornar diretor de cinema,
roteirista de peças de teatro ou projetista de montanhas-russas para parques
de diversões (antiga profissão de Jesse Schell).
Quando comparamos esses diferentes meios de proporcionar experiências,
podemos perceber que os jogos possuem um elemento que os diferenciam
dos demais: são uma mídia interativa e possuem uma relação direta com seu
expectador. Podemos definir mídias mais clássicas, como o cinema, como uma
mídia linear que cria uma experiência também linear. Mesmo que um filme
possa contar uma história por meio de uma narrativa não linear, a maneira
como ela é apresentada para o espectador é linear.
12 Introdução ao design de games
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Leitura recomendada
KAPP, K. M.; BOLLER, S. Core dynamics: a key element in instructional game design.
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