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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

CELSO SUCKOW DA FONSECA - CEFET/RJ

Os Resíduos sólidos, a legislação ambiental e o


Diagnóstico Socioambiental no bairro do Vidigal

Ricardo Ferreira da Silva

Rio de Janeiro
Junho de 2016
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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA


CELSO SUCKOW DA FONSECA - CEFET/RJ

Os Resíduos sólidos, a legislação ambiental e o


Diagnóstico Socioambiental no bairro do Vidigal

Ricardo Ferreira da Silva

Trabalho de conclusão de curso, para obtenção do grau


de Tecnólogo em Gestão Ambiental, do CEFET/RJ

Prof. Orientador: Teresinha Effren

Rio de Janeiro
Junho de 2016
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iii

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus orientadores que estando por aqui ou onde são necessários,
nunca faltaram em me auxiliar pelos caminhos do mundo.
A minha mãe Ana Lucia, minhas irmãs Luciana e Tatiana.
E ainda a minha namorada Valeria Lima...
Sem eles e elas, nenhum caminho me seria pleno.
iv

AGRADECIMENTOS

Um agradecimento é um ato de reconhecimento a todo e qualquer desdobramento que alguém


faz para além do seu momento. Geralmente, com o jeito de alento, que nos impele como o
vento, em direção a uma sina, obrigação ou refinamento, sem o qual, teríamos entraves, maze-
las ou impedimentos.

Compelido a reconhecer, de todo o bem querer, sou grato por todo e qualquer ato, que por
mim mentalizaram ou realizaram de fato.

Á Veronica Luz por ser compreensiva e amiga, por tudo agradeço. Que a vida a bendiga. Com
todo o apreço.
A Valeria Lima do Nascimento, minha namorada tão amiga, amada eterna companheira de
vida e caminhada.
À Luciana e Tatiana, minhas queridas irmãs, que sempre iluminam meus dias com muitos
afãs.
À Ana Lucia, para mim o símbolo das lutadoras campeãs. Eterno estímulo e amparo de todas
as manhãs. Por demais sou suspeito ao dizer. Afinal, é minha mãe, como não agradecer?
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RESUMO

A partir do diagnóstico socioambiental do Vidigal, bairro situado na zona sul do município do


Rio de Janeiro, foi possível encontrar Fortalezas e Fraquezas na execução da legislação ambi-
ental. Tais conceitos são definidos a partir da matriz SWOT (ou FOFA), ferramenta adotada
para a tabulação do diagnóstico. A partir da situação encontrada, surgiram elementos que pos-
sibilitarão compor um plano de ação para a mitigação das vulnerabilidades encontradas.

Palavras chave: Saúde Ambiental - Monitoramento Ambiental - Vigilância Sanitária Ambi-


ental
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ABSTRACT

From the environmental diagnosis of Vidigal, district located in the southern part of the mu-
nicipality of Rio de Janeiro, it was possible to find strengths and weaknesses in the implemen-
tation of environmental legislation. These concepts are defined from the SWOT matrix (or
SWOT) adopted tool for tabulating diagnosis. From the found situation arose elements that
make it possible to compose a plan of action to mitigate vulnerabilities found.

Keywords: Environmental Health - Environmental Monitoring - Environmental Health Sur-


veillance
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
1.1 MOTIVAÇÃO ........................................................................................................... 1
1.2 JUSTIFICATIVA...................................................................................................... 3
1.3 OBJETIVOS .............................................................................................................. 6
1.4 METODOLOGIA E TRABALHO REALIZADO ................................................ 6
2 ASPECTOS TÉCNICOS E LEGAIS .................................................................................. 8
2.1 SITUAÇÃO NORMATIVA-LEGAL ...................................................................... 8
2.2 DIMENSIONAMENTO DO DIAGNÓSTICO .................................................... 33
2.2.1 DIMENSÃO FÍSICA .................................................................................. 34
2.2.2 DIMENSÃO AMBIENTAL....................................................................... 38
2.2.3 DIMENSÃO CULTURAL ......................................................................... 41
2.2.4 DIMENSÃO TÉCNICA ............................................................................. 42
2.2.5 DIMENSÃO DE SAÚDE E SANITÁRIA ................................................ 44
2.2.6 DIMENSÃO SOCIOECONÔMICA......................................................... 45
2.3 INDICADORES ...................................................................................................... 46
3 A MATRIZ SWOT E SUA APLICAÇÃO ........................................................................ 48
4 DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 53
4.1 DISCUSSÃO ............................................................................................................ 53
4.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 61
GLOSSÁRIO .......................................................................................................................... 67
viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estação Elevatória do Vidigal ................................................................................... 12


Figura 2: Estação Elevatória do Leblon ................................................................................... 13
Figura 3: Caçamba com resíduos de poda de árvores, lixos eletrônicos no ponto de coleta na
avenida principal. Fonte: O próprio autor. 2015 ...................................................................... 19
Figura 4:Caçambas de coleta na avenida principal, na porção mediana do bairro, com danos
estruturais. Fonte: O próprio pesquisador. 2015 ...................................................................... 22
Figura 5: Resíduos dispostos de modo irregular, próximo ao campo de futebol. .................... 23
Figura 6: Coletor de águas pluviais com resíduos. ................................................................... 24
Figura 7: Localização do bairro por Satélite. ........................................................................... 35
Figura 8: Contêineres de coleta em outro trecho da avenida principal. ................................... 36
Figura 9: Compactador de resíduos no ponto central de coleta do bairro. ............................... 37
Figura 10: vista a partir do bairro. ............................................................................................ 39
Figura 11: pista de corrida da Vila olímpica. ........................................................................... 40
Figura 12: Entrada do PARNA Tijuca (região integra este parque Nacional). ........................ 40
Figura 13: Mapa da vegetação do bairro. ................................................................................. 41
Figura 14: Outro ponto do córrego com folhas e resíduos. ...................................................... 43
ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Balneabilidade das parias da zona sul carioca (adaptado do INEA). ....................... 13
Tabela 2: volumes de chuva no bairro. ..................................................................................... 38
Tabela 3: Matriz FOFA - INTERNA ....................................................................................... 49
Tabela 4: Matriz FOFA - EXTERNA ...................................................................................... 51
x

Lista de Gráficos

Gráfico 1: Série histórica de medições pluviométricas ........................................................................ 38


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CAPITULO 1

1 Introdução

O ser humano é um animal social. A partir desta afirmação, Aristóteles, em seu livro
A Política, atribui a humanidade a característica elementar de buscar conviver em conjunto.
Isto se evidencia através da história em várias civilizações. E estas informações chegam até a
atualidade devido aos relatos escritos que deixaram para trás. Ainda com Aristóteles, surge o
conceito de cidadão com sendo aquele que habita a cidade. Segundo Eigenheer (2009), as
civilizações antigas se defrontavam com estes problemas e atualmente isso se agrava nas ci-
dades modernas com o crescimento populacional, ocasionando um consequente aumento de
resíduos gerados. Segundo a ABRELPE (2014), no Brasil são produzidas cerca de 78.583.405
toneladas de resíduos por ano e apenas 52,5% são coletados ou tratados na região sudeste,
para 22,2% na região nordeste, 10,8% na região sul, 8,1% na região centro-oeste e 6,4% na
região norte.

Maior e Cândido (2014) corroboram esta ideia ao anunciar que o adensamento popu-
lacional origina os aglomerados urbanos, os quais criam locais de aumento de temperatura,
aumento das emissões de gases oriundos de veículos e indústrias, lançamento de efluentes
entre outras formas de poluição. Neste contexto, surgem locais cuja infraestrutura (serviços
essenciais como saneamento básico, energia elétrica, coleta de lixo, ações de saúde pública) é
precária ou inexistente, o acesso é difícil (pelo declive ou pela distância), além de estarem
expostos a problemas de violência em vários níveis. Estas condições estão intimamente asso-
ciadas ao poder aquisitivo destas populações, que via de regra, é hipossuficiente.

1.1 Motivação

O ano de 2015 possui características atípicas de todos os anteriores. Isso se deve pelo
fato de estar situado entre dois eventos internacionais que trazem uma exposição do Brasil, e
em especial o município do Rio de Janeiro. Em 2014 ocorreu a Copa do Mundo de Futebol, e
2

em 2016 ocorrerá a 31ª edição dos jogos Olímpicos da Era Moderna. Tal evento traz os holo-
fotes da mídia internacional para o país e para o município.

Desta forma, é de suma importância que a cidade esteja preparada para atender as
demandas atuais e futuras, as quais surgirão, quer seja para atendimento a logística necessária
para os eventos, quer seja para apresentar nossa sociedade ao mundo, em suas atividades coti-
dianas. Estas, vão desde o atendimento às leis até a recepção aos turistas, fator que atende a
vocação natural do município do Rio de Janeiro, que em 2014 recebeu 6,4 milhões de turistas
(BRASILIA, 2015). A expectativa para o período das Olimpíadas, é que a cidade receba entre
300 mil e 500 mil turistas. Sendo o Rio de Janeiro uma cidade plural, no sentido de ter várias
peculiaridades e necessidades derivadas das demandas sociais por transporte de qualidade,
preservação ambiental, segurança entre outras. Assim, o atendimento à legislação, além de ser
um elemento fundamental e obrigatório ao funcionamento de qualquer cidade moderna, é de
supra importância para que neste período, a cidade do Rio de Janeiro possa suprir as necessi-
dades da população, dos turistas e para o funcionamento dos jogos. Todas estas demandas
devem estar em consonância com o plano diretor da cidade, estipulado na Lei Complementar
111 de 1º de fevereiro de 2011 (RIO DE JANEIRO, 2011).

Tendo como objeto deste trabalho o diagnostico socioambiental do bairro do Vidigal,


que motivado pelas presentes necessidades de desenvolvimento da cidade e em atendimento
às demandas acima citadas, pretende atender ao proposto pela citada lei. Corroborando com
tal proposta, incluem-se as leis 6.938 de 1981, - Política Nacional de Meio Ambiente, 9.795
de 1999 – Política Nacional de Educação Ambiental, 11.445 de 2007 – Política Federal de
Saneamento Básico, 12.305 de 2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos, além da Consti-
tuição Federal de 1988. A necessidade do planejamento do uso do solo, a preservação do am-
biente, o desenvolvimento sustentável, a integração social, a disponibilização dos serviços
públicos de modo equânime são os pressupostos que fundamentam a ação estatal de modo a
garantir a dignidade humana e os demais direitos civis à população.
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1.2 Justificativa

A gestão de resíduos é uma ferramenta determinante para a redução dos impactos ge-
rados pela presença humana. Uma etapa de suma importância é o diagnóstico ambiental, que
neste caso tem como seu objeto o bairro do Vidigal. E como resultado, tem-se um conjunto de
ações a serem adotadas objetivando a mitigação ou compensação destes impactos. O bairro do
Vidigal recebe este nome graças ao ex-comandante da Polícia do Estado do Rio de Janeiro,
major Miguel Nunes Vidigal, o qual, no século XIX recebeu suas terras dos monges benediti-
nos por serviços prestados em 1820. Situado na zona sul do município do Rio de Janeiro, en-
contra-se entre os bairros do Leblon (a nordeste), São Conrado (a oeste), Rocinha (ao norte) e
o Oceano Atlântico (a Leste). Por apresentar uma vista privilegiada, se mostra como área de
valorização imobiliária. A região, inicialmente atravessou fases turbulentas através dos tem-
pos. A partir de 1940, a região foi povoada por construções irregulares (TEPEDINO, 2007).

Durante o período militar, houve uma tentativa de remoção dos moradores para a
construção de condomínios de luxo. Os moradores, organizados como associação, receberam
apoio da sociedade, dos juristas Sobral Pinto e Bento Rubião e de advogados da Pastoral das
Favelas, resistindo assim às ações do governo, o qual veio a retroceder e manteve a comuni-
dade na região. Em 1978, o governador Chagas Pinto desapropria a região em benefício dos
moradores. Em 1980, o Papa João Paulo II visitou a região e reconheceu a mesma como um
marco da resistência das favelas, doando seu anel a comunidade (TEPEDINO, 2007).

A história das favelas e comunidades se assemelha muito entre si. Em sua pública-
ção, “A Gênese da Favela Carioca: A produção anterior às Ciências Sociais” Valladares
(2000) apresenta a ideia por trás do conceito de favela: “a denominação morro da Favella vem
revestida de um forte conteúdo simbólico que remete à resistência, à luta dos oprimidos contra
um oponente forte e dominador”. Antes as habitações eram feitas de madeira (barracos). To-
davia, melhorias foram feitas. Os barracos deram lugar a casas de alvenaria.

Com a Lei Municipal 2.704/98, a então favela do Vidigal passa a ser definida como
Área de Interesse Social, e a partir da regulamentação dada pelo decreto 33.352 de 2011, que
reconhece o Vidigal como bairro carioca. Tais alterações estão em consonância com a lei
complementar 111/2011 que institui o Plano Diretor do Município do Rio de Janeiro. O pro-
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grama da Prefeitura do Rio de Janeiro intitulado Rio+Social promove ações de urbanização e


suas respectivas manutenções. São elas:

 Banho de Luz - Secretaria Municipal de Conservação - Rio Luz - Programa de reformula-


ção e implantação de iluminação pública, troca os equipamentos de iluminação por outros
mais eficientes e realiza a implantação de novos pontos de luz onde antes não havia luminá-
rias.
 Programa Mutirão Reflorestamento - Secretaria Municipal de Meio Ambiente - O pro-
grama recruta plantadores na comunidade com o objetivo de plantar mudas em áreas degrada-
das.

 Vamos Iluminar - Secretaria Municipal de Conservação - Rio Luz -Equipes da Rio Luz
atuam regularmente na manutenção da iluminação pública e substituição de lâmpadas. No
Vidigal, foi feita a correção de pontos apagados e de lâmpadas acesas durante o dia.

 Sistema Alerta Rio - Defesa Civil - Sistema de alerta comunitário desenvolvido pela De-
fesa Civil, inaugurado e em funcionamento no Vidigal tem o objetivo de reforçar a atuação
em casos de urgências e se utiliza de tecnologias oportunas na prevenção de desastres natu-
rais. O sistema utiliza sirenes acionadas remotamente do Centro de Operações da Prefeitura
sempre que o índice pluviométrico de uma região chega a 40mm em 1 hora e alerta a popula-
ção para se dirigir a um ponto de apoio. Serve-se também de aparelhos celulares cedidos pela
Prefeitura, que recebem SMS (torpedos) com alertas em caso de ocorrências de chuvas. Con-
tam com representantes da comunidade treinados.

 Vila Olímpica - Secretaria Municipal de Esporte e Lazer - Reforma de espaço que conta
com pista de atletismo, piscina, quadras esportivas e campo de futebol, além de atividades
gratuitas de esporte.

 Rio em forma Olímpico - Secretaria Municipal de Esporte e Lazer - Uma unidade atende
até 640 idosos e crianças. O Projeto Rio em Forma Olímpico realiza atividades esportivas,
culturais, sociais e de saúde, dentro das comunidades. Através das oficinas, tem o objetivo de
agregar novos conhecimentos e valores éticos.
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 Escola do amanhã - Secretaria Municipal de Educação - O Programa Escolas do Amanhã


representa um conjunto de ações envolvendo Educação, da Saúde, Assistência Social, Despor-
to, Arte e Cultura, voltadas à realidade de 151 escolas do ensino fundamental, em áreas vulne-
ráveis do Rio de Janeiro. Programa implantado nas Escolas Municipais Almirante Tamandaré
e Djalma Maranhão, localizadas em área de UPP.

 Cartão Família Carioca - Secretaria Municipal de Assistência Social - Programa de com-


plementação de renda para as famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família, em situação
de extrema pobreza e com renda per capita abaixo de R$ 108,00.

 Família Carioca em Casa - Secretaria Municipal de Assistência Social - Programa que


realiza o acompanhamento sistemático das famílias, em situação de extrema pobreza que são
beneficiárias do Cartão Família Carioca.

 Estratégia Saúde da Família - Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil - Parte do


Programa Saúde Presente, de atenção integral às famílias, o Estratégia Saúde da Família pro-
move, contínua e permanentemente, a saúde em territórios pré-definidos, com disponibilidade
de cuidados primários, voltados às necessidades da população. Na comunidade, implantou-se
o programa no Centro Municipal de Saúde Doutor Rodolpho Perrisè, com três Equipes de
Saúde da Família e três, de Saúde Bucal, que atendem o Vidigal.

 Prevenção em área de risco - Geo-Rio - Realização de mapeamento de áreas que apresen-


tam risco de desabamento em toda a região da UPP e elaboração de projeto executivo de con-
tenção.

 Contenção de Encostas - Geo-Rio - Obra de contenção de encosta concluída na comuni-


dade do Vidigal, na Rua Major Toja Martinez, e em curso em alguns pontos da Chácara do
Céu, com investimento total de R$ 2,8 milhões.

O presente trabalho tem por objetivo apresentar um diagnóstico socioambiental do


Bairro do Vidigal, em atendimento a avaliação da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso,
dentro da perspectiva do gerenciamento integrado dos resíduos sólidos na região.
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1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Realizar o diagnóstico socioambiental e a partir deste, fornecer elementos para o de-


senvolvimento de um plano de ação utilizando por base os resultados da matriz SWOT, dis-
seminando as FORTALEZAS, incorporando as OPORTUNIDADES, combatendo as FRA-
QUEZAS e evitando as AMEAÇAS.

1.3.2 Objetivos Específicos

 Analisar como o poder público fiscaliza o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos,
recursos hídricos e as condições de saneamento ambiental;
 Compreender o atual panorama de atuação do poder publico gerencia os serviços sociais
em consonância com a legislação ambiental vigente.
 Identificar irregularidades no quotidiano do bairro e propor as correções pertinentes.

1.4 Metodologia e Trabalho Realizado

Para fazer o diagnóstico, a metodologia adotada foi a exploratório descritiva, devido


a necessidade de conhecer a realidade do bairro, em seu cotidiano, sem fazer quaisquer inter-
venções no ambiente. Como equipamento, foi utilizado para realizar as fotos um celular mo-
delo MOTO X de 2013, com câmera de 10 megapixels Full HD, tela de 4,7” e processador
Qualcomm MSM8960 Snapdragon S4 Pro Dual Core, com GPS embutido, de uso do próprio
pesquisador.

O equipamento foi utilizado para a realização das fotos, mapeamento por GPS atra-
vés do aplicativo nativo Google Mapas, assim como, realizar anotações em tempo real. As
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incursões no bairro ocorreram no período entre agosto e setembro de 2015. Para a busca do
referencial teórico, foram utilizadas as bases SCIELO e LILACS.

Como critério de inclusão, adotou-se a busca por assunto com as palavras chave “di-
agnóstico socioambiental”, “favela” combinada com ”resíduos sólidos”, “comunidade” com-
binada com “resíduos sólidos” e “gerenciamento de resíduos”, num período temporal compre-
endido entre 2010 e 2015.

Como critérios de exclusão, artigos que não tratassem localidades brasileiras por
possuírem características culturais, climáticas e políticas distintas da nossa realidade. Buscas
realizadas utilizando-se como termo de busca “Vidigal” não retornaram resultados. Para a
fundamentação técnica, a consulta aos sites do IBGE, Prefeitura do Município do Rio de Ja-
neiro, Ministério das cidades, COMLURB foram fundamentais para a consolidação das in-
formações, bem como o embasamento para as discussões apresentadas em capítulo a parte.
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CAPITULO 2

2 ASPECTOS TÉCNICOS E LEGAIS

A partir do levantamento de dados primários e secundários foi possível obter infor-


mações suficientes para analisar o estado atual do bairro em relação às normas técnicas e le-
gislação pertinente.

Para a tabulação dos dados, optou-se pela matriz FOFA ou SWOT, onde a finalidade
é detectar pontos fortes e fracos de uma empresa, com o objetivo de torná-la mais eficiente e
competitiva, corrigindo assim suas deficiências. A adaptação do método para o projeto se
mostrou eficiente por estabelecer um paralelo entre o bairro, em sua organicidade e uma em-
presa cuja finalidade é sua integração com os demais bairros do entorno.

2.1 Situação Normativa-Legal

Lei Federal 9795/99 - Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA)

Ações de educação ambiental, além de estarem previstas na Política Nacional de


Educação Ambiental são fundamentais para manter o uso coerente do solo, dos recursos natu-
rais e de modo a permitir a plena participação social em seus variados aspectos (BRASIL,
1999).

O art. 3º desta lei apresenta a Educação Ambiental como um direito que deve ser in-
tegrado a ações do Poder Público, nos termos da Constituição Federal (art. 205 e 225), da
educação formal e na participação popular visando a conservação e melhoria do meio ambien-
te.
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Estas ações podem contar com a participação de instituições educacionais, empresas


públicas e privadas, além de entidades de classe visando a capacitação tanto de trabalhadores
quanto dos demais componentes da população (desempregados, estudantes, aposentados).
Tais ações conjuntas contribuem tanto para a integração de todos os componentes da socieda-
de, quanto para a identificação de situações problema, contribuindo para que os procedimen-
tos sejam pró-ativos, proporcionando economia de recursos materiais, humanos e de tempo.

Conforme apresentado no art. 4º desta Política, o enfoque humanista, holístico, de-


mocrático e participativo tornam as particularidades do bairro mais evidentes e precisas, de
modo a garantir que estas ações sejam mais eficientes (melhor forma de agir) e eficazes (me-
lhores opções para resolução de problemas).

Ainda, a apresentação das relações entre meio ambiente, economia e questões sociais
como sendo interdependentes é um fator preponderante para que a ampla participação de to-
dos os integrantes do bairro possam ser membros atuantes na mudança de hábitos em relação
ao ambiente. Fornecer meios para que a população perceba os impactos positivos e negativos
que cada ação (individual e coletiva) traz para o ambiente local, regional e global.

Este diagnóstico do bairro, com a consequente proposta de ações em Educação Am-


biental voltadas a mitigar os problemas identificados, a divulgação destes resultados e a apre-
sentação dos indicadores são fundamentados pelo art. 5 da presente Política, bem como a ne-
cessidade de apoio ao desenvolvimento de tais ações.

No art. 13º, tem-se a apresentação do conceito de educação ambiental não-formal,


como sendo o conjunto de práticas voltadas a sensibilização da coletividade sobre as questões
ambientais. Esta é a estratégia recomendada para a abordagem do tema junto ao bairro, fun-
damentada pelas peculiaridades sociais da região. Ainda neste artigo, em seu parágrafo único,
é apresentada a necessidade de incentivo a estas ações, cuja competência cabe aos governos
Federal, Estadual e Municipal, de modo a difundí-las através de variadas formas de comuni-
cação em massa, participação de instituição de educação e pesquisa e empresas públicas e
privadas. Tais ações devem estar vinculadas a um programa de educação ambiental a fim de
sensibilizar a sociedade quanto a necessidade da manutenção da área de preservação ambien-
tal existente no bairro.
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O município do Rio de Janeiro possui o Programa de Educação Ambiental (Progra-


ma Municipal de Educação Ambiental - ProMEA-Rio) (RIO DE JANEIRO, 2014) que se
constituiu através de workshops. Como o bairro está inserido na região conhecida como AP-2,
a reunião ocorreu no Auditório do Centro de Ciências Humanas da UNIRIO, situado na Av.
Pasteur, 458 – URCA, no dia 04/11/2014. Além deste, há o Programa de Reflorestamento da
Cidade do Rio de Janeiro, que teve seu auge em 2013 e está previsto para conclusão em 2016,
e teve por objetivo o reflorestamento de diversas áreas do município com espécies nativas.
Contudo, com a proximidade da data final, é necessário que ações de monitoramento e diag-
nóstico sejam realizadas. O presente trabalho corrobora com esta necessidade.

Cabe ressaltar que o ano de 2016, por incremento dos jogos Olímpicos, a vocação tu-
rística da cidade terá grande possibilidade de aporte financeiro devido ao ecoturismo na regi-
ão.

Lei Federal 6.938/81 - Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA)

A Política Nacional de Meio Ambiente precisa ser acrescida à realidade deste traba-
lho devido o seu art. 2º, o qual atribui à presente lei seu objetivo que é a preservação, melho-
ria e recuperação da qualidade ambiental, visando entre outras questões, promover condições
ao desenvolvimento socioeconômico e à dignidade da vida humana. Utilizando-se ações go-
vernamentais na manutenção do equilíbrio ecológico e preconizando o ambiente como patri-
mônio público, sendo portanto, imprescindível preservá-lo (BRASIL, 1981).

O presente trabalho atende as demandas apresentadas pelo mesmo art. 2º, em seus
incisos III, VI, VII e X, ao ser desenvolvido um instrumento de acompanhamento das condi-
ções ambientais e buscando apresentar ações de educação ambiental visando a implementação
de melhores práticas da comunidade junto ao ambiente.

Como descrito no art 4º desta Política, o desenvolvimento e as interações socioeco-


nômicas devem estar em consonância com a preservação da qualidade do ambiente e o equilí-
brio das relações ecológicas. Além disso, a inclusão de novas tecnologias e pesquisas voltadas
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para a racionalização dos recursos ambientais, bem como a difusão destas informações e tec-
nologias.

Tais elementos devem ser consonantes com a formação de uma mudança de para-
digma junto ao comportamento da população, de forma a preservar e restaurar o meio ambien-
te, associados ao uso racional dos recursos ambientais, responsabilizando o poluidor e ao pre-
dador destes recursos pelo seu uso.

O art. 5º desta Política, em seu parágrafo único, estipula a condição para que as ativi-
dades públicas ou privadas estejam de acordo com as diretrizes desta Política. E o art. 9º apre-
senta, como seus instrumentos, dentre outros, padrões de qualidade ambiental e avaliação de
impactos ambientais, além de incentivos à produção e instalação de equipamentos e tecnolo-
gias voltados a melhoria da qualidade ambiental e as penalidades disciplinares ou compensa-
tórias imputáveis aos responsáveis pelo não cumprimento destas diretrizes. Este trabalho está
em consonância com esta Política e colabora para a sua execução.

Lei 11.445/07 - Política Federal de Saneamento Básico (PFSB)

A Política Federal de Saneamento Básico em seu art. 2º se fundamenta a partir da in-


tegralidade dos serviços de saneamento, propiciando à população o atendimento às suas ne-
cessidades, maximizando a eficácia das ações e resultados. Incluídos o abastecimento de água,
esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos objetivando a saúde pú-
blica, segurança à vida e a proteção ao meio ambiente, drenagem, manejo das águas pluviais
de modo a garantir além dos objetivos anteriores, a propriedade (BRASIL, 2007).

O uso de métodos e técnicas adequados às peculiaridades do local, articuladas às Po-


líticas públicas de desenvolvimento urbano e regional em suas variadas vertentes socioambi-
entais de modo a garantir a segurança da população, qualidade e regularidade dos serviços
prestados são ainda outros princípios fundamentais desta Política. A interlocução desta Políti-
ca com as demais é uma demanda necessária, constante em seus princípios, dentre os quais se
pauta este trabalho.
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Em seus arts. 6º e 7º, a Política Federal de Saneamento Básico se refere ao lixo como
resíduo sólido urbano quando seu manejo não for de responsabilidade do gerador, portanto
cabendo a COMLURB sua adequada, varrição, coleta, triagem, destinação, transbordo, trata-
mento e disposição final, no município do Rio de Janeiro.

Conforme consta no Plano Municipal de Saneamento Básico, não há estação de tra-


tamento de esgoto sanitário na zona sul do município. O bairro do Vidigal possui uma estação
elevatória de esgoto situada na av. Niemeyer (a qual não consta no mapa do Plano Municipal
de Saneamento Básico)(figura 1). O esgoto é levado até a estação elevatória do Leblon (EE
11) (figura 2), e depois conduzido até o emissário submarino de Ipanema.

Todavia, em períodos de elevados índices pluviométricos (período chuvoso), não ra-


ro é possível observar o transbordo da rede coletora do bairro com o arrasto de resíduos pela
via principal, chegando até a av. Niemeyer e consequentemente, com o deságue do excedente
no costão rochoso da mesma avenida. A poluição alcança a água do mar, contaminando prin-
cipalmente a praia de São Conrado, e eventualmente a praia do Vidigal e o Leblon.

Figura 1: Estação Elevatória do Vidigal


Fonte: Street View do Google

O art. 10º, inciso I, item b, prevê ações de cooperativas complementares ao serviço


de coleta, desde que previamente autorizados. Neste sentido, a organização da associação de
moradores pode atuar de modo a viabilizar a coleta seletiva visando a reciclagem e a geração
de renda. Tal proposta é fortalecida quando culminada com os arts. 47º e 49º, ao apresentar
como elemento determinante da aplicação desta Política o controle social visando a prestação
mais eficiente e eficaz dos serviços de coleta, buscando gerar renda, fomentar o desenvolvi-
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mento e integração social com ações protetivas à saúde da população, ao desenvolvimento


econômico e a proteção ao meio ambiente.

Figura 2: Estação Elevatória do Leblon


Fonte: Programa de Saneamento dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (PSAM)

Considerando as informações obtidas através do INEA sobre a balneabilidade anual


das praias da zona sul carioca, conforme observado na tabela 1, destacam-se as condições da
praia de São Conrado.

Tabela 1: Balneabilidade das parias da zona sul carioca (adaptado do INEA).


2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Leblon Má Regular Boa Boa Regular Regular Má Regular Regular Regular Regular Regular Regular Má Regular Regular
São Conrado Má Boa Boa Regular Regular Má Má Má Péssima Péssima Péssima Péssima Péssima Péssima Péssima Péssima
Vidigal Má Má Boa Boa Boa Boa Boa Boa Boa Boa Boa Regular Regular Má Regular Regular

Otima MÁXIMO DE 250 NMP/100ml COLIFORMES FECAIS OU 25 NMP/100 ml ENTEROCOCOS EM 80% OU MAIS DO TEMPO.
Boa MÁXIMO DE 1.000 NMP/100ml COLIFORMES FECAIS OU 100 NMP/100 ml ENTEROCOCOS EM 80% OU MAIS DO TEMPO, EXCETO AS ÓTIMAS
Regular MÁXIMO DE 1.000 NMP/100ml COLIFORMES FECAIS OU 100 NMP/100 ml ENTEROCOCOS EM 70% OU MAIS DO TEMPO E MENOS DE 80% DO TEMPO.
Má MÁXIMO DE 1.000 NMP/100ml COLIFORMES FECAIS OU 25 NMP/100 ml ENTEROCOCOS EM 50% OU MAIS DO TEMPO E MENOS DE 70% DO TEMPO
Péssima PRAIAS QUE NÃO SE ENQUADRAM NAS CATEGORIAS ANTERIORES. NÚMERO DE RESULTADOS INSUFICIENTE PARA A QUALIFICAÇÃO

A praia de São Conrado é a única da região estudada que apresenta balneabilidade


classificada 8 vezes consecutivas como Péssima e 4 vezes classificada como Má. Cabe ressal-
tar que esta praia também recebe esgoto da Rocinha através de ligações clandestinas. Contu-
do, não se pode deixar de considerar a contribuição do bairro do Vidigal como local adjacente
a região. Maricato (2000) já alertava para os problemas das águas servidas e esgoto sem tra-
tamento, oriundos de comunidades, serem lançados em corpos hídricos ou em locais de baixa
valorização imobiliária.
14

Lei 12.305/10 - Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)

A Política Nacional de Resíduos Sólidos consolida as demais políticas ao apresentar


seus fundamentos, presentes no art. 6º, onde prevê o princípio da prevenção e da precaução, o
poluidor-pagador e o protetor-recebedor, na necessidade da visão sistêmica no que tange às
demandas da gestão de resíduos, considerando as variáveis ambiental, social, cultural, econô-
mica, tecnológica e de saúde pública. Incorporando desta maneira o conceito de sustentabili-
dade e ecoeficiência ao buscar a compatibilização entre fornecimento, custo, bens e serviços
que atendam as necessidades humanas de modo a garantir a dignidade e qualidade de vida,
reduzir impactos ambientais e o consumo de recursos ambientais. Na prática, esta política
apresenta a possibilidade de encontrar soluções economicamente viáveis, socialmente justas e
ambientalmente corretas (BRASIL, 2010).

Ainda, atribui aos resíduos sólidos, valor agregado, além de possibilidades de reuso e
reciclagem como alternativas preferíveis ao descarte; responsabiliza de modo compartilhado
todos os envolvidos na cadeia produtiva envolvida no consumo, desde a produção até o con-
sumidor e a partir deste, o descarte para a coleta. O reconhecimento das diversidades locais e
regionais, assim como a necessidade de controle social, da divulgação de informações a res-
peito tanto do produto como de toda logística envolvida, da coleta à disposição final do resí-
duo, são características fundamentais desta lei, que abre um espaço importante na tomada de
decisão ao reunir todos os interessados, desde as esferas de poder, empresários e cidadão.

Como os objetivos desta Política encontram-se em consonância com as demais polí-


ticas já apresentadas, tem-se a proteção à saúde pública e do ambiente, reconhecendo que a
sociedade e o meio ambiente possuem relações indissociáveis de modo diretamente proporci-
onal. O fomento e a incorporação de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e
serviços de modo a alcançar prioritariamente nesta ordem: a não geração de resíduos, a redu-
ção, a reutilização, a reciclagem e o tratamento dos resíduos.

Estes são objetivos que merecem uma reflexão, posto que numa sociedade voltada
para a aquisição de bens, ou melhor dizendo, consumo, como sendo a referência de cresci-
15

mento econômico e sucesso social. A necessidade de reduzir a retirada de recursos ambientais


e toda a cadeia de processos envolvida neste padrão cria um entrave com a necessidade desta
sociedade que é cada vez mais incentivada para consumir produtos que durem cada vez me-
nos. Quanto menos duram, mais resíduos são gerados. Assim, o modelo social é que está
promovendo a necessidade de maiores investimentos em gestão de resíduos. Desta forma, este
trabalho contribui positivamente neste sentido, em nível local.

A necessidade de desenvolver novas tecnologias que gerem menos resíduos e con-


sumam menos recursos está incluída entre seus objetivos; optar por produtos que sejam me-
nos nocivos à saúde da população e do ambiente; o incentivo à reciclagem e à gestão integra-
da, a capacitação técnica continuada, a regularidade, continuidade, funcionalidade e universa-
lização economicamente viáveis estão presentes no art. 7º desta Política e fundamentam o
desenvolvimento deste trabalho.

São instrumentos desta lei a coleta seletiva, a logística reversa, a criação de coopera-
tivas, o monitoramento e a fiscalização ambiental e sanitária com cooperação técnica e finan-
ceira entre os setores públicos e privados, além da incorporação de tecnologias e o fomento a
pesquisas a fim de promover o equilíbrio entre as relações sociais, econômicas e ambientais,
além da promoção da educação ambiental em suas várias formas.

O art. 9º reforça que os princípios da não geração, redução, reutilização, reciclagem e


tratamento dos resíduos devem ser prioridades na gestão e gerenciamento dos resíduos sóli-
dos. E no art. 10º, tem-se a competência dos municípios de adotarem a gestão integrada dos
resíduos de modo sinérgico com a responsabilidade do gerador.

O art. 13º classifica os resíduos de acordo com a sua natureza e origem. Todavia, o
escopo deste trabalho abrange o resíduos classificado nos itens “a” (resíduos domiciliares),
“b” (resíduos de limpeza urbana),”c” (resíduos sólidos urbanos) e “d” (resíduos comerciais e
prestadores de serviço). Todos os resíduos incluídos são classificados como não perigosos.
Foram excluídos os resíduos de construção civil e de serviços de saúde (pela existência do
posto de saúde), por possuírem características especiais e necessidades específicas de logísti-
ca.
16

É necessário que se incluam a esta classificação a norma ABNT 10.004:2004 – Clas-


sificação de Resíduos Sólidos, a qual se refere a estes resíduos como não Perigosos, conforme
apresentado no anexo H desta norma. Ainda, como não há separação dos resíduos no gerador
(domicílio), existem resíduos classificados como perigosos, tais como lâmpadas, pilhas e al-
guns eletrônicos, reforçando a necessidade de ações de educação ambiental e de coleta seleti-
va. Tais elementos são descritos no art. 33º, onde são atribuídas as responsabilidades do gera-
dor.

O art. 19º se refere ao Plano Municipal de Gestão integrada de resíduos sólidos, onde
se destaca a necessidade de execução de diagnóstico da situação de resíduos sólidos no local,
desenvolvimento de ações e programas de educação ambiental, metas de redução de resíduos,
reutilização, coleta seletiva e reciclagem, ações corretivas e preventivas. Este trabalho colabo-
ra positivamente com o plano municipal de gestão de resíduos.

O §1º do art. 27 da presente lei ressalta que é responsabilidade individual pelos danos
que possam ser causados pelos resíduos por estes gerados. Contudo, para resíduos domicilia-
res, o gerador tem sua responsabilidade cessada após correta disposição dos resíduos para a
coleta. Desta forma, reforça-se a ideia que locais corretos para a destinação final destes resí-
duos é um dispositivo legal a ser implementado.

No art. 35º, fica evidenciada a necessidade de revisão e de implementação de locais


corretamente adaptados a realidade dos resíduos do bairro, para que estes sejam acondiciona-
dos corretamente e de modo diferenciado, separando os recicláveis e reutilizáveis. E no art.
47º, em seu item I, se refere a proibição do lançamento dos resíduos em praias e no item II, o
lançamento in natura. Tais situações são observáveis no bairro devido a falta de locais ade-
quadamente adaptados às necessidades do bairro. E no art. 51º, as consequências destas infra-
ções são descritas, baseadas nas ações ou nas omissões dos geradores.
17

Decreto 21.305/02 - Regulamenta a Lei n.º 3.273, de 6 de setembro de 2001, que dispõe
sobre a Gestão dos Serviços de Limpeza Urbana

Em seu art. 1º, este decreto atribui à Companhia Municipal de Limpeza Urbana
(COMLURB) a responsabilidade da gestão do sistema de Limpeza Urbana no Município do
Rio de Janeiro, e em seu art. 2º, torna-a a empresa responsável pelo comprimento do disposto
na lei municipal 3.273/01 (RIO DE JANEIRO, 2002).

Todas as etapas e a logística necessária ao que seja relacionado aos resíduos sólidos,
desde a sua coleta até sua disposição final, incluindo a terceirização, fiscalização, elaboração
e regulamentação das atividades de limpeza neste município, conforme seu art. 3º. Neste
mesmo artigo, os itens VI ao IX se destacam particularmente em relação a este trabalho, pois
estabelecem a competência desta empresa de implantar, promover e incentivar programas de
redução de resíduos e a implantação de centrais de separação e classificação destes materiais,
tornando as centrais de separação e reciclagem uma realidade a ser alcançada. E no art. 4º,
fica atribuída a COMLURB e aos agentes de Fiscalização da Limpeza Urbana a competência
de fiscalizar e aplicar multas de acordo com os termos do art 5º da lei 3.273/01.

Lei Municipal 3.273/01 - Gestão do Sistema de Limpeza Urbana no Município do Rio de


Janeiro

A lei municipal 3.273 de 2001 trata da Gestão do Sistema de Limpeza Urbana no


Município do Rio de Janeiro. Desta forma, possui o atributo de normatizar as atividades liga-
das ao sistema municipal de limpeza urbana da cidade, o qual é definido como o conjunto de
meios físicos, materiais e humanos que possibilitam a execução da limpeza da cidade de acor-
do com o que é preconizado pelas orientações da engenharia sanitária e ambiental (RIO DE
JANEIRO, 2001).

A atividade de limpeza propriamente dita fica definida como toda e qualquer ação de
caráter técnico-operacional necessária à logística envolvida, desde a coleta, manuseio, remo-
ção de resíduos de vias públicas, separação, valorização, destinação, tratamento, disposição
final, regulamentação, fiscalização e monitoramento. Tais definições estão apresentadas no
art. 1º desta lei, estabelecendo as necessidades e atribuições referentes à limpeza urbana.
18

Ainda, atribui-se aos resíduos gerados a relação de responsabilidade ao conferir ao


resíduo a característica de propriedade de seu gerador. Desta forma, qualquer gerador, seja
pessoa física ou jurídica, é responsável pelo resíduo até sua disposição final. Todavia, por
questões evidentes, o resíduo comum perde estas propriedades a partir do momento que é co-
letado pela empresa de limpeza urbana ao ser misturado aos demais resíduos, por ser impossí-
vel sua identificação após ser disposto para coleta. Pode-se entender então que tais resíduos
passam a ser de responsabilidade da empresa de limpeza e todos os geradores de forma solidá-
ria. Tais características se evidenciam nos parágrafos 3 e 4 do art. 1º desta lei.

Define-se o sistema de gestão de limpeza urbana como o conjunto de ações técnicas,


operacionais, regularizadoras, normativas, administrativas e financeiras necessárias ao plane-
jamento, execução e fiscalização das atividades de limpeza urbana, bem como a fiscalização e
autuação quando ocorrerem as infrações previstas. Assim está descrito no art. 2º desta lei.

Esta lei, em seus art. 6º e 7º classifica os resíduos como resíduos sólidos urbanos e
resíduos especiais. O primeiro grupo é composto pelo lixo domiciliar ou doméstico com ca-
racterísticas não perigosas produzido em residências em virtude da preparação de alimentos
ou limpeza deste ambiente. Como nos mostram BAGGIO e MANCIA (2008) e Junior e EIDT
(2014), bens de consumo que terminaram seu uso, por defeito ou por obsolescência (progra-
mada ou percebida), como por exemplo, eletrônicos, mobília, eletrodomésticos ou semelhan-
tes, resíduos de poda, varrição de logradouros, entulho de pequenas obras de reforma, demoli-
ção ou construção, resíduos de feira livre, resíduos de eventos, excrementos animais, ferra-
gens, vidros, papel e papelão, além de resíduos de comércio, indústria ou tratamento de saúde
humana ou animal, desde que possuam características que não tragam perigo às pessoas ou ao
ambiente (figura 3).
19

Figura 3: Caçamba com resíduos de poda de árvores, lixos eletrônicos no ponto de coleta na avenida
principal. Fonte: O próprio autor. 2015

Já no art. 8° são definidos os resíduos sólidos especiais os resíduos extraordinários


(os quais são compostos pelos resíduos de poda, obras e os similares aos domiciliares produ-
zidos por estabelecimentos industriais ou comerciais) que excedam os volumes definidos por
esta lei ou por definição pela instituição municipal competente, o resíduo classificado como
perigoso, infectante, químico, radioativo (possui legislação especial), lodos e lamas oriundas
de tratamento de água s e esgotos, embalagens que possam trazer riscos ao ambiente ou
quaisquer resíduos que não estejam definidos no art. 7° desta lei.

O art. 9º define manuseio como o conjunto de atividades e estruturas domésticas que


permitam a disposição dos resíduos até o local de coleta pela empresa responsável por este
procedimento. E em seu art. 10°, define-se coleta como o conjunto de atividades para a remo-
ção dos resíduos devidamente acondicionados e dispostos para tal finalidade. Ressalta-se aqui
a necessidade do correto acondicionamento dos resíduos.

Ainda, no mesmo art. 10°, em seu parágrafo único, define-se coleta regular ou ordi-
nária como a coleta efetuada por órgão ou entidade competente. E coleta especial, como a
responsável pela coleta dos resíduos especiais, a qual pode ser realizada por órgão ou entidade
competente, por empresa habilitada credenciada ou pelo próprio gerador.
20

Nos arts. 11º ao 16º são definidas características inerentes à limpeza urbana. Defi-
nem-se limpeza de logradouros como o conjunto de atividades necessárias à remoção dos re-
síduos presentes nestes locais com a utilização de veículos apropriados, oriundos de varrição,
poda de árvores, lavagem, ralos e outros locais em vias públicas. Como transporte a transfe-
rência física dos resíduos coletados até uma unidade de tratamento ou disposição final utili-
zando veículos apropriados. Já com valorização ou recuperação dos resíduos, tem-se como
operações de reaproveitamento dos resíduos através de reciclagem ou reutilização de materi-
ais, compostagem de matéria orgânica ou aproveitamento energético oriundos destes resíduos.

Em especial destacam-se os arts. 14º e 16º, por definirem tratamento ou beneficia-


mento dos resíduos como o conjunto de atividades de natureza física, química ou biológica
realizada de modo manual ou mecânico com o objetivo de reaproveitar, reduzir ou diminuir
seus impactos ao meio ambiente. E manuseio como o conjunto de atividades necessárias de
segregação na fonte (preparação para coleta seletiva), acondicionamento (colocação dos resí-
duos em recipientes adequados para tal finalidade, de forma higiênica para ser disponibilizado
para a coleta), movimentação interna (transferência dos resíduos ou dos recipientes do local
de geração até a estocagem ou até o local de disposição para a coleta), estocagem (local pre-
parado para armazenamento provisório dos resíduos) e disposição dos resíduos (é a disponibi-
lização dos resíduos devidamente acondicionados no local indicado para ser retirado pela em-
presa responsável para tal). Pode-se associar esta ideia como logística.

Conforme disposto no art. 17º desta lei, compete ao município definir, através de
normas técnicas específicas o correto manuseio dos diversos resíduos sólidos urbanos e em
seu art. 18º atribui a responsabilidade deste manuseio aos seus geradores.

O art. 20º define a necessidade do local para a estocagem interna dos resíduos estar
preparada, com grande área livre e revestido com material como cerâmica, para fins de higie-
nização. Os resíduos, quando dispostos para fins de coleta devem estar no chão, sendo proibi-
do serem colocados em estruturas suspensas, disponibilizá-los em horários diferentes dos pro-
gramados para coleta e tornando proibida a catação ou extração dos resíduos por pessoas não
definidas pelo órgão competente. (art. 20º)
21

Compete ainda ao município exigir a seu critério e a qualquer momento o acondicio-


namento dos resíduos, formas padronizadas adequadas aos padrões de coletas. (art. 22º).
Quanto a remoção, os art. 23º e 24º a definem como a coleta e o transporte do local gerador
até o local indicado para seu transbordo, separação ou tratamento, conforme critérios de logís-
tica adotados pelo órgão competente, além atribuir exclusividade da coleta regular ao órgão
competente (COMLURB). Contudo, esta coleta pode ser terceirizada mediante contrato ou
credenciamento.

O art 25º define coleta regular a coleta domiciliar, a coleta pública e a programada.
Sendo a coleta regular definida como o recolhimento e o transporte dos resíduos sólidos urba-
nos dentro dos horários definidos com os resíduos devidamente acondicionados, reforçado no
art 27º. E coleta programada, o art 28º é similar à coleta regular, com a diferença que ocorre
em horários acordados entre o gerador e a empresa responsável pela coleta, e de forma gratui-
ta.

Em seu art. 31º, são responsabilizados pelo acondicionamento dos resíduos para fins
de coleta os geradores. Quando em condomínios, o responsável é o síndico ou a administra-
ção; em empresas, gerentes ou profissional indicado; em locais onde não há responsável, to-
dos respondem solidariamente.

A ABNT NBR 9191:2008 define características específicas para sacos plásticos para
acondicionamento dos resíduos sólidos domiciliares, definidos art. 32º como adequados para a
disposição para coleta dos mesmos.

Esta lei recomenda que a empresa municipal de limpeza pública disponibilize contêi-
neres padronizados em capacidades estabelecidas de 120L, 240L ou 360L com tampa, con-
forme descrito no art 33°. Recipientes não padronizados que estejam em desacordo com as
características descritas, ou em mal estado de higiene ou conservação, ou ainda que a tampa
destes não seja fechada, serão considerados irregulares, conforme o art. 34° (Figura 4). Líqui-
dos devem ser drenados e materiais perfuro-cortantes (vidros, objetos pontudos, cortantes)
devem estar acondicionados de modo a evitar danos às pessoas, veículos ou ao ambiente, con-
forme estabelecido no art 35º.
22

Figura 4:Caçambas de coleta na avenida principal, na porção mediana do bairro, com danos estrutu-
rais. Fonte: O próprio pesquisador. 2015

Esta lei proíbe a disposição de resíduos domiciliares misturados com resíduos incluí-
dos na descrição de resíduos especiais e se estes causarem danos às pessoas, veículos ou ao
ambiente, serão aplicadas sanções descritas nesta lei, conforme disposto no art. 36°.

A coleta seletiva, quando disponibilizados recipientes para esta finalidade, passa a


ser obrigação da população utilizar tais recipientes para este fim, ou seja, caberá a população
utilizá-los de forma a disponibilizar seus resíduos conforme a natureza conforme disposto no
caput do art 37° e em seu §2°, corroborando com a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Ações de educação ambiental tornam este objetivo viável (figura 5).

Em seu art. 40º, é reforçada a obrigatoriedade da disposição dos resíduos gerados pa-
ra a coleta em locais e horários específicos para que sejam recolhidos corretamente pela em-
presa de limpeza urbana, ressaltando a necessidade de protegê-los das intempéries e evitando
seu acesso a animais e vetores. E no art. 41º, ressalta a responsabilidade do gerador pelos re-
síduos até sua coleta. Nos arts. 43° ao 48°, esta lei define condições e proibições para a dispo-
sição de resíduos, entulhos, bens inservíveis e aparas de jardinagens.
23

Figura 5: Resíduos dispostos de modo irregular, próximo ao campo de futebol.


Fonte: O próprio autor. 2015

Panfletos e propagandas, excetuando-se os de orientação religiosa ou de entidades fi-


lantrópicas, são proibidos. Seja pela distribuição, afixação em árvores ou outros locais, tal
como descrito nos arts. 51° e 52°. Em seu art. 55, fica responsabilizado o proprietário de ani-
mais pela coleta de excrementos gerados pelos seus animais com a destinação em contêineres
comuns. Cabe ressaltar que excetuam-se desta necessidade os cães-guia acompanhado de seu
dono com necessidades especiais. A lei não inclui demais portadores de necessidades especi-
ais, tal como cadeirantes.

Em seu art. 57°, esta lei reforça que a separação dos resíduos, manuseio, transporte,
tratamento, disposição final dos resíduos gerados em eventos é de total responsabilidade de
seus geradores, podendo ser firmado acordo entre estes e a entidade municipal responsável ou
com empresas credenciadas. Este artigo se destaca em sua aplicação no bairro do Vidigal,
pois há um aumento expressivo na geração e consequente volume de resíduos no bairro quan-
do ocorrem eventos como festas, ensaios de escola de samba ou demais eventos que ocorrem
com certa sazonalidade. Há taxas específicas para este serviço, como se refere os arts. 59° e
60°.

Os arts. 63° e 64° tratam dos resíduos especiais. Definem como remoção dos resí-
duos especiais o seu afastamento do local de produção mediante coleta, manuseio e transpor-
24

te, sendo de responsabilidade de seus geradores. Tal responsabilidade pode ser terceirizada
para empresas credenciadas ou para a própria empresa pública, contudo, acordos devem ser
assinados para tal. Já o art. 68° trata de resíduos extraordinários e as responsabilidades especí-
ficas de seus geradores.

O uso de terrenos baldios como local de lançamento de resíduos, ou lançá-los em


rios, ralos, valas, rios lagoas, canais, praias ou quaisquer outros locais não definidos por esta
lei, sujeitará o gerador a multas descritas no art. 82° (figura 6).

Figura 6: Coletor de águas pluviais com resíduos.


Fonte: O próprio pesquisador. 2015

As sanções e multas cabíveis pelo não cumprimento dos artigos presentes nesta lei
estão apresentados a partir do artigo 82°. É de suma importância o acompanhamento das con-
dições de coleta de resíduos no bairro do Vidigal devido às incongruências percebidas neste
diagnóstico com as situações verificadas no bairro no período deste trabalho.

Tais situações reforçam a necessidade de um plano de ação, onde medidas de Educa-


ção Ambiental são fundamentais para a melhoria de condições sanitárias do bairro e sua ade-
quação à legislação.
25

Lei Federal 10.257/01 - Estatuto da Cidade

Regulamenta os artigos 182 e 183 da CF e estabelece diretrizes gerais da Política Urbana.

Conforme descrito no parágrafo único do art. 1° desta lei, fica estabelecido o Estatuto
da Cidade, cujo objetivo é estabelecer regras que regulam o uso da propriedade urbana em
prol do bem coletivo, da segurança, do bem-estar dos cidadãos e do equilíbrio ambiental.
Além disso, em seu art. 2°, define que a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno de-
senvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana de forma a garantir o
direito a cidades sustentáveis, entendido como direito à terra urbana, à moradia, ao saneamen-
to ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao
lazer para as presentes e futuras gerações. A gestão democrática também é uma realidade
apresentada por este artigo, incluindo a participação entre os governos, iniciativa privada e os
demais setores da sociedade (BRASIL, 2001).

Ainda neste mesmo artigo, inclui o planejamento do desenvolvimento das cidades, da


distribuição espacial da população e das atividades econômicas do município e do território
sob a sua influência de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus
efeitos negativos sobre o meio ambiente.

A oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos


adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais. Nesta con-
cepção, cabe ao poder público atender as demandas socioambientais relacionadas à ocupação
do solo que ocorrera de modo irregular, e cuja população historicamente apresenta necessida-
des variadas e tem os serviços públicos disponibilizados de modo insuficiente ou inexistente.

Tem-se como ordenação e controle do solo a necessidade de evitar a utilização ina-


dequada dos imóveis urbanos, de forma a utiliza-los de forma compatível com a infraestrutura
urbana, ter a distribuição de empreendimentos de forma a não criar polos de centralização de
trafego, manter as áreas urbanizadas, evitar a poluição ambiental e proteger a população de
riscos de desastres. Além desses fatores, esta lei incorpora os ideais da sustentabilidade ao
optar por soluções economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas, as
quais apontam para o consumo consciente de bens e serviços, recuperação do meio ambiente
26

natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, paisagístico e arqueológico. A consulta


popular para a tomada de decisões que venham a causar impactos em dada região, a regulação
fundiária e a urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante ao estabe-
lecimento de normas especiais de urbanização merecem especial destaque neste trabalho, de-
vido ao perfil verificado no objeto de estudo.

E seu art. 4°, esta lei apresenta os instrumentos que se valerá para a aplicação. Em
seu inciso III, sobre a competência dos municípios há o plano diretor, o plano plurianual, o
zoneamento ambiental, a gestão orçamentaria participativa, os planos de desenvolvimento
econômico e social, além dos planos, programas e projetos sociais. Estes instrumentos bus-
cam ampliar a democratização dos serviços e permitem o empoderamento de setores da socie-
dade tradicionalmente vulneráveis. Este artigo ainda confere poderes e recursos às instituições
para atuarem de modo a garantir uma melhor organicidade do município.

No art. 36° fica estipulado que os empreendimentos e atividades privadas ou públicas


em área urbana dependerão de elaboração de Estudo prévio de Impacto de Vizinhança (EIV),
sendo necessária a obtenção de licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcio-
namento a cargo do Poder público Municipal. Este impacto de vizinhança requer estudos que
contemplem os itens estabelecidos nos incisos de I a VII do art. 37°. Cabe ressaltar que o art.
38° estipula que este estudo não substitui a elaboração e a aprovação do estudo prévio de Im-
pacto Ambiental (EIA).

O capitulo III desta lei se refere ao Plano Diretor, cujos arts. 39° a 42°, estabelecem
os critérios inerentes ao plano. A função social da propriedade urbana se configura quando
esta atende as exigências fundamentais de ordenação da cidade em conformidade com o plano
diretor, atendendo as necessidades do cidadão quanto a qualidade de vida, justiça social e ao
desenvolvimento de atividades econômicas, conforme o art. 39°.

O art. 40° define que o plano diretor é aprovado por lei municipal e é o instrumento
básico da política de desenvolvimento e expansão urbana, devendo constar o plano plurianual,
diretrizes orçamentarias e o orçamento anual. Além disso, deve englobar o território do muni-
cípio e ser revisto a cada 10 anos, sendo obrigatório para cidades com mais de 20mil habitan-
tes, integrantes de regiões metropolitanas, integrantes de áreas de especial de interesse turísti-
27

co, áreas inseridas em região de influência de empreendimentos ou atividades que apresentem


impactos ambientais significativos.

Um plano diretor, conforme disposto no art. 42°, deve conter as delimitações das
áreas urbanas, sistemas de acompanhamento e controle, mapeamento de áreas suscetíveis a
desastres naturais, drenagem, áreas de risco, diretrizes e áreas específicas para proteção ambi-
ental, interesso público, construção de infraestrutura, sistema viário e demais equipamentos
públicos e privados.

Lei Complementar 111 de 2001 - Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável


do Município do Rio de Janeiro

Dispões sobre a Política Urbana e Ambiental do Município, institui o Plano Diretor


de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de Janeiro e dá outras provi-
dências. Sancionada pelo prefeito da cidade do Rio de Janeiro em 2011,e por ter a necessidade
de ser revisto num período de tempo de 10 anos, entende-se que ainda está em vigência (RIO
DE JANEIRO, 2001).

No art. 2° desta lei, são apresentadas as bases da Política urbana, a qual visa alcançar
o desenvolvimento sustentável, função social da cidade e da propriedade urbana, valorização
e uso sustentável do meio ambiente, da paisagem e do patrimônio natural, histórico e arqueo-
lógico, a universalização do acesso à infraestrutura e serviços urbanos, do acesso a terra e a
moradia regular digna, democracia participativa, acessibilidade, planejamento continuo e in-
tegrado visando a eficiência e eficácia dos serviços públicos, integração e articulação das Po-
líticas de ordenamento, cooperação entre governos e garantia da qualidade ambiental. Isto
inclui a preservação dos maciços e morros, florestas e demais áreas com cobertura vegetal, da
orla marítima, sua vegetação de restinga, dos corpos hídricos, complexos lagunares e suas
faixas marginais, manguezais, marcos referencias e paisagísticos da Cidade.

A respeito do descrito neste art. 2°, sua aplicação no presente trabalho se torna rele-
vante, pois o bairro do Vidigal encontra-se situado num morro, com cobertura vegetal e conta-
to direto com o mar. Além disso, a necessidade de analisar e relacionar a legislação, incluindo
as Políticas públicas de saneamento, resíduos sólidos, meio ambiente e educação ambiental
28

são instrumentos que compõem a política urbana, conforme descrito. Desta forma, é obrigato-
riedade legal incluí-las no presente diagnostico e permitir apresentar soluções que possam ser
utilizadas no plano de ação a ser desenvolvido. Em seus §3°, 4° e 5º inclui-se a paisagem co-
mo o bem mais valioso da cidade, identificando-a internacionalmente através de seus atributos
peculiares, naturais e decorrentes da manifestação cultural de seus habitantes, além de definir
paisagem como interação entre o ambiente natural e cultural.

Esta lei, em seu art. 3° determina que a Política urbana municipal tem como objetivo
a promoção do pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana
através de diretrizes que orientam a redução do consumo de energia e ao uso racional dos re-
cursos naturais, com a definição de parâmetros mínimos de eficiência. O condicionamento das
ocupações humanas à proteção de morros, maciços, florestas, da orla e corpos hídricos, con-
forme consta no inciso II deste artigo, reforçando a relevância deste trabalho e apontando para
a adequação do bairro à legislação vigente.

Soma-se a isso a necessidade de ampliação do acesso aos serviços públicos de modo


geral e homogêneo a todas as partes que compõem a cidade, obedecendo aos critérios estabe-
lecidos nos zoneamentos urbanos, incentivando ao uso dos serviços e equipamentos públicos
em detrimento aos privados, contenção das habitações irregulares com a urbanização dos lo-
cais que apresentam populações em estado de vulnerabilidade social. O aproveitamento do
turismo em locais cujo potencial possa ser explorado é parte integrante desta lei, como descri-
tos nos incisos II e V deste artigo.

A adequação das habitações, prédios públicos e demais locais às condições de aces-


sibilidade, saneamento ambiental, transporte, utilização de espaços para serviços especiais,
combate às causas de mudança climática, valorização de espaços verdes e adoção de soluções
urbanísticas para a revitalização de espaços. A aplicação dessas diretrizes é orientada a parti-
cipação de todas as áreas da sociedade, de forma a caracterizar a gestão democrática em todos
os processos decisórios, além de adoção de Políticas públicas integradas na resolução dos
problemas da cidade, voltado para seu desenvolvimento. É notória a orientação deste docu-
mento para o desenvolvimento sustentável, de modo que as decisões e metas apresentadas
estão voltadas a alcançar ao máximo possível a justiça social, a distribuição das riquezas de
forma a obter-se equidade em qualquer parte da cidade.
29

O plano diretor, conforme descrito no art. 5° desta lei, é o principal instrumento da


Política de desenvolvimento e expansão urbana, o qual deve ser o norteador para as ações dos
gestores públicos em seus processos de tomada de decisão. Este plano deve conter as diretri-
zes pautadas pelo desenvolvimento sustentável, ordenamento municipal, ordenação do uso e
ocupação do solo, Políticas públicas setoriais, Políticas públicas setoriais, criação e utilização
de instrumentos legais, sistema municipal de planejamento, ampla participação de todos os
setores da sociedade, incluindo conselhos municipais, audiências públicas, conferencias e
transparência através da disponibilidade de informações sobre a cidade. Constarão no plano
diretor os programas, diretrizes, objetivos e planos de ação para a cidade assim como consta-
rão no Plano Plurianual de Governo, Diretrizes Orçamentárias e no Orçamento Anual Muni-
cipal, de forma que os recursos orçamentários estarão vinculados a compatibilidade das dire-
trizes constantes no plano. Os objetivos do plano diretor é definir as bases para o planejamen-
to urbano e para o controle do uso, ocupação e do desenvolvimento urbano, de modo a estabe-
lecer meios de desenvolvimento e ao mesmo tempo, meios de conservação do patrimônio
coletivo.

O art. 7° define a função social da propriedade urbana ao definir que esta ocorre
quando o imóvel está em consonância com o Plano Diretor, assegurando o atendimento às
necessidade do cidadão quanto aos seus direitos civis. Tal definição visa garantir a dignidade
às pessoas de forma equânime.

O zoneamento da cidade e as definições para o uso e ocupação do solo são determi-


nantes para a elaboração de planos que visem melhorias de transporte, manutenção dos recur-
sos naturais e estéticos, garantir o acesso aos serviços e orientar o crescimento da cidade. Tais
definições estão presentes nos arts. 8°, 9°, 10° e 14º.

Em seu art. 28°, o Pano Diretor define as áreas com condições físicas adversas a
ocupação, ou áreas frágeis, aquelas que são áreas de encosta sujeitas a deslizamento. Esta é
uma característica que está presente no bairro, por estar situado em um morro. Reforça esta
informação o fato de existirem no bairro as sirenes da Defesa Civil que são acionadas no perí-
odo de chuvas fortes. Assim, a aplicação dessas diretrizes constantes no Plano Diretor é mais
uma necessidade do bairro.
30

Em seu art. 55°, há a referencia ao Código de Obras, que em seu paragrafo único, in-
ciso XIII exige a construção de calçadas, telhados e coberturas com plantio verde, além da
criação de áreas arborizadas ou ajardinadas de acordo com a disponibilidade do terreno. Não
há quaisquer ações que visem a atender a este dispositivo legal no bairro, fato que poderia
aumentar consideravelmente a cobertura verde na região. E no art. 62°, é estipulado o poder
fiscalizador do município, que a qualquer momento pode efetuar a fiscalização de modo a
apurar irregularidades a fim de eliminar ameaças a integridade física das pessoas ou bens e
minimizar riscos. Tal possibilidade se desdobra em ações preventivas ao bairro que se materi-
alizam a partir deste diagnostico.

O código ambiental municipal será composto pela Política municipal de meio ambi-
ente, pela legislação municipal ambiental de modo harmônico com o plano diretor, conforme
descrito no art. 63° desta lei, definindo normas, padrões, parâmetros e critérios para o licenci-
amento ambiental, avaliação de impactos, controle, monitoramento e fiscalização ambiental
da poluição dos recursos naturais, sonora, do solo e subsolo, dos passivos ambientais, dos
resíduos sólidos e da poluição visual. Estas condições já apontam para futuras ações que re-
forçarão a necessidade de implementações de ações mitigadoras no bairro, as quais trarão
mudanças no estilo de vida de seus moradores.

Há ainda, conforme descrito no mesmo artigo, o monitoramento de áreas protegidas,


da fauna e flora, da paisagem e da zona costeira. Além disso, há também a previsão de ações
de sustentabilidade ambiental. Desta maneira, torna-se claro que a partir do momento em que
o município fazer valer seu poder fiscalizador, as não conformidade descritas por meio deste
diagnóstico socioambiental serão levantadas e relacionadas aos respectivos responsáveis em
caráter mandatório, conforme descrito no art. 64°.

Esta lei vincula os planos de desenvolvimento urbano ao Plano de Estruturação Ur-


bana, o qual possui objetivos, dentre outros, compatibilizar o adensamento urbano às condi-
ções físicas do ambiente, direcionar ações de proteção ao meio ambiente e conter processos de
ocupação irregular do solo. Tais descrições estão presentes no art. 69°, e estão diretamente
atrelados a realidade do bairro.
31

Em seu art. 107°, são definidos os instrumentos de Gestão Ambiental, que podem ser
compreendidos como definições de áreas de conservação, preservação permanente, sítios de
relevante interesse paisagístico e ambiental, área de interesse ambiental, criação de corredores
ecológicos e em destaque as medidas dinâmicas de controle, monitoramento e auditoria. Estas
últimas podem ser destacadas por apresentar características proativas com consequências que
podem alterar as práticas locais. Aqui se destaca, mais uma vez, a necessidade de ações de
Educação Ambiental para que o objetivo geral desta lei seja alcançado, que é garantir o de-
senvolvimento da cidade em todos os seus aspectos.

O controle e monitoramento ambiental, como já mencionado, são de competência,


em âmbito municipal, do órgão central de planejamento, e tem por finalidade monitorar per-
manentemente a qualidade ambiental da cidade, realizar o controle de atividades poluidoras
ou potencialmente poluidoras conforme descritos nos arts. 118° e 119°. No art. 120°, logo em
seu primeiro inciso, fica estipulado que o diagnostico ambiental é ferramenta indispensável
para subsidiar as tomadas de decisão visando a remediação, controle e fiscalização da quali-
dade ambiental.

A Política Municipal de Meio Ambiente tem como objetivos, conforme descrito no


art. 160° desta lei, garantir a integridade do patrimônio ecológico, genético e paisagístico da
Cidade, incorporando a proteção e a conservação do patrimônio natural, proteger, preservar e
recuperar os recursos ambientais com vistas à sua utilização racional, visando o equilíbrio
entre o espaço construído e o natural, sensibilizar e conscientizar a população, estimulando a
participação individual e coletiva na preservação do meio ambiente, em busca de soluções
conjuntas frente aos problemas ambientais e de um desenvolvimento urbano sustentável, ga-
rantir a ampla divulgação das informações ambientais levantadas, compatibilizar o desenvol-
vimento econômico-social com a proteção, conservação, valorização e recuperação do meio
ambiente e do patrimônio natural, cultural e paisagístico, melhorar os padrões de qualidade
ambiental da Cidade, com base nas normas estabelecidas de uso e manejo dos recursos ambi-
entais, colaborar para a garantia de qualidade da ambiência urbana no processo de planeja-
mento e ordenação do território municipal e estabelecer diretrizes para controle e acompa-
nhamento de áreas com passivos ambientais, áreas degradadas e ou contaminadas.
32

Todos estes objetivos tem por finalidade a harmonização entre as atividades antrópi-
cas e o equilíbrio ambiental. Todavia, tais possibilidades devem ser monitoradas de modo
permanente e efetivo, devido a constante modificação das necessidades humanas e suas ações
que ocasionam impactos a qualquer ambiente em que estejam inseridas.

Desta forma, o diagnóstico realizado neste trabalho, além de atender as Política já ci-
tadas, também é um instrumento fundamental para a efetivação do plano Diretor do município
do Rio de Janeiro. E seu resultado forma uma importante contribuição não só para o bairro do
Vidigal de modo pontual, como também tanto para os bairros do entorno quanto para a cida-
de, por contemplar critérios que estão dispostos na presente lei e fundamentar o planejamento
urbano.
33

2.2 DIMENSIONAMENTO DO DIAGNÓSTICO

A definição do escopo de trabalho foi definida a partir de questões levantadas em ca-


da uma das seguintes dimensões: Física, Ambiental, Cultural, Técnica, de Saúde e Sanitária, e
Socioeconômica e seus respectivos indicadores.

Assim, tem-se:

Dimensão Física
● O relevo afeta a coleta de RS?
● O relevo afeta o acondicionamento dos Resíduos sólidos (RS)?
● Os RS são ficam expostos ao ambiente?

Dimensão Ambiental
● Que tipo de vegetação está presente na região?
● Há ou houve supressão da vegetação nativa? A vegetação é afetada com os RS?
● Que tipo de fauna poder ser encontrada no local?
● Há mudança no comportamento animal devido a presença de RS?
● Há alteração na presença da fauna nativa?

Dimensão Cultural
● Há a queima de RS?
● Há palestras sobre Educação Ambiental?
● Os moradores e frequentadores da região tem o hábito de acondicionar corretamente
os RS? Levam-nos corretamente aos coletores?
● Há hotéis/pousadas na região?

Dimensão Técnica
● Os coletores/acondicionadores de RS são adequados a realidade? São suficientes?
34

● Há locais específicos para a coleta dos RS?


● Há coleta seletiva e cooperativas de catadores?
● Há coleta regular de RS? Qual a frequência?

Dimensão de Saúde e Sanitária


● Há postos de saúde na região?
● Há informações sobre a necessidade do acondicionamento adequado dos RS quanto às
possíveis doenças relacionadas?
● Há Saneamento básico na região? Há valas negras, esgotamento a céu aberto?
● Há prevenção/combate a vetores?
● Há assoreamento dos rios da região? Há dragagem?

Dimensão Socioeconômica
● Há pessoas em situação de vulnerabilidade social?
● Há Pessoas que sobrevivem a partir da coleta de RS?
● Qual é o perfil socioeconômico da região?
● Qual o volume de resíduos gerados pela população?
● Há muitos restaurantes/bares na região? Comércio? Empresas?

2.2.1 Dimensão Física

O bairro do Vidigal, conforme dados do Instituto Pereira Passos, possui 162,14ha


(hectares), sendo que cerca de 59,90% de seu território está acima da cota de 100m. Ou seja,
mais da metade de seu território está situado acima da faixa de 100m em relação ao nível
(médio) do mar. Pertence a VI Região Administrativa do município. Conforme classificação
do IBGE, trata-se de um aglomerado subnormal devido o fato das construções não apresenta-
rem espaçamento entre ela, a circulação entre os moradores é feita por vielas e becos. Seguin-
do o padrão observado pelo Censo de 2010 do IBGE, a maioria das construções encontradas
possui 2 pavimentos. Não há construções de madeira ou improvisadas, sendo observados em
sua maioria construções de alvenaria, em vários estados de acabamento (acabamento com
tijolos, com reboco, com pintura a base de cal, com acabamento, etc). Possui uma praia de
35

500m de comprimento situada na parte inferior da av. Niemeyer próxima a parte final do bair-
ro do Leblon (Figura 7).

O bairro, por se encontrar em área de encosta, apresenta em toda a sua extensão, re-
giões de difícil acesso (vielas e becos) e regiões de acesso permanente a motos, carros e cami-
nhões. Conforme informações da associação de moradores, há 4 pontos principais de coleta
dos resíduos, conhecidos como Biquinha, Mercado, Jaqueira e Vila olímpica.

Figura 7: Localização do bairro por Satélite.


Fonte: Instituto Pereira Passos, 2015.

Os pontos conhecidos como Biquinha e Mercado estão localizados na via principal


de acesso ao bairro, a Av. Presidente João Goulart. O bairro está situado em área de preserva-
ção chamada de Zona Especial 1 (ZE1), conforme descrito no decreto municipal 322 de 1976.
Contudo, há áreas onde é permitido construir e realizar atividades comerciais. Quanto ao
acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos, a coleta é feita pela COMLURB nos pontos
principais já citados.
36

Figura 8: Contêineres de coleta em outro trecho da avenida principal.


Fonte: O próprio autor. 2015

Os RS ficam acondicionados em contêineres padronizados da própria COMLURB


(figura 8). Há vários destes modelos espalhados nos pontos de coleta. Destaque para o ponto
principal de coleta da comunidade, localizado na região conhecida como “Biquinha”, na ave-
nida principal, em frente à sede da UPP Vidigal, onde além desses contêineres, há um outro
para resíduos maiores (inclusive resíduos de construção) e um compactador automatizado
(figura 9).

No local existem áreas de risco. Desta forma, ações de engenharia civil já foram rea-
lizadas, e nos locais onde ainda há risco potencial de deslizamento foram instaladas sirenes de
alerta em caso de chuvas fortes, controladas pela Defesa Civil. Alertas são emitidos por SMS
ao mesmo tempo em que as sirenes tocam.
37

Figura 9: Compactador de resíduos no ponto central de coleta do bairro.


Fonte: O próprio pesquisador. 2015

Conforme observado, não há problemas de acesso da coleta pública de RS a comuni-


dade em seus pontos principais de coleta. O principal determinante para a coleta adequada é a
participação do morador/frequentador em levar o resíduo até os pontos determinados. Con-
forma mostrado, não há local abrigado das intempéries para o acondicionamento dos resíduos
(Figura 9). Desta forma, quando ocorrem eventos naturais como ventanias e chuvas, o lixo é
espalhado e, não raro, carreado pela água. Inexoravelmente, há a presença de ratos e alguns
animais domésticos como cães, gatos e galinhas que por vezes reviram o lixo nos intervalos
da coleta.

O bairro está totalmente inserido no município do Rio de Janeiro, ou seja, é uma re-
gião topical. Conforme dados obtidos na estação de medição pluviométrica situada na
av.Niemayer1, a região recebe muita umidade do oceano tornando as chuvas frequentes na
região. A tabela 1 apresenta as quantidades de chuva para a região, mês a mês, desde 2001 até
2014.

1
Localizada no topo do edifício do Hotel Sheraton. Bacia da Zona Sul. Fonte IPP.
38

Tabela 2: volumes de chuva no bairro.


Fonte: Instituto Pereira Passos.

O comportamento das chuvas apresenta certa regularidade. Principalmente para os


períodos de março a maio e de outubro a janeiro. O gráfico 1 é referente as medias pluviomé-
tricas mensais desde 2001 até 2014. Cabe ressaltar que os RS carreados com a água caem no
sistema de captação misto que atravessa a região. Tal sistema, ora é fechado, com pontos gra-
deados, ora é aberto, permitindo a entrada dos RS e a passagem de objetos e animais.

Gráfico 1: Série histórica de medições pluviométricas


Fonte: Adaptado a partir de dados do Instituto Pereira Passos. 2015

2.2.2 Dimensão Ambiental

O bairro do Vidigal está situado em meio a Mata Atlântica. E conforme a definição


dada pelo IBGE a partir do Decreto 6660/08, o Mapa de definições vegetais desenvolvido
39

pela mesma instituição, define a cobertura vegetal referente ao Rio de Janeiro como bioma
Mata Atlântica do tipo Floresta Ombrófila Densa (rain forest) (Figura 10).

Ainda conforme a mesma instituição, o mapeamento da cobertura vegetal e do uso


das terras do município do Rio de Janeiro, a área do bairro do Vidigal encontra-se em estágio
secundário. Isso significa dizer que a vegetação original sofreu intervenção humana (derruba-
da), mas que encontra-se em estágio secundário de regeneração (Resolução Conama 006/94)
ocupando uma área de 59,57 ha. Há proximidade com a PARNA (Parque Nacional) da Tijuca.
Ainda há Vegetação Arbóreo-arbustiva ocupando 8,66 ha, Vegetação Gramíneo-
lenhosa ocupando uma área de 2 ha, e cerca de 7,26 ha de área reflorestada.

Figura 10: vista a partir do bairro.


Fonte: O próprio pesquisador, 2015.

Há esforços da administração pública para a manutenção de áreas verdes em conso-


nância com a comunidade. No ponto mais alto do bairro, há um local chamado Vila Olímpica
(figura 11), a qual possui separando o local da área de vegetação nativa (figura 12).
40

Figura 11: pista de corrida da Vila olímpica.


Fonte: O próprio Pesquisador

Figura 12: Entrada do PARNA Tijuca (região integra este parque Nacional).
Fonte: O próprio pesquisador. 2015

Situado nos limites no bairro do Leblon (bairro vizinho ao Vidigal), há ainda o Par-
que Natural Municipal do Penhasco dois Irmãos. Foi criado em 1992 através do decreto
11.850, possui 39,44 ha, serve de espaço paisagístico onde as espécies encontradas são oriun-
das de reflorestamento com espécies nativas da Mata Atlântica. Desta forma, espécies vege-
tais catalogadas encontradas no parque podem ser utilizadas como representações da flora
local (Figura 13).
41

Figura 13: Mapa da vegetação do bairro.


FONTE: Instituto Pereira Passos, 2015.

As espécies encontradas são (nomes populares): embaúba prateada, a quaresmeira-


roxa, o ipê-amarelo, o fedegoso ou mamangá, guapuruvu, a paineira das pedras, a carrapeta
verdadeira, a goiabeira e o palmiteiro. Quanto a fauna, é classificada como residual. Há a pre-
sença de animais domésticos espalhados por toda comunidade, tais como cães, gatos e gali-
nhas. Ratos, ratazanas, baratas e caramujos africanos também podem ser encontrados princi-
palmente nos trechos onde a captação de esgoto é aberta. Devida exposição e aos intervalos
da coleta de RS, não é raro observar animais revirando os resíduos em busca de alimentação.

2.2.3 Dimensão Cultural

O bairro apresenta características urbanas comuns, tais como coleta regular dos RS,
realizada a cada 2 dias. Desta forma, apenas em casos esporádicos os RS ficam muito tempo
expostos. A população costuma carregar seus resíduos acondicionados em sacos plásticos até
os pontos destinados. Todavia, podem ser encontradas embalagens de produtos industrializa-
dos, copos plásticos, garrafas plásticas entre outros resíduos nas vielas e becos.

Conforme informado pela Associação de Moradores, há cerca de 15 hotéis e hostels,


e cerca de 101 imóveis não residenciais, os quais compreendem comércios informais (quanti-
tativo desatualizado) na forma de restaurantes, lanchonetes, bares, padarias, mercados e cabe-
lereiros. A presença de visitantes de fora da cidade é comum. Ainda, uma Igreja Católica e
várias congregações evangélicas distribuídas pelo bairro. Muitas destas sem identificação
42

formal. Não foram observados locais clandestinos de acondicionamento de RS ou de queima


de resíduos.

Há também ONGs no bairro. O GRUPO NÓS DO MORRO, voltadas para ações cul-
turais. Além da Associação de Mulheres de Ação e Reação – AMAR, Associação Pró Espor-
te, Educação e Cultura Raff Giglio – APECC / Escola de Boxe Raff Giglio – Projeto Todos na
Luta, Centro Cultural da Associação de Moradores da Vila do Vidigal – Centro Cultural do
Vidigal, Grupo de Ação Social Comunitário – GASCO, Ser Alzira de Aleluia (aulas de inglês
e reforço) e a ONG Horizonte.

Dentre estas, o Grupo Nós do Morro se destaca por ações frequentes de artistas que o
próprio grupo promove. E através de atores por eles lançados, chamam atenção a necessidades
da comunidade. Ainda, encontram-se no bairro 2 creches (Creche Municipal Doutor Sobral
Pinto e a Creche Municipal Vidigal) e duas escolas públicas (Escola Municipal Prefeito Djal-
ma Maranhão e Escola Municipal Almirante Tamandaré) e o Centro popular de Educação e
Assistência Stella Maris, uma instituição filantrópica pertencente a congregação rede filhas de
Jesus, que funciona como escola atendendo aos estudantes do bairro que não estão na rede
pública.

2.2.4 Dimensão Técnica

O bairro possui sistema de distribuição de água, atendendo 4241 imóveis, 42 possu-


em poços ou nascentes e 21 são atendidos por outra forma de captação. Quanto ao consumo
de energia elétrica, as residências apresentam consumo médio diário de 0,53 MW/h; o comer-
cio/indústria 341,73 MW/h, e a iluminação pública 60,93 MW/h. Cabe ressaltar que há muitas
ligações irregulares de energia em todo o bairro, além de medidores mecânicos e elétricos na
região. Há visitas frequentes da companhia elétrica estadual na localidade, bem como serviços
de tv por assinatura e acesso a internet de banda larga (INSTITUTO PEREIRA PASSOS,
2014).

Quanto a coleta de esgoto e aguas pluviais (sistema não separador) (Figura 14), 4202
residências são atendidas pela rede pública, 22 possuem fossa séptica, 5 utilizam fossa rudi-
43

mentar, 54 fazem seus lançamentos em valas, 7 lançam diretamente no mar e 4 dão outro tra-
tamento não tradicional. O Censo de 2010 apresenta 4304 residências oficialmente. Sendo que
4303 são atendidas pela coleta de lixo do bairro. Uma residência dá outro destino, não infor-
mado (INSTITUTO PEREIRA PASSOS, 2014).

Figura 14: Outro ponto do córrego com folhas e resíduos.


Fonte: O próprio autor. 2015

A coleta é diária, segundo a associação de moradores. Os coletores estão em espa-


lhados pela comunidade situados nos pontos principais de coleta. Todavia, há locais onde os
RS são colocados aguardando a coleta na avenida principal. Estes RS esporádicos são acondi-
cionados em grandes sacos pretos, para serem coletados pela COMLURB. Muitas vezes, ob-
serva-se a que a coleta ocorre a cada dois dias, ocasionando a exposição dos resíduos às in-
tempéries e a vetores e animais domésticos.

Conforme consta no site da citada companhia, são disponibilizados 15 garis e um


agente. Os equipamentos destinados à comunidade são: uma caixa compactadora, três caixas
metálicas, uma pá carregadeira, um triciclo, dois caminhões compactadores, mais um poli-
guindaste simples e dois duplos. Há ainda 12 bases para contêineres. A frota conta com um
caminhão compactador, três caminhões basculantes, além de veículo Doblô.
44

Os resíduos sólidos coletados diariamente são levados até a central de triagem e se-
paração da COMLURB situada no bairro do Caju. De lá, os não orgânicos são levados ao
Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica, e os compostos orgânicos são tratados em
biodigestores anaeróbicos com a produção de biogás e biofertilizantes.

2.2.5 Dimensão de Saúde e Sanitária

O bairro apresentou um total de nascimentos 222, sendo 126 meninos e 96 meninas


(2009) e 46 óbitos para o mesmo ano. Não houve relatos de casos de leptospirose, malária,
rubéola ou hepatite viral. Contudo, houve 54 casos de Dengue e 1 caso de dengue hemorrági-
ca para o ano de 2006. Embora não seja uma doença relacionada a RS, a exposição dos mes-
mos às intempéries pode fornecer condições ideais para a proliferação do mosquito. O bairro
conta com um posto de saúde situado na av. Presidente João Goulart 735. O posto se chama
Posto de Saúde da Família Rodolpho Perissé (INSTITUTO PEREIRA PASSOS, 2014).

De acordo com as informações da Secretaria Municipal de Saúde, o posto oferece os


seguintes atendimentos prestados pelo SUS: Enfermagem, Pré-natal de baixo risco, Vigilância
em Saúde, Visitas domiciliares. Além disso, possui programas de saúde que abrangem, aten-
dimento ao idoso, Bolsa família, imunizações, planejamento familiar, diabetes, Atenção a
mulher, Hipertensão Arterial.

Há serviços de diagnóstico para Exames preventivos, laboratoriais (coleta) Curativos,


Eletrocardiograma e teste do pezinho. Para casos mais graves, a população recorre a UPA da
Rocinha ou ao hospital Miguel Couto, situado na gávea. A equipe é formada por 3 equipes
que atuam em áreas específicas do bairro. Tais equipes são formadas por medico, enfermeiro,
agentes comunitários de saúde e agentes de saúde. Para agendamentos de visitas domiciliares,
área de atuação da equipe e alguns serviços, podem ser acessados via site.
45

2.2.6 Dimensão Socioeconômica

De acordo com as informações do Instituto Pereira Passos, o censo de 2010 apresen-


tou que o bairro do Vidigal é o 121º bairro mais populoso do município do Rio de Janeiro,
com 12797 moradores, sendo 6130 homens e 6667 mulheres. Já o número de residências
permanentes é de 13697 (dados de 2000). A maior parte da população está entre a faixa de 10-
14 anos e 35-39 anos com 6793 pessoas (cerca de 50%). Percebe-se que é uma comunidade
jovem e economicamente ativa (INSTITUTO PEREIRA PASSOS, 2014).

Dentre os moradores, encontram-se 1544 pessoas analfabetas, sendo 773 homens e


771 mulheres. O Censo de 2000 mostra que 439 pessoas não estudam. 4176 pessoas são res-
ponsáveis economicamente pelas residências, e dentre elas, 3617 possuem renda regular. A
faixa de renda da população mais expressiva encontra-se entre ½ salario a 1 salario com 453
pessoas, de 1 a 2 salários 1064, de 2 a 3 salários 730 pessoas, de 3 a 5 salários 725 pessoas, de
5 a 10 salários são 422 pessoas (Censo 2000). Segundo a associação de moradores, não há
cooperativa de catadores de RS ou pessoas em situação de extrema pobreza. Como já citado
anteriormente, há comércios (minimercados), farmácias (cerca de 3), padarias (cerca de 3),
restaurantes e bares. Ambos acomodam seus resíduos nos lugares em comum com os morado-
res .

Não há nenhum tipo de coleta seletiva na comunidade. Quanto ao volume de RS co-


letados não são conhecidos pela associação de moradores, assim como não estão disponibili-
zados pela COMLURB. O bairro é atendido pelo programa Morar Carioca que tem como “ob-
jetivo de promover a inclusão social, através da integração urbana e social completa e defini-
tiva de todas as favelas do Rio até o ano de 2020. Coordenado pela Secretaria Municipal de
Habitação e considerado o maior programa de urbanização de favelas do país, a iniciativa faz
parte do legado da Prefeitura para realização das Olimpíadas. O programa tem como meta
investir R$ 8,5 bilhões até 2020, sendo R$ 2,1 bilhões até 2013 e 70 mil famílias beneficiadas,
R$ 2,65 bilhões de 2014 até 2016 alcançando 86 mil famílias no ciclo dois, e R$ 3,75 bilhões
de 2017 a 2020 abrangendo 109 mil domicílios no ciclo três. Resultado da experiência acumu-
lada pela Prefeitura em áreas carentes, o Morar Carioca é um plano municipal de integração
de assentamentos precários informais.”
46

2.3 INDICADORES

São elementos que servem para monitorar as condições do bairro, além de orientar a
administração pública para implementar ações futuras visando a melhorias das condições so-
cioambientais do bairro. Desta forma, a partir das dimensões observadas, os indicadores estão
intimamente associados a cada uma das características da região.

2.3.1 Dimensão Técnica

Tipos de veículos e frequência de coleta.


 Frequência diária; Equipamentos: Contêineres; Compactador; Caminhão caçamba
grande; Caminhão caçamba pequeno; Triciclo.

2.3.2 Dimensão Física

A quantidade de chuvas pode ser utilizada como instrumento de influência para a


frequência de coleta de RS. A escolha de futuros locais de acondicionamento provisório.

2.3.3 Dimensão Ambiental

A quantidade de água disponibilizada para a comunidade é determinante para a ge-


ração de esgotos. Desta forma, pode-se utiliza-la para estimar a quantidade de esgoto produ-
zida pelo bairro. A manutenção da área disponibilizada para o crescimento vegetal pode
ser utilizada como um indicador do comportamento da comunidade em relação ao ambiente.
47

2.3.4 Dimensão Cultural

A associação de moradores local pode realizar entrevistas para avaliar a percepção


socioambiental dos moradores e frequentadores para guiar futuras ações em educação ambi-
ental.

2.3.5 Dimensão de Saúde e Sanitária

As informações obtidas a partir de dados epidemiológicos do bairro podem ser ado-


tadas como parâmetro para fomentar Políticas públicas mais eficientes para a região. A partir
das entrevistas de percepção ambiental, pode-se avaliar a necessidade de ações futuras para
controle de vetores.

2.3.6 Dimensão Socioeconômica

Um levantamento censitário por parte da associação de moradores pode fornecer da-


dos mais precisos a respeito da quantidade de comércios e estabelecimento turísticos na co-
munidade para determinar a necessidade de coletores mais adequados aos tipos de resíduos
gerados a partir do perfil de consumo e comportamento socioambiental da população.
48

CAPITULO 3

3 A MATRIZ SWOT e sua APLICAÇÃO

A aplicação do diagnóstico socioambiental permite a observação do status de uma


determinada região. A partir dos dados consolidados neste diagnóstico, pode-se retratar as
condições em que tal localidade se encontra. Desta forma, conforme a qualidade dos dados
obtidos, um retrato pode ser desenhado e a fidedignidade estará relacionada a qualidade do
diagnóstico.

Para determinar as ações necessárias para mitigar os impactos na região de modo cri-
terioso a fim de evitar medidas tendenciosas ou escolhas subjetivas, e assim atuar de forma a
corrigir os problemas, de modo que sejam oportunidades de melhoria tangíveis, foi utilizada a
análise SWOT (em português FOFA ou FFOA).

O nome é um acrônimo para Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças. Também


conhecida como análise F.O.F.A. ou análise F.F.O.A, a matriz tem sua origem na análise
SWOT (Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats), creditada a Albert Humphrey, que
liderou um projeto de pesquisa na Universidade de Stanford nas décadas de 1960 e 1970,
usando dados da revista Fortune das 500 maiores corporações.

Esta ferramenta tem como objetivo obter uma visão interna e externa do empreendi-
mento (uma empresa, um projeto), identificando os elementos-chave para a gestão. A partir
disso, estabelecer prioridades de atuação e de decisões a serem tomadas. O resultado é um
“retrato” da situação.

Conforme nos mostra Bastos (2015), tal ferramenta pode ser compreendida como
uma matriz de classificação onde os pontos fortes e fracos são distribuídos conforme as carac-
terísticas do ambiente, e separadas conforme a abrangência; se interna ou externa à localidade.
O termo SWOT se origina do idioma inglês que se baseia em Fortalezas (Strengths), Fraque-
zas (Weeknesses), Oportunidades (Oportunities) e Ameaças (Threats).
49

A fim de aplicar à matriz FOFA no diagnóstico, os dados foram compilados e orga-


nizados conforme as dimensões estabelecidas como critérios de elaboração do diagnóstico.
Assim, adaptado de Bastos (2015), tem-se a seguinte matriz:

Tabela 3: Matriz FOFA - INTERNA

Aspectos

Positivos Negativos

(Que ajudam) (Que atrapalham)

Forças Fraquezas
Dimensões
(Ação - Capitalizar) (Ação - Fortalecer)

Mapeamento de áreas verdes


e manutenção da vegetação
Presença de ratazanas e Ambiental
recuperada
moscas
Ambiente Interno

Presença de animais
domésticos revirando
Ambiental
os resíduos

Coleta regular dos resíduos Não há coleta seletiva


de resíduos no bairro
(a cada 2 dias) Cultural

População carrega seus resí- Não há Cooperativas de Cultural


duos até os locais de coleta coleta no bairro

Não há pontos irregulares de Cultural


acúmulo de resíduos

Não há queima de resíduos Cultural


50

Há 5 ONGS, 2 creches mu-


nicipais, 2 escolas públicas e
Cultural
1 centro popular de Educa-
ção

Há ligações irregulares
no bairro
Há rede elétrica Técnica
(gatos)

Há pontos abertos na
rede de coleta de esgo-
tamento sanitário
Distribuição de água e coleta Técnica
(Acumulo de resíduos
de esgotos
carreados pela água da
chuva)

Há valas e fossas sépti-


cas rudimentares (IB-
GE 2010)
Técnica

Os resíduos ficam ex-


postos às intempéries
Técnica

Há um Posto de Saúde da
Família (PSF)
Saúde/Sanitária
que atende ao bairro

Programa Morar Carioca

(Programa de Habitação da Socioeconômica


Prefeitura do Rio de Janeiro)

Há 1544 analfabetos Socioeconômica


(IBGE 2010)
51

Presença de minimercados, Não há controle da Socioeconômica


farmácias, hostels, salões de quantidade exata de
beleza, pequenos comércios estabelecimentos no
e uma rádio local local

A partir das FORTALEZAS e FRAQUEZAS identificadas no ambiente interno esta-


belecido na matriz SWOT, fica evidenciado que as ações existentes que devem ser mantidas e
divulgadas no bairro em contrapartida, as Fraquezas devem ser combativas, posto que são
condições deletérias à qualidade de vida da comunidade, trazendo à população residente uma
vulnerabilidade que pode ser evitada.

Quanto ao ambiente externo, a matriz apresenta como OPORTUNDADES e AME-


AÇAS os fatores que devem ser acompanhados com atenção. Como são variáveis indepen-
dentes da ação do bairro e de seus integrantes, as Oportunidades devem ser aproveitadas e as
Ameaças devem ser mapeadas e a partir delas, promover-se ações para evita-las ou atenuá-las.

Tabela 4: Matriz FOFA - EXTERNA

Oportunidades Ameaças Dimensões

(Ação - Identificar)
Ambiente Externo

(Ação -Investir)

A UPA da Rocinha é Saúde/Sanitária


utilizada para casos gra-
ves
(distância)
52

Há obstrução dos canais


de coleta de aguas plu-
Técnica
viais e esgotamento sa-
nitário

Turismo e festas sazo-


nais
Cultural
(não há controle do
quantitativo de frequen-
tadores e turistas)

Aumento da geração de Cultural


resíduos em períodos
festivos

Pouca opção de trans-


porte (4 linhas de ônibus
Técnica
e 1 de van) devido às
condições do único
acesso a região (Av.
Niemeyer)

Os serviços oferecidos aos


bairros do entorno também são
Técnica
disponibilizados no bairro do
Vidigal
53

CAPITULO 4

4 DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

4.1 DISCUSSÃO

O mapeamento das áreas verdes e a recuperação das áreas anteriormente degradadas


deve ser uma ação permanente por parte da associação de moradores. Todavia, nestas áreas
acaba por favorecer a migração de vetores como ratos, moscas e mosquitos. Isso se dá pela
capacidade destes animais em se adaptar ao ambiente.

E como há a presença de resíduos nas trilhas que atravessam tais áreas, bem como a
exposição dos pontos de coleta de resíduos ao ambiente e a coleta destes ocorre a cada 2 dias,
criam condições ideais a proliferação destes animais nas áreas de recuperação.

Uma solução possível poderia vir de uma ação educativa junto aos moradores, onde
os resíduos gerados seriam mantidos nas residências até o momento da coleta; ou a construção
de locais protegidos das intempéries, de acesso limitado, onde somente os descartes seriam
lançados e acondicionados aguardando a coleta da COMLURB.

Verificou-se ainda a ausência de cooperativas de coleta seletiva. Tal característica,


além de ser uma peculiaridade do bairro, que embora apresente população desempregada,
poderia ser estimulada por ações de educação ambiental junto a população, onde a separação
dos resíduos poderia ser realizada pela própria população, a qual destinaria-os a locais dispo-
níveis e preparados para o devido acondicionamento. Tal ação poderia ser organizada pela
associação de moradores com a finalidade de geração de renda a mesma população desempre-
gada.

Embora a população do bairro esteja habituada a carregar seus resíduos a pontos de


coleta distribuídos pelo bairro, ainda pode-se verificar resíduos descartados irregularmente
pelas ruas, becos e trilhas da região. Isso reforça a ideia de ações de educação ambiental regu-
lares junto a população residentes, bem como aos visitantes que frequentam o bairro, seja em
54

eventos como festas, bares e lanchonetes, ou em eventos familiares ou recreativos. Há escolas


e ONGs no bairro, os quais poderiam atuar de modo sinérgico junto a associação de morado-
res para a realizações de ações de educação ambiental.

Há, no bairro, a rede elétrica regular, chegando ao bairro pelo acesso principal. Con-
tudo, verifica-se, não raro, a existência de ligações clandestinas (gatos) por toda região. Tais
ligações existem por vários motivos, que evidenciam-se pela ausência de relógios marcadores
de consumo devido a irregularidade das habitações cujos procedimento para a instalação de-
pendem de documentação que muitos moradores não possuem junto ao registro de imóveis;
devido a falta de interesse da empresa de energia (LIGHT) em cadastrar os moradores, os
quais também não procuram a empresa para regularizar a situação; muitos residentes não re-
gularizam por temer valores indevidos nas contas (seja por gatos de outros moradores, seja
pelo costume de não pagar as contas).

A criação de um canal menos burocratizado por parte da empresa de energia, junto a


associação de moradores poderia ser um mecanismo facilitador para a regularização da distri-
buição de energia no bairro. Criando-se este canal e orientando os consumidores ao uso cor-
reto e regularizado da energia, apresentando-se os benefícios das ligações regulares e da ma-
nutenção destas condições, com a apresentação dos critérios de cobrança da conta, promove-
riam as condições ideais para o surgimento do sentimento de pertencimento dos moradores do
bairro à realidade do município, bem como a regularização da distribuição de energia elétrica
em caráter nacional.

Ao que se refere a distribuição de água no bairro, a mesma é distribuída com regula-


ridade e em quantidade. Contudo, como no bairro a expansão frequente da quantidade de mo-
radias devido ao crescimento vertical, o consumo de água pode apresentar oscilações. Não há
evidencias quanto às ligações de água, se a empresa de águas e esgotos (CEDAE) tem esse
controle ou se as ligações são clandestinas.

Quanto a captação de esgotos, há córregos canalizados distribuídos pelo bairro. É


comum ver pontos de acesso expostos, onde muitos residentes lançam seus resíduos sólidos.
Estes canais têm perfil de captação misto, ou melhor dizendo, captam água da chuva e esgo-
tos.
55

Tal característica, como apresenta a literatura, traz um problema em países tropicais


que devido ao volume pluviométrico nos períodos chuvosos, ocorre o transbordamento, que
agravado pelo acumulo de resíduos causa o extravasamento de esgoto em vários pontos da rua
principal, assim como por vários becos do bairro. Há casas que, devido ao próprio relevo e
declividade, tem seu acesso em nível abaixo da rua, tornando vulneráveis tais moradores a
entrada de água e esgotos, bem como a contaminação por parte de doenças veiculadas pela
água.

É evidente a necessidade de ações governamentais a fim de garantir o saneamento da


região, garantir a saúde da população e evitar perdas materiais de todos os envolvidos. Ações
de educação ambiental são necessárias objetivando o fim do lançamento de resíduos em pon-
tos não adequados do bairro, em especial nos canais coletores. Além deste fator local, o esgo-
tamento do bairro é conduzido a estação elevatória localizada na av. Niemayer, a qual lança o
esgoto no oceano.

O atendimento a saúde no bairro é feito através de um posto de saúde. Todavia, este


posto não possui unidade de transporte, nem equipamentos de atendimento especializado. Na
verdade, este posto atende a Política Nacional em seus itens 4.5 e 4.6. Possui três Equipes de
Saúde da Família e três, de Saúde Bucal (RIO DE JANEIRO, 2015).

Um fator relevante é que o bairro apresenta dificuldades de acesso, por se encontrar


em uma encosta, por ter haver apenas 2 formas de transporte disponível a população (moto-
taxis e Kombi), por ter muitos becos e vielas onde não há como chegar transporte motorizado.

Um fator relevante é que para atendimentos de maior complexidade ou emergências,


os moradores se encaminham a UPA mais próxima, que se localiza na “Estrada da Gávea, 520
(curva do S) – Rocinha”, cujo acesso se dá ou de carro ou via transporte público. Dependendo
da opção (ou da possibilidade) a distância pode ser de 4.4 Km (sentido São Conrado) ou de 8
Km (sentido Leblon), o que dependendo do transito, das condições de acesso (obras, interven-
ções, acidentes) pode passar de 1 hora para chegar até a UPA.
56

Outra opção para os moradores nestas situações citadas é o Hospital Municipal Mi-
guel Couto, o qual se situa a 4.6 Km. Cabe ressaltar que o acesso ao bairro se dá a partir de 4
linhas de ônibus ou uma linha de van, afetando sobremaneira a logística dos moradores e fre-
quentadores para a entrada e saída do bairro.

É necessário que se faça uma avaliação a respeito da estratégia de saúde da família, a


qual responde pelo acompanhamento do desenvolvimento clínico dos cidadãos, conforme
estabelecido pelo SUS. E é na atenção básica que esta estratégia é fundamentada, sendo res-
ponsável pelo primeiro atendimento e encaminhamento aos locais adequados a atendimentos
de maior complexidade (atendimentos secundários – exames simples e tratamentos menos
complexos, e atendimentos terciários – exames de maior alcance tecnológico e tratamentos
mais complexos).

A crítica que se faz é quanto ao suporte logístico disponível, pois em casos de emer-
gência, os moradores ficam expostos à dificuldade de acesso, o que se apresenta como uma
vulnerabilidade em relação às necessidades de acesso a saúde. Embora seja apontado como
uma FORTALEZA, apresenta esta peculiaridade do local, o que sugere uma adaptação às
necessidades do bairro.

Consta no site da prefeitura do Rio de Janeiro o programa Morar carioca, o qual:

...foi criado em julho de 2010 pela Prefeitura do Rio com o objetivo de pro-
mover a inclusão social, através da integração urbana e social completa e de-
finitiva de todas as favelas do Rio até o ano de 2020. Coordenado pela Se-
cretaria Municipal de Habitação e Cidadania e considerado o maior progra-
ma de urbanização de favelas do país, a iniciativa faz parte do legado da Pre-
feitura para realização das Olimpíadas. (RIO DE JANEIRO, 2010)

Para existir a integração urbana e social completa, como o programa apresenta como
objetivo principal, faz-se necessária a intervenção em várias frentes a fim de alcançar o que se
propõe. A necessidade de obras de saneamento como as citadas anteriormente, sinalização nas
vias de acesso, com iluminação adequada, calçamento, regularização do transporte, facilitação
do acesso à moradores com necessidades especiais, são algumas ações que o programa pode-
ria apresentar.
57

Tais intervenções estão descritas como sendo integrantes do programa. Assim se evi-
dencia no trecho:

As obras de urbanização do Morar Carioca são executadas de acordo com o


porte e a condição de cada comunidade. Nas enquadradas como urbanizáveis
e Áreas de Especial Interesse Social, estão previstas implantação de redes de
abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial, iluminação
pública e pavimentação, criação de áreas de lazer e paisagismo; as áreas de
risco serão eliminadas e haverá regularização urbanística e fundiária. Nas
comunidades acima de 500 domicílios que já foram parcialmente urbaniza-
das, estão previstos equipamentos públicos, ampliação da acessibilidade e a
regularização urbanística. (RIO DE JANEIRO, 2010)

Como se trata de diminuir o déficit habitacional e integrar o bairro à realidade orgâ-


nica do município, a promoção de reformas nas atuais e a construção de novas residências e
vistorias nos imóveis existentes pode ser um desdobramento a ser evidenciado. Todavia, até o
presente momento não há qualquer referência a intervenções deste programa no bairro do Vi-
digal.

Quanto a realidade econômica do bairro, existem mercado, bares, restaurantes, far-


mácias, hotéis, hostéis, uma lotérica além de lanchonetes. Porém, não há um controle atuali-
zado deste quantitativo por parte da associação de moradores. Tal fato pode ser explicado pela
natureza informal de muitos estabelecimentos, os quais após serem submetidos a uma obra,
muitas residências passam a complementar a renda através do comercio. Um censo local pode
apresentar uma estratégia de mapeamento da realidade econômica atual do bairro, o que pode-
ria fortalecer a divulgação destes estabelecimentos, visando um aumento no comercio local.

O bairro está situado na zona sul carioca, entre os bairros do Leblon e São Conrado.
A paisagem observada no bairro e a partir do bairro tem grande apelo turístico, tornando o
local um ponto de interesse, seja pelo turista, seja pelo visitante ou pelo residente. Isso se evi-
dencia pela constante presença de turistas ou moradores de origem não brasileira.

Outra característica da região são as festas e eventos realizados em seu interior, os


quais atraem muitos frequentadores, aumentando a demanda pelo transporte interno (moto-
taxis e Kombis), entrando em competição com os moradores que em muitos casos se organi-
zam em filas para aguardarem o transporte.
58

Nos períodos de eventos, estas filas aumentam sobremaneira, e em alguns casos, há


alteração de preços apresentados para o transporte dentro do bairro. Em períodos festivos co-
mo ano novo e natal, há alteração nos preços para moradores e não moradores. Em demais
eventos, o preço varia apenas para não moradores. Com os eventos, aumenta de modo propor-
cional a geração de resíduos. E estes, já configuram entre as Fraquezas observadas, são agra-
vados por eventos sazonais.

Ações podem ser sugeridas à associação de moradores para que os organizadores


destes eventos possam atuar de modo mais efetivo junto ao bairro, objetivando a redução dos
resíduos ou se responsabilizando pelo acondicionamento adequado destes resíduos, para que
sejam reduzidos os impactos negativos, pelos mesmos causados ao bairro.

Quanto a alteração de valores cobrados pelos serviços de transporte, uma tabela de


preços previamente elaborada pode ser distribuída em pontos estratégicos para que tanto a
população residente quanto a visitante possam conhecer os valores que serão utilizados e em
quais períodos.

Há no bairro, em seu acesso principal uma UPP, a qual responde pelo acesso a popu-
lação a segurança pública. Além de sua sede, há postos avançados distribuídos pelo bairro.
Não há relatos de violência no local. Frequentemente pode-se observar a presença de policiais
em rondas e revistas aos moradores. Desta forma, tem-se a atuação do Estado no bairro. É
uma intervenção dentre tantas outras necessárias.

4.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O planejamento estratégico para o bairro pode ser construído tomando-se por base
suas ameaças e vulnerabilidades. Contudo, esse procedimento compete aos tomadores de de-
cisão responsáveis pelo local, que no caso são o prefeito, o governo estadual, a associação de
moradores e empresários cujos interesses estejam vinculados ao bairro.
59

Como ações, pode-se atuar segundo as dimensões. Desta forma, tem-se:


• O combate a vetores e animais domésticos presentes no local pode ser efetivado com
campanhas da prefeitura em conjunto com a associação de moradores;

• A promoção de ações em educação ambiental, ressaltando a coleta seletiva como uma ne-
cessidade ambiental, e como atendimento a legislação (atendendo a Política Nacional de Re-
síduos Sólidos – Lei 12305/10, art. 17, item XII, §3º; Lei 4969/08 – Gestão Integrada Muni-
cipal de Resíduos Sólidos – art. 3º Item V; Decreto Municipal 21305/02 – atribuições da
COMLURB – art. 3º);

• Regularização das ligações de eletricidade;

• Regularização do sistema de coleta de esgotos, bem como a limpeza dos canais de coleta
mista e gradeamento dos pontos abertos;

• Acondicionamento correto dos resíduos até a coleta, ao abrigo das intempéries;

• Levantamento dos quantitativos atualizados dos estabelecimentos do local;

• Levantamento do fluxo de frequentadores do local (turistas e frequentadores dos eventos


locais);

• Melhoria da oferta de meios de transporte;

• Fomento de ações para o combate ao analfabetismo;

• Melhor acesso a serviços de saúde de maior complexidade.

Embora muitas ações e programas tenham ocorrido no passado e ainda se estendam e


se desdobrem em intervenções futuras, o bairro do Vidigal apresenta características que o
tornam único quanto a frequência de pessoas, condições de moradia de seus moradores além
de apresentar potencial de melhoria em todos os aspectos abordados. Destaca-se a necessidade
60

de ações futuras para aperfeiçoar os processos de urbanização, que mesmo após terem sido
implantados requerem ações mais pontuais.

Cabe ressaltar que todas as informações organizadas neste diagnóstico apontam situ-
ações que afetam a qualidade de vida dos moradores e frequentadores do bairro. Além disso,
apontam irregularidades legais que devem ser corrigidas a fim de evitar-se sanções legais,
multas ou outras intervenções do poder público, o que pode agravar a situação de vulnerabili-
dade socioambiental em que o bairro e seus cidadãos se encontram.
61

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2015.
67

Glossário

 Acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabrican-
tes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto;
 Área contaminada: local onde há contaminação causada pela disposição, regular ou
irregular, de quaisquer substâncias ou resíduos;
 Área órfã contaminada: área contaminada cujos responsáveis pela disposição não se-
jam identificáveis ou individualizáveis;
 Carga poluidora: quantidade de determinado poluente transportado ou lançado em
um corpo de água receptor, expressa em unidade de massa por tempo;
 Ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem o desenvolvimento do pro-
duto, a obtenção de matérias primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a
disposição final;
 Coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua
constituição ou composição;
 Controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem à sociedade
informações, representações técnicas e participações nos processos de formulação de
políticas, de planejamento e de avaliação relacionados aos serviços públicos de sane-
amento básico;
 Degradação da qualidade ambiental – alteração adversa das características do meio
ambiente;
 Destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a reu-
tilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético
ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do
Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de
modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos
ambientais adversos;
 Disposição final ambientalmente adequada: distribuição ordenada de rejeitos em
aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos
à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos;
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 Geradores de resíduos sólidos: pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou pri-


vado, que geram resíduos sólidos por meio de suas atividades, nelas incluído o con-
sumo;
 Gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou indireta-
mente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final am-
bientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente ade-
quada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos só-
lidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei;
 Gestão associada: associação voluntária de entes federados, por convênio de coopera-
ção ou consórcio público, conforme disposto no art. 241 da Constituição Federal;
 Gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca de so-
luções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômi-
ca, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvi-
mento sustentável;
 Localidade de pequeno porte: vilas, aglomerados rurais, povoados, núcleos, lugare-
jos e aldeias, assim definidos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística IBGE.
 Logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado
por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a
restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu
ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente ade-
quada;
 Meio Ambiente – conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem físi-
ca, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
 Padrões sustentáveis de produção e consumo: produção e consumo de bens e servi-
ços de forma a atender as necessidades das atuais gerações e permitir melhores condi-
ções de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das necessida-
des das gerações futuras;
 Poluição – degradação da qualidade ambiental resultante de atividade que direta ou
indiretamente: a) prejudique a saúde, a segurança e o bem estar da população; b) criem
condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a
biota; d) afetem aa condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem ma-
térias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
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 Poluidor – pessoa física ou jurídica, de direito publico ou privado, responsável, direta


ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;
 Prestação regionalizada: aquela em que um único prestador atende a 2 (dois) ou mais
titulares;
 Reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração
de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transforma-
ção em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões estabeleci-
dos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa;
 Recursos ambientais – atmosfera, águas interiores, superficiais, superficiais e subter-
râneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a
fauna e a flora.
 Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de trata-
mento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viá-
veis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente
adequada;
 Resíduos sólidos (RS): material, substância, objeto ou bem descartado resultante de
atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proce-
der ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases
contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lança-
mento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções
técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;
 Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de atri-
buições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urba-
na e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e
rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à
qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei;
 Reutilização: processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação
biológica, física ou físicoquímica, observadas as condições e os padrões estabelecidos
pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa;
 Saneamento Básico – conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais
de: a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestrutura e ins-
talações necessárias ao abastecimento publico de água potável, desde a captação até as
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ligações prediais e respectivos instrumentos de medição; b) esgotamento sanitário:


constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, trans-
porte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as liga-
ções prediais até o seu lançamento final no meio ambiente; c) limpeza urbana e mane-
jo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacio-
nais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do
lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; d) drenagem e
manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instala-
ções operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou
retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das
águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;
 Serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos: conjunto de
atividades previstas no art. 7º da Lei nº 11.445, de 2007.
 Subsídios: instrumento econômico de política social para garantir a universalização do
acesso ao saneamento básico, especialmente para populações e localidades de baixa
renda;
 Universalização: ampliação progressiva do acesso de todos os domicílios ocupados
ao saneamento básico;
 Unidade de Polícia Pacificadora (UPP): A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) é
um dos mais importantes programas de Segurança Pública realizado no Brasil nas úl-
timas décadas. Implantado pela Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, no fim de
2008, o Programa das UPPs - planejado e coordenado pela Subsecretaria de Planeja-
mento e Integração Operacional - foi elaborado com os princípios da polícia de proxi-
midade, um conceito que vai além da polícia comunitária e tem sua estratégia funda-
mentada na parceria entre a população e as instituições da área de Segurança Pública.
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