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DIREITO À CIDADE E À VIDA

CASA-ABRIGO REGIONAL PARA MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM RIO DO SUL/SC


Linha de Pesquisa: Avaliação Pós-Ocupação

Acadêmica: Emanuela Bilk Lopes Trabalho de Conclusão de Curso -


Orientadora: Prof. Msc. Marina Bernardes Arquitetura e Urbanismo
D I R E I T O À C I DA
Co-orientador: D EMsc.
Prof. E ÀBruno
V I DAAied
: CASPassos
A - A B R I G O R E G I O N A L PA R A M U L H E R E S Foto:
E M SCriart
I T U A ÇFotografia
à O D E V I O L Ê N C I A D O M É S T I CA E M R I O D O S U L / S C 1/42
UNIDAVI
“Deusa do Beltane, mãe sagrada, rainha de maio
Senhora selvagem da floresta, guardiã do amor e da vida
Bem-vinda ao nosso círculo.

Nós mulheres, poderosas e sagradas


Declaramos nessa noite abençoada
Que nosso corpo celestial pertence somente a nós
Iremos escolher à quem amar e em quem iremos confiar
Iremos caminhar pela terra com graça e respeito
Iremos sempre nos orgulhar de nosso grande intelecto
Iremos honrar nossas emoções para que nossos espíritos se elevem
E se qualquer homem nos menosprezar
O expulsaremos na hora!
Nossos espíritos são inquebráveis, nossa imaginação é livre
Venha conosco deusa, para nos abençoar!”

(Ritual Celta Beltane, retirado da série “Anne with an E”, lançada em 2017)
RESUMO
A violência contra a mulher é percebida de várias maneiras dentro da sociedade, e pode
acontecer em ambientes privados como a casa da vítima, sendo denominado neste caso de
violência doméstica, ou no espaço público, como as ruas, praças e parques. A ocorrência
é resultado de uma sociedade com atributos e características historicamente patriarcais e
machistas (FERREIRA E SILVA, 2018), e resulta em danos muitas vezes irreparáveis tanto para
as vítimas quanto para a sociedade em geral. Atualmente, existem algumas iniciativas, tanto
de órgãos privados quanto públicos, que visam minimizar estes cenários de violência contra
a mulher. Uma das iniciativas é a Casa-Abrigo, uma estrutura que abriga mulheres em situ-
ação de violência doméstica e seus filhos dependentes, e que está incluída nas políticas de
enfrentamento à violência contra a mulher do Governo Federal Brasileiro. A cidade de Rio
do Sul, assim como as outras cidades da região do Alto Vale do Itajaí, possui quantidade
significativa de ocorrências de violência doméstica todos os anos, porém nenhuma destas
cidades possui uma Casa-Abrigo. O objetivo deste trabalho é desenvolver o anteprojeto de
uma Casa-Abrigo Regional para mulheres em situação de violência doméstica na cidade
de Rio do Sul - SC, prezando acolhimento, assistência, sigilo e segurança aos seus usuários.
Além disso, este trabalho pretende tratar da temática do Urbanismo Feminista, propondo
diretrizes para a cidade de Rio do Sul baseadas nesta perspectiva. O método de pesquisa
constitui-se de análises de projetos correlatos, entrevistas e a aplicação de questionário. O
resultado da análise de projetos correlatos permitiu compreender como edificações desta
tipologia se relacionam com o seu entorno e com os seus usuários, assim como quais são os
espaços necessários e desejáveis, e por fim, a relação entre segurança e o espaço construí-
do. As entrevistas possibilitaram coletar dados acerca da situação atual e percepções sobre
como os entrevistados verificam a violência doméstica na cidade de Rio do Sul. Além disso,
os dados evidenciaram que existem políticas de enfrentamento à violência doméstica, e re-
lataram também, sobre a existência de um abrigo para mulheres, porém esta não é adequa-
da ao uso e também não atende apenas vítimas de violência doméstica. Já o questionário
demonstrou a relação dos cidadãos rio-sulenses com os espaços urbanos da cidade, resul-
tando em dados que mostram que o espaço urbano atual está defasado e não inclui rotinas
de gênero em suas diretrizes. Como conclusão da pesquisa, percebe-se a importância de
iniciativas voltadas ao combate à violência contra a mulher em todos os ambientes, sejam
privados ou públicos, onde a Arquitetura e o Urbanismo pode e deve atuar. O anteprojeto
arquitetônico e urbanístico desenvolvido, que é o fruto deste Trabalho de Conclusão de Cur-
so, foi apresentado através de desenhos técnicos, esquemas ilustrados, imagens fotorrea-
lísticas e textos explicativos, e assim, evidenciam-se as intenções projetuais e diretrizes às
quais foram propostas no objetivo.

Palavras-chave: Violência contra a mulher. Casa-Abrigo. Urbanismo Feminista.


SUMÁRIO
PARTE I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARTE II - ANTEPROJETO
1. INTRODUÇÃO......................................................... 6 URBANO.....................................................................23
1.1 Problema e Justificativa........................................ 7 Mapa de Intervenções Urbanas para uma Rota de Rio
1.2 Objetivos............................................................. 8 do Sul.........................................................................23
Via Arterial - Rua Carlos Gomes............................... 24
2. REFERENCIAL TEÓRICO......................................... 9 Vias Coletoras - Ruas Tuiuti, Euclides da Cunha e Pre-
2.1 O que são e como funcionam as Casas-Abrigo.. 10 feito Eugênio Schneider............................................ 25
2.2 A violência contra a mulher e suas consequências Vias Locais - Ruas Tolentino Aristides Gomes e Amazo-
sociais....................................................................... 11 nas.............................................................................26
2.3 Como a arquitetura e as Casas-Abrigo auxiliam o Banheiros Públicos Modulares....................................27
enfrentamento à violência doméstica contra a mulher Praça do bairro Eugênio Schneider............................28
2.4 Urbanismo com Perspectiva de Gênero............. 12
ARQUITETÔNICO........................................................29
3. MÉTODOS E TÉCNICAS........................................ 13 Implantação...............................................................29
3.1 Estudos Correlatos.............................................. 13 Estratégias de Segurança..........................................29
3.2 Questionário - Espaço Urbano de Rio do Sul..... 15 Coberturas.................................................................30
Planta Baixa - Pavimento Térreo..................................31
4. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO.......... 16 Planta Baixa - Pavimento Superior.............................32
4.1 Contextualização Regional................................. 16 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável................ 33
4.2 Análise do Entorno............................................. 17 Fluxos......................................................................... 33
4.3 Localização do Terreno...................................... 19 Detalhe Jardim Filtrante............................................. 33
Corte BB.....................................................................34
5. PARTIDO GERAL................................................... 20 Detalhe Telhado Verde...............................................34
Corte AA....................................................................35
Detalhe Viga de Apoio dos Telhados..........................35
Diretrizes de Psicologia Ambiental.............................35
Detalhe Brises Verticais Inclináveis............................. 36
Sistema Estrutural...................................................... 37
Fachada Norte........................................................... 37
Fachada Oeste.......................................................... 38
Acessibilidade............................................................ 39
Ambientes Internos - Psicologia Ambiental................ 4 0
Considerações Finais................................................. 41
PARTE I
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

D I R E I T O À C I DA D E E À V I DA : CAS A - A B R I G O R E G I O N A L PA R A M U L H E R E S E M S I T U A Ç Ã O D E V I O L Ê N C I A D O M É S T I CA E M R I O D O S U L / S C 5/42
1. INTRODUÇÃO
O cenário de violência doméstica em nossa socieda-
de é considerado de proporções epidêmicas, matando em
média 13 mulheres a cada dia, segundo dados da Organi-
zação Mundial da Saúde (2015). Neste contexto, cada ini-
ciativa que possa ajudar a diminuir esta violência é de fun-
damental importância. As Casas-Abrigo são um exemplo
destas iniciativas, sendo sugeridas pelo Governo Federal
em suas políticas para o enfrentamento à violência do-
méstica. Basicamente, são locais seguros onde as vítimas
possam se abrigar junto a seus filhos, até que possam se-
guir com suas vidas.
Assim como no espaço privado, no espaço público (ur-
bano) as mulheres também têm seus direitos diminuídos ou
negados. O que se vê atualmente no planejamento urba-
no são cidades pensadas e construídas para os homens e
para os carros, sem que haja uma atenção à rotinas e ne-
cessidades diferentes destas. O Urbanismo Feminista –
ou Urbanismo com Perspectiva de Gênero – é um modo
de planejamento urbano que surge como resposta a esta
problemática, lutando para criar cada vez mais espaços
democráticos dentro das cidades.
A cidade de Rio do Sul, em Santa Catarina, não pos-
sui uma Casa-Abrigo, assim como também nenhuma das
cidades ao seu redor, que fazem parte da região do Alto
Vale do Itajaí. Em contrapartida, o que se nota é que há
um grande número de ocorrências de violência doméstica
registradas. Ao mesmo tempo, uma análise de seu plane-
jamento urbano demonstra grandes deficiências em re-
lação a rotinas femininas, como por exemplo a falta de
banheiros públicos adequados, bancos, calçadas largas e
um sistema de transporte público defasado.
Diante destes dados, uma revisão nas diretrizes de pla-
nejamento urbano seguidas pela cidade, assim como a
criação de uma Casa-Abrigo que possa atender toda a
região do Alto Vale, são iniciativas que vão de encontro a
tornar a sociedade em geral mais igualitária para homens
e mulheres. Estas ações viriam a contribuir na diminuição
das taxas de violência urbana contra a mulher, assim como
auxiliariam no combate à violência doméstica.

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1.1 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA
Violência doméstica contra a mulher mesticamente”. da edificação como abrigo e instituição, porém faltam
Em uma entrevista feita por Costa e Tatsch (2019), itens referentes à humanização dos ambientes.
38% dos assassinatos de mulheres foram execu- M Como resposta a esta problemática, encontra-se
Solange Pires Revorêdo, fundadora do Grupo de Apoio
tados por seus companheiros U apoio na Psicologia Ambiental, disciplina que relaciona
OMS, 2015

N à Mulher (GRAM), diz que:


a arquitetura e a psicologia e busca entender o modo
42% das mulheres que sofreram violência do- D
São poucas as [mulheres] que conseguem como o ser humano reage ao ambiente construído em
méstica apresentam sequelas físicas ou mentais O fugir [do ciclo de violência] por conta que se encontra (ELALI, 1998).
própria, 90% precisam do abrigo. Quan-
B 22 milhões (37,1%) de mulheres passaram por al- do não têm essa assistência, morrem. É
R Violência urbana contra a mulher

DATAFOLHA, 2018
gum tipo de assédio assim. Por isso é de extrema importância
A essa mulher ter para onde ir para se for- Homens e mulheres utilizam o espaço urbano de
42% no ambiente doméstico talecer. Para denunciar, ela tem que ter
S formas diferentes, possuem rotinas e necessidades di-
I certeza de que vai estar em segurança.
52% não denunciou o agressor ou procurou ajuda ferentes, porém estas diferenças nem sempre são con-
L
Abrigo Para Mulheres Vítimas de Violência existente em Rio do Sul: sideradas no planejamento urbano (COTA, 2018; FER-
pequeno, inseguro, não adequado
R REIRA E SILVA, 2018).
Por isso, além de não terem acesso igual à cidade,
PC RIO DO SUL, 2020
I as mulheres estão sempre inseguras. Não são incomuns
O as notícias de mulheres tendo seus corpos e direitos
violados no espaço urbano.
Evidencia-se, então, a necessidade da criação de
D diretrizes de planejamento urbano que levem em con-
Fonte: Equipe do Abrigo (2020)
O ta uma perspectiva de gêneros, dando espaço e for-
As Casas-Abrigo são equipamentos públicos consi- necendo ambientes humanos e igualitários a todos os
derados “locais seguros que oferecem abrigo protegi- seus usuários, independente de gênero, idade, etnia,
S do e atendimento integral a mulheres em situação de cultura, religião e classe social.
U violência doméstica” e fazem parte da Rede de En-
Fotografia de espaço público sendo utilizado por mulheres e crianças
frentamento à Violência contra as Mulheres do Gover-
L
no Federal (BRASIL, 2011).
De acordo com Ceolla (2019), “a ausência de servi- O ideal é que haja pelo menos uma Casa-Abrigo
em cada cidade, ou então em cidades próximas. Des-
ços públicos eficientes e de qualidade contribui para
te modo, justifica-se a criação de uma Casa-Abrigo
o aumento dos casos [de feminicídio]” e “a resposta
Regional na cidade de Rio do Sul que atenda a sua
inadequada dos órgãos públicos, seja em segurança microrregião.
pública, justiça ou assistência social, torna ‘normal’ a O Termo de Referência da Casa-Abrigo define uma
violência contra a mulher, sobretudo a que ocorre do- estrutura física mínima para atender as necessidades Fonte: Portal Paisaje Transversal (2018)

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1.2 OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Desenvolver um anteprojeto de uma Casa- OBJETIVOS ESPECÍFICOS
-Abrigo para mulheres em situação de violên-
cia doméstica na cidade de Rio do Sul - SC,
1. Investigar as diretrizes projetuais e a relação
da arquitetura com abrigos temporários para mu-
prezando acolhimento, assistência, sigilo e se- lheres vítimas de violência doméstica;
gurança aos seus usuários, assim como, propor
diretrizes projetuais baseadas no urbanismo 2. Verificar o papel das Casas-Abrigo no enfren- DELIMITAÇÃO DO TEMA
A Casa-Abrigo da cidade de Rio do Sul/SC
de gênero. tamento à violência contra a mulher e como elas
funcionam; visa atender o município em que se instalará,
assim com os municípios limítrofes. Seu públi-
3. Analisar a relação e adequação do urbanis- co-alvo são mulheres em situação de violência
mo utilizado nos planejamentos atuais à diferen- doméstica de todas as faixas etárias, juntamen-
tes rotinas de gênero; te com seus filhos menores de idade. Fará parte
4. Investigar e levantar dados acerca da situa- também dos usuários do local a equipe que lá
ção da violência doméstica na cidade de Rio do irá trabalhar, tanto os que permanecerem em
Sul; período integral quanto os que precisarem ir ao
5. Analisar projetos correlatos para entender
Abrigo em situações pontuais de atendimento
aos usuários da instituição.
como estes podem oferecer melhor estrutura físi-
As diretrizes de planejamento urbano com
ca e bem-estar a pessoas em situações de abrigo
temporário; perspectivas de gênero têm o intuito de aten-
der às necessidades relativas ao uso da cidade,
6. Desenvolver um anteprojeto de uma Casa- como transporte, segurança pública e infraes-
-Abrigo que abrigue mulheres em situação de vio- trutura de qualidade, tendo em foco o uso feito
lência doméstica na cidade de Rio do Sul e re- pelas mulheres no espaço urbano. Sendo este
gião do Alto Vale do Itajaí, prezando acolhimento, um dos grupos mais vulneráveis e menos incluí-
assistência, sigilo e segurança aos seus usuários; dos no planejamento urbano atual, entende-se
7. Integrar áreas externas à Casa-Abrigo atra- necessário um esforço dedicado em sua dire-
vés de anteprojeto urbanístico, de modo a auxiliar ção de modo a alcançar um ideal de espaço
na segurança e acessibilidade do local; urbano que atenda a todos, sem distinção ou
privilégio. A aplicação do planejamento urba-
8. Elaborar diretrizes de planejamento urbano no de forma mais igualitária, por consequência,
para um trajeto dentro da cidade de Rio do Sul também atenderá às necessidades de outros
que considerem a perspectiva de gênero.
grupos minoritários que enfrentam os mesmos
problemas que as mulheres, como idosos, crian-
ças, pessoas com deficiências, etc.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 O QUE SÃO E COMO FUN- de de construção de um imóvel próprio e a conse-
quente necessidade de aluguel de imóveis parti-
pe de plantão da Casa-Abrigo (BRASIL, 2011).
Quando fica confirmada a necessidade de
CIONAM AS CASAS-ABRIGO culares (que, por vezes, não possuem condições abrigamento, o CR, o CREAS, a própria equipe da
de acessibilidade), etc. Casa ou então uma autoridade policial (depen-
No Brasil, a primeira Casa-Abrigo foi criada em Assim, faz-se necessário rediscutir a obrigato- dendo da disponibilidade e gravidade do caso)
São Paulo em 1986, e era chamada Centro de Con- riedade do sigilo, desde que sejam asseguradas a deve realizar o transporte da mulher e seus filhos
vivência para Mulheres Vítimas de Violência Do- proteção e segurança da mulher e seus filhos, por ao serviço. De acordo com o Conselho Nacional
méstica – Convida. Em 2003, segundo a Secretaria meio de outras estratégias. É importante notar que de Justiça (2018), o tempo de acolhimento varia,
Especial de Políticas para as Mulheres da Presi- a não-obrigatoriedade desse quesito não impede indo em média de 1 dia até 3 meses, podendo
dência da República – SPM-PR existiam 42 Casas- que haja serviços que mantenham o sigilo, visto que ainda ser ampliado dependendo do caso. De-
-Abrigo e em 2011, este número era de 72 unidades o caráter não-sigiloso deve ser estabelecido a par- pois de iniciado o processo de desabrigamen-
(BRASIL, 2011). Atualmente, dados do IBGE (2019) Fotografia de Casa-Abrigo não-identificada to, o CR ou CREAS deverá então acompanhar o
dizem que de 5.570 municípios brasileiros, apenas caso até que a mulher e seus filhos consigam dar
134 possuem uma Casa-Abrigo para atendimento continuidade às suas vidas (BRASIL, 2011).
à mulheres vítimas de violência doméstica – o que Diagrama de fluxo de encaminhamento para os casos de abrigamento
corresponde a um valor de 2,4%. a mulheres vítimas de violência doméstica
Segundo as Diretrizes Gerais dos Serviços da
Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mu-
lheres, Anexo I do manual da Rede de Enfrentamen-
to a Violência contra as Mulheres, documento ela-
borado pela SPM-PR:
As Casas-Abrigo são locais seguros
que oferecem abrigo protegido e aten-
dimento integral a mulheres em situação
Fonte: Portal Justificando (2018)
de violência doméstica sob risco de morte
tir das realidades locais (BRASIL, 2011).
iminente. Constitui um serviço temporário
e em geral de caráter sigiloso, no qualCom relação ao processo de abrigamento, os
as usuárias poderão permanecer por pe-
serviços demandantes (serviços especializados e
ríodo determinado (mínimo três meses),
não especializados, como a Casa da Mulher Brasi-
durante o qual deverão reunir condições
leira, Serviços de Saúde Geral, Delegacias Públicas,
necessárias para retomar o curso de suas
vidas. (BRASIL, 2011). etc) identificam o possível caso de abrigamento e o
encaminha à um Centro de Referência de Atendi-
As Casas-Abrigo devem fornecer todo tipo de
auxílio para as abrigadas e seus filhos, como psico- mento à Mulher (CR) ou à um Centro Especializado
lógico, jurídico, pedagógico, entre outros. de Assistência Social (CREAS) – que realizará uma
Quanto à questão do sigilo, mantê-lo acarreta entrevista de avaliação para averiguar a necessi-
vários problemas, como: a mudança constante de dade do serviço de abrigamento. Em horários extra
endereços (para garantir o sigilo); a impossibilida- comerciais, a avaliação deverá ser feita pela equi- Fonte: Editado pela autora, de Brasil (2011)

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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.2 A VIOLÊNCIA CONTRA A MU- Cidreira (2017), conta que o nome da lei faz
O estudo ressalta que a violência
referência à Maria da Penha Maia Fernandes,
LHER E SUAS CONSEQUÊNCIAS uma mulher que foi vítima de violência domés-
possui fortes implicações para o de-
senvolvimento do país, uma vez que
envolve perdas de produtividade das
SOCIAIS tica durante 23 anos de casamento pelas mãos vítimas, eventuais custos com trata-
de seu próprio marido. Ele tentou por duas vezes mento no sistema de saúde e menor
participação da mulher no mercado
A Organização das Nações Unidas - ONU assassiná-la, utilizando uma arma na primeira de trabalho. Crianças que vivem em
(1993) definiu a violência contra a mulher como vez e deixando a vítima paraplégica, e tentando lares onde prevalece a violência do-
méstica possuem maior probabilidade
qualquer ato violento que contenha ameaças, eletrocutá-la e afogá-la na segunda vez, o que de desenvolver problemas comporta-
privações da liberdade ou coerções baseadas fez com que Maria da Penha denunciasse os ca- mentais na primeira infância e, a partir
da adolescência, se envolver em ativi-
no gênero e que cause ou possa causar danos sos. O julgamento durou dezenove anos, porém dades criminosas.
físicos, emocionais e/ou sexuais. o autor ficou preso somente durante dois anos.
De acordo com a Organização Mundial da As consequências da violência doméstica
Fotografia de Maria da Penha em sua cadeira de rodas
Saúde (2014), vivenciar um caso de violência contra a mulher são inquestionáveis, sejam elas
físicas ou psicológicas. “A própria Maria da Pe-
afeta o desenvolvimento vital das mulheres,
nha, homenageada pela Lei Maria da Penha, so-
podendo resultar em deficiências graves para fre até hoje com as sequelas (violência deixou
sua saúde mental, física, sexual e reprodutiva, a vítima paraplégica) decorrentes da violência
a longo e curto prazo, acarretando em grandes sofrida.” (CIDREIRA, 2017)
custos econômicos e sociais. A violência come- Segundo a pesquisa supracitada, são vários
tida contra a mulher, principalmente a cometi- os efeitos da violência doméstica na vida das
da por seu parceiro íntimo e a sexual, é um dos mulheres que sobrevivem, tanto físicos quanto
maiores problemas de saúde pública e violação psicológicos, onde evidencia-se: lesões como
hematomas, escoriações, luxações e lacera-
de direitos humanos.
ções, respostas inflamatórias e imunológicas,
No Brasil, criou-se a lei n 11.340, de 7 de Fonte: Portal de Notícias Veja, foto de Jarbas Oliveira (2019) dores pelo corpo, obesidade, síndrome do pâ-
agosto de 2006, popularmente conhecida A violência doméstica tem várias conse- nico, crises de gastrite, úlcera, mutilações,
como Lei Maria da Penha, um grande marco quências, que podem ser sentidas pela socieda- fraturas, dificuldades ligadas à sexualidade,
na luta contra a violência doméstica contra complicações obstétricas, aumento da pres-
a mulher, sendo o passo inicial na criação e de, pela mulher violentada e também por seus
são arterial, dores no corpo, principalmente de
implementação de muitos outros mecanismos filhos e pessoas próximas. Uma pesquisa feita
cabeça, dificuldades para dormir, depressão,
que fazem parte da Política Nacional de En- pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ansiedade, infecções urinárias de repetição,
frentamento à Violência contra as Mulheres, – IPEA (2019) relaciona a ocorrência de violên- dor pélvica crônica, transtorno do estresse pós-
como a institucionalização das Casas-Abrigo cia doméstica e familiar contra as mulheres e a -traumático, síndrome do intestino irritável, en-
(BRASIL, 2011). sua participação no mercado de trabalho: tre outros sinais e sintomas.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.3 COMO A ARQUITETURA E AS modo como elas o interpretam e re-interpretam Segundo Krenkel e Moré (2017) a passagem
de modo contínuo, a partir de suas próprias ca- de mulheres e seus filhos pelas Casas-Abri-
CASAS-ABRIGO AUXILIAM O EN- racterísticas (condições físicas, história de vida, go é bastante positiva. Conforme seus estu-
gênero, idade, entre outras) (ELALI, 1998). dos, as mulheres sentiram que sua experiência
FRENTAMENTO À VIOLÊNCIA DO-
Fatores da ambiência no espaço físico
era validada, visto que podem conversar com
MÉSTICA CONTRA AS MULHERES pessoas que passaram pelo mesmo que elas
ou que entendem sua situação, sem minimi-
A arquitetura está ligada intimamente ao con- zar a sua dor ou sugerir que permaneçam com
ceito de abrigamento, visto que desde os primór- o agressor, como acontecia em muitos casos
dios da humanidade o homem buscou abrigo, quando elas pediam apoio à família.
seja este construído ou natural, contra intempé- Além disso, as abrigadas dizem que sua ex-
ries e predadores. Com o passar dos tempos e o periência foi de acolhimento, pois receberam
desenvolvimento da humanidade, o que chama- apoio emocional e conselhos, informações so-
mos de abrigo passa a adquirir um conceito mui- bre como lidar com o estresse e a raiva, além de
to mais amplo, passando a lidar com aspectos
como melhorar a autoestima e sentirem-se em
sensíveis àqueles que farão uso deste, seja ele
fixo ou temporário (STRICKLAND, 2003). um local seguro. Outro ponto mencionado foi
A Casa-Abrigo deve oferecer um local físi- a importância do auxílio psicológico e jurídico,
co seguro e estável, mas também condições do encaminhamento profissional, da preocu-
para que a mulher e seus filhos tenham, mesmo pação do abrigo com os filhos das abrigadas
em sua estadia temporária, acesso a qualida- e também da segurança no abrigo (KRENKEL e
de de vida, a possibilidade de desenvolverem Fonte: Elaborado pela autora, dados de Bestetti (2014) MORÉ, 2017).
sua autonomia e oportunidade de crescimento Esquemas exemplificando alguns conceitos de Psicologia Ambiental
Em relação à satisfação de vida após a saída
pessoal (BRASIL, 2011). da Casa-Abrigo, Krenkel e Moré (2017) trazem
Para isto, busca-se a Psicologia Ambiental, a informação de que os aspectos referentes
um campo interdisciplinar que faz a ligação en- aos recursos pessoais, à autoestima e a parti-
tre Arquitetura e Urbanismo e a Psicologia e es- cipação e empenho nas atividades realizadas
tuda as relações pessoa-ambiente. no local ajudaram em sua satisfação de vida.
De acordo com a mesma, cada setor do am-
biente transmite a seus usuários variáveis que
influenciam em seu comportamento, podendo
eles serem objetivos (iluminação, temperatura,
ruídos e arborização, por exemplo) ou subjetivos
(sensação de aglomeração ou acolhimento, pri-
vacidade e apropriação, clima social, etc). Es-
tas variáveis compõem a chamada ambiência,
a qual influencia a percepção das pessoas e o Fonte: Site Arquiteturas e Pedagogias (2020)

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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.4 URBANISMO COM PERSPEC-
TIVA DE GÊNERO O Urbanismo Feminista sugere al-
As mulheres utilizam a cidade tanto quanto os
gumas diretrizes projetuais para a
homens, porém suas necessidades muitas vezes não cidade, que são:
são levadas em conta na hora do planejamento ur-
bano (FERREIRA E SILVA, 2018). 1.Segurança nas ruas: mulheres
estão mais suscetíveis a serem violen-
[...] além do poder público histori- tadas nas ruas do que homens;
camente desconhecer e (ou) ignorar as
necessidades da mulher, há também
uma falta de atenção para com as 2. Mobilidade e Uso Misto na cida-
mudanças na estrutura econômica do de: mulheres, por conta de seu papel
país, onde, nas últimas três décadas, social, precisam atender a muito mais
as mulheres passaram a ter significa-
tiva participação, não acompanhada lugares durante seu dia, tendo percur-
de melhorias que possibilitassem sua sos difíceis e cansativos caso os locais
permanência e deslocamento pela ci- que precise visitar fiquem muito dis-
dade. Desta forma, às mulheres é re- Como adendo ao conceito de Urbanismo Fe-
servado o papel de turista, em cidades tantes;
minista, este trabalho trouxe a referência da es-
construídas para os homens e urbani-
zadas de acordo com o deslocamento 3.Foco no Sistema de Transporte critora e ativista política Jane Jacobs (2000), que
deles pelas ruas, calçadas, praças etc. Público, Calçadas e Ciclovias: mulhe- em em seu livro “Morte e Vida das Grandes Ci-
Tal situação evidencia um descompas- dades” trouxe uma visão um pouco mais feminina
so entre o que é pensado pelo plane- res fazem seus percursos mais a pé,
jamento urbano e o que é de fato ne- de bicicleta e de transporte público, do espaço urbano, apontando vários aspectos da
cessário para os usuários da cidade; e precisam ir a mais locais durante o cidade que devem ser considerados no planeja-
sendo que no Brasil há, proporcional- mento urbano. Um dos principais pontos foi o que
mente, mais usuários mulheres do que seu dia;
a autora chamou de “olhos da rua”, sugerindo
homens (FERREIRA E SILVA, 2018).
4. Áreas Públicas com estrutura de para as cidades um uso misto entre residências e
comércio e o uso de sacadas e janelas voltadas
O termo urbanismo feminista, ou urbanismo apoio: bancos, fraldário, banheiros,
com perspectiva de gênero, surgiu desta neces- etc, são indispensáveis, visto que as à rua, onde seria possível que os usuários destes
sidade de incluir no planejamento urbano a pre- espaços pudessem vigiar a rua em todas as horas
mulheres costumam estar com filhos
ocupação com a rotina e a relação das mulheres do dia e também daria mais vida aos bairros, as-
com o espaço urbano.
ou precisarem executar tarefas na rua; sim oferecendo mais segurança a todos.
A arquiteta Zaida Muxi (COTA, 2018) diz que
mulheres e homens usam a cidade de formas dis-
5. Políticas Públicas, conscientiza- O urbanismo feminista baseia-se na ideia
tintas, desde meios de locomoção, horários, per- ção e participação feminina ativa nos de que ao atender as necessidades desta
cursos, etc. Segundo ela, a cidade foi concebi- processos. parcela da sociedade, serão atendidas tam-
da para homens com melhores condições sociais, bém outras parcelas segregadas da popula-
(FERREIRA E SILVA, 2018; COTA, 2018; MUXI, 2018;
para os carros, excluindo todos os outros usuários. JACOBS, 2000) ção (FERREIRA E SILVA, 2018).

D I R E I T O À C I DA D E E À V I DA : CAS A - A B R I G O R E G I O N A L PA R A M U L H E R E S E M S I T U A Ç Ã O D E V I O L Ê N C I A D O M É S T I CA E M R I O D O S U L / S C 12/42
3. MÉTODOS E TÉCNICAS
3.1 ESTUDOS CORRELATOS
3.1.1 ABRIGO PARA VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 3.1.2 ABRIGO PARA DESABRIGADOS NA POLÔNIA - REF.
EM ISRAEL - REF. FUNCIONAL FUNCIONAL
• Nome do projeto: Ada and Tamar Esquema de permeabilidade visual com o terreno e
imagens do pátio interno do Abrigo
• Nome do projeto: Abrigo de Fotografias do abrigo
De Shalit House (Casa Ada e Ta- Jankowice
mar De Shalit) • Arquitetos responsáveis: xystu-
• Arquitetos responsáveis: Amos dio
Goldreich Architecture, Jacobs • Área construída: 1485,00 m2
Yaniv Architects • Local: Jankowice, Polônia
• Área do terreno: 1600,00 m2
• Área construída: 800,00 m2 O projeto foi desenvolvido para
• Local: Tel Aviv-Yafo, Israel pessoas desamparadas para as quais
Trata-se de uma edificação projeta- Fonte: Alterado pela autora de Portal Amos não há lugar no sistema de atendi-
da com o intuito de receber, abrigar e Goldreich Architecture (2018) mento público. O abrigo é uma am-
encaminhar mulheres em situação de Planta baixa setorizada dos pavimentos térreo e pla edificação térrea em meio a uma
violência doméstica, junto a seus filhos,
superior do abrigo paisagem verde, que fornece, além
da cidade de Tel Aviv, em Israel. O pro- de dormitórios para os desabriga-
jeto contempla, além dos espaços de dos, espaços de lazer, socialização e
abrigamento e lazer, espaços de apoio apoio aos mesmos, assim como espa-
onde os moradores da casa têm a opor- ços para os funcionários que, de certa
tunidade de se recuperarem plenamen- forma, também habitam este edifício.
te. Neste projeto, a edificação ficou
O terreno foi selecionado cuidado- bem afastada da via de acesso ao lote,
samente para ser em uma área próxima o que a torna mais privada. Também
a equipamentos como lojas, empregos, é muito mais integrada ao seu entor-
clínicas de saúde, escolas, parques e no, por não precisar de esforços tão
outros espaços verdes, centros de acon- expressivos no quesito de segurança. Fonte: Portal ArchDaily (2020)
selhamento e instalações recreativas. Ainda assim, por conta da quantidade
Sua organização foi pensada com de dormitórios, possui também um pá-
Planta baixa com setorização do abrigo
foco na segurança das abrigadas, por
isso sua conexão com a rua ficou com- tio interno conectado ao corredor que
prometida, sendo interrompida por acessam estes dormitórios.
grandes muros e vegetação. Para com- Sua setorização é um pouco mais
pensar a possível sensação de prisão, generosa na quantidade de espaços
todos os cômodos voltam-se para um sociais e de serviço/apoio, além de
pátio central, chamado de “coração da propor espaços de contemplação e
Fonte: Alterado pela autora de Portal Amos
casa”. Goldreich Architecture (2018) espiritualidade para os abrigados. Fonte: Portal ArchDaily (2020) adaptado pela autora

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3. MÉTODOS E TÉCNICAS
3.1 ESTUDOS CORRELATOS
3.1.3 ABRIGO PARA UM ESCRITOR NO REINO UNIDO - REF. 3.1.4 CENTRO SOCIAL NA DINAMARCA - REF. ESTÉTICO
ESTÉTICO
Fotografias do centro social
Trata-se de um espaço de aproxi- lares, devido a inclinação necessária
madamente 40m2, projetado para um para o escoamento da água da chuva
autor e ilustrador de Londres, no Rei- – e neve em alguns casos – como tam-
no Unido, pela WSD Architecture em bém a distribuição adequada do peso
2014. Trabalhando dentro de parâ- da estrutura do mesmo e essa identi-
metros que desenvolvessem um local dade é facilmente identificada e mui-
funcional para o trabalho, a empresa to presente pelo mundo. Portanto, a
queria que refletisse a paixão pela li- utilização de triângulos em telhados
teratura possuída pelo cliente. aparentes não só é boa solução para
O abrigo para um escritor utiliza intempéries, como é uma característi-
formas geométricas simples para defi- ca marcante que cria a identidade de
nir o formato da edificação, utilizando uma casa.
elementos triangulares e retangulares Na fachada do Abrigo, é predomi-
em um misto de simetria e assimetria nante a presença de ritmo com linhas
que o torna quase orgânico, mesmo verticais através do ripado de madei- Fonte: Portal ArchDaily (2020)
com a presença pesada de traços ra- ra – elemento responsável por criar a
cionais. textura do Abrigo, assim como serve Este projeto de 2018 feito pela e sob o mesmo, o formato triangular
Telhados de casas são costumei- de elemento obstrutor, aumentando a C.F. Møller Architects trata-se de definido pela inclinação do telhado
ramente – e historicamente – triangu- privacidade do interior da edificação. um Centro Social para a Internatio- que se conecta com estas paredes.
nal School Ikast-Brande na cidade Estas duas formas definem os traços
Fotografias do abrigo
de Vestergade, na Dinamarca. O lo- racionais das fachadas, que são re-
cal foi apelidado pela comunidade petidas em toda edificação. A utili-
local de “Hjertet” (coração em dina- zação da madeira como revestimen-
marquês) e sua composição arqui- to principal das paredes e telhado
tetônica é resultado do intuito de corta um pouco a seriedade do edi-
criar um espaço que funcionasse dia fício e o torna mais aconchegante.
e noite, facilitando a sua apropria- Algumas características marcan-
ção pela comunidade e tornando-se tes do projeto são a utilização de
uma pequena cidade. um contorno provindo da estrutura
Em uma análise das formas ge- da edificação e que é revestido de
ométricas empregadas, cada setor ripas de madeira e as peles de vidro
possui sua base em formato retan- que completam o contorno empre-
gular, sendo este retângulo defini- gado pela estrutura e reforçam sua
do pela extensão de suas paredes, forma triangular.
Fonte: Portal ArchDaily (2020)

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3. MÉTODOS E TÉCNICAS
3.2 QUESTIONÁRIO - ESPAÇO URBANO DE RIO DO SUL
O questionário foi estruturado e disponibilizado de forma on-line e foi
respondido por 108 pessoas de diversas faixas etárias, gêneros, escolari-
dades e localizações, sendo 72 de Rio do Sul, que foram os analisados.
Destes 72, 51 são do gênero feminino, 1 não-binário e 20 masculino.

Foi elaborado a fim de conhecer a relação entre o urbanismo aplica-


do atualmente nas cidades brasileiras, mais específicamente em Rio do Principais Espaços Públicos do centro da cidade de
Sul - SC, e as pessoas que o utilizam. O questionário foi composto por 33 Rio do Sul
Situação de algumas calçadas da cidade de Rio do
perguntas de múltipla escolha e 1 pergunta descritiva, coletando dados de
Sul
perfil, sobre a relação do respondente com o espaço urbano e como ele
o percebe.
Sobre o questionário, algumas conclusões são importantes para este
trabalho, que são:

1. Meios de transporte mais utilizados: veículo próprio, a pé e trans-


porte público, respectivamente;
2. O público feminino se sente mais inseguro que o masculino nas
ruas, tanto de dia quanto à noite (porém mais a noite);
3. As calçadas da cidade são consideradas ruins, estreitas e sem
acesso universal;
4. A preferência geral é por ruas movimentadas;
5. O transporte público da cidade é considerado com disponibili-
Fonte: autora (2020)

Fonte: autora (2020)


dade de horários insuficiente;
6. Num geral, os entrevistados fazem pouco uso de parques e pra-
ças;
7. Como justificativa ao item acima, reclamaram de distância,
falta de atrativos, espaços mais íntimos, infraestrutura, vegetação
e segurança.

D I R E I T O À C I DA D E E À V I DA : CAS A - A B R I G O R E G I O N A L PA R A M U L H E R E S E M S I T U A Ç Ã O D E V I O L Ê N C I A D O M É S T I CA E M R I O D O S U L / S C 15/42
4. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL
Localização da Área de Implantação O local de implantação selecionado para este anteprojeto fica no bairro Eugêncio Schneider, na
cidade de Rio do Sul - SC. O bairro é residencial e pequeno, bastante calmo e fora de áreas inundá-
veis. É rodeado pelos bairros Boa Vista, Sumaré, Laranjeiras e Centro e conta em sua área e entorno
próximo (até 2km) com instituições de saúde, de educação, de subsistência e de apoio.
Também foi analisada a topografia do terreno, pois a sua complexidade influencia diretamente
no processo de projetação, em relação a questões como acessibilidade universal e relação com as
áreas externas do terreno. O terreno selecionado possui pouca aclividade/declividade, sendo este
um dos motivos de ter sido selecionado.
Localização do terreno com equipamentos existentes em seu entorno

Fonte: Google (2020) adaptado pela autora

CRITÉRIOS DE ESCOLHA DO TERRENO


1. Terreno de uso público – Pref. Mun. de Rio do Sul
2. Localizado em bairro residencial
3. Próximo a creches e escolas
4. Fora de áreas inundáveis
5. Tamanho mínimo 1.200 m 2
Fonte: Google (2020) adaptado pela autora

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4. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO
4.2 ANÁLISE DO ENTORNO
Quanto aos usos, o que se observa são edifica- Mapa de Usos e Atividades A área analisada apresenta em sua maioria
ções de uso predominantemente residencial. Em edificações térreas ou de 2 pavimentos, estes úl-
visita ao terreno, percebeu-se a presença da Asso- timos geralmente devido à necessidade de me-
ciação de Moradores do Bairro Eugênio Schneider lhor aproveitamento de terrenos com declividade
e uma praça na lateral leste do terreno de implan- acentuada. As edificações ficam mais altas con-
tação. forme se aproximam do centro da cidade, com
A área analisada é bastante mista, com espa- exceção de alguns edifícios mais altos, sendo
ços mais adensados e outros bastante vazios. Uma dois próximos ao terreno de implantação, porém
análise da sua topografia mostra que a maioria que não o atingem.
dos locais com grandes desníveis coincidem com
as áreas menos adensadas, deste modo não sendo Mapa de Gabarito - Altura das Edificações
passíveis de apropriação pública.
Mapa Noli - Cheios e Vazios

Fonte: Mapa Cadastral de Rio do Sul adaptado pela autora (2020)

Fotografias da praça e da Associação de Moradores do bairro

Fonte: Mapa Cadastral de Rio do Sul adaptado pela autora (2020) Fonte: Autora (2020) Fonte: Mapa Cadastral de Rio do Sul adaptado pela autora (2020)

D I R E I T O À C I DA D E E À V I DA : CAS A - A B R I G O R E G I O N A L PA R A M U L H E R E S E M S I T U A Ç Ã O D E V I O L Ê N C I A D O M É S T I CA E M R I O D O S U L / S C 17/42
4. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO
4.2 ANÁLISE DO ENTORNO
O recorte analisado apresenta uma composi- Mapa de Transporte O recorte analisado possui boa infraestrutura,
ção de malha urbana irregular e de traçado or- com rede de energia, drenagem e água passan-
gânico nas ruas mais antigas e de maior decli- do por quase todas as vias. Há uma quantidade
vidade, e malha regular ortogonal nos locais de satisfatória de bocas de lobo nas vias, principal-
recente urbanização e com menores diferenças mente nas partes mais altas da área, evitando
de níveis.
Quanto à hierarquia viária, nota-se a predo- assim a criação de acúmulos de água ou a de-
minância de vias locais, por ser uma área de uso preciação das pavimentações.
mais residencial. Não possui cruzamentos confli- Há uma rede de vegetação significativa no
tantes nem tráfego intenso, com exceção da úni- recorte, principalmente em encostas mais íngre-
ca via arterial, que não influencia diretamente no mes, terrenos desocupados e Áreas de Preserva-
terreno de implantação. ção Permanente de cursos d’água existentes.
Mapa de Sistema Viário Mapa de Infraestrutura Urbana

Fonte: Mapa Cadastral de Rio do Sul adaptado pela autora (2020)

A região estudada é atendida por transporte


público, através da Linha 6A que passa pelo bair-
ro Boa Vista e vai até o Terminal Urbano do cen-
tro da cidade.
O trajeto 6A passa pelas duas principais ruas
coletoras da área estudada e atende à demanda
da escola do bairro e dos trabalhadores que pre-
cisam se deslocar até o centro da cidade, porém
possui apenas 01 ponto e 01 parada de ônibus.
Quanto aos horários, são variados e concentra-
dos no início da manhã, mais próximos ao meio
Fonte: Mapa Cadastral de Rio do Sul adaptado pela autora (2020) dia, no final da tarde e final da noite. Fonte: Mapa Cadastral de Rio do Sul adaptado pela autora (2020)

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4. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO
4.3 LOCALIZAÇÃO DO TERRENO
Visuais do Terreno de Implantação

O terreno selecionado para implantação da Mapa do terreno de implantação com entorno e condicionantes - sem escala
Casa-Abrigo de Rio do Sul possui 1.294,20m2, com
testada de apenas 7,34m para o encontro das
ruas Amazonas e Tolentino Aristides Gomes.
Possui uma expressiva massa de ve-
getação em suas lateral oeste e fun-
dos, assim como a presença de uma
árvore de grande porte. O vento
predominante é o NE (nordeste)
e quanto ao perfil do terre-
mo, é ligeiramente inclinado
em sua maior parte, tendo
inclinações maiores nos
cantos nordeste e sudo-
este.
Não há edificações
próximas que gerem
sombreamento no ter-
reno, sendo este som-
breado apenas pelas
massas de vegetação
existentes, além de re-
ceber o sol leste um
pouco mais tarde do
que o normal, devido ao
perfil do terreno subir na
direção leste.
Em relação à acústica,
o terreno encontra-se em
um bairro predominantemen-
te residencial, e fica próxima a
vias locais pouco movimentadas,
sendo assim bastante silencioso.
Quanto ao clima do local, segundo o
Portal Weather Spark (2020) “o verão é
longo, morno e abafado; o inverno é curto
e ameno. (...) Ao longo do ano, em geral a tem-
peratura varia de 10 °C a 28 °C e raramente é
inferior a 4 °C ou superior a 31 °C.” Fonte: autora (2020)
Fonte: autora (2020)

D I R E I T O À C I DA D E E À V I DA : CAS A - A B R I G O R E G I O N A L PA R A M U L H E R E S E M S I T U A Ç Ã O D E V I O L Ê N C I A D O M É S T I CA E M R I O D O S U L / S C 19/42
5. PARTIDO GERAL
CONCEITO ABRIGO EXISTENTE CASA-ABRIGO
As mulheres vítimas de violência doméstica SUGERIDA
e seus filhos, quando chegam ao abrigo, es- • Atende apenas mulheres da
tão extremamente fragilizados. Para que con- • NomeAtende
cidade de Rio do Sul; do Compartimentomulheres Mobiliário da cidade
Un. x Área Unit. =
sigam se recuperar, é necessário não apenas Setor
Área Útil

um abrigo físico, mas uma estrutura completa • Consegue abrigar simultâneamente de


Sala Administrativa
Rio
Depósito do setor + Limpeza
do Sul e região;
Mesas, cadeiras, armários
Armários
1x28,3m; = 28,3m;
1x7,5m; = 7,5m;

no que tange à proteção e acolhimento, que até 09 pessoas; • Consegue


Copa/Cozinha abrigarmesassimultâneamente
Balcão com pia, bancadas ou
com assentos, 1x15,1m; = 15,1m;
ofereça, além de refúgio, cuidado, incentivo • Afastada dos setores de apoio e serviços; Banheiro Feminino até 26 pessoas;
eletrodomésticos, armários
Vaso sanitário, pia 1x6,9m; = 6,9m;
e suporte às mulheres e crianças abrigados. • Casa adaptada: acesso e espaços sem Banheiro Masculino Vaso sanitário, pia 1x6,7m; = 6,7m;
• Espaço
Adm.
para
Dormitório Servidor + BWC pernoite de funcionário;
Cama, mesa com cadeiras +
1x13,1m; = 13,1m;
Conceito da Casa-Abrigo de Rio do Sul acessibilidade, cozinha pequena, não Vaso sanitário, pia

• Casa construída
Vagas Est. e Carga e Descarga
para
Balcão comeste
-
propósito: -

possui espaços de lazer; Recepção + BWC cadeira 1x24,6m; = 24,6m;

• Por enquanto tem mantido seu caráter


espaços
Hall
grandes e-Escada
Circulação Vertical acessíveis,
+ Elevador ampla
1x13,7m; = 13,7m;
1x13m; = 13m;
Área total do setor 128,9 m²

sigiloso, porém a segurança é fraca; estrutura


Enfermaria de apoio, Mesa comespaços
cadeiras, maca,
armários, balcão com pia
de la-
1x17,8m; = 17,8m;

• Atende uma média de 10 mu- Sala de Aconselhamento


zer e descanso;
Banheiro Enfermaria PCD Vaso sanitário, pia 1x3,2m; = 3,2m;
Mesa com cadeiras, armários,

lheres por ano e 16 crianças e • etc.) Segurança pensada


(terapêutico, jurídico, assistencial,
poltronas, divã como 1x16,8m; = 16,8m;

Mesas com cadeiras, lousa,


adolescentes. Apoio uma das principais
02 Salas de Aula
tela com projetor es-
Mesas com cadeiras, lousa,
2x20,3m; = 40,7m;

Sala de Informática
tratégias.
tela com projetor,
computadores
1x29,2m; = 29,2m;

Horta - -
Estantes, armários, mesas e
Biblioteca / Salas de Estudos 1x26,5m; = 26,5m;
cadeiras, poltronas, pufes
Banheiro Vaso sanitário, pia 1x4,8m;αͶǡͺ;
Área total do setor 139 m²
Un. x Área Unit. =
PROGR. DE NECESSIDADES
Setor Nome do Compartimento Mobiliário Sala de Estar Sofás, poltronas, pufes, TV 1x38,3m; = 38,3m;
Área Útil Banheiro Feminino Vaso sanitário, pia 1x10,9m; = 10,9m;
Sala Administrativa Mesas, cadeiras, armários 1x28,3m; = 28,3m; Banheiro Masculino Vaso sanitário, pia 1x10,9m; = 10,9m;
Depósito do setor + Limpeza Armários 1x7,5m; = 7,5m; Balcão com tanque, máquinas
Balcão com pia, bancadas ou Lavanderia 1x8,8m; = 8,8m;
de lava e seca, armários
Copa/Cozinha mesas com assentos, 1x15,1m; = 15,1m; Depósito Armários 1x8,5m; = 8,5m;
eletrodomésticos, armários Recebimento/Higienização Balcão com pia, armários 1x7,5m; = 7,5m;
Banheiro Feminino Vaso sanitário, pia 1x6,9m; = 6,9m; Balcão com pia, mesa,
Banheiro Masculino Vaso sanitário, pia 1x6,7m; = 6,7m; Cozinha 1x26,9m; = 26,9m;
Adm. eletrodomésticos, armários
Cama, mesa com cadeiras + Social
Dormitório Servidor + BWC 1x13,1m; = 13,1m; Despensa Armários 1x5,2m; = 5,2m;
Vaso sanitário, pia Refeitório / Circulação Mesas e cadeiras 1x69,3m; = 69,3m;
Vagas Est. e Carga e Descarga - - Brinquedos, mesas com
Recepção + BWC Balcão com cadeira 1x24,6m; = 24,6m; Brinquedoteca 1x30,4m; = 30,4m;
cadeiras, armários, TV, pufes
Hall - 1x13,7m; = 13,7m; Mesas e cadeiras, poltronas,
Circulação Vertical Escada + Elevador 1x13m; = 13m; Refeitório / Lazer Coberto 7x71,8m; = 71,8m;
pufes
Área total do setor 128,9 m² Circulação Vertical Escada + Elevador 1 x 13m; = 13m;
Mesa com cadeiras, maca, Áreas Externas - -
Enfermaria 1x17,8m; = 17,8m;
armários, balcão com pia Área total do setor 302,5 m²
Banheiro Enfermaria PCD Vaso sanitário, pia 1x3,2m; = 3,2m; Camas, armários, mesa com
Sala de Aconselhamento 01 dormitório para até 5 pessoas 1x23m; = 23m;
Mesa com cadeiras, armários, cadeiras
Fonte: autora (2020) (terapêutico, jurídico, assistencial,
poltronas, divã
1x16,8m; = 16,8m; Camas, armários, mesa com
etc.) Privado 06 dormitórios para até 3 pessoas 6x17m; = 102m;
cadeiras
Mesas com cadeiras, lousa, Cama, armário, mesa com
02 Salas de Aula 2x20,3m; = 40,7m;
Através de uma arquitetura mais sensível, Apoio
tela com projetor
Mesas com cadeiras, lousa,
02 dormitórios para 1 pessoa
09 banheiros internos aos
cadeiras
2x10,5m; = 21m;

pretende-se mudar a perspectiva dos abriga- Sala de Informática tela com projetor,
computadores
1x29,2m; = 29,2m; dormitórios
Vaso sanitário, pia, chuveiro 09x5,2m; = 46,7m;

dos(as) de que a Casa-Abrigo é uma prisão, Horta -


Estantes, armários, mesas e
-
Circulação Vertical Escada + Elevador
Área total do setor
1x13m; = 13m;
205,7 m²
para que então, passe a ser visto como um lo- Biblioteca / Salas de Estudos
cadeiras, poltronas, pufes
1x26,5m; = 26,5m; Circulações
Área total (ambientes internos)
270,5 m;
1.046,6 m;
cal de recomeço. Banheiro Vaso sanitário, pia
Área total do setor
1x4,8m;αͶǡͺ;
139 m²
ÁREA TOTAL 1.180,9 m²
Sala de Estar Sofás, poltronas, pufes, TV 1x38,3m; = 38,3m;
Banheiro Feminino Vaso sanitário, pia 1x10,9m; = 10,9m;
Banheiro Masculino Vaso sanitário, pia 1x10,9m; = 10,9m;

20/42
Balcão com tanque, máquinas
D I R E I T O À C I DA D E E À V I DA : CAS A - A B R I G O R E G I O N A L PA R A
Lavanderia
M U L H E R E S E M S I T U A Ç Ã OdeDlavaE eVseca,
I O Larmários
1x8,8m; = 8,8m;
Ê N C I A D O M É S T I CA EM RIO DO SUL/SC
Depósito Armários 1x8,5m; = 8,5m;
5. PARTIDO GERAL
Fluxog ra ma - P a v . T ér r eo
DIRETRIZES ARQUITETÔNICAS
Adm. D
Dooi
Conv. iss p
paav
viim
m

1. Projetar uma edificação que forneça máxima segu-


een
Apoio nttoo
ss
o D
r
ettoor
Diirre
no
rança aos abrigados com o mínimo impacto em sua sen- Pllaan

PROJETUAIS
o ss -- P
m
iim o
ín
sação de liberdade, ou seja, que proteja sem confinar. e
sm
nttoos
n
mín
me
ssttaam
Affaa
A

2. Fornecer espaços privativos acolhedores aos abri- Ac so


esso
Aces

gados, para que possam exercitar a sua identidade e tee O


O
tennt ddiisst llhhooss
individualidade, e reforçar os laços com os seus filhos e ae
raaçça
e xiisste
x taannt ppro
tee d ro jjaa
doo a rrddi
eventuais visitantes. nttoo
d
d
aa ppr acce im m
essso ,,
so
lammeen
IIssoola J
CoJaarrdd

3.
C im
ddaa orraaççã im
Criar espaços de convivência, cobertos e desco- C
Caa ãoo
ssaa
bertos, que oportunizem interação e conexão entre os em
gge
m
iissaa
abrigados de forma espontânea, visto que os abrigados PP
a
a

ficarão, na maioria do tempo, isolados do mundo exter-


no.
esso
Acess livre
o livr e

4. Oferecer permeabilidade visual das áreas de con-


Ac

vivência internas para as áreas de convivência externas,


Fluxogra m a - P a v. S uper i or com o intuito de manter o contato das mães com seus a
ndda
coob
c
rtaa
beert

filhos, mesmo em locais diferentes e executando dife- arraan


Va
V
rentes atividades. a ddee

DIRETRIZES
ma
raam
P rooggrxa
r
Priv. aoo P aiixa

5. Criação de áreas verdes e integração da edificação


EEs ia a a BBa
sppa VVo
açço olluum m ettrria laanntta
e
olluum -- PPl
Adm. o p me
paar e s
raa v suuppe
a vvo deess
o dda siiddaad
Conv. com a vegetação e paisagens existentes no terreno e no vaag errio
gaas iorr
s dd eem Adde
ã o
çã ss
uaaç eccees
eqqu N Ne
ee m b A
Apoio entorno, sem comprometer a segurança da edificação. ees baal
sttaa laan
cciioo nççoo
nna
ammee

6. Desenvolver ambientes de trabalho em grupo, como


nntto
o
rass oss
rtuura usso
beert o ooss u
hortas, para fortalecer o senso de pertencimento e ãoo d m
o b
s cco nddo
daas arrccaan C
Ciirrc PPrriiv
vaad
m a cuula
responsabilidade dos abrigados e oportunizar sociali- A
i
A ettri
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A
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Cx. d
Cx
i oo io
í
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Ap onn v

7. Criar, através de formas, revestimentos, mobiliários


A pooio Co C
C o
Ad
A io C onnv
dm mi víívvi noo
inniis i oo turrn
sttrra o nnootu
attiiv ã o
e outros elementos arquitetônicos, ambientes com ca- voo
o ss ee p
poort
rtã
r
racterísticas predominantemente residenciais nas áre-
o
muur
oss m
ã o ddo
o
as sociais e privadas, a fim de fornecer aos abrigados seerrç
IInns
çã

uma maior sensação de acolhimento.

D I R E I T O À C I DA D E E À V I DA : CAS A - A B R I G O R E G I O N A L PA R A M U L H E R E S E M S I T U A Ç Ã O D E V I O L Ê N C I A D O M É S T I CA E M R I O D O S U L / S C 21/42
PARTE II
ANTEPROJETO

D I R E I T O À C I DA D E E À V I DA : CAS A - A B R I G O R E G I O N A L PA R A M U L H E R E S E M S I T U A Ç Ã O D E V I O L Ê N C I A D O M É S T I CA E M R I O D O S U L / S C 22/42
URBANO
MAPA DE INTERVENÇÕES UR- 05 04
BANAS PARA UMA ROTA DE 03
RIO DO SUL / SC - sem escala

02

04

01
02

04 02 As intervenções marcadas com nu-


meração estão detalhadas a seguir,
na ordem em que foram numeradas.

D I R E I T O À C I DA D E E À V I DA : CAS A - A B R I G O R E G I O N A L PA R A M U L H E R E S E M S I T U A Ç Ã O D E V I O L Ê N C I A D O M É S T I CA E M R I O D O S U L / S C 23/42
URBANO
01 VIA ARTERIAL - Rua Carlos Gomes - 15m
FAI XA DE SE RVIÇO

FAI XA DE SE RVIÇO
ES TAC IONAM ENTO
ME NTO DE TR Á-
PI STA DE ROLA-

FE GO LE NTO
CI C LOFAI XA
PASSE IO

PASSE IO

Implantação
Terreno de
Te do C
rm en
A Rua Carlos Gomes liga o calçadão Osny José Gonçalves com a Praça Ermembergo Pellizzetti, e é cercada por co-

ina tro
lR
mércios. Neste anteprojeto, esta rua foi idealizada para ser uma rua mais calma e com foco principal no pedestre, devido

od
.
ao alto fluxo deste tipo de usuário. Foi deixado apenas uma via para automóveis, com revestimento que obrigue o tráfego
lento, em uma lógica que incentive os automóveis a utilizarem a Alameda Aristiliano Ramos para travessia da cidade.
Além dos itens acima, foi feita a inserção de vegetação dos dois lados da via; assim como bancos, lixeiras e bicicle-
tários na faixa de serviço e a iluminação dos passeios feita por postes baixos e abundantes. Todas as melhorias foram
pensadas a partir da perspectiva do Urbanismo Feminista.
(FERREIRA E SILVA, 2018; COTA, 2018; MUXI, 2018; JACOBS, 2000)
LOCALIZAÇÃO DA VIA

D I R E I T O À C I DA D E E À V I DA : CAS A - A B R I G O R E G I O N A L PA R A M U L H E R E S E M S I T U A Ç Ã O D E V I O L Ê N C I A D O M É S T I CA E M R I O D O S U L / S C 24/42
URBANO
02 VIAS COLETORAS - Ruas Tuiuti, Euclides da Cunha e
Pref. Eugênio Schneider - 12m
FAI XA DE SE RVIÇO

FAI XA DE SE RVIÇO
E STAC IONAM ENTO
P ISTA DE ROLA-

P ISTA DE ROLA-
PASS EIO

PASS EIO
ME NTO

ME NTO

Implantação
Terreno de
Te do C
rm en
ina tro
Estas três ruas são vias bastante utilizadas pelos moradores do bairro e por visitantes e usuários dos comércios e serviços

lR
od
que se encontram em sua extensão. Por ser uma área que era residencial e se tornou comercial e de serviços, possui poucas

.
edificações com estacionamento para clientes, e por isso torna-se indispensável a faixa de estacionamento.
Por conta disso, não é possível dedicar uma faixa para ciclovias/ciclofaixas. Assim, a faixa de passeio torna-se mista
e incentiva o uso de bicicletas neste espaço, já que observou-se o uso deste modal no local. Além disso, foi feita a inser-
ção de vegetação dos dois lados da via; assim como bancos, lixeiras e bicicletários na faixa de serviço e a iluminação dos
passeios feita por postes baixos e abundantes. Todas as melhorias foram pensadas a partir da perspectiva do Urbanismo
Feminista.
(FERREIRA E SILVA, 2018; COTA, 2018; MUXI, 2018; JACOBS, 2000) LOCALIZAÇÃO DA VIA

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URBANO
03 VIAS LOCAIS - Ruas Tolentino Aristides Gomes e Amazonas - 10m
FAI XA DE SER VI ÇO

FAI XA DE SER VI ÇO

Por ser uma via local, o tráfego de pedestres


P ISTA DE ROLA-

P ISTA DE ROLA-

não é tão intenso, permitindo que a calçada não


precise ser tão larga. Além disso, elimina-se a fai-

Implantação
Terreno de
Te do C
xa de estacionamento, visto que a maioria das

rm en
edificações do local são residenciais.

ina tro
PAS SE I O

PAS SE I O

Além dos itens acima, foi feita a inserção de

lR
ME NTO

ME NTO

od
vegetação dos dois lados da via; assim como

.
bancos, lixeiras e bicicletários na faixa de servi-
ço e a iluminação dos passeios feita por postes
baixos e abundantes. Todas as melhorias foram
pensadas a partir da perspectiva do Urbanismo
Feminista.
(FERREIRA E SILVA, 2018; COTA, 2018;
MUXI, 2018; JACOBS, 2000)
LOCALIZAÇÃO DA VIA

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URBANO
04 BANHEIROS PÚBLICOS MODULARES

01
Telhado com estru-
tura metálica e
Neutro/Família
telha sanduíche

2,96
Fem. Masc.
Á.: 5,5 m2
Á.: 2,7 m2 Á.: 2,7 m2 Portas
em alumí-
Considerando as necessidades de gênero no meio urbano e o quão importante são os banheiros para as ro- 6,40 nio - ve-
tinas de mulheres na cidade, decidiu-se criar duas opções de banheiro público: uma pequena, para pequenas neziana

01
Paredes com estru-
praças de bairros, e uma grande, para locais de maior tráfego como o Terminal Rodoviário do Centro, o Calça- tura metálica e fe-
dão Osny José Gonçalves, entre outros epaços públicos bastante frequentados. Todos os projetos seguem as chamento em ACM

normas da NBR9050, atualizada em 2020.


Os banheiros são separados em três compar-
timentos:
02

1. um neutro / família, para pessoas que pre-

01
cisem de ajuda de terceiros para ir ao banheiro
(PCD ou crianças), pessoas que não se identifi-
quem como masculino ou feminino, e para mães
Masc.
Á.: 13,1 m2
Fem.
Á.: 13,1 m2
que precisem de apoio para trocar ou amamen- GSEducationalVersion PERSPECTIVA - BANHEIRO PÚB. P
tar seus filhos (no caso de a mulher não se sentir Neutro/Família

2,96
Neutro/Família
4,41

Á.: 5,5 m2 Fem. Masc.


Á.: 13,1 m2 confortável em amamentar em público); Á.: 2,7 m2 Á.: 2,7 m2

01
em
2. um masculino, acessível;

02
6,40

3. um feminino, acessível.

01
Fem.
Neutro/Família

2,96
Para ventilação e iluminação, um recorte foi
11,57 Masc.
Fem. Masc.
Á.: 13,1 m2 Á.: 13,1 m2
Neutro/Família
Á.: 5,5 m2
4,41

deixado entre as paredes e a cobertura inclina-


Á.: 13,1 m2
Á.: 2,7 m2 Á.: 2,7 m2

da, conforme ilustrado nos cortes, eliminando a


02

necessidade do uso de esquadrias ou vidro.


11,57

6,40

PLANTA BAIXA - BANHEIRO PÚB. G


02

01
ESC.: 1/100
Telhado com estrutura me- Telhado com estrutura me-
tálica e telha sanduíche PLANTA BAIXA - BANHEIRO PÚB. P
Paredes com estru-
tálica e telha sanduíchePortas
em alumí- tura metálica e fe-
ESC.: 1/100

Portas nio - ve- Paredes com estru- chamento em ACM


neziana

em alumí- tura metálica e fe-


nio - ve- chamento em ACM
neziana

CORTE 02 - BANHEIRO PÚB. G CORTE 01 - BANHEIRO PÚB. P


ESC.: 1/75 PERSPECTIVA - BANHEIRO PÚB. G GSEducationalVersion ESC.: 1/75

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URBANO
05 PRAÇA DO BAIRRO EUGÊNIO SCHNEIDER
Esta praça foi projetada para aten-
der ao bairro, com espaços livres

Rua
Módulo arquibancadas
banheiro P para utilização dos moradores e
espaços temporários, como fei-

P or
ras, arquibancadas/bancos nas

pod
otá
laterais para aproveitar as cur-

to A
til d
vas de nível, bosque nos fundos

arq
irec
Playg

(para isolar as atividades da

uiba

leg
iona
Árvore transplantada praça da Casa-Abrigo, visto
roun

nca
l

re
Centralidade que os lotes são limítrofes), e

das
d

Praça livre total integração com a As-


sociação de Moradores,
Bosque permitindo que sejam
Praça livre
Escada utilizadas em conjun-
bancos
lixeiras to. Tudo foi planejado
para que possibilite
iluminação

Escada Rampa acessível o acesso universal,


com a presença de
rampas e plata-
podotátil alerta
Rampa Carga e Descarga formas elevató-
rias, devido aos
Espaço para eventos
grandes desní-
da Associação veis do terre-

Ru
no, além do

aP
uso de re-
vestimen-

ort
Acesso tos ade-
oA
Assoc. quados
ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO BAIRRO e piso
Plat. Elevat.
tátil. leg
Escada re
CO M A CASA - AB RI G O
R EL A ÇÃ O DA P R AÇA

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ARQUITETÔNICO

IMPLANTAÇÃO ESC.: 1/500

AZO NAS
R UA AM
RU
01 A TO
02 LEN
TIN
04
03
O
A. PERSPECTIVA - IMPLANTAÇÃO
G
06 O
M
ES

Permeabilidade visual entre Setor privado


elevado
05 setores de convivência, Como decisão de pro-
04 apoio e privado, para jeto, decidiu-se tornar a
o Jardim. Casa-Abrigo um local se-
guro, porém sem a neces-
sidade do sigilo.
ASSOC. DE MORADO-
RES + PRAÇA Para isto, várias es-
m
3 ,50 tratégias de segurança e
- o
l t os oturn permeabilidade visual fo-
a N ram utilizadas, assim tam-
u ros rtão
M Po bém atendendo à primei-
+
ra diretriz arquitetônica
Setores utilizados pelas definida para este proje-
hóspedes afastados da rua to: PROTEGER SEM CON-
01. ACESSO PEDESTRES 02. ACESSO VEÍCULOS Recepção com
FINAR.
porta giratória com
03. PORTÃO NOTURNO 04. ESTACIONAMENTO detector de metais
05. CASA-ABRIGO 06. JARDIM INTERNO
ESTRATÉGIAS DE SEGURANÇA+PERMEABILIDADE VISUAL

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ARQUITETÔNICO
01 ACESSO
ESQUEMA DE REUSO DAS ÁGUAS PLUVIAIS PEDESTRE
As coberturas com telhados inclinados possuem calhas e tu- 01. A água das chuvas é colhida pelas calhas;
bulação que leva a água das chuvas para uma cisterna própria 02. Passa por um filtro que separa os resíduos sólidos
e impurezas e envia para a galeria pluvial de esgoto; ACESSO
para armazenamento das mesmas, onde é feito o filtro dos re- 05
03. A água filtrada é armazenada em uma cisterna VEÍCULOS
síduos sólidos e a água limpa é encaminhada para ser utilizado 02 subterrânea;
04. É encaminhada por uma bomba para um reserva-
nas descargas dos vasos sanitários e na limpeza das áreas ex- tório superior;
04
ternas da Casa-Abrigo. Do mesmo modo acontece com a água 05. É distribuída para os pontos que podem utilizá-la:
máquinas de lavar e tanques, descarga de vasos sani-
que excede dos Telhados Verdes. tários e torneiras externas de irrigação e lavagem de
03 calçadas.
A cobertura deste bloco
é composta por vários Sheds
voltados para o sul, com o a
última linha de telhas inter-
Cisterna Jar-
dim Filtrante calada com telhas translúci-
das. A luz que entra por es-
tas aberturas é direcionada
Cisterna
Abastecimen-
para os ambientes internos
to da Casa através de um forro de gesso
com recortes de iluminação
indireta em conjunto com re-
cortes com vidro leitoso, as-
sim criando uma iluminação
diurna única e diferenciada.
O Corte B ilustra o funciona-
mento deste sistema.
Cisterna
Água das
Chuvas

Cobertura Torre
Caixa D’água
ESC.: 1/150

As telhas tipo Shingle e sanduíche possuem isolamento térmico, e foram escolhidas para cobrirem
COBERTURAS ESC.: 1/150
as áreas sem laje ou com a laje recortada. Já o telhado verde por si só é um ótimo isolante térmico,
devido à sua espessura e presença de plantas. Ambas escolhas de cobertura auxiliam na manutenção
da temperatura da Casa-Abrigo para que seja sempre agradável.

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ARQUITETÔNICO
ACESSO
PEDESTRE

A Brinquedoteca foi posicionada em lo- O pavimento térreo conta com uma área frontal aberta ao espaço pú-
cal que permita conexão visual de quase to- blico, com estacionamento e recepção. Para entrar na Casa-Abrigo, tanto ACESSO
VEÍCULOS
dos os ambientes de convívio da Casa, assim funcionários quanto visitantes devem passar por uma revista e utilizar a
facilitando a rotina das mães, que podem porta com detector de metais para então ir para um Hall de acesso, que
executar suas tarefas sem “tirarem os olhos” vai para o segundo pavimento, onde encontram-se os espaços do setor
de seus filhos. administrativo, ou para os fundos da edificação, onde encontram-se os
espaços de convívio.

Pilares
de susten-
tação do
bloco su-
perior, que
está em
parte em
balanço.

Este espaço é destinado ao recebimento de


itens externos (compras, doações, etc), onde os
PLANTA BAIXA - PAV. TÉRREO ESC.: 1/150
mesmos são higienizados e separados, para en-
tão serem levados a seus devidos locais.

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ARQUITETÔNICO
Os dormitórios são flexíveis, Para que os dormitórios não fiquem voltados ao oeste, decidiu-se localizar o corredor
com camas de solteiro simples voltado para o jardim. Para que o mesmo não ficasse tedioso e comprido demais, criaram-se
e bi-camas, e possuem em seu recortes na laje que trazem a vegetação existente no pavimento térreo para o seu interior,
interior banheiros e bancadas além de algumas “entradas” contendo bancos, tornando assim o corredor também um espa-
de estudos, além do roupeiro. ço de lazer. O corredor possui ampla conexão com o jardim através de grandes planos de
Em lotação máxima, abrigam vidro, que foram protegidos do sol poente por brises verticais inclináveis de madeira.
até 26 pessoas.

Os traceja-
dos indicam os
recortes na laje
e os detalhes
em gesso para
entrada da ilu-
minação natu-
ral pelos Sheds
na cobertura.

O oitão dos
telhados que
ficam sob os
dormitórios
possuem jane-
las altas, que
permitem ven-
tilação cruza-
da e a saída
do ar quente.

As salas de aula são flexíveis,


permitindo que sejam utilizadas
PLANTA BAIXA - PAV. SUPERIOR ESC.: 1/150
de forma separada ou como
uma só.

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ARQUITETÔNICO
ODS’s DET. JARDIM DE INVERNO
Este anteprojeto arquitetônico e urbanístico au-
xilia em 04 Objetivos do Desenvolvimento Sus-
Fluxos - Pav. Térreo sem escala Uma das estratégias adotada no projeto foi deixar
tentável (ODS), sendo eles: apenas o afastamento mínimo exigido pela legisla-
Administrativo Hóspedes Limpeza Visitas ção do local nas laterais da Casa, para que se tenha
5 - Alcançar a igualdade de gênero e empoderar um máximo aproveitamento do Jardim e a edificação
todas as mulheres e meninas, auxiliando direta- possa se voltar ao máximo para o mesmo. Como es-
mente na Meta 5.c - Adotar e fortalecer políticas tratégia de sustentabilidade, decidiu-se aproveitar
sólidas e legislação aplicável para a promoção
da igualdade de gênero e o empoderamento de estes afastamentos laterais para implantar um Jardim
todas as mulheres e meninas, em todos os níveis Filtrante, que fará a purificação das águas cinzas da
e na Meta 5.2 - Eliminar todas as formas de vio- Casa (pia, chuveiro, tanque, etc) e a deixará própria
lência contra todas as mulheres e meninas nas para uso em irrigação de plantas e limpeza de calça-
esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e das. Abaixo um esquema de como são construídos e
exploração sexual e de outros tipos.
do que são compostos estes jardins.
11 - Tornar as Cidades e os Assentamentos Hu-
manos Inclusivos, Seguros, Resilientes e Susten-
táveis, principalmente nas Metas 11.3 - Até 2030,
aumentar a urbanização inclusiva e sustentável,
e as capacidades para o planejamento e gestão
de assentamentos humanos participativos, inte-
grados e sustentáveis, em todos os países e 11.7
- Até 2030, proporcionar o acesso universal a 1. Abrir uma cova de 50cm 4. Inserir uma camada de
espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis de profundidade no local brita no 2 ou 3, até que cubra
e verdes, particularmente para as mulheres e onde será o Jardim Filtrante. o tubo de saída da água, e
crianças, pessoas idosas e pessoas com defici- cobrir a mesma com uma
ência. tela de proteção..

13 - Tomar medidas urgentes para combater a


mudança do clima e seus impactos, principal-
Fluxos - Pav. Superior sem escala
mente em sua Meta 13.1 - Ampliar a resiliência Administrativo Hóspedes Limpeza
e a capacidade adaptativa a riscos e impactos
resultantes da mudança do clima e a desastres 2. Inserir um tubo de entrada
naturais. de água em uma das extre-
midades da cova, conectado 5. Encher o restante da cova
16 - Promover Sociedades Pacíficas e Inclusivas a um sistema de decantador com areia grossa e saturar o
para o Desenvolvimento Sustentável, Proporcio- + caixa de gordura que fará Jardim Filtrante com água,
nar o Acesso à Justiça para todos e Construir um tratamento prévio da até cerca de 5cm abaixo do
Instituições Eficazes, Responsáveis e Inclusivas água antes de entrar no jar- nível da areia.
em Todos os Níveis, principalmente na Meta 16.3 - dim, e um tubo de saída de
Fortalecer o Estado de direito e garantir o aces- água para uma cisterna, com
so à justiça às pessoas envolvidas em conflitos, sistema de controle de nível
especialmente àquelas que se encontram em si- da água (monge).
tuação de vulnerabilidade.

6. Plantar as espécies sele-


cionadas (macrófitas) e fina-
lizar com paisagismo. Para a
3. Impermeabilizar a cova Casa-Abrigo, foram utiliza-
com uma geomembrana de das: Taboa, Papiro, Inhame e
PVC ou EPDM. Tália.

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ARQUITETÔNICO

Shed com
telhas sanduíche
Muro e Sheds com Rebaixo Gesso - e telhas translúcidas Brises Horizontais - Brises Verticais - Telha Shingle e Jardim
Parede Verde telhas sanduíche iluminação indireta intercaladas Telha metálica Telhado Verde fixos inclináveis Janela alta - oitão estrutura em madeira Filtrante

+8,00
+7,50 +7,65

+4,50 +4,50

+1,00 +1,00

CORTE BB ESC.: 1/150

DET. TELHADO VERDE


sem escala

Janela alta - oitão

Telha Shingle

Estrutura em +7,65
madeira

Telhado Verde
+4,50
Forro de gesso

Muro
Pedriscos
Jardim Filtrante
+1,00 Imper -
Manta
meabilização Camada
de Areia
Manta
Calha
Corredor do setor Antirraíz Terra
Manta
Administrativo Acesso Principal Placa perfurada Geotêxtil Vegetação

D I R E I T O À C I DA D E E À V I DA : CAS A - A B R I G O R E G I O N A L PA R A M U L H E R E S E M S I T U A Ç Ã O D E V I O L Ê N C I A D O M É S T I CA E M R I O D O S U L / S C 34/42
+1,00

ARQUITETÔNICO
DET. VIGA DE APOIO - TELHADOS
ESC.: 1/50

Janela alta - oitão Telha Shingle

Estrutura do telhado
Telha Shingle em madeira - Linha
Alta

Estrutura em +7,65
madeira Oitão em vidro com
janelas basculantes

Telhado Verde
Calha
+4,50
Forro de gesso
Janelas basculantes
Muro

Jardim Filtrante Pilar metálico com


+1,00
viga em “T” para
apoio da estrutura
do telhado

CORTE AA ESC.: 1/150

Diretrizes Psicologia
Ambiental
Conforto Lu-
mínico / Tér-
mico / Acús-
tico
Contato com
a natureza
Cores
Flexibilidade
Mobiliário
Adequado
Dormitório (BESTETTI, 2014; ELALI, 1998; BERNARDES, 2018) Sala de Aula

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ARQUITETÔNICO

Inc
lin So
aç Inc l O
ão lin
Janelas Bas- 45 o aç Inc es
culantes ão lin te
0o aç
ão
90 o
Brise Vertical
em Madeira -
inclinável

Vegetação -
vem do térreo

Banco
DETALHE - BRISES VERTICAIS
INCLINÁVEIS
Corredor Pvto. Superior sem escala

Vista do Jardim para o


Circulação Principal Térreo corredor + dormitórios

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ARQUITETÔNICO
SISTEMA ESTRUTURAL P intura grafite

Concreto
aparente
Aberturas dis-
tribuídas assi-
métricamente

Desnível mantido
- parede verde
Pilares + Vidro
Rua

FACHADA NORTE ESC.: 1/150


Perspectiva Isométrica - sem escala

Planta Baixa - sem escala


O Sistema Estrutural da Casa-Abrigo é separado em dois módulos:
1. Bloco Administrativo - Os pilares principais são metálicos circula-
res e apoiam todo o bloco do pavimento superior e térreo deste setor,
formado por vigas e pilares metálicos espessos, com fechamento em
alvenaria.
2. O restante da edificação é formado por vigas e pilares metáli-
cos esbeltos, que ficam ocultos junto ao fechamento das paredes em
alvenaria, com exceção das vigas em “T” que apoiam a estrutura dos
telhados dos dormitórios. Área de Lazer Coberta +
A fundação é feita em blocos + estacas. Refeitório

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ARQUITETÔNICO
Aberturas distri- Pilares
Concreto Pintura metálicos Bambu Ca-
buídas assimétri- na-da-Índia Revesti-
aparente branca pretos
camente Concreto mento em
aparente + Brises e madeira
Pintura vidro + PVC telhado em Jardim
Desnível mantido - grafite preto madeira Filtrante
Pilares metá- Muro revesti-
parede verde licos brancos do com Lajo-
+ Vidro ra Cerâmica

Portão No-
turno - ferro
branco

FACHADA OESTE ESC.: 1/150

Vista do Lazer Coberto para a Brinquedoteca Vista do Lazer Coberto para os Banheiros

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ARQUITETÔNICO
Sala de Estar

Rota Acessível - Pav. Térreo sem escala

Rota Acessível - Pav. Superior sem escala


A Casa-Abrigo foi projetada priorizando o desenho universal, sendo assim todos os
ambientes possuem dimensões e espaçamentos que permitem uma livre movimentação
para qualquer pessoa. As áreas externas e internas do térreo não possuem diferença
significativa de nível, assim eliminando qualquer tipo de degrau, e as rampas existentes
possuem inclinação adequada. Também são previstos sinalização em braile e gráfica nos
elevadores e ambientes de uso comum, barras de apoio nos banheiros, corrimãos nas es-
Biblioteca cadas, sinalização tátil e visual nos pisos e nas escadas e revestimento do piso adequado.

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ARQUITETÔNICO
Brinquedoteca Recepção

AMBIENTES INTERNOS - PSICOLOGIA AMBIENTAL


Como já demonstrado, a Psicolo-
gia Ambiental foi uma das diretrizes
arquitetônicas seguidas para este
projeto. Fornecer espaços que não
apenas abriguem, mas também aco-
lham e forneçam qualidade de vida
aos seus usuários foi uma preocu-
pação constante neste anteprojeto,
permitindo assim com que as abri-
gadas tenham um processo de abri-
gamento agradável, visto a situação
degradante à qual passaram antes
de serem encaminhadas ao abrigo.
Assim, características como a
presença constante de contato com
a natureza, seja através de aberturas
ou fisicamente, a aplicação de cores
que influenciem a sensação do am-
biente, o conforto lumínico, térmico
e acústico, a flexibilidade dos espa-
ços para que sejam personalizáveis
e tragam senso de pertencimento
aos abrigados e também a presença
de mobiliário adequado fazem parte
de todos os ambientes.
Corredor do setor
Administrativo (BESTETTI, 2014; ELALI, 1998; BERNARDES, 2018) Circulação Principal + Refeitório

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este projeto teve como objetivo desenvolver um ante-
projeto de uma Casa-Abrigo para mulheres em situação de
violência doméstica na cidade de Rio do Sul - SC, prezan-
do acolhimento, assistência, sigilo e segurança aos seus
usuários, assim como, propor diretrizes projetuais basea-
das no urbanismo de gênero. A etapa de fundamentação
teórica contribuiu para o aprofundamento no tema, as-
sim como identificação de diretrizes que nortearam todo
o processo de projetação.
O resultado final obtido - o anteprojeto arquitetônico
e urbanístico - cumpriu os objetivos e diretrizes propos-
tas, através do desenvolvimento e aplicação dos concei-
tos colhidos na pesquisa teórica. Além disso, possibilitou
a aplicação da arquitetura e urbanismo como uma ciência
social aplicada, que pode atuar como uma ferramenta de
combate à injustiças sociais.

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“A possibilidade
não é um luxo.
Ela é tão crucial
quanto o pão.”
Judith Butler
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