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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA

A POLITÉCNICA

Instituto Superior de Estudo Universitário de Nampula - ISEUNA

IMPACTOS AMBIENTAIS RESULTANTES DE DESORDENAMENTO


TERRITORIAL NO BAIRRO DE MUATALA – CIDADE DE NAMPULA

Licenciatura Em Engenharia Civil

Nampula, 2023

i
Fidel Fernando Geral

IMPACTOS AMBIENTAIS RESULTANTES DE DESORDENAMENTO


TERRITORIAL NO BAIRRO DE MUATALA – CIDADE DE NAMPULA

Monografia apresentada à Universidade


Politécnica, Instituto Superior de Estudos
Universitários de Nampula, como requisito
parcial para obtenção do Grau de
Licenciatura em Engenharia Civil

Tutor: Lic. Natália Issufo

Nampula, 2023
Fidel Fernando Geral

Monografia apresentada a Universidade Politécnica, Instituto Superior de Estudos

Universitários de Nampula, como requisito parcial de obtenção do grau de licenciatura

em Engenharia Civil.

O júri

_____________________________
(Supervisor)

_____________________________
(Oponente)

_____________________________
(Presidente)

iii
PARECER DO TUTOR

A presente Monografia, foi orientada por mim e, ela foi elaborada segundo as normas de
estrutura de Escrita de Trabalhos Académicos em vigor no ISEUNA. Ela está em
condições para ser defendida mediante um júri nomeado para o efeito.

________________________________________

(Lic. Natália Issufo)

iv
DECLARAÇÃO

Declaro que este trabalho científico é resultado da minha investigação pessoal e das
recomendações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas
estão devidamente mencionadas no texto e na bibliografia final. Declaro ainda que este
trabalho de fim de curso, não foi apresentado em nenhuma outra instituição de ensino
para obtenção de qualquer grau académico. Nampula, junho de 2023.

_______________________________________

(Fidel Fernando Geral)

v
DEDICATÓRIA

Dedico o presente trabalho aos meus pais, Fernando U. Geral e Cristina A.T. Gula-mala,
à minha irmã Marlen Pedro Mateus, à minha família em geral, amigos e a todos que,
directa ou indirectamente, contribuíram na minha trajectória.

vi
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus pelo fôlego da vida e sabedoria, a sua palavra Senhor,
é a lâmpada que guia os meus passos, luz que ilumina o meu caminho (Salmos 119:105).

Aos meus pais, Fernando U. Geral e Cristina A.T. Gula-mala, que sempre estiveram ao
meu lado, apoiando-me emocional e financeiramente ao longo da minha trajectória
académica, vai o meu muito obrigado.

Aos meus irmãos, Marlen Mateus, Vânia Geral, Geral F. Geral, Nelson Geral, Edna Geral
e Joana Pedro pela força, vão os meus sinceros agradecimentos.

Agradeço também a minha namorada Noémia Amaral pela atenção, paciência, pela
motivação que me foi oferecida ao longo desse tempo.

Aos meus colegas de curso, pela troca de experiência e companheirismo durante a nossa
formação, vão os meus agradecimentos.

Agradeço também a minha Supervisora, Natália Issufo, pela disponibilidade, atenção e


paciência que demonstrou para materialização da Pesquisa.

A todo Corpo docente Instituto Superior de Estudo Universitário de Nampula-ISEUNA,


pelo apoio, dedicação durante a formação, vai o meu muito obrigado.

A todos, O meu muito obrigado!

vii
EPIGRAFE

“Suporte comigo os meus sofrimentos, como bom soldado de Cristo Jesus.


Nenhum soldado se deixa envolver pelos negócios da vida civil, já que deseja
agradar àquele que o alistou. Semelhantemente, nenhum atleta é coroado como
vencedor, se não competir de acordo com as regras”.

2 Timóteo 2:3-5

viii
RESUMO

O impacto ambiental tornou-se um dos assuntos mais discutidos do momento em toda a parte do
mundo, principalmente, numa sociedade que está a meio de uma profunda crise ambiental. Este
trabalho visa o estudo de Impactos ambientais como finalidade determinar as suas causas, verificando
métodos de identificação e caracterização. Fazendo diagnósticos que permitam identificar para a
posterior mitigação do mesmo, através de levantamentos visuais, entrevistas, dando maior enfoque na
posição do poder público. O objectivo da pesquisa é identificar os impactos ambientais resultantes no
bairro de Muatala, o quanto se faz para a mitigação e propor um plano de ordenamento territorial. No
âmbito das pesquisas constatou-se que o bairro de Muatala não possui nenhum plano de ordenamento
territorial e nem um projecto que ao menos esteja a ser analisado pelas entidades competentes, a fim
de tornar o bairro estruturado, pois, uma cidade organizada é aquela que foram previstos projectos de
urbanização e saneamento de modo a garantir melhor qualidade de vida para os moradores.

Palavras-chave: Ambiente, Impactos ambientais, Mitigação, Ordenamento territorial.

ix
Abstract

The environmental impact has become one of the most discussed subjects of the moment all over the
world, mainly in a society that is in the middle of a deep environmental crisis. This work aims at the
study of environmental impacts in order to determine their causes, verifying methods of identification
and characterization. Making diagnoses that allow identification for the subsequent mitigation of the
same, through visual surveys, interviews, giving greater focus on the position of the public power. The
objective of the research is to identify the resulting environmental impacts in the neighborhood of
Muatala, how much is done for mitigation and to propose a territorial organization plan. Within the
scope of the research, it was found that the neighborhood of Muatala does not have any territorial
planning plan nor a project that is at least being analyzed by the competent authorities, in order to
make the neighborhood structured, since an organized city is one that urbanization and sanitation
projects were planned in order to guarantee a better quality of life for the residents.

Keywords: Environment, Environmental impacts, Mitigation, Territorial planning.

x
Lista de Figuras

Figura 1: Área de ocupação ordenada (2015)................................................................14

Figura 2: Ocupação desordenada...................................................................................15

Figura 3: Localização geográfica e divisão administrativa da cidade de Nampula.......20

Figura 4: Depósito de RSU sem contentor (zona militar)..............................................22

Figura 5: Depósito de RSU sem contentor (zona de Cossore)………...........................22

Figura 6: Depósito de lixo sem contentor.......................................................................23

Figura 7: Extracção de areia para construção civil (rio Muatala)...................................24

Figura 8: Erosão de baixa Magnitude (zona Paióis).......................................................25

Figura 9: Erosão de média Magnitude (zona Paióis)......................................................25

Figura 10: Erosão de média Magnitude (zona dos Paióis).............................................26

Figura 11: Erosão de alta Magnitude (zona de Cossore)………....................................26

Figura 12: Erosão de alta Magnitude (zona militar).......................................................27

Figura 13: Purificador de água (Certeza)........................................................................31

Figura 14: Aplicativo “Sound meter”.............................................................................32

Figura 15: Modelo dos quarteirões e lotes .....................................................................34

xi
Lista de Tabelas

Tabela 1: Método Ad Hoc...............................................................................................9

Tabela 2: Acesso a água potável.....................................................................................30

Tabela 3: Níveis de ruído................................................................................................32

xii
Lista de Gráfico

Gráfico 1: Perspectivas de crescimento urbano no mundo 1950-2050.............................12

xiii
Lista de Siglas

DPDTA - Direcção Provincial de Desenvolvimento Territorial e Ambiente;


EIA - Estudo de Impacto Ambiental;
GRSU – Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos;
RSU - Resíduos Sólidos Urbanos;
CMO – Centro de Manutenção de Oficinas;
LOT - Lei do Ordenamento do Território;
dB (A) - Decibel;
Hab - Habitantes
há - Hectare
km – Quilómetro ao quadrado;
m – Metro.

xiv
Índice
Introdução ..................................................................................................................... 1
Pergunta de pesquisa ..................................................................................................... 2
Limitações de trabalho .................................................................................................. 2
Objectivos do estudo ..................................................................................................... 2
Objectivo Geral: ........................................................................................................ 2
Objectivos específicos: .............................................................................................. 3
Justificativa do estudo ................................................................................................... 3
Capítulo I - Revisão Bibliográfica .................................................................................... 4
1.1 Impacto ambiental .............................................................................................. 4
1.2 Impacto .............................................................................................................. 4
1.3 Impactos ambientais positivos ........................................................................... 4
1.4 Ambiente ............................................................................................................ 5
1.5 Aspecto ambiental .............................................................................................. 5
1.6 Classificação de Impactos e seus atributos ........................................................ 5
1.7 Identificação dos impactos ambientais .............................................................. 5
1.7.1. Identificação das causas: acções ou actividades humanas.......................... 5
1.8 Métodos de identificação e avaliação de impactos ambientais .......................... 6
1.8.1. Método Ad Hoc .......................................................................................... 6
1.8.2. Método listagens de controle ...................................................................... 7
1.8.3. Método de Matrizes de interação ............................................................... 7
1.8.4. Método de Modelo de simulação ............................................................... 8
1.8.5. Método de Análise custo-benefício ............................................................ 8
1.8.6. Método de rede de impacto ........................................................................ 8
1.9 Comparação dos atributos e parâmetros dos impactos ambientais. ................... 9
1.10 Medidas de Mitigação ...................................................................................... 10
1.11 Historial do processo de urbanização e expansão urbana ................................ 11
1.11.1 A nível mundial ........................................................................................ 11
1.11.2 A nível dos países em via de desenvolvimento, caso de Moçambique .... 12
1.12 Ordenamento do Território .............................................................................. 13
1.13 Ocupação desordenada .................................................................................... 13
Capítulo II - Metodologia ............................................................................................... 16
2.1 Tipo de Pesquisa .............................................................................................. 16

xv
2.2 Objectivo metodológico ................................................................................... 16
2.3 Abordagem metodológica ................................................................................ 16
2.4 Procedimento metodológico ............................................................................ 16
2.4.1 População e Amostra ................................................................................ 17
2.5 Instrumentos e técnicas de recolha de dados ................................................... 17
2.6 Observação ....................................................................................................... 18
2.6.1 Observação directa intensiva .................................................................... 18
2.7 Entrevista ......................................................................................................... 19
Capítulo III – anÁlise de resultados ............................................................................... 20
3.1 Descrição do local de Estudo ........................................................................... 20
3.2 Principais Impactos ambientais identificados no bairro de Muatala ............... 21
3.2.1 Resíduos sólidos urbanos ......................................................................... 21
3.2.2 Erosão do Solo .......................................................................................... 24
3.2.3 Contaminação da água subterrânea e superficial ...................................... 28
3.2.4 Poluição sonora pelo funcionamento de maquinarias da Moagem e
barracas de venda de bebidas alcoólicas. ................................................................ 31
3.3 Proposta de Plano de Ordenamento territorial do bairro de Muatala............... 33
3.3.1 Proposta e estratégia de ordenamento territorial ...................................... 33
Capítulo IV - CONCLUSÃO E SUGESTÕES .............................................................. 35
4.1 Conclusão......................................................................................................... 35
4.2 Sugestões ......................................................................................................... 36
4.3 Referências Bibliográficas ............................................................................... 37
4.4 Apêndice .......................................................................................................... 39

xvi
Introdução
Segundo Sánchez (2008) os impactos causados no meio-ambiente pelos seres humanos
não são sempre considerados negativos, algumas atitudes podem ter carácter positivo.

De acordo com Alves (2001) a cidade de Nampula teve um processo de ocupação


extensiva e desordenado do espaço urbano, dá origem às periferias, sem a infra-estrutura
urbana necessária e formadas a partir das práticas de ocupação do espaço conhecidas pela
modalidade habitacional, auto-construção, casa própria, loteamentos periféricos.

O presente trabalho visa identificar em várias vertentes os impactos ambientais


resultantes no bairro de Muatala, consequentemente apresentar as causas e propostas
detalhadas para mitigar, tendo como foco os principais impactos ambientais, que são:
acção de resíduos sólidos urbanos, acção erosão do solo, poluição sonora pelo
funcionamento de maquinarias da Moagem, barracas de venda de bebidas alcoólicas e
contaminação da água subterrânea e superficial.

Esta pesquisa focou também na necessidade de dar maior atenção ao assunto e trazer
contribuições com base em aspectos que ainda não foram discutidos e ter uma conclusão
exacta acerca do que tem sido produzido nos últimos anos sobre o assunto, e do que se
define por significativo impacto.

O estudo foi desenvolvido em cinco capítulos, que são: capítulo dois (1) - revisão
bibliográfica que é a fundamentação teórica da pesquisa que irá abordar sobre o tema. O
capítulo três (2) é composto pela metodologia da pesquisa, que apresenta o método
escolhido para a colecta de informações necessárias para responder à questão de partida
do estudo de forma adequada. O Capítulo Quatro (3) demonstra a apresentação, análise e
tratamento de dados. O Capítulo Cinco (4) apresenta a conclusão da pesquisa realizada
no bairro de Muatala, a resposta à pergunta de partida e aos objectivos, recomendações
para as mesmas, sugestões para futuras pesquisas.

1
CARACTERIZAÇÃO DO OBJECTO DA PESQUISA

Problematização do tema
Segundo Kerlinger (1980: 35), “Problema é uma questão que mostra uma situação
necessitada de discussão, investigação, decisão ou solução”.

A degradação do ambiente pelo homem, resultando em


mudanças climáticas que, originam vários fenómenos, tais
como inundações, ciclones, secas, doenças e insegurança
alimentar. Mobiliza a humanidade a reflectir de modo a
encontrar soluções. (MICOAS, 2006).

Segundo Júnior (2021), Nampula é uma cidade que sofre com vários impactos ambientais,
em particular o bairro de Muatala. O Conselho Municipal e a Direcção Provincial de
Desenvolvimento Territorial e Ambiente de Nampula, não tem conseguido identificar e
gerir os impactos ambientais em toda cidade, tornando difícil a sua mitigação.

Pergunta de pesquisa
Com o objectivo de procurar soluções e nortear o trabalho, o autor propõe como pergunta
de partida o seguinte:

“Quais são os métodos práticos para mitigar os impactos ambientais resultantes de


desordenamento territorial no bairro do Muatala”?

Limitações de trabalho
 Dificuldade na aquisição de dados em relação ao objecto de estudo no Município
da cidade e DPDTA.

Objectivos do estudo
Objectivo Geral:
Segundo Lakatos & Marconi (2001: 102), “o objectivo geral está ligado a uma visão
global e abrangente do tema, relacionando-se com o conteúdo intrínseco, quer dos
fenómenos e eventos, quer que ideias estudadas”. Neste estudo, o objectivo geral é:

2
“Identificar impactos ambientais resultantes de desordenamento territorial no bairro de
Muatala na cidade de Nampula”.

Objectivos específicos:
Segundo Lakatos & Marconi (2001), “os objectivos específicos têm a função
intermediária e instrumental, permitindo de um lado atingir o objectivo geral e de outro,
aplicar este a situações particulares”. Serão considerados os seguintes objectivos
específicos:

 Caracterização dos impactos ambientais no bairro;


 Propor medidas de mitigação aos impactos resultantes;
 Propor um plano de ordenamento territorial.

Justificativa do estudo
Segundo Roesh (1999), “Justificar é apresentar razões para a própria existência do
projecto e em termos gerais é possível justificar um projecto através de sua importância,
oportunidade e viabilidade”.

O impacto ambiental tornou-se um dos assuntos mais discutidos do momento em toda a


parte do mundo, principalmente, numa sociedade que está a meio de uma profunda crise
ambiental. “A questão ambiental vem sendo considerada cada vez mais urgente e
importante para a sociedade, pois o futuro da humanidade depende da relação estabelecida
entre natureza e o uso adequado dos seus recursos naturais disponíveis” (Garcia, 2011).

A escolha do tema deveu-se ao facto de ser um tema de grande relevância actualmente


em todo mundo, que consequentemente é amplamente discutido em muitas sociedades a
melhor forma de conviver com os impactos ambientais, como elas se relacionam,
expondo as principais fragilidades analisadas, podendo assim, contribuir para a
mitigação.

3
CAPÍTULO I - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nesta etapa do trabalho serão apresentados os conceitos indispensáveis para a
sustentabilidade teórica do tema em estudo com vista ao alcance do objectivo da pesquisa
para responder à questão de partida inicialmente proposta. Para tal, é necessário a
apresentação dos conceitos para a melhor percepção dos impactos ambientais.

1.1 Impacto ambiental


“São alterações da qualidade ambiental que resulta da modificação de processos naturais
ou sociais provocada por acção humana” (Sánchez, 2008).

De acordo com Filho (2013), “impacto ambiental é, portanto, o processo de mudanças


sociais e ecológico causado por perturbações (uma nova ocupação e/ou construção de um
objecto novo: uma usina, uma estrada ou uma indústria) no ambiente”.

No meu entender, qualquer actividade que o homem exerça no meio-ambiente provocará


um impacto ambiental. Esse impacto, no entanto, pode ser positivo ou negativo,
infelizmente, na grande maioria das vezes, os impactos são negativos, acarretando
degradação e poluição do ambiente.

1.2 Impacto
“Um impacto é, essencialmente, qualquer alteração num recurso ou receptor provocado
pela presença de um componente do Projecto, ou pela execução de uma actividade
relacionada com o Projecto” (Sánchez, 2008).

1.3 Impactos ambientais positivos


Segundo (Sánchez, 2008), os impactos causados no meio-ambiente pelos seres humanos
não são sempre considerados negativos, algumas atitudes podem ter carácter positivo,
como:
 Recuperação de matas ciliares;
 Limpeza de rios;
 Replantio de árvores;
 Criação de espaços verdes em grandes centros urbanos;
 Protecção de espécies em risco de extinção; entre outros.

4
1.4 Ambiente
Ambiente é o meio em que o homem e outros seres vivem e
interagem entre si e com o próprio meio e inclui: o ar, a luz, a
terra e a água, os ecossistemas, a biodiversidade e as relações
ecológicas, toda ateria orgânica e inorgânica e todas as condições
sócio-culturais e económicas que afectam a vida das
comunidades, (Decreto 54/2015).

1.5 Aspecto ambiental


É um elemento das actividades, produtos ou serviços de uma organização que pode
interagir como meio-ambiente, (Sánchez, 2008).

1.6 Classificação de Impactos e seus atributos


Segundo Sánchez (2008) os impactos ambientais classificam-se em diversas categorias:

 Quanto ao tipo/natureza: positivo (benéfico) ou negativo (adverso);


 Quanto ao modo/abrangência: directo ou indirecto;
 Quanto à magnitude: negligenciável/insignificante, de pequena, média ou grande
intensidade;
 Quanto à duração: temporário, permanente ou cíclico;
 Quanto ao alcance: local, regional, nacional ou global;
 Quanto ao efeito: imediato (curto prazo), de médio ou longo prazo;
 Quanto à reversibilidade: reversível ou irreversível;
 Quanto à cumulativos e sinérgicas.

1.7 Identificação dos impactos ambientais

Identificação
Identificação Identificação Identificação dos Aspectos
da àrea do processo da Actividade e Impactos
Ambientais

1.7.1. Identificação das causas: acções ou actividades humanas


Os impactos ambientais decorrem de uma ou de um conjunto de acções, ou actividades
humanas realizadas em um certo local. Um estudo de impacto ambiental pressupõe que

5
tais acções sejam planeadas, sendo usualmente descritas por meio de documentos, como
projectos de engenharia, memoriais descritivos, plantas, etc.

As acções ou actividades são as causas, enquanto os impactos são as consequências


sofridas pelos receptores ambientais (os recursos ambientais, os ecossistemas, os seres
humanos, a paisagem, o ambiente construído – conforme os vários termos e conceitos
discutidos). Os mecanismos ou os processos que ligam uma causa a uma consequência
são os aspectos ou os processos ambientais, conforme se prefira empregar um ou outro
termo.

1.8 Métodos de identificação e avaliação de impactos ambientais


Os métodos de avaliação de impacto ambiental servem de referência nos estudos
ambientais para se determinar de forma mais precisa a significância de uma alteração
ambiental. Também são usados para padronizar e facilitar a abordagem do meio físico,
que, em geral, leva em consideração vários aspectos.

1.8.1. Método Ad Hoc


Segundo Sanchez (2008), nesse método o levantamento dos impactos ambientais é feito
em reuniões com técnicos, cientistas e especialistas com experiências na área do
empreendimento do projeto em análise. A tabela 2 apresenta o método Ad hoc.

Vantagens do Método Ad Hoc:

 Permite uma visão integrada da questão;


 Rapidez na identificação dos impactos prováveis e da melhor alternativa;
 Viabilidade de aplicação quando as informações são escassas;
 Baixo custo.

Desvantagens do Método Ad Hoc:

 Muita subjectividade (algo que muda de acordo com cada pessoa, como o gosto
pessoal);
 Vulnerabilidade à tendenciosidade nas escolhas dos participantes.

6
1.8.2. Método listagens de controle
“Consistem em uma evolução do método Ad Hoc. Especialistas (Ad Hoc ou não)
preparam listagens de factores ambientais potencialmente afectáveis pelas acções
propostas”, (BRAGA et al., 2005).

São, em geral, elementos do meio como solo, água ou a vegetação. A listagem pode ser
também uma relação directa de impactos a serem considerados, ou alternativas de acção
a serem comparadas e relacionadas aos respectivos impactos, (Santos, 2004).

É possível construir diferentes tipos de listagem:

 As listagens simples - apenas enumeram os factores ambientais, e algumas vezes,


seus respectivos indicadores.
 As listagens descritivas - além dos factores, apresentam informações adicionais
que norteiam as análises dos impactos.
 As listagens escalares - permitem a atribuição de valores aos factores ambientais,
possibilitando ordená-los ou classificá-los diante de critérios preestabelecidos. Se
for atribuído um peso aos factores exprimindo a importância do impacto, então a
listagem passa a se chamar escalar ponderada.

Vantagens:

 Fácil aplicação;
 Pouca exigência quanto aos dados e informações.

Desvantagens:

 Não permite projecções e previsões ou a identificação de impactos de segunda


ordem.

1.8.3. Método de Matrizes de interação


“São listagens de controle bidimensional. Dispondo em coluna e linha os factores
ambientais e as acções decorrentes de um projecto”. É possível relacionar o impacto de
cada acção nas quadrículas resultantes do cruzamento das colunas com as linhas,
preservando a relação de causa e efeito, (Braga et al., 2005).

Como as listagens, há vários tipos de matrizes, nomeadas em função dos elementos que
contêm. Podem ser de correlação entre os elementos do meio, entre elementos e

7
actividades humanas ou entre actividades humanas. Podem também ser ponderadas,
cromáticas ou matemáticas, quando for possível, (Santos, 2004).

“As células fornecem a informação sobre os impactos e seus respectivos cruzamentos.


Cada impacto identificado pode ser descrito por meio de dois critérios: a magnitude e a
importância, representadas em uma escala de 10 pontos”, (Santos, 2004).

1.8.4. Método de Modelo de simulação


“São modelos matemáticos para representar, a estrutura e o funcionamento dos sistemas
ambientais”. Ao realizar a simulação se pretente conhecendo o estado ambiental antes e
depois da implantação de cada uma das alternativas, por meio das variáveis que
caracterizam cada componente ambiental, (Braga et al., 2005).

“Os modelos de simulação são extremamente versáteis na comparação de alternativas,


permitem projecções temporais, promovem a comunicação interdisciplinar e incorporam
as relações das variáveis”, (Braga et al; 2005).

1.8.5. Método de Análise custo-benefício


Tal “método propõe-se a computar os custos e os benefícios de um projecto ou de suas
alternativas, visando compará-lo e ordená-los por meio da relação Benefício-Custo ou do
Benefício Líquido (diferença entre os benefícios e os custos) que lhes correspondem”. A
prática consagrou a variante como a mais adequada nas avaliações para as quais os
aspectos ambientais são importantes, (Braga et al; 2005).

1.8.6. Método de rede de impacto


“As redes têm como princípio analisar relações de ordens mais elevadas do que aquelas
identificadas numa matriz”. Desta forma podem-se identificar e relacionar os impactos
de “n” ordens, apresentados em diagramas direccionais ou gráficos. Na figura 4 o
resultado permite visualizar o desencadeamento das alterações ambientais, (Santos,
2004).

8
1.9 Comparação dos atributos e parâmetros dos impactos ambientais.

Tabela 2: Método Ad Hoc

Impactos Ambientais
Diminuição da
Atributos do Poluição Poluição Resíduos Contaminação Erosão Deslizamento Poluição
Parâmetros água do lençol
impacto de água sonora sólidos urbano do solo do solo da terra do ar
freáctico
Positivo ou benéfico
Natureza
Negativo ou adverso X X X X X X X X
Abrangência/ Direta X X X X X X
Origem Indireta X X
Local X X X X X X X X
Regional X X X X X X X X
Alcance
Estratégico X X X X X X
grandes proporções X X X
Negligenciável/
X
Insignificante
Magnitude Baixa X X
Média X X X X
Alta X
Imediato ou curto-
prazo
Médio prazo X X X x
Duração
Longo prazo X X X
Temporário X
Permanente
reversível X X X X X X
Reversibilidade
Irreversível X X

Fonte: Autor (2023)

9
1.10 Medidas de Mitigação
“O termo medida de Mitigação é utilizado para designar um conjunto de acções a serem
executadas visando reduzir os impactos negativos de um empreendimento”. Portanto, estas
medidas tratam de prever quais serão os principais impactos negativos e a partir disso, buscam
medidas para evitar que ocorram ou para reduzir sua magnitude ou importância, (Sanchéz,
2008).
Os planos de mitigação buscam reverter danos parciais e reduzir
situações de risco e de impactos ambientais, através da intervenção em
áreas vulneráveis e da implementação de programas operacionais que
permitam, a curto prazo, mitigar situações críticas com base na
definição de prioridades. Eles devem ser implantados com base numa
gestão adaptativa, fundamentada em mecanismos considerem a
dinâmica de determinadas zonas naturais, (Júnior, 2014).

Entre os principais planos de mitigação, estão:

 Manter, em estado próximo do natural, a maioria das zonas degradadas;


 Impedir a ocupação com habitação nas áreas delimitadas de procteção;
 Controlar a ocupação de terras e extracções;
 Desviar vias e transferir construções em zonas de risco;
 Limitar a construção de estradas marginais e a intensidade de tráfego.

Tais medidas de Mitigação apresentam características de conformidade com os objectivos a que


se destinam, conforme se segue:

 Medida de Mitigação Correctiva


Consiste em uma medida que visa mitigar os efeitos de um impacto negativo
identificado, mediante acções de controle para neutralização do fato gerador do impacto.
 Medida de Mitigação Compensatória
Consiste em uma medida que procura repor bens sócio-ambientais perdidos em
decorrência de acções directas ou indirectas.
 Medida Potencializadora
Consiste em uma medida que visa optimizar ou maximizar o efeito de um impacto
positivo decorrente directa, ou indirectamente.

10
 Medida de Mitigação Preventiva

Consiste em uma medida que procura controlar ou de eliminar o factor provocador do impacto.
Este tipo de medida procura anteceder a ocorrência do impacto negativo.

Segundo Júnior (2014), “no processo de prevenção, os riscos de catástrofe devem ser
considerados de forma antecipada, buscando reduzir as suas consequências ou eliminar as
próprias causas”.

Em geral, estes planos atendem:

 A eliminação de depósitos, lixeiras, aterros de resíduos sólidos e esgotos a céu-aberto;


 Instalação de redes de esgoto e saneamento para a protecção das águas marinhas e
territoriais;
 Captação de resíduos sólidos, que causam efeitos devastadores em todos os ambientes
naturais;
 Monitoramento do uso do solo e da exploração dos recursos naturais;
 Controle da poluição atmosférica, através do combate às fontes de poluição que afectam
a ecologia natural;
 Conservação e valorização dos recursos e do património natural e paisagístico;
 Promoção do desenvolvimento sustentável às actividades geradoras de riqueza que
contribuam para a valorização dos recursos naturais.

Após a identificação e classificação dos impactos ambientais deve-se propor acções que visam
à redução e/ou eliminação dos impactos negativos, sendo estas acções chamadas de medidas de
mitigação. Em caso de impacto positivo identificado, será preciso a realização de acções que
promovam a maximização ou optimização deste impacto, as chamadas medidas
potencializadoras.

1.11 Historial do processo de urbanização e expansão urbana


1.11.1 A nível mundial
A urbanização é o processo de transformação dos espaços rurais em espaços urbanos, com o
crescimento das cidades e das práticas inerentes a elas, como as actividades industriais e
comerciais.

11
Segundo Baia (2009), a urbanização não consiste apenas no crescimento das cidades. Para que
ela ocorra é necessário um conjunto de mudanças que irão se expressar tanto na paisagem
urbana da cidade como no comportamento e estilo de vida das pessoas.

Diante deste cenário de maior número da população mundial a residir em áreas urbanas
actualmente, perspectivas para próximas décadas indicam que os assentamentos urbanos
continuaram a crescer, conforme o gráfico 1.

Gráfico 1: Perspectivas de crescimento urbano no mundo (1950 – 2050)

Fonte: United (2017).

1.11.2 A nível dos países em via de desenvolvimento, caso de Moçambique


Segundo Baia (2009), a urbanização em Moçambique ainda é um processo inacabado e
caracterizado por elementos de exclusão; daí a construção da tese segundo a qual há uma
complementaridade interna entre os elementos característicos do modo de vida ocidental,
introduzidos pela expansão e dominação colonial portuguesa, pela mundialização do
capitalismo contemporâneo e aqueles típicos da sociedade africana (anteriores à colonização
portuguesa) no interior das cidades.

De acordo com Maloa (2019), o processo de urbanização em Moçambique obedece a


determinadas características mais predominantes, nomeadamente: a dualidade urbana, a
ruralidade no urbano, a informalidade e o crescimento demográfico e estas caracterizam-se por:

 A urbanização dual como uma das características da urbanização moçambicana


contemporânea, aqui tratada a partir da década de 1990, resultou de um processo

12
longínquo de segregação sócio espacial, caracterizada pela natureza colonial que o país
passou por longos séculos.
 A segunda característica fundamental da urbanização moçambicana é a ruralidade no
urbano. Nessa relação entre o urbano e o rural, pesam os aspectos institucionais de
mudança entre o que é considerado urbano e rural, que nem sempre reflectem mudanças
substantivas no modo de vida da população urbana. Trata-se de uma característica quase
geral nos países africanos, Maloa (2019).
 A terceira característica da urbanização moçambicana contemporânea é a informalidade
no que diz respeito ao acesso à terra urbana. Em Moçambique, a terra pertence ao
Estado. A Lei de Terra, em vigor desde 1997, concede a indivíduos o direito à terra com
base em ocupação histórica, aceitando as testemunhas orais para decisão. Incorporando
a lei tradicional, esse processo foi amplamente respeitado como reforma agrária.

1.12 Ordenamento do Território


Segundo lei no 19/2007 de 8 de Julho, define como um conjunto de princípios, directivas e
regras que visam.garantir a organização do espaço nacional através de um processo dinâmico,
contínuo, flexível e participativo na busca do equilíbrio entre o homem, o meio físico e os
recursos naturais. com vista à promoção do desenvolvimento sustentável.

De acordo com Alves (2001), sustenta que no conceito de ordenamento do território estão
implícitas duas visões: retrospectiva (os conhecimentos actuais, os factores ideológicos,
políticos, económicos, sociais e tecnológicos) e prospectiva (a sua evolução no futuro).

Da bibliografia conclui-se que o ordenamento do território trata da concretização das políticas


públicas dos vários domínios, prosseguindo, num horizonte temporal alargado, um
desenvolvimento sustentável e uma visão de futuro, através da gestão, orientada, das
actividades humanas, centrando-se na sua tradução espacial.

1.13 Ocupação desordenada


De acordo com Alves (2001), o processo de ocupação extensiva e desordenado do espaço
urbano, dá origem às periferias, sem a infra-estrutura urbana necessária e formadas a partir das
práticas de ocupação do espaço conhecidas pela modalidade habitacional auto-construção/ casa
própria/ loteamentos periféricos.

13
Os problemas urbanos são ocasionados por crescimento desordenado, e por vezes, fisicamente
concentrado; pela ausência ou carência de planeamento; pela demanda não atendida por
recursos e serviços; pelas agressões ao meio-ambiente, por desenvolvimento em forma de eixos,
acentuando cada vez mais as concentrações urbanas, reforçando os desequilíbrios das cidades,
e agredindo em grande escala o meio-ambiente, (Bezerra & Fernandes, 2000).

Entretanto, os autores seguem direcções que se aproximam quanto a caracterização das


ocupações desordenadas dando ênfase a ausência de infra-estruturas aliadas a omissão de
políticas públicas que atendam aos moradores sem casa, deste modo o trabalho adopta o
conceito dado pelo Jacobi (2000), por se adequar melhor nas características do bairro em estudo.

Figura 1: Área de ocupação ordenada (2015).

Fonte: IHS, (2017).

14
Figura 2: Ocupação desordenada (zona dos Paióis)

Fonte: GoogleEarth. Acessado em 2023


https://earth.google.com/web/search/Muatala,+Nampula

15
CAPÍTULO II - METODOLOGIA
A metodologia deve ser entendida como o conjunto detalhado e sequencial de métodos e
técnicas científicas executados ao longo da pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os
objectivos inicialmente propostos e, ao mesmo tempo, que atendem aos critérios de menor
custo, maior rapidez, maior eficácia e maior confiabilidade de informação, (Marconi & Lakatos,
2001).

2.1 Tipo de Pesquisa


As pesquisas são classificadas segundo os objectivos pretendidos, abordagem utilizada e os
procedimentos, (Marconi & Lakatos, 2001).

2.2 Objectivo metodológico


Os objectivos deste estudo foram alcançados através do método qualitativa, como veremos a
seguir. Para realizar o presente estudo, recorreu-se à pesquisa bibliográfica e à pesquisa de
campo. Na abordagem qualitativa, a pesquisa tem o ambiente como fonte directa dos dados.

O método qualitativo: por sua vez, descreve a complexidade de determinado problema, sendo
necessário compreender e classificar os processos dinâmicos vividos nos grupos, contribuir no
processo de mudança, possibilitando o entendimento das mais variadas particularidades dos
indivíduos, (Marconi & Lakatos,2001).

2.3 Abordagem metodológica


De acordo com Marconi & Lakatos (2001), “a abordagem do estudo de caso vem sendo usada
há muitos anos em diferentes áreas do conhecimento em que se faz o estudo exaustivo de um
caso para fins de identificar, tratar ou fazer um acompanhamento”.

No presente estudo, a pesquisa buscou compreender em que em condições e como ocorreu os


impactos ambientais, com base nisso propor medidas de mitigação.

2.4 Procedimento metodológico


Quanto o procedimento é uma pesquisa monográfica ou estudo de caso conforme, baseado no
local onde acontecem os factos, (Marconi & Lakatos, 2001).

16
2.4.1 População e Amostra
Para compor amostra, no estudo foi usado o método não probabilístico por conveniência
(acidentais), que segundo Mutimucuio (2008), é uma técnica que envolve obter respostas de
pessoas que estão disponíveis e dispostas a participar na pesquisa, pois no presente estudo
pretendia-se envolver os moradores que estão dispostos a participar na pesquisa, de preferência
o representante de família, neste estudo, constitui todo aquele que responde pelas questões da
família.

Amostras não-probabilísticas podem ser:

 Amostras acidentais (conveniência): compostas por acaso, com pessoas que vão
aparecendo;
 Amostras por quotas: diversos elementos constantes da população/universo, na mesma
proporção;
 Amostras intencionais: escolhidos casos para a amostra que representem o “bom
julgamento” da população/universo.

Assim, para esta pesquisa a população é constituída por todos os residentes do bairro de
Muatala. A selecção dos residentes obedeceu ao método de amostragem não probabilística por
conveniência. Portanto, a amostragem consistiu em contactar o chefe da comunidade do bairro,
através do qual foi possível chegar a 20 representantes de famílias, escolhidos pela disposição
das casas em relação ao nível de impacto ambiental e com apresentação da credencial que
identifica o pesquisador fornecido pela Universidade Politécnica, a partir do qual se obteve
informação relevante para esta pesquisa, estes responderam às perguntas do guião de entrevista
(apêndice).

2.5 Instrumentos e técnicas de recolha de dados


Segundo Pardal & Correia (1995: 48), considera a técnica como “um instrumento de trabalho
que viabiliza a realização de uma pesquisa”.

Segundo Moresi (2003), define técnica de recolha de dados como “o conjunto de processos e
instrumentos elaborados para garantir o registo das informações, o controle e a análise dos
dados”

A recolha de dados para o estudo obedeceu às evidências visuais sobre vários pontos ao longo
do bairro de Muatala que está localizado no posto administrativo do mesmo nome.

17
2.6 Observação
A Técnica da observação é um procedimento metodológico, utilizado em pesquisa de cunho
teórico-empírico (pesquisa de campo), que usa os sentidos para obtenção de determinados
aspectos da realidade. Segundo (Marconi & Lakatos,2001), é realizada por meio de duas
técnicas: observação e entrevista.

2.6.1 Observação directa intensiva


De acordo com Marconi e Lakatos (2002: 75), “a observação directa intensiva é realizada por
meio de duas técnicas: observação e entrevista”. A observação é uma técnica de recolha de
dados para conseguir informações de determinados aspectos da realidade.

Para o estudo em causa, a técnica de observação permitiu que o pesquisador tivesse um contacto
mais directo com a realidade que se vive no bairro de Muatala.

De acordo com Marconi & Lakatos (2002), a observação pode ser classificada em:

2.6.1.1 Quanto aos meios utilizados


Quanto aos meios, a observação pode ser sistemática ou assistemática.

 Observação assistemática, é o meio em que o pesquisador procura recolher e registar


os factos da realidade sem a utilização de meios técnicos especiais, ou seja, não tem
planeamento e controle previamente elaborados;

 Observação sistemática é estruturada, planeada ou controlada, é aquela que se realiza


em condições controladas, para responder a propósitos pré-estabelecidos. Deve ser
planeada com cuidado e sistematizada.

Para a presente pesquisa utilizou-se a observação assistemática com a intenção de observar


quais são os potenciais impactos ambientais predominantes no bairro e como são tomadas as
medidas de mitigação e recuperação.

2.6.1.2 Quanto à participação do observador


De acordo com Marconi & Lakatos (2002), a observação pode ser participante e não
participante.

 Observação participante, o observador envolve-se com o grupo, transformando-se num


dos seus membros. Ele passa a fazer parte do objecto de pesquisa;

18
 Observação não participante, o pesquisador toma contacto com a comunidade, grupo ou
realidade estudada, mas sem se integrar nela: permanece fora, presencia o facto, mas não
participa dele.

Para a presente pesquisa realizou-se a observação não participante, pois permitiu que o
pesquisador tenha um contacto directo com o objecto de estudo no campo e com a população.

2.6.1.3 Quanto o número de observações


De acordo com Marconi & Lakatos (2002), quanto ao número a observação pode ser: individual
ou colectiva.

 Observação individual, é a técnica de observação realizada por um pesquisador;

 Observação em equipe, é um tipo de observação realizada por várias pessoas com o


mesmo objectivo.

Na presente pesquisa se fez uma observação individual que consistiu em observar


individualmente a cada responsável da família porta-a-porta, assim como as actividades
realizadas nela.

2.7 Entrevista
De acordo com Marconi & Lakatos (2002), a entrevista é a obtenção de informações de um
entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. Segundo Gaskell (2002), as entrevistas
permitem a compreensão minuciosa das motivações, atitudes, valores, e crenças dos sujeitos
pesquisados

A entrevista pode ser:

 Padronizada ou estruturada: roteiro previamente estabelecido;


 Não-padronizada ou não-estruturada: não existe rigidez de roteiro. Podem-se explorar
mais amplamente algumas questões.

Nesta pesquisa utilizou-se a entrevista semi-estrururada e têm como vantagens poder-se alterar,
adaptar ou adoptar as questões consoantes o rumo em que a entrevista vai tomar e poder-se
clarificar duvidas que poderão surgir.

19
CAPÍTULO III – ANÁLISE DE RESULTADOS
A elaboração deste estudo de caso teve como objectivo ilustrar a situação actual no que se refere
ao ambiente e possivelmente identificarei as causas e propor melhorias consoante as técnicas
apresentadas no capítulo I.

3.1 Descrição do local de Estudo


A cidade Nampula é conhecida como a capital do Norte, e está localizada no interior da
província, situado na região norte de Moçambique. Limites:

 Norte – Rio Monapo que separa do Posto Administrativo de Rapale;


 Sul – Posto Administrativo de Anchilo;
 Este – Posto administrativo de Anchilo;
 Oeste – Posto administrativo de Rapale e posto administrativo de Namaita e Anchilo.

O estudo será desenvolvido no Bairro de Muatala, situa-se no Posto administrativo de Muatala,


na Cidade de Nampula, em Moçambique. Em termos astronómicos, o bairro localiza-se entre
as coordenadas 15o 10’07” e 15o 03’08” de Latitude Sul e entre 39o 08’01” e 39o 13’02” de
Longitude, (Dianageca, 2004).

Figura 3. Localização geográfica e divisão administrativa da cidade de Nampula

Fonte: Muacuveia & Ferreira (2017: 162)

20
Este local foi escolhido por apresentar vários impactos ambientais e ocupação desordenada. É
fundamental a correcta identificação dos impactos ambientais, e a escolha adequada das
medidas de mitigação para poder minimizar esses impactos.

3.2 Principais Impactos ambientais identificados no bairro de Muatala

3.2.1 Resíduos sólidos urbanos


O Regulamento de gestão de resíduos, Decreto nº 13/2006 de 15 de julho, define resíduos como
“quaisquer substâncias ou objectos que são descartados, destinados a serem descartados ou que
são obrigados a ser descartados por lei".

Nenhum município a nível nacional resolveu satisfatoriamente o gerenciamento dos resíduos


sólidos urbanos e o modelo tradicional de gestão apresenta uma série de problemas. Em
Nampula, os migrantes provenientes de áreas rurais estabelecem-se nos bairros periféricos em
assentamentos informais de alta densidade populacional. O chorume (líquido escuro que resulta
da decomposição dos RSU) gerado pela decomposição e os gases tóxicos da queima são um
perigo para a saúde e segurança ambiental.

Segundo Júnior, (2021). “Diariamente, a cidade de Nampula produz cerca de 1200 metros
cúbicos de resíduos sólidos e há deficiência na remoção” (antes removiam a cada duas
semanas), o que faz com que os munícipes tenham que conviver com o lixo, sobretudo nos
bairros periféricos como o caso do bairro de Muatala,

No bairro Muatala, existem várias deficiências no sistema de GRSU, caracterizado por:


depósitos de lixos irregulares e atraso na remoção de lixo, falta de contentores para descarte
comunitário, prática de incineração nos contentores próximo às áreas residenciais e a colecta
não selectiva, durante a prática há emissão de gases tóxicos, que alteram os padrões ambientais,
descritos no artigo 10 da lei de ambiente nº 20/1997, de 1 de outubro (MOÇAMBIQUE, 1997c).
Para além de impactos negativos ao meio-ambiente, também tem grande impacto na saúde
pública, a estética e a economia da urbe.

Os dados que ilustra os resíduos sólidos urbanos foi colhido em 3 pontos nomeadamente: zona
dos Paióis, Zona militar; Zona de cossore, pois em outros pontos do bairro de Muatala estão na
mesma situação. Nestes locais, o lixo se acumula até mesmo entre as casas, vias de acesso, e
acaba sendo utilizado muitas vezes para evitar a erosão, criando problemas ainda maiores. As
figuras.4, 5 e 6 ilustram depósitos de resíduos sólidos urbanos, respectivamente.
21
Figura 4: Depósito de RSU sem contentor (Zona militar).

Fonte: (O autor, 2023).

Figura 5: Depósito de RSU sem contentor (Zona de cossore).

Fonte: (O autor, 2023).

22
Figura 6: Depósito de RSU sem contentor (zona dos Paióis).

Fonte: (O autor, 2023).

4.2.1.1 Principais causas:


 Falta de uma estrutura e meios adequados;
 Falta da capacidade e equipamentos adequados entre os trabalhadores do sector;
 Falta de contentores para descarte comunitário e atraso na remoção de lixo;
 Falta de sensibilização ambiental para a população com relação à importância do seu
papel neste processo;
 Dificuldade de envolver a sociedade privada no processo e de regulamentar as iniciativas
existentes.
 Nas áreas com ocupação desordenada, o acesso aos camiões é inexistente devido à
largura estreita das vias. Nestes locais, o lixo se acumula até mesmo entre as casas.

4.2.1.2 Medidas de Mitigação:


 Aumento da capacidade e equipamentos adequados entre os trabalhadores do sector;
 Aquisição de mais contentores e camiões de recolha de RSU;
 Criação de programas “Cidade limpa, PRAD (Programa de Recuperação de Áreas
Degradadas);
 Recolha do RSU nos depósitos a cada 3 dias;
 Fiscalização rígida na recolha dos RSU nos depósitos.

23
3.2.2 Erosão do Solo
Grande parte do território nacional enfrenta problemas sérios de erosão, em particular na cidade
de Nampula. A erosão remove a capa superior do solo, reduz os níveis de matéria orgânica e
contribui para a ruptura da estrutura do solo, criando um ambiente não favorável para o
crescimento da planta.

Segundo Bernardo (2021), “a erosão ao longo do rio Muatala, na Cidade de Nampula, constitui
um perigo para residências construídas próximo aquele curso de água urbano, que a qualquer
momento podem ruir”. Alguns moradores se dedicam a extracção de areia para construção civil
naquele recurso natural como estando a precipitar a erosão.
As razões para a ocorrência de erosão de solos são diversas, destacando-se a disposição do
relevo (em forma de escadaria), actividade humana (Remoção do solo para uso na construção
civil), localização geográfica do país (susceptível aos eventos extremos), queimadas
descontroladas e uso de terra para outros fins em locais susceptíveis à erosão, entre outras.
Os dados que ilustra as erosões foi colhido em 3 pontos nomeadamente: zona dos Paióis, Zona
militar, Zona de cossore, pois em outros pontos do bairro de Muatala apresentam erosões
semelhantes e em todos os locais apresentam uma erosão Pluvial (erosão causada pela chuva).
As figuras 10, 11, 12,13 e 14 apresentam erosões de solo.

Figura 7: Extracção de areia para construção civil (rio Muatala).

Fonte: Bernardo (2021).

24
Figura 8: Erosão de baixa Magnitude (zona do Paióis).

Fonte: (O autor, 2023).

Figura 9: Erosão de média Magnitude (zona do Paióis).

Fonte: (O autor, 2023).

25
Figura 10: Erosão de média Magnitude (zona do Paióis).

Fonte: (O autor, 2022).

Figura 11: Erosão de alta Magnitude (Zona de cossore).

Fonte: (O autor, 2023).


26
Figura 12: Erosão de alta Magnitude (Zona militar).

Fonte: (O autor, 2022).

3.2.2.1 Causas de erosão:


a) Naturais:
 Força do vento/tempestades;
 Precipitação.

b) Antropogénicas (actividade Humana)


 A falta de ordenamento territorial;
 Movimentação de veículos, maquinaria nos locais onde decorrem obras de construção
civil;
 Desflorestamento;
 Queimadas descontroladas;
 Extracção do solo para uso na construção civil.

27
3.2.2.2 Consequências da erosão
A remoção dos solos por erosão causa os seguintes problemas:

 Desabamento e perda de infra-estruturas e habitats;


 Perda de vidas Humanas;
 Corte de árvores;
 Alteração e redução da biodiversidade;
 Transporte de grandes quantidades de solos para os rios nas épocas chuvosas tornando;
 Diminuição da capacidade de retenção de água dos solos reduzindo assim a
disponibilidade para as culturas.

3.2.2.3 Medidas de mitigação


Com o alastramento da erosão a população vem aplicando algumas alternativas como:
colocação de pedras (Rachão) nas vias aplicação de vigas nas vias de 60 a 60m, aplicação de
sacos com areia, murro de contenção. Algumas das soluções normalmente empregues no
controlo dos vários tipos de erosão para a protecção do solo no sentido de diminuir a intensidade
do escoamento superficial, são:

 Sistema de drenagem, uso de taludes e valetas;


 a construção de gabiões, cobertura vegetal do leito de ravinas;
 Produzir e actualizar sempre que necessários de mapas de áreas afectadas e propensas
ao fenómeno de erosão no país;
 Integrar nos planos sectoriais e na planificação Distrital a questão de erosão de solos;
 Responsabilizar os diferentes agentes de desenvolvimento cuja actividade induza ou
cause erosão, na base do princípio, “Poluidor Pagador”;
 colocação de sacos com areia e plantio de espécies vegetais (nacaraca);
 Montar um sistema coordenado de inspecção, fiscalização e monitorização operacional
aos diferentes agentes económicos causadores de erosão.

3.2.3 Contaminação da água subterrânea e superficial


As actividades humanas que contribuem com o Impacto
Ambiental na qualidade da água dos rios, lagos, igarapés, mares,
geralmente são provenientes da urbanização, descartes de
resíduos como lixo, esgotos domésticos e sanitários e resíduos
industriais (Pascoaloto, 2012).

28
Um factor preocupante dessa poluição é que os lençóis freáticos, os riachos, são o destino final
de todo e qualquer poluente solúvel em água que tenha sido lançado no ar ou no solo. Desta
forma, além dos poluentes que são lançados directamente nos corpos d’água, as redes hídricas
ainda recebem a poluição vinda da atmosfera e da litosfera (o solo).

O que tem vindo a ser registrado é que, praticamente 75% das casas não tem um sistema de
saneamento adequado, ou seja, as águas brancas (águas de sabão) são descartadas ao céu aberto
e com o tempo vai se acumulando até atingir a cor verde, contendo organismos que pode ser
prejudicial à saúde, principalmente para as crianças.

3.2.3.1 Tipos de poluição da água


Segundo Pascoaloto (2012) “os tipos de poluição se dividem de quatro modos: Poluição
sedimentar, Poluição biológica, Poluição térmica e Poluição química”. No bairro de Muatala
geralmente apresenta dois tipos de poluição, que são:

 Poluição biológica
Esse tipo de poluição ocorre com a introdução de detritos orgânicos lançados
geralmente por esgotos domésticos e industriais, que podem ser direcionados à água ou
podem se infiltrar nos solos, atingindo lençóis freáticos. Como por exemplos: restos de
alimentos, fezes humanas e detergentes usados no dia-a-dia, entre outros.
Esses detritos também estão cheios de micro-organismos patogênicos, como as
bactérias, vírus e protozoários, provenientes principalmente dos resíduos humanos.
Como consequências estão as diversas doenças que podem ser transmitidas aos
humanos e aos animais, tais como leptospirose, amebíase, febre tifoide, diarreia, cólera
e hepatites.
 Poluição sedimentar
É o acúmulo de partículas em suspensão. Quando são vindas do solo pelo processo de
erosão, desmatamento e extracção de minérios (como em casos de rompimentos de
barragens), elas podem interferir no processo de fotossíntese, bloqueando os raios
solares, e na capacidade dos animais de encontrar alimento. Esses sedimentos também
podem ser provenientes de produtos químicos insolúveis que adsorvem e concentram
os poluentes biológicos e químicos, afectando o processo de fotossíntese. Os sedimentos
são o tipo de poluição mais comum nos corpos d’água.

29
3.2.3.2 Quanto a Contaminação da Água
A comprovação da contaminação da água mostra que o impacto ambiental é ocasionado
também pela presença do homem. O facto de os moradores deitarem os RSU nos lugares
impróprio, construir fossa séptica próximo a uma fonte de água (poços, furos de água), essas
são os principais fatores que contribuiu para a situação da contaminação.

3.2.3.3 Acesso a água potável


Constatou-se que o acesso a água potável para o bairro de Muatala ainda é deficiente, como
pode-se ver na tabela abaixo, conforme os dados colhidos na entrevista cerca de 25% usufrui
de água potável, e 75% consomem e usam a água dos poços tradicionais e riachos, mas fazendo
o tratamento no seu domicílio com purificador de água (Certeza) ou fervendo. Porém Somente
45% dos entrevistados tem poço tradicional e furo de água que se localiza nas suas respectivas
residências.

Tabela 3: Acesso a água potável

Acesso a água No de entrevistado Percentagem (%)


Canalizada 4 20
Riacho 3 15
Poço tradicional 12 60
Furo de água 1 5
Total 20 100

Fonte: O autor (2023).

Figura no 13: Purificador de água (Certeza)

Fonte: O autor (2023)

30
3.2.3.4 Método de Mitigação
 Ferver a água
 Usar produtos químicos, tais como a “Certeza”, o hipoclorito de sódio e a cal viva, a
fim de eliminar os micro-organismos da água para consumo;
 Implantação de sistemas de colecta e tratamento de esgotos sanitário.

3.2.4 Poluição sonora pelo funcionamento de maquinarias da Moagem, construção civil


e barracas de venda de bebidas alcoólicas.
Segundo Pascoaloto (2012) “a poluição sonora refere-se ao barulho, som ou ruído em limites
de volume e intensidade perturbadora da comodidade auditiva das pessoas e, que directa ou
indirectamente, possa causar danos nocivos à saúde, segurança e perturbações ao sossego e
bem-estar”

Segundo Júnior (2021), na Cidade de Nampula, há cada vez mais gente a perder audição devido
à exposição a ambientes de poluição sonora. a situação é preocupante porque a maioria dos
pacientes são crianças e pessoas idosas que nem sequer conhecem as causas do problema.

Para a medição dos dB (A) foi usado um aplicativo de nome Sound Meter, como método
alternativo, pois, o autor teve dificuldades em adquirir o equipamento próprio de medição. No
caso da poluição sonora causada pela construção civil, o bairro não regista uma poluição
superior a 70 dB (A) em termos de ruído, pois neste local as construções não usam grandes
maquinarias, muitas das vezes os trabalhos são manuais e de baixo teor de poluição sonora. E
para o caso da Moagem e das barracas estão localizadas praticamente nos centros das zonas
junto aos mercados mais movimentado desses locais, com isso, causando perturbação para os
vendedores daquele mercado e aos habitantes próximos daquela área. Quando os ruídos
alcançam níveis prejudiciais à saúde e ao sossego público, diz-se que ocorre a poluição sonora.
Em níveis excessivos de intensidade, a poluição sonora pode ocasionar diversos danos à saúde.

Além de causar perda auditiva temporária ou permanente, o ruído pode também ser um risco
de segurança. Mais claramente, o ruído interfere na comunicação verbal, levando a erros e
fracassos em responder a sons de aviso e gritos. Danos auditivos podem ser induzidos por
exposição contínua a níveis superiores a 85 dB (A). Segundo Chechin 2016, a exposição
contínua a níveis superiores a 90 dB (A) resulta em 20% da população exposta sofrendo de
perda auditiva induzida por ruído.

31
Tabela 4: Níveis de ruído.

Ponto de amostragem Ruido de fundo [dB(A)] Ruido ambiente


Moagem na zona dos Paióis 65-69 26-31
Barracas na zona de Paióis 58-65 20-24
Barracas na zona de Cossore 57-63 22-27
Barracas na zona militar 59-64 21-26
Fonte: O autor (2023).

De acordo com Chechin 2016:

 O ruído com intensidade até 55 dB(A) não causam mal à saúde, mas pode resultar em
desconforto acústico.
 O ruído com intensidade entre 55 dB(A) a 75 dB(A), apesar de não ser potencial perigo
à audição, poderá afectar a concentração e irá interferir com a comunicação.
 Entre 75 dB(A) a 85 dB(A) poderá causar dano a audição e acima de 85 afectará a saúde
dependendo do tempo de exposição.

Figura 14: Aplicativo “Sound meter”.

Fonte: O autor (2023).

32
3.2.4.1 Métodos de mitigação
 Moagens não podem funcionar 24h/dia;
 As barracas devem encerar as actividades as 22h;
 As barracas e moagens deve evitar a realização de actividades ruidosas (acima de
60dB).

3.3 Proposta de Plano de Ordenamento territorial do bairro de Muatala


O ordenamento do território constitui uma ferramenta administrativa que tem como principal
linha orientadora a estruturação, o arranjo e a gestão territorial, quer ao nível urbano e
habitacional, quer ao nível natural.

3.3.1 Proposta e estratégia de ordenamento territorial


O Bairro de Muatala não existe em plano de ordenamento territorial, face a este cenário para
poder implementar a proposta de ordenamento territorial no bairro de Muatala deve haver
necessidade de criar uma estratégia de uso do solo de maneira sustentável, adequada às
condições ambientais, sociais e económicas da população. A redução das dimensões dos lotes
dos habituais 20x30m para 15x20m para permitir maior densificação e maior valorização do
espaço urbano (apresentado no Apêndice 2, 3 e 4). Os quarteirões programados (100x105m)
terão um preenchimento evolutivo sendo que as ruas centrais (será de 12m) podem ser
encerradas num dos lados. Contudo, para as zonas de baixa densidade a ocupação será de 35
Hab/Ha, media densidade 150 Hab/Ha e alta densidade 320 Hab/Ha.

3.3.2 Princípios aplicados para o desenvolvimento urbano sustentável

1. Segundo Bernardo (2021) Espaço adequado para estradas e espaço público numa rede
viária e ciente:

 30-35% de área de intervenção a ser destinada para rede viária, 15-20%


destinado ao espaço público e 50% aos lotes;

 No mínimo 18km de estradas em cada Km2;

 No mínimo 60 cruzamentos em cada km2.

2. Uso misto:

 No mínimo 40% de área dedicada a usos económicos;

33
 Usos especializados limitados; blocos de único uso devem ser abaixo de 10% de
toda a área de intervenção.

3. Mistura de classes sociais:

 50% de área habitacional deve ser para habitação de baixo custo;

4. Densidade adequada:

 No mínimo 15.000 habitantes por km2, que corresponde a 150 hab/Há.

5. Conectividade:

 Maximizar distâncias a percorrer a pé́ e de transporte público.

3.3.3 Plano para o ordenamento dos lotes


 Casas a manter: as edificações a manter são aquelas cujo a sua actual localização não
entra em conflito com a nova malha urbana proposta em conjugação com as
condicionantes existentes.
 Casas a remover: as edificações a remover são aquelas que entram em choque com a
malha urbana proposta e em todos casos será mesmo necessário remover todo edifício
para o alocar num lote já definido para permitir operações de loteamento e arruamento.
 Casas a ajustar ao lote: as edificações a ajustar ao lote são aquelas que ligeiramente
entram em choque com a malha urbana proposta. Em muitos casos será necessário
remover pelo menos uma parede do edifício para dar lugar a via e em alguns casos será
mesmo necessário remover todo edifício para o alocar num lote já definido.

3.3.4 Modelo Do Quarteirão e Lote


Figura 15: Modelo do quarteirão modelo do lote.

Fonte: https://vt.co.mz/wp-content/uploads/2020/06/Portfolio-VT-Lda.pdf

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CAPÍTULO IV - CONCLUSÃO E SUGESTÕES

4.1 Conclusão
Os resultados deste estudo permitiram concluir que não estão sendo feito esforços o suficiente
a fim de mitigar os impactos ambientais. O estudo constatou que o conselho municipal da cidade
de Nampula até o termino do estudo enfrenta grandes problemas face à má gestão dos RSU,
falta de um saneamento adequado, falta de água potável, entre outro. Os mesmos apontam as
causas como: falta de uma estrutura e meios adequados, falta da capacidade e equipamentos
adequados entre os trabalhadores do sector, falta de contentores para descarte comunitário e
atraso na remoção de lixo, nas áreas de urbanização desordenada, o acesso aos caminhões é
inviável devido à largura estreita das vias e a dificuldade de envolver a sociedade privada.

Constatou-se que o bairro apresenta níveis médios-alto de erosão, com isso, a população vem
aplicando algumas alternativas como: a colocação de pedras (rachão) nas vias, aplicação de
vigas de betão (10 a 10m) nas vias, aplicação de sacos com areia, murro de contenção, a fim de
mitigar o impacto da erosão naquele local. Os moradores daquele local não têm nenhum apoio
financeiro da edilidade ou de entidades não governamentais para mitigar os impactos, pois os
gestores daquele local praticamente nada fazem para contribuir na minimização dos impactos
ambientais.

Conclui que para além das técnicas quem vem sido aplicada pela população, também poderia
se aplicar a construção de gabiões, cobertura vegetal (áreas verdes), sistema de drenagem (uso
de taludes e valetas). Assim, respondendo à pergunta de partida: “Quais são os métodos práticos
para mitigar os impactos ambientais resultantes no bairro do Muatala”.

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4.2 Sugestões

 O município em parceria com a DPDTA, ANE, e a sociedade civil devem trabalhar


juntos no sentido de fazer planos de reversão dos impactos ambientais e de urbanização.
Devem ter uma coordenação entre estas 4 entidades, não só irão mitigar futuros
impactos ambiental como também irá gerar contenção de custos futuros;
 Envolvimento das comunidades (ex: por meio de células, activistas comunitários de
ambiente) na divulgação e disseminação de práticas “saudáveis” para a prevenção dos
impactos ambientais;
 Todos os estabelecimentos devem ser encerados as 22h independentemente dos dias da
semana;
 Implementação de sistema de reciclagem dos resíduos sólidos.

36
4.3 Referências Bibliográficas

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Contributos para uma intervenção inovadora. Tese de doutoramento em Planeamento
Regional e Urbano. Lisboa. Instituto Superior Técnico. 2001. Pág. 44-65.

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Livraria Universitária – UEM. Maputo, 1997.

Baia, A. H. (2009). Os Conteúdos da Urbanização em Moçambique - Considerações a partir da


expansão da cidade de Nampula.

Braga, B. et al (2005). Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento


sustentável. 2 ed, São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 313 p.

Bernardo, R (2021). Planeamento e Ordenamento do Território. Jornal Ikweli, 2021, disponível


em: <https://vt.co.mz/wp-content/uploads/2020/06/Portfolio-VT-Lda.pdf>. Acessado
em 28 de marco de 2023.

Bezerra, M; Fernandes, M, A. (2000). Cidades sustentáveis: Subsídios à elaboração da Agenda


21 Brasileira.

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Filho, G, R, O. (2013). Uma breve reflexão sobre o conceito de impacto ambiental.

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Urbanization in Mozambique: Assessing Actors, Processes, and Impacts of Urban
Growth. Cities Alliance, Belgiun, 2017, disponivel em: http://www.citiesalliance.org.
Acessado em 30 de janeiro de 2023.

Junior, A. B. (2014). As Medidas de Prevenção, Mitigação e Remediação Ambiental.


Disponível em: <http://plantverd.com.br/noticias/37434/conheça-as-medidas-de-
prevenção mitigação-e-remediação-ambiental>. Acesso: 15 de janeiro 2023.

Júnior, J. Saneamento do meio cada vez mais degradado em Nampula. Wamphula Fax,
Nampula. Disponível em: <https://www.wamphulafax.co.mz/2021/03/30/saneamento-
do-meio-cada-vez-mais-degradado-em-nampula/>. Acesso em: 30 mar. 2023.

Lakatos, & Marconi, M (1992). Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas.

37
Lakatos, & Marconi, M (2001). Fundamentos metodologia científica. 4.ed. São Paulo: Atlas.

Micoa – Republica de Moçambique, s/d. Pobreza e Ambiente, (Manual de Planificação),


elaborado por: Poverty and Environment Project Team, P.4.

Moçambique. Decreto no 13/2006 de 15 de junho. Regulamento sobre a Gestão de Resíduos,


Maputo: Boletim da República de Moçambique, 2006.

Moçambique. Lei 20/1997, de 1 de outubro. Lei do Ambiente, República de Moçambique:


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estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudos de caso. 2.ed. São Paulo: Atlas.

Sanchéz, L. E (2008). Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São Paulo:


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Santos, R. F (2004). Planeamento ambiental: Teoria e Prática. São Paulo: Oficina de Textos.

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Moçambique (2015 - 2045). Nampula.

Tommasi, L. R (1994). Estudo de impacto ambiental, 1ª edição.

38
4.4 Apêndice
Apêndice 1: Questionário de 20 chefes de família

Das 20 responsáveis das famílias obteve-se:


1. Nível de Escolaridade
[0] [ 0 ] pós- [3]
[ 7 ] básico [ 9 ] médio [ 1 ] superior
primário graduação Nenhum
2. Tipo de Uso do edifício
[ 20 ] [0] [ ] Outra
[0] Instituição
residencial Comercio
3. Como obteve o lote?
[ 15 ]- [ 4 ]-Ocupou
[ 1 ]-Oferecido [ ]-Outro
Comprou ilegalmente
4. Tem DUAT?
[ 14 ]-Sim [ 6 ]-Não
5. Em que condições está as ruas do bairro?
[ 0 ]-Muito
[ 0 ]-Boa [ 9 ]-Normal [ 11 ]-Péssima
boa
6. Quando chove nesta área tem havido enchentes?
[ 2 ]-Sim [ 18 ]-Não
7. Qual é o tipo de cobertura?
[15] Chapa de
[ 0 ] Telha [ 0 ] Laje [ 1 ] Lusa lite [ 4 ] Capim
zinco
8. Condição de posse da habitação.
[ 15 ] Própria [ 5 ] Alugada [0] Emprestada [ 0 ] Outra
9. Tipo de material de construção.
[ 5 ] Tijolo [8] Tijolo de [0]
[1] Pau a pique [ 6 ] Misto
de cimento adobe Madeira
10. Abastecimento de água
[3] Rede
[ 13 ] Poço [ 0 ] Não
encanada [ 1 ] Furo [ 3 ] Riacho
tradicional tem
11. Acesso a água potável
[ 4 ] água [ 16 ] água
potável não potável
12. Saneamento básico
[ 0 ] Rede [ 7 ] Fossa [4] latrina [ 8 ] Latrina [ 0 ] Não
geral séptica tradicional melhorada tem
13 – Para onde leva o lixo doméstico?
[ 3 ] enterra [ 17 ] joga na [ 0 ] coleta [ 0 ] terreno
no quintal estrada municipal abandonado
14- O bairro tem jardins ou praças?
[ 0 ]-Sim [ 20 ]-Não
15 -Tem vontade de se mudar do bairro?
[ ] Não tem
[ 5 ]-Sim [ 15 ] Não
opinião
16 – Qual principal meio de transporte
[ 2 ]-
[ 8 ]-a pé [ 0 ]-transporte [ 4 ]-moto
[ 0 ]-bicicleta [ 6 ]-moto-táxi automóvel
coletivo particular
particular
Fonte: O autor (2023).

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