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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO – UNIJIPA

CAMPUS DE JI-PARANÁ
BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTE INDIVIDUAL:


IMPORTANCIA DO DIMENSIONAMENTO PARA SAÚDE PÚBLICA

Ji-Paraná/RO
2023
ED GABRIEL DOS REIS
KAIO RENAN DAMASCENA SOUZA
KASSIO SANTOS BARBOSA
LUCAS MIRANDA MACHADO
VAGNER MACHADO FERNANDES JUNIOR

SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTE INDIVIDUAL:


IMPORTANCIA DO DIMENSIONAMENTO PARA SAÚDE PÚBLICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenação de Engenharia Civil, Centro
Universitário Estácio - UNIJIPA, Campus de
Ji-Paraná, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Civil.

Orientador: Prof. ANTONIO FELIX SILVA CASTELO BRANCO

Ji-Paraná/RO
2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO – UNIJIPA
CAMPUS DE JI-PARANÁ
BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

TÍTULO: SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTE INDIVIDUAL:


IMPORTANCIA DO DIMENSIONAMENTO PARA SAÚDE PÚBLICA.

AUTORES: Ed Gabriel Dos Reis, Kaio Renan Damascena Souza, Kassio Santos Barbosa,
Lucas Miranda Machado, Vagner Machado Fernandes Junior.

O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi defendido como parte dos requisitos
para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil e aprovado pela Coordenação de
Engenharia Civil, Centro Universitário Estácio – UNIJIPA, Campus de Ji-Paraná, no dia 15 de
novembro de 2023.

.
Prof. Antonio Felix Silva Castelo Branco (Orientador)
Centro Universitário Estácio - UNIJIPA

.
Prof. (Membro)
Centro Universitário Estácio - UNIJIPA

.
Prof. (Membro)
Centro Universitário Estácio – UNIJIPA

Ji-Paraná, 15 de novembro de 2023.


RESUMO

Este estudo examinou o papel do sistema de tratamento de esgoto composto por fossa séptica,
filtro anaeróbio e sumidouro, com especial ênfase em residências unifamiliares. Ao longo desta
análise, examinamos os principais objetivos deste sistema, enfatizando seus princípios de
operação e como eles contribuem para a conservação ambiental e a saúde pública. Esses
sistemas devem ser projetados, dimensionados e implementados de acordo com os padrões de
qualidade e conformidade, o que requer a engenharia civil. A conclusão enfatiza a importância
prática do assunto e os benefícios que ele pode trazer para a saúde pública e a preservação do
meio ambiente. O sistema de tratamento de esgoto residencial é um passo significativo em
direção a um futuro mais limpo e saudável, e é essencial para a promoção de comunidades
sustentáveis, sendo assim, como resultado, este estudo enfatiza o papel constante da engenharia
civil na gestão eficaz dos resíduos líquidos e na promoção de um ambiente saudável para as
gerações atuais e futuras.

Palavras-chave: Tratamento; fossa séptica; filtro anaeróbio; sumidouro; saúde pública.


ABSTRACT

This study examined the role of the sewage treatment system consisting of a septic tank,
anaerobic filter and sink, with special emphasis on single-family homes. Throughout this
analysis, we examine the main objectives of this system, emphasizing its operating principles
and how they contribute to environmental conservation and public health. These systems must
be designed, dimensioned and implemented according to quality and compliance standards,
which requires civil engineering. The conclusion emphasizes the practical importance of the
subject and the benefits it can bring to public health and environmental preservation. The
residential sewage treatment system is a significant step towards a cleaner and healthier future,
and is essential for promoting sustainable communities, therefore, as a result, this study
emphasizes the constant role of civil engineering in the effective management of wastewater.
liquid waste and promoting a healthy environment for current and future generations.

Keywords: Treatment; Septic; Anaerobic filter; sinkhole; public health.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Corte esquemático de tanque séptico retangular ................................................. 19


Figura 2. Filtro Anaeróbio............................................................................................. 20
Figura 3. Corte esquemático sumidouro.......................................................................... 22
Figura 4. Mapa da localização do município ................................................................... 23
Figura 5. Mapa aproximado .......................................................................................... 23
Figura 6. Planta baixa ................................................................................................... 24
Figura 7. Esquema geral do tanque séptico ..................................................................... 31
Figura 8. Esquema geral filtro anaeróbio ........................................................................ 35
Figura 9. Sistema de tratamento dimensionado ................................................................ 43
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Taxa de ocupação de acordo com a natureza do local......................................... 26


Tabela 2. Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e
ocupante ..................................................................................................................... 27
Tabela 3. Período de detenção dos despejos, por faixa de contribuição diária ..................... 28
Tabela 4. Taxa de acumulação total de lodo (K), em dias, por intervalo entre limpezas e
temperatura do mês mais frio ........................................................................................ 28
Tabela 5. Profundidade útil mínima e máxima, por faixa de volume útil ............................ 29
Tabela 6. Contribuição diária de despejos e de carga orgânica por tipo de prédio e de
ocupantes .................................................................................................................... 32
Tabela 7. Tempo de detenção hidráulica de esgotos (T), por faixa de vazão e temperatura
do esgoto (em dias) ...................................................................................................... 33
Tabela 8. Absorção relativa do solo ............................................................................... 37
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10

2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 11

2.1 Esgoto doméstico ....................................................................................................... 11

2.2 Poluição hídrica por esgoto doméstico ...................................................................... 13

2.3 Doenças de veiculação ............................................................................................... 14

2.3.1 Cólera ................................................................................................................. 14

2.3.2 Hepatite ............................................................................................................... 14

2.3.3 Poliomielite......................................................................................................... 15

2.3.4 Esquistossomose ................................................................................................. 15

2.3.5 Diarreia ............................................................................................................... 15

2.4 Impacto social e econômico ....................................................................................... 15

2.4.1 Perda de vida ...................................................................................................... 15

2.4.2 Perda de produtividade ....................................................................................... 16

2.4.3 Aumento de custos ............................................................................................. 16

2.4.4 Perda econômica ................................................................................................. 16

2.5 Prevenção e controle .................................................................................................. 16

2.5.1 Higiene básica..................................................................................................... 16

2.5.2 Promoção da educação em saúde ....................................................................... 17

2.6 Importância do dimensionamento para prevenção de doenças .................................. 17

3 SISTEMA FOSSA-FILTRO-SUMIDOURO ................................................................... 18

3.1 Tanque Séptico .......................................................................................................... 18

3.2 Filtro anaeróbio .......................................................................................................... 20

3.3 Sumidouro .................................................................................................................. 21

4 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 22

4.1 Área de estudo ........................................................................................................... 22


4.2 Descrição da área estudada ........................................................................................ 24

4.3 Metodologia de dimensionamento do sistema de acordo com as normas e


literaturas .............................................................................................................................. 25

4.3.1 Fossa séptica ....................................................................................................... 25

4.3.2 Filtro anaeróbio .................................................................................................. 32

4.3.3 Sumidouro .......................................................................................................... 36

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 38

5.1 Fossa séptica .............................................................................................................. 38

5.2 Filtro Anaeróbio ......................................................................................................... 40

5.3 Sumidouro .................................................................................................................. 42

5.4 Sistema dimensionado ............................................................................................... 42

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 45


10

1 INTRODUÇÃO

O sistema de tratamento de esgoto composto por fossa séptica, filtro anaeróbio e


sumidouro é uma parte essencial da engenharia civil, desempenhando um papel importante no
gerenciamento eficaz dos resíduos líquidos em residências unifamiliares. Este sistema,
frequentemente ignorado, é vital para garantir saúde pública, assim como para garantir o bem
estar-ambiental.
A engenharia civil desempenha um papel sumaríssimo na concepção, dimensionamento
e execução desses sistemas, garantindo que eles atendam a padrões rigorosos de qualidade e
conformidade ambiental. Este assunto possui extrema relevância na área porque envolve não
apenas os aspectos úteis do tratamento de esgoto residencial, mas também leva em consideração
as questões de sustentabilidade e conservação dos recursos naturais.
A justificativa deste trabalho é, primordialmente, a preocupação com a destinação do
esgoto doméstico diretamente no meio ambiente. Através de dados do SNIS de 2021, conclui-
se que em regiões do país que não são atendidas por redes de coletas de esgotos, a maior parte
do resíduo gerado é destinado diretamente no meio ambiente sem tratamento prévio, sendo
assim, com o objetivo de diminuir essa destinação indevida do esgoto doméstico, recomenda-
se o conjunto sistêmico composto por fossa séptica, filtro e sumidouro, com isso, o objetivo
primordial do trabalho é apresentar um roteiro simplificado de cálculo para o dimensionamento
do sistema, seguindo a regulamentação da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Posteriormente a isso, o objetivo secundário é explanar a respeito das consequências
negativas que esse sistema pode gerar quando não é utilizado, ou ainda, quando é executado de
forma que não atenda as normas e padrões adequados. Vale ressaltar também que o
dimensionamento correto do sistema evita custos desnecessários, otimizando o uso de
materiais.
A partir de tal exposição ficará evidente o quanto é importante dimensionar
corretamente fossas, filtros e sumidouros durante o desenvolvimento de projetos residenciais
unifamiliares. Haja vista que o dimensionamento adequado proporcionará, além do bem estar
ambiental e segurança a saúde da comunidade, como também evitará custos desnecessários,
visto que otimiza o uso de materiais e contribui para um futuro sustentável
E finalmente entender o significado e a relevância neste tema que na engenharia civil é
essencial para garantir comunidades sustentáveis e saudáveis, promovendo um futuro mais
limpo e seguro para todos.
11

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Esgoto doméstico

O esgoto doméstico é um dos principais resíduos produzidos pelas atividades humanas


e é composto por uma grande variedade de materiais orgânicos e inorgânicos, além de
microrganismos patogênicos. Segundo Roque Passos Piveli (2011), o tratamento do esgoto
doméstico é de extrema importância para prevenir doenças, proteger o meio ambiente e
promover o desenvolvimento sustentável.
A questão do tratamento do esgoto doméstico não é uma preocupação recente. Na
verdade, a história do saneamento básico remonta aos tempos antigos, com as primeiras
civilizações desenvolvendo sistemas rudimentares para a gestão dos resíduos.
No entanto, foi durante a Revolução Industrial, no século XIX, que a questão do
saneamento básico ganhou uma relevância maior. Com o rápido crescimento das cidades e a
concentração de pessoas em pequenas áreas, o acúmulo de resíduos e a falta de infraestrutura
para o seu gerenciamento geraram problemas sanitários e ambientais graves (PIVELI, 2011).
No Brasil, a questão do saneamento básico ganhou força apenas a partir da década de
1950, com a criação da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP).
Entretanto, ainda foram necessários muitos anos para que o país conseguisse avançar na área
do tratamento do esgoto doméstico, com muitas regiões do país ainda sem acesso à
infraestrutura adequada (PASCHOALINO, 2018).
Atualmente, a preocupação com a gestão adequada do esgoto doméstico é uma pauta
cada vez mais urgente, tendo em vista a sua importância para a preservação do meio ambiente
e a promoção da saúde pública.
As características do esgoto doméstico variam de acordo com a região, a densidade
populacional e o padrão de consumo de água. Em geral, o esgoto doméstico é composto por
água de lavagem, esgoto sanitário, água de cozinha, água de lavagem de roupas, entre outros.
Além disso, o esgoto pode conter sólidos em suspensão, matéria orgânica, nutrientes como
nitrogênio e fósforo, micro-organismos patogênicos, entre outros poluentes (MOURA, 2020).
O tratamento de esgoto doméstico é uma prática essencial para garantir a saúde pública
e a proteção do meio ambiente. O tratamento adequado do esgoto é capaz de remover os
poluentes e tornar a água segura para o meio ambiente e para o consumo humano.
O tratamento de esgoto doméstico é especialmente relevante em propriedades rurais,
onde muitas vezes não há um sistema de tratamento de esgoto adequado. A falta de tratamento
12

do esgoto pode resultar em contaminação dos solos, dos rios e lagos, e até mesmo dos lençóis
freáticos, que podem ser uma fonte importante de água para consumo humano e animal. Além
disso, a falta de tratamento de esgoto pode ser uma fonte de proliferação de doenças
transmitidas pela água, como a cólera, a hepatite e a diarreia.
A implantação de um sistema de tratamento de esgoto doméstico em propriedades rurais
pode trazer benefícios significativos para o meio ambiente e para a saúde pública. Os sistemas
de tratamento de esgoto rurais geralmente são mais simples e econômicos do que os sistemas
urbanos, podendo ser compostos por fossas sépticas, biodigestores e filtros biológicos. A
escolha do sistema mais adequado deve levar em consideração as características do esgoto, a
disponibilidade de água e energia elétrica, e a capacidade de investimento do proprietário
(PASCHOALINO, 2018).
Os processos de tratamento de esgoto doméstico são compostos por diversas etapas, que
podem variar de acordo com as características do esgoto e com as tecnologias disponíveis. Entre
as etapas mais comuns estão a remoção de sólidos em suspensão, a remoção da matéria orgânica
por meio de processos biológicos, a remoção de nutrientes como nitrogênio e fósforo, e a
desinfecção da água tratada para eliminação de microrganismos patogênicos.
Existem diversos processos de tratamento de esgoto doméstico, como o tratamento
primário, secundário e terciário, que podem ser utilizados de forma isolada ou combinada para
atingir os objetivos desejados. O tratamento primário é o processo inicial que remove sólidos
grosseiros e sedimentáveis do esgoto, enquanto o tratamento secundário envolve processos
biológicos que removem a matéria orgânica. Já o tratamento terciário é utilizado para remover
poluentes específicos, como nutrientes e compostos nitrogenados (PASCHOALINO, 2018).
Existem diferentes processos que podem ser adotados, dependendo das características
do esgoto e da capacidade de investimento disponível. Alguns dos processos mais comuns
incluem a lagoa facultativa, a lagoa aerada, o reator UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket),
o sistema de lodos ativados e o filtro biológico (PASCHOALINO, 2018).
É importante lembrar que a escolha do processo de tratamento adequado depende das
características do esgoto, do espaço disponível, da demanda de tratamento e do investimento
disponível. O tratamento do esgoto é crucial para garantir a qualidade da água e a preservação
do meio ambiente, evitando a contaminação de solos e mananciais.
13

2.2 Poluição hídrica por esgoto doméstico

A poluição hídrica, pode ser caracterizada pela introdução de matéria ou energia que
pode ser responsável pela alteração das propriedades físico-químicas de um corpo d’água.
Dentre um dos principais responsáveis por esse tipo de poluição é o esgoto doméstico, que
compromete a qualidade das águas superficiais e subterrâneas (FRANCISCO, 2023).
Por meio dos mananciais de água, obtém-se água para o consumo humano, necessária
para as diferentes atividades diárias, sendo fundamental para manter uma boa qualidade de vida,
e devido a isso, precisam ser preservados, já que é bem escasso.
Porém, muitos desses mananciais se tornam poluídos, criando impactos ambientais para
todo o ecossistema daquele curso d’água. Isso se dá pelos despejos de esgoto doméstico sem o
seu devido tratamento. A falta de investimento em saneamento básico no Brasil coloca o país
em estado crítico, onde mais da metade do esgoto gerado pela população não é tratado.
O esgoto doméstico despejado nos rios sem tratamento, causam mudanças na
composição natural daquele ecossistema, causando danos à fauna, flora e às pessoas que vivem
ao entorno. Cerca de 99% do esgoto doméstico é composto por água e 1% de sólidos. Os rejeitos
sólidos são compostos por matéria orgânica em decomposição, como fezes e atividades
humanas, em banheiros, pias, máquinas de lavar, tanques entre outros.
Uma das consequências da poluição hídrica pode ser notada na saúde pública. Segundo
o instituto Trata Brasil, 35 milhões de pessoas não possui abastecimento de água potável em
suas residências. Em sua grande maioria a água é diretamente coletada e consumida dos rios,
onde pode ter chances de estar contaminadas pelo despejo de esgoto sem o seu devido
tratamento (AMBIENTAL, 2019).
Os prejuízos causados pela poluição hídrica são imensos, além de afetar a qualidade do
abastecimento de água, gera a morte de espécies aquáticas, além de causar a propagação de
doenças como febre tifoide, meningite, cólera, hepatite A e B, entre outras.
Uma outra consequência que pode ser causada pelo despejo de esgoto doméstico sem
tratamento é o processo chamada eutrofização. A eutrofização ocorre quando há um aumento
significativo de matéria orgânica e nutrientes nos corpos hídricos, onde a qual gera um aumento
de plantas aquáticas e algas (INCT, 2019).
A eutrofização pode ser causada por causas naturais ou artificiais. A artificial é causada
pelos seres humanos, ela é gerada pela poluição dos rios e afluentes com o despejo de esgoto
sem tratamento. Já a natural ocorre por condições ambientais e naturais (INCT, 2019).
14

Com o aumento de algas e plantas nos corpos hídricos, ocorre uma redução de oxigênio
presente na água, o que acarreta a dificuldade de peixes e seres vivos aquáticos sobreviverem
naquele ambiente quanto mais algas estiverem presentes no corpo hídrico, maior será a
dificuldade para a entrada de luz solar no corpo hídrico, impedindo que os organismos
existentes ali façam a fotossíntese (INCT, 2019).
Segundo dados apresentados pelo ministério das cidades, no ano de 2010, apenas 46%
da população brasileira possuía coleta e tratamento de esgoto. Na região Norte do país, onde
estão localizados os maiores reservatórios de água doce do Brasil, a situação é mais crítica
ainda, onde segundo dados apenas 6,2% das residências recebem coletada de esgoto (SILVA,
2023).

2.3 Doenças de veiculação

As doenças transmitidas pela água são transmitidas através da ingestão de água ou


alimentos contaminados. Uma das principais fontes de poluição da água são as águas residuais
domésticas, que contêm muitos patógenos que podem causar várias doenças. Neste tópico, será
analisado as principais doenças de veiculação hídrica causadas por esgoto doméstico e os
impactos sociais e econômicos associados a essas doenças. Doenças infecciosas de veiculação
hídrica causadas por esgoto doméstico:

2.3.1 Cólera

A cólera é uma doença bacteriana aguda que pode ser fatal. É causada pela bactéria
Vibrio cholerae encontrada em alimentos e água contaminados. A cólera é mais comum em
áreas com saneamento precário, onde o acesso à água potável é limitado. As águas residuais
domésticas são um importante fator de risco para a infecção por cólera (BRASIL, Ministério
da saúde, 2023).

2.3.2 Hepatite

As inflamações do fígado causadas por vírus específicos, como o vírus da hepatite A


(HAV), o vírus da hepatite B (HBV) e o vírus da hepatite C (HCV), são conhecidas como
hepatites virais. Cada tipo de vírus da hepatite tem suas próprias características, vias de
transmissão e métodos de prevenção. (BRASIL, Ministério da saúde, 2023).
15

2.3.3 Poliomielite

A poliomielite é uma doença viral que afeta principalmente crianças menores de cinco
anos. É transmitida através da água ou alimentos contaminados com fezes infectadas. As águas
residuais domésticas são um importante fator de risco para a infecção da poliomielite. A doença
é altamente contagiosa e pode causar paralisia e morte (BRASIL, Ministério da saúde, 2023).

2.3.4 Esquistossomose

A esquistossomose é uma doença parasitária causada por parasitas do gênero


Schistosoma. É transmitida através da água contaminada com caramujos infectados. O esgoto
doméstico é um importante fator de risco para a transmissão da esquistossomose. Esta doença
pode danificar o fígado, os pulmões e a bexiga (BRASIL, Ministério da saúde, 2023).

2.3.5 Diarreia

A diarreia é uma condição associada a movimentos intestinais frequentes. Pode ser


causada por muitos fatores, como beber água ou alimentos contaminados. As águas residuais
domésticas são um importante fator de risco para a transmissão de doenças diarreicas. A doença
pode ser leve ou grave, levando à desidratação e à morte. Em todo o mundo, a diarreia é uma
das principais causas de mortalidade infantil (ZAMBON, 2023).

2.4 Impacto social e econômico

As doenças transmitidas pela água causadas por esgoto doméstico têm muitas
consequências sociais e econômicas significativas. Esses efeitos incluem:

2.4.1 Perda de vida

Doenças transmitidas pela água podem ser fatais. Cólera, hepatite A e diarreia estão
entre as principais causas de morte nos países em desenvolvimento. A perda de vidas pode ter
um impacto significativo nas famílias e comunidades afetadas.
16

2.4.2 Perda de produtividade

As doenças transmitidas pela água podem afetar a produtividade das pessoas afetadas.
Por exemplo, a diarreia pode levar à desidratação e à perda de nutrientes importantes. Isso pode
levar à fadiga, perda de apetite e incapacidade de realizar tarefas diárias. Um declínio na
produtividade pode ter um impacto significativo nas economias locais (EOS consultores, 2023).

2.4.3 Aumento de custos

As doenças transmitidas pela água podem aumentar os custos de saúde para as famílias
e comunidades afetadas. Isso pode incluir custos relacionados ao tratamento, medicamentos e
hospitalização. Os custos médicos podem ser particularmente problemáticos para famílias de
baixa renda (EOS consultores, 2023).

2.4.4 Perda econômica

As doenças transmitidas pela água podem ter um impacto significativo nas economias
locais. A perda de produtividade e os custos com saúde podem reduzir a renda das famílias
afetadas. Além disso, a doença pode impactar negativamente o turismo e outras indústrias que
dependem de água limpa e segura (EOS consultores, 2023).

2.5 Prevenção e controle

A prevenção e o controle de doenças transmitidas pela água causadas por águas residuais
domésticas requerem uma abordagem multifacetada. As principais estratégias de prevenção e
controle incluem:

2.5.1 Higiene básica

Uma das estratégias mais importantes para prevenir a transmissão de doenças


transmitidas pela água é melhorar a higiene. Isso inclui a construção de sistemas de higiene
seguros e confiáveis e a promoção de boas práticas de higiene, como lavar as mãos com sabão
antes de comer e depois de usar o banheiro (CLEANIPEDIA, 2020).
17

2.5.2 Promoção da educação em saúde

A promoção da educação em saúde é essencial para a prevenção e gestão de doenças


infecciosas transmitidas pela água. Isso pode incluir campanhas de conscientização sobre a
importância da higiene e fornecer informações sobre como tratar e prevenir doenças.
Com isto, é evidente que o tratamento adequado das águas residuais é essencial para
prevenir a transmissão de doenças de veiculação hídrica. Isso inclui a construção de sistemas
de tratamento de águas residuais seguros e eficazes e a implementação de medidas de redução
da poluição (FALKENBERG et al., 2014).

2.6 Importância do dimensionamento para prevenção de doenças

A falta de saneamento básico continua a ser um problema que afeta a qualidade de vida,
a saúde e a economia de comunidades em todo o mundo. A falta de saneamento está associada
a riscos como a subnutrição e problemas de higiene, o que facilita a propagação de doenças,
especialmente entre indivíduos que já estão em condições de saúde precárias. A diarreia é um
grande exemplo desse problema, que a cada ano mata tragicamente 361 mil crianças com menos
de cinco anos em todo o mundo.
A importância desse problema fica ainda mais evidente quando se considera que a coleta
e o tratamento adequados de esgoto, combinados com a disponibilidade de água potável,
poderiam evitar 88% das mortes causadas pela diarreia. Esses números claros mostram que o
saneamento básico, a saúde pública e a economia de um país estão intimamente relacionadas.
De acordo com os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
(SNIS), administrado pelo Ministério das Cidades, em 2021, aproximadamente 35 milhões de
pessoas no Brasil ainda não têm acesso à água tratada. Isso refuta a noção errônea de que
investir em saneamento básico é uma despesa. A situação é ainda mais preocupante quando
sabemos que cerca de 100 milhões de brasileiros não têm coleta de esgoto e que apenas 55,8%
dos esgotos gerados são tratados.
Em particular, os índices na região norte do Brasil causam preocupação. Conforme os
dados do SNIS de 2021, apenas 13,1% da população tem acesso à coleta de esgotos e apenas
21,4% do volume total de esgoto gerado é tratado.
A fossa séptica normatizada parece ser uma solução útil e barata para esses problemas.
Garantir o tratamento adequado do esgoto não apenas evita a propagação de doenças, mas
18

também reduz custos econômicos e médicos desnecessários, e investir na instalação e


manutenção de fossas sépticas normatizadas é um passo importante.

3 SISTEMA FOSSA-FILTRO-SUMIDOURO

Sistemas de tratamentos compartilhados são aplicados com maior facilidade em grandes


centros urbanos, visto a quantidade de pessoas a serem atendidas. Com isso, percebe-se que
soluções individuais serão amplamente utilizadas em cidades menos densas e em zonas rurais,
e para isso, soluções com maior relação custo/benefício são implementadas com maiores
facilidades visto as condições sociais e econômicas do país. A solução individual a ser
apresentada será a solução conhecida como “Fossa Séptica com filtro e sumidouro”, solução
essa que é amplamente utilizada em interiores e zonas rurais por dispor de boa relação
custo/benefício e de ser relativamente simples de ser executada, esse sistema funciona por
gravidade, com simples de manutenção. São normatizados pelas NBR 7229/1993 e NBR
13969/1997.
Segundo Ávila (2005), o tanque séptico foi a primeira solução de tratamento de esgoto
individual idealizada no país, tendo início por volta da década de 1970, se tornando mais
populares posteriormente quando a ABNT através da NBR 7229/82 incorporou diretrizes
básicas para projeto e construção desses sistemas de tratamento.
O sistema funciona de forma simples por gravidade e de modo geral precisa ter três
tanques. O primeiro tanque recebe os efluentes do sistema, já no segundo tanque será onde
ocorrerá a filtragem, e por fim, no terceiro tanque é onde os efluentes tratados serão lançados.

3.1 Tanque Séptico

O tanque séptico ou fossa séptica é o primeiro tanque do sistema de tratamento em


questão, considerado o tratamento primário. Neste tanque, os resíduos sólidos mais pesados
contidos nos efluentes são decantados, sendo assim, o que é sólido se deposita no fundo do
tanque, fazendo a separação e transformação do material contido no esgoto., Já a parte líquida
do efluente, sobrenadante, passa para o segundo tanque através de um tubo superior que
interliga os mesmos. Segundo Ávila (2005):
Os tanques sépticos são reatores biológicos anaeróbios, onde há reações químicas com
a interferência de micro-organismos, os quais participam ativamente no decréscimo
da matéria orgânica. Nesses tanques, o esgoto é tratado na ausência de oxigênio livre
(ambiente anaeróbio), ocorrendo a formação de uma biomassa anaeróbia (lodo
19

anaeróbio) e formação do biogás, que é composto principalmente de metano e gás


carbônico (ÁVILA, 2005, p. 28).
Esses tanques podem ser construídos em forma retangular ou cilíndrica, em câmara
simples ou divididas e podendo ser executadas em concreto armado ou de forma pré-fabricada,
sendo projetadas para coletar todos os despejos domésticos, desde cozinhas até ralos de
banheiros. Se faz necessário instalar anteriormente ao tanque, caixas de gorduras para os
despejos das cozinhas a fim de reter a gordura da mesma (JORDÃO; PESSOA, 1995, apud
ZAGO; DUSI, 2017). Na figura 1 é mostrado um tanque séptico retangular.
Figura 1. Corte esquemático de tanque séptico retangular

Fonte: Ávila (2005)


Os tanques sépticos têm eficiência estabelecidas entre 40% e 70% na remoção de
Demanda Química de Oxigênio (DQO) e 50% a 80% na remoção de Sólidos Suspensos Totais
(SST), variando em função de fatores como: carga orgânica volumétrica; carga hidráulica;
geométrica; arranjo das câmaras; temperatura e condições de operação (ANDRADE NETO et
al., 1999a apud ÁVILA, 2005).
Vale lembrar que o tanque séptico não purifica totalmente os esgotos lançados no
mesmo, apenas diminui a carga orgânica a um grau de tratamento admissível, sendo assim o
líquido resultante deste tratamento ainda contém elevadas quantidades de organismos
patogênicos, que pode precisar de pós-tratamento complementar e disposição final do efluente
(JORDÃO; PESSOA, 1995, apud ZAGO; DUSI, 2017).
O lodo resultante no fundo do tanque séptico deve ser removido regularmente, e esse
período deve ser estipulado pelo projetista do sistema de tratamento. O tempo regularmente
20

utilizado fica entre 1 e 2 anos e a disposição do mesmo deve ser feito em centrais de tratamento
de logo ou até mesmo no solo, quando a quantidade for pequena (AVILA, 2005).

3.2 Filtro anaeróbio

O filtro anaeróbio é o segundo tanque do sistema de tratamento, já que como citado


anteriormente o primeiro tanque não purifica totalmente o esgoto. Neste tanque, o líquido
proveniente da unidade anterior é despejado no fundo do filtro e segue em fluxo ascendente (do
fundo para superfície), obrigando a água a passar por um meio filtrante que pode ser brita.
Segundo o que estabelece a NBR 13969/1997:
O filtro anaeróbio consiste em um reator biológico onde o esgoto é depurado por meio
de micro-organismos não aeróbios, dispersos tanto no espaço vazio do reator quanto
nas superfícies do meio filtrante. Este é utilizado mais como retenção dos sólidos
(ABNT, 1997).

Segundo Ávila (2005), o líquido é tratado ao passar entre os interstícios do meio suporte,
estando em contato com o lodo ativo retido, sendo responsável pela transformação dos materiais
orgânicos solúveis em produtos interpostos e finais (metano e gás carbônico).
Na figura 2 é mostrado o esquema de um filtro anaeróbio.
Figura 2. Filtro Anaeróbio

Fonte: Ávila (2005)


Quanto a eficiência, Ávila (2005) ressalta o seguinte:
A eficiência do filtro anaeróbio depende do meio suporte e de alguns fatores
relacionados à atividade biológica, como temperatura, e a duas variáveis de projeto:
tempo de retenção celular e tempo de detenção hidráulica. O primeiro é o tempo de
retenção do biofilme ou sólidos biológicos no interior do filtro, depende do meio
filtrante e é de difícil obtenção. O segundo pode ser obtido dividindo-se o volume do
reator pela vazão (ÁVILA, 2005, p. 43-44).
21

Segundo a NBR 13969 (ABNT, 1997), todo processo anaeróbio é bastante afetado pela
temperatura do esgoto, sendo assim apresenta valores de faixas prováveis de eficiência em
conjunto com a fossa séptica, onde para DBO5,20 a eficiência pode ficar entre 40% e 75%, para
DQO de 40% a 70%, para sólidos suspensos de 60% a 90% e para sólidos sedimentáveis 70%
ou mais, sendo que os valores limites inferiores são para temperaturas abaixo de 15ºC e os
limites superiores são para temperaturas acima de 25ºC, sendo também influenciados pelas
condições operacionais e grau de manutenção.
Quanto a forma do tanque, este pode ser feito de forma cilíndrica ou prismática, com
seção quadrada ou retangular, composto por fundo falso. Já o meio suporte pode ser preenchido
com materiais de vários tipos, o que é mais utilizado no país é a brita nº 4, que é um material
muito pesado e relativamente caro, algumas alternativas a ela são anéis de plástico, bambu,
escória de alto forno, etc.
A NBR 13969 limita a altura do filtro aeróbio em 1,20m contando com o fundo falso.
A altura do meio suporte pouco influência sobre a eficiência do filtro, porém quanto maior a
altura maior dificuldade operacional para remoção do lodo em excesso (CAMPOS et al. 1999,
apud AVILA, 2005, p. 46).

3.3 Sumidouro

O sumidouro é o terceiro tanque do sistema de tratamento em questão e seu objetivo é


dar a destinação correta a parte dos efluentes vindo do sistema de tratamento. A NBR 7229
(ABNT, 1993, p. 02) define o sumidouro como sendo o poço seco escavado no chão e não
impermeabilizado, que orienta a infiltração de água residuária no solo.
O sumidouro recebe o líquido oriundo do filtro anaeróbio, quase isento dos sólidos
responsáveis pela colmatação do solo, sendo assim tem vida útil maior (JORDÃO; PESSOA,
1995, apud ZAGO; DUSI, 2017, p. 102).
Segundo a NBR 13969 (ABNT, 1997, p. 17) deve ser mantido uma distância mínima
vertical entre o fundo da vala de infiltração e o nível máxima da superfície do aquífero (quando
houver) de 1,5 m.
Podem ser construídos de diferentes materiais, como tijolos cerâmicos, blocos, pedras e
através de anéis pré-moldados de concreto, ressaltando que não deve ser feito a compactação
das paredes e do fundo do tanque (NUVOLARI, 2011, apud ZAGO; DUSI, 2017).
Na figura 3 é mostrado o esquema de um sumidouro.
22

Figura 3. Corte esquemático sumidouro

Fonte: CAESB (2003)


Se tratando de esgotos residenciais, estes sistemas, desde que devidamente
dimensionados, em conjunto com a NBR 7229/1993 e NBR 13969/1997, podem ser capazes de
solucionar os problemas da destinação final dos efluentes (JESUS, 2011, p. 36).

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Área de estudo

O estudo foi desenvolvido no município de Ji-Paraná, localizado nas coordenadas


10º53’07’’ de latitude sul e 61º57’06’’ de longitude oeste. A sede do município dista,
aproximadamente, 377 km da capital do Estado, Porto Velho. A principal via de acesso à cidade
é feita pela BR-364. Nas Figuras 04 e 05 é mostrado a localização de Ji-Paraná.
23

Figura 4. Mapa da localização do município

Fonte: Própria (2023)

Figura 5. Mapa aproximado

Fonte: Própria (2023)


24

4.2 Descrição da área estudada

Esse estudo foi feito em uma residência unifamiliar, onde reside 3 habitantes e está
localizada no segundo distrito de Ji-Paraná, na rua Cedro, bairro JK.
A residência é feita em alvenaria, sendo de padrão médio de acordo com os materiais
de acabamento utilizados, possui 2 quartos, 2 banheiros, sala, cozinha e garagem, como
apresentado na figura 6 a seguir, onde é apresentado a planta baixa da mesma.
Figura 6. Planta baixa

Fonte: Própria (2023)


25

A localidade não possui esgotamento sanitário com a coleta e tratamento de efluentes,


sendo a água residuária destinada a uma fossa rudimentar.

4.3 Metodologia de dimensionamento do sistema de acordo com as normas e literaturas

O conjunto dimensionado apresenta formato cilíndrico, um na sequência do outro, sendo


a primeira unidade a fossa, a segunda o filtro e por fim o sumidouro. Para o dimensionamento
de sistema, primeiramente realizou o cálculo de volume, conforme se descreve nos próximos
tópicos.

4.3.1 Fossa séptica

Antes do dimensionamento do tanque séptico, a NBR 7229 (ABNT, 1993) traz algumas
condições específicas quanto ao posicionamento do mesmo no local a ser construído, devendo
respeitar as seguintes distancias mínimas:
a) 1,50 m de construções, limites de terreno, sumidouros, valas de infiltração e ramal
predial de água;
b) 3,0 m de árvores e de qualquer ponto de rede pública de abastecimento de água;
c) 15,0 m de poços freáticos e de corpos de água de qualquer natureza.
Quanto ao dimensionamento, a fossa séptica será dimensionada conforme os requisitos
presentes na referida norma. Seu volume será calculado conforme a Equação 1.
V = 1000 + N. (C. T + K. Lf ) Eq. (1)
Onde:
V = volume útil, em litros;
N = número de pessoas;
C = contribuição de despejos, em litro/pessoa x dia ou em litro/unidade x dia;
T = período de detenção, em dias;
K = taxa de acumulação de lodo digerido em dias, equivalente ao tempo de acumulação de lodo
fresco;
Lf = contribuição de lodo fresco, em litro/pessoa x dia ou em litro/unidade x dia.
A primeira variável a ser definida é N (número de pessoas da residência), a norma não
traz tabela para definição do número de pessoas, neste caso utiliza-se a tabela 1 a seguir de
Carvalho Junior (2014) para definição do valor, relacionando o tipo da construção com a taxa
de ocupação da mesma.
26

Tabela 1. Taxa de ocupação de acordo com a natureza do local


Natureza do Local Taxa de ocupação
Residencias e apartamentos Duas pessoas por dormitorio
Bancos Uma pessoa por 5,00 m² de área
Escritórios Uma pessoa por 6,00 m² de área
Lojas (pavimento térreo) Uma pessoa por 2,50 m² de área
Lojas (pavimento superior) Uma pessoa por 5,00 m² de área
Shopping centers Uma pessoa por 5,00 m² de área
Museus e bibliotecas Uma pessoa por 5,50 m² de área
Salões de hotéis Uma pessoa por 5,50 m² de área
Restaurantes Uma pessoa por 1,40 m² de área
Teatro, cinemas e auditórios Uma cadeira para cada 0,70 m² de área
Fonte: Adaptado de Carvalho Junior (2014).
Com o auxílio da tabela anterior, correlaciona-se o tipo de construção para encontrar a
taxa de ocupação, logo o valor de N será definido pela equação 2 a seguir:
𝑁 = 2 .𝑄 𝑒𝑞. (2)
Onde:
N = População (Habitantes);
Q = Número de quartos sociais.
Para definição das demais variáveis, utiliza-se as tabelas disponibilizadas pela NBR
7229 (ABNT, 1993). A tabela 2 a seguir, retirada da referida norma, traz disposições para
definição das variáveis C (Contribuição de despejo) e Lf (Contribuição de lodo fresco).
27

Tabela 2. Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e ocupação
Unid.: L
Prédio Unidade Contribuição de esgoto (C) e
lodo fresco (Lf)
1 Ocupantes permanentres
- Residência
Padrão alto Pessoa 160 1
Padrão médio Pessoa 130 1
Padrão baixo Pessoa 100 1
- Hotel (exceto lavanderia e cozinha) Pessoa 100 1
- Alojamento provisório Pessoa 80 1
2 Ocupantes temporários
- Fábrica em geral Pessoa 70 0,30
- Escritório Pessoa 50 0,20
- Edifícios públicos ou comerciais Pessoa 50 0,20
- Escolas (externatos) e locais de Pessoa 50 0,20
longa permanencia
Fonte: Adaptado NBR 7229 (ABNT, 1993)
Para definição da variável T (Tempo de detenção de esgoto), utiliza-se a tabela 3 a
seguir, considerando a contribuição diária, encontrada através da equação 3.
𝐶𝐷 = 𝐶 . 𝑁 𝑒𝑞. (3)
Onde:
CD = Contribuição diária;
C = Contribuição de esgoto;
N = População.
28

Tabela 3. Período de detenção dos despejos, por faixa de contribuição diária


Contribuição diária (L) Tempo de detenção
Dias Horas
Até 1500 1,00 24
De 1501 a 3000 0,92 22
De 3001 a 4500 0,83 20
De 4501 a 6000 0,75 18
De 6001 a 7500 0,67 16
De 7501 a 9000 0,58 14
Mais que 9000 0,50 12
Fonte: Adaptado NBR 7229 (ABNT, 1993)
A tabela 4 trata do fator K (Taxa de acumulação total de lodo). Para definição deve-se
adotar o período de limpeza a ser utilizado, relacionando com a temperatura do mês mais frio
da região, considerando que a eficiência do tanque séptico é diminuída em período de
temperatura mais frias.
Tabela 4. Taxa de acumulação total de lodo (K), em dias, por intervalo entre limpezas e
temperatura do mês mais frio
Intervalo entre Valors de K por faixa de temperatura ambiente (T), em ºC
limpezas (anos)
T ≤ 10 10 ≤ T ≤ 20 T > 20
1 94 65 57
2 134 105 97
3 174 145 137
4 214 185 177
5 254 225 217
Fonte: Adaptado NBR 7229 (ABNT, 1993)
Com isto, define-se todas as variáveis necessárias para resolução da equação 1 com a
finalidade de se obter o resultado do volume útil do tanque séptico. A NBR traz algumas
medidas internas mínimas que devem ser respeitadas em favor da segurança e do
funcionamento, sendo as recomendações, as seguintes:
a) profundidade útil: varia entre os valores mínimos e máximos recomendados na Tabela 4, de
acordo com o volume útil obtido mediante a fórmula do dimensionamento do tanque;
b) diâmetro interno mínimo: 1,10 m;
c) largura interna mínima: 0,80 m;
29

d) relação comprimento/largura (para tanques prismáticos retangulares): mínimo 2:1; máximo


4:1.
A tabela 5 traz disposições quanto a profundidade útil mínima e máxima conforme a
faixa de volume útil encontrada através da equação 1, onde relacionando o resultado obtido na
primeira coluna da tabela a seguir irá ser definido a variável Hu (Altura útil do tanque séptico),
vale ressaltar que qualquer valor encontrado entre o intervalo definido na tabela é considerado
correto, neste estudo será definido o valor médio entre profundidade útil mínima e máxima.
Tabela 5. Profundidade útil mínima e máxima, por faixa de volume útil
Volume útil (m³) Profundidade útil mínima (m) Profundidade útil máxima (m)
Até 6,0 1,20 2,20
De 6,0 a 10,0 1,50 2,50
Mais que 10,0 1,80 2,80
Fonte: Adaptado NBR 7229 (ABNT, 1993)
O resultado obtido na equação será utilizado para definição das dimensões efetivas do
tanque séptico, o valor será encontrado na unidade de medida Litros, porém deve ser
transformado para unidade de medida m³. O cálculo do volume leva em consideração as
dimensões do tanque (Largura, comprimento e altura) e o tipo do mesmo, se é cilíndrico ou
prismático. São adotadas diferentes formas e roteiros de cálculos para definição das dimensões
do tanque, visto que encontrado o volume útil do mesmo, é possível definir as demais
dimensões, definindo a profundidade útil através da tabela anterior, logo, após definir a
profundidade deve-se encontrar a variável Au (Área útil) do mesmo, que poderá ser encontrado
através da equação 4 a seguir.
V
𝐴𝑢 = 𝑒𝑞. (4)
Hu
Onde:
Au = Área útil;
V = Volume útil;
Hu = Profundidade útil (Definido na Tabela 5).
Definido o valor da Área útil, consegue-se obter as dimensões internas do tanque.
Segundo a NBR 7229 (ABNT, 1993), para um tanque prismático, deve ser respeitado a relação
entre comprimento/largura de no mínimo 2:1 e máximo 4:1, a referida norma também define
que a largura interna mínima do tanque tem que ser de no mínimo 0,80 metros, já para um
tanque cilíndrico, deve-se respeitar o diâmetro interno mínimo de 1,10m. O dimensionamento
será feito para um tanque do tipo cilíndrico.
30

Para definição do diâmetro interno, pode-se utilizar a equação 5 a seguir.

4 . 𝐴𝑢
𝐷𝑖 = √ 𝑒𝑞. (5)
𝜋

Onde:
Di = Diâmetro interno;
Au = Altura útil;
Π = 3,14.
Todos os valores encontrados são internos, para definição das características
construtivas do tanque e para efetiva escavação, devem ser encontrados valores considerando
as espessuras das paredes a serem construídas, além considerar também altura para separação
atmosférica devido a geração de escuma dentro do tanque séptico.
Com a finalidade de se obter a medida da altura total construtiva, pode se utilizar a
equação 6 a seguir.
𝐻𝑐 = 𝐻𝑢 + 𝑆 + 𝐸𝑡 + 𝐸𝑓 𝑒𝑞. (6)
Onde:
Hc = Altura construtiva;
Hu = Altura útil;
S = Separação atmosférica;
Et = Espessura da tampa;
Ef = Espessura do fundo.
Para se definir o valor de S (Separação atmosférica), a NBR 7229 (ABNT, 1993),
através da figura 6, a referida norma traz sugestões de dimensões a serem respeitadas.
31

Figura 7. Esquema geral do tanque séptico

Fonte: NBR 7229 (ABNT, 1993)


Onde:
a ≥ 5 cm;
b ≥ 5 cm;
c = 1/3 h;
h = profundidade útil;
H = altura interna total;
L = comprimento interno total;
W = largura interna total (≥ 80 cm);
Relação L/W: entre 2:1 e 4:1;
Para se obter o valor de Dc (Diâmetro construtivo), utiliza-se a equação 7 a seguir.
𝐷𝑐 = 𝐷𝑖 + 2 . 𝐸𝑝 𝑒𝑞. (7)
Onde:
Dc = Diâmetro construtivo;
Di = Diâmetro interno;
Ep = Espessura da parede.
Com isto, encontra-se todas as dimensões necessárias para a construção do tanque
séptico.
32

4.3.2 Filtro anaeróbio

Para dimensionar o volume útil do filtro anaeróbio, a NBR 13969 (ABNT, 1997)
apresenta a seguinte expressão:
Vu = 1,6. N. C. T Eq. (8)
Onde:
Vu = Volume útil (litros);
N = Número de contribuintes;
C = Contribuição de despejos, em litros x habitantes/ dia;
T = Tempo de detenção hidráulica, em dias.
A primeira variável a ser descoberta da equação, variável N (Número de contribuintes),
foi definida no cálculo do dimensionamento do tanque séptico, onde, com auxílio da tabela 1 e
definição do tipo de ocupação para qual o filtro anaeróbio será utilizado, encontra-se o número
de contribuintes através da equação 2.
Para definição da variável C (Contribuição de despejos), utiliza-se a tabela 6 a seguir
disponibilizada pela NBR 13969 (ABNT, 1997), onde, relacionando o padrão de construção,
encontra-se o valor da variável em questão.
Tabela 6. Contribuição diária de despejos e de carga orgânica por tipo de prédio e de ocupantes
Prédio Unidade Contribuição de Contribuição de carga
esgoto L/D orgânica 𝒈𝑫𝑩𝑶𝟓,𝟐𝟎 /d
1 Ocupantes Permanentes
Residencia
Padrão alto Pessoa 160 50
Padrão medio Pessoa 130 45
Padrão baixo Pessoa 100 40
Hotel (exceto lavanderia Pessoa 100 30
e cozinha
Alojamento provisório Pessoa 80 30
Fonte: Adaptado NBR 13969 (ABNT, 1997)
Para definição da variável T (Tempo de detenção hidráulica), deve-se obter
primeiramente o valor de CD (Contribuição diária), encontrado através da equação 3, com este
valor, utiliza-se a tabela 7 a seguir, disponibilizada pela referida norma para definição da
variável citada.
33

Tabela 7. Tempo de detenção hidráulica de esgotos (T), por faixa de vazão e temperatura do
esgoto (em dias)
Vazão L/dia Temperatura média do mês mais frio
Abaixo de 15º C Entre 15ºC e 25ºC Maior que 25ºC
Ate 1500 1,17 1,0 0,92
De 1501 a 3000 1,08 0,92 0,83
De 3001 a 4500 1,00 0,83 0,75
De 4501 a 6000 0,92 0,75 0,67
De 6001 a 7500 0,83 0,67 0,58
De 7501 a 9000 0,75 0,58 0,50
Acima de 9000 0,75 0,50 0,50
Fonte: Adaptado NBR 13969 (ABNT, 1997)
Vale ressaltar que a NBR 7229 (ABNT, 1993), também disponibiliza uma tabela para
definição da variável T para o dimensionamento do tanque séptico, porém os intervalos de
temperatura são diferentes, sendo assim, neste trabalho será considerado a tabela
disponibilizada em cada NBR para seu referido dimensionamento. Com isto, encontrado o valor
da contribuição diária (mantido da equação 3), correlaciona-se na tabela anterior considerando
a temperatura do mês mais frio do ano.
Segundo a NBR 13969 (ABNT, 1997), o volume útil mínimo do leito filtrante não deve
ser menor que 1.000 L.
Encontrado o valor de todas as variáveis, é definido o valor do Vu (Volume útil) do
filtro anaeróbio, a partir deste valor é possível definir as dimensões do filtro anaeróbio, onde
primeiramente deve-se definir o valor de Au (Área útil) através da equação 9.
𝑉𝑢
𝐴𝑢 = 𝑒𝑞. (9)
𝐻
Onde:
Au = Área útil (m²);
Vu = Volume útil (m³);
H = Altura do leito filtrante (m).
Vale ressaltar que esta equação tem semelhança com a equação 3 citada no
dimensionamento do tanque séptico, porém no dimensionamento do filtro anaeróbio, o valor de
H (Altura do leito filtrante) é definido como 1,20 m pela NBR 13969 (ABNT, 1997), sendo
assim, o valor de Au (Área útil), é definido através da equação 10.
34

𝑉𝑢
𝐴𝑢 = 𝑒𝑞. (10)
1,2
Onde:
Au = Área útil (m²);
Vu = Volume útil (m³);
H = Altura do leito filtrante (m).
Como citado neste trabalho, o filtro pode ser construído de forma circular ou retangular,
neste exemplo, será utilizado para fins de cálculo o filtro do tipo circular, que é usualmente
mais utilizado. Sendo assim, para o cálculo do diâmetro interno pode-se utilizar a equação 11 a
seguir.

4 . 𝐴𝑢
𝐷𝑖 = √ 𝑒𝑞. (11)
𝜋

Onde:
Di = Diâmetro interno;
Au = Área útil;
π = 3,14.
Assim como no dimensionamento do tanque séptico, os valores encontrados são
internos, sendo assim se faz necessário encontrar as dimensões construtivas para escavação,
primeiro define-se o valor de H (Altura total interna). Segundo a NBR 13969 (ABNT, 1997), o
valor de H pode ser encontrado através da equação 12 a seguir.
𝐻 = ℎ + ℎ1 + ℎ2 𝑒𝑞. (12)
Onde:
H = altura total interna do filtro anaeróbio;
h = altura total do leito filtrante;
h1 = altura da calha coletora;
h2 = é a altura sobressalente (variável).
A NBR 13969 (ABNT, 1997) traz algumas dimensões a serem adotadas, apresentadas
na figura 7 a seguir.
35

Figura 8. Esquema geral filtro anaeróbio

Fonte: NBR 13969 (ABNT, 1997)


Definido o valor da altura interna total, pode-se definir através da equação 13 a seguir o
valor de Hc (Altura construtiva).
𝐻𝑐 = 𝐻 + 𝐸𝑓 + 𝐴𝑐 + 𝐸𝑡 + 𝑆 𝑒𝑞. (13)
Onde:
Hc = Altura construtiva;
H = Altura total;
Ef = Espessura do fundo;
Ac = Altura da chaminé;
Et = Espessura da tampa;
S = Separação atmosférica.
36

Para definir o valor de Dc (diâmetro construtivo), utiliza-se a equação 7 citada no


dimensionamento do tanque séptico.

4.3.3 Sumidouro

Quanto ao dimensionamento do sumidouro, leva-se em consideração a definição da sua


área de infiltração (superfície lateral) e profundidade, sendo que as dimensões são determinadas
em função da capacidade de absorção do terreno.
A finalidade do dimensionamento do sumidouro é determinar a área total onde ocorre á
a infiltração. Segundo Jordão e Pessoa (1995, apud ZAGO; DUSI, 2017 P. 103) a área de
infiltração deverá ser calculada conforme a equação 14:
Cd
A= 𝐸𝑞. (14)
Ci

Onde:
A = Area de infiltração, em m²;
Cd = Contribuição diária;
Ci = coeficiente de infiltração em litros por m² x dia (L/m² x dia).
Para encontrar o valor da variável Cd (Contribuição diária), utiliza-se a equação 3, citada
no dimensionamento do tanque séptico.
Já o valor de Ci (Coeficiente de infiltração), pode ser obtido através de ensaios de
percolação do solo, disponibilizado pela NBR 13969 (ABNT, 1997), onde se pode chegar a
valores mais precisos, ou também através de tabelas disponibilizadas por diferentes literaturas,
onde se é possível verificar valores médios do coeficiente de infiltração diária de acordo com a
textura do solo. A tabela 8 a seguir traz os valores propostos por Jordão e Pessoa (2005).
37

Tabela 8. Absorção relativa do solo


Faixa Constituição do solo Coef. de infiltração
(L/m².dia)
1 Rochas, argilas compactadas de cor branca, cinza ou < 20
preta, variando a rochas alteradas e argilas
medianamente compactas de cor avermelhada
2 Argilas de cor amarela, vermelha ou marro, 20 a 40
medianamente compacta, variando a argilas pouco
siltosas e /ou arenosas
3 Argilas arenosas e/ou siltosas, variando a areia 40 a 60
argilosa ou silte argiloso de cor amarela, vermelha ou
marrom
4 Areia ou silte pouco argiloso, ou solo arenoso com 60 a 90
húmuse turfas, variando a solos constituídos
prodominantemente de areias e siltes
5 Areia bem selecionada e limpa, variando a areia grossa > 90
e cascalhos
Fonte: Adaptado de Jordao e Pessoa (2005)
Vale ressaltar que para definir o tipo de solo, existem diferentes ensaios, por exemplo o
ensaio de granulometria que é normatizado pela NBR 7181/84. O ensaio é realizado com uma
amostra representativa do solo local de estudo, e através disso é determinado o tamanho das
partículas do mesmo, que a depender do tamanho deve ser feito através de ensaio de
peneiramento ou ensaio de sedimentação.
Quanto ao dimensionamento, cabe ressaltar que como fator da segurança, a área do
fundo do sumidouro não costuma ser considerada pois sofre colmatação rapidamente.
Sendo assim, definido a Área de infiltração, é possível definir a altura do sumidouro
através da equação 15 a seguir.
𝐴
𝐻= eq. (15)
𝜋 .𝐷
Onde:
H = Altura do líquido;
A = Área útil;
Π = 3,14;
D = Diâmetro interno (Valor a ser adotado pelo projetista).
Para finalizar, assim como nos dimensionamentos do tanque e do filtro, encontra-se o
valor da altura construtiva para escavação do sumidouro, podendo ser feito através da equação
16.
𝐻𝑐 = 𝐻 + 𝑆 + 𝐸𝑡 + 𝐸𝑓 𝑒𝑞. (16)
38

Onde:
Hc = Altura construtiva;
H = Altura do líquido;
S = Separação atmosférica;
Et = Espessura da tampa;
Ef = Espessura do fundo.
O valor de S (Separação atmosférica) pode ser definido através da NBR 7229 (ABNT,
1993), como citado anteriormente no trabalho. Já a espessura do fundo, a NBR 13969 (ABNT,
1997) recomenda a espessura mínima de 0,30 m, assim como o valor do diâmetro mínimo
também ser no mínimo 0,30 m.
Para definição do valor do Dc (Diâmetro construtivo), utiliza-se a equação 7, citada no
dimensionamento do tanque séptico.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Fossa séptica

O dimensionamento da fossa séptica foi feito de acordo com a equação 1 citada:


V = 1000 + N. (C. T + K. Lf )
Para se definir a variável N (Número de pessoas), primeiro é necessário definir o tipo
de construção que será executada. Neste caso, a construção a ser adotada é do tipo residencial
unifamiliar de padrão médio, logo, através da tabela 1, o valor da taxa de ocupação a ser adotado
é de 2 pessoas por dormitório, sendo assim, de acordo com a equação 2, para a residência de 2
quartos, o valor de N será 4 pessoas.
𝑁 = 2 .𝑄
𝑁 = 2 .2
𝑁 = 4 𝑃𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠
Com relação as variáveis C(Contribuição de despejos) e Lf(Contribuição de lodo
fresco), através da tabela 2, obtém-se os valores de 130 para a variável C e 1 para Lf.
Para definição da variável T (tempo de detenção de esgoto), calcula-se primeiro a
contribuição diária através da equação 3 citada:
𝐶𝐷 = 𝐶 . 𝑁
39

O valor de C foi definido anteriormente com auxílio da tabela 2, já o valor de N, foi


definido através da equação 2, sendo N = 4, com isto, tem-se a expressão:
𝐶𝐷 = 130 . 4
𝐶𝐷 = 520 𝑙
Através da tabela 3, obtém-se o valor de T = 1, relacionando a primeira linha de até
1500 litros de contribuição diária.
Por último, para se definir a variável K (Taxa de acumulação de lodo), utiliza-se a tabela
4, para isto, neste dimensionamento será utilizado tempo de intervalo de limpeza de 2 anos, e a
temperatura do mês mais frio do com intervalo entre 10 e 20º C, logo, o valor de K será igual a
105 dias.
Definido as variáveis, o dimensionamento através da equação 1 será da seguinte forma:
V = 1000 + 4. (130.1 + 105.1)
V = 1940 Litros
V = 1,94 m3
Com o valor da variável V (volume útil), é possível definir o valor de Hu (profundidade
útil) através da tabela 5, o valor de profundidade mínima para o volume encontrado é de 1,20m
e o valor máximo é de 2,20 metros, logo, adotando o valor médio, obtém-se o valor de Hu sendo
igual a 1,70 metros.
Para o cálculo das dimensões internas do tanque, primeiro se faz necessário encontrar o
valor de Au (Área útil) do mesmo, que é definido através da equação 4, com isto, tem-se a
expressão:
V
𝐴𝑢 =
Hu
1,94
𝐴𝑢 =
1,70
𝐴𝑢 = 1,14 m2
Para definição Di (Diâmetro interno), utiliza-se a equação 5 citada:

4 . 𝐴𝑢
𝐷𝑖 = √
𝜋

4 . 1,14
𝐷𝑖 = √
3,14

𝐷𝑖 = 1,21 𝑚
40

Com relação as medidas finais construtivas para escavação do tanque, deve-se somar as
medidas de Ep (Espessuras paredes), Ef (Espessura do fundo) e S (Separação atmosférica. Para
o cálculo da altura final construtiva, utiliza-se a equação 6 citada. Será utilizado 10 centímetros
para espessura da tampa e fundo e com relação ao valor de S, a figura 6 da NBR 7229 (ABNT,
1993) orienta que deve-se considerar o diâmetro do tubo do esgoto afluente, neste caso será
utilizado 150 mm (15 centímetros) somado aos 15 centímetros definido pela norma, logo o
valor de S será 30 centímetros
𝐻𝑐 = 𝐻𝑢 + 𝑆 + 𝐸𝑡 + 𝐸𝑓
𝐻𝑐 = 1,70 + 0,30 + 0,10 + 0,10
𝐻𝑐 = 2,20 𝑚
Já com relação ao Dc (Diâmetro construtivo), utiliza-se a equação 7 citada, onde será
considerado 10 centímetros de espessura de parede.
𝐷𝑐 = 𝐷𝑖 + 2 . 𝐸𝑝
𝐷𝑐 = 1,21 + 2 . 0,10
𝐷𝑐 = 1,41 𝑚

5.2 Filtro Anaeróbio

O dimensionamento do filtro anaeróbio se dá pela equação 8 citada:


Vu = 1,6. N. C. T
O valor de N (Número de contribuintes), foi definido através da equação 2 no
dimensionamento do tanque séptico, sendo N igual a 4 pessoas.
O valor de C (Contribuição de despejo) é definido através da tabela 6 da NBR 13969
(ABNT, 1997). Para o tipo de construção residencial de padrão médio, identifica-se o valor de
C sendo igual a 130 L/d.
Para se definir o valor de T (Tempo de detenção), precisa-se encontrar o valor de Cd
(Contribuição diária) através da equação 3 citada, e com este resultado, utiliza-se a tabela 7,
para se definir o valor da variável. O valor de Cd foi definido do dimensionamento do tanque
séptico, sendo igual a 520 L. Logo o valor de T, segundo a tabela citada anteriormente,
utilizando o intervalo de temperatura entre 15 e 25ºC, será igual a 1.
Encontrado todas as variáveis, calcula-se o Vu (Volume útil) utilizando a equação 8
citada, tem-se a expressão:
Vu = 1,6 . 4 . 130 . 1
41

Vu = 832 Litros ∗∗
Ressalta-se que a NBR 13969 (ABNT, 1997) estabelece como volume útil mínimo para
o filtro anaeróbio de 1.000 Litros, logo o valor de Vu será igual a 1.000 litros.
Vu = 1000 litros
Vu = 1 m³
Definido Volume útil, deve-se calcular o valor de Au (Área útil), encontrado através da
equação 10 citada:
𝑉𝑢
𝐴𝑢 =
1,2
1,0
𝐴𝑢 =
1,2
𝐴𝑢 = 0,83 𝑚²
Feito isso, o diâmetro interno é definido através da equação 11 citada:

4 . 𝐴𝑢
𝐷𝑖 = √
𝜋

4 . 0,83
𝐷𝑖 = √
3,14

𝐷𝑖 = 1,02 𝑚
Com relação as medidas finais construtivas, o valor de Dc (diâmetro construtivo) pode
ser definido através da equação 7 citada, onde considerando 10 centímetros para espessura das
paredes, tem-se a expressão:
𝐷𝑐 = 𝐷𝑖 + 2 . 𝐸𝑝
𝐷𝑐 = 1,02 + 2 . 0,10
𝐷𝑐 = 1,22 𝑚
Para se definir o valor de Hc (Altura construtiva), utiliza-se a equação 13 citada:
𝐻𝑐 = 𝐻 + 𝐸𝑓 + 𝐴𝑐 + 𝐸𝑡 + 𝑆
𝐻𝑐 = 1,20 + 0,10 + 0,30 + 0,10 + 0,30
𝐻𝑐 = 2,00 𝑚
42

5.3 Sumidouro

O dimensionamento do sumidouro se dá pela equação 14 citada:


Cd
A=
Ci
O valor de Cd (Contribuição diária) foi definido no dimensionamento através da
equação 3 da fossa séptica, sendo igual a 520 L.
Já o valor de Ci (Coeficiente de infiltração), será definido através dos valores propostos
por Jordão e Pessoa (2005), demonstrados na tabela 8, sendo que o solo da região que mais se
enquadra é na faixa 3 da tabela, com coeficiente de infiltração entre 40 e 60 L/m² ao dia, com
isto, o valor a ser adotado será o valor médio, 50 L/m² ao dia.
Logo, tem-se a expressão:
520
A= = 10,40 𝑚²
50
Para definir a altura do sumidouro, utiliza a equação 15 citada:
𝐴
𝐻=
𝜋 .𝐷
10,40
𝐻= = 2,20 m
3,14 . 1,50
Para definição de Hc (Altura construtiva), utiliza-se a equação 16 citada, substituindo
as varáveis, tem-se a expressão:
𝐻𝑐 = 𝐻 + 𝑆 + 𝐸𝑡 + 𝐸𝑓
𝐻𝑐 = 2,20 + 0,30 + 0,10 + 0,30 = 2,90𝑚
Já a definição de Dc (Diâmetro construtivo), se dá pela equação 7 a seguir:
𝐷𝑐 = 𝐷𝑖 + 2 . 𝐸𝑝
𝐷𝑐 = 1,50 + 2 . 0,10
𝐷𝑐 = 1,70

5.4 Sistema dimensionado

Com isso, conclui-se o processo de dimensionamento do sistema unitário de tratamento,


a seguir na Figura 9, será apresentado o desenho esquemático do sistema dimensionado.
43

Figura 9. Sistema de tratamento dimensionado

Fonte: Própria (2023)


Através do roteiro de dimensionamento apresentado, fica evidente que os
dimensionamentos desses sistemas são feitos através de cálculos simples e com o auxílio de
tabelas disponibilizados em normas, logo, pode-se automatizar o processo através de softwares
como o Excel por exemplo para maior praticidade do processo. Vale ressaltar que existem
diferentes formas se encontrar os valores para as variáveis das fórmulas disponibilizada pela
NBR 7229 (ABNT, 1993) e também pela NBR 13969 (ABNT, 1997), além de possibilidades
de estudos e ensaios a serem realizados.
O dimensionamento adequado de um sistema de esgoto unifamiliar desempenha um papel
crucial na prevenção de doenças na sociedade. Em primeiro lugar, um sistema bem projetado e
dimensionado é essencial para evitar o acúmulo de resíduos e águas contaminadas nas
proximidades das residências. Isso reduz significativamente o risco de contaminação da água
potável, evitando a disseminação de patógenos e agentes causadores de doenças transmitidas
pela água.
Além disso, um sistema de tratamento eficiente contribui para a promoção da higiene e
saúde pública. O descarte apropriado de resíduos humanos impede a proliferação de vetores de
doenças, como insetos e roedores, que podem transportar e disseminar patógenos. Dessa forma,
44

o dimensionamento adequado do sistema de esgoto não apenas protege a saúde individual dos
moradores, mas também fortalece a saúde coletiva, contribuindo para a construção de
comunidades mais seguras e saudáveis.
45

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista o que foi explanado neste trabalho, confirma-se a importância da


utilização do sistema unitário de tratamento em áreas desprovidas de sistema de tratamento de
esgoto, sendo assim, o dimensionamento adequado não apenas garante a correta destinação dos
resíduos domésticos, mas também evita desperdícios de recursos, o que resulta em projetos
mais sustentáveis e eficientes.
Em um contexto de crescente preocupação com a preservação ambiental e a qualidade
da água, o sistema de tratamento composto por fossa séptica, filtro anaeróbio e sumidouro
emerge como um componente crucial da engenharia civil. Este tema, essencial para residências
unifamiliares, vai muito além do simples tratamento de esgoto; ele é um componente essencial
da infraestrutura que garante comunidades saudáveis e ecossistemas equilibrados.
Como vimos ao longo deste trabalho, a engenharia civil contribui significativamente
para o desenvolvimento e a manutenção desses sistemas, garantindo que eles atendam aos mais
altos padrões de qualidade e conformidade ambiental. Além disso, à medida que avançamos no
século 21, a engenharia civil está liderando o desenvolvimento de tecnologias de tratamento de
esgoto residencial mais eficazes e sustentáveis.
Ao ressaltar a importância desse tema na área da engenharia civil, destacamos não
apenas sua aplicabilidade prática, mas também os benefícios que eles têm para a preservação
do meio ambiente e a saúde pública. A compreensão e aplicação adequadas desses sistemas são
vitais para a promoção de comunidades sustentáveis e a criação de um futuro mais limpo e
seguro.
Como resultado, um sistema de tratamento de esgoto que consiste em uma fossa séptica,
um filtro anaeróbio e um sumidouro continua sendo uma das principais preocupações e solução
da engenharia civil para a problemática. Esse sistema ajudará a construir um mundo mais
saudável e sustentável para as gerações atuais e futuras. Para garantir um ambiente mais limpo
e seguro para todos nós, é imperativo que os profissionais e estudiosos da engenharia civil
continuem a dedicar seu tempo e conhecimento nessa área crucial.
46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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