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Universidade Federal do ABC

Engenharia Ambiental e Urbana

Cássia Bezerra Santos


Maitê Thomaz Silva

PROPOSTA DE DRENAGEM URBANA SUSTENTÁVEL NA


BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO ORATÓRIO

Trabalho de Graduação em Engenharia Ambiental e


Urbana

Santo André – SP
2017
Cássia Bezerra Santos
Maitê Thomaz Silva

PROPOSTA DE DRENAGEM URBANA SUSTENTÁVEL


NA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO
ORATÓRIO

Trabalho de Graduação da
Engenharia Ambiental e Urbana
na Universidade Federal do ABC,
como requisito para obtenção do
grau de Engenheiro Ambiental e
Urbano

Orientadora: Profª Drª Melissa Cristina Pereira Graciosa

Santo André – SP
2017
Resumo

As técnicas de drenagem sustentável, também chamadas técnicas compensatórias


em drenagem urbana, são estruturas que promovem a redução do escoamento
superficial visando o adequado manejo das águas pluviais urbanas, tanto do ponto
de vista quantitativo quanto qualitativo, contribuindo para a redução da ocorrência de
inundações e melhora da qualidade das águas que chegam aos cursos d’água da
macrodrenagem. O presente trabalho apresenta e discute técnicas de drenagem
urbana sustentável bem como a viabilidade de sua aplicação em uma bacia
hidrográfica urbana, crítica com relação à ocorrência de inundações, na Região
Metropolitana de São Paulo. Como bacia de estudo, foi selecionada a bacia do
Córrego Oratório, na região do grande ABC. Foram diagnosticadas as principais
causas das inundações na bacia de estudo e realizada uma análise qualitativa,
fundamentada em bibliografia consolidada de matriz de decisão para bacias urbanas,
das técnicas de drenagem sustentável que melhor poderiam reduzir a ocorrência das
enchentes. As técnicas que se concluiu serem mais adequadas à bacia em questão
foram as de redução de deflúvio direto (jardins suspensos e cisternas residenciais) e
as de retardamento de deflúvio direto (reservatório de detenção/redenção). Foi
concluído que apesar de não ser uma medida que aborde todos os problemas que
envolvem a água urbana, a drenagem sustentável é indispensável para se iniciar o
desenvolvimento um plano de gestão de águas de uma região.

Palavras Chave: Drenagem Urbana, Sustentabilidade, Bacia Oratório.


Abstract

The techniques of sustainable drainage are also techniques of compensation in urban


drainage, are structures that promote a reduction of the surface flow aiming at the
adequate management of urban rainwater, both quantitatively and qualitatively,
contributing to a reduction in the occurrence of floods and improvement of the quality
of the waters that reach the watercourses of macrodrainage. The present work
presents and discusses techniques of sustainable urban drainage as a feasibility of its
application in an urban watershed, critical in relation to the occurrence of floods, in the
Metropolitan Region of São Paulo. As basin of study, a basin of Oratorio stream was
selected, in the region of the great ABC. They were diagnosed as the main causes of
flooding in the study basin and a qualitative analysis, based on a consolidated
bibliography of decision matrix for urban basins, was carried out on sustainable
drainage techniques, which is better to reduce the occurrence of floods. The
techniques that were found to be most appropriate to the basin in question were those
of reduction of direct runoff (hanging gardens and residential cisterns) and those of
direct runoff delay (reservoir of redemption / redemption). It was concluded that
although it is not a measure that addresses all the problems involving urban water,
sustainable drainage is essential to start developing a water management plan for a
region.

Keywords: Urban Drainage, Sustainability, Basin Oratório.


Lista de figuras

Figura 1 - Captação, armazenamento e distribuição doméstica de água pluvial...................12


Figura 2 - Exemplos de pisos permeáveis..............................................................................13
Figura 3 - Trincheira de infiltração instalada em um jardim....................................................15
Figura 4 - Rio Tamanduateí na Região Metropolitana de São Paulo.....................................22
Figura 5 - Mapa da Urbanização da Bacia Hidrográfica do Rio Tamanduateí no ano de 2001
.................................................................................................................................................23
Figura 6 - Córrego Oratório.....................................................................................................26
Figura 7 - Mapa de incidentes no Córrego Oratório...............................................................35
Figura 8 - Ocupações irregulares na rua do Oratório.............................................................36
Figura 9 - Rua Planaltina, Santo André..................................................................................37
Figura 10 - Cruzamento das ruas Planaltina e Tremembé, Santo André...............................38
Figura 11 - Rua Barbeiro de Sevilha, localizada próxima à margem do córrego...................39
Figura 12 - Mapa das áreas disponíveis para a instalação de SUDs.....................................41
Figura 13 - Foto aérea da região das ruas Tremembé e Planaltina.......................................43
Figura 14 - Foto aérea da região das ruas Oratório, Almada, Evangelista de Souza,
Atabasca e Balaclava..............................................................................................................45
Figura 15 - Foto aérea da região da Avenida Candido Camargo...........................................46
Figura 16 - Foto aérea da região da foz do Rio Tamanduateí................................................47
Lista de tabelas

Tabela 1 - Matriz de decisão de Uso e Ocupação do solo......................................................16


Tabela 2 - Matriz de decisão das características locais.........................................................17
Tabela 3 - Matriz de Decisão de Meio Ambiente e Comunidade...........................................19
Tabela 4 - Hierarquização do conjunto de intervenções em cada bacia hidrográfica estudada
.................................................................................................................................................28
Tabela 5 - Hierarquização do conjunto de intervenções em cada bacia hidrográfica estudada
focando na região do Grande ABC..........................................................................................29
Tabela 6 - Propostas de Santo André para a região do Córrego Oratório..............................29
Tabela 7 - Lista de notícias sobre o Córrego do Oratório......................................................33
Tabela 8 - Medidas de Redução do Deflúvio Superficial Urbano...........................................42
Sumário

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................7
2. JUSTIFICATIVA.................................................................................................... 9
3. OBJETIVOS.........................................................................................................10
3.1. Objetivo geral.....................................................................................................10
3.2. Objetivos específicos........................................................................................10
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................................11
4.1. Sistemas de drenagem tradicionais.................................................................11
4.1.1. Captação e uso de água pluvial nos lotes.....................................................12
4.1.2. Bacias de detenção e retenção na macrodrenagem.....................................13
4.1.3. Pisos permeáveis..........................................................................................13
4.1.4. Bacias de infiltração...................................................................................... 14
4.1.5. Trincheiras de infiltração nos lotes................................................................14
4.2. Como selecionar um mecanismo de drenagem sustentável.........................15
5. METODOLOGIA..................................................................................................20
5.1. Estudo da problemática das enchentes na Região Metropolitana de São
Paulo e seleção de uma bacia hidrográfica para o estudo de caso.....................20
5.2. Bacia hidrográfica de estudo: Bacia do Córrego Oratório, Região do ABC –
Região metropolitana de São Paulo........................................................................21
5.3. Elencar os principais problemas relacionados à drenagem na bacia de
estudo e suas possíveis causas.............................................................................24
5.4. Fazer o levantamento de dados secundários: estudos, planos e projetos
realizados para a bacia em questão, avaliar suas proposições à luz da
bibliografia de referência;........................................................................................25
5.5. Estudar viabilidade de aplicação de técnicas de drenagem urbana
sustentável na região do Córrego do Oratório......................................................25
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................26
6.1. Proposição de sistema de drenagem urbana sustentável integrado para o
Córrego Oratório.......................................................................................................30
6.2. Analise dos pontos de incidência de inundações..........................................32
6.2.1. Definição das áreas com maiores problemas de drenagem urbana.............32
6.3. Proposta para a seleção dos sistemas de drenagem sustentável................39
6.4. Recomendações.................................................................................................48
6

7. CONCLUSÃO......................................................................................................50
8. REFERÊNCIAS................................................................................................... 51
7

1. INTRODUÇÃO

O Brasil sofre com um problema existente em países em desenvolvimento, o


rápido crescimento dos centros urbanos. Essa urbanização frequentemente se
associa com a substituição de ambientes naturais por ambientes artificiais, que
acabam deslocando tanto os esgotos como águas pluviais para a rede de drenagem.
Isto causa um acréscimo no escoamento das águas superficiais, diminuindo a
capacidade de reserva das bacias hidrográficas, impactando no ciclo hidrológico. A
impermeabilização da área de drenagem das bacias hidrográficas causa um
incremento no escoamento superficial ao mesmo tempo em que provoca sua
aceleração e consequente aumento nos picos de cheias.
Segundo Canholi (2005) o aumento das áreas impermeabilizadas ocorreu a
partir das zonas mais baixas, próximas às várzeas dos rios ou à beira-mar, devido a
necessidade de interação da população com os corpos hídricos, utilizados como
fonte de alimento e transporte. A ocupação urbana das várzeas dos rios e córregos é
comum nas cidades brasileiras e acaba por agravar o problema das inundações.
A Defesa Civil de São Bernardo do Campo (2017) define inundação como
sendo o transbordamento das águas de um curso d’água, atingindo a planície de
inundação ou área de várzea, já enchente é a elevação do nível d’água no canal de
drenagem devido ao aumento da vazão, atingindo a cota máxima do canal sem
extravasar e por fim, alagamento seria o acúmulo momentâneo de águas em
determinados locais por deficiência no sistema de drenagem e enxurrada, que pode
ou não estar associado a áreas de domínio dos processos fluviais. Saber a diferença
entre inundação, enchente e alagamento é importante na hora de selecionar a
tecnologia de drenagem compatível com a área.
De acordo com Rezende (2010) a concepção de drenagem urbana vem
passando por significativas transformações, tendo como resultado uma maior
conscientização da necessidade de integração entres os setores de infraestrutura
urbana ao se elaborar um plano de drenagem urbana. Medidas alternativas, como a
drenagem urbana sustentável, buscam soluções que considerem um sistema
integrado, utilizando conceitos de readaptação, prevenção e harmonização da
paisagem urbana e natural, se posicionando de uma maneira proativa frente aos
problemas de inundações.
Nesse contexto, as medidas de drenagem urbana sustentável visam
8

restabelecer a capacidade de armazenamento da bacia hidrográfica bem como a


parcela de infiltração perdida com a alteração no revestimento das superfícies. A
bacia do rio Tamanduateí para qual aflui o córrego Oratório, objeto do presente
estudo, na região do ABC, é um exemplo de bacia impactada pela urbanização e que
sofre com os problemas de inundações dela decorrentes.
O presente trabalho realizou uma análise das causas das inundações nessa
bacia e das possíveis soluções, à luz das técnicas de drenagem urbana sustentável.
9

2. JUSTIFICATIVA

Na grande São Paulo existem vários exemplos de como o processo de


urbanização gerou e ainda gera diversos problemas de infraestrutura, como as
enchentes e alagamentos. A impermeabilização do solo, a ocupação das áreas de
várzeas, o desmatamento, alteração de cursos naturais dos rios (canalização e
retificação) são algumas das causas destes problemas.
Ao desmatar e impermeabilizar o solo para a urbanização, alteram-se as
condições de infiltração, aumentando a velocidade de escoamento da água,
reduzindo o tempo em que a água permanece na bacia e a evapotranspiração, e
provoca-se também erosão por aumentar volume de água a ser escoado
superficialmente. Cursos d’água podem apresentar cheias naturais periódicas
causadas por períodos de maior pluviosidade. Ocupar áreas de várzea, portanto, é
ocupar uma área sazonalmente sujeita às cheias, potencializando, assim, as
inundações.
As autoras tiveram a oportunidade de visitar a cidade holandesa de Amsterdã e
compararem com a a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) em que vivem, o
questionamento: como uma cidade a baixo do nível do mar poderia não sofrer com
alagamentos como a RMSP?
Técnicas de drenagem urbana sustentável podem ser aplicadas para minimizar
e até reverter danos causados por tais processos de urbanização. Foi buscado uma
bacia hidrográfica que apresentasse problemas de drenagem, fosse próxima à
Universidade Federal do ABC e fosse possível aplicar tais técnicas.
10

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral

Este trabalho de graduação teve por objetivo principal apresentar técnicas de


drenagem urbana sustentável e discutir a viabilidade de suas aplicações em uma
bacia hidrográfica na Região Metropolitana de São Paulo.

3.2. Objetivos específicos

O projeto possui como objetivos específicos:

 Estudar o problema das enchentes na Região Metropolitana de São


Paulo e selecionar uma bacia hidrográfica para fazer o estudo de caso;
 Elencar os principais problemas relacionados à drenagem, na bacia de
estudo, e suas possíveis causas;
 Fazer o levantamento de dados secundários: estudos, planos e projetos
realizados para a bacia em questão, avaliar suas proposições à luz da
bibliografia de referência;
 Estudar viabilidade de aplicação de técnicas de drenagem urbana
sustentável na região do Córrego do Oratório.
11

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. Sistemas de drenagem tradicionais

O método tradicional de drenagem urbana baseia-se na premissa de escoar as


águas pluviais o mais rápido possível para os cursos d'água a fim de realizar a
drenagem de uma região. Esta prática passou a ser ineficiente a partir da metade do
século passado, quando se concluiu que sua aplicação provoca a transferência das
inundações para jusante. Entretanto no Brasil essa prática continuou sendo utilizada,
por exemplo, as obras de canalização do Rio Tamanduateí encerraram-se apenas
em setembro de 1998 (DAEE).
A moderna drenagem urbana, que começou a ser difundida no Brasil a partir da
década de 1990, traz a mudança de paradigma do conceito de canalização para o
conceito de preservação, a partir de duas diretrizes gerais: o tratamento das águas
pluviais urbanas tendo a bacia hidrográfica por unidade de gerenciamento e o
restabelecimento da capacidade de armazenamento perdida com a urbanização por
meio das chamadas medidas compensatórias. De acordo com Canholi (2005) a
necessidade de incorporar medidas que atuassem em maior harmonia com o
ambiente e que possibilitasse uma abordagem sistêmica do problema fez com que
outras tecnologias de drenagem fossem criadas, dentre elas os Sistemas de
Drenagem Urbana Sustentável (SUDS).
Segundo Canholi (2005) os principais objetivos das SUDS são: reduzir as
vazões e taxas de escoamento; reduzir os volumes adicionais consequentes da
urbanização; promover a recarga natural dos aquíferos; reduzir a concentração de
poluentes e atuar como zona de amortecimento em caso de acidentes com
derramamentos de contaminantes; prover habitats para os animais e agregar valor
estético para as áreas urbanas. Os dispositivos e técnicas mais conhecidos são:

 Captação e uso de água pluvial nos lotes;


 Bacias de detenção e retenção na micro e macrodrenagem;
 Pisos permeáveis;
 Bacias de infiltração;
12

 Trincheiras de infiltração nos lotes.


Tais medidas serão explicadas a seguir.

4.1.1. Captação e uso de água pluvial nos lotes

Consiste em criar um mecanismo para captar, armazenar e distribuir a água da


chuva, sendo que a norma da ABNT NBR 15527 regulariza a metodologia adequada.
Tal distribuição não deve ter o mesmo destino que água potável. Portanto não deve
ser ingerida, utilizada para higiene ou para preparo de alimentos. Tal medida visa
diminuir o consumo de água da rede, aproveitando melhor um recurso disponível. A
Figura 1, a seguir, ilustra como a água da chuva pode ser captada, armazenada e
utilizada para, por exemplo, descargas sanitárias, para lavar roupas, lavar quintal e
regar jardins. (DORNELLES, 2012)

Figura 1 - Captação, armazenamento e distribuição doméstica de água pluvial

Fonte: SEBRAE, 2016


13

4.1.2. Bacias de detenção e retenção na macrodrenagem

São reservatórios que na maior parte do tempo permanecem secos, recebendo


o volume d’água apenas quando há precipitação. Por esse motivo, é uma medida
que pode ter um uso social em períodos de estiagem, podendo ser aproveitadas para
atividades de lazer, por exemplo. Tem com objetivo de sedimentar a maior parte dos
sedimentos em suspensão e reduzir volume de enxurradas. As bacias de detenção
ficaram conhecidas na Região Metropolitana de São Paulo por piscinões, os quais
podem ser subterrâneos ou não. Como normalmente os reservatórios ficam em
níveis mais baixos que o esgoto pluvial ou rio, o escoamento da água acumulada
costuma ser realizado por meio de bombeamento. (CANHOLI, 2014)

4.1.3. Pisos permeáveis

A utilização de pisos permeáveis em grandes áreas urbanizadas, em que o solo


poderia estar simplesmente impermeabilizado, como por exemplo, estacionamentos,
visa prolongar o tempo de escoamento superficial, desse modo, diminui os picos de
vazão nos canais receptores. Esses pisos podem ser de diversas formas e materiais,
sendo eles permeáveis ou de um conjunto de materiais permeáveis e impermeáveis,
como ilustrado na Figura 2. (TUCCI, 2005)

Figura 2 - Exemplos de pisos permeáveis

Fonte: http://www.oterprem.com.br/site/imagens/esquema_pisos2.png

O aumento das taxas de infiltração, além de colaborar com o equilíbrio do


balanço hídrico nos aquíferos subterrâneos, auxilia também na prevenção de
14

alagamentos e enchentes.
Esta medida existe para diminuir o efeito de impermeabilização do solo causado
pela urbanização. Pisos permeáveis são sistemas de placas permeáveis, ou em
alguns casos camadas de cascalho, que permitem a que a água precipitada seja
percolada lentamente, sendo assim uma maneira mais natural de escoar água da
chuva, evitando enchentes. (CANHOLI, 2014)

4.1.4. Bacias de infiltração

Também conhecidas como Rain Gardens, trata-se de uma depressão no


terreno para reduzir o volume das enxurradas, também para a remoção de alguns
poluentes e ainda permite que a água chegue aos reservatórios subterrâneos.
Diferentemente das bacias de retenção, utiliza-se plantas, cobertura morta e solo em
um jardim da chuva combinados com processos naturais físicos, químicos e
biológicos para a remoção de poluentes do escoamento, além de valorizar
esteticamente a área. É geralmente construído às margens de rodovias, estradas e
demais áreas fortemente impermeabilizadas. (CANHOLI, 2014)

4.1.5. Trincheiras de infiltração nos lotes

Tratam-se de trincheiras de fato, mas construídas com a finalidade de captação


de água pluvial visando a facilitação de sua infiltração. Após escavar-se a trincheira,
preenche-se com pedras de mão, brita, areia, entre outros. Podem ser instaladas em
diversos locais, como jardins, como na Figura 3, ou até em estacionamentos.
(CANHOLI, 2014)
15

Figura 3 - Trincheira de infiltração instalada em um jardim

Fonte: Colorado State University, 2016

Existem diversos métodos de drenagem urbana sustentável que podem ser


utilizados para minimizar ou compensar efeitos negativos que a urbanização causa
no ciclo hidrológico. Deve-se analisar cada região a fim de definir quais são as
práticas mais adequadas e factíveis para cada região.

4.2. Como selecionar um mecanismo de drenagem sustentável

Os Sistemas de Drenagem Urbana Sustentável (SUDS, abreviatura do inglês


Sustainable Urban Drainage Systems) apresentam diversas opções que podem ser
utilizadas no controle de enchentes, entretanto não existe um único tipo de SUDS
que resolva todos os problemas. De acordo com o Departamento de Água, Resíduos
e Meio Ambiente de Dublin (2005) cada tipo possui certas limitações com base na
área de drenagem servida, espaço de terra disponível, custo e eficiência de remoção
dos poluentes. Há também fatores específicos do local, como tipos de solos, declives
e a profundidade do lençol freático.
Para que um projeto de drenagem obtenha bons resultados é necessário que
os objetivos estejam claramente definidos no início e que os detalhes das condições
do local sejam suficientes. O primeiro passo para selecionar um sistema de
drenagem adequado é identificar o problema que o mesmo deve solucionar, por
exemplo, remoção de sólidos em suspensão, remoção de metais dissolvidos ou
controle da quantidade de água.
16

Uma maneira relativamente simples de selecionar um mecanismo de drenagem


sustentável é seguindo instruções de matrizes de decisão como, por exemplo, as
propostas por Woods Ballard et al. (2007), que foram adaptadas para o português
por Canholi (2013), onde é possível escolher a melhor estrutura ou combinação de
estruturas mais adaptadas à situação. A tabela 1 apresenta a matriz citada, que tem
como foco apontar quais tecnologias de drenagem sustentável são viáveis em
diferentes localizações de uma metrópole.

Matriz de Decisão de Uso e Ocupação do Solo


Baixa Área
Grupo Técnica Residência Ruas Comércio Indústria
Densidade Contaminada
Bacia de
Sim Sim¹ Sim Sim² Sim² Sim²
Retenção
Retenção
Reservatório
Sim Sim¹ Sim Sim² Sim² Sim²
Enterrado
Bacia de
Sim Sim¹ Sim Sim² Não Sim³
Infiltração
Infiltração
Trincheira de
Sim Sim¹ Sim Sim² Não Sim³
Infiltração
Bacia de
Detenção Sim Sim¹ Sim Sim² Sim² Sim²
Detenção
Telhado Verde Sim Sim¹ Não Sim² Sim² Sim
Controle
Cisterna Sim Sim¹ Não Sim² Não Sim
na Fonte
Pavimento
Sim Sim¹ Não Sim² Sim Sim²
Poroso
Tabela 1 - Matriz de decisão de Uso e Ocupação do solo

Fonte: Canholi (2013)

Em que:
 1: pode necessitar de mais um estágio de tratamento;
 2: pode necessitar de mais dois estágios de tratamento;
 3: o projeto deve inibir a movimentação dos contaminantes.

Como pode ser observado na tabela 1 as características gerais da metrópole


estão descritas de uma forma resumida, não considerando os atributos físicos da
mesma. Portanto, para enriquecer o estudo outra matriz foi consultada, mostrada na
tabela 2 a seguir.
17

Tabela 2 - Matriz de decisão das características locais

Matriz de Decisão das Características Locais


Área de Prof. do Carga Espaço
Solo Declividade
Drenagem lençol Hidráulica Disponível
Grupo Técnica
Im- 0a2 >2 Pou-
Perm. 0-1 m >1 m 0- 5% > 5% 0-1 m 1-2 m Muito
perm. há há co
Bacia de
Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim
Retenção
Retenção
Reservatorio
Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Enterrado
Bacia de
Inflitração Não Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Não Não Sim
Infiltração
Trincheira de
Não Sim Sim Não Não Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim
Infiltração
Bacia de
Detenção Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Não Sim Não Sim
Detenção
Telhado
Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Verde
Controle
Cisterna Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim
na Fonte
Pavimento
Sim Sim Sim Não Não Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim
Poroso

Fonte: Canholi (2013)

A tabela 2 considera as características locais de uma região, como a área de


drenagem e declividade, desta maneira o estudo conta com uma abordagem mais
ampla de como selecionar tecnologias de drenagem sustentável.
Tais tabelas são o resultado final de um estudo elaborado, que levou em
consideração todas as características necessárias para a instalação dos SUDS. Há
várias maneiras de se realizar tal estudo, mas segundo o Departamento de Água,
Resíduos e Meio Ambiente de Dublin (2005) uma metodologia adequada é a
seguinte abordagem de 3 passos: avaliar a adequação dos sistemas, fatores de
viabilidade física, fatores ambientais e comunidade.

Passo 1 - Avaliar a adequação dos sistemas


 O sistema pode controlar adequadamente as taxas de escoamento?
 O sistema pode lidar com o volume de escoamento envolvido?
 Qual é o recurso a ser protegido?

Passo 2 - Fatores de viabilidade físicas


 Existem restrições de design particulares impostas por fatores
18

físicos?
 Há solos permeáveis suficientes para permitir práticas de infiltração?
 O lençol freático está a uma profundidade adequada abaixo da base
do sistema?
 Qual é o tamanho do sistema de drenagem?
 Há terra suficiente disponível para desenvolver este sistema?

Passo 3 - Comunidade e Fatores Ambientais


 Quais são os benefícios e as desvantagens ambientais que podem
influenciar o processo de seleção?
 Quais são os custos associados ao desenvolvimento de tal sistema
(custo de construção relativo por hectare)?
 Quais são os requisitos de manutenção (frequência de manutenção /
custo de manutenção)?
 A autoridade competente ficará satisfeita ao adotar esses sistemas?
 A reação da comunidade será positiva? (Haverá quaisquer
problemas de segurança / haverá qualquer benefício para a
comunidade / o sistema irá ter uma aparência estética agradável)?
 Existe algum potencial de melhoria do habitat?

Outro aspecto que deve ser levado em consideração é o tipo de sistema que
pode ser utilizado na área, por exemplo, uma zona industrial pode precisar de SUDS
que fornecem tratamento biológico ou forro impermeáveis que podem ser
necessários em instalações que recebem escoamento de derramamentos. Uma área
residencial, por sua vez, poderia ser atendida sem a necessidade de tal tecnologia
Tal como acontece com os sistemas de drenagem convencionais, a
manutenção dos SUDS é necessária para que sua operação seja bem-sucedida.
Planos de manutenção devem ser desenvolvidos antes da aprovação de todos os
sistemas e podem ser categorizados em 3 grupos: manutenção de rotina, reparação
e manutenção ocasional. Os responsáveis pelos SUDS precisam inspecionar as
instalações em intervalos regulares, de modo que quaisquer problemas com a
operação possam ser abordados numa fase precoce. Verificações regulares sobre a
instalação também irão favorecer que o sistema seja mantido em boas condições de
19

funcionamento. (CANHOLI, 2013)


A tabela 3 exemplifica a intensidade de manutenção das tecnologias de
drenagem sustentável, além de mostrar dados referente a aceitação da população,
custo de implementação e criação de habitats para os seres vivos.

Matriz de Decisão de Meio Ambiente e Comunidade


Grupo Técnica Manutenção Aceitação Custo Habitat e Paisagismo
Bacia de Retenção Médio Alto Médio Alto
Retenção
Reservatório Enterrado Baixo Alto Médio Baixo
Bacia de Infiltração Médio Alto Baixo Médio
Infiltração
Trincheira de Infiltração Baixo Médio Baixo Baixo
Detenção Bacia de Detenção Baixo Alto Baixo Médio
Telhado Verde Alto Alto Alto Alto
Controle na Fonte Cisterna Alto Médio Alto Baixo
Pavimento Poroso Médio Médio Médio Baixo
Tabela 3 - Matriz de Decisão de Meio Ambiente e Comunidade

Adaptada de: Canholi (2013).

De acordo com o Departamento de Água, Resíduos e Meio Ambiente de Dublin


(2005) SUDS apresentam bons resultados em atenuar significativamente poluentes
como partículas sólidas em suspensão, fósforo e nitrogênio, criando habitat e
comodidade, bem como mitigar o impacto das inundações e por serem estruturas
relativamente simples são fáceis de projetar, construir e manter. Em geral, os custos
são baixos em relação aos sistemas tradicionais de drenagem e, embora os custos
de manutenção se apliquem durante a vida útil do dispositivo, podem ser
consideravelmente menores comparativamente aos sistemas tradicionais de
drenagem.
20

5. METODOLOGIA

Para propor um projeto de drenagem urbana sustentável em uma região


fortemente afetada por enchentes, diversos estudos devem ser elaborados para
verificar a viabilidade do mesmo. O presente trabalho foi desenvolvido nas seguintes
etapas:

5.1. Estudo da problemática das enchentes na Região Metropolitana de São


Paulo e seleção de uma bacia hidrográfica para o estudo de caso

A Região Metropolitana de São Paulo é formada por 39 municípios, tem mais


de 21 milhões de habitantes, ocupa 7.946,96 km² e é densamente urbanizada.
(EMPLASA). Além disso, apresenta uma topografia acidentada, que se originou a
partir de deposições sedimentares constituindo-se como um território formado por
planícies e morros. (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, 1999).
A rede de drenagem é direcionada apenas para o rio Tietê, que, assim como o
Rio Tamanduateí, suas topografias originais impulsionaram a ocupação territorial da
colina de São Paulo e direcionaram sua expansão ao longo de seus vales.
Posteriormente, utilizaram seus terraços secos para a implantação de ferrovias,
aproveitaram sua topografia mais suave. (DAEE, 2011).
A ocupação de áreas de fundo de vale extremamente impermeabilizada pela
urbanização e o pouco espaço disponível para implementar medidas compensatórias
são os maiores problemas de drenagem da região.
Para selecionar uma bacia para realizar o estudo, foi necessário escolher uma
bacia hidrográfica que houvesse dados disponíveis para tal.
A região do ABC, que praticamente coincide com a Bacia do Tamanduateí,
enfrenta diversos problemas de drenagem urbana. O rio Tamanduateí, um dos rios
mais importantes do Estado de São Paulo, apresenta uma extensão de 35 km e
deságua no rio Tietê, sendo o principal canal de drenagem de grande parte da região
do ABC. A bacia do Tamanduateí se divide em outras quatro sub-bacias: Bacia do
Tamanduateí Superior, na qual se insere o município de São Paulo, Bacia dos
Meninos Inferior e do Couros, Bacia do Curso Superior e dos Meninos e Bacia do
Tamanduateí Superior e Oratório que possui maior extensão e na qual se encontra
sua nascente. (SAMA, 2004)
21

Como o rio Tamanduateí apresenta uma extensão significativa foi necessário


selecionar um de seus afluentes para se realizar o estudo. O Córrego do Oratório foi
selecionado pela disponibilidade de dados, quantidade de pontos recorrentes de
alagamentos e a possibilidade de práticas de drenagem urbana sustentável.

5.2. Bacia hidrográfica de estudo: Bacia do Oratório, Região do ABC –


Região metropolitana de São Paulo

Dentre as informações necessárias para elaborar um plano de drenagem


urbana sustentável adequado, os dados da bacia hidrográfica são essenciais para a
seleção das tecnologias que serão utilizadas.
A Bacia do Oratório está localizada dentro da Bacia do Tamanduateí, que
passou por mudanças significativas no decorrer dos anos, alterando assim suas
características naturais e, consequentemente, ocasionando inúmeros problemas
ambientais. O Córrego Oratório origina-se em São Paulo, delimita um pequeno
trecho entre as fronteiras de Mauá e São Paulo e todo o limite norte de Santo André
com o município de São Paulo, até desaguar no rio Tamanduateí, na divisa entre São
Caetano, São Paulo e Santo André. A calha do Córrego Oratório é formada,
predominantemente, por seções naturais, sem revestimento. Embora seu entorno
seja densamente urbanizado, há trechos de ocupação industrial com amplos espaços
livres na faixa lateral das margens direita e esquerda, como pode ser observado na
Figura 4.
22

Figura 4 - Rio Tamanduateí na Região Metropolitana de São Paulo

Fonte: elaborado pelas autoras, adaptado da plataforma Google Earth (2017)

Um dos fatores que mais influenciam a qualidade da drenagem natural é o tipo


de solo predominante na região. Como pode ser observada na Figura 5 elaborado
por GOUVEIA (2010), a bacia do Córrego Oratório possui uma morfologia original de
colinas sedimentares e morros cristalinos. Entretanto, as áreas densamente
urbanizadas indicadas contribuem significativamente com as recorrentes enchentes
que assolam a região, pois a impermeabilidade do solo está diretamente ligada ao
acúmulo da água na superfície.
23

Figura 5 - Mapa da Urbanização da Bacia Hidrográfica do Rio Tamanduateí no ano de 2001

Fonte: GOUVEIA, 2010


24

5.3. Elencar os principais problemas relacionados à drenagem na bacia de


estudo e suas possíveis causas

Foi realizada uma busca de notícias de enchentes e alagamentos desde 2010,


as notícias foram analisadas e caso fossem da região do Córrego Oratório, foi criado
uma tabela e inserida a localização do evento, a classificação dele e a data. Também
foram adicionados na tabela dados dos Relatórios Pós Chuva do SEMASA de 2011 a
2016.
Utilizando a tabela um mapa de incidências foi gerado com o auxílio dos
softwares GoogleEarth e QGis, com a finalidade visualizar as disposições das áreas
mais afetadas e elaborar planos de drenagem sustentável focados em reduzir os
incidentes naquelas regiões. O mapeamento das áreas que sofrem com as
enchentes é imprescindível para esse tipo de análise, pois com ele é possível
entender onde e quais são os problemas de drenagem enfrentados.
A proposta do projeto incluiu toda a bacia do Córrego Oratório, mas as áreas
com maior frequência de enchentes foram destacadas neste trabalho, para
exemplificar melhor como instalar tecnologias de drenagem sustentável em áreas
com características diferentes. Portanto os sistemas de drenagem das áreas
afetadas foram analisados junto com suas respectivas particularidades.
Além disso, para escolher as áreas onde os SUDS serão instalados em toda
extensão do Córrego Oratório, um mapa de ocupações foi desenvolvido, com o
auxílio dos softwares GoogleEarth e QGis, nas seguintes categorias:

• Áreas verdes ou vazias;


• Áreas industriais ou comerciais;
• Áreas residenciais.

Assim foi possível identificar as áreas com melhores disposições para comportar
as tecnologias de drenagem sustentável propostas.
25

5.4. Fazer o levantamento de dados secundários: estudos, planos e projetos


realizados para a bacia em questão, avaliar suas proposições à luz da
bibliografia de referência;

Foi realizada uma busca por intervenções já realizadas na região e também


planejamentos para intervenções futuras. Para tal averiguação o Plano Diretor de
Macrodrenagem da Bacia do Alto do Tietê, que considerou a Bacia do Rio
Tamanduateí, foi consultado junto com o Estudo Regional de Planejamento
Estratégico da Macrodrenagem e Microdrenagem da Região do Grande ABC.
Assim, foi possível obter um cenário detalhado de como está a assistência à
região e quais são as intervenções necessárias para melhorar a situação atual.

5.5. Estudar viabilidade de aplicação de técnicas de drenagem urbana


sustentável na região do Córrego Oratório.

A bacia foi analisada em sua totalidade com ênfase à várzea dada a


disponibilidade de áreas para a implantação de medidas compensatórias. Um plano
geral foi elaborado focando nas áreas livres e os principais pontos de enchentes
foram analisados, levando em consideração suas características físicas e urbanas.
Ao desvendar os problemas de drenagem que as áreas mais afetadas sofriam,
tecnologias de drenagem urbana sustentável foram propostas, contanto com a
participação da população local e dos comerciantes.
E finalmente, para ter um suporte completo e adequado, o presente trabalho
propôs medidas não-estruturais de natureza preventiva que incentivam a população
a se tornar resiliente, além do desenvolvimento de um estudo hidrológico
aprofundado da região, para ter uma base mais solida de informação sobre as
características da mesma.
26

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O processo de urbanização das grandes cidades dificilmente segue um padrão


ou planejamento ordenado desde sua gênese devido a diversos fatores econômicos,
sociais e ambientais. Levando em consideração esta característica e lembrando da
ausência de políticas habitacionais eficazes voltadas para a população de baixa
renda, pode-se afirmar que a ocupação de áreas de risco localizadas nas periferias
das metrópoles, como as margens do Córrego Oratório é um fenômeno comum. A
Figura 6 é um dos inúmeros exemplos de como as margens do córrego estão
ocupadas pela população de baixa renda da região.

Figura 6 - Córrego Oratório

Fonte: Google street view

As margens do córrego apresentam ocupações de moradias irregulares, como


pode ser observado na figura anterior, e galpões industriais. Segundo o Plano
Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto do Tietê somente a região de cabeceira
existem áreas com vegetação que poderiam ser utilizadas para a implantação de
reservatórios de amortecimento. Embora ressalta-se que a eficiência de obras deste
porte está relacionada à sua localização, pois ao serem construídas muito a
montante têm efeitos pouco expressivos na parte baixa da bacia devido às
contribuições laterais a jusante. (DAAE, 2011)
27

Atualmente na região estudada existem dois piscinões em operação, o Sônia


Maria e o Oratório. A urbanização desordenada desempenha um papel crucial no
desempenho da drenagem urbana, pois a impermeabilização causada pela mesma
pode ocasionar inundações e alagamentos. (DAEE, 2011)
O Córrego Oratório já recebeu diversas medidas de mitigação, como a
canalização de 400 metros realizado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica
(DAEE), no trecho localizado entre as ruas Augustin Liberti e Tenente Lauro Sodré,
próximo à divisa dos municípios de São Paulo, Santo André e Mauá, que teve como
objetivo conter o processo erosivo que vinha ocorrendo neste trecho. (DAEE, 2011)
Essa intervenção faz parte do projeto de canalização de 7,5 km no córrego do
Oratório, da foz junto ao rio Tamanduateí à divisa de Mauá, que tem como objetivo
combater as enchentes que afetam os bairros vizinhos ao córrego, nos municípios de
São Paulo com São Caetano do Sul, Santo André e Mauá. Além disso, o
Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) foi responsável pela construção
de 19 piscinões para controlar as enchentes na bacia do Alto Tamanduateí, sendo
que dois deles estão localizados no Córrego Oratório. (DAEE, 2011)
A razão por trás da implementação de tais medidas compensatórias é o Plano
Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto do Tietê, que considerou a Bacia do Rio
Tamanduateí, incluindo as sub-bacias dos ribeirões dos Meninos e dos Couros, além
do Córrego Oratório, entre outros. Segundo o Departamento de Águas e Energia
Elétrica (DAEE) o primeiro Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto do
Tietê foi criado em 1998 e teve como objetivo combater as enchentes na Região
Metropolitana de São Paulo, por meio de uma abordagem integrada dos problemas
em todas as principais sub-bacias da bacia hidrográfica do Alto Tietê. Desde sua
criação até os dias atuais o plano diretor foi atualizado duas vezes, tendo em seu
conteúdo não só soluções que abrangem obras, mas também recomendações
quanto ao gerenciamento da drenagem, o disciplinamento de uso e ocupação do
solo, educação ambiental e outras medidas não-estruturais que são necessárias para
a elaboração de um plano de drenagem efetivo. (DAEE,2011)
As principais medidas estruturais propostas no Terceiro Plano Diretor de
Macrodrenagem da Bacia do Alto do Tietê para o Córrego Oratório foram o
alargamento do canal, revestimento dos taludes e ajuste da declividade para alívio da
passagem da onda de cheia e também para redução dos remansos causados a
montante, além de medidas que resgatam as condições naturais do córrego.
28

Entretanto tais intervenções não ocorreram ainda, pois as prioridades do plano são
as bacias que apresentam problemas mais graves a serem resolvidos, como pode
ser observado na tabela 4, a seguir.

Tabela 4 - Hierarquização do conjunto de intervenções em cada bacia hidrográfica estudada

Posição Bacia
1 Tietê
2 Tamanduateí
3 Pinheiros
4 Baquirivu
5 Aricanduva
6 Meninos
7 Oratório
8 Cabuçu de Cima
9 Pirajussara
10 Cabuçu de Baixo
Fonte: Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto do Tietê

Ademais, apesar de apresentar propostas essenciais para a integração das


medidas de drenagem com as de gestão das águas urbanas, o plano diretor sofreu
com diversos empecilhos tais como as limitações de recursos e a falta de integração
entre as diferentes esferas administrativas ocasionando assim o atraso ou
impedimento da realização das obras estipuladas no documento. Desta maneira a
implementação de obras compensatórias se tornou uma prioridade, pois as mesmas
diminuem a ocorrência de enchentes com maior rapidez devido a sua estrutura de
armazenamento. (DAEE, 2011)
Porém, deve-se ressaltar que ao levar em consideração apenas região do
grande ABC paulista, a hierarquização não consideraria os rios Tietê, Pinheiros,
Baquirivu, Aricanduva, Cabuçu de Cima, córregos Pirajussara e Cabuçu de Baixo,
dessa maneira a Bacia do Oratório teria a terceira posição de hierarquização da
região. A tabela ficaria da seguinte maneira.
29

Tabela 5 - Hierarquização do conjunto de intervenções em cada bacia hidrográfica estudada focando


na região do Grande ABC

Posição Bacia
1 Tamanduateí
2 Meninos
3 Oratório

Além das características ambientais e a descrição das obras realizadas na


bacia, os aspectos sociais devem ser considerados ao se desenvolver um sistema de
drenagem. Para obter um resultado positivo é necessário contar com a participação
dos moradores, assim alternativas serão criadas com o auxílio das pessoas que mais
sofrem com as enchentes. Existem alguns estudos que até mesmo recomendam
incentivos fiscais para popularizar o uso de técnicas de drenagem urbana sustentável
(FORGIARINI, 2010). Porém essas medidas não estão em pauta para as próximas
intervenções previstas para a região.
No Estudo Regional de Planejamento Estratégico da Macrodrenagem e
Microdrenagem da Região do Grande ABC feito pelo Consórcio Intermunicipal
Grande ABC e publicado em 22/08/2016 foram propostas 259 medidas em toda a
região do Grande ABC.
Especificamente na região do Córrego Oratório foram propostas as seguintes
medidas no município de Santo André.

Tabela 6 - Propostas de Santo André para a região do Córrego Oratório

Índice Local Descrição

I1 Rio Tamanduateí x Córrego OratórioReservatório proposto no PDMAT-3


Reservatório - Rua Planaltina x Rua Reservatório proposto pelo estudo
I2
Tremembé regional
I3 Rua Miguel Gustavo Canalização Aberta

I4 Rua Herlon Chaves Canalização Aberta


Rua Almada (Rua Batávia até Av
I5 Canalização Fechada
Oratório)
I6 Av. Oratório x Av. Nestor de Barros Canalização Aberta

Fonte: Estudo Regional de Planejamento Estratégico da Macrodrenagem e Microdrenagem da Região


do Grande ABC
30

As intervenções estão dispostas no mapa a seguir, sendo os índices referentes


à tabela anterior.

Figura 6 - Mapa das intervenções propostas pelo Estudo Regional de Planejamento Estratégico da
Macrodrenagem e Microdrenagem da Região do Grande ABC para a bacia do Córrego Oratório

Fonte: Elaborado pelas autoras, adaptado da plataforma Google Earth (2017)

6.1. Proposição de sistema de drenagem urbana sustentável integrado para


o Córrego Oratório

Para entender como um sistema de drenagem integrado é essencial para uma


cidade é preciso analisar as medidas compensatórias utilizadas e enxergar quais são
os pontos que estão faltando para que o sistema funcione por completo, ao adquirir
este conhecimento é possível concluir que não basta desenvolver um sistema de
drenagem sem considerar todos os aspectos da água urbana, como a sua qualidade
e distribuição.
No caso do Córrego Oratório a medida compensatória utilizada foi a instalação
de dois piscinões na região, entretanto as enchentes ainda persistem. A qualidade
das águas dos corpos hídricos tem um papel determinante no funcionamento dos
piscinões, já que caso haja poluição no corpo de água a função do piscinão é
alterada de reservatório de água de chuva para reservatório de água poluída,
31

causando impactos no meio ambiente e na saúde pública, devido à criação de


vetores que podem causar a disseminação de inúmeras doenças. Além disso, o lixo
lançado no corpo hídrico pode causar o entupimento nas grades de entrada do
piscinão, causando inundações em áreas que antes não sofriam com esse problema.
O que faz as medidas adotadas no Córrego Oratório insuficientes é a não
implementação dos outros projetos previstos no Plano Diretor de Macrodrenagem da
Bacia do Alto do Tietê, para efetivamente obter um resultado favorável nessa
situação é necessário que esses projetos sejam desenvolvidos, pois com eles haverá
finalmente a integração entre o plano de gestão de águas com o plano de drenagem.
A integração desses projetos é essencial para manter a qualidade ambiental da
região, pois eles abordam todos os aspectos relacionados às enchentes. Investir no
tratamento e monitoramento da água urbana é uma medida que está diretamente
ligada com os objetivos da drenagem urbana moderna, portanto não os integrar pode
resultar em problemas ambientais não relacionados com enchentes, como será
observado em um dos exemplos a seguir.
Para fins comparativos, pode-se citar o rio Pinheiros em São Paulo e os canais
da cidade de Amsterdã, já que no primeiro caso o foco do projeto foi eliminar as
enchentes da região sem levar em consideração a dinâmica do rio e por fim, no
segundo caso o projeto foi além do problema de enchentes, pois desenvolveu um
plano que abrangeu todos os aspectos relacionados à água urbana.
O rio Pinheiros que se localiza na cidade de São Paulo apresenta um histórico
intenso de modificações, que no fim ocasionaram sua transformação para um corpo
de água sem vida. De acordo com Luz (2015) o rio Pinheiros apresentava
características de sistemas fluviais meândricos, ou seja, curvas acentuadas e
semelhantes entre si, apresentando altos índices de argila e silte em seu leito. Com o
passar dos anos devido às diversas interferências antropológicas na região, houve
uma descaracterização do rio alterando assim toda a rede de drenagem da planície
fluvial do rio, do bairro de Santo Amaro até a sua foz no rio Tietê.
Apesar de não mais apresentar problemas com enchentes, o rio Pinheiros sofre
com a poluição intensa de suas águas, que geram desconforto na população devido
ao mau cheiro. Além disso o rio não possui uma corrente forte o bastante para
transportar os sedimentos presentes em seu leito, ocasionando assoreamentos ao
longo de seu percurso.
Já nos canais de Amsterdã, capital da Holanda, o sucesso foi alcançado
32

através do desenvolvimento de uma gestão da água focada em integrar a água


desde as primeiras fases de planejamento e concepção, o planejamento das tarefas
de operação e manutenção, desde o início e utilizando o potencial financeiro da água
em projetos de desenvolvimento urbano.
Segundo Claasen et al. (2013) para se tornar uma cidade mais "resistente à
água", uma série de projetos-piloto foram realizados em Amsterdã, em conjunto com
o Ministério da Infraestrutura e Meio Ambiente. O projeto-piloto que tinha a melhor
premissa estava focado em resolver o problema das alterações climáticas em sua
estratégia, desenvolvendo assim uma "abordagem de segurança multicamada", que
envolve o estabelecimento de segurança máxima de inundações em três camadas
diferentes: a prevenção, que envolve a proteção por diques e barragens; o desenho
espacial sustentável, que visa a limitação de danos e vítimas em caso de
inundações, por exemplo, elevação adequada dos edifícios e equipamentos elétricos;
a gestão de crises, que tem como objetivo limitar as baixas no caso de uma
inundação, por exemplo, rotas de evacuação livre de inundações e educar civis sobre
a melhor forma de responder a uma inundação.
Todas as medidas mencionadas acima, quando implementadas em conjunto,
resultaram em uma mudança muito positiva para a cidade, entretanto isso ainda não
foi suficiente uma vez que tais mudanças precisam ser atualizadas ao longo do
tempo. A razão por trás dessa atualização constante é que a densidade do
desenvolvimento na cidade que está a aumentar, com mais casas e mais
pavimentação a água vai escoar para o solo menos rapidamente e isso pode resultar
em novos problemas com inundações. Entre as medidas citadas uma das que mais
influenciaram na qualidade de vida da população e que resultou na diminuição na
ocorrência de inundações na cidade foi a implementação de um sistema de
drenagem sustentável, mostrando assim a eficiência dessa medida simples e barata.

6.2. Analise dos pontos de incidência de inundações

6.2.1. Definição das áreas com maiores problemas de drenagem urbana

Para estudar as áreas afetadas por problemas de drenagem urbana nas áreas
próximas ao Córrego Oratório, foi realizado um levantamento de notícias sobre os
transbordamentos do córrego e alagamentos na região, listadas na tabela a seguir.
33

Tabela 7 - Lista de notícias sobre o Córrego Oratório

Data Local Ocorrência

Insuficiência de galeria e
Rua Oratório,4641-5081
transbordamento do córrego

Rua Guilherme de Almeida, 81 Transbordamento do Ribeirão Oratório


07/01/11
Rua Francisco Braga, 94 Alagamento
Rua Planaltina, 153
Alagamento e carreamento de lama
Rua Tremembé
Rua Guilherme de Almeida, 81 Transbordamento do Ribeirão Oratório
08/01/11 Rua Planaltina, alt. nº 153 (*)
Alagamento e carreamento de lama.
Rua Tremembé
Rua Planaltina Represamento de águas devido ao
13/01/11
fechamento das válvulas de retenção
Rua Tremembé (comportas)
Rua Planaltina Represamento de águas devido ao
18/01/11
fechamento das válvulas de retenção
Rua Tremembé (comportas)
Alagamento - limpeza manual de
28/02/11 Rua Planaltina
garrafas, madeiras, sacos plásticos, etc
15/12/11 Rua Planaltina Via alagada
Represamento de águas devido ao
Rua Planaltina fechamento das válvulas de retenção
(comportas)
08/01/13 Av. das Nações Alagamento devido a insuficiência do canal
Rua Almada / Rua Oratório
Rua Cândido Camargo / Rua Insuficiência da microdrenagem
Oratório
Rua Planaltina
Rua Tremembé Alagamento devido ao fechamento da
Rua Rancharia comporta
28/12/13 Av. Taubaté
Rua Almada/ Rua Batávia /
Rua Basiléia Alagamento devido a insuficiência de
galeria
Rua Almada / Rua Oratório
21/01/14 Rua Planaltina Transbordamento do canal
Alagamento devido ao fechamento da
13/01/14 Rua Almada
comporta
34

Alagamento devido ao fechamento da


Av. Cândido Camargo
comporta
Alagamento devido ao fechamento da
30/03/14 Conjunto Ana Maria
comporta
25/02/15 Rua Planaltina Alagamento
Rua Planaltina Alagamento
01/02/16
Rua Planaltina Alagamento
Rua Taubaté Alagamento
24/02/16
Rua Planaltina Alagamento
Rua Rancharia Alagamento
Rua Platina Alagamento
Rua Vincente Alagamento
25/02/16
Avenida Nova Iorque Alagamento
Rua Balaclava Alagamento
Rua Oratório Alagamento
Fonte: SEMASA, 2016; ALENCAR, 2016; ALENCAR, 2016; DONATO, 2016; FERNANDES, 2011;
FERNANDJES, 2016; IG, 2011; MACÁRIO, 2016; MUNHOZ, 2010; RECORD, 2011; SALDAÑA, 2016;
TERRA, 2010; TERRA, 2016.

Os pontos de incidência da tabela anterior são ilustrados no mapa a seguir,


Figura 7.
35

Figura 7 - Mapa de incidentes no Córrego Oratório

Fonte: Elaborado pelas autoras, adaptado da plataforma Google Earth (2017)


36

É possível perceber que os locais com maiores incidências de alagamentos são


constantes desde 2011. Obras de drenagem urbana já foram realizadas na região,
como por exemplo a conclusão do Piscinão Oratório em abril de 2007, localizado no
jardim Elba, e apesar disso a mesma região sofreu com transbordamento de 2011. A
região também conta com o Piscinão Sônia Maria, concluído em agosto de 2004.
(DAEE).
Quase toda a Bacia do Oratório sofre com o problema de ocupação das áreas
de várzea, em algumas regiões, o adensamento populacional é tão grande que
apresenta habitações em situações extremas, como na rua do Oratório, em Santo
André, por onde situa-se um dos afluentes do Córrego Oratório, apresentado na
Figura 8.

Figura 8 - Ocupações irregulares na rua do Oratório

Fonte: Google street view

Uma outra causa de alagamento pode ser observada, por exemplo, na Rua
Planaltina em Santo André, onde já ocorreu alagamento. Nesta rua, há apenas as
canaletas para o escoamento de água, como pode ser visualizado na Figura 9.
37

Figura 9 - Rua Planaltina, Santo André

Fonte: Google street view

O mais próximo de um bueiro que a rua Platina apresenta, é no seu cruzamento


com a rua Tremembé, já bem próximo ao Córrego Oratório, é uma caixa de alvenaria
com gradil de proteção e pode ser observada na Figura 10.
38

Figura 10 - Cruzamento das ruas Planaltina e Tremembé, Santo André

Fonte: Google street view

Essa região já sofre com alagamentos constantemente e os motivos vão além


da ocupação de área de várzea, o sistema rudimentar de drenagem, que consiste
basicamente nas canaletas do meio-fio das ruas, e a ausência de bueiros para
escoamento de água, existindo apenas a caixa de alvenaria da Figura 10.
Ainda sobre a Figura 10, é possível constatar que a região acumula lixo, em
uma situação de precipitação constante esse fator poderá ser uma das causas do
alagamento. Como o sistema de drenagem da região leva a água para este único
ponto, é plausível supor que também será carregado o lixo que estiver nas ruas e
dessa forma, entupindo o único ponto que poderia dar vazão à água precipitada e
assim acumulando água na região.
Portanto saber onde ocorrem os maiores problemas e suas causas é um
conhecimento sine qua non para criar uma medida que minimize ou solucione um
problema de drenagem urbana, a seguir será discorrido sobre possíveis técnicas a
serem utilizadas na região de estudo.
39

6.3. Proposta para a seleção dos sistemas de drenagem sustentável

A região do Córrego Oratório apresenta uma densidade urbana significativa,


entretanto não existe um sistema de captação adequado nas áreas em que as
inundações e alagamentos são mais recorrentes. Por exemplo, na Figura 11 é
possível observar que não há bueiros na área ocupada, pois a rua não foi projetada.
Portanto antes de implementar um sistema de drenagem sustentável, é necessário
resolver o problema da invasão das margens do córrego.

Figura 11 - Rua Barbeiro de Sevilha, localizada próxima à margem do córrego

Fonte: Google street view

Os impactos ambientais ocasionados por essa ocupação irregular trazem


prejuízos que vão além da população local e que não podem ser remediados caso
40

não haja uma intervenção na área. Dentre as opções conhecidas para lidar com este
tipo de situação, uma das mais controversas é a remoção, por violar os direitos à
moradia da população local.
Segundo a Resolução CONAMA nº 369 (2006), a destinação principal das
Áreas de Preservação Permanente (APPs) é preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora,
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Entretanto esta
mesma resolução afirma que há a possibilidade de ocupação humana e preservação
do meio ambiente simultaneamente, por meio da utilização parcial da área total da
APP pelo sistema de áreas verdes de domínio público.
Contudo neste caso o mais indicado seria a remoção de algumas residências,
pois a invasão está localizada exatamente nas margens do córrego, dificultando
assim a elaboração de medidas mitigatórias na área. Para se dar início ao processo
de remoção é importante ter a participação da população e as informações referente
ao caso devem ser transmitidas de forma clara e sucinta, oferecendo garantias de
assistência social e jurídica para a população local. Além disso os órgãos envolvidos
devem apresentar opções viáveis de realojamento para as famílias removidas,
incluindo indenização pelas perdas sofridas e planos de aluguéis adequados.
Ao se resolver este impasse é possível dar continuidade no projeto de
drenagem da região, e para que o mesmo seja bem-sucedido é essencial que a haja
participação não só da população, mas também dos comerciantes e das indústrias
presentes na região. Como citado anteriormente, existem sistemas disponíveis que
ocupam relativamente pouco espaço e que são eficazes em controlar o escoamento,
logo ao identificar as áreas livres é possível iniciar o dimensionamento dos sistemas
de drenagem aptos a controlar a quantidade excessiva de água, que gera as
enchentes que assolam a região ao redor do Córrego Oratório.
41

Figura 12 - Mapa das áreas disponíveis para a instalação de SUDs

Fonte: Elaborado pelas autoras, adaptado da plataforma Google Earth (2017)


42

Observando a Figura 12 fica evidente que o córrego ainda apresenta margens


com vegetação, logo com o devido reparo e manutenção é possível aprimorar a
capacidade de drenagem dessas áreas. Além disso a região possui diversas áreas
verdes e vazias que podem ser utilizadas para a instalação de sistemas de drenagem
sustentável.
As áreas residenciais selecionadas serão os condomínios da região, por
possuírem bons espaços (estacionamentos e telhados planos) e por apresentarem
uma organização já estabelecida que facilita o diálogo com os moradores. Já as
áreas livres presentes nos terrenos dos comércios e das indústrias da região também
serão aproveitadas, contanto que um acordo seja estabelecido com os proprietários.
Levando em consideração as características das áreas destacadas na Figura
12 e as metodologias sugeridas por WOODS BALLARD et al. (2007) e pelo
Departamento de Água, Resíduos e Meio Ambiente de Dublin (2005), pode-se
afirmar que a seguinte tabela adaptada do Manual de Projeto da CETESB (1986)
apresenta os mecanismos de drenagem sustentável adequados para se iniciar o
projeto:

Tabela 8 - Medidas de Redução do Deflúvio Superficial Urbano


Área Redução de deflúvio direto Retardamento de deflúvio direto
Telhado plano de grandes Jardim suspenso Armazenamento no telhado, empregando
proporções Armazenamento em tanques ou cisternas. tubos e coletores
Cisternas sob estacionamento
Valas de cascalho
Canal Drenado
Pavimento permeável
Estacionamentos Faixas gramadas no estacionamento
Reservatório de concreto
Armazenamento de detenção para áreas
Áreas de armazenamento gramadas ao
impermeáveis
redor do estacionamento
Cisternas residenciais
Reservatório de detenção/redenção
Passeio com cascalho
Residencial Sarjetas ou canais gramados
Áreas ajardinadas ao redor
Utilização de gramas espessas
Depressões gramadas

Vielas com cascalho


Gerais Calçadas permeáveis Vielas com cascalho

Canteiros cobertos com palhas ou folhas


Fonte: CETESB (1986)
43

Um dos objetivos do Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto do Tietê


é privilegiar as medidas que resgatam as condições naturais, tais como a construção
de parques lineares, renaturalização córregos e aumento das áreas permeáveis, logo
pode-se afirmar que a tabela 3 segue a mesma premissa do Plano Diretor e como as
obras previstas não se iniciaram devido aos empecilhos citados anteriormente, tal
projeto de drenagem sustentável auxiliaria a população durante a espera da
realização das obras presentes no documento.
De acordo com a Figura 7, existem atualmente 4 pontos em que os incidentes
são mais recorrentes, identificados por Ponto de Enchentes 1, 2, 3, e 4. É necessário
analisar as características de cada região atingida para que a implementação dos
SUDs não seja em vão. Por exemplo, de acordo com a Tabela 7 a rua Tremembé e a
rua Planaltina são áreas que sofrem com enchentes e inundações, devido à
localização próxima às margens do córrego e sistema de drenagem inadequado.
O Ponto de Enchente 3 está localizado na região das ruas Planaltina e
Tremembé, mostrado na Figura 13.

Figura 13 - Foto aérea da região das ruas Tremembé e Planaltina


44

Fonte: GoogleMaps

A característica que fica mais evidente ao se observar a Figura 13 é a


quantidade de área verde disponível próxima as ruas afetadas, principalmente na
escola Emeif Maria Cecília Dezan Rocha. Portanto, pode-se afirmar que a área
apresenta um grande potencial para a instalação de tecnologias de drenagem
sustentável, basta desenvolver um plano que inclua a população e a escola.
Outro detalhe que deve ser notado é a condição das margens do córrego, neste
caso a manutenção e revitalização deve ser a prioridade, pois não há uma divisão
clara entre a rua e a área verde, situação que contribui para os problemas de
enchente e alagamentos na área. Após esta ação é possível implementar as medidas
presentes na tabela 8:

 Instalar um reservatório de detenção/retenção sobre a rua


Tremembé, onde a água terá acesso a partir de bueiros e bocas de
lobo;
 Contar com o apoio da população para a instalação de cisternas e
áreas ajardinadas nas residências;
 Parceria com a escola para aproveitar a área verde e os telhados
planos;
 Projeto com a participação das crianças para instalação de telhados
verdes;
 Projeto de educação ambiental na escola;
 Aproveitar as áreas permeáveis do bairro e da escola.

Já em outras áreas o apoio dos comerciantes locais é essencial para a


instalação de sistemas de drenagem sustentável, como é o caso da região do Ponto
de Enchente 2, mostrado na Figura 14.
45

Figura 14 - Foto aérea da região das ruas Oratório, Almada, Evangelista de Souza, Atabasca e
Balaclava

Fonte: GoogleMaps

Apesar de apresentar várias residências, fica evidente na foto aérea que as


áreas de destaque neste caso são os telhados dos comércios e a área verde
localizada no Sesi, por apresentarem tamanhos propícios para a instalação de
SUDS.
Ao estabelecer uma parceria com a população, com o Sesi e com os
comerciantes locais é possível instalar:

 Jardins suspensos nos telhados planos dos comércios e do Sesi;


 Reservatórios de retenção, detenção ou infiltração no espaço vazio,
na área verde do Sesi e/ou sobre a rua Oratório.

Além das medidas voltadas para a população citadas no exemplo anterior.


Outra situação em que tais medidas também podem ser utilizadas é da Figura 15, na
46

região do Ponto de Enchente 1.


Figura 15 - Foto aérea da região da Avenida Candido Camargo

Fonte: GoogleMaps

Nesta figura é possível observar que há uma área verde que pode ser
aproveitada, além de várias residências e telhados planos, portanto as medidas
citadas nos exemplos anteriores também se aplicam para esta região.
E por fim há o Ponto de Enchente 4, a região da foz do Córrego Oratório com o
Rio Tamanduateí que é representada na Figura 16, a área está localizada entre os
dois rios e apresenta uma ocupação majoritariamente industrial, já na margem direita
do córrego estudado a região é dominada por ocupações irregulares.
Na parte industrial é possível instalar nos telhados:

 Jardins suspensos;
 Tanques ou cisternas de armazenamento.

Na parte da ocupação irregular, por ser uma área densamente ocupada, as


soluções para a região seriam:

 Cisternas residenciais;
47

 Vielas e calçadas permeáveis.

Figura 16 - Foto aérea da região da foz do Rio Tamanduateí

Fonte: GoogleMaps

Percebe-se ainda que na margem esquerda do Rio Tamanduateí existe uma


grande área com estacionamentos, neste local é possível implementar todas as
medidas de redução do deflúvio superficial urbano para estacionamentos, que são:

 Cisternas sob estacionamento;


 Valas de cascalho;
 Pavimento permeável;
 Reservatório de concreto;
 Áreas de armazenamento gramadas ao redor do estacionamento;
 Canal Drenado;
 Faixas gramadas no estacionamento;
 Armazenamento de detenção para áreas impermeáveis.
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Todavia, medidas não-estruturais também são necessárias para a garantir o


controle das enchentes na região, pois elas apresentam uma natureza preventiva
que incentiva a população a se tornar resiliente às enchentes. De acordo com
Figueiredo (2000) tais medidas podem ser agrupadas da seguinte maneira:

 Regulamentação do uso da terra ou zoneamento de áreas


inundáveis;
 Construção à prova de enchente;
 Previsão e um sistema de alerta;
 Seguro.

Com esta combinação de medidas estruturais e não-estruturais pode-se afirmar


que a população irá usufruir não só com a redução das enchentes, mas também com
a elevação da qualidade ambiental da área. Mas para que o resultado final apresente
o melhor resultado possível deve-se reconhecer a necessidade de integrar o projeto
com outros setores.
Segundo Figueiredo (2000) é primordial ter uma relação com outros sistemas,
tais como o de abastecimento e tratamento de esgoto, para diminuir os impactos no
meio urbano. Essa visão integrada facilita na tomada de decisões que envolvem
ações preventivas e corretivas, tanto que o autor afirma que sistemas de drenagem
devem ser desenvolvidos juntamente com propostas de urbanização.

6.4. Recomendações

O desempenho de um projeto de drenagem sustentável depende de dados que


vão além dos mostrados neste documento, portanto para que a proposta obtenha um
resultado positivo é imprescindível que ocorra um estudo hidrológico aprofundado da
região.
Neste trabalho não foi realizado o estudo quantitativo do impacto das medidas
propostas no amortecimento das cheias na bacia do córrego. Sabe-se, no entanto,
que as técnicas compensatórias contribuem para a atenuação dos picos e volumes
de cheia, em especial para os eventos de maior recorrência (TRs mais baixos – 2, 5,
10 anos) e complementam o sistema de macrodrenagem composto por medidas
voltadas para TRs maiores, melhorando inclusive sua eficiência. Além disso, as
49

técnicas compensatórias nos lotes contribuem com a recarga dos aquíferos, com a
integração paisagística do rio com o meio urbano e promovem uma melhoria
significativa na qualidade das águas urbanas.
De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(2017) um estudo hidrológico deve coletar dados hidrológicos que permitam a
caracterização climática, pluviométrica, fluviométrica e geomorfológica da região
estudada, além de coletar elementos que permitam a definição das dimensões e
demais características físicas das bacias de contribuição (forma, declividade, tipo de
solo, recobrimento vegetal) tais como: levantamentos aerofotogramétricos, cartas
geográficas, levantamentos radamétricos, levantamentos fito pedológicos e/ou outras
cartas disponíveis.

A partir da análise desses dados é possível obter:

 Curvas de intensidade duração – frequência para 5, 10, 15, 25, 50 e


100 anos;
 Curvas de altura - duração – frequência para 5, 10, 15, 25, 50 e 100
anos;
 Histogramas das precipitações pluviométricas mensais mínimas,
médias e máximas;
 Histogramas com as distribuições mensais dos números de dias de
chuva mínimos, médios e máximos;
 Tabela contendo os valores extremos das vazões médias diárias;
 Tabela contendo as cotas das máximas cheias observadas na
região;
 Período de recorrência, tempo de concentração e coeficiente de
deflúvio.

Portanto, com a obtenção de tais dados, o projeto de drenagem urbana


sustentável terá o suporte necessário para ser desenvolvido adequadamente.
50

7. CONCLUSÃO

O conceito de drenagem sustentável visa manter a qualidade da água,


protegendo os recursos hídricos da poluição, mas também incentivando a recarga
natural das águas subterrâneas e fornecendo um habitat para a vida selvagem em
cursos d'água urbanos. Levando em consideração os resultados mostrados na
comparação feita entre os canais de Amsterdã e o Rio Pinheiros, os problemas com
enchentes na região do Córrego Oratório e as características do mesmo, pode-se
afirmar que a implementação de um sistema de drenagem sustentável é uma
alternativa fundamental para diminuir a ocorrência de enchentes na região,
considerando também os aspectos de qualidade da água.
Um projeto que proponha medidas que tornarão a região de estudo resiliente a
eventos como enchentes, além de se preocupar em integrar seus planos com outras
esferas relacionadas à água urbana apresenta uma maior chance de êxito, pois há
um risco de falha considerável ao se elaborar um sistema de drenagem urbana
sustentável que não leva em consideração os motivos para que os eventos ocorram.
Um dos fatores que influenciaram na escolha dessas medida, é a quantidade de
áreas livres ao redor do córrego e a condição das margens do mesmo. Além disso,
pode-se observar que durante ao longo do percurso do córrego a presença de
residências é significativa, portanto uma parceria com a população seria essencial
para a construção das soluções, já que diversas medidas de drenagem sustentável
podem ser aplicadas em áreas residenciais. Apesar de não ser uma medida que
aborde todos os problemas que envolvem a água urbana, a drenagem sustentável é
essencial para se iniciar o desenvolvimento de um plano de gestão de águas de uma
região, pois é possível contar com a participação da população no projeto.
Como a área estudada apresenta características físicas favoráveis e dados
disponíveis para a análise, o presente trabalho conseguiu elaborar um plano de
drenagem urbana sustentável condizente com a realidade da região, levando em
consideração os principais projetos propostos pelo setor público.
Portanto um projeto de drenagem urbana sustentável bem elaborado pode
contribuir para o surgimento de outros projetos que foquem não só no controle do
escoamento, mas também na qualidade da água urbana.
51

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