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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

JAMILLA REGINA TELLES

DIMENSIONAMENTO DE REDE DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO


CONSIDERANDO O USO DE DIÂMETROS NÃO PROGRESSIVOS CALCULADOS
COM O PROGRAMA SANCAD

Palhoça

2014
JAMILLA REGINA TELLES

DIMENSIONAMENTO DE REDE DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO


CONSIDERANDO O USO DE DIÂMETROS NÃO PROGRESSIVOS CALCULADOS
COM O PROGRAMA SANCAD

Trabalho apresentado a Universidade do Sul


de Santa Catarina, para Conclusão do Curso
de Graduação em Engenharia Ambiental e
Sanitária, como requisito parcial à obtenção
do título de Bacharel.

Orientador: Professor Carlos Roberto Bavaresco, Msc.

Palhoça

2014
AGRADECIMENTOS

A Deus, que está sempre presente em minha vida.

Aos meus pais Janete e Gilmar, pela educação, empenho e dedicação com que
caminharam comigo até aqui.

Ao meu irmão Dierry, pelo apoio e companheirismo, que me ajudaram em muitos


momentos.

A empresa PROSUL, que durante os cinco anos de curso, sempre me deu o apoio
necessário para um bom desempenho e aprendizado, em especial a minha
coordenadora Engenheira Hélia Laurea Dutra, que além de um grande exemplo
profissional se tornou uma amiga muito especial.

Aos colegas de trabalho, pela ajuda e paciência que sempre tiveram.

Aos amigos queridos pela compreensão, pois a ausência se tornou frequente nesses
cinco anos.

A Aline Ferreira Ali de Ávila, por toda a amizade e dedicação.

Aos mestres da UNISUL, por todo conhecimento transmitido, em especial ao meu


orientador Carlos Roberto Bavaresco, pelo aceite, paciência e auxilio necessário
para a execução desse trabalho.
RESUMO

O lançamento de esgotos sanitários em corpos hídricos no Brasil é um dos maiores


problemas ambientais e um crime a saúde pública. Pois a poluição por águas
residuais domésticas, além de deteriorar a qualidade dos corpos hídricos, torna-se
fonte de disseminação de diversas doenças. Em uma cidade urbanizada e civilizada,
é fundamental a implantação de rede de coleta e transporte, bem projetada e
operada, permitindo benefícios à vida da comunidade. Tendo em vista a importância
de uma rede coletora de esgoto, é fundamental levantar os diferentes padrões de
projeto, para se chegar ao melhor resultado. Para projetos dessa natureza,
contamos com um aplicativo de cálculo e desenho, SANCAD, e com ele podemos
simular diferentes opções de caminhamento para o esgoto. No fim buscar o melhor
traçado e o menor orçamento, para se tornar viável a sua implantação. Este trabalho
apresenta os diferentes resultados para um projeto de rede coletora e transporte de
esgoto sanitário, tendo como ponto de discussão utilizar ou não diâmetros
progressivos. Sendo que o resultado para bacias de pequeno porte, e com vazões
muito baixas não existiu a diferença nos cálculos, e para bacias de médio porte com
vazões relativamente altas, verificou-se uma redução no orçamento de apenas 2%.

Palavras-chave: Sistema de Esgotamento Sanitário; SANCAD; Calculo de


Rede Coletora de Esgoto; Diâmetros regressivos.
ABSTRACT

The raw sewage discharge into water bodies in Brazil is one of the biggest
environmental problems and it is a public health crime. That is because the pollution
from domestic wastewater deteriorates the quality of water bodies and it is also a
spreading source of several diseases. When it comes to an urbanized and civilized
city, it is fundamental to implement well designed and operated sewage collection
and disposal systems, which bring benefits to the community. Given the importance
of a sewage disposal system, it is essential to seek the different design patterns to
reach the best result. For such projects, we have an application of calculation and
design called SANCAD, which can simulate different pathway options for sewage
disposal. Thus, it is possible to choose the best layout and the smaller budget that
make the project implementation achievable. This paper presents different results for
a sewage collection and disposal system project and takes as a point of discussion
whether or not to use progressive diameters. And the result for small basins and with
very low flow rates there was a difference in the calculations, and for medium-sized
basins with relatively high flows, there was a reduction of only 2% in the budget.

Keywords: Sewage Collection and Disposal Systems; SANCAD; Sewage Collection


Network Dimensioning; Regressive Diameter.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Rede coletora perpendicular. ..................................................................... 21


Figura 2- Rede coletora leque. .................................................................................. 22
Figura 3- Rede coletora radial. .................................................................................. 22
Figura 4- Localização dos coletores na via pública. .................................................. 23
Figura 5- Modelo de Estação elevatória de esgoto. .................................................. 38
Figura 6- Delimitação da Bacia 01. Município A. ....................................................... 41
Figura 7- Delimitação da Bacia 04. Município B. ....................................................... 42
Figura 8- Delimitação da Bacia 01. Município C........................................................ 43
Figura 9- Dados hidráulicos....................................................................................... 46
Figura 10- Rotina de cálculo...................................................................................... 47
Figura 11- Planilha de dimensionamento. ................................................................ 48
Figura 12- Rede coletora gerada com CASANCAD .................................................. 49
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Profundidades recomendadas pela SABESP............................................ 28


Tabela 2: Dados de quantitativos da bacia 01, com DN progressivo. Município C ... 52
Tabela 3: Dados de quantitativos da bacia 01, com DN progressivo. Município C ... 54
Tabela 4: Orçamento comparativo de Rede de Esgoto para as bacias de estudo com
suas extensões de coletores ..................................................................................... 56
Tabela 5: Diâmetros dos coletores por Bacias. Municípios A e B ............................. 57
Tabela 6: Diâmetros dos coletores. Município C ....................................................... 57
Tabela 7: Coletores com DN 150 mm. Percentual por Bacia .................................... 57
LISTA DE SIGLAS

UNISUL: Universidade do Sul de Santa Catarina

SES: Sistema de Esgotamento Sanitário

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR: Norma Brasileira

PV: Poço de Visita

TL: Terminal de Limpeza

CI: Caixa de Inspeção

EEE: Estação Elevatória de Esgoto

DN: Diâmetro Nominal

EMI: Emissário de Esgoto


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

1.1 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 14

1.2 OBJETIVOS.................................................................................................... 15

1.2.1 Objetivo geral.................................................................................................. 15

1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 16

2.1 ESGOTOS SANITÁRIOS ............................................................................... 16

2.2 TIPOS DE SISTEMAS DE ESGOTAMENTOS SANITÁRIOS ........................ 17

2.3 PARTES CONSTITUINTES DE UM SISTEMA DE ESGOTAMENTO ............ 18

2.4 NORMAS PARA PROJETOS DE REDE DE ESGOTO .................................. 19

2.5 CONCEPÇÃO DA REDE COLETORA ........................................................... 19

2.5.1 Órgãos Acessórios de Rede ........................................................................... 19

2.5.2 Tipo de Traçado de Rede Coletora ................................................................. 20

2.5.3 Posicionamento dos Coletores ....................................................................... 23

2.6 ESTUDO DEMOGRÁFICO ............................................................................. 24

2.6.1 Métodos para estudo demográfico ................................................................. 24

2.7 FUNDAMENTOS DO PROCESSO DE CÁLCULO ......................................... 26

2.7.1 Profundidade do coletor .................................................................................. 27

2.7.2 Regime hidráulico de escoamento .................................................................. 28

2.7.3 Coeficiente de Retorno (C) ............................................................................. 28

2.7.4 Contribuição “per capita” (Q) .......................................................................... 29

2.7.5 Vazões totais .................................................................................................. 29

2.7.6 Contribuição de infiltração (CI) ....................................................................... 30

2.7.7 Plano de escoamento ..................................................................................... 31


2.7.8 Taxa de contribuição....................................................................................... 31

2.7.9 Diâmetro ......................................................................................................... 33

2.7.10 Declividades ................................................................................................... 33

2.7.11 Lâmina Líquida ............................................................................................... 34

2.7.12 Controle de remanso ...................................................................................... 34

2.7.13 Tensão trativa ................................................................................................. 35

2.7.14 Velocidade crítica ........................................................................................... 36

2.8 ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ESGOTOS E EMISSÁRIOS ....................... 36

3 METODOLOGIA ................................................................................................... 39

3.1 DIMENSIONAMENTO .................................................................................... 39

3.2 DELIMITAÇÃO DAS BACIAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO .................. 39

3.3 ESTUDO POPULACIONAL DO PROJETO .................................................... 39

3.4 SANCAD..... .................................................................................................... 39

3.4.1 Características gerais ..................................................................................... 40

3.4.2 Características técnicas .................................................................................. 40

3.5 DIMENSIONAMENTO DA REDE COLETORA DE ESGOTO ........................ 41

3.5.1 Áreas de estudo .............................................................................................. 41

3.5.2 Dimensionamento do sistema de coleta de efluentes ..................................... 43

3.5.3 Dimensionamento com o SANCAD ................................................................ 46

3.5.4 Criação gráfica com o CASANCAD ................................................................ 48

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 50

4.1 CARACTERÍSTICAS DAS ÁREAS DE PROJETO ......................................... 50

4.2 RESULTADOS DOS PROJETOS DE REDE COLETORA USANDO A


MUDANÇA DE DIÂMETROS ......................................................................... 50

4.2.1 Levantamento Quantitativo ............................................................................. 51

4.2.2 Orçamento das bacias de esgotamento sanitário ........................................... 55


4.3 DISCUSÃO DOS RESULTADOS ................................................................... 55

4.3.1 Resumo de diâmetros ..................................................................................... 57

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 58

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 60

ANEXO 1................................................................................................................... 61

ANEXO 2................................................................................................................... 62

ANEXO 3................................................................................................................... 63

ANEXO 4................................................................................................................... 64
1 INTRODUÇÃO

O saneamento básico e uma das principais atribuições do poder público,


sendo que estas atividades devem ser universalizadas para toda a população. Estas
atividades compreendem coleta de resíduos, drenagem urbana, abastecimento de
agua e esgotamento sanitário.
A falta de tratamento do esgoto e condições inadequadas de saneamento
pode contribuir para a proliferação de inúmeras doenças parasitárias e infecciosas,
além da degradação de corpos hídricos, que poluindo áreas receptoras pode causar
desequilíbrios ecológicos e destruir os recursos naturais da região atingida ou
mesmo dificultando o aproveitamento desses recursos naturais pelo homem. A
disposição adequada dos esgotos é essencial para a proteção da saúde humana e
uma questão de qualidade de vida.
A situação do saneamento básico na Região Sul e, especialmente, em Santa
Catarina também não e diferente. Considerado um dos estados com melhor
qualidade de vida do país, Santa Catarina vem se destacando negativamente no que
diz respeito à coleta e tratamento dos esgotos domésticos, segundo Felipe Piccinini
(2011) hoje esta atingindo uma cobertura de 18% da população urbana do Estado,
uma das piores do País.
Qualquer projeto, inclusive o básico, é obrigatoriamente precedido de
levantamentos de dados e de estudos preliminares, destacando-se esta
obrigatoriedade na NBR 9648/1986 – Estudo de concepção de sistemas de esgoto
sanitário, na NBR 9649/1986 – Projetos de redes coletoras de esgoto sanitário.
Estes elementos preliminares são, juntamente com o programa de necessidades, os
fundamentos de qualquer projeto, devendo ser detalhadamente demonstrados.
A NBR 9648/1986, itens 2.2 e 3.2.15, e a NBR 12266/1992, item 4.1.3,
obrigam que o conjunto de elementos preliminares e de projetos deve permitir a
observação da vantagem econômica da concepção adotada de rede coletora de
esgotos.

13
O grande peso dos custos das redes coletoras no conjunto dos
sistemas de esgotamento sanitário pode ser observado no trabalho acadêmico de
Giovana Martinelli da Silva e Ricardo Franci Gonçalves (SILVA; GONÇALVES,
2005), e Sobrinho e Tsutiya (2000, pág. 24), onde se indica que redes de esgotos
representam cerca de 75% do custo de implantação de um sistema de esgoto
sanitário, os coletores tronco 10%, as elevatórias 1%, e as estações de tratamento
14%.
Vivemos em um país em que os recursos públicos são escassos nas áreas
mais importantes para o ser humano, como em educação e saúde, assim se torna
inteligente a utilização desses recursos em saneamento, pois pode proporcionar
uma vida mais duradoura para um número maior de pessoas.
Com a importância de se projetar redes de coleta, analisar melhores opções
de traçado e buscar menores orçamentos, contamos com o auxílio do SOFTWARE
SANCAD, para obter diferentes resultados de acordo com os padrões oferecidos
pelo programa. Veremos projetos de uma mesma área utilizando diâmetros
progressivos e regressivos quando possível, atendendo as normas e analisando
orçamentos.

1.1 JUSTIFICATIVA

Para a execução de um projeto de rede coletora de esgotos, deve ser


considerado o custo da obra. Muitas vezes custos elevados podem inviabilizar a
implantação das redes coletoras de esgoto. Tendo isso como princípio, esse
trabalho procura mostrar o comportamento dos projetos usando a mudança de
diâmetros como critério de pesquisa, para uma mesma área.

14
1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Comparar o dimensionamento de redes coletoras considerando o uso de


diâmetros não progressivos, mostrando os diferentes resultados em projetos
assistidos pelo programa de cálculo SANCAD.

1.2.2 Objetivos específicos

a. Analisar alternativas de traçado em uma determinada área de projeto de


esgotamento sanitário;
b. Realizar o dimensionamento de rede coletora de esgotos de uma
determinada região, com diferentes padrões de projetos;
c. Levantar os pontos diferenciados em cada alternativa de projeto;

15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para permitir uma compreensão do assunto foram levantados os


conceitos imprescindíveis para implantação de redes coletoras de esgotos
sanitários. Com base nas normas da ABNT NBR 9648/1986, NBR 9649/1986, NBR
14486/2000, no livro “Coleta e transporte de esgoto sanitário”, de Milton Tomoyuki
Tsutiya e Pedro Além Sobrinho, editado pelo Departamento de Engenharia
Hidráulica a Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, e no livro
“Rede de Coleta de Esgoto Sanitário”, de José Almir Rodrigues Pereira e Jaqueline
Maria Soares da Silva, serão apresentados conceitos básicos relativos a elaboração
de projetos de sistema de coleta e transporte.

2.1 ESGOTOS SANITÁRIOS

De acordo com a obra de José Almir Rodrigues (2006), podemos afirmar


que a água utilizada nas atividades humanas possui características que tornam
improprio seu consumo e retorno ao meio ambiente. De modo geral, é denominada
de água residuária e representa diferenças que variam de acordo com esse uso.
Assim, água residuária e a massa liquida que apresenta partículas,
compostos químicos ou microrganismos que tornam imprópria sua utilização ou
reaproveitamento, requisitando, portanto, condicionamento ou tratamento antes de
reuso ou destinação final. Como exemplos podem ser citados os esgotos
domésticos, ou efluentes de processos industriais e os líquidos percolados em
células de aterros sanitários, chorume ou sumeiro.
Na engenharia é utilizada a denominação esgoto sanitário para a água
residuária formada por contribuições de esgoto doméstico, de esgoto industrial e de
águas de infiltração que entram indevidamente nas tubulações coletoras.

16
Normalmente, o esgoto doméstico representa o maior volume do esgoto
sanitário. É formada por material fecal e águas servidas provenientes de banheiros,
cozinhas, outras instalações hidro sanitárias de residências, prédios comerciais,
instalações públicas, além de contribuições especiais de estabelecimentos de
serviços de saúde.
De acordo com as características, o esgoto sanitário pode ser classificado
em fraco, médio e forte, tendo vazão e concentrações influenciadas por fatores
controláveis, como tipo de material, processo construtivo de rede coletora,
eliminação de ligações clandestinas de água pluvial, qualidade do abastecimento de
água, etc. e por fatores de difícil controle, como condições climáticas, hábitos
higiênicos e características socioeconômicas da comunidade, etc.
A coleta, tratamento e destinação final se tornam imprescindíveis. Pois é
um efluente rico em carga orgânica e principal poluidor de rios em centros urbanos.

2.2 TIPOS DE SISTEMAS DE ESGOTAMENTOS SANITÁRIOS

Os sistemas coletivos de rede de esgoto são indicados para locais com


elevada densidade populacional, como em centros urbanos. Esta solução consiste
implantar canalizações que recebem o lançamento de esgotos, transportando-os ao
seu destino final, onde terá seu tratamento de forma sanitária adequada. Assim os
sistemas urbanos de esgotamento podem ser de três tipos:

1. Sistema unitário – Consiste em coletar águas pluviais, de esgotos


domésticos e de despejos industriais em um único coletor;
2. Sistema separador parcial – Uma parcela das águas de chuva,
proveniente de telhados e pátios das economias são
encaminhadas juntamente com águas residuárias e águas de
infiltração do subsolo para um único sistema de coleta e transporte
de esgoto, (Tsutiya, 2000, pág. 3);

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3. Sistema separador absoluto – Neste sistema o esgoto doméstico e
o industrial ficam completamente separados da drenagem pluvial,
formando assim dois sistemas independentes;

2.3 PARTES CONSTITUINTES DE UM SISTEMA DE ESGOTAMENTO

Segundo Tsutiya (2000, pág. 5) a concepção do sistema deverá estender-


se às suas diversas partes, relacionadas e definidas a seguir:
a) Tubo coletor: compreende ao conjunto de canalizações destinadas a receber
contribuição em qualquer ponto ao longo do seu comprimento;
b) Coletor principal: é todo coletor, cujo diâmetro é superior ao mínimo
estabelecido a rede;
c) Coletor tronco: é a canalização de maior diâmetro, que recebe apenas as
contribuições de vários coletores de esgoto, conduzindo-os a um interceptor
ou emissário;
d) Interceptor: é a canalização que recebe a contribuição dos coletores tronco e
de alguns emissários;
e) Emissário: é o conduto final de um sistema coleta de esgoto sanitário,
destinado ao afastamento dos efluentes da rede para o ponto de lançamento
(descarga) ou de tratamento, recebendo contribuições apenas na
extremidade de montante;
f) Sifão invertido: destina-se à transposição de obstáculo pela tubulação de
esgoto, funcionando sobre pressão;
g) Estação elevatória: é toda a instalação construída e equipada de forma a
poder transportar o esgoto do nível de sucção ou de chegada, ao nível de
recalque ou saída;
h) Corpo receptor: corpo de água onde são lançados os esgotos tratados;
i) Estação de tratamento: é um conjunto de instalações destinadas à
depuração dos esgotos, antes do seu lançamento ao corpo receptor.

18
2.4 NORMAS PARA PROJETOS DE REDE DE ESGOTO

Em 1985, como exposto por Sobrinho e Tsutiya (2000), a ABNT iniciou a


revisão de projetos de normas para os sistemas de esgoto sanitário por comissões
de técnicos de diversas entidades, originando as Normas Brasileiras da ABNT, que
são as seguintes:
• NBR 9648 – Estudo de Concepção de Sistemas de Esgoto Sanitário,
promulgada em 1986;
• NBR 9649 – Projetos de Redes Coletoras de Esgoto Sanitário,
promulgada em 1986;
• NBR 12207 – Projetos de Interceptores de Esgoto Sanitário, promulgada
em 1992;
• NBR 12208 – Projetos de Estações Elevatórias de Esgoto Sanitário,
promulgada em 1992;
• NBR 12209 – Projeto de Estações de Tratamento Sanitário, promulgada
em 1992.

2.5 CONCEPÇÃO DA REDE COLETORA

2.5.1 Órgãos Acessórios de Rede

Nos esgotos existem a presença de uma grande quantidade de sólidos


orgânicos e minerais, devido a esse fato e ainda pela necessidade da rede coletora
funcionar como conduto livre, é preciso que as canalizações tenham dispositivos que
evitem ou minimizem entupimentos nos pontos singulares das tubulações, como
curvas, pontos de afluência de tubulações, possibilitando ainda o acesso de pessoas
ou equipamentos nesses pontos, Sobrinho e Tsutiya (2000, pág. 14).

19
Até algum tempo atrás, o dispositivo mais usado era o poço de visita,
entretanto devido ao alto custo dos PVs, e a evolução dos processos de limpeza das
tubulações que, atualmente é feita por equipamentos mecânicos sofisticados, os
poços de visita vêm sendo substituídos, em alguns casos, por dispositivos mais
simples e econômicos que são:
• Terminal de Limpeza (TL): Tubo que permite a introdução de
equipamento de limpeza e é utilizado no início dos coletores;
• Caixa de Passagem (CP): Câmaras sem acesso implantadas em
curvas e mudanças de declividade;
• Tubo de Inspeção e Limpeza (TIL): Dispositivo não visitável que
permite inspeção e introdução de equipamentos de limpeza.
A utilização desses dispositivos atende a norma NBR 9649 de 1986.

2.5.2 Tipo de Traçado de Rede Coletora

Ainda de acordo com Sobrinho e Tsutiya (2000), o traçado das redes


coletoras de esgoto está intimamente ligado a morfologia da área de projeto,
buscando-se tirar proveito dos declives existentes e dos efeitos da gravidade. Assim,
pode se ter os seguintes tipos de rede:
Perpendicular: O traçado perpendicular ocorre quando a cidade é
atravessada ou circundada por cursos d’água. A rede de esgoto compõe-se de
vários coletores tronco independentes, com traçado tendendo à perpendicularidade
ao curso da água. Um interceptor margeando o curso da água recebe os coletores
tronco (Figura 1).
Leque: O tipo de traçado leque é estabelecido em áreas acidentadas. Os
coletores correm pelos fundos dos vales ou pela parte baixa das bacias, e recebem
os coletores secundários, formando um traçado em forma de espinha de peixe
(Figura 2).

20
Radial ou Distrital: O tipo de traçado radial ou distrital é estabelecido em
áreas planas. A área é dividida em setores independentes e, em cada um criam-se
pontos baixos, para onde são direcionados os esgotos para serem recalcados para o
destino final (Figura 3).

Figura 1- Rede coletora perpendicular.

Fonte: TSUTIYA, 2000.

21
Figura 2- Rede coletora leque.

Fonte: TSUTIYA, 2000.

Figura 3- Rede coletora radial.

Fonte: TSUTIYA, 2000


22
2.5.3 Posicionamento dos Coletores

Segundo Sobrinho e Tsutiya (2000, pág. 18), as alternativas de localização de


rede coletora são: no eixo, no terço e no passeio (Figura 4).

Figura 4- Localização dos coletores na via pública.

Fonte: Sobrinho e Tsutiya (2000, pág. 19).

1. No terço a tubulação é assentada a uma distância de 0,40 m do alinhamento


das sarjetas. É utilizada sistematicamente.
2. No eixo é recomendado para regiões onde as galerias de drenagem estão
localizadas no terço ou passeio. Também é indicada para ruas ainda não
pavimentadas.
3. No passeio é teoricamente o mais indicado. Poderão ser utilizados quando já
não estiver sendo usados por outras estruturas, quando tiverem largura mínima de
1,50 m, possuir casas com alinhamentos recuados, posteamento e arborização
alinhadas junto as guias.

23
2.6 ESTUDO DEMOGRÁFICO

Para o dimensionamento da rede coletora é necessário definir a população


que irá ser atendida ao longo do período de projeto a fim de determinar a vazão e a
capacidade de escoamento dos condutos. Para Martins (1993) e necessário que
alguns itens sejam seguidos para formulação do estudo demográfico do município:
a) Levantamento, nos últimos quatro censos, dos dados populacionais da sede
do município e distritos, quanto a população residente urbana e rural e
número de habitantes por domicilio considerando a população residente e
domicílios ocupados;
b) Levantamento e mapeamento dos setores censitários da área de projeto, sua
população residente e número de domicílios ocupados nos últimos dois
censos;
c) Levantamento dos dados mais atuais do número de ligações de luz e ligações
de agua (residenciais, comerciais, industrias e públicas), bem como os
respectivos índices de atendimento;
d) Pesquisas de campo com amostra representativa da área de projeto, para
definir os parâmetros urbanísticos e demográficos da ocupação atual, assim
como diferentes usos, padrão econômico, tamanho médio do lote, domicilio
por lote, habitantes por domicilio, índice de verticalização;
e) Análise do Plano Diretor do Município quanto a sua real utilização e
atualidade, bem como as diretrizes futuras;
f) Analise socioeconômica do município e seu papel na região e/ou sub-região
em que se insere.

2.6.1 Métodos para estudo demográfico

Com este campo de observação propostos por Martins, projeta-se a escolha


da base de dados para estimativa populacional. Para municípios de pequeno porte é

24
difícil a coleta destes dados por distinção de áreas de ocupação. Não há distinção
de bairros e somente existem números gerais que expressam a realidade do
crescimento populacional como um todo.
Desta forma, aplica-se para estes estudos a base de dados fornecida por
órgãos públicos, que exprimem a população residente para toda a extensão do
município. Com esta base de dados é sugerida por Tsutiya (2000) três métodos de
estimativa populacional: método dos componentes demográficos, métodos
matemáticos e método da extrapolação gráfica.

• Método dos componentes demográficos

Este método considera as seguintes variáveis de tendências passadas:


fecundidade, mortalidade e migração. E são formuladas hipóteses de
comportamentos futuros.

• Métodos matemáticos

Neste caso são feitas previsões de população futura através de equações


matemáticas, destacando-se:
O método aritmético - apresenta um crescimento populacional segundo uma
taxa aritmética constante. O número de habitantes de um ano para o outro sofre o
mesmo acréscimo.
O método geométrico - o crescimento populacional é proporcional a
população existente em um determinado ano. Este método considera que o
logaritmo da população varia linearmente.
O método da curva logística - admite-se que o crescimento obedece a uma
relação matemática do tipo curva logística (curva em forma de S), nos quais a
população cresce em função do tempo para um valo limite de saturação. A curva
logística possui três trechos distintos: o primeiro corresponde a um crescimento

25
acelerado, o segundo a um crescimento retardado e o último a um crescimento
tendente a estabilização.

• Método de extrapolação gráfica

Consiste no traçado de uma curva arbitrária que se ajusta aos dados já


observados, sem ter a preocupação de se estabelecer a equação da mesma. As
extrapolações ou previsões de populações futuras se obtém prolongando a curva, de
acordo com a tendência verificada e usando um julgamento próprio.
Dentro da estimativa populacional é necessária a previsão de saturação do
município. Essa saturação compreende o limite máximo de crescimento. Estabelece
a população limite atendida pelo projeto da rede coletora de esgoto. Para esta
estimativa são seguidas as recomendações de Martins (1993), utilizando o plano
diretor e suas diretrizes para definição dos contornos de crescimento.

2.7 FUNDAMENTOS DO PROCESSO DE CÁLCULO

Uma rede coletora de esgoto é um conjunto complexo de condutos


interligados entre si nos nós da rede, cobrindo as ruas da localidade a que serve,
podendo ser uma canalização única por rua (as chamadas redes simples) ou mais
de uma por rua (rede dupla, uma em cada calçada), onde em cada nó, ou ponto de
singularidade é projetado um órgão acessório, como um poço de visita ou um poço
de limpeza nas cabeceiras (início da rede).
Com base no comprimento total da rede, a população a ser esgotada em
início e fim de plano (saturação) e os parâmetros de consumo de água, como per
capita, coeficiente de máxima vazão diária K1 e coeficiente de máxima vazão horária
K2, o coeficiente de retorno e com a taxa de infiltração, determina-se a vazão de
coleta linear, em l/s.m, para início e final de plano assumida uniforme ao longo de

26
cada trecho. As vazões calculadas nos trechos propagam-se das cabeceiras para as
pontas, até atingir seu maior valor no trecho mais próximo ao ponto final da rede.
Desta forma, com as vazões de início e fim de plano para cada trecho calcula-
se o diâmetro, a declividade, tensão trativa e a velocidade crítica ao longo do
escoamento.

2.7.1 Profundidade do coletor

Segundo a NBR 9649/1986, a profundidade deve ser determinada de modo a


permitir o esgotamento sanitário dos imóveis existentes ao longo dos logradouros
em que ela é assentada e para atender as condições de recobrimento mínimo, para
proteção da tubulação.
Se quisermos proteger os coletores contra cargas externas, devemos
assegurar um recobrimento mínimo. A referida norma estabelece que esse valor não
deve ser inferior a 0,90 metro para coletor instalado no leito da via de tráfego, ou a
0,65 metro para coletor assentado no passeio.
Sobre a profundida máxima, a NBR 9649/1986 estabelece que a rede coletora
não deve ser aprofundada para atendimento de economia com cota de soleira
abaixo do nível da rua.
Nos casos em que o atendimento for necessário, devem ser feitas análises de
conveniência do aprofundamento, considerando os seus efeitos nos trechos
subsequentes e comparando-os com outras soluções.
Geralmente, coletores com mais de 4,0 m de profundidade são projetados
com redes coletoras auxiliares mais rasas, para receberem as ligações prediais.
Para Sobrinho e Tsutiya (2000, pág. 132), a profundidade ideal é aquela que
proporciona a coleta e o afastamento dos esgotos com aplicação racional dos
recursos financeiros e da tecnologia disponível. Observa-se nestes autores que a
experiência acumulada da SABESP no Estado de São Paulo recomenda as
profundidades mínimas indicadas na Tabela 1, a seguir:

27
Tabela 1: Profundidades recomendadas pela SABESP.
Localização na Capital, Região Baixada Santista
via pública Metropolitana e Interior e Litoral Norte
Redes no passeio 1,20m 0,90m
Redes no terço 1,40m 1,10m
Redes no eixo 1,50m 1,20m
Redes no terço oposto 1,60m 1,30m
Redes em ruas não 1,60m 1,40m
pavimentadas
Fonte: Sobrinho e Tsutiya (2000, pág. 132)

2.7.2 Regime hidráulico de escoamento

As redes coletoras são projetadas para funcionar como conduto livre em


regime permanente e uniforme, de modo que a declividade da linha de energia
equivale à declividade da tubulação e é igual à perda de carga unitária.
A norma NBR 9649/1986 da ABNT recomenda que, em qualquer trecho de
rede coletora, o menor valor da vazão a ser utilizada nos cálculos é de 1,5 l/s,
correspondente ao pico instantâneo de vazão decorrente da descarga do vaso
sanitário. Sempre que a vazão de jusante do trecho for inferior a 1,5 l/s, para
cálculos hidráulicos deste trecho deve-se utilizar o valor de 1.5 l/s.

2.7.3 Coeficiente de Retorno (C)

É a relação média entre os volumes de esgoto produzido e a água


efetivamente consumida. A norma brasileira NBR 9649/1986, recomenda o valor de
C=0,8 quando inexistem dados locais oriundos de pesquisas.

28
Portanto, esse coeficiente representa a parcela da água que, efetivamente,
será transformada em esgoto.

2.7.4 Contribuição “per capita” (Q)

É a vazão média anual que cada habitante da comunidade lançará na rede


coletora de esgoto. Seu valor tem muita variação, pelo falo da mudança de hábitos
de cada região, e também da natureza de ocupação dessas mesmas áreas, como:
residencial, comercial, industrial e outras.
O valor da contribuição pode mudar também ao longo do tempo, conforme se
modifiquem os hábitos populacionais de uma mesma área, ou mesmo o poder
aquisitivo de seus habitantes.

2.7.5 Vazões totais

Segundo Tsutiya (2000), para o dimensionamento da rede coletora publica de


esgoto, são necessárias as vazões máximas de final de plano, que define a
capacidade que deve atender o coletor, e a vazão máxima horaria de um dia
qualquer (não inclui K1, porque não se refere ao dia de maior contribuição) do início
do plano, que é utilizado para se verificar as condições de autolimpeza do coletor,
que deve ocorrer pelo menos uma vez ao dia.
Para determinação da vazão de coleta linear é necessário a quantificação da
população total atendida e a definição de parâmetros de consumo de água como per
capita, coeficiente diário K1 e horário K2 e K3, coeficiente de retorno e de infiltração.
Além disso, devem ser somadas as vazões concentradas singulares oriundas de
indústrias, hospitais, escolas, quarteis, etc., e também de áreas de expansão
previstas no projeto.
O consumo de água per capita confere a quantidade de esgoto gerada por
individuo de acordo com os dados históricos de consumo de água.

29
Para os coeficientes de variação de vazão a NBR 9649/1986 recomenda os
seguintes valores:
a) Dia de maior consumo K1 = 1,2;
b) Hora de maior consumo K2 = 1,5;
c) Hora de menor consumo K3 = 0,5.

Segundo Tsutiya (2000), o coeficiente de retorno é a relação entre o volume


de esgoto recebido na rede coletora e o volume de água efetivamente fornecido a
população.
Para o cálculo de vazões de contribuição doméstica, temos:

• Vazão máxima de início de plano:

× × ×
= +
86400

• Vazão máxima de final de plano:

× × × 1× 2
= +
86400

2.7.6 Contribuição de infiltração (CI)

Como mencionado por Sobrinho e Tsutiya (2000, pág. 57), as contribuições


indevidas em uma rede de esgoto podem ser do subsolo, chamadas de infiltrações,
ou podem ser do encaminhamento acidental ou clandestino de águas pluviais. A
NBR 9649 de ABNT recomenda que seja considerada apenas a infiltração no cálculo
do projeto de rede. Já as contribuições de águas pluviais, segundo a NB 568 da
ABNT, devem ser consideradas apenas para cálculos de extravasores de
interceptores de esgoto sanitário.
30
As águas de infiltração subterrâneas têm origem no subsolo, e penetram nos
sistemas através dos seguintes meios: pelas juntas das tubulações; pelas paredes
das tubulações; através das estruturas dos poços de visita, tubos de inspeção e
limpeza, caixas de passagens, estações elevatórias, etc.
A NBR 9649/1986 indica que na inexistência de dados locais oriundos de
pesquisas podem ser utilizados valores entre 0,05 e 1,00 l/s.Km, que devem ser
justificados, demonstrando a importância desta contribuição nos cálculos dos
coletores.

2.7.7 Plano de escoamento

As redes coletoras são projetadas par funcionar como conduto livre em


regime permanente e uniforme, de modo que a declividade da linha de energia
equivale à declividade da tubulação e é igual à perda de carga unitária. (Sobrinho e
Tsutiya, 2000, pág. 102).
A norma NBR 9649/1986 da ABNT recomenda que, em qualquer trecho da
rede coletora, o menor valor da vazão a ser utilizada nos cálculos é 1,5 l/s, que
corresponde ao pico instantâneo de vazão decorrente de descarga de vaso
sanitário.

2.7.8 Taxa de contribuição

Segundo Tsutiya (2000), as taxas de contribuição para o cálculo das redes


coletoras de esgoto são normalmente referidas à unidade de comprimento dos
coletores (metro ou quilômetro), ou à unidade de área esgotada (hectare). Para cada
área de ocupação homogênea deve ser definida uma determinada taxa. Portanto,
em uma bacia pode haver mais de uma taxa de contribuição.
Para determinar as taxas de contribuição é necessário considerar as
contribuições de esgoto doméstico e águas de infiltração.

31
Se na área existirem contribuições concentradas, essas não devem ser
consideradas nas taxas de contribuição. Tais vazões devem ser acrescentadas às
vazões do início de trecho da rede coletora.
No caso de rede coletora simples e quando referido à unidade de
comprimento é calculado pelas seguintes expressões:

• Taxa de contribuição linear para início de plano – Txi (l/s.m ou l/s.km)

2× .
= +

• Taxa de contribuição linear para final de plano – Txf (l/s.m ou l/s.km)

1× 2× .
= +

Onde: Li, Lf = comprimento da rede de esgotos inicial e final, m ou km;


Tinf = taxa de contribuição de infiltração, l/s.m ou l/s.km.
A taxa de contribuição por unidade de área pode ser obtida pelas seguintes
expressões:

• Taxa de contribuição inicial – Tai (l/s.ha)

2× .
= + x

• Taxa de contribuição final – Taf (l/s.ha)

1× 2× .
= + x

Onde: ai, af = área abrangida pelo projeto, há;


Tinf.a = taxa de contribuição de infiltração por unidade de área, l/s.ha.

32
2.7.9 Diâmetro

A NBR 9.649/86 admite o diâmetro de 100 mm (DN 100) como mínimo a ser
utilizado em redes coletoras de esgoto sanitário, entretanto por segurança é adotado
nos projetos o diâmetro mínimo igual a 150 mm (DN 150). Tsutiya e Sobrinho (2000,
pág. 102).
Para verificação do diâmetro da rede coletora observa-se a lâmina d’água, e
caso esteja superior a 75% é elevado o diâmetro do coletor.

2.7.10 Declividades

Já a determinação da declividade está vinculada a dois conceitos: a


autolimpeza e a economia do investimento, direta e fortemente ligada às
profundidades de assentamento dos condutos. Esses conceitos definem duas
declividades:
a) A declividade mínima: que deve garantir o deslocamento e o transporte
dos sedimentos usualmente encontrados no fluxo do esgoto, provendo
a autolimpeza dos condutos, em condições de vazões máximas de um
dia qualquer, no início do plano (Qi). A declividade a ser adotada
deverá proporcionar, para cada trecho de rede, uma tensão trativa
média igual ou superior a 1,0 Pa. Na NBR 9649, recomenda a
declividade mínima de acordo com a seguinte expressão:

Imin = 0,0055 × Qi%&,'(

Em que:
Imin = Declividade mínima em m/m;
Qi = Vazão inicial em L/s.

33
2.7.11 Lâmina Líquida

Conforme Tsutiya (2000, pág. 103), nas redes coletoras as tubulações são
projetadas para funcionar com lamina igual ou inferior a 75% do diâmetro da
tubulação, destinando-se a parte superior da tubulação à ventilação do sistema e às
imprevisões excepcionais de nível dos esgotos.
O diâmetro que atende à condição Y/D = 0,75, pode ser calculado pela
equação:
,
) = *0,0463 √. /0,375

Onde:
D = diâmetro, m;
Qf = vazão final, m3/s;
I = declividade, m/m

2.7.12 Controle de remanso

Segundo Tsutiya e Sobrinho (2000), sempre que a cota do nível de água de


qualquer PV e TIL ficar acima de qualquer das cotas de níveis de água de entrada,
deve ser verificada a influência de remanso no trecho de montante.
Nos projetos de rede coletora de esgoto, onde exista um aumento no
diâmetro da tubulação, para se evitar o remanso, pode-se fazer coincidir a geratriz
superior dos tubos. Isso ocorrerá quando se trabalhar com profundidades mínimas.
Em casos de profundidades superiores a mínima, é comum adotar a
pratica de coincidir os níveis de água de montante e de jusante. E quando ocorrer
casos de mais de um coletor afluente, o nível de água de jusante deverá coincidir
com o nível de água mais entre os coletores a montante.

34
2.7.13 Tensão trativa

No esgoto sanitário, além das substâncias orgânicas e minerais dissolvidos,


leva também substâncias coloidais e sólidas de maior dimensão, em mistura que
pode formar depósitos nas paredes e no fundo dos condutos, o que não é
conveniente para o seu funcionamento hidráulico. A tensão trativa atua de forma a
evitar a deposição destes sólidos nas paredes da tubulação, formação de sulfetos
HS- e a formação e desprendimento de gás sulfídrico e promover a autolimpeza.

A NBR 9649/86 adota o critério da tensão trativa mínima igual 1Pa, na qual é
definida como a força tangencial unitária aplicada às paredes do coletor pelo líquido
em escoamento. Calculada para a vazão inicial e coeficiente de manning (n = 0,013).
Para isso, pode ser utilizada a seguinte equação:

0 = 1 × 23 × 45
Em que:
1= Peso específico (N/m³);
RH = Raio Hidráulico (m);
45 = Declividade de projeto da tubulação (m/m).

No cálculo da tensão trativa é necessário a definição do coeficiente de


rugosidade de Manning. Este coeficiente depende do diâmetro, da forma, do
material da tubulação e das características do esgoto. Embora esse coeficiente seja
determinado em função dos fatores citados, tem sido normalmente utilizado em
escoamento de esgoto o valor de 0,013. Segundo Metcalf e Eddy (1981), esse valor
deve ser mantido, mesmo quando se utilizam materiais inicialmente menos rugosos
e com comprimentos maiores do que as tubulações tradicionais, devido ao fato que,
em um sistema de esgotamento sanitário, a quantidade de dispositivos como
ligações, poços de visita, terminais de limpeza e demais singularidades permanece o
mesmo, independentemente do tipo de material da tubulação utilizada.
35
2.7.14 Velocidade crítica

Segundo TSUTYA (2000), no caso de escoamento de esgoto, o


conhecimento da mistura água-ar e de grande importância, principalmente quando a
tubulação e projetada com grande declividade, pois nessa condição, o grau de
entrada de bolhas de ar no escoamento poderá ser bastante elevado, ocasionando o
aumento da altura da lamina de água.
Dessa forma, a fim de verificar se a tubulação projetada ainda continua
funcionando como um conduto livre adota-se as recomendações da NBR 9.649/86,
na qual prescreve que: “quando a velocidade final Vf e superior a velocidade critica
Vc, a maior lamina admissível deve ser de 50% do diâmetro do coletor,
assegurando-se a ventilação do trecho”.
Casos em que a velocidade final de escoamento for maior que a velocidade
crítica, é necessário assegurar lamina liquida de 50% do diâmetro do coletor,
calculada na expressão:
67 = 6 × 89 × 2ℎ
Em que:
g = Aceleração da gravidade (m/s²)
Rh = Raio Hidráulico para a vazão final (m)

2.8 ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ESGOTOS E EMISSÁRIOS

De acordo com Felipe Piccinini (2011), as estações elevatórias de esgotos


são implantadas quando a profundidade da rede coletora ultrapassa o limite de
escavação. Esse limite de escavação está relacionado ao custo de execução e a
possibilidade de manutenção da rede coletora.
A principal finalidade destas estações é receber os esgotos coletados junto às
bacias sanitárias e encaminhá-los para outras bacias a jusante ou dependendo do

36
fluxograma, encaminhar estes dejetos diretamente à estação de tratamento de
esgotos.
Para Crespo (2001), a estrutura da estação elevatória está vinculada ao
modelo da bomba, características geométricas do poço e à distribuição dos
equipamentos e das peças especiais.
De acordo com a NBR 12208/92, a estação elevatória de esgoto sanitário é a
instalação que se destina ao transporte do esgoto do nível do poço de sucção das
bombas ao nível de descarga na saída do recalque, acompanhando
aproximadamente as variações da vazão afluente.
Ainda de acordo com a NBR 12208, a altura manométrica é a diferença de
pressão do líquido entre a entrada e a saída da bomba.
O modelo padrão de uma estação elevatória pode ser observado na Figura
05. Extraída do trabalho de conclusão de curso de Igor Puff Floriano, (2014. UFSC).

37
Figura 5- Modelo de Estação Elevatória de Esgoto.

Fonte: Trabalho de conclusão de curso. Igor Puff Floriano. (2014. UFSC)

38
3 METODOLOGIA

3.1 DIMENSIONAMENTO

No dimensionamento das redes coletoras desse trabalho foram estabelecidos


alguns critérios e parâmetros conforme as normas da ABNT NBR-9648/86 e da
ABNT NBR 9649/86.

3.2 DELIMITAÇÃO DAS BACIAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Para a definição das bacias hidrológicas adota-se o levantamento


planialtimetrico, assim como as cartas topográficas disponibilizadas pelo instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística.

3.3 ESTUDO POPULACIONAL DO PROJETO

O alcance de projeto é, por definição, o ano previsto para o sistema planejado


passar a operar com utilização plena de sua capacidade. Denomina-se população
de projeto a população total a que o sistema deverá atender.
Para o cálculo da população de projeto, primeiramente é desenvolvida uma
estimativa, através dos três métodos de crescimento populacional: Aritmético,
Geométrico e Curva Logística. Entre eles é escolhido o método de crescimento que
melhor representa a região.

3.4 SANCAD

É o software para cálculo e desenho de redes coletoras de esgoto, utilizado


neste trabalho.

39
3.4.1 Características gerais

O SANCAD é um aplicativo gráfico que roda em conjunto com o AutoCAD, nas


suas versões mais atuais no mercado. É destinado a engenheiros e técnicos que
atuam na área de Projetos de Redes de Saneamento.
Possui módulo de cálculo totalmente escrito em Ambiente Windows.

3.4.2 Características técnicas

É um software para traçado e cálculo de Redes Coletoras de Esgotos Sanitários


em AutoCAD, com as seguintes características:
• O lançamento da rede e acessórios é feito diretamente sobre a planta de
topografia digitalizada;
• O dimensionamento das canalizações está de acordo com as Normas
Brasileiras da ABNT em vigor - NBR 9649/86;
• Podem-se realizar simulações e ensaios diversos;
• O levantamento de quantitativos é feito por etapas de projeto.
• Podem ser gerados os arquivos de dados de projeto, planilhas, plantas e
ordens de serviço para execução.
• A importação e exportação de informações entre os módulos de desenho
e cálculo ocorrem de forma automática;
• Verificação de condições hidráulicas de Redes Existentes;
• Geração automática de perfis longitudinais dos coletores;
• Possui módulo para projetos de Redes de Distribuição de Água Tratada.

40
3.5 DIMENSIONAMENTO DA REDE COLETORA DE ESGOTO

3.5.1 Áreas de estudo

Foram utilizadas para o estudo três regiões distintas, escolhidas por suas
diferentes características topográficas e de volume de efluentes. As áreas
levantadas para o projeto de rede coletora de esgoto são as seguintes:

• Bacia do Município A – 23,87 ha;


• Bacia do Município B – 19,88 ha;
• Bacia do Município C – 344,84 ha;

Figura 6- Delimitação da Bacia 01. Município A.

Fonte: da Autora.

41
Figura 7- Delimitação da Bacia 04. Município B.

Fonte: Da autora.

42
Figura 8- Delimitação da Bacia 01. Município C.

Fonte: Da autora.

3.5.2 Dimensionamento do sistema de coleta de efluentes

Para o dimensionamento da rede coletora publica de esgoto de todas as áreas


de estudo desse trabalho, utilizou-se o programa computacional CASANCAD para o
lançamento da rede em planta, assim como o SANCAD, para o cálculo de rede
coletora de esgotos sanitários baseado na norma brasileira NBR 9.649/86, no qual é
utilizado em conjunto com o programa gráfico AUTOCAD 2013.
A sequência de cálculos adotados pelo software SANCAD para o
dimensionamento da rede coletora de esgoto das bacias de esgotamento são

43
apresentadas a seguir e as equações expostas estão de acordo com a bibliografia
especializada, especificadas neste estudo por TSUTIYA (2000):
a) Com base na população inicial e de saturação e nos parâmetros de
consumo de agua, como per capita, coeficiente diário K1 e horário K2,
determinaram-se as vazões domesticas de início e final de plano. Para determinação
das vazões totais iniciais e saturadas foi somada as vazões de infiltração e vazões
concentradas provenientes de indústrias e comercio;
Para o início de plano: Qi = K2 x Qd.i + Qinf i + ΣQci (não inclui K1, pois não se
refere especificamente ao dia de maior contribuição);
Para saturação: Qf = K1 x K2 x Qd.f + Qinf.f + Σ Qcf (com Qd.f igual a vazão
média de saturação).
Onde:
Qi; Qf = vazão máxima inicial e final, (l/s);
K1 = coeficiente de máxima vazão diária;
K2 = coeficiente de máxima vazão horaria;
Qd.i; Qd f = vazão média inicial e final de esgoto doméstico, (l/s);
Qinf i; Qinf f = vazão de infiltração inicial e final, (l/s);
Qc i; Qc f = vazão concentrada ou singular inicial e final, (l/s);
b) Em posse das vazões domésticas iniciais e saturadas e tendo a metragem
de rede imposta à bacia, foram determinadas as taxas de contribuição linear: (Txi,
Txf).
Para o início de plano:
2× .
= +

Para o final de plano:


1× 2× .
= +

Onde: Li, Lf = comprimento da rede de esgotos inicial e final, m ou km;


Tinf = taxa de contribuição de infiltração, l/s.m ou l/s.km.

44
c) Definidas as vazões mínima e máxima foi calculada a declividade
econômica (Ioec).
Esta declividade nos dá o menor volume de escavação, fazendo com que a
profundidade do coletor a jusante seja igual a profundidade mínima adotada. A
profundidade do coletor já é predeterminada em razão das condições de montante
(inicio de coletor ou profundidade de jusante de trecho anterior).
d) Calculou-se a declividade mínima (Iomin) com σ=1,0 Pa para Qi;
Conforme recomendações da NBR 9.649/86 foi adotado o valor mínimo para
a tensão trativa (σ) igual a 1,0 Pa, adequado para garantir o arraste de partículas de
até 1,0 mm. Foi adotado o valor para o coeficiente de Manning igual a 0,013,
independente do material do tubo, em razão das múltiplas singularidades ocorrentes
na rede coletora.
(Io min) = (0,005 x Qi)-0,47
e) Adotou-se a declividade de menor valor, assim tendo a I0;
A NBR 9.649/86 mantem ainda a prescrição de uma declividade máxima
admissível para a qual se tenha a velocidade final Vf=5,0 m/s, a qual pode ser
calculada pela expressão aproximada, com coeficiente de Manning n=0,0013, a
seguir:
(Imax) = (4,65 x Qf )0,67
f) Obtidos I0 e Qf calculou-se o diâmetro do trecho;
Utilizando a equação derivada da equação de Manning com n=0,013 e
y/d0=0,75 (enchimento máximo da seção transversal do coletor) tem-se a seguinte
equação aplicada:
, 3/8
₀ = *0,0463 .₀ /

g) Verificação das velocidades a fim de permanecer como um conduto livre;


A fim de verificar se a tubulação projetada ainda continua funcionando como
um conduto livre adotou-se as recomendações da NBR 9.649/86, na qual prescreve
que: “quando a velocidade final Vf e superior a velocidade critica Vc, a maior lamina

45
admissível deve ser de 50% do diâmetro do coletor, assegurando-se a ventilação do
trecho.
Vc = 6 x (g x Rh)0,5

3.5.3 Dimensionamento com o SANCAD

Os dimensionamentos descritos acima, são obtidos nas rotinas de cálculo


com o auxílio do programa SANCAD. A Figura 6 mostra a inserção dos dados
hidráulicos como: população inicial e de saturação; per-capta (L/hab,dia); recuo
mínimos; coeficiente horário, diário e de retorno; tipo de material do coletor; taxa de
infiltração; diâmetro mínimo.

Figura 9- Dados hidráulicos.

Fonte: SANCAD

A rotina de dimensionamento da rede de esgoto, é feita seguindo a NBR


9649, e na janela de cálculo podemos ativar a opção para dimensionar com
46
diâmetros progressivos, ou não. Como mostra a figura 7. Na mesma aba podemos
inserir o valor para lamina d’água máxima; controle de remanso; altura mínima para
degrau; tensão trativa mínima; velocidade crítica de acordo com a norma; entre
outros. Caso a bacia não atenda essas condições requerida em normas,
apresentara um erro na planilha de dimensionamento, para ser analisado e alterado
o traçado da rede, buscando corrigir os itens.

Figura 10- Rotina de cálculo.

Fonte: SANCAD

A planilha de dados finais gerada com o SANCAD, Figura 8, é a planilha de


dimensionamento, onde estará apresentado todos os dados referentes a bacia de
esgoto, como: cotas de terreno; profundidades; extensões de trecho; declividades;
diâmetros; vazões; lamina d’água; tensão trativa; informações de vazões pontuais;
criação de tubos de queda; entre outras informações, e poderá ser feito a verificação
da rede coletora, se estará atendendo todas as normas para execução do sistema.

47
Figura 11- Planilha de dimensionamento.

Fonte: SANCAD

O programa gera também outras planilhas com informações como: dados


quantitativos e dados de campo, que serão usados no orçamento. Estas planilhas
geram valores de volume de escavação; volume total de reaterro; escavação;
extensão de rede com cada diâmetro utilizado. Informações que serão utilizados nas
planilhas de orçamentos.

3.5.4 Criação gráfica com o CASANCAD

Após o cálculo da bacia estar concluído, e gerar as planilhas finais como


informações do projeto, deve-se criar as peças gráficas, como a planta de rede
coletora. O CASANCAD, programa fornecido pela CASAN - Companhia Catarinense
de Água e Saneamento, faz a leitura dos arquivos criados pelo SANCAD e gera
automaticamente a planta de rede, com as informações da bacia em questão. Assim
temos a representação gráfica do projeto que auxiliará em reuniões e discussões

48
para melhorias, até sua aprovação e posterior execução. Podemos analisar o
desenho de um trecho de rede coletora na Figura 9.

Figura 12- Rede coletora gerada com CASANCAD

Fonte: Da autora.

49
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERÍSTICAS DAS ÁREAS DE PROJETO

Cada região possui suas características quanto ao declive do terreno,


topografias mais acentuadas, outras mais planas. Para esse estudo, procurou-se
áreas com diferenças mais acentuadas entre si, para que o cálculo de projeto de
rede coletora possa mostrar as diferenças na mudança de parâmetros.
O município A apresenta uma topografia não muito acentuada, a maior
variação de cota encontrada foi de 62 metros, com a maior cota de terreno de
458,00m e a menor 396,00m. A área delimitada para bacia de esgotamento sanitário
foi de 239701 m2 e comtemplou 2588 metros de rede.
O município B tem características bem próximas as do município A, a
planialtimetria não possui grande variação, sua maior diferença de cota foi de 38
metros. A cota de terreno mais alta da bacia foi 682,00m e a mais baixa de 644,00m.
Na bacia 04 foi projetado 7457 metros de rede coletora, para uma área de 198773
m2, com vazões concentradas das bacias antecedentes.
Já no município C foram levantados dados que mostram a grande variação
na topografia, a diferença de cota chega a 115 metros para uma área de projeto de
3448424 m2, a bacia 01 possui 60028 metros de rede coletora projetada.

4.2 RESULTADOS DOS PROJETOS DE REDE COLETORA USANDO A


MUDANÇA DE DIÂMETROS

Depois de calcular as bacias de esgotamento usando a opção de diâmetros


progressivos, foram novamente calculadas sem o uso desse parâmetro.
No município A, a bacia 01 não apresentou alterações, pois não existem
vazões concentradas sendo lançadas na bacia, e tendo como base a topografia com
poucas alterações de cota, o projeto teve o mesmo resultado na rotina de cálculo.

50
Assim não obteve um orçamento diferenciado. Podemos verificar essas informações
no anexo 1, onde encontra-se a planilha de cálculo da bacia.
Igualmente para a bacia 04 no município B, não teve qualquer alteração no
cálculo, mesmo tendo vazão pontual sendo lançada nessa bacia, não foi o suficiente
para alterar diâmetros, podendo ser analisado no anexo 2, sendo assim não existe a
possibilidade de diminuir, pois se usará apenas o diâmetro mínimo. Apenas na
chegada da EEE que o diâmetro passa do mínimo utilizado no cálculo. Para as duas
rotinas de dimensionamento os valores de diâmetros se mantiveram, então os
orçamentos também se tornam iguais para os dois projetos.
Enfim, para a bacia 01 do município C podemos avaliar as mudanças nos
resultados obtidos. Para esse projeto se observou várias mudanças de diâmetros,
com trechos reduzindo DN 600mm para DN 350mm, também trechos reduzindo DN
500mm para DN 350mm. As planilhas de cálculos gerados pelo SANCAD, que
podem ser verificadas no anexo 3, mostram que a rede atende a todas as normas, e
prova que executando o projeto a rede atenderia a população normalmente para o
prazo estipulado no estudo.
Podemos ver os resultados do projeto de rede coletora como: cota do terreno;
cota do coletor; profundidade; extensão do trecho; nível d’água; diâmetro;
declividade; velocidade crítica, tensão trativa e lamina d’água, nas planilhas de
cálculo. Todos os dados que estão apresentados nos anexos, atendem as normas
referentes ao assunto.

4.2.1 Levantamento Quantitativo

Depois de calcular a bacia do município C, com diâmetros progressivos e sem


diâmetros progressivos, foram levantados os dados de quantitativos para as duas
opções de projeto, assim pôde-se criar os orçamentos para as comparações
conclusivas. A Tabela 2 mostra os dados quantitativos da bacia calculada com
diâmetros progressivos.

51
Tabela 2: Dados de Quantitativo da Bacia 01, Com DN Progressivo. Município C.
Descrição Unidade Quantidade
Tubulação de material Concreto DN 500 m 376
Tubulação de material Concreto DN 600 m 501
Tubulação de material Pvc DN 150 m 55819
Tubulação de material Pvc DN 200 m 2424
Tubulação de material Pvc DN 250 m 290
Tubulação de material Pvc DN 300 m 315
Tubulação de material Pvc DN 350 m 303
Poços de Visita Tipo II Entre 1.0 e 1.3 m Profundidade un 610
Poços de Visita Tipo II Entre 1.3 e 1.6 m Profundidade un 28
Poços de Visita Tipo II Entre 1.6 e 1.9 m Profundidade un 9
Poços de Visita Tipo II Entre 1.9 e 2.2 m Profundidade un 13
Poços de Visita Tipo II Entre 2.2 e 2.5 m Profundidade un 7
Poços de Visita Tipo II Entre 2.5 e 2.8 m Profundidade un 8
Poços de Visita Tipo III Entre 2.8 e 3.2 m Profundidade un 6
Poços de Visita Tipo III Entre 3.2 e 3.6 m Profundidade un 3
Poços de Visita Tipo III Entre 3.6 e 4.0 m Profundidade un 1
Poços de Visita Tipo III Entre 4.4 e 4.8 m Profundidade un 4
Poços de Visita Tipo III Entre 4.8 e 5.2 m Profundidade un 2
Poços de Visita Tipo III Entre 5.2 e 5.6 m Profundidade un 1
Poços de Limpeza DN 150 Ate 2.0 m Profundidade un 256
Poços de Limpeza DN 200 Ate 2.0 m Profundidade un 1
Tubo de Queda DN 150 un 36
Tubo de Queda DN 200 un 3
Tubo de Queda DN 350 un 1
Acréscimo Acima de 1.0 m Tubo de Queda DN 150 m 31,14
Acréscimo Acima de 1.0 m Tubo de Queda DN 200 m 3,87
Acréscimo Acima de 1.0 m Tubo de Queda DN 350 m 0,27
Locação e Nivelamento Para Assentamento de Tubos m 60028
Cadastro Técnico da Obra de Rede de Esgotos m 60028
Volume de Escavação na Rede - Prof. ate 1.5 m m3 55182,19
Volume de Escavação na Rede - Prof. entre 1.5 m e 3.0 m m3 2974,29
Volume de Escavação na Rede - Prof. entre 3.0 m e 4.5 m m3 475,33
Volume de Escavação na Rede - Prof. entre 4.5 m e 6.0 m m3 5,19
Volume de Escavação nos PVs - Prof. ate 1.5 m m3 5306,83
Volume de Escavação nos PVs - Prof. entre 1.5 m e 3.0 m m3 242,44
Volume de Escavação nos PVs - Prof. entre 3.0 m e 4.5 m m3 54,63
Volume de Escavação nos PVs - Prof. entre 4.5 m e 6.0 m m3 29,32

52
Área de Escoramento da vala da rede - acima de 1.3 m m2 31297,58
Área de Escoramento nos PVs - acima de 1.3 m m2 17926,73
Volume de Bota-fora das Valas - com empolamento m3 33736,79
Volume de Bota-fora dos PVs - com empolamento m3 2536,44
Volume de Regularização Fundo de Valas m3 4633,27
Volume de Aterro com Areia m3 10832,76
Volume de Reaterro Adensamento Hidráulico m3 13774,92
Volume de Aterro com Po de Pedra m3 12087,02
Volume Total de Reaterro Apiloado de Valas m3 36367,74
Área de Reposição de Pavimentação - Asfalto m2 31020,45
Área de Reposição de Pavimentação - Paralelepípedo m2 29414,65
Fonte: SANCAD

A Tabela 3 mostra os dados da bacia calculada sem os diâmetros


progressivos, podemos assim observar as diferenças encontradas nas duas opções,
e verificar até onde é viável a utilização da redução de DN do coletor,

Tabela 3: Dados de Quantitativo da Bacia 01, Sem DN Progressivo. Município C.


Descrição Unidade Quantidade
Tubulação de material Concreto DN 300 m 336
Tubulação de material Concreto DN 350 m 221
Tubulação de material Concreto DN 450 m 135
Tubulação de material Concreto DN 500 m 56
Tubulação de material Concreto DN 600 m 129
Tubulação de material Pvc DN 150 m 57255
Tubulação de material Pvc DN 200 m 1108
Tubulação de material Pvc DN 250 m 413
Tubulação de material Pvc DN 300 m 195
Tubulação de material Pvc DN 350 m 180
Poços de Visita Tipo II Entre 1.0 e 1.3 m Profundidade un 618
Poços de Visita Tipo II Entre 1.3 e 1.6 m Profundidade un 20
Poços de Visita Tipo II Entre 1.6 e 1.9 m Profundidade un 9
Poços de Visita Tipo II Entre 1.9 e 2.2 m Profundidade un 13
Poços de Visita Tipo II Entre 2.2 e 2.5 m Profundidade un 7
Poços de Visita Tipo II Entre 2.5 e 2.8 m Profundidade un 9
Poços de Visita Tipo III Entre 2.8 e 3.2 m Profundidade un 5
Poços de Visita Tipo III Entre 3.2 e 3.6 m Profundidade un 3

53
Poços de Visita Tipo III Entre 3.6 e 4.0 m Profundidade un 1
Poços de Visita Tipo III Entre 4.4 e 4.8 m Profundidade un 4
Poços de Visita Tipo III Entre 4.8 e 5.2 m Profundidade un 2
Poços de Visita Tipo III Entre 5.2 e 5.6 m Profundidade un 1
Poços de Limpeza DN 150 Ate 2.0 m Profundidade un 256
Poços de Limpeza DN 200 Ate 2.0 m Profundidade un 1
Tubo de Queda DN 150 un 122
Tubo de Queda DN 200 un 3
Tubo de Queda DN 250 un 2
Tubo de Queda DN 300 un 3
Tubo de Queda DN 350 un 3
Tubo de Queda DN 450 un 2
Acréscimo Acima de 1.0 m Tubo de Queda DN 150 m 34,96
Acréscimo Acima de 1.0 m Tubo de Queda DN 350 m 0,33
Locação e Nivelamento Para Assentamento de Tubos m 60028
Cadastro Técnico da Obra de Rede de Esgotos m 60028
Volume de Escavação na Rede - Prof. ate 1.5 m m3 54660,56
Volume de Escavação na Rede - Prof. entre 1.5 m e 3.0 m m3 2920,14
Volume de Escavação na Rede - Prof. entre 3.0 m e 4.5 m m3 472,77
Volume de Escavação na Rede - Prof. entre 4.5 m e 6.0 m m3 4,83
Volume de Escavação nos PVs - Prof. ate 1.5 m m3 5318,13
Volume de Escavação nos PVs - Prof. entre 1.5 m e 3.0 m m3 237,71
Volume de Escavação nos PVs - Prof. entre 3.0 m e 4.5 m m3 54,56
Volume de Escavação nos PVs - Prof. entre 4.5 m e 6.0 m m3 29,35
Área de Escoramento da vala da rede - acima de 1.3 m m2 29214,89
Área de Escoramento nos PVs - acima de 1.3 m m2 17894,31
Volume de Bota-fora das Valas - com empolamento m3 33166,26
Volume de Bota-fora dos PVs - com empolamento m3 2526,21
Volume de Regularização Fundo de Valas m3 4579,63
Volume de Aterro com Areia m3 10597,79
Volume de Reaterro Adensamento Hidráulico m3 13702,8
Volume de Aterro com Po de Pedra m3 12038,94
Volume Total de Reaterro Apiloado de Valas m3 36242,31
área de Reposição de Pavimentação - Asfalto m2 30844,45
área de Reposição de Pavimentação - Paralelepípedo m2 29350,25
Fonte: SANCAD

54
4.2.2 Orçamento das bacias de esgotamento sanitário

Para a elaboração dos orçamentos foram utilizadas as Tabelas do SINAPI,


2014; e a Tabela de Preços de Obras da CASAN, 2012. Na Tabela 4 podemos
analisar os valores para implantação de rede coletora, com os parâmetros
estudados nesse trabalho.

Tabela 4: Orçamento de Rede de Esgoto das bacias e extensões de coletores.


Com DN Progressivos Sem DN Progressivos Extensão de Rede
Município A
Bacia 01 R$ 408.913,69 R$ 408.913,69 2.588 m
Município B
Bacia 04 R$ 1.742.854,36 R$ 1.742.854,36 7.457 m
Município C
Bacia 01 R$ 13.071.050,50 R$ 12.935.402,83 60.028 m
Fonte: Da autora.

4.3 DISCUSÃO DOS RESULTADOS

No caso dos municípios A e B, depois da mudança de parâmetros, não se


obteve resultados diferentes no dimensionamento. Podemos listar as causas:
1. A topografia não apresenta grandes elevações, pois são áreas não
muito acidentadas;
2. Não temos um grande volume de efluentes sendo coletados nas redes
de esgoto;
3. Os projetos se mantem com o diâmetro mínimo, DN 150mm, assim
impossibilitando a utilização de reduções de coletores;
Então, nestas áreas de projeto, a utilização de DN não progressivo, se tornou
dispensável, pois em delimitações pequenas, e com pouca vazão de projeto não
temos a possibilidades de trabalhar reduzindo diâmetros, já que apenas é usado o
DN mínimo.

55
Para o município C, foram encontradas várias situações com redução de DN
dos coletores. Se analisarmos as causas podemos também listar:
1. A topografia da área de projeto apresentou muitas variações de cota,
tendo vários picos elevados, essa grande variação de altura do terreno
possibilitou a redução de DN em alguns trechos. Pois aumentando a
declividade do trecho, podemos reduzir o diâmetro do coletor em
relação ao trecho de montante, sem prejudicar o funcionamento do
projeto;
2. A bacia 01 do município C recebe pequenas vazões concentradas,
mas apenas a bacia em questão já traz um grande volume coletado por
ter uma extensão de rede muito maior do que as outras áreas. Assim,
em trechos com pouca declividade os diâmetros aumentam, para
atender o volume, e os padrões estabelecidos em norma;
Então, para áreas com grandes vazões e muitas mudanças planialtimétricas,
pode-se trabalhar com reduções de DN em trechos mais inclinados, quando se
atende a lamina d’água em até 75%, e respeita a tensão trativa mínima de 1Pa,
como provamos neste projeto.
Mas analisando os orçamentos, e sabendo que a redução dos custos se
tornou pequena comparada com o valor total de implantação, sendo de 2%, a
utilização da redução de diâmetros se tornou irrelevante. Pois a economia que se
ganha na implantação não justifica a mudança de parâmetros já utilizados e
conhecidos.
Com isso, sabemos que é possível a utilização dessa pratica, mas ainda não
temos um ganho capaz de mudar os padrões já utilizados.

56
4.3.1 Resumo de diâmetros

Na Tabela 5 e Tabela 6 podemos analisar um resumo de extensões dos


coletores em cada diâmetro projetado, com DN progressivos e sem DN progressivo.

Tabela 5: Diâmetros dos coletores por Bacia. Municípios A e B.


DN 150 mm DN 200 mm DN 250 mm
Município A Com DN 2575m - 13m
Bacia 01 Sem DN 2575m - 13m
Município B Com DN 7213m 70m 174m
Bacia 04 Sem DN 7223m 60m 174m
Fonte: Da autora.

Tabela 6: Diâmetros dos coletores. Município C.


DN 150 DN 200 DN 250 DN 300 DN 350 DN 450 DN 500 DN 600
mm mm mm mm mm mm mm mm
Com DN 55819m 2424m 290m 315m 303m - 376m 501m
Sem DN 57255m 1108m 413m 531m 401m 135m 56m 129m
Fonte: Da autora.

Com esses dados, podemos dizer que as reduções ocorreram em sua maioria
nos trechos com diâmetros de 500 mm e 600 mm. Não se observou muitas reduções
de DN, por se tratar de três bacias com a maior parte de rede sendo de DN 150 mm,
como podemos observar na Tabela 7.

Tabela 7: Coletores com DN 150 mm. Percentual por Bacia.


DN 150 mm
Município A – Bacia 01 Com DN 99,4%
Sem DN 99,4%
Município B – Bacia 04 Com DN 96,7%
Sem DN 96,8%
Município C – Bacia 01 Com DN 92,9%
Sem DN 95,3%
Fonte: Da autora.

57
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho apresenta o projeto de rede coletora de esgoto para três bacias
distintas, em 3 regiões com diferentes características.
A partir do dimensionamento e dos resultados de custos de implantação de
rede coletora de esgoto, com a mudança de parâmetros quanto a diâmetros
progressivos, pode-se concluir que em locais onde a topografia não seja muito
acidentada, ou em locais onde não há uma grande vazão pontual para contribuição,
não se tem diferença no cálculo de rede usando a mudança desse parâmetro.
Já em locais onde existe uma grande variação de cotas do terreno, ou em
bacias com grandes extensões de rede ou ainda onde se tenha vazões que possam
aumentar os diâmetros, o cálculo no SANCAD sem usar DN progressivos mostra
grandes variações no projeto. Os diâmetros reduziram em vários trechos da Bacia
01 no município C, se comparado os cálculos, e atendeu as normas nas duas
opções de rede.
O dimensionamento utilizando o parâmetro de DN não progressivos mostra
que, no caso do município C, pelas características, reduziu os diâmetros dos
coletores, atendendo a tensão trativa sempre acima de 1,0Pa e a lamina d’água em
até 75%. Fatores essenciais para a rede operar com segurança.
Mas a maioria das companhias de saneamento não utilizam esse critério de
diâmetros não progressivos, mesmo sendo calculado e provado hidraulicamente a
sua operação dentro dos padrões permitidos por norma. Pode-se dizer que seria
pela busca de maior segurança no funcionamento das redes coletoras, pois ainda
não existem registros conhecidos de redes em operação com o uso desse
parâmetro.
Os custos mostram uma redução de 2% no orçamento. Então a economia não
se tornou um ponto muito relevante na execução da obra, sendo em valores totais
uma redução de aproximadamente 135 mil reais, em um montante de 13 milhões.

58
Então a redução do diâmetro dos coletores pode ser utilizada, a fim de se ter
um projeto mais econômico, em casos onde tenha uma grande vazão sendo lançada
na área a ser projetada, para assim buscar uma econômica realmente vantajosa.

Para trabalhos futuros recomendo a utilização dos mesmos métodos usados


neste estudo, sendo aplicados em áreas com grandes vazões concentradas. Assim
poderemos ter valores reais para comparações econômicas e verificações de
orçamentos buscando a cada projeto uma redução de custos, viabilizando um maior
numero de obras na área de saneamento.

59
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9648: Estudo de Concepção de


Sistemas de Esgoto Sanitário. Rio de Janeiro, 1968.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9649: Projeto de Rede Coletora de


Esgoto Sanitário. Rio de Janeiro, 1968.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12207: Projeto de Interceptores de


Esgoto Sanitário. Rio de Janeiro, 1992.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12208: Projeto de Estação


Elevatória de Esgoto Sanitário. Rio de Janeiro, 1992.

COMPANHIA CATARINENSE DE ÁGUAS E SANEAMENTO. Banco de dados –


Diretoria Comercial – Exercício 2009.

NETO, JOSÉ MARTINIANO DE AZEVEDO. Manual de Hidráulica. 8.Ed. São


Paulo: Editora Edgar Blucher Ltda, 1998.

PEREIRA, JOSÉ ALMIR RODRIGUES. Rede Coletora de Esgoto Sanitário:


Projeto, Construção e Operação. 2. Ed. rev. e ampliada. Universidade Federal do
Pará, 2006.

SANEAMENTO E MEIO AMBIENTE. Diretoria de Saneamento e Meio Ambiente.


Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável. Disponível em:
<http://www.aguas.sc.gov.br/>. Acesso em: Abril, 2014.

TSUTIYA, M. T., e P. A. SOBRINHO. Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário. 1.


Ed. São Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, 2000.

60
ANEXO 1

61
ANEXO 2

62
ANEXO 3

63
ANEXO 4

64

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