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TIAGO INACIO

PROPOSTA DE PROJETO E ANALISE DE VIABILIDADE


DE UMA ETE COMPACTA NO CEULP/ULBRA

PALMAS – TO
2017
TIAGO INACIO

PROPOSTA DE PROJETO E ANALISE DE VIABILIDADE


DE UMA ETE COMPACTA NO CEULP/ULBRA

Monografia apresentada como


requisito parcial para obtenção de
título de Engenheira Civil, orientado
pelo Professor Mestre José Geraldo
Delvaux Silva.

PALMAS – TO
2017
TIAGO INACIO

PROPOSTA DE PROJETO E ANALISE DE VIABILIDADE


DE UMA ETE COMPACTA NO CEULP/ULBRA

Monografia elaborada e apresentada


como requisito parcial para aprovação na
disciplina de Trabalho de Conclusão de
Curso em Engenharia Civil I pelo Centro
Universitário Luterano de Palmas
(CEULP/ULBRA).
Orientador: Prof. MSc. José Geraldo
Delvaux Silva

Aprovado em: _____/_____/_______

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________
Prof. MSc. José Geraldo Delvaux Silva
Centro Universitário Luterano de Palmas - CEULP

___________________________________________________

Centro Universitário Luterano de Palmas - CEULP


Carlos Spartacus da Silva Oliveira

___________________________________________________

Centro Universitário Luterano de Palmas - CEULP


Mênfis Bernades Alves

Palmas – TO
2017/1
DEDICATÓRIA

Dedicado à minha mãe, irmãos e minha


namorada, pessoas essas que me apoiaram e
incentivaram a ir até o fim, em todos os
momentos.
AGRADECIMENTO

Agradeço, primeiramente, a Deus, por ter me permitido


usufruir de boa saúde e assim ter conseguido superar mais
um desafio na jornada da vida. A toda a minha família por
serem meus principais apoiadores, especialmente à minha
mãe que foi a responsável, com todo esforço e suor, por me
conceder a oportunidade de poder cursar Engenharia Civil e
hoje estar hoje formando. Aos meus irmãos que me
motivaram por toda essa etapa, e a minha amada namorada
que esteve perto de mim e acompanhou por todo esse
tempo que estive na faculdade, a quem tive a honra de
poder dividir todas as tristezas e alegrias que ocorreram por
todo esse período. Também agradeço ao meu orientador,
José Geraldo, por ser, além de professor e orientador, um
ser humano incrível, amigo, inteligente e competente, e por
não medir esforços para poder contribuir de forma positiva
para a elaboração desse projeto.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Caixa de areia ..................................................................................... 7


Figura 2 – Decantador primário circular ............................................................. 8
Figura 3 – Fluxograma de uma lagoa facultativa primária .................................. 9
Figura 4 – Sistema de lagoa anaeróbica e facultativa em conjunto ................. 10
Figura 5- Fluxograma de lagoas de estabilização e lagoas de maturação em
série ................................................................................................................. 10
Figura 6- Fluxograma de tratamento de esgoto por reator UASB .................... 11
LISTA DE TABELA

Tabela 01 - Eficiências médias dos tipos de tratamento de esgoto em relação


aos principais poluentes presentes nos esgotos domésticos ........................... 13
Tabela 02- Características típicas dos principais sistemas de tratamento de
esgotos ............................................................................................................. 14
Tabela 03- Características importantes em um sistema de tratamento de esgoto
......................................................................................................................... 20
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABREV DESCRIÇÃO
N Nitrogênio
P Fósforo
K Potássio
As Arsênio
Cd Cádmio
Cr Cromo
Hg Mercúrio
Mo Molibdênio
Ni Níquel
Pb Chumbo
Se Selênio
Zn Zinco
H Hidrogênio
Km Quilometro
Km³ Quilometro cúbico
pH Índice de Acidez e Basicidade
mg Miligrama
log Logaritmo
CEULP Centro de Ensino Universitário Luterano de Palmas
ULBRA Universidade Luterana do Brasil
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
NBR Norma Brasil
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO Demanda Química de Oxigênio
COT Medição do Carbono Orgânico Total
hab./dia Habitantes por dia
SUMÁRIO

Sumário
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1
1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................... 2
1.2 PROBLEMÁTICA ...................................................................................... 2
1.3 HIPÓTESE ................................................................................................ 2
1.4 OBJETIVOS .............................................................................................. 3
1.4.1 Objetivo Geral ..................................................................................... 3
1.4.2 Objetivos Específicos.......................................................................... 3
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 4
2.1 ESGOTO SANITÁRIO .............................................................................. 4
2.2 LEGISLAÇÃO RELACIONADA A RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL .. 4
2.3 TRATAMENTO DE ESGOTO E SUAS ETAPAS ...................................... 5
2.4 TRATAMENTO PRELIMINAR................................................................... 6
2.5 TRATAMENTO PRIMÁRIO ....................................................................... 7
2.6 TRATAMENTO SECUNDÁRIO................................................................. 8
2.6.1 LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO .......................................................... 8
2.6.2 SISTEMAS ANAERÓBIOS ............................................................... 10
2.5 TRATAMENTO TERCIARIO ................................................................... 12
2.6 MÉDIA DE EFICIÊNCIA DOS TIPOS DE TRATAMENTO DE ESGOTO 12
2.7 MÉDIA DOS CUSTOS DOS TIPOS DE TRATAMENTO DE ESGOTO .. 13
2.8 NORMAS E RECOMENDAÇÕES PARA PROJETO DE ESTAÇÕES DE
TRATAMENTO DE ESGOTO ....................................................................... 14
3 METODOLOGIA............................................................................................ 18
3.1 O CEULP/ULBRA ................................................................................... 18
3.2 ESTIMATIVA DAS VAZÕES E ESTUDOS PRELIMINARES PARA
LOCALIZAÇÃO DA ETE ............................................................................... 18
3.3 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DO ESGOTO ............................. 19
3.4 TRATAMENTO PRELIMINAR................................................................. 20
3.4.1 Peneiramento ................................................................................... 20
3.4.2 Tanque de equalização ..................................................................... 20
3.5 ESTAÇÃO ELEVATÓRIA ....................................................................... 21
3.6 TRATAMENTO SECUNDÁRIO............................................................... 22
3.7 PÓS-TRATAMENTO ............................................................................... 24
3.8 DESINFECÇÃO ...................................................................................... 24
3.8.1 Desinfecção por cloração ................................................................. 25
3.8.2 Desinfecção por radiação ultravioleta ............................................... 25
3.9 ESTIMATIVA DE CUSTOS PARA IMPLANTAÇÃO DA ETE .................. 27
3.10 PRÉ-PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DA ETE ...................................... 27
4 CRONOGRAMA ............................................................................................ 29
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 30
1

1 INTRODUÇÃO

O consumo de água cresce de modo mais acelerado que o número de


habitantes do planeta terra. De 1900 a 2000, a população mundial cresceu 3,6
vezes (de 1,65 bilhão para 6 bilhões de pessoas). Em contrapartida o consumo
de água multiplicou-se por 10 (de 500 km3/ano para cercca 5.000 km3/ano)
(Revista MultiCiência dos Centros e Núcleos da Unicamp, 2003).
A crescente quantidade de água consumida aumentam a degradação do
meio ambiente, pois segundo Dorigon (2010) os efluentes gerados no meio
urbano e as águas residuais industriais e comerciais sem o devido tratamento
são os grandes causadores da poluição dos recursos hídricos.

Devido ao revés causado pela a escassez de água, seja ela em


decorrência da pouca quantidade disponível ao uso, pelo aumento da
população, ou, até mesmo, pelo próprio desperdício, somos
desafiados a encontrar uma solução ou alternativa para os atuais
modos de consumo e de produção adotados por nós, seres humanos,
de modo que propicie uma gestão mais eficiente dos recursos
hídricos, atendendo adequadamente às demandas, sem ocasionar
impactos ambientais (DORIGON, 2010).

Nesse sentido, a reutilização da água residuária se faz muito importante,


de forma a mitigar os problemas decorrentes de hábitos e aumento de
consumo pela população, uma vez que, ao reutilizar a água, a grande demanda
sobre a água disponível diminui (BRASIL, 2006). A expressão “reuso de água”
não é uma concepção contemporânea, e é utilizada no mundo todo há muitos
anos. A reutilização de água acontece reutilizando uma água de qualidade
inferior (em grande parte são efluentes pós-tratados), preservando grandes
volumes de água potável, direcionando o uso dessa água à finalidades
específicas que exigem certos padrões de qualidade (BENASSI, 2007).
Sabendo da imprescindibilidade do reuso da água, este trabalho tem por
objetivo estudar e analisar a viabilidade de instalação de uma ETE compacta
no gerado no CEULP/ULBRA, utilizando a água residuária após o devido
tratamento para fins como irrigação de área verde (gramados, plantas
ornamentais, etc.), limpeza do edifício, descarga de banheiros, limpeza de
veículos, combate a incêndio, construção civil, recreação, entre outros visando
à minimização dos impactos ambientais causados pelos maus hábitos de
consumo, e também a redução na utilização de água potável, preservando-a
para fins estritamente indispensáveis.
2

1.1 JUSTIFICATIVA

A utilização imprudente da água, que ocorre todos os dias, tanto pelo


consumidor quanto pelas indústrias, fábricas e também agricultura, causará
enorme desperdício e ocasionará sérios problemas no meio social. Nesse
sentido, o reuso de água residuária se torna extremamente importante, uma
vez que a água reutilizada causará uma redução do consumo da água de
mananciais, em decorrência da utilização de uma água de menor qualidade
(BRASIL, 2006) - desde que essa água reusada atenda os padrões de
potabilidade exigidos (BENASSI, 2007).
De acordo com Cunha (2011), grandes quantidades de melhorias podem
ser alcançadas com o planejamento, a implantação e a operação corretos de
reuso, como por exemplo: Diminuição da descarga de esgoto nos corpos
hídricos, conservando os recursos subterrâneos; elevação da resistência a
erosão; Aumento da produção de alimentos (irrigação agrícola), e assim
elevando os níveis de saúde, qualidade de vida e de condições sociais.
Existem inúmeros outros benefícios em reusar a água além dos já
citados, como por exemplo: redução dos investimentos em infraestrutura
(contribuindo para melhoria dos processos industriais), diminuição no consumo
de energia e proteção ao meio ambiente, etc. (SANTOS, 1993).

1.2 PROBLEMÁTICA

A carência hídrica existente no planeta torna a importância da utilização


da prática do reuso de água uma forma de mitigar os problemas relativos ao
uso racional dos recursos hídricos, ao impacto ambiental e bem como uma
possibilidade de corte de gastos médio e longo prazo.

1.3 HIPÓTESE

Os efluentes gerados pelo CEULP/ULBRA poderiam ser tratados, e


reutilizados para irrigação de gramados e jardins e em descargas nos
banheiros da própria instituição.
3

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Elaborar um projeto preliminar de Estação de Tratamento de Esgoto

1.4.2 Objetivos Específicos

Realizar uma estimativa quantitativa do esgoto gerado no


CEULP/ULBRA

Realizar uma estimativa qualitativa do esgoto gerado no


CEULP/ULBRA

Projetar o sistema de tratamento levando em consideração as
diretrizes para estações de pequeno porte;
4

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ESGOTO SANITÁRIO

De acordo com a NBR 9648:1986, esgoto sanitário pode ser definido


como qualquer despejo líquido constituído de esgotos industrial e doméstico,
água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária. Entende-se por esgoto
doméstico o despejo líquido advindo da utilização da água para as
necessidades fisiológicas e higiene humana. Esgoto industrial é todo o despejo
líquido que, tendo o devido respeito aos padrões de despejo determinados pela
(ABNT1986), seja oriundos de qualquer processo industrial.
O esgoto sanitário é gerado pelo processo de utilização da água, seja ela
no meio urbano ou rural, onde matéria de diferentes composições físicas,
biológicas e químicas é agregada a ela (JORDÃO; VOLSCHAN JÚNIOR,
2009).
Aproximadamente 99,9% de todo o esgoto sanitário produzido pelo ser
humano é água, e apenas 0,1% é equivalente aos sólidos. E é justamente à
existência desses sólidos que se faz necessário o tratamento dos efluentes,
uma vez que os sólidos em suspenção, compostos orgânicos, nutrientes,
materiais inertes e grosseiros, organismos patogênicos e demais corpos
sólidos contaminantes, agem de modo a deteriorar a qualidade da água (VON
SPERLING, 2005).

2.2 LEGISLAÇÃO RELACIONADA A RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL

As leis de maior relevância, relativas a recursos hídricos, de alcance


internacional, foram criadas após a Primeira Conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que aconteceu na Suécia, em 1972.
Muitos conceitos de desenvolvimento sustentável foram surgindo após esta
conferência, e veio a despertar o interesse por parte de governos e empresas
5

de muitas nações, que davam importância aos aspectos relacionados ao meio


ambiente (CONTE & LEOPOLDO, 2001).

Em 1992 realizou-se a Segunda Conferência das Nações Unidas para o


Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO-92 como se tornou conhecida,
realizada no Brasil. Nesta conferência criou-se a Agenda 21, onde firmavam as
discussões sobre a minimização dos problemas relacionados ao meio ambiente
e recursos hídricos.
Entre o inicio da década de 90 e o inicio do século 21 foi a época em que
temas como desenvolvimento sustentável, preservação do meio ambiente com
destaque para os recursos hídricos, ganharam notoriedade, incentivando,
posteriormente, a criação de planejamento de ações de saneamento, como
exemplo pode-se citar a Política e o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos – Lei 9.433/97 – (SOARES et al., 2002).

2.3 TRATAMENTO DE ESGOTO E SUAS ETAPAS

Existe uma grande variedade de métodos e combinações de tratamento


de esgoto existente, e também das mais variadas complexidades. Devido a
isso, esse estudo se baseará apenas nos métodos principais de tratamento
praticados no Brasil, e as informações apresentadas neste tópico foram
fundamentadas em literaturas primordiais e básicas a cerca de tratamento de
esgoto (VON SPERLING, 2005; JORDÃO; PESSÔA, 2009; METCALF &
EDDY, 2003).
As etapas do tratamento de esgoto são representadas por métodos e
objetivos específicos, que são:

 Tratamento preliminar: retirada de sólidos grosseiros contidos no


esgoto que possam vir a causar problemas em tubulações,
máquinas e demais sistemas operacionais do tratamento.
 Tratamento primário: retirada dos sólidos suspensos e matéria
orgânica;
6

 Tratamento secundário: remoção da matéria orgânica


biodegradável;
 Tratamento secundário com remoção de nutrientes: mesmo
processo anterior incluindo a remoção de nutrientes como o
nitrogênio e o fósforo;
 Tratamento terciário: desinfecção, remoção de nutrientes e resíduo
de sólidos suspensos não removidos no tratamento secundário;
 Tratamento avançado: remoção de materiais solúveis e suspensos
tornando a água tratada boa para consumo;

2.4 TRATAMENTO PRELIMINAR

A primeira etapa ou tratamento preliminar consiste em retirar os sólidos


do esgoto, constituído partículas sólidas grosseiras, como areia e lixo. Nessa
etapa são utilizados mecanismos físicos como o gradeamento (é a primeira
fase do processo do tratamento preliminar, tem a função de reter grandes
sólidos como brinquedos, madeiras, pedras, papéis, entre outros),
peneiramento (tem como função principal a remoção de sólidos com
granulometria maior que 2,5mm, utilizando-se peneiras estáticas rotativas e
estáticas) e a desarenação ou sedimentação, esta última responsável pela
remoção de areia, que tem como mecanismo a utilização de caixas de areia ou
desarenadores. A remoção desses sólidos contribuirá para minimizar o impacto
nas tubulações e bombas, responsáveis pelo transporte do efluente (VON
SPERLING, 2005).
7

Figura 1- Caixa de areia

Fonte: Jordão e Pessôa (2009).

2.5 TRATAMENTO PRIMÁRIO

Nessa etapa ocorre a separação entre a água e os materiais poluidores


como a matéria orgânica. A matéria orgânica suspensa é removida (cerca de
60 a 70%) por meio da sedimentação, contribuindo para a redução da DBO (25
a 35%). Para acelerar e otimizar este processo pode-se utilizar a adição de
coagulantes (alterando a caracterização do tratamento primário para
tratamento primário avançado), fazendo com que os sólidos seja mais
facilmente decantados (SILVA, 2004).

O tanque de decantação primário pode ser de formato quadrado,


retangular ou circular, onde a remoção de lodo deverá ser mecanizada para
vazões de dimensionamento superiores a 250L/s, sendo necessária a
construção de mais de uma unidade, em caso de necessidade de manutenção
no tanque principal, como preconiza a NBR 12209/1992
(ABNT, 1992b).
8

Figura 2 – Decantador primário circular

2.6 TRATAMENTO SECUNDÁRIO

O tratamento secundário consiste em um processo biológico, geralmente


do tipo lodo ativado ou do tipo filtro biológico, que fazem com que as matérias
orgânicas coloidais sejam consumidas por microrganismos, processo que
ocorre nos reatores biológicos (tanques com grandes quantidades de
microrganismos anaeróbios como protozoários, bactérias e fungos). Neste
processo os índices da DBO e dos coliformes permanecem em cerca de 60 a
99%, podendo ocorrer à remoção de nutrientes como o nitrogênio e o fósforo, e
a matéria orgânica consumida pelos agentes biológicos será convertida em gás
carbônico, água e material celular (NUVOLARI, 2011).

Feito o tratamento secundário, pode-se destinar a água residuária


tratada ao meio ambiente, uma vez que seu nível de poluição por matéria
orgânica se apresenta bastante reduzido (NEVES, 1974).

2.6.1 LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

O funcionamento desse sistema se dá de forma simples, consistindo


basicamente em movimento de terra e realização de taludes, e tem como
função mais importante a remoção da matéria orgânica rica em carbono,
9

podendo ser utilizada, em alguns casos, para o controle de organismos


patogênicos (VON SPERLING, 1996).

Um modelo de lagoa de estabilização é a lagoa facultativa, que recebe


essa denominação por predominarem nelas as bactérias facultativas, que
sobrevivem tanto em ambientes anaeróbios (fundo da lagoa) quanto em
ambientes aeróbios (superfície da lagoa). Na lagoa facultativa a DBO será
removida em torno de 50 a 70% na lagoa anaeróbia, já a DBO remanescente
será removida na lagoa facultativa. As algas, por meio da fotossíntese,
produzirá o oxigênio requerido pelas bactérias aeróbias.

Figura 3 – Fluxograma de uma lagoa facultativa primária

Fonte: Von Sperling (2005).

Quando se utiliza a combinação de lagoa anaeróbia e lagoa facultativa


em conjunto, a lagoa anaeróbia (que tem maior profundidade e menor volume)
transforma cerca de 50 a 65% da DBO em gases e líquidos, e a lagoa
facultativa trata de remover a DBO remanescente (CAMPOS, 1999).
10

Figura 4 – Sistema de lagoa anaeróbica e facultativa em conjunto

Fonte: Von Sperling (2005).

Para áreas onde se faz necessário a utilização de uma área reduzida,


utiliza-se como opção as lagoas aeradas de mistura completa junto com lagos
de decantação, onde ocorre uma aeração de maior intensidade resultando
numa produção consideravelmente maior de biomassa das bactérias, e por
conseguinte acontece o que a dispersão em elevada concentração no meio
líquido (mistura completa), ocasionando o aumento da DBO (VON SPERLING,
2005).

Figura 5- Fluxograma de lagoas de estabilização e lagoas de maturação em série

Fonte: Von Sperling (2005).

2.6.2 SISTEMAS ANAERÓBIOS

Um importante benefício da utilização deste sistema está na


necessidade de reduzida área de implantação, porém a baixa capacidade de
remoção de matéria orgânica, assim como a remoção de nutrientes e
patógenos, faz-se necessário um pós-tratamento, o que pode ser considerado
uma desvantagem em relação a outros sistemas (CHERNICHARO et al.,
2006).
11

Os reatores anaeróbios tem a função de separar o esgoto bruto em três


fases (separador trifásico): líquida, sólida e gasosa. Com uma eficiência
aproximada entre 60 % a 80% a fase líquida é o próprio efluente líquido que sai
após o tratamento. A fase sólida é o lodo gerado no sistema de digestão, que
geralmente possui uma idade superior a 30 dias. A fase gasosa é onde se
produz o biogás pelo processo anaeróbico, e posteriormente queimado para
evitar o mau cheiro devido ao gás metano (NUVOLARI, 2003).

A utilização de um reator UASB (reator anaeróbio de fluxo ascendente) -


Upflow Anaerobic Sludge Blanket – (Figura 00) também é convencionalmente
utilizada. As bactérias presentes no manto de lodo do reator consomem a DBO
anaerobiamente. As repartições da parte superior do reator em zonas de
sedimentação permitem a saída do esgoto clarificado e o retorno da biomassa
ao sistema, e em zonas de coleta de gás (metano) (CHERNICHARO, 1997).

Figura 6- Fluxograma de tratamento de esgoto por reator UASB

Fonte: Von Sperling (2005).


12

2.5 TRATAMENTO TERCIARIO

Essa etapa é onde ocorre a remoção dos patógenos e também, quando


necessário, a remoção de nutrientes como o nitrogênio e o fósforo, que podem
potencializar a eutrofização das águas receptoras (NEVES, 1974).

É comumente utilizado neste processo a adição de cloro e ozônio para a


desinfecção e remoção de substâncias complexas, e a remoção de sólidos em
suspensão pela filtração rápida (VON SPERLING, 2005).

2.6 MÉDIA DE EFICIÊNCIA DOS TIPOS DE TRATAMENTO DE ESGOTO

Pode-se conferir na tabela 00, de modo resumido, a comparação da


remoção de poluentes dos variados sistemas de tratamento, relacionando a
remoção da matéria orgânica (DBO), nitrogênio e fósforo.
13

Tabela 01 - Eficiências médias dos tipos de tratamento de esgoto em relação aos


principais poluentes presentes nos esgotos domésticos

EFICIÊNCIA MÉDIA DA REMOÇÃO


TIPOS DE TRATAMENTO DE ESGOTO
DBO (%) NITROGÊNIO (%) FÓSFORO (%)
Tratamento primário (tanques sépticos) 30-35 < 30 < 35
Tratamento primário convencional 30-35 < 30 < 35
Tratamento primário avançado 45 - 80 < 30 75-90
Lagoa facultativa 75-85 < 60 < 35
Lagoa anaeróbia + lagoa facultativa 75-85 < 60 < 35
Lagoa aerada facultativa 75-85 < 30 < 35
Lagoa aerada mistura comp. + lagoa de
75-85 < 30 < 35
sedimentação
Infiltração lenta 90-99 > 75 > 85
Infiltração rápida 85-98 > 65 > 50
Escoamento superficial 80-90 < 65 < 35
UASB 60-75 < 60 < 35
UASB + lodos ativados 83-93 < 60 < 35
UASB + biofiltro aerado submerso 83-93 < 60 < 35
UASB + filtro anaeróbio 75-87 < 60 < 35
Lodos ativados convencionais 85-93 < 60 < 35
Fonte: Adaptação de Von Sperling (2005).

2.7 MÉDIA DOS CUSTOS DOS TIPOS DE TRATAMENTO DE ESGOTO

A média per capita da demanda de área e dos custos de implantação,


operação e manutenção dos variados tipos de tratamento de esgoto está
evidenciado na tabela 00, adaptada de Von Sperling (2005).
14

Tabela 02- Características típicas dos principais sistemas de tratamento de esgotos

DEMANDA CUSTOS DE
DE CUSTOS DE OPERAÇÃO E
SISTEMA
ÁREA IMPLANTAÇÃO MANUTENÇÃO
(m²/hab) (R$/hab) (R$/hab.ano)
Lagoa facultativa 2,0-4,0 40-80 2,0-4,0
Lagoa anaeróbia + lagoa facultativa 1,5-3,0 30-75 2,0-4,0
Lagoa aerada facultativa 0,25-0,5 50-90 5,0-9,0
Lagoa aerada mistura comp. +
lagoa de 0,2-0,4 50-90 5,0-9,0
sedimentação
Reator UASB 0,03-0,10 30-50 2,5-3,5
UASB + lodos ativados 0,08-0,2 70-110 7,0-12

UASB + filtro anaeróbio 0,05-0,15 45-70 3,5-5,5

UASB + lagoa aerada mis. Compl. +


0,1-0,3 40-90 5,0-9,0
lagoa decantação
Fonte: Adaptado de Von Sperling (2005).

2.8 NORMAS E RECOMENDAÇÕES PARA PROJETO DE ESTAÇÕES DE


TRATAMENTO DE ESGOTO

De acordo com a NBR 12209/1992 as condições para a elaboração de


projetos de estações de tratamento de efluentes, e os detalhes que seguem
são todos relativos à (ABNT, 1992b). Alguns requisitos iniciais para o
dimensionamento devem ser apresentados, e são eles:

Relatório do estudo de concepção do sistema de esgoto sanitário,


conforme NBR 9648;
População presente e futura que deverá ser atendida pela ETE nas
diversas etapas do plano;
Vazões e outras características de esgotos domésticos e industriais
nas diversas etapas do plano;
15

Características requeridas para o efluente tratado nas diversas etapas


do plano;
Corpo receptor e ponto de lançamento definidos na concepção básica;
Área selecionada para construção da ETE com levantamento
planialtimétrico em escala 1:1000;
Sondagens preliminares de reconhecimento do subsolo na área
selecionada;
Cota máxima enchente na área selecionada;
Padrões de lançamento de efluentes industriais na rede coletora,
conforme NBR 9800.

A elaboração do projeto hidráulico-sanitário deve compreender, no


mínimo, as seguintes atividades:

Seleção e interpretação das informações disponíveis para projeto;


Definição das opções de processo para a fase líquida e fase sólida;
Seleção dos parâmetros de dimensionamento e fixação de seus
valores;
Dimensionamento das unidades de tratamento;
Elaboração dos arranjos em planta das diversas opções definidas;
Elaboração de perfil hidráulico preliminar das diversas opções;
Avaliação de custo das opções;
Comparação técnico-econômica e escolha da solução;
Dimensionamento dos órgãos auxiliares e sistemas de utilidades;
Seleção dos equipamentos e acessórios;
Locação definitiva das unidades, considerando a circulação de
pessoas e veículos e o tratamento arquitetônico-paisagístico;
Elaboração do perfil hidráulico em função do arranjo definitivo;
Elaboração de relatório do projeto hidráulico-sanitário, justificando
eventuais divergências em relação ao estudo de concepção.
16

Para o dimensionamento das unidades de tratamento e os órgãos


auxiliares, devem ser consideradas as vazões afluentes máxima e média, a
DBO, DQO e os sólidos em suspensão (SS). Estes valores devem ser
determinados através de investigação local, e na sua ausência, podem ser
considerados os valores de 54 g de DBO5/hab.dia e 50 g de SS/hab.dia. Outros
valores adotados devem ser justificados.
Para a vazão máxima, devem ser dimensionadas as estações
elevatórias de esgoto bruto, as canalizações, os medidores e os dispositivos de
entrada e saída.
Todas as unidades e canalizações precedidas de tanques de
acumulação com descarga de vazão constante devem ser dimensionados para
a vazão média.Uma canalização de desvio (by-pass) deve ser dimensionada
para isolar a ETE, e é recomendado que as unidades de tratamento possuam
mecanismos que possibilitem o seu isolamento. Deve também existir um
dispositivo de medição da vazão afluente à ETE, como calhas parshall.
O acesso às unidades deve ser fácil e adequado às condições de
segurança e comodidade da operação, juntamente com a previsão de
condições ou dispositivos de segurança que evitem concentração de gases que
possam causar explosão, intoxicação ou desconforto.
O projeto hidráulico-sanitário deve considerar o tratamento e o destino
final do lodo removido, e o relatório deste projeto da ETE deve conter:

Memorial descritivo e justificativo, contendo informações a respeito do
destino a ser dado aos materiais residuais retirados da ETE, explicitando
os meios que devem ser adotados para o seu transporte e disposição,
projetando-os quando for o caso;
Memorial de cálculo hidráulico;
Planta de situação da ETE em relação à área de projeto e ao corpo
receptor;
Planta de locação das unidades;
Fluxograma do processo e arranjo em planta (lay-out) com
identificação das unidades de tratamento dos órgãos auxiliares;
Plantas, cortes e detalhes;
17

Planta de escavações e aterros;


18

3 METODOLOGIA

3.1 O CEULP/ULBRA

O Centro Universitário Luterano de Palmas, está localizado no município


de Palmas-TO, latitude 10012’46” sul, longitude 48021’37” oeste, a uma altitude
230 metros, e conta com aproximadamente 6300 acadêmicos e 500
funcionários, totalizando então 6800 consumidores de água.
A estimativa de consumo de água por pessoa está em torno de 200
litros/dia segundo Von Sperling (2005). Tanto acadêmicos quanto funcionários
passam cerca de 4 a 8 horas na instituição, portanto adotou-se um consumo
médio diário de 30 litros por pessoa. Com base nisso o consumo será de
204.000 litros/dia de água consumida, e desse total 80% será convertido em
esgoto, o que representa uma produção diária de 163.200 litros de esgoto.

3.2 ESTIMATIVA DAS VAZÕES E ESTUDOS PRELIMINARES PARA


LOCALIZAÇÃO DA ETE

Neste trabalho será um estudo de viabilidade de instalação de uma ETE


de pequeno porte para tratar o esgoto doméstico primário gerado pela
instituição, tornando possível o reuso da água pela mesma.
Na escolha do local de instalação da ETE compacta dentro do
CEULP/ULBRA serão considerados os projetos planialtimétricos de todo o
terreno, correlacionando com a área livre disponível.

Serão estimadas as vazões de esgoto considerando o contingente de


alunos matriculados na instituição. Também será analisado o histórico do
consumo de água da universidade em um período mínimo de seis meses
letivos.
19

3.3 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DO ESGOTO

Uma caracterização precisa do efluente em estudo resultará em


resultados fidedignos. As características do efluente se alteram de acordo com
o tipo de estabelecimento em questão e aos padrões de consumo de água.

Desse modo, a caracterização do efluente deverá envolver as seguintes


diretrizes: coletas no tempo (sazonalidade); coletas pontos diferentes no
espaço físico do local (para identificar possíveis lançamentos de material
distinto do esgoto sanitário) e por final a escolha dos parâmetros mais
representativos (relacionado com o tipo de estudo a ser realizado e também
com os recursos financeiros para tal).

A metodologia determinada para o estudo de viabilidade de uma estação


de tratamento de esgoto compacta para o CEULP/ULBRA foi fundamentada na
de Von Sperling (1996), que preconiza a analise de requisito da área,
viabilidade econômica, e o tempo de detenção hidráulica, e, também, considera
de primordial importância o fator eficiência para a implantação de um projeto de
tratamento de efluentes.
Tais valores, como eficiência na remoção (%), custos de implantação
(US$/hab) tempo de detenção de hidráulica (dias) e requisitos de área
(m²/hab), tidos como as características mais importantes para determinar qual
sistema de tratamento mais adequado, são apontados na Tabela 03.
20

Tabela 03- Características importantes em um sistema de tratamento de esgoto

Tempo de
Sistemas de Eficiência na remoção (%) Requisitos Custos de
detenção
tratamento de implantação
hidráulica
Esgoto Área (US$∕hab)
DBO N P Coliformes (dias)
(m²∕hab)
Lagoa facultativa 70-85 30-50 20-60 60-99 2,0-5,0 10-25 15-30
Lagoa anaeróbica 70-90 30-50 20-60 60-99,9 1,5-3,5 10-25 12-24
Lagoa aerada 70-90 30-50 20-60 60-96 0,25-0,5 50-90 5-10
Reator anaeróbico 60-80 10-25 10-20 60-90 0,05-0,10 30-50 0,3-0,5
Lodos ativados 85-93 30-40 30-45 60-90 0,2-0,3 100-160 0,07-0,1
Fonte: Von Sperling (1996).

3.4 TRATAMENTO PRELIMINAR


3.4.1 Peneiramento
Com base nas características físicas do esgoto em estudo e no tamanho
de área útil disponível para implantação da ETE, será possível determinar qual
o modelo de peneiramento mais adequado para o caso. Não será necessário o
dimensionamento das peneiras, tendo em vista a grande variedade de
materiais e modelos disponíveis no mercado.

3.4.2 Tanque de equalização

Com a analise da variação do volume de efluentes gerados na


Universidade, e do período de geração de resíduos será possível o
dimensionamento do tanque de equalização, seguindo as premissas de
21

Cavalcanti (2009) e assim garantindo às demais fases do tratamento um


regime de vazões constantes.

3.5 ESTAÇÃO ELEVATÓRIA

Além das vantagens usuais da equalização dos efluentes, é possível


ainda aproveitar o próprio tanque para cumprir a função de poço de sucção da
estação elevatória, uma vez que, por gravidade, não haverá energia suficiente
para o esgoto passar pelas unidades de tratamento.
Em função da complexidade de projetos de estações elevatórias, e
também pelo fato do escopo principal estar relacionado com o tratamento em
si, realizou-se uma estimativa da potência da bomba necessária para conduzir
o esgoto pelas unidades de tratamento à jusante do tanque de equalização.
As bombas centrífugas e os Parafusos de Arquimedes são os mais
utilizados em sistemas de saneamento, sendo que os primeiros se adéquam
mais à estação de tratamento de esgotos do CELUP/ULBRA em razão do
pequeno porte. Portanto, será adotado uma bomba centrífuga para o recalque
do esgoto. A potência fornecida pela bomba é definida pela seguinte equação:

Na qual:
γ: peso específico do esgoto (N/m3);
Q: Vazão a ser bombeada para as unidades de tratamento (m 3/s);
HM: Altura manométrica (m).

Como a bomba consome uma potência superior à potência fornecida, a


potência consumida pela bomba será dada pela seguinte equação:
22

Na qual:
: rendimento da bomba (em máximo rendimento, que é o que se busca,
geralmente as bombas operam com n = 80%).

3.6 TRATAMENTO SECUNDÁRIO

Como forma de tratamento secundário do esgoto será adotado o


dimensionamento e instalação de um reator UASB, pois, dentre os métodos
citados neste trabalho é o que a menor taxa de ocupação e apresenta
satisfatórios níveis de tratamento de esgoto, no que se refere à remoção de
matéria orgânica.
Primeiramente dimensiona-se o reator como um todo, onde o Volume
Total de Reatores (Vt) é o produto entre a Vazão Média de Projeto (Qmed) e o
Tempo de Detenção Hidrálico (TDH):

Pode-se dividir Vt pelo número de reatores desejados, contudo para o


dimensionamento desta ETE utilizou-se um único reator.
É fixada então a altura útil do reator (Hu), valor normalmente
compreendido entre 4,50 m e 5,50 m, e então se calcula a área unitária (Au) do
reator:

O produto das dimensões (D) do reator deve ser o valor de A u. Para um


reator de lados iguais, calcula-se:
23

Para o sistema de distribuição do esgoto, partem tubos de distribuição


do topo do reator até 0,15 m do fundo, no qual cada um representa uma área
de influência (Ai) previamente fixada.
Calcula-se então o número de tubos necessários (Nd):

Com o diâmetro da tubulação utilizada, obtém-se a seção de cada tubo


(St):

Faz-se necessária a verificação da velocidade de escoamento (V e) dos


efluentes pelos tubos de distribuição:

A velocidade ascensional do lodo (Va) no interior do reator será:

Admite-se a produção de 0,18 kg SST/kg DQO afluente, e a massa de


lodo gerada (M) é calculada em função da DQO do esgoto gerado:
24

Considerando um teor de sólidos de 4%, densidade típica igual 1,02, o


volume gerado de lodo (VL) é:

A eficiência da remoção de DBO e DQO está relacionada com o tempo


de detenção hidráulica (TDH) utilizado, e podem ser calculadas da seguinte
forma:

Desta forma, foi possível estimar as concentrações de DQO e DBO


efluentes ao reator:

3.7 PÓS-TRATAMENTO

Para o modelo de ETE sugerido por esta pesquisa, não será


dimensionado um sistema de pós-tratamento. Vale ressaltar que a existência
desta etapa é de grande valor quando aplicada a pesquisas científicas na área
de saneamento. Visando estudos futuros, será projetado um espaço para o
desenvolvimento de tecnologias de pós-tratamento, tais como sistema de lodos
ativados, filtros anaeróbios, dentre outros.

3.8 DESINFECÇÃO
25

Para a unidade de desinfecção, pode-se optar por duas possibilidades:


(a) Cloração, uma técnica consagrada da desinfecção de águas e águas
residuais e (b) Radiação UV, uma das alternativas ao cloro mais difundidas
pela comunidade científica (PROSAB, 2003). Assim, possibilita ao
CEULP/ULBRA diferentes opções de tratamento terciário do esgoto gerado no
campus.

3.8.1 Desinfecção por cloração

A primeira etapa no dimensionamento simplificado da desinfecção por


cloração é o cálculo do volume do tanque de mistura rápida (VTMR), no qual se
adota o tempo de residência (Tres).

O volume do tanque de contato (VTC) é calculado a partir do tempo de


residência no tanque de contato (TTC):

O último tanque de passagem é o de descloração, e seu volume (VTD)


depende do tempo (TTD) definido como tempo de residência nesta etapa.

3.8.2 Desinfecção por radiação ultravioleta

Para o dimensionamento deste processo, experimentos constataram que


uma dose efetiva (D) de 21 mJ/cm² é suficiente para atingir o padrão de
efluente desinfetado proposto (PROSAB, 2003). Foi então calculada a dose
aplicada (Da):
26

Onde:
α: coeficiente de absorbância;
LUV: espessura de lâmina d’água.

A dose aplicada por volume (Dav) foi determinada em função da dose


aplicada (Da) e de LUV através da seguinte equação:

O número de lâmpadas utilizadas (Nuv) depende de Qmed, Dav, da


potência da lâmpada a 254 nm (P254), e da eficiência do refletor (f):

A partir do tempo de exposição mínimo (T emin) e de Qmax, foi determinado


o volume do reservatório (Vuv):

Com Vuv calculado, e Luv, calculou-se a área necessária para a câmara


de
desinfecção (Auv):
27

Para fins de conferência, foi checada a dose aplicada no reator (Dareator):

3.9 ESTIMATIVA DE CUSTOS PARA IMPLANTAÇÃO DA ETE

Os custos para implantação da ETE no Campus Ecoville serão


estimados conforme estudos baseados nos valores de implantação de
manutenção de Estações de Tratamento de Esgoto do Brasil (VON SPERLING,
2005; JORDÃO; PESSÔA, 2009).
Também será elaborado um orçamento simplificado, considerando os
itens mais representativos para a execução da obra, como escavações,
concreto, aço, tubulações, bombas e impermeabilizações.
Este orçamento prévio não isenta a futura execução da ETE da
elaboração de um orçamento completo, e dos projetos complementares
estruturais, elétricos, hidrossanitários e demais que se julguem necessários à
perfeita execução e operação dos equipamentos.

3.10 PRÉ-PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DA ETE


28

O pré-projeto de implantação da ETE no campus será projetado


conforme os equipamentos dimensionados nesta pesquisa e respeitando a
ordem de bom funcionamento e fluidez dos efluentes ao longo da estação.
Todas as unidades contarão com um sistema de registros para que seja
possível o by-pass de qualquer etapa do tratamento. Este mecanismo permite
que sejam estudados cada equipamento isoladamente, assim como quaisquer
combinações possíveis entre eles.
29

4 CRONOGRAMA

Tabela 04 - Cronograma

ETAPA JAN FEV MAR ABR MAI

ESCOLHA DO TEMA X

ELABORAÇÃO DE JUSTIFICATIVA, OBJETIVOS, X X


PROBLEMÁTICA, HIPÓTESE

ORIENTAÇÃO X X X

PESQUISA E LEVANTAMENTO DE REFERENCIAL X X X


BIBLIOGRÁFICO

DEFINIÇÃO DE ORÇAMENTO X X X

ORIENTAÇÃO FINAL X X

DEFESA X
30

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Revista MultiCiência dos Centros e Núcleos da Unicamp, acesso em


22 de fevereiro de 2017, http://www.multiciencia.unicamp.br/art03.htm.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9648: Estudo de


concepção de sistemas de esgoto sanitário. Rio de Janeiro, 1986

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de chuva, Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potá-
veis. 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9648: Estudo de


concepção de sistemas de esgoto sanitário. Rio de Janeiro, 1986.

______. NBR 12209: Projeto de estações de tratamento de esgoto sanitário.


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Garagens de Empresas de Ônibus. Câmara Municipal de Campinas 2007.

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