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AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO MORFODINÂMICO DA

ENGORDA DE PRAIA POR ATERRO HIDRÁULICO, EM


JABOATÃO DOS GUARARAPES-PE

Trabalho de Conclusão de Curso


Engenharia Civil

Diego Motta dos Reis Marques


Orientador: Prof. MsC. Pedro Eugênio Silva de Oliveira
Coorientadora: Profª. Drª. Núbia Chaves Guerra

Recife

2020
Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP
Graduação em Engenharia Civil

DIEGO MOTTA DOS REIS MARQUES

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO MORFODINÂMICO DA


ENGORDA DE PRAIA POR ATERRO HIDRÁULICO, EM
JABOATÃO DOS GUARARAPES-PE

Monografia apresentada como


requisito parcial para obtenção do
diploma de Bacharel em Engenharia
Civil pela Universidade Católica de
Pernambuco – UNICAP.

RECIFE, JUNHO DE 2020


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO MORFODINÂMICO DA


ENGORDA DE PRAIA POR ATERRO HIDRÁULICO, EM
JABOATÃO DOS GUARARAPES-PE

DIEGO MOTTA DOS REIS MARQUES

Monografia julgada para obtenção do título de


Bacharel em Engenharia Civil, defendida e
__________ por unanimidade em __/__/__
pela Banca Examinadora:

BANCA EXAMINADORA:

___________________________________________________

Prof. MsC. Pedro Eugênio Silva de Oliveira – UNICAP

___________________________________________________

Profª. Drª. Núbia Chaves Guerra - UFPE

___________________________________________________

Profª. Drª. Gertrudes Coelho Nadler - UNICAP


Dedico este estudo aos meus
familiares, namorada, amigos e docentes,
seres essenciais à minha formação
profissional e pessoal.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que me permitiu superar dificuldades em minha


caminhada e concretizar esse sonho.
Aos meus pais, Mônica e Manoel, à minha irmã, Luana, à minha namorada,
Stephanny, razões da minha vida, pelo companheirismo, dedicação, paciência, amor
e por sempre acreditarem em mim.
Aos meus padrinhos, Aflaudísio e Maria do Carmo e demais familiares, por
sempre estarem ao meu lado.
Aos amigos que me apoiaram ao longo dessa jornada.
Aos professores que contribuíram com conhecimento e ensinamentos,
referentes não só aos assuntos acadêmicos, mas também da vida.
Aos integrantes do Núcleo de Estudos Marinhos (NEM), da Secretaria
Executiva de Meio Ambiente e Gestão Urbana, do município de Jaboatão dos
Guararapes – PE, pelo companheirismo e ensinamentos.
À Secretaria Executiva de Meio Ambiente e Gestão Urbana, do município de
Jaboatão dos Guararapes – PE, em especial ao Secretário Isaac e à
Superintendente Edilene, pela liberação dos dados utilizados e oportunidade dada.
À banca examinadora, Profª. Gertrudes Nadler, Prof. Pedro Oliveira e Profª.
Núbia Guerra, pela disponibilidade e oportunidade, mesmo em tempos tão difíceis.
À Profª Núbia, em especial, por me acolher no ambiente de trabalho da
melhor maneira possível, sempre estando disposta a ensinar, compartilhar e ajudar.
À Nick, por todo companheirismo e amor.
RESUMO

O litoral do município de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do


Recife, vem sofrendo relevante processo de erosão marinha, agravado pela intensa
utilização e ocupação desordenada. Em 2013, foi realizada a obra de engorda de
praia por aterro hidráulico, ao longo de um trecho de 5,5 km que compreende as
praias de Barra de Jangada, Candeias e Piedade, visando a proteção costeira, e que
requer monitoramento e manutenção periódicos. Este estudo pretendeu avaliar o
comportamento morfodinâmico da obra de engorda das praias, por aterro hidráulico,
de Jaboatão dos Guararapes, quanto ao balanço sedimentar, num âmbito anual, no
período entre 2015 e 2020. Para essa avaliação foram utilizados três pontos críticos
da orla nas praias de Jaboatão dos Guararapes, Perfil N° 30 de Piedade e Perfis N°
93 e Nº 246, ambos de Candeias, baseando-se em dados de nivelamento
topográfico, bem como os dados gerados por caminhamento, marcando-se a
posição da linha de berma com uso de GPS. Em geral, observou-se uma tendência
à estabilização da obra, com diminuição da erosão se comparados os dados de
2017 com os mais atuais, embora haja pontos críticos com tendência a erosão
marinha, indicando, desse modo, área de extrema instabilidade no sistema praial.
Conclui-se ressaltando a importância do monitoramento de modo contínuo e
acompanhamento local, visando intervenção imediata, se necessário, para garantir a
longevidade da obra de engorda e a proteção costeira.

Palavras-chave: Engorda de Praia, Aterro hidráulico, Erosão Marinha, Processos


Costeiros; Processo erosivo.
ABSTRACT

The coast of the municipality of Jaboatão dos Guararapes, in the Metropolitan


Region of Recife, has been undergoing a significant process of marine erosion,
aggravated by the intense use and disorderly occupation. In 2013, the beach
fattening work was carried out by hydraulic landfill, along a 5.5 km stretch comprising
the beaches of Barra de Jangada, Candeias and Piedade, aiming at coastal
protection, which requires periodic monitoring and maintenance. This study aimed to
evaluate the morphodynamic behavior of the beach fattening work, by hydraulic
landfill, in Jaboatão dos Guararapes, regarding the sedimentary balance, on an
annual basis, in the period between 2015 and 2020. For this evaluation, three critical
points of the shore were used in the beaches of Jaboatão dos Guararapes, Profile N
° 30 de Piedade and Profiles N ° 93 and Nº 246, both from Candeias, based on
topographic leveling data, as well as data generated by walking, marking the position
of the shoulder with the use of GPS. In general, there was a trend towards
stabilization of the work, with a decrease in erosion when comparing the 2017 data
with the most current, although there are critical points with a tendency to marine
erosion, thus indicating an area of extreme instability in the beach system. . It
concludes by emphasizing the importance of continuous monitoring and local
monitoring, aiming at immediate intervention, if necessary, to ensure the longevity of
the fattening work and coastal protection.

Keywords: Beachnourishment, Hidraulic Fill, Marine Erosion, Coastal Processes;


Erosive Process.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 8

1.1 Justificativa............................................................................................... 11

2 OBJETIVOS............................................................................................... 14

2.1 Objetivo Geral........................................................................................... 14

2.2 Objetivos Específicos.............................................................................. 14

3 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................... 15

3.1 Ambiente Praial........................................................................................ 15

3.2 Erosão Marinha........................................................................................ 18

3.3 Obras de engenharia para a proteção costeira.................................... 21

3.4 Engorda de praia e os benefícios ambientais....................................... 25

4 METODOLOGIA........................................................................................ 27

4.1 Caracterização do local de estudo......................................................... 27

4.1. Característica geral da engorda............................................................. 30

4.2 Obtenção dos dados................................................................................ 31

4.3 Métodos Utilizados................................................................................... 34

4.3. Nivelamento topográfico......................................................................... 34

4.3. Levantamento da linha de berma........................................................... 36


2

4.4 Análises realizadas.................................................................................. 37

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 38

5.1 Nivelamento topográfico......................................................................... 38

5.2 Linha de berma......................................................................................... 47

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 51

REFERÊNCIAS.......................................................................................... 52
8

1 INTRODUÇÃO

Do ponto de vista espacial, pode-se definir zona costeira como a estreita faixa
de transição entre o continente e o oceano. Todavia, do ponto de vista da gestão, é
um cenário onde se acentuam os conflitos de uso, aceleram-se as perdas de
recursos e observam-se os maiores impactos ambientais, frutos da grande
concentração demográfica, crescentes interesses econômicos e pressões antrópicas
(CAMPOS et al., 2003).
Na zona costeira há inúmeras variáveis físicas, que compõem e integram os
diversos subambientes existentes, sendo que os aspectos hidrodinâmicos, como a
ação de ondas formadas pelo vento, associada à atividade das marés, exercem forte
influência na dinâmica sedimentar local (SILVA, 2014). Trata-se, portanto, de uma
das áreas mais complexas e de maior estresse ambiental, submetidas a fortes
pressões, tanto de origem natural como provocadas pelas ações humanas
(GRUBER; BARBOZA; NICOLODI, 2003).
Vários fatores têm interferindo negativamente nas áreas costeiras, como a
urbanização da orla; a retirada de areia da praia para mineração; as dragagens em
canais de maré e na plataforma continental, a conversão de terrenos naturais da
planície costeira em áreas urbanas (SOUZA, 2009b) e, inclusive as obras de
contenção mal planejadas (KALINDI; PILO; FARRENBERG, 2011; SOUZA, 2009b).
Tudo isso vem corroborando para a erosão marinha, que ocorre quando a
quantidade de sedimentos que chega ao ambiente é inferior à quantidade que sai
(GOIS; OLIVEIRA; MANSO, 2013).
Dentre as consequências decorrentes do desequilíbrio nas zonas costeiras,
tem-se a diminuição da largura da praia, a destruição das estruturas rígidas feitas
pelo homem e a perda do potencial turístico da área afetada (SOUZA et al., 2005).
Martins et al. (2016) acrescentam ainda a perda ou redução de áreas emersas com
valor cultural e econômico, danos diretos ao patrimônio, depreciação da área para o
setor turístico e urbanístico, além de gastos públicos e privados com obras de
proteção costeira.
Matias et al. (2010) enfatizam ainda que a inundação merece destaque, visto
que, na medida em que o mar avança, as ondas alcançam uma maior distância e
atingem campos de dunas, interferindo no transporte de sedimentos para o
continente, ocasionando a erosão e recuo da linha de costa.
9

Estima-se que grande parte das zonas costeiras mundiais esteja sendo
afetada pela erosão marinha, (BRANDÃO, 2008). Segundo LUIJENDIJK et al.
(2018), 31% do litoral mundial é formado por praias arenosas, e considerando todas
as praias do planeta, em 2018, 48% se apresentavam estáveis, 28% cresciam em
direção ao mar (acresção) e 24% recuavam persistentemente sob o efeito da erosão
marinha, em taxas que excediam 0,5 metros/ano. E, os 4% restantes das praias
arenosas apresentavam um recuo da linha de praia em taxas superiores a 5 m/ano,
indicando extrema erosão marinha.
Os mais de 8.000km de linha de costa brasileira também representam um
desafio, tanto pela gigantesca área, como pela sua diversidade ecossistêmica e
climática (LIMA, 2018). Compreende centenas de praias onde o processo erosivo é
bastante severo, requerendo medidas de recuperação ou contenção. Porém,
embora o tema erosão marinha seja bastante abordado nas instituições de pesquisa
em todo o país, as políticas de planejamento e ordenamento territorial, direcionadas
à esfera da gestão costeira, pouco têm incorporado os conhecimentos adquiridos,
resultando muitas vezes no desperdício de recursos financeiros públicos (SOUZA,
2009a).
No litoral de Pernambuco, que abrange 187km de extensão, as áreas com
processo erosivo instalado, de intenso a moderado, ocorrem em 17,25km,
equivalente a 10,9% do litoral (MANSO et al., 2018).
No que diz respeito ao gerenciamento costeiro, em 2012, 50% das praias da
região metropolitana pernambucana apresentavam áreas construídas que se
estendiam até o estirâncio. Dentre esses, salienta-se que os trechos mais críticos
correspondiam às praias em Jaboatão dos Guararapes, Recife e em Olinda, onde se
observavam enrocamentos e outras categorias de intervenção antrópica, no sentido
de proteger os bens públicos e privados (PERNAMBUCO, 2012).
Frente aos impactos da erosão marinha, existem as medidas preventivas e as
de mitigação (BRASIL, 2018a). As preventivas devem ter como princípio básico a
defesa da linha de costa como um compromisso nacional (NORDSTROM, 2010;
SOUZA, 2009a), exemplificado mediante a construção do Projeto de Gestão
Integrada da Orla Marítima – Projeto Orla, com o objetivo de planejar os usos da
praia (SCHERER, 2013). Já as intervenções de mitigação, buscam reduzir os efeitos
da intervenção humana sobre a zona costeira (COELHO, 2018), por meio da
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utilização de estruturas rígidas como espigões, molhes ou quebra-mares, muros,


enrocamentos ou a alimentação artificial da praia (BULHÕES, 2018).
Algumas estruturas de proteção costeira, designadas para proteger e manter
praias existentes ou prevenir possível recessão de linha de costa, como espigões,
quebra-mares ou molhes, interferem no transporte litorâneo de sedimentos ao longo
da praia, podendo causar indesejável erosão na sua vizinhança (BIRD, 1996 in
PRATA, 2005; KELLER, 1992).
Por causarem impactos indesejáveis como a interferência no balanço
sedimentar e na alteração do sistema ecológico das praias, essas obras rígidas
procuram ser evitadas e outras ações impetradas, como a regeneração das praias
com reposição de areia advindas de áreas de empréstimos, a saber, jazidas
submarinas ou fluviais (GUERRA, comunicação pessoal, 2020).
Desse modo, uma solução de engenharia que tem sido utilizada para
minimizar problemas de erosão, em muitas linhas de costa do mundo é o aterro
hidráulico ou a engorda de praia (SWART, 1991). Segundo Raudkivi e Dette (2002)
é um dos métodos ambientais de mais baixo impacto para a proteção da costa.
Bulhões (2018) refere que a engorda de praia consiste na alimentação
artificial da praia, realizada mediante a adição de materiais semelhantes aos
perdidos, para repor o estoque e conter os avanços da erosão marinha sobre áreas
urbanizadas, a partir da dragagem, o transporte e a deposição das areias. Tem a
finalidade de absorver a energia e, para isso, as areias que são eventualmente
erodidas dessas intervenções são livremente movimentadas para outras áreas do
litoral, sem, no entanto, comprometer a sua estabilidade.
Contudo, é necessário destacar que nenhuma opção de estabilização da linha
de costa consegue parar permanentemente a erosão marinha. E, o nível de proteção
pretendido relaciona-se à opção escolhida, às dimensões do projeto de defesa
costeira e às condições específicas da área de intervenção (BULHÕES, 2018),
devendo considerar também os efeitos sobre as praias adjacentes e o impacto
econômico resultante da obra costeira (PERNAMBUCO, 2012). Deve-se destacar
ainda que todas as opções de defesa do litoral requerem manutenção, com maior ou
menor frequência, além de propostas de mitigação dos impactos ambientais
negativos que ocasionam (BULHÕES, 2018).
11

1.1 Justificativa

O problema da erosão marinha pode ser caracterizado, sob o ponto de vista


do planejamento e da gestão, como um conflito resultante da oposição das forças
ambientais e antrópicas desse espaço (KOERNER; OLIVEIRA; GONÇALVES,
2013).
Assim, as intensas e variadas formas de uso do solo, como os processos
acelerados de urbanização, atividades portuárias e industriais, além da exploração
turística em larga escala; muitas vezes em áreas inadequadas, de alta dinâmica e de
sensibilidade ambiental têm corroborado para que a zona costeira se constitua num
desafio para o exercício das diferentes estratégias de gestão ambiental (GRUBER;
BARBOZA; NICOLODI, 2003).
Dentre as consequências negativas da erosão marinha podem ser citadas a
redução da largura da praia, o aumento na frequência de inundações decorrentes
das ressacas, o desequilíbrio de habitats naturais, o aumento da intrusão salina no
aquífero costeiro, a destruição de estruturas construídas pelo homem, a perda do
valor paisagístico, além da diminuição do potencial turístico da região (MILLER;
PATCHINEELAM, 2005).
Considerando que os territórios costeiros concentram hoje a maior parte da
população mundial, das infraestruturas e das atividades econômicas e que as
causas da erosão não podem ser totalmente eliminadas, é essencial adotar medidas
que visem a segurança de bens e pessoas, além do desenvolvimento sustentável
das zonas litorais (PALMA, 2016).
Porém, Koerner (2012) menciona as dificuldades para se diagnosticar,
prognosticar e manejar a erosão, no que tange à quantificação e modelagem dos
processos na zona costeira, incluindo o transporte de sedimentos, a elevação da
temperatura global e do nível do mar, relacionados diretamente a essa problemática.
Mas, apesar das dificuldades apontadas, Pontes e Araújo (2006) destacam
que o conhecimento da morfologia praial, mediante o monitoramento de uma faixa
de praia e de seu fundo adjacente permitem verificar a manutenção de uma
tendência erosiva ou progradacional local, possibilitando avaliar a variabilidade
vertical do perfil praial no tempo, contribuindo para um melhor planejamento e
gestão das zonas costeiras.
12

Nordstrom (2010) reforça a necessidade da utilização de protocolos para a


adoção de qualquer medida, mitigadora ou preventiva, em zona costeira, onde existe
o processo de licenciamento ambiental. Porém, no litoral brasileiro, são escassas as
referências sobre esses protocolos e sobre os processos com o detalhamento das
ações a serem realizadas pelos empreendedores (BRASIL, 2018a).
Vale ressaltar que os métodos de proteção costeira necessitam de
manutenção periódica para terem as suas funções preservadas (SOUZA et al.,
2005), requerendo, o monitoramento ambiental durante e após a execução das
obras, visando garantir que o projeto executivo seja corretamente implementado,
bem como sugerir alguns ajustes que se façam necessários, e avaliar os possíveis
impactos ambientais decorrentes da interferência no meio ambiente (BRASIL,
2018a).
Estudos em várias partes do mundo têm sido realizados sobre alterações da
configuração espacial da linha de costa. E, No Brasil, há alguns estudos regionais,
considerando taxas de variações na posição espacial da linha de costa,
características morfodinâmicas locais e informações geográficas (GREGÓRIO et al.,
2017), além de trabalhos acadêmicos, focados na identificação de vulnerabilidades
no espaço costeiro brasileiro (MUEHE, 2018).
Em Pernambuco, o crescimento exponencial da pressão demográfica sobre a
zona costeira e a explosão desordenada das atividades turísticas ocasionaram a
descaracterização, irreversível, de alguns pontos da costa (MANSO, 2000). E, nas
praias do litoral central de Pernambuco, estudos apontam que, nas últimas décadas,
a erosão marinha tem se tornado um problema de magnitude crescente
(MALLMANN, 2016).
No município de Jaboatão dos Guararapes, localizado na Região
Metropolitana do Recife, as praias de Barra de Jangada, Candeias e Piedade vêm,
ao longo dos anos, passando por sérios riscos de erosão marinha, demonstrado
pelo setor de pós-praia, que, em alguns pontos, encontra-se totalmente
impermeabilizado pela ocupação por grandes edifícios, com muretas e muros de
contenção construídos, sem nenhum estudo prévio (GUERRA, 2005).
Deste modo, em 2013, visando mitigar o processo erosivo e preservar a
integridade dos bens públicos e privados, foi necessário realizar a engorda de praia
na zona costeira de Jaboatão dos Guararapes, por meio da obra de aterro
hidráulico, por ser considerada a mais eficaz para a proteção efetiva do continente,
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visto que outras obras de contenção local mostraram-se ineficazes e, até


contribuíram para potencializar os efeitos erosivos ao invés de proteger (GUERRA,
2019).
Guerra (2019) ressalta, porém, que a obra de regeneração das praias
municipais, por meio do alargamento da faixa praial, carece de constante
monitoramento, sob a pena de se perder a areia ao longo dos anos ou por
intempéries extemporâneos, exigindo a manutenção com reposição da areia onde
ocorre a perda acima da estimada, convergindo com a opinião de Santos (2008),
que o monitoramento das praias de Barra de Jangada, Candeias e Piedade é
fundamental, de modo a fornecer elementos importantes para o entendimento da
dinâmica do transporte sedimentar, possibilitando o planejamento ordenado e
integrado da orla, minimizando os riscos existentes para a comunidade.
O Núcleo de Estudos Marinhos (NEM), da Secretaria Executiva de Meio
Ambiente e Gestão Urbana, do município de Jaboatão dos Guararapes – PE, é
responsável, dentre outras atribuições, pelo acompanhamento e monitoramento da
obra de engorda citada. E, como o autor deste estudo, trabalha atualmente, como
Chefe de Núcleo do NEM, vislumbrou-se a possibilidade de realizar um estudo que
avalie o comportamento morfodinâmico da obra de engorda das praias de Jaboatão
dos Guararapes-PE, quanto à perda ou ganho de sedimentos, no período entre 2015
e 2019.
Este estudo pretendeu responder à pergunta condutora: Qual o
comportamento morfodinâmico da obra de engorda (aterro hidráulico), realizada, em
2013, nas praias de Piedade, Candeias e Barra de Jangada, ao longo do período de
2015 a 20?
Estudos detalhados são uma ferramenta prática e poderosa no ordenamento,
na gestão e no planejamento ambiental das áreas litorâneas, sem os quais
dificilmente o desenvolvimento será sustentado (KALINDI; PILO; FARRENBERG,
2011). O monitoramento em junção ao gerenciamento costeiro integrado é vital para
mitigar impactos da erosão marinha (MENEZES et al. 2018).
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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar o comportamento morfodinâmico da obra de aterro hidráulico,


(engorda) das praias de Jaboatão dos Guararapes-PE, quanto à perda ou ganho de
sedimentos no período entre 2015 e 2019.

2.2 Objetivos Específicos

a) Analisar os dados do nivelamento topográfico, medidos no período de


2015 até 2018 e os obtidos em campo, em 2019, materializando, em gráficos, os
perfis dos pontos de estudo de interesse;
b) Construir o mapa da Linha de Berma para o estudo da variação da
largura do pós-praia.
c) Analisar no que diz respeito ao balanço sedimentar, três pontos da
obra de engorda das Praias de Piedade, Candeias e Barra de Jangada, que
apresentam histórico de erosão marinha crítica no período entre 2015 e 2019.
15

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Ambiente Praial

Conforme Brown e McLachlan (1990); Wright e Short (1984), as praias são


formadas a partir da interação entre vento, água e areia, resultando em processos
hidrodinâmicos e deposicionais complexos.
Muehe (1994) considera que as praias são depósitos de sedimentos,
geralmente arenosos, acumulados por ação de ondas que, devido à alta mobilidade,
se ajustam às condições de ondas e maré, sendo importantes elementos de
proteção do litoral. Trata-se, portanto, de ambientes compostos basicamente de
água e areia, cuja estrutura é determinada pela dinâmica de ondas e marés.
Por sua vez, King (1972) refere que as praias são ambientes sedimentares
costeiros, formados, comumente, por areias de diferentes constituições, indo desde
onde se inicia a interferência da velocidade orbital das ondas sobre o fundo marinho
até o limite mais continental da ação de ondas de tempestade ou mudanças
fisiográficas bruscas.
Na região praial ocorrem contínuas alterações morfodinâmicas causadas por
processos de origem continental e marinha (SILVA et al., 2004). Segundo Calliari et
al. (2003), os gradientes espaciais e temporais no transporte dos sedimentos praiais,
ocasionados por forças hidrodinâmicas, acarretam mudanças morfológicas que, por
sua vez, induzem modificações nos padrões hidrodinâmicos, num processo de
retroalimentação permanente. Em consequência desses processos, existem
diversas zonas que compartimentam a praia.
Segundo Gois (2018), a configuração morfodinâmica de uma praia relaciona-
se diretamente à interferência dos processos hidrodinâmicos, sendo que o seu
estado, resulta de modificações cíclicas e sazonais, responsáveis pela
movimentação e transporte de sedimentos inconsolidados, cuja variação resulta da
condição energética do momento. No verão, ocorre acréscimo de sedimentos e, no
inverno, ocorre a erosão.
Um sistema praial apresenta vários setores que foram definidos a partir da
resposta das ações hidrodinâmicas, do balanço sedimentar, do tipo de costa e do
16

tipo de sedimento (Figura 1). Desse modo, uma representação geral de um sistema
praial pode ser apresentado a seguir (GUERRA, comunicação pessoal, 2020).

Figura 1: Sistema praial

Fonte: Guerra (2020).

Reading e Collinson (1996), in Gregório (2004), dividem os setores do


ambiente praial em:
a) Dunas frontais: fazem limite com o pós-praia na parte inferior da escarpa;
b) Pós-praia: localiza-se acima da linha de preamar e, sua largura tem relação
com a inclinação média da praia, sofrendo ação das ondas nas
tempestades;
c) Praia ou estirâncio: situa-se entre o limite superior da preamar e o limite
inferior da baixa-mar. Sofre ações das ondas e marés, além dos efeitos do
espraiamento das ondas;
d) Antepraia: parte sempre submersa do perfil. Faz limite com a praia do nível
da maré baixa, avançando mar adentro até onde não existe remobilização
dos sedimentos.
Morais (1996), sob sua ótica, menciona as seguintes zonas praiais, que
podem ser visualizadas na figura que segue:
a) Zona de berma: localizada no pós-praia e resultante da deposição realizada
pelas ondas no limite da zona de espraiamento, ocasionando elevações
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planas, com mergulho abrupto. Essa dinâmica possibilita o surgimento de


escarpas praiais, provocando uma maior inclinação da praia.
b) Zona de estirâncio: parte da faixa de praia que fica exposta na maré baixa e
submersa na maré alta;
c) Zona de antepraia: sempre coberta pelas águas, fica exposta,
excepcionalmente, nas marés de amplitude elevada;
d) Zona de pós-praia: compreende desde a linha de maré alta até o contato com
o campo de dunas. É limitada pela berma e por um terraço de areia
depositada pela ação das ondas, no limite da zona de espraiamento. E,
esporadicamente é inundada pelas marés de maiores amplitudes.
No estudo em questão, adotou-se a seguinte configuração para o zoneamento praial
como pode ser visto na Figura 2, considerando:
a) Pós-praia – zona que vai do continente até a berma;
b) Berma – quebra morfológica entre o pós-praia e o estirâncio
c) Estirâncio – zona que inclui a face praial limitada entre a berma e a linha
d’água; ressalta-se que é a zona que fica exposta na maré-baixa e submersa
na preamar; e,
d) Antepraia – zona a partir da linha d’água até cerca de 10m a partir dessa
linha. Esclarece-se que essa restrição está associada a proibição de
atividades na praia em profundidade acima de 0,40m de acordo com o
decreto estadual N° 40.923/2014, por risco de ataques de tubarões.

Figura 2: Zoneamento praial

Pós-praia
Antepraia
Berma

Estirâncio

Fonte: Autor (2020).


18

Já Wright et al. (1982) apresentam um zoneamento baseado na


hidrodinâmica da praia:
a) Zona de Arrebentação (Breaking zone): parte do perfil da praia localizada
entre o limite mais distante da quebra das ondas e o mais próximo da costa, onde
ocorre a dissipação das ondas. O número de zonas de arrebentação relaciona-se
com o número de bancos de areia e calhas existentes na praia e, o seu conjunto
forma a zona de arrebentação;
b) Zona de Surfe (surf zone): relaciona-se ao trecho onde ocorre a dissipação
energética das ondas incidentes.
c) Zona de Espraiamento (swash zone): região entre a máxima e a mínima
excursão da vaga sobre a face da praia.
Na figura 3 pode-se observar o zoneamento praial.

Figura 3: Perfil praial, seus setores e feições morfológicas .

Fonte: Duarte (2002).

3.2 Erosão marinha

Os ambientes costeiros do Brasil vêm, ao longo dos anos, sofrendo um


relevante processo de degradação ambiental, gerado pela pressão das ações
19

antrópicas (resultantes da ação do homem) associada à pequena capacidade


desses ecossistemas de absorverem os impactos resultantes destes processos. A
brusca intensificação da utilização das zonas costeiras além do desenvolvimento de
várias intervenções no litoral (turismo e urbanização) provocaram a redução do
abastecimento sedimentar e, consequente, erosão (DIAS, 2005).
Pode-se dizer que a mais impactante consequência advinda do desequilíbrio
nas zonas costeiras, do ponto de vista ambiental, social e econômico, é justamente
a alteração no balanço sedimentar, principalmente quando o quantitativo de
sedimentos levado da linha de costa é maior em proporção do que o que é
depositado, desencadeamento os processos de erosão das praias (GOIS,
OLIVEIRA, MANSO; 2013; MORAIS, 1996).
A região praial constitui uma área de contínuas alterações morfodinâmicas
(SILVA et al. 2004). Essa região responde as características do regime de ondas
incidentes, da configuração morfológica da região costeira e da plataforma
continental adjacente, das variáveis do estoque sedimentar disponível e dos
processos harmônicos produzidos pela ação das marés e correntes derivadas, que
condicionamos processos erosivo-deposicionais, atuantes no sistema
(WESCHENFELDER; ZOUAIN, 2002).
O principal aporte de sedimentos para a praia vem dos rios que carreiam os
mesmos do continente atingindo a foz e sendo distribuído pelas correntes de deriva
que ocorrem perpendicular à linha de costa (GUERRA, comunicação pessoal, 2020).
Cabe ressaltar que o processo de transporte de sedimentos na zona de
espraiamento também é de grande relevância na recuperação da praia (BALDOCK
et al., 2005), visto que esse movimento é um dos principais mecanismos de
transporte de sedimentos entre as zonas subaérea e subaquática, ou seja,
perpendicular à praia (MASSELINK; HUGHES, 1998).
De acordo com Morais (1996), a erosão marinha pode ser dividida em dois
tipos:
a) erosão natural: resultante da sazonalidade dos regimes de ondas e da
morfodinâmica das feições fisiográficas costeiras, consistindo em um
processo normal no equilíbrio sedimentológico e dinâmico do sistema
costeiro;
20

b) erosão antrópica: consequente da interferência do homem no sistema


dinâmico costeiro, nas diversas formas de intervenção, alterando o equilíbrio
sedimentar (GUERRA, comunicação pessoal, 2020).
Bulhões (2018) acrescenta ainda que as causas da erosão marinha podem
ser:
a) de cunho evolutivo: onde existe uma tendência geológica ou
geomorfológica relativamente lenta, de mudanças na forma do litoral e a erosão
pode estar associada a elevação relativa ou absoluta do nível do mar. Nesse caso,
as mudanças climáticas também podem ocasionar alterações no suprimento de
sedimentos e na energia que é direcionada ao litoral. Além disso, eventos de
tectonismo e vulcanismo podem modificar abruptamente a forma do litoral.
b) De cunho episódico: está relacionada aos impactos erosivos eventuais,
pontuais e esporádicos, de curto termo, que alteram os aspectos físicos da linha de
costa. Está associado, usualmente, a tempestades extremas e pouco frequentes,
tufões, furações, maremotos entre outros eventos extremos.
É fundamental destacar que a erosão marinha pode ocasionar inúmeras
consequências negativas (SOUZA et al., 2005; SOUZA, 2009b):
a) redução na largura e cota da praia e retração da linha de costa;
b) desaparecimento do pós-praia;
c) perda e desequilíbrio de habitats naturais, como o ecossistema praial ou
alguma de seus setores (SOUZA, 2008) ou restingas, ente outros (GUERRA,
comunicação pessoal, 2020);
d) elevação na frequência e magnitude de inundações costeiras, provocadas
por ressacas associadas às marés meteorológicas ou a demais eventos de alteração
das marés;
e) potencialização da intrusão salina por capilaridade no aquífero costeiro
provocando aumento na salinização dos mesmos, bem como da salinidade nas
drenagens superficiais da planície costeira;
f) perda de propriedades e bens públicos e privados ao longo da linha de
costa;
g) destruição de estruturas de engenharia implantadas artificialmente,
paralelas e/ou transversais à linha de costa;
h) redução do valor imobiliário de habitações costeiras;
i) diminuição do valor paisagístico da praia e/ou da região costeira;
21

j) comprometimento do potencial turístico da região costeira, decorrente da


destruição do sistema praial;
k) prejuízos nas atividades socioeconômicas do comércio formal e informal
desenvolvido na região costeira;
l) artificialização da praia causada pela construção de obras costeiras,
visando a proteção e/ou recuperação e/ou mitigação;
m) gastos financeiros exorbitantes para a proteção e/ou recuperação e/ou
reconstrução de praias, por obras de engenharia.

3.3 Obras de engenharia para a proteção costeira

As obras de engenharia para a proteção costeira são estruturas que visam


defender a praia e o litoral/continente, intervindo na erosão marinha, assim como no
balanço do transporte sólido, com o fim de obter a estabilização ou ampliação da
linha de costa (ALFREDINI; ARASAKI, 2009). Segundo Nordstron (1992), essas são
medidas para, além da estabilização de praias, determinar o estabelecimento de
uma faixa de recuo que proteja as construções locais contra a erosão e as cheias;
e/ou que possam dissipar a energia de ondas ou então reter os sedimentos. Ainda
de acordo com Nordstrom (1992), além do uso de obras rígidas é possível aumentar
a praia, através do engordamento artificial de praia por aterro hidráulico e, caso haja
possibilidade, introduzir vegetação específica das feições naturais (dunas, restingas,
cordões, dentre outros) que irão fixar a areia da praia (GUERRA, comunicação
pessoal, 2020).
As obras de proteção costeira são classificadas conforme o seu
posicionamento relativo à linha de costa, sendo paralelas ou perpendiculares, e
podendo ser aderentes ou destacadas. Contudo, é extremamente relevante
considerar os parâmetros de dimensionamento de uma obra de engenharia para a
proteção costeira levando em conta a faixa de variação do nível do mar; a altura, o
período e o ângulo de incidência da onda na arrebentação; a granulometria dos
sedimentos; e, a batimetria local (LYRA, 2012), além do histórico geológico
(décadas, centenas, milhares de anos) da evolução costeira da área a ser
implantada a obra de engenharia, através de fotografias aéreas, imagens de
22

satélites, mapas geológicos e morfológicos do Quaternário, bem como conhecer a


história geológica contemporânea (meses, anos), como cita Guerra (comunicação
pessoal, 2020), acessando fotografias e relatos de moradores da área de interesse.
De acordo com Alfredini e Arasaki (2009), dentre os tipos mais comuns de
obras de engenharia usadas para a defesa do litoral tem-se:
a) Espigões: são construções transversais fixadas na costa, do pós-praia até
a faixa de arrebentação, que agem, isoladamente ou em conjunto, diretamente sobre
o transporte longitudinal de sedimentos (Figura 4). Têm como objetivos intervir
parcialmente ou totalmente no transporte de sedimentos litorâneos, simular células
gerando “baías” para estabilizar a deriva litorânea, alargar a extensão das praias a
jusante.

Figura 4 – Representação esquemática de espigão ou esporão

Fonte: Guerra (comunicação pessoal, 2020)

b) Quebra-mares: consistem em estruturas construídas, distante e sem


contato com a costa, em posição paralela à mesma, podendo ser submersos ou não
(Figura 5). Têm a função de intervir sobre as ondas, dissipando a soma de energia
das mesmas antes de alcançarem a praia, diminuindo o seu poder erosivo.
23

Figura 5 – Representação esquemática de quebra-mar

Fonte: Guerra (comunicação pessoal, 2020)


c) Obras longitudinais aderentes - muros, paredões e enrocamento aderente
(Figura 6): são indicadas para estabelecer a escora da praia em costas que não
possuem proteção natural adequada. Inibem o impacto direto das ondas sobre as
praias (GUERRA, comunicação pessoal, 2020) e coibir inundações em eventos
meteorológicos extremos. Os Muros de Proteção (seawalls) são feitos de materiais
maciços e impermeáveis de concreto, verticais ou com uma pendente inclinada
(KOERNER, 2012). Já, os enrocamentos são estruturas rígidas, paralelas e
aderentes à linha de costa, sendo constituídos blocos de pedra-rachão de
granulometria variada (GUERRA, comunicação pessoal, 2020). Tanto os muros,
como os paredões e os enrocamentos são idealizados e instalados para que
dissipem a energia das ondas que chegam do mar (KOERNER, 2012; PAULA,
2015). Um impacto negativo desse tipo de obra é que podem reter resíduos sólidos
urbanos e matéria orgânica, proveniente de efluentes domésticos, formando áreas
24

propícias para a proliferação de doenças infectocontagiosas, cujos vetores (insetos e


roedores) se alojam entre os blocos rochosos (SILVA; PIRES, 2007; PAULA, 2015).

Figura 6 – Representação esquemática de muro de contenção, paredão e


enrocamento.

Fonte: Guerra (comunicação pessoal, 2020)

d) Alimentação artificial de praias, engorda (Figura 7): consiste em abastecer


artificialmente a faixa da costa com sedimento de jazida de empréstimo submarina
ou fluvial, tratando-se de um aterro hidráulico que promove a engorda das praias
que sofreram erosão. Busca regenerar a área praial degradada, recompondo a praia
com menor impacto do que os das obras rígidas de engenharia (GUERRA,
comunicação pessoal, 2020). Essa alimentação praial consiste na adição de material
arenoso ao longo da costa, obtido de áreas de empréstimo (jazidas), com o intuito
de resolver um déficit contínuo de sedimentos, apontado pela retração da linha de
costa, mantendo uma largura da praia desejada (DEAN, 2002). Com este fim, requer
a construção de um aterro com areia de mesmo tamanho, densidade e
granulometria do material original da praia e, livre de contaminação (LYRA, 2020).
25

Figura 7 – Imagem de ação de engorda realizada na praia de


Candeias em Jaboatão dos Guararapes.

Fonte: Núcleo de Estudos Marinhos, Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes (2020).

Em relação às técnicas de estabilização estrutural, sem utilização de material


rochoso ou estrutura de concreto, o engordamento de praia e os espigões estão
sendo usados não como equipamento básico de proteção da praia, mas sim,
utilizados associados ao processo de engorda (GUERRA, comunicação pessoal,
2020). Essa técnica tem sido utilizada em muitas linhas de costa do mundo
(SWART, 1991), sendo a ação mais recomendada até os dias atuais (GUERRA,
comunicação pessoal, 2020). Nos Estados Unidos da América, conforme Hanson et
al. (2002), o engordamento artificial, foi a única alternativa de proteção costeira
permitida durante pelo menos 75 anos, continuando sendo a mais recomendada,
sendo efetuada mensalmente nas praias da Flórida (GUERRA, comunicação
pessoal, 2020).

3.4 Engorda de praia e os benefícios ambientais


26

A engorda de praia é ambientalmente sustentável e relativamente positiva em


relação a processos erosivos em curto prazo, e a erosões de médio e longo prazo
(HAMM et al., 2002). Entretanto, Raudkivi e Dette (2002) mencionam que a
exigência anual de areia pode acarretar custos de manutenção substanciais.
Todavia, Guerra (comunicação pessoal, 2020) ressalta que, quando bem
administrada pelos setores do turismo, por exemplo, a engorda pode ser
autossuficiente financeiramente, como ocorre nas praias da Flórida e de São
Francisco, respectivamente costa leste e oeste dos Estados Unidos da América
Na figura 8 pode-se verificar as vantagens e limitações das estruturas
tradicionais de defesa do litoral.

Figura 8 – Vantagens e limitações das estruturas tradicionais


de proteção litorânea.

Fonte: Robrini; Silva (2014) in PALMA (2016).

Farinaccio (2008) e Souza (2009a) enfatizam que muitas obras de “proteção”


costeira, acabam potencializando os efeitos e impactos que se estendem por áreas
maiores que seus objetos de proteção, ou prolongam e ampliam os danos da erosão
marinha.
Deste modo, a escolha dos métodos mais apropriados de proteção costeira
deve considerar seus prováveis impactos ambientais, além do seu custo e eficiência
27

(ESTEVES, 1998). Portanto, tais soluções devem convergir para formar um leque de
alternativas que englobem além das obras de proteção costeira, medidas de
reordenamento da orla e planejamento em médio e longo prazos (BRASIL, 2018b).

4 METODOLOGIA

Este estudo compreendeu duas partes, o nivelamento topográfico e a


demarcação da linha de berma, para análise morfodinâmica dos perfis dos pontos
críticos severos da obra de engorda implantada nas praias de Piedade, Candeias e
Barra de Jangada, do Município de Jaboatão dos Guararapes-PE.

4.1 Caracterização do local do estudo

A área monitorada faz parte do Núcleo Metropolitano do Estado de


Pernambuco, que abrange os Municípios de Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe,
Moreno, Olinda, Recife e São Lourenço da Mata (NEM, 2019).
Dentre esses seis municípios enquadrados no núcleo metropolitano, apenas
Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Recife possuem praias (Figura 9).
O Município de Jaboatão dos Guararapes está localizado ao sul de Recife,
mais precisamente entre os paralelos 08°02’48’’ e 08°14’31’’ de latitude sul e os
meridianos 34°54’23’’ e 35°06’54’’ de longitude oeste. Seu litoral tem
aproximadamente 8 km de extensão, e compreende as praias de Piedade, Candeias
e Barra de Jangada. Ao norte limita-se pela praia de Boa Viagem (localizada na
cidade do Recife) e ao sul pela praia do Paiva (localizada no município do Cabo de
Santo Agostinho), onde ocorre a convergência dos estuários dos rios Jaboatão e
Pirapama (este último localizado no município do Cabo de Santo Agostinho). As
marés registradas para essa região são semidiurnas, ou seja, apresentam
normalmente dois picos de maré baixa e alta diariamente; Segundo Davies (1964),
em termos de amplitude é classificada como mesomarés, pois tem amplitude entre 2
e 4m (NEM, 2019).
28

Figura 9: Divisão setorial do litoral do Estado de Pernambuco e a localização


das praias municipais de Jaboatão dos Guararapes, área de estudo.

Fonte: Núcleo de Estudos Marinhos, Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes (2019).

Essa área tem por característica ser intensamente urbanizada, apresentando


também obras de engenharia costeira como espigões e quebra-mares, além de
estruturas rígidas como enrocamentos e construções localizadas no pós-praia, que
impedem a movimentação natural da areia (NEM, 2019).
Na antepraia destaca-se a presença de beachrocks e bancos de recifes
algálicos com poucas espécies de corais associadas a essas rochas. Parte dos
beachrocks ficam submersos na maré alta e emersas na maré baixa, dispostos
paralelamente entre si, apresentando formato linear, porém com faixas descontínuas
não necessariamente paralelas à linha de costa (NEM, 2019).
Já os bancos algálicos (Figura 10) são rochas resultantes da morte de algas
que por terem esqueleto carbonático, litificam-se. Normalmente ficam submersos e
sua forma são circulares devido ao fato de serem prados que crescem ramificando-
se semelhantemente as gramíneas (NEM, 2019).
29

Figura 10: Imagem oblíqua do banco de recife algálico na praia de


Barra de Jangada

Fonte: Guerra (comunicação pessoal, 2020)

Em relação ao ambiente praial, o trecho estudado se mostrou quanto à


classificação, com predominância de Depósitos Atuais de Praia, caracterizados por
formar a estreita faixa que constitui a porção mais externa da planície costeira,
estando depositados entre a linha de baixa-mar e o terraço marinho holocênico, com
pequena inclinação no sentido do mar. Sofre permanentemente a ação combinada
das ondas, marés e correntes. Tem em sua constituição areia média a grossa, bem
selecionada. O conteúdo de carbonato de cálcio é geralmente superior a 70%, na
antepraia; já, na pós-praia decresce para 10 a 12% (DELIBRIAS; LABOREL, 1971)
Estudo de Menezes et al. (2018) nas praias de Piedade e do Paiva em
Pernambuco, após a análise de dez geoindicadores, verificou que ambas
apresentaram vulnerabilidades diferentes, variando de média a alta. Reforçam
também a importância de avaliar a vulnerabilidade à erosão marinha, bem como dar
continuidade ao monitoramento costeiro.
As praias de Barra de Jangada, Candeias e Piedade, no Município de
Jaboatão dos Guararapes, apresentam sérios riscos de erosão marinha,
apresentando em alguns pontos, o setor de pós-praia caracterizado pela
impermeabilização total, pelos edifícios, de alto valor financeiro, com muretas e
muros de contenção construídos sem nenhum estudo prévio (GUERRA, 2005), e
que em sua maioria apresenta grande altura, liberada pela Lei Municipal nº122, de
23 de outubro de 2001 que rege a urbanização local, que permite edificações com
30

até vinte e dois pavimentos, comprometendo e ameaçando a orla em questão


(Moura et al., 2005), em particular, a ação de ventilação na porção continental
(GUERRA, comunicação pessoal, 2020).
Nas praias de Jaboatão dos Guararapes existem estruturas de engenharia
rígidas como guia-corrente, espigões, enrocamentos aderentes e muros, assim
como quebra-mar, indo desde a margem esquerda do Rio Jaboatão na Praia de
Barra de Jangada, passando pela Praia de Candeias indo até a Praia de Piedade
(MAI, 2009; GUERRA, comunicação pessoal, 2020).
Essas intervenções contribuíram para modificações morfológicas de toda a
orla. O guia-corrente, na foz do Rio Jaboatão, alterou a hidrodinâmica nesse
estuário, provocando, inclusive, extrema instabilidade na extremidade do pontal do
Paiva (Ilha do Amor) que fica no Município do Cabo de Santo Agostinho. As demais
obras de engenharia que tinham como objetivo a proteção da praia, provocaram
efeitos erosivos com perda de área de praia tanto em Barra de Jangada como em
Candeias e Piedade (MAI, 2009).

4.1.1 Característica geral da engorda

Como as obras rígidas perderam a eficácia e não protegiam mais a praia


contra a erosão marinha, houve a implementação da engorda de praia, realizada no
litoral de Jaboatão dos Guararapes (PE) em 2013. Dos 8 km de extensão, 5,5 km
passaram pelo processo de engorda, no qual foram utilizados cerca de 900.000 m³
de sedimentos (GUERRA, 2019).
A regeneração artificial de praias consiste da reposição de sedimentos
advindos de jazida externa à praia, no caso da obra em questão, uma jazida
submarina, e foi construído um aterro hidráulico (engorda) com pós-praia medindo
45m de largura e cota em torno de 4m, que corresponde ao cordão litorâneo ou
terraço marinho de idade holocênica (GUERRA, 2019).
A reposição de sedimentos foi realizada por meio de uma draga do tipo
Trailing Hopper Suction Dredge (THSD), com capacidade de cisterna de 6.000m³,
que trouxe sedimentos da jazida mapeada na plataforma marinha da praia de Xaréu,
no Município do Cabo de Santo Agostinho. Essa jazida está a uma profundidade de
13m e a 2,2km da costa, distante cerca de 12km do local da obra de engorda. A
31

areia foi dragada por sucção para a embarcação e armazenada no porão. Em


seguida, foi bombeada para as praias por meio de uma conexão tubular, sendo que
depois do recalque, o sedimento foi nivelado por máquinas na praia até atingir
dimensões determinadas no projeto executivo. Essa regeneração foi realizada
sequencialmente, a partir da Praia de Barra de Jangada, seguindo em direção ao
Norte até a praia de Piedade (SENA, 2018 in PERNAMBUCO, 2013). Essa
sequência seguiu a recomendação técnica baseada no fato de que a deriva litorânea
e o transporte de sedimentos paralelo à costa ocorrem de Sul para Norte no litoral
pernambucano (GUERRA, comunicação pessoal, 2020).

4.2 Obtenção dos dados

Os dados utilizados foram retirados do banco de dados do Núcleo de Estudos


Marinhos-NEM da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes e, obtidos por meio do
nivelamento topográfico e demarcação da linha de berma, com caminhada e
georreferenciamento por GPS.
Para o monitoramento da obra de aterro hidráulico em questão, 310
Referenciais de Níveis (RNs) foram estabelecidos, utilizando-se distribuição
geométrica para facilitar os cálculos de medição, além de se estabelecer a faixa dos
35m de largura de pós-praia como uma largura de alerta. Essa marcação foi
norteadora para posicionar e georreferenciar os perfis que são medidos em cada
período de maré alta, de sizígia (quando a lua cheia promove a maior amplitude das
marés), mensalmente, desde 2013 (GUERRA, comunicação pessoal, 2020).
No entanto, para esse estudo apenas 15 RNs foram considerados para a
análise geral da área e, na Tabela 1, estão os dados de cada referencial de nível,
apresentando suas latitudes e longitudes, cotas e local.
32

Tabela 1: Coordenadas, cotas e localidades dos RN.


Coordenadas UTM
Estação Cota Local
(Longitude/Latitude)

E02 288902/9095894 4.065m Piedade

E11 288882/9095630 4.658m Piedade

E20 288821/9095365 4.907m Piedade

E30 288745/9095125 4.805m Piedade

E41 288637/9094746 5.076m Piedade

E51 288677/9094433 4.104m Piedade

E61 288725/9094166 4.276m Piedade

E93 288829/9093095 4.513m Candeias

E119 288854/9092768 4.826m Candeias

E142 288820/9092481 4.317m Candeias

E164 288765/9092272 5.596m Candeias

E246 288521/9091454 5.142m Candeias

E260 288471/9091319 4.029m Candeias

E273 288363/9091188 6.102m Barra de Jangada

E285 288260/9090949 4.682 m Barra de Jangada

Fonte: Autor (2020).

Destes 15 RNs, três foram escolhidos, por representarem criticidade


elevadíssima quanto à erosão marinha, utilizando o critério de distribuição que
abrangesse considerável parte da obra, para serem aqui debatidos e analisados.
Esses RNs correspondem às estações: E30, E93 e E246.
O RN E30 (Figura 11) está localizado em Piedade, à frente do Edifício Monte
Guararapes, próximo à faixa de areia e fica à sombra de um beachrock, que gera
uma região mais protegida dos
efeitos das ondas e,
consequentemente, apresenta
uma grande procura por parte
dos banhistas.

Figura 11: Localização


do E30.
33

Fonte: Google Earth (2020).

O RN E93 (Figura 12) localiza-se na praia de Candeias, entre a Rua


Professora Enedia Rabêlo e a Rua Manoel Menelau. O local apresenta-se próximo
ao fim de uma formação de banco de recife algálico.

Figura 12: Localização do E93.

Fonte: Google Earth


(2020).

O RN E246 (Figura 13) está localizado também em Candeias, na proximidade


da rua Professor Mario Ramos. Apresenta no local, restos de um enrocamento
destruído tanto pela ação das ondas como pela falta de manutenção.

Figura 13: Localização do E246.


34

Fonte: Google Earth


(2020).

4.3 Métodos utilizados

4.3.1 Nivelamento topográfico.

Os dados escolhidos foram os do banco de dados do NEM, realizados entre


os anos de 2016 e 2018, somando cerca de 163 leituras de nivelamento topográfico,
cada uma contando com coordenadas de longitude, latitude e cota, cujas leituras
foram obtidas nos meses de janeiro, junho e outubro, e pelo autor nos mesmos
meses, no ano de 2019, totalizando 459 dados levantados.
No processo de levantamento em campo (ano de 2019) inicialmente, foram
separados em gabinete, os materiais a serem utilizados nas medições na praia:
- Estação total modelo FOCUS 8 (Figura 14), configurada no sistema de
referência de coordenadas Datum Wgs84, com os RNs em questão já inseridos,
incluindo seus respectivos dados base.
35

Figura 14: Foto do equipamento Estação Total Focus 8

Fonte: Autor (2020).

- Prismas para estação total e bastões (Figura 15) expansíveis para prisma de
até 2,45m.

Figura 15: Prisma e bastão usados para leitura da estação total

Fonte: Guerra (comunicação pessoal, 2020)

- Rádios comunicadores.

- Prancheta, ficha de campo e caneta.


36

- Trena.

Em campo, no local do RN, foi realizada uma breve análise das condições
topográficas da área a ser monitorada, buscando a melhor localização possível para
posicionar-se a estação total, a fim de obter a melhor leitura do perfil para o RN em
questão. Ao começar-se o levantamento topográfico, a estação total foi posicionada
sobre um tripé, travada, nivelada e orientada (georreferenciada), a partir de RN
conhecidos.
As leituras foram realizadas na baixa-mar de sizígia, e para cada RN foram
feitas medidas desde o início da obra de engorda (porção mais próxima ao
continente) sobre o RN, e a partir desse, perpendicularmente à linha de costa em
direção ao mar, estendendo-se até abaixo da linha d’água, cerca de 10m.
O número de leituras variou para cada perfil, dependendo das condições do
terreno, da extensão da faixa praial e dos obstáculos existentes em uma praia
urbana. A cada visada, a estação total coletou dados como: distância, coordenadas
geográficas e cotas do RN Estação em questão
Após o levantamento dos dados de cada RN em campo, gravados na estação
total, em escritório os dados foram descarregados em arquivos na extensão “.txt”,
para posteriormente serem visualizado, analisados e corrigidos. Em seguida, foram
criadas tabelas no programa EXCEL (versão acadêmica), onde os dados foram
configurados e, com o auxílio do programa gráfico, foram representados os perfis
topobatimátricos específicos.
Com os dados plotados e os gráficos gerados, foi desenvolvida a comparação
desses perfis topobatimétricos e analisado o comportamento dos mesmos ao longo
dos anos, possibilitando estimar se houve ganho e/ou perda de areia da engorda, ou
seja, do aterro hidráulico.

4.3.2 Demarcação da linha de berma

Utilizando um aparelho GPS GARMIN Map 64S e GARMIN MONTANA, fez-


se a marcação da linha de berma de toda extensão da obra de engorda,
mensalmente, nas luas cheia e nova, nas marés de sizígia. Para efeito de
comparação da evolução da linha de costa foram obtidos os dados levantados pelo
37

NEM da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, no mês de dezembro, entre os


anos de 2015 e 2018, somando cerca de 1550 pontos. Ressalta-se que os dados de
2017 foram perdidos devido a problemas internos e por isso não são citados.
Para complementar, em campo, o autor fez o caminhamento no mês de
dezembro, no ano de 2019, acarretando um total de 3100 dados que foram plotados
e estão apresentados nesse estudo.
A coleta de dados foi feita em toda extensão da obra de engorda (aterro
hidráulico) por caminhamento, com espaçamentos aproximadamente regulares, e
onde havia a ausência de linha de berma, geralmente pela presença de obras de
engenharia, houve a determinação do perímetro demarcado pela estrutura rígida
presente no local.
Em gabinete, as informações obtidas (latitude e longitude) de cada ponto
marcado e gravado no GPS de mão, foram descarregadas no computador
utilizando-se o programa GPS TrackMaker (versão gratuita). Após organizados, os
dados foram transferidos ao AUTOCAD (versão acadêmica), onde foi criado um
gráfico com a materialização da linha de berma em planta. Nesse aplicativo, foi
mensurada a distância entre as linhas de berma que representam o limite da
atuação das preamares máximas de cada ano. Com essas medidas foi criado um
gráfico, em programa específico, para melhor visualização e facilitação do
comportamento e evolução da linha de costa.
Este mapeamento possibilitou fazer o acompanhamento da largura do pós-
praia e identificar assim trechos que precisem de atenção e ajustes para
restabelecer a largura de projeto.

4.4 Análises realizadas

A análise nesse estudo se deu por comparação entre os traçados obtidos


tanto na materialização dos perfis E30, E93 e E246, nesse caso para avaliação a
curto prazo, pois as leituras foram mensais, bem como da linha de berma, em
período temporal maior, já que se comparou a evolução da linha de costa de modo
anual. Para ambas as análises foram utilizadas também imagens de satélite do
software Google Earth (versão gratuita).
38

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados foram apresentados de acordo com a análise utilizada.

5.1 Nivelamento topográfico

Foram analisados os perfis de modo individual, observando-se suas


características e especificidades.

Perfil E30
Este perfil apresentava, antes da engorda, pouquíssima largura do pós-praia,
como mostra a Figura 16, além de possuir enrocamento. O ganho da área de pós-
praia foi impactante como mostra a Figura 17.

Figura 16: Condição do perfil da E30 em 2012, antes da obra de engorda.

Fonte: Google Earth (2020).


39

Figura 17: Condição do perfil em 2020, após obra de engorda.

Beachrock

Fonte: Google Earth (2020).

O E30 fica à sombra de um beachrock, como em destaque na Figura 17. A


representação gráfica dos dados medidos mostra a disposição dos perfis no
mês de janeiro, nos anos de 2016, 2018, 2019 (Figura 18). Os dados do ano
de 2017 para o mês em questão foram perdidos devido à problemas
internos.

Figura 18: Representação gráfica do perfil E30 no mês de janeiro nos

anos de 2016, 2018 e 2019.


40

Fonte: NEM-Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes (2020).

Foi evidenciada uma significativa perda de cota (Figura 19) no ano de 2018
em comparação à 2016, incluindo largura de pós-praia e rebaixamento da cota.

Figura 19: Variação anual da cota da berma do perfil E30 .

Fonte : Autor (2020).

A partir de 2018, período projetado para ajuste da obra, houve notável


recuperação de volume, largura e cota do perfil, como pode ser visto na Figura 19,
perfil dez/2019. Possivelmente o beachrock, permitiu que as ondas passassem por
cima desse, carregando o sedimento em direção à praia, e funcionando como uma
barreira natural contra a erosão marinha, impedindo que o sedimento retornasse
para o mar aberto.
Em 2019, último ano analisado, manteve sua largura acima dos 35m, largura
de estabilidade estipulada em projeto, configurando um perfil que apresenta uma
41

boa segurança quanto à erosão, não havendo assim, necessidade de intervenção


quanto à reposição de sedimento. Ressalta-se que essa largura de segurança de
35m leva em consideração a evolução histórica da linha de berma, analisada nas
décadas de 70, 80, 90, e 2000 (fotografias aéreas, imagens de satélite), sendo uma
média de migração dessa linha, que norteia a questão de intervenção direta com
reposição de areia, a fim de evitar que os bens públicos e privados sofram
acidentes, bem como o volume de areia a ser utilizado seja menor do que o que foi
usado na regeneração, diminuindo, inclusive, o montante de recurso para efetivar o
ajuste na obra (GUERRA, comunicação pessoal, 2020).

Perfil E93

Este perfil não apresentava pós-praia antes da engorda, sendo o estirâncio


limitado pelos muros dos prédios à beira-mar, representando alta vulnerabilidade,
como mostra a Figura 20. Nesse ponto havia a presença de enrocamento aderente
para proteger o muro do bem privado (GUERRA, comunicação pessoal, 2020).

Figura 20: Condição do perfil em 2012, antes da obra de engorda .

Fonte: Googe Earth (2020).

A condição gerada após a engorda foi boa, criando um ambiente praial com a
presença de uma boa largura de pós-praia, como mostra a Figura 21. Na antepraia é
possível enxergar a mancha escura que corresponde a um banco de recife algálico
(GUERRA, comunicação pessoal, 2020).
42

Figura 21: Condição do perfil E93 em 2020, após obra de engorda .

Recife algálico

Fonte: Google Earth (2020).

A Figura 22 mostra a representação gráfica do perfil E93 nos meses de 2016,


2017, 2018 e 2019.

Figura 22: Representação gráfica do perfil E30 no mês de janeiro nos


anos de 2016, 2017, 2018 e 2019.

Fonte: NEM-Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes (2020).

Foi evidenciada que a cota do perfil E93 (Figura 23) ficou bastante estável
durante os anos analisados.
43

Figura 23: Variação anual da cota da berma do perfil E93.

Fonte: Autor (2020).

Apesar da largura de pós-praia do perfil não alcançar nem a marca de 35m, a


mesma permaneceu estável ao longo dos anos, na faixa dos 30m, ganhando em
2019, volume considerável no estirâncio.
Um fator interessante é que o local estudado fica próximo ao limite lateral dos
recifes algálicos. O recife protege das ondas que chegam perpendicularmente à
linha de costa, porém, a ondulação que entra pela lateral do recife sofre refração,
mudando sua direção e velocidade, alterando a hidrodinâmica local, influenciando no
formato principalmente do estirâncio, remobilizando sedimento (Figura 24). Ressalta-
se que o estirâncio apresenta elevada declividade o que corrobora a ideia citada
(GUERRA, comunicação pessoal, 2020). Apesar disso, o recife não permitiu que o
sedimento fosse perdido, permanecendo entre o recife e a praia, aumentando a cota
do estirâncio, sendo considerado, assim como os beachrock, como uma proteção
natural (GUERRA, comunicação pessoal, 2020).

Figura 24: Detalhe da refração das ondas influentes no perfil.

Recifes Algálicos
44

Fonte: Google Earth (2020).

Perfil E246

O perfil em questão apresentou desde o início do estudo, condições ruins no


que diz respeito ao volume sedimentar, apresentando pós-praia extremamente
reduzido, sendo o estirâncio limitado pelo enrocamento, lá localizado, que é anterior
à obra de engorda (Figura 25). É um dos pontos mais críticos de toda área que foi
sujeita ao alargamento de praia.

Figura 25: Condição do perfil E246 em 2012, antes da obra de engorda .

Enrocamento

Espigão

Fonte: Google Earth (2020).

Mesmo após a regeneração e instalação da engorda, esse perfil apresentou


problemas, não ficando com areia como os demais. A perda foi total, como pode ser
visto na Figura 26, onde se nota que em 2020, praticamente não existe pós-praia e o
enrocamento que existia, está novamente exposto. Essa obra é que permite a
preservação do pouco que resta do perfil (GUERRA, comunicação pessoal, 2020).
Como mostrado na Figura 27, esse perfil não conseguiu manter um bom volume de
45

sedimentos, tendo um pós-praia muito reduzido, estando muito aquém da marca de


35m.

Figura 26: Condição do perfil em 2020, após obra de engorda

Fonte: Google Earth (2020).

Figura 27: Representação gráfica do perfil E246 no mês de outubro nos anos de
2016, 2017, 2018 e 2019.
46

Fonte: NEM-Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes.

O local em questão apresenta obras de proteção costeira anteriores à obra de


engorda, como um enrocamento de mais de 100m e um espigão localizado um
pouco mais a sul, hoje praticamente destruído pela ação marinha e falta de
manutenção.
Os enrocamentos podem, segundo Paula et al. (2016), fazer com que, a longo
prazo, a obra cause mais erosão do que proteção, visto que parte da energia das
ondas é desviada para a base do enrocamento, carregando os sedimentos que a
sustentam.
Já em relação aos espigões, Paula (2015) menciona que eles estabilizam
pontualmente a erosão marinha, quando bem dimensionados. Entretanto, como
afirma GUIMARÃES (2012), espigões obstruem o transporte longitudinal de
sedimentos, aumentando o risco de erosão nas praias a sotamar ou a montante,
como pode ser visto na Figura 4, que se aplica perfeitamente nesse caso, pois é
onde se localiza o perfil em questão.
Destaca-se que, além da presença de obras rígidas, na antepraia, à frente do
perfil E246 existe uma abertura nos recifes algálicos, canalizando a as ondas,
potencializando a velocidade das mesmas e consequentemente sua energia
cinética, tornando a área mais exposta aos efeitos de erosão marinha. Outro efeito
sugerido dessa abertura nos recifes é que no retorno das ondas esse local pode
servir como área de escape de sedimentos, como representam as setas vermelhas
47

na Figura 28, aumentando o balanço sedimentar negativo e o desequilíbrio


hidrodinâmico (GUERRA, comunicação pessoal, 2020). Por isso essa área é tão
complexa no sentido morfodinâmico.

Figura 28: Abertura entre os recifes algálicos.

Fonte: Google Earth (2020) modificado pelo autor (2020).


5.2 Linha de berma

A Figura 29 mostra a materialização da linha de costa e evidencia a


complexidade da dinâmica praial do trecho estudado, não apresentando um padrão
uniforme no comportamento de distribuição dos sedimentos e mais particularmente
no que diz respeito ao traçado da linha de costa materializado (GUERRA,
comunicação pessoal, 2020), usando-se a berma como feição que marca o início do
pós-praia, ou seja, da praia recreativa.
48

Apesar da complexidade, dois trechos chamaram atenção e desse modo,


optou-se por definir setorização, que se denominou de Setor 1 e 2, para auxiliar na
interpretação.

1. Setor 1: Área compreendida entre os perfis E102 e E231.


Os pontos E102 e E231 localizam-se em Candeias, nas coordenadas
288857/9092987 e 288563/9091596, respectivamente. Esse trecho mostrou um
comportamento semelhante em toda sua extensão, mantendo igualmente o padrão
de ganho ou perda de areia em sua extensão. Em 2015 nota-se o período de melhor
condição sedimentar, com perda gradativa até o ano de 2017, onde chegou à sua
pior condição. Em 2018, observa-se certa recuperação de largura, mantendo o
padrão de ganho sedimentar também em 2019.
49

Figura 29: Representação gráfica da variação da largura do pós-praia - linha de


berma, nos anos de 2015 a 2019 no mês de dezembro (existe exagero vertical
para ajudar a visualização).

Fonte: Autor (2020).

Pode-se apontar que uma das causas do comportamento sedimentar mais


equilibrado nesse trecho é a presença de um banco de recife algálico (Figura 30),
mancha escura na antepraia, que diminui a energia das ondas que chegam à praia,
protegendo a região e, reduzindo assim, a capacidade erosiva marinha, pelas ondas.
50

Figura 30: Detalhe da formação de recifes algálicos no Setor 1, que funciona


como proteção natural.

Recife algálico

Recife algálico

Fonte: Google Earth (2020).

2. Setor 2: Área compreendida entre os perfis E270 e E310

Os pontos E270 e E310 localizam-se em Barra de Jangada, nas coordenadas


288857/9092987 e 288563/9091596 respectivamente.
Esse setor está representado na Figura 31, e mostra como esta área
apresenta uma altíssima instabilidade quanto a morfodinâmica e balanço
sedimentar, sendo verificada uma grande variação na largura do pós-praia, como
pode ser visto no Perfil E293, indo de 21m de largura de pós-praia em 2015 para
120m em 2018, chegando a 90m de largura em 2019.
Apesar de tamanha instabilidade, o Setor 2 apresentou a maior parte de sua
extensão com largura de pós-praia bastante acima da linha de equilíbrio. Um dos
motivos sugeridos para tamanha variabilidade na largura do pós-praia é a forte
influência da foz do Rio Jaboatão. Devido a essa influência, o trecho apresentou
ganho significativo de sedimentos desde a conclusão da obra. Sugere-se que obras
existentes na foz do Rio Jaboatão, como molhes, contiveram os sedimentos,
impedindo que fossem levados embora pelo fluxo do rio. Nota-se ainda a presença
51

de recifes algálicos que funcionam também como feição de proteção, sendo de


origem natural e, os bancos de areia que ficam aprisionados nesse setor.

Figura 31: Proximidade dos perfis E270 e E310 à foz do rio Jaboatão.

Recifes
algálicos

Banco
arenoso

Fonte: Google Earth (2020).


52

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tomando por base as informações adquiridas no banco de dados e nos


levantamentos de campo, pode-se apontar características do comportamento da
obra de engorda das praias de Jaboatão dos Guararapes, no período analisado.
O estudo realizado por meio do nivelamento topográfico indicou que os perfis
E30 e E93 encontraram-se relativamente estáveis. O perfil E30 apresentou além de
uma boa estabilidade, uma largura de pós-praia confortável, acima dos 35m. O perfil
E93, apresentou pós-praia com largura estável. Porém não apresentou largura
adequada da mesma, além de ter sofrido alteração da morfologia do estirâncio,
tendo sua inclinação acentuada.
Já o perfil E246 apresentou resultados preocupantes, perdendo cada vez
mais sedimentos, chegando a zerar a largura de pós-praia, sendo recomendada
urgente intervenção no local.
A análise da linha de berma, de modo geral, indicou que houve uma
tendência de estabilização da linha de costa na maioria da obra de engorda se
comparada as medidas tomadas em 2017, em particular do final da Praia de
Candeias até a de Piedade. No trecho sul, do final da Praia de Candeias até a de
Barra de Jangada há pontos mais críticos principalmente na praia de Barra de
Jangada, requerendo um estudo especial para tentar a estabilização do pós-praia.
Enfim, este estudo possibilitou avaliar o comportamento morfodinâmico a
partir dos perfis topobatimétricos da obra de engorda do litoral de Jaboatão dos
Guararapes, apontando áreas de estabilização, outras que requerem intervenção
imediata, por dano à engorda e necessidade de ajuste do aterro hidráulico, bem
como a que carece de estudos específicos para que além da reposição de areia haja
a instalação de obras de retenção e proteção.
Desse modo, esse estudo comprova a relevância do monitoramento contínuo
de uma obra de engenharia de praia, no intuito de garantir a longevidade e saúde,
no caso, da obra de proteção costeira: engorda de praia por alimentação artificial,
através de um aterro hidráulico.
53

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