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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

MARIA CLARA NASCIMENTO SANTANA

ANÁLISE DOS TRANSIENTES HIDRÁULICOS EM UMA ADUTORA


LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE VICÊNCIA – PE UTILIZANDO O SOFTWARE
ALLIEVI

RECIFE
2018
MARIA CLARA NASCIMENTO SANTANA

ANÁLISE DOS TRANSIENTES HIDRÁULICOS EM UMA ADUTORA


LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE VICÊNCIA – PE UTILIZANDO O SOFTWARE
ALLIEVI

Monografia apresentada à Universidade


Federal de Pernambuco como parte dos requisitos
para aprovação na disciplina de Trabalho de
Conclusão de Curso 2.
Área de concentração: Recursos Hídricos
Orientador: Prof. Dr. José Roberto Gonçalves
de Azevedo
Coorientador: Engenheiro Cláudio Henrique
Milfont Magalhães

RECIFE
2018
Catalogação na fonte
Bibliotecária Maria Luiza de Moura Ferreira, CRB-4 / 1469

S232a Santana, Maria Clara Nascimento.


Análise dos transientes hidráulicos em uma adutora localizada no município de
Vicência-PE utilizando o software ALLIEVI / Maria Clara Nascimento Santana. - 2018.
65 folhas, il., tabs.

Orientador: Prof. Dr. José Roberto Gonçalves de Azevedo.


Coorientador: Engenheiro Cláudio Henrique Milfont Magalhães.
TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Departamento de
Engenharia Civil, 2018.
Inclui Referências.

1.Engenharia Civil. 2. Rede de abastecimento. 3. Transientes hidráulicos. 4. ALLIEVI.


I. Azevedo, José Roberto Gonçalves de (Orientador). II. Magalhães, Cláudio Henrique
Milfont (Coorientador). III. Título.

UFPE

624 CDD (22. ed.) BCTG/2018-77


ATA DA DEFESA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PARA
CONCESSÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL

CANDIDATO(S): 1 – Maria Clara Nascimento Santana


BANCA EXAMINADORA:
Orientador: José Roberto Gonçalves de Azevedo
Coorientador: Cláudio Henrique Milfont Magalhães
Examinador 1: Paulo Tadeu Ribeiro de Gusmão
Examinador 2: Tuane Batista do Egito
TÍTULO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: Análise dos transientes
hidráulicos em uma adutora localizada no município de Vicência- PE utilizando o software ALLIEVI
LOCAL: Centro de Tecnologia e Geociências (CTG) – UFPE
DATA: 06/02/2018 HORÁRIO DE INÍCIO: 13 horas

Em sessão pública, após exposição de cerca de 30 minutos, o(s) candidato(s) foi (foram)
arguido(s) oralmente pelos membros da banca com NOTA: ______(deixar ‗Exame Final‘, quando for
o caso).
1) ( ) aprovado(s) (nota > = 7,0), pois foi demonstrado suficiência de conhecimento e
capacidade de sistematização no tema da monografia e o texto do trabalho aceito.
As revisões observadas pela banca examinadora deverão ser corrigidas e verificadas pelo
orientador no prazo máximo de 30 dias (o verso da folha da ata poderá ser utilizado para pontuar
revisões).
O trabalho com nota no seguinte intervalo, 3,0 = < nota < 7,0, será reapresentado, gerando-se
uma nota ata; sendo o trabalho aprovado na reapresentação, o aluno será considerado aprovado com
exame final.
2) ( ) reprovado(s). (nota <3,0)
Na forma regulamentar foi lavrada a presente ata que é assinada pelos membros da banca e
pelo(s) candidato(s).
Recife, 06 de fevereiro de 2018
Orientador: .............................................................
Coorientador: ............................................................
Avaliador 1: .............................................................
Avaliador 2: .............................................................
Candidato 1: .............................................................
Dedico aos meus avôs Pedro e Texeira e minhas avós Rita e Bia.
AGRADECIMENTOS
Minha maior gratidão é a Deus, por tudo que Ele fez em minha vida, meu curso de
engenharia civil foi uma das minhas maiores alegrias, e com as pessoas que tive ao meu lado
tudo se completou de maneira perfeita. Deus me iluminou para aprender com tudo, as
escolhas certas e as erradas, mas no fim tudo valeu à pena e a única palavra que expressa tudo
que sinto de admiração, respeito e carinho é agradecimento.
Sou grata à oportunidade que tive de trabalhar na Companhia Pernambucana de
Saneamento (COMPESA) onde pude aprender o que realmente é um profissional de
engenharia e conheci pessoas de grande importância, entre elas o engenheiro Marcílio Lisboa,
que me incentivou a buscar conhecimento sobre os transientes hidráulicos, sendo assim o
principal responsável pela escolha do meu tema.
Ao meu orientador, professor Roberto Azevedo, agradeço por tudo que fez por mim,
sempre atencioso, presente e pela sua maneira como partilha o conhecimento e ajuda a
selecionar as ideias e como colocá-las no lugar correto. Da mesma maneira, meu co-
orientador Cláudio Milfont, agradeço por todo ensinamento comigo compartilhado.
Agradeço aos meus amigos da faculdade, Jacyara, Fabiano, Thamires, Erinaldo e
Arivânia (que em especial está comigo desde o colégio), vocês fazem jus a palavra ―amigos‖,
sempre me ajudaram quando precisei, meus grandes companheiros nessa jornada que não foi
nada simples.
Meu namorado Júlio, agradeço por todo apoio, amizade e amor que eu recebo de você,
obrigado por tornar tudo muito melhor e mais leve. Minhas irmãs, Lívia e Rita, que sempre
estiveram presentes para tudo que eu precisasse, obrigada por toda orientação e apoio. Minha
sobrinha Mariana, que me inspira e me enche de amor a cada dia mais, agradeço a sua
existência e desejo ser uma inspiração para você.
E por último e mais importante, aos meus pais, Ivani e Aldo, por todo amor que eu
recebi ao longo da vida, por me ensinarem que eu podia ser o que eu quisesse, por confiarem
nas minhas escolhas e por torcerem por mim e pela minha felicidade. Essa conquista também
é de vocês.
RESUMO

O fornecimento de água para a população é algo bastante complexo, que requer um bom
planejamento para que o sistema funcione de maneia eficiente. Danos na rede de
abastecimento são muito prejudiciais tanto para a população como para as empresas de
saneamento, geram altos gastos financeiros e comprometem o bem-estar da população. Uma
das causas para danos dos tubos é o fenômeno dos transientes hidráulicos, onde podem
ocorrer variações de pressão negativa ou positiva com forte intensidade no interior do tubo. O
software ALLIEVI verifica esse fenômeno analisando o comportamento do regime transitório
da adutora. A Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) propôs um projeto de
abastecimento para o distrito de Borracha, localizado na cidade de Vicência-PE, o qual foi
analisado no ALLIEVI e foram elaborados seis cenários para diferentes tipos de vinculação
do sistema para verificação da opção mais eficaz em relação aos valores de pressão e foi feita
a análise do melhor dispositivo de proteção e o melhor material para a tubulação. Devido à
falta de dados importantes os resultados obtidos nesse trabalho só têm validade acadêmica e
não devem ser utilizados como respostas definitivas.

Palavras-chave: Rede de abastecimento. Transientes hidráulicos. ALLIEVI.


ABSTRACT

The supply of water to the population is quite complex, requiring good planning for the
system to function efficiently. Damage to the supply network is very damaging to both the
population and the sanitation companies, generating high financial costs and compromising
the well-being of the population. One of the causes for pipe damage is the phenomenon of
hydraulic transients, where negative or positive pressure variations can occur with strong
intensity inside the tube, the ALLIEVI software verifies this phenomenon by analyzing the
behavior of the transient regime of the pipe. The Companhia Pernambucana de Saneamento
(COMPESA) proposed a supply project for the Borracha district, located in the city of
Vicência-PE, which was analyzed in ALLIEVI and six scenarios were developed for different
types of system linkage to verify the most effective in relation to the pressure values
and the analysis of the best protection device and the best material for the pipe was made. Due
to the lack of important data the results obtained in this work only have academic validity and
should not be used as definitive answers.

Keywords: Supply network. Hydraulic transients. ALLIEVI.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Desenhos esquemáticos de uma válvula de retenção com by- 6


pass. Fonte: FERNANDES.....................................................
Figura 2- Foto e corte esquemático de uma válvula de retenção tipo 7
portinhola Fonte:VALACO.......................................................
Figura 3- Figura 3 – Foto e corte esquemático de uma válvula de 7
retenção vertical.
Fonte:VALACO.....................................................................
Figura 4- Foto e corte esquemático de uma válvula de retenção 8
horizontal.
Fonte:VALACO.....................................................................
Figura 5- Foto e corte esquemático de uma válvula de retenção tipo 8
fundo de poço.
Fonte:VALACO..................................................................
Figura 6- Foto e corte esquemático de uma válvula de retenção tipo 9
disco. Fonte:VALACO..........................................................
Figura 7- Foto de ventosa simples. Fonte: 10
VALLOY.............................................................................
Figura 8- Esquema de um tanque alimentador unidirecional. Fonte: 12
VASCONCELOS......................................................................
Figura 9- Esquema de um reservatório Hidropneumático. Fonte: 13
VASCONCELOS..................................................................
Figura 10- Diagrama de características do cataloga da KSB para 26
determinação da bomba apropriada para o
sistema.................................................................................
Figura 11- Tela de apresentação do software ALLIEVI. Fonte: 29
ALLIEVI............................................................................
Figura 12- Curvas características do catálogo da KSB para a bomba 31
MEGANORM 065- 040-250. Fonte:
KSB..........................................................................................
Figura 13- Perfil altimétrico da adutora do distrito de Borracha, Vicência 32
–PE. Fonte: COMPESA.........................................................
Figura 14- Gráfico para determinação de diâmetro de ventosas de acordo 33
com a vazão e o diâmetro da adutora. Fonte: HELLER E
PÁDUA.................................................................................
Figura 15- Stand Pipe. Fonte: 34
COMPESA.............................................................................
Figura 16- Resultado do cenário original da adutora de Borracha no 36
software ALLIEVI. Fonte:
ALLIEVI................................................................................
Figura 17- Perfil altimétrico do cenário 01. Fonte: 37
ALLIEVI...............................................................................
Figura 18- Resultado do cenário 01. Fonte: 38
ALLIEVI................................................................................
Figura 19- Curvas características catalógo KSB para a bomba 40
MEGANORM 065-040-315. Fonte: KSB................................
Figura 20- Esquema do cenário 02 da adutora de Borracha no software 41
ALLIEVI. Fonte: ALLIEVI...................................................
Figura 21- Resultado do cenário 02. Fonte: ALLIEVI................................ 41

Figura 22- Esquema do cenário 03 da adutora de Borracha no software 42


ALLIEVI. Fonte: ALLIEVI....................................................
Figura 23- Resultado do cenário 03. Fonte: ALLIEVI................................ 43
Figura 24- Esquema do cenário 04 da adutora de Borracha no software 44
ALLIEVI. Fonte: ALLIEVI.......................................................

Figura 25- Resultado do cenário 04. Fonte: ALLIEVI............................... 44


Figura 26- Esquema do cenário 05 da adutora de Borracha no software 45
ALLIEVI. Fonte: ALLIEVI....................................................
Figura 27- Resultado do cenário 05. Fonte:ALLIEVI............................. 46

Figura 28- Esquema do cenário 06 da adutora de Borracha no software 47


ALLIEVI. Fonte: ALLIEVI...................................................
Figura 29- Resultado do cenário 06. Fonte: ALLIEVI............................... 48
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Valores de velocidades máximas de acordo com o diâmetro, NBR 21


12214 da ABNT (1992)..............................................................
Tabela 2- Perda de carga localizada na tubulação de sucção............................ 22
Tabela 3- Perda de carga localizada na tubulação de recalque da estação 24
elevatória..................................................................................
Tabela 4- Perda de carga localizada na tubulação de recalque do barrilete do 24
Stand Pipe.................................................................................
Tabela 5- Características do cenário 01......................................................... 37
Tabela 6- Características do cenário 02........................................................ 39
Tabela 7- Características do cenário 03........................................................ 42
Tabela 8- Características do cenário 04......................................................... 43
Tabela 9- Características do cenário 05........................................................... 45
Tabela 10- Características do cenário 06........................................................... 47
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14
1.1 Justificativa e motivação ..................................................................................... 14
1.2 Objetivos geral e específicos ............................................................................... 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 16
2.1 Transientes Hidráulicos ...................................................................................... 16
2.2 Efeitos dos transientes ......................................................................................... 17
2.2.1 Pressão máxima e mínima no sistema ................................................................... 17
2.2.2 Condições de vácuo ............................................................................................... 17
2.2.3 Cavitação ............................................................................................................... 17
2.2.4 Separação da coluna líquida .................................................................................. 17
2.2.5 Vibrações ............................................................................................................... 18
2.2.6 Implicações quanto à qualidade da água ............................................................... 18
2.3 Golpe de Aríete .................................................................................................... 18
2.4 Dispositivos de controle de vazão ....................................................................... 19
2.4.1 Válvula de retenção ............................................................................................... 19
2.4.2 Válvula de regularização ....................................................................................... 22
2.4.3 Ventosas ................................................................................................................. 22
2.4.4 Válvulas de descarga ............................................................................................. 23
2.5 Estruturas de proteção ........................................................................................ 23
2.5.1 Chaminé de equilíbrio............................................................................................ 24
2.5.2 Tanque alimentador unidirecional (TAU) ............................................................. 24
2.5.3 Reservatório de ar comprimido ou hidropneumático (RHO) ................................ 25
2.6 Materiais de tubulação ........................................................................................ 26
2.6.1 PVC PBA ............................................................................................................... 26
2.6.2 PVC DEFOFO ....................................................................................................... 27
2.6.3 PVC-O ................................................................................................................... 27
2.6.4 Ferro fundido ......................................................................................................... 27
3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 29
3.1 Software ALLIEVI .............................................................................................. 29
3.2 Adutora de água tratada da Estação Elevatória de Água Tratada (EEAT) até
o Reservatório Apoiado (RAP) do distrito de Borracha – Vicência PE ......... 30
3.2.1 Localização e caracterização da área ..................................................................... 30
3.2.2 Estudo populacional e de demanda........................................................................ 30
3.2.3 Projeto proposto para a adutora de Borracha ......................................................... 32
3.3 Aplicações do projeto original da adutora ao software ALLIEVI para análise
de transiente ......................................................................................................... 42
3.3.1 Bomba .................................................................................................................... 42
3.3.2 Tubos ..................................................................................................................... 45
3.3.3 Stand Pipe ............................................................................................................ 460
3.3.4 Reservatórios ......................................................................................................... 47
3.4 Diferentes cenários da adutora ........................................................................... 48
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 49
4.1 Resultados do valor dos transientes hidráulicos para todas as simulações da
adutora .................................................................................................................. 49
4.1.1 Cenário original ..................................................................................................... 49
4.1.2 Cenário 01 .............................................................................................................. 50
4.1.3 Cenário 02 .............................................................................................................. 51
4.1.4 Cenário 03 .............................................................................................................. 55
4.1.5 Cenário 04 .............................................................................................................. 56
4.1.6 Cenário 05 .............................................................................................................. 58
4.1.7 Cenário 06 .............................................................................................................. 59
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .............................................................. 62
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 50
14

1 INTRODUÇÃO

No âmbito do abastecimento de água os processos de operação e manutenção


necessitam de variadas manobras no sistema, que podem causar mudanças no regime de
escoamento, resultando em alteração de pressão na tubulação. Essa variação pode ter como
efeito o fenômeno dos transientes hidráulicos que pode ocasionar o rompimento das
tubulações causadas pelas ondas de sobrepressão ou o estrangulamento das mesmas pelas
ondas de depressão. O presente trabalho irá analisar os transientes hidráulicos de uma adutora
planejada pela COMPESA que tem sua localização na cidade de Vicência – PE. Esta adutora
irá partir de uma estação elevatória de água tratada até o reservatório apoiado existente no
distrito de Borracha. O estudo tem o intuito de verificar os meios de proteção contra golpes de
aríete e adotar novos dispositivos que poderiam existir na mesma adutora, buscando a
otimização do processo.
Os transientes hidráulicos consistem em ondas de pressão que se movem rapidamente
ao longo de uma tubulação, causando elevações ou quedas de pressão de grande ou pequena
magnitude. Variações de pressão de grande magnitude geram diversos problemas muito
significativos, podendo gerar conseqüências desastrosas. Já quando há ocorrência de sub-
pressões, é possível chegar-se a níveis de pressão de tal forma inferiores à pressão atmosférica
que pode ocorrer o achatamento das canalizações, mesmo as confeccionadas com materiais
muito resistentes (JUNIOR, P. A. M., 2008).
Será utilizado o software ALLIEVI que realiza as simulações através do método das
características para avaliar os parâmetros do projeto, e então fazer a verificação de pressão no
interior da tubulação.

1.1 Justificativa e motivação


A importância do abastecimento de água é bastante nítida, toda população necessita
diretamente da água em suas casas. O custo para executar esse serviço é elevado e quando
ocorre qualquer rompimento são altos os prejuízos financeiros como de reparação do
pavimento do local da ruptura, a própria tubulação q deve ser substituídas, entre outros, um
estouramento de tubulação causa grandes transtornos para a população afetada com a falta de
15

água, onde o tempo de reparo que não é ágil. O desperdício de água deve também ser
considerado, fazendo assim uma conscientização dos prejuízos ecológicos. Todas as
concessionárias responsáveis pelo saneamento, tendo a COMPESA como responsável pelo
estado de Pernambuco, devem prever todos os excessos tanto positivos como negativos de
pressão para dimensionar de maneira correta a rede de água, e essa prevenção é feita por meio
da simulação de acordo com a vazão do sistema, a combinação de válvulas, bombas,
reservatórios e as tubulações.

1.2 Objetivos geral e específicos


O trabalho em questão tem como objetivo analisar os transientes hidráulicos da adutora
para abastecimento do distrito de Borracha, localizado na cidade de Vicência-PE, por meio do
software ALLIEVI, fazendo análise dos meios de proteção da tubulação e novas estruturas
que poderiam deixar o sistema mais eficiente.
Como objetivos específicos, pode-se listar:
- Verificar os transientes hidráulicos do projeto atual da adutora de distrito de Borracha,
Vicência-PE;
- Detalhar como operam os dispositivos de controle de vazão e de proteção previstos
para a tubulação;
- Testar novas combinações de tipos de dispositivos (localização e quantidade) para
combater os transientes na adutora.
16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Na análise dos transientes, muitos são os parâmetros que devem ser analisados para
obter seus resultados e são várias as conseqüências para esse fenômeno. No âmbito do
abastecimento existem diversas estruturas e dispositivos que podem controlar os altos ou
baixos valores de pressão.

2.1 Transientes Hidráulicos

Os transientes hidráulicos são fenômenos que ocorrem, devido entre outras causas, na
manipulação do controle de fluxo ou ajustes de válvulas de maneira repentina nos sistemas de
distribuição de água. Se tais manobras fossem feitas de maneira lenta, seria possível manter as
mudanças de pressão sob controle, mas muitas vezes desacelerar esse processo pode acarretar
um aumento de dificuldade na manobra (WYLIE et al.,1979).
O fechamento rápido de uma válvula converte a energia cinética de um fluido em
movimento em energia de deformação, gerando um pulso de pressão que viaja do ponto de
fechamento para a tubulação. O som que algumas vezes é gerado pelo fenômeno (golpe de
aríete) indica que a energia cinética originária do movimento do fluido não é convertida
somente em energia de deformação, como também em energia sonora. Esta energia sonora,
bem como outras fontes de perda de energia (inclusive perdas por atrito), faz com que as
ondas de pressão dos transientes gradualmente diminuam até que se atinjam novas condições
de escoamento em estado permanente (BOULOS, 2005).
Os transientes hidráulicos podem também ocorrer por operações com bombas,
mudanças bruscas de demandas, mudanças nas condições de transmissão, preenchimento ou
esvaziamento de tubulações, mudanças de pressões em reservatórios, entre outros casos, que
ocasionam a mudança de um estado permanente de escoamento para outro estado permanente
(BOULOS, 2005).
17

2.2 Efeitos dos transientes


Os transientes hidráulicos quando não são devidamente analisados e considerados,
podem causar danos consideráveis, a seguir estão as principais consequências desse
fenômeno.
2.2.1 Pressão máxima e mínima no sistema
Pressões elevadas podem destruir as tubulações gerando fissuras em suas paredes,
deformar equipamentos como válvulas e danificar também outros componentes da rede de
abastecimento. Por outro lado, pressões abaixo dos níveis de pressão atmosférica podem fazer
com que as tubulações entrem em colapso já que causam implosão e achatamento das
tubulações e derramamentos nas juntas dos tubos (JUNIOR, P. A. M., 2008).

2.2.2 Condições de vácuo


As condições de vácuo podem criar deformações bem maiores que as que acontecem
normalmente no sistema de tubulação, podem gerar o rompimento de paredes das tubulações
e blocos de ancoragem, especialmente se o sistema não foi concebido para suportar tais
deformações (BOULOS, 2005).

2.2.3 Cavitação
A cavitação é um fenômeno que ocorre quando a pressão dentro do tubo é reduzida ao
valor da pressão de vapor a temperatura ambiente, e isso pode causar a formação de bolhas
pelo ar dissolvido na água ou a água ferve criando bolsas de vapor que quando se rompem
pode gerar ruptura ou desgaste da tubulação. (BOULOS, 2005).

2.2.4 Separação da coluna líquida


Quando há subpressão na tubulação e esta se torna menor que a pressão de vapor,
surgem cavidades de vapor que podem chegar a separar as colunas de água. Essa separação
ocorre em pontos de cotas elevadas ou convexas no perfil da tubulação durante a passagem de
ondas negativas, acontece a reflexão dessas ondas e se tornam positivas, quando há a
passagem destas ondas de pressão positivas nestes pontos, as colunas separadas se juntam
novamente, causando uma onda de choque frontal entre elas com pressões suficientes para
romper as paredes da tubulação (TSUTIYA, M. T. et al., 1999).
18

2.2.5 Vibrações
As vibrações provocadas pelos transientes hidráulicos ocorrem por diversos motivos,
como parte da dissipação de energia cinética do líquido, e dependendo da amplitude podem
chegar a danificar tubulações, equipamentos e blocos de ancoragem (MARTIN,1999).

2.2.6 Implicações quanto à qualidade da água


A variação das características da água causada pelos transientes hidráulicos pode fazer
com que ocorra desprendimento de material da parede do tubo, ressuspensão de partículas
precipitadas, e caso aconteça rompimentos ou folga das juntas, há possibilidade de intrusão de
água subterrânea contaminada e de gases corrosivos (BOULOS, 2005).

2.3 Golpe de Aríete


Esse é um fenômeno transiente que ocorre quando há uma súbita mudança no regime de
escoamento do líquido. Esse termo é utilizado quando são consideradas a elasticidade da
tubulação e a compressibilidade do líquido na etapa de formulação do evento (KOELLE,
1992).
Ao se acionar o fechamento de uma válvula, há uma interrupção no escoamento na
tubulação, isso faz com que a montante da válvula ocorra um aumento de pressão pelo
acúmulo de água, em outro caso, quando ocorre a abertura de uma válvula quando o líquido a
jusante da mesma já estava em repouso, há uma diminuição da pressão. O mesmo
comportamento pode ocorrer em instalações de bombeamento e também há casos que
dependem da disposição dos tubos, instalações de recalque e sistemas por gravidade. O golpe
de aríete ocorre quando acontece esse evento de variação positiva ou negativa da pressão
(WYLIE, E. B. et al., 1979).
19

2.4 Dispositivos de controle de vazão

Os dispositivos de controle de vazão são constituídos por componentes que intervêm na


vazão do sistema, dessa maneira, interferem no fenômeno dos transientes hidráulicos. As válvulas
a seguir são as mais usuais para aplicação em adutoras.

2.4.1 Válvula de retenção


As válvulas de retenção têm por finalidade impedir o escoamento em sentido contrário
da água na bomba após o desligamento da mesma, pois o fluxo reverso pode fazer com que a
bomba gire ao contrário causando danos. A válvula permite escoamento em apenas uma
direção, e para o controle de transientes elas são instaladas juntamente com outros
dispositivos como o by-pass (equipamento que pode funcionar juntamente com a válvula de
retenção como uma alternativa de passagem de fluxo). São considerados elementos ideais,
abrem quando a vazão circula no sentido direto, e fecham quando a vazão se estabelece no
sentido inverso.
Figura 1 – Desenhos esquemáticos de uma válvula de retenção com by-pass. Fonte:
FERNANDES.

Existem vários modelos de válvulas de retenção, nos mais diversos diâmetros e classes
de trabalho que devem ser adquiridas em função das instalações e da proteção físico-
hidráulica que se pretende. São mais comuns os seguintes tipos:
As informações sobre as válvula de retenção e as respectivas figuras estão de acordo
com o fabricante VALACO.
 Válvula de retenção tipo portinhola
20

As retenções tipo portinhola funcionam com uma portinhola presa a um eixo onde a
portinhola irá fazer sua translação fechando ou abrindo a passagem do fluxo. A perda de
carga é baixa, e é indicado para instalação horizontal, não devendo ser utilizada em
situações onde haja alta velocidade do fluído no refluxo, pois o fechamento muito
rápido pode danificar a portinhola ou o corpo da válvula devido ao impacto forte. A
sede é feita de anel com material geralmente muito mais resistente que o material do
corpo para suportar os impactos. Podem ser construídas em bitolas pequenas ou grandes
e suportam altas pressões e temperaturas, mas em bitolas maiores são muito pesadas se
comparadas com outros tipos.

Figura 2 – Foto e corte esquemático de uma válvula de retenção tipo portinhola


Fonte:VALACO.

 Válvula de retenção vertical


Ela deve ser instalada verticalmente e depende da pressão do fluído para empurrar o
obturador para cima e assim permitir a passagem do fluido. Se a pressão da linha não
for forte o suficiente para abrir o obturador, a válvula se fecha automaticamente com a
força da gravidade.

Figura 3 – Foto e corte esquemático de uma válvula de retenção vertical. Fonte:VALACO.


21

 Válvula de retenção horizontal


As válvulas de retenção horizontal têm características parecidas com as válvulas
tipo globo. Ela só deve ser instalada horizontalmente, e depende da pressão do fluído
para empurrar o obturador para cima e assim permitir a passagem do fluido. Devido a
força que o fluido exerce sobre o obturador esta válvula produz considerável perda de
carga. Se a pressão da linha não for forte o suficiente para abrir o obturador a válvula se
fecha automaticamente com a força da gravidade.

Figura 4 – Foto e corte esquemático de uma válvula de retenção horizontal. Fonte:VALACO.

 Válvula de retenção tipo fundo de poço


Também são conhecidas como "válvulas de pé". Tem funcionamento idêntico ao da
válvula de retenção tipo vertical, a diferença está na parte inferior que é constituída de
uma grade chamada de "crivo", que é por onde a água passa para entrar na válvula.
Durante o funcionamento das bombas de sucção, o obturador se levanta permitindo a
passagem do fluido. Se a bomba for desligada o obturador fecha com a força da
gravidade.
Figura 5 – Foto e corte esquemático de uma válvula de retenção tipo fundo de poço.
Fonte:VALACO.

 Válvula de retenção tipo disco


22

Existem basicamente dois tipos de retenção tipo disco, a com discos duplos, também
conhecida por dupla portinhola, e a de disco integral, muitas vezes chamada de
"uniflap" ou portinhola única. Ambos tipos possuem corpo estreito para serem
montados entre flanges. Podem possuir "orelhas" que servem como guias para passar os
parafusos que predem os flanges, por isso são chamados de lug. As válvulas que não
possuem este tipo de suporte são chamadas de wafer. Todos os modelos são constituídos
de discos presos por eixos com molas auxiliares, e por este motivo podem ser instaladas
tanto verticalmente quanto horizontalmente. Nas válvulas de disco duplo, a perda de
carga e bem reduzida se comparada com as válvulas de disco integral
Figura 6 – Foto e corte esquemático de uma válvula de retenção tipo disco. Fonte:VALACO.

2.4.2 Válvula de regularização


São válvulas cujo acionamento permite modificar a vazão circulante na instalação.
Usualmente estarão inicialmente abertas, mas poderão fechar para isolar uma parte do sistema
hidráulico. Essas válvulas de regulagem destinam-se ao controle de fluxo, e são exemplos
deste tipo de válvulas: Válvulas de globo, borboleta e diafragma.

2.4.3 Ventosas
As ventosas são aparelhos instalados nos pontos altos dos condutos forçados que
permitem a saída do ar que tenha ficado ou entrado em adutoras por gravidade ou nas
tubulações de recalque ou permitem a entrada de ar quando ocorre redução de pressão em
pontos altos da tubulação, bem como, durante o esvaziamento da tubulação por ocasião da
manutenção.
No caso de produzir vácuo na tubulação por efeito de sifonamento ou inércia no
escoamento, permitem que o ar adentre à tubulação, evitando o seu colapso estrutural pela
23

ação da pressão atmosférica externa. São colocadas, em geral, na parte alta dos sifões ou após
um trecho horizontal longo ou com pequena declividade. A tendência do ar acumulado nos
pontos altos é comprometer o escoamento, reduzindo a seção útil do conduto com o aumento,
conseqüente, da perda de carga.
Na Figura 7 encontra-se um exemplo de ventosa simples, mas existem outros tipos,
como a ventosa CMC compacta, que possui as mesmas aplicações que a ventosa simples
normal, com a vantagem de possuir menor massa, interessante para instalações prediais ou em
redes, e a ventosa de tríplice função, constituída por um corpo dividido em dois
compartimentos contendo cada um, em seu interior, um flutuador esférico, têm por finalidade
expelir adequadamente o ar deslocado pela água durante o enchimento de uma linha, admitir
quantidade suficiente de ar, durante o esvaziamento de uma linha, e expelir automaticamente
o ar que venha a formar-se com a adutora já em operação (FERNANDES, C. 2009).

Figura 7 – Foto de ventosa simples. Fonte: VALLOY.

2.4.4 Válvulas de descarga


As válvulas de descarga ficam localizadas nos pontos mais baixos das tubulações e
servem para promover a limpeza da tubulação ou seu esvaziamento quando necessário.

2.5 Estruturas de proteção


As Estruturas a seguir servem para proteção da tubulação por controlarem as
oscilações de pressão no escoamento transitório.
24

Os elementos no ramal de interligação da tubulação principal com a estrutura de


proteção deverão apresentar em seu conjunto um coeficiente de perdas de carga reduzido para
o fluxo de saída da estrutura, e um coeficiente de perdas elevado para o fluxo contrário, de
entrada na estrutura de proteção. Desta maneira facilita-se o fluxo de saída da estrutura de
proteção para a tubulação principal, com o que se reduz os riscos de depressões nesta
tubulação e se evitam as ocorrências de pressões negativas (vácuo) no sistema hidráulico.
Além disto, ao se criar perda de carga elevada no fluxo de entrada para a estrutura de
proteção, provoca-se a dissipação de energia e o amortecimento rápido do transitório
(MANUAL TÉCNICO ALLIEVI, 2010).

2.5.1 Chaminé de equilíbrio


As chaminés de equilíbrio servem para anular elevadas pressões e subpressões causadas
pelo rápido fechamento do fluxo do líquido em uma tubulação, elas fazem com que as ondas
de pressão sofram deflexões na própria chaminé, sem se propagar para montante. (TSUTIYA,
2006)
Essa estrutura funciona de duas maneiras, na prevenção de altas pressões após o
desligamento de bombas, ela recebe água e absorve as variações, ou na prevenção da
cavitação durante as partidas das bombas fornecendo água para o sistema (BOULOS, 2005).

2.5.2 Tanque alimentador unidirecional (TAU)


O TAU é utilizado na prevenção de baixas pressões e separação de coluna pela
admissão de água na tubulação quando a pressão atinge valores inferiores à sua cota
piezométrica. É muito utilizado em pontos altos convexos da linha de recalque e normalmente
é isolado dos condutos por dutos laterais que possuem válvulas de retenção para garantir que
o escoamento ocorra apenas para o interior da tubulação da adutora ou outro conduto
semelhante, podem ser abertos ou fechados e apesar de normalmente estarem localizados nos
pontos mais elevados, podem ser instalados em qualquer lugar no sistema, entretanto possuem
a desvantagem de não atenuar pressões máximas (JUNIOR, P. A. M., 2008).
25

Figura 8 - Esquema de um tanque alimentador unidirecional. Fonte: VASCONCELOS.

2.5.3 Reservatório de ar comprimido ou hidropneumático (RHO)


Esse dispositivo pode aliviar tanto pressões positivas quanto negativas, normalmente se
localizam próximos às estações elevatórias. É um sistema que requer um alto custo e
complexa manutenção, porém é bastante efetivo no controle dos transientes.
Os RHO funcionam com uma câmara estanque contendo água e ar comprimido, com
pressão igual à de regime permanente fornecida pela bomba, quando a pressão cai e o ar
dentro da câmara se expande, expulsando a água para fora, uma válvula de retenção junto à
bomba se fecha, impedindo o fluxo para a bomba e a água proveniente da câmara alimenta a
tubulação amortecendo as variações de pressão causadas pela parada da bomba
(TSUTIYA,2006).
26

Figura 9 - Esquema de um reservatório Hidropneumático. Fonte: VASCONCELOS

2.6 Materiais de tubulação


A qualidade e integridade de instalação dependem da escolha do material e do
diâmetro adequado, o modo de fabricação, armazenamento e transporte, da inspeção local da
instalação, escavação de valas, união ou conexão correta dos tubos, ancoragem da rede, entre
outros aspectos.
São vários os critérios para escolha do material da tubulação, mas a principal
necessidade é suportar as demandas hidráulicas do sistema.

2.6.1 PVC PBA


Os tubos de PVC PBA são tubos constituídos de Policloreto de Vinila (PVC) e são
unidos através de juntas elásticas formadas por ponta e bolsa dotada de anel de borracha
(PBA), são bastante práticos por serem leves e seu custo é relativamente baixo, existem tubos
com diferentes espessuras com finalidade de tolerarem maior pressão. Suas vantagens são a
segurança e a facilidade de instalação e manutenção de trechos.
De acordo com o fabricante AMANCO os tudo de PVC PBA estão disponíveis nos
diâmetros nominais DN50, DN75 e DN100, estão dimensionados quanto à pressão de serviço
em Classe 12 - 6 kgf/cm² (0,6 MPa), Classe 15 - 7,5 kgf/cm² (0,75 MPa) e Classe 20 - 10
kgf/cm² (1MPa), à temperatura de 20° C (AMANCO, 2017) sendo regulados pela Norma
ABNT NBR 5647/04.
27

2.6.2 PVC DEFOFO


São tubos e conexões hidráulicas fabricados em MPVC (PVC modificado), que
possuem Diâmetro Equivalente aos tubos de Ferro Fundido (DEFOFO), suportando uma
pressão de até 1,0Mpa, à temperatura de 25ºC, incluindo as eventuais sobrepressões
dinâmicas previstas e calculadas para tubulação em carga. Os tubos possuem diâmetros
nominais DN 100 a DN 500, em acordo com a Norma ABNT NBR 7665/07.
Suas vantagens são intercambiabilidade com tubos de ferro fundido em toda sua
extensão, possuem excelente desempenho hidráulico devido à sua superfície interna lisa,
podendo ser facilmente cortados e facilitam o transporte e manuseio por sua leveza, reduzindo
substancialmente o custo de instalação e facilitando a manutenção (AMANCO, 2017).

2.6.3 PVC-O
O tubo de PVC-O (Policloreto de Vinila Orientado) se caracteriza por apresentar uma
composição química de PVC convencional, mas com uma estrutura molecular organizada de
forma laminar, o que proporciona melhoras consideráveis em seu comportamento mecânico, é
incorporada a tecnologia da orientação molecular das cadeias do PVC, tornando os produtos
muito mais robustos, resistentes, leves e flexíveis.
As bitolas disponíveis são DN 100 a DN 300, a pressão de serviço é de 1,6 MPa à
temperatura de 25°C, e são intercambiáveis com as redes de ferro fundido (AMANCO, 2017)
em acordo com a Norma ABNT NBR 15750/04.

2.6.4 Ferro fundido


A tubulação de ferro assegura a qualidade das redes hidráulicas de alta pressão. Os
dispositivos que compõem a tubulação são muito resistentes, portanto são capazes de garantir
que a pressão exercida durante a passagem de água pela rede não cause nenhum tipo de dano
que possa prejudicar o sistema como um todo.
Os ferros fundidos formam uma classe de ligas ferrosas que possui teores de carbono
acima de 2,11%, mas na prática encontra-se bastante entre 3,0 e 4,5 % C e, entre outros
elementos de liga. Alguns ferros fundidos são muito frágeis, e a fundição é a técnica de
fabricação mais conveniente (MILFONT DE MAGALHÃES et al., 2017).
28

Diferentes tubos podem compor a tubulação de ferro fundido, variam pelo diâmetro
nominal de DN 80 a DN 2000 e pelos grupos de resistências denominados de classes que
podem chegar a suportar uma pressão de serviço admissível de 6,4Mpa (PAM SAINT
GOBAIN, 2017), conforme a Norma ABNT NBR 7675/05.

Para grandes pressões os tubos usuais são os de PVC orientado e de ferro fundido. O
tempo de assentamento do PVC-O é 8 vezes mais rápido e custa 10% menos do que o valor
do Ferro Fundido Dúctil, com isso, a utilização do PVC-O é mais econômica e tem sua
conclusão em 1/8 do tempo estimado para ferro fundido (MILFONT DE MAGALHÃES et
al., 2017).
29

3 MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia traçada consiste em analisar os valores dos transientes hidráulicos
obtidos no software ALLIEVI, e todas as informações necessárias para aplicação dessa
atividade será referente ao estudo de caso da adutora de água tratada do distrito de Borracha
município de Vicência em Pernambuco.

3.1 Software ALLIEVI


As definições a seguir estão de acordo com o Manual Técnico ALLIEVI, UPV -
Universidade Politécnica de Valencia, 2010.
ALLIEVI é um programa que proporciona condições para analisar e verificar os efeitos
transitórios de manobras efetuadas nos elementos do sistema hidráulico. Ele permite analisar
o escoamento em redes hidráulicas de condutos forçados alimentados por vários reservatórios,
com várias estações de bombeamento, e com o fluxo regulado por estações de válvulas
formando redes malhadas, ramificadas ou mistas.
Esse software utiliza o método das características, um método que possui conceituação
e fundamentação que exprimem bem a natureza real do escoamento transiente sob pressão, é o
método mais usual nesses problemas, permite o cálculo de muitas situações de condições a
montante e jusante das possibilidades de tubulação (SWAFFIELD & BOLDY, 1993).
Considerando os efeitos prejudiciais que podem ocorrer durante o desenvolvimento de
um transitório hidráulico a solução será proporcionar aos elementos do sistema a resistência
mecânica capaz de suportar as variações de pressão, ou instalar elementos de proteção para
reduzir a amplitude destas flutuações e mantê-las entre limites aceitáveis. Para proceder de
uma forma ou de outra sempre será necessário dispor de um programa de cálculo para simular
o transitório e prever, dentre outros resultados, as pressões extremas que ocorrem depois de
uma manobra assumida. Este é o objetivo principal do ALLIEVI.
Este software pode ser utilizado tanto na fase de concepção de um projeto como na fase
de verificação da operação de um sistema hidráulico. Na fase de concepção o programa
permite que se incorpore ao sistema vários dispositivos de proteção de modo que as
oscilações de pressão geradas por manobras nos componentes do sistema sejam mantidas
entre limites predeterminados. Posteriormente ele faz o diagnóstico e visualiza os efeitos
30

transitórios na operação do sistema ao se simular várias manobras numa instalação


previamente projetada.

3.2 Adutora de água tratada da Estação Elevatória de Água Tratada (EEAT) até o
Reservatório Apoiado (RAP) do distrito de Borracha – Vicência PE

A adutora analisada foi obtida pela concepção da implantação do sistema de


abastecimento de água do distrito de Borracha, situado no município de Vicência – PE. A
elaboração do projeto teve como principal escopo, seguir as recomendações das normas
internas da COMPESA (SOP 092 e CO 005), além da norma NBR 12218/17 da ABNT.

3.2.1 Localização e caracterização da área


O povoado de Borracha pertence ao Município de Vicência que integra a microrregião
da Mata Setentrional Pernambucana. Está situado entre morros sinuosos, em meio a uma
extensa área agrícola, na qual ocorre o predomínio quase absoluto do cultivo da banana. Este
povoado localiza-se a sudoeste da cidade de Vicência.
Em relação à hidrografia da região, o povoado de Borracha, é banhado por pequenos
riachos, afluentes do rio Morojó, afluente do Tracunhaém, um dos formadores do rio Goiana.
As porções centro e norte do Município são banhados pelo rio Siriji, que é um dos afluentes
do rio Capibaribe Mirim, outro formador do rio Goiana.

3.2.2 Estudo populacional e de demanda


Neste item serão apresentados os parâmetros de projeto utilizados e a memória de
cálculo referente ao dimensionamento hidráulico da rede de distribuição de água do Distrito
de Borracha.

3.2.2.1 Taxa de ocupação


A área do loteamento abrangerá uma parte da zona rural do município de Vicência,
incluindo as áreas que atualmente apresentam uma taxa média de ocupação. Para o
dimensionamento da rede foi considerada uma taxa média de 3,70 habitantes por domicílio,
poderia se utilizar o censo da cidade de Vicência onde consta a taxa de ocupação, mas como
31

no projeto proposto foi utilizado o valor usual para regiões onde não há o sensoriamento, o
valor de 3,7 foi mantido.

3.2.2.2 Consumo per capita de água


O consumo per capita de água foi determinado com base nas recomendações do livro
Manual de Hidráulica de Azevedo Netto (1998). Para o projeto em questão, adotou-se um

valor de 160 L .
hab * dia

3.2.2.3 Coeficientes de variação de consumo


Os valores adotados neste projeto são aqueles difundidos no meio técnico e
usualmente utilizados no dimensionamento dos sistemas de abastecimento de água,
associados às prescrições normativas da ABNT.

 Coeficiente do dia de maior consumo: K1  1,20

 Coeficiente da hora de maior consumo: K2  1,50

3.2.2.4 Determinação da população abastecida


O distrito de Borracha é composto por 1.314 unidades residenciais. Considerando uma
taxa de ocupação média de 3,70 habitantes por domicílio, temos:

População  1314 * 3,70

População  4862hab

3.2.2.5 Cálculo das vazões de projeto


As vazões de projeto serão determinadas com base nos valores mencionados
anteriormente.

 Vazão média

População* Percapita
Qméd 
86400

4862 * 160
Qméd 
86400
32

Qméd  9,00 L
s

 Vazão máxima diária

Qmáxd  Qméd *1,20

Qmáxd  10,80 L
s

 Vazão máxima horária


Qmáxh  Qmáxd *1,50

Qmáxh  16,20 L
s

3.2.3 Projeto proposto para a adutora de Borracha


O sistema adutor de Borracha é formado pelas seguintes unidades:

 Estação Elevatória de Água Tratada (EEAT) para recalcar água até o Stand
Pipe.
 Adutora de 3495 metros de extensão e 150mm de diâmetro que transportará
água tratada da EEAT até o Stand Pipe.
 Stand Pipe com capacidade de 4m³ em concreto armado.
 Sub adutora de água tratada partindo do Stand Pipe para o reservatório
apoiado existente no distrito.

A estação elevatória de água tratada foi concebida para recalcar a vazão máxima diária
de 10,80 L/s até o Stand Pipe.
 Pré-dimensionamento do diâmetro da adutora de recalque

Para determinar o diâmetro mínimo da adutora de recalque que transportará água


da estação elevatória de água tratada até o Stand Pipe, foi utilizada a metodologia
33

descrita no livro Hidráulica Aplicada de Canali et al. (2003), utilizando a fórmula do


diâmetro de recalque econômico da formula de Bresse.

Para sistemas intermitentes tem-se:

4
X
DRECO  1,3* * Q
24

Onde X é o tempo de funcionamento do sistema em horas (na COMPESA o valor


usual é de 20 horas) e Q a vazão em L/s.

4
20
DRECO  1,3* * 10,8 *103
24

DRECO  129mm

Foi adotado o diâmetro disponível mais próximo e que não seja menor que 129
mm, o diâmetro de 150 mm.
Como o diâmetro de sucção de uma estação elevatória deve ser sempre o próximo
diâmetro disponível maior que o de recalque, então Dsuc  200mm .
É necessário verificar se as velocidades de sucção e recalque irão ultrapassar os limites
apresentados na Tabela 1.
4*Q
V
 * D2
4 *103 *10,8
Vrec   0,61m / s
 * 0,152
4 *103 *10,8
Vsuc   0,34m / s
 * 0,202
Como os valores de velocidade na tubulação de recalque e de sucção foram menores
que 1,00 m/s e 1,10 m/s, respectivamente, confirmam-se os diâmetros adotados.
34

Tabela 1 - Valores de velocidades máximas de acordo com o diâmetro, NBR 12214 da ABNT (1992)
Diâmetro
nominal 50 75 100 150 200 250 300 400
(mm)

Velocidade
0,70 0,80 0,80 1,00 1,10 1,20 1,40 1,50
(m/s)

 Altura manométrica total dos conjuntos elevatórios

H man  ( H Gs  H Gr )  (hst  hrt )

 Altura geométrica de sucção ( )


H Gs  0,30m
 Perda de carga contínua na tubulação de sucção ( )
Para determinar a perda de carga contínua na tubulação de sucção,
utilizou-se a equação de tubos muito curtos.
Q  Cd * A * 2 * g * hs

Considerando Cd  0,75 temos:

Q2
hs1 
Cd 2 * A2 * 2 * g

(10,80 *103 ) 2
hs1  2
 3,1416* 0,202 
0,75 * 
2
 * 2 * 9,8
 4 

hs1  0,01mca

 Perda de carga localizada na tubulação de sucção ( )


35

Q
v
A
4 *10,80 *10 3
v
3,1416* 0,20 2
v  0,34m / s

Tabela 2 – Perda de carga localizada na tubulação de sucção


Diâmetro Velocidade Perda de carga
Peças Quantidade K
(mm) (m/s) (mca)

Crivo 1 200 0,75 0,34 0,0044

Registro de
1 200 0,2 0,34 0,0012
gaveta aberto

Redução
excêntrica 1 - 0,3 0,34 0,0018
200mmx80mm

TOTAL = 0,0074

 Altura geométrica de recalque ( )

H Gr  360,80  272,00

H Gr  88,80m

 Perda de carga contínua na tubulação de recalque ( )


Q
v
A
4 *10,80 *10 3
v
3,1416* 0,152
v  0,61m / s
v*D
Re 

36

0,61* 0,15
Re 
10 6
Re  91500
Movimento turbulento (Re > 4000)
Equação de Swamee-Jain:
0,25
f  2
   5,74 
log 0,27 * D  Re 0,9 
  
0,25
f  2
  0,00012 5,74 
log 0,27 *  
  0,15 915000,9 

f  2,18255*102

f * L * v2
hr1 
D*2* g

2,18255*102 * 3500* 0,612


hr1 
0,15 * 2 * 9,8
hr1  9,66mca
37

 Perda de carga localizada na tubulação de recalque ( )

Barrilete de recalque da estação elevatória.

Tabela 3 – Perda de carga localizada na tubulação de recalque da estação elevatória


Diâmetro Velocidade Perda de carga
Peças Quantidade K
(mm) (m/s) (mca)

Curva de 90º 1 150 0,4 0,61 0,0076

Registro de
1 150 0,2 0,61 0,0038
gaveta aberto

Válvula de
retenção 1 150 2,5 0,61 0,0474

Curva de 45º 2 150 0,2 0,61 0,0076

Redução
excêntrica 1 - 0,3 0,61 0,0057
150mmx50mm

TOTAL = 0,0721

Barrilete do Stand Pipe.

Tabela 4 – Perda de carga localizada na tubulação de recalque do barrilete do Stand Pipe


Diâmetro Velocidade Perda de carga
Peças Quantidade K
(mm) (m/s) (mca)

Curva de 90º 4 150 0,4 0,61 0,0303

Registro de
1 150 0,2 0,61 0,0038
gaveta aberto

Saída de
1 150 1 0,61 0,0190
canalização

TOTAL = 0,0531
38

H man   0,30  88,8  0,0174  9,7852

H man  98,30mca

É considerando um acréscimo de 5% como fator de segurança.

H man  103,22  104mca

 Cálculo da potência dos conjuntos elevatórios


 * Q * H man
P

1000*10,80 *103 *104
P
50
P  22,46cv

Acrescentando 30% de folga a potência dos conjuntos elevatórios:

P  22,46 *1,30

P  29,20  30cv

A bomba foi selecionada por meio do diagrama de características da KSB (Figura


10), onde se optou por uma maior segurança, dessa forma o ponto de interseção entre o
valor de altura manométrica e vazão estaria muito próximo ao fim da faixa de uma
determinada bomba, mas para se ter garantia caso fosse necessário um acréscimo de
vazão para atender o sistema, foi escolhida a próxima bomba.

Abaixo está indicada sua descrição.

 Bomba: KSB
 Modelo: MEGANORM 065- 040-250
 Rotação: 3500 rpm
 Diâmetro do rotor: 238 mm
39

 Rendimento: 50 %
 Potência do motor: 30 CV
 Peso do motor: 14 kg
 Peso da bomba: 35,50 kg

Figura 10 – Diagrama de características do cataloga da KSB para determinação da bomba


apropriada para o sistema. Fonte: KSB.

 Verificação do fenômeno de cavitação

Como a instalação da bomba será do tipo afogada e seus trechos de sucção são
curtos, não se faz necessário a verificação do NPSH disponível.

 Análise de transientes hidráulicos


40

Qmáxh  16,20 L
s
D  150mm
e  6,80mm
k  18
L  3500m
H Gr  86,00m

 Cálculo da velocidade de propagação da onda (celeridade)


9900
C
D
48,3  k *
e
9900
C
0,150
48,3  18 *
6,80 *103

C  469,12 m
s
 Cálculo da sobrepressão e subpressão na adutora de recalque
2* L

C
2 * 3500,00

469,12
  14,92s

Para manobra rápida (válvula de retenção portinhola dupla), temos:


C *v
ha 
g
469,12 * 0,61
ha 
9,8
ha  29,17mca

Sobrepressão na adutora
pmáx  86,00  29,17

pmáx  115,17mca
41

Subpressão na adutora
pmín  86,00  29,17
pmín  56,83mca

Uma vez que a adutora de recalque será constituída de tubos de PVC Orientado
(1.6 Mpa), os valores de sobrepressão e subpressão encontrados anteriormente são
inferiores a pressão admissível de serviço deste tipo de tubo.

As tubulações, peças especiais e conexões, instaladas no interior da elevatória serão de


ferro fundido flangeado. Os registros serão adquiridos com flanges e as válvulas de retenção
serão do tipo portinhola com corpo de ferro fundido, anéis de vedação em bronze ou aço
inoxidável. O poço de sucção será dotado de extravasor e tubulação de descarga, e na
tubulação de alimentação será instalada também uma válvula automática de entrada com bóia.
Toda a parte elétrica e de automação será realizada durante a execução das obras,
seguindo-se todas as recomendações da COMPESA e CELPE (ABNT 14039/05 e ABNT
15751/13). Para cada conjunto será instalada uma chave auto transformadora, de comando
automático e relés com proteção contra sobrecarga e queda de tensão. Para controlar o
enchimento da torre piezométrica será instalado um relé controlador de nível a distância que
controlará o acionamento e desligamento do conjunto dependendo do nível da torre. Também
será prevista a instalação de um relé de nível no poço úmido para garantir que o conjunto
nunca funcionará com o poço vazio.

O Stand Pipe será construído em concreto armado e localizado nas imediações da


estaca 175. Possuindo um volume total de 4 m³ será utilizado com o objetivo de reduzir o
custo energético de bombeamento além de servir como dispositivo para atenuar os efeitos
causados por eventuais transientes hidráulicos.
42

3.3 Aplicações do projeto original da adutora ao software ALLIEVI para análise de


transiente

O projeto original é composto de bomba, tubos, chaminé de equilíbrio e reservatórios,


a seguir estão apresentados como esses itens são colocados no software para uma análise mais
precisa dos transientes hidráulicos do sistema. Na Figura 11 temos a tela de apresentação e
preenchimento do ALLIEVI, na barra inferior esquerda encontra-se o locais onde deve-se
alimentar os parâmetros da adutora.
Figura 11 – Tela de apresentação do software ALLIEVI. Fonte: ALLIEVI.

3.3.1 Bomba
A cota da bomba é inserida por meio da cota dos dois nós que estão ao redor da
bomba, as informações de funcionamento da mesma foram colocadas com curva por pontos a
partir das informações do catálogo fornecido pelo fabricante das bombas, caso nesse catálogo
não conste todos os pontos necessários para alimentação do software, pode-se extrapolar a
curva por conta própria. Deve-se preencher se há ou não a válvulas de regulação, válvula de
retenção e by-pass, a válvula de regulação utilizada no projeto original é um tipo borboleta, e
também está presente uma válvula de retenção cujo valor de coeficiente de perdas pontuais é
de k=10 de acordo com o Manual de Hidráulico de Azevedo Netto (1998).
43

Rotação de regime e rotação nominal são consideradas iguais e seu valor depende da
bomba escolhida, no caso para a bomba KSB MEGANORM 065-040-250 a rotação é de 3600
rpm . Por fim preenchem-se os dados de parada e arranque da bomba, a partida é regulada no
softstart (dispositivo eletrônico de controle de tensão de partida de motor elétrico) e para
bombas de pequena potência usa-se 5 segundos, a bomba ficará em atividade por 20 horas, o
valor habitual utilizado pela COMPESA que é justificado para que se evite que a bomba
permaneça ligada em horários de pique de grande consumo de energia.
44

Figura 12 – Curvas características do catálogo da KSB para a bomba MEGANORM 065- 040-
250. Fonte: KSB.
45

3.3.2 Tubos

É necessário inserir informações de cota inicial e final, diâmetro e espessura,


comprimento, perfil altimétrico apresentado na Figura 13, onde se utilizou pontos com valor
de cota e distância, espaçados em 50 metros, e o próprio programa calcula a celeridade. Para o
cálculo das perdas de carga na tubulação é preciso inserir os valores de rugosidade e o
coeficiente adimensional de perdas singulares.

Figura 13 – Perfil altimétrico da adutora do distrito de Borracha, Vicência –PE. Fonte:


COMPESA.

Os valores de rugosidade foram retirados do Manual de Hidráulico de Azevedo Netto


(1998), onde rug = 0,01 mm e k=18.
Na etapa de montagem do perfil altimétrico é possível inserir as ventosas da adutora,
onde de acordo o gráfico apresentado na Figura 13, presente no livro Abastecimento de água
para consumo humano, Heller e Pádua (2006), para uma adutora de diâmetro de 150mm, o
diâmetro da ventosa deve ser de 50mm.
46

Figura 14 – Gráfico para determinação de diâmetro de ventosas de acordo com a vazão e o


diâmetro da adutora. Fonte: HELLER E PÁDUA.

3.3.3 Stand Pipe


As informações do Stand Pipe são inseridas na opção de reservatório de nível fixo no
ALLIEVI, isso se da pelo fato de que no software são limitadas as opções de estruturas para o
sistema adutor. É colocado o valor de cota do nó que é ligado ao reservatório, valor esse de
360,80 metros por ser o ponto até onde a água deve chegar para entrar no stand pipe, e é
estimado um valor de cota inicial de água.
47

Figura 15 – Stand Pipe. Fonte: COMPESA.

3.3.4 Reservatórios
O primeiro reservatório deve ser colocado no início do sistema para que se garanta que
tenha água na tubulação, Stand Pipe e reservatório final, na situação real a água vem de uma
sangria de outra adutora, mas para aplicação do software será utilizado um reservatório de
grandes dimensões com altura suficiente para que se tenha a água necessária.
O reservatório final, também de grandes dimensões, é existente no distrito de Borracha
e foram inseridas suas informações reais de cota e altura da água.
48

3.4 Diferentes cenários da adutora

Serão propostos seis cenários para a adutora do sistema de abastecimento de Borracha,


para assim encontrar a melhor opção de acordo com o ALLIEVI. Não será analisado o custo
para a implantação das diferentes estruturas de proteção quando utilizadas, mas sim a
eficiência de como se comporta os transientes hidráulicos de cada situação.
49

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Resultados do valor dos transientes hidráulicos para todas as simulações da


adutora
4.1.1 Cenário original
O cenário original da adutora é a situação proposta pela COMPESA para implantação.
Os parâmetros foram preenchidos de acordo com a determinação em projeto e na Figura 16
encontra-se o resultado para quando é selecionada a opção de cálculo do escoamento
permanente no software.
Figura 16 – Resultado do cenário original da adutora de Borracha no software ALLIEVI. Fonte:
ALLIEVI.

No cenário original o Stand Pipe se encontra no ponto com a maior cota da adutora e
juntamente com a utilização da bomba KSB MEGANORM 065- 040-250 o sistema gera a
envoltória que se comporta como mostra a Figura 16, onde o valor máximo de pressão é de
aproximadamente 93 mca.
50

4.1.2 Cenário 01
No primeiro cenário a adutora está sem nenhuma estrutura de proteção.

Tabela 5 – Características do cenário 01

CENÁRIO 01
Bomba KSB MEGANORM 065- 040-250
Estrutura de Proteção -
Localização da
-
estrutura de proteção

Figura 17 – Perfil altimétrico do cenário 01. Fonte: ALLIEVI.


51

Figura 18 – Resultado do cenário 01. Fonte: ALLIEVI.

A bomba utilizada nesse cenário é a mesma utilizada no projeto proposto original, mas
a adutora está apenas saindo da estação elevatória onde se encontra a bomba e partindo
diretamente para o reservatório apoiado. Encontraram-se como resultado altos valores de
pressão no estado transitório, chegando a 127 mca, como está apresentado no gráfico da
Figura 18 que mostra a envoltória máxima na linha de cor vermelha.

4.1.3 Cenário 02
No segundo cenário é utilizada uma chaminé de equilíbrio e será proposta outra bomba
com uma maior altura manométrica para a mesma vazão da bomba anterior, como é
apresentado no diagrama das características da bomba KSB na Figura 19.
52

Tabela 6 – Características do cenário 02

CENÁRIO 02
Bomba KSB MEGANORM 065- 040-315
Estrutura de Proteção Chaminé de equilíbrio
Localização da Estaca: 175+0,00
estrutura de proteção Cota: 358m
53

Figura 19 – Curvas características catalógo KSB para a bomba MEGANORM 065-040-315. Fonte: KSB
54

Figura 20 – Esquema do cenário 02 da adutora de Borracha no software ALLIEVI. Fonte:


ALLIEVI.

Figura 21 – Resultado do cenário 02. Fonte: ALLIEVI.

A estrutura de proteção se encontra vazia em condições de regime permanente,


concluindo que mesmo com uma maior potência da bomba, não é possível inserir uma
chaminé de equilíbrio nesse ponto da adutora.
55

4.1.4 Cenário 03
No cenário 03 será utilizada a bomba do cenário original e o local da chaminé de
equilíbrio sofrerá uma modificação.

Tabela 7 – Características do cenário 03

CENÁRIO 03
Bomba KSB MEGANORM 065- 040-250
Estrutura de Proteção Chaminé de equilíbrio
Localização da Estaca: 35+0,00
estrutura de proteção Cota: 342m

Figura 22 – Esquema do cenário 03 da adutora de Borracha no software ALLIEVI. Fonte:


ALLIEVI.
56

Figura 23 – Resultado do cenário 03. Fonte: ALLIEVI.

O cenário alcançou um bom resultado de valor de pressão máxima, mas a


aplicabilidade não é possível por conta da altura necessária que a chaminé teria que ter para
alcançar a linha piezométrica do sistema.

4.1.5 Cenário 04
A chaminé de equilíbrio no quarto cenário se encontrará em mais uma localização.

Tabela 8 – Características do cenário 04

CENÁRIO 04
Bomba KSB MEGANORM 065- 040-250
Estrutura de Proteção Chaminé de equilíbrio
Localização da Estaca: 10+0,00
estrutura de proteção Cota: 303m
57

Figura 24 – Esquema do cenário 04 da adutora de Borracha no software ALLIEVI. Fonte:


ALLIEVI.

Figura 25 – Resultado do cenário 04. Fonte: ALLIEVI.


58

Houve um melhor controle da envoltória máxima, mas ainda consta o problema de


altura para a estrutura de proteção.

4.1.6 Cenário 05
No cenário 05 ocorre a introdução de uma nova opção de estrutura de proteção,
utilizando agora um TAU, e foi colocado no segundo pico de altitude mais próximo à estação
elevatória.

Tabela 9 – Características do cenário 05

CENÁRIO 05
Bomba KSB MEGANORM 065- 040-250
Estrutura de Proteção TAU
Localização da Estaca: 35+0,00
estrutura de proteção Cota: 342m

Figura 26 – Esquema do cenário 05 da adutora de Borracha no software ALLIEVI. Fonte:


ALLIEVI.
59

Figura 27 – Resultado do cenário 05.


Fonte:ALLIEVI.

Essa estrutura não foi eficiente na diminuição dos transientes hidráulicos da tubulação,
como está presente na Figura 27,onde pode ocorrer pressões de até 127 mca, não ocorre
diminuição ou controle dos valores da envoltória máxima de pressão no estado de escoamento
transitório.

4.1.7 Cenário 06
Utilizando uma terceira estrutura de proteção, é aconselhável que o uso do reservatório
de ar comprimido ou hidropneumático seja próximo à estação elevatória, dessa maneira foi
colocado um RHO na localização descrita na Tabela 10, que é o primeiro pico de altitude
mais próximo à estação elevatória.
60

Tabela 10 – Características do cenário 06

CENÁRIO 06
Bomba KSB MEGANORM 065- 040-250
Estrutura de Proteção RHO
Localização da Estaca: 10+0,00
estrutura de proteção Cota: 303m

Figura 28 – Esquema do cenário 06 da adutora de Borracha no software ALLIEVI. Fonte: ALLIEVI.


61

Figura 29 – Resultado do cenário 06. Fonte: ALLIEVI.

O resultado mostra que com a utilização do RHO, a pressão pode chegar a valores de
126 mca.
62

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Devido à falta de dados importantes os resultados obtidos nesse trabalho só têm


validade acadêmica e não devem ser utilizados como respostas definitivas.
O resultado obtido dos transientes da situação do projeto atual da adutora foi
satisfatório, a simulação apresentou o menor valor de pressão máxima entre todos os cenários,
sendo assim a melhor opção para a adutora do distrito de Borracha de Vicência –PE. Os
cenários restantes não trouxeram resultados eficientes, as opções de utilização da chaminé de
equilíbrio passam a ser inviáveis a partir do momento em que a mesma está localizada em
locais que a altura do topo da chaminé encontra-se muito distante no nível da linha
piezométrica.
Como análise da tubulação necessária para a adutora, com os níveis de pressão para a
adutora com o projeto original, o PVC-O é preferencial. Essa conclusão se dá pela faixa de
operação para esse tipo de material, onde os valores de pressão nesse cenário superam 90
mca, e o PVC-O mesmo com temperaturas mais elevadas que poderia ocorrer na tubulação e
considerando os transientes, seria suficiente para suportar.
Como recomendação para trabalhos futuros, pode-se fazer a análise financeira da
implantação de uma estrutura de proteção e a utilização de um tubo que não suporte altas
pressões em comparação a uma adutora sem nenhuma estrutura mas que utilize um tubo mais
resistente. Outro ponto que pode ser abordado é o desenvolvimento no EXCEL do método
utilizado no software, para entender como os resultados são obtidos e criar sensibilidade de
como ocorrem as variações de pressão no interior da adutora.
63

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