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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

MICHELE RODRIGUES DE FREITAS OLIVEIRA

RELATÓRIO DE PROJETO DE ENSINO: PROJETO DE


INGLÊS PARA IDOSOS (CELIN/UNAPI)

VIÇOSA - MINAS
GERAIS
MARÇO/2022
MICHELE RODRIGUES DE FREITAS OLIVEIRA

RELATÓRIO DE PROJETO DE ENSINO : PROJETO DE INGLÊS PARA


IDOSOS (CELIN/UNAPI)

Relatório de Projeto de Ensino, apresentado ao


departamento de Letras da Universidade Federal
de Viçosa, como parte das exigências para a
obtenção do título de Licenciado em Letras –
Português/Inglês.
Orientadora: Profa. Dra. Hilda Simone
Henriques Coelho

VIÇOSA - MINAS GERAIS


MARÇO/2022
MICHELE RODRIGUES DE FREITAS OLIVEIRA

RELATÓRIO DE PROJETO DE ENSINO : PROJETO DE INGLÊS PARA


IDOSOS (CELIN/UNAPI)

Relatório de Projeto de Ensino, apresentado ao


departamento de Letras da Universidade Federal
de Viçosa, como parte das exigências para a
obtenção do título de Licenciado em Letras –
Português/Inglês.
Orientadora: Profa. Dra. Hilda Simone
Henriques Coelho

Banca examinadora

Profa. Ana Maria Ferreira Barcelos

Profa. Michelle Nave Valadão

Profa. Dra. Hilda Simone Henriques Coelho (Orientadora)


RESUMO
O Projeto de Ensino de Inglês para Idosos (CELIN/UNAPI) busca contribuir para o
envelhecimento ativo das pessoas idosas, melhorando a autoestima e fatores cognitivos, como
a memória. O aprendizado em Língua Inglesa foi desenvolvido através de uma metodologia
de ensino comunicativa, o que proporciona o aprendizado significativo para a interação social.
Este relatório tem o objetivo de detalhar e refletir sobre as atividades realizadas durante o
período de fevereiro de 2019 até o momento. Estas atividades serão apresentadas em dois
momentos: atividades realizadas no modo presencial e no modo remoto, devido à pandemia
do COVID-19. Algumas das tarefas foram: ministração de aulas, leituras de textos teóricos
para entender o perfil dos alunos, participação em reuniões e elaboração de materiais. No
modo remoto, a criação de um grupo no WhatsApp foi a solução para mantermos contato com
nossos alunos durante a pandemia. Neste grupo, continuamos o aprendizado através de
postagens semanais, mas percebemos a necessidade de desenvolver uma apostila, que foi
impressa e enviada aos alunos para motivá-los. Os resultados obtidos pela minha participação
no projeto foram a capacidade de me adaptar a novos contextos, aprendizado sobre produção
de material didático e experiência docente com a pessoa idosa, que auxiliaram em minha
formação como professora.

Palavras-chave: ensino/aprendizado de línguas para idosos; materiais didáticos; pessoa


idosa.
ABSTRACT

The English Teaching Project for the Elderly (CELIN/UNAPI) seeks to contribute to the
active aging of the elderly, improving self-esteem and cognitive factors, such as memory. The
English language learning was developed through a communicative approach, which provides
meaningful learning and social interaction. This narrative report aims to detail and reflect on
the activities done during the period from February 2019 up to the present. These tasks are
presented in two moments: Face-to-face and remote teaching. Some of the tasks were:
teaching classes, reading theoretical texts to understand the students' profiles, participating in
meetings, and planning materials. In the remote moment, a group on WhatsApp was the
solution to keep in touch with our students during the pandemic. In this group, we continued
the learning process through weekly posts, but we realized the importance of developing
teaching materials that were printed and sent to students to motivate them. The results of my
participation in the project were the ability to adapt to new contexts, learning about the
production of teaching materials, and the gain of experiences in teaching the elderly, which
helped me in my practicum as an English language teacher.

Keywords: language teaching/learning for the elderly; teaching materials; elderly.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

2 OBJETIVOS DO PROJETO

2.1 Objetivos gerais


2.2 Objetivos específicos

3 ATIVIDADES REALIZADAS

4 REVISÃO DA LITERATURA

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

6 IMPACTOS CAUSADOS NA COMUNIDADE

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS
1. INTRODUÇÃO:
Este trabalho relata as experiências, aprendizado e reflexões que adquiri como
professora durante o Projeto de Ensino de Inglês para Idosos, uma iniciativa do Curso de
Extensão em Língua Inglesa (CELIN), do Departamento de Letras, da Universidade Federal
de Viçosa, em parceria com a Universidade Aberta à Pessoa Idosa (UNAPI). O projeto foi
iniciado em 2018 com o trabalho voluntário de duas professoras estagiárias do CELIN, que
assumiram prontamente o compromisso de lecionar inglês para 11 idosos em uma turma de
aprendizes iniciantes.
Um ano depois, essas professoras formaram-se, por isso, Ana Paula, Ana Luíza,
Eneida e eu, todas professoras do CELIN, assumimos as aulas do projeto em fevereiro de
2019. Nos dividimos em duplas, para atender a duas turmas, “turma avançada” e uma nova
“turma iniciante”. A UNAPI recebia, constantemente, demandas pelas aulas de inglês. A
professora Ana Paula e eu ficamos responsáveis por ministrar as aulas, duas vezes por
semana, na turma avançada, composta por sete alunos que já haviam participado por dois
semestres no projeto.
Esse projeto busca contribuir para um envelhecimento ativo das pessoas idosas,
melhoria na qualidade de vida, proporcionar interação social, desenvolvimento da autoestima,
além do aprendizado da língua inglesa. Contudo, devido à pandemia do COVID19, eu e as
outras professoras estagiárias nos deparamos com a necessidade de nos adaptar à nova
realidade de distanciamento social, ficando impossibilitadas para o ensino de forma
presencial.
Assim, iniciamos um processo de aprendizado e reinvenção do ensino para todos os
envolvidos. Decidimos propor atividades durante o isolamento social através do aplicativo
WhatsApp visto que, devido às limitações tecnológicas, nem todos os idosos possuíam acesso
às plataformas para aulas síncronas, como Google Meet. A interação é um aspecto
extremamente importante para os idosos. Tendo isto em vista, buscamos uma aproximação
com os alunos, de forma que, através das atividades e publicações no WhatsApp, fosse
estabelecida uma rotina e mantida a conexão existente durante o período presencial.
Após a criação dos grupos de comunicação, foi desenvolvido um cronograma de
postagens para interação com os alunos. Desenvolvemos posts interativos, áudios para
explicação e prática de pronúncia, vídeos e músicas para desenvolvimento da habilidade de
escuta e o uso do chat para desenvolver a escrita e a leitura. Com o passar do tempo de
trabalho virtual e pensando em uma forma de nos fazermos ainda mais presentes,
organizamos um material para que fosse impresso e pudesse complementar a prática do
conteúdo abordado no ambiente online. Além de servir como revisão dos conteúdos já
ensinados, a apostila intitulada “Back to English” tem como objetivo engajar os alunos a
continuar aprendendo a língua. Para trabalhar o conteúdo dessa apostila, utilizaremos o
mesmo grupo do WhatsApp, além da implementação de aulas no Google meet, dando aos
idosos, mais estímulo. Cabe mencionar, ainda, que o ensino de língua inglesa às pessoas
idosas é um desafio que exige observar a realidade, adotar materiais didáticos adequados e se
adequar às mudanças constantemente, pois, esta é a chave para que a aprendizagem se torne
um instrumento efetivo na busca por um envelhecimento ativo e saudável.

2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Relatar as atividades desenvolvidas no Programa de Inglês Para Idosos
(CELIN/UNAPI), refletindo a importância do projeto na vida dos idosos e os impactos na
sociedade e em minha formação acadêmica.

2.2 Objetivos específicos


● Pontuar e descrever detalhadamente as atividades que realizei durante o Projeto de
Inglês para Idosos desde 2019 até o momento;
● Mostrar as atividades realizadas no modo presencial e no modo remoto;
● Descrever sobre a organização de uma apostila para o ensino de inglês para estudantes
idosos;
● Discutir sobre a relevância do projeto na vida dos alunos idosos;
● Expressar a importância do projeto na minha vida pessoal e profissional;

3. ATIVIDADES REALIZADAS:
Nesta seção, descrevo algumas das atividades que realizei ao longo do projeto, tanto
de forma presencial quanto no modo remoto. Assim, desejo, a partir destes tópicos, narrar,
detalhadamente, meus passos, considerações e as reflexões acerca do que tenho feito.

3.1 Atividades realizadas durante o período presencial:


3.1.1 Participação em reuniões presenciais (fevereiro de 2019 a março de 2020)
As reuniões do projeto eram realizadas quinzenalmente com nossa coordenadora. As
pautas eram muitas:
➔ Conhecer o projeto (CELIN/UNAPI) e o perfil dos idosos.
➔ Elaboração de cronograma.
➔ Discussão de metodologia de ensino e atividades voltadas à pessoa idosa.
➔ Discussão de textos teóricos.
➔ Discussão para a elaboração de planos de aula.
Como exemplo de nossas reuniões, acredito ser importante destacar dois momentos. O
primeiro, o planejamento do encontro com os idosos, o qual foi discutido e planejado com
nossa coordenadora e com as duas ex-professoras estagiárias do projeto. De modo a conhecer
o grupo de idosos que já pertenciam ao projeto, suas individualidades, necessidades e
expectativas, escutamos as experiências dessas professoras. Ficamos cientes da história do
projeto, das vivências do ensino com os idosos que elas tiveram, além de discutirmos sobre os
primeiros passos a serem tomados para continuidade dos trabalhos.
O segundo momento, aconteceu na Casa Sete, sede da UNAPI, e contou com a
presença das coordenadoras, dos idosos e das quatro professoras. Tivemos a oportunidade de
conversar com cada idoso interessado nas aulas de inglês, ouvir e entender as metas e anseios
que eles tinham em relação ao curso. A partir desse primeiro momento, me senti inspirada
pelos alunos idosos, pelas histórias e vivências que cada um compartilhou naquele dia. Vale
ressaltar, ainda, que toda essa experiência me mostrou o quanto eu deveria me reinventar e
encontrar maneiras de incluir toda a experiência e vivência deles durante o aprendizado.
Outro fato que observamos durante o momento de conhecimento do local onde seriam
ministradas as aulas, era a impossibilidade das duas turmas estarem na Casa Sete. Porque
havia alguns problemas com a estrutura das salas de aula, como a ausência de quadro nas
salas e materiais, prejudicando o desenvolvimento das atividades. Assim, as coordenadoras do
CELIN e da UNAPI começaram a providenciar a reparação do local para as aulas de inglês,
bem como, as demais atividades desenvolvidas no projeto para a pessoa idosa. Foi decidido
que as aulas da turma avançada seriam no espaço cedido pelo PRELIN, Programa de
Extensão em Ensino de Línguas, e a turma iniciante ficaria em uma das salas disponíveis da
Casa Sete, na UNAPI.

3.1.2 Ministração das aulas presenciais


Uma das minhas atribuições durante o projeto era ministrar aulas. Eu lecionava todas
as terças e quintas-feiras, na Casa 12, da Vila Giannetti, na UFV, destinada ao PRELIN. Esses
momentos aconteciam em dupla com a professora Ana Paula, pois, nesse formato podíamos
atender melhor e mais idosos ao mesmo tempo.
Gostaria de relatar uma atividade que realizamos na primeira aula, conforme está
ilustrado no Anexo — B. Decidimos optar pela criação de um portfólio, pois, escutamos das
professoras que nos antecederam relatos sobre a dificuldade dos alunos em organizar as
atividades disponibilizadas nas aulas. Algumas vezes, perdiam os materiais ou os esqueciam
em casa. Esse instrumento ajudou nossos alunos a se organizarem e perceberem o seu
progresso, além de que teriam um material de apoio para continuar estudando e revisando nos
próximos semestres.
Para a primeira aula, decidimos reunir as duas turmas e as quatro professoras para nos
conhecermos e elaborarmos, juntos, o portfólio. Além de darmos a oportunidade de
desenvolverem a criatividade e habilidade artística dos alunos, usamos o portfólio como
pretexto para apresentá-los ao vocabulário, em inglês, sobre informações pessoais, como
endereço, idade e número de telefone e o vocabulário sobre as cores. Ao longo da aula nos
dividimos para darmos atenção a cada aluno; ensinamos individualmente cada um, a se
apresentar em inglês e dizer a cor do seu portfólio. Essa também foi uma oportunidade de
interação entre os alunos; todos colaboraram e ajudaram para o melhor desempenho da turma
nesta atividade de speaking. No final, cada idoso se apresentou à turma, recebendo a atenção e
o incentivo de cada colega.
No decorrer dos dois semestres presenciais, tivemos muitos momentos nos quais
pudemos desenvolver aulas temáticas, como, por exemplo, Halloween, Thanksgiving e O Dia
do Professor. Sabemos que o Halloween é uma celebração sempre lembrada durante as aulas
de inglês. No Halloween de 2019, decidimos comemorar trazendo um texto, em inglês, com
um pouco da história de como surgiu esta data comemorativa e de como era celebrada em
alguns países de língua inglesa. Conversamos sobre os costumes, curiosidades, comidas
típicas e decoração. Assim, conseguimos trabalhar vocabulários bem específicos: pumpkin,
trick or treat, ghost, costume, bat, mask, candy/sweets etc. Para criarmos um ambiente
emocionante que combinasse com a aula, decoramos a sala com enfeites e levamos alguns
doces, conforme está ilustrado no Anexo — D.
Não poderíamos deixar de levar a data de Thanksgiving para a turma, pois, além da
importância cultural da data, proporcionamos um momento muito especial com os alunos.
Cada um levou um prato de algo que gostava e fizemos um piquenique na área externa do
PRELIN. Fizemos um questionamento: “What are you thankful for?” (tradução: Por que
motivo você é grato?). Muitos deles já conseguiam responder em inglês pelo que estavam
gratos naquele momento. Também, trabalhamos um texto, em sala de aula, a respeito do tema
para que mais vocabulário fosse apresentado e praticado, trazendo suas realidades em
comparação com a realidade apresentada. Percebemos a importância da data para alguns
países e a forma com que é celebrada por aqueles povos. No Brasil, damos maior importância
à celebração do Natal, como foi observado pelos alunos.
No dia dos professores, tive uma grande surpresa assim que cheguei no CELIN. Os
alunos haviam preparado uma festa surpresa para mim e para a professora Ana Paula.
Infelizmente, Ana não conseguiu chegar devido a imprevistos e tive esse momento com eles
sozinha. Foi emocionante receber flores e ver a mesa dos professores cheia de guloseimas
feitas por eles. Após o momento de comemoração, resolvi deixar o plano de aula que eu e
Ana tínhamos elaborado para aquele dia e aproveitar para falar sobre a festa que fizeram.
Comecei a escrever no quadro: “Today we had a party!” (tradução: Hoje tivemos uma festa) e
perguntei o que tinha acontecido para completarmos as informações sobre a festa e eles
escreveram várias sentenças em inglês como: “Maria do Carmo decorated the classroom and
brought the cake.” (tradução: Maria do Carmo decorou a sala de aula e trouxe o bolo), “Mr
Silvio brought sweets" (tradução: O Sr Silvio trouxe doces), “Iraci brought the juice.”
(tradução: Iraci trouxe suco), “Teacher Ana missed the party and we're sad” (tradução: A
professora Ana perdeu a festa e nós nos sentimos tristes por isso). Assim, revisamos o
vocabulário de comida que eles já conheciam e, juntos, praticamos também o tempo verbal no
passado a partir das frases que estavam no quadro. Foi muito gratificante vê-los animado
falando sobre o que tinha acontecido, citando em inglês o que cada um tinha feito na festa. No
final recebi alguns feedbacks sobre a aula. Todos disseram que haviam gostado muito de
aprender usando vocabulário de coisas reais e ações que eles tinham feito.

3.1.3 Leitura de textos e livros


As leituras que realizei ao longo do projeto foram imprescindíveis para minha
formação e, principalmente, para minha atuação como professora dos idosos. Isso porque o
projeto foi meu primeiro contato com o ensino para o público em questão.
Lista dos textos lidos:
➔ “À flor da (terceira) idade: Crenças e experiências de aprendizes idosos de língua
estrangeira (inglês)” - dissertação de mestrado defendida por Hélvio Frank De Oliveira
em 2010
➔ “A aquisição de uma língua estrangeira por idosos como estímulo para a memória” -
Rosely Gamboa Sousa - 2014
➔ “Estratégias de ensino-aprendizagem de língua estrangeira no contexto da
gerontologia” - Michele Silva Costa Sousa e Diego Neves de Sousa - 2019
➔ “Velhices inéditas, envelhecimento e o estatuto do Idoso: diálogos com Paulo Freire” -
Áurea Eleotério Soares Barroso, Henrique Salmazo da Silva, Adriana de Oliveira
Alcântara e Ivan Fortunato (org.). – Itapetininga: Edições Hipótese, 2021
➔ “Aprendizagem de idiomas na terceira idade: muito além de um passatempo” - Janaina
da Silva Cardoso (UERJ), Ana Karoline de Araújo Gonçalves Ribas (UERJ), Karen
Costa da Silva (UERJ), Nathalia Araújo Duarte de Gouvêa (UERJ), Soraia Cristiana
de Sousa Costa (UERJ).
➔ “Dimensões comunicativas no ensino de línguas.” - José Carlos P. de Almeida Filho -
1993
➔ “ Como produzir materiais para o ensino de línguas” - Vilson J. Leffa - 2003
➔ Estratégias De Aprendizagem E O Desafio De Aprender Uma Língua Estrangeira Na
Terceira Idade – Mariney Pereira Conceição – 2005

3.1.4 Curadoria
Tive a oportunidade de selecionar materiais para a preparação das aulas e, também,
melhor participação nas reuniões do projeto. A escolha de materiais, consulta a livros
didáticos, criação e adaptação de exercícios, busca por filmes e músicas em inglês, faziam
parte das atividades que exerci durante todo esse período no projeto, tanto no presencial
quanto no remoto e que muito enriqueceu meu próprio aprendizado da língua como minhas
competências para o planejamento de aulas.

3.2 Atividades realizadas durante o período online:


Após a finalização do semestre com a turma de idosos do grupo avançado, os idosos
que já estavam no projeto durante dois anos, fizeram um teste de nivelamento especial para
que fossem estudar nas aulas regulares do CELIN. Assim, uma nova turma de iniciantes foi
aberta em 2020, na qual a professora Ana Paula e eu tínhamos 11 estudantes. Contudo, depois
da primeira aula, tivemos o início das restrições e fechamentos provenientes da COVID-19.

3.2.1 Contato por telefone para cada idoso


Depois de alguns meses sem atividades com os nossos alunos, tivemos nossa primeira
reunião com as coordenadoras a fim de pensarmos em um modo para restabelecermos contato
eles. Trabalhamos a possibilidade de fazer algo remoto e buscamos nos certificar sobre o
acesso à internet e os aparelhos de comunicação que os alunos teriam disponíveis para as
nossas aulas. Através dos registros do CELIN e da UNAPI, conseguimos os contatos de
celular dos nossos alunos. Ana Paula e eu mandamos mensagem nos identificando e
perguntamos se poderíamos fazer uma ligação para perguntar algumas questões relacionadas
às aulas de inglês. Recebemos respostas positivas de 6 alunas e fizemos as ligações. As
perguntas feitas também abrangeram questões relacionadas aos sentimentos advindos da
pandemia, por exemplo, como elas estavam, se tinham contato com a família, e,
principalmente, se elas gostariam de continuar no projeto de forma remota. Certamente
tivemos respostas esperançosas sobre continuar em um novo formato. Algumas alunas
sentiram-se muito felizes por conversar conosco, afirmando que sentiam muita solidão por
motivo do isolamento, devido à pandemia. Confidencio que eu, também, me senti muito
contente com a possibilidade de conversar com as alunas e bastante animada com a
possibilidade

3.2.2 Criação de um grupo no WhatsApp


Logo, decidimos criar um grupo no aplicativo WhatsApp uma vez que a maioria dos
alunos tinham acesso e manejavam bem esse recurso. Convém destacar que, a princípio,
tínhamos dois grupos, o primeiro com a turma iniciante de 2020, que era responsabilidade
minha e de outra colega, e o segundo grupo, composto pelos iniciantes de 2019, agora já
integrantes da turma mais avançada.
No grupo que fiquei responsável, haviam 6 alunos. As atividades realizadas giravam
em torno de atividades relativas ao nível iniciante, mas, também, serviram para interação
entre nós, professoras, e os alunos. Por exemplo:
➔ Envio de imagens, mensagens e áudios com vocabulário e explicações de pequenos
textos em inglês.
➔ Envio de músicas, acompanhadas das letras, para a prática da escuta em inglês de
modo mais descontraído..
➔ Envio de dicas de inglês, como pronúncia de palavras, ou sobre o uso da língua (Dica
de hoje: Quando alguém diz: "I'm sorry" Me desculpe. Vocês podem dizer "No
problem"!)
➔ Interação com os idosos, garantido-lhes um espaço para expressarem seus sentimentos
e também trazerem as questões que gostariam de aprender.
➔ Oferecer feedback das atividades e das mensagens enviadas por eles.
➔ Envio de mensagens acerca de datas comemorativas, como Valentine's Day, levando
vocabulários relacionados a data, pronúncia em audio e curiosidades sobre a maneira
que é celebrada fora do Brasil.
Apesar de termos realizado a divisão em dois grupos de WhatsApp, vimos que, com o
passar dos meses, os integrantes dos dois grupos começaram a se dispersar. Eles já estavam
desmotivados e cansados do ambiente virtual. Afirmaram que suas vidas já estavam voltando
à antiga rotina, no final do ano passado, 2021, apesar de todas as precauções e mudanças de
hábitos. Por isso, resolvemos criar um só grupo para que houvesse maior engajamento e
interação entre todos. Observamos que, para manter o grupo unido, precisaríamos de retomar
as atividades, apresentando-os uma sequência de conteúdos, garantindo-lhes o
desenvolvimento linguístico desejado. Foi assim que resolvemos desenvolver uma apostila
para ser impressa e entregue a eles, cujas atividades seriam realizadas e acompanhadas no
grupo de WhatsApp, a princípio.

3.2.3 Criação da apostila


Desde o início do projeto tivemos dificuldades para encontrar materiais didáticos que
tivessem representatividade, ou seja, que fossem direcionados à pessoa idosa. Mesmo
trabalhando para adaptar as atividades encontradas, nós desejávamos criar um material
diferenciado, um instrumento próprio do projeto, algo que pudesse ser utilizado não só por
nós, mas também pelas futuras professoras do projeto. Infelizmente, devido às demandas não
conseguimos nos organizar no modo presencial para que a apostila fosse elaborada, todavia, o
ambiente virtual nos permitiu produzi-la.
Para o desenvolvimento da apostila, seguimos as orientações encontradas em Leffa
(2003). Nos primeiros passos da produção, foi realizada a análise, isto é, examinamos as
necessidades dos alunos, características pessoais, expectativas, e modo de aprendizagem de
cada um. Assim, trouxemos para a produção uma sugestão importante do autor que diz “o
que o aluno já sabe deve servir de andaime para que ele alcance o que ainda não sabe.”
(LEFFA, 2003, p.16). Esta é uma preocupação que tivemos. Acredito que nossa apostila trará
o sentimento de progresso durante o aprendizado.
A segunda etapa, desenvolvimento, trata de partimos da análise e criarmos nossos
objetivos para cada atividade que será apresentada no material. Segundo Leffa (2003), “a
definição clara dos objetivos dá uma direção à atividade que está sendo desenvolvida com o
uso do material. Ajuda a quem aprende porque fica sabendo o que é esperado dele”(LEFFA,
2003, p.17). Por estarmos atentas aos objetivos das atividades, acreditamos que
conseguiremos acompanhar a aprendizagem de nossos alunos, facilitando, também, o
processo de avaliação.
Assim, buscamos seguir os conselhos do autor para que nossa apostila esteja clara e
objetiva e não cause dúvidas durante a implementação. Todavia, sabemos que o processo de
criação de material didático é longo, por isso, a avaliação será importante para melhorarmos
nosso trabalho e melhor atender nossos alunos.
A partir de então mantivemos contato com os idosos pelo WhatsApp, mas sabíamos da
necessidade que eles possuem de ter um material físico para que pudessem acompanhar as
atividades propostas no grupo. No presencial, esse material era selecionado, retirado de livros
didáticos ou da internet e adaptado para o idoso. Sobre esse aspecto, Assim, decidimos
durante as atividades online, criar uma apostila de nossa autoria, buscando trazer todas as
orientações que lemos nos textos teóricos.
Devo admitir que a criação da apostila foi uma das atividades mais desafiadoras que
realizei durante o projeto. Foi um longo processo no qual lemos textos teóricos, selecionamos
conteúdos, nos preocupamos em encontrar um contexto significativo para os idosos para
inserir cada atividade, além de tentar trazer as necessidade apontadas pelos alunos para serem
discutidas e esclarecidas na apostila. Pontos como a pronúncia, turismo e o dia a dia foram
sugeridos pelos alunos e considerados na seleção de conteúdos. Ademais, percebi o quanto os
detalhes, como cores, tamanho da fonte e imagens fazem a diferença quando consideramos o
perfil dos alunos. Ao longo da apostila, inserimos imagens de vários idosos, de diferentes
personalidades e idades para que os alunos interajam e sintam-se representados.
Informações sobre as apostila:
➔ Título: Back to English
➔ Autoras: Alice Mendes Duarte, Ana Luíza Alves da Silva, Ana Paula do Carmo Lucas
e Michele Rodrigues de Freitas Oliveira.
➔ Coordenadoras: Andréia Queiroz Ribeiro e Hilda Simone Henriques Coelho.
➔ Ilustração: Canva
➔ Impressão: Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFV.
➔ Apoio: CELIN e UNAPI
➔ Número de páginas: 61
➔ Número de unidades: 4
➔ Link da apostila:
https://www.canva.com/design/DAEjCdwzSOE/3dzpIiJdvr6tTm8z8ScH4Q/view?utm
_content=DAEjCdwzSOE&utm_campaign=designshare&utm_medium=link&utm_so
urce=sharebutton
Decidimos dividir a apostila em dois módulos:
➔ Módulo 1: Unidades 1 e 2
Conteúdos da unidade 1: Informações pessoais (idade, nome, número de telefone),
cumprimentos; alfabeto; números cardinais; fazer apresentações de si e de outras pessoas.
Conteúdos da unidade 2: Viagens e lugares; uso do presente simples; países; pronomes
relativos; membros da família e vocabulário para expressar emoções.
➔ Módulo 2: Unidades 3 e 4
Conteúdos da unidade 3: Hábitos e rotinas - rotina diária; atividades de tempo livre;
horas e dias da semana.
Conteúdos da unidade 4: Comida e bebidas - cores; substantivos contáveis e
incontáveis; números cardinais e preços.
Cabe mencionar, a importância do trabalho de revisão. Foram muitas as vezes que
lemos e revisamos a apostila, porém, nossas coordenadoras e nós sempre encontrávamos algo
para melhorar, por isso, aprendi muito durante este processo. O módulo 1 foi impresso pela
pró-reitoria de Extensão e Cultura e entregue aos idosos no mês de março. Entretanto, o
módulo 2, apesar de estar finalizado, ainda está em processo de revisão para ser impresso.
Visando melhorar a apostila, criamos um questionário (Anexo H) para os nossos alunos
responderem quando a concluírem, suas respostas servirão como avaliação do material para
aprimoramentos futuros.
Para a entrega da apostila, fizemos contato, via grupo do WhatsApp, com as idosas e
todas se mostraram ansiosas para receber e iniciar os trabalhos na apostila. Coletamos os
endereços e desenvolvemos a logística da entrega para as idosas, seguindo os protocolos de
segurança da pandemia, em Viçosa. Como dito anteriormente, vamos adotar o Google Meet
para as aulas on-line. Por isso, planejamos a possibilidade de ensinarmos às alunas a
acessarem o Google Meet, no momento de entrega da apostila. Deixamos, também, a
explicação para o acesso da plataforma na apostila, por isso acredito e espero que as alunas
conseguirão participar das aulas síncronas que estamos planejando.

3.2.4 Apresentação de texto para a equipe:


Outra atividade realizada é o estudo de um texto e a apresentação do mesmo para as
colegas e coordenadoras do projeto. Dessa forma, eu e Ana Luiza organizamos uma
apresentação para que a explicação do texto ficasse mais clara com recursos visuais.
Informações:
➔ Título do texto: Aprendizagem de idiomas na terceira idade: muito além de um
passatempo.
➔ Autoras: Janaina da Silva Cardoso (UERJ), Ana Karoline de Araújo Gonçalves Ribas
(UERJ), Karen Costa da Silva (UERJ), Nathalia Araújo Duarte de Gouvêa (UERJ) e
Soraia Cristiana de Sousa Costa (UERJ)
➔ Ano: 2015

3.2.5 Participação no SIA


A participação no SIA, Simpósio de Integração Acadêmica, foi outra atividade
planejada para a divulgação do projeto CELIN/UNAPI. Assim, com o objetivo de mostrar
nossas experiências durante o projeto, apresentamos um pôster para o SIA virtual de 2021. O
trabalho foi bem avaliado pela comissão organizadora e a equipe do projeto se sentiu
motivada a participar de outros eventos.

4. APORTE TEÓRICO
Como mencionado, fizemos a leitura, discutimos e refletimos sobre alguns textos em
relação à pessoa idosa, ao ensino de inglês para a pessoa idosa e sobre elaboração de
materiais. Esses recursos subsidiaram nossas atividades e atitudes, além de contribuírem para
nossa formação docente. Por isso, comento, nesta seção, alguns destes trabalhos,
relacionando-os com as experiências que tive até o momento.

Uma das integrantes da equipe está, atualmente, no mestrado do programa do


Departamento de Letras, desenvolvendo uma pesquisa sobre o envelhecimento ativo e a
aprendizagem de línguas. Sua pesquisa nos chamou a atenção para conhecermos o Estatuto
do Idoso1, instituído pela Lei nº10.741, de 1º de outubro de 2003, para assegurar os direitos
das pessoas idosas. Logo no início do texto, podemos ler:

O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,


sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe,
por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para
preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral,
intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (Art.
2º, Estatuto dos Idosos, 2003).
Os direitos apresentados asseguram a saúde total da pessoa idosa e completa, no artigo
terceiro:
É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público
assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida,
à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência
familiar e comunitária (Art. 3º, Estatuto dos Idosos, 2003).
1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm
.
Consideramos a iniciativa deste projeto de ensino como resposta ao artigo terceiro. O
Capítulo V, versa sobre os direitos à educação do idoso e nos traz base para o
desenvolvimento de nossas ações. Afirma que é necessário adequar “currículos, metodologias
e material didático aos programas educacionais a ele destinados” (Art. 21, Estatuto dos
Idosos, 2003). Encontramos, inclusive, o apoio para o uso de tecnologia e das redes sociais
para o nosso trabalho, visando garantir a integração da pessoa idosa à vida moderna (Cf.
Art.21, parágrafo 1º).
Além da leitura e discussão do Estatuto do Idoso, tivemos a oportunidade de acessar
materiais que discutem sobre o idadismo2 e outros trabalhos recentemente publicados, sobre a
atualidade e o Estatuto do Idoso, disponibilizados em formato de e-book, de distribuição livre
e gratuita3. As leituras e discussões desses materiais estão sendo organizadas para o nosso
próximo período de atuação no projeto, a começar em meados de abril deste ano.
Sousa (2014), em “A aquisição de uma língua estrangeira por idosos como estímulo
para a memória”, comenta sobre o declínio da memória e afirma que as pessoas perdem a
habilidade de memorizar ao longo do tempo, principalmente, a partir dos 40 anos. A autora
aponta que informações adquiridas recentemente são esquecidas com mais facilidade pelos
idosos, prejudicando a aprendizagem de novos conteúdos. Isso justifica nossa necessidade de,
constantemente, precisar revisar vocabulários apresentados aos nossos alunos, pois, o
esquecimento era comum entre eles. Isto causava certo desconforto para eles em sala de aula,
uma vez que, sentiam-se incapazes de lembrar. Sobre este aspecto, Bella (2007) deixa claro
em sua dissertação de mestrado que os alunos idosos possuem ritmo diferente, deste modo,
cumprir todo o cronograma ou planejamento não é a maior meta dos professores. Nosso dever
é facilitar e proporcionar a assimilação dos conteúdos sem pressão e de forma leve.
Considerando o que afirma Bella (2007), “o aluno idoso não tem pressa, já correu demais
durante a juventude, agora, prefere andar com calma, aproveitando e assimilando ao máximo
cada experiência vivida, cada dia é um presente e equivale a uma iguaria a ser saboreada com
prazer” (BELLA, 2007, p.65).
Apesar da dificuldade de aprendizagem devido ao declínio da memória, Sousa (2014)
nos mostra que a solução para amenizarmos o problema está justamente na aprendizagem. Ou
seja, durante o processo de aquisição de um novo idioma, por exemplo, ocorre o estímulo da
2
Estamos estudando artigos encontrados no “Global Report On Ageism”, disponível em:
https://eeca.unfpa.org/en/publications/global-report-ageism
3
Velhices inéditas, envelhecimento e o estatuto do Idoso: diálogos com Paulo Freire / Áurea Eleotério Soares
Barroso, Henrique Salmazo da Silva, Adriana de Oliveira Alcântara e Ivan Fortunato (org.). – Itapetininga:
Edições Hipótese, 2021. https://hipotesebooks.wixsite.com/cazulo
memória e os alunos começam a criar conexões neuronais devido à capacidade de plasticidade
cerebral, colaborando para o fortalecimento da memória. Por esse motivo, somos orientadas a
levar como atividades de fixação de vocabulário, exercícios como palavras-cruzadas, jogos da
memória ou caça palavra.
De um modo particular, após ler o trabalho da Rosely Gamboa Sousa, comecei a me
considerar uma das integrantes de algo muito grandioso e poderoso, um projeto que ajuda
positivamente o futuro de pessoas a estimular e preservar a memória através dos benefícios da
aprendizagem de uma língua. Desde então, passei a encorajar amigos e familiares a aprender
um novo idioma.
“À flor da (terceira) idade: crenças e experiências de aprendizes idosos de língua
estrangeira (inglês)” é uma dissertação de mestrado defendida por Hélvio Frank De Oliveira,
em 2010. Este trabalho auxiliou-me com as aulas, pois, as crenças das quatro idosas estudadas
por ele e das idosas para as quais eu ministrava são parecidas, ambos acreditam e sentem-se
confortáveis com o ensino da língua inglesa seguindo um método tradicional, regrado por
traduções, por exemplo. Respeitamos a necessidade de tradução de vocabulário em sala de
aula. Todavia, durante as reuniões, pensamos em estratégias para amenizar esse hábito. Aos
poucos fomos inserindo os sinônimos em inglês, fazendo uso de mímicas e desenhos para
permitir maior uso da língua alvo.
Além da tradução, nossos alunos desenvolveram outras estratégias de aprendizagem.
A mais utilizada era a Estratégia Praticar formalmente sons e ortografia, percebida também
nos estudos da Mariney Pereira Conceição. Segundo Conceição (2005), este é um recurso no
qual os alunos copiam, várias vezes, os mesmos exercícios propostos pelo professor. Com
isso, os alunos objetivam adquirir domínio da ortografia através da repetição. Esta ação
também foi observada por nós, já que em todas as aulas eles tinham em mãos várias cópias,
escritas à mão, das lições que havíamos passado na aula anterior.
Outro ponto em comum entre os participantes do estudo da Conceição (2005) e nossos
alunos, é o uso da estratégia Representação de sons na memória. Trata-se do “hábito de
escrever a transcrição da pronúncia das palavras da língua-alvo na língua portuguesa, como
um recurso para a memorização.” (CONCEIÇÃO, 2005, p.206) Era muito comum observar
no canto de seus textos e cadernos, anotações como: here — rier — aqui. A autora observa
que esses recursos utilizados pelos alunos estão relacionados ao método tradicional de ensino,
vivenciado por eles anteriormente.
É importante reconhecer que os alunos idosos trazem para a sala de aula suas crenças e
experiências de vida e estas devem ser consideradas ao planejarmos as aulas. A sala de aula
pode ser um espaço para a escuta das experiências e o estímulo para o processo de
aprendizagem. Segundo Souza (2014)
ao envelhecermos nos beneficiamos de uma rica bagagem de conhecimento
e experiência de vida. O meio no qual estamos inseridos tem igualmente
grande influência neste processo, quanto mais estimulante mais benéfico
será ao processo de aprendizagem.” (SOUSA, 2014, p.12).

Ao reconhecermos a “bagagem de conhecimento e experiência de vida” deixamos de


tratar os idosos como se fossem pessoas que voltaram a ser crianças. Valorizando suas
experiências, preparamos atividades com cuidado para que o exercício proposto tivesse um
contexto, sobre o qual os alunos pudessem criar conexões com suas vivências. Os materiais
não devem ser infantilizados, como deixa claro Cardoso et al. :“Não podemos simplesmente
utilizar materiais e metodologias desenvolvidas para crianças ou adolescentes com o público
adulto” (CARDOSO et al., 2015, p. 76).
Considerando as individualidades de cada idoso, Cardoso et al. (2015, p.76) nos
lembra sobre a importância de sabermos o que motivou cada um deles a aprender um novo
idioma para que as atividades sejam preparadas para atender suas expectativas. Nossas turmas
são heterogêneas, ou seja, cada aluno possui suas razões para aprender. Mas, observamos que
nossos alunos tinham uma motivação em comum, aprender a se comunicar em inglês, todos
queriam aprender inglês. Por isso, as atividades preferidas eram as de speaking e conversation
classes. Neste sentido, o método comunicativo foi a melhor escolha, pois, nos permitiu levar,
em particular no modo presencial, atividades lúdicas, que envolviam duplas e grupos que
interagiam entre si e com as professoras. Almeida Filho resume o que seria aprender neste
método:
Aprender uma língua nessa perspectiva é aprender a significar nessa nova língua e
isso implica entrar em relações com outros numa busca de experiências profundas,
válidas, pessoalmente relevantes, capacitadoras de novas compreensões e
mobilizadoras para ações subsequentes. Aprender LE assim é crescer numa matriz
de relações interativas na língua-alvo que gradualmente se destrangeriza para quem
a aprende." (ALMEIDA FILHO, 1993, p.15)

Na literatura estudada, aprendemos o quanto a socialização é importante para a pessoa


idosa. Sousa (2014, p.12) reforça as dificuldades causadas pelo distanciamento e isolamento
enfrentados nesta faixa etária, muitas vezes acarretando depressão. Percebemos que as aulas
de inglês amplificam o ciclo social, autoestima e qualidade de vida.
Encontramos em Barroso (2021) um estudo sobre o isolamento social que obrigou os
idosos a permanecerem em suas casas, muitas vezes afastados até mesmo do convívio de seus
familiares. Barroso et al. (2021) trouxeram um tema que muito me preocupava no começo da
pandemia: o modo como a sociedade vê o idoso. Por serem vulneráveis à doença do
COVID-19, com o passar dos meses ouvimos falas como "focar na vida das pessoas mais
jovens em caso de um colapso da saúde pública, pois estes teriam ainda uma vida pela frente"
(BARROSO et al., 2021, p.315). Esta leitura nos motivou a entrar em contato com nossos
alunos e a realizar atividades que o mantivessem em contato com a nossa equipe.
Algumas referências (LEFFA, 2003; CARDOSO et al, 2015) nos auxiliaram, desde o
início, para a criação das atividades e dos materiais para os alunos, como as sugestões de
Cardoso et al (2015). As autoras afirmam que, sobre a adoção de material didático para a
terceira idade, alguns fatores são essenciais, por exemplo o caráter lúdico, atividades que
auxiliem a memorização e revisão de conteúdos. O trabalho de Vilson J. Leffa, “Como
produzir materiais para o ensino de línguas”, foi primordial para que eu tivesse embasamento
e considerasse pontos importantes durante a criação da apostila: análise (conhecer as
necessidades dos alunos), desenvolvimento (criação de atividades e seus objetivos),
implementação (modo como realizaremos as atividades junto aos estudantes) e avaliação
(permite conhecer a opinião dos alunos sobre o material e possibilita o aprimoramento do
mesmo).

METODOLOGIA
Os alunos do projeto foram divididos em duas turmas. Uma delas era de estudantes
avançados, que começaram o projeto em 2018 e a outra de alunos iniciantes. Durante o modo
presencial, ministrei para a turma avançada juntamente com a professora Ana Paula. As aulas
eram todas as terças-feiras e quintas-feiras, durante 1 hora e 30 minutos no CELIN, casa 12 da
Vila Gianetti. Já na turma de iniciantes, na qual Ana Luiza e Eneida ministravam, as aulas
eram na UNAPI, Casa 07.
Como mencionei na revisão da literatura, durante as aulas, usamos a metodologia
comunicativa com foco na interação entre os alunos. Dessa forma, as aulas eram
contextualizadas e compreendiam as quatro habilidades juntas: speaking, reading, listening e
writing. Os exercícios feitos em sala de aula eram sempre interativos, por isso, eles faziam
todas as atividades em duplas ou trios, sempre ajudando uns aos outros.
Os exercícios para casa faziam parte da nossa rotina, pois, era uma necessidade dos
alunos idosos. Depois de cada aula havia uma atividade relacionada ao tema que aprendemos.
Assim, é válido lembrar que as atividades de writing eram as preferidas, porque eles tinham
liberdade para escrever sobre temas reais que eram interessantes para eles como, família,
viagens, receitas e festas. Na aula seguinte, fazíamos um momento de feedback oral, no qual
os alunos liam e discutiam juntos suas respostas. Ainda sim, recolhíamos os exercícios para
corrigir cada um com calma em casa, pois, isso dava aos alunos segurança para melhorar os
detalhes que eles deixavam passar.
Além das aulas, tínhamos reuniões quinzenais com nossas duas coordenadoras, Hilda
Simone, do CELIN e Andreia, da UNAPI. Cada reunião possuía uma pauta que envolvia
planejamento, preparação das atividades e discussão da literatura sobre a pessoa idosa. Deste
modo, realizamos leitura e fichamento de textos e livros importantes para nossa formação.
No período remoto essas reuniões continuaram acontecendo quinzenalmente para
tratarmos sobre as postagens no grupo do WhatsApp e, principalmente, para discutirmos
sobre assuntos relacionados à apostila.
A primeira turma que Ana Paula e eu tivemos se formou antes da pandemia começar,
por isso, no começo de 2020 estávamos com uma turma de idosas com sete iniciantes, todas
mulheres. Assim, continuamos do mesmo modo, tínhamos dois grupos de WhatsApp e
continuávamos trabalhando em duplas, Ana Paula e eu com agora com a turma de iniciantes
do ano de 2020 e Ana Luíza e Eneida com a turma que iniciou presencialmente em 2019.
Depois de um tempo os grupos ficaram parados. Assim, as postagens, que eram duas
vezes por semana, não tinham tantas respostas e interação. Visto que ambos os grupos
estavam na mesma situação, decidimos pensar em outra metodologia e decidimos juntar todos
os idosos em um mesmo grupo de WhatsApp, tanto os iniciantes quanto os antigos. Pensamos
que dessa maneira seria interessante para que eles pudessem interagir. Assim, a turma
iniciante aprender novos conteúdos e os avançados fariam uma revisão. Como esperado, os
estudantes começaram a participar mais, porém, não tinham a motivação de antes, ou seja, era
necessária outra estratégia metodológica devido ao contexto no qual se encontravam. Uma
solução foi pensar na produção da apostila.
A apostila foi um trabalho em equipe desenvolvido no Canva, uma plataforma de
design gráfico. Nesse momento de produção, éramos apenas três professoras, por isso cada
uma faria uma unidade. Fiquei responsável pela unidade 2, cujos temas eram viagens, países,
o tempo verbal do Presente Simples, pronomes relativos, membros da família e emoções.
Após finalizar as três unidades, vimos que algumas estavam muito grandes, por isso,
organizamos os temas e unidades para que pudéssemos ter a quarta unidade. À medida que
terminávamos uma parte, essa era discutida durante as reuniões, que passaram a ser semanais
depois do começo da apostila. Ou seja, todas as quintas-feiras, às 14h, nos reunimos para
tratar de questões desde o planejamento até a revisão do material. Tínhamos, também, os
momentos de revisões individuais, mas fizemos revisões durante as reuniões com a ajuda das
coordenadoras e da mestranda, que tanto nos ajudou com ideias durante o processo de
desenvolvimento das atividades. Apresentamos o passo a passo ao grupo e todas as atividades
que fizemos ao longo das semanas. Desta maneira, conseguimos perceber se nossos
enunciados estavam claros e as atividades coerentes com o propósito.

5. IMPACTOS CAUSADOS NA SOCIEDADE


Observamos pelos relatos dos estudantes que o projeto é de grande relevância para
eles. Isto porque há boa interação e socialização entre eles e a equipe envolvida. Além disso,
conseguimos criar uma ação intergeracional, uma vez que também há relação dos idosos com
as jovens professoras e secretarias do CELIN. A troca de experiências é constante antes,
durante e depois das aulas. Os alunos sempre demonstraram apego, carinho e preocupação
com as professoras, dizendo até que somos como “suas netas” e que nunca esquecem de nossa
dedicação para com eles.
Muitos dos idosos ainda moram sozinhos e não possuem alguém para conversar
durante a semana devido ao trabalho dos familiares, por isso a UNAPI é tão querida por todos
eles; amam a casa sete, sede da UNAPI, e ficam muito chateados quando estão em reforma ou
qualquer outro fator que os impeçam de estarem lá. Esse é um local com salas de aula, espaço
para lazer e atividades como dança e atividades físicas.
Diante disso, criou-se uma rotina: levantavam-se de manhã cedo para participarem das
atividades do projeto, com nova motivação. Além disso, eles se reconhecem como estudantes
e vão para todas as aulas, era muito incomum alguns deles faltarem. Quando acontecia, eles
ligavam para o CELIN e avisavam o motivo da ausência, mostrando o quanto nos respeitavam
como profissionais e professoras e o quanto estar estudando era importante para eles.
Projetos como CELIN/UNAPI, como vimos na revisão de literatura, têm um impacto
na saúde do idoso, pois, através do aprendizado da língua esses idosos podem melhorar a
qualidade de vida e os aspectos cognitivos. Destaca-se a prevenção em relação à perda de
memória e doenças progressivas como Alzheimer. Muitos deles sabem dos benefícios da
aprendizagem e dizem que não irão parar de estudar. Alguns fazem vários tipos de cursos e
atividades físicas, como andar de bicicleta, caminhar e jogar peteca, mas dizem que para
memória, estudar inglês é muito mais divertido do que fazer as palavras-cruzadas que
costumavam fazer antes.
Além da melhora cognitiva, socialização ou questões afetivas, aprender a se
comunicar em outro idioma, na terceira idade, é um dos maiores impactos do projeto para a
comunidade local. Quantas vezes não ouvimos “estou velho demais para aprender coisa
nova”? O projeto é prova de que esta crença é ultrapassada e que não há idade ideal para o
aprendizado de línguas. Apesar de termos visto que nessa idade podem existir dificuldades,
percebemos que esse esforço, na verdade, é extremamente importante para a manutenção das
sinapses cerebrais.
Convém destacar, ainda, o quanto foi difícil me despedir quando a primeira turma do
projeto se formou. Fiquei extremamente orgulhosa pelo fato dos idosos terem sido constantes
e estudado algo novo por dois anos. Lembro que eles diziam que se sentiam poderosos
falando inglês, era incrível ouvir o efeito do projeto na vida deles.
Muitos são os relatos que recebemos ao longo do projeto. Uma das nossas alunas, por
exemplo, viajou para Nova York, sozinha, por 15 dias. Ela disse que as aulas foram
extremamente importantes para ela e que lembrava dos vocabulários que estudamos quando
observava escritos na rua, ou quando conversava com alguém em inglês. Outra aluna, disse
que era prazeroso poder ajudar o neto a fazer a lição sem ter que ficar pesquisando as
respostas o tempo todo. Uma das idosas também nos contou que morou por anos nos Estados
Unidos com seus filhos, mas ao vir para o Brasil, parou de praticar. Todavia, a necessidade de
estudar inglês novamente surgiu quando seus netos nasceram e ela não conseguia se
comunicar com eles, ou seja, o projeto foi a oportunidade perfeita para praticar inglês. Por
último, o comentário da estudante Iraci: “Meu filho disse que as únicas coisas que não podem
faltar na minha vida é meu gato e o curso de inglês, porque mudei completamente depois dos
dois”. Cada um desses comentários nos incentiva ainda mais a continuar com o projeto e
inspirar novas professoras a participarem.
.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste relatório, apresentei as atividades que tenho realizado durante o Projeto de
Inglês para Idosos (CELIN/UNAPI). Comentei acerca dos textos que serviram de base para
discutir o ensino de inglês para a pessoa idosa, além de ajudarem na preparação das aulas e
organização da apostila. Esses textos contribuíram para que eu pudesse desenvolver novas
metodologias de ensino, que atendessem um público com o qual eu ainda não havia
trabalhado.
Participar do projeto foi essencial para minha formação, porque tive a oportunidade de
trabalhar com todas as idades. Durante a graduação eu havia estudado sobre o ensino de
inglês para crianças e pude, também, dar aulas para jovens e adultos de meia-idade. Então,
ministrar para os idosos me proporcionou uma experiência complementar, algo que me trouxe
maturidade profissional. Acredito que devido a esta oportunidade consigo me adaptar a
diferentes contextos de ensino e pensar a educação e a aprendizagem de maneira responsável.
A apostila foi uma das grandes contribuições do projeto em minha vida profissional.
Os materiais didáticos sempre me chamaram a atenção por serem um ótimo apoio ao
professor. Entretanto, encontrar esse tipo de material destinado diretamente ao idoso era
difícil. Ou seja, nosso objetivo com a apostila foi, também, apoiar outros professores que irão
ministrar para este público. Assim, por causa dessa atividade realizada quero continuar
estudando sobre produção de materiais didáticos, pois foi algo que me impactou
extremamente.
A pessoa idosa deve ser cada vez mais incluída na sociedade. Penso que o Projeto de
Inglês para idosos (CELIN/UNAPI) possa influenciar e inspirar outros projetos voltados ao
ensino de idosos, não só da língua inglesa, como outras línguas e outras áreas.
É gratificante saber que estou me formando e tenho projetos como este em minha
formação. Muito além do currículo, digo que a experiência de ter alunos idosos mudou
minhas perspectivas do futuro. Apesar de eles dizerem que mudamos suas vidas, digo, com
toda certeza, que eles me ensinam e me inspiram muito mais do que posso oferecê-los. Que
no futuro, quando eu chegar a minha melhor idade, eu tenha a oportunidade de participar de
projetos como este, nos quais poderei me desafiar, melhorar minha autoestima e saúde mental,
além de criar laços de afeto que jamais serão esquecidos.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA FILHO, J. C. P. Dimensões comunicativas no ensino de línguas. Campinas:
Pontes, 1993

BARROSO, Áurea Eleotério Soares.; SILVA, Henrique Salmazo da.; ALCÂNTARA, Adriana
de Oliveira. FORTUNATO, Ivan. Velhices inéditas, envelhecimento e o estatuto do Idoso:
diálogos com Paulo Freire – Itapetininga: Edições Hipótese, 2021.

BELLA, M. A. A. G. D. O ensino de idiomas para a terceira idade: Enfoque específico no


ensino de língua italiana. Dissertação. Universidade de São Paulo, São Paulo/SP, 2007.

CARDOSO, Janaína da S.; RIBAS, Ana Karoline de A. G.; SILVA, Karen C. da; GOUVÊA,
Nathalia A. D. de; COSTA, Soraia C. de S.. Aprendizagem de idiomas na terceira idade:
muito além de um passatempo. Rio de Janeiro: Programa de Pós-graduação em Letras, 2015.
CONCEIÇÃO, Mariney Pereira. Estratégias De Aprendizagem E O Desafio De Aprender
Uma Língua Estrangeira Naterceira Idade. Letras & Letras, Uberlândia, p.195-218, jan./jun.
2005

LEFFA, V. J. Como produzir materiais para o ensino de línguas In: Produção de materiais de
ensino : teoria e prática .1 ed. Pelotas : Educat, 2003, v.1, p. 13-38.

OLIVEIRA. Hélvio Frank de. À Flor Da (Terceira) Idade: Crenças E Experiências De


Aprendizes Idosos De Língua Estrangeira (Inglês). Brasília – Df: Programa De
Pós-Graduação Em Linguística Aplicada, 2010.

SOUSA, Rosely Gamboa. A AQUISIÇÃO DE UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA POR


IDOSOS COMO ESTÍMULO PARA A MEMÓRIA. Curitiba - PR, 2014.

ANEXO A — Foto das quatro professoras do projeto.


ANEXO B — Produção do port fólio durante a primeira aula.
ANEXO C — Aulas de conversação.
ANEXO D — Decoração da aula temática: Halloween.
ANEXO E — Festa surpresa que os alunos prepararam para as professoras.
ANEXO F — Comprimentos e apresentações no grupo de WhatsApp.
ANEXO G — Postagem temática: Valentine's Day (Ilustração + áudio das professoras).
ANEXO H — Questionário de avaliação da apostila ao final do módulo 1.

A fim de analisarmos o material produzido pelas professoras, avalie e responda as


questões abaixo:

1. Qual o seu grau de satisfação em relação ao conteúdo da unidade?

a) Satisfeito.

b) Pouco satisfeito.

c) Insatisfeito.

2. Qual o seu grau de satisfação em relação ao tamanho da letra?

a) Satisfeito.

b) Pouco satisfeito.

c) Insatisfeito.

3. Qual o seu grau de satisfação em relação à maneira como a unidade foi trabalhada?

a) Satisfeito.

b) Pouco satisfeito.

c) Insatisfeito.

4. Você acredita que a apostila te auxiliou durante as aulas e no decorrer da unidade 1?

a) Não, não auxiliou.

b) Sim, auxiliou pouco.

c) Sim, auxiliou muito.

5. Conte-nos como foi a experiência de finalizar a primeira unidade da apostila. Quais


foram os fatores positivos? De que forma poderíamos melhorar este material?
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