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Pós-Graduação Lato Sensu em Metodologias e

Práticas para Educação Bi/Multilíngue

FABÍOLA TOLISANO MEIRELLES BOYD

RELATÓRIO DE PESQUISA

PARAUAPEBAS, 08/2022
FABÍOLA TOLISANO MEIRELLES BOYD

SUMÁRIO

RELATÓRIO DE PESQUISA

1. INTRODUÇÃO 03

2. DESENVOLVIMENTO 04

2.1. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA AULA OBSERVADA 04

2.2. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA ENTREVISTA 05

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 06

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 08
1 INTRODUÇÃO

A educação bilíngue é um campo de ensino e pesquisa bastante


controvertido, tanto no nível teórico quanto prático. Grosso modo, as questões que
permeiam a educação bilíngue são complexas; os conceitos e pressupostos difusos
e variados, muitos dos quais se sobrepõem ou não apresentam contornos
claramente definidos.

Na prática, nem sempre pais de alunos e corpo docente têm clareza sobre o
que vem a ser educação bilíngue de fato, sobre seus objetivos e orientações,
modelos e tipos de programas adequados às diferentes populações de alunos e,
principalmente, sobre sua eficácia.

Este trabalho descreve o modelo de educação bilingue em uma escola de


Educação Infantil e Anos Iniciais, que trabalha com o modelo de educação bilingue.
Esta escola está localizada em Carajás – PA, numa comunidade que se denomina,
Núcleo Urbano da Vale. Lá são atendidas crianças que moram no núcleo, cujos pais
são funcionário da empresa Vale, ou funcionários da própria escola. A escola de está
a 3 anos funcionando em Carajás e atende cerca de 1200 alunos. Seu programa
bilingue iniciou junto com a instalação da escola, e atende os alunos do Infantil 2 até
o 5° ano dos Anos iniciais. A escola possui uma plataforma prórpria para formação
dos professores, onde disponibiliza diversos cursos de aperfeiçoação.

Nesta escola a aprendizagem integrada de conteúdo é por meio da língua


inglesa, em um programa de ensino que propõe uma abordagem da linguística
aplicada. Nessa abordagem, a língua estrangeira moderna é utilizada desde a
Educação Infantil para praticar conteúdos curriculares já apresentados e aprendidos
em língua portuguesa. Assim, a grade curricular é desenvolvida 50% do tempo em
língua portuguesa e 50% do tempo em língua inglesa.

Pude observar uma aula na Educação Infantil, Infantil 5, Lingua Inglesa, turma
com 20 alunos. Os alunos tinham em média 5-6 anos. A professora, Heloísa
Santana, tem Licenciatura em Letras, Inglês e Pedagogia. Trabalha na escola desde
a sua implementação, e é o primeiro ano nesta turma.
A supervisora bilingue, Mabel Anastácio, trabalha na escola, também desde a
sua implementação. Tem vasta experiência em educação bilingue.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA AULA OBSERVADA

Observei uma turma da Educação Infantil, infantil 5, Língua Inglesa, turma


com 20 alunos. Os alunos tinham em média 5-6 anos. A aula é ministrada 50% pela
professora de Língua Inglesa e 50% pela professora de Língua Materna. Assim
como apontado por Liberali e Megale (2016) que observaram que a maioria das
escolas bilingues há, um professor que ministra aulas em inglês e outro que é
responsável pelas disciplinas ministradas em português.

A professora de língua inglesa é responsável por ministrar disciplinas por


meio dessa língua adicional. Isso quer dizer que a professora, por exemplo, da aulas
de matemática ou ciências nessa língua adicional, através de projetos muito bem
estruturados, que são divididos ao longo do ano. Durante a minha observação o
projeto trabalhado se chamava “Castles”, os alunos aprendiam sobre os castelos
como elemento condutor desse projeto se justifica pela simples razão de fazer parte
do imaginário da criança. Através do estudo sobre a arquitetura e o modo de vida
dos moradores dos castelos medievais que eram abordadas as questões
matemáticas, principal foco deste projeto. Também foram exploradas algumas
situações de linguagem. A noção de temporalidade, o trabalho e as diferenças
culturais estavam presentes nas aulas. O trabalho se iniciava com o levantamento do
conhecimento que as crianças tinham sobre os castelos. Sua arquitetura e modo de
construção foram os primeiros aspectos estudados. Nesta etapa as crianças eram
envolvidas com a montagem de castelos (jogos de encaixe ou toquinhos) e,
posteriormente, construiriam um grande castelo com caixas de papelão, onde
bricariam de “faz-de-conta”. Também seria explorado o modo de vida dos moradores
dos castelos, enfocando, principalmente, as suas funções. As feiras anuais e os
torneios, tão importantes para a sociedade feudal, foram abordados com as crianças
se envolvendo no “faz de conta” de serem cavaleiros, damas, príncipes...
O que estava sendo aplicado, condiz com o pensamento de Megale,que diz
que educação bilíngue deve ser compreendida a partir "do desenvolvimento
multidimensional das duas ou mais línguas envolvidas, a promoção de saberes entre
elas e a valorização do translinguar como forma de construção da compreensão de
mundo de sujeitos bilíngues" (MEGALE, 2018, p.05).

O programa bilingue nesta escola, segue o modelo de programas aditivos,


que têm como objetivo adicionar outra língua ao repertório dos alunos. Podendo ser
representados como L1 + L2 = L1 + L2 (GARCÍA, 2009, p. 116). Esses programas
trabalham para o desenvolvimento do bilinguismo de acordo com padrões
monolíngues, portanto as duas línguas funcionam de modo compartimentado.

O programa utilizado segue a linha bilíngues de prestígio, os alunos são


ensinados por meio de duas línguas de prestígio. Conforme García (2009) afirma, as
línguas são claramente separadas pelos professores, seguindo o princípio de uma
pessoa – uma língua.

A escola utiliza o CLIL – Content and Language Integrated Learning significa


"ensino de língua e conteúdo integrados". De acordo com Coyle, Hood e Marsh,
“CLIL é uma abordagem educacional em que uma língua adicional é usada para a
aprendizagem e ensino de conteúdo e língua” (2010, p. 1). CLIL é um termo genérico
e, portanto, muitas variações podem ser distinguidas de acordo com o sistema do
país ou contexto sociolinguístico e cultural em que a abordagem está sendo
utilizada.

2.2 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA ENTREVISTA

Entrevista com a Supervisora bilingue da escola observada, Mabel Anastácio.


Formada em Letras, com várias certificações de Inglês e pós-graduação. Trabalha
na escola desde a sua implantação e é responsável pelo sistema bilingue.

1) Tempo de existência da escola e/ou do programa bilíngue.


A escola foi fundada a 3 anos, aqui no Pará, e o programa bilingue está sendo
implantado de forma gradual. Hoje ele funciona da Educação Infantil até o 4°
no dos anos iniciais.A cada ano englobamos uma série.
2) Como e se ocorre a integração das línguas no currículo.
Na educação infantil, todos os projetos são feitos pela lingua materna e pela
lingua inglesa, mas cada professora tem o seu panejamento.

3) Quais são os eixos curriculares ou materiais pedagógicos utilizados na


instituição. 
Usamos Livros da Nathional Geographic e apostilas produzidas para os
projetos.

4) Como se avalia a aprendizagem / progresso dos alunos. 


Na Educação Infantil, através da avaliação do progessor por meio de pastas
evolutivas, e nos anos iniciais, através de provas e exercícios de
aprendizagem.

5) Formação dos professores (anterior e em-serviço/continuada). 


A escola possui uma plataforma própria de ensino, onde são disponibilizados
diversos cursos de aprimoramento e atualização.

6) Concepção de bilinguismo da instituição.


Acreditamos que é importante que a escola esteja apta a oferecer um ensino
de qualidade do inglês, de maneira a contemplar todos os pilares sociais,
culturais e linguísticos relacionados ao idioma. O aluno bilíngue não é mais
um estudante com um diferencial, mas sim um aluno mais preparado para se
inserir na realidade do mercado de trabalho e no mundo globalizado.

7) Suporte aos alunos novos sem conhecimento prévio da(s) língua(s). 


Para os alunos novos, que entram nas turmas a partir do 2°ano dos anos
iniciais, aplicamos uma prova de conchecimento, on de avaliamos o nível e se
ele é capaz de acompanhar a turma. E acompanhamos esse aluno até sua
integração na turma.

8) Existe uma questão muito presente na vida dos pais sobre qual o momento
ideal para inserir a criança no ensino bilíngue. Qual a sua visão sobre esse
ponto?
Acredito que o contato com outra língua deve ser feito o quanto antes na vida
do aluno, temos experiências muito satisfatórias com as crianças do Maternal
2, que iniciam o contato com o inglês bem pequeninos ainda.

9) BNCC e o bilinguismo
 O ensino bilíngue fortifica o desenvolvimento das competências globais, o
aprendizado de uma língua adicional estimula o desenvolvimento do
pensamento crítico, da comunicação, da criatividade. Ele também leva o
estudante a desenvolver resiliência ao se defrontar com aspectos da língua
adicional que divergem dos da sua primeira língua, tolerância a outras
culturas e modos de pensar e flexibilidade para lidar com situações não
previstas. Ademais, a educação bilíngue desenvolve as crianças nos aspectos
acadêmico e social, pois o bilinguismo aumenta a flexibilidade do cérebro,
melhora o raciocínio e desenvolve as habilidades emocionais, cognitivas,
motoras e de concentração da criança.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o desenvolvimento dessa pesquisa bibliográfica, sobre o tema


Bilinguismo, pude compreender que é essencial a escola ter um modelo de ensino
bem definido e estruturado, investir na capacitação dos professores também é a
chave do sucesso.

O modelo de ensino que a escola utiliza, é o que mais me identifico, seguindo


o modelo aditivo e a linha bilingue de prestígio. A língua materna não é desprezada,
e o ensino da segunda língua é feito de forma aditiva.

As professores de língua materna e língua inglesa trabalham de forma


conjunta, trocando informações e idéias, fazendo os dois ensinos se
complementarem.

O CLIL – Content and Language Integrated Learning faz com que as aulas


sejam atrativas, e não uma aula de língua apenas. As aulas se tornam interessantes,
atrativas, especialmente para as crianças. São utilizados conteúdos dos mais
variados assuntos, e o professor de língua inglesa precisa estar preparado para
ministrar aulas de matemática, história etc. Utilizando somente a língua inglesa, o
que é um desafio, pois os alunos não tem o domínio da língua e se a aula não for
muito bem apresentada, o aluno perde o foco e interesse.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 https://blog.institutosingularidades.edu.br/educacao-bilingue-como-ensinar-na-
lingua-adicional
 https://coleguium.com.br/
 FLORY, Elizabete V. & Maria Thereza C. C. de SOUZA. Bilinguismo: diferentes
definições, diversas implicações. Revista Intercâmbio, volume XIX: 23-40, 2009. São Paulo:
LAEL/PUC-SP. ISSN 1806-275x
 LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1992.
 VEIGA, Ilma Passos da. Projeto político-pedagógico da escola: uma construção coletiva.
In: VEIGA, Ilma Passos da (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção
possível. Campinas: Papirus, 1998. p.11-35

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