Você está na página 1de 17

LECIONANDO INGLÊS NO NOVO ENSINO MÉDIO

Mário Brabo Formigosa Junior

EDUCAMINAS

ENSINO DA LINGUA INGLESA

Professor orientador

Santana AP, 24 de março de 2023


RESUMO

O acesso a uma educação de qualidade é um direito de todos. Dessa forma, o acesso a


um ensino eficiente, principalmente no que diz respeito a um idioma diferente pode
significar resultados incríveis na vida dos estudantes a longo prazo. Também, tendo em
mente que apesar das facilidades que uma reforma no que diz respeito à educação, tem
por ideia nos proporcionar um grande avanço na área do conhecimento, ainda é preciso
ser realista sobre o fato de que muitas vezes os conteúdos de nível superior, assim como
cursos oferecidos, precisam dar maior suporte profissional para os professores,
principalmente no ensino de inglês. Por essa razão, tendo em mente os efeitos positivos
que o novo ensino médio almeja ter na vida de milhares de estudantes que o seguinte
trabalho procura por meio de uma pesquisa bibliográfica apontar como estas mudanças
serão feitas, assim como apontar os principais motivos pelos quais é necessário dar
maior incentivo ao ensino de inglês afim de atualizar e mudar nosso atual cenário
educacional para melhor.
PALAVRAS-CHAVE: Educação. Ensino. Alunos. Inglês. BNCC.
1. INTRODUÇÃO

Em um sentido geral, aprender um segundo idioma significa mais do que apenas


uma promoção no trabalho ou uma vantagem em uma entrevista de emprego. A
importância de um segundo idioma pode trazer benefícios a curto e longo prazo por não
só expandir os horizontes socioculturais do falante mas também por representar uma
melhora em sua qualidade de vida.

Foi por essa razão que um estudo realizado em 2012 procurou medir as mudanças
estruturais nos córtices pré-frontais e temporais, particularmente olhando para as
mudanças na densidade da matéria cinzenta que existe em nosso cérebro (ALIOUCHE,
S.D).

Esta, que é composta pelos corpos celulares dos neurônios, e está geralmente
associada à inteligência, atenção, memória e processamento da linguagem, contrasta
com a matéria branca, que compreende feixes de axónios portadores de impulsos
nervosos entre os neurônios e serve predominantemente para ligar diferentes regiões de
matéria cinzenta; consequentemente, determinando a velocidade de processamento de
informação e de recolha de memória.

Assim, os participantes que foram submetidos a um curso intensivo de alemão


foram examinados no início do projeto e aproximadamente cinco meses mais tarde. Os
resultados demonstraram que os participantes foram submetidos a um aumento da
matéria cinzenta, que não estava correlacionada com o grau de proficiência linguística,
mas sim diretamente atribuída a aquisição de uma segunda língua (MARTENSSON,
2012).

Anteriormente, Peal e Lambert publicaram um artigo em 1962 que foi considerado


um estudo de referência destacando a importância do controle de várias variáveis como
o estatuto socioeconômico, sexo e idade, bem como sublinhando a importância de
medidas padronizadas para o bilinguismo ao selecionar as turmas na hora de estudar.
Neste estudo particular, numa comparação entre participantes bilingues e monolíngues,
os bilingues tiveram melhores resultados do que os monolíngues em testes verbais e não
verbais, no entanto, a diferença foi mais observada em testes não verbais (GOMES,
2016).
Segundo Maria Viorica, a pioneira da noção de co-activação nos que têm
bilinguismo, a compreensão bilingue da língua falada confere a capacidade de ativar a
regulação inibitória no córtex pré-frontal. Isto porque esta área do cérebro deve
selecionar entre 2 línguas que são coactivas, ou seja, capazes de serem faladas em
simultâneo. Como resultado, o cérebro bilingue está sujeito a exercício contínuo e é,
portanto, mais capaz de executar tarefas cognitivas, tendo como resultado um melhor
controle desta área do cérebro (ALIOUCHE, S.D).

Assim, é possível ter uma noção de como o impacto de falar uma língua
adicional tem vários efeitos cognitivos positivos, uma vez que estes e vários outros
estudos sugerem que o bilinguismo pode melhorar a função cognitiva do cérebro,
produzindo grandes capacidades de controle cognitivo, aumento das capacidades não-
verbais e verbais, aumento da sensibilidade perceptiva, e conferindo alguma proteção
contra o envelhecimento, atrasando sobretudo o início da demência.

Assim sendo entendemos que aprender uma língua estrangeira, em idade escolar,
se torna bastante importante para o desenvolvimento do indivíduo. Esta aprendizagem
permitir ao aluno desenvolver as suas potencialidades individuais e trabalhar em equipe,
estimulando sua autonomia, de modo a desenvolver um sentimento de segurança
relativo às capacidades que tem.

Quando um estudante aprende uma segunda língua, este ensino que lhe está
sendo transmitido é similarmente uma forma de ensiná-los um novo modo de ver a vida.
Isto porque à medida que a criança/adolescente vai confrontado a língua-alvo, vai
adquirindo também um espirito aberto e tolerante perante as existentes diferenças
culturais. O estudante fica assim, preparado para aceitar na sua personalidade o impacto
de outras línguas, de outras culturas e de outras civilizações.

Deste modo, se faz essencial que as crianças e adolescentes aprendam a língua


inglesa, pois só assim conseguirão, com facilidade, compreender as diferentes culturas
que as rodeiam, assim como a língua em si.

Não discordante, Bouton (1975, s.p) já havia mencionado também que quando a
criança aprende uma segunda língua, acaba por descobrir uma independência a nível de
seu pensamento:

“Tal aprendizagem pode ser ocasião para descobrir e dominar outra maneira
de sentir, uma vez que favorece uma melhor compreensão dos outros,
desperta para a tolerância, dando uma visão mais alargada do mundo, das
coisas e das ideias.”

Todavia, mesmo tendo sua importância na vida social e processos cognitivos


reforçados, o desafio do ensino de inglês se destaca de maneira desfavorável devido a
atual abordagem feita nas escolas através do país.

Segundo uma pesquisa profunda realizada por Goularte & Arenas (2021) os
professores não sentem segurança para lecionar inglês no Brasil e justificam essa
situação devido à falta de oportunidade de praticar a língua; à falta de apoio para
planejar as aulas (normalmente os coordenadores não falam Inglês) e à carência de
programas de formação continuada.

Assim, esta pesquisa demonstrou que a maioria destes profissionais percebem


que a língua estrangeira é a primeira aula a ser cortada quando há necessidade de
realizar alguma atividade extra (ensaios de algum evento, por exemplo), demonstrando
a pouca relevância que essa disciplina tem na concepção da instituição. Reconhecem
também como se destaca a pouca importância e necessidade de contar com materiais
didáticos e recursos tecnológicos, para estimular o envolvimento na língua que se tem
atualmente (somente 24% dos professores têm acesso à internet, o que evidencia o
distanciamento do que a legislação prevê e a realidade).

Dessa forma, sem acesso universal à tecnologia, o professor conta com o mais
tradicional material didático: o livro. Mas ainda assim, segundo o estudo, somente 44%
dos professores têm acesso a ele. Desde 2011, foi introduzido o inglês no PNLD - Plano
Nacional do Livro Didático. No entanto, a principal queixa dos professores se refere ao
nível do conteúdo, sendo ou muito elevado para a clientela escolar que recebem ou
muito básico para determinados estudantes (GOULARTE & ARENAS, 2021).

Conforme a BNCC - Base Nacional Comum Curricular, o inglês é obrigatório no


currículo escolar a partir do sexto ano. Todavia, não é incomum o fato de muitos alunos
chegarem a série sem nunca ter tido contato com o inglês antes, sem falar no fato de que
a maioria, possui turmas extremamente grandes e heterogêneas.

Assim, se tratando de uma disciplina que é voltada para a comunicação verbal,


diferentemente das outras disciplinas, o professor enfrenta o dilema de qual nível de
conteúdo ensinar: Se optar pelo nível mais básico, não conseguirá captar a atenção
daqueles alunos que já detém algum conhecimento. Se, inversamente, decidir ensinar
conteúdo mais elevado, estará “abandonando” os alunos que chegam sem conhecimento
nenhum.

Pensando neste (e em muitos outros casos de dificuldade enfrentada pelos


professores e alunos) que uma das principais mudanças para o Novo Ensino Médio foi a
criação dos Itinerários Formativos, cuja ideia é dar ao aluno mais autonomia na escolha
das disciplinas nas quais estes desejem se aprofundar.

De acordo com a determinação para implantação, o aprendizado de línguas


estrangeiras será obrigatório desde os últimos anos do ensino fundamental - 6ª série.
Todavia, a instituição não precisa se limitar a esse cronograma. Idealmente, os alunos
devem começar a ter certa exposição ao idioma desde cedo, desenvolvendo uma
resposta a uma língua estrangeira e uma razão para escolher o idioma.

Por fim, como mencionado por Goularte & Arenas (2021) a proposta da BNCC
nada mais é de que o ensino de inglês aconteça tão naturalmente quanto o ensino de
português. Portanto, é recomendável que os alunos se familiarizem com o idioma a
partir da prática diária da linguagem, do discurso e da reflexão. Com isso, se espera que
os alunos possam desenvolver habilidades de comunicação tanto em sua língua materna
quanto com a língua estrangeira.
2. METODOLOGIA

As mudanças feitas na educação normalmente tem como objetivo eliminar a


aprendizagem monótona como prática pedagógica principal e ajudar o professor a fazer
os alunos pensar de maneiras diferentes, indo além dos métodos tradicionais de
memorização e compreensão para a aprendizagem de um novo idioma.

Desta forma como as práticas pedagógicas envolvem processos de aprendizagem


complexos nos alunos, como análise, pensamento criativo e avaliação, sua ideia se
concentra em tornar os alunos mais receptivos ao que o professor está ensinando.
Também compreende como o aluno pode seguir seus métodos de aprendizagem (pois
uma pedagogia bem pensada pode ajudar os alunos a entender a educação de várias
maneiras) pois procuram cada vez mais formas de atender às habilidades de
aprendizagem de diferentes alunos que podem seguir seus métodos de aprendizagem
preferidos e cumpri-los em outras matérias.

Neste sentido, muitas pesquisas por parte de especialistas e autoridades à frente


do assunto tem surgido, visando poder construir a implementação de uma abordagem de
ensino adequada que irá ajudar os alunos a aprender melhor e incentivá-los a fazer parte
da comunidade de aprendizagem convencional, além de melhorar a comunicação
professor-aluno.

Dessa forma, o seguinte trabalho tem por objetivo fornecer uma visão de como é
importante haver mudanças no ensino, assim como apresentar as práticas sugeridas para
ensinar segundo com as mudanças feitas no novo ensino médio, levando em
consideração o inglês que é uma língua estrangeira, assim como compreender se estas
foram mesmo acertadas, a partir da opinião de especialistas e estudiosos mais à frente
do assunto.

Como é bem mostrado no decorrer do trabalho, estes especialistas argumentaram


muito sobre o assunto nos últimos anos na esperança de mudar ou contribuir sobre a
proposta pelo bem da juventude. No entanto, a questão ainda requer da parte de todos
esforços maiores e maior empenho dos que os já feitos até agora e é com essa
mentalidade (de unir-se a essa importante causa) que considero o presente trabalho
como uma maneira de apoiar e incentivar maior atenção ao assunto, para assim
podermos trabalhar visando um futuro melhor.

Assim, a estrutura e metodologia acadêmica do seguinte trabalho, que foi


formado a partir de uma pesquisa bibliográfica, se concentra em abordar as principais
mudanças que foram feitas, apontar as falhas no antigo modelo do ensino de inglês para
em seguida considerar possíveis resultados, que com a ajuda de especialistas, tornaram
possível chegar a uma conclusão sobre o assunto.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Muito se discute sobre o porquê do atual ensino de inglês ser falho, e


considerando o fato de a maioria dos alunos brasileiros serem geralmente monolíngues,
vemos os impactos acerca da necessidade de haver um segundo idioma presente até
mesmo para as políticas públicas que incentivam a internacionalização da educação.

De acordo com a pesquisa “The Teaching of English in Public Education in


Brazil” realizada pelo British Council e CDE Plan, no Brasil, 85% dos alunos
frequentam escolas públicas. Estes, em algum momento, eles tiveram aulas de inglês,
mas quando questionados sobre quais eram seus conhecimentos, a resposta indicou que
não falavam o idioma (GOULARTE & ARENAS, 2021).

Assim, uma das forças motrizes da pesquisa foi descobrir por que os alunos
terminam o ensino médio sem saber o idioma – ou apenas o básico. De acordo com
Jareta (2015) o ensino de idiomas é opcional – uma vez que a disciplina foi aplicada
apenas a partir do básico 2 e apenas livros didáticos foram adotados até 2011. O autor
argumenta também que não há como testar o aprendizado de forma padronizada: a única
prova comum é o Enem, mas são apenas cinco questões de língua estrangeira em 180
questões.

Sem padrões do que será ensinado, os professores também receberão pouco


apoio em sala de aula. Sendo apenas 26% das salas possuidoras de computador/laptop e
24% deles com conexão à internet. A porcentagem de salas com TV é um pouco maior:
31%. Contudo, mesmo a presença de livros didáticos é incerta: menos da metade afirma
ter esse recurso. Desta forma, entre os professores entrevistados durante a pesquisa,
81% afirmaram ter dificuldade com o material didático, 42% acham que os livros
didáticos são muito avançados para o nível de seus alunos – a mesma porcentagem acha
que faltam materiais de apoio. A pesquisa constatou também que, para os professores, o
relacionamento com os alunos também é difícil. Crianças e jovens muitas vezes estão
em situações vulneráveis, têm baixo nível socioeconômico e vêm de famílias
desestruturadas. Na sala de aula, não se importavam e “mal sabiam o português”
fazendo com que o nível desigual de conhecimento force muitas vezes os professores
muitas vezes a voltar ao mais básico: o “verbo to be”. (GOULARTE & ARENAS,
2021).

Jareta (2015) afirma ainda que em sete estados, mais da metade dos professores
da rede pública tem contrato temporário. De fato, sua pesquisa encontrou distorções
como no caso de uma professora com 19 turmas de 45 alunos por turma em Belém. Em
que assim como a grande maioria dos alunos de escolas públicas, tem menos de duas
horas de aulas de inglês por semana.

Uma pesquisa recente realizada por Dirce mostra o quão inadequada é a


formação de professores de inglês em questões de sala de aula. Aponta que a relação
entre teoria e prática, fundamental em qualquer curso de licenciatura, é muito
insatisfatória na formação. E quando se trata de formação continuada, o cenário é
semelhante: são raros os cursos específicos para professores de inglês oferecidos online
(DOM BOSCO, 2018).

Assim, como a ideia aprovada pela BNCC pretende modificar e melhorar o


ensino de inglês no novo ensino médio? Bom, para discutirmos esse ponto, precisamos
primeiro nos aprofundar e entender melhor a proposta.

A principal mudança do Novo Ensino Médio como já mencionado anteriormente


é a criação do “itinerário formativo”, que consiste em dar ao aluno a autonomia para
escolher as disciplinas em que ele pretende aprofundar seus conhecimentos. No entanto,
isso não significa que alguém que não gosta de exatas só vai estudar ciências biológicas
e humanas, por exemplo.

A escola deverá continuar seguindo as orientações da Base Nacional Comum


Curricular (BNCC), que estabelece quais matérias devem ser ensinadas em cada ano
escolar. Ou seja, nesse novo formato, o jovem terá liberdade para escolher, dentro das
opções do currículo, aquilo que mais lhe agrada e que será estudado mais a fundo antes
dele entrar na universidade.

Portanto, os conteúdos são divididos em quatro grandes grupos: Matemática e


suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas
Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (assim como no ENEM).

Foi definido também que até o ano de 2022, todas as escolas do ensino público e
privado deveriam aumentar a carga horária de aulas de 800 horas anuais para 1000
horas por ano. Com isso, a proposta é criar a cultura das instituições que oferecem a
educação integral, visando uma maior e melhor preparação dos jovens para encararem o
ensino superior.

Em tese, esse tempo a mais que os alunos passarão na escola deverá ser usado
para as aulas do itinerário formativo, para que eles consigam aprender todos os temas
propostos na BNCC e no novo programa de aulas citadas no tópico anterior.

O ensino médio como conhecemos atualmente não coloca o ensino da língua


inglesa como essencial, mas, de acordo com as diretrizes do Novo Ensino Médio, todas
as instituições devem oferecer aulas do idioma, tornando obrigatório o acréscimo dessa
disciplina na grade escolar dos estudantes.

Além disso, existe também uma proposta a longo prazo para o ensino de uma
segunda língua estrangeira, de preferência o espanhol. Assim, essa seria uma forma de
fazer com que os jovens aprendam conceitos básicos de outros idiomas e se capacitem
para oportunidades de graduação e de trabalho em outros países.

Uma vez entendido o que a BNCC quer promover, surge o questionamento: será
que essas mudanças serão realmente benéficas para o ensino de inglês? Bem,
Aniecevski e Passoni se fizeram a mesma pergunta em 2021, e ao conduzir um estudo,
procuraram a opinião de especialistas, linguistas e professores sobre como o
lecionamento da língua foi/seria afetado pelas mudanças. Desta forma, os principais
pontos destacados por especialistas foram:

 Segundo Pfeiffer e Grigoletto (2018) que procuraram observar como


seriam abordadas as relações interdiscursivas e intertextuais do texto da lei que institui a
reforma, a implementação da Base e consequentemente a reforma em si, em seu ponto
de vista se trata apenas de uma maneira de tentar tornar a escola mais “interessante” ou
“atrativa” isso porque afinal como dizem as autoras “os jovens, em especial os mais
pobres da escola pública, precisam estar inseridos no sistema educacional”. Estas
também argumentaram que essa reforma não tem muito sentido para os estudantes
porque não permite com que esses vejam como alcançarão o mercado de trabalho a
partir dessas mudanças. Assim, elas argumentam que há uma grande chance does
estudantes terminarem fazendo escolhas que fogem à proposta e não os prepare para o
mercado de trabalho.
 No mesmo tópico, Ferreira e Ramos (2018) também acham que é muito
arriscado consentir que os alunos sejam os responsáveis pelos ditos itinerários
formativos conforme cursam o ensino médio. Do ponto de vista destas, está claro que
será necessário que as instituições de ensino possuam uma estrutura maior, e acima de
tudo que possuam recursos financeiros necessários para serem capazes de implementar
de maneira efetiva a formação dos estudantes.
 Silva e Boutin (2018 )ao tratarem dos conceitos e discussões acerca do
novo ensino médio, trazem a mesa as reflexões de que a formação holística, proposta
pelo projeto da BNCC, servirá para moldar a escola em uma formação mais tecnicista.
Dessa forma, ressalta-se, neste caso, que após o desenvolver do termo "educação
integral" na BNCC, estudiosos como Silva e Boutin quando se propuseram a estudá-lo,
se preocupam com o fato de que o ensino médio, a partir da reforma, tenha se tornado
menos propedêutico e mais propaganda.
 Em concordância com Silva e Boutin (2018 ), Süssekind (2021) por sua
vez chama a reforma de uma proposta “arrogante, indolente e malévola ao criticar a
unificação do currículo por meio da BNCC para todo o território nacional como sendo
uma produção epistêmica”. Isso porque para esta autora, a ideia de uma padronização
do currículo em escala nacional de uma só vez pode induzir ao apagamento das
diferenças e também tratar os professores como meros reprodutores, já que esta entende
que a proposta “também visa unificar a prática docente transformando o currículo em
algo imposto e não construído dialogicamente”.
 Analisando a mesma pauta sob o olhar institutos acadêmicos que tem
foco na área da educação e se baseando no conceito da democracia no contexto do
neoliberalismo, Costa e Silva (2019) acreditam que todas estas medidas acenam e
caminham para uma futura privatização da educação, uma vez que acreditam que o
resultado dessas reformas será a o sucateamento e precarização do direito à educação,
em vez da garantia de efetivação e ampliação que há anos é prometida.

Por fim, Aniecevski & Passoni (2021, S.P) concluem:

“[...]Discussões como essa, apontam que apesar de inovadora a proposta da


BNCC precisa ser reajustada antes da sua efetivação, afinal de contas, as
discussões relatam professores sem formação continuada para lidar com o
documento, e sinalizam para ideia ilusória de produzir um único documento
norteador para o país todo. Além disso, os estudos nos mostram a necessidade
de uma leitura mais crítica do documento, buscando compreender os
interesses envolvidos na implementação da Base. Ao mesmo tempo,
podemos também compreender que a carência por orientações específicas
para o novo ensino médio podem constituir desafios para os docentes
encarregados de implementar esta nova política em sala de aula.”

4. CONCLUSÃO

De uma maneira geral, é entendido que os educadores têm como objetivo


principal promover a aprendizagem dos alunos e enriquecer o sistema educacional como
um todo.

Dessa forma, para atingir as metas e objetivos, eles devem possuir amplo
conhecimento em práticas pedagógicas e obter material e medidas de apoio. Isso porque
todos esses fatores são essenciais e necessários para estimular a aprendizagem dos
alunos, ajudá-los a atingir os objetivos acadêmicos, facilitar a melhoria dos métodos de
ensino-aprendizagem/materiais de ensino-aprendizagem e, em uma figuração mais
ampla, atualizar o sistema geral de ensino.

Atualmente, com o prazo e objetivos estabelecidos pela BNCC, são feitas


diariamente muitas melhorias nas práticas pedagógicas afim de se ajustar e facilitar o
aprendizado dos alunos. Os professores, por sua vez, procuram estar em todos os níveis
de ensino contemporâneos, científicos, técnicos e inovadores, para garantir que os
alunos obtenham uma compreensão adequada dos tópicos e conceitos, mas estes
também devem estar bem equipados em termos de práticas de preparação para classes e
práticas de ensino, que objetivam estimular e ajuda-los a desenvolver sua capacidade de
aprendizado, numa formação continuada que deveria acontecer mas na prática acontece.

Assim, conseguimos ao examinar a proposta compreender a importância das


mudanças feitas pela BNCC, principalmente quando levamos em conta quanto o fato de
que os educadores precisam estar familiarizadas com ela para assim poder promover o
conhecimento nos alunos, alcançar os objetivos acadêmicos e trazer mudanças e
melhorias no sistema geral de educação. Todavia, os principais fatores que precisam ser
colocados em prática na formação e estimulação das práticas pedagógicas são o de
pesquisa, reflexão, documentação e, principalmente de aprendizado que apesar de
estarem presentes na proposta, falham na execução.
Desta forma, ao examinar o impacto do novo ensino médio em sala de aula,
sobre os resultados de aprendizagem dos alunos, consideramos não só o possível
impacto inicial dos antecedentes dos alunos nos resultados de aprendizagem (ou seja,
seu desempenho na avaliação pré-instrucional, seu gênero, nível educacional mais alto)
mas também desempenho para os índices correspondentes nas avaliações atuais. E como
resultado, poderemos perceber que, para obter os resultados desejados devemos ir muito
além das mudanças nos ambientes escolares, e sim abrangermos a vida dos estudantes
como um todo, transformando também seu ambiente social e cultural.

Se tratando então do ensino de uma língua estrangeira como o inglês, fica ainda
mais claro que o impacto da prática pedagógica dos professores na eficácia do ensino
em sala de aula é inevitável, e que se não for feita uma abordagem mais séria e mais
específica sobre como o lecionamento do idioma vai se dar no novo ensino médio,
como sociedade, corremos o riscos de retroceder o escasso avanço que obtivemos com o
ensino de inglês na últimas décadas.

Contudo, é valido salientar que se obtivermos uma rede apoio externa que dê
para estes estudantes oportunidades para colocar em prática o conhecimento adquirido
(e que os permita ver o próprio progresso acerca deste) assim como uma maior
padronização do ensino e avaliação do inglês, reforçando a importância dessa segunda
língua, ainda teremos a possibilidade de obter resultados positivos não só na sala de
aula, mas também como impactar positivamente as vidas e carreira destes estudantes a
longo prazo.
REFERÊNCIAS

ALIOUCHE, Hidaya. The Impact of Learning a Language on Brain Health.


News Medical Life Sciences, [S. l.], p. S.P, S.D. Disponível em: https://www.news-
medical.net/health/The-Impact-of-Learning-a-Language-on-Brain-Health.aspx. Acesso
em: 20 mar. 2023.

ANIECEVSKI, Matheus; PASSONI, Taisa Pinetti. O Novo Ensino Médio e a


Língua Inglesa: uma análise sobre o ensino de oralidade em um material didático sob a
perspectiva do inglês como língua franca. Línguatec, [S. l.], p. S.P, 4 nov. 2021.
Disponível em:5355-Texto%20do%20artigo-20912-23760-10-20211109.pdf. Acesso
em: 20 mar. 2023.

BOUTON, C. P. (1975). O Desenvolvimento da Linguagem. Lisboa: Moraes


Editores.

DOM BOSCO. Novo Ensino Médio: confira quais serão as mudanças na


educação. Dom Bosco, [S. l.], p. S.P, S.D. Disponível em:
https://www.dombosco.com.br/noticias/novo-ensino-medio--confira-quais-serao-as-
mudancas-na-educacao.html. Acesso em: 20 mar. 2023.

COSTA, M. O.; SILVA, L. A. Educação e democracia: Base Nacional Comum


Curricular e novo ensino médio sob a ótica de entidades acadêmicas da área
educacional. Revista Brasileira de Educação, Mato Grosso, v. 24, p. 1-23, 27 ago. 2019.
Disponível em: https://anec.org.br/wpcontent/uploads/2020/04/Educacao-e-democracia-
Novo-Ensino-Medio.pdf. Acesso em: 20 mar. 2023.

FERREIRA, R. A.; RAMOS, L. O. L. O projeto da MP nº 746: entre o discurso e


o percurso de um novo ensino médio. Ensaio: avaliação e políticas públicas em
educação, Rio de Janeiro, v. 26, n. 101, p. 1176-1196, 22 maio 2018. DOI
https://doi.org/10.1590/S0104-40362018002601295. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ensaio/a/tPGH7pYhJz8FGn9ZCNzKsCq/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em: 20 mar. 2023.

GOMES, Cátia Alexandra Madrugo Leitão. APRENDER INGLÊS? POR QUÊ?


Contributo da aprendizagem precoce da Língua Inglesa no 1.º Ciclo do Ensino Básico.
Instituto Superior de Educação e Ciências, [S. l.], p. S.P, Jun. 2016. Disponível em:
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/19115/1/Relat%C3%B3rio%20Final%20-
%20Edi%C3%A7%C3%A3o%20Definitiva.pdf. Acesso em: 20 mar. 2023.

GOULARTE, Amanda; ARENAS, Diana Marilia. O ensino do Inglês no Brasil e


o problema das escolas públicas. Flexge, [S. l.], p. S.P, 4 jun. 2021. Disponível em:
https://blog.flexge.com/ensino-ingles-brasil-escolas/. Acesso em: 20 mar. 2023.

JARETA, Gabriel. Por que o ensino do inglês não decola no Brasil. Revista
Educação, [S. l.], p. S.P, 4 nov. 2015. Disponível em:
https://revistaeducacao.com.br/2015/11/04/por-que-o-ensino-do-ingles-nao-decola-no-
brasil/. Acesso em: 20 mar. 2023.

MARTENSSON J, Eriksson J, Bodammer NC, et al. (2012) Growth of


language-related brain areas after foreign language learning. Neuroimage. doi:
10.1016/j.neuroimage.2012.06.043.

PFEIFFER, C.; GRIGOLETTO, M. Reforma do Ensino Médio e BNCC –


Divisões, Disputas e Interdições de Sentidos. Revista Investigações, Pernambuco, v. 31,
n. 2, p. 9-25, 3 out. 2018. Disponível
em:https://periodicos.ufpe.br/revistas/INV/article/view/237561. Acesso em: 20 mar.
2023.

SILVA, K. C. J. R. da; BOUTIN, A. C. Novo ensino médio e educação integral:


contextos, conceitos e polêmicas sobre a reforma. Sistema de Información Científica
Redalyc Red de Revistas Científicas,Universidade Federal de Santa Maria, v. 43, n.
31,p. 521-534, 2018. Disponível
em:https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/30458. Acesso em: 20 mar.
2023.
SÜSSEKIND, M. L. A BNCC e o “novo” Ensino Médio: reformas arrogantes,
indolentes e malévolas. Retratos da escola, v. 13, n. 25, p. 91-107. 2019. DOI
https://doi.org/10.22420/rde.v13i25.980. Disponível em:
http://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/article/view/980. Acesso em: 20 mar. 2023.

Você também pode gostar