Você está na página 1de 35

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA POLITÉCNICA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

JEFERSON LUIZ BRONHOLO

INSTALAÇÃO E MONITORAMENTO DE UM PIEZÔMETRO E UM MEDIDOR DE


NÍVEL DE ÁGUA

CURITIBA
2018
JEFERSON LUIZ BRONHOLO

INSTALAÇÃO E MONITORAMENTO DE UM PIEZÔMETRO E UM MEDIDOR DE


NÍVEL DE ÁGUA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia Civil da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná, como
requisito parcial à obtenção do título de
Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Moraes da


Silveira

CURITIBA
2018
JEFERSON LUIZ BRONHOLO

INSTALAÇÃO E MONITORAMENTO DE UM PIEZÔMETRO E UM MEDIDOR DE


NÍVEL DE ÁGUA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia Civil da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná, como
requisito parcial à obtenção do título de
Engenheiro Civil.

COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Moraes da Silveira
LACTEC

_____________________________________
Prof. MSc. Marcelo Buras
LACTEC

Curitiba, ____ de novembro de 2018.


AVALIAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
2º SEMESTRE DE 2018

ALUNO: Jeferson Luiz Bronholo


TEMA: Instrumentação de Piezômetros e Medidores de nível de água com fibra Óptica
DATA:
LOCAL:
BANCA:

SUGESTÃO DE NOTA OBSERVAÇÃO /


ITEM
PONDERAÇÃO ATRIBUÍDA COMENTÁRIO

1) Trabalho apresentado (50%)

2) Apresentação oral (20%)

3) Defesa (30%)

AVALIAÇÃO FINAL

ORIENTADOR e AVALIADOR

Prof. Dr. Rodrigo Moraes da Silveira

Prof. MSc. Marcelo Buras


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me proporcionou saúde, forças e perseverança


necessária para concluir este trabalho.
Ao Lactec, principalmente aos gerentes Luiz Alkimin de Lacerda e Betina Lepretti
Medeiros que sempre me apoiaram e deram condições para que eu concluísse mais
esta etapa na minha vida profissional.
De maneira especial ao meu orientador, professor Dr. Rodrigo Moraes da Silveira, que
sempre me incentivou na continuidade dos meus estudos e foi prestativo nos
momentos de dúvidas e aprendizados.
À Pontifícia Universidade Católica do Paraná por oferecer esta oportunidade única
para o acréscimo de meus conhecimentos técnicos e profissionais.
A minha mãe Ilizete que, mesmo longe dos olhos, sempre esteve perto do meu
coração, me apoiando e sempre acreditando em mim. A Ana Carla, que soube dividir
nossos momentos de lazer com a minha dedicação a esta pesquisa; aos meus irmãos
Eliane, Edenilce, Juliano e a meu pai Luiz que sempre me apoiaram e não me
deixaram desistir.
A todos os meus amigos e familiares peço desculpas pelas horas que estive ausente,
pois precisava me dedicar muito a este trabalho e agradeço todo o apoio demonstrado.
“A persistência é o menor caminho
do êxito”

(Charles Chaplin)
RESUMO

Para monitorar o comportamento de processos de movimentação de encostas e a


consequência destes movimentos, são inúmeros os instrumentos já desenvolvidos,
que podem ser utilizados no monitoramento de deformações como descontinuidades
(fendas, fissuras, falhas, juntas, etc.). Em geral o tipo de movimento envolvido e a
forma como ele se manifesta, determinam o tipo de instrumento a ser utilizado, indo
desde vistoria até algum tipo de extensômetro (DUNNICLIFF, 1988). Na bibliografia
geotécnica são relatadas inúmeras interrupções na possibilidade de utilização desses
instrumentos, seja por danos causados por descargas elétricas, seja por falhas no
fornecimento de energia e de comunicação, no caso de sistemas automatizados. Com
uma extensa malha dutoviária, e com a perspectiva de ampliação deste tipo de
transporte de insumos no país, torna-se necessário fazer o uso de novas tecnologias
capazes de avaliar riscos e garantir a segurança operacional dos dutos instalados em
encostas naturais. O monitoramento por fibra óptica vem preencher essa lacuna na
área de instrumentação, pois além de permitir o monitoramento em grandes
extensões, é uma tecnologia que não sofre influência de descargas atmosféricas,
campos elétricos ou magnéticos. Além do citado, a instrumentação através de fibra
óptica, comparada à convencional, possui tamanho reduzido, não possui
condutividade nem risco de choque elétrico. Também, não atrai descargas elétricas
atmosféricas, não interfere em campos eletromagnéticos ou ondas de rádio e é mais
resistente à corrosão. Contudo, o desenvolvimento de piezômetros e medidores de
nível d’água com base nesta tecnologia se refere ao principal objetivo deste trabalho.
Assim sendo, foram instalados tais instrumentos em uma encosta natural localizada
na Serra do Mar e, após o monitoramento comparativo com medidores de nível d’água
convencionais e o processamento dos dados obtidos, percebeu-se que os resultados
coletados fazendo uso da tecnologia de fibra óptica se encontraram, em sua maior
parte, dentro de um erro estimado aceitável de ±0,5m, que pode ser considerado
negligenciável para as medições realizadas.

Palavras-chave: Fibra óptica. Instrumentação. Encostas.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1– Esquema de um piezômetro de tubo aberto ............................................. 13


Figura 2– Esquema de um medidor de nível de água ............................................... 13
Figura 3 – Componentes da fibra .............................................................................. 14
Figura 4– Fibra óptica monomodo............................................................................. 15
Figura 5– Fibra óptica multimodo .............................................................................. 15
Figura 6– Espectro da luz espalhada em uma fibra óptica ........................................ 16
Figura 7 – Sonda utilizada na perfuração do solo ..................................................... 19
Figura 8 – Equipamentos para sondagem ................................................................ 19
Figura 9 –Tubos geomecânicos (geotubos) para instrumentação............................. 20
Figura 10 – Tampão com anel de vedação ............................................................... 20
Figura 11 – Tubo revestido com membrana geotêxtil ............................................... 20
Figura 12 – Tubo sendo instalado no furo ................................................................. 21
Figura 13 – Detalhe do piezômetro sendo instalado ................................................. 21
Figura 14 – Estrutura protetora do tubo geomecânico .............................................. 21
Figura 15 – Preenchimento com material filtrante ..................................................... 22
Figura 16 – Proteção final do instrumento ................................................................. 22
Figura 17 – Instalação da fibra óptica ....................................................................... 23
Figura 18 – Posicionamento das fibras ópticas no solo ............................................ 23
Figura 19 – Instalação de barris e quadro para leitura .............................................. 24
Figura 20 – Instalação de barril na encosta............................................................... 24
Figura 21 – Detalhe do quadro utilizado para armazenar a fibra óptica .................... 24
Figura 22 - Foto ilustrativa DTS Sensornet ............................................................... 25
Figura 23 - Foto ilustrativa Piu elétrico ...................................................................... 25
Figura 24 – Seção do tubo geomecânico instrumentado por fibra óptica .................. 26
Figura 25 – Gráfico típico obtido para as leituras com fibra óptica ............................ 27
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 9
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................. 10
1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 10
1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 11
2.1 INSTABILIDADE DE ENCOSTAS ................................................................ 11
2.2 PIEZÔMETROS E MEDIDORES DE NÍVEL DE ÁGUA ............................... 11
2.3 FIBRA ÓPTICA: CONCEITO E FUNCIONALIDADE .................................... 14
2.4 FIBRA ÓPTICA: MEDIDAS DISTRIBUÍDAS DE TEMPERATURA (DTS) .... 17
2.5 FIBRA ÓPTICA: MÉTODO DO AQUECIMENTO ......................................... 17
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................... 19
3.1 INSTALAÇÃO DO PIEZÔMETRO ................................................................ 19
3.2 INSTALAÇÃO DO MEDIDOR DE NÍVEL D’ÁGUA ....................................... 21
3.3 INSTALAÇÃO DA FIBRA ÓPTICA ............................................................... 22
3.4 INTERPRETAÇÃO DAS LEITURAS ÓPTICAS ............................................ 26
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................... 28
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 32
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 33
9

1 INTRODUÇÃO

Os movimentos de massa nas encostas assumem uma grande importância em


função da interferência das atividades do homem, sendo as regiões sul e sudeste do
Brasil, por suas condições climáticas e pelas grandes extensões de maciços
montanhosos (Serra Geral e Serra do Mar), locais com grande incidência, afetando
faixas de dutos, rodovias, ferrovias e linhas de transmissão de energia elétrica
(PINHEIRO ET AL., 1997). Para o monitoramento de tais movimentações, são
convencionalmente instalados em encostas piezômetros (PZMs) e medidores de nível
de água (MNAs). Estes equipamentos de medição, tem como principal vantagem o
fato de serem de fácil montagem e de rápida execução, fazendo uso de materiais
simples e de baixo custo.
A leitura do nível de água nos referidos instrumentos é realizada, na maioria
dos casos, fazendo uso de um aparelho eletrônico com um cabo graduado (PIU
elétrico), que precisa ser inserido manualmente no interior de cada equipamento a
cada leitura, independente do local de sua instalação e período do ano (VICTORINO
ET AL., 2003).
Uma alternativa para a otimização e confiabilidade nas medições executadas
em PZMs e MNAs é a instrumentação com fibra óptica. Entre diversas vantagens,
possuem pequenos diâmetros que possibilitam a aplicação em espaços reduzidos;
facilidade em transmitir grandes quantidades de informações ao longo de um único
cabo; automatização e rápida aquisição de dados; além do monitoramento contínuo e
sensoriamento remoto (SOUZA, 2012).

Uma vez instaladas as fibras ópticas no interior dos instrumentos (PZMs e


MNAs), podem ser realizadas leituras precisas, cobrindo grandes áreas de medição
(diversos equipamentos), unicamente com a conexão de um interrogador apropriado
nas extremidades da fibra óptica.

Com base no exposto, essa pesquisa apresenta resultados referentes à


instrumentação, e monitoramento de um Piezômetro e um medidor de nível de água
instalados na Serra do Mar, onde foram realizadas avaliações comparativas entre as
medições tradicionais e por fibra ótptica. Os resultados obtidos apresentaram erros
muito pequenos nas medições do nível de água entre a metodologia proposta e a
tradicional, podendo ser considerado negligenciável para as medições realizadas.
10

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O principal objetivo deste trabalho é estudar a instalação e o monitoramento de


um piezômetro e um medidor de nível de água em encosta localizada na Serra do
Mar, onde estão instalados dutos de transporte de insumos da indústria Petroleira,
porém fazendo uso da tecnologia de fibra óptica. Com o intuito do cumprimento do
objetivo geral, definiu-se os seguintes objetivos específicos:

1.1.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do presente trabalho são:


a) Instalar um piezômetro e um medidor de nível d’água DTS em furos de
sondagem em uma encosta instável;
b) Monitorar a instrumentação realizada;
c) Processar e analisar os dados de monitoramento obtidos.
11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 INSTABILIDADE DE ENCOSTAS

A Instabilidade de encostas é foco de estudo de muitos trabalhos e pesquisas


na área geotécnica. Segundo Fernandes e Amaral (1996), as ocorrências de
escorregamento, intemperismo e erosão, são fenômenos naturais contínuos de
dinâmica externa, que modificam a paisagem da superfície da Terra, oriundas
principalmente das seguintes causas: variações climáticas, movimentos tectônicos e
deslocamentos das placas da litosfera.
Conforme Wolle (1980), na dinâmica de evolução das encostas, os relevos de
áreas montanhosas, serranas e regiões mais antigas, vêm sendo determinados pelos
processos erosivos que, modificam a morfologia de vales, espigões e patamares,
principalmente em locais de clima tropical e subtropical.
Segundo Lacerda (1989), em alguns casos as rupturas de taludes podem
ocorrer com valores de poro-pressão inferiores ao valor necessário para que a
trajetória de tensões atinja a envoltória de ruptura, sendo atribuído este fato às
variações cíclicas de poro-pressão que levam o solo a uma espécie de fadiga.
Segundo o autor, durante esta fase ocorre acúmulo de deformações que provocam a
queda das ligações entre as partículas, responsáveis pela coesão do solo. Ainda cita
que as condições de campo vigentes em regiões tropicais são bastante propícias a
esse mecanismo.

2.2 PIEZÔMETROS E MEDIDORES DE NÍVEL DE ÁGUA

Para a determinação de parâmetros de campo relacionados à poro-pressão e


nível do lençol freático, são utilizados equipamentos denominados como piezômetros
e medidores de nível de água.
Os referidos equipamentos de medição, tem como principal vantagem o fato de
serem de fácil montagem e de rápida execução, fazendo uso de materiais simples e
de baixo custo. Apesar de terem muitas semelhanças em relação às suas instalações,
há diferenças entre piezômetros e medidores de nível de água (VICTORINO ET AL.,
2003).
Conforme Victorino et al. (2003), a confecção e a instalação de piezômetros de
tubo aberto e medidores de nível d’água requer basicamente: tubos de diâmetro
12

adequado às medições (lisos e ranhurados), areia média lavada para a execução do


filtro; argila bentonítica para a realização do selo, tecido geotêxtil para impedir a
passagem de detritos pelas ranhuras dos tubos e equipamentos de sondagem para a
execução dos furos.
Inicialmente define-se a partir de projetos as profundidades dos furos e
consequentes comprimentos dos tubos baseados da linha freática do terreno. Para os
piezômetros (Figura 1), utiliza-se tubos ranhurados somente em sua porção inferior,
sendo essa uma das diferenças, em relação ao medidor de nível de água. Com as
ranhuras apenas na parte inferior, na existência de mais de um aquífero subterrâneo
separados por solo impermeável, o piezômetro marcará o nível d’água de acordo com
o aquífero em que a sua ponteira (parte ranhurada) for posicionada. Em torno das
ranhuras, coloca-se de duas a três camadas de geotêxtil, permitindo a passagem de
água e impedindo a passagem de partículas de solo ou de areia do filtro. O tubo deve
ser tampado em sua parte inferior. Para a instalação no furo de sondagem,
inicialmente insere-se uma pequena camada de areia média lavada, apoiando sobre
essa camada o tubo já montado. Com o tubo instalado dentro do furo, inicia-se o
preenchimento entre o cano e a parede do furo. Primeiro, coloca-se uma camada de
areia média lavada que servirá como filtro. Essa camada terá espessura um pouco
além da extensão da parte ranhurada do tubo, garantindo que em torno das ranhuras
haja o filtro de areia. O preenchimento do furo prossegue com a execução do selo em
argila bentonítica, que terá espessura suficiente para estabilizar o cano instalado.
Completa-se o furo com material de preenchimento, utilizando, para isso, o solo
escavado (VICTORINO ET AL., 2003). Na Figura 1 é ilustrada esquematicamente a
montagem de um piezômetro de tubo aberto.
A instalação do medidor de nível d’água é similar à instalação do piezômetro.
As ranhuras do tubo devem ser realizadas ao longo de praticamente toda sua
extensão, exceto na sua porção superior. A instalação de um tampão na base do tubo
e o tecido de geotêxtil ao redor das ranhuras permanecem. Essa diferença fará com
que o medidor identifique, no caso de existência de mais de um aquífero, o nível
d’água localizado mais acima (mais próximo à superfície). Posteriormente, instala-se
o aparelho no furo sobre uma pequena camada de areia, inserindo-se, em seguida,
uma extensa camada de areia como filtro, para finalizar, executa-se o selo de
bentonita. Devido à extensa camada de areia, o selo acabará finalizando o
preenchimento do furo, não havendo a necessidade de completar com material de
13

preenchimento (VICTORINO ET AL., 2003). A representação de um medidor de nível


de água está ilustrada na Figura 2.

Figura 1– Esquema de um piezômetro de tubo aberto

Material de
fechamento

Selo
bentonita

Tubo
ranhurado

Filtro areia

Fonte: Victorino et al.,2003


Figura 2– Esquema de um medidor de nível de água

Selo
bentonita

Tubo
ranhurado

Filtro areia

Fonte: Victorino et al.,2003


14

Posteriormente à instalação dos piezômetros e medidores de nível d’água


instalados em campo, pode-se iniciar o monitoramento do nível do lençol freático. A
leitura do nível é realizada fazendo uso de um aparelho eletrônico com um cabo
graduado (PIU elétrico). Na extremidade deste cabo graduado, existem dois eletrodos
isolados eletricamente, porém em contato com o nível freático, a água (condutora de
corrente elétrica) fecha o circuito, produzindo um sinal sonoro e determinando a
profundidade do lençol d’água.

2.3 FIBRA ÓPTICA: CONCEITO E FUNCIONALIDADE

A fibra óptica é um dos componentes mais importantes dos sistemas de


comunicação e vem ganhando espaço em outros meios com o avanço tecnológico. A
fibra óptica é um meio através do qual a luz pode ser transmitida com mínimas perdas
por longas distâncias, seguindo trajetos retilíneos ou curvos. Num sistema típico, um
sinal elétrico de interesse é convertido em luz, laser diodo ou diodo emissor de luz
(LED). O sinal óptico é então lançado no interior da fibra que se propaga através dela
até que seja recebido por um detector, o qual converte o sinal óptico novamente em
sinal elétrico. Segundo Keiser (1991), os materiais constituintes da fibra óptica devem
apresentar algumas características como:
 Atingir grandes comprimentos, possuir pequena espessura e ser flexível;
 Ser transparente e não permitir perdas ópticas na transmissão das
informações;
 Devem ser fisicamente compatíveis com índices de refração ligeiramente
diferentes entre o núcleo (core) e o revestimento primário (cladding), podendo
ser constituídos por plásticos ou vidros.
A Figura 3 ilustra os componentes de uma fibra óptica.

Figura 3 – Componentes da fibra

Fonte: Freudenrich,2017
15

A reflexão interna total que ocorre na interface entre o núcleo e a camada que
o envolve, denominada casca (cladding), possibilita a propagação da luz na fibra
óptica. O núcleo transmite o sinal, enquanto a casca deve manter o sinal viajando no
interior do núcleo por reflexão total. O revestimento primário, constituído de uma ou
mais camadas finas de polímero, concede proteção mecânica e reforço da fibra. Um
cabo de fibra óptica pode conter uma ou mais fibras e estas podem ser do tipo
monomodo e/ou multímodo. Os cabos de fibra óptica devem apresentar propriedades
suficientes para suportarem a ação de agentes externos (proteção mecânica,
facilidade de manuseio, proteção quanto a riscos ambientais e não serem condutivos),
tanto durante a instalação como ao longo de sua vida operacional (BAILEY, 2003).
Nas fibras ópticas monomodo, o diâmetro do núcleo varia de 4 μm a 10 μm.
Pela pequena dimensão em comparação com o comprimento da onda de luz que viaja
através da fibra, a luz só pode viajar em um único caminho ou de um único modo
(Figura 4). As fibras ópticas multimodo tem um diâmetro maior do núcleo, entre 25 μm
e 150 μm. A luz pode viajar em muitos caminhos ou modos diferentes ( Figura 5).

Figura 4– Fibra óptica monomodo

Fonte: Buras,2013

Figura 5– Fibra óptica multimodo

Fonte: Buras,2013

Uma das características das leituras realizadas em fibras ópticas é o


espalhamento de Brillouin. Este fenômeno foi descoberto pelo físico francês Léon
Brillouin (1889-1969). Consiste em um tipo de reflexão decorrente das interações
entre as ondas de luz e as ondas sonoras que viajam dentro da fibra. Estas reflexões
16

compreendem dois componentes, a luz de Stokes e a luz de antiStokes, sendo cada


uma com frequências distintas. Os efeitos de espalhamento principais de luz são de
Rayleigh, Raman e Brillouin, conforme ilustra a Figura 6.

Figura 6– Espectro da luz espalhada em uma fibra óptica

Fonte: Buras,2013
Souza (2012) utilizando a tecnologia da fibra óptica através do método de
aquecimento, desenvolveu um sistema para obter o nível do lençol freático. O
experimento citado foi validado através da comparação entre um sistema
convencional, utilizando um medidor de nível de água consagrado na geotecnia. O
medidor de nível de água com base na tecnologia de fibra óptica foi instalado no
interior de tubos de PVC ranhurados (medidor de nível de água convencional) a uma
profundidade de aproximadamente 9,0 m no nível do terreno.
A seguir, são apresentadas vantagens e desvantagens no uso da tecnologia da
fibra óptica em comparação com sensores convencionais, reunidas tomando como
base as referências bibliográficas utilizadas na elaboração desta pesquisa.
Vantagens: Pequenos diâmetros que possibilitam a aplicação em espaços
reduzidos; possibilidade de transmitir grandes quantidades de informações ao longo
de um único cabo de fibra óptica; automatização e rápida aquisição de dados;
monitoramento contínuo e sensoriamento remoto; fácil manuseio; imunidade a
interferências eletromagnéticas (corrente elétrica, raios, etc).
Desvantagens: Perda óptica no caso de raios de curvatura inferiores a 10 vezes
o diâmetro do cabo; dificuldades de instalação do sensor (fixação e incorporação na
estrutura ou no solo); tensão limite de tração do cabo (varia de fornecedor para
fornecedor); ruptura da fibra na instalação ou devido a ação de roedores além do custo
inicial dos sensores e interrogadores para a leitura, que geralmente são superiores
aos sensores convencionais.
17

2.4 FIBRA ÓPTICA: MEDIDAS DISTRIBUÍDAS DE TEMPERATURA (DTS)

O DTS (Distribute Temperature Sensing) opera sem a utilização de


componentes eletrônicos, fios elétricos ou ligações elétricas ao longo da linha de fibra
óptica, sendo a fibra o sensor de temperatura do sistema (AUFLEGER ET AL., 2007).
É um método que proporciona a medição distribuída de temperatura ao longo da fibra
óptica, conforme necessário (SMOLEN e SPEK, 2003).
O interrogador DTS aplica um pulso de luz laser na escala de ƞs, que viaja ao
longo da fibra. O pulso energiza o vidro e colide com sua estrutura atômica,
ocasionando o retroespalhamento de volta ao início da fibra (SMOLEN e SPEK, 2003).
Uma vez que a velocidade da luz é constante, o tempo de viagem nos dois
sentidos a partir de sua emissão para o retorno da luz por retroespalhamento
determina a posição da temperatura registrada ao longo da fibra (WATLEY e
JOHANSSON, 2004). As resoluções espaciais típicas são da ordem de 1 m e para
temperatura a resolução é de 0,2ºC (GLISIC e INAUDI, 2007).
A onda principal retroespalhada ocorre em função das flutuações naturais de
densidade do núcleo da fibra óptica e é chamada de pico ou banda de Rayleigh. Essas
ondas, associadas às vibrações da rede, aparecem como linhas de Brillouin, que se
encontram muito perto e difícil de separar do retroespalhamento de Rayleigh. Por fim,
a radiação restante, proveniente das mais fracas ondas retroespalhadas são as
bandas ou o retroespalhamento de Raman (SMOLEN e SPEK, 2003).
O sinal de Raman é composto pelas bandas chamadas de Stokes e AntiStokes.
Os picos de Stokes apresentam os comprimentos de ondas mais elevados e estáveis,
com pouca sensibilidade à temperatura. Já, os picos Anti-Stokes, correspondentes
aos comprimentos de onda menores, apresentam alta sensibilidade à temperatura,
onde quanto maior a energia dentro da banda, maior será a temperatura, e vice-versa.
No caso do sistema de dispersão de Raman a fibra utilizada é a multimodo (SMOLEN
e SPEK, 2003).

2.5 FIBRA ÓPTICA: MÉTODO DO AQUECIMENTO

É utilizado quando não há um gradiente de temperatura que possibilite a


percepção da variação nos meios em que o cabo de fibra óptica é instalado. Os cabos
de fibra óptica, para a execução do método do aquecimento, são produzidos com fios
18

de cobre envoltos em sua proteção externa. O método consiste na aplicação de uma


diferença de potencial elétrico e uma corrente contínua nos fios de cobre do cabo de
fibra óptica, por meio de uma fonte de aquecimento. A energia térmica criada a partir
da resistência elétrica dos fios de cobre é acumulada pelo cabo de fibra óptica. O
acúmulo de calor ao redor da fibra forma um gradiente de temperatura dependente do
fluxo de calor aplicado e da condutividade térmica do meio em que o cabo está
exposto. (AUFLEGER ET AL., 2007).
19

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste item serão apresentados os procedimentos e métodos utilizados para a


instalação do Piezômetro e do Medidor de nível d’água em campo, bem como a
instrumentação de ambos com fibra óptica.

3.1 INSTALAÇÃO DO PIEZÔMETRO

Foi executado em campo, na região da Serra do Mar Paranaense, um furo de


sondagem, posicionado na base de um talude, onde existem instalados dutos para o
transporte de insumos. Tal perfuração atingiu a profundidade de 23 m, alcançando o
maciço rochoso. Na Figura 7 e Figura 8 estão ilustrados os equipamentos utilizados
para a realização do furo de sondagem, que possui aproximadamente 200 mm de
diâmetro. Em casos pontuais, onde foram encontrados blocos de rocha (matacões),
foi utilizada uma broca com um rompedor hidráulico.

Figura 7 – Sonda utilizada na perfuração do solo Figura 8 – Equipamentos para sondagem

Os tubos utilizados na concepção do piezômetro são os tubos geomecânicos


da marca Tigre (Figura 9), com diâmetro nominal de 100 mm. Na base do tubo, para
seu perfeito fechamento estanque, foi utilizado um tampão com anel de vedação e
sistema de travamento, também da marca Tigre, conforme ilustra a Figura 10.
20

Figura 9 –Tubos geomecânicos (geotubos) para Figura 10 – Tampão com anel


instrumentação de vedação

A Figura 11 apresenta o trecho ranhurado do tubo revestido com membrana


geotêxtil, permitindo a passagem de água e impedindo a passagem de partículas de
solo ou de areia do filtro.
Figura 11 – Tubo revestido com membrana geotêxtil

A Figura 12 e Figura 13 demonstram o piezômetro já posicionado no furo de


sondagem, após a instalação do filtro de areia, com extensão aproximada de 1m a
partir da base do tubo, além da inserção do selo realizado com argila bentonítica.
21

Figura 12 – Tubo sendo instalado no furo Figura 13 – Detalhe do piezômetro sendo instalado

A Figura 14 ilustra o fechamento superficial com argamassa para o travamento


do equipamento no solo, juntamente com a estrutura protetora do tubo geomecânico.

Figura 14 – Estrutura protetora do tubo geomecânico

3.2 INSTALAÇÃO DO MEDIDOR DE NÍVEL D’ÁGUA

A perfuração do solo para a instalação do medidor de nível d’água foi realizada


de maneira análoga à descrita para a instalação do piezômetro, na mesma encosta,
também com diâmetro de 200 mm, porém, atingindo a profundidade de 25,00 m.
Neste caso, os tubos geomecânicos instalados no furo possuíam ranhuras ao
longo de todo o seu comprimento, permitindo o fluxo de água em toda sua extensão,
22

com exceção do último metro (entre a cota -1,00 m e a superfície do terreno).


Procedeu-se com revestimento do tubo geomecâncio com manta geotêxtil, para evitar
a colmatação das ranhuras. Além disso, foi utilizada como filtro drenante uma areia
de granulometria padrão ilustrada na Figura 15.
Figura 15 – Preenchimento com material filtrante

Por fim, foi realizada a selagem com argila bentonítica do primeiro metro do
furo, na região do tubo sem as ranhuras, além da instalação de uma proteção contra
eventuais danos (Figura 16).

Figura 16 – Proteção final do instrumento

3.3 INSTALAÇÃO DA FIBRA ÓPTICA

Após a instalação dos tubos geomecânicos em campo, foi realizada a


instrumentação com um cabo de fibra óptica multimodo (tight-buffered) no Piezômetro
e no medidor de nível d’água, sendo instalados em série.
23

Conforme se observa na Figura 17, o cabo de fibra óptica foi disposto no interior
dos tubos, com auxílio de uma estrutura desenvolvida no projeto de P&D
“Desenvolvimento e avaliação de instrumentação geotécnica com base em tecnologia
de fibra óptica – protótipos para instalação em campo”, a qual se encontra em
processos de depósito de patente. Tal estrutura é elaborada a partir de tubos de PVC,
adaptados com presilhas específicas para o travamento ideal das fibras, ajustada até
à profundidade a qual se deseja obter as leituras.
Figura 17 – Instalação da fibra óptica

Os trechos de cabos até a chegada nos instrumentos, bem como aqueles


referentes ao retorno da fibra até a caixa de medição, foram posicionados em valas
executadas diretamente no solo, com largura e profundidade aproximadas de 200 mm
e 300 mm respectivamente, conforme ilustra a Figura 18.
Figura 18 – Posicionamento das fibras ópticas no solo

300 mm

200 mm
24

Como o princípio de funcionamento das leituras baseia-se no pré-aquecimento


das fibras ópticas fazendo uso do interrogador DTS, para a obtenção de leituras de
referência, foram instalados barris para imersão dos cabos ópticos em água,
possibilitando leituras em relação a uma temperatura conhecida. Foram instalados 3
barris de referência, sendo dois localizados próximos a guarita de acesso (Figura 19)
e um localizado no meio da encosta instrumentada (Figura 20). Na guarita de acesso,
local de onde são realizadas as leituras, ficaram locadas as duas extremidades do
cabo óptico em um quadro metálico, sendo que aproximadamente 30 metros de cabo
foram posicionados no interior de cada barril.

Figura 19 – Instalação de barris e quadro para leitura Figura 20 – Instalação de barril na encosta

Na Figura 21 é apresentado o quadro metálico onde é armazenada a fibra


óptica e as extremidades desta, utilizadas para as leituras com o interrogador.

Figura 21 – Detalhe do quadro utilizado para armazenar a fibra óptica


25

Após a instalação das fibras, foi verificada a integridade do cabo óptico, por
meio de um interrogador DTS da marca Sensornet, ilustrado na Figura 22,
comparando o comprimento do cabo instalado na encosta com o comprimento dos
retroespalhamentos de Raman. Para a determinação do comprimento total, são
observados nas duas extremidades do cabo óptico, o comprimento impresso em cada
extremidade do cabo. Portanto, subtraindo estes dois valores, se obtém o
comprimento total instalado (2660 – 376 = 2284 m). O comprimento obtido pelo
interrogador foi de 2292 metros, onde há intensidade do sinal é zero. Assim, o
comprimento impresso é 8 metros menor que o comprimento registrado através do
DTS. Este erro se deve ao erro de impressão segundo informações do fabricante.
Para a comparação entre leituras, a medida do nível d’água nos instrumentos
instalados foi realizada com PIU elétrico ( Figura 23 – Figura ilustrativa) além
das leituras através dos cabos ópticos.

Figura 22 - Foto ilustrativa DTS Sensornet Figura 23 - Foto ilustrativa Piu elétrico

Fonte: Buras,2013 Fonte: AgSolve,2018


26

3.4 INTERPRETAÇÃO DAS LEITURAS ÓPTICAS

Para a interpretação do nível d’água (NA) com os dados do DTS por meio do
método do aquecimento, citado na revisão bibliográfica deste trabalho, são
considerados a média da interpolação de dados obtidos para o cabo óptico chamado
de lado esquerdo (ou cabo que desce) e do cabo do lado direito (cabo que sobe) do
instrumento. A Figura 24, mostra uma seção transversal de um tubo geomecânico
instrumentado por fibra óptica para medidas de NA.

Figura 24 – Seção do tubo geomecânico instrumentado por fibra óptica

Após um período de aproximadamente 2 minutos de aquecimento, o gráfico


resultante para cada instrumento, é similar ao apresentado na Figura 25. A partir de
então são selecionados 3 pontos do lado esquerdo e 3 pontos do lado direito do
gráfico, onde são selecionados os dados do comprimento (Ci) e da temperatura (Ti)
do cabo. Estes 3 pontos indicam o trecho do cabo, com comprimento de 1,02 metros,
que está totalmente submerso em água (ponto Ce3, Te3, Cd3 e Td3), parcialmente
em água e ar (Te2 e Td2) e totalmente ao ar (Ce1, Te1, Cd1 e Td1), no interior do
tubo geomecânico.
27

Figura 25 – Gráfico típico obtido para as leituras com fibra óptica

Para medidas do NA por meio da tecnologia de fibras ópticas, são aceitáveis


erros na ordem de ± 0,5 m.
28

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

No Quadro 1 estão apresentadas as leituras obtidas para o medidor de nível de


água (MNA) por meio de fibra óptica. Ilustram-se as posições do cabo e suas
respectivas temperaturas, conforme metodologia citada no item Procedimentos
Metodológicos deste trabalho. Também constam no referido Quadro a profundidade
do instrumento, neste caso 23,60m e os níveis de água obtidos pela metodologia, para
o lado esquerdo e direito (descida e subida da fibra óptica no interior do tubo
geomecânico), além do nível de água médio.

Quadro 1 – Leituras do Medidor de nível d’água por meio de fibra óptica

Profundidade do cabo no instrumento (m): 23,60


Meio do cabo: 198,71
Dados de entrada Posição do cabo (m) Temperatura do cabo ( °C)
Água Ce3:Te3 186,98 21,80 Nível d'água
Lado esquerdo Ar/Água Ce2:Te2 185,96 25,59
Ar Ce1:Te1 184,94 27,58 (m)
Água Cd3:Td3 210,44 22,48
Lado direito Ar/Água Cd2:Td2 211,46 29,16
Ar Cd1:Td1 212,48 30,37
NA lado esquerdo (m): 11,2
NA lado direito (m): 11,6
NA médio (m): 11,4

A Figura 26 apresenta a distribuição da fibra óptica no interior do medior de


nível de água, bem como as posições dos trechos de 1,02m do cabo, que tem a função
de sensores, utilizados para a determinação dos dados apresentados no Quadro 1.

Figura 26 – Gráfico temperatura x comprimento do cabo óptico – MNA

50
Temperatura do cabo óptico (°C)

45

40

35

30

25

20
165 175 185 195 205 215 225 235
Comprimento do cabo óptico (m)
29

A Figura 27 ilustra de maneira esquemática, os resultados obtidos para o


medidor de nível de água, utilizando a tecnologia da fibra óptica e também o PIU
elétrico, para a validação do método proposto.

Figura 27 – Leituras do NA por meio de fibra óptica e PIU – MNA

Pela análise do Quadro e figuras apresentadas anteriormente, pode-se


perceber que para o MNA o valor médio obtido, utilizando as leituras de fibra óptica,
foi de 11,4m. Já pelo método convencional, utilizando um PIU elétrico, obteve-se
11,7m, resultando em um erro de -0,3m na comparação entre as metodologias.

De maneira análoga aos dados apresentados para MNA, no Quadro 2 estão


apresentadas as leituras obtidas para o Piezômetro (PZM) instrumentado por meio de
fibra óptica. Também ilustram-se as posições do cabo e suas respectivas
temperaturas, conforme metodologia citada no item Procedimentos Metodológicos
deste trabalho. A profundidade do instrumento nesse caso é de 22,30m.
30

Quadro 2 – Leituras do Piezômetro por meio de fibra óptica

Profundidade do cabo no instrumento (m): 22,30


Meio do cabo: 326,21
Dados de entrada Posição do cabo (m) Temperatura do cabo ( °C)
Água Ce3:Te3 314,48 22,89 Nível d'água
Lado esquerdo Ar/Água Ce2:Te2 313,46 25,24
Ar Ce1:Te1 312,44 28,58 (m)
Água Cd3:Td3 337,94 22,84
Lado direito Ar/Água Cd2:Td2 338,96 24,63
Ar Cd1:Td1 339,98 27,35
NA lado esquerdo (m): 9,4
NA lado direito (m): 9,3
NA médio (m): 9,4

A Figura 28 apresenta a distribuição da fibra óptica no interior do Piezômetro,


bem como as posições dos trechos de 1,02m do cabo, que tem a função de sensores,
utilizados para a determinação dos dados apresentados no Quadro 2.

Figura 28 – Gráfico temperatura x comprimento do cabo óptico – PZM

50,000
Temperatura do cabo óptico (°C)

45,000

40,000

35,000

30,000

25,000

20,000
290 300 310 320 330 340 350 360
Comprimento do cabo óptico (m)

A Figura 29 ilustra de maneira esquemática, os resultados obtidos para o


Piezômetro, utilizando a tecnologia da fibra óptica e também o PIU elétrico, para a
validação do método proposto.
31

Figura 29 – Leituras do NA por meio de fibra óptica e PIU – PZM

Pela análise do Quadro e figuras apresentadas anteriormente, pode-se


perceber que para o PZM o valor médio obtido, utilizando as leituras de fibra óptica,
foi de 9,4m. Já pelo método convencional, utilizando um PIU elétrico, obteve-se
também o mesmo valor de 9,4m, não resultando erro na comparação entre as
metodologias.
32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelo fato de ser uma tecnologia que não sofre influência de descargas
atmosféricas, campos elétricos ou magnéticos e é resistente à corrosão, aliado aos
resultados obtidos neste trabalho, percebe-se que a metodologia proposta para a
determinação do nível de água em instrumentos utilizados para monitoramento
geotécnico, fazendo uso da tecnologia da fibra óptica, é eficaz.

Uma vez instalada as fibras ópticas no interior dos instrumentos (PZMs e


MNAs), podem ser realizadas leituras precisas, cobrindo grandes áreas de medição
(diversos equipamentos), unicamente com a conexão de um interrogador apropriado
nas extremidades da fibra óptica.

Desta maneira, áreas com elevada probabilidade de movimentação de massa


devido ao fluxo do nível freático no interior do solo poderão ser identificadas com o
uso da tecnologia.

A diferença verificada entre dados de monitoramento de medidores de nível


d’água convencionais e os de tecnologia de fibra óptica encontraram-se em sua maior
parte dentro do erro estimado da unidade leitora DTS (±0,5m), que se considera
negligenciável.

É importante citar que uso desta tecnologia minimiza falhas de leitura do


operador bem como, os riscos associados ao seu trabalho em campo. Por fim, a
utilização desta tecnologia propicia a aquisição de um número elevado de dados,
possibilitando ainda o monitoramento remoto e a grandes distâncias. Ainda, o
monitoramento pode ser realizado sem a necessidade do deslocamento de operador
a cada instrumento, geralmente instalados em locais de difícil acesso e com topografia
acidentada, fatores que dificultam as leituras.
33

REFERÊNCIAS

AUFLEGER, M.; GOLTZ, M.; CONRAD, M. Distributed Fibre Optic Temperature


Measurements – A Competitive Alternative for Temperature Monitoring in Large
RCC Dams. Proceedings. In: The 5th International Symposium on RCC Dams.
Guiyang, China, 2007.
BAILEY, D.; WRIGHT, E. Pratical Fiber Optics. Inglaterra: Newnes, 2003.
BURAS, M. Aplicação de sensores distribuídos de fibra óptica em um modelo
experimental para monitoramento de movimentos de massa. 2013. Dissertação
de Mestrado. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR.
DUNNICLIFF, J. Geotechnical Instrumentation for Monitoring Field Performance.
Canada: Wiley, 1988.
FERNANDES, N. F.; AMARAL, C. P. Movimentos de Massa: uma Abordagem
Geológico-Geomorfológica. In: GUERRA, A J. T; CUNHA, S. B. (Orgs).
Geomorfologia e Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. 2.ed., p.123-
194.
FREUDENRICH, C. How Fiber Optics Work. Acessado em: 20/07/2017. Disponível
em: http://electronics.howstuffworks.com/fiber-optic.htm.
GLISIC, B.; INAUDI, D. Fibre Optic Methods: for structural health monitoring. SI
Version - ED. John Wiley & Sons, Ltd. 2007.
GUIDICINI, G.; NIEBLE, C. M. Estabilidade de Taludes Naturais e de Escavação.
2.ed. São Paulo: USP/Edgard Blucher, 1984.
KEISER, G. Optical Fiber Communications. 2.ed. USA: Mc Grall-Hill, 1991.

LACERDA, W. A., Estabilidade de Encostas Naturais e Estruturas de Retenção.


in: 2º COLÓQUIO DE SOLOS TROPICAIS E SUAS APLICAÇÕES EM ENGENHARIA
CIVIL, 1989, Porto Alegre. Anais CPGEC/UFRGS, p. 201-217.

Medidor de Nível da Água 101. AgSolve, São Paulo. Disponível em: <
https://www.agsolve.com.br/produto/979/medidor-de-nivel-da-agua-101>. Acesso
em: 17 de nov. de 2018.

PINHEIRO, R. J. B; BRESSANI, L, A; BICA, A. V. D., A Study on the Residual Shear


Strength of two Unstable Slope in the State of Rio Grande do Sul. In: 2º
CONFERÊNCIA BRASILEIRA SOBRE ESTABILIDADE DE ENCOSTAS (COBRAE),
1997, Rio de Janeiro. Anais ABMS/ABGE, p. 443-452.

SILVEIRA, R. M. Propriedades Geotécnicas dos Solos Coluvionares do


Gasoduto Bolívia-Brasil em Timbé do Sul (SC). 2003. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.
SOUZA, L. R. Desenvolvimento de um sistema de instrumentação para medição
do nível d’água com base na tecnologia de fibra óptica. Dissertação (Mestrado em
34

Gestão e Transferência de Tecnologia) - Instituto de Tecnologia para o


Desenvolvimento, Instituto de Engenharia do Paraná, Curitiba, 2012.
SMOLEN, J. J.; SPEK, A. V. D. Distributed Temperature Sensing – A DTS Primer
for Oil & Gas Production. Shell, 2003.
VICTORINO, D. R., GEHLING, W. Y. Y, Ramires Mirtes C. P.- Piezômetro e Medidor
de Nível D`água em pistas experimentais da UFRGS. XVIII Congresso Regional de
Iniciação Científica e Tecnológica. 2003: 1 a 4.
WATLEY, D.; JOHANSSON, S. Optical allusions. Waterpower magazine, december,
2004.
WOLLE, C. M. Taludes Naturais: Mecanismos de Instabilização e critérios de
Segurança. 1980. Dissertação de Mestrado. Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, EPUSP, São Paulo.

Você também pode gostar