Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
CURSO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
Florianópolis
2020
Silvana dos Reis Aguiar
Florianópolis
2020
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Inclui referências.
Trabalho submetido à banca examinadora como parte dos requisitos para Conclusão do Curso
em Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental – TCC II.
________________________
Prof.ª Maria Elisa Magri, Dra.
Coordenadora do Curso
Banca Examinadora:
________________________
Prof. Pablo Heleno Sezerino, Dr.
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina
Agradeço a todos que fizeram parte deste ciclo que se finaliza. Em especial, aos meus
pais Neíta e Silvano, pelo incentivo de tornar o meu sonho de ingressar em uma universidade
federal uma realidade. Além de todo o amor, apoio e amparo durante os anos de graduação,
essa conquista só existe porque vocês tornaram possível.
As minhas irmãs Maíra e Luíza, que são um exemplo para mim e sempre acreditaram
na minha capacidade. Obrigada por todo amor, amizade, apoio, conselhos e por proporcionarem
ainda mais luz, leveza, força e alegria com a vinda dos meus sobrinhos ao mundo.
Aos meus avós (in memorian) pelos grandes ensinamentos da vida, por depositarem o
seu amor mais puro e passarem valores como respeito, honestidade, empatia e família. Esta
base me fortalece e me encoraja a viver os grandes desafios da vida.
As minhas melhores amigas por apoiarem todas as minhas decisões e por tornarem
todos esses anos da minha vida mais leve e feliz, sou grata a cada uma por suas palavras de
conforto, trocas de energias, aprendizados e por me inspirarem de todas as maneiras possíveis.
Aos meus colegas, parceiros e grandes amigos que ganhei neste caminho longo da
graduação. Esta trajetória só foi muito especial e maravilhosa pois vocês estiveram presentes
nela, tornaram tudo mais fácil e agradável. Sou eternamente grata aos meus amigos Fabiola e
Junior por me incentivarem a fazer intercâmbio e por viverem esta experiência comigo, com
certeza foi a melhor escolha da minha vida.
Aos colegas de trabalho da Rotária pelos aprendizados adquiridos durante esses meses
de estágio. Em especial a Heike, por compartilhar ideias e projetos que auxiliaram na escolha
do tema e por disponibilizar informações essenciais para o desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço ao professor Pablo Heleno Sezerino pela orientação e contribuição
dedicadas a este trabalho.
A persistência é o menor caminho do êxito.
Charles Chaplin,1940
RESUMO
The proposal for decentralized treatment of domestic wastewater in places without network and
wastewater treatment is an alternative for universalize the sanitation in Brazil.
The ecotechnology constructed wetlands has been showing the use’s applicability for this
scenario. In this context, the present work features the exectuive project of a constructed
wetlands system composed of a first wetland stage in a french model adapted to the subtropical
climate, followed by a aftertreatment stage with a horizontal and a vertical wetland. The project
has aimed the treatment of domestic wastewater generated in na engineering company and in
two adjacente residences generating a population equivalent (PE) of 30 people, and from the
implantation of the system become a research unit. The steps performed in the work presented
the dimensioning of the modules, the tank for the pumping system, the wells between the filters,
as well as the details of the modules highlighting the construction aspects and a cost and
treatment efficiency’s estimative. Based on the literature recommendations for sizing, the
welands modules presented the following dimensions: (i) modifed french wetland with 24,5 m²
of surface área; (ii) horizontal wetland with 13,75 m² of surface área; (iii) vertical wetland with
6,25 m² of surface área. The estimated cost to implemente the system for na PE of 30 people
was R $ 21,425.7, wich represented a value of R $ 714.19/inhab and R $ 396.77/m², including
all labor expenses of work, materials and necessary equipment for the functioning of the
wetlands, except the expense related to the operation of the pumping system in the suppy of the
filters. The foreseen efficiencies were based on the literature recommends for formats similar
to those presented in the project, with an overall performance forecast of 85% for COD, 90%
BOD and 90% for SS, producing na efluente treated according with the regulations for lauch
into the environment.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15
2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 16
2.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 16
3.5.1 Adaptação do Sistema Francês para clima tropical: Wetland tipo Fito Filtro
(WTFF) ................................................................................................................. 23
4 METODOLOGIA ................................................................................................ 31
4.1 Caracterização da área de estudo ........................................................................... 31
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 36
5.1 Cálculo da vazão afluente do esgoto bruto ............................................................ 36
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 59
REFERÊNCIAS................................................................................................... 60
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O sistema francês é uma variante dos wetlands construídos de fluxo vertical, com fases
alternadas de alimentação e repouso. A característica diferencial deste sistema é que ele pode
receber esgoto bruto diretamente na primeira etapa e consiste basicamente de dois estágios.
21
Caso não haja um monitoramento e controle desses processos, pode haver limitações
na taxa de transferência de oxigênio e, também, a redução da taxa de mineralização da camada
orgânica. A ocorrência de uma destas limitações, pode desencadear num impacto no processo
e ampliar a taxa de colmatação do filtro. No entanto, sabendo a importância da colmatação para
o funcionamento do filtro, é necessário manter um equilíbrio para que não atinja um nível em
que afete a durabilidade e a desempenho do sistema. A camada de lodo depositada sobre o filtro
cresce aproximadamente 2,5 cm/ano no carregamento nominal, segundo Molle (2014) e deve
ser removida quando atinge 20 cm, o que é previsto para acontecer depois de 10 a 15 anos
(DOTRO et al., 2017).
3.5.1 Adaptação do Sistema Francês para clima tropical: Wetland tipo Fito Filtro
(WTFF)
remoção quase completa de DQO, DBO5 e turbidez (HOFFMANN et al., 2013). Contudo,
quando busca-se uma opção mais econômica e, muitas vezes não encontra-se areia disponível
no local para este tipo de tratamento, surge a possibilidade de complementar o tratamento da
primeira etapa com um wetland horizontal com brita em que se tem um sistema baseado
totalmente na brita tratando esgoto bruto.
25
3.6.3 Microrganismo
- O revestimento evita o contato do esgoto com as águas subterrâneas, mas não melhora
a qualidade do efluente e não impede a obstrução do filtro;
- As desvantagens são os custos adicionais, a dificuldade de encontrar um fornecedor
local, poluição ambiental durante a produção das mantas de PVC e o custo para instalação.
Além disso, seguindo a literatura de Von Sperling e Sezerino (2018) e Molle et al.
(2017) são recomendados para a primeira etapa dos wetlands de sistema francês em clima
tropical alguns valores de granulometria e profundidade dos materiais filtrantes, como mostra
a Tabela 1.
Tabela 1 – Legenda
Legenda:
Hsup - altura da camada superior do meio suporte (camada principal, de filtração);
Hint - altura da camada intermediária, de transição;
Hinf - altura da camada inferior, de drenagem;
Glsup - granulometria do leito na camada superior do meio filtrante;
Glint - granulometria do leito na camada intermediária;
Glinf - granulometria do leito na camada inferior, de drenagem.
Fonte: Elaborado pela autora (2020)
31
4 METODOLOGIA
O presente trabalho está inserido no projeto da empresa Rotária do Brasil Ltda, com o
desenvolvimento de um sistema de wetlands construídos objetivando o tratamento de esgoto
doméstico, como também futuras pesquisas de eficiência do sistema com apenas a primeira
etapa do sistema francês (WTFF) e, também, com a inclusão de pós-tratamento de um wetland
horizontal com brita comparado com um wetland vertical com areia. O esgoto a ser tratado no
sistema provém da edificação da empresa Rotária do Brasil, onde há um total de 44 funcionários
ativos que trabalham no escritório, somado ao esgoto de duas residências localizadas ao lado
da empresa, onde habitam um total de 8 pessoas.
O projeto contempla a execução de três wetlands construídos, sendo a primeira etapa
um wetland vertical para o recebimento do esgoto bruto, como o modelo francês, porém
adaptado para as condições locais de clima, com dois filtros em paralelo, chamado Wetland tipo
Fito Filtro (WTFF), como apresentado na revisão. A segunda etapa compreende um wetland
horizontal completamente saturado, com a utilização de brita como material filtrante. O terceiro
wetland construído será de fluxo vertical com areia como meio filtrante, sendo que, poderá
atuar como segunda ou terceira etapa de tratamento, isto dependerá da eficiência do wetland
horizontal.
A contribuição per capita de esgoto pode ser definida pelo consumo de água per capita
multiplicado pelo coeficiente de retorno (C). No entanto, há normativas que estabelecem
recomendações de contribuição de esgoto diária per capita para determinado tipo de ocupação.
A ABNT NBR 13969 (ABNT, 1997) apresenta valores médios de contribuição de esgoto (L/d)
conforme a Tabela 2.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste tópico são apresentados os cálculos da vazão afluente do esgoto bruto, da vazão
de aplicação alimentada pelas bombas no reservatório, do dimensionamento dos módulos do
sistema proposto, assim como, a caracterização do sistema, os aspectos construtivos aplicados
no projeto, a estimativa de custos e eficiência esperada do sistema.
As plantas finais do projeto do sistema de wetlands com vista superior, vista lateral,
cortes, detalhes e tabela de quantitativo podem ser encontradas nos Apêndices A e B.
Segundo Von Sperling e Sezerino (2018) a vazão afluente que deve ser considerada
no dimensionamento é a vazão média, e sendo caracterizado como um sistema individual e
unifamiliar a vazão a ser atribuída no projeto é a vazão doméstica.
Usualmente, a vazão doméstica é obtida através da população de projeto e de um valor
estipulado de contribuição diária de esgoto per capita.
Conforme citado anteriormente, o coeficiente de correção de equivalência
populacional para escritórios é de 0,5, assim o número de funcionários ativos é dado conforme
equação (1).
Então, como ponto de partida foram adotados os seguintes valores: 54 gDBO5 /hab.d,
60 g SS/hab.d, 120 gDQO/hab.d (ABNT NBR 12209, 1992 e 2011) e 3,5 gN/hab.d (conforme
dados antes registrados pela Rotária). Assim, considerando o equivalente populacional do
projeto igual a 30 pessoas, tem-se os valores apresentado na Tabela 3.
E.P 30 pessoas
DBO 1620 gDBO/d
DQO 3600 gDQO/d
SS 1800 gSS/d
NTK 105 gNTK/d
Q 4,8 m³/d
Fonte: Elaborado pela autora (2020)
𝐴𝑟 = 30 𝐸. 𝑃. × 0,8 𝑚2 / 𝐸. 𝑃. = 24 𝑚² (4)
Assim, cada leito filtrante com uma área superficial de 12 m². No entanto, como se
trata de um sistema de escoamento vertical, as relações geométricas entre comprimento e
largura são menos relevantes, e estão mais associadas com a distribuição adequada da vazão
afluente em toda a superfície. Adotou-se para este filtro dois leitos de iguais dimensões (L:C =
1:1), sendo 12 m² a área de cada leito, obtém-se uma raiz quadrada de 3,46 m para largura e
comprimento, por motivos de facilidade construtiva arredondou-se este valor para 3,5 m,
39
configurando assim uma área superficial para cada leito de 12,25 m² e resultando em uma área
total de 24,5 m².
Desta forma, as cargas orgânicas aplicadas (CA) para DQO, DBO, SS e NTK do
mesmo modo que a taxa de aplicação hidráulica (TAH), para a área total calculada, são
definidas pelas equações 5, 6, 7, 8 e 9.
Os valores obtidos estão dentro do que se recomenda para carga orgânica aplicada e
taxa de aplicação hidráulica possibilitando este método aplicado como dimensionamento.
Segundo o guia de Molle et al. (2017) outro método que é recomendado a ser utilizado
é a partir da carga orgânica aplicada. Como citado anteriormente, segundo Molle et al. (2017)
os filtros operam com uma carga orgânica aplicada de até 350 gDQO/m².d. De acordo com esta
recomendação, calcula-se uma área requerida conforme a equação 10:
40
Desta forma, considerando que serão 2 leitos, tem-se uma área total de 20,58 m².
Assim a carga de SS aplicada (𝐶𝐴𝑆𝑆 ), a carga de DBO aplicada (𝐶𝐴𝐷𝐵𝑂 ) e a taxa de aplicação
hidráulica (TAH) são obtidas seguindo as equações 11, 12 e 13:
Os valores obtidos de cargas aplicadas de SS e DBO, a partir deste método, não estão
dentro do que a literatura recomenda como limite. Desta forma, adotou-se o método calculado
primeiramente para fins de dimensionamento, por garantir a relação 0,8 m²/EH e as
concentrações máximas de 75 gSS/m².d e 75 gDBO/m².d.
(MOLLE et al., 2017; VON SPERLING et al., 2018): 85% de DBO, 75% de DQO, 85% de
SST, 40% de NTK e 1% na vazão.
Isto posto, definiu-se a largura e comprimento do filtro em 2,5 m e 5,5 m
respectivamente, que multiplicados obtém-se uma área superficial de 13,75 m².
Em posse do valor da área superficial do leito filtrante, calculou-se a taxa de aplicação
orgânica superficial (𝑇𝐴𝑂𝐷𝐵𝑂 ) utilizando a relação entre a carga de DBO afluente ao wetland e
área requerida adotada, como mostra a equação (14).
A partir deste valor é provável de constatar que o risco de colmatar o filtro por excesso
de sólidos na entrada do filtro é baixo, pois o valor calculado está bastante inferior ao limite
adotado.
42
Com estas informações é possível interpretar que as dimensões adotadas para o filtro
foram precipitadas considerando a carga orgânica e hidráulica que serão aplicadas.
Assim, recomenda-se aplicar para este wetland a metade da vazão de alimentação do
sistema para que o seu tratamento seja atendido.
Desta maneira, assumindo que a vazão alimentada no filtro será metade da vazão,
calculou-se uma nova taxa de aplicação hidráulica para verificação do limite admitido,
conforme equação (18).
Sabendo-se que o WTFF será alimentado com 6 aplicações ao longo do dia, vazão
média reduzida em 6 vezes por aplicação, e que o wetland vertical com areia será alimentado
por gravidade vindo do WTFF, pressupõe-se que as dimensões adotadas possam suportar as
cargas aplicadas. Porém, caso não venha a ter êxito, sugere-se reduzir a vazão à metade com a
instalação de uma bomba para alimentar o wetland, a qual atende a taxa de aplicação hidráulica
limite pela área de atuação.
Dado que este wetland funcionará como pós-tratamento do WTFF ou poderá atuar
como um complemento ao pós-tratamento do WCFH, o objetivo, além de tratar o esgoto, é a
pesquisa que poderá ser realizada com base nos variados valores de carga que poderão ser
aplicados com a finalidade de encontrar a melhor eficiência. Com base em experiências já
mencionadas no texto, espera-se que a eficiência no WTFF possa cumprir como objetivo de
tratamento, o que flexibiliza os wetlands construídos como pós-tratamento para a exploração
na pesquisa.
44
Foram projetados para o sistema 4 leitos de wetlands, como indicado na Figura 7, que
totalizam uma área de 54 m². Além dos filtros, o sistema contará com três poços idênticos para
armazenamento e posterior distribuição do efluente com as seguintes dimensões: 80 cm de
diâmetro com 100 cm de altura.
.
Figura 7 - Sistema de wetlands
Após passarem pela primeira etapa, o efluente será distribuído por gravidade para a
etapa de pós-tratamento. Antes disto, o efluente coletado pelos drenos do WTFF é encaminhado
para o primeiro poço, o qual permite conduzir o efluente para o wetland horizontal ou para o
wetland vertical, através de dois registros de manobra que serão instalados para controle do
direcionamento pretendido. O segundo poço poderá receber o efluente tratado do wetland
horizontal como também o efluente do primeiro poço, tratado apenas na primeira etapa. O
terceiro poço, localizado ao lado do wetland vertical, terá fluxo livre do primeiro e do segundo
poço para a possibilidade de tratar o efluente como segunda ou terceira etapa de pós-tratamento.
Por fim, o efluente tratado será destinado para valas de infiltração.
Todos os três wetlands terão uma altura de 1,10 m, sendo que o wetland horizontal
será posicionado 1,1 m abaixo da base do WTFF e, o wetland vertical, com a base 1,1 m abaixo
do wetland horizontal. Os poços 1, 2 e 3 estarão dispostos 20 cm abaixo da base de cada filtro.
As dimensões das tubulações de alimentação e dos drenos que coletarão o efluente
tratado seguem referências de algumas experiências realizadas pela empresa e recomendações
da literatura. A escolha do material e da granulometria do meio filtrante dos wetlands foram
determinadas, prioritariamente, em função da disponibilidade e custo do material.
Este módulo compreende uma área superficial de 24,5 m², cada célula possui
dimensões de 3,5 m x 3,5 m. Conforme recomendações de Molle et al. (2017) e de uma
experiência realizada pela Rotária no Peru, o material filtrante será disposto em ordem crescente
de granulometria ao longo da profundidade do filtro, com 40 cm de brita #0 (6,4 mm) na camada
filtrante, 20 cm de brita #1 (12,7 mm) na camada de transição, 20 cm de brita #2 (19,1 mm) na
camada drenante e 30 cm de borda livre.
Cada bomba trituradora alimentará um leito com o esgoto bruto, a distribuição do
efluente ocorrerá através de uma tubulação em PVC DN 75 centralizada acima da superfície de
cada leito, que espalhará o esgoto com aplicação intermitente (6 pulsos por dia). A Figura 8
apresenta um exemplo de como funciona esta distribuição. As duas bombas serão operadas em
alternância, com 3,5 dias de alimentação e 3,5 dias de repouso, compondo um ciclo total de
cerca de 7,0 dias. O esgoto tratado será coletado por um tubo corrugado perfurado para
drenagem (DN 100) centralizado no fundo de cada leito, que serão conectados à um duto
flexível (DN 75) para a regulação do nível do efluente, dentro de um poço de passagem.
46
O filtro horizontal dispõe de uma área efetiva de 13,75 m², terá como profundidade
50 cm de borda livre e 60 cm de material filtrante, sendo 40 cm de brita #0 (6,4 mm) na camada
filtrante e 20 cm de brita #1 (12,7 mm) ocupando a camada de transição e drenagem. A
distribuição do efluente no wetland horizontal ocorrerá através de um tubo em PVC DN 100,
localizado na superfície transversal da borda do filtro. A tubulação terá furos de 20 mm de
diâmetro espaçados a cada 10 cm. No fundo do filtro, na borda transversal oposta ao tubo de
entrada, estará disposta a tubulação de coleta do efluente com um diâmetro nominal – DN 100
em PVC e, também conectado à um duto DN 75 que adentrará um poço para controlar o nível,
permitindo a saturação do meio filtrante.
O wetland de fluxo vertical configura uma área superficial de 6,25 m², o filtro terá 60
cm de borda livre e será preenchido com 50 cm de uma areia existente nas dependências da
empresa. Para a distribuição do esgoto na superfície do filtro, serão utilizados dois tubos
perfurados manualmente a cada 15 cm, em PVC DN 50. O uso de dois tubos para a distribuição
tem como objetivo a possibilidade de isolar um dos tubos para deixar secar uma área em casos
de problemas operacionais, como a colmatação devido ao excessivo crescimento da biomassa
e falta de condição aeróbia no sistema.
47
Assim como os outros dois wetlands, o efluente tratado será coletado por um dreno
corrugado perfurado em PVC (DN 100) centralizado no fundo do leito, que será conectado em
um duto flexível DN 75, passando também por um poço, onde será possível controlar o nível.
5.4.4.1 Estrutura
A escolha da estrutura de wetlands construídos e como ela pode ser executada varia
em função das condições específicas de cada projeto. As estruturas podem ser escavadas ou
erguidas acima do solo. No estudo presente os leitos da primeira etapa (Fito-filtro) foram
construídos acima do terreno com blocos de concreto e as outras duas etapas foram ligeiramente
escavadas, para o nivelamento correto da diferença de nível e, construídas também com blocos
de concreto, conforme a Figura 9. Os poços para a passagem e controle do nível dos wetlands
serão tubos de concreto armado pré-moldados de seção circular.
5.4.4.2 Impermeabilização
Para que o sistema funcione sem vazamentos, é necessário garantir a estanqueidade,
isto é, o isolamento da estrutura. Isto permite reduzir as interações com a água subterrânea,
mantendo a qualidade da água, evitando a contaminação do lençol freático. Deste modo, neste
projeto as paredes internas dos wetlands construídos serão impermeabilizados com mantas de
geomembranas em polietileno PEAD de 1mm de espessura, como mostra a Figura 10.
5.4.4.3 Macrófitas
É importante fazer uma escolha cuidadosa da vegetação a ser empregada, visto que ela
possui importante função para o sucesso do sistema. E para melhor critério de seleção na
determinação da planta utilizada, estão o potencial de crescimento, a capacidade de
sobrevivência e adaptação da espécie ao local onde será inserida e o custo para transporte e
manutenção (INTERNATIONAL WATER ASSOCIATION, 2000). Como já citado
anteriormente, é preferível utilizar espécies facilmente encontradas no mercado ou em um
ambiente análogo para simplificar o transplantio.
A empresa Rotária opera e presta manutenção para a ETE Madri, localizada no
munícipio de Palhoça-SC, onde há um sistema de wetlands para o tratamento de lodo da
estação. Este sistema funciona como um viveiro que comporta variadas espécies de macrófitas,
conforme apresentado na Figura 11, as quais estão sendo testadas conforme adaptação ao
sistema.
Figura 11 – Viveiro da ETE Madri de macrófitas em wetlands para tratamento de lodo
Para os wetlands do sistema do presente projeto serão transplantas mudas das seguintes
espécies: Cyperus giganteus (Papiros brasileiro), Cyperus papyrus Nanus (Mini Papiro),
Cyperus alternifolius (Papiros Chinês), Chrysopogon zizanioides (Vetiver) e outras espécies
das famílias Heliconiaceae (Helicônia) e da Araceae (Copo de leite). Esta variedade de
macrófitas possibilitará uma ampla pesquisa e estudo de qual planta melhor se adequará.
50
A estimativa de custos dos materiais para a implantação e mão de obra deste projeto
foi levantada com base nas tabelas do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
Construção Civil (SINAPI) do estado de Santa Catarina do ano de 2020. Alguns itens foram
orçados em lojas de construção quando não constavam no SINAPI.
O SINAPI é uma ferramenta amplamente utilizada para orçamento de obras públicas
e também privadas, sendo os dados originados por fornecedores de materiais de construção civil
e empresas construtoras. O sistema é uma produção conjunta do IBGE e da Caixa Econômica
Federal e, o qual é revisado e atualizado mensalmente conforme variação de valores de cada
estado do país (IBGE, 2020).
Nos custos de implantação considerou-se a preparação do terreno e movimento de
terra, os elementos construtivos para a construção dos wetlands, poços e caixas para válvulas e
reservatório e as tubulações, conexões e equipamentos da parte hidráulica do sistema, sendo
que todos os itens incluem a mão de obra dos serviços. Esta estimativa de custos não isenta a
elaboração de um orçamento completo quando o projeto estiver em fase de implantação, e das
demais etapas que se julguem necessários à perfeita execução e operação dos equipamentos.
A Tabela 4, 5 e 6 apresentam um orçamento prévio para a implantação do sistema,
com a descrição, valor unitário, quantidade e custo de cada item, assim como o valor total
estimado.
Valor
Descrição Unidade Quantidade Custo
Unitário
Escavação vertical a céu aberto, incluindo carga,
descarga e transporte em solo. Frota de 3 caminhões m³ R$ 6,76 35 R$ 236,60
basculantes de 14 m³.
Execução e compactação de aterro com solo,
m³ R$ 6,62 117,55 R$ 778,18
escavação, carga e transporte
Roçada fina m² R$ 1,29 230 R$ 296,70
Subtotal R$ 1.311,48
Fonte: Elaborado pela autora (2020)
51
Valor
Descrição Unidade Quantidade Custo
Unitário
Tabela 6 – Tabela da estimativa de custos dos tubos, conexões e materiais com o valor total do orçamento
Valor
Descrição Unidade Quantidade Custo
Unitário
Adaptador PVC soldável DN 75 mm un R$ 32,81 2 R$ 65,62
União PVC soldável DN 75 mm un R$ 102,45 2 R$ 204,90
Tubo PVC, soldável DN 75 mm m R$ 25,72 46 R$ 1.183,12
Curva 90º PVC, soldável DN 75 mm un R$ 34,78 18 R$ 626,04
Joelho 90º PVC, soldável DN 75 mm un R$ 70,83 2 R$ 141,66
Curva 45º PVC, soldável DN 75 mm un R$ 20,64 4 R$ 82,56
Curva 22º PVC, soldável DN 75 mm un R$ 19,81 4 R$ 79,24
Registro gaveta bruto em latão forjado bitola 3" un R$ 241,97 3 R$ 725,91
Válvula de retenção horizontal, de bronze 3'' un R$ 333,10 2 R$ 666,20
TE PVC soldável DN 75 mm un R$ 39,41 2 R$ 78,82
Tubo PVC, soldável DN 100 mm m R$ 51,55 10,48 R$ 540,24
Curva 90º PVC, soldável DN 100 mm un R$ 117,99 3 R$ 353,97
Curva 45º PVC, soldável DN 100 mm un R$ 89,01 4 R$ 356,04
Registro gaveta bruto em latão forjado bitola 4" un R$ 504,18 3 R$ 1.512,54
Tubo PVC, soldável DN 50 mm m R$ 9,10 7,8 R$ 70,98
Curva 90º PVC, soldável DN 50 mm un R$ 9,89 4 R$ 39,56
Registro gaveta bruto em latão forjado bitola 2" un R$ 117,90 1 R$ 117,90
TE PVC soldável DN 50 mm un R$ 6,61 1 R$ 6,61
Tubo PVC corrugado perfurado DN 100 mm para
m R$ 28,52 11,05 R$ 315,15
drenagem
Tubo PVC série R DN 75 mm m R$ 11,72 7,82 R$ 91,65
Redução excêntrica PVC série R DN 100x75 mm un R$ 10,46 4 R$ 41,84
Joelho 90º PVC, série R DN 75 mm un R$ 11,30 8 R$ 90,40
Bomba trituradora submersível - CLAW-XSP14-
un R$ 1.022,00 2 R$ 2.044,00
7/1.1ID 1,5HP - 220 V
Subtotal R$ 9.434,95
TOTAL R$ 21.425,76
Fonte: Elaborado pela autora (2020)
53
DBO 85 %
DQO 75 %
SS 85 %
N total < 40 %
Fonte: Elaborado pela autora (2020)
Para a etapa de pós-tratamento com o WCFH com brita pós um WTFF não há
experiências desenvolvidas pela empresa Rotária que possam trazer como referência uma
eficiência esperada para o sistema. Contudo, o documento desenvolvido por Von Sperling e
Sezerino (2018) apresenta uma estimativa de eficiência em remoção esperada para um filtro
horizontal com brita pós o 1º estágio do SF no Brasil. Como o dimensionamento do WCFH foi
definido conforme o documento citado, espera-se eficiências mínimas conforme os valores
apresentados mostrados na Tabela 8.
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BITTON, G. Wastewater Microbiology. John Wiley & Sons, Inc. Hoboken, 3ed. P.765,
2005.
COOPER, P. F., et al. Reed beds and constructed wetlands for wastewater treatment.
Medmenham, Marlow, UK: WRc Publications, p. 184, 1996.
DOS SANTOS, R. F; PIERRE, S.; PELOSI, E.; TADEU, F.; Abordagem descentralizada
para concepção de sistemas de tratamento de esgoto doméstico. Revista Eletrônica de
Tecnologia e Cultura. Edição 16ª, 2015.
LARSEN T. A.; UDERT. K. M.; LIENERT, J. Source separation and decentralization for
wastewater management. London, IWA Publishing, 2013.
MOLLE, P., LIÉNARD, A., BOUTIN, C., MERLIN, G., & IWEMA, a. How to treat raw
sewage with constructed wetlands: An overview of the French systems. Water Science and
Technology, v.51, 2005.
MOLLE, P., LIÉNARD, A., GRASMICK, A., IWENA, A. Effect of reeds and feeding
operations on hydraulic behaviour of vertical flow constructed wetlands under hydraulic
overloads. Water Research, v. 40, 2006.
SNIS - Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento. Diagnóstico dos Serviços de Água
e Esgotos 2018. Disponível em : <http://www.snis.gov.br/>. Acesso em: 22 jun. 2020.
TANNER, C.C.. Plants for constructed wetland treatment systems –A comparison of the
growth and nutrient uptake of eight emergent species. Ecological Engineering, v.7, p.59–
83, 1996.