Você está na página 1de 98

UNIVERSIDADE 

FEDERAL DE SANTA CATARINA 
CENTRO TECNOLÓGICO 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 
 
 
 
Isadora Pandolfo 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DO CUSTO DE IMPLANTAÇÃO DE REDE COLETORA DE 
ESGOTO UTILIZANDO O CRITÉRIO DE DIÂMETROS NÃO PROGRESSIVOS EM 
REGIÕES COM ELEVADA VAZÃO CONCENTRADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
2021 

 
Isadora Pandolfo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DO CUSTO DE IMPLANTAÇÃO DE REDE COLETORA DE 
ESGOTO UTILIZANDO O CRITÉRIO DE DIÂMETROS NÃO PROGRESSIVOS EM 
REGIÕES COM ELEVADA VAZÃO CONCENTRADA 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho  Conclusão  do  Curso  de  Graduação  em 
Engenharia Sanitária e Ambiental do Centro Tecnológico 
da  Universidade  Federal  de  Santa  Catarina  como 
requisito  para  a  obtenção  do  título  de  Bacharel  em 
Engenharia Sanitária e Ambiental 
Orientador: Prof. Pablo Heleno Sezerino, Dr. 
Coorientadora: Débora Parcias Olijnyk, Ma. 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
2021 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração 
Automática da Biblioteca Universitária da UFSC. 

  

 
Isadora Pandolfo 
 
AVALIAÇÃO DO CUSTO DE IMPLANTAÇÃO DE REDE COLETORA DE 
ESGOTO UTILIZANDO O CRITÉRIO DE DIÂMETROS NÃO PROGRESSIVOS EM 
REGIÕES COM ELEVADA VAZÃO CONCENTRADA 
 
Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de “Bacharel
em Engenharia Sanitária e Ambiental” e aprovado em sua forma final pelo Curso de
Engenharia Sanitária e Ambiental 
 
Florianópolis, 11 de maio de 2021. 
 
 
__________________________________ 
Profa. Maria Elisa Magri, Dra. 
Coordenadora do Curso 
 
Banca Examinadora: 
 
 
__________________________________ 
Prof. Pablo Heleno Sezerino, Dr. 
Orientador 
Universidade Federal de Santa Catarina ­ UFSC 
 
__________________________________ 
Engª. Débora Parcias Olijnyk, Ma.  
Coorientadora 
Companhia Catarinense de Águas e Saneamento ­ CASAN 
 
__________________________________ 
Prof. Raphael Corrêa Medeiros, Dr. 
Avaliador 
Universidade Federal de Santa Maria ­ UFSM 
 
 __________________________________ 
Prof. Leandro Bassani, Dr. 
Avaliador 
Universidade Federal da Fronteira Sul ­ UFFS 
   
 
AGRADECIMENTOS 

Meus agradecimentos iniciam pela minha família, em especial à minha mãe, Luciana, 
que sempre tem as palavras certas para me tranquilizar e ao meu pai, João, que não cansa de 
demonstrar  todo  seu  orgulho  por  mim.  Sou  grata  aos  dois  por  terem  proporcionado  a  vida 
maravilhosa que tenho e as oportunidades de ensino que me fizeram chegar até aqui. Obrigada 
por sempre acreditarem no meu potencial. Vocês são a base de todas minhas conquistas.  
Agradeço à Universidade Federal de Santa Catarina pelo ensino de qualidade e  aos 
professores  que  contribuíram  para  minha  formação  com  excelência,  dando  destaque  ao 
professor Pablo Sezerino pela orientação, apoio e estímulo na execução desse trabalho. 
Agradeço  à minha prima,  Laura, que, embora virtualmente, esteve sempre presente 
sendo meu suporte em todos os momentos difíceis. Deixo aqui minha gratidão por todo o tempo 
desprendido me ajudando, me acalmando e me motivando. 
Agradeço à minha primeira e permanente amiga da graduação, Bruna, por tornar os 
anos de estudo mais leves e por todas as palavras de admiração que são o combustível que me 
fazem seguir em frente.  
A  todas  as  amigas  que  fiz  ao  longo  da  trajetória  dentro  da  UFSC  agradeço  pela 
parceira, amizade e momentos incríveis. À Bruninha e à Amanda, que foram uma gratificante 
surpresa  nessa  reta  final,  fica  meu  agradecimento  especial  pela  confiança  e  colaboração  na 
execução  dos  incontáveis  trabalhos,  além  de  toda  cumplicidade  para  manter  o  equilíbrio 
emocional. Sem vocês os resultados não seriam tão positivos.  
Aos meus amigos de infância e de colégio que foram, e são, elementos fundamentais 
para construção de quem  eu sou. Fico muito  agradecida por permanecerem  fiéis  e parceiros 
mesmo que distantes fisicamente.  
À  CASAN  e  à  DIPE  pela  disponibilização  dos  dados,  pela  confiança  e  por  todo 
aprendizado  fornecido.  Em  especial,  agradeço  à  engenheira  Débora,  coorientadora  desse 
trabalho,  pelo  aceite,  disponibilidade,  contribuições  e  também  pelo  grande  exemplo  de 
profissional. Sem essa equipe eu não teria a oportunidade e a bagagem para execução desse 
trabalho.  
Agradeço à Sabrina (in memoriam), minha bichinha peluda que tirou muitos cochilos 
em cima das apostilas enquanto me fazia companhia durante as horas de estudo. 
Por fim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram com a minha formação 
e com a elaboração desse trabalho, principalmente àqueles que conviveram comigo nos últimos 
meses enquanto eu só conseguia falar e pensar no trabalho de conclusão.   
 
RESUMO 

A  implantação  de  um  Sistema  de  Esgotamento  Sanitário  visa  resolver  problemas  sanitários, 
sociais,  econômicos  e  de  saúde  de  uma  comunidade,  sendo  de  suma  importância  o  acesso 
adequado para toda a população. Sabendo que a implantação de rede coletora de esgoto é uma 
parte  bastante  onerosa  do  sistema,  para  possibilitar  a  universalização  do  saneamento  é 
fundamental  estudos que permitam a redução dos custos das  obras. Como  o orçamento  está 
ligado a diversos fatores, foi verificado nesse trabalho a possibilidade de diminuição do custo 
a partir da alteração do critério de determinação do diâmetro da rede, respeitando as normas 
técnicas.  Portanto,  teve­se como  objetivo  avaliar  a economia orçamentária  na construção  de 
rede coletora com grande vazão quando se utiliza o método de diâmetros não progressivos, com 
foco em uma região plana e outra com topografia acentuada. Esse método visa adotar para todos 
os  trechos  o  mínimo  diâmetro  necessário,  diferente  do  convencional  em  que  o  diâmetro  é 
sempre igual ou maior que de montante. O dimensionamento da rede foi realizado por meio do 
software SanCAD, com alteração dos critérios dentro do próprio programa para duas bacias 
com características topográficas diferentes. Para elaboração dos orçamentos, o custo da obra 
foi calculado pela tabela de custos da Operadora de Saneamento de Santa Catarina e o custo de 
materiais através de tabelas do SINAPI. Os resultados demonstram que a metodologia estudada 
apresenta  montante  economizado  na  ordem  de  até  23%  para  algumas  regiões  com 
características específicas. Assim, destaca­se a grande influência da topografia do terreno, em 
que para locais planos a economia encontrada foi de apenas 0,4%. Já para regiões com grandes 
variações de cotas há uma maior redução dos custos de implantação (da ordem de 7% a 23%), 
sendo  o  critério  de  diâmetros  não  progressivos  mais  relevante  em  bacias  desse  tipo.  Ainda, 
realça­se a influência da vazão, em que a aplicabilidade do critério cresce com maiores vazões 
de contribuições.  
  
Palavras­chave: Sistema de Esgotamento Sanitário. Rede Coletora de Esgoto. Diâmetros não 
progressivos. SanCAD. Vazões Concentradas. 
 
 
   

 
ABSTRACT 

The implementation of a Sanitary Sewage System aims to solve sanitary, social, economic and 
health problems in a community, with adequate access for the entire population being extremely 
important.  Since  the  implementation  of  sewage  network  is  a  very  costly  part  of  the  system, 
studies that allow construction costs reduction are essential to enable universal sanitation. As 
the budget is linked to several factors, it was verified in this work the possibility of reducing 
the  cost  by  changing  the  criterion  for  determining  the  diameter  of  the  sewage  network, 
respecting the technical standards. This method seeks to adopt the minimum necessary diameter 
for all stretches, different from the conventional one, where the diameter is always equal to or 
greater than the previous. Therefore, the goal was to evaluate changes in diameter and cost in 
the  construction  of  the  collection  network  with  large  flow  when  using  the  method  of  non­
progressive diameters, focusing on a flat region and another with accentuated topography. The 
dimensioning of the network was performed using the SanCAD software, changing the criteria 
within the program itself for two different topographic characteristics. To estimate budgets, the 
cost of the work was calculated using the cost table of Sanitarion Operator of Santa Catarina 
and the coast of materials trough SINAPI tables. As a result, it was observed that the studied 
methodology  presents  a  saved  amount  in  the  order  of  23%  for  some  regions  with  specific 
characteristics. Thus, it highlights the great influence of the topography of the terrain, in which 
for flat locations the economy found was just 0,4%. For regions with large variations in heights, 
there is a greater reduction in implementation costs (from 7% to 23%), with the criterion of 
non­progressive diameters being more relevant in basins of this type. Still, the influence of the 
flow  is  emphasized,  in  which  the  applicability  of  the  criterion  grows  with  greater  flow  of 
contributions. 
 
Keywords: Sanitary Sewage System. Sewage Network. Non­progressive Diameters. SanCAD. 
Concentrated Flow Rate. 
   

 
LISTA DE FIGURAS 

Figura 1 – Traçado de rede do tipo perpendicular. ................................................................... 22
Figura 2 – Traçado de rede do tipo leque. ................................................................................ 22
Figura 3 – Traçado de rede do tipo radial/distrital. .................................................................. 23
Figura 4 – Assentamento das tubulações na via pública. ......................................................... 23
Figura 5 – Elementos hidráulicos para o cálculo da tensão trativa. ......................................... 31
Figura 6 – Coletor acompanhando a declividade do terreno. ................................................... 33
Figura 7 – Coletor em terreno plano. ........................................................................................ 33
Figura 8 – Coletor em terreno com aclive. ............................................................................... 33
Figura 9 – Esquema genérico de um SES................................................................................. 37
Figura 10 – Escavação manual. ................................................................................................ 38
Figura 11 – Escavação mecanizada. ......................................................................................... 38
Figura 12 – Escoramento metálico em obra de esgoto sanitário. ............................................. 39
Figura 13 – Delimitação da Bacia A. ....................................................................................... 45
Figura 14 – Delimitação da Bacia B. ........................................................................................ 46
Figura 15 ­ Tela da rotina de dimensionamento do SanCAD................................................... 49
Figura 16 – Tela de Entrada de Vazões Concentradas. ............................................................ 51
Figura 17 – Edição da Vazão Concentrada. ............................................................................. 51
Figura 18 – Esquema das simulações. ...................................................................................... 52
Figura 19 – Resultados das simulações da Bacia A. ................................................................ 62
Figura 20 – Resultados das simulações da Bacia B.................................................................. 63
Figura 21 – Perfil do terreno de A001 até FIM. ....................................................................... 65
Figura 22 – Perfil do terreno de A039 até FIM. ....................................................................... 67
Figura 23 – Perfil do terreno de A077 até FIM. ....................................................................... 68
 

   

 
LISTA DE QUADROS 

Quadro 1 ­ Largura das valas em função do diâmetro, profundidade e escoramento. ............. 54
Quadro 2 – Tipo de escoramento de acordo com a profundidade da vala. ............................... 56
Quadro 3 – Critérios de determinação do tipo do poço de visita. ............................................ 57
Quadro 4 – Estudo das declividades das simulações em A001. ............................................... 66
Quadro 5 – Estudo das declividades das simulações em A039. ............................................... 67
Quadro 6 – Estudo das declividades das simulações em A077. ............................................... 69
Quadro 7 – Declividades adotada nos trechos de B001 até FIM.............................................. 71
Quadro 8 – Declividades adotadas nos trechos de B077 até FIM. ........................................... 73
Quadro 9 – Declividades adotadas nos trechos de B097 até FIM. ........................................... 74
   

 
LISTA DE TABELAS 

Tabela 1 – Critérios de projeto. ................................................................................................ 48
Tabela 2 – População e infiltração por bacia. ........................................................................... 50
Tabela 3 – Percentual do tipo de rocha nas Bacia A e B. ......................................................... 55
Tabela 4 – Vazões de contribuição. .......................................................................................... 59
Tabela 5 – PVs de lançamento das vazões concentradas. ........................................................ 60
Tabela 6 – Caracterização das simulações realizadas. ............................................................. 60
Tabela 7 – Critério para adoção da declividade do coletor. ..................................................... 64
Tabela 8 – Trechos que possuem alteração de diâmetro na simulação B1............................... 70
Tabela 9 – Orçamento por tipo serviço para as simulações da Bacia A. .................................. 78
Tabela 10 – Orçamento por tipo de serviço para as simulações da Bacia B. ........................... 80
Tabela 11 – Comparação dos custos totais. .............................................................................. 82
 
   

 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 

ABNT   Associação Brasileiro de Normas Técnicas 
CASAN  Companhia Catarinense de Águas e Saneamento 
CP  Caixa de Passagem 
CTJ  Cota do Terreno Jusante 
CTM  Cota do Terreno Montante 
DN  Diâmetro Nominal  
DNP  Diâmetros Não Progressivos 
DP   Diâmetros Progressivos 
EEE   Estação Elevatória de Esgoto 
ETE  Estação de Tratamento de Esgoto 
PV  Poço de Visita 
RPCM  Relatório de Preços e Critérios de Medições 
SES  Sistema de Esgotamento Sanitário 
TIL  Terminal de Inspeção e Limpeza 
TL  Tubo de Limpeza 
TQ  Tubo de Queda 
UFSC  Universidade Federal de Santa Catarina 
   

 
SUMÁRIO 

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 16
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................... 17
1.1.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 17
1.1.2 Objetivos específicos................................................................................................. 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 18
2.1 SANEAMENTO ........................................................................................................ 18
2.2 ESGOTO SANITÁRIO: CONCEITO, ORIGEM E DESTINO ................................ 18
2.3 SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO ....................................................... 19
2.3.1 Tipos de sistemas ...................................................................................................... 19
2.3.1.1 Sistema unitário .......................................................................................................... 19
2.3.1.2 Sistema separador parcial.......................................................................................... 20
2.3.1.3 Sistema separador absoluto ....................................................................................... 20
2.4 COMPONENTES DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO .................. 20
2.5 CONCEPÇÃO DA REDE.......................................................................................... 21
2.5.1 Órgãos acessórios ..................................................................................................... 21
2.5.2 Traçado da rede ........................................................................................................ 21
2.5.3 Localização dos coletores na via pública ................................................................ 23
2.5.3.1 Rede simples/rede dupla ............................................................................................. 24
2.5.4 Profundidades máximas e mínimas ........................................................................ 24
2.6 VAZÃO A ESGOTAR ............................................................................................... 25
2.6.1 Estudo populacional ................................................................................................. 25
2.6.2 Contribuição per capita ........................................................................................... 26
2.6.2.1 Consumo de água per capita ...................................................................................... 26
2.6.2.2 Coeficiente de retorno ................................................................................................ 27
2.6.3 Coeficientes de variação de vazão ........................................................................... 27
2.6.4 Taxa de infiltração.................................................................................................... 27
2.6.5 Vazão Concentrada .................................................................................................. 28
2.6.6 Cálculo das vazões de dimensionamento ................................................................ 28
2.7 CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO DE REDE COLETORA ........................ 29
2.7.1 Regime hidráulico de dimensionamento ................................................................ 29
2.7.2 Taxa de contribuição linear ..................................................................................... 29

 
2.7.3 Vazão mínima ........................................................................................................... 30
2.7.4 Diâmetro mínimo ...................................................................................................... 30
2.7.5 Tensão trativa ........................................................................................................... 30
2.7.6 Declividade mínima .................................................................................................. 32
2.7.7 Declividade máxima ................................................................................................. 32
2.7.8 Declividade do coletor .............................................................................................. 32
2.7.9 Lâmina d’água .......................................................................................................... 34
2.7.10 Velocidade crítica ..................................................................................................... 34
2.7.11 Condições para controle de remanso ...................................................................... 35
2.8 DIÂMETROS PROGRESSIVOS/NÃO PROGRESSIVOS ...................................... 35
2.9 ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ESGOTO ............................................................ 35
2.10 ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO ...................................................... 36
2.11 CORPO RECEPTOR ................................................................................................. 36
2.12 ESQUEMA GENÉRICO DE UM SISTEMA............................................................ 36
2.13 IMPLANTAÇÃO DA REDE ..................................................................................... 37
2.13.1 Escavação .................................................................................................................. 37
2.13.2 Escoramento.............................................................................................................. 38
2.13.2.1 Pontaleteamento ......................................................................................................... 39
2.13.2.2 Descontínuo ................................................................................................................ 39
2.13.2.3 Contínuo ..................................................................................................................... 39
2.13.2.4 Especial ...................................................................................................................... 40
2.13.2.5 Metálico ...................................................................................................................... 40
2.13.3 Assentamento ............................................................................................................ 40
2.13.4 Reaterro e repavimentação ...................................................................................... 40
2.14 MATERIAL DAS TUBULAÇÕES ........................................................................... 40
2.15 SOFTWARES ............................................................................................................ 41
2.15.1 PRO­Saneamento ..................................................................................................... 41
2.15.2 SanCAD ..................................................................................................................... 41
2.15.2.1 CasanCAD .................................................................................................................. 42
2.15.3 InfraCAD .................................................................................................................. 42
2.15.4 CEsg ........................................................................................................................... 42

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 44
3.1 ÁREAS DE ESTUDO ................................................................................................ 44
 
3.1.1 Caracterização da Bacia A ...................................................................................... 44
3.1.2 Caracterização da Bacia B....................................................................................... 45
3.2 DIMENSIONAMENTO COM SOFTWARE SANCAD .......................................... 46
3.2.1 Fundamentos do processo de cálculo ...................................................................... 47
3.2.2 Critérios de projeto .................................................................................................. 47
3.2.3 Rede auxiliar ............................................................................................................. 50
3.3 VAZÕES DE CONTRIBUIÇÃO ............................................................................... 50
3.4 SIMULAÇÕES .......................................................................................................... 52
3.5 CRITÉRIOS DE ORÇAMENTO ............................................................................... 53
3.5.1 Escavação .................................................................................................................. 53
3.5.2 Reaterro ..................................................................................................................... 55
3.5.3 Carga, transporte e descarga .................................................................................. 55
3.5.4 Escoramento.............................................................................................................. 55
3.5.5 Assentamento ............................................................................................................ 56
3.5.6 Remoção da Pavimentação ...................................................................................... 56
3.5.7 Execução da Pavimentação Asfáltica ..................................................................... 57
3.5.8 Poços de visita ........................................................................................................... 57
3.5.9 Materiais.................................................................................................................... 58
3.5.10 Rede auxiliar ............................................................................................................. 58

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 59
4.1 VAZÕES DE CONTRIBUIÇÃO ............................................................................... 59
4.2 DIMENSIONAMENTOS .......................................................................................... 60
4.3 COMPARAÇÕES DOS CENÁRIOS ........................................................................ 61
4.3.1 Discussão da Bacia A ................................................................................................ 64
4.3.1.1 Lançamento da contribuição no PV A001 ................................................................. 65
4.3.1.2 Lançamento da contribuição no PV A039 ................................................................. 66
4.3.1.3 Lançamento da contribuição no PV A077 ................................................................. 68
4.3.2 Discussão da Bacia B ................................................................................................ 69
4.3.2.1 Lançamento da contribuição no PV B001 ................................................................. 70
4.3.2.2 Lançamento da contribuição no PV B077 ................................................................. 72
4.3.2.3 Lançamento da contribuição no PV B097 ................................................................. 73
4.3.3 Análise da magnitude de alteração do diâmetro ................................................... 75
4.3.4 Análise da magnitude de alteração da profundidade ........................................... 75
 
4.3.5 Análise geral .............................................................................................................. 76
4.4 ORÇAMENTOS ........................................................................................................ 77
4.5 OUTROS CUSTOS NÃO CONSIDERADOS .......................................................... 83

5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 85

6 RECOMENDAÇÕES .............................................................................................. 87

APÊNDICE A – Rede Genérica da Bacia A......................................................................... 91
APÊNDICE B – Rede Genérica da Bacia B ......................................................................... 92
APÊNDICE C – Perfis do terreno da Bacia A ..................................................................... 93
APÊNDICE D – Perfis do terreno da Bacia B ..................................................................... 94
 

   

 
16 

1  INTRODUÇÃO 

O  desenvolvimento  humano  e  econômico  de  uma  população  está  relacionado  à 


conjuntura  de  saúde  da  região,  uma  vez  que  a “participação do indivíduo na atividade
econômica e social depende de uma vida saudável” (GALVÃO JUNIOR, 2009, p. 549). Como 
o saneamento é caracterizado como um instrumento de promoção de saúde que proporciona a 
redução de sofrimento humano e perdas de vidas por doenças que podem ser evitadas (BRASIL, 
2019b), pode­se dizer que saneamento e saúde são conceitos intimamente ligados e de suma 
importância para o desenvolvimento social.  
Segundo  a  Lei  º  11.445  (BRASIL,  2007),  esgotamento  sanitário  faz  parte  do 
saneamento  básico,  sendo  constituído  pelas  atividades,  infraestruturas  e  instalações 
operacionais  de  coleta,  transporte,  tratamento  e  disposição  final  adequados  dos  esgotos 
sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente. Dessa forma, 
a implantação de um sistema de esgotamento sanitário objetiva resolver problemas de ordem 
sanitária, social e econômica de uma comunidade (RAVADELLI, 2004) e a universalização 
desses serviços é uma meta legítima e necessária de política pública. 
De acordo com o SNIS (BRASIL, 2019a), somente 53% dos brasileiros têm acesso à 
coleta  de  esgoto.  Também,  o  Instituto  Trata  Brasil  (2018b)  mostra  que  apenas  em  2015 
conseguiu­se levar atendimento para mais da metade da população, havendo nos últimos anos, 
em média, um ponto percentual de alta por ano. Um dos fatores que acabam por inviabilizar a 
execução de obras e prejudicar a universalização dos serviços de saneamento está relacionado 
aos custos elevados.  
Ademais, a NBR 9.648 (ABNT, 1986a) apresenta que o melhor arranjo de concepção 
de um sistema de esgotamento sanitário deve permitir a observação de vantagens econômicas 
e técnicas. Portanto, percebe­se a importância de estudos e projetos que visem minimizar gastos 
e facilitar a implantação das obras de saneamento.  
Sabendo  que  a  rede  coletora  possui  o  maior  custo  de  implantação  de  obra, 
representando cerca de 75% do valor total do projeto (ALEM SOBRINHO E TSUTIYA, 2000) 
e  que  o  custo  de  implantação  desta  está  relacionado  a  diversos  fatores,  como  profundidade,  
quantidade  de  poços  de  visita,  diâmetro  das  tubulações,  entre  outros,  uma  alternativa  para 
reduzir o custo é estudar novas possibilidades de dimensionamento destes fatores. 
De acordo com Ferrari (2009), o fornecimento de material representa cerca de 26% do 
custo total de rede coletora. Sabe­se também que tubulações com diâmetros maiores acarretam 
em  maiores  custos  com  fornecimento  de  material,  como  também  para  serviços  em  obras 
 
17 

(escavação, escoramento, reaterro, etc.). Com base nisso, o foco do trabalho está relacionado à 
análise na mudança de custo quando se utiliza o critério de diâmetros não progressivos, a fim 
de  usar  tubulações  com  os  menores  diâmetros  possíveis,  apoiando­se  sempre  nas  normas 
técnicas. Tendo em vista que o diâmetro das tubulações é determinado com base na vazão e na 
declividade,  optou­se  por  evidenciar  o  estudo  em  bacias  com  grandes  vazões  concentradas, 
comparando um cenário com topografia mais acentuada com uma região mais plana. 

1.1  OBJETIVOS 

1.1.1  Objetivo geral 

Comparar  o  custo  de  implantação  de  rede  coletora  de  esgoto  com  grande  vazão 
concentrada para uma região plana e outra com topografia acentuada, sob os critérios diferentes 
de diâmetros progressivos e diâmetros não progressivos. 

1.1.2  Objetivos específicos 

•  Simular o dimensionamento de rede coletora de esgoto de duas bacias com diferentes 
vazões  concentradas,  considerando  dois  critérios  de  determinação  de  diâmetro: 
diâmetro progressivos e não progressivos; 
•  Avaliar as alterações de diâmetros e de profundidades no dimensionamento das redes 
coletoras; 
•  Avaliar  a  diferença  de  custo  de  implantação  das  redes  coletoras  de  esgoto  para  as 
simulações mais relevantes; 
•  Verificar se o critério de diâmetros não progressivos para bacias com grandes vazões 
concentradas  proporciona  maior  economia  nos  custos  de  implantação  da  rede, 
relacionando com a topografia. 

   

 
18 

2  REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 

2.1  SANEAMENTO 

A  Organização  Mundial  da  Saúde  define  saneamento  como  o  gerenciamento  ou 


controle dos  fatores físicos que podem  exercer efeitos nocivos  ao homem, prejudicando seu 
bem­estar físico, mental e social.  
De  acordo  com  a  Lei  nº  11.445  (BRASIL,  2007),  saneamento  inclui  o  conjunto  de 
serviços e infraestrutura de instalações operacionais de: a) abastecimento de água potável; b) 
esgotamento sanitário; c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; e d) drenagem e manejo 
de águas pluviais urbanas.  

2.2  ESGOTO SANITÁRIO: CONCEITO, ORIGEM E DESTINO 

A água, após usada, tem suas características naturais alteradas, incorporando inúmeras 
substâncias, ainda que permaneça na sua forma líquida. Essas águas,  conjuntamente com  as 
eventuais  contribuições  indevidas  provenientes  do  escoamento  superficial  e  possíveis 
infiltrações  em  drenagens  subterrâneas,  formarão  as  vazões  de  esgotamento  sanitário  ou 
simplesmente esgotos (BRASIL, 2019b).  
A norma brasileira NBR 9.648 (ABNT, 1986a) segue basicamente a mesma definição: 
esgoto  sanitário  é  o  despejo  líquido  constituído  de  esgotos  domésticos,  industriais,  água  de 
infiltração e contribuição pluvial parasitária. Sendo, de acordo com a mesma norma: 

a)  Esgoto doméstico: despejo líquido resultante do uso da água para higiene e necessidades 
fisiológicas humanas; 
b)  Esgoto industrial: despejo líquido resultante dos processos industriais, respeitando os 
padrões de lançamento estabelecidos; 
c)  Água de infiltração: toda água proveniente do subsolo, indesejável ao sistema separador 
e que penetra nas canalizações; 
d)  Contribuição  pluvial  parasitária:  parcela  de  deflúvio  superficial  inevitavelmente 
absorvida pela rede coletora de esgoto sanitário. 

Essas definições já estabelecem por elas mesmas a origem do esgoto sanitário. Quanto 
ao destino, na maioria das vezes, são cursos de água, lagos ou mesmo o oceano ­, mas também 
pode  ser  o  solo  convenientemente  preparado  para  receber  a  descarga  efluente  do  sistema 
(NUVOLARI, 2011).  

 
19 

2.3  SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO 

Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) pode ser definido como as obras e instalações 
destinadas a coletar, transportar, tratar e dispor o esgoto sanitário de uma comunidade, de forma 
contínua  e  higienicamente  segura.  Portanto,  o  SES  abrange  a  rede  coletora  com  todos  seus 
elementos, as estações elevatórias de esgotos e as estações de tratamento (RAVADELLI, 2004). 
Nuvolari  (2011)  apresenta  os  aspectos  higiênico,  social  e  econômico  como  as 
principais  finalidades  de  SES.  Resumidamente,  do  ponto  de  vista  higiênico  o  objetivo  é  a 
prevenção, o controle e a erradicação das muitas doenças de veiculação hídrica. Em relação ao 
aspecto social, o propósito é a melhoria da qualidade de vida da população, pela eliminação de 
odores desagradáveis, bem como a recuperação das coleções de águas naturais. Do ponto de 
vista econômico, o intuito envolve questões de geração de emprego e melhoria ambiental. 

2.3.1  Tipos de sistemas 

O Manual do Saneamento (BRASIL, 2019b) dispõe que os “sistemas coletivos podem


ser  adotados  para  um  pequeno  agrupamento  de  casas  e/ou  estabelecimentos  e,  nestes  casos, 
normalmente chamados de descentralizados”. No entanto, ainda conforme o Manual, soluções
coletivas  costumam  ser  projetadas  para  abranger,  no  mínimo,  uma  bacia  ou  sub­bacia 
hidrográfica dentro do quadro urbano de uma cidade. De outra maneira, esta solução consiste 
em canalizações que transportam os esgotos de centros urbanos ao seu destino final para receber 
tratamento de forma adequada. 
Ainda,  os  sistemas  de  esgotos  urbanos  podem  ser  de  três  tipos:  unitário,  separador 
parcial e separador absoluto (ALEM SOBRINHO; TSUTIYA, 2000). 

2.3.1.1  Sistema unitário 

Estes sistemas recolhem os lançamentos de esgotos sanitários e contribuições pluviais 
numa mesma canalização. De acordo com o Manual do Saneamento (BRASIL, 2019b), o uso 
deste sistema não é permitido no Brasil. Sua utilização é mais comum em regiões onde o índice 
pluviométrico  é  inferior  a  um  terço  da  média  brasileira,  pois  apresenta  a  vantagem  da 
construção de uma só tubulação.  
Pode­se citar como peculiaridades deste tipo de sistema, segundo Ravadelli (2004): 
chegada de carga hidráulica descontrolada nas estações de tratamento; exigência de diâmetros 
maiores  em  regiões  tropicais;  extravasão  do  excesso  de  água  pluvial  misturada  ao  esgoto 
acarretando em sérios riscos à saúde da população em áreas alagadiças. 

 
20 

2.3.1.2  Sistema separador parcial 

Este  tipo  de  sistema  recebe  contribuição  de  uma  parcela  das  águas  da  chuva, 
provenientes de telhados e pátios das economias juntamente com o esgoto sanitário (ALEM 
SOBRINHO;  TSUTIYA,  2000).  Segundo  o  Manual  do  Saneamento  (BRASIL,  2019b),  este 
sistema não é permitido no Brasil, do mesmo modo que o sistema unitário. 

2.3.1.3  Sistema separador absoluto 

Este modelo de atendimento caracteriza­se por apresentar duas redes de canalização: 
uma exclusivamente para coleta de esgoto sanitário e outra para recolher as águas pluviais.  
Do ponto de vista técnico, representa uma evolução em relação ao sistema unitário. 
Contudo,  necessita  de  controle  para  evitar  lançamentos  clandestinos  de  águas  pluviais.  É  o 
sistema predominante no Brasil, porém “como este controle nem sempre é eficiente na maioria
das  cidades brasileiras,  o sistema separador  acaba funcionando, em  parte, como  um  sistema 
misto” (BRASIL, 2019b, p. 159). 

2.4  COMPONENTES DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO 

A  seguir  são  apresentadas  as  partes  constituintes  de  um  sistema  de  esgotamento 
sanitário, de acordo com a NBR 9.649 (ABNT, 1986b): 

•  Rede coletora: conjunto constituído de ligações prediais, coletores de esgoto e órgãos 
acessórios, onde: 
o  Ligação predial: trecho do coletor predial constituído entre o limite do terreno e o 
coletor de esgoto; 
o  Coletor  de  esgoto:  tubulação  que  recebe  contribuição  de  esgoto  dos  coletores 
prediais em qualquer ponto ao longo de seu comprimento; 
₋  Coletor principal: coletor de esgoto de maior extensão dentro da bacia; 
₋  Coletor tronco: tubulação que recebe apenas contribuição de esgoto de outros 
coletores; 
₋  Coletor  predial:  trecho  de  tubulação  da  instalação  predial  de  esgoto 
compreendido entre a última inserção das tubulações que recebem efluentes de 
aparelhos sanitários e o coletor de esgoto (NUVOLARI, 2011). 
•  Interceptores: “canalizações que recebem os coletores de esgoto ao longo  de  seu 
comprimento, não recebendo ligações prediais diretas” (BRASIL, 2019b, p. 190); 
•  Emissários: tubulação que recebem esgoto exclusivamente na extremidade de montante. 
 
21 

•  Estação elevatória de esgoto (EEE): instalações que objetivam bombear os esgotos de 
pontos baixo para outro de cota mais elevada (BRASIL, 2019b); 
•  Estação de tratamento de esgoto (ETE): conjunto de instalações destinadas à depuração 
dos esgotos (BRASIL, 2019b); 
•  Corpo receptor: curso de água em que é lançado o efluente final do sistema de esgotos 
(BRASIL, 2019b). 

2.5  CONCEPÇÃO DA REDE 

2.5.1  Órgãos acessórios 

Órgãos  acessórios  são  dispositivos  fixos  desprovidos  de  equipamentos  mecânicos 


(ABNT, 1986), os quais se fazem necessários, pois nos esgotos há muita quantidade de sólidos 
orgânicos e minerais (ALEM SOBRINHO; TSUTIYA, 2000). Dentre eles pode­se citar: poço 
de  visita  (PV),  tubo  de  inspeção  e  limpeza  (TIL),  terminal  de  inspeção  (TL)  e  caixas  de 
passagem (CP). 
O  poço  de  visita  é  o  principal  e  mais  utilizado  no  sistema.  A  NBR  9.649  (ABNT, 
1986b)  define  este  como  uma  câmara  visitável  através  de  abertura  existente  em  sua  parte 
superior, destinada à execução de trabalhos de manutenção. A mesma NBR dispõe que devem 
ser construídos em todos os pontos singulares da rede coletora, tais como início de coletores, 
nas mudanças de direção, declividade, diâmetro e material, na reunião de coletores e onde há 
degrau. 
Devido ao alto custo dos PVs e à evolução dos processos de limpeza das tubulações, 
eles têm sido substituídos por dispositivos mais simples e econômicos (ALEM SOBRINHO; 
TSUTIYA, 2000). Dentro dessa lógica, há a utilização de TIL ou TL no início dos coletores, 
segundo autorização da NBR 9.649 (ABNT, 1986). A distância entre PVs, TILs e TLs deve ser 
limitada pelo alcance dos equipamentos de desobstrução, sendo normalmente 100 metros. 

2.5.2  Traçado da rede 

Conforme Pereira (2010), o traçado da rede está diretamente ligado com a localização 
da ETE, uma vez que o esgoto coletado deverá seguir para o tratamento. Também, o traçado 
está relacionado com a topografia do local, tendo em vista que é recomendado o sentido de 
escoamento  seguir  o  sentido  natural  do  terreno  sempre  que  possível  (ALEM  SOBRINHO; 
TSUTIYA, 2000). De acordo com Alem Sobrinho e Tsutiya (2000), pode­se ter os seguintes 
tipos de rede: 
 
22 

•  Perpendicular: em cidades atravessadas ou circundadas por cursos de água. A rede de 
esgotos  compõe­se  de  vários  coletores  tronco  independentes,  com  traçado  mais  ou 
menos perpendicular ao curso de água. Um interceptor marginal deverá receber esses 
coletores, levando os efluentes ao destino adequado, conforme Figura 1; 

Figura 1 – Traçado de rede do tipo perpendicular. 

 
Fonte: Alem Sobrinho e Tsutiya (2000). 

•  Leque: é o traçado próprio a terrenos acidentados. Os coletores troncos correm pelos 
fundos dos vales ou pela parte baixa das bacias e nele incidem os coletores secundários, 
com um traçado em forma de leque ou fazendo lembrar uma espinha de peixe (Figura 
2); 
Figura 2 – Traçado de rede do tipo leque. 

 
Fonte: Alem Sobrinho e Tsutiya (2000). 
 
23 

•  Radial ou distrital: é o sistema característico de cidades planas. A cidade é dividida em 
distritos ou setores independentes. Em cada um criam­se pontos baixos, para onde são 
dirigidos os esgotos. Dos pontos baixos, o esgoto é recalcado, ou para o distrito vizinho, 
ou para o destino final, como mostra a Figura 3. 

Figura 3 – Traçado de rede do tipo radial/distrital. 

 
Fonte: Alem Sobrinho e Tsutiya (2000). 

2.5.3  Localização dos coletores na via pública 

As tubulações podem  ser assentadas no eixo da via, no terço da via ou  no passeio, 


conforme ilustra a Figura 4. Para determinação da posição se avaliam as interferências (galerias 
de águas pluviais, cabos telefônicos, redes de água, tubulações de gás, etc), a profundidade dos 
coletores, o tráfego, a largura da rua e a soleira dos prédios, entre outras (ALEM SOBRINHO; 
TSUTIYA, 2000).  

Figura 4 – Assentamento das tubulações na via pública. 

 
Fonte: Alem Sobrinho e Tsutiya, 2000. 
 
24 

2.5.3.1  Rede simples/rede dupla 

Conforme Nuvolari (2011), em  geral,  considera­se o caso normal  a adoção de uma 


única tubulação atendendo aos dois lados da rua, sendo chamada de rede simples, que pode 
estar assentada de todas as formas apresentadas anteriormente. 
Entretanto,  em  alguns  casos,  visando  ao  menor  custo  das  ligações  prediais  e  à 
facilidade de manutenção, é recomendável a utilização de rede dupla (NUVOLARI, 2011). São 
os casos: 
•  Vias de tráfego intenso; 
•  Vias com largura entre alinhamentos dos lotes superior a 14 m; 
•  Vias com interferência que inviabilizam a execução de ligações prediais ou do próprio 
coletor; 
Alem  Sobrinho  e  Tsutiya  (2000)  dispõem  que  a  rede  dupla  pode  estar  situada  no 
passeio, no terço, ou uma rede no passeio e outra no terço da rua. Ainda, eles citam casos de 
inviabilidade de execução de ligações prediais quando os coletores possuem diâmetros muito 
grandes (>400 mm) e precisam ser construídos em concreto, ou quando os coletores são muito 
profundos (>4 m), implicam a necessidade de instalação de uma rede mais rasa para viabilizar 
as ligações prediais, as quais são chamadas de rede auxiliar.  

2.5.4  Profundidades máximas e mínimas 

Estabelecer  limites  para  as  profundidades  máximas  e  mínimas  dos  coletores  é 


importante  no  traçado  da  rede  coletora,  pois  tubulações  muito  profundas  implicam  na 
necessidade  de  implantação  de  estações  elevatórias,  no  custo  de  execução  de  valas  e  na 
dificuldade de realizar as ligações prediais, enquanto a profundidade mínima é utilizada para a 
proteção da tubulação contra as cargas externas na superfície do terreno (FERREIRA, 2013). 
A norma brasileira NBR 9.649 (ABNT, 1986b) limita a profundidade mínima ao fixar 
o recobrimento mínimo de 0,90 m para coletores assentados nas vias de tráfego, ou 0,65 m para 
coletores assentados no passeio. A norma ainda dispõe que a rede não deve ser aprofundada 
para atendimento de economia com cota de soleira abaixo do nível na rua.  
De acordo com Alem Sobrinho e Tsutiya (2000, p. 22), “normalmente as
profundidades máximas das redes de esgotos não ultrapassam 3,0 a 4,0 m”. Os autores apontam 
também que quando ultrapassar 4,0 m deverão ser executado coletores auxiliares mais rasos 
para receber as ligações prediais. 

 
25 

2.6  VAZÃO A ESGOTAR 

O projeto de um sistema de esgotos depende fundamentalmente dos volumes líquidos 
que serão recebidos na rede coletora ao longo do tempo. Esses volumes são crescentes no tempo 
à medida que a cidade se desenvolve e aumenta sua população.  
Dessa  forma,  para  o  dimensionamento  da  rede  coletora  são  necessárias  a  vazão 
máxima de fim de plano, que define a capacidade que deve atender o coletor, e a vazão mínima 
de  um  dia  qualquer  do  início  de  plano,  que  é  utilizada  para  se  verificar  as  condições  de 
autolimpeza do coletor, que deve ocorrer pelo menos uma vez ao dia (ALEM SOBRINHO E 
TSUTIYA, 2000). 
Nessa  lógica,  para  determinas  as  vazões  citadas  devem  ser  considerados  alguns 
parâmetros,  como:  a  população  da  área  de  projeto,  contribuição  per  capita,  coeficiente  de 
retorno,  coeficientes  de  variação  de  vazão,  águas  de  infiltração  e  lançamentos  de  esgotos 
industriais. A descrição desses parâmetros é apresentada a seguir.  

2.6.1  Estudo populacional 

A determinação da contribuição de esgoto doméstico depende da população da área de 
projeto,  pois  as  obras  de  saneamento  devem  ser  projetadas  para  atender  a  uma  determinada 
população, em geral maior do que a atual.  
Se  o  município  for  composto  por  mais  de  um  distrito,  deve­se  estudar  e  projetar  a 
participação de cada distrito tendo como parâmetro a população total  do  município (ALEM 
SOBRINHO; TSUTIYA, 2000). 
Por  meio  dos  dados  censitários  e  da  população  atual,  realizam­se  estudos  de 
crescimento  demográfico.  Sob  essa  lógica,  essa  projeção  deve  ser  feita  com  a  expressão 
matemática  que  melhor  se  ajustar  aos  dados  históricos  levantados.  São  diversos  métodos 
existentes para estudo demográfico, destacando­se (ALEM SOBRINHO; TSUTIYA, 2000): 

a)  Método dos componentes demográficos: considera a tendência passada verificada 
pelas  variáveis  demográficas:  fecundidade,  mortalidade  e  migração,  e  são 
formuladas hipóteses de comportamentos futuros; 
b)  Métodos matemáticos: a projeção é estabelecida através de equações matemáticas, 
cujos parâmetros são determinados por dados conhecidos. São diversos métodos 
matemáticos conhecidos, destacando­se:  

 
26 

o  Método aritmético: pressupõe uma taxa de crescimento constante para os anos 
que seguem, ou seja, admite que a população varia linearmente com o tempo.  
o  Método geométrico: admite­se, neste caso, para iguais períodos de tempo, a 
mesma porcentagem de aumento da população. Este método considera que o 
logaritmo da população varia linearmente com o tempo.  
c)  Método da curva logística: admite­se que o crescimento populacional obedece a 
uma relação do tipo curva logística (curva em  S), nos quais  a população cresce 
assintoticamente em função do tempo para um valor limite de saturação.  
d)  Método da Extrapolação Gráfica: consiste no traçado de uma curva arbitrária que 
se  ajusta  aos  dados  já  observados,  sem  a  necessidade  de  estabelecimento  de 
equação.  No  prolongamento  do  crescimento,  podem  ser  usados  elementos 
auxiliares, como os dados de população de outras comunidades semelhantes que 
já tenham maior número de habitantes. 

2.6.2  Contribuição per capita 

Entende­se  contribuição  per  capita  de  esgoto  como  sendo  a  vazão  média  que  cada 
habitante  lançará  na  rede  coletora  de  esgoto.  Esta  pode  ser  definida  pela  multiplicação  do 
consumo  de  água  efetivo  per  capita  pelo  coeficiente  de  retorno  (ALEM  SOBRINHO; 
TSUTIYA, 2000). 

2.6.2.1  Consumo de água per capita  

A  contribuição  de  esgotos  depende  normalmente  do  abastecimento  de  água.  Dessa 
forma, sua medida resulta da quantidade de água consumida, a qual é geralmente expressa pelo 
consumo  de  água  per  capita  (q),  variável  segundo  hábitos  e  costumes  de  cada  localidade 
(NUVOLARI, 2011).  
Para  sistemas  de  esgotos,  considera­se  a  taxa  de  consumo  efetivo,  pois  a  taxa  per 
capita de água inclui uma parcela de consumo industrial e também uma porcentagem relativa 
às perdas do sistema de distribuição. Estas não são consideradas para dimensionamento de redes 
coletoras, pois não chegam aos domicílios e não compõem o esgoto (NUVOLARI, 2011). Este 
consumo varia próximo dos 200 𝑙/ℎ𝑎𝑏/𝑑𝑖𝑎. 

 
27 

2.6.2.2  Coeficiente de retorno 

Segundo Alem Sobrinho e Tsutiya (2000), define­se coeficiente de retorno (C) como 
a relação média entre o volume de esgoto e a água efetivamente. A utilização desse coeficiente 
é necessária, porque do total de água consumida apenas uma parcela retorna ao esgoto.  
O coeficiente de retorno, de maneira geral, situa­se entre 0,5 e 0,9, dependendo das 
condições  locais  (ALEM  SOBRINHO;  TSUTIYA,  2000).  A  norma  brasileira  NBR  9.649 
(ABNT, 1986b) recomenda a utilização de 𝐶 = 0,8, quando inexistem dados locais oriundos 
de pesquisas. 

2.6.3  Coeficientes de variação de vazão 

A vazão média de  esgoto  doméstico não é distribuída uniformemente  ao longo dos 


dias.  Nesse  sentido,  ela  varia  com  as  horas  do  dia,  com  os  dias,  meses,  estações  do  ano,  e 
depende de muitos fatores, como temperatura e precipitação atmosférica (ALEM SOBRINHO; 
TSUTIYA, 2000). 
Esses  fatores  que  afetam  as  vazões  de  contribuição  de  esgotos  são  os  mesmos  que 
presidem as variações de abastecimento de água (RAVADELLI, 2004). 
Alem Sobrinho e Tsutiya (2000) apresentam os coeficientes importantes: 

•  𝑘1 , coeficiente de máxima vazão diária. Este estabelece a relação entre a maior vazão 
diária verificada no ano e a vazão média diária anual; 
•  𝑘2 , coeficiente de máxima vazão horária, sendo a relação entre a maior vazão observada 
em um dia e a vazão média horária do mesmo dia; 

A NBR 9.649 (ABNT, 1986b) recomenda a utilização de 𝑘1 = 1,2, 𝑘2 = 1,5 quando 


não se conhece dados oriundos de pesquisa na localidade.  

2.6.4  Taxa de infiltração  

A água contida no solo pode penetrar nos condutos através de juntas defeituosas, tubos 
rompidos,  estruturas  dos  poços  de  visita,  entre  outras  maneiras.  Dessa  forma,  a  NBR  9.649 
(ABNT, 1986b) dispõe que a quantidade de água infiltrada depende do nível do lençol freático, 
natureza  do  subsolo,  qualidade  da  execução  da  rede,  material  da  tubulação  e  tipo  de  junta 
utilizado. Ainda, a mesma norma recomenda que seja adotada taxa de infiltração entre 0,05 a 
1,0 𝑙/𝑠. 𝑘𝑚, de acordo com as características do local. 

 
28 

2.6.5  Vazão Concentrada 

Vazão  concentrada  ou  singular  refere­se  a  uma  contribuição  pontual  de  esgoto  em 
algum ponto do percurso, normalmente superior àquela da rede coletora. Essa vazão pode ser 
decorrente de lançamentos de outras bacias de esgotamento ou de contribuição industrial. 
Em relação aos efluentes industriais, Alem Sobrinho e Tsutiya (2000) afirmam que o 
esgotamento  destes,  de  modo  geral,  deve  ser  feito  pela  rede  pública  sempre  que  possível. 
Portanto,  é  necessário  um  conhecimento  prévio  das  quantidades,  porte  e  características  das 
indústrias contribuintes quando se projeta um sistema de esgotamento sanitário.  

2.6.6  Cálculo das vazões de dimensionamento 

A partir das definições apresentadas acima, têm­se que as vazões de início e final de 
plano são determinadas a partir das equações 1 e 2, respectivamente. 

𝑄𝑖 = 𝐾2 ∗ 𝑄𝑑𝑖 + 𝑄𝑖𝑛𝑓,𝑖 + ∑𝑄𝑐𝑖 (1) 

𝑄𝑓 = 𝐾1 ∗ 𝐾2 ∗ 𝑄𝑑𝑓 + 𝑄𝑖𝑛𝑓,𝑓 + ∑𝑄𝑐𝑓 (2) 

Onde: 
𝑄𝑖 ; 𝑄𝑓 = vazão máxima inicial e final, em 𝑙/𝑠; 
𝑄𝑑𝑖 ; 𝑄𝑑𝑓 = vazão média inicial e final de esgoto doméstico, em 𝑙/𝑠; 
𝑄𝑖𝑛𝑓,𝑖 ; 𝑄𝑖𝑛𝑓,𝑓 = vazão de infiltração inicial e final, em 𝑙/𝑠; 
𝑄𝑐𝑖 ; 𝑄𝑐𝑓 = vazão concentrada ou singular inicial e final, em 𝑙/𝑠; 
𝐾1 = coeficiente de vazão máxima diária; 
𝐾2 = coeficiente de vazão máxima horária. 
As  vazões  médias  inicial  e  final  são  calculadas  conforme  as  equações  3  e  4, 
respectivamente. 

𝐶 ∗ 𝑃𝑖 ∗ 𝑞𝑖 (3) 
𝑄𝑑𝑖 =
86400

𝐶 ∗ 𝑃𝑓 ∗ 𝑞𝑓 (4) 
𝑄𝑑𝑓 =
86400

Onde: 
𝑄𝑑𝑖 ; 𝑄𝑑𝑓 = vazão média inicial e final de esgoto doméstico, em 𝑙/𝑠; 
𝐶 = coeficiente de retorno; 
𝑃𝑖 ; 𝑃𝑓 = população inicial e final, em hab; 
 
29 

𝑞𝑖 ; 𝑞𝑓 = consumo de água per capita inicial e final, em 𝑙/ℎ𝑎𝑏. 𝑑; 

2.7  CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO DE REDE COLETORA 

No dimensionamento das redes coletoras de esgotos alguns critérios de cálculos devem 
ser  atendidos  para  garantir  o  funcionamento  adequado  das  tubulações.  Estes  critérios  serão 
apresentados neste item.  

2.7.1  Regime hidráulico de dimensionamento 

Os  condutos  de  uma  rede  coletora  de  esgoto  funcionam,  em  geral,  como  condutos 
livres, ou seja, se processam em seções parciais de conduto fechado e sob pressão atmosférica. 
Para efeito de cálculo, admite­se escoamento em regime permanente (velocidade e pressão em 
determinado ponto não variam com o tempo) e uniforme (todos os pontos da mesma trajetória 
têm a mesma velocidade) (BRASIL, 2019b). Portanto, não são consideradas as variações de 
vazão devido à contribuição recebida ao longo dele, como as ligações prediais (RAVADELLI, 
2004).  
Ainda, pode­se ressaltar que a perda de carga unitária no escoamento livre permanente 
e uniforme é igual a declividade do conduto (NUVOLARI, 2011). 
Os  coletores  devem,  no  dimensionamento  hidráulico,  atender  a  alguns  quesitos: 
transpor as vazões máximas e mínimas esperadas; promover o arraste de sedimentos, garantindo 
a autolimpeza das tubulações; evitar as condições que favorecem a formação de sulfetos e a 
formação e o desprendimento de gás sulfídrico (BRASIL, 2019b). 

2.7.2  Taxa de contribuição linear 

A taxa de contribuição linear diz respeito à vazão que cada metro de rede irá receber. 
As vazões utilizadas são a vazão máxima de final de plano e a vazão de início de plano, de 
jusante, do trecho do coletor. A determinação da taxa é feita pelas equações 5 e 6. 

𝐾2 ∗ 𝑄𝑑𝑖 (5) 
𝑇𝑥𝑖 = + 𝑇𝑖𝑛𝑓
𝐿𝑡

𝐾1 ∗ 𝐾2 ∗ 𝑄𝑑𝑓 (6) 
𝑇𝑥𝑓 = + 𝑇𝑖𝑛𝑓
𝐿𝑡

Onde: 
𝑇𝑥𝑖 ; 𝑇𝑥𝑓 =  taxa  de  contribuição  linear  de  início  e  final  de  plano,  em  𝑙/𝑠. 𝑚   ou  
𝑙/𝑠. 𝑘𝑚; 
 
30 

𝑄𝑑𝑖 ; 𝑄𝑑𝑓 = vazão média de início e final de plano, em 𝑙/𝑠 ; 


𝐾1 = coeficiente de vazão máxima diária; 
𝐾2 = coeficiente de vazão máxima horária. 
𝐿𝑡  = comprimento total da rede, em 𝑚 ou 𝑘𝑚; 
𝑇𝑖𝑛𝑓 = taxa de infiltração, em 𝑙/𝑠. 𝑚  ou 𝑙/𝑠. 𝑘𝑚. 
A contribuição do trecho é calculada multiplicando­se a taxa de contribuição linear 
pelo  comprimento  do  trecho.  Para  se  calcular  as  vazões  de  dimensionamento  de  um 
determinado trecho da rede coletora, deve­se somar as contribuições que chegam à montante 
do trecho com a contribuição do trecho em questão.  

2.7.3  Vazão mínima 

É recomendado utilizar o menor valor de vazão de 1,5 𝑙/𝑠 em qualquer trecho da rede. 
Este valor corresponde ao pico instantâneo de vazão decorrente da descarga de vaso sanitário. 
Dessa forma, sempre que a vazão do trecho for inferior a este valor, para cálculos hidráulicos 
deve­se utilizar vazão de 1,5 𝑙/𝑠 (ALEM SOBRINHO; TSUTIYA, 2000). 

2.7.4  Diâmetro mínimo 

A  NBR  9.649  (ABNT,  1986)  admite  diâmetro  de  100 𝑚𝑚  como  mínimo  a  ser 
utilizado  em  redes  coletoras.  No  entanto,  há  localidades  que  recomendam  a  utilização  de 
diferentes  diâmetros  mínimos.  Como  exemplo,  a  CASAN  orienta  a  utilização  de  diâmetro 
mínimo  de  150  mm.  Portanto,  este  parâmetro  deve  ser  estabelecido  de  acordo  com  as 
recomendações de cada local.  

2.7.5  Tensão trativa 

O projeto hidráulico­sanitário de redes de esgoto envolve, entre outras considerações, 
a  deposição  de  materiais  sólidos  nas  tubulações.  Por  isso,  uma  das  condições  hidráulicas 
propostas  para  garantir  o  autotransporte  desses  materiais  é  o  conceito  de  autolimpeza  dos 
condutos.  
Tradicionalmente,  essa  autolimpeza  é  obtida  pela  manutenção  de  uma  velocidade 
mínima independente do diâmetro da tubulação. Devido ao fato de o mecanismo básico da ação 
de  autolimpeza  ser  uma  força  hidrodinâmica  exercida  sobre  as  paredes  do  conduto  pelo 
escoamento  do  esgoto,  tem  sido  utilizada  a  tensão  trativa  –  ou  tensão  de  arraste  –  para  o 

 
31 

dimensionamento  das  tubulações,  em  substituição  ao  critério  de  velocidade  de  autolimpeza 
(ALEM SOBRINHO; TSUTIYA, 2000). 
Segundo Alem Sobrinho e Tsutiya (2000): 

A  tensão  trativa  é  definida  como  uma  tensão  tangencial  exercida  sobre  a 


parede  do  conduto  pelo  líquido  em  escoamento,  ou  seja,  é  a  componente 
tangencial do peso do líquido sobre a unidade de área da parede do coletor e 
que atua sobre o material sedimentando, promovendo seu arraste.  
A Figura 5 apresenta os elementos hidráulicos para o cálculo da tensão trativa média 
e esta pode ser calculada pela equação 7.   

Figura 5 – Elementos hidráulicos para o cálculo da tensão trativa.  

 
Fonte: Manual do Saneamento (BRASIL, 2019a). 

𝜎 = 𝛾 ∗ 𝑅𝐻 ∗ 𝐼 (7) 

Onde: 
𝜎 = tensão trativa média, em 𝑃𝑎; 
𝛾 = peso específico do líquido, em 𝑁/𝑚³; 
𝑅𝐻 = raio hidráulico, em 𝑚; 
𝐼 = declividade da tubulação, em 𝑚/𝑚; 
Os  materiais  sólidos  encontrados  no  esgoto  consistem  em  partículas  orgânicas  e 
inorgânicas. Qualquer dessas partículas que tenha densidade maior do que a água, devido ao 
efeito da gravidade, tenderá a depositar­se nas tubulações de esgoto, especialmente nas horas 
de menor contribuição (BRASIL, 2019b). 
A tensão trativa crítica é definida como uma tensão mínima necessária para o início 
do movimento das partículas depositadas nas tubulações de esgoto (BRASIL, 2019b). Dessa 
forma, a norma brasileira NBR 9.649 (ABNT, 1986b) recomenda que a tensão trativa mínima 

 
32 

nos  condutos seja igual  ou superior a  1,0 𝑃𝑎 para os coletores de esgoto,  de modo  que seja 


possível a realização da autolimpeza.  

2.7.6  Declividade mínima 

Para que seja possível a autolimpeza dos coletores, a declividade de cada trecho deverá 
proporcionar uma tensão trativa média igual ou superior a 1,0 𝑃𝑎 pelo menos uma vez por dia, 
calculada sobre a vazão de início de plano. A declividade mínima que satisfaz essa condição 
pode ser calculada pela expressão aproximada (equação 8), para coeficiente de Manning 𝑛 =
0,013 (ABNT, 1986): 

𝐼𝑚í𝑛 = 0,0055𝑄𝑖−0,47 (8) 

Onde: 
𝐼𝑚í𝑛 = declividade mínima, em 𝑚/𝑚; 
𝑄𝑖 = vazão do trecho no início de plano, em 𝑙/𝑠. 
Cabe ressaltar que, para coeficientes de Manning diferentes de 0,013, os valores de 
tensão trativa média e declividade mínima devem ser justificados (ABNT, 1986b). 

2.7.7  Declividade máxima 

É  necessário  controlar  a  declividade  máxima  dos  condutos,  pois  ela  influencia  na 
velocidade de escoamento. A NBR 9.649 (ABNT, 1986b) dispõe que a máxima declividade 
admissível é aquela que configura uma velocidade máxima de 5 𝑚/𝑠 para vazão de final de 
plano. 

2.7.8  Declividade do coletor 

A declividade dos coletores está vinculada à autolimpeza dos condutos, e também à 
economicidade do investimento, que está fortemente ligada às profundidades de assentamento. 
A  partir  disso,  têm­se  a  definição  de  declividade  econômica,  em  que  se  deve  evitar  o 
aprofundamento  desnecessário  dos  coletores,  fixando  a  profundidade  mínima  admissível  na 
extremidade de jusante; a profundidade de montante já é pré­determinada pelas suas condições 
específicas: pode ser a profundidade mínima se for início de coletor; ou fixada pelas condições 
afluentes já calculadas. 
O ideal é que o assentamento do coletor acompanhe a declividade do terreno, já que a 
profundidade passa a ser praticamente constante em todo trecho (Figura 6). A declividade do 

 
33 

terreno é calculada pela diferença de cota do terreno montante (CTM) e jusante (CTJ), dividido 
pelo comprimento do coletor (L), conforme equação 9. 

Figura 6 – Coletor acompanhando a declividade do terreno. 

Fonte: Elaborado pela autora (2021). 

𝐶𝑇𝑀 − 𝐶𝑇𝐽 (9) 


𝐼𝑡𝑒𝑟 =
𝐿

Em  terrenos  planos  (Figura  7),  aclives  (Figura  8)  ou  com  declividades  do  terreno 
inferior a declividade mínima calculada para o trecho, a declividade determinada deve ser a 
mínima possível, uma vez que a profundidade aumenta ao longo do trecho. Cabe salientar que 
a  medida  que  a  vazão  de  um  trecho  aumenta,  a  declividade  mínima  diminui,  portanto,  a 
profundidade de jusante fica menor. 

Figura 7 – Coletor em terreno plano. 

Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
 

Figura 8 – Coletor em terreno com aclive. 

 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 

 
34 

2.7.9  Lâmina d’água  

As tubulações das redes coletoras são projetadas para funcionar com lâmina d’água 
igual ou inferior a 75% do diâmetro da tubulação, destinando­se a parte superior à ventilação 
do sistema e às imprevisões e flutuações excepcionais de nível de esgoto (ALEM SOBRINHO; 
TSUTIYA,  2000).  O  diâmetro  que  atende  a  condição  𝑌/𝐷 = 0,75,  pode  ser  calculada  pela 
equação 10. 

0,375 (10) 
𝑄𝑓
𝐷 = (0,0463 )
√𝐼

Onde: 
𝐷 = diâmetro, em 𝑚; 
𝑄𝑓 = vazão final, em 𝑚3 /𝑠; 
𝐼 = declividade, em 𝑚/𝑚. 
Quanto à lâmina d’água mínima não há uma limitação, pois, pelo critério de tensão 
trativa, haverá autolimpeza nas tubulações desde que, pelo menos uma vez por dia, seja atingida 
uma tensão trativa igual ou superior a 1,0 𝑃𝑎 , qualquer que seja a altura da lâmina.  

2.7.10  Velocidade crítica 

Dependendo da turbulência do escoamento poderá haver a entrada de bolhas de ar na 
superfície do líquido. A mistura de água­ar ocasiona um aumento da altura da lâmina d’água,
sendo importante verificar se a tubulação projetada ainda continua funcionando como conduto 
livre. Essa verificação é importante, pois a tubulação poderá ser destruída por pressões geradas 
pelas permutações aleatórias entre escoamento livre e forçado. Nesse sentido, no caso de rede 
de  esgoto,  o  conhecimento  dessa  mistura  água­ar  é  de  grande  importância,  principalmente 
quando se tem grandes declividades, tendo em vista que, nessa condição, o grau de entrada de 
bolhas de ar no escoamento poderá ser bastante elevado (BRASIL, 2008).  
Diante disso, é recomendado que quando a velocidade final for superior à velocidade 
crítica, a lâmina de água máxima deve ser reduzida para 50% do diâmetro do coletor. Para os 
casos em que a lâmina é maior do que 50%, é aconselhável aumentar o diâmetro do coletor 
(ALEM SOBRINHO; TSUTIYA, 2000). A velocidade crítica é definida pela equação 11. 

𝑣𝑐 = 6√𝑔 ∗ 𝑅𝐻 (11) 

Onde: 

 
35 

𝑣𝑐 = velocidade crítica, em 𝑚/𝑠; 
𝑔 = aceleração da gravidade, em 𝑚/𝑠 2 ; 
𝑅𝐻 = raio hidráulico, em 𝑚. 

2.7.11  Condições para controle de remanso 

De acordo com Alem Sobrinho e Tsutiya (2000), é necessário verificar a influência do 
remanso no trecho de montante quando a cota do nível de água na saída de qualquer PV ficar 
acima de qualquer das cotas dos níveis de água de entrada.  
Quando se trabalha com profundidades mínimas e o diâmetro do coletor de jusante é 
maior do que o de montante, para evitar o remanso, pode­se fazer coincidir a geratriz superior 
dos tubos.  
Já quando as profundidades são superiores à mínima, a coincidência dos níveis de água 
de montante e jusante é prática correta e comum para evitar remanso. Quando se tem mais de 
um coletor afluente, o nível de água de jusante deve coincidir com o nível de água mais baixo 
dos coletores de montante. 

2.8  DIÂMETROS PROGRESSIVOS/NÃO PROGRESSIVOS 

O  diâmetro  de  um  trecho  da  rede  coletora  é  definido  de  acordo  com  a  vazão  e  a 
declividade,  de  maneira  a  atender  todos  os  critérios  pré­estabelecidos,  como  tensão  trativa 
mínima, velocidade máxima e lâmina d’água máxima. A partir da equação 10  apresentada 
anteriormente, observa­se que a medida que a declividade diminui, o diâmetro do trecho precisa 
aumentar para atender a condição de lâmina máxima. Assim, quando se tem um trecho de baixa 
declividade, o diâmetro da tubulação será maior. Se o trecho seguinte apresentar uma maior 
declividade, é possível que o diâmetro necessário seja menor que o anterior.  
A  partir  disso,  quando  se  define  a  utilização  do  critério  de  diâmetros  progressivos 
(DP), ainda que ocorra o citado acima, o diâmetro de um trecho  não pode ser menor que do 
trecho  anterior.  Já  quando  é  estabelecido  método  de  diâmetros  não  progressivos  (DNP),  o 
diâmetro utilizado é o menor diâmetro que respeite os critérios definidos. De maneira geral, o 
critério de diâmetros progressivos é comumente mais utilizado no dimensionamento da rede 
coletora. 

2.9  ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ESGOTO 

De acordo com a NBR 12208 (ABNT, 1992a), estações elevatórias de esgoto (EEE) 
são instalações destinadas a realizar o transporte do esgoto do nível do poço de sucção da bomba 
 
36 

ao  nível  de  descarga  da  saída  do  recalque.  Em  outras  palavras,  as  EEE  são  usadas  com  a 
finalidade de recuperação de cota, para reversão de bacia e sub­bacia e para funções específicas 
nas estações de tratamento de esgoto (BRASIL, 2019a). 
Em  relação  a  concepção  da  rede  coletora  de  esgoto,  os  principais  tipos  de  EEE 
utilizadas são descritas a seguir conforme o Manual do Saneamento (BRASIL, 2019a): 

a)  Recuperação de cota: localizadas em pontos dispersos da rede coletora e 
têm por objetivo recolher esgoto de um coletor que atingiu a profundidade 
máxima permitida, ou executável, e elevá­lo até um PV com canalização 
assentada na profundidade mínima. 
b)  Reversão de bacia e sub­bacias: normalmente previstas em pontos baixos 
das bacias, ou sub­bacias, essas elevatórias têm por objetivo transportar o 
esgoto de uma para outra.  

2.10  ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO 

É o conjunto de técnicas associadas às unidades de tratamento, aos equipamentos e aos 
órgãos  auxiliares,  cuja  finalidade  é  reduzir  cargas  poluidoras  do  esgoto  sanitário  e 
condicionamento da matéria residual resultante do tratamento. Nas unidades de tratamento são 
realizadas as diversas operações e processos que promovem a separação entre os poluentes e a 
água a ser descarregada no corpo receptor. (NUVOLARI, 2011). 

2.11  CORPO RECEPTOR 

Corpo  receptor  é,  segundo  a  Resolução  do  CONAMA  357  (2005),  corpo  hídrico 
superficial que recebe o lançamento de um efluente. Em termos de SES, o corpo receptor irá 
receber, através de um emissário, o efluente tratado que sai da ETE. 

2.12  ESQUEMA GENÉRICO DE UM SISTEMA 

O esquema genérico de um SES inicia nas ligações prediais, que se conectam à rede 
coletora  e  o  escoamento  do  esgoto  segue  para  o  ponto  mais  baixo  topograficamente. 
Comumente,  a  região  é  dividida  em  bacias  de  esgotamento  de  acordo  com  a  topografia,  de 
maneira  que  a  bacia  possua  uma  EEE  no  ponto  mais  baixo,  sem  que  a  profundidade  das 
canalizações ultrapasse a profundidade máxima permitida ou executável.  
Ainda,  também  de  acordo  com  as  características  topográficas,  as  bacias  são 
interligadas através de emissários de esgoto bruto que saem das EEE até o PV mais próximo da 
outra bacia, gerando uma vazão de contribuição a mais nesta.  

 
37 

Ao final, todas as bacias estão conectadas em um final comum e seguem para a ETE, 
onde  o  efluente  é  tratado.  Em  seguida,  o  efluente  tratado  é  encaminhado  ao  corpo  receptor 
através de um emissário. A Figura 9 apresenta o esquema genérica de um sistema. 

Figura 9 – Esquema genérico de um SES. 

 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 

2.13  IMPLANTAÇÃO DA REDE 

A  implantação  de  uma  rede  de  esgoto  requer  planejamento  e  organização, 


especialmente  devido  aos  trabalhos  em  terra,  já  que  a  construção  atravessa  regiões  onde  a 
paralisação prolongada do tráfego causa consideráveis inconvenientes ao público, podendo até 
inviabilizar o projeto (DELLA NINA, 1975 apud FERRARI, 2009). 
O custo percentual da execução de valas é uma parte considerável do custo total de um 
projeto, de acordo com Alem Sobrinho e Tsutiya (2000). Portanto a abertura das valas deve ser 
reduzida  a  um  mínimo  de  tempo  possível.  Outros  fatores  como  segurança  de  escavação, 
interferências  e  custos  dos  trabalhos  em  terra  sugerem  que  decisões  precipitadas  podem 
ocasionar obras mais caras e demoradas. 

2.13.1  Escavação  

Vala é toda a abertura de solo com a finalidade de receber tubulações. A NBR 12266 
(ABNT,  1992b)  apresenta  as  recomendações  para  execução  de  valas  para  assentamento  de 
tubulação de esgoto. De acordo com a norma, a escavação das valas é a remoção do solo desde 
a  superfície  natural  do  terreno  até  a  cota  especificada  no  projeto.  Para  realizar  a  escavação 
também  é  necessário  fazer  a  remoção  do  pavimento,  que  pode  ser  asfáltico,  terra,  concreto, 
paralelepípedo, etc. 
 
38 

A escavação pode ser realizada de forma manual (Figura 10), utilizando ferramentas 
como  picareta  e  enxada,  ou  mecanizada  (Figura  11)  por  meio  de  equipamentos,  como 
retroescavadeira. Entre as duas opções, o método mecânico é mais econômico, no entanto é 
desaconselhável em locais com interferências não muito bem delimitadas (FERRARI, 2009). 

Figura 10 – Escavação manual.  

 
Fonte: Ferrari (2009).  

Figura 11 – Escavação mecanizada. 

 
Fonte: Ferrari (2009). 

2.13.2  Escoramento 

Para  garantir  a  estabilidade  dos  taludes  nas  escavações,  é  projetada  uma  estrutura 
denominada escoramento (Figura 12), o qual tem por objetivo evitar desmoronamentos, além 
de proteger os trabalhadores e fornecer segurança aos prédios próximos. Nesse sentido, sempre 
que as  paredes de uma  vala forem  passíveis  de  desmoronamento ou a profundidade da vala 

 
39 

estiver  além  da  faixa  estabelecida  pela  Ministério  do  Trabalho,  deverá  ser  previsto  o 
escoramento (FERRARI, 2009).   

Figura 12 – Escoramento metálico em obra de esgoto sanitário. 

 
Fonte: Ferrari (2009). 

2.13.2.1 Pontaleteamento 

Pontaleteamento é um tipo de escoramento em que é colocado um par de pranchas de 
madeira na lateral da cava distantes no máximo 1,35 m entre os eixos das pranchas, travando­
as transversalmente com estroncas de madeira. Geralmente são utilizados em solos argilosos de 
boa qualidade e em valas não muito profundas (NUVOLARI, 2011).  

2.13.2.2 Descontínuo 

Consiste  em  escorar  a  lateral  das  valas  por  meio  de  tábuas  de  madeira  dispostas 
verticalmente espaçadas a cada 0,60 m, travadas horizontalmente por longarinas, em toda a sua 
extensão,  espaçadas  verticalmente  de  1,00  m.  Já  o  travamento  transversal  é  por  estroncas 
espaçadas  a  cada  1,35  m.  Esse  tipo  de  escoramento  é  utilizado  em  terrenos  firmes,  sem  a 
presença de água no lençol freático e nas valas com profundidade de até 3,0 m (NUVOLARI, 
2011). 

2.13.2.3 Contínuo  

Esse tipo de escoramento se dá de forma semelhante ao descontínuo, no entanto as 
tábuas de madeira da superfície lateral devem cobrir toda a área da parede. Pode ser utilizado, 
geralmente, em qualquer tipo de solo, com exceção dos arenosos, na presença de água no lençol 
freático e nas valas com profundidade de 4,0 m (NUVOLARI, 2011). 

 
40 

2.13.2.4 Especial 

A contenção do solo é feita através de pranchas de madeira, com encaixe do tipo macho 
e fêmea, cobrindo toda a área da parede, contidas por longarinas com espaçamento vertical de 
1,0 m e travadas por estroncas espaçadas em 1,35 m. Ainda, é utilizado em qualquer tipo de 
solo, na presença de água do lençol freático, onde as pranchas macho­fêmea não permitem a 
passagem  do  solo  junto  com  a  água.  Pode  substituir  o  escoramento  contínuo  em  valas  com 
profundidade acima de 4,0 m (NUVOLARI, 2011). 

2.13.2.5 Metálico 

O  escoramento  metálico  consiste  em  escorar  a  superfície  das  valas  com  estacas 
pranchas metálicas travadas com estroncas metálicas ou de madeira (CASAN, 2016).  
Há  também  o  escoramento  misto  (tipo  hamburguês),  que  consiste  em  escorar  a 
superfície lateral com pranchas de madeira, encaixadas e encunhadas em perfil metálico tipo “I
de 10”, travados por estroncas metálicas ou de madeira (CASAN, 2016). 

2.13.3  Assentamento 

“A base de assentamento é feita de modo a permitir a regularização, suporte,


assentamento  e  inclinação  adequada  da  tubulação,  de  modo  a  permitir  o  livre  e  perfeito 
escoamento do efluente” (FERRARI, 2009, p. 37).  

2.13.4  Reaterro e repavimentação 

Para a NBR 12266 (ABNT, 1992b), reaterro é a recomposição de solo desde o fundo 
da  vala  até  a  superfície  do  terreno.  Esta  etapa  é  fundamental,  não  só  porque  influenciará 
diretamente na qualidade de reposição do pavimento, mas pela influência que exercerá sobre as 
cargas verticais que atuam sobre as tubulações (DELLA NINA, 1975 apud CORREA, 2013). 
Nesse  sentido,  pode  ocorrer  de  maneira  manual  ou  mecânica  a  fim  de  reduzir  o  volume  de 
vazios e aumentar o peso específico.  
A recomposição da pavimentação é a etapa final da obra, com a finalidade de manter 
as condições originais da região atingida pela obra.  

2.14  MATERIAL DAS TUBULAÇÕES 

De acordo com Alem Sobrinho e Tsutiya (2000), os materiais comumente utilizados 
nas tubulações de esgoto têm sido os tubos de plástico, concreto, cerâmico, ferro fundido e aço. 
De modo  geral,  além das características dos esgotos, condições locais  e  métodos, podem­se 
 
41 

citar  alguns  outros  fatores  para  escolha  do  material,  como:  resistência  a  cargas  externas; 
facilidade de transporte; custo; disponibilidade de diâmetros necessários.  

2.15  SOFTWARES 

A utilização de tecnologias para auxiliar o dimensionamento de rede coletora de esgoto 
é fundamental para melhorar o desempenho e possibilitar maior eficácia no funcionamento dos 
sistemas.  Dessa  maneira,  são  diversas  interações  e  verificações  que  os  programas 
computacionais  podem  realizar,  apresentando  os  resultados  de  diferentes  formas  de 
visualização, além de poupar tempo do projetista.  
Pelo fato de, no Brasil, o dimensionamento dos coletores de esgoto serem efetuados 
pelos conceitos de tensão trativa e velocidade crítica, os softwares internacionais não podem 
ser utilizados, já que em outros países não se utilizam esses conceitos (ALEM SOBRINHO; 
TSUTIYA,  2000).  Dessa  forma,  há  uma  variedade  de  softwares  no  mercado  brasileiro  e 
normalmente existem  programas mais indicados  para cada tipo situação,  sendo alguns  deles 
citados a seguir.   

2.15.1  PRO­Saneamento 

O PRO­Saneamento é um software da empresa MULTIPLUS Softwares Técnicos. De 
acordo com a empresa (MULTIPLUS, 2020), este programa possui ferramentas facilitadores 
de cálculo, verificação e dimensionamento de redes de saneamento, abastecimento de água e 
drenagens  pluviais.  Ainda,  ele  trabalha  como  um  aplicativo  do  AutoCAD  e  já  realiza  o 
conhecimento das curvas de nível do projeto de topografia através de um arquivo em dwg.  
Os cálculos são realizados com base no Manual de Hidráulica de Azevedo Neto e as 
redes de saneamento são calculadas por gravidade. Ao final do projeto, a ferramenta gera de 
forma  automática  um  perfil  do  terreno  com  as  cotas,  inclinações  e  todas  as  informações 
referentes à geometria da rede, sendo possível obter um perfil da rua, de um trecho selecionado 
ou de vários trechos. Além disso, o memorial de cálculo é apresentado em arquivo de Excel e 
também são geradas as listas de quantitativo de materiais e volume de escavações. 

2.15.2  SanCAD 

O SANCAD foi desenvolvido pela Sanegraph Ltda nos anos finais da década de 1990 
com  objetivo  de  auxiliar  no  projeto  de  redes  coletoras  de  esgoto.  Passou  por  diversos 
aperfeiçoamentos  e  implementação  de  novos  recursos.  Dessa  forma,  o  software  atenda  às 
recomendações das normas de projeto da ABNT, em especial das NBRs 9.649/86 e 14.486/00.  
 
42 

O programa apresenta flexibilidade em testar e mudar configurações de rede de forma 
rápida, tornando­o bastante útil para simulação e verificação hidráulica de redes existentes, não 
só para elaboração de projetos. 
 O  seu  funcionamento  depende,  tanto  na  entrada  de  dados  como  na  geração  dos 
resultados finais em planta e perfil, de um software de CAD, como o AutoCAD. Como resultado 
final,  gera  a  planilha  Excel  de  dados  finais,  plantas  e  perfis,  bem  como  levantamento  de 
quantitativos.  

2.15.2.1 CasanCAD 

O  programa  CasanCAD  teve  sua  última  atualização  em  2013  e  foi  desenvolvido  a 
partir de solicitação da CASAN para auxiliar o desenho da rede. Ele é usado em conjunto com 
o AutoCAD e permite a inserção dos poços de visita e trechos da rede a partir de um arquivo 
georreferenciado.  
Com ele é possível nomear e numerar os PVs de acordo com a necessidade e o próprio 
programa calcula a cota do terreno de cada PV através da interpolação dos pontos cotados da 
topografia. Ainda, os trechos são inseridos  selecionando o PV de montante e de jusante e o 
CasanCAD numera os trechos, além de avisar se possui mais de 100 m e se o fluxo está a favor 
da declividade do terreno. Por fim, o aplicativo gera um  arquivo final .dxf, contendo a rede 
genérica, com as cotas e extensões dos trechos, para ser inserido no SanCAD. 

2.15.3  InfraCAD 

O  InfraCAD  apresenta­se  como  um  plugin  gratuito  pra  o  AutoCAD,  acrescentando 


ferramentas  que  auxiliarão  a  realização  dos  cálculos  referentes  aos  projetos  de 
dimensionamento de redes de distribuição de água e de coleta de esgoto. Nessa lógica, essa 
ferramenta permite fazer o dimensionamento de trechos com alteração automática de bitolas, 
quantitativo  e esquemas verticais  automáticos e instantâneos, além de fazer a exportação de 
levantamentos e geração de memorial descritivo do projeto. Todo seu conteúdo é baseado nas 
normas brasileiras. 

2.15.4  CEsg 

O CEsg é um sistema que procura fornecer os conhecimentos mínimos necessários à 
execução  de  todas  as  etapas  do  projeto,  a  partir  de  um  sistema  automático  para 
dimensionamento de redes de esgotamento sanitário com base nas normas brasileiras. Ainda, 

 
43 

foi  desenvolvido  pela  Fundação  Centro  Tecnológica  de  Hidráulica  para  Tubos  e  Conexões 
Tigre Ltda (TAVARES; CASTRO, 2001).  
Como arquivo mínimo necessário para elaboração da rede, tem­se a topografia da área, 
traçado  viário,  dados  e  critérios  de  projeto.  A  partir  disso,  é  feito  o  traçado  da  rede  e  o 
dimensionamento  baseia­se  na  determinação  dos  diâmetros  em  todos  os  trechos  da  rede 
(TAVARES; CASTRO, 2001). 
Após  o  encerramento  do  cálculo,  são  gerados  os  dados  resultantes  do 
dimensionamento, bem como o envio deles para os aplicativos de desenho, planilhas eletrônicas 
e aplicativos gráficos. Além disso, o programa apresenta uma planilha específica dos problemas 
encontrados (TAVARES; CASTRO, 2001). 
   

 
44 

3  METODOLOGIA 

3.1  ÁREAS DE ESTUDO 

Solicitou­se  à  Companhia  Catarinense  de  Águas  e  Saneamento  (CASAN)  o 


levantamento topográfico e a rede projetada de dois municípios escolhidos de Santa Catarina 
que  apresentassem  características  topográficas  diferentes,  de  maneira  a  estudar  o  efeito  dos 
diâmetros não progressivos em regiões distintas, sendo uma com declives acentuados e outra 
plana. 
Os  dados  solicitados  foram  cedidos  pela  CASAN  em  arquivo  .dwg,  contendo  o 
levantamento planialtimétrico – com a delimitação das ruas e pontos georreferenciados – e os 
arquivos referentes ao projeto de coleta de esgoto: pranchas de estudo de concepção; traçado 
da rede; e arquivos .pdf das planilhas de cálculo e memoriais descritivos e de cálculos.  
A partir desses dados, escolheu­se uma bacia de esgotamento sanitário projetada de 
cada  município  que  tivesse  as  características  mencionadas  anteriormente,  de  maneira  que 
também  tivessem  área  e  extensão  da  rede  semelhantes  para  se  trabalhar  com  as  mesmas 
dimensões. Portanto, tem­se como áreas de estudo: Bacia A e Bacia B. 
Como  o  foco  do  trabalho  não  é  traçar  a  rede  coletora,  mas  sim  os  critérios  de 
dimensionamento da rede, foi utilizado o traçado genérico realizado pela CASAN. Para esses 
traçados, os quesitos de interferências, como galerias de águas pluviais e redes de água, já foram 
avaliados, estando o arranjo da rede pronto. No entanto, alguns detalhes do traçado original da 
CASAN foram alterados a fim de favorecer o entendimento do trabalho.   

3.1.1  Caracterização da Bacia A 

A  Bacia  A  pertence  ao  município  com  topografia  mais  plana,  o  qual  teve  o 
levantamento  planialtimétrico finalizado em  novembro de 2009 e o projeto  da rede coletora 
finalizado em 2013. A Figura 13 apresenta a delimitação da Bacia A, já a rede genérica está 
ilustrada no APÊNDICE A. 
 
 

 
45 

Figura 13 – Delimitação da Bacia A. 

  
Fonte: Elaborado pela autora com dados cedidos pela CASAN.  

A Bacia A tem uma área de 0,60 km², as cotas do terreno variam de aproximadamente 
23,0 m a aproximadamente 31,0 m. O desvio padrão médio das cotas é de 0,96, evidenciando 
seu aspecto mais plano. A rede genérica tem uma extensão de 6.940,5 m, possuindo 104 trechos. 

3.1.2  Caracterização da Bacia B 

Sendo pertencente ao município  com  a topografia com  declives mais acentuados, a 


delimitação  da  Bacia  B  está  apresentada  na  Figura  14  e  a  rede  projetada  pela  CASAN  no 
APÊNDICE B. O levantamento da topografia e o projeto da rede foram finalizados em 2011. 
A topografia mais acentuada com presença de morros é evidenciada pelo desvio padrão 
médio das cotas topográficas de 19,93, tendo como  maior cota de terreno aproximadamente 
684,0 m e menor de aproximadamente 528,0 m. Essa bacia possui área de 0,54 km², tendo a 
rede coletora genérica 6.839,7 m de extensão com 140 trechos. 
 

 
46 

Figura 14 – Delimitação da Bacia B. 

 
Fonte: Elaborado pela autora com dados cedidos pela CASAN. 

 
3.2  DIMENSIONAMENTO COM SOFTWARE SANCAD 

O dimensionamento da rede foi realizado utilizando o software SanCAD da empresa 
Sanegraph Consultoria em Sistemas de Informática e Saneamento, que foi desenvolvido para 
executar  as  rotinas  de  cálculo  em  conjunto  com  o  software  gráfico  AutoCAD.  Para  gerar  o 
arquivo de exportação de dados em formato neutro (.dxf), foi utilizado o CasanCAD, programa 
escolhido pela CASAN para seus projetos técnicos, o qual permite lançar os PVs e trechos sobre 
a planta topográfica no AutoCAD.  
O SanCAD lê o arquivo .dxf no aplicativo de cálculo para montar automaticamente a 
planilha (matriz de dados/dimensionamento), calcular a rede sob os aspectos hidráulicos, gerar 
os arquivos de retorno das informações do cálculo para o AutoCAD e obter a planta final  e 
perfis longitudinais.  
 
47 

3.2.1  Fundamentos do processo de cálculo 

A rede de esgoto é composta por um conjunto de condutos interligados entre si  nos 
nós da rede, abrangendo todas as ruas da localidade. Nos nós são projetados órgãos acessórios, 
sendo que neste projeto foram utilizados apenas PVs.  
A vazão de coleta linear, assumida uniforme ao longo de cada trecho, é obtida a partir 
do  comprimento  total  da  rede,  da  população  de  início  e  fim  de  plano  e  dos  parâmetros  de 
consumo de água, como consumo per capita, coeficientes de vazão diária e horária, coeficiente 
de retorno  e taxa de infiltração. Com  a vazão de cada trecho,  calculam­se os parâmetros  de 
escoamento,  como  o  diâmetro  e  a  declividade.  As  vazões  calculadas  propagam­se  em  cada 
trecho até atingirem seu maior valor no trecho mais próximo ao ponto final da rede.  
O  SanCAD,  em  sua  rotina  de  dimensionamento,  considera  a  alternativa  mais 
econômica  para  determinação  da  declividade  do  trecho,  forçando  ao  máximo  acompanhar  a 
topografia,  de  maneira  a  não  aprofundar  demais  a  rede.  Ainda,  o  programa  realiza  o 
dimensionamento dos coletores com base no atendimento à tensão trativa mínima, conforme 
preconiza  as  normas  técnicas  (NBR  9.649/86  e  NBR  14.486/00)  em  vigor.  Além  disso,  o 
software dimensiona baseado na propagação de vazões, no recobrimento e diâmetro mínimo e 
na relação Y/d máxima, parâmetros determinados pelo projetista. 
Em relação à tensão trativa, o programa admite que sejam considerados os valores de 
tensão trativa mínima admissível de 1,0 Pa ou 0,6 Pa para material plástico (PVC), além de 1,5 
Pa para o caso de interceptores. Além disso, também é possível escolher a adoção de diâmetro 
progressivos ou não progressivos.  
Conforme escolha do projetista, o SanCAD permite que sejam lançados trechos de 1ª 
e 2ª etapas, porém nesse estudo foi considerada a rede toda como sendo de 1ª etapa. 

3.2.2  Critérios de projeto 

Para  o  dimensionamento  das  redes  coletoras  das  duas  bacias  de  estudo,  através  do 
SanCAD,  alguns  critérios  de  projeto  foram  adotados,  os  quais  serão  apresentados  a  seguir 
juntamente com suas justificativas. 
Foi  utilizado  o  consumo  per  capita  de  150 𝑙/ℎ𝑎𝑏. 𝑑,  pois,  além  de  ser  o  consumo 
utilizado pela CASAN ao projetar a rede coletora dos municípios escolhidos, este é o valor mais 
utilizados  nos  projetos  da  empresa.  Por  meio  do  Relatório  Operacional  Mensal  de  Água,  a 
Companhia consegue estimar a consumo per capita, sendo constatado para grande maioria dos 
municípios catarinenses uma média de 150 𝑙/ℎ𝑎𝑏. 𝑑. 
 
48 

Os coeficientes de vazão máxima diária (𝐾1 ) e horária (𝐾2 ), assim como o coeficiente 


de retorno (𝐶) foram adotados de acordo com indicações da NBR 9.649 (ABNT, 1986), dessa 
forma  os  valores  são  𝐾1 = 1,2, 𝐾2 = 1,5 e  𝐶 = 0,8.  Assim,  a  contribuição  per  capita  é  de 
120 𝑙/ℎ𝑎𝑏. 𝑑. 
Para seguir o indicado pela NBR 9.649 (ABNT, 1986), a vazão mínima a considerar 
nos  cálculos  hidráulicos  foi de  1,5 𝑙/𝑠 e o recobrimento  mínimo de 0,9 m  para os coletores 
assentados nas vias de tráfego.  Apesar de  a mesma norma indicar 100  mm como  o mínimo 
diâmetro  a  ser  considerado,  adotou­se  diâmetro  mínimo  de  150  mm.  Essa  preferência  foi 
seguida por segurança, além de ser o padrão adotado pela CASAN.  
Além disso, a distância máxima entre os PVs adotada foi de 100 m e a declividade dos 
coletores  sempre  igual  ou  superior  a  mínima  calculada.  Ainda,  destaca­se  que  foi  adotado 
degrau se a cota entre a geratriz inferior e o fundo do PV estiver entre 0,05 e 0,50 m e tubo de 
queda se for maior que 0,50 m.  
A Tabela 1 resume os critérios de projeto adotados para as Bacias A e B. 

Tabela 1 – Critérios de projeto. 
Parâmetro  Valor  Unidade 
Consumo per capita  150  𝑙/ℎ𝑎𝑏. 𝑑 
Coeficiente de retorno (𝐶)  0,8  ­ 
Coeficiente de máxima vazão diária (𝐾1 )  1,2  ­ 
Coeficiente de máxima vazão horária (𝐾2 )  1,5  ­ 
Contribuição per capita  120  𝑙/ℎ𝑎𝑏. 𝑑 
Diâmetro mínimo  150  mm 
Recobrimento mínimo  0,9  m 
Degrau  0,05 a 0,50  m 
Tubo de queda  > 0,50  m 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 

A  Figura  15  ilustra  a  tela  da  rotina  de  dimensionamento  do  SanCAD,  no  qual  são 
preenchidos e escolhidos alguns dos critérios para o cálculo da rede. Alguns aspectos da devem 
ser evidenciados: 

•  Lâmina d’água máxima adotada de 75%, para garantir o escoamento livre; 


•  Controle do remanso de 100%, ou seja, nas mudanças de diâmetro e/ou declividade o 
nível d’água do coletor de saída é igual ou inferior aos coletores de entrada; 
•  Cálculo da rede com coeficiente de Manning de 0,013, o que resulta em tensão trativa 
mínima de 1,0 𝑃𝑎; 
 
49 

•  Não  foi  fixada  declividade  mínima,  sendo  sempre  calculada  para  respeitar  a  tensão 
trativa mínima; 
•  Degraus de até 4 cm são desprezados, enquanto o degrau inicial é de 5 cm; 

Figura 15 ­ Tela da rotina de dimensionamento do SanCAD. 

 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 

O  critério  mais  importante  a  ser  identificado  nesse  estudo  é  a  adoção  ou  não  de 
diâmetro  progressivos.  Nesse  sentido,  foram  realizadas  simulações  de  dimensionamento 
considerando dois cenários de critério de determinação do diâmetro, um considerando diâmetro 
progressivos,  nesse  caso,  no  destaque  em  vermelho  da  Figura  15  foi selecionado “SIM”. O
outro cenário foi considerando diâmetros não progressivos, assim foi marcado o “NÃO” no 
destaque em vermelho.  
Diferente dos demais critérios apresentados acima, para as populações inicial e final 
(saturação)  aplicou­se  valores  diferentes  para  cada  bacia,  pois  foram  utilizados  os  dados 
referentes ao estudo populacional realizado pela CASAN quando desenvolvido o projeto, a fim 
de ficar condizente com as diferentes áreas de estudo. Da mesma forma foi feito para a taxa de 
infiltração. Na Tabela 2 estão apresentados os valores utilizados.  
Importante ressaltar que foi adotado infiltração maior para a Bacia A, pois as regiões 
mais  planas  em  Santa  Catarina  geralmente  estão  mais  próximas  do  nível  do  mar,  estando  o 
lençol freático mais elevado. Assim, havendo maior risco de infiltração.   
 
50 

Tabela 2 – População e infiltração por bacia. 
Parâmetro  Bacia A  Bacia B 
População inicial (hab)  1055  3452 
População final (saturação) (hab)  6007  7087 
Taxa de infiltração (l/s.m)  0,0002  0,0001 
Fonte: Elaborado pela autora (2021) 

3.2.3  Rede auxiliar 

Foi considerada a utilização de rede auxiliar quando o diâmetro do coletor for maior 
que 300 mm e/ou quando a profundidade da rede for maior do que 2,80 m, de acordo com o 
Manual de Projeto de Esgotamento Sanitário da CASAN (2021).  
A rede auxiliar não é dimensionada e nem desenhada, pois sempre possui diâmetro 
mínimo (150 mm)  e recobrimento  mínimo (0,9 m). No projeto  foi  considerado que ela será 
assentada acima do coletor principal, prática comum realizada pelas operadoras de saneamento.  

3.3  VAZÕES DE CONTRIBUIÇÃO 

Como forma de avaliar as alterações de diâmetro a partir da utilização do método de 
diâmetros não progressivos para casos de bacias que escoam uma grande vazão, optou­se por 
introduzir nelas vazões concentradas. Na maioria dos casos esse tipo de situação acontece com 
bacias que estão mais próximas da ETE, ou seja, que recebem contribuição de esgoto das bacias 
a montante através de emissário que escoa o esgoto até o PV mais próximo.  
Portanto,  a  fim  de  simular  essa  condição,  foram  introduzidas  vazões  de  forma 
concentrada em alguns PVs, sendo selecionados conjuntos de vazão de início e fim de plano 
para analisar.  
As  figuras  a  seguir  apresentam  a  forma  de  inserção  das  vazões  concentradas  pelo 
SanCAD. Nesse sentido, a Figura 16 apresenta a tela de entrada de vazões concentradas com a 
listagem  dos  trechos  e  PVs  de  montante  e  jusante  para  selecionar  o  local  de  inserção  da 
contribuição. Ao selecionar o trecho, clica­se em dados para edição para digitar a grandeza das 
vazões  a  serem  inseridas,  conforme  ilustra  a  Figura  17.  O  SanCAD  já  entende  que  a 
contribuição chegará no PV de montante do trecho selecionado.  
Para cada bacia, foram escolhidos três poços de visitas para receberem as vazões de 
contribuição. A escolha dos PVs foi realizada de maneira que a vazão concentrada passasse 
pela maior quantidade de diferentes trechos possíveis até chegar no ponto final da rede.  

 
51 

Figura 16 – Tela de Entrada de Vazões Concentradas. 

 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 

Figura 17 – Edição da Vazão Concentrada. 

 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
 
52 

3.4  SIMULAÇÕES 

A partir da determinação das vazões concentradas e dos locais de inserção destas foram 
definidas as simulações para execução dos dimensionamentos. Cada simulação foi  realizada 
para dois critérios de determinação do diâmetro: progressivos (DP) e não progressivos (DNP). 
No primeiro, o diâmetro de um  trecho nunca será menor do que o diâmetro de um  trecho a 
montante, independendo da capacidade do coletor. No segundo, o diâmetro de cada trecho será 
o menor possível, respeitando todos os demais critérios pré­definidos.  
As simulações foram numeradas em ordem crescente de vazão concentrada para cada 
PV escolhido, em que a primeira é a bacia sem contribuição concentrada. Ainda, as simulações 
referentes à Bacia A receberam o prefixo A e da Bacia B, o prefixo B. 
A  Figura  18  ilustra  a  sequência  de  passos  para  determinação  das  simulações, 
considerando a escolha de um conjunto de vazão de contribuição inserida em um PV por bacia. 

Figura 18 – Esquema das simulações. 

 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
Notas: DP = diâmetro progressivos; DNP = diâmetros não progressivos. 

Foram elaborados os orçamentos para duas simulações de cada bacia de estudo. Nesse 
contexto, a escolha das simulações foi realizada a partir de uma análise dos resultados avaliando 
as  alterações  de  diâmetro  e  de  profundidade,  sendo,  então,  escolhidas  as  que  apresentaram 
maior relevância de comparação.  
A  partir  das  6  simulações  escolhidas,  foram  calculados  os  orçamentos  para  os  dois 
cenários  dimensionados:  DP  e  DNP,  totalizando  12  orçamentos.  Então,  a  comparação  dos 
resultados dos orçamentos foi efetuada entre os dois cenários da simulação, para determinar a 

 
53 

porcentagem da diferença de custo. Em uma análise final, também foi realizada a comparação 
das porcentagens entre cada simulação dentro da bacia, e também entre as bacias em si. 

3.5  CRITÉRIOS DE ORÇAMENTO 

Os  orçamentos  foram  elaborados  considerando  a  Regulamentação  de  Preços  e 


Critérios de Medição da CASAN. O custo unitário dos serviços de obra foi retirado da Tabela 
de Preços de Obras Civil, também da CASAN, atualizada em fevereiro de 2020.  
Para o orçamento dos materiais, utilizou­se o Relatório de Insumos e Composições de 
Santa Catarina, do mês de fevereiro de 2021, do Sistema de Nacional de Preço e Índice para 
Construção Civil (SINAPI).  
Em todos os preços, já foram incluídos os Benefícios e Despejas Indiretas (BDI) de 
25,11% para os serviços de obras civis e de 15,75% para fornecimento dos materiais, conforme 
orientado pela operadora de saneamento. 
Destaca­se que foram elaborados os orçamentos de implantação da rede coletora para 
os serviços e materiais que são influenciados pelas alterações de diâmetro e profundidade das 
tubulações. Dessa forma, os custos contabilizados foram referentes à escavação, reaterro, carga, 
transporte, descarga, escoramento, assentamento, remoção e recomposição da pavimentação, 
poços de visita e tubulações.  
Além  disso,  salienta­se  que  os  custos  das  ligações  prediais,  estações  elevatórias, 
estações  de  tratamento  de  esgoto,  emissários  e  outras  partes  não  foram  considerados  nesse 
estudo. 
Nesse sentido, foram elaboradas planilhas bases para o cálculo do orçamento de acordo 
com os critérios e padronizações da companhia de saneamento. A seguir são apresentados os 
processos de cálculo para cada tipo serviço. 

3.5.1  Escavação 

O  volume  de  escavação  para  abertura  das  valas  depende  da  profundidade  média 
(equação 12) da vala, da extensão do trecho e da largura da vala, conforme equação 13. 

𝑝𝑟𝑜𝑓𝑗𝑢𝑠 − 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑚𝑜𝑛 (12) 


𝑃𝑟𝑜𝑓𝑚é𝑑 =
2

𝑉𝑒𝑠𝑐 = 𝑃𝑟𝑜𝑓𝑚é𝑑 ∗ 𝐿 ∗ 𝐸𝑥𝑡 (13) 

Onde: 

 
54 

𝑃𝑟𝑜𝑓𝑚é𝑑 = profundidade média da vala, em 𝑚; 
𝑝𝑟𝑜𝑓𝑗𝑢𝑠 = profundidade de jusante, em 𝑚; 
𝑝𝑟𝑜𝑓𝑚𝑜𝑛 = profundidade de montante, em 𝑚; 
𝑉𝑒𝑠𝑐 = volume de escavação, em 𝑚³; 
𝐿 = largura da vala, em 𝑚; 
𝐸𝑥𝑡 = extensão do trecho, em 𝑚. 
A largura da vala (𝐿) foi definida de acordo com a profundidade e também pelo tipo 
de escoramento adotado, conforme o Quadro 1. As especificações da escolha dos escoramentos 
serão apresentadas posteriormente.  

Quadro 1 ­ Largura das valas em função do diâmetro, profundidade e escoramento. 
Diâmetro  Profundidade  Largura da vala em função do escoramento 
S/ escor. ou  Contínuo ou  Metálico/ 
mm  m  Especial 
Pontaleteamento  Descontínuo  Madeira 
até 2,00  0,65  0,65  0,75    
150  até 4,00  0,75  0,85  1,05  1,65 
até 6,00  0,85  1,05  1,35  1,80 
até 2,00  0,70  0,70  0,80    
200  até 4,00  0,80  0,90  1,10  1,75 
até 6,00  0,90  1,10  1,40  1,90 
até 2,00  0,80  0,80  0,90   ­ 
250  até 4,00  0,90  1,00  1,20  1,85 
até 6,00  1,00  1,20  1,50  2,00 
até 2,00  0,80  0,80  0,90   ­ 
300  até 4,00  0,90  1,00  1,20  1,85 
até 6,00  1,00  1,20  1,50  2,00 
até 2,00  0,90  1,10  1,20   ­ 
350  até 4,00  1,00  1,30  1,50  2,15 
até 6,00  1,10  1,50  1,80  2,30 
até 2,00  0,90  1,10  1,20   ­ 
400  até 4,00  1,00  1,30  1,50  2,15 
até 6,00  1,10  1,50  1,80  2,30 
até 2,00  1,00  1,15  1,25   ­ 
450  até 4,00  1,10  1,35  1,55  2,25 
até 6,00  1,20  1,55  1,85  2,40 
Fonte: Elaborado pela autora (2021) baseado na RPCM (CASAN, 2016). 

O custo das escavações depende também da porcentagem de rocha no solo e também 
do tipo de rocha. Por isso, definiu­se para Bacia A solo com 4% de rocha, enquanto que para 
Bacia  B  com  35%,  de  acordo  com  as  características  das  regiões  levantadas  pela  operadora. 
Além  disso,  o  percentual  do  tipo  de  rocha  para  cada  bacia  está  apresentando  na  Tabela  3, 
também adotado de acordo com as características do local.  Ressalva­se que foram priorizados 
 
55 

os  valores  que  correspondem  às  características  do  local  pois  se  objetivou  representar  as 
diferentes regiões planas e com terreno acidentado. 

Tabela 3 – Percentual do tipo de rocha nas Bacia A e B. 
Tipo de rocha  Bacia A  Bacia B 
Rocha compacta a fogo  70%  78% 
Rocha compacta a frio  10%  0% 
Rocha branda a frio  10%  20% 
Rocha com arg. Expansiva  10%  2% 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 

3.5.2  Reaterro 

O volume de reaterro foi calculado através da equação 14. 

𝑉𝑟𝑒𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 = 𝑉𝑒𝑠𝑐 − 𝑉𝑡𝑢𝑏𝑜 (14) 

Onde: 
𝑉𝑟𝑒𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 = volume de reaterro, em 𝑚³; 
𝑉𝑒𝑠𝑐 = volume de escavação, em 𝑚3 ; 
𝑉𝑡𝑢𝑏𝑜 = volume da tubulação, em 𝑚³. 
Para as duas bacias se considerou que todo o solo não rochoso foi utilizado no reaterro. 
O restante da quantidade de solo foi completada com areia. 

3.5.3  Carga, transporte e descarga 

O custo com a carga, transporte e descarga dos materiais escavados, areia do reaterro 
e entulhos foi calculado de acordo com o volume deslocado e considerando uma distância de 
transporte de 5 km para as duas bacias estudadas. 

3.5.4  Escoramento 

O  tipo  de  escoramento  adotado  em  cada  vala  foi  determinado  com  base  na 
profundidade média (𝑃𝑟𝑜𝑓𝑚é𝑑 ), conforme Quadro 2. Os escoramentos especiais foram então 
divididos em metade do tipo estaca prancha e metade do tipo chapa grossa. 
 
 
 

 
56 

Quadro 2 – Tipo de escoramento de acordo com a profundidade da vala. 
Profundidade  Escoramento 
0,00 ­ 1,25  Sem escoramento 
1,25 ­ 1,50  Pontaleteamento 
1,50 ­ 1,80  Contínuo 
1,80 – 3,00  Especial 
3,00 – 4,00  Hamb. 1qd 
4,00 – 5,00  Hamb. 2qd 
>5,00  Hamb. 3qd 
Fonte: Elaborado pela autora (2021) baseado em RPCM (CASAN, 2016). 

Além  do  tipo  de  escoramento  utilizado,  também  foi  considerado  no  custo  a  área 
escorada, sendo calculada pela equação 15. 

𝐴𝑒𝑠𝑐𝑜 = 𝑃𝑟𝑜𝑓𝑚é𝑑 ∗ 𝐸𝑥𝑡 (15) 

Onde: 
𝐴𝑒𝑠𝑐𝑜 = área de escoramento, em 𝑚2 ; 
𝑃𝑟𝑜𝑓𝑚é𝑑𝑖𝑎 = profundidade média da vala, em 𝑚, calculada pela Equação 12; 
𝐸𝑥𝑡 = extensão da vala. 

3.5.5  Assentamento 

O serviço de assentamento engloba o assentamento das tubulações, dos tubos de queda 
e dos tampões dos poços de visita. Portanto, é válido destacar que foram adotadas tubulações 
de PVC para DN de até 400 mm e de PEAD para os condutos maiores. Ainda, destaca­se que 
os tampões são de ferro fundido dúctil. 

3.5.6  Remoção da Pavimentação 

Foi  considerado  que  todos  os  trechos  de  ambas  bacias  estão  assentando  em  locais 
asfaltados. Para encontrar a área de asfalto a ser removida, fez­se a multiplicação da extensão 
do trecho pela largura, porém destaca­se que foi somado 0,30 m na largura utilizada. 
Conforme  padronização  da  companhia  de  saneamento,  o  custo  de  remoção  da 
pavimentação foi calculado considerando 50% da área total como pavimentação asfáltica e 50% 
como pavimentação asfáltica com base de pedra irregular, paralelepípedo ou lajota. Além disso, 
também foram somados os custos de corte em asfalto, calculado de acordo com a extensão dos 
trechos multiplicada por dois. 

 
57 

3.5.7  Execução da Pavimentação Asfáltica 

Como  todo  pavimento  removido  é  asfalto,  é  necessário  determinar  o  custo  para 


recompor esse pavimento. Nesse cenário, os custos dividem­se em execução da imprimação 
ligante, do concreto asfáltico usinado a quente (CAUQ) e da sub­base.  
Em relação à imprimação ligante, o custo depende da área, determinada pela extensão 
do trecho multiplicado por 3,50 m, correspondente à meia­pista. Já em relação a execução do 
CAUQ, o custo é determinado pelo peso de concreto necessário, que foi calculado de acordo 
com  o  volume  de  reposição.  Para  isso,  foi  considerando  5  cm  de  espessura  e  densidade  do 
CAUQ de 2050 kg/m³. Por fim, foi determinado sub­base com espessura de 0,20 m e seu custo 
calculado de acordo com o volume de reposição.  

3.5.8  Poços de visita 

O último custo considerado nas obras civis foram os poços de visitas, bem como dos 
acréscimos de balão e de chaminé neles. 
Primeiramente, definiu­se o tipo do PV utilizado, conforme estabelecido no Quadro 3. 
A necessidade de chaminé foi avaliada de acordo com a profundidade do PV. No caso de PVs 
com  profundidade  menor  que  2,50  m,  não  se  empregou  chaminé.  Nos  PVs  até  3,50  m,  a 
extensão da chaminé é a profundidade subtraída de 2,50 m e nos PVs mais profundos, a altura 
da chaminé é sempre igual a 1,0 m. O diâmetro das chaminés também é determinado de acordo 
com o Quadro 3. 

Quadro 3 – Critérios de determinação do tipo do poço de visita. 
Características máximas do PV  Tipo de PV 
Profundidade máxima  DN máximo  DN PV  Chaminé  Tipo do PV 
1,2  150  600  ­  Tipo 1 
2,5  300  800  ­  Tipo 2 
4  400  1000  600  Tipo 3 
> 4,0  500  1200  800  Tipo 4 
Fonte: Elaborado pela autora (2021) baseado em RPCM (CASAN, 2016). 

A extensão do balão (câmara) adotada nos poços de visita sem chaminé foi a altura do 
PV, já para os casos com chaminé ela foi calculada pela profundidade subtraindo a altura da 
chaminé. A partir dessas constatações  pôde­se determinar o custo dos serviços referente aos 
PVs de acordo com as unidades necessárias e com a extensão das câmaras e chaminés. 

 
58 

3.5.9  Materiais 

Os materiais quantificados foram as tubulações de escoamento e dos tubos de queda, 
os tampões dos poços de visita, assim como os tê e curvas necessários nos TQ.  
Vale salientar que foi adotado que as tubulações  com  diâmetro até 400 mm  são de 
PVC e as maiores (até 450 mm) de PEAD. Ainda, os tampões são de ferro fundido dúctil com 
DN 600, exceto para os PVs do Tipo 4 que são com DN 800. 

3.5.10  Rede auxiliar 

Visto que a execução da rede auxiliar apresenta variações de acordo com a operadora 
de  saneamento  e  também  com  a  localidade,  a  determinação  da  sua  execução  e  dos  serviços 
englobados são complexos. 
Dessa forma, considerou­se o assentamento da rede auxiliar acima do coletor principal, 
pois é uma das práticas mais usuais e econômicas. De acordo com informações transmitidas 
oralmente  se  destaca  que  primeiramente  é  implantado  o  condutor  principal  e  realizado  o 
reaterro. O assentamento da rede auxiliar é feito posteriormente, executando­se novamente a 
escavação  e  o  reaterro  do  solo  já  substituído.  Ainda,  se  evidencia  que  a  recomposição  da 
pavimentação é realizada apenas uma vez após a finalização da rede auxiliar.  
Portanto, foi adotado um valor de R$ 30,00 por metro de rede auxiliar, que engloba os 
custos de escavação e reaterro e, também, os custos relacionados aos prováveis tubos de queda. 

 
59 

4  RESULTADOS E DISCUSSÃO 

4.1  VAZÕES DE CONTRIBUIÇÃO 

Foram escolhidos quatro conjuntos de vazões de contribuição inicial e final para serem 
inseridos nas bacias, sendo apresentados na Tabela 4. 

Tabela 4 – Vazões de contribuição. 
Vazão concentrada de  Vazão concentrada de 
Nomenclatura 
início de plano (l/s)  final de plano (l/s) 
Contribuição 1  3,0  8,0 
Contribuição 2  6,0  16,0 
Contribuição 3  12,0  32,0 
Contribuição 4  24,0  64,0 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 

A  escolha  dessas  contribuições  foi  de  maneira  a  gerar  mudanças  significativas  na 
vazão  cada  vez  que  ela  fosse  alterada.  Por  isso,  os  valores  foram  dobrados  a  cada  nova 
contribuição. Além disso, escolheu­se contribuição máxima de 64,0 l/s para não acarretar em 
diâmetros muito grandes e fora do usual em sistema de esgotamento sanitário.  
A partir da determinação das vazões de contribuição, definiram­se os PVs nos quais 
as  vazões  foram  inseridas em  cada simulação, focando em  selecionar um local  em  que essa 
vazão maior escoe pela máxima quantidade de trechos possíveis. Dessa forma, na Tabela 5 se 
apresentam os PVs, bem como a quantidade de trechos a contribuição escoará até chegar ao 
final da rede. 
É  importante  salientar  que  a  Bacia  A  não  possui  grande  quantidade  de  trechos 
subsequentes se comparada à Bacia B, uma vez que os coletores estão concentrados perto do 
final da rede, de maneira que a maior derivação possui apenas 17 trechos. Ainda, priorizou­se 
a escolha de PVs em que a maioria dos trechos que comportará a vazão concentrada não sejam 
coincidentes. 
 
 
 
 

 
60 

Tabela 5 – PVs de lançamento das vazões concentradas. 
Bacia  PVs escolhidos  Quantidade de trechos 
A001  17 trechos 
Bacia A  A039  17 trechos 
A077  11 trechos 
B001  27 trechos 
Bacia B  B070  30 trechos 
B097  20 trechos 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 

4.2  DIMENSIONAMENTOS 

A partir da definição dos quatros conjuntos de vazões de contribuição e os três pontos 
de lançamento em cada bacia foram definidas 13 simulações para a Bacia A e 13 para Bacia B, 
sendo as  primeiras de cada bacia sem  vazão pontual, conforme ilustra  a  Tabela 6. Todas  as 
simulações  foram  dimensionadas  com  a  metodologia  de  diâmetros  progressivos  (DP)  e  de 
diâmetros não progressivos (DNP), totalizando então 52 dimensionamentos realizados. 

Tabela 6 – Caracterização das simulações realizadas. 
Vazão  Bacia A    Bacia B 
Concentrada  PV  Simulação    PV  Simulação 
­  ­  A1    ­  B1 
A001  A2    B001  B2 
3,0/8,0  A039  A3    B070  B3 
A077  A4    B097  B4 
A001  A5    B001  B5 
6,0/16,0  A039  A6    B070  B6 
A077  A7    B097  B7 
A001  A8    B001  B8 
12,0/32,0  A039  A9    B070  B9 
A077  A10    B097  B10 
A001  A11    B001  B11 
24,0/64,0  A039  A12    B070  B12 
A077  A13    B097  B13 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 

 
61 

Todos os dimensionamentos tiveram resultados respeitando os parâmetros adotados 
para o bom funcionamento da rede, como lâmina d’água menor que 75% e tensão trativa maior 
que 1,0 𝑃𝑎.  
Os resultados para cada trecho dos dimensionamentos contendo os diâmetros, vazões, 
declividades, lâmina d’água, entre outras características podem ser visualizados na página 1 da 
Dashboard interativa disponível no link https://bit.ly/3sSBW3t.  

4.3  COMPARAÇÕES DOS CENÁRIOS 

Para cada simulação, os dimensionamentos dos cenários foram comparados a fim de 
encontrar a quantidade e o comprimento dos trechos que tiveram alterações de diâmetro, bem 
como  sua  magnitude.  Também  foi  realizada  a  quantificação  e  magnitude  das  alterações  da 
profundidade  de  jusante.  Então,  nas  Figura  19  e  Figura  20  são  apresentados  os  resultados 
encontrados  nas  Bacias  A  e  B,  respectivamente.  A  comparação  para  cada  trecho  pode  ser 
conferida na página 1 da mesma Dashboard (https://bit.ly/3sSBW3t).  
É possível observar que, nas duas bacias, à medida que a vazão de contribuição cresce, 
aumenta a quantidade de trechos com mudança de diâmetro, situação que ocorreu em maior 
número na Bacia B. 
Em relação à profundidade, observa­se que na Bacia A foram obtidos valores positivos 
no somatório das magnitudes devido ao aumento de profundidade de jusante em alguns trechos, 
fato que não ocorreu na Bacia B.  
De antemão, é importante apontar que os diâmetros mínimos a serem empregados nos 
condutos são determinados a partir da vazão e da declividade do trecho de maneira que respeite 
os  critérios  estabelecidos.  Nessa  perspectiva,  como  a  metodologia  de  diâmetros  não 
progressivos (DNP) utiliza sempre o mínimo diâmetro possível em todos os trechos, destaca­
se que as alterações entre cenários são decorrentes da utilização de diâmetro maior do que o 
necessário no cenário com diâmetros progressivos (DP).  
Diante disso, foi atestado que essa situação ocorre quando algum trecho demanda certo 
diâmetro e, por mais que os trechos seguintes necessitem de diâmetro inferior, no cenário DP o 
diâmetro adotado é sempre igual ou maior  que o anterior.  Dessa forma, foram  avaliadas as 
motivações que fazem um trecho propor diâmetro inferior que o de montante.  
 
 

 
62 

Figura 19 – Resultados das simulações da Bacia A. 

 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 

 
63 

Figura 20 – Resultados das simulações da Bacia B. 

 
Fonte: Elaborado pela autora (2021).

 
64 

Uma das motivações verificadas é quando a declividade do coletor é suficientemente 
maior que a declividade de um trecho de montante, visto que o aumento da declividade permite 
a redução do diâmetro para uma mesma vazão.  
Por  isso,  inicialmente,  cabe  destacar  as  situações  que  determinam  a  declividade  do 
coletor,  reforçando  que  nunca  pode  ser  inferior  à  mínima.  Com  esse  propósito,  a  Tabela  7 
apresenta os critérios de adoção da declividade do coletor. 

Tabela 7 – Critério para adoção da declividade do coletor. 
Situação  Declividade do coletor adotada 
𝐼𝑡𝑒𝑟 < 𝐼𝑚í𝑛   𝐼𝑚í𝑛  
𝐼𝑡𝑒𝑟 > 𝐼𝑚í𝑛  e rede está rasa  𝐼𝑡𝑒𝑟  
𝐼𝑚í𝑛  
𝐼𝑡𝑒𝑟 > 𝐼𝑚í𝑛  e rede profunda 
𝐼𝑡𝑒𝑟 < 𝐼𝑐𝑜𝑙 < 𝐼𝑚í𝑛  
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
Notas: 𝐼𝑐𝑜𝑙 = declividade do coletor; 𝐼𝑚í𝑛 = declividade mínima; 𝐼𝑡𝑒𝑟 = declividade do terreno. 

Cabe elucidar que quando a rede está mais profunda que o recobrimento mínimo, é 
necessário  que  a  declividade  do  coletor  seja  determinada  de  forma  que  proporcione  a 
recuperação  da  profundidade  da  rede,  portanto,  é  importante  adotar  a  menor  declividade 
possível.  Assim,  as  características  do  terreno  influenciam  diretamente  nos  resultados  da 
metodologia estudada. 
Ainda, destaca­se que para os condutos assentados com a declividade mínima nos dois 
cenários, não ocorre modificação do diâmetro, uma vez que se está usando o mínimo possível 
já no cenário DP. 
Conforme  apresentando,  as  características  do  terreno  influenciam  diretamente  nos 
resultados  do  critério  estudado.  Assim,  como  as  bacias  dimensionadas  possuem  topografias 
distintas, nos tópicos a seguir se discute como os resultados se manifestam em cada região. 

4.3.1  Discussão da Bacia A 

A  partir  das  Figura  19  e  Figura  20  apresentadas  anteriormente  nota­se  a  menor 
quantidade de trechos com alterações de diâmetros na Bacia A, bem como de magnitude. Essa 
conjuntura é determinada pela topografia com características mais planas, pois nesses casos as 
declividades do terreno são muito pequenas ou  possuem sentido desfavorável, resultando na 
exigência  da  utilização  da  declividade  mínima.  Ressalta­se  que,  dos  104  trechos  existentes 

 
65 

nessa bacia, apenas 23 possuem terreno com declividade maior do que a mínima na simulação 
A1 (sem vazão pontual). 
As  simulações  foram  agrupadas  de  acordo  com  o  PV  de  lançamento  da  vazão 
concentrada, visto que os resultados se alteram à medida que esta aumenta. Dessa forma,  se 
apresentam  os  perfis  do  terreno  para  os  trechos  que  escoam  a  contribuição  de  esgoto,  para 
verificar como ocorre efetivamente a influência da topografia. 

4.3.1.1  Lançamento da contribuição no PV A001 

O  lançamento  da  contribuição  no  PV  A001,  conforme  apresentado  anteriormente, 


possui 17 trechos até o final da rede. O perfil do terreno dos trechos envolvidos está apresentado 
na Figura 21. 

Figura 21 – Perfil do terreno de A001 até FIM. 

 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
Nota: declividade (𝐼) representada na unidade m/m. 

O Quadro 4 indica para cada trecho do perfil se a declividade do terreno é maior do 
que  a  mínima  calculada  e  qual  foi  a  declividade  do  coletor  (𝐼𝑐𝑜𝑙 )  adotada  no  cenário  DNP, 
qualitativamente.  Ainda,  as  células  destacadas  indicam  que  naquele  trecho  foi  possível 
empregar  diâmetro  inferior  ao  usado  no  cenário  DP,  ou  seja,  os  trechos  contabilizados  por 
apresentarem modificação do diâmetro. 
 
 
 

 
66 

Quadro 4 – Estudo das declividades das simulações em A001. 
Simulações 
Trecho 
A1  A2  A5  A8  A11 
001­001  sim / T  sim / T  sim / T  sim / T  sim / T 
001­002  sim / T  sim / T  sim / T  sim / T  sim / T 
001­003  sim / T  sim / T  sim / T  sim / T  sim / T 
001­004  não / M  não / M  não / M  sim / T  sim / A 
001­005  não / M  não / M  não / M  não / M  não / M 
001­006  não / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
001­007  não / M  não / M  não / M  não / M  não / M 
001­008  não / M  não / M  sim / M  sim / M  sim / T 
001­009  não / M  não / M  não / M  não / M  sim / A 
001­010  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / E 
001­011  não / M  sim / M  sim / M  sim / A  sim / E 
001­012  não / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
001­013  não / M  não / M  não / M  não / M  não / M 
001­014  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
001­015  não / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
001­016  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
001­017  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
Notas: sim: 𝐼𝑡𝑒𝑟 > 𝐼𝑚í𝑛 ; não: 𝐼𝑡𝑒𝑟 < 𝐼𝑚í𝑛 ; T: 𝐼𝑐𝑜𝑙 = 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; M:  𝐼𝑐𝑜𝑙 = 𝐼𝑚í𝑛 ; E: 𝐼𝑚í𝑛 < 𝐼𝑐𝑜𝑙 < 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; A: 𝐼𝑐𝑜𝑙 > 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; 
Célula destacada: alteração de diâmetro entre os cenários. 

Primeiramente, destaca­se que nas simulações com maiores contribuições de vazão, 
foi aumentando a quantidade de trechos em que 𝐼𝑡𝑒𝑟 > 𝐼𝑚í𝑛 , o que viabiliza as diminuições de 
diâmetro. No entanto, devido à topografia plana, ainda há muitos trechos que necessitam da 
declividade mínima para que a profundidade da rede seja recuperada. O aprofundamento da 
rede é causado pela necessidade excessiva de utilizar a 𝐼𝑚í𝑛 , fato comum em terrenos planos.  
Ainda, pode­se comentar que a redução de diâmetro só acontece se existem trechos 
anteriores que solicitaram diâmetro maior. Isso é evidenciado pelos primeiros trechos dessas 
simulações que, apesar de possuírem declividade alta, não tiveram alterações. 

4.3.1.2  Lançamento da contribuição no PV A039 

As simulações em que a vazão concentrada foi lançada no PV A039 possuem também 
17  trechos  que  escoam  vazões  maiores  do  que  apenas  a  contribuição  linear.  Também  cabe 
comentar que desses 17 trechos, os 6 finais coincidem com os trechos das simulações em A001. 
O perfil do terreno está apresentado na Figura 22. 

 
67 

Figura 22 – Perfil do terreno de A039 até FIM. 

 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
Nota: declividade (𝐼) representada na unidade m/m. 

O Quadro 5 apresenta as informações de declividade de forma análoga às simulações 
com lançamento em A001. 

Quadro 5 – Estudo das declividades das simulações em A039. 
Simulações 
Trecho 
A1  A3  A6  A9  A12 
010­001  sim / T  sim / T  sim / T  sim / T  sim / T 
010­002  sim / T  sim / T  sim / E  sim / E  sim / E 
010­003  sim / T  sim / T  sim / T  sim / T  sim / T 
010­004  não / M  não / M  não / M  não / M  não / M 
010­005  não / M  não / M  não / M  não / M  sim / T 
010­006  não / M  não / M  não / M  não / M  sim / T 
010­007  não / M  não / M  não / M  não / M  não / M 
010­008  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
010­009  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
010­010  não / M  não / M  não / M  não / M  não / A 
008­007  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / E 
001­012  não / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
001­013  não / M  não / M  não / M  não / M  não / M 
001­014  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
001­015  não / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
001­016  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
001­017  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
Notas: sim = 𝐼𝑡𝑒𝑟 > 𝐼𝑚í𝑛 ; não = 𝐼𝑡𝑒𝑟 < 𝐼𝑚í𝑛 ; T: 𝐼𝑐𝑜𝑙𝑒𝑡𝑜𝑟 = 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; M:  𝐼𝑐𝑜𝑙 = 𝐼𝑚í𝑛 ; E: 𝐼𝑚í𝑛 < 𝐼𝑐𝑜𝑙 < 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; A: 
𝐼𝑐𝑜𝑙 > 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; Célula destacada: alteração de diâmetro entre os cenários.  

 
68 

Os  trechos  coincidentes  com  o  lançamento  em  A001  também  não  apresentaram 
alterações de diâmetro, uma vez que esta é a parte final  da rede  e possui profundidade  alta, 
forçando a utilização da declividade mínima, mesmo que 𝐼𝑡𝑒𝑟 > 𝐼𝑚í𝑛 .  
No entanto, nessas simulações observa­se modificação de diâmetro logo no segundo 
trecho  de  coletor,  justificado  pelo  trecho  010­002  ser  um  declive  mais  acentuado  do  que  o 
anterior.  
Outra situação  incomum  ocorre em  relação  ao aclive 010­010. Nesse caso, como  o 
poço de visita à jusante possui outras chegadas profundas, foi adotada declividade maior do que 
a mínima em um aclive possibilitando redução do diâmetro, apesar de causar alta profundidade.  
Observam­se  poucas  alterações  de  diâmetro,  pois  praticamente  todos  os  trechos 
necessitaram  da  declividade  mínima,  sendo  que  apenas  houve  diminuição  do  diâmetro  nos 
casos em que foi factível aumentar a profundidade para declividade ficar maior. 

4.3.1.3  Lançamento da contribuição no PV A077 

Essas simulações possuem 11 trechos que escoam a vazão de contribuição, sendo que 
apenas o trecho final coincide com as outras simulações já comentadas. A Figura 23 ilustra o 
perfil do terreno por onde passam os coletores que escoam a contribuição. 

Figura 23 – Perfil do terreno de A077 até FIM. 

 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
Nota: declividade (𝐼) representada na unidade m/m. 

Da  mesma  maneira  que  anteriormente,  o  Quadro  6  apresenta  as  informações  de 
declividade para essas simulações no cenário DNP. A partir da observação da simulação A4 
destaca­se o fato de, nesses casos, a Contribuição 1 já possibilitar que a declividade do terreno 
fique  maior  do  que  a  mínima  (021­003).  No  entanto,  é  importante  externar  que  muitos 
parâmetros  estão  correlacionados,  sendo  necessário  uma  análise  mais  aprofundada  para 
verificar  qual  o  aumento  eficiente  de  declividade  de  acordo  com  a  vazão  para  ocorrer  essa 
situação, prática que não foi proposta nesse trabalho. 
 
 

 
69 

Quadro 6 – Estudo das declividades das simulações em A077. 
Simulações 
Trecho 
A1  A4  A7  A10  A13 
021­001  não / M  não / M  não / M  não / M  não / M 
021­002  sim / E  sim / E  sim / E  sim / E  sim / E 
021­003  não / M  sim / T  sim / T  sim / T  sim / T 
021­004  não / M  não / M  não / M  não / M  não / M 
021­005  não / M  não / M  não / M  não / M  não / M 
020­003  não / M  não / M  não / M  não / M  não / E 
020­004  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / E 
020­005  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / E 
016­006  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
016­007  não / M  não / M  não / M  não / E  não / E 
001­017  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M  sim / M 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
Notas: sim = 𝐼𝑡𝑒𝑟 > 𝐼𝑚í𝑛 ; não = 𝐼𝑡𝑒𝑟 < 𝐼𝑚í𝑛 ; T: 𝐼𝑐𝑜𝑙𝑒𝑡𝑜𝑟 = 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; M:  𝐼𝑐𝑜𝑙 = 𝐼𝑚í𝑛 ; E: 𝐼𝑚í𝑛 < 𝐼𝑐𝑜𝑙 < 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; A: 𝐼𝑐𝑜𝑙 >
𝐼𝑡𝑒𝑟 ; Célula destacada: alteração de diâmetro entre os cenários. 

Ainda, foi observado a ocorrência de aclives acentuados nesse perfil. Porém, mesmo 
em dois aclives, conseguiu­se empregar diâmetro inferior, usando uma declividade maior do 
que  no  outro  cenário,  o  que  forçou  um  aumento  da  profundidade.  Inferiu­se  que,  como 
posteriormente  essa  será  recuperada,  a  relação  aumento  de  profundidade  e  diminuição  de 
diâmetro compensou.  
Pode­se também mencionar o fato das modificações evidentemente só ocorreram caso 
um trecho de montante force diâmetro maior, como é o caso do primeiro trecho desse perfil. 

4.3.2  Discussão da Bacia B 

A  Bacia  B  possui  grande  declives,  diferente  da  bacia  anterior,  resultando  em 
declividades  do  terreno  na  maioria  dos  trechos  maior  do  que  a  declividade  mínima.  Na 
simulação B1, dos 140 trechos, apenas 12 têm a declividade inferior à mínima calculada, sendo 
todos esses aclives. Em virtude disso, já é esperado que as alterações sejam mais expressivas 
nessas simulações. 
Análogo  ao  realizado  para  Bacia  A,  serão  apresentados  os  perfis  do  terreno  e  as 
alterações verificadas de forma agrupada para as simulações com lançamentos no mesmo PV. 
Entretanto, primeiramente cabe destacar os trechos que apresentaram alterações apenas com a 
contribuição linear (simulação B1). Isso ocorreu porque nesta bacia os trechos finais escoam 
praticamente todas as contribuições lineares ao longo da rede, assim apresentando uma vazão 

 
70 

alta.  Além  disso,  as  diminuições  são  provocadas  por  existir  antes  alguns  aclives,  forçando 
utilização da declividade mínima, logo, havendo aumento do diâmetro naquele trecho. Dessa 
forma, 9 trechos (Tabela 8) utilizam diâmetro maior do que o mínimo necessário no cenário DP 
na simulação B1.  

Tabela 8 – Trechos que possuem alteração de diâmetro na simulação B1. 
Trecho  Vazão inicial  Vazão final 
011­013  4,84  11,31 
011­014  4,85  11,34 
011­015  4,89  11,44 
011­016  4,95  11,57 
011­017  4,99  11,65 
001­023  7,28  17,00 
001­024  7,32  17,11 
001­025  7,37  17,22 
001­026  7,44  17,38 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 

4.3.2.1  Lançamento da contribuição no PV B001 

É observado o aumento das alterações à medida que a vazão de contribuição aumenta. 
Nesse sentido, foi inferido como causa a existência de alguns trechos que têm a declividade do 
terreno menor do que os posteriores, causando o aumento do diâmetro que nos trechos seguintes 
não se faz necessário visto que a declividade é maior.   
Quadro 7 apresenta as declividades adotadas no cenário DNP para os coletores que 
escoam as vazões de contribuição quando estas foram lançadas no PV B001, ressaltando que 
são  27  trechos.  As  células  destacadas  indicam  que  naquele  trecho  houve  diminuição  do 
diâmetro entre o cenário DP e DNP. 
No APÊNDICE D é possível visualizar o perfil do terreno do PV B001 até o final da 
rede. Salienta­se que, exceto o trecho final (aclive), os demais possuem a declividade do terreno 
maior do que a mínima.  
Previamente,  é  importante  ressaltar  que  essas  simulações  tiveram  modificações  de 
diâmetro que não estão apresentadas no Quadro 7, pois são trechos que não tiveram influência 
da vazão de contribuição (Tabela 8). Também se destaca que 4 trechos desse perfil já tiveram 
alterações na simulação B1. 
É observado o aumento das alterações à medida que a vazão de contribuição aumenta. 
Nesse sentido, foi inferido como causa a existência de alguns trechos que têm a declividade do 
 
71 

terreno menor do que os posteriores, causando o aumento do diâmetro que nos trechos seguintes 
não se faz necessário visto que a declividade é maior.   

Quadro 7 – Declividades adotada nos trechos de B001 até FIM. 
Simulações 
Trecho 
B1  B2  B5  B8  B11 
001­001  T  T  T  T  T 
001­002  T  T  T  T  T 
001­003  T  T  E  E  E 
001­004  T  T  T  E  E 
001­005  T  T  T  T  T 
001­006  T  T  E  E  T 
001­007  T  T  T  T  T 
001­008  T  T  E  E  E 
001­009  T  T  T  E  T 
001­010  T  E  E  T  T 
001­011  T  T  T  E  E 
001­012  T  T  T  T  T 
001­013  E  E  E  E  E 
001­014  T  E  E  E  E 
001­015  T  T  T  T  T 
001­016  T  T  T  E  E 
001­017  T  T  T  T  T 
001­018  T  T  T  T  T 
001­019  T  T  T  T  T 
001­020  T  T  T  E  E 
001­021  T  T  A  T  T 
001­022  M  M  M  M  E 
001­023  E  E  E  E  E 
001­024  T  T  T  T  T 
001­025  T  T  T  T  T 
001­026  E  T  E  E  E 
001­027  M  M  M  A  A 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
Notas: T: 𝐼𝑐𝑜𝑙𝑒𝑡𝑜𝑟 = 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; M: 𝐼𝑐𝑜𝑙 = 𝐼𝑚í𝑛 ; E: 𝐼𝑚í𝑛 < 𝐼𝑐𝑜𝑙 < 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; A: 𝐼𝑐𝑜𝑙 > 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; Célula destacada: alteração de 
diâmetro entre os cenários. 
Ainda, é importante comentar o grande número de trechos com declividade adotada 
“E”, sendo justificado pela rede estar no recobrimento mínimo e a profundidade de jusante ser 
menor.  

 
72 

4.3.2.2  Lançamento da contribuição no PV B077 

No Quadro 8 são mostradas as declividades adotadas nos trechos de B077 até o final 
da rede, ou seja, os 30 trechos que escoam a vazão de contribuição. Destaca­se que, dos trechos 
dessas simulações, 4 são aclives, que podem ser visualizados no APÊNDICE D que ilustra o 
perfil do terreno. Além disso, todos os trechos que já apresentavam modificação na simulação 
B1 (Tabela 8) estão englobados neste perfil. 
Comparando com as simulações anteriores, com pequeno acréscimo da contribuição 
já foram visualizadas mais mudanças. Isso é resultado da existência de trechos que utilizam a 
declividade mínima e motivaram as alterações, enquanto as simulações em B001, a motivação 
foi declives de jusante mais acentuados. Dessa forma, cabe comentar que as regiões com grande 
vazão e condutos assentados na declividade mínima geram maiores reduções de diâmetro.  
Analisando a Figura 20 apresentada anteriormente, apesar de haver mais trechos em 
número absoluto escoando maior vazão nessas simulações, foi observado menos alterações do 
que quando a vazão é lançada em B001, pois a vazão escoa por muitos trechos que já sofriam 
alterações  sem  o  incremento.  Nos  casos  do  lançamento  em  B001,  têm­se  menos  trechos 
coincidentes com as alterações já ocorridas apenas com a contribuição linear, assim totalizando 
em mais mudanças absolutas. 
   

 
73 

Quadro 8 – Declividades adotadas nos trechos de B077 até FIM. 
Simulações 
Trecho 
B1  B3  B6  B9  B12 
016­001  T  T  T  T  T 
016­002  T  T  T  E  E 
016­003  T  T  T  T  T 
016­004  T  E  T  T  T 
016­005  T  T  T  E  T 
016­006  M  M  M  M  M 
016­007  M  M  M  M  A 
016­008  E  E  E  E  E 
016­009  T  T  T  E  E 
016­010  E  E  E  E  E 
016­011  T  T  T  E  E 
016­012  T  T  T  T  T 
016­013  T  T  T  E  T 
016­014  T  T  T  T  T 
016­015  T  T  T  T  T 
016­016  T  T  T  E  E 
016­017  M  T  T  T  A 
011­013  E  E  E  E  E 
011­014  T  T  T  E  E 
011­015  T  T  T  T  T 
011­016  T  T  T  T  T 
011­017  T  T  T  T  T 
011­018  M  M  M  M  A 
011­019  M  M  M  M  A 
001­022  M  M  M  M  E 
001­023  E  E  E  E  E 
001­024  T  T  T  T  T 
001­025  T  T  T  T  T 
001­026  E  T  E  E  E 
001­027  M  M  M  A  A 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
Notas: T: 𝐼𝑐𝑜𝑙𝑒𝑡𝑜𝑟 = 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; M: 𝐼𝑐𝑜𝑙 = 𝐼𝑚í𝑛 ; E: 𝐼𝑚í𝑛 < 𝐼𝑐𝑜𝑙 < 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; A: 𝐼𝑐𝑜𝑙 > 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; Célula destacada: alteração de 
diâmetro entre os cenários. 

4.3.2.3  Lançamento da contribuição no PV B097 

As  declividades  adotadas  nos  trechos  que  escoam  a  vazão  de  contribuição  quando 
lançada em B097 estão apresentadas no Quadro 9, sendo 20 trechos. Importante destacar que, 
assim como as simulações em  B077, a vazão acrescentada pontualmente escoa por  todos os 
 
74 

trechos  que  já  alteravam  sem  o  incremento  (Tabela  8).  Ainda,  esse  percurso  contém  4  dos 
aclives da bacia, que estão ilustrados no perfil do terreno (APÊNDICE D). 

Quadro 9 – Declividades adotadas nos trechos de B097 até FIM. 
Simulações 
Trecho 
B1  B4  B7  B10  B13 
019­001  T  T  T  T  T 
019­002  M  A  A  M  M 
019­003  E  E  E  E  E 
019­004  T  T  T  T  T 
019­005  T  T  T  E  E 
019­006  E  E  E  E  E 
016­017  T  T  T  T  A 
011­013  E  E  E  E  E 
011­014  T  T  T  E  E 
011­015  T  T  T  T  T 
011­016  T  T  T  T  T 
011­017  T  T  T  T  T 
011­018  M  M  M  M  A 
011­019  M  M  M  M  A 
001­022  M  M  M  M  M 
001­023  E  E  E  E  E 
001­024  T  T  T  T  T 
001­025  T  T  T  T  T 
001­026  E  T  E  E  E 
001­027  M  M  M  A  M 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
Notas: T: 𝐼𝑐𝑜𝑙𝑒𝑡𝑜𝑟 = 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; M: 𝐼𝑐𝑜𝑙 = 𝐼𝑚í𝑛 ; E: 𝐼𝑚í𝑛 < 𝐼𝑐𝑜𝑙 < 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; A: 𝐼𝑐𝑜𝑙 > 𝐼𝑡𝑒𝑟 ; Célula destacada: alteração de 
diâmetro entre os cenários. 

As modificações de diâmetro encontradas nessas simulações acontecem por motivos 
análogos aos anteriores. Destaca­se que na grande maioria dos trechos ocorre diminuição do 
diâmetro ao comparar com o cenário DP, porém o número absoluto é inferior aos apresentados 
nas demais simulações, tendo em vista que são apenas 20 trechos escoando vazão concentrada. 
E, além disso, 9 deles já apresentavam alterações sem a contribuição pontual. 

 
75 

4.3.3  Análise da magnitude de alteração do diâmetro 

Com relação à magnitude de diminuição do diâmetro, foi verificado que o somatório 
foi significativamente maior nas simulações da Bacia B, o que de maneira superficial se justifica 
pela maior quantidade de alterações nesta bacia. 
Contudo, é importante citar também que, nas simulações da Bacia B, as diferenças de 
diâmetro em cada trecho foram bem maiores. Por exemplo, a diferença máxima da Bacia A foi 
de 100 mm, sendo mais frequente de 50 mm. Enquanto para Bacia B se observou diferenças de 
até 200 mm, sendo constantemente encontrados de 100 mm e 150 mm. É válido ressaltar que 
os  dados  discriminados  estão  apresentando  na  página  1  da  Dashboard  disponível  no  link 
https://bit.ly/3sSBW3t.  
Essa  situação  se  explica  pela  segunda  bacia  possuir  declividades  muito  elevadas, 
possibilitando  reduzir  uma  tubulação  de  400  mm  para  250  mm,  por  exemplo.  Já  a  primeira 
bacia não conta com trechos com declividade tão alta ao ponto de tamanha diminuição. 
Ao comparar as magnitudes somente entre as simulações da Bacia B, nota­se que a 
simulação B11 obteve somatório das diferenças inferior às simulações B12 e B13, ainda que 
tenha tido mais trechos diferentes. Foi constado que essa desconformidade é resultado também 
do perfil do terreno. Em suma, os declives encontrados nos trechos analisados nas simulações 
B12 e B13 são significativamente acentuados, permitindo um diâmetro menor.   

4.3.4  Análise da magnitude de alteração da profundidade 

Primeiramente, no tocante ao aumento de profundidade de jusante somente na Bacia 
A concluiu­se que foi causado pela utilização de declividades maiores em alguns trechos no 
cenário DNP, ainda que o terreno não possibilitasse. Foi inferido que o software realiza essa 
modificação quando a relação aumento de profundidade e diminuição de diâmetro compensa 
de alguma forma. Essa compensação, normalmente, corresponde aos casos em  que  o PV de 
jusante já é mais profundo devido a outro coletor que chega nele. 
Em geral, as diminuições de profundidade estão relacionadas à diminuição do diâmetro 
das tubulações, pois a geratriz inferior é menos profunda. Portanto, ao comparar o somatório 
da  magnitude  de  diâmetro  e  de  profundidade  observa­se  que  são  praticamente  iguais  (em 
unidades diferentes) na maioria das simulações. Em consequência, os somatórios na Bacia B 
são mais expressivos do que na Bacia A.  

 
76 

4.3.5  Análise geral  

A partir da análise das alterações realizada anteriormente, pode­se inferir que haverá 
redução do diâmetro ao utilizar DNP quando a declividade do trecho for suficientemente maior 
do que a declividade de um trecho de montante. 
Em  síntese,  isso  quer  dizer  que  quando  há  um  condutor  com  declividade  muito 
pequena,  os  trechos  seguintes  que  possuem  declividade  consideravelmente  maior  utilizam 
diâmetro maior que o mínimo necessário no cenário DP, uma vez que nesse cenário o diâmetro 
é sempre igual ou superior ao anterior. Dessa forma, ao dimensionar com critério de DNP esses 
trechos apresentam diminuição de diâmetro, a qual pode variar a grandeza. Por exemplo, alguns 
podem variar de 300 mm para 250 mm, já outros para 200 mm, a depender do quão maior for 
a declividade. 
Evidencia­se  que,  nos  dois  tipos  de  regiões  analisadas,  houve  influência  da  vazão 
concentrada. Em relação às regiões planas, a influência é decorrente dos trechos que, à medida 
que aumenta a vazão, a declividade mínima passa a ser menor que a declividade do terreno. 
Essa situação que viabiliza a diminuição do diâmetro. 
Já nas regiões com grandes variações de cota, os trechos com declividade pequena, à 
medida que a vazão aumenta, precisam aumentar o diâmetro mais rapidamente. Ou seja, quando 
a vazão é pequena e há dois trechos seguidos, o primeiro com declividade baixa e o posterior 
com  declividade  mais  alta,  ambos  necessitam  do  mesmo  diâmetro.  Já  quando  se  tem  maior 
vazão  escoando,  o  primeiro  pode  precisar  de  um  diâmetro  maior  do  que  o  seguinte,  assim 
resultando na diferença de diâmetro no segundo trecho ao comparar os cenários. No entanto, 
vale realçar a complexidade em determinar qual a relação declividade, vazão e diâmetro para 
observar essas diferenças. 
No que diz respeito a influência da topografia, definiram­se algumas características 
que proporcionam maiores alterações, destacando­se: 

a)  Sequência de trechos com declividade alta após trecho que implique a utilização 
da declividade mínima ou declividade muito pequena em relação as demais; 
b)  Trechos  no  meio  da  rede  com  declividade  grande  suficiente  para  permitir 
recuperação de profundidade e, também, diminuição de diâmetro;  
c)  Trechos  que  tenham  PV  de  jusante  profundo  devido  a  outras  chegadas, 
possibilitando aumento de declividade sem acarretar em profundidade de jusante 
maior do que já seria. 

 
77 

Cabe mencionar que o fator essencial é o apresentando em “a”, ou seja, existência de


um trecho forçando diâmetro maior que o necessário nos trechos seguintes.  
É importante elucidar que os benefícios do critério não convencional de DNP é mais 
relevante  quanto  mais  significativas  forem  as  reduções  de  diâmetro.  Como  os  terrenos  com 
topografia acentuada possuem mais predisposição de possuirem as características mencionadas 
acima, teoricamente a utilização de diâmetros não progressivos é mais aplicável nesses locais. 

4.4  ORÇAMENTOS 

De acordo com a análise das alterações encontradas nas simulações realizadas para as 
Bacias A e B, definiu­se a elaboração de orçamentos para as simulações com as maiores vazões 
concentradas em cada área estudada. Isto é, para os dois cenários de A11, A12, A13, B11, B12 
e B13. Essa decisão foi tomada por esses casos apresentarem maiores relevâncias em termos de 
quantidade de trechos com alteração, bem como de magnitude.  
Cabe destacar que os orçamentos são estimados, uma vez  que foram  elaborados  de 
forma simplória e resumida, além de não terem sido computados todos os custos envolvidos.  
As Tabela 9 e Tabela 10 expõem os custos para cada tipo de serviço nas simulações 
das Bacias A e B, respectivamente. Ressalta­se que as os orçamentos completos e detalhados, 
bem como o quantitativo por trecho, podem ser visualizados nas páginas 2, 3 e 4 da Dashboard 
através do link https://bit.ly/3sSBW3t.   
É importante mencionar incialmente que as variações do custo da implantação da obra 
foram interpretadas entre cenários da mesma simulação.  
Em relação a Bacia A, destaca­se que o custo com fornecimento de materiais diminuiu, 
mesmo que infimamente, nos três casos. Por outro lado, os serviços que envolvem a abertura 
de valas apresentaram elevação, estando relacionado ao aumento da profundidade verificada 
nas simulações desta bacia.  
Em relação a Bacia B, nota­se que todos os serviços apresentaram reduções dos custos 
ao utilizar os critérios de diâmetros progressivos, mostrando­se em concordância ao esperado, 
visto que as alterações de diâmetro e profundidade encontradas foram todas de decréscimo. 

 
78 
Tabela 9 – Orçamento por tipo serviço para as simulações da Bacia A.  
[continua] 
SIMULAÇÃO A11 
Descrição  Diâmetro Progressivos  Diâmetros Não Progressivos  Redução (%) 
Escavação  R$ 245.495,05  R$ 247.086,20  ­0,6% 
Aterro/reaterro  R$ 194.381,31  R$ 196.308,97  ­1,0% 
Carga, transporte e descarga  R$ 19.612,02  R$ 19.635,93  ­0,1% 
Escoramento  R$ 627.044,80  R$ 629.774,45  ­0,4% 
Poço de visita em anéis de concreto  R$ 235.058,27  R$ 230.767,22  1,8% 
Assentamento  R$ 29.883,42  R$ 29.499,81  1,3% 
Remoção de pavimentação  R$ 165.687,81  R$ 165.687,81  0,0% 
Reposição de pavimentação  R$ 681.949,40  R$ 681.949,40  0,0% 
Execução da rede auxiliar  R$ 57.120,00  R$ 57.120,00  0,0% 
Materiais  R$ 1.451.726,58  R$ 1.434.650,97  1,2% 
Total  R$ 3.707.958,66  R$ 3.692.480,76  0,4% 
SIMULAÇÃO A12 
Descrição  Diâmetro Progressivos  Diâmetros Não Progressivos  Redução (%) 
Escavação  R$ 234.360,43  R$ 234.445,67  0,0% 
Aterro/reaterro  R$ 185.675,20  R$ 186.194,12  ­0,3% 
Carga, transporte e descarga  R$ 19.152,04  R$ 19.153,37  0,0% 
Escoramento  R$ 607.087,59  R$ 607.296,60  0,0% 
Poço de visita em anéis de concreto  R$ 234.136,34  R$ 232.598,19  0,7% 
Assentamento  R$ 29.464,08  R$ 29.146,46  1,1% 
Remoção de pavimentação  R$ 163.171,13  R$ 163.171,13  0,0% 
Reposição de pavimentação  R$ 679.574,11  R$ 679.574,11  0,0% 
Execução da rede auxiliar  R$ 58.266,00  R$ 55.986,00  3,9% 
Materiais  R$ 1.440.561,86  R$ 1.420.359,11  1,4% 
Total  R$ 3.651.448,77  R$ 3.627.924,74  0,6% 
 
79 
Tabela 9 – Orçamento por tipo serviço para as simulações da Bacia A.  
[continuação] 
SIMULAÇÃO A13 
Descrição  Diâmetro Progressivos  Diâmetros Não Progressivos  Redução (%) 
Escavação  R$ 255.177,89  R$ 258.883,29  ­1,5% 
Aterro/reaterro  R$ 204.887,90  R$ 208.828,14  ­1,9% 
Carga, transporte e descarga  R$ 19.732,20  R$ 19.851,99  ­0,6% 
Escoramento  R$ 642.120,85  R$ 661.051,86  ­2,9% 
Poço de visita em anéis de concreto  R$ 227.764,21  R$ 223.814,02  1,7% 
Assentamento  R$ 27.772,81  R$ 27.412,92  1,3% 
Remoção de pavimentação  R$ 165.613,55  R$ 166.148,91  ­0,3% 
Reposição de pavimentação  R$ 681.517,25  R$ 682.022,54  ­0,1% 
Execução da rede auxiliar  R$ 46.398,00  R$ 46.398,00  0,0% 
Materiais  R$ 948.308,73  R$ 903.967,18  4,7% 
Total  R$ 3.219.293,39  R$ 3.198.378,84  0,6% 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
 

   

 
80 
Tabela 10 – Orçamento por tipo de serviço para as simulações da Bacia B. 
[continua] 
SIMULAÇÃO B11 
Descrição  Diâmetro Progressivos  Diâmetros Não Progressivos  Redução (%) 
Escavação  R$ 585.183,15  R$ 568.871,76  2,8% 
Aterro/reaterro  R$ 199.325,03  R$ 196.333,43  1,5% 
Carga, transporte e descarga  R$ 30.509,33  R$ 29.870,98  2,1% 
Escoramento  R$ 87.699,55  R$ 80.263,32  8,5% 
Poço de visita em anéis de concreto  R$ 221.513,41  R$ 214.509,47  3,2% 
Assentamento  R$ 29.940,81  R$ 28.188,79  5,9% 
Remoção de pavimentação  R$ 146.603,89  R$ 145.174,82  1,0% 
Reposição de pavimentação  R$ 656.304,61  R$ 654.955,83  0,2% 
Execução da rede auxiliar  R$ 51.801,00  R$ 29.538,00  43,0% 
Materiais  R$ 887.477,00  R$ 728.905,90  17,9% 
Total  R$ 2.896.357,77  R$ 2.676.612,29  7,6% 
SIMULAÇÃO B12 
Descrição  Diâmetro Progressivos  Diâmetros Não Progressivos  Redução (%) 
Escavação  R$ 641.724,55  R$ 587.759,66  8,4% 
Aterro/reaterro  R$ 216.516,05  R$ 201.923,67  6,7% 
Carga, transporte e descarga  R$ 32.522,81  R$ 30.552,31  6,1% 
Escoramento  R$ 123.021,63  R$ 88.542,72  28,0% 
Poço de visita em anéis de concreto  R$ 243.790,24  R$ 220.098,88  9,7% 
Assentamento  R$ 31.514,48  R$ 29.165,51  7,5% 
Remoção de pavimentação  R$ 150.039,53  R$ 146.402,44  2,4% 
Reposição de pavimentação  R$ 659.466,95  R$ 656.114,48  0,5% 
Execução da rede auxiliar  R$ 54.162,00  R$ 38.934,00  28,1% 
Materiais  R$ 1.024.658,07  R$ 796.032,10  22,3% 
Total  R$ 3.177.416,31  R$ 2.795.525,76  12,0% 
 
81 
 
Tabela 10 – Orçamento por tipo de serviço para as simulações da Bacia B. 
[continuação] 
SIMULAÇÃO B13 
Descrição  Diâmetro Progressivos  Diâmetros Não Progressivos  Redução (%) 
Escavação  R$ 574.767,87  R$ 559.650,03  2,6% 
Aterro/reaterro  R$ 194.100,84  R$ 193.572,18  0,3% 
Carga, transporte e descarga  R$ 29.909,04  R$ 29.476,53  1,4% 
Escoramento  R$ 99.328,87  R$ 83.323,01  16,1% 
Poço de visita em anéis de concreto  R$ 251.909,50  R$ 217.337,97  13,7% 
Assentamento  R$ 31.041,59  R$ 28.123,64  9,4% 
Remoção de pavimentação  R$ 144.254,73  R$ 144.162,28  0,1% 
Reposição de pavimentação  R$ 654.087,43  R$ 654.000,18  0,0% 
Execução da rede auxiliar  R$ 37.194,00  R$ 26.880,00  27,7% 
Materiais  R$ 1.474.956,13  R$ 749.689,76  49,2% 
Total  R$ 3.491.550,02  R$ 2.686.215,58  23,1% 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
 

 
82 

Nesse  sentido,  destaca­se  que  a  diminuição  dos  custos  dos  serviços  que  estão 
relacionados às valas, esteve em consonância com a magnitude de redução de profundidade. 
Ou seja, a simulação B12 apresentou maior magnitude de diminuição da profundidade (3,21 
m), logo apresentou maior redução dos custos das atividades que envolvem a abertura de valas 
(52,2%). Ainda, a simulação A12 teve o aumento menos significativo desses custos (0,4%) e 
também o menor aumento de profundidade (0,10 m). 
Também, evidencia­se que, como as tubulações de 450 mm são de PEAD e as demais 
de  PVC  e  o  custo  do  PEAD  é  significativamente  mais  elevado,  as  simulações  que  tiveram 
alterações de material apresentaram maior redução do custo com materiais. Este é o caso da 
simulação B13,  a única  da Bacia  B  a possuir troca de  condutos com  DN 450,  apresentando 
então uma diminuição de quase 50% dessa parte.  
Em síntese, a Tabela 11 apresenta os custos totais contabilizados, as porcentagens de 
redução e a economia encontrado por habitantes, considerando as populações de início de plano 
das bacias. 

Tabela 11 – Comparação dos custos totais. 
Cenários  Economia 
Redução 
Bacia  Simulação  Diâmetros  Diâmetros Não  por 

Progressivos  Progressivos  habitante 
Bacia B  Bacia A 

A11  R$ 3.707.958,66  R$ 3.692.480,76  0,42%  R$ 14,67 


A12  R$ 3.651.448,77  R$ 3.627.924,74  0,64%  R$ 22,30 
A13  R$ 3.219.293,39  R$ 3.198.378,84  0,65%  R$ 19,82 
B11  R$ 2.896.357,77  R$ 2.676.612,29  7,6%  R$ 63,661 
B12  R$ 3.177.416,31  R$ 2.795.525,76  12,0%  R$ 110,63 
B13  R$ 3.491.550,02  R$ 2.686.215,58  23,1%  R$ 233,30 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 

Apesar  de  a  Bacia  A  obter  um  aumento  dos  custos  relacionado  às  valas,  todas  as 
simulações  resultaram  em  redução  do  custo  total.  Salienta­se  que  os  custos  das  obras  civis 
representam mais da metade dos custos contabilizados, mas a influência do custo com material 
é mais relevante nesse estudo para ambas as bacias, já que foram as reduções mais significativas 
encontradas.  
Dessa  forma,  ainda  que  o  critério  de  diâmetros  não  progressivos  não  tenha 
demonstrado prejuízos econômicos para a Bacia A, a economia encontrada foi irrelevante pois 
possivelmente a variação está englobada no erro, uma vez que os orçamentos realizados são 
estimativas. Portanto, a vantagem de mudar o critério de determinação de diâmetro mostra­se 
desprezível  para  as  regiões  com  características  similares  à  Bacia  A.  Já  para  Bacia  B,  as 
 
83 

simulações apresentaram um alcance de economia de até 23%, evidenciando o maior destaque 
na aplicabilidade do critério estudado para esse tipo de local.  
Nessa perspectiva,  é válido apontar que economias no custo  da obra possibilitam  a 
implantação de uma maior extensão de rede. Diante disso,  foi constado que, para simulação 
B13,  com  o  mesmo  montante  gasto  com  diâmetros  progressivos  poderia  ser  implantada 
aproximadamente  mais  2  km  de  rede  com  diâmetros  não  progressivos,  levando  condições 
adequada de saneamento para mais habitantes.   
Também é oportuno comentar que em termos de preço por habitante, a bacia plana 
também apresentou montante economizado pouco significativo, estando em concordância com 
o orçamento total. Nessa perspectiva, é apropriado mencionar que o custo de implantação da 
rede  por  habitante  nas  regiões  planas  é  significativamente  mais  elevado  e,  ainda  assim,  o 
decréscimo  do  custo  foi  menor,  o  que  realça  a  baixa  relevância  dos  DNP  para  esse  tipo  de 
região.  
Considerando os percentuais e montantes poupados com diâmetro não progressivos, 
conclui­se que  as vantagens  econômicas  se mostraram mais expressivas para  as  regiões  que 
apresentaram  as  maiores  diminuições  de  diâmetro  em  termos  de  quantidade  e  magnitude, 
conforme era esperado. Além disso, também se destaca a grande influência da troca de material 
das  tubulações  com  diâmetro  diferente,  uma  vez  que  a  simulação  B13  teve  a  redução  mais 
significativa. 
Ainda, realça­se que a magnitude de diminuição do diâmetro também foi um fator que 
demonstrou  grande  influência  na  aplicabilidade  do  critério  estudado,  tendo  em  vista  que  a 
simulação B12 teve maior redução de custo e magnitude do que a B11, porém a quantidade de 
trechos com alterações foi menor.  

4.5  OUTROS CUSTOS NÃO CONSIDERADOS 

Os  orçamentos  elaborados  para  as  redes  coletoras  dimensionadas  foram  feitos  de 
forma resumida e sem considerar demais custos que podem estar envolvidos.  
Não são verificados registros conhecidos de redes de esgoto implantadas que utilizam 
diâmetros  não  progressivos.  Dessa  forma,  não  se  tem  conhecimentos  das  dificuldades 
encontradas durante a execução da obra. Diante da troca constante de diâmetro em cada trecho, 
aponta­se como uma possível adversidade o maior controle exigido por parte dos operários ao 
assentar os coletores de modo a não confundir o diâmetro utilizado. 

 
84 

Também se destaca que os dimensionamentos com diâmetros não progressivos podem 
apresentar como desvantagem uma maior tendência à transbordamentos de esgoto em caso de 
chuvas extremas em que há infiltração, uma vez que em todos os trechos é utilizado o menor 
diâmetro possível, não sendo comportadas variações elevadas de vazão. Em comparação, com 
diâmetros progressivos essa situação tende a acontecer em menos trechos da rede, tendo em 
vista que alguns trechos apresentam diâmetro maior que o mínimo possibilitando o escoamento 
de maior vazão. Esse transbordamento de esgoto acarreta em custos não quantificáveis, como 
os custos ambientais e os relacionados à imagem da companhia de saneamento, que não foram 
contabilizados nesse trabalho.  
Além  disso,  também  não  foram  considerados  os  custos  referentes  à  operação  e  à 
manutenção que ocorrem durante toda a vida útil do sistema, em torno de 40 a 50 anos.  
Ainda,  cabe  salientar  que,  geralmente,  os  SES  são  implantados  em  etapas,  sendo 
importante ao projetar a primeira etapa, que sejam bem estudadas as vazões e necessidades das 
etapas futuras para não ocorrerem problemas na ampliação, visto que na metodologia proposta 
são utilizados os mínimos diâmetros possíveis.   
 
   

 
85 

5  CONCLUSÃO 

Os orçamentos mostraram que a alteração do critério de determinação do diâmetro nas 
simulações da Bacia A, que possui topografia mais plana, são irrelevantes em termos de redução 
de custo, tendo em vista que a maior economia encontrada foi de apenas 0,4%. Já para Bacia 
B, que possui a topografia acentuada, encontrou­se uma redução de custo de até 23%, sendo as 
demais  de  aproximadamente  7%  e  12%,  evidenciando  que  a  utilização  de  diâmetros  não 
progressivos é naturalmente mais indicada para regiões com topografia acentuada.  
As  maiores  economias  foram  verificadas  nas  simulações  com  mais  diminuições  de 
diâmetro,  tanto  em  quantidade,  quanto  em  magnitude.  Então,  as  reduções  de  custo  ocorrem 
majoritariamente quando uma elevada porção da rede utiliza diâmetro maior do que o mínimo 
necessário ao utilizar diâmetros progressivos.  
Apuraram­se  alguns  aspectos  implicados  às  bacias  para  resultar  em  maior 
aplicabilidade dos diâmetros não progressivos a fim de realizar um projeto mais econômico. Os 
dois fatores de maior influência foram a topografia e a vazão escoada.  
Verificou­se  que  as  regiões  com  grande  variação  de  cota  são  as  que  apresentam 
economias mais significativas, haja vista que as diminuições de diâmetro ocorrem normalmente 
nos  maiores  declives.  Ainda,  quanto  mais  elevado  for  o  declive,  maior  é  a  magnitude  de 
diferença de diâmetro, condição que promove maior atenuação do custo.  
Em  relação  à  vazão,  foi  constatado  que  quanto  maior  ela  for,  maiores  serão  as 
vantagens encontradas, uma vez que os trechos com baixa declividade aumentam o diâmetro 
mais rapidamente, conforme as contribuições se elevam, resultando na possível diminuição nos 
trechos seguintes com declividades maiores. É válido citar que as modificações  de diâmetro 
apenas ocorrem se há algum trecho de montante que força um diâmetro maior, sendo, portanto, 
indispensável a existência de um conduto assentado em baixa declividade ao comparar com as 
demais. 
Ainda,  destaca­se  que  a  utilização  de  diâmetros  não  progressivos  é  totalmente 
desprezível  para  as  bacias  que  predominantemente  utilizam  tubulações  assentadas  na 
declividade mínima e/ou com o diâmetro mínimo de projeto. 
Com  base  nos  cenários  projetados,  conclui­se  que  alterar  o  critério  convencional 
utilizado  pelas  operadoras  de  saneamento  e  projetar  redes  de  esgotamento  sanitário  com 
diâmetros não progressivos é um recurso válido para obter redução do custo de implantação da 
obra. No entanto, esse critério apresenta um montante economizado realmente expressivo para 
um número reduzido de situações em que as bacias ou municípios possuam as características 
 
86 

assertivas apresentadas nesse estudo, com topografia acentuada e grandes vazões concentradas. 
Ou seja, em nem todas as regiões as vantagens econômicas são relevantes, sobretudo se forem 
consideradas outras questões não computadas nesse estudo, como maior controle exigido no 
assentamento dos coletores e as dificuldades de ampliação do sistema.  
Por fim, é pertinente ainda destacar a importância de estudar todas as possibilidades 
de  redução  de  custo  de  uma  obra  de  saneamento,  uma  vez  que  economias  facilitam  o 
atendimento chegar em mais localidades, melhorando as condições de saúde, e também de vida, 
da população. Assim, implantar redes coletoras com diâmetros não progressivos nas regiões 
adequadas permite a instalação de maior extensão de rede com o mesmo montante gasto, sendo 
observado nas simulações estudadas a capacidade de acréscimo de até 2 km.  
 
   

 
87 

6  RECOMENDAÇÕES 

Com base nas análises realizadas, indica­se para trabalhos futuros: 

•  Levantar  os  demais  custos  não  computados  nesse  trabalho,  como  de  operação  e 
manutenção; 
•  Levantar se os transbordamentos de esgotos serão mais recorrentes com diâmetro não 
progressivos, tendo em vista a utilização do mínimo diâmetro em todos os trechos da 
rede;  
•  Apurar  as  dificuldades  encontradas  durante  a  execução  da  obra  quando  o  projeto  é 
realizado com diâmetros não progressivos; 
•  Comparar os custos de um projeto completo que englobe o SES todo (ligações prediais, 
estações elevatórias, demais serviços de obra, entre outros); 
•  Verificar  qual  a  proporção  necessária  de  aumento  da  declividade  entre  trechos  que 
acarreta a redução do diâmetro de acordo com a vazão escoada. 

 
   

 
88 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

ALEM SOBRINHO, Pedro; TSUTIYA, Milton Tomoyuki. Coleta e Transporte de Esgoto 
Sanitário. 2. ed. São Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola 
Politécnica da Universidade de São Paulo, 2000. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9.649: Projeto de 
redes coletoras de esgoto sanitário. Rio de Janeiro, 1986a. 7 p. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9.648: Estudo de 
concepção de sistemas de esgoto sanitário. Rio de Janeiro, 1986b. 5 p. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉNICAS (ABNT). NBR 12.208: Projeto de 
estações elevatórias de esgoto sanitário – Procedimento. Rio de Janeiro, 1992a. 5 p. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉNICAS (ABNT). NBR 12.266: Projeto e 
execução de valas para assentamento de tubulação de água, esgoto ou drenagem urbana. Rio 
de Janeiro, 1992b. 17 p. 

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ­ IBGE. Censo demográfico. 2010.  

BRASIL. Lei nº 11.445, de 05 de novembro de 2007.  Estabelece diretrizes nacionais para o 
saneamento básico. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 2007. 

BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos 
Hídricos. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 1997. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de Saneamento. 5. ed. 
Brasília: Funasa, 2019a. 547 p. 

BRASIL. Ministério das Cidades. Núcleo Sudeste de Capacitação e Extensão Tecnológica em 
Saneamento Ambiental ­ NuCase. Esgotamento sanitário: operação e manutenção de 
redes coletoras de esgotos: guia do profissional em treinamento (nível 2). Brasília: Secretaria 
Nacional de Saneamento Ambiental/Ministério das Cidades, 2008. 78 p. 

 
89 

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Sistema Nacional de Saneamento – SNS. 
Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS): 24ª Diagnóstico dos 
Serviços de Água e Esgoto ­ 2018. Brasília: SNS/MDR, 2019b. 180 p. 

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. 
Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu 
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e 
dá outras providências. 

COMPANHIA CATARINENSE DE ÁGUAS E SANEAMENTO ­ CASAN. Manual de 
Especificações Técnicas, Regulamentação de Preço e Critérios de Medição da CASAN 
(RPCM). Florianópolis, 2016. 

COMPANHIA CATARINENSE DE ÁGUAS E SANEAMENTO – CASAN. Gerência de 
Projetos – GPR. Divisão de Projetos de Esgoto – DIPE. Manual de Projetos de 
Esgotamento Sanitário. Florianópolis, 2021.  

CORREA, Pedro Pompeu. Sistema de esgoto sanitário a vácuo: avaliação econômica da 
sua aplicação em regiões planas, litorâneas e com nível de lençol freático elevado. 123 f. 
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Engenharia Civil, Engenharia Civil, 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.  

FERRARI, Juliano Cabral. Gestão de custo em obra de rede de esgoto sanitário: custo 
orçado x custo real. 66 f. TCC (Graduação) ­ Curso de Engenharia Civil, Engenharia Civil, 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. 

FERREIRA, Rômulo Henrique Alvarada. Avaliação do custo de construção em função do 
traçado da rede coletora de esgoto sanitário. 2013. 135 f. Dissertação (Mestrado) ­ Curso 
de Engenharia Civil, Instituto de Tecnologia, Universidade Federal do Pará, Belém, 2013. 

GALVÃO JUNIOR, Alceu Castro. Desafios para a universalização dos serviços de água e 
esgoto no Brasil. Panam Salud Publica, v. 6, n. 25, p. 548­546, 2009. 

MULTIPLUS SOFTWARES TÉCNICOS (São Paulo). PRO­Saneamento: software para 
projeto de saneamento. Software para Projeto de Saneamento. 2020. Disponível em: 
 
90 

https://www.multiplus.com/software/pro­saneamento/index.html#overview. Acesso em: 04 
mar. 2021. 

NUVOLARI, Ariovaldo. Esgoto Sanitário: coleta, transporte, tratamento e reuso agrícola. 2. 
ed. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 2011. 

PEREIRA, José Almir Rodrigues; SOARES, Jaqueline Maria. Rede coletora de esgoto 
sanitário: projeto, construção e operação. Belém: NUMA/UFPA, 2006. 296 p. 

RAVADELLI, Marcio. Esgotamento Sanitário: modelos e construção de redes de esgotos. 
Florianópolis: Serviços Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), 2004. 

RUBINGER, Sabrina Dionísio. Desvendando o conceito de saneamento no Brasil: uma 
análise da percepção da população e do discurso técnico contemporâneo. 2008. 197 f. 
Dissertação (Mestrado) ­ Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental, Departamento de 
Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 
2008. 

TAVARES, Paulo Roberto Lacerda; CASTRO, Marco Aurélio Holanda de. Um manual para 
auxílio no dimensionamento e projeto de redes de esgotamento sanitário. Ceará, 2001. 
Disponível em: http://www.abenge.org.br/cobenge/arquivos/18/trabalhos/NTM065.pdf. 
Acesso em: 04 mar. 2021. 

TRATA BRASIL, Instituto. Painel do Saneamento: internações totais por doenças de 
veiculação hídrica. 2018a. Disponível em: 
https://www.painelsaneamento.org.br/explore/indicador?SE%5Bg%5D=2&SE%5Bs%5D=21
&SE%5Bid%5D=INT. Acesso em: 02 mai. 2020. 

TRATA BRASIL, Instituto. Painel do Saneamento: parcela da população com coleta de 
esgoto. 2018b. Disponível em: 
https://www.painelsaneamento.org.br/explore/indicador?SE%5Bg%5D=1&SE%5Bs%5D=11
&SE%5Bid%5D=POP_COM_ES%25. Acesso em: 28 abr. 2020. 

 
 

APÊNDICE A – Rede Genérica da Bacia A 

 
   

 
021

013

001

025
022
014 016

017

010
007 024

012 023
011 018
015
027

008
006
009

026

005

019 020

004

003

029

002

028

CONVENÇÕES UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC

TRECHO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL - ENS
NOME DO PV
PV COTA DO PV
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
FLUXO DELIMITAÇÃO, TOPOGRAFIA E REDE GENÉRICA
028 COLETOR
BACIA A
EXTENSÃO DO TRECHO Estudante Orientador Topografia (data) Folha
NÚMERO DO COLETOR ISADORA PANDOLFO PABLO HELENO SEZERINO CASAN (2009)
Escala Coorientadora Data 01/04
1:2000 DÉBORA PARCIAS OLIJNYK ABR/2021
 

APÊNDICE B – Rede Genérica da Bacia B 

   

 
016

017
019 6.3786

023 022

018
011
024
028

026

025 012

029
021
020
013

027

014

010

008
015

009

007

006
030

005

004

031 003

002

001

CONVENÇÕES UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC


TRECHO
NOME DO PV
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL - ENS
COTA DO PV
PV FLUXO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
023 COLETOR DELIMITAÇÃO, TOPOGRAFIA E REDE GENÉRICA
EXTENSÃO DO TRECHO
BACIA B
NÚMERO DO COLETOR Estudante Orientador Topografia (data) Folha
ISADORA PANDOLFO PABLO HELENO SEZERINO CASAN (2011)
Escala Coorientadora Data 02/04
1:2500 DÉBORA PARCIAS OLIJNYK ABR2021
 

APÊNDICE C – Perfis do terreno da Bacia A 

 
   

 
A011

A012

A013

A014

A015

A016

A017
A001

A002

A003

A004

A005

A006

A007

A008

A009

A010
PVM

FIM
TRECHO 1-1 1-2 1-3 1-4 1-5 1-6 1-7 1-8 1-9 1-10 1-11 1-12 1-13 1-14 1-15 1-16 1-17
I terreno (m/m) 0,0296 0,0274 0,0094 0,0023 0,0005 0,0035 -0,0017 0,0026 0,0015 0,0077 0,0030 0,0039 -0,0104 0,0100 0,0029 0,0090 0,0165

PERFIL DO TERRENO DE A001 ATÉ FIM


1 S/ escala

A037

A012

A013

A014

A015

A016

A017
A039

A040

A041

A042

A043

A044

A045

A046
A047

A048
PVM

FIM
TRECHO 10-1 10-2 10-3 10-4 10-5 10-6 10-7 10-8 10-9 10-10 8-7 1-12 1-13 1-14 1-15 1-16 1-17

0,0061
I terreno 0,0108 0,0039 -0,0104 0,0100 0,0029 0,0090 0,0165
0,0113 0,0161 0,0100 0,0012 0,0017 0,0016 -0,0064 0,0091 -0,0091
(m/m)

PERFIL DO TERRENO DE A039 ATÉ FIM


2 S/ escala
A077

A078

A079

A080

A081

A074

A075

A076

A062

A063

A017
PVM

TRECHO 21-1 21-2 21-3 21-4 21-5 20-3 20-4 20-5 16-6 16-7 1-17 FIM
-0,0122

I terreno
(m/m) 0,0005 0,0098 0,0040 0,0002 -0,0108 -0,0029 0,0236 0,0079 0,0135 0,0165

PERFIL DO TERRENO DE A077 ATÉ FIM


3 S/ escala

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL - ENS


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
PERFILS DO TERRENO
BACIA A
Estudante Orientador Topografia (data) Folha
ISADORA PANDOLFO PABLO HELENO SEZERINO CASAN (2011)
Escala Coorientadora Data 03/04
S/ ESCALA DÉBORA PARCIAS OLIJINYK ABR/2021
 

APÊNDICE D – Perfis do terreno da Bacia B 

 
PVM

(m/m)
TRECHO
PVM

I terreno
0,016 16-1 B070

(m/m)

2
B071

I terreno
TRECHO
0,270 16-2
B072 B001

1
0,006 16-3

S/ escala
B073 0,013 1-1
0,008 16-4
B002

S/ escala
B074
0,009 1-2
0,015 16-5
1-3 B003
0,027
B075 B004
0,090 1-4
-0,001 16-6
0,127 1-5 B005
0,134 1-6 B006
B076 B007
-0,018 16-7 0,105 1-7
B077 B008
0,076 16-8 0,058 1-8
B078 B009
0,165 16-9 0,040 1-9
0,027 1-10 B010
B079

PERFIL DO TERRENO DE B070 ATÉ FIM


0,169 16-10 B011
0,117 1-11
0,200 16-11 B080 0,017 1-12 B012

PERFIL DO TERRENO DE B001 ATÉ FIM


0,192 16-12 B081 0,068 1-13 B013
B082 B014
0,133 16-13 0,074 1-14
0,092 16-14 B083 0,026 1-15 B015
B084 B016
0,077 16-15 1-16
0,114
B085
0,024 16-16 B017
0,020 1-17
B086
0,003 16-17
0,013 1-18 B018
0,022 11-13 B056
0,027 11-14 B057 0,014 1-19 B019
B020
0,027 11-15 B058 1-20
0,020
0,022 11-16 B059
11-17 0,005 1-21 B021
0,017 B060
-0,012 11-18 0,014 1-22 B022
B061
-0,023 11-19 B062 B023
0,014 1-22 B022 0,027 1-23
B023
0,027 1-23 0,021 1-24 B024
0,009 1-25 B025
0,021 1-24 B024
B026
0,009 1-25 0,018 1-26
B026 -0,007 1-27 B027
0,018 1-26 FIM
-0,007 1-27 B027
FIM

PVM
3
(m/m)
I terreno
TRECHO

S/ escala

B097
0,171 19-1
-0,015 19-2 B098
B099
0,121 19-3

B100
0,038 19-4

B101
0,100 19-5
B102
0,131 19-6

0,003 16-17 B086


PERFIL DO TERRENO DE B097 ATÉ FIM

0,022 11-13 B056


0,027 11-14 B057
0,027 11-15 B058
0,022 11-16 B059
Escala

0,017 11-17 B060


Estudante

-0,012 11-18 B061


-0,023 11-19 B062
S/ ESCALA

0,014 1-22 B022


B023
0,027 1-23
ISADORA PANDOLFO

0,021 1-24 B024


0,009 1-25
0,018 1-26 B026
Orientador

Coorientadora

-0,007 1-27 B027


FIM
BACIA B
PABLO HELENO SEZERINO
DÉBORA PARCIAS OLIJINYK
PERFILS DO TERRENO

Data
ABR/2021
Topografia (data)
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CASAN (2011)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC

Folha

04/04
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL - ENS

Você também pode gostar