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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO, DE CIÊNCIAS EXATAS E EDUCAÇÃO


COORDENADORIA ESPECIAL DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
CURSO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

Matheus Campos Hemkemaier

Obtenção de fibras eletrofiadas de poli(ácido láctico) com nanopartículas de


óxido de zinco para uso como potencial material antiviral em máscaras faciais

Blumenau
2021
Matheus Campos Hemkemaier

Obtenção de fibras eletrofiadas de poli(ácido láctico) com nanopartículas de


óxido de zinco para uso como potencial material antiviral em máscaras faciais

Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em


Engenharia de Materiais da Coordenadoria Especial de
Engenharia de Materiais da Universidade Federal de
Santa Catarina como requisito para a obtenção do título
de Engenheiro de Materiais.
Orientador: Prof. Dr. Eng. Guilherme Mariz de Oliveira
Barra
Coorientador: Prof. Dr. Eng. Cristiano Binder

Blumenau
2021
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Hemkemaier, Matheus Campos


Obtenção de fibras eletrofiadas de poli(ácido láctico)
com nanopartículas de óxido de zinco para uso como potencial
material antiviral em máscaras faciais / Matheus Campos
Hemkemaier ; orientador, Guilherme Mariz de Oliveira
Barra, coorientador, Cristiano Binder, 2022.
84 p.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) -


Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Blumenau,
Graduação em Engenharia de Materiais, Blumenau, 2022.

Inclui referências.

1. Engenharia de Materiais. 2. Eletrofiação. 3.


Poli(ácido lático). 4. Nanopartículas de óxido de zinco . 5.
Máscaras faciais . I. Barra, Guilherme Mariz de Oliveira .
II. Binder, Cristiano. III. Universidade Federal de Santa
Catarina. Graduação em Engenharia de Materiais. IV. Título.
4

Matheus Campos Hemkemaier

Obtenção de fibras eletrofiadas de poli(ácido láctico) com nanopartículas de


óxido de zinco para uso como potencial material antiviral em máscaras faciais

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do título de
Engenheiro de Materiais e aprovado em sua forma final pela Comissão Examinadora e pelo
Curso de Graduação em Engenharia de Materiais da Universidade Federal de Santa Catarina.

Blumenau, 10 de Março de 2022.

________________________
Matheus Campos Hemkemaier
Acadêmico

Banca Examinadora:

________________________
Prof. Dr. Guilherme Mariz de Oliveira Barra
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Prof. Dr. Johnny de Nardi Martins
Avaliador
Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Prof.(a) Dr.(a) Andrea Cristiane Krause Bierhalz
Avaliadora
Universidade Federal de Santa Catarina
5

Este trabalho é dedicado aos meus pais, Vera e Henrique e aos


meus queridos amigos de graduação e professores.
6

AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos a Universidade Federal de Santa Catarina, essencial no meu


processo de formação profissional.
Ao professor Guilherme Barra, por ter assumido minha orientação e ter desempenhado
tal função com dedicação.
Ao professor Cristiano Binder, pela coorientação e disponibilidade em fornecer acesso
a caracterizações e as nanopartículas de óxido de zinco.
Em especial a professora Claudia Merlini, pela orientação inicial e assídua durante
todo o trabalho, planejamento e discussões a respeito das metodologias e conceitos discutidos.
É uma satisfação poder trabalhar com uma pessoa tão dedicada ao meio científico e acadêmico.
Agradeço aos professores e técnicos da instituição de ensino, tanto do campus
Blumenau quanto de Florianópolis, pela disponibilidade e acesso aos equipamentos e
caracterizações, que incluem os laboratórios LTMA (Laboratório de Transformações e
Materiais Avançados ), LAMAE (Laboratório de Microscopia e Análise Estrutural) e LTE
(Laboratório de Análises Térmicas e Espetroscopia) de Blumenau e aos laboratórios de
Florianópolis LCM (Laboratório de Caracterização Microestrutural), LabMat (Laboratório de
Materiais) e POLICOM (Laboratório de Polímeros e Compósitos).
Agradeço aos meus pais e irmãos, que compreenderam a minha ausência enquanto eu
me dedicava à realização deste trabalho e de modo geral a toda minha família pelo incentivo e
disponibilidade em todos os momentos.
Agradeço aos meus amigos, que sempre estiveram ao meu lado, pela amizade
incondicional e pelo apoio demonstrado ao longo de todo o período em que me dediquei a esta
graduação.
Por fim, agradeço a todos que participaram, direta ou indiretamente do
desenvolvimento deste trabalho, enriquecendo o meu processo de aprendizado.
7

“Há uma coisa pior do que voltar do laboratório para casa e encontrar a pia cheia de louça
suja: simplesmente não ir ao laboratório”
(Chieng-Shiung Wu,2001)
8

RESUMO

Na atual conjuntura da pandemia de COVID-19, a alta demanda por metodologias não


farmacológicas para prevenção e contenção da propagação do novo coronavírus (Sars Cov-2),
como o hábito da utilização de máscaras faciais levou ao alto consumo destes produtos, e uma
elevada geração de resíduos. Sendo assim, há uma necessidade de se trabalhar técnicas e
materiais para aliar melhores condições de combate e retenção destes agentes, bem como
garantir a sustentabilidade do produto. Dessa maneira, o presente estudo tem por interesse
utilizar a técnica de eletrofiação para fabricação de membranas de poli(ácido láctico) (PLA)
com a dispersão de um agente antiviral, nanopartículas de óxido de zinco (NPsZnO), visando o
uso em máscaras faciais. Para obtenção de uma membrana de PLA com fibras de dimensões
submétricas com NPsZnO, foram preparadas soluções poliméricas de PLA, utilizando solventes
orgânicos, com concentração polimérica de 22%m. As NPsZnO foram incorporadas a solução
polimérica, nas proporções mássicas de 1, 2, 4 e 6%m, em dispersão via banho de ultrassom
em tempos de 30 e 60 min. As soluções poliméricas com e sem as NPsZnO foram processadas
por eletrofiação, em parâmetros constantes de distância entre coletor e agulha (15 cm), vazão
de alimentação da solução (1,34 mL/h) e tensão aplicada (10 kV). As NPsZnO, caracterizadas
por microscopia eletrônica de varredura (MEV), apresentam partículas individuais esféricas
com distribuição de diâmetros entre 30-90nm e diâmetro médio de 54 ± 10 nm. As micrografias
das membranas, sugerem um aumento diâmetro médio com a proporção de ZnO, as amostras
com 2%m NPsZnO apresentaram melhor uniformidade e menor incidência de defeitos. Os
espectros de espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) indicam que
a presença das nanopartículas (NPs) não altera o espectro de absorção característico do PLA.
Contudo, as análises térmicas de TGA sugerem uma diminuição da estabilidade térmica das
amostras com o aumento da concentração de ZnO. As análise de calorimetria diferencial de
varredura (DSC) revelaram que a incorporação de ZnO tende a diminuir a temperatura de
transição vítrea (Tg) e temperatura de fusão (Tm) da matriz de PLA. O caráter hidrofóbico da
membrana de PLA é mantido, mesmo com a adição máxima de 6%m de ZnO. Por fim, as
propriedades mecânicas obtidas por ensaio de tração mostraram que as membranas de PLA
contendo 2%m de ZnO apresentaram valores de tensão máxima (2MPa) similar a amostra
controle e superiores as amostras contendo frações mássicas de 1, 4 e 6%m de ZnO. Assim, foi
possível adquirir membranas promissoras com a incorporação de NPs e com possibilidade de
prosseguir com aprimoramento e novas caraterizações para aplicação como material
multifuncional a máscaras faciais.

Palavras-chave: Nanopartículas, Eletrofiação, Antiviral, Máscaras faciais, Óxido de zinco.


9

ABSTRACT

In the current situation, such as the high demand for medicines for the methodology of the
pandemic prevention methodology, it does not include the consumption of new COVID-19
products, with the custom of using these masks and led to a mask greater generation of profits.
Therefore, there is a need to work on techniques and materials to combine better conditions for
combating these agents, as well as guaranteeing the sustainability of the product. In this way,
the use of the topic of interest in the technique of fabrication of polyacid membranes (PLA)
with a dispersion of an antiviral agent of zinc oxide (NPsZnO), aiming at the study of its use in
facial faces . In order to guarantee a PLA membrane with fibers of submetric dimensions with
NPsZnO, polymeric solutions of PLA were prepared, using organic solvents, with a polymeric
concentration of 22%. As NPsZnO 2 , they were incorporated into the polymeric solution, in
the most mass proportions of 1, 4 and 6% m, in dispersion via ultrasound in bath times30 and
60 min. As polymeric solutions with and without as NPZ were processed by electrospinning,
in parameters of distance between collector and needle (15 cm), the power supply of the solution
(1.34 mL/h) and applied voltage (10 kV). As NPsZnO, they form 1 by scanning electron
microscopy (SEM), they form individuals and spherical with diameter distribution between 30-
90nm and mean diameter of 54 ± nm. As a micrograph of the diameters, report an average
increase with a proportion of ZnO, as a sample with 2%m NPsZnO showed better uniformity
and lower incidence of failures. The presence of spectroscopy in the infrared spectrum by
Fourier transform (FTIR) indicates that the presence of nanoparticles (NPs) does not change
the characteristic characteristic of PLA. Since the TGA offers greater thermal stability, the
confidence of the TGA increases reliability. As analysis of calorimetry analysis (DSCimetry)
the differential transition to the incorporation of ZnO tends to decrease the glass temperature)
and the melting temperature (Tm) of the PLA matrix. The hydrophobic character of the PLA
membrane is maintained, even with a maximum addition of 6% ZnO. Per membrane, as larger
samples and similar maximum stress plaza test samples, containing 2 control properties
containing the content of 1.4 and 6% as samples containing 1.4 and 6% as samples of 1.4 and
6% of ZnO. Thus, the membrane was acquired as an incorporation of NPs and with the
possibility of possible use with improvement and characteristics for new multifunctional masks
of material.

Keywords: Nanoparticles, Electrospinning, Antiviral, Face Masks, Zinc Oxide.


10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 –(a) Máscara cirúrgica; (b) Respirador N95; (c) Máscara artesanal de tecido...........24
Figura 2 – Mecanismo de transmissão por aerossóis da COVIDE 19......................................25
Figura 3 – Máscaras observadas em microscópio (a) Respirador N95; (b) Máscara
cirúrgica;(c) Máscara artesanal de algodão com trama fechada...............................................26
Figura 4 – Formação do cone de Taylor com o incremento da tensão.....................................28
Figura 5 – Esquema do processo de eletrofiação......................................................................29
Figura 6 – Bead observado via microscopia eletrônica de varredura.......................................30
Figura 7 – Fenômenos ocorrentes no processamento de eletrofiação (a) Entupimento da
agulha; (b) Formação de espiculas; (c) Múltiplos jatos; (d) Jato único e contínuo..................30
Figura 8 – Microscopia eletrônica de varredura das fibras de PVP aglomeradas devido a
evaporação de solvente inadequada..........................................................................................34
Figura 9 – Relação entre umidade relativa e grau de porosidade para fibras de poli (ε-
caprolactona).............................................................................................................................35
Figura 10 - Representação da unidade de repetição do PLA....................................................36
Figura 11 – Diagrama esquemático dos isômeros ópticos de L - D - ácido lático....................37
Figura 12 – Matérias primas utilizadas (a) PLA em grânulos; (b) NPsZnO.............................41
Figura 13 - Fluxograma da metodologia experimental..............................................................42
Figura 14 – Equipamento de Eletrofiação.................................................................................43
Figura 15 – Esquema ilustrativo do preparo das soluções e fabricação das membranas
eletrofiadas................................................................................................................................44
Figura 16 – Lâmina de vidro com fibras de PLA depositadas..................................................47
Figura 17 – (a) Goniômetro; (b) Gota sobre membrana PLA....................................................50
Figura 18 – (a) Máquina de ensaio de tração; (b) Corpo de prova, membrana de PLA. (c) Ensaio
de tração....................................................................................................................................51
Figura 19 – Micrografia MEV das nanopartículas de óxido de zinco......................................52
Figura 20 – Histograma de distribuição de diâmetro das nanopartículas de óxido de zinco....52
Figura 21 – Micrografia ótica das fibras eletrofiadas, (a, b) Amostra de 16%m PLA, (c,d),
Amostra de 18%m PLA, (e,f), Amostra de22%m PLA. Objetivas de 20x e 50x...................54
Figura 22 – Micrografias MEV da membrana eletrofiada de (a, b) PLA puro.........................56
Figura 23 - Histograma de distribuição de diâmetro das fibras de PLA puro...........................57
11

Figura 24 - Encapsulamento de nanopartículas aglomeradas, membrana PLA com 6%m de


NPsZnO, 30 min banho de ultrassom.........................................................................................60
Figura 25 - Espectros de EDS, (a) PLA sem nanopartículas, (b) PLA com 1% de NPsZnO, (c)
PLA com 6% de NPsZnO amostras com 60 min de ultrassom. ................................................62
Figura 26 - Espectros de FTIR amostras de PLA grânulo, membranas de PLA puro e com
NPsZnO.....................................................................................................................................64
Figura 27 – Curvas de TGA de amostras das PLA em grânulo e membranas com e sem NPsZnO
incorporadas..............................................................................................................................65
Figura 28 – Curvas de DTGA de amostras das PLA em grânulo e membranas com e sem
NPsZnO incorporadas...............................................................................................................66
Figura 29 – Curvas de DSC 1° aquecimento, membranas com e sem NPsZnO.......................68
Figura 30 – Curvas de DSC 2° aquecimento, amostras com e sem NPsZnO..........................70
Figura 31 – Gráfico de ângulo de contato para membranas com e sem NPsZnO.....................71
12

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Membranas obtidas por eletrofiação........................................................................55


Quadro 2 - Micrografias obtidas para as membranas contendo nanopartículas, aumentos de
5000x.........................................................................................................................................58
Quadro 3 - Histogramas para membranas contendo nanopartículas...........................................61
13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composições das soluções de PLA puro e PLA/NPsZnO.........................................45


Tabela 2 – Parâmetros ambientais durante processos de eletrofiação........................................46
Tabela 3 - Percentuais em massa de elementos identificados em EDS, amostras de PLA puro,
PLA/1%NPsZnO e PLA/6%NPsZnO.......................................................................................63
Tabela 4 - Bandas características observadas no espectro de FTIR do PLA........................... 64
Tabela 5 – Temperaturas de degradação obtidas por TGA e DTGA.........................................66
Tabela 6 – Temperaturas de transição e grau de cristalinidade (Xc) das amostras de PLA em
grânulo e Membranas de PLA com NPsZnO.............................................................................67
Tabela 7 – Resultados de ensaio de tração sob membranas eletrofiadas....................................72
14

LISTA DE EQUAÇÕES
∆Hf
(1) 𝑋𝑐 = ∗ 100
∆H°f∗∅
15

LISTA DE ABREVIAÇÕES

DCE Dicloroetano
DDP Diferença de potencial elétrico
DMF Dimetilformamida
DSC Calorimetria exploratória diferencial
DTGA Termogravimetria Derivada
EDS Espectroscopia por energia dispersiva
FDA Food and Drung Administration
FTIR Espectroscopia por infravermelho com Transformada de Fourier
LABMAT Laboratório de Materiais
LAMAE Laboratório de Microscopia e Análise Estrutural
LCM Laboratório de Caracterização Microestrutural
LTE Laboratório de Análises Térmicas e Espectroscopia
LTMA Laboratório de Transformações e Materiais Avançados
MEV Microscopia eletrônica de varredura
MO Microscópio ótico de luz transmitida
NPs Nanopartículas
NPsZnO Nanopartículas de óxido de zinco
OMS Organização Mundial de Saúde
PA Poli(amida)
PDLA Poli(ácido D-láctico)
PDLLA Poli(ácido DL-láctico)
PE Poli(etileno)
PET Poli(tereftalato de etileno)
PLA Poli(ácido láctico)
PLLA Poli(ácido L-láctico)
PP Poli(propileno)
PVP Poli(vinilpirrolidona)
SBS Fiação a sopro por solução
TGA Análise termogravimétrica
TNT Tecido não tecido
16

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina


ZnO Óxido de zinco
17

LISTA DE SÍMBOLOS

± Mais ou menos
%m Fração em massa
cm Centímetros
mm Milímetro
µm Micrômetro
nm Nanômetro
ºC Graus Celsius
kV Quilovolt eV Eletrovolt
mL Mililitros
mL.h -1 Mililitro por hora
min Minutos
g Gramas
MPa Megapascal
GPa Gigapascal
mm/mm Milímetro por milímetro
% Porcentagem
α Fase cristalina alfa
β Fase cristalina beta
γ Fase cristalina gama
λ Comprimento de onda
cm-1 Número de onda
°ΔΗf Entalpia de fusão da amostra
°ΔΗf* Entalpia de fusão para o PLA perfeitamente cristalino
ϕ Fração mássica do PLA na mistura
J.g-1 Joule por grama
Xc grau de cristalinidade
Tg Temperatura de transição vítrea
Tc Temperatura de cristalização
Tm Temperatura de fusão
18

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................20
1.1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 23

1.1.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 23

1.1.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 23

2 Fundamentação Teórica...................................................................................... 24
2.1 Máscaras de proteção facial ................................................................................... 24

2.2 Eletrofiação ............................................................................................................ 27

2.2.1 Parâmetros de solução ......................................................................................... 31

2.2.2 Parâmetros de processo ....................................................................................... 33

2.2.3 Parâmetros ambientais........................................................................................ 35

2.3 Poli (ácido láctico) ................................................................................................. 36

2.4 Nanopartículas de Óxido de Zinco ........................................................................ 38

3 Materiais e métodos ............................................................................................. 41


3.1 Materiais ................................................................................................................ 41

3.2 Métodos ................................................................................................................. 41

3.2.1 Preparação das soluções de PLA ........................................................................ 43

3.2.2 Eletrofiação das soluções de PLA ....................................................................... 43

3.2.3 Preparação das soluções PLA contendo nanopartículas de óxido de zinco ... 44

3.2.4 Fabricação de membranas de PLA com nanopartículas de óxido de zinco ... 46

3.3 Caracterizações ...................................................................................................... 47

3.3.1 Microscopia ótica da luz transmitida (MO) ...................................................... 47

3.3.2 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) .................................................... 48

3.3.3 Espectroscopia por energia dispersiva (EDS) ................................................... 48

3.3.4 Espectroscopia por infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) ... 48

3.3.5 Análise termogravimétrica (TGA) ..................................................................... 49

3.3.6 Calorimetria exploratória diferencial (DSC) .................................................... 49


19

3.3.7 Ângulo de contato ................................................................................................ 50

3.3.8 Ensaio de resistência a tração ............................................................................. 50

4 Resultados e discussões ....................................................................................... 51


4.1 Análise das Nanopartículas de óxido de zinco ...................................................... 51

4.1.1 Análise morfológica (MEV) ................................................................................ 51

4.2 Análise das Fibras de PLA .................................................................................... 53

4.2.1 Análise morfológica (MO) ................................................................................... 53

4.3 ANÁLISES DAS MEMBRANAS ELETROFIADAS DE PLA........................... 54

4.3.1 Membranas obtidas por eletrofiação ................................................................. 54

4.3.2 Análise morfológica (MEV) ................................................................................ 56

4.3.3 Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) ....... 63

4.3.4 Análise Termogravimétrica (TGA) .................................................................... 65

4.3.5 Calorimetria exploratória de varredura (DSC) ................................................ 67

4.3.6 Análise de ângulo de contato .............................................................................. 71

4.3.7 Ensaio de resistência a tração ............................................................................. 72

5 Conclusão ............................................................................................................. 74
6 Sugestões de trabalhos futuros ........................................................................... 76
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 77
ANEXO A - Análises térmicas de DSC……………………………………………………. 83
20

1 INTRODUÇÃO

Organismos patogênicos como vírus, bactérias, protozoários e fungos são as principais


causas de doenças infecciosas em seres humanos. Não é de hoje que doenças transmissíveis
causam surtos na humanidade, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as quatro
doenças que mais assolam o mundo são a Influenza, Ebola, Síndrome de Imunodeficiência
Adquirida e atualmente a COVID-19, todas causadas por agentes virais (PULLANGOTT et al.,
2021).
O coronavírus (SARS-Cov-2), leva a infecções desde quadros assintomáticos a
quadros respiratórios graves e veio a totalizar mais de 410 milhões de casos em todo o mundo
(até 16 de fevereiro de 2022 segundo World Health Organization). Neste cenário, com a
pandemia de COVID-19, houve a necessidade por parte das organizações mundiais de se
estabelecer práticas para diminuir a propagação da doença, visto que, mesmo em pacientes
assintomáticos a carga viral é alta, o que justifica a alta transmissão do vírus. (CHENG et al.,
2020). Portanto, para diminuir a propagação da infecção, a OMS sugeriu intervenções não
farmacêuticas, como isolamento de pacientes infectados, quarentena, lavagem das mãos, uso
de desinfetantes, distanciamento social e utilização de meios de proteção individual respiratória
(TCHARKHTCHI et al., 2021).
Dentre as medidas relacionadas à etiqueta respiratória, destaca-se o incentivo ao uso
de máscaras, muito foi discutido a respeito da utilização de dispositivos de proteção respiratória
de forma generalizada e, em muitos países o uso de máscaras em locais públicos se tornou
obrigatório, além de essencial na área hospitalar. O uso de máscara por toda comunidade auxilia
no controle da transmissão do vírus, reduzindo a trajetória de gotículas e aerossóis (CHENG et
al., 2020).
O conhecimento atual sobre a COVID-19 aponta que o principal mecanismo de
transmissão da doença entre pessoas ocorre por meio do contato direto com gotículas de
tamanho aproximado de 5 a 10 μm e por aerossóis, partículas ainda menores, inferiores a 5
μm. Estas partículas ficam suspensas no ar e podem se movimentar com correntes de ar, sendo
expelidas ao falar, espirrar, tossir e em procedimentos médicos que envolvem secreções
respiratórias, o que justifica a utilização de máscaras pela população (GARCIA GODOY et al.,
2020).
21

O Brasil adotou a medida de uso de máscara como política de saúde pública em


diversos estados, ainda em 2020, sendo que a busca por máscaras aumentou consideravelmente,
assim como seu descarte. Dados da Sociedade Americana de Química apontam um consumo
de 129 bilhões de máscaras por mês, em todo mundo, o que representa um risco generalizado
de contaminação do ambiente, devido a degradação e liberação de microplásticos que afetam a
vida marinha e comprometem o equilíbrio do ecossistema. Além disso, representa um risco à
saúde pública, considerando que o resíduo é também um vetor de transmissão para o vírus
SARS-CoV-2, que pode sobreviver em superfícies poliméricas por até 4 dias (CHEN et al.,
2021;CHIN; POON, 2020).
Logo, é imprescindível alternativas que possibilitem um aprimoramento de máscaras
faciais, considerando a geração de resíduos e o combate aos agentes patogênicos. Máscaras
multifuncionais antimicrobianas e antivirais são promissoras alternativas às máscaras
convencionais, fornecendo uma proteção a microrganismos in situ, podendo se apresentar na
forma de filmes, revestimentos e nanopartículas (NPs).(TCHARKHTCHI et al., 2021). As
proporções ativas que conferem a qualidade biocida variam dentro de cada forma, processo e
materiais. Partículas de óxidos metálicos são promissoras alternativas a serem incorporadas na
forma de nanopartículas como agentes de combate a microrganismos. Nanopartículas de óxido
de zinco (NPsZnO) já se provaram promissoras contra cepas da gripe e herpes e estudos recentes
apontam seu caráter antiviral contra o SARS-CoV-2 (EL-MEGHARBEL;2021)
(GURUNATHAN et al., 2020).
Além disso, deve-se considerar que a maioria dos meios de filtração não resiste à
reutilização, lavagem e outros métodos de limpezas comumente utilizado para tecidos, exigindo
o descarte após a utilização. Contudo, existem polímeros biodegradáveis promissores a
substituir os materiais sintéticos comumente utilizados. Máscaras biodegradáveis à base de
polímeros como a celulose, quitosana e poli(ácido láctico) (PLA) são exemplos dessa
substituição. Aliando-se as características biocidas de NPsZnO com uma matriz polimérica
biodegradável, é possível se adquirir um material multifuncional promissor ao combate de
microrganismo e garantir maior sustentabilidade no seu descarte, utilizando materiais como o
poli(ácido láctico) biodegradável e atóxico ao corpo humano, segundo a FDA (Food and Drung
Administration) (BABAAHMADI et al., 2021).
22

Dentre os processos mais adequados para se aliar as qualidades de materiais antivirais


e biodegradáveis, a eletrofiação tem destaque não somente pela obtenção de membranas
compostas por fibras ultrafinas, cujo diâmetros podem variar de micrômetros a nanômetros,
mas também pelas amplas aplicações em filtragem de ar devido à alta área superficial e
pequenos tamanhos de poros entre fibras. A alta permeabilidade natural das membranas
eletrofiadas é um ajuste adequando a aplicação em máscaras faciais para melhorar a
respirabilidade (CHONG et al., 2022).
Além disso, o processo de eletrofiação, que consiste de forma simplificada no
estiramento de uma solução polimérica por uma diferença de potencial elétrico, leva a uma
maior retenção de eletricidade estática e a eficiência em filtração é melhorada. Máscaras
comumente utilizadas de polipropileno devem receber um tratamento eletrostático, no entanto,
com manuseio, limpeza e utilização a eletricidade estática é facilmente perdida e as máscaras
devem ser descartadas com maior frequência (ZHANG et al., 2021). Membranas eletrofiadas
formam barreiras físicas para partículas e vírus devido à estrutura tridimensional porosa,
eliminando a limitação da eletricidade estática, além da facilidade de incorporação de nano e
micropartículas às soluções poliméricas eletrofiadas, permitindo adquirir membranas com
características multifuncionais, que podem agregar propriedades como biodegradabilidade,
hidrofobicidade, atividades antivirais e bactericidas. (BHATTARAI et al., 2019).
Neste contexto, o presente trabalho tem por finalidade produzir membranas
eletrofiadas de poli(ácido láctico) (PLA) contendo nanopartículas de óxido de zinco pelo
processo de eletrofiação. Foi também avaliada a influência da adição de óxido de zinco nas
propriedades das membranas eletrofiadas de PLA, tendo em vista a aplicação como máscaras
faciais multifuncionais.
23

1.1OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

• Desenvolver uma membrana com potencial atividade antiviral para uso em máscaras
faciais a partir de fibras poliméricas de PLA com nanopartículas de óxido de zinco utilizando a
técnica de eletrofiação.

1.1.2 Objetivos Específicos

• Avaliar morfologia e tamanho das partículas de óxido de zinco;

• Determinar a concentração da solução polimérica mais adequada para a obtenção de


fibras no processo de eletrofiação;

•Avaliar o efeito do tempo de dispersão das nanopartículas na morfologia das fibras;

•Analisar a influência da concentração de nanopartículas (NPs) incorporadas ao PLA


na morfologia, propriedades térmicas e mecânicas das membranas eletrofiadas.
24

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este tópico visa elucidar termos e conceitos discutidos ao logo do trabalho, dedicados
à proteção facial, processos e materiais alternativos para o controle e combate a agentes virais.

2.1 MÁSCARAS DE PROTEÇÃO FACIAL

Máscaras faciais são um meio de proteção individual e coletivo, se utilizadas de forma


correta. Coberturas faciais têm sido usadas nos últimos 500 anos, desde a peste negra a proteção
contra a poluição do ar em grandes metrópoles. Historicamente, nos últimos séculos, o perigo
e risco de novas epidemias e pandemias transmissíveis pelo ar leva adoção de medidas não-
farmacológicas como o uso destes máscaras que contam com novas tecnologias e materiais em
suas aplicações para melhor eficiência em retenção de partículas e que permitem a
respirabilidade do usuário. Dentre diversos tipos de máscaras usadas destacam-se no momento
de pandemia, segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) as máscaras
cirúrgicas (Figura 1(a)), equipamentos de proteção respiratória, (Figura 1(b)), também
conhecidos como respiradores, e as máscaras de proteção de uso não profissional, (Figura 1(c)).

Figura 1 –(a) Máscara cirúrgica; (b) Respirador N95; (c) Máscara artesanal de tecido

.
Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Máscaras faciais cirúrgicas são liberadas para uso como dispositivos médicos pela FDA e são
compostas normalmente de uma a três camadas e os polímeros comumente utilizados são o
poli(propileno) (PP), poli(etileno) (PE), poli(amida) (PA) e poli(tereftalato de etileno) (PET),
também utilizados em respiradores (BABAAHMADI et al., 2021), já máscaras categorizadas
como de uso não profissional, são confeccionadas de froma artesanal, em geral, não seguem
25

nheum padrão e apresentam vários designs sendo produzidas em uma ampla variedade de
tecidos genéricos, sendo que o material mais comumente utilizado é o algodão (MORAIS et.
Al., 2021).
Diferentemente das máscaras faciais de uso não profissional, respiradores apresentam
maior eficiência de filtração e retenção de particulados, contêm de três ou mais camadas de
filtragem com gramaturas mais elevadas, dois painéis de um tecido não tecido (TNT) e um meio
filtrante em microfibras sintéticas, normalmente tratadas eletrostaticamente. Respiradores são
projetados para proteger o usuário contra a atmosfera perigosa, aerossóis infecciosos
transportados pelo ar contendo vírus, como exemplificado na Figura 2. No respirador PFF2,
equivalente ao modelo americano N95, “95” significa que a eficiência de filtragem sob as
condições de teste designadas pode chegar a 95%. A utilização correta de máscaras faciais
protege o indivíduo da exposição a uma potencial infecção e de transmissão respiratória através
de emissão de fluídos corporais. (MUKHOPADHYAY, 2014).

Figura 2 – Mecanismo de transmissão por aerossóis da COVID 19.

Fonte: Desenvolvido pelo autor. (Criado com BioRender.com)

Em máscaras cirúrgicas e respiradores, a filtração do ar ocorre por meio de uma


combinação de diferentes mecanismos, incluindo gravitação, difusão (browniana), interações
intermoleculares e eletrostáticas. A capacidade de captura de partículas do meio filtrante fibroso
26

depende das interações com as fibras individuais e com as tramas que compõe a estrutura
tortuosa do filtro. Sendo que a eficiência dos mecanismos de filtração é função do tamanho dos
bioaerossóis e microrganismos (BARHATE; RAMAKRISHNA, 2007).
As partículas virais de SARS-CoV-2, são categorizadas como pequenos bioaerossóis
com forma elíptica ou esférica e tamanhos inferiores a 150 nm. A maioria das máscaras faciais
cirúrgicas convencionais não oferece a melhor proteção devido aos seus grandes tamanhos de
poros e características de ajuste insatisfatório. Por outro lado, respiradores ( N95) fornecem
uma proteção mais eficiente contra vírus transportados pelo ar (BABAAHMADI et al., 2021).
Em estudos de MORAIS (2021), que comparou mais 300 máscaras entre elas
respiradores, máscaras cirúrgicas e máscaras de uso não profissional, no Brasil, respiradores
N95, apresentaram maior eficiência para filtragem de partículas de aerossóis, com distribuição
máxima entre 100-120nm, e eficiência em retenção de em torno de 98%. Máscaras cirúrgicas
aprestam uma eficiência de 89% e para máscaras caseiras em algodão a eficiência de filtração
é muito variável, entre 20% e 60%, não se mostrando a melhor opção entre as máscaras faciais.
A Figura 3 ilustra as diferenças a nível microscópico de um respirador N95, máscara cirúrgica
e uma máscara artesanal de algodão com trama fechada.

Figura 3 – Máscaras observadas em microscópio (a) Respirador N95; (b) Máscara


cirúrgica; (c) Máscara artesanal de algodão com trama fechada.

Fonte: Adaptado de (MORAIS et. Al., 2021)

Embora as máscaras cirúrgicas e respiradores tenham demonstrado bloquear com


grande eficiência partículas de aerossóis, há de se considerar que o vírus da COVID-19 pode
sobreviver por até 4 dias na superfície das máscaras, o que leva ao alto consumo destes produtos
que devem ser trocados pelos usuários a cada três ou quatro horas de uso contínuo. Idealmente,
os materiais cirúrgicos das máscaras faciais devem capturar e, simultaneamente, inativar estes
27

vírus (CHIN; POON, 2020). Com isso, o estudo de máscaras cirúrgicas multifuncionais vem
ganhando espaço. Contudo, devem atender a critérios que incluem, além da alta eficiência de
filtração contra bioaerossóis, propriedades como barreira a fluídos, boa permeabilidade ao ar,
resistência mecânica adequada e a capacidade inativar agentes patogênicos (BABAAHMADI
et al., 2021).
Dessa maneira, técnicas de eletrofiação tem destaque na fabricação de membranas
compotas por fibras submicrométricas, como alta relação superfície-volume, porosidade alta e
interconectada e boa permeabilidade a gases. Além disso, o processo permite introduzir outras
cargas e agentes para conferir as membranas multifuncionalidades como hidrofobicidade,
atividade antibacteriana e antiviral, que atendem a proposta do trabalho. Portanto, membranas
fibrosas ultrafinas são capazes tanto de bloquear fisicamente partículas e vírus como de atender
as características multifuncionais através de técnicas como a eletrofiação.

2.2 ELETROFIAÇÃO

O processo de eletrofiação também conhecido como electrospinning tem por objetivo


a produção de fibras ultrafinas a parir de soluções poliméricas ou fundidas, através de uma
diferença de potencial elétrico (DDP) entre um dispositivo de alimentação e um coletor
metálico. O termo eletrofiação deriva de fiação eletrostática, e seu uso tem pouco mais de um
século, utilizada primeiramente para adquirir fibras ultrafinas por Cooley e Morton. (COOLEY,
1902). Em meados de 1934, uma patente por Formhal descreveu o processo de obtenção de
fibras, utilizado soluções poliméricas a base de poli(acetato de celulose) (FORMHALS, 1934).
Entre 1964 e 1969, Taylor realizou seu estudo sobre a modelagem matemática ao se aplicar
uma DDP em uma gota de solução polimérica. Taylor percebeu, que a força do campo elétrico
aplicado se iguala às tenções superficiais da gota e esta passa a apresentar um aspecto cônico
(conhecido como cone de Taylor). A tensão onde isso ocorre é conhecida como tensão crítica
e, caso a tensão ultrapasse este valor, um jato de solução é ejetado do cone em direção ao
coletor (TAYLOR, 1964). A Figura 4 apresenta o fenômeno observado durante o processo,
princípio fundamental da técnica de eletrofiação.
28

Figura 4 – Formação do cone de Taylor com o incremento da tensão.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

A deposição destas fibras de forma aleatória ou ordenada leva a produção de uma


membrana. O grande interesse na técnica deve-se ao fato de ser um método versátil na obtenção
de fibras com diâmetros que variam dentro da escada de nanômetros (nm) a décimos de
micrômetros (μm), apresentando elevada razão de aspecto, relação matemática entre duas
dimensões, no caso das fibras, relação entre o diâmetro e o comprimento, que leva a uma alta
área de superfície (BHATTARAI et al., 2019).
De modo geral, o equipamento utilizado para obtenção das fibras consiste em um
dispositivo para armazenar a solução e um capilar de saída da solução, normalmente utilizado
um conjunto de seringa e agulha, uma bomba de infusão que controla a vazão da solução, um
coletor metálico e uma fonte de tensão para gerar a DDP entre a agulha e o coletor,
(RAMAKRISHNA, S. et.al., 2005; MERLINI, C., 2014). A Figura 5 esquematiza o sistema de
eletrofiação, onde o campo elétrico gerado entre estas extremidades leva ao estiramento das
fibras a partir do cone de Taylor até a sua deposição sobre o coletor.
29

Figura 5 – Esquema do processo de eletrofiação.

Fonte: Desenvolvido pelo autor. (Criado com BioRender.com)

Existem duas formas de deposição, de acordo com tipo de coletor, que poder ser um
coletor giratório ou estático, que interferem na forma de deposição das fibras de maneira a
depositar as fibras orientadas ou aleatórias (RAMAKRISHNA, S. et.al., 2005). Em um sistema
de eletrofiação é necessário o controle de diversos parâmetros de maneira a adquirir fibras
contínuas e com morfologia uniforme as quais apresentam maior potencial de aplicação. Fibras
com diâmetros reduzidos proporcionam maior área de superfície e normalmente, propriedades
superiores (BHATTARAI et al., 2019).
Contudo, as fibras podem apresentar imperfeições que afetam as suas propriedades
finais. Entre as irregularidades mais comuns estão os beads, regiões com um aumento
considerável no diâmetro, gerados por inúmeras combinações de fatores, como ineficiente
emaranhamento das cadeias poliméricas, falta de estiramento das fibras, taxa de evaporação
inadequada dos solventes, baixa concentração de polímero em solução, alta tensão de superfície
da solução e diferença de potencial elétrico insuficiente (RAMAKRISHNA, S. et.al., 2005;
MERLINI, C., 2014). A Figura 6 apresenta beads observados via microscopia eletrônica de
varredura (MEV).
30

Figura 6 – Bead observado via microscopia eletrônica de varredura.

Fonte: (MERLINI, C., 2014)

A forma com que o processo é conduzido e a evaporação muito rápida dos solventes
pode levar desde formação de “espículas” na ponta da agulha e até seu entupimento (REYES;
LAGERWALL, 2020). A Figura 7, apresenta diferentes estruturas formadas na ponta da agulha
para condições adequadas e inadequadas durante o processo de eletrofiação.

Figura 7 – Fenômenos ocorrentes no processamento de eletrofiação (a) Entupimento


da agulha; (b) Formação de espículas; (c) Múltiplos jatos; (d) Jato único e contínuo.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.


31

Apesar da eletrofiação ser uma técnica relativamente simples, os diversos parâmetros


que influenciam na morfologia e na presença de beads afetam também o desempenho e
eficiência do processo. A solução pode ser expelida da ponta da seringa sob diferentes formas
com em spray, para valores de tensão muito elevados e/ou baixa viscosidade de solução, ou sob
a forma de jato contínuo, necessário para a formação das fibras uniformes, os parâmetros para
obtenção de jato contínuo são dependentes das características da solução, polímero,
viscosidade, condutividade e presença de cargas e aditivos (DEITZEL, J. M. et. al, 2001).
Os parâmetros, portanto, afetam consideravelmente a condução do processo,
influenciando seu andamento e consequentemente a morfologia das membranas eletrofiadas. A
forma, comprimento e diâmetro das fibras é um resultado de três categorias de parâmetros:

• Parâmetros da solução, que levam em conta as propriedades do polímero e


solventes utilizados;
• Parâmetros do processo, que envolvem a diferença de potencial elétrico,
distância entre agulha e coletor e vazão de alimentação;
• Parâmetros ambientais, temperatura e umidade relativa (DEITZEL, J. M. et. al,
2001; BHATTARAI et al., 2019).

O controle e compreensão destes parâmetros garante se aproximar da condição ideal


para formar um jato contínuo no processo de eletrofiação e se obter fibras com morfologias
adequadas e diâmetros nano e micrométricos para compor uma membrana.

2.2.1 Parâmetros de solução

As propriedades da solução são derivadas dos aspectos individuais de cada um dos


componentes, tais como concentração, viscosidade, massa molar do polímero, tensão
superficial, condutividade da solução, tipo de solventes, dispersão e distribuição de cargas e
aditivos. Os fatores da solução apresentam grande influência sobre o processo e morfologia das
fibras (LIMA, 2013).
Para que haja uma vazão controlada durante o processo, o polímero deve estar
dissolvido em um sistema de solventes adequados, ao final do processo de eletrofiação este
32

solvente deve ser evaporado por completo, permanecendo somente as fibras poliméricas
sólidas. Fatores como capacidade de dissolução do polímero e volatilidade do solvente são as
principais características em sua escolha (BHATTARAI et al., 2019).
A volatilidade é diretamente proporcional à pressão de vapor, sendo que solventes com
altos valores de pressão de vapor como a acetona, 30,6 kPa a 25°C, apresentam acelerada
evaporação e, portanto, pode levar desde ao entupimento da agulha e até a formação de
porosidade nas fibras, aliadas a parâmetros ambientais, como elevada umidade. Por outro lado,
solventes com baixa pressão de vapor, e portando pouco voláteis como a dimetilformamida
(DMF), com 480 Pa a 25°C podem levar a uma evaporação ineficiente, que resulta geralmente
em uma membrana não fibrosa devido à deposição das fibras com resíduo de solvente, levando
a uma “fusão” entre as fibras (LIMA, 2013). A escolha dos solventes depende da melhor
condição de evaporação do solvente sem comprometer a morfologia das fibras, levando em
consideração o polímero a ser solubilizado e as condições ambientais do processamento para o
PLA normalmente são utilizados o clorofórmio, acetona ou uma combinação entre
dimetilformamida e dicloroetano (VIROVSKA et al., 2014).
Outro fator influente é a viscosidade regida pela proporção polímero/solvente, massa
molar e incorporação de partículas em solução. A concentração para cada sistema é variável e
deve-se buscar um valor ótimo para cada sistema, para a obtenção das fibras. A viscosidade da
solução muito baixa gera um efeito de electrospray, que leva a formação de partículas esféricas,
concentrações pouco maiores há a formação de fibras, contudo podem aprestam defeitos como
beads e outras imperfeições. Em concentrações ideias, pode-se adquirir fibras contínuas sem
irregularidades e caso a concentração extrapole este valor ideal, fibras com maiores diâmetros
são obtidas, além da possibilidade de apresentarem uma morfologia irregular e helicoidal
(MERLINI, C., 2014; DEITZEL, J. M. et. al, 2001).
Além disso, a massa molar polimérica tem relação semelhante a concentração ao
reduzir a massa molar, aumenta-se a quantidade de defeitos e ao se aumentar a massa molar, as
fibras tendem a se apresentar-se mais uniformes e contínuas. Além disso, melhorar e intensificar
o estiramento das fibras através de cargas e aditivos condutores, de modo geral, induz um maior
estiramento e a obtenção de diâmetros menores em contrapartida, a alta condutividade também
gera instabilidades do jato comprometendo eficiência da eletrofiação, como formação a
espiculas e múltiplos jatos. (KOSKI; YIM; SHIVKUMAR, 2004). Já em processo de dispersão
de nanocargas a viscosidade pode ser altamente afetada pela presença das nanopartículas (NPs)
33

além da própria massa molar que pode ser reduzida pelos meios de alta energia utilizados para
promover a dispersão e distribuição de partículas em soluções poliméricas, como
homogeneizadores e equipamento de sonicação (ZHANG et al., 2019).

2.2.2 Parâmetros de processo

Os parâmetros de processo incluem a tensão elétrica que normalmente varia de 5 a 30


kV; distância entre agulha e o coletor, variando de 5 até 30 cm; e vazão de alimentação com
taxas normalmente entre 0,1 a 2,5 .h-1. Estes parâmetros têm grande impacto no desempenho
do processo, bem como nas características das fibras. Com isso, para cada sistema polimérico
é necessário um ajuste adequado, a fim de se alcançar a condição ótima na obtenção das fibras
(MERLINI, C., 2014; DEITZEL, J. M. et. al, 2001; LIMA, 2013).
A diferença de potencial aplicada é considerada uma das mais relevantes dentro da
técnica de eletrofiação, tendo em vista que é responsável por gerar o campo elétrico que induz
cargas elétricas na solução, determinando o início de formação do jato e posteriormente, das
fibras. Para tensões muito baixas, há o gotejamento da solução e, somente após alcançar a tensão
crítica, quanto maior a DDP, maior o campo elétrico, consequentemente maior velocidade do
jato e estiramento das fibras reduzindo assim a dimensão das fibras e a presença de beads.
Contudo, em DDP’s muito elevados há formação de múltiplos jatos na ponta da agulha e a
tendência a formação de espículas (PEREA, 2011; MERLINI, C., 2014).
Além disso, juntamente com a tensão, a distância entre o coletor e agulha determina a
intensidade do campo elétrico, um parâmetro facilmente ajustável experimentalmente. Por estar
relacionado a intensidade do campo gerado, tem influência sobre o estiramento das fibras e no
tempo de evaporação do solvente. O efeito da variação da distância entre a agulha e coletor,
dependerá do sistema, sendo que a literatura sugere valores entre 5 e 30 cm. De modo geral, a
distância deve ser suficiente para permitir a evaporação total do solvente, de forma que a
membrana formada sobre o coletor não apresente resíduos de solvente (RAMAKRISHNA, S.
et.al., 2005). Como aumento da distância entre a agulha e coletor há um aumento no tempo de
voo da solução até o coletor, resultando em maior estiramento das fibras. Caso a distância for
muito pequena ou insuficiente para evaporação do solvente, o resultando é uma junção entre
fibras devido a presença de solvente residual. A Figura 8, demostra a junção de fibras de
34

poli(vinilpirrolidona) (PVP) pela ineficiente evaporação do solvente durante a eletrofiação


(RAMAKRISHNA, S. et.al., 2005; LIMA, 2013).

Figura 8 – Microscopia eletrônica de varredura das fibras de PVP aglomeradas devido


a evaporação de solvente inadequada.

Fonte: (LIMA, 2013)

Outro fator de processo relevante é a vazão de alimentação, que tem influência sobre
a quantidade de material que é alimentada na ponta da agulha. Assim como os outros parâmetros
de processo, a vazão de alimentação da solução tem relação com os diâmetros das fibras e a
presença ou não de imperfeições. Taxas mais elevadas possibilitam a formação de fibras com
maiores diâmetros, devido a maior proporção de solução ejetada da ponta da agulha, além de
promover a deposição de fibras com um excesso de solvente, resultando na incidência de
defeitos. (RAMAKRISHNA, S. et.al., 2005). Dessa forma, durante o processo de eletrofiação
há a necessidade de buscar o equilíbrio entre a maior vazão possível, respeitando um valor
limite que não comprometa a obtenção fibras uniformes e sem imperfeições, para se obter
maiores taxas de produção mantendo-se a qualidade.
35

2.2.3 Parâmetros ambientais

A umidade relativa do ambiente tem influência sobre a volatilidade dos solventes,


quanto menor a umidade relativa, mais rápida é a evaporação do solvente presente na solução,
que pode levar ao entupimento de ponta da agulha. Em contrapartida, valores de umidade muito
altos dificultam a evaporação do solvente e podem levar a uma “fusão” das fibras e um aumento
do diâmetro médio. Além disso, para valores de umidade superiores a 60%, a umidade pode
contribuir para a condensação de gotículas de água sobre a superfície das fibras, levando a
formação de uma porosidade superficial com o aumento da umidade. A Figura 9 exemplifica
essa condição para fibras poli(ε-caprolactona) em diferentes níveis de umidade
(RAMAKRISHNA, S. et.al., 2005; PUTTI et al., 2015).

Figura 9 – Relação entre umidade relativa e grau de porosidade para fibras de poli (ε-
caprolactona).

Fonte: Adaptado de (PUTTI et al., 2015)

Já a temperatura afeta a viscosidade da solução polimérica e, por consequência, sua


volatilidade dos solventes. Usualmente a eletrofiação é conduzida em temperatura ambiente (23
± 2 °C). Com o aumento da temperatura ambiente, e por consequência da solução, há uma
redução da viscosidade e um aumento na taxa de evaporação dos solventes o que pode em geral
levar a fibras com menores diâmetros. (DEITZEL, J. M. et. al, 2001; PUTTI et al., 2015)
Conforme descrito anteriormente, o controle destes fatores de solução, processo e das
condições ambientais define a obtenção de membranas eletrofiadas pois impacta na morfologia
das fibras e na incidência de defeitos. No entanto, cada sistema exige um ajuste e a escolha
adequada dos materiais a serem eletrofiadas, visto que os sistemas de eletrofiação são de
simples execução, porém multifatoriais, mas devido a versatilidade da técnica uma ampla
variedade de materiais poliméricos vem sendo utilizados (MERLINI, C., 2014).
36

2.3 POLI (ÁCIDO LÁCTICO)

O PLA é um polímero biodegradável da família dos poliésteres de base biológica,


derivado de recursos naturais renováveis tais como amido de milho, tapioca e cana de açúcar,
obtido pela fermentação biológica destes insumos. A biodegradabilidade e compatibilidade do
PLA se deve ao fato do mesmo ser formado por monômeros de ácido láctico, um produto natural
da respiração anaeróbica do corpo humano e, portanto, facilmente absorvido pelo corpo sem
causar problemas (SINGHVI; ZINJARDE; GOKHALE, 2019). A unidade de repetição do PLA
é apresentada na Figura 10.

Figura 10 - Representação da unidade de repetição do PLA.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

O monômero ácido láctico, constituinte básico da estrutura do PLA, apresenta duas


formas estereoisométricas, (L- e D-ácido láctico). A rota de síntese química normalmente
resulta em uma mistura racêmica entre estes isômeros. Embora o ácido láctico possa ser
produzido via processos químicos, quase 90% do total de sua produção é derivado de
fermentação bacteriana em todo mundo. A forma pura de um isômero do ácido láctico é obtida
pela homofermentação ou heterofermentação e depende da cepa selecionada (SINGHVI;
ZINJARDE; GOKHALE, 2019). A estrutura química dos isômeros do ácido láctico é
representada na Figura 11.
37

Figura 11 – Diagrama esquemático dos isômeros ópticos de L - D - ácido lático.

Fonte: Adaptado de (SINGHVI; ZINJARDE; GOKHALE, 2019)

A partir disso, com a polimerização do ácido lático, o PLA derivado possui três
isômeros: o poli(ácido L-láctico) (PLLA), poli(ácido D-láctico) (PDLA) e o poli(ácido DL-
láctico) (PDLLA) (TOKIWA, 2009).
Essas variações tem relação com da estrutura cristalina do material polimérico que
pode ser amorfa ou semicristalina a cristalinidade e, portanto, a estabilidade térmica,
propriedades mecânicas e a biodegradabilidade do PLA são influenciadas pelo seu peso
molecular e principalmente pela sua estereoquímica (CANEVAROLO JR , 2010;PEREGO;
CELLA; BASTIOLI, 1996). A proporção entre isômeros pode levar a um PLA totalmente
amorfo ou até 40% cristalino, normalmente o PLA constituído entre 50 e 93% do isômero L
(PLLA) é amorfo enquanto o PLA contendo mais de 93% do isômero L é semicristalino. Com
relação à fase cristalina, o PLA existe em três tipos de configurações dos cristalitos α, β, e γ,
sendo a estrutura ortorrômbica α a mais comum entre o polimorfismo do PLA (CHONG et al.,
2022). A cristalinidade depende fortemente do processamento do polímero e taxas de
resfriamento, processo de eletrofiação tendem a aumentar o grau de cristalinidade pois o campo
gerado faz com que as moléculas poliméricas se orientem durante o estiramento das fibras
(PEREA, 2011).
Em relação as propriedades térmicas, o ponto de fusão (Tm) do PLA puro (L ou D)
pode variar de 130 a 180 °C e sua temperatura de transição vítrea (Tg) entre 50 a 80 °C
(ANDERS SÖDERGARD, 2010). Polímeros semicristalinos, como no caso do PLA, com o
aumento do grau de cristalinidade a massa específica do polímero tende a aumentar, pois a
38

estrutura polimérica se encontra em forma mais compacta. Desse modo, o módulo e tensão de
ruptura tendem a ser maiores para polímeros de maior grau de cristalinidade em contrapartida,
tem-se um menor alongamento à ruptura (CANEVAROLO JR, 2010). O PLA possui como
desvantagem que limita sua utilização, a baixa flexibilidade no entanto, através de processos de
modificação morfológica, como processos de eletrofiação com a obtenção de fibras de PLA, é
possível se contornar essa desvantagem e se obter membranas flexíveis de PLA (VIROVSKA
et al., 2014).
O PLA, sendo um dos polímeros mais atraentes a substituto promissor aos polímeros
sintéticos amplamente utilizados no uso diário, bem como na elaboração de novos materiais
aplicados as mais diversas áreas e com as mais variadas funcionalidades, vem sendo
amplamente estudado para obtenção de filmes e membranas (FARAH; ANDERSON;
LANGER, 2016). Estudos investem na obtenção de membranas e filtros de PLA para aplicações
desde separação de óleo/água, visto o caráter hidrofóbico do PLA que é insolúvel e água
(NUGRAHA et al., 2021). Além de desenvolvimento de compósitos com óxido de zinco (ZnO)
para embalagem alimentícia, os materiais fibrosos híbridos de PLA e ZnO obtidos através de
eletrofiação são uma promisso proposta, pois podem combinar as propriedades benéficas do
polímero e da carga inorgânica, biodegradabilidade, atividade fotocatalítica, antiviral e
bactericida garantem possibilidade de aplicação desde áreas alimentícia a médica, na fabricação
de embalagens bactericidas a filtros contra agentes patogênicos (SINGHVI; ZINJARDE;
GOKHALE, 2019; BABAAHMADI et al., 2021).

2.4 NANOPARTÍCULAS DE ÓXIDO DE ZINCO

O óxido de zinco (ZnO) é um composto inorgânico de cor branca, massa específica de


5,6 g.cm-3, é um material semicondutor que possui banda proibida alta, em torno de 3,37 eV,
ponto de fusão em 1975°C, insolúvel em água e como um sólido cristalino possui três
polimorfos principais, sal- gema, blenda de zinco e zinco hexagonal (estrutura wurtzita)(CRUZ;
GALLIO; GATTO, 2020).
O óxido de zinco, quando em sua forma nanométrica, é um composto polar e
hidrofílico, e assume novas propriedades, com a capacidade de absorver um amplo espectro de
radiação, atividade fotocatalítica e maior atividade antimicrobiana. Fisicamente, nanocargas de
ZnO estão disponíveis em muitas formas diferentes, como nanopartículas,
39

nanofios, nanotubos , nanofibras e nanobastões, que podem afetar as propriedades


do nanomaterial e, portanto, dos seus compósitos (CRUZ; GALLIO; GATTO, 2020). Além
disso, o óxido de zinco pode ser sintetizado através de diversas técnicas e precursores, visando
desenvolver métodos mais simples, práticos e de baixo custo. Técnicas como a síntese de
nanopartículas por combustão é eficaz para síntese de NPs de óxidos metálicos. A técnica
consiste na mistura de um sal metálico como oxidante (a exemplo, nitrato de zinco
hexahidratado) e combustíveis (por exemplo sacarose) que são aquecidos a uma determinada
temperatura a mistura sofre uma reação autossustentada para produzir nanopartículas de óxido
metálico uniforme enquanto queima o combustível na forma de CO2 , H2O e outros gases
(ISLAM et al., 2019).
É estabelecido que o ZnO e suas nanopartículas possuem propriedade antibacteriana
sob uma ampla gama de microrganismos. Ao mesmo tempo que segundo a FDA (Food and
Drung Administration) é considerado seguro para contato humano, mesmo em suas diferentes
formas (ZnO sólido, NPsZnO e íons Zn+), ao contrário de outros sistemas (CHANG et al.,
2012). O óxido de zinco é utilizado em protetores solares e até mesmo consumido como
suplemento em alimentos, em nanoescala pode ser utilizado para revestir embalagens de
alimentos e plásticos para conferir atividade antimicrobiana contra patógenos infecciosos e de
origem alimentar. Atualmente as NPs de óxido de zinco são os principais candidatos virucidas
para aplicações terapêuticas e de revestimento de superfície (SHARMIN et al., 2021).
O interesse na aplicação antiviral deve-se à baixa citotoxicidade para células humanas,
fotocatálise geradora de espécies reativas de oxigênio e eficácia comprovada em danificar
membranas lipídicas por meio de difusão e acumulação.(LIN et al., 2021; SHARMIN et al.,
2021; ISLAM et al., 2019). Embora estudos focados na influência antiviral das nanopartículas
de óxido de zinco sejam muito menos frequentes do que aqueles que examinam suas
propriedades antibacterianas, existem estudos atuais notáveis.
Mishra et al. (2021) destaca que o óxido de zinco, como um agente antiviral, por meio
de uma morfologia de nanoflores, capaz de neutralizar o vírus da herpes tipo 1. A morfologia
em nano e micropartículas de ZnO, em concentrações até 500 μg/mL provocaram poderosa
inativação do vírus com uma baixa toxicidade para as células hospedeiras. (MISHRA et al.,
2011). Este estudo apoia o potencial da nanotecnologia de ZnO como um agente profilático
biocompatível que pode prevenir a infecção de vírus envelopados, que apresentam camada
lipídica, como é caso também do vírus SARS-CoV-2.
40

Em estudos recentes reportados por El-Megharbel et al. (2021) que examinaram a


atividade antiviral de NPsZnO diretamente contra SARS-CoV-2. Foi observada uma inibição
potente em uma concentração baixa de nanopartículas (526 ng/mL), com morfologia esférica e
diâmetros entre 40-60 nm. A atividade antiviral foi determinada infectando células com SARS-
CoV-2 e, em seguida, sobrepondo a cultura de células a diferentes concentrações de
NPsZnO. Contudo foi observada moderada citotoxicidade das NPs as células hospedeiras (EL-
MEGHARBEL et al., 2021).
Dessa maneira, tais nanopartículas seriam mais adequadas para uso fora do corpo, visto
que ainda há certa divergência em relação a citotoxicidade das partículas a células hospedeiras
contaminadas com diferentes agentes virais. O uso como como desinfetantes e revestimentos,
onde a ação antiviral pode ser potencializada com risco mínimo de contato com células humanas
vivas, potencializam estudos que visão a fabricação de compósitos poliméricos. Com isso, o
presente trabalho busca a incorporação de NPsZnO a fibras de PLA para compor uma
membrana, por meio do processo de eletrofiação.
41

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS

Neste trabalho foi utilizado o PLA Polymer 2002D, fabricado pela empresa Nature
Works. O isômero desse PLA é o poli (ácido L-láctico) (PLLA). Os solventes orgânicos
utilizados foram o 1,2-Dicloroetano (DCE) e a Dimetilformamida-N,N (DMF), com graus de
pureza analítica (P.A.), procedentes da empresa Vetec.
Como aditivo, as nanopartículas de óxido de zinco (NPsZnO) formam fornecidas pelo
Laboratório de Materiais (LABMAT), da Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, sintetizadas de acordo com trabalho de ISLAM et al., (2019) e caracterizadas em
microscópio eletrônico de varredura (MEV). A Figura 12 exibe o PLA em grânulos as
nanopartículas de ZnO.

Figura 12 – Matérias primas utilizadas (a) PLA em grânulos; (b) NPsZnO

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

3.2 MÉTODOS

A metodologia utilizada para elaboração deste trabalho, inclui a preparação das


soluções poliméricas e eletrofiação das soluções. O fluxograma a seguir, Figura 13, exemplifica
detalhadamente a metodologia utilizado no presente trabalho, desde o recebimento das matérias
primas, processamento, obtenção de amostras e caracterizações.
42

Figura 13 - Fluxograma da metodologia experimental.

Fonte: Desenvolvido pelo autor


43

3.2.1 Preparação das soluções de PLA

Em um estudo preliminar foi avaliada a obtenção das fibras poliméricas de PLA a


partir da variação de concentração polimérica em solução, os valores de estudo de concentração
foram selecionados conforme resultados obtidos pelo Laboratório de Transformações e
Materiais Avançados (LTMA) de Blumenau. Com isso, foram preparadas diferentes soluções
com concentrações mássicas de 16, 18 e 22 %m, utilizando-se os solventes 1,2-Dicloroetano
P.A. (DCE) e Dimetilformamida P.A. (DMF) em uma proporção de 3:1 em volume,
respectivamente. Para uma dissolução uniforme as soluções foram colocadas em agitação
magnética e aquecimento por um tempo aproximado de 90 minutos a 50 °C, para posterior
eletrofiação e coleta de amostras.

3.2.2 Eletrofiação das soluções de PLA

As soluções de PLA obtidas (16, 18 e 22 %m de PLA) foram colocadas em seringas


de vidro de 5 mL com uso de uma agulha metálica com diâmetro interno de 0,66 mm, utilizando
de uma bomba de infusão para alimentação da solução com vazão de 1,34 mL.h-1, distância
entre a ponta da agulha e coletor metálico mantida em 15 cm. A diferença de potencial
estabelecida entre a agulha e coletor mantida em 10kV. Após o início do processo de
eletrofiação foi aguardado 5 minutos para estabilização do jato e então foram coletadas com
auxílio de uma lâmina de vidro algumas fibras durante os processos e posteriormente
caracterizadas. A Figura 14 apresenta o equipamento de eletrofiação utilizado em todos os
procedimentos experimentais e os valores dos parâmetros de processo utilizados.

Figura 14 – Equipamento de Eletrofiação.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.


44

3.2.3 Preparação das soluções PLA contendo nanopartículas de óxido de zinco

O procedimento de preparação das membranas eletrofiadas de PLA contendo as


NPsZnO seguiu primeiramente com o preparo de diferentes frações mássicas de nanopartículas,
1, 2, 4 e 6%m em relação a massa de PLA utilizada nas soluções, conforme dados da literatura
(ZHANG,2019; CHU et. al.,2017). As nanopartículas foram dispersas previamente em DCE e
DMF, relação de 3:1 (em volume) respectivamente, sob agitação magnética, sem aquecimento,
por 10 minutos e posteriormente permaneceram em banho de ultrassom durante 60 min.
Por fim, adicionou-se o PLA, 22%m, a solução foi mantida em agitação magnética e
aquecimento, temperatura de 50 °C, por aproximadamente 90 min. Foram utilizados frascos
regentes para minimizar a evaporação de solventes durante os processos de solubilização do
polímero e dispersão das NPsZnO. A Figura 15 traz o esquema de processamento a partir da
dispersão das NPs até a eletrofiação das membranas.

Figura 15 - Esquema ilustrativo do preparo das soluções e fabricação das membranas


eletrofiadas.

Fonte: Desenvolvido pelo autor. (Criado com BioRender.com)


45

Após a total solubilização do polímero as soluções contendo as nanopartículas foram


novamente levadas ao banho de ultrassom onde foi variado tempo de permanência das soluções
entre 30 e 60 min para dispersão das nanopartículas na solução polimérica, último passo antes
das soluções seguirem para o processamento de eletrofiação como exemplifica no esquema de
processamento. Os valores de massa de PLA em solução e massa de NPs, bem como os valores
de tempo de processamento em ultrassom são apresentados na Tabela 1, após a preparação de
cada solução forma realizado os processos de eletrofiação.

Tabela 1 - Composições das soluções de PLA puro e PLA/NPsZnO.


Massa de Tempo
PLA Massa PLA NPsZnO
Amostra NPsZnO Ultrassom
(%m) (g) (%m)
(g) (min)

PLA puro 100 1,0912 * * *

PLA/1% NPsZNO 30
99 1,0803 1 0,0109 30
min

PLA/1% NPsZNO 60
99 1,0803 1 0,0109 60
min

PLA/2% NPsZNO 30
98 1,0694 2 0,0218 30
min

PLA/2% NPsZNO 60
98 1,0694 2 0,0218 60
min

PLA/4% NPsZNO 30
96 1,0476 4 0,0436 30
min

PLA/4% NPsZNO 60
96 1,0476 4 0,0436 60
min

PLA/6% NPsZNO 30
94 1,0257 6 0,0655 30
min

PLA/6% NPsZNO 60
94 1,0257 6 0,0655 60
min

Fonte: Desenvolvido pelo autor.


46

3.2.4 Fabricação de membranas de PLA com nanopartículas de óxido de zinco

No processo de eletrofiação, as soluções de PLA contendo as nanopartículas seguiram


a mesma metodologia aplicada ao estudo da concentração de PLA. Com a diferença que os
processos se seguiram durante tempos de eletrofiação de 120 min. Ao final dos processos de
eletrofiação foram obtidas 9 membranas, variando-se concentração de nanopartículas e o
tempo de permanência em banho de ultrassom das soluções utilizadas no processo.
Os parâmetros ambientais foram monitorados durante os processos de eletrofiação no
Laboratório de Transformações e Materiais Avançados (LTMA), localizado na Universidade
Federal de Santa Catarina, Campus Blumenau. A relação de membranas eletrofiadas se
encontram na Tabela 2, apresentados os valores de temperaturas e umidade relativa durante os
processos de obtenção de cada membrana.

Tabela 2 – Parâmetros ambientais durante processos de eletrofiação.

Amostra Temperatura Ambiente (°C) Umidade Relativa (%)

PLA puro 20,0 50

PLA/1% NPsZNO 30 min 18,6 45

PLA/1% NPsZNO 60 min 18,6 45

PLA/2% NPsZNO 30 min 20,0 45

PLA/2% NPsZNO 60 min 20,0 45

PLA/4% NPsZNO 30 min 25,0 45

PLA/4% NPsZNO 60 min 18,3 51

PLA/6% NPsZNO 30 min 19,0 45

PLA/6% NPsZNO 60 min 19,0 45


Fonte: Desenvolvido pelo autor.
47

3.3 CARACTERIZAÇÕES

3.3.1 Microscopia ótica da luz transmitida (MO)

Com o auxílio de uma lâmina de vidro, como exemplificado na Figura 16, as fibras
foram coletadas durante a eletrofiação e destinadas a uma análise previa em microscópio ótico
de luz transmitida (MO). Esta etapa foi realizada visando avaliar a formação das fibras, de modo
selecionar a concentração mais adequada de solução polimérica, para posterior incorporação
das nanopartículas e produção das membranas eletrofiadas.

Figura 16– Lâmina de vidro com fibras de PLA depositadas.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

As análises das fibras eletrofiadas a partir de soluções com diferentes concentrações


(16, 18, 22%m de PLA) foram realizadas em um microscópio de luz transmitida ZAISS, modelo
AxioLab.A1, disponível no Laboratório de Microscopia e Análise Estrutural (LAMAE), da
Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Blumenau. As imagens foram obtidas
utilizando lentes objetivas de 10x e 50x para cada amostra de fibra coletada.
48

3.3.2 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As micrografias de MEV das nanopartículas de óxido de zinco bem como das


membranas eletrofiadas foram realizadas com equipamento TESCAM VEAGA3, modelo
Philips30, com fonte de elétrons de tungstênio e detector de elétrons secundários, localizado no
Laboratório de Caracterização Microestrutural (LCM) associado ao Laboratório de Materiais
(LABMAT) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Campus Florianópolis.
As amostras foram fixadas em porta amostras com fita dupla face de carbono, e
recobertas com ouro e analisadas no MEV sob tensão de aceleração de 10 kV. A partir das
imagens de MEV foram medidos os diâmetros das nanopartículas e das fibras eletrofiadas,
utilizando-se o software livre ImageJ, sendo realizadas 100 medidas sob micrografia de cada
amostra.

3.3.3 Espectroscopia por energia dispersiva (EDS)

Foi utilizado uma sonda de espectroscopia por energia dispersiva (EDS, do inglês
Energy Dispersive Spectroscopy) acoplada ao microscópio eletrônico de varredura, disponível
no LCM da UFSC, Florianópolis. A identificação da energia dos raios-x gerados após a
incidência de um feixe de elétrons na amostra permite identificar qualitativamente a
composição química do material na região de análise e identificar a presença das nanopartículas
nas membranas durante os ensaios em MEV.

3.3.4 Espectroscopia por infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)

As análises de FTIR foram realizadas em um espectrofotômetro Frontier FTIR, do


fabricante Perkin Elmer®, no Laboratório de Análises Térmicas e Espectroscopia (LTE), da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Campus Blumenau. Os espectros foram
obtidos em um comprimento de onda de 4000 a 600 cm-1, com resolução de 4 cm -1
e 16
varreduras. As membranas obtidas foram diretamente analisadas após sua obtenção no
equipamento.
49

3.3.5 Análise termogravimétrica (TGA)

As curvas termogravimétricas foram obtidas em um equipamento modelo TGA 8000


do fabricante Perkin Elmer®, no LTE da UFSC, Campus Blumenau. As análises foram
realizadas no intervalo de temperatura entre 25ºC e 700ºC, com taxa de aquecimento de
10°C/min para as membranas eletrofiadas, sob fluxo de nitrogênio de 20 mL.min-1 e utilizando
um cadinho de alumina.

3.3.6 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

As propriedades térmicas das amostras de PLA grânulo, PLA eletrofiado com e sem
NPsZnO foram determinadas utilizando o equipamento DSC NETZSCH 214 Polyma da
fabricante NETZSCH Instruments®, no LTE da UFSC, Campus Blumenau. As massas das
amostras foram medidas em um porta amostra de alumínio de formato cilíndrico e fechadas
hermeticamente. O ensaio foi conduzido sob atmosfera inerte de nitrogênio sendo realizados
em duas varreduras para cada amostra:

• Primeira varredura de 25 a 250 °C com taxa de 10 °C/min;


• Resfriamento com taxa de 10°C/min;
• Segunda varredura de 25 a 220 °C com taxa de 10 °C/min.

A porcentagem de cristalinidade nas amostras foi calculada utilizando a equação 1:

∆Hf
𝑋𝑐 = ∗ 100 (1)
∆H°f∗∅

O grau de cristalinidade (Xc) das amostras foi determinado segundo a razão entre a
entalpia de fusão observada na análise (∆𝐻𝑓) e a entalpia de fusão do polímero 100% cristalino
−1
(∆𝐻°𝑓), no caso do PLA ∆𝐻*𝑓 = 93,7 𝐽. 𝑔 , considerando a fração em massa do polímero
presente na membrana (∅) (CANEVAROLO JR, 2010).
50

3.3.7 Ângulo de contato

As mediadas de ângulo de contato foram realizadas a temperatura ambiente (25°C)


através de um goniômetro DSA25, Krüss, no LABMAT, da UFSC, Campus Florianópolis,
foram realizados 5 medidas por amostra utilizando-se água destilada e agulha de 0,511 mm. A
Figura 17 apresenta o equipamento e uma imagem da gota em análise.

Figura 17 – (a) Goniômetro; (b) Gota sobre membrana PLA.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

3.3.8 Ensaio de resistência a tração

As análises mecânicas das membranas eletrofiadas foram conduzidas no LABMAT,


da UFSC, Florianópolis. Foi utilizado um equipamento TSLS, com célula de carga de 3kN,
distância entre as garras de 30 mm e taxa de deslocamento de 5mm/min. A Figura 18 apresenta
o equipamento e corpo de prova utilizado no ensaio.
Os ensaios foram realizados em triplicata, considerando a relação de dimensões dos
corpos de prova, (comprimento, largura e espessura) para cada amostra retirada da membrana
eletrofiada. Das curvas tensão versus deformação foram obtidos o módulo, tensão máxima e
deformação das amostras.
51

Figura 18 – (a) Máquina de ensaio de tração; (b) Corpo de prova, membrana de PLA.
(c) Ensaio de tração.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1ANÁLISE DAS NANOPARTÍCULAS DE ÓXIDO DE ZINCO

As partículas de óxido de zinco assim como recebidas foram encaminhadas para


análise morfológica para determinação da condição da matéria prima, estrutura das partículas
individuais e tamanho de partículas, através de softwares de imagem.

4.1.1 Análise morfológica (MEV)

A Figura 19 apresenta a micrografia MEV das NPsZnO utilizadas neste trabalho. As


nanopartículas apresentam-se aglomeradas com uma morfologia individual esférica irregular.
As condições de síntese das nanopartículas definem seu tamanho e morfologia. As partículas
disponibilizadas pelo LABMAT foram sintetizadas a partir de uma pasta de nitrato de zinco e
sacarose em chapa de aquecimento a 500 °C, com base no artigo de ISLAM (2019) utilizando
métodos de síntese por combustão.
52

Figura 19 – Micrografia MEV das nanopartículas de óxido de zinco.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

A partir do histograma de distribuição dos diâmetros das nanopartículas, Figura 20,


cujas medidas foram realizadas com auxílio do software livre ImageJ, é possível notar que a
faixa de distribuição de diâmetro das partículas está entre 30 e 90 nm, sendo que o diâmetro
médio das partículas é de 54 ± 10 nm.

Figura 20 – Histograma de distribuição de diâmetro das nanopartículas de óxido de zinco.

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.


53

Observa-se que em sua totalidade o óxido de zinco se encontra dentro da escala


nanométrica, necessário para melhor eficiência no combate a agentes virais. Contudo a
tendência de aglomeração das nanopartículas de ZnO exige técnicas de dispersão adequadas
para promover a maior eficiência e interação entre as NPs e o polímero no desenvolvimento das
nanofibras poliméricas.

4.2 ANÁLISE DAS FIBRAS DE PLA

4.2.1 Análise morfológica (MO)

Com o intuito de definir a melhor concentração de PLA para a fabricação de fibras


eletrofiadas, foram avaliadas de soluções com concentração de 16, 18 e 22%m de PLA. Para
análise da morfologia, utilizou-se previamente o microscópio ótico de luz transmitida, que
permite a visualização das fibras de maior escala e possibilita detectar a presença de maiores
defeitos, para seleção prévia da melhor concentração de PLA, que permita a obtenção de fibras
uniformes e com menor incidência de defeitos, antes de se partir para técnicas mais elaboradas
como a microscopia eletrônica.
A Figura 21 apresenta as micrografias em diferentes magnitudes das fibras em
microscópio ótico de luz transmitida. Analisando-se as imagens, verifica-se com concentrações
de 16%m, as fibras formadas apresentam uma quantidade elevada de beads. Esse
comportamento deve-se a baixa viscosidade de solução. No entanto, pode-se verificar que com
o aumento da concentração polimérica e, consequentemente, da viscosidade, obtiveram-se
fibras uniformes e sem defeitos devido à maior viscosidade a probabilidade de formação de
fibras com beads é reduzida, aumentando o espaçamento entre eles caso ocorram, no entanto o
estiramento das fibras é menos efetivo, aumentando o diâmetro médio (MERLINI, C., 2014).
A presença de beads, que era evidente para soluções com 16%m de PLA, não foi constatada
para as amostras com 22%m de PLA. A partir desse resultado, a solução de maior concentração
polimérica (22%m) foi selecionada com padrão para incorporação das NPsZnO e eletrofiação
das membranas.
54

Figura 21 – Micrografia ótica das fibras eletrofiadas, (a, b) Amostra de 16%m PLA,
(c,d), Amostra de 18%m PLA, (e,f), Amostra de22%m PLA. Objetivas de 20x e 50x.

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.

4.3 ANÁLISES DAS MEMBRANAS ELETROFIADAS DE PLA

4.3.1 Membranas obtidas por eletrofiação

Dos procedimentos experimentais, após a seleção da concentração mais adequada de


PLA, foram incorporadas as NPs. Dessa maneira, foram obtidas oitos membranas de PLA
contendo as nanopartículas em diferentes concentrações (1%m, 2%m, 4%m e 6%m) e uma
amostra controle, membrana de PLA puro sem nanopartículas.
No Quadro 1, são apresentadas fotografias das membranas obtidas com as diferentes
concentrações de NPs e tempo de permanência da solução em banho ultrassônico.
55

Quadro 1 - Membranas obtidas por eletrofiação.


Tempo Ultrassom
30 minutos de Ultrassom 60 minutos de Ultrassom
% de NPsZnO

1%m NPsZnO

2%m NPsZnO

4%m NPsZnO

6%m NPsZnO

Membrana de PLA
Puro (0% de NPs)

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.


56

As membranas obtidas se depositaram sobre o coletor de forma contínua e uniforme e


foram passiveis de serem destacadas com facilidade do coletor metálico. De maneira geral,
todas aprestaram aspecto semelhante, sem grandes diferenças. A partir destas membranas foram
retiradas amostras para análise morfológica de todas as condições. As demais caracterizações
de FTIR, TGA, DSC, ângulo de contato e ensaios mecânicos foram realizadas apenas para as
amostras processadas em ultrassom durante 60 min, considerando que para maiores tempos de
ultrassom a dispersão das NPs é, em geral, mais eficiente e também por questões de
agendamentos e número de amostras para cumprimento do cronograma experimental.

4.3.2 Análise morfológica (MEV)

Para correlacionar a incorporação de nanopartículas, é importante ressaltar que os


parâmetros de processos foram mantidos constantes, porém oscilações nas condições
ambientais podem influenciar na morfologia das fibras durante o processo, visto que não há um
controle adequado da umidade e temperatura durante os procedimentos experimentais.
A Figura 22 apresenta a micrografia MEV em diferentes aumentos para membranas
de PLA puro (sem NPs), amostra controle. Observa-se a presença de beads alongados
compondo a membrana e uma distribuição aparente de diâmetros das fibras. A presenças destes
defeitos pode estar associado a um baixo estiramento das fibras no processo de eletrofiação bem
como a variação de parâmetros como umidade e temperatura ambientes, ainda assim, boa parte
das fibras são contínuas e o número de defeitos aparentes são pontuais.

Figura 22 – Micrografias MEV da membrana eletrofiada de PLA puro (a, b).

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.


57

Conforme observado no histograma da Figura 23, é possível constatar a ampla


distribuição de diâmetros das fibras que constituem a membrana PLA puro, com valores de
diâmetros entre 200 a 2000 nanômetros, o valor do diâmetro médio das fibras igual a 633 nm,
sendo que um alto valor de desvio padrão é observado na amostra. Vale relatar que, para
aplicações em filtros e máscaras faciais, as fibras nanométricas aumentam a superfície de
contato e, consequentemente, a retenção de partículas e aerossóis ainda assim essa distribuição
de tamanhos das fibras se encontra dentro da escala usualmente utilizada em máscaras de não
tecidos de polipropileno, entre 0,5 a 10 micrômetros (ZHANG et al., 2021).

Figura 23 - Histograma de distribuição de diâmetro das fibras de PLA puro.

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.

Membranas de PLA eletrofiado apresentam, segundo estudos com dispersões de NPs


para embalagens antimicrobianas diâmetros de fibras com variações entre 200 a 1500 nm, com
maiores frequências para faixas entre 200 a 600 nm (ZHANG et al., 2019). Com a adição das
nanopartículas espera-se mudanças na morfologia das fibras, comparadas entre si e com a
amostra controle, bem como do diâmetro médio das fibras. O Quadro 2 apresenta as
micrografias MEV para as membranas contendo 1, 2, 4 e 6%m de NPsZnO e sob diferentes
condições de tempo em banho de ultrassom, 30 min e 60 min.
58

Analisando-se as imagens, do ponto de vista da mudança no tempo de permanência em


banho de ultrassom, não se observa distinta mudança morfológica entre as fibras, com exceção
da amostra contendo 4%m de NPs em 60 min de ultrassom. Para essa amostra, é possível notar
a presença de irregularidades estruturais e uma diferença na forma como as fibras se
depositaram sobre o coletor tal fenômeno pode estar associado a interferências de fatores como
umidade e temperatura durante o processo de eletrofiação, sendo que a alta umidade pode
comprometer a evaporação dos solventes levando a uma maior rugosidade da membrana.
A partir das micrografias, não é possível identificar a presença das NPsZnO na
superfície das fibras, sugerindo que elas estão incorporadas às fibras, ainda assim, seriam
necessário ensaios de microscopia eletrônica de transmissão para uma conclusão mais assertiva
quanto a disposição das NPs. Analisando as demais amostras em relação a concentração de
ZnO, de maneira geral, as amostras apresentam pouca incidência de defeitos e beads alongados
com fibras de diâmetros variáveis. Para amostras de 1%m de NPsZnO há fibras com incidência
de defeitos alongados e menores diâmetros, porém há o rompimento de fibras, possivelmente
devido ao aumento da condutividade da solução pela presença das NPsZnO. Já com aumento
da concentração de ZnO, 2%m, se obtém fibras mais uniformes, quando se atinge uma certa
fração em massa de aditivo (2% ZnO) o aumento da concentração começa a surtir efeito inverso,
com aumento do diâmetro das fibras e diminuição dos defeitos, possivelmente relacionado ao
aumento pronunciado da viscosidade de solução com a incorporação de NPs, maiores
viscosidades de solução tendem a diminuir a presença de defeitos com o aumento do diâmetro
das fibras (DEITZEL, J. M. et. al, 2001MERLINI, C., 2014;).

Quadro 2 - Micrografias obtidas para as membranas contendo nanopartículas, aumentos de


5000x.
59

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.

Porém, com maiores concentração de ZnO, ocorre um aumento do diâmetro das


fibras, devido ao aumento da viscosidade. Além disso, o processo de dispersão das partículas
se tornar mais difícil considerando o maior volume de NPs. É importante ressaltar que não se
pode observar as NPsZnO na parte externa das fibras, o que pode indicar que elas estão
incorporadas as fibras. Ainda assim, com o aumento da fração em massa do aditivo e dispersão
dificultada, há formação de aglomerados visíveis pelo MEV para amostras com tempos de
60

dispersão menores e concentrações de 4 e 6%m de NPs. A Figura 24, apresenta esse


encapsulamento para membrana com 6% de NPsZnO, destacando-se algumas regiões onde
estão presentes os aglomerados.

Figura 24 - Encapsulamento de nanopartículas aglomeradas, membrana de PLA com


6%m de NPsZnO, 30 min banho de ultrassom.

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.

A distribuição dos valores de diâmetros médio das fibras pode ser observada através
de histogramas, Quadro 3, que relaciona o diâmetro das fibras com a frequência sob as imagens
de MEV. Para as amostras contendo NPs houve um aumento no diâmetro das fibras a partir de
maiores concentrações entre 2% a 6%m de NPs. Porém, quando se observa a relação do tempo
de dispersão das NPs em solução, membranas com 60 min de ultrassom apresentam maior
dispersão de resultados considerando distribuição de diâmetros.
As condições de eletrofiação levaram a fibras com diâmetros médios entre 400 e 800
nm, que compreende a faixa de tamanho de fibras aplicadas a máscaras de não tecidos, valores
acima do resultado obtido para membrana controle sem as nanopartículas. As membranas com
1%m, apresentam frequência de 58% para faixa de diâmetros entre 200 - 400 nm, já para
membrana com 2%m de NPs diâmetros entre 400 - 500nm compõem 32% da frequência de
fibras, considerando também a morfologia das fibras obtidas a membrana com 2%m de NPs
apresenta melhor relação entre tamanho e morfologia tanto para processos conduzidos a 30 e
60 minutos de ultrassom, o aumento da concentração de NPs sugere a obtenção de fibras com
menor incidência de defeitos, porém com um aumento do diâmetro médio das fibras devido à
maior dificuldade de estiramento da solução.
61

Quadro 3 - Histogramas para membranas contendo nanopartículas.

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.


62

Além disso, utilizou-se um microscópio de eletrônico de varredura com uma sonda de


espectrometria de raios-x por dispersão (EDS), para verificar a presença das nanopartículas nas
membranas através de espectros de (EDS), que podem indicar a presença do elemento zinco
nas membranas.
A Figura 25, apresenta os espectros obtidos para amostras com e sem as
nanopartículas. Verifica-se através dos espectros a ausência do elemento zinco na membrana
controle, sem aditivo, e a presença do elemento nas membranas de 1%m e 6%m de NPsZnO,
além dos picos correspondentes ao oxigênio e carbono, que compõem a estrutura química do
polímero presente na membrana. O sinal correspondente ao ouro é do metal utilizado no
recobrimento das amostras para ensaio em microscopia eletrônica de varredura.

Figura 25 - Espectros de EDS, (a) PLA sem nanopartículas, (b) PLA com 1% de NPsZnO, (c)
PLA com 6% de NPsZnO, amostras com 60 min de ultrassom.

Zn

Zn

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.


63

Vale ressaltar que os resultados de EDS são qualitativos para estes elementos, contudo
através da relação percentual em massa dos elementos, (Tabela 3), fica evidente o indicativo
que, para membranas com maior fração de nanopartículas, o sinal é mais intenso e o valor de
fração mássica do elemento zinco é maior, evidenciando a presença das NPs nas membranas e
a diferença de concentração entre membranas com 0%, 1% e 6% em massa de NPsZnO.

Tabela 3 - Percentuais em massa de elementos identificados em EDS, amostras de PLA


puro, PLA/1%NPsZnO e PLA/6%NPsZnO.

Elemento
PLLA puro PLLA/1%NPsZnO PLLA/6%NPsZnO
(%m)

Carbono 76,6 77,7 70,1

Oxigênio 23,4 20,0 18,6

Zinco * 2,3 11,3


Fonte: Desenvolvido pelo Autor.

4.3.3 Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR)

Para verificar a presença dos grupos funcionais característicos do PLA foi realizada a
espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR), em amostras de PLA em
grânulo, matéria prima, e nas membranas de PLA sem nanopartículas e com diferentes
porcentagens de NPsZnO. A Figura 26 apresenta os espectros obtidos na análise de FTIR.
A identificação dos grupos funcionais foi possível com base em valores de vibração
expressos na literatura (Tabela 4). Nos espectros das amostras sem carga, PLA grânulo e
membrana de PLA puro, as bandas observadas são aquelas características do PLA: a banda em
torno de 2996 e 2946 cm-1 (Picos P1 e P2) característicos dos grupos vibracionais CH3 e CH2,
respectivamente, em torno de 1751 cm-1 a banda característica do PLA (Pico P3) relacionado
ao grupo C=O; entre 1450 e 1350 cm-1 (Picos P4 e P5) bandas que representam os grupos CH3,
C-O e CH. Por fim, as bandas em 1183 e 1085 cm-1 (Picos P6 e P7) se relacionam ao
estiramento e vibração C-O-C.
64

Figura 26 - Espectros de FTIR amostras PLA grânulo, membranas de PLA puro e com NPsZnO.

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.

Como pode se observar, assim como não há significativas mudanças entre os espectros
do PLA em grânulo e o PLA puro, as amostras contendo nanopartículas apresentam espectros
similares ao de PLA puro e PLA em grânulo, aparentemente indicando que as nanopartículas
de óxido de zinco acabaram por não interferir na vibração dos grupos da cadeia polimérica do
PLA. Na Tabela 4 se especificam os valores dos picos analisados e seus respectivos grupos
vibracionais segundo a leitura de referência de POZZA JUNIOR (2018).

Tabela 4 – Bandas características observadas no espectro de FTIR do PLA.


Número de Onda Referência Grupos Vibracionais do PLA
Pico
(cm-1) (cm-1)
P1 2996 CH2 estiramento (2993)
CH3 estiramento, assimétrico e simétrico; CH2 estiramento assimétrico
P2 2946
(2954)
P3 1751 C=O estiramento (1755)
P4 1453 CH3 angular, assimétrica; C-O estiramento (1454)
P5 1359 CH angular, simétrica (1363)
P6 1183 C-O-C estiramento (1182)
P7 1085 C-O-C (1085)
Fonte: Adaptado de (POZZA JUNIOR,2018)
65

4.3.4 Análise Termogravimétrica (TGA)

Para determinar a estabilidade térmica das membranas produzidas, foram realizadas


análises de TGA em amostras de PLA em grânulo e das membranas com e sem a presença das
NPs. A partir dessas amostras, foi possível determinar os aspectos de decomposição dos
componentes orgânicos. De acordo com as curvas termogravimétricas de TGA e DTGA
apresentadas nas Figuras 27 e 28.
Conforme observado nas curvas termográficas de TGA e DTG para amostras sem as
nanopartículas, PLA em grânulo e membrana de PLA puro, os valores de decomposição térmica
TGA apresentam intervalos de decomposição entre 307 a 403°C para PLA em grânulo e 277 a
367°C para PLA puro eletrofiado. A fração mássica restante da degradação em um único estágio
do PLA em grânulo e membrana de PLA puro foi igual a 0,2% e 0,4%, respectivamente,
resíduos da decomposição do polímero.

Figura 27 – Curvas de TGA de amostras de PLA em grânulo e membranas com e sem


NPsZnO incorporadas.

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.


66

Figura 28 – Curvas de DTGA de amostras de PLA em grânulo e membranas com e


sem NPsZnO incorporadas.

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.

De acordo com os resultados de TGA e DTG, resumidos na Tabela 5, fica evidente a


diminuição das temperaturas de degradação, o processamento da amostra por eletrofiação leva
a temperaturas de degradação inferiores ao PLA em grânulo. Tal fenômeno pode estar
relacionada ao estiramento das cadeias poliméricas no processamento de eletrofiação e a
possível quebra de ligações e diminuição da massa molar. Observa-se também o deslocamento
para temperaturas ainda mais baixas de degradação com a adição de ZnO ao PLA, reduzindo a
estabilidade térmica do polímero.

Tabela 5 – Temperaturas de degradação obtidas por TGA e DTGA.


Temperatura Temperatura Final Fração
DTGAMáx
Amostra Inicial de de degradação Mássica
(°C)
degradação (°C) (°C) Restante (%)
PLA em Granulo 307 403 383 0,2
PLA puro 0% NPsZNO 277 367 343 0,4
PLA/1% NPsZNO 221 337 299 2,1
PLA/2% NPsZNO 221 331 295 3,4
PLA/4% NPsZNO 216 330 295 2,4
PLA/6% NPsZNO 206 328 295 7,3
Fonte: Desenvolvido pelo Autor.
67

A presença das nanopartículas pode diminuir a estabilidade térmica do polímero


através de mecanismos de hidrólise catalisados pela presença das partículas. É relatado em
literatura que ZnO é capaz de aderir aos grupos terminais da estrutura química do PLA e assim
o ZnO pode catalisar processos de hidrólise do PLA, reduzindo a massa molar do polímero e
consequentemente a estabilidade térmica (QU et al., 2014). As massas residuais das membranas
contendo as nanopartículas demostram valores consistentes com a quantidade de NPsZnO
adicionadas as membranas, ressalvo certas variações indicando a natureza heterogênea das
amostras na incorporação de ZnO, visto que, o ponto de fusão para o ZnO se encontra acima
dos 1900°C e o ensaio de TGA foi conduzido a temperaturas inferiores de 25ºC a 700ºC,
permanecendo nos resíduos da degradação do polímero ao final do ensaio de degradação
térmica.

4.3.5 Calorimetria exploratória de varredura (DSC)

A calorimetria exploratória de varredura (DSC) foi utilizada para estudar as


temperaturas de transição vítrea, fusão e cristalização das amostras de PLA grânulo e
membranas de PLA puro e contendo NPs. As propriedades térmicas de DSC são resumidas na
Tabela 6. O Anexo A complementa os resultados e traz as curvas de DSC individuais detalhadas
para cada amostra analisada.

Tabela 6 – Temperaturas de transição e grau de cristalinidade (Xc) das amostras de


PLA em grânulo e Membranas de PLA com NPsZnO.

1° Aquecimento 2° Aquecimento
Amostra
Tg Tc Tm Xc Tg Tc Tm1 Tm2 Xc
PLA Grânulo 56,5 * 157,2 43,0 56,5 * 152,7 * 56,5
M. PLA Puro 59,8 91,1 159,1 39 57,1 121,7 151,2 157 37
M. PLA 1%m NPsZnO 60,2 94,0 158,1 38 54,7 121,6 146,8 153,3 33
M. PLA 2%m NPsZnO 60,7 97,7 157,8 37 53,9 129 147,9 * 7
M. PLA 4%m NPsZnO 60,3 94,8 158,5 36 54,8 128,7 148,5 * 10
M. PLA 6%m NPsZnO 60,1 98,2 158,6 39 52,9 * 146,9 * 4
Fonte: Desenvolvido pelo Autor.
68

Analisando a primeira corrida de aquecimento, Figura 29, é possível verificar a


interferência do processamento nas temperaturas de transição. Para o PLA em grânulo a Tg é
menor, 57°C, comparado as membranas com e sem nanopartículas de ZnO, para as quais a
temperatura de transição vítrea é de aproximadamente 60°C, essa transição é aquela onde se
inicia o movimento de seguimentos de cadeia polimérica, passagem de um estado vítreo para
um estado mais flexível e menos ordenado, é uma transição de segunda ordem, portanto se
manifesta como uma varrição da linha de base das curvas de DSC (CANEVAROLO JR, 2004).
O processamento interfere na mobilidade das cadeias poliméricas, e assim na temperatura de
transição vítrea, a presença das NPs não sugere interferência na temperatura de transição vítrea,
para avaliar a interferência do ZnO na Tg é necessário realizar um segundo aquecimento das
amostras. Ainda assim, é possível concluir que elevado grau estiramento das cadeias
poliméricas de PLA durante os processos de eletrofiação junto a incorporação das NPs dificulta
a mobilidade das cadeias poliméricas, deslocando ligeiramente a Tg para valores maiores (CHU
et al., 2017).

Figura 29 – Curvas de DSC 1° aquecimento, membranas com e sem NPsZnO.

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.

O evento que ocorre junto transição vítrea, como uma “aparente fusão” é devido à
relaxação molecular, normalmente aparecendo como uma transição endotérmica próximo ao
final da transição vítrea, tensões acumuladas nas amostras como resultado do processamento,
como os processos de estiramento em eletrofiação, são liberados quando material é aquecido.
A razão do fenômeno ocorrer junto a transição vítrea é devido ao fato de que nessa temperatura,
69

a amostras polimérica passa de um estado rígido para uma estrutura mais flexível e sua
mobilidade permite aliviar as tensões condicionadas pelo processamento (CANEVAROLO JR,
2004, MOTHÉ; AZEVEDO, 2009). Esse comportamento desaparece nas curvas de DSC do
segundo aquecimento, por essa razão, a Tg é determinada no segundo aquecimento das
amostras.
O PLA puro assim como as amostras com nanopartículas de ZnO apresentaram picos
de cristalização a frio no primeiro aquecimento. Esse pico de cristalização surge devido a
processo de solidificação rápida do polímero, não possibilitando o crescimento dos cristais
assim, quando a amostra é aquecida e energia é fornecida para o sistema os núcleos cristalinos
sofrem um crescimento a uma taxa elevada, dando origem a um processo de recristalização,
que ocorre a temperaturas inferiores a temperuta de fusão do polímero (CANEVAROLO JR,
2004). Avaliando os picos de fusão das membranas com ZnO, observa-se um deslocamento de
157°C do PLA em grânulo para aproximadamente 158°C, para amostras eletrofiadas. Além
disso, o PLA exibiu um único pico de fusão, Tm, em aproximadamente 159°C para amostras de
PLA puro e com NPsZnO. O grau de cristalinidade observado para a membrana eletrofiada de
PLA puro foi de 39%. A adição das nanopartículas de ZnO, não teve uma influência
significativa nos valores de cristalinidade das membranas eletrofiadas, indicando que apenas os
processos de estiramento das cadeias poliméricas na eletrofiação já garante altos valores de e
com a introdução do ZnO em diferentes concentrações não há expressiva interferência o grau
de cristalinidade. A fim de avaliar o impacto das nanopartículas de forma independente do
processamento foi realizada uma segunda medida em DSC, após o primeiro ensaio de
aquecimento e resfriamento, para apagar o histórico térmico do polímero.
Avaliando o impacto das nanopartículas de forma independente do processamento foi
a partir da segunda varredura em DSC, após o primeiro ensaio de aquecimento. Figura 30, foi
possível verificar que as temperaturas de transição vítrea para as amostras de PLA estão com
Tgs próximas de 57°C tanto para amostras de PLA em grânulo quanto para o PLA puro
eletrofiado, já as amostras contendo ZnO as temperaturas de transição vítreas foram levemente
reduzidas para valores entorno dos 54°C. Esse resultado indica que as NPsZnO permitiram
maior mobilidade das cadeias poliméricas e assim uma redução da temperatura de transição
vítrea.
70

O PLA também apresentou picos de cristalização a frio bem definidos para as


membranas de PLA puro e contendo 1% de nanopartícula. Quando o teor de ZnO é maior os
picos de cristalização se deslocam para valores maiores até 129°C e sua intensidade diminuí até
o momento que em 6%m de NPsZnO o pico de cristalização a frio não é mais pressente, tal
fenômeno pode estar associado com à nucleação heterogênea de PLA na presença de
nanocargas, atuando como um agente nucleante para aumentar a cristalização a frio das cadeias
de PLA (SHANKAR; WANG; RHIM, 2018).

Figura 30 – Curvas de DSC 2° aquecimento, amostras com e sem NPsZnO.

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.

Das temperaturas de fusão fica evidente os picos duplos para as amostras de PLA
puro, 0% NPs e PLA contendo 1% de ZnO, como é bem observado na literatura as fibras de
PLA cristalinas podem apresentar diferentes morfologias cristalinas, como estrutura α , com
morfologia de cadeia lamelar dobrada, e a estrutura β metaestável, com uma morfologia de
cadeia estendida em “ziguezague” planar. Estes são notados por dois picos distintos próximos
entre si no ponto de fusão (OLIVEIRA et al., 2013), a medida que o teor de ZnO aumenta a
intensidade dos picos diminui e se tornam apenas um único pico. Com a presença das NPs há
uma redução da temperatura de fusão do PLA, esse efeito pode estar associado a redução da
intensidade de ligações secundárias na fase cristalina, pela presença das nanopartículas entre as
estruturas cristalinas que por consequência reduzem também a cristalinidade do PLA.
71

4.3.6 Análise de ângulo de contato

A análise de ângulo de contato é de interesse pela possibilidade de avaliar o grau de


hidrofobicidade das membranas que pode garantir funcionalidades como autolimpeza das
membranas, em ângulos de contato superiores a 150°, caráter superhidrofobico. Pela literatura,
ângulos de contato superiores a 90° definem um caráter hidrofóbico, (CASSIE; BAXTER,
1944), os resultados de ângulo de contato com água, (Figura 31) para membrana de PLA puro,
igual a 130° define um caráter hidrofóbico, já esperado considerando a natureza química do
polímero e sua insolubilidade em água.

Figura 31 – Gráfico de ângulo de contato para membranas com e sem NPsZnO.

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.

A partir da incorporação das NPs é possível identificar uma redução do ângulo de


contato, com o aumento do teor de NPsZnO, porém mantendo o caráter hidrofóbico nas
membranas. Amostras contendo 1%m de ZnO apresentam ângulo de contato igual a 122°, uma
redução de 6%, já para as amostras contendo de 2 a 4%m de ZnO a redução do ângulo de
contato foi de aproximadamente 16% em relação a amostra controle, membranas com 6%m de
ZnO apresentaram menor ângulo de contato, com uma redução de 22% em relação a amostra
controle, isso ocorre porque a NPs de óxido de zinco tem um caráter hidrofílico e à medida que
72

são incorporadas ao PLA reduzem o caráter hidrofóbico da matriz polimérica. É de interesse


manter o caráter hidrofóbico da membrana, e se possível buscar maior efeito de repelência a
líquidos polares, com isso, pode-se estender o tempo de uso de uma máscara facial descartável
e, aumentar sua vida útil reduzindo consequentemente, o consumo de um maior número de
máscaras ao longo do dia.

4.3.7 Ensaios de resistência a tração

Os materiais poliméricos aplicados em sistemas de retenção de partículas em máscaras


faciais devem apresentar um desempenho mecânico adequado de forma a manter sua
integridade física não apenas durante o manuseio, mas também quando utilizados. Com isso,
forma avaliadas as propriedades de tensão máxima, módulo de elasticidade e deformação para
amostras de PLA puro eletrofiado e contendo as NPsZnO. A Tabela 7 apresenta os resultados
sintetizados para as amostras.

Tabela 7 – Resultados de ensaio de tração sob membranas eletrofiadas.


Desvio Módulo de Desvio Desvio
Tensão Deformação
%m ZnO Padrão Elasticidade Padrão Padrão
Máxima (MPa) (mm/mm)
(±) (MPa) (±) (±)
0 2,1a 0,2 55a 3 0,29a 0,04

1 1,6b 0,1 57a 9 0,28a 0,02

2 2,0a 0,3 46b 7 0,38a 0,07

4 1,6b 0,1 43b 3 0,29a 0,07

6 1,5b 0,3 61a 8 0,27a 0,08


As medias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância.
Fonte: Desenvolvido pelo Autor.

No caso das membranas, com a incorporação de ZnO, pode-se notar um decaimento


do desempenho mecânico. Membranas com 1, 4 e 6%m apresentam uma redução na tensão
máxima, uma diferença aproximada de 0,5MPa em relação a amostra de PLA puro é
interessante ressaltar que amostra contendo 2% de NPsZnO apresenta resistência mecânica
similar a amostra de PLA puro, considerando 5% de significância entre os resultados obtidos,
73

com valores de tensão máxima igual a 2,1 ± 0,2 MPa. Para concentrações superiores a 2%, a
tensão máxima é reduzida, esse resultado pode estar associada a presença de agregados de NPs
presentes nas fibras que agem como pontos de tensão e levam a falha prematura (SHANKAR;
WANG; RHIM, 2018).
As amostras com 1%m de ZnO apresentaram valores de tensão máxima similar as
amostras com menor resistência e maior concentração de ZnO vale ressaltar que a morfologia
das fibras para membrana com 1%m de ZnO conta com fibras com maior incidência de defeitos
e fibras rompidas ao longo da amostra como observado em MEV o que pode estar relacionado
ao valor inferior em relação a membrana controle.
Já em relação a rigidez do material, o módulo de elasticidade das amostras apresenta
maior valores similares estaticamente para amostras com 0, 1 e 6%m de NPs. Em contrapartida,
amostras com 2% e 4% de NPs apresentam módulo de elasticidade inferiores, entre 46 ±7 e 43
±3 MPa, sugerindo maior flexibilidade nessas condições. A deformação das amostras não
apresentou significante diferença entre os valores de amostras com e sem a incorporação de
nanopartículas, vale ressaltar que os dados foram tratados usando análise de variância
(ANOVA) através do software Excel 2019,e teste de Tukey foi utilizado para determinar a
diferença estatística dos valores médios com significância expressa em nível de 5 %, ainda
assim, para compreender melhor o desempenho mecânico de membranas eletrofiadas sugere
se, aumentar o número de corpos de prova e com isso a confiabilidade dos resultados obtidos.
74

5 CONCLUSÃO

O presente trabalho abordou o processo de fabricação via eletrofiação de fibras


submétricas e a influência de nanopartículas sobre as propriedades físicas e químicas do PLA.
A partir dos resultados obtidos neste trabalho, foi possível avaliar o efeito da concentração de
PLA em solução mais adequada para obtenção de fibras com menor incidência de defeitos.
Através das caraterizações de MEV foi possível identificar a morfologia e estrutura das NPs,
morfologia esférica individual, estrutura aglomerada e diâmetros individuais entre 30 a 90nm,
favoráveis a incorporação às fibras de PLA
Por meio das análises de MEV das membranas eletrofiadas, verificou-se que as
NPsZnO não são visíveis nas fibras, somente em maiores concentrações, 6%m ZnO, é possível
identificar aglomerados de NPs encapsulados pelas fibras de PLA. Com o aumento da fração
mássica de ZnO se constatou um aumento do diâmetro médio das fibras em comparação a
amostra controle, sem NPs a presença das cargas interfere na viscosidade da solução polimérica,
aumentando-a, logo permite se adquirir fibras mais uniformes e com menor incidência de
defeitos, porém o estiramento das fibras é dificultado, aumentando o diâmetro médio das fibras.
Ao que se refere a morfologia das fibras, membranas com 2% de NPsZnO apresentaram melhor
resultado com menor incidência de defeitos, ainda que com grande variação de diâmetros das
fibras, com maior frequência de 400 a 500 nm. Os resultados de EDS indicaram a presença do
elemento zinco nas membranas analisadas, demostrando que as NPs estão incorporadas as
fibras.
Através dos espectros de FTIR foi possível concluir que não houve significativa
alteração nos grupos vibracionais do PLA com a incorporação do óxido de zinco. Contudo, as
análises térmicas de TGA demostraram uma redução na estabilidade térmica do PLA como a
incorporação das NPs esse resultado indica que o ZnO contribui para o processo de degradação
do PLA as massas residuais do ensaio também se mostraram coerentes com a proporção de NPs
incorporadas as membranas, ressalvo algumas varrições, indicando a natureza heterogênea na
incorporação da NPs. A partir do ensaio de DSC é possível concluir que os processos de
eletrofiação com e sem a presença do ZnO proporcionam elevado grau de cristalinidade das
amostras, sem grande interferência das cargas nas temperaturas de transição vítrea e fusão do
PLA na primeira varredura de DSC. Neste ensaio, as temperaturas de cristalização das amostras
ocorrem em 98°C, aproximadamente, diferente da amostra de PLA em grânulo que não
75

apresenta Tc, indicando que o processamento de eletrofiação e NPs induz a nucleação de cristais
e proporciona a ocorrência de cristalizações a frio.
A partir das curvas da segunda varredura de DSC foi possível constatar uma
diminuição das temperatura de transição vítrea do PLA, possivelmente associadas a
interferência do ZnO que promoveu maior mobilidade das cadeias poliméricas a cristalização a
frio foi observada na amostra de PLA puro com a introdução de NPsZnO, as temperaturas se
deslocam para maiores valores, até o momento em 6%m de ZnO a Tc não é mais observada,
sugerindo que as NPs agem de forma heterogênea na nucleação de cristais para o PLA, da
mesma forma a temperatura de fusão é influenciada pela presença das nanopartículas que
reduzem as temperaturas, à medida que NPs são incorporadas.
Das análises de ângulo de contato, para avaliar o caráter hidrofóbico das membranas
de PLA, com a adição do óxido de zinco o caráter hidrofóbico é diminuído conforme a
proporção de ZnO aumenta, contudo, não ao ponto de mudar o caráter hidrofóbico da
membrana, indicando que o método de incorporação das NPs, por meio da solução polimérica,
diminui o impacto da carga hidrofílica sob o caráter hidrofóbico do PLA, assim pode garantir
mais uma funcionalidade a membrana pela repelência a líquidos. Dos resultados de análise
mecânica fica evidente a redução da tensão máxima para membranas com maior incidência de
defeitos. Contudo, a amostra com 2%m de ZnO teve resistência equiparável a membrana de
PLA puro, considerando que essa amostras apresentou melhor condição morfológica das fibras
obtidas. Vale destacar que para melhores resultados em ensaios mecânicos o número de amostra
deve ser maior, a fim de aumentar a confiabilidade dos resultados e confirmar os efeitos das
composições das fibras com e sem ZnO.
Por fim, com o desenvolvimento do trabalho foi possível obter membranas de
PLA/ZnO constituídas por fibras com poucos defeitos, as quais podem se apresentar como
candidatas promissoras para aplicações em máscaras, considerando o tamanho de fibras,
propriedades mecânicas e caráter hidrofóbico. Membranas com 22%m de PLA e 2%m de ZnO
apresentaram melhor condição na obtenção de membranas eletrofiadas considerando os ensaios
e caraterizações aplicados, este trabalho fornece não somente resultados promissores sobre o
desenvolvimento de materiais com potencial multifuncional, mas também questionamentos
sobre a influência dos processamentos e materiais nas propriedades antivirais, bactericida,
biodegradabilidade e retenção de partículas pontos iniciais que servem de fonte para novos
estudos e complementos a partir deste trabalho.
76

6 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

• Investigar a dispersão e distribuição das NPs através da microscopia eletrônica de


transmissão;
• Estudar a estabilidade e propriedades das soluções poliméricas contendo NPsZnO;
• Avaliar a influência dos parâmetros de processo de eletrofiação sob soluções
poliméricas de PLA contendo NPs;
• Investigar a capacidade antiviral e bactericida das membranas eletrofiadas contendo
ZnO;
• Estudar a incorporação de aditivos que contribuem para dispersão e distribuição de
nanopartículas em soluções poliméricas destinadas a processos de eletrofiação;
• Desenvolver membranas de PLA através de outros processos de fiação como blow
spinning, fiação a sopro por solução (SBS), e processos híbridos entre SBS e eletrofiação.
• Estudar ensaios de biodegradabilidade para o PLA com e sem a presença de ZnO.
•Viabilizar, através de ensaios de eficiência em filtragem de partículas a aplicação das
membranas como materiais de proteção individual em máscaras.
77

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83

ANEXO A – Análises térmicas de DSC

Curvas de calorimetria exploratória diferencial para amostras de PLA em grânulo e


membranas de PLA puro e contendo nanopartículas de óxido de zinco.
84

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