Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MINAS, METALÚRGICA
E MATERIAIS
Porto Alegre
2017
JULIANA APARECIDA VIEIRA
Porto Alegre
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Reitor: Rui Vicente Oppermann
Vice-Reitora: Jane Fraga Tutikian
ESCOLA DE ENGENHARIA
Diretor: Luiz Carlos Pinto da Silva Filho
Vice-Diretora: Carla Schwengber ten Caten
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Coordenador: Prof. Carlos Pérez Bergmann
Vice-Coordenador: Prof. Dr. Afonso Reguly
JULIANA APARECIDA VIEIRA
______________________________________
Prof. Dr. Carlos Hoffmann Sampaio
______________________________________
Prof. Dr. Carlos Pérez Bergmann
BANCA EXAMINADORA
Neste momento, citar o nome de uma ou mais pessoas não refletiria de forma completa
o sentimento de gratidão que tenho por concluir esta etapa. Muito antes que um projeto de
pesquisa para uma titulação, este foi um projeto pessoal e profissional. E a todos aqueles que
passaram pelo meu caminho até aqui eu só posso dizer um sincero muito obrigada.
A pessoa que existia antes de começar esta jornada já não existe mais, hoje a pessoa que
escreve este texto tem a mente mais aberta, crítica e curiosa. E foram vocês que ajudaram a
construir este novo perfil. Minha mãe estava certa quando dizia que o conhecimento é a maior
riqueza que podemos acumular. Mesmo quando a realidade vai contra as expectativas, mesmo
quando aparece a desconfiança no trabalho e em nós mesmos, aprendemos a lidar com os
desafios do novo, com o pensar diferente. E acredito que este trabalho não foi só um desafio
para mim, mas também para todas as pessoas que foram convidadas a conhecer a Natureza e a
ciência Biomimética.
A todos vocês Professores da Vida, Professores da Universidade, Professores do Meio
Corporativo, ofereço um trecho da obra de Clarice Lispector. Que a curiosidade que nos deixa
confusos, seja o que nos motiva a buscar a perfeição que os sistemas naturais podem nos
ensinar.
A indústria da construção civil é conhecida como umas das atividades econômicas que causam
os maiores impactos ambientais desde o processo de extração da matéria prima até a produção
dos produtos, incluindo o transporte e manutenção do ambiente construído. A produção de um
dos seus principais componentes, o cimento, é o maior contribuinte para a emissão de gases de
efeito estufa, principalmente devido a queima de combustíveis fósseis. Por este motivo,
pesquisas na área de biotecnologia sustentável são conduzidas para diminuir e até mitigar os
efeitos danosos provocados pelos fatores que compõem a construção civil. Dentre estas
pesquisas destacam-se as que se baseiam na Biomimética, que é uma ciência que busca na
Natureza as soluções tecnológicas para os problemas que os desenvolvimentos humanos
geralmente apresentam: a geração de resíduos poluentes, uso de produtos químicos tóxicos e
processos que operam com energia e pressão elevadas. Com base nos conceitos biomiméticos,
este trabalho se propôs a estudar a biomineralização, que é um processo que ocorre na Natureza
a milhares de anos e é responsável pela formação de muitas estruturas biomineralizadas tanto
no ambiente terrestre como aquático. A biomineralização é um fenômeno provocado pela ação
de diversas espécies de microrganismos que durante o processo de obtenção de energia reciclam
minerais presentes no solo e na água e os precipitam na forma de sais inorgânicos. Este material
precipitado age como agente ligante de partículas como no caso de formações geológicas
(estromatólitos) ou exoesqueletos de animais marinhos, por exemplo. Neste estudo foi avaliado
a biomineralização por biodeposição de carbonato de cálcio precipitado na presença da espécie
de bactéria ureolítica (Bacillus subtilis) em ensaios em escala laboratorial utilizando corpos de
prova de areia, argamassa e concreto. Os corpos de prova em areia e argamassa foram
observados em MEV e EDS permitindo a identificação de células de microrganismos, formação
de biofilme e provável formação de cristais de carbonato de cálcio na região de biofilme. Os
corpos de prova de concreto foram utilizados para avaliar as consequências da biodeposição na
absorção de água por capilaridade do material. Resultados indicam redução de 20% na absorção
de água por capilaridade. Com os resultados obtidos é possível concluir que a técnica de
biodeposição pode ser uma alternativa ao tratamento superficial de estruturas de concreto,
contudo requer estudos posteriores de aplicação técnica e viabilidade econômica.
The construction industry has been known as one of the economic activities that cause the major
environment impacts since the process of raw material extraction until the products
manufacturing including transport and maintenance of the built environment. The production
of one of the main compounds, the cement, is the largest contributor to the greenhouse gas
emissions, mainly due to burn fossil fuels. For this reason, researches in sustainable
biotechnological area are conducted to minimize and even mitigate the damaging effects either
promoted by construction industry factors. Among these ones, it stands out researches based on
Biomimetic, which is a science that seeks in Nature the technological solutions for problems
that human’s development usually presents: the generation of pollutant residues, the use of toxic
chemicals and process that operates in high pressure and energy. Based on biomimetic concepts
this research proposes to study the biomineralization, which is a process that has occurred in
the Nature for thousands of years and it is responsible for the formation of many structures
either in soil and water environments. The biomineralization is a phenomenon caused by several
specimens of microorganisms that during the process of obtaining energy, they recycle minerals
presents at soil and water inducing precipitation as inorganic salts. This precipitated material
works as a binder of particles similar to geologic formations (stromatolites) or exoskeleton of
sea animal for example. In this study the biomineralization was evaluated through biodeposition
of precipitated calcium carbonate by specimen of ureolytic bacteria (Bacillus subtilis). Essays
were held using samples made by sand, mortar and concrete. The samples made by sand and
mortar were observed at MEV and EDS, allowing the identification of microorganism cells,
biofilm formation and probable formation of calcium carbonate crystals at biofilm region. The
concrete samples were used to evaluate the consequences of biodeposition on water absorption
by capillarity of the material. The results show reduction of 20% on water absorption by
capillarity. According the results achieved it possible to conclude that the biodeposition
technique can be an alternative to superficial treatment for concrete structures. However, it will
be required more studies to evaluate technical application and economical availability.
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................... 16
RESUMO................................................................................................................................. 18
ABSTRACT ............................................................................................................................ 19
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................. 20
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ 21
LISTA DE SIGLAS ................................................................................................................ 22
SUMÁRIO ............................................................................................................................... 23
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA.............................................................................................. 15
1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................................16
2.2 BIOMINERALIZAÇÃO.................................................................................................... 24
3.2.5 ... Observação morfológica dos microrganismos e análise elementar das amostras de
areia e argamassa ................................................................................................................... 45
4.2 BIOFILME.......................................................................................................................... 48
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 60
6 PROPOSTAS DE ESTUDOS FUTUROS ......................................................................... 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 63
13
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho se propôs a avaliar a utilização da espécie Bacillus subtilis como agente
biológico no processo de biomineralização de carbonatos de cálcio em materiais utilizados na
construção civil para propor uma metodologia de caracterização.
Com os objetivos específicos pretende-se:
a) Correlacionar o estudo com o processo de desenvolvimento biomimético utilizando
como premissa a espiral do design biomimético;
b) Correlacionar o desenvolvimento dos microrganismos em material cimentício pelo
aumento do teor de carbono;
c) Correlacionar a morfologia dos compostos presentes como formados pelos
microrganismos sintetizadores de compostos orgânicos;
d) Testar uma aplicação em escala laboratorial para em superfícies de materiais de
construção.
1.3 JUSTIFICATIVA
A biomimética é uma ciência antiga e tem como pioneiro Leonardo da Vinci, gênio
renascentista que viveu no século XV e cujos seus experimentos e manuscritos impressionam
ainda nos dias de hoje. Leonardo da Vinci foi um arquiteto, engenheiro, artista, escritor,
cientista e inventor, e em todos os seus trabalhos buscou sistematicamente interpretar e aplicar
as leis da Natureza (CAPRA, 2008). Os autores Boucheron e Giorgione (2014) citam um trecho
do manuscrito de Leonardo da Vinci que evidencia seu profundo respeito e admiração pela
sabedoria dos sistemas naturais:
A palavra biomimética vem da combinação das palavras gregas bios, vida, e mimesis
imitação. Este termo foi usado pela primeira vez na década de cinquenta por Otto Schmitt em
seu trabalho quando fez a distinção entre as ciências biológicas e a abordagem feita para a
engenharia, denominando esta última de biomimetics (LEPORA et al., 2013). Contudo, foi na
década de noventa com Janine Benyus, escritora de divulgação científica, que o termo se
popularizou com a publicação do livro “Biomimética: inovação inspirada pela Natureza” e a
criação da fundação Biomimicry Institute (BIOMIMICRY, 2017).
A biomimética é uma ciência que busca soluções sustentáveis para problemas técnicos
que os desenvolvimentos feitos por humanos apresentam, através de uma abordagem
interdisciplinar que une conhecimentos de biologia e tecnologia. O objetivo é desenvolver
produtos, processos e políticas que sejam bem adaptados à vida em ecossistema (ROSSIN,
2010; REISEN et al., 2016). Pode ser entendida como uma ciência que busca aprender com os
modelos encontrados na Natureza, para depois copiá-los ou usá-los como inspiração para
alternativas inovadoras (KOOPMANS, 2008).
Segundo Benyus (2003), o campo de estudo da biomimética pode ser resumido ao
considerar:
Pode-se concluir que aos menos duas características são marcantes nas tecnologias que
são desenvolvidas pelos homens. A primeira delas se refere a utilização em larga escala de
recursos naturais, inclusive aqueles que não são renováveis, no processo de desenvolvimento e
produção de bens de consumo que assegurem o conforto e comodidade a que estamos
acostumados (PACHECO-TORGAL & LABRINHCA, 2013b). O processo de extração e
beneficiamento destes recursos deixa como legado contaminação e poluição do ambiente, uma
vez que estes processos produtivos são pensados pelo paradigma do “berço à cova” e não do
20
“berço ao berço” como acontece nos sistemas naturais (BRAUNGART & MCDOUGH, 2013).
Outra característica, segundo Van der Zwaag et al. (2009), sugere que a maioria dos
desenvolvimentos em tecnologia de materiais tem como objetivo desenvolver produtos que
evitem o dano, e assim prolonguem a vida destes materiais em serviço, mesmo que para isso
seja necessário consumir mais energia, recursos e utilizar componentes tóxicos.
Diferentemente das tecnologias humana, as tecnologias da Natureza não empregam o
uso de materiais exóticos, não consomem energia excessiva ou aplicam altas pressões para obter
seus produtos. Todos os materiais e processos realizados pelos organismos vivos ocorrem a
temperatura e pressão ambiente e geralmente em meio aquoso (BALL, 2001). Outra
característica marcante dos sistemas naturais está na não geração de resíduos, uma vez que
todos os subprodutos de seus processos de sobrevivência são nutrientes para outro grupo de
seres vivos, caracterizando um sistema circular e interdependente (BRAUNGART &
MCDONOUGH, 2014). Os sistemas biológicos se caracterizam também por sua capacidade de
perpetuar sua espécie, de aprender e adaptar-se ao meio ambiente, de se auto organizar e
reconhecer as suas possibilidades em situações diferentes e de se auto regenerar. Esses sistemas
apresentam características de resiliência unida a uma sensibilidade própria e uma confiança nas
tarefas destinadas a cada uma das suas funções (BLOK & GREMMEN, 2016).
Segundo Benyus (2003), este relacionamento perfeito dentro do sistema e entre
ecossistemas é possível porque a Natureza utiliza uma série de estratégias que são comuns a
todas as soluções elegantes encontradas por ela, as quais podemos resumir:
ambientais. Por este motivo, o carbonato de cálcio pode ser descrito como um “material de
construção” biológico (KNOLL, 2003).
Em linhas gerais, a Espiral do Design Biomimético pode ser entendida como uma
ferramenta alternativa que orienta o pesquisador a solucionar problemas técnicos de projetos
com base nos conhecimentos dos sistemas naturais. Consiste em um conjunto de etapas que
sugerem a investigação, a reflexão e a buscar no mundo natural de uma aproximação que
23
2.2 BIOMINERALIZAÇÃO
Inicialmente a bactéria produz a enzima urease, cuja função é a de degradar a ureia para
liberar elétrons que são fonte de energia, e como consequência ocorre a liberação dos íons
carbamatos e íons amônio que ficam disponíveis no microambiente (SEIFAN et al., 2016).
Nestas condições o microambiente se torna propício para a precipitação de biominerais, pois a
presença de amônio, carbamatos (que dissociam em meio aquoso) e cátions de cálcio, induzem
a bactéria a depositar sobre seu corpo carbonato de cálcio precipitado. Isso ocorre porque a
membrana que recobre o corpo da bactéria carregada eletronegativamente atrai os íons cálcio
(DE MUYNCK et al., 2010).
As reações 1-3 representam o macroprocesso de biomineralização que ocorre na
presença de bactérias que atuam no ciclo do nitrogênio utilizando compostos orgânicos como
fonte de energia (CHUNXIANG et al., 2009).
Ureia
Bactéria → Enzima urease (1)
De forma detalhada o processo bioquímico envolvido pode ser explicado com as reações
numeradas de 4-9.
A enzima urease – ureia amidohidrolases – é uma proteína facilmente encontrada nos
ambientes aquáticos, e são sintetizadas por plantas, algas, bactérias, fungo e invertebrados. As
ureases pertencem a família das amidohidrolases e embora apresentem diferentes estruturas
proteicas, sua única função é catalítica é para hidrólises de ureia em subprodutos finais amônia
e ácido carbônico. Este processo tem papel fundamental no fornecimento de nitrogênio, na
forma de amônio, aos microrganismos garantindo assim a viabilidade de crescimento da
população e contribuindo para o ciclo de nitrogênio se completar (JIANG, N.-J. et al., 2016).
A hidrólise da ureia pela enzima urease é dependente do fator temperatura. A
temperatura ótima para a maioria das ureases varia entre 20 a 37ºC (OKWADHA & LI, 2010).
Durante a ação catalítica da urease, 1 mol de ureia é hidrolizado em 1 mol de amônia e
1 mol de carbamato (reação 4). A molécula de carbamato hidrolisa espontaneamente em 1 mol
de amônia e 1 mol de ácido carbônico (reação 5). O produto da hidrólise da molécula de
carbamato entra em equilíbrio em meio aquoso. As reações 6-7 são responsáveis pelo aumento
do pH do meio (DICK et al., 2006):
HCO− + + − 2− +
3 + H + 2NH4 + 2OH ↔ CO3 + 2NH4 + 2H2 O (8)
CO2−
3 + Ca
2+
↔ CaCO3 ↓ (9)
B. subtilis são microrganismos capazes de obter energia através da hidrólise da ureia por
meio da enzima urease. A urease é uma enzima capaz de acelerar a hidrólise da ureia em meio
aquoso em até 1032 vezes, sendo essa uma das enzimas mais proficientes que se conhece
30
2.3.1 Biodeposição
A Tabela 2 descreve algumas espécies de bactérias que atuam como agentes biológicos
no mecanismo de biodeposição. Basicamente são bactérias encontradas no solo, sem ação
patogênica significativa, heterotróficas e não fastidiosas. São microrganismos de fácil manuseio
e de amplo uso na biotecnologia, como por exemplo Bacillus Cereus usado na indústria de
alimentos.
Rodriguez-Navarro et al. (2003) trouxeram duas importantes limitações para a técnica
de biodeposição. A primeira delas refere-se à profundidade de consolidação de partículas
alcançada pelo método. Estima-se que a formação da camada de carbonato de cálcio é de apenas
alguns micrometros, o que a tornaria ineficiente na consolidação das partículas mais profundas.
Ainda, uma possível desvantagem com relação a formação de endósporos que podem provocar
o crescimento excessivo de biofilme quando em um ambiente com condições adequadas de
temperatura, umidade e disponibilidade de nutrientes.
Recentemente, foram publicados estudos utilizando técnicas de biodeposição para
melhorar as propriedades de concretos produzidos a partir de materiais de construção e
demolição reciclados. Os primeiros resultados indicaram que a técnica de biodeposição é
promissora para redução de absorção de água por concretos constituídos de agregados
reciclados (GRABIEC et al., 2012; QIU et al., 2014).
2.3.2 Bioremediação
A bioremediação, que inicialmente foi proposta por Gollapudi et al. (1995), pode ser
descrita como um processo de reparação de trincas em concretos onde um material contendo
microrganismos é utilizado como selante (VAN TITTELBOOM et al., 2010). Este processo
comparado aos processos tradicionais de reparo de trincas tem como vantagens produzir
naturalmente cristais de carbonato de cálcio que crescem adaptados ao concreto e por ser uma
técnica potencialmente sustentável (VAN TITTELBOOM et al., 2010; WU et al., 2012).
O material selante é formado inserindo a quantidade de areia necessária para preencher
a trinca e após, injetando a solução contendo nutrientes e microrganismos durante um período
de tempo e em intervalos definidos (ABO-EL-ENEIM et al., 2012; ACHAL et al., 2013). Esta
técnica apresentou resultados satisfatórios, aumentando a resistência a compressão e
diminuindo a permeabilidade a água e cloretos na região da trinca (ACHAL et al., 2013). Outro
método foi proposto por Sierra-Beltran (2014), o qual utiliza um material selante com base
cimento, areia e agente biológico. Este método resultou em um material de reparação que
apresentou menor delaminação da superfície do concreto.
No mecanismo de bioremediação atuam principalmente bactérias do gênero bacilo
(Tabela 3). Estes microrganismos são conhecidos por possuírem alta atividade da enzima urease
e por sobreviverem por um longo tempo em condições adversas (WANG et al, 2012).
2.3.3 Bioconcretos
Bioconcretos são materiais que possuem em sua formulação um agente biológico capaz
de induzir a formação de carbonato de cálcio biótico nos espaços vazios entre os grãos de
cimento e agregados (PATIL et al., 2008). Este carbonato de cálcio age como um ligante
biológico, unindo as partículas dos materiais promovendo melhorias nas propriedades físicas
como aumento da durabilidade e resistência a compressão, podendo ainda ter função de auto
reparação de trincas na fase inicial de surgimento (DE MUYNCK et al., 2009a; ACHAL et al.,
2015). As técnicas de produção de concretos biológicos consistem na adição de bactérias e seus
nutrientes diretamente na composição da mistura de cimento e areia (SEIFAN et al., 2016).
Os estudos sobre produção de bioconcretos são mais recentes e exemplos deles estão
listados na Tabela 4.
Tabela 4 - Estudos realizados com diferentes microrganismos utilizando a técnica de produção de bioconcretos.
Microrganismo Objetivo Autores
Shewanella sp. Bioconcretos GHOSH et al. (2009)
Bacillus pasteurii Bioconcretos contendo fumo CHAHAL et al. (2012)
de sílica
Bioconcretos ABO-EL-ENEIN et al. (2013)
Bacillus subtilis Bioconcretos PEI et al. (2013)
Bioconcretos que se auto RAO et al. (2013)
reparam
Sporosarcina pasteurii Bioconcretos com células BUNDUR et al. (2015)
vegetativas
A produção de bioconcretos pode ser dividida em dois processos: (i) adição direta do
agente biológico e (ii) com imobilização prévia do agente biológico e seus nutrientes.
Os primeiros estudos para a produção de bioconcreto consistiam basicamente na adição
de microrganismos e seus nutrientes dissolvidos na água de composição da massa de concreto.
Entretanto este método possui como desvantagem a redução dos espaços vazios da matriz
cimento e areia à medida que o concreto avança na cura, impedindo assim o desenvolvimento
dos microrganismos no longo prazo (WIKTOR & JONKERS., 2011). Com o objetivo de
preservar o material biológico das ações mecânicas durante a preparação e proteger as células
de microrganismos das condições extremas do ambiente, foi proposto a imobilização prévia do
agente biológico e seus nutrientes em microcápsulas. O microencapsulamento dos
microrganismos e de seus nutrientes tem como vantagens a preservação das atividades
metabólicas permitindo que se crie um microambiente propício ao seu desenvolvimento. Ainda,
o microencapsulamento protege as células do atrito que ocorre durante o processo mecânico de
mistura na fase de preparação da massa de concreto (SOLTMANN et al., 2011).
A imobilização com poliuretano é amplamente utilizada, visto que este polímero é
reconhecido por ser um material quimicamente estável, resistente e inerte (PATIL et al., 2008).
Outros materiais, como a sílica gel, hidrogel (WANG et al., 2012; WANG et al., 2014) e argila
expandida (WIKTOR & JONKERS., 2011) foram utilizados como materiais alternativos para
imobilização das bactérias e seus nutrientes em microcápsulas a serem incorporadas no
bioconcreto.
Estudos apontam que a adição de bactérias capazes de induzir a produção biológica de
carbonato de cálcio pode melhorar significativamente propriedades mecânicas de argamassas e
concreto (JONKERS & SCHLANGEN, 2008; GHOSH et al., 2009; DE MUYNCK et al., 2010;
ABO-EL-ENEIM et al., 2012; LEE et al., 2013). Isso ocorre devido a deposição de uma nova
camada de carbonato de cálcio entre as partículas, atuando como ligante e diminuindo os vazios
da matriz areia e cimento (ABO-EL-ENEIM et al., 2012). Observou-se também um aumento
na capacidade de auto reparação das trincas em concretos biológicos. Enquanto que nas
amostras sem adição de microrganismos as trincas até 0,2 mm são auto reparáveis, em amostras
contento agente microbiológico a auto reparação das trincas apresentou resultados entre 0,5 mm
(RAO et al., 2013) a 0,8 mm (LUO et al. 2015) devido a formação de uma nova camada de
carbonato de cálcio biológico. Entretanto, este processo não se mostrou eficaz para trincas com
tempo superior a 60 dias, quando se observou um decréscimo da capacidade de auto reparação
do material (LUO et al. 2015). Isso ocorre porque as bactérias não são capazes de sobreviver
mais que 7 dias no interior do concreto, pois com o tempo de cura avançado, os poros do
37
material – de até 1 µm de tamanho – se tornam pequenos demais a tal ponto que se tornar
inviável a sobrevivência do microrganismo (JONKERS & SCHLANGEN, 2008).
A evolução das pesquisas em bioconcretos resultou em um material capaz de se auto
reparar quando do surgimento de trincas indiferente a idade do concreto. Isso foi possível com
a utilização de uma preparação prévia da bactéria e seus nutrientes em um processo de
encapsulação (JONKERS et al., 2010). As microcápsulas são sensíveis a presença de água, se
rompem liberando os microrganismos para o meio. O processo tem início no surgimento de
micro trincas na superfície do concreto que permite que a água penetre no seu interior e entre
em contato com as microcápsulas contendo os microrganismos e seus nutrientes. Os
microrganismos, na presença de água e dos nutrientes adequados, têm sua atividade metabólica
ativada, iniciando o processo de indução a formação de cristais de carbonato de cálcio. À
medida que são produzidos, estes cristais atuam como reparadores e vão fechando as trincas
(WANG et al.,2014). A reparação imediata da trinca evita que ela chegue a dimensões que
comprometam a resistência do material, aumentando a durabilidade dos mesmos (DE
MUYNCK et al., 2009a).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 MATERIAIS
Materiais que constituem este estudo são classificados como: (i) agente biológico, (ii)
reagentes que compõem o meio de conservação, (iii) reagentes que compõem o meio de
ativação, (iv) reagentes que compõe o meio de indução e (v) materiais para confecção dos
corpos de prova.
O microrganismo pesquisado foi o Bacillus subtilis ATCC 6633, cepa cedida pelo
Laboratório de Microbiologia da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA.
38
B. subtilis é uma das espécies do gênero Bacillus mais utilizadas para fins
biotecnológicos industriais, na produção de antibióticos e produtos agroativos. São bactérias
autóctones do solo, do tipo gram positivas, aeróbias facultativas, não fotossintetizantes e com
maior atividade em temperaturas de 25 a 35ºC, logo são bactérias mesófilas como pode ser
observado nas Figuras 5A e 5B (PELCZAR et al., 1981).
Para reativação da cepa de B. subtilis foi utilizado o meio de cultura Plate Agar Count
– PCA (KASVI, Itália).
O PCA é um meio de cultura sólido, não seletivo que permite o estudo de espécies
isoladas, ou seja, culturas puras (Figura 5B).
A composição química típica para este meio de cultura pode ser conhecida na Tabela 5.
39
Para a execução dos ensaios foram produzidos três tipos de corpos de prova: (i) corpos
de prova de areia para ensaios de biodeposição em areia, (ii) corpos de prova de argamassa para
ensaios de biodeposição e posterior análise química elementar e morfológica dos
microrganismos e (iii) corpos de prova em concreto para ensaios de capilaridade. Todos os
ensaios foram realizados em duplicata.
Para a produção dos corpos de prova foram utilizados os seguintes materiais descritos
na Tabela 6 e comumente empregados na construção civil.
40
3.2 METODOLOGIA
A amostra de B. subtilis foi replicada em placas de Petry contendo meio de cultura sólido
Plate Agar Count – PCA (KASVI, Itália) previamente esterilizado em autoclave a 121ºC por
15 minutos. As placas foram mantidas em estufa de cultura a temperatura de 28ºC ± 2ºC.
A produção da enzima urease pelo B. subtilis deve ser ativada em meio de cultura
líquido, cuja composição contém 20 g/L de extrato de levedura (KASVI, Itália) e 20 g/L de
Ureia P.A (Dinâmica, Brasil). A solução de ativação foi esterilizada em autoclave a 121ºC
durante 15 minutos antes da inoculação da bactéria.
Os microrganismos foram mantidos em estufa de cultura a temperatura de 28ºC ± 2ºC
por 24 horas, antes de serem utilizados nos experimentos (SHIRAKAWA et al., 2011). A
ativação prévia teve como objetivo permitir a adaptação dos microrganismos ao meio de cultura
contendo ureia bem como verificar a sua capacidade de sobrevivência. Para uma curva genérica
de crescimento dos microrganismos espera-se que após 24hs (fase estacionária) a multiplicação
da quantidade de microrganismos provoque mudanças visuais no meio de cultura, já que o meio
de cultura interfere consideravelmente na produção de metabólitos. Nos ensaios efetuados neste
trabalho os microrganismos deverão se encontrar em crescimento na fase exponencial que foi
identificada com o número 2 (fase log exponencial) na Figura 6.
𝐴−𝐵
𝐶= [1]
𝑆
46
Neste trabalho somente uma fonte de íons de cálcio foi investigada, entretanto, outros
sais de cálcio são sugeridos para usos em técnicas de biomineralização. Van Tittelboom et al.
(2010) investigaram o uso de três fontes de cálcio: (i) cloreto de cálcio, (ii) acetato de cálcio e
(iii) nitrato de cálcio. Para os autores, a resistência, por exemplo, a absorção de água nas
amostras é similar para todas as fontes de cálcio testadas. Por outro lado. De Muynck et al.
(2008) observaram que a fonte de cálcio utilizada tem influência no tipo de cristal de carbonato
formado, sendo predominante a formação de calcita.
A maioria dos estudos encontrados na literatura optam pelo uso de cloreto de cálcio
como sal inorgânico fornecedor de íons de cálcio (HAMMES et al., 2003; ACHAL et al., 2008;
ABO-EL-ENEIN et al., 2012). Contudo é importante ressaltar que para melhorar as
propriedades do concreto reforçado não é indicada a utilização de cloreto de cálcio, devido ao
risco de corrosão dos reforços de ferro. Nestes casos sugere-se a utilização de fontes de cálcio
a partir de sais orgânicos como o acetato de cálcio e o lactato de cálcio (JONKERS & WIKTOR,
2011; ZHANG et al., 2015).
Os resultados aqui apresentados foram obtidos através da investigação em três tipos de
substratos: a areia, a argamassa e o concreto. Quanto a escolha dos materiais, cabe ainda
ressaltar que o tipo de cimento utilizado, CP V - ARI, foi escolhido por conter maior quantidade
de clínquer, e consequentemente menores teores de carga inorgânica em sua composição. Desta
47
4.1 COMPORTAMENTO DO pH
4.2 BIOFILME
Como visto na curva de crescimento típica para uma população bacteriana na seção
3.2.1, é esperado que a fase exponencial e estacionária para o B. subtilis ocorra no período de
24 horas de permanência do microrganismo no meio de cultura. Nestas etapas são produzidos
os metabólitos de interesse, neste caso a enzima urease. Após este período compreendido entre
48 e 72 horas, o número de células bacterianas, ou a taxa bacteriana que nascem e que morrem
são equivalentes e a curva atinge um patamar com pouca variação, e para o estudo esta condição
não é apropriada pois é necessária uma alta atividade microbiológica para induzir a precipitação
de carbonato de cálcio no microambiente.
Os biofilmes podem também serem formados sobre superfícies abióticas sólidas,
permitindo uma melhor adesividade dos microrganismos a estas. Em um primeiro momento as
bactérias planctônicas (livres no seio do líquido) se aderem à superfície do material em regiões
aleatórias, naquelas mais propícias a sua sobrevivência consumindo menor energia. As
bactérias, como subprodutos de sua atividade metabólica, secretam diversas substâncias entre
elas polímeros (exopolissacarídeo – EPS) que as fazem aderir-se firmemente sobre a superfície.
Este processo pode ser visualizado na Figura 10 em que se mostra um comparativo das
superfícies da areia sem presença de microrganismos, visível na Figura 10A, e na presença de
microrganismos, como se mostra nas Figuras 10B e 10C.
Na Figura 10A observa-se a amostra de areia sem aplicação de agente biológico,
somente com a solução contendo ureia e cloreto de cálcio. A superfície do grão de areia
apresenta-se lisa e limpa, sem formação de biofilme. Ao lado, nas Figuras 10B e 10C, se notam
indícios da formação de biofilme caracterizados pela formação de uma camada de aspecto
50
rugoso sobre a superfície anteriormente lisa. O resultado observado ao MEV sugere que neste
material os microrganismos se replicaram e formaram um biofilme como resultado da atividade
metabólica durante a fase de crescimento. Tendo este ensaio uma duração de 20 dias, é de se
esperar que após a escassez de água e a diminuição de nutrientes diminuam gradativamente a
atividade bacteriana. Neste caso, o biofilme atua como um ambiente de proteção para as
bactérias de vida vegetativa, isto é, esporos. Seria esperado que uma hidratação do meio e novo
fornecimento de nutrientes permitam a reativação dos microrganismos esporulados e assim a
formação de uma nova camada de carbonato de cálcio.
Por fim, sobre as duas últimas Figuras pode-se observar a ausência de hifas o que sugere
que não houve crescimento de fungos no material. As hipóteses que podem ser consideradas é
a habilidade de produção de metabólitos nocivos aos fungos ou ainda as condições ambientais
do experimento inibirem o crescimento de outros tipos de microrganismos. Se acredita que o
motivo principal para o não desenvolvimento dos fungos seja o aumento de pH visto que os
fungos se desenvolvem melhor em valores baixos de pH, isto é, ao redor de pH 4 e 5. Em linhas
gerais, considerando aplicações práticas futuras, o não surgimento de fungos no material
poderia indicar que no ambiente construído este processo poderia ser pensado como um sistema
para mitigação de mofos e bolores.
Quanto ao aumento do nível de nitrogênio, este fenômeno pode ser explicado pela
adição de ureia e extrato de levedura como meio nutriente para a cultura de B. subtilis. Ainda,
o nitrogênio constitui cerca de 14% da massa seca da célula bacteriana e é também importante
para a síntese de proteínas e ácidos nucleicos, como para a adenosina trifosfato (ATP). A ATP
é um nucleotídeo, responsável pelo armazenamento da energia utilizada pelo microrganismo e
pela transferência de energia dentro da célula (PELCZAR et al., 1981; TORTORA et al., 2012).
O aumento na concentração de enxofre pode ser explicado pela própria ação metabólica
da bactéria na formação de proteínas e troca genética em decorrência da síntese ribossomos da
bactéria (BLEICH et al., 2014). A determinação do aumento de enxofre pode também estar
associada a uma desnaturação proteica, colapso da membrana bacteriana ou até liberação
térmica como o que ocorre no momento da morte bacteriana. O aumento dos três elementos
químicos confirma o desenvolvimento microbiano nas condições do ensaio.
52
O mesmo processo de observação foi repetido para a amostra não tratada com B. subtilis.
Não foram identificadas colônias de microrganismos nem presença de biofilme no material em
todas as amostras observadas (Figura 15A).
56
Figura 15 - Análise das amostras de argamassa – amostra não tradada com B. subtilis.
Figura 16 - Espectro da linha analisada em EDS – amostra não tratada com B. subtilis.
57
4.5 CAPILARIDADE
5 CONCLUSÃO
obtidos com a biodeposição em concreto sugerem que esta técnica se constitui em uma
alternativa aos métodos tradicionais de proteção de superfícies de agentes externos, que
provocam danos aos materiais de construção diminuindo a sua durabilidade.
Foi evidenciado que o B. subtilis é um microrganismo capaz de se desenvolver em meios
alcalinos e induzir a formação de carbonato de cálcio, sendo então uma espécie válida para usos
biotecnológicos também no ambiente construído. Os resultados obtidos com a análises em
MEV e CHNS confirmam a presença de material biológico e alterações químicas decorrentes
da atividade microbiológica. As concentrações significativas de carbono, oxigênio e cálcio nas
amostras tratadas e analisadas por EDS corroboram para a formação de carbonato de cálcio
biologicamente induzido pela ação de microrganismos. Esta camada de cristais de carbonato de
cálcio age como selante do material, diminuindo a porosidade superficial e por consequência a
absorção de água. Isto ficou evidenciado pela redução em 20% na absorção de água nas
amostras tratadas por técnica de biodeposição. Estes resultados permitem sugerir que a
aplicação biotecnológica poderia ser um potencial inibidor de penetração de água e junto com
ela, materiais tóxicos presentes no ar atmosférico como gases e outros poluentes, aumentando
da vida útil de materiais de cimentícios.
Materiais que são capazes de se auto regenerar ou que se adaptam às condições
ambientais constituem uma nova classe de materiais inteligentes. Entre estes materiais,
encontram-se os bioconcretos, que são materiais de construção que possuem algum processo
envolvendo biomineralização. A técnica utilizada neste trabalho imita o processo bioquímico
de formação geológica que ocorre na Natureza e que é responsável por consolidar partículas de
areia utilizando como agente ligante carbonato de cálcio biologicamente produzido. Portanto,
é possível afirmar que a biomineralização aplicada ao ambiente construído pode ser enquadrada
como um desenvolvimento biomimético e que tem potencial sustentável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANBU, P.; KANG, C.-H.; SHIN, Y.-J.; SO, J.-S. Formations of calcium carbonate minerals by
bacteria and its multiple applications. SpringerPlus, Incheon, v. 5, n. 1, p. 1-26, 2016.
ANNE, S.; ROZENBAUM, O.; ANDREAZZA, P.; ROUET, J.-L. Evidence of a bacterial
carbonate coating on plaster samples subjected to the Calcite Bioconcept biomineralization
technique. Construction and Building Materials, Orléans, v. 24, n. 6, p. 1036-1042, dez.
2009.
BALL, P. Life’s lessons in design. Nature, Taramani, v. 409, n. 6818, p. 413-416, jan. 2001.
BENYUS, J. M. Biomimética: inovação inspirada pela Natureza. 1 ed. São Paulo: Cultrix,
2003.
BIOMIMICRY INSTITUTE. The power of the biomimicry design spiral. Disponível em: <
https://biomimicry.org/biomimicry-design-spiral/ >. Acesso em: 25 fev. 2017b.
BLOK, V.; GREMMEN, B. Ecological innovation: biomimicry as a new way of thinking and
acting ecologically. Journal of Agricultural and Environmental Ethics, Wageningen, v. 29,
n. 2, p. 203-217, jan. 2016.
CAPRA, F. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. 1 ed. São Paulo: Cultrix,
2002.
CHAHAL, N.; SIDDIQUE, R.; RAJOR, A. Influence of bacteria on the compressive strength,
water absorption and rapid chloride permeability of concrete incorporating silica fume.
Construction Building and Materials, Patiala, v. 37, p. 645-651, dez. 2012.
DICK, J.; DE WINDT, W.; DE GRAEF, B.; SAVEYN, H.; VAN der MEEREN, P.; DE BELIE,
N.; VERSTRAETE, W. Bio-deposition of a calcium carbonate layer on degraded limestone by
Bacillus species. Biodegradation, Ghent, v. 17, n. 4, p. 357-367, 2006.
DUPRAZ, C.; REID, R. P.; BRAISSANT, O.; DECHO, A. W.; NORMAN, R. S.; VISSCHER,
P. T. Processes of carbonate precipitation in modern microbial mats. Earth-Science Reviews,
Storrs, v. 96, n. 3, p. 141-162, 2009.
FAVRE, N.; CHRIST, M. L.; PIERRE, A. C. Biocatalytic capture of CO2 with carbonic
anhydrase and its transformation to solid carbonate. Journal of Molecular Catalusis B:
Enzymatic, Villeurnanne, v. 60, n. 3, p. 163-170, mai. 2009.
GOLLAPUDI, U. K.; KNUTSON, C. L.; BANG, S. S.; ISLAM, M. R. A new method for
controlling leaching through permeable channels. Chemosphere, Rapid City, v. 30, n. 4, p.
695-705, 1995.
GRABIEC, A. M.; KLAMA, J.; ZAWAL, D.; KRUPA, D. Modification of recycled concrete
aggregate by calcium carbonate biodeposition. Construction and Building Materials, Poznan,
v. 34, p. 145-150, mar. 2012.
HAMMES, F.; BOON, N.; VILLIERS, J. de; VERSTRAETE, W.; SICILIANO, S. D. Strain-
specific ureolytic microbial calcium carbonate precipitation. Applied and Environmental
Microbiology, Ghent, v. 69, n. 8, p. 4901-4909, ago. 2003.
67
HWANG, J.; JEONG, Y.; PARK, J. M.; LEE, K. H.; HONG, J. W.; CHOI, J. Biomimetics:
forecasting the future of science, engineering, and medicine. International Journal of
Nanomedicine, Seoul, v. 10, p. 5701-5713, set. 2015.
JIANG, N.-J.; YOSHIOKA, H.; YAMAMOTO, K.; SOGA, K. Ureolytic activities of a urease-
producing bacterium and purified urease enzyme in the anoxic condition: Implication for
subseafloor sand production control by microbially induced carbonate precipitation (MICP).
Ecological Engineering, Cambrigde, vol. 90, p 96 -104, fev. 2016.
KIM, H. K.; PARK, S. J.; HAN, J. I; LEE, H. K. Microbially mediated calcium carbonate
precipitation on normal and lightweight concrete. Construction and Building Materials,
Daejeon, v. 38, p. 1073-1082, 2013.
LAUCHNOR, E. G.; TOPP, D. M.; PARKER, A. E.; GERLACH, R. Whole cell kinetics of
ureolysis by Sporosarcina pasteurii. Journal of Applied Microbiology, Montana, v. 118, n. 6,
p. 1321-1332, fev. 2015.
LE MÉTAYER-LEVREL, G.; CASTANIER, S.; ORIAL, G.; -F. LOUBIÈRE, J.; -P.
PERTHUISOT, J. Applications of bacterial carbonatogenesis to the protection and regeneration
of limestone in buildings and historic patrimony. Sedimentary Geology, Nantes, v. 126, n. 1,
p. 25-34, mar. 1999.
LEE, J. C.; CHING, C.-W.; KIM, W. J.; LEE, C. J. Effect of JC-1 microorganism on
compressive strength of cement paste. Materials Letter, Daegu, v. 105, p. 224-226, abr. 2013.
LI, W.; CHEN, W.-S.; ZHOU, P.-P.; YU, L.-J. Influence of enzyme concentration on bio-
sequestration of CO2 in carbonate form using bacterial carbonic anhydrase. Chemical
Engineering Journal, Wuhan, v. 232, p. 149-156, jul. 2013.
MARTIN, D.; DODDS, K.; NGWENYA, B. T.; BUTLER, I. B.; ELPHICK, S. C. Inhibition
of Sporosarcina pasteurii under anoxic conditions: implications for surface carbonate
precipitation and remediation via ureolysis. Environmental Science e Technology, Edinburgo,
v. 46, n. 15, p. 8351-8355, jul. 2012.
MOROHASHI, M.; OHASHI, Y.; TANI, S.; ISHII, K.; ITAYA, M.; NANAMIYA, H.;
KAWAMURA, F.; TOMITA, M.; SOGA, T. Model-based definition of population
heterogeneity and its effects on metabolismo in sporulating Bacillus subtilis. The Journal of
Biochemistry, Sendai, v. 142, n. 2, p. 183-191, jun. 2007.
PATIL, H. S.; RAIJIWALA, D. B.; PRASHANT, H.; VIJAY, B. Bacterial concrete – a self-
healing concrete. International Journal of Applied Engineering Research, Gujarat, v. 3, n.
12, p. 1719-1725, 2008.
PEI, R.; LIU, J.; WANG, S.; YANG, M. Use of bacterial cell walls to improve the mechanical
performance of concrete. Cement and Concrete Composites, San Antonio, v. 39, p. 122-130,
abr. 2013.
PELCZAR, M.; REID, R.; CHAN, E. C. S. Microbiologia. 1 ed. São Paulo: McGraw-Hill,
1981.
QIAN, C.; WANG, J.; WANG, R.; CHENG, L. Corrosion protection of cement-based building
materials by surface deposition of CaCO3 by Bacillus pasteurii. Materials Science and
Engineering C, Nanjing, v. 29, n. 4, p. 1273-1280, 2009.
QIAN, C.; WANG, R.; CHENG, L; WANG, J. Theory of microbial carbonate precipitation and
its application in restoration of cement-based materials defects. Chinese Journal of
Chemistry, Nanjing, v. 28, n. 5, p. 847-857, abr. 2010.
QIU, J.; TNG, D. Q. S.; YANG, E.-H. Surface treatment of recycled concrete aggregates
through microbial carbonate precipitation. Construction and Building Materials, Singapore,
v. 57, p. 144-150, fev. 2014.
RAO, M. V. S.; REDDY, V. S.; HAFSA, M.; VEENA, P.; ANUSHA, P. Bioengineered
concrete – a sustainable self-healing construction material. Research Journal of Engineering
Sciences, Hyderabad, v. 2, n. 6, p. 45-51, jun. 2013.
ROSSIN, P. R. Biomimicry: nature’s design process versus designer’s process. Design &
Nature V, Miami, v. 138, p. 559-570, 2010.
SIDDIQUE, R.; NANDA, V.; KADRI, E- H.; KHAN, M. I.; SINGH, M.; RAJOR, A. Influence
of bacteria on compressive strength and permeation properties of concrete made with cement
baghouse filter dust. Construction and Building Materials, Punjab, v. 106, p. 461-469, 2016.
SOLTMANN, U.; NIES, B.; BÖTTCHER, H. Cements with embedded living microorganisms
– a new class of biocatalytic composite materials for application in bioremediation,
biotechnology. Advanced Engineering Materials, Dresden, v. 13, n. 2, p. B25-B31, 2011.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, L. C. Microbiologia. 10 ed. Porto Alegre: Artmed,
2012.
VAN DEN HEEDE, P.; DE BELIE, N. Environmental impact and life cycle assessment (LCA)
of traditional and “green” concretes: literature review and theoretical calculations. Cement and
Concrete Composites, Ghent, v. 34, n. 1894, p. 431-442, jan. 2012.
VAN DER ZWAAG, S.; VAN DIJK, N. H.; JONKERS, H. M.; MOOKHOEK, S. D.; SLOOF,
W. G. Self-healing behavior in man-made engineering materials: bioinspired but taking into
account their intrinsic character. Philosophical Transactions: Mathematical, Physical and
Engineering Sciences, Delf, v. 367, n. 4, p. 1689-1704, mai. 2009.
WANG, J.; VAN TITTELBOOM, K.; DE BELIE, N.; VERSTRAETE, N. Use of silica gel or
polyurethane immobilized bacteria for self-healing concrete. Construction and Building
Material, Ghent, v. 26, p. 532-540, 2012.
WANG, J. Y.; SOENS, H.; VERSTRAETE, W.; DE BELIE, N. Self-healing concrete by use
of microencapsulated bacterial spores. Cement and Concrete Research, Ghent, v. 56, p. 139-
152, 2014.
WONG, L. S. Microbial cementation of ureolytic bacteria from the genus Bacillus: a review of
the bacterial application on cement-based materials for cleaner production. Construction and
Building Materials, Selangor, v. 93, p. 5-17, jan. 2015.
ZHANG, Y.; GUO, H. X.; CHENG, X. H. Role of calcium sources in the strength and
microstructure of microbial mortar. Construction and Building Materials, Beijing, v. 77, p.
160-167, jan. 2015.