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Geração de

Energia Elétrica
PROFESSOR
Me. Lucas Delapria Dias dos Santos

ACESSE AQUI O SEU


LIVRO NA VERSÃO
DIGITAL!
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


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de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Graduação Marcia de Souza Head
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da Silva Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Recursos Educacionais Digitais Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Design Educacional e Curadoria Yasminn T. Tavares Zagonel Supervisora de Produção Digital Daniele Correia

PRODUÇÃO DE MATERIAIS

Coordenador de Conteúdo Fábio Augusto Gentilin Designer Educacional Giovana Vieira Cardoso Revisão Textual Ariane
Andrade Fabreti Editoração Sabrina Novaes; Lavígnia da Silva Santos Ilustração André Azevedo Fotos Shutterstock.

FICHA CATALOGRÁFICA

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.


Núcleo de Educação a Distância. SANTOS, Lucas Delapria Dias dos.

Geração de Energia Elétrica.


Lucas Delapria Dias dos Santos.
Maringá - PR.: Unicesumar, 2021.
184 p.
“Graduação - EaD”.

1. Energia 2. Elétrica 3. Usinas. EaD. I. Título.

Impresso por:
CDD - 22 ed. 621.32
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-516-6

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar


Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Diretoria de Design Educacional

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


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A UniCesumar celebra os seus 30 anos de
história avançando a cada dia. Agora, enquanto
Universidade, ampliamos a nossa autonomia Tudo isso para honrarmos a
e trabalhamos diariamente para que nossa nossa missão, que é promover
educação à distância continue como uma das a educação de qualidade nas
melhores do Brasil. Atuamos sobre quatro diferentes áreas do conhecimento,
pilares que consolidam a visão abrangente do formando profissionais
que é o conhecimento para nós: o intelectual, o cidadãos que contribuam para o
profissional, o emocional e o espiritual. desenvolvimento de uma sociedade
justa e solidária.
A nossa missão é a de “Promover a educação de
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento,
formando profissionais cidadãos que contribuam
para o desenvolvimento de uma sociedade
justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar
tem um gênio importante para o cumprimento
integral desta missão: o coletivo. São os nossos
professores e equipe que produzem a cada dia
uma inovação, uma transformação na forma
de pensar e de aprender. É assim que fazemos
juntos um novo conhecimento diariamente.

São mais de 800 títulos de livros didáticos


como este produzidos anualmente, com a
distribuição de mais de 2 milhões de exemplares
gratuitamente para nossos acadêmicos. Estamos
presentes em mais de 700 polos EAD e cinco
campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa
e Corumbá), o que nos posiciona entre os 10
maiores grupos educacionais do país.

Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima


história da jornada do conhecimento. Mário
Quintana diz que “Livros não mudam o mundo,
quem muda o mundo são as pessoas. Os
livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à
oportunidade de fazer a sua mudança!

Reitor
Wilson de Matos Silva
Olá, aluno(a), seja bem-vindo(a)! Meu nome é Lucas De-
lapria Dias dos Santos e venho, aqui, contar um pouqui-
nho da minha história. Sou natural de Maringá, Paraná,
mas passei a infância e adolescência no Mato Grosso do
Sul. Quando criança, era introvertido e curioso, sempre
gostei de brincar sozinho, o que me rendeu diversas
broncas dos meus pais por desmontar os eletrodomés-
ticos de casa e não conseguir montá-los, novamente. O
meu gênero de filme favorito eram os de ficção e futu-
ristas, os quais retratavam a nossa vida com robôs. Du-
rante o Ensino Fundamental, falava para os professores
que eu cursaria “Engenharia Robótica”, para construir
robôs e ajudar os humanos nas tarefas do dia a dia.
Anos mais tarde, entendi que este curso não existe, mas
havia outras possibilidades, como Engenharia Elétrica e
Mecatrônica, por exemplo.

Vindo para os dias de hoje, me formei em Engenharia


Aqui você pode Elétrica e em Engenharia de Produção. Sou especialista
conhecer um em Segurança do Trabalho e mestre em Energias Reno-
pouco mais sobre
váveis, com foco em energia solar. Adoro ler e passar
mim, além das
informações do tempo com a minha família e amigos, o meu passatempo
meu currículo. favorito é o Sudoku, uma espécie de quebra-cabeça japo-
nês, com números. É possível adquirir as revistinhas de
Sudoku em qualquer banca de jornal ou aplicativos pelo
smartphone. Passo horas resolvendo estas atividades e
tenho inúmeras revistinhas guardadas em minha casa.

Para saber mais sobre a minha história profissio-


nal, acesse o meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.
br/2332132875006556
REALIDADE AUMENTADA

Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo
Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os
recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das
possibilidades de interação de cada objeto.

RODA DE CONVERSA

Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas.

PÍLULA DE APRENDIZAGEM

Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido

PENSANDO JUNTOS

Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite


este momento.

EXPLORANDO IDEIAS

Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do


assunto discutido, de forma mais objetiva.

EU INDICO

Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.

Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar


Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Imagine que você chegou em sua casa após um longo dia de trabalho. Ao entrar em sua
residência, acende as luzes e liga a televisão. Após alguns instantes, vai ao seu banho
quente, para relaxar. Durante a noite, prepara algo para comer, no fogão, liga o seu
computador e coloca o seu smartphone para carregar.
No dia seguinte, o seu despertador toca (seja do celular, seja relógio digital, analógico
ou qualquer outro modelo), acorda, prepara o seu café, no seu fogão (onde há diversas
transformações de energias, como energia elétrica em energia térmica ou energia quí-
mica em energia térmica), se dirige ao seu meio de transporte, carro ou ônibus, e vai
para mais um dia de trabalho, repleto de diversos exemplos do uso de energia elétrica
e das suas transformações.
Você já parou para pensar o quão dependemos da energia elétrica? Hoje em dia, pre-
cisamos dela para fazer tudo: para trabalhar, seja em nossos computadores, seja em
máquinas térmicas ou elétricas ou em meios de transporte. Precisamos da eletricidade
para deixar a nossa vida mais fácil e mais confortável, para conservar os alimentos
na geladeira, esquentar algo no micro-ondas ou no forno elétrico, aquecer a água do
nosso chuveiro bem como para o nosso entretenimento e diversas outras maneiras
diferentes com as quais fazemos uso da energia.
Atualmente, a humanidade domina diversas formas e tecnologias de conversão de
energias. Conseguimos transformar energias cinética, química, térmica, solar e várias
outras formas, em eletricidade. Apesar da variedade, sempre há um meio de aperfeiçoar
o que já temos, tornando-os mais eficientes, mais rápidos e menos poluidores, enfim,
sempre haverá espaço para novas descobertas.
A capacidade de geração de energia elétrica de uma nação é um dos diversos itens que
são avaliados no IDH de um país, por exemplo. Aqui, no Brasil, por se tratar de uma
nação em crescimento e por causa do aumento da demanda anual, estamos vivencian-
do algumas crises energéticas. Por conta disso, o Governo Federal, juntamente com a
Agência Brasileira de Energia Elétrica, já possui um planejamento voltado à evolução
do setor elétrico e ao aumento da quantidade de usinas. Esse planejamento prevê o
crescimento do país pelos próximos 50 anos. Interessante, não é mesmo? Este estudo
será apresentado ao longo deste livro, em unidades futuras.
Dada a importância da eletricidade em nossas vidas, este livro vem para lhe apresentar
algumas das principais formas de gerar eletricidade, a partir de fontes renováveis e
não renováveis.
Ao longo das próximas unidades, você verá as vantagens e desvantagens bem como
as tecnologias das usinas e entenderá como está o setor elétrico do nosso país. En-
tenderemos, juntos, futuro(a) engenheiro(a), as peculiaridades das fontes que mais
contribuem para o abastecimento de eletricidade no Brasil.
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM

1
11 2
31
INTRODUÇÃO AO CENTRAIS
ESTUDO DE TERMELÉTRICAS
GERAÇÃO DE
ENERGIA

3
49 4
67
CENTRAIS CENTRAIS
NUCLEARES HIDRELÉTRICAS

5 81 6
97
CENTRAIS DE CÉLULAS DE
COGERAÇÃO COMBUSTÍVEL
7 8
113 131

SISTEMAS ENERGIA
SOLARES EÓLICA

9
151
ANÁLISE
ECONÔMICA DE
GERAÇÃO
DE ENERGIA
1
Introdução ao Estudo
de Geração de Energia
Me. Lucas Delapria Dias dos Santos

Você já se perguntou como funciona a energia e como ela é gerada?


Neste livro, estudaremos algumas das principais fontes geradoras
de energia presentes no Brasil. Aqui, aluno(a), abordaremos as
características de diversas fontes geradoras, passando pelas hi-
drelétricas, termelétricas, usinas nucleares, entre outras. Teremos
a oportunidade de conhecer algumas tecnologias e classificações.
UNICESUMAR

Desde o início da vida na Terra, estamos buscando por fontes de


energia. Uma árvore utiliza a energia do sol para crescer, se desen-
volver e gerar frutos, quando comemos uma fruta, estamos utilizan-
do a energia do alimento ao nosso favor. Os nossos antepassados
usavam o fogo para geração de energia térmica e, com o avanço da
tecnologia, novas fontes de energia foram descobertas, assim, apren-
demos a gerar eletricidade e calor de inúmeras formas. Atualmente,
o crescimento de uma nação é mensurado pelo tanto de energia
elétrica que ela é capaz de produzir e de consumir. No Brasil, graças
às características geográficas do país, possuímos incontáveis fontes
de petróleo, gás natural, carvão, biomassas e diversas outras fontes
renováveis e não renováveis que utilizamos para gerar energia.
Caro(a) estudante, você já parou para pensar sobre a matriz
energética do nosso país? Você sabe quais as fontes de energia mais
abundantes em nosso território e as tecnologias empregadas na
geração de energia elétrica?
O Brasil é um país de extensão territorial continental e cada
região possui características únicas quando se trata de matéria-
-prima e recursos disponíveis na geração de energia elétrica. O
Nordeste, por exemplo, apresenta os maiores índices de irradia-
ção solar do Brasil, sendo um lugar, extremamente, apropriado
para a instalação de usinas fotovoltaicas, o Norte e o Sul, por
outro lado, possuem uma vasta rede hidrográfica, com diversas
hidrelétricas já instaladas e potencial para a instalação e geração
de centenas de Megawatts de energia.
Dito isso, imagine a seguinte situação: você, engenheiro(a) for-
mado(a), recebe a proposta para trabalhar no projeto de construção
de uma usina elétrica. Diante disso, a empresa contratante solicita
um projeto de análise de viabilidade para saber qual fonte de ener-
gia é a mais viável, levando em consideração o local de instalação,
a mão de obra local, os custos de equipamentos e maquinários, a
disponibilidade da matéria-prima, a ligação com o sistema nacional
de energia elétrica e todos os demais projetos e gastos necessários
para entregar a usina funcionando.
Em vista disso, como forma de buscar respostas, lhe convido a
visitar e conhecer algumas usinas geradoras existentes no Brasil, pas-
sando pelas mais diversas fontes primárias e secundárias de geração.

12
UNIDADE 1

O grupo Furnas, por exemplo, fundado em 1957, é uma das maiores


administradoras e financiadoras de usinas elétricas do Brasil. Dentre
os seus empreendimentos, temos o Complexo Eólico de Fortim, com
capacidade instalada de 123 MW; a termelétrica de Santa Cruz, com
capacidade instalada de 350 MW; e a hidrelétrica de Furnas, com
1216 MW de potência instalada. Para saber mais sobre essas e outras
usinas do grupo, indico acessar o QR-Code a seguir o tour.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Caro(a) aluno(a), diante da crescente demanda energética, devido, em parte, ao aumento populacional
e ao desenvolvimento de novas tecnologias e novos centros industriais, estamos presenciando a neces-
sidade de instalação de novas fontes geradoras de energia, preferencialmente, renováveis e que agridam,
o mínimo possível, o meio ambiente. Sendo assim, diante das diversas fontes geradoras de eletricidade,
apresentaremos alguns tipos de usinas elétricas, as suas tecnologias bem como os seus pontos positivos
e negativos e trazer um parecer a respeito de como anda o mercado energético no Brasil.
Antes de iniciarmos os estudos, lhe convido a anotar, no seu Diário de Bordo, as principais usinas
geradoras que você conhece, destacando a matéria-prima utilizada por elas. Leve em consideração as
usinas vistas durante o tour no site do Grupo Furnas.

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UNICESUMAR

Com o estudo de viabilidade e os projetos complementares bem como pela análise dos recursos dis-
poníveis e da tecnologia empregada, será possível entregar a melhor usina, com a melhor eficiência
energética. Por meio do estudo desta disciplina, você conhecerá algumas das principais fontes utili-
zadas na geração de energia elétrica no Brasil e no mundo, sendo capaz de identificar tecnologias e
matérias-primas viáveis para cada caso e cada local.
Ficou curioso(a)? Então, convido você, caro(a) aluno(a), a conhecer mais os tipos de fontes
de geração de energia elétrica.
É de suma importância discutir as questões energéticas no contexto ambiental atual. Sabemos que
o fornecimento eficiente e confiável de energia é primordial para o desenvolvimento econômico de
qualquer sociedade, e isso ficou bem claro na década de 70, devido aos choques da crise do petróleo.
Além disso, vários problemas e desastres ecológicos e humanos das últimas décadas têm relação ínti-
ma com o suprimento de energia, oferecendo, assim, motivação para o desenvolvimento sustentável.
As questões energéticas são assuntos cada vez mais comentados nas mídias e nos ambientes po-
líticos, principalmente, por causa do aquecimento global, no âmbito das negociações da Convenção
do Clima. De modo geral, devemos reconhecer a incansável busca por um planeta, energeticamente,
sustentável, onde buscamos priorizar recursos primários renováveis (REIS, 2011).

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UNIDADE 1

Visando à sustentabilidade do setor energético, é necessário que os seus pro-


blemas sejam discutidos e resolvidos de forma holística, incluindo, não, apenas, o
desenvolvimento e a adoção de inovações e incrementos tecnológicos, mas também
importantes mudanças que vêm sendo implementadas em todo o mundo, interli-
gadas com o meio político, o qual tenta redirecionar as escolhas tecnológicas e os
investimentos no setor bem como a conscientização e o comportamento dos con-
sumidores. Embora tenha se transformado, rapidamente, durante os últimos anos,
o setor elétrico deverá, ainda, sofrer muitas mudanças no futuro, não só devido às
demandas ambientais e modificações do mercado, mas também às novas políticas
que já estão direcionando o desenvolvimento tecnológico do setor. Isso, por sua vez,
gera novas transformações internas de caráter competitivo e gerencial (REIS, 2011).
A seguir, apresenta-se uma visão resumida da questão energética em relação
às questões ambientais e de desenvolvimento sustentável.
Para relacionarmos energia e meio ambiente, devemos analisar como a pro-
dução dela impacta, negativamente, o meio ambiente, em toda a sua cadeia de
desenvolvimento, desde a captura de recursos naturais básicos para os seus pro-
cessos de produção até os seus usos finais por diversos tipos de consumidores. Na
visão macroscópica do setor, a geração de energia é, significativamente, respon-
sável pelos principais problemas ambientais da atualidade. A seguir, discutem-se,
brevemente, alguns deles (REIS, 2011).
A poluição do ar urbano: trata-se de um dos problemas mais visíveis, na
atualidade, largamente, ligada ao uso de energia devido ao transporte e à pro-
dução industrial. Gerar energia por meio de combustíveis fósseis acarreta a
eliminação de diversos gases poluentes, como óxido de enxofre (SOx), óxidos
de nitrogênio (NOx), dióxidos de carbono (CO2), metano (CH4), monóxidos
de carbono (CO) etc. As quantidades dependerão das características especí-
ficas de cada usina e do tipo de combustível usado (gás natural, carvão, óleo,
madeira, energia nuclear etc.) (REIS, 2011).
De acordo com Rogner et al. (2007), a maior parte das emissões de gases de
efeito estufa são consequências do uso de combustíveis fósseis e, para minimi-
zar esta situação, devemos reduzir a queima dessa matéria-prima na geração de
energia. Esta redução pode ser obtida pela diminuição do consumo de energia,
pelo aumento da eficiência energética e crescimento da participação das fontes
renováveis de energia na matriz energética mundial (TAVARES; FILHO, 2012).

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UNICESUMAR

Os gases eliminados na queima de combustíveis fósseis representam o cerne


do aquecimento global e do aumento do efeito estufa; as modificações na
intensidade da radiação térmica emitida pela superfície da Terra, em razão do
aumento da concentração dos gases-estufa na atmosfera, estão causando variações
climáticas, derretimento de calotas polares, elevação do nível do oceano, e uma
série de outros problemas. O dióxido de carbono (CO2) é o mais significativo e
preocupante dentre os gases emitidos; as suas emissões estão ligadas, principal-
mente, ao uso de combustíveis fósseis (REIS, 2011).
Neste tempo de insegurança energética causada por mudanças climáticas e pelo
viés ambiental levantado nos últimos anos é que as fontes renováveis têm se mostrado
essenciais. Além de proverem mais segurança para a matriz energética dos países,
essas fontes, utilizadas em larga escala, se tornam uma ferramenta importante no
combate às mudanças climáticas decorrentes da elevação dos gases de efeito estufa
na atmosfera (TAVARES; FILHO, 2012).
Antes de abordarmos os aspectos introdutórios da geração de energia elétrica e
mostrarmos algumas das fontes de geração que serão estudadas nas próximas uni-
dades, apresentaremos algumas definições básicas de fontes de energia primárias e
secundárias, e as definições de energia renovável e não renovável.
Primeiramente, a classificação primária ou secundária para uma fonte de energia
está relacionada à sua origem. As fontes primárias são aquelas que têm origem
direta nos recursos naturais, como a água, o vento, o petróleo, o sol, o urânio, o
gás natural etc. Já as fontes secundárias são obtidas por meio de um processo de
transformação, como é o caso da gasolina e do óleo diesel, provenientes do refino
do petróleo (VASCONCELOS, 2017).
A segunda classificação é a de fontes renováveis ou não renováveis. Esta denomi-
nação depende da capacidade de se restaurar, ou seja, uma fonte que pode ser utilizada
ao longo do tempo sem que haja esgotamento é classificada como fonte renovável;
uma fonte que é esgotável conforme é utilizada é conhecida como fonte não renovável.
Exemplos de fontes renováveis são o vento, a água, a biomassa, o sol, as ondas, as marés,
a geotérmica etc., enquanto, entre as fontes não renováveis, podemos citar o petróleo,
o gás natural, o carvão mineral e os combustíveis nucleares (VASCONCELOS, 2017).
As usinas elétricas que funcionam a partir de fontes renováveis, além de gerarem
energia limpa, também contribuem para o desenvolvimento social e econômico da re-
gião na qual estão inseridas e para a redução dos impactos negativos ao meio ambiente,
como diminuição na quantidade de gases nocivos liberados na atmosfera (IPCC, 2011).
A utilização de fontes renováveis pelos países pobres ou emergentes e em desen-
volvimento também proporcionam a eles pontos positivos, evitando ou minimizando
a possibilidade de choques de oferta ou o impacto de eventuais elevações de preços
de energéticos e matéria-prima para geração (IPCC, 2011).

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UNIDADE 1

Dentre as principais fontes de energias renováveis no mundo, destacam-se as seguintes:

ENERGIA BIOMASSA HIDROELE- ENERGIA ENERGIA ENERGIA


SOLAR para a TRICIDADE EÓLICA GEOTÉRMICA DOS
Fotovoltaica, produção de OCEANOS
termossolar eletricidade
e solar e cogeração
termoelétrica

Figura 1 - Fontes de Energias Renováveis no Mundo

Descrição da Imagem: A figura mostra seis tipos de energias renováveis, sendo elas: Energia Solar, nas quais se
destacam a fotovoltaica, termossolar e termoelétrica. Acima dessa descrição aparece uma figura de paineis solares
e o sol ao fundo. Logo após a energia em Biomassa para a produção de eletricidade e cogeração. A figura corres-
pondente é uma bomba de combustível e dois milhos em cima dela. A próxima é a Hidroeletricidade e sua figura
correspondente é uma usina elétrica jorrando água. Logo depois a Energia Eólica e sua figura são pás de vento. A
penúltima figura se trata da Energia Térmica representada por usinas térmicas que absorvem calor da terra, e por
fim a energia dos oceanos, cuja figura é uma roldana acima do oceano.

Quando se trata de geração de energia elétrica no Brasil, há predominância de fontes renováveis. A


grandiosidade e a abundância dos rios brasileiros impactam a preferência dessa fonte como gera-
dora de energia elétrica para o país. Entretanto é preciso diversificar a matriz energética brasileira,
diminuir a dependência de geração de uma única fonte e aproveitar recursos renováveis que causam
menos impactos para o meio ambiente (VASCONCELOS, 2017).
Hoje em dia, o uso da energia elétrica proveniente de fontes renováveis é a opção mais estuda-
da. Entretanto é importante conhecer e estudar fontes não renováveis também, visto que possuem
importante representatividade na matriz elétrica brasileira e global, como veremos mais adiante.

17
UNICESUMAR

Este livro abordará as seguintes fontes: termelétricas, células a combustível, sistemas de coge-
ração, PCH (pequenas centrais hidroelétricas), usinas nucleares e sistemas solares. Além disso, a
maioria das fontes citadas, anteriormente, podem ser instaladas junto à carga, ou seja, a geração
elétrica dessas fontes alternativas ocorre junto ou próximo ao consumidor, independentemente
da potência do sistema. Dessa forma, economizam-se investimentos em linhas de transmissão e
reduzem-se as perdas no sistema como um todo, melhorando a estabilidade das redes de trans-
missão brasileiras. A descentralização da produção de energia afeta, positivamente, também, a
economia, gerando novos ciclos de trabalho e renda.
De acordo com Vasconcelos (2017), no Brasil, temos o Operador Nacional do Sistema (ONS), cujo
papel é a operação das formas de geração de energia elétrica, assegurando que os montantes de energia
ofertadas e demandadas sejam iguais, promovendo a estabilidade do sistema elétrico brasileiro. Dessa
forma, o ONS possui grupos de geradores de energia com capacidades de controlar a quantidade de
energia a ser despachada, assim como possui grupos de geradores sem essa capacidade. Sendo assim,
as formas de geração também podem ser classificadas da seguinte forma:
• Despacháveis: são os tipos de usinas geradoras com a capacidade de controlar o montante
de energia a ser injetada no sistema elétrico. Como exemplo, podemos citar usinas termelé-
tricas, visto que o controle da geração de eletricidade ocorre pela quantidade de combustível
utilizado; e as usinas hidrelétricas que, graças aos controles nos reservatórios, conseguem
controlar a vazão nas barragens e, consequentemente, o montante de energia elétrica gera-
da. Vale ressaltar que, nas usinas nucleares, embora despacháveis, não se pode controlar a
geração de energia por meio da quantidade de matéria-prima/combustível utilizado. Dessa
forma, a geradora nuclear estará ou “ligada” ou “desligada”, não havendo muita flexibilida-
de no montante de energia gerado em valores menores do que o da potência nominal da
instalação (VASCONCELOS, 2017).
• Não despacháveis: usinas geradoras que não são capazes de controlar o montante de ener-
gia gerada, visto que a produção energética varia, principalmente, por causa das condições
climáticas locais. Exemplos de formas de geração não despachável incluem a geração solar
fotovoltaica, que depende da irradiância solar; e a eólica, que depende da velocidade dos
ventos (VASCONCELOS, 2017).

Em suma, o sistema elétrico brasileiro detém características muito peculiares, e a importância de


geradores, a partir de fontes hídricas, cresceu devido ao fato de o volume de água armazenável nas
nossas hidrelétricas representar uma reserva de energia equivalente a cerca de cinco meses do consumo
nacional de eletricidade (ROMEIRO; ALMEIDA; LOSEKANN, 2015 apud VASCONCELOS, 2017).
A nossa matriz elétrica é caracterizada pelo considerável uso de fontes renováveis de energia,
principalmente, da hídrica, devido à disponibilidade de recursos propícios. A Figura 1 ilustra todas
as fontes utilizadas no país, em termos de potência instalada, considerando energia importada.

18
UNIDADE 1

BEN 2020 Matriz Elétrica Brasileira


BRASIL (2018) BRASIL (2019)
Derivados Carvão e derivados
Derivados de petróleo Carvão e derivados de petróleo 3,3%
2,4% Nuclear 3,2% Gás natural 2,0% Nuclear
Gás natural 9,3%
8,6% 2,5% 2,5%

Solar 0,5% Solar 1,0%


Eólica
7,6% Eólica 8,6%

Biomassa
8,5%
Hidráulica Biomassa
66,3% 8,4% Hidráulica
64,9%

Oferta hidráulica em 2018: 423,9 TWh Oferta hidráulica em 2019: 422,8 TWh

Oferta total em 2018: 636,4 TWh Oferta total em 2018: 651,3 TWh

Figura 2 - Principais fontes geradoras de energia na matriz brasileira / Fonte: EPE (2019, p. 35).

Descrição da Imagem: a figura indica quais são as principais fontes geradoras de energia na matriz brasileira. Na
figura do lado esquerdo, Brasil (2018), temos: Carvão e derivados 3,2%; Nuclear 2,5%; Derivados de petróleo 2,4%;
Gás natural 8,6%; Solar 0,5%; Eólica 7,6%; Biomassa 8,5%; Hidráulica 66,3%. Abaixo desta informação, temos: Oferta
hidráulica em 2018: 423,9 TWh e, logo abaixo: Oferta total em 2018: 636,4 TWh. Na figura do lado direito, Brasil
(2019), temos: Carvão e derivados 3,3%; Nuclear 2,5%; Derivados de petróleo 2,0%; Gás natural 9,3%; Solar 1,0%;
Eólica 8,6%; Biomassa 8,4%; Hidráulica 64,9%. Abaixo dessa figura, temos: Oferta hidráulica em 2019: 422,8 TWh.
Logo, abaixo, temos: Oferta total em 2018: 651,3 TWh.

Observa-se, na Figura 1, que as fontes hidrelétricas são as principais fornecedoras de eletricidade para o
Brasil, atualmente. Embora as usinas hidrelétricas utilizem uma fonte renovável para gerar eletricidade
e não emitam gases do efeito estufa em seu processo, a construção de uma usina desta modalidade é
responsável por impactar, negativamente, uma grande região. Para começar, a depender do tipo de usina
de usina hidrelétrica (conteúdo que será estudado em unidades subsequentes) e do tipo de motor, é
necessário desviar o curso do rio e criar um reservatório de água para garantir a geração (REIS, 2011).
Para Reis (2011), dentre os principais impactos, destaca-se o desmatamento necessário para a
criação da represa (consequentemente, perdas de fauna e flora), causando mudanças no microclima
da região, além dos impactos sociais, ao desabrigar diversas famílias que viviam na área.
A potência instalada determina se a usina é de grande, médio ou pequeno porte. A ANEEL
adota três classificações (CCEE, 2017 apud VASCONCELOS, 2017, p. 69): “Centrais Gerado-
ras Hidrelétricas (CGH): até 1 MW de potência instalada. Pequenas Centrais Hidrelétricas
(PCH): entre 1,1 MW e 30 MW de potência instalada. Usina Hidrelétrica de Energia (UHE):
mais de 30 MW de potência instalada”.

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UNICESUMAR

Apesar de a base da matriz elétrica brasileira ser hidráulica, estamos acompanhando, nos últimos
anos, o crescimento gradativo das fontes renováveis, como as eólicas e a solar. Para os próximos anos,
espera-se mais destaque para essas fontes, em função dos incentivos à livre comercialização de energia
gerada por fontes renováveis (EPE, 2019).
A capacidade instalada das principais fontes pode ser analisada na Tabela 1, a seguir.

Fonte 2018 2019 Δ19/18


Hidrelétrica 104.139 109.058 4,7%
Térmica 40.523 41.219 1,7%
Eólica 14.390 15.378 6,9%
Solar 1.798 2.473 37,5%
Nuclear 1.990 1.990 0,0%
Capacidade disponível 162840 170.118 4,5%
Tabela 1 - Capacidade instalada (MW) / Fonte: EPE (2019).

Obs.1: não inclui micro e minigeração distribuídas.


Obs. 2: inclui biomassa, gás, petróleo e carvão natural.

Os dados da Tabela 1 não incluem micro e minigeração distribuídas. Com exceção da energia
nuclear, todas as outras fontes tiveram aumento significativo na contribuição de eletricidade para
a nossa matriz energética, sendo a solar aquela que mais cresceu, com 37,6% no último levanta-
mento realizado pela ANEEL (EPE, 2019).
Definiremos, agora, o Conceito de Geração Distribuída. Geração distribuída é a denominação
atribuída às usinas localizadas junto ou próximas aos centros de cargas. Essas usinas são conectadas à
rede da distribuidora local e podem injetar, ou não, energia elétrica na rede pública (TAVARES; FILHO,
2012). Há vários modelos de usinas geradoras que são empregados na geração distribuída, a partir de
fontes renováveis de energia, dentre os quais podemos citar:
• Pequena Central Hidrelétrica – PCH.
• Central Geradora Hidrelétrica – CGH.
• Biomassa.
• Eólica.
• Solar Fotovoltaico.
• Resíduos Urbanos.

As vantagens e desvantagens para o sistema elétrico com a instalação de pequenas centrais geradoras
junto às cargas, de acordo com Tavares e Filho (2012), são:

20
UNIDADE 1

Vantagens Desvantagens
• A postergação de investimentos em ex- • O aumento da complexidade de operação da rede de dis-
pansão nos sistemas de distribuição e tribuição, que passará a ter fluxo bidirecional de energia.
transmissão. • A necessidade de alteração dos procedimentos das distri-
• O baixo impacto ambiental. buidoras para operar, controlar e proteger as suas redes.
• O menor tempo de implantação. • O aumento da dificuldade para controlar o nível de tensão
• A redução no carregamento das redes. da rede no período de carga leve.
• A redução de perdas. • A alteração dos níveis de curto-circuito das redes.
• A melhoria do nível de tensão da rede • O aumento da distorção harmônica na rede.
no período de carga pesada. • A intermitência da geração devido à dificuldade de pre-
• O provimento de serviços ancilares, visão de disponibilidade da fonte (radiação solar, vento,
como a geração de energia reativa. água, biogás), assim como alta taxa de falhas dos equi-
pamentos.
• A diversificação da matriz energética.
• O alto custo de implantação.
• O tempo de retorno elevado para o investimento.
Quadro 1 - Vantagens e desvantagens para o sistema elétrico com a instalação de pequenas centrais geradoras junto às cargas / Fonte: adaptado
de Tavares e Filho (2012).

No contexto nacional e internacional, em que muito se fala de sustentabilidade, desenvol-


vimento sustentável, “energias limpas”, “energias renováveis” etc., o que você acha: energia
limpa e energia renovável são sinônimos? Reflita.

Agora que sabemos o que é geração distribuída, podemos estudar algumas barreiras às fontes renová-
veis de energia. Dentre as diversas barreiras que impedem o avanço de fontes energéticas renováveis,
destacam-se as falhas de mercado e barreiras econômicas, barreiras de informação e conscientização,
barreiras socioculturais e barreiras institucionais e políticas (IPCC, 2011).
Quando se tratam de energias alternativas, encontramos as falhas de mercado e barreiras econô-
micas em algumas situações, tais como: falta de conhecimento, divulgação precária dos reais benefícios
(como emissão reduzida ou anulada de gases poluentes); e, também, devemos ressaltar os investimentos
iniciais de aquisição do sistema (instalação e manutenção), geralmente, envolvendo custos elevados,
como é o caso do sistema fotovoltaico. Também há riscos econômicos quando se trata da utilização de
uma tecnologia nova, pois, om baixa demanda inicial, há elevação nos custos (TAVARES; FILHO, 2012).

21
UNICESUMAR

Devemos considerar, igualmente, as barreiras de informa-


ção. A falta de conhecimento também representa uma barreira
na difusão de novas tecnologias. Atualmente, os dados de gera-
ção energética de fontes solares, eólicas, geotérmicas e hidráuli-
cas não são, amplamente, divulgados e difundidos, além disso,
ainda sofremos com a falta de profissionais capacitados para
a execução de instalações, operações e manutenções de fontes
renováveis (TAVARES; FILHO, 2012).
Nas barreiras socioculturais, enfrentamos a resistência da so-
ciedade em relação à inserção de novas tecnologias e de adaptações,
por exemplo, a influência estética da instalação de painéis solares
nos telhados de residências ou a aceitação da modificação da pai-
sagem natural, mudança provocada pela instalação de turbinas
eólicas (TAVARES; FILHO, 2012).
Por fim, quanto às barreiras institucionais e políticas, devemos
levar em consideração a resistência das indústrias tradicionais e
consolidadas no mercado em aceitarem certa perda de participação
no mercado energético. As grandes empresas deste setor, no campo
da energia elétrica, do petróleo, do gás natural, ou, até mesmo, de
biocombustíveis, podem opor forte resistência à produção descen-
tralizada de energia renovável (TAVARES; FILHO, 2012).
Bem, caro(a) aluno(a), como sabemos, a obtenção da eletricida-
de ocorre por meio da transformação de alguma fonte em energia
elétrica, a qual pode ocorrer em uma ou em várias etapas. Vejamos
o caso da energia elétrica proveniente de fontes térmicas.
Na primeira etapa, uma máquina transforma um desses tipos de
energia em energia cinética de rotação e, em seguida, um gerador
acoplado à máquina transforma a energia cinética em eletricidade.
Combustíveis importantes que podem ser citados na utilização
de geração por meio de termelétricas são: gás natural, biomassa,
nuclear, carvão e seus derivados, petróleo e derivados.
As fontes termelétricas são, extremamente, importantes para
o Brasil e representam cerca de 25,2% da produção de energia na
matriz elétrica nacional, como ilustrado na Figura 2, a seguir.

22
UNIDADE 1

BEN 2019 Fluxo Energético - Eletricidade


Hidráulica Fluxo de Energia Elétrica - BEN 2019/ ano base 2018 Industrial Residencial
423,9 200,9 136,2
(66,6%) (31,6%) (21,4%)

Oferta interna de energia elétrica


636,4

Geração de Consumo de
eletricidade eletricidade

Nota: inclui
Importação
e autoprodução

Valores em TW/h

Gás natural Biomassa Eólica Carvão Nuclear Derivados Solar


54,6 54,4 48,5 mineral e 15,7 de petróleo 3,5 Transportes Agro- Setor Público Comercial Perdas
(5,6%) (8,5%) (7,6%)derivados (2,5%) 15,4 (0,5%) 2,3 pecuária energético 44,10 90,7 101,0
20,4 (2,4%)
(3,2%) (0,4%) 29,3 31,4 (6,9%) (14,30%) (15,9%)
(4,7%) (4,9%)

Figura 3 - Fluxo energético: eletricidade / Fonte: EPE (2019, p. 44).

Descrição da Imagem: o gráfico da Figura 2 representa o fluxo energético no Brasil, em 2018. Na primeira parte,
ao lado esquerdo (parte azul), ele ilustra de onde veio a energia consumida no país, trazendo as porcentagens de
participação na geração de cada fonte geradora. Neste ano, cerca de 66,6% da energia elétrica produzida veio de
fontes hidráulicas; 8,6% da energia consumida vem de usinas a gás natural; 8,5% veio da biomassa, 7,5% provida
por usinas eólicas; 3,2% é de carvão mineral; 2,5% veio das usinas nucleares; 2,4% foi fornecida por geradoras que
queimam derivados do petróleo e cerca de 0,5% é energia solar. Na segunda parte, ao lado direito (parte verde), são
ilustrados os principais setores que consumiram a energia gerada, trazendo, também, as porcentagens desses. Neste
ano, 31,6% da energia produzida no país foi destinada para as indústrias; 21,4% foi consumida pelas residências;
15,9% são as perdas no sistema elétrico nacional; 14,3% da energia foi utilizada no comércio; 6,9% foi utilizado pelo
poder público; 4,7% na agropecuária e 0,4% em transporte.

Em relação aos impactos ambientais, as termelétricas caracterizam-se por níveis altos de poluição, visto que
produzem óxido de enxofre que reage com o oxigênio do ar e forma o ácido sulfúrico, o grande responsável
pela produção da chuva ácida. Além disso, outros gases liberados na atmosfera, como óxido de enxofre, óxido
de nitrogênio, monóxido e dióxido de carbono contribuem para o efeito estufa (VASCONCELOS, 2017).

23
UNICESUMAR

Em virtude dos impactos negativos causados na geração de energia elétrica por


meio da termelétrica (principalmente, do petróleo e do carvão), essa tecnologia
tem sido cada vez menos utilizada nas últimas décadas, em especial, devido aos
requerimentos de proteção ambiental e ao aumento da competitividade de fontes
alternativas (VASCONCELOS, 2017).
Deve-se destacar, no entanto, que o gás natural e a biomassa impactam, relativa-
mente menos, a qualidade do ar do que o carvão e o petróleo, ao passo que, dentre
as fontes mencionadas anteriormente, a nuclear não causa efeito algum.
No caso da energia elétrica gerada por meio do sol e dos ventos, que também
está inserida no contexto de energias alternativas e renováveis, a irradiação solar e a
velocidade dos ventos funcionam como combustível para a produção de eletricidade.
Essas formas de energia são, ainda, pouco representativas na matriz elétrica nacional,
mas há projeções de que, no ano de 2024, a energia eólica assuma 11,6%, e a solar,
3,3% de participação na produção de energia elétrica, no país (TOMALSQUIM,
2016 apud VASCONCELOS, 2017). Em relação aos impactos ambientais causados
por essas formas de geração, há alguns impactos indiretos, tais como:
• Energia solar: na confecção das células fotovoltaicas, por exemplo, há a extra-
ção de grandes quantidades de minérios, como o silício, o que, muitas vezes,
ocorre de maneira não sustentável. Outro ponto é o descarte inadequado dos
módulos fotovoltaicos e de resíduos da produção, poluindo o meio ambiente
com os materiais pesados presentes na composição (VASCONCELOS, 2017).
• Energia eólica: neste caso, a poluição sonora e visual são as principais agra-
vantes. Citam-se, também, os acidentes envolvendo aves, as quais morrem em
colisão com as hélices, e a interferência que grandes parques eólicos causam
nas ondas de rádio e TV etc. (VASCONCELOS, 2017).

É importante lembrar que as usinas geradoras de eletricidade por meio de fontes


limpas e/ou renováveis são livres de emissão de gases de efeito estufa durante as
suas operações, mas não são livres das emissões de maneira geral, já que devem
ser considerados o processo de fabricação e a eliminação dos componentes
dessas formas de geração.

24
UNIDADE 1

Caro(a) aluno(a), para entender melhor a situação da matriz elé-


trica brasileira e de outras grandes nações, lhe convido a ouvir
este podcast, em que traremos alguns dados e mostraremos a
relevância de cada fonte.

Prezado(a) aluno(a), estamos chegan-


do ao fim da nossa primeira unidade,
em que lhe apresentamos o estudo
sobre a geração de energia elétrica.
Nesta unidade, introduzimos algu-
mas terminologias e tipos de fontes
geradoras, as quais estudaremos, com
mais afinco, nas unidades seguintes.
No início desta unidade, propo-
mos o cenário onde você, estudante,
seria o(a) engenheiro(a) responsá-
vel por definir o projeto de uma usi-
na para a empresa contratante. Com
o conhecimento, aqui, acumulado,
já sabemos a importância de estu-
dar a oferta de matéria-prima para
a geração em cada local e, também,
conhecemos as principais tecno-
logias que o Brasil domina. Como
engenheiro(a) eletricista, esse co-
nhecimento é importante para você
desenvolver, com precisão e asserti-
vidade, o trabalho em campo.

25
Neste momento, pensaremos no que aprendemos até aqui. Para isso, resgataremos alguns ter-
mos importantes:

FOTOVOLTAICA

SOLAR
TERMOSSOLAR

FONTES EÓLICA
RENOVÁVEIS

HIDRELÉTRICA

GEOTÉRMICA

Petróleo

FONTES NÃO
Gás Natural
RENOVÁVEIS

Carvão
MAPA MENTAL

Nuclear

Figura 4 - Mapa Mental / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura traz, em formato de Mapa Mental, a classificação de fonte renovável e não
renovável de algumas das principais fontes. Dentre as fontes renováveis, temos a solar (que pode ser dividida
entre fonte fotovoltaica e termossolar); a eólica, a hidrelétrica e a geotérmica. Dentre a classificação de fontes
não renováveis, temos o petróleo, o gás natural, o carvão e a nuclear.

26
A figura apresentada permite resgatarmos as classificações de algumas das principais fontes de
energia, as quais estudaremos ao longo das próximas unidades. Entretanto tais fontes podem,
também, ser divididas entre fontes primárias e fontes secundárias.
Neste momento, praticaremos o que vimos até aqui. Com base nas fontes apresentadas, você
deverá, agora, construir um Mapa Mental que contemple essa classificação bem como exemplificar
com tipos de fontes. Bons estudos!

FONTES PRIMÁRIAS
DE ENERGIA

MAPA MENTAL
FONTES SECUNDÁRIAS
DE ENERGIA

27
MEU ESPAÇO

28
1. Podemos definir fonte primária de energia como aquela que se origina, diretamente,
dos recursos naturais, ao passo que a fonte secundária deve passar por um processo
de transformação. Em relação a quais são as fontes primárias de energia, assinale a
alternativa correta:
a) Gasolina, gás natural e sol.
b) Vento, sol e gasolina.
c) Urânio, sol e gás natural.
d) Carvão mineral, óleo diesel e urânio.
e) Água, vento e eletricidade.

2. Levando em consideração os métodos de geração de energia e os impactos ambientais


subsequentes, analise as seguintes afirmativas:
I) A energia solar não impacta, negativamente, o meio ambiente, dessa forma, ela é
classificada como uma fonte geradora 100% limpa.
II) O petróleo e o carvão são as fontes primárias mais poluentes quando falamos de
geração de energia por termelétricas.
III) As energias hidráulica e nuclear são formas energéticas limpas e renováveis.

Está correto o que se afirma em:


a) I, apenas.
b) II, apenas.

AGORA É COM VOCÊ


c) III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I e II, apenas.

29
3. De acordo com os dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2019), o Brasil é um
país cuja matriz elétrica é muito dependente da energia hidráulica, correspondendo a
66% da matriz elétrica nacional. Porém, em períodos de estiagem, os reservatórios das
usinas hidrelétricas, praticamente, secam, e a segurança energética no país se reduz,
consideravelmente. Neste cenário, para garantir o abastecimento energético do país,
podemos acionar outras fontes geradoras, como termelétricas, para suprir a demanda.
Quais impactos esta medida causará na sociedade e no cidadão brasileiro?
I) A energia fornecida será de pior qualidade.
II) O custo da energia será maior.
III) Haverá mais impactos ambientais.
IV) Redução da eficiência e da segurança energética.

Está correto o que se afirma em:


a) II e III, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e IV, apenas.
e) II, III e IV, apenas.
AGORA É COM VOCÊ

30
2
Centrais Termelétricas
Me. Lucas Delapria Dias dos Santos

Como visto na unidade anterior, a maior parte da energia elétrica,


no nosso país, provém de hidrelétricas. Entretanto as termelétri-
cas são acionadas em épocas de escassez e estiagem, quando os
níveis de água das barragens sofrem queda considerável e a ener-
gia elétrica gerada por essas usinas já não é mais suficiente para
abastecer a nossa rede. A energia produzida por uma termelétrica,
via de regra, é mais cara do que a fornecida por outras fontes,
além de ser mais poluente, também. Nesta unidade, poderemos
conhecer, um pouco mais, esta fonte geradora, as suas tecnologias
e classificações bem como os seus impactos positivos e negativos
no meio ambiente e na sociedade.
UNICESUMAR

Como sabemos, os nossos ancestrais, desde os primórdios, já usavam o calor como fonte de energia,
ora para nos protegermos do frio, ora para cozinharmos alimentos. A geração de eletricidade por
meio da combustão de um elemento veio séculos mais tarde e teve o seu boom durante a Revolução
Industrial e, desde então, se tornou uma das geradoras mais comuns e utilizadas ao redor do mundo.
Como veremos, termelétricas são geradoras que funcionam a partir da combustão ou da fissão de
algum elemento gerador de calor. Essas usinas possuem um papel, extremamente, importante na ma-
triz energética brasileira, visto que são as principais responsáveis por suprir energia, em momentos de
escassez. Você, estudante, sabe apontar qual é o papel exercido pela termelétrica, em nossa sociedade?
Caro(a) aluno(a), antes de estudarmos as características dessa geradora, primeiro, entenderemos a
grandeza e a representatividade desta tipologia de usina. Você sabia que a primeira central termelétrica
no Brasil foi ligada em 1883, no Rio de Janeiro? Além disso, de acordo com a ANEEL (2021, on-line), em
2020, havia 8989 termelétricas em operação no nosso país, com centrais geradoras em todos os estados.
Um dos principais desafios na implantação das termelétricas está relacionado aos impactos nega-
tivos causados ao meio ambiente e à emissão de poluentes na atmosfera. A evolução dessa tecnologia
em direção à diminuição das emissões traduz-se na incorporação de filtros e sistemas de captura de
GEE, aumentando os custos de investimento.
Estudante, você seria capaz de avaliar os diferentes tipos de centrais termelétricas, classificá-los de
acordo com a tecnologia empregada e decidir qual o melhor tipo de central a ser instalada, de acordo
com o combustível ofertado na região e a demanda de energia necessária a ser produzida?
Imagine o seguinte problema: com o crescimento populacional no Brasil e o desenvolvimento de novas
indústrias e fábricas, o Ministério de Minas e Energia decide construir algumas termelétricas novas bem como
ampliar algumas existentes.Você, caro(a) engenheiro(a), é convidado(a) a fazer parte deste projeto, assim, deve
escolher a matéria-prima a ser utilizada na combustão e o ciclo do processo (ciclo aberto, fechado, a gás etc.).

Para lhe ajudar nesta pesquisa e no trabalho proposto, convido você


a visitar o site da Petrobrás, por meio do QR-Code e, então, conhecer
algumas usinas geradoras existentes no Brasil.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

No site da Petrobrás, encontramos exemplos de diversas termelétricas, de várias potências, as quais


utilizam os mais variados combustíveis. Durante esta experimentação, qual das usinas apresentadas
mais lhe chamou a atenção e por quê? Sugiro que você anote, no seu Diário de Bordo, ao menos, três
usinas termelétricas, analise a média de geração MW (Megawatt), nos últimos anos, e o motivo da
escolha de cada uma delas. Você verá, então, a importância dessa central para o nosso país.

32
UNIDADE 2

Com o objetivo de sanar as dúvidas levantadas e resolver os problemas propostos, conheceremos,


ainda mais, as usinas termelétricas, a sua tecnologia e o seu ciclo de trabalho.

DIÁRIO DE BORDO

Na unidade anterior, tivemos uma visão geral da matriz energética brasileira e estudamos a importância
das centrais hidrelétricas, que são as maiores contribuintes de energia elétrica no Brasil. Nesta unidade,
estudaremos as centrais termelétricas, as quais, como sabemos, são a segunda forma de geração predo-
minante na matriz elétrica nacional. Você será introduzido(a) aos principais componentes e tipos de
centrais termelétricas, aos combustíveis, comumente, utilizados bem como aos impactos ambientais
causados por estes empreendimentos.
Quando nos referimos aos impactos ambientais, veremos, adiante, que as termelétricas são as prin-
cipais responsáveis pela emissão de gases poluentes. Entretanto, apesar do ponto negativo, elas são,
extremamente, necessárias para assegurar a eficiência energética dos países (VASCONCELOS, 2017).
Ainda, de acordo com Vasconcelos (2017), o custo dos combustíveis utilizados nas termelétricas
também representa um ponto negativo para essa forma de geração. No nosso país, a energia termelétrica,
no geral, é mais cara do que a energia proveniente de outras fontes. Nesse contexto, se faz necessário
gerenciar, com sabedoria, os recursos energéticos nacionais e diversificar a matriz.

33
UNICESUMAR

Nas termelétricas, temos dois princípios de funcionamentos: a primeira forma, a mais usual
e convencional, ocorre quando a energia elétrica é gerada pela queima de um combustível.
Esta reação físico-química libera energia térmica, que é convertida em energia elétrica, a este
processo damos o nome de combustão. A segunda forma acontece por meio da fissão de
combustíveis radioativos, em que determinados elementos, como o urânio, são utilizados
para gerar calor e, em seguida, eletricidade.
Usinas cuja geração é baseada na combustão são conhecidas como termelétricas; ao passo que cen-
trais cuja geração é baseada na fissão nuclear são chamadas de centrais nucleares. Sabendo da divisão
das usinas termelétricas (combustão e fissão), é importante ressaltar que os combustíveis utilizados
podem ser provenientes de fontes energéticas primárias renováveis ou não renováveis. Nessas gera-
doras, dentre os elementos não renováveis, pode-se citar a maioria dos combustíveis fósseis (dentre
eles: carvão mineral, gás natural, petróleo e os seus derivados), além dos elementos radioativos, como
urânio e plutônio. Para os elementos renováveis, temos a biomassa, proveniente de plantações regionais
(bagaço de cana-de açúcar, por exemplo) (REIS, 2011).
Em meio a tanta variedade, os combustíveis mais recorrentes e, usualmente, aplicados nas centrais
térmicas a vapor são: o óleo, o carvão, a biomassa (madeira, bagaço de cana, lixo etc.), além dos deri-
vados do petróleo. Nas máquinas térmicas a gás (que serão estudadas mais à frente), destacam-se o gás
natural e o óleo diesel. Já nas usinas que funcionam a partir da fissão nuclear, o urânio enriquecido é
o principal elemento (VASCONCELOS, 2017).
No quesito emissão de gases do efeito estufa, os derivados do petróleo e o carvão mineral são os mais
poluidores (VASCONCELOS, 2017). A Tabela 1 apresenta, de maneira sucinta, os principais impactos
causados pela queima destes dois combustíveis.

Dióxido de carbono (CO2), óxido de enxofre (SO), cinzas (material particula-


Efluente aéreo
do), óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono e hidrocarbonetos.

Sistemas de refrigeração (a elevação de temperatura do efluente final em rela-


ção ao captado pode afetar a fauna e a flora locais). Sistema de tratamento de
Efluentes líquidos água (produtos químicos poluidores do lençol freático são utilizados para des-
mineralizar a água destinada à produção de vapor). Líquidos para a limpeza de
equipamentos (retira depósitos incrustados que dificultam as trocas de calor).

Efluentes sólidos Cinzas e poeiras.

Tabela 1 - Impactos ambientais das centrais termelétricas / Fonte: adaptada de Reis (2011).

A respeito das usinas nucleares, o principal impacto negativo ao meio ambiente e à sociedade, de
maneira geral, está relacionado à possível contaminação da natureza pelos rejeitos radioativos que
permanecem nocivos por milhares de anos. Sendo assim, é importante que o descarte do material
radioativo ocorra de maneira estratégica e segura. O material nocivo deve ser acondicionado em
reservatórios revestido por chumbo e concreto e passar por monitoramentos constantes para
evitar a contaminação por vazamento.

34
UNIDADE 2

Como já dito, anteriormente, o funciona- na mistura ar-combustível. Sendo assim, o


mento das centrais termelétricas baseiam-se na fluido de trabalho será o conjunto de pro-
conversão de energia térmica em mecânica e, dutos da combustão. A combustão interna
posteriormente, em eletricidade. A energia tér- é o método utilizado, principalmente, nas
mica é transformada em mecânica por meio do turbinas a gás e nas máquinas térmicas
aquecimento de um fluido, que, com a expansão, a pistão (motores a diesel, por exemplo).
realiza trabalho em turbinas térmicas. b) Usinas de combustão externa: nesta mo-
A primeira etapa do processo, a conversão dalidade de termelétrica, o combustível não
da energia térmica em mecânica, ocorre com entra em contato com o fluido de trabalho. O
o auxílio de fluidos. No processo de expansão combustível aquece o fluido de trabalho (em
deste elemento, ocorrerá a produção de tra- geral, a água) em uma caldeira, para produzir
balho em turbinas térmicas. Em seguida, há vapor. Esta transformação de líquido para
o acionamento mecânico de um gerador elé- vapor causa a expansão do fluido no inte-
trico acoplado ao eixo da turbina, permitindo rior de uma turbina, resultando em torque
a conversão da energia mecânica em elétrica mecânico (trabalho). As centrais nucleares,
(VASCONCELOS, 2017). embora não utilizem combustão, e sim, fissão
Na prática, a combustão da matéria-prima nuclear, se enquadram nessa classificação,
gera calor para transformar, em uma caldeira, uma vez que o processo de fissão não entra
um fluido em vapor (ou gás). Este se expande em contato direto com o fluido de trabalho.
(sendo assim, há redução da pressão) na turbi-
na, produzindo torque ao eixo de uma turbina,
mecanicamente, acoplada a um gerador elétrico,
concretizando a conversão da energia mecânica
em elétrica (VASCONCELOS, 2017).
REALIDADE
Na parte seguinte do processo, após o vapor
AUMENTADA
sair da turbina, ele é direcionado para dentro de
um condensador, de modo que o calor possa ser
removido, obtendo-se, novamente, o fluido em
estado líquido, permitindo recomeçar o ciclo com
o bombeamento desse líquido na caldeira, mais
uma vez (VASCONCELOS, 2017).
Agora que sabemos o básico do funciona-
mento e da geração de energia em uma ter-
melétrica, para Reis (2011), ainda é possível
classificar essas usinas de acordo com o método
da combustão utilizado:
a) Usinas de combustão interna: a geração
de trabalho ocorre quando o combustível Usina Termelétrica
entra em contato com o fluido de trabalho,

35
UNICESUMAR

A Figura 1 ilustra o diagrama simplificado de uma geradora termelétrica com combustão externa (a
vapor), de acordo com Reis (2011). A queima de combustível gera calor, o qual transforma o líquido
em vapor, na caldeira. Esse vapor se expande (a pressão passa de alta à baixa) na turbina a vapor, que
movimenta um gerador elétrico. O vapor que sai da turba vai ao condensador, onde o valor é retirado
e se obtém o líquido, este é bombeado de volta à caldeira, fechando o ciclo.
Os principais combustíveis, aplicados, usualmente, nas centrais a vapor, são: o óleo, o carvão, a bio-
massa (madeira, bagaço de cana, lixo etc.) e derivados de petróleo. Os principais combustíveis usados
nas máquinas térmicas com combustão interna são o gás natural e o óleo diesel.
CALOR
VAPOR (ALTA PRESSÃO)
CALDEIRA
QUEIMA DO
COMBUSTÍVEL

TURBINA GERADOR
LÍQUIDO

VAPOR (BAIXA PRESSÃO)

CONDENSADOR
LÍQUIDO
BOMBA
CALOR

Figura 1 - Central termelétrica com combustão externa (a vapor) / Fonte: Reis (2011, p. 130).

Descrição da Imagem: a figura mostra uma central termelétrica com combustão externa, ou seja, a vapor. Ela se
inicia num círculo, que está descrito bomba, em seguida, uma flecha aponta para cima, nela, está escrita a palavra
Líquido. Essa flecha leva a um retângulo e, dentro dele está escrito Caldeira. Ao lado desse retângulo, aparecem as
palavras Calor e Queima do combustível. Do lado direito desse retângulo, há outra flecha e, acima dela, está escrito
Vapor (alta pressão). Essa flecha aponta a um trapézio, dentro dele está escrito Turbina. Desse trapézio saem dois
apontamentos, num deles está escrito Gerador e, embaixo dele, está escrito Vapor (baixa pressão). Essa flecha aponta
para um quadrado onde há alguns riscos em ziguezague, logo abaixo está a palavra Calor. Desse quadrado sai uma
flecha apontando para o lado esquerdo e que volta para o círculo onde está escrito Bomba.

Além disso, há outra classificação que é importante de ser ressaltada: as máquinas térmicas operam
ciclicamente, então, estes ciclos podem ser ciclo aberto ou ciclo fechado.
Durante o ciclo aberto, o fluido de trabalho é submetido, apenas, a um ciclo mecânico, não existindo
o ciclo termodinâmico, neste caso, o estado termodinâmico inicial é diferente do final. Se o fluido de
trabalho sofrer uma série de processos, mas retornar ao estado inicial, tem-se uma operação em ciclo
fechado (GUILHERME, 2017 apud VASCONCELOS, 2017).

36
UNIDADE 2

Até este momento, vimos as classificações das termelétricas pelo método de combustão (interna ou
externa) e pelo ciclo de trabalho (aberto ou fechado). Contudo Vasconcelos (2017) afirma que elas
também podem ser classificadas de acordo com o seu funcionamento. Desse modo, os principais tipos
de usinas termelétricas são:
a) Centrais a vapor (não nucleares).
b) Centrais a vapor (nucleares).
c) Centrais a gás.
d) Centrais a diesel.
e) Ciclo combinado.

a) Centrais a vapor (não nucleares): são centrais geradoras capazes de trabalhar tanto em ciclo
aberto quanto fechado. Para o primeiro caso, ciclo aberto, é utilizado, apenas, o vapor durante
o processo. Já no segundo caso, no ciclo fechado, utiliza-se um ou mais fluidos em ciclos super-
postos (VASCONCELOS, 2017). O ciclo teórico de funcionamento das termelétricas a vapor
baseia-se no Ciclo de Carnot, conforme mostramos, a seguir.

Descrição da Imagem: este grá-


T fico ilustra o que acontece com o
fluido de trabalho durante o Ciclo
de Carnot. Temos a Temperatura
(T) representada no eixo Y e a en-
ÁGUA VAPOR SAT VAPOR SUPERAQUECIDO
talpia (S) representada no eixo X.
Durante o Ciclo de Carnot, o fluido,
ao realizar o trabalho e se expandir,
2 Q23 3 passa para o estado líquido (1-2).
Em seguida, aquecemos o fluido
de trabalho, em um sistema iso-
W12 W34 térmico, o fluido do estado líquido
vai para o vapor superaquecido
(Etapas 2-3). Novamente, ao rea-
lizar trabalho, o fluido volta para
1 4 o estado de vapor (3-4). Por fim,
Q41 para fechar o ciclo, em um estado
S isotérmico, o fluido perde calor e
está pronto para ser aquecido, no-
vamente, e realizar trabalho.
Figura 2 - Ciclo de Carnot / Fonte: Vasconcelos (2017, p. 102).

37
UNICESUMAR

Na Figura 2, Q representa o calor cedido pelo sistema e W, o trabalho realizado. Nesse contexto, consi-
deraremos que T2 = T3 = TQ (temperatura da fonte quente) e T1 = T4 = TF (temperatura da fonte fria).
Entretanto o Ciclo de Carnot representa uma situação perfeita, ideal, mas sabemos que, na vida real,
não é assim que funciona. Temos atritos, perdas de calor e de energia, entre diversos outros fatores in-
fluenciando o ciclo. Dessa forma, na vida real, os processos não são isotérmicos, tampouco adiabáticos.
Todavia sabemos que nenhum processo ocorre de forma perfeita, assim, sempre há perdas. Dessa
forma, o princípio real de funcionamento baseia-se no Ciclo de Rankine. A seguir, será apresentado
o esquema de funcionamento de termelétricas a vapor sem e com superaquecimento, conforme
mostram as Figuras 3 e 4, respectivamente.

T
3
VAPOR SUPERAQUECIDO

ÁGUA VAPOR SAT


CALDEIRA TURBINA

W34 3
Q23 4
Q23
2
CONDENSADOR

W34
W12
2
W12 Q41 1 4
Q41
S

BOMBA 1

(a) (b)

Figura 3 - (a) Esquemático de termelétrica a vapor sem superaquecimento; (b) diagrama Temperatura (T) x Entropia (S) no Ciclo de Rankine.
Fonte: Vasconcelos (2017, p. 103).

Descrição da Imagem: aqui temos duas figuras. Na primeira, a Figura 3 (a), temos o esquema do Ciclo de Rankine
sem o superaquecimento, enquanto a Figura 3 (b) é a representação gráfica. Na primeira figura, temos a represen-
tação da bomba, da caldeira, da turbina e do condensador. No momento em que o fluido passa pela bomba e vai
para a caldeira, ele ganha calor. Entre a caldeira e a turbina, o fluido é aquecido e comprimido, ganhando entropia,
tornando-o capaz de realizar trabalho nas turbinas. Após isso, ele passa pelo condensador e reinicia o ciclo.

Na Figura 3, observamos que a modificação básica em relação ao Ciclo de Carnot ideal é o desloca-
mento do final da condensação (ponto 1) para a linha de equilíbrio água/vapor. Neste formato, a bomba
trabalha, apenas, com líquido (o que é positivo em termos operacionais), embora a turbina continue
operando com água e vapor (VASCONCELOS, 2017). Podemos descrever o Ciclo de Rankine como:
• Etapa adiabática 1-2: bombeamento reversível.
• Etapa isobárica 2-3: troca de calor à pressão constante na caldeira.
• Etapa adiabática 3-4: expansão reversível na turbina.
• Etapa isobárica 4-1: troca de calor à pressão constante no condensador.

38
UNIDADE 2

Podemos aumentar a eficiência do processo por meio do aumento da temperatura em T3, deslocando,
também, a temperatura T4 para à direita, reduzindo o teor de água no processo. Para isso, seria neces-
sário um dispositivo de superaquecimento na saída da caldeira. Dessa forma, as termelétricas a vapor
com superaquecimento são mostradas, a seguir, na Figura 4.

T VAPOR SUPERAQUECIDO
SUPERAQUECEDOR 3

ÁGUA VAPOR SAT 3


Q23 TURBINA

W34
CALDEIRA 4 Q23 W34
2
CONDENSADOR

W12
2
W12 Q41 1 4
Q41
1 S

(a) BOMBA (b)

Figura 4 - (a) Representação esquemática de termelétrica a vapor com superaquecimento; (b) respectivo diagrama Temperatura (T) x Entropia
(S) no Ciclo de Rankine / Fonte: Vasconcelos (2017, p. 103).

Descrição da Imagem: a figura 4 (a) representa o Ciclo de Rankine com superaquecimento, enquanto a Figura 4
(b) é a representação gráfica. Na primeira figura, temos a representação da bomba, da caldeira, da turbina e do
condensador. No momento em que o fluido passa pela bomba e vai para a caldeira, ele ganha calor. Entre a caldeira
e a turbina, o fluido é superaquecido e comprimido, ganhando calor e entropia, tornando-o capaz de realizar mais
trabalho do que o ciclo sem o superaquecimento. Após isso, ele passa pelo condensador e reinicia o ciclo.

Para o Ciclo de Rankine com superaquecimento do vapor, temos as seguintes etapas:


• Etapa 1-2: representa o trabalho consumido pela bomba (ideal).
• Etapa 2-3: calor fornecido pela caldeira.
• Etapa 3-4: trabalho fornecido pela turbina (ideal).
• Etapa 4-1: calor cedido pelo condensador.

b) Centrais a vapor (nucleares): devido aos riscos que as usinas nucleares apresentam, é utilizada,
nas plantas atuais, uma tecnologia, extremamente, segura e confiável. A seguir, apresentaremos
algumas das tecnologias de reatores nucleares mais comuns, segundo Vasconcelos (2017):

(i) Reatores a água leve (LWR – Light Water Reactor): tecnologia utilizada na maioria das
plantas nucleares em operação, no mundo, devido ao baixo custo. As PWR (Pressurized Water
Reactor) vieram como aperfeiçoamento das LWR, visto que possibilitam produzir mais potência
elétrica por unidade de reator.

39
UNICESUMAR

(ii) Reatores à água pesada (HWR – Heavy Water Reactor): tecnologia empregada na minoria
das plantas reativas existentes, no mundo. Trata-se de um reator econômico e bem difundido
em alguns países, tais como Canadá, Argentina e Índia. Devido ao tamanho físico dessas usinas,
o modelo HWR é limitado a produzir até 900 MWe (Megawatt Elétrico) por unidade de reator.

(iii) Reatores super-regenerados rápidos (Fast Breeder Reactors) ou reatores refrigerados a


metal líquido: este modelo de usina nuclear não é muito utilizado, principalmente, por causa
da disponibilidade de urânio a custos competitivos, viabilizando, assim, outras tecnologias.
Todavia esta tecnologia merece destaque dentre as nucleares porque ela possui rendimento
bastante acima das demais formas de usinas nucleares.

c) Centrais a gás: este modelo permite a geração de eletricidade tanto em circuito aberto quanto
em circuito fechado. Dessa forma, há dois tipos de turbina a gás: turbinas aeroderivativas (para
circuito aberto) e industriais (para circuito fechado).
A turbina aeroderivativa, no geral, é mais compacta e leve, sendo indicada para ope-
ração de pico ou regime de emergência, ao passo que as turbinas industriais são,
extremamente, resistentes e robustas.
As turbinas utilizadas em circuito fechado precisam resistir às temperaturas altíssimas, por volta de
1260 °C, superior às turbinas a vapor, que trabalham com temperatura perto dos 540 °C. A Figura
5 ilustra, de modo esquemático, uma central termelétrica a gás.

COMBUSTÍVEL

2 3

Descrição da Imagem: nesta


W (TRABALHO)

CÂMARA DE figura, temos a representação


COMBUSTÃO simplificada de uma termelétri-
ca a gás. Neste caso, teremos o
compressor, a câmara de com-
COMPRESSOR TURBINA
bustão e as turbinas. Neste
EIXO
esquema, o ar entra pelo com-
pressor e passa pela câmara
de combustão, onde é injetado
1 4 o combustível. A combustão
ocorre quando há oxigênio e
um comburente, assim, a com-
bustão ativa o fluido e gera tra-
ENTRADA SAÍDA balho nas turbinas.
DE AR DE GASES

Figura 5 - Representação esquemática de termelétrica a gás / Fonte: Vasconcelos (2017, p. 105).

Por fim, estudaremos o Ciclo de Braytin, ilustrado na Figura 6, onde são apresentados os
diagramas Pressão (P) x Volume (V) e Temperatura (T) x Entropia (S).

40
UNIDADE 2

Figura 6 - (a) Diagrama pressão x volume; (b) temperatura x entropia no Ciclo de Braytin / Fonte: Vasconcelos (2017, p. 106).

Descrição da Imagem: aqui, temos a representação do Ciclo de Braytin. A Figura 6 (a) ilustra o comportamento do
trabalho da operação quando se varia a pressão e/ou o volume. Já a Figura 6 (b) ilustra como a entropia varia com
a mudança de temperatura.

• Etapa 1-2: onde ocorre a compressão do ar em regime adiabático.


• Etapa 2-3: onde ocorre o aquecimento e a expansão do ar na câmara de combustão, em
regime isobárico.
• Etapa 3-4: onde o ar aquecido movimenta uma turbina num processo adiabático.
• Etapa 4-1: onde, por fim, há o resfriamento e a contração do ar com o ambiente, em
regime isobárico.

Devemos observar que as etapas descritas nos processos 2-3 e 4-1 ocorrem sob pressão, hipoteti-
camente, constante devido a aspectos construtivos da câmara que oferecem pouca resistência ao ar.

d) Centrais a diesel: este tipo de gerador é, extremamente, requisitado para fornecer energia em
sistemas isolados, ou seja, sistemas que precisam funcionar, apenas, esporadicamente. Também
é utilizado em regiões afastadas dos centros urbanos, como fazendas e pequenas indústrias, ou
em empreendimentos que não podem sofrer com a falta de energia da concessionária, como
hotéis, hospitais, shoppings, assim por diante. Por fim, também é, vastamente, utilizado em
indústrias e empresas de grande porte, as quais fazem uso desses geradores em horas de pico
bem como em casos de emergência.
Os valores de potência das centrais a diesel não ultrapassam 40 MW, logo, são limitadas em
relação à potência fornecida. Além disso, o ruído, a vibração, a dificuldade de aquisição de peças
de reposição e os altos custos do combustível são fatores negativos à sua aplicação. Dentre os
pontos positivos, temos a simplicidade de operação, a facilidade de manutenção e a capacidade
de atuar, rapidamente, em uma eventual entrada de carga (VASCONCELOS, 2017).

41
UNICESUMAR

e) Ciclo combinado: como estudado ao longo desta unidade, a grande diversidade da geração
termelétrica está relacionada aos combustíveis utilizados. As termelétricas geram calor e energia
com vasta gama de opções de recursos energéticos primários renováveis e não renováveis. Por
isso, as centrais térmicas são, facilmente, utilizadas no sistema de cogeração.
De acordo com Vasconcelos (2017), a utilização do ciclo combinado proporciona a redução no
consumo específico de combustível e a consequente redução das emissões de CO2.
Este é um processo bem interessante, que se baseia na recuperação do calor dos gases expelidos
da turbina a gás para acionar uma turbina a vapor. Neste caso, a eficiência global do ciclo com-
binado é maior do que quando são considerados, apenas, os processos individuais (REIS, 2011).
Vasconcelos (2017) explica que o sistema de cogeração é capaz de realizar, de forma se-
quencial, a geração de energia elétrica e térmica, a partir de um único combustível, como
gás natural, carvão, biomassa ou derivados de petróleo. Quando o sistema de cogeração
se encontra bem dimensionado e balanceado, é possível aumentar o rendimento global da
utilização do combustível empregado, ampliando, assim, a eficiência energética. Aliás, ca-
ro(a) aluno(a), veremos, nas unidades seguintes, mais a respeito desse método de geração.

Agora que finalizamos as classificações, veremos os pontos negativos das usinas termelétricas, os quais
são relacionados ao meio ambiente. Apesar de, amplamente, difundidas e utilizadas, essas usinas apre-
sentam diversos impactos na fauna e na flora, visto que operam a partir da queima de combustíveis,
em sua maioria, derivados do petróleo ou do carvão mineral.
A combustão destes elementos acarreta a geração e eliminação de efluentes tóxicos, danosos e
poluentes ao meio ambiente bem como aos seres vivos. Para Reis (2011), estes efluentes podem ser
classificados em aéreos, líquidos e sólidos.
A geração de energia elétrica pelas centrais termelétricas é a segunda maior produtora de gases e partí-
culas (efluentes aéreos) e, portanto, de muita influência no aquecimento global. Os países desenvolvidos
são os principais responsáveis por isso, devido à sua considerável dependência de geração termelétrica.

42
UNIDADE 2

Uma série de discussões e acordos internacionais buscam, há algumas décadas, a redução mundial
das emissões. O ponto de partida mais conhecido rumo a este objetivo foi o Protocolo de Kyoto, o qual,
em sua origem, visava a estabelecer metas para reduzir a emissão de gases estufa.
Dentre os gases mais nocivos, encontram-se: dióxido de carbono (CO2), óxido de enxofre
(SO), óxidos de nitrogênio, monóxido de carbono, hidrocarbonetos e materiais particulados
(cinzas que são expelidas à atmosfera pelas chaminés). O material particulado afeta o meio
ambiente e causa problemas respiratórios em pessoas e animais, além de inúmeros problemas
para a vegetação local (REIS, 2011).
Já os efluentes líquidos, de acordo com Reis (2011), podem afetar física e/ou quimicamente
o solo e as águas, tanto as superficiais quanto as subterrâneas. Para este autor, os principais
efluentes líquidos são:
a) Sistema de refrigeração: no caso de refrigeração por circulação direta, podem ocorrer pro-
blemas com a fauna e com a flora da fonte d’água, em função da elevação da temperatura do
efluente final em relação ao captado.
b) Sistema de tratamento de água: na produção de vapor, as termelétricas necessitam de água
tratada para a sua operação de desmineralização. Neste tratamento, são utilizados produtos
químicos que resultam em efluentes, potencialmente, poluidores do solo, do lençol freático,
dos cursos d’água etc.
c) Purga das caldeiras: devido aos sais presentes na água, há a formação de incrustamento nas
caldeiras. Este problema pode ser minimizado quando utilizamos água desmineralizada de
alta qualidade combinado com produtos químicos. A finalidade desta combinação é limitar a
presença de sólidos em suspensão no interior da caldeira. Tal resíduo é um potencial poluidor
do solo, do lençol freático, dos cursos d’água etc.
d) Líquidos para limpeza de equipamentos: os depósitos que se acumulam nos equipamentos
de queima e de geração de vapor dificultam a troca de calor e necessitam de remoção periódica
com produtos químicos líquidos, potencialmente, poluidores do meio ambiente.

43
UNICESUMAR

Além do exposto, anteriormente, outros efluentes, como os provenientes de rompimento de selos de


bombas, vazamento de tanques de combustível, falhas de válvulas etc., podem ser poluidores, depen-
dendo das suas características químicas.
a) Efluentes sanitários e de drenagem: os despejos sanitários podem ser prejudiciais ao meio
ambiente em função de reações químicas. Esses despejos são constituídos por esgotos orgânicos,
despejos sanitários, lavagens de refeitórios etc.
b) Efluentes sólidos: tais efluentes, produzidos numa usina termelétrica, são constituídos pelas cinzas
e poeiras consequentes da operação da usina e podem afetar física e/ou quimicamente o ambiente.

As cinzas podem ser classificadas em leves ou volantes (fly ash) — aquelas que ficam pairando no ar
e sobem para a atmosfera — ou em pesadas (bottom ash) — aquelas que decantam e se depositam
sobre o meio ambiente (árvores, rios, cidades etc.).
As cinzas não devem ser abandonadas no meio ambiente, pois, com a ajuda das chuvas e dos ventos,
elas podem formar efluentes poluidores e contaminar a atmosfera, o solo e a água.
Para as usinas nucleares, a situação ambiental é bastante diferente. Embora se apliquem as restrições,
aqui, apresentadas para os vários tipos de efluentes, o problema dos efluentes aéreos é substituído por
questões como segurança e manejo do lixo atômico.

Como forma de fixarmos o conteúdo e sanarmos algumas dúvidas


que podem ter surgido, lhe convido a ouvir este podcast, em que
retomamos alguns conceitos e classificações importantes. Também
falaremos sobre os Ciclos de Carnot e de Rankine bem como veremos
os pontos negativos e positivos das termelétricas.

Nesta unidade, conhecemos, um pouco mais, dos pormenores das centrais termelétricas. Agora,
estamos aptos a identificar e a classificar as mesmas, assim como os seus ciclos de trabalho, além
de realizar estudos de poluição.
Por causa da versatilidade e flexibilidade com que essa usina pode ser trabalhada, fica fácil de
entender a importância que as termelétricas têm para a matriz elétrica brasileira e global e, também,
porque grandes grupos, como a Petrobrás, se interessam por este tipo de investimento. Além das usinas
apresentadas, há diversos outros grupos nacionais e internacionais com investimentos milionários
em nosso país, promovendo diversas vagas de emprego nas áreas de geração, transmissão e potência
elétrica, as quais poderão ser ocupadas por você, futuro(a) engenheiro(a).

44
Considerando os quesitos positivos e negativos, estimam-se que as centrais termelétricas terão
vida, ainda, por mais algumas décadas na matriz elétrica nacional, de modo que continuarão a
ser importantes para a segurança energética e a estabilidade do sistema.
Caro(a) engenheiro(a), quais outros aspectos você considera na elaboração de um plano de viabi-
lidade para uma termelétrica? Nos quadros, a seguir, elenque algumas das principais vantagens
e desvantagens relacionadas à instalação e ao uso de termelétricas, levando em consideração
todos os aspectos já abordados.
Espero que você tenha gostado de aprender mais sobre a geração de energia elétrica. Bons estudos!

TERMELÉTRICAS

VANTAGENS DESVANTAGENS

1 1

2 2

MAPA MENTAL
3 3

4 4

5 5

45
MEU ESPAÇO

46
1. Dentre as mais diversas formas de geração de energia, uma das mais antigas e mais
utilizadas, até hoje, baseia-se na transformação da energia química dos combustíveis
em energia térmica e, em seguida, em energia elétrica. Centrais que utilizam o processo
de combustão são, usualmente, conhecidas como centrais termelétricas. Neste cenário,
com base nos combustíveis, tipicamente, utilizados por usinas a gás e a vapor, assinale
a afirmativa que classifica um combustível típico de usinas a gás:
a) Carvão mineral.
b) Carvão vegetal.
c) Óleo diesel.
d) Biomassa.
e) Petróleo.

2. As termelétricas são centrais geradoras capazes de trabalhar tanto em ciclo aberto


quanto em ciclo fechado. Para o primeiro caso, ciclo aberto, é utilizado, durante o pro-
cesso, apenas, o vapor. Já no segundo caso, ciclo fechado, são utilizados um ou mais
fluidos, em ciclos superpostos. A figura, a seguir, ilustra o princípio de funcionamento
(Ciclo de Carnot) de uma central a vapor sem reaquecimento.

ÁGUA VAPOR SAT VAPOR SUPERAQUECIDO

AGORA É COM VOCÊ


2 Q23 3

W12 W34

1 4
Q41
S

Figura 1 - Ciclo de Carnot / Fonte: Vasconcelos (2017, p. 102).

Descrição da Imagem: este gráfico ilustra o que acontece com o fluido de trabalho durante o Ciclo de
Carnot. Neste gráfico, temos a Temperatura (T) representada no eixo Y e a Entalpia (S) representada
no eixo X. Durante o Ciclo de Carnot, o fluido, ao realizar trabalho e se expandir, passa para o estado
líquido (1-2). Em seguida, aquecemos o fluido de trabalho, em um sistema isotérmico, o fluido vai do
estado líquido para o vapor superaquecido (etapa 2-3). Novamente, ao realizar trabalho, o fluido volta
para o estado de vapor (3-4). Por fim, para fechar o ciclo, em um estado isotérmico, o fluido perde calor
e está pronto para ser aquecido, novamente, e realizar trabalho.

47
As variáveis Q e W correspondem, respectivamente, ao calor cedido ao vapor e ao tra-
balho realizado. De acordo com a figura apresentada, uma expansão adiabática ocorre
em qual(is) etapa(s) de funcionamento do Ciclo de Carnot?
a) 1-4 e 2-3.
b) 1-2 e 3-4.
c) 3-4.
d) 1-2.
e) 2-3.

3. Temos as classificações das termelétricas pelo método de combustão (interna ou externa),


pelo ciclo de trabalho (aberto ou fechado) e, também, de acordo com o seu funcionamen-
to. Neste último método, temos as seguintes categorias: centrais a vapor (não nucleares);
centrais a vapor (nucleares); centrais a gás; centrais a diesel; ciclo combinado.
Sobre as classificações das termelétricas, leia as afirmativas, a seguir, e assinale a
alternativa incorreta:
a) Centrais a vapor (não nucleares) são usinas geradoras que atuam tanto em ciclo
aberto quanto em ciclo fechado.
b) Centrais a vapor (nucleares): as tecnologias utilizadas em reatores modernos são
bastante seguras e podem ser divididas em reatores à água leve; reatores à água
pesada; reatores super-regenerados rápidos.
AGORA É COM VOCÊ

c) Centrais a gás, ao contrário das centrais a vapor, trabalham, apenas, em ciclo aberto,
devido ao processo de combustão limitado.
d) Centrais a diesel são utilizadas, principalmente, para fornecer energia a sistemas iso-
lados que operem determinado período de tempo.
e) Ciclo combinado proporciona redução no consumo específico de combustível e a
consequente redução das emissões de CO2­.

48
3
Centrais Nucleares
Me. Lucas Delapria Dias dos Santos

Nesta unidade, você terá poderá aprender mais sobre as usinas


nucleares. Como veremos, a radioatividade é um assunto delicado
para a sociedade em geral devido aos históricos acidentes que ocor-
reram em centrais nucleares. Por conta disso, há muita informação
parcial ou totalmente equivocada sobre o assunto. Aqui, sanaremos
diversas dúvidas e aprenderemos algumas classificações.
UNICESUMAR

Caro(a) aluno(a), a energia nuclear, apesar de ser


uma das fontes de energia com mais potencial ge-
rador, também é uma das fontes com representa-
tividade de geração mais recuadas em nosso país.
O Brasil domina a tecnologia necessária para
o processo, entretanto, há muito receio e medo
por parte da população. O que muita gente não
sabe é que, nas usinas de Angra dos Reis I e II,
maiores centrais nucleares da nação, foi utilizada
uma tecnologia diferente da que era empregada
em Chernobyl, sede de um dos maiores desas-
tres nucleares da humanidade. Nessas usinas,
em caso de incidentes, a segurança para conter
a radioatividade é bem mais expressiva e esta-
mos mais preparados, além de termos planos e
protocolos de emergências.
Estudante, tendo em vista a necessidade da
energia nuclear ao redor do globo, você sabe
dizer o que é essa energia e como ela é obtida?
Ou quais são os reais benefícios e malefícios
decorrentes da geração energética por meio de
fontes nucleares? E qual tecnologia está sendo
utilizada nas usinas de Angra I e II?
De acordo com dados divulgados pelo EPE
(2019), a energia nuclear, em 2019, representou
2,5% da matriz elétrica brasileira. Apesar da re-
presentatividade, relativamente, baixa, nos Esta-
dos Unidos da América, essa porcentagem chega
próximo a 17%. Na França, é de 60%.
Além da importância para a geração de ele-
tricidade, a energia nuclear também é, extrema-
mente, utilizada em outros processos. A radiação
e a radioatividade são empregadas em diversos
campos da ciência e, também, de diversas formas
no nosso dia a dia, por exemplo, em diagnóstico
ou terapia, agricultura e meio ambiente. O mais
interessante é que o princípio de utilização de ele-
mentos nucleares para gerar energia é semelhante
ao princípio usado nas outras aplicações citadas.

50
UNIDADE 3

Engenheiro(a), suponha que você esteja trabalhando no projeto de ampliação de Angra dos Reis I.
Neste cenário, teremos que conhecer o funcionamento prévio da usina a ser ampliada, quais as con-
dições ambientais da região onde ela se localiza, custos e disponibilidade de material, mão de obra
e matéria-prima, além de diversos outros fatores. Em vista disso, sabendo da relutância por parte da
sociedade em aumentar o uso de energia nuclear, lhe convido a pesquisar quais são os cinco países no
mundo que mais fazem uso dessa energia e se há registros de acidentes nucleares nesses países.
Em nosso país, todas as atividades relacionadas à energia nuclear são entendidas como sendo de
competência exclusiva da União. A utilização e comercialização de radioisótopos para pesquisa e usos
médicos, agrícolas e industriais podem ser feitas por entidades privadas num regime de permissão. As
principais instituições responsáveis pelo desenvolvimento das atividades nucleares no Brasil são a Co-
missão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e a Eletronuclear
(subsidiária da Eletrobrás para a energia nuclear, responsável pela construção e operação das usinas).
Sabendo como as atividades nucleares são regularizadas no Brasil, lhe convido a refletir sobre a popula-
ridade da fonte em outros países, como os pesquisados por você, anteriormente. Dada a alta representati-
vidade da energia nuclear em alguns dos locais mais desenvolvidos do mundo, por que será que, no Brasil,
essa porcentagem é tão baixa? Elenque alguns pontos que julgue importantes, em seu Diário de Bordo.
Ficou curioso(a) em saber como a energia nuclear pode nos ajudar a atingir patamares de um país
de primeiro mundo, sem prejudicar a população local? E como podemos empregar essa tecnologia
com segurança e estabilidade, da mesma forma que as nações onde ela é bastante aplicada?

DIÁRIO DE BORDO

51
UNICESUMAR

Vamos conhecer mais sobre a energia nuclear? Começaremos falando sobre as centrais nucleares.
A energia nuclear é, comumente, associada à insegurança e à instabilidade, entretanto, de acordo com
a FGV (2016), ela é uma das principais geradoras de eletricidade do mundo.
A falta de informação e conhecimento nos leva a tratar a energia nuclear com mais apreensão quando
comparada com outras fontes de energia. De fato, existem riscos relacionados a ela, mas esses existem em
todas as fontes geradoras de energia. Para o público, a energia nuclear está associada a explosões nucleares
e a efeitos térmicos, entretanto a concentração de urânio radioativo (235U) não ultrapassa os 5% numa
usina, não podendo ser comparada a bombas atômicas, cuja concentração chega a 90% (FGV, 2016).

Caro(a) aluno(a), existem dois processos que podem ser utilizados


para a obtenção da energia nuclear dentro dos reatores nucleares.
Neste podcast, conheceremos esses processos, as suas peculiarida-
des e onde são utilizados.

Além da segurança, existem outros fatores que causam estranhamento: a geração de rejeitos e possíveis
impactos ambientais da geração nuclear. Esses riscos não são tão elevados quanto se acredita serem,
especialmente, considerando os modelos mais modernos de reatores (FGV, 2016).
A sociedade entende os acidentes em usinas nucleares como sendo mais graves do que outros tipos
de acidentes em usinas geradoras, com níveis semelhantes de danos à população e ao meio ambiente.
Houve, sim, ocorrências relacionadas à operação de usinas nucleares, no passado, mas, em cada acon-
tecimento, a indústria nuclear se aprimora, introduzindo novas tecnologias para tornar as usinas mais
seguras. De acordo com a FGV (2016), os primeiros reatores nos Estados Unidos e em outros países
foram construídos em lugares remotos e não possuíam estrutura de contenção em torno do reator. A
expansão da indústria fez com que os reatores fossem instalados com mais proximidade dos centros
de consumo, o que levou a um processo de aperfeiçoamento constante das medidas de segurança.
Segundo a FGV (2016), o Brasil encontra-se em uma seleta lista de países que dominam o ciclo do
combustível nuclear, e, paralelamente, possuímos, ainda, uma vasta reserva de urânio.
Apesar dos pontos positivos expostos, a nossa tecnologia evolui a passos lentos. Este atraso no avanço
do uso da energia nuclear está relacionado ao planejamento energético do Brasil, focado na expansão
de fontes renováveis, e à falta de conhecimento da sociedade quanto aos reais riscos e benefícios asso-
ciados à energia nuclear. Além de todos esses fatores, ainda há entraves regulatórios que dificultam a
participação da iniciativa privada no financiamento de novas usinas (FGV, 2016).

52
UNIDADE 3

Para a FGV (2016), as comunidades mais favoráveis às instalações de geradores nucleares são as
que vivem em áreas próximas de usinas nucleares, porque elas recebem mais informações a respeito
do funcionamento, da operação e segurança das usinas. Ainda, segundo a FGV (2016, p. 14):


A energia nuclear tem grande potencial para garantir não só a segurança energética, mas
também segurança econômica (custos competitivos e disponibilidade de combustível
a longo prazo) e segurança ambiental – uma vez que os combustíveis fósseis ainda são
os grandes responsáveis pela emissão de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera.

“Ao se tornar radioativo, um material será radioativo para sempre: essa é uma afirmação
falsa. Suponhamos que um objeto foi irradiado com nêutrons ou partículas carregadas, e que
alguns de seus átomos se transformaram em radioisótopos. Nesse caso, existe a possibilidade
de se fazer uma extração química ou física dos elementos em questão, e o resto do objeto não
será radioativo. Mesmo que esse procedimento não seja possível, a radioatividade não dura ‘para
sempre’, já que radioisótopos têm meias-vidas bem definidas. Depois de decorridas entre 5 e
10 meias-vidas, considera-se que não há mais atividade desse elemento. Apenas se a meia-vida
do elemento formado for muito longa é que o objeto será radioativo por um longo período”.
Fonte: Carvalho e Oliveira (2017, p. 44).

Em relação aos custos nivelados da energia nuclear, os custos de operação e manutenção, ao longo
da vida útil de uma usina nuclear, são, relativamente, baixos quando comparados com os custos de
outras centrais geradoras. Entretanto as centrais nucleares necessitam de alto investimento nas etapas
de construção, dessa forma, a tecnologia nuclear tem custo nivelado competitivo quando comparada
a outras tecnologias para geração de energia na base (FGV, 2016).
Com base em alguns parâmetros, podemos definir o custo nivelado de eletricidade (Levelized Cost
of Energy – LCOE, na sigla em inglês). A aplicação do LCOE nos fornece um valor próximo ao custo
real por kWh da construção e da operação da central geradora, ao longo da sua vida útil. Ou seja, o
LCOE representa a receita média requerida, por unidade de energia gerada, para que os investimentos
de construção, operação, manutenção e custos de capital sejam recuperados (FGV, 2016).
Vale ressaltar que alguns fatores e características de cada país influenciarão o valor final do LCOE.
Dentre esses fatores, destacam-se regulações do mercado de energia interno, disponibilidade dos re-
cursos naturais e acesso ao combustível utilizado. Todavia, de acordo com a FGV (2016, p. 20):

53
UNICESUMAR



A oferta de uma tecnologia não estocável e dependente de fatores climáticos não pos-
sui o mesmo valor que uma que pode ser despachada a qualquer momento. Visando
comparar os custos de tecnologias despacháveis e não despacháveis, foi elaborado pela
EIA (US Energy Information Administration) o custo evitado nivelado de eletricidade
(Leveraged Avoided Cost of Energy - LACE, na sigla em inglês), uma medida do que
custaria ao sistema atender à carga se não pudesse contar com a contribuição da
energia produzida pelo projeto avaliado. Ou seja, a ausência da fonte em questão iria
acarretar em maiores custos ao demandar o despacho de fontes mais caras.

A qualidade de vida está, intimamente, relacionada ao consumo de energia. O maior consu-


mo per capita é um indicador da disponibilidade de serviços essenciais à população, como
tratamento de esgoto e de resíduos, hospitais etc. Existem, portanto, indícios de uma relação
entre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o consumo de eletricidade per capita.

Caro(a) estudante, como visto na unidade anterior, o funcionamento e o princípio da tecnologia de


uma central nuclear são semelhantes ao de uma usina termelétrica convencional. Recapitulando: nas
centrais térmicas, um combustível é utilizado para gerar calor e transformar a água em vapor, em alta
pressão, o vapor faz girar a turbina acoplada ao gerador elétrico. A principal diferença entre térmicas
convencionais e nucleares é a fonte de calor que aquece o fluido. Nas convencionais, o calor provém
da queima de um elemento como: carvão, gás natural, óleo diesel, biomassa, entre outros, ao passo que,
em uma usina nuclear, ele é obtido por meio de uma reação de fissão.
Vale lembrar que a fissão é um processo físico e químico, o qual ocorre a partir da “quebra” dos núcleos
dos átomos físicos (ou seja, átomos instáveis que se rompem, facilmente) após serem bombardeados com
partículas específicas. Esse processo libera grandes quantidades de energia na forma de calor (FGV, 2016).
Tanto o processo de fissão quanto o de combustão produzem resíduos com potencial para causar impactos
ao meio ambiente, no caso das centrais termelétricas, são emitidos gases e materiais particulados. Dentre
os gases nocivos mais abundantes, destacam-se: dióxido de enxofre (SO2 ), monóxido de carbono (CO),
dióxido de carbono (CO2) e óxidos de nitrogênio (NOx), que contribuem para o aquecimento global e a
ocorrência de chuvas ácidas. Já o subproduto das reações de fissão é o material radioativo, o qual pode ser
reprocessado ou armazenado por longos períodos, até que haja decaimento da radioatividade (FGV, 2016).
Em relação aos aspectos técnicos das centrais geradoras, para o emprego da energia nuclear, po-
demos utilizar diversos tipos de reatores nucleares, entretanto o mais comum é o LWR (reator à água
leve), cuja água é utilizada como fluido de transporte de calor e como elemento mediador das reações
de fissão. Esta tecnologia representa mais de 80% de todos os reatores em operação, atualmente.

54
UNIDADE 3

Os reatores à água leve podem ser subdivididos entre BWR (reator à água fervente) e PWR (reator à
água pressurizada). O modelo PWR é o mais usado no mundo, sendo empregado nas usinas de Angra
I e II bem como será utilizado em Angra III, que segue em construção; também é usado em navios e
submarinos movidos a propulsão nuclear. Outros modelos em operação, atualmente, são: reator de
água leve, reatores à água pesada, reatores resfriados a metal líquido/reatores super-regenerados rápidos
(Fast Breeder Reactors), HTGR (reatores modulares refrigerados a gás), PHWR (reator à água pesada
pressurizada), LWGR (reator à água leve moderado a grafite), GCR (reator refrigerado a gás) e FNR
(reator a nêutrons rápidos), os quais serão descritos, a seguir.

a) LWR – Reatores de água leve


A tecnologia atual dos reatores à água leve (LWR – Light Water Reactor) comprovou ser eco-
nômica, segura e confiável. Pode possuir capacidade de geração superior a 900 MWe (Megawatt
Elétrico). Entretanto a tecnologia aprimorada dos PWR, com água em alta pressão, permite a
construção de unidades de até 1400 MWe (Megawatt Elétrico) (REIS, 2011).

b) HWR – Reatores à água pesada


São reatores econômicos, seguros e confiáveis, cujas bases regulatória e de infraestrutura fo-
ram estabelecidas em alguns países, principalmente, Canadá, Argentina e Índia. A capacidade
máxima atingida em usinas com reatores à água pesada é de 900 MWe (Megawatt Elétrico),
sendo o tamanho físico o principal limitador da expansão da capacidade.
O desempenho desse tipo de usina, quando operada na base, tem sido um dos melhores dentre
os tipos comerciais, em parte, devido à possibilidade de troca de combustível com a usina em
operação e, em termos de segurança, o desempenho também tem atingido excelentes níveis.
O custo do ciclo do combustível é baixo devido ao uso de urânio natural e a melhor economia
neutrônica decorrente da utilização da água pesada como agente moderador (REIS, 2011).

c) HTGR – Reatores modulares refrigerados a gás


Este reator, o HTGR – High Temperature Gas Reactor, é conhecido, também, como Pebble Bed
Modular Reactor. Tem pequena potência, na faixa de 200 MW, e projetado para não sofrer der-
retimento no caso de um acidente de graves proporções, como o de Chernobyl. Utiliza, como
elementos combustíveis, grânulos cerâmicos do tamanho de bolas de tênis, contendo milhões
de gramas de urânio e revestidos por invólucros individuais de grafite. O HTGR usa hélio
como refrigerador e opera a temperaturas mais altas, conseguindo, assim, mais eficiência (40
a 45%) do que os reatores LWR convencionais. A potência do reator é controlada por meio de
alterações na taxa de fluxo do gás hélio e não utiliza barras de controle, como no LWR. Outra
característica “passiva” de segurança é a baixa densidade do combustível. À medida que o núcleo
se torna mais quente, o combustível se espalha, separando-se, e a taxa de reação diminui. Três
ou quatro destas pequenas unidades modulares podem ser construídas em conjunto, para obter
potência similar às grandes centrais da utilidade (REIS, 2011).

55
UNICESUMAR

d) PWR – Reator a água pressurizada


Neste gerador, o urânio, que se encontra no interior do núcleo do reator, é utilizado como
combustível. Ele é atingido por nêutrons em alta velocidade e os seus átomos sofrem fissão. A
reação de divisão do núcleo atômico emite calor que aquece a água do sistema primário, aquele
em contato direto com o núcleo do reator.

Estrutura de
contenção

Reator
Vapor Torre de
transmissão
Pressurizador

Núcleo do
reator Turbina Gerador
elétrico

Barras de
controle Condensador
Gerador de
Elemento vapor
combustível

Água

Circuito primário

Circuito secundário Tanque de água de alimentação

Sistema de água de refrigeração

Figura 1 - Esquema de um reator PWR / Fonte: FGV (2016, p. 27).

Descrição da Imagem: a figura apresenta um modelo de planta nuclear para a tecnologia de reator de água pres-
surizada. Neste reator, cada sistema de circulação de água é independente. Além disso, em torno do núcleo, há
uma estrutura de contenção, normalmente, feita de concreto e aço, que protege o reator de fatores externos e
evita vazamentos de radiação, caso ocorra alguma falha interna. No sistema primário, um pressurizador controla a
pressão da água, impedindo que a água se vaporize, apesar da altíssima temperatura. Já o condensador no sistema
secundário tem a função de resfriar o vapor e recolocá-lo em circulação.

56
UNIDADE 3

Como exemplo de usina que opera com reator PWR, podemos apresentar a central nuclear de Angra
dos Reis (Angra I). Nesta usina, temos:
• Combustível: pastilhas de urânio ligeiramente enriquecido (3%).
• Potência térmica de 1.876 MW.
• Gerador: turbo de 1.800 rpm.
• Condensador usando água do mar em circuito aberto.

79 m

Gerador
Turbina
36 m

657 MW

Edifício do
turbogerador (VI)

74 m
Edifício de
segurança (ii)
Edifício
auxiliar (IV) Edifício
auxiliar (v)
Edifício do
52 m

reator (I)

Geradores
de vapor

Edifício do
20 m

combustível (III)

36 m

Figura 2 - Central nuclear de Angra dos Reis / Fonte: Reis (2011, p. 155).

Descrição da Imagem: a figura ilustra a planta nuclear da usina de Angra dos Reis (I). Nesta planta, temos algumas
medidas e dimensões das principais salas e cabines de controle da central geradora. O edifício onde se localiza o
combustível possui uma metragem de 36 x 20 m. Já o prédio em que se localizam os geradores, possui 36 x 79 m.
Além disso, temos os edifícios auxiliares e os edifícios de segurança.

57
UNICESUMAR

e) BWR – Reator à água fervente


O BWR, segundo reator mais utilizado, possui características
do PWR, com a diferença de que existe, apenas, um sistema
de circulação de água. Sendo assim, a turbina é impulsionada
pelo mesmo fluido que entra em contato com o urânio en-
riquecido. Por possuir só um sistema de circulação, o custo
de construção é menor em relação ao PWR, entretanto os
cuidados com segurança e manutenção são maiores, visto
que a turbina é contaminada com o fluido. A permanência
da radioatividade no fluido é curta, e a sala da turbina pode
ser acessada logo após o desligamento do reator (FGV, 2016).

f) PHWR – Reator à água pesada pressurizada


O PHWR, ou CANDU, assim como PWR, também pos-
sui sistemas primário e secundário de circulação. No caso
do PHWR, o combustível é o óxido de urânio não enri-
quecido, e o elemento moderador é a água pesada. Há um
trade-off de custo, uma vez que gastos mais baixos com o
combustível são compensados por maiores custos com o
moderador. Uma das vantagens desse reator é que ele pode
ser reabastecido sem interrupção da operação, porém gera
maior quantidade de rejeitos (FGV, 2016).

g) LWGR – Reator à água leve moderado a grafite


Criado pelos soviéticos, este modelo pode ser chamado, tam-
bém, pela sigla RBMK, e é semelhante a um BWR. A água se
vaporiza ao entrar em contato com o núcleo e movimenta a
turbina. Utiliza grafite como elemento moderador (FGV, 2016).

h) GCR – Reator refrigerado a gás


O reator GCR, mais utilizado no Reino Unido, usa gás carbô-
nico como refrigerante e grafite como elemento moderador.
Este reator ainda é dividido em dois modelos: o AGR, que
emprega óxido de urânio enriquecido como combustível, e
o Magnox, que utilizava o urânio metálico não enriquecido.
O último reator do tipo Magnox em operação no mundo
foi desligado em dezembro de 2015 (FGV, 2016).

58
UNIDADE 3

i) Reatores a gás
Os reatores resfriados a gás (CO2) e com combustível de urânio natural tiveram grande desenvol-
vimento no passado, entretanto foram abandonados em favor da PWRs. Na Inglaterra, chegou
a ser desenvolvida uma linha mais avançada utilizando urânio enriquecido (AGR – Advanced
Gas Reactor), mas os reatores também foram abandonados em favor dos PWRs. Resta a possibi-
lidade da utilização de reatores a gás hélio e alta temperatura, dos quais vários protótipos estão
em operação no Reino Unido, mas devem ser abandonados devido a problemas econômicos e a
outros obstáculos, geralmente, associados ao desenvolvimento de sistemas pioneiros (REIS, 2011).

j) FNR – Reator a nêutrons rápidos


Este reator é o único em operação que não possui elemento moderador, pois é um modelo mais
avançado. Alguns tipos podem produzir mais plutônio do que consomem e são chamados FBR
(Fast Breeder Reactors – Reator Regenerador Rápido), podem utilizar o urânio de forma 60
vezes mais eficiente do que os reatores comuns (FGV, 2016).

Agora que já estudamos as principais classificações, veremos alguns acidentes nucleares ao longo
da nossa história e o que aprendemos com eles. De acordo com a FGV (2016), tais acidentes, no de-
correr das décadas, motivaram as empresas do setor a aperfeiçoarem e a melhorarem, ainda mais, os
níveis de segurança das usinas em operação e nos projetos de novas usinas. Acidentes nucleares são
fenômenos raros, e a ocorrência deles resulta na redução da probabilidade de novas ocorrências no
futuro. A seguir, alguns dos principais acidentes em reatores nucleares.

Medidas de segurança adotadas


Acidentes Histórico
após o acidente

Neste acidente, o segundo rea- • Os projetos das salas de controle pas-


tor da usina sofreu derretimento saram por melhorias e aperfeiçoamen-
parcial do núcleo. Esse derreti- tos, principalmente, nas partes ergo-
mento aconteceu devido ao mau nômicas bem como a apresentação de
funcionamento de uma das vál- dados ambíguos para melhor interpre-
vulas do sistema de resfriamento tação dos operadores.
e aos erros de interpretação dos • Treinamentos periódicos dos operadores,
1979 – Three Mile dados, que levaram os operado- em simuladores em tamanho natural, pas-
Island (EUA) res a tentar desligar os sistemas saram a ser obrigatórios.
automáticos de segurança. Du- • Os sistemas automáticos de segurança
rante o acidente, gases radioa- não podem sofrer interferências dos ope-
tivos foram liberados para o ex- radores durante a primeira fase de um
terior, porém em níveis baixos. potencial acidente.
Cada pessoa exposta recebeu • Criação do INPO (Instituto de Operadores
níveis de radiação menores do de Reatores Nucleares) nos EUA, para a
que em uma radiografia. promoção de melhores práticas.

59
UNICESUMAR

Medidas de segurança adotadas


Acidentes Histórico
após o acidente
Em Chernobyl, todos os quatro
reatores em operação eram do
tipo LWGR (RBMK, na sigla russa),
modelo usado, apenas, na União • Reforço nas estruturas. O prédio de con-
Soviética (URSS). O acidente ocor- tenção do reator é um elemento funda-
reu por uma sequência de falhas. mental para limitar as consequências de
Os mecanismos de segurança res- acidentes nucleares, portanto, é preciso
ponsáveis pelo desligamento au- protegê-lo de elementos que, durante
tomático do reator 4 haviam sido o acidente, possam vir a prejudicá-lo
desligados para a realização de (como explosões de hidrogênio, altas
testes. O sistema estava instável temperaturas etc.).
e explosões ocorreram por conta • Por mais baixa que seja a probabilidade
1986 – Chernobyl
do aumento da pressão no inte- de ocorrência de um acidente, é preciso
(URSS, atual
rior do reator. Essas explosões criar medidas de prevenção que dimi-
região da Ucrânia)
causaram a destruição do prédio nuam o impacto no ambiente externo,
do reator — que não seguia as em caso de acidente.
mesmas medidas de segurança
já em prática no resto do mundo • Após o acidente, a URSS fez alterações
— liberando grandes quantidades em todos os reatores RBMK em operação,
de material radioativo ao exterior. tornando-os mais estáveis.
Milhares de pessoas foram eva- • As medidas tomadas após esse acidente
cuadas do entorno, e uma área fazem com que uma nova ocorrência nes-
com 30 km de raio foi isolada. Os tes moldes seja, praticamente, impossível.
outros três reatores desta usina
continuaram em operação até os
anos de 1991, 1996 e 2000.
• Não havia registros de fenômenos natu-
Em 2011, o Japão foi atingido por rais nessa magnitude no Japão, e a usina
um terremoto de magnitude 9 na havia sido projetada para suportar terre-
escala Richter (o terremoto mais motos e tsunamis de menor escala. Para
forte na história do país) que cau- evitar este tipo de ocorrência, deve-se
sou dois tsunamis. Estavam em planejar medidas de segurança para aci-
operação, na região, 11 reatores dentes, mesmo que pareçam improváveis.
e todos se desligaram, automa- • Fortalecimento dos prédios anexos às usi-
ticamente, e não foram danifica- nas da mesma forma que o prédio do reator.
dos. O tsunami, porém, danificou
os geradores a diesel da usina de • O Japão possuía três diferentes agências
2011 – Fukushima Fukushima Daiichi, responsáveis dedicadas à regulação do setor nuclear,
Daiichi (Japão) por manter em funcionamento sendo uma delas ligada ao ministério
o sistema ativo de resfriamento. responsável pela promoção da energia
Quatro reatores desta usina ti- nuclear (METI). A falta de coordenação en-
veram aumento de pressão por tre essas agências prejudicou a reação
conta da temperatura, o que cau- ao acidente e, em 2012, esse modelo foi
sou as explosões. O acidente de revisto, culminando na criação de uma
Fukushima afetou a aceitação única agência independente, responsável
pública da energia nuclear em pela regulação e controle do setor.
diversos países, mas também • Muitos países revisaram o seu arcabouço
trouxe grandes aprendizados à regulatório, de modo a permitir uma rea-
indústria nuclear. ção mais rápida das operadoras de usinas
e/ou do governo, em caso de acidentes.

Quadro 1 - Principais acidentes nucleares / Fonte: adaptado de FGV (2016).

60
UNIDADE 3

Apesar dos acidentes mencionados, anteriormente, a energia nuclear ainda é a fonte mais segura de geração de
eletricidade, mesmo levando em consideração os efeitos das ocorrências de Chernobyl e Fukushima (FGV, 2016).
A geração nuclear produz energia em larga escala e os possíveis efeitos negativos são minimizados,
em longo prazo, devido à sua alta produtividade.
A Figura 3, a seguir, leva em consideração efeitos diretos e indiretos da geração de energia, inclusive,
os efeitos em longo prazo dos acidentes nucleares. Vale lembrar que mesmo nas cidades de Hiroshima
e Nagasaki, onde foram lançadas as bombas atômicas em 1945, hoje, têm uma população estimada em
mais de 1,5 milhão de pessoas (FGV, 2016).

170.000
Mortes/mil TWh

36.000
24.000
4.000 1.400
440 150 90

Petróleo Bio Gás Hidrelétrica Solar Eólica


Carvão Nuclear
combustível natural

Figura 3 - Mortes a cada mil TWH gerados / Fonte: FGV (2016, p. 42).

Descrição da Imagem: este gráfico traz um comparativo da quantidade de mortos a cada mil terawatt/hora de energia
gerado por cada fonte geradora até 2016. Usinas que funcionam a base de carvão apresentaram 170 mil mortos a cada
mil terawatts hora gerados, sendo a fonte geradora com o número de mortos mais expressivo. Em seguida, temos o
petróleo, com 36 mil mortos a cada mil watts/hora gerado; biocombustível apresenta 24 mil; o gás natural tem 4 mil,
as hidrelétricas possuem 1.400 mortos; as fontes de energia solares participam com 440 a cada mil terawatts/hora
gerados; as usinas eólicas com 150 e, por fim, a nuclear, com 90 mortos a cada mil terawatts/hora gerados.

Para falarmos sobre impactos ambientais das centrais geradoras de energia, podemos considerar que
a poluição atmosférica é a questão mais grave a ser discutida. De acordo com a FGV (2016), estudos do
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e da Agência Internacional de Energia
(IEA) colocaram a energia nuclear como uma tecnologia fundamental na redução de emissões de GEE.
No caso das fontes fósseis, as emissões de GEE provêm, principalmente, da queima do combustível.

61
UNICESUMAR

Na geração nuclear, assim como nas renováveis, a maior parte das emissões ocorre
antes da operação, ou seja, durante as fases de instalação e montagem. As usinas nucleares
demandam alto investimento inicial na aquisição dos componentes, sistemas e estruturas,
porém, considerando todo o ciclo de vida dessas usinas, as emissões por MWh são equi-
paráveis e, em alguns casos, mais baixas às de fontes como a solar e a eólica (FGV, 2016).
Além disso, usinas nucleares ocupam espaços, relativamente, pequenos, não exigin-
do o desmatamento e a desapropriação de áreas, bem como não alteram significati-
vamente, o meio ambiente onde estão instaladas. De acordo com a FGV (2016, p. 44):



A usina hidrelétrica de Itaipu, por exemplo, a maior hidrelétrica do
Brasil, possui um reservatório de 1.359 km² de área alagada, para uma
capacidade instalada de 14.000 MW. As usinas nucleares de Angra 1
e 2 ocupam uma área de 3,5 km² e têm capacidade instalada de 1.990
MW. O índice de produção de Itaipu é 10,4MW/km², enquanto o da
central de Angra é de 570MW/km². Essa é uma das grandes vanta-
gens da energia nuclear, pois pode ser instalada em áreas pequenas
relativamente próximas dos centros de consumo.

Ainda, dentro dos impactos ambientais, temos os rejeitos gerados. Durante todas as
etapas do ciclo do urânio, há subprodutos gerados que podem ser classificados como
de baixa, média ou alta radioatividade.
No caso dos subprodutos de baixa e média radioatividade, constituídos, basi-
camente, por panos e tecidos usados na limpeza da usina bem como por água e
ferramentas, é recomendada a estocagem em tambores especiais, na própria central
nuclear. Desde os últimos 50 anos, quando a manipulação do material radioativo
ainda estava no início, as experiências com este tipo de resíduo têm sido bem-su-
cedidas. Os rejeitos de alta radioatividade, contidos no combustível usado, ficam,
temporariamente, estocados em piscinas de água borrada, que inibem a reação em
cadeia e absorvem o calor liberado.
Em muitas atividades humanas (por exemplo, a produção industrial, o esgotamento
urbano ou a geração de energia por fontes fósseis), os rejeitos são lançados nas águas ou
na atmosfera, sem tratamento ou fiscalização. Entretanto o rejeito nuclear é controlado,
constantemente. Após o decaimento adequado do combustível nuclear usado, ele pode
ser encaminhado para a destinação final ou para o reprocessamento.
Nas centrais geradoras que adotam o ciclo aberto do combustível nuclear, os
rejeitos são mantidos nas piscinas e, após o tempo de decaimento, são solidificados
junto com outros materiais, resultando em barras de vidro. A vitrificação facilita o
transporte e a estocagem, diminuindo os possíveis impactos sobre o meio ambiente.
Uma das alternativas mais consideradas, atualmente, para a deposição final dos rejei-

62
UNIDADE 3

tos de alta radioatividade, após a vitrificação, é o


armazenamento em estruturas geológicas estáveis
com mais de 500 m de profundidade.
Vamos comparar uma usina de geração a carvão
com uma usina nuclear. Considerando instalações
com 1.300 MW de capacidade instalada (o porte
de Angra III), a média anual de consumo de com-
bustível, em uma usina a carvão, é de 3,3 milhões de
toneladas, enquanto uma usina nuclear consome,
apenas, 32 toneladas de urânio enriquecido.
Devemos ressaltar que os resíduos de uma usina
a carvão são lançados no ar, e as tecnologias de
captura nem são baratas, nem muito utilizadas. Por
outro lado, todo rejeito nuclear é armazenado em
condições controladas e, por ainda possuir muito
potencial de geração de energia, pode vir a ser re-
ciclado e utilizado por reatores, no futuro.
Caro(a) aluno(a), por meio de todo o conteúdo
estudado até o momento, somos capazes de res-
ponder a todos os questionamentos levantados
no início desta unidade. Agora, entendemos, por
exemplo, porque alguns países preferem utilizar
outras fontes de geração em detrimento da ener-
gia nuclear. O histórico de acidentes nucleares
na história da humanidade bem como os pontos
negativos apresentados fazem com que grupos e
ONGs se oponham à fonte nuclear.
Também somos capazes de definir energia nu-
clear, sabemos como ela é obtida, conhecemos os
benefícios e malefícios decorrentes da geração de
energia por meio de reatores nucleares e aprende-
mos os principais tipos de reatores utilizados no
Brasil e no mundo. Este conteúdo é importante
para você, futuro(a) engenheiro(a) eletricista, que
pretende trabalhar com geração e transmissão de
energia. Devemos sempre conhecer a história da
geração energética, saber como ela é vista em nos-
sa sociedade e entender os obstáculos que serão
enfrentados em sua implantação.

63
Estamos chegando na parte final desta unidade. Aqui, pudemos estudar e aprender mais sobre
essa fonte de energia elétrica tão polêmica e controversa que é a energia nuclear.
Para concluir esta etapa, realizaremos um Mapa Mental. Tendo em vista todo o conhecimen-
to adquirido, elenque, ao menos, cinco tipos de reatores nucleares abordados na presente
unidade e cite, ao menos, três vantagens e três desvantagens sobre a geração de energia
elétrica a partir de fontes nucleares.

TIPOS DE REATORES NUCLEARES

VANTAGENS DA ENERGIA NUCLEAR DESVANTAGENS DA ENERGIA NUCLEAR


MAPA MENTAL

64
1. Após o forte terremoto e o tsunami que danificaram a usina japonesa e provocaram
um dos maiores desastres nucleares da história, a Alemanha foi palco de grandes pro-
testos contra a energia nuclear. “O governo da Alemanha anunciou hoje (30) acordo
para o fechamento de todas as usinas nucleares do país até 2022. O anúncio, após uma
reunião que terminou apenas na madrugada desta segunda-feira (30), foi feito pelo
ministro do Meio Ambiente, Norbert Rottgen. A chanceler Angela Merkel criou uma
comissão de ética para analisar a energia nuclear após o desastre ocorrido na usina
japonesa de Fukushima. ‘É definitivo. O fim das últimas três usinas nucleares será em
2022. Não haverá cláusula para revisão’”, afirmou o ministro.
Adaptado de: AGÊNCIA BRASIL. Alemanha anuncia fechamento de todas as usinas
nucleares até 2022. Portal EBC, 30 maio 2011. Disponível em: https://memoria.ebc.
com.br/agenciabrasil/agenciabrasil/noticia/2011-05-30/alemanha-anuncia-fechamen-
to-de-todas-usinas-nucleares-ate-2022. Acesso em: 20 maio 2021.

De acordo com o enunciado, podemos dizer que a Alemanha acabou com os programas
nucleares devido a:
a) Grandes níveis de emissão de partículas radioativas na atmosfera.
b) Distúrbios ecológicos causados pelo uso da água do mar no resfriamento das turbinas.
c) Risco de acidentes e de contaminação radioativa.
d) Grande quantidade de lixo radioativo que estava sendo depositado em áreas próximas
aos centros urbanos.

AGORA É COM VOCÊ


e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

65
2. “Embora as pesquisas revelem que a maioria dos ucranianos se diz contra a construção
de novas usinas nucleares, a postura das autoridades é firme quanto à necessidade de
desenvolver essa fonte de energia. ‘Renunciar às tecnologias nucleares é como proibir
os computadores’, declarou Azarov” [primeiro-ministro da Ucrânia, Nikolai Azarov].
Adaptado de: KLIMENKO, B. Ucrânia defende energia nuclear 25 anos após Chernobyl.
Exame, 4 maio 2011. Disponível em: https://exame.com/mundo/ucrania-defende-ener-
gia-nuclear-25-anos-apos-chernobyl/. Acesso em: 20 maio 2021.

Apesar dos pontos negativos e potenciais riscos apresentados pela manipulação da ener-
gia nuclear, essa fonte geradora tem ganhado cada vez mais apoiadores e defensores,
graças aos pontos positivos. Em relação a um desses pontos, assinale a alternativa correta:
a) Apresentação de impactos insignificantes na fauna e na flora.
b) Uso de uma fonte renovável e inesgotável.
c) Geração volumosa de empregos sem a necessidade de muitas qualificações ou pre-
paros prévios.
d) Emissão nula de poluentes responsáveis pelo efeito estufa.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3. Para o emprego das centrais nucleares, podemos utilizar diversos tipos de reatores
nucleares, entretanto o mais comum é o LWR (reator à água leve), cuja água é utilizada
como fluido de transporte de calor e como elemento moderador das reações de fissão.
AGORA É COM VOCÊ

Esta tecnologia representa mais de 80% de todos os reatores em operação atualmente.


Tendo em vista os tipos de reatores estudados no decorrer desta unidade, assinale a
alternativa que apresenta uma tecnologia incorreta em relação às centrais nucleares:
a) Reator de água leve, reatores à água pesada, reator resfriado naturalmente.
b) Reatores à água pesada, reatores de água leve, reatores modulares refrigerados a gás.
c) Reator à água pesada pressurizada, reator à água leve moderado a grafite, reator de
água leve.
d) Reator de água leve, reator a nêutrons rápidos, reator refrigerado a gás.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

66
4
Centrais Hidrelétricas
Me. Lucas Delapria Dias dos Santos

Caro(a) aluno(a), nesta unidade, estudaremos, com mais profun-


didade, as especificidades das centrais hidrelétricas e a existência
das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Com os conhecimen-
tos, aqui, apresentados, você será capacitado(a) a conhecer e a
compreender os fatores técnicos que indicam o potencial para a
construção de uma usina hidrelétrica, além de saber mais sobre as
etapas de planejamento e dimensionamento bem como o conjunto
de impactos ambientais e sociais a serem considerados.
UNICESUMAR

Como sabemos, as hidrelétricas são usinas geradoras cujo combustível é a água. Esta central elétrica
aproveita a energia cinética dos rios para gerar energia mecânica e, em seguida, eletricidade. Antes de
iniciarmos o nosso estudo, você sabia que a primeira hidrelétrica brasileira foi construída em Minas
Gerais e inaugurada em 1886? Isso mesmo! Há mais de um século atrás. Tal fato mostra há quanto tempo
esta tecnologia tem nos servido e como ela é importante para o desenvolvimento da nossa sociedade.
Dito isso, você, estudante de engenharia, sabe como funciona uma central hidrelétrica?
De acordo com os últimos dados divulgados pelo Balanço Energético Nacional – BEN, associado à
Empresa de Pesquisa Energética do governo brasileiro – EPE, em 2020, 64,9% da demanda de energia
elétrica no nosso país foi suprida por hidrelétricas (EPE, 2020). Dessa forma, sendo o meio mais con-
vencional de geração de energia em nosso país, fica evidente a importância do estudo dessa central.
Diante da importância da hidrelétrica para o Brasil, imaginaremos que estamos trabalhando no projeto
de uma hidrelétrica em nossa região. Antes de iniciarmos um projeto, temos que realizar alguns estudos.
Sabemos que as hidrelétricas são obras monumentais, que podem levar anos para serem finalizadas devido
ao processo de levantamento da barragem, à criação das represas e tudo o mais. Sendo assim, lhe convido
a pesquisar sobre a Usina de Santo Antônio, a quarta maior hidrelétrica do nosso país, de propriedade do
grupo Furnas, e procurar, também, por outras de mesma ou maior potência geradora.
Ao longo de sua pesquisa, você encontrará algumas terminologias e classificações que estudaremos,
com mais afinco, nesta unidade.
Até aqui, vimos a grandiosidade das hidrelétricas no Brasil, as suas popularidade e presença mas-
siva. Mas, por que será que as hidrelétricas são tão importantes para o país? Será que elas podem ser
instaladas, facilmente, em todas as regiões? Quais são as condições climáticas, geológicas e ambientais
que você considera importantes à disseminação dessa fonte geradora por aqui? Indico utilizar o Diário
de Bordo para fazer as suas anotações.

DIÁRIO DE BORDO

68
UNIDADE 4

Ao longo desta unidade, estudante, veremos o diagrama simplificado de uma geradora hidrelétrica.
Estudaremos, também, os principais equipamentos e estruturas que fazem parte do projeto de uma
usina, e veremos algumas classificações de hidrelétricas relacionadas ao tipo de barragem, à potência
geradora e aos tipos de turbinas geradoras utilizadas.
Como visto nas unidades anteriores, aprendemos a utilizar combustíveis disponíveis na natureza para
gerar trabalho, força e energia, e o mesmo processo ocorre nas hidrelétricas. Neste caso, aproveitamos o
potencial hidráulico de rios para obter eletricidade. Sendo assim, para que esse processo seja realizado, é
importante que a usina se localize em rios com desníveis em seu curso, além de volume elevado de água.
Ainda que seja uma geradora que funcione por meio de uma fonte de energia renovável, sem emissão
de poluentes durante a transformação da energia, a hidrelétrica não está isenta de impactos negativos.
A construção de uma usina e a criação dos reservatórios causam inúmeros impactos negativos para o
meio ambiente e para a sociedade local. Esses impactos são observados na paisagem e no ecossistema
da região onde tais usinas são instaladas, resultado das mudanças nas relações entre a flora, a fauna e
o meio físico (PEZZATO et al., 2002).
Durante a construção de hidrelétricas, é necessário inundar grandes áreas para a finalização das
barragens e represas. Dentre os problemas causados na execução desta etapa, podemos citar: realocação
da população local — comunidades ribeirinha e indígena bem como agricultores familiares —, além
disso, para a formação das represas, é preciso alagar grandes áreas de vegetação natural, resultando em
prejuízos à fauna e à flora e causando alterações no regime hidráulico dos rios (o que pode ocasionar
a extinção de algumas espécies de animais aquáticos).

69
UNICESUMAR

Apesar dos impactos negativos, atualmente, as usinas hidrelétricas geram, aproximadamente,


16% da eletricidade utilizada em nosso planeta. A maioria dos países sofrem com a falta de
recursos hídricos necessários que este dado seja maior. Países como Canadá, Rússia, China,
Brasil e Estados Unidos apresentam condições ambientais e geológicas mais favoráveis à im-
plantação de geradores hídricos. Ainda, no Brasil, cerca de 65% da energia elétrica produzida
é proveniente de hidrelétricas (EPE, 2020).
Primeiramente, usinas hidrelétricas são sistemas geradores de eletricidade que funcionam pelo acio-
namento de turbinas hidráulicas. Neste modelo de gerador, o combustível é a água, então, as turbinas são
responsáveis por transformar a energia hidráulica em mecânica. Para esta transformação, a água corrente
deve impulsionar um conjunto de pás, o gerador apresenta o rotor acoplado, mecanicamente, à turbina,
e tem a função de transformar esta energia mecânica em energia elétrica (VASCONCELOS, 2017).
Nas centrais hidrelétricas, utilizamos equipamentos capazes de gerar eletricidade em corrente
alternada (CA) e com a frequência predefinida pela rotação a que são submetidas. No Brasil, a
frequência padrão adotada é de 60 Hz. Além disso, os geradores mais comuns são os trifásicos,
conhecidos como alternadores síncronos em esquemas de velocidade fixa (VASCONCELOS, 2017).
A Figura 1, a seguir, apresenta, de forma simplificada, o diagrama de controle da operação
de uma hidrelétrica.

Entrada de Erro de frequência


Reg. ou potência)
água – Válvula veloc.

Gerador Energia
Turbina elétrica
Rotor de
Pmec gerador

Regulação Tensão do sistema


de tensão elétrico

Figura 1 - Diagrama de controle da operação de uma hidrelétrica / Fonte: Reis (2011, p. 84).

Descrição da Imagem: esta figura representa, de maneira simplificada, o controle de operação de uma hidrelétrica. Em
uma geradora hidrelétrica, a água é responsável por acionar as turbinas hidráulicas que movimentam o rotor. Por sua vez,
os rotores, acoplados ao gerador, originam energia elétrica. A água utilizada, identificada pela sua vazão (m³/s), pode ser,
totalmente, liberada pelo aproveitamento — com reservatório de acumulação ou não — ou liberada, apenas, em parte.

De acordo com Vasconcelos (2017), nesse processo, a turbina hidráulica realiza a conversão da energia
hidráulica em mecânica. Conceitualmente, pode ser explicado da seguinte forma: Imagine uma roda
d’água. O eixo mecânico se movimentará de acordo com a força exercida pelo fluido. No gerador

70
UNIDADE 4

elétrico, o rotor será acionado pelo acoplamento mecânico com a turbina e transformará a energia
mecânica em elétrica devido às interações eletromagnéticas ocorridas em seu interior.
Ainda, de acordo com o autor, são usados geradores síncronos porque os sistemas de potência devem
operar com frequência fixa. Para controlar a potência elétrica do conjunto, são usados reguladores:
a) De tensão: que controlam a tensão nos terminais do gerador, atuando na tensão aplicada e,
portanto, na corrente, no enrolamento do rotor (enrolamento de excitação).
b) De velocidade: controlam a frequência por meio da variação de potência, atuando na válvula
de entrada da água da turbina.

A Figura 2 apresenta, de forma simplificada, o esquema de uma central hidrelétrica com os seus
principais componentes.

Nível a montante Barragem


Chaminé de equilíbrio

Tomada de água Casa de máquinas

Conduto forçado
Nível a jusante

Figura 2 - Central hidrelétrica em desvio / Fonte: Reis (2011, p. 83).

Descrição da Imagem: esta figura mostra o esquema simplificado da barragem de uma usina hidrelétrica. Primeiramente,
no topo da barragem, temos a água acumulada nela. Nas barragens, temos os condutos, que são tubulações que permi-
tem o escoamento da água em épocas de muita chuva. Ao longo do conduto, temos as chaminés de equilíbrio. Quando
os condutos são fechados, é gerada pressão interna positiva, as chaminés servem para equilibrar a pressão repentina.
Ao final, temos a casa de máquinas ou a casa de força. Este edifício é responsável por alojar uma série de elementos
elétricos, como as turbinas, os geradores, os reguladores, os painéis de comando etc.

No geral, podemos resumir os principais componentes das centrais hidrelétricas em: barragens,
extravasores, comportas, tomada d’água, condutos, chaminés de equilíbrio (ou câmara de descarga) e
casa de força. A finalidade de cada um desses componentes é descrita a seguir (REIS, 2011):

71
UNICESUMAR

a) Barragens: é nas barragens que a água se armazena em forma de represa, aumentando o nível
para aproveitamento elétrico e navegação. Além de armazenamento, essa parte da hidrelétrica
também é responsável por regularizar a vazão e amortecer as ondas de enchentes. Há inúmeras
formas de construir uma barragem, e a escolha do melhor tipo é um problema de viabilidade
técnica e econômica. Tecnicamente, devem ser avaliados o relevo, a geologia e o clima do local;
economicamente, o principal fator a ser levado em consideração seria a disponibilidade, perto
do canteiro de obras, para a compra dos materiais de construção bem como a logística da
entrega do material, dos equipamentos e da força humana até o local. A equipe de engenharia
deve analisar os diferentes tipos de barragens (de gravidade, em arco e de gravidade em arco)
e executar o melhor modelo de custo-benefício.
b) Extravasores: estruturas responsáveis por controlar e permitir a passagem direta da água do
reservatório para a jusante. Os extravasores são elementos de segurança estrutural da barragem,
visto que, em casos de aumento descontrolado do nível d’água, eles descarregam este excesso
e evitam que as barragens sejam danificadas.
c) Comportas: Estrutura criada para isolar, fisicamente, o sistema que produz energia elétrica do
fluxo de água corrente, facilitando, assim, trabalhos de reparo e manutenção.
d) Tomada da água: são responsáveis pela retirada de água do reservatório, evitando danos nas
entradas dos condutos, que podem ser obstruídos por congelamento, lixo e correntes fortes
e) Condutos: este equipamento é responsável pelo escoamento da água. Em uma hidrelétrica,
existem os condutos livres e os forçados. Os condutores livres, geralmente, se encontram a céu
aberto, ao passo que nos forçados, o escoamento ocorre através de uma seção. Um dos proble-
mas enfrentados no dimensionamento dos condutores se refere à perda de carga (ou redução
da vazão). Este é um fenômeno ligado ao escoamento da água e com o atrito e características
intrínsecas do material utilizado no escoamento. Sendo assim, determinar os coeficientes da
perda de carga é um processo importante e fundamental.
f) Chaminés de equilíbrio ou câmaras de descarga: quando o escoamento de um líquido é,
abruptamente, interrompido (o que pode acontecer por diversos fatores, como o fechamento
de uma válvula, por exemplo), é gerada pressão positiva no interior da tubulação. A principal
função das chaminés é aliviar essa pressão, evitando que danos ocorram, internamente, como
o rompimento interno dos canos. Esse fenômeno é conhecido como golpe de aríete.
g) Casas de força: edificação responsável por alojar uma série de elementos elétricos, como as
turbinas, os geradores, os reguladores, painéis de comando etc. O projeto adequado de uma
casa de força é um dos aspectos mais importantes no dimensionamento de usinas.

Agora, caro(a) aluno(a), que conhecemos alguns dos principais equipamentos presentes em uma
hidrelétrica, conheceremos algumas classificações dessas centrais geradoras tão importantes
e presentes no nosso país.

72
UNIDADE 4

Podemos classificar as usinas hidrelétricas quanto ao uso das vazões naturais, da potência, da
queda d’água, da forma de captação de água e da função no sistema. A Tabela 1 classifica cada
tipo de central hidrelétrica.

Centrais a fio d’água (Ex.: Itaipu, Jirau, Belo Monte).


Quanto ao uso da vazão natural Centrais de acumulação (Ex.: Tucuruí, Ilha Solteira).
Centrais reversíveis (Ex.: Pedreiro, Vigária etc.).
Quanto à potência
Micro
P ≤ 0,1 MW
Mini
Pequena 0,1 MW ≤ P ≤ 1MW
Média 1 MW ≤ P ≤ 30 MW
Grande 30 MW ≤ P ≤ 100 MW
P > 100 MW
Quanto à queda (H)
Baixíssima H ≤ 10m
Baixa 10 m ≤ H ≤ 50 m
Média 50 m ≤ H ≤ 250 m
Alta H > 250 MW
Desvio de derivação
Quanto à forma de captação da água
Leito ou represamento
Operação na base da curva de carga
Quanto à função no sistema Operação flutuante
Operação na ponta da curva de carga
Tabela 1 - Classificação das centrais hidrelétricas / Fonte: Reis (2011, p. 92-93).

Descrição da Imagem: esta tabela apresenta algumas classificações das usinas hidrelétricas quanto ao uso das vazões
naturais, da potência, da queda d’água, da forma de captação de água e da função no sistema. Quanto ao uso das vazões
naturais, as centrais podem ser classificadas em: centrais a fio d’água, centrais de acumulação e centrais reversíveis. quanto
à potência, elas podem ser micro (potência 0,1 mw); mini (0,1 mw potência 1 mw); pequena (1 mw potência 30 mw);
média (30 mw potência 100 mw) ou grande (potência > 100 mw). Em relação à queda, podem ser baixíssimas (altura menor
que 10 m); baixas (altura entre 10 e 50 m); médias (altura entre 50 e 250 m) ou altas (para alturas maiores que 250 m). Em
relação à forma de captação da água, podem ser por desvio de derivação ou por leito/represa. Por fim, quanto à função no
sistema, elas podem ser de operação na base da curva de carga, operação flutuante ou operação na ponta da curva de carga.

As centrais a fio d’água (operação flutuante) são caracterizadas por, praticamente, não possuírem
capacidade de armazenamento e estocagem de água; essas usinas utilizam a vazão natural do rio.
Algumas poucas unidades de usinas de fio d’água têm um pequeno reservatório para, durante as
horas fora de ponta (horário comercial), armazenarem água e, nas horas de ponta (das 18 às 21h),
utilizá-la (VASCONCELOS, 2017).

73
UNICESUMAR

O segundo caso, centrais de acumulação (operação na base), possuem reservatórios capazes de


armazenar água nas épocas de chuva para utilizá-las nas épocas de estiagem. Com o reservatório, essas
centrais geradoras podem ter à disposição uma vazão firme, bem superior se compararmos ao caso de
não existir um reservatório (fio d’água).
Por fim, temos as usinas reversíveis (operação na ponta), também conhecidas como centrais com
armazenamento por bombeamento ou com reversão. Nessas usinas, em determinados períodos, a água
é levada, por meio de bombeamento mecânico, do represamento para um reservatório a montante,
podendo, assim, ser utilizada, posteriormente (REIS, 2011). Para Vasconcelos (2017, p. 86):



Sob certas circunstâncias, as usinas reversíveis representam um complemento
econômico de um sistema de potência: servem para aumentar o fator de carga
de outras usinas do sistema à medida que proporcionam potência adicional para
atender às demandas máximas. Como há considerável perda de energia (da efi-
ciência do processo de bombeamento da água) na operação de centrais reversíveis,
um planejamento estratégico e eficiente é necessário a fim de que se possa obter
economia na operação global desse sistema.

Em relação aos tipos de turbinas hidráulicas, podemos dividi-los em dois tipos principais:
a) As de ação, como as turbinas de Peltron.
b) As de reação, como as turbinas Francis e Kaplan.

Classificamos a turbina como “de ação” quando o jato de água que percorre o rotor da turbina, efetiva-
mente, o impulsiona, sendo iguais as pressões de entrada e de saída. Com base nesta premissa, turbinas
de ação não funcionam imersas na água, somente ao ar livre (VASCONCELOS, 2017). A turbina de
reação pode ser definida como:



Uma turbina é de reação quando o jato de água que percorre o rotor da turbina não
o impulsiona efetivamente, mas percorre a periferia do rotor de modo que a descarga
ocorra paralelamente ao eixo de rotação, sendo a pressão de saída inferior à de entrada.
Baseado nessa premissa, turbinas de reação funcionam imersas na água. Essas turbinas
são normalmente utilizadas para médias e baixas quedas. Dentro das turbinas de reação
há dois grandes grupos: turbinas radiais e turbinas axiais. E os arranjos típicos incluem
turbinas com eixos horizontais ou verticais (VASCONCELOS, 2017, p. 87).

Na literatura, encontraremos material de estudo sobre, basicamente, três tipos de turbinas: turbina
Pelton (de ação) e turbinas Francis e Kaplan (de reação). Em tratando de um projeto de turbina, você,
como engenheiro(a), deve se atentar a dois pontos primordiais: a altura da queda d’água (em metros)
e a vazão (em m3 /s). Com ambos os parâmetros definidos, é possível, pelo catálogo do fabricante,
identificar a opção mais adequada (VASCONCELOS, 2017).

74
UNIDADE 4

A seguir, detalharemos melhor cada um dos três modelos de turbinas propostos (Pelton,
Francis e Kaplan):

a) Turbina Pelton
A turbina de ação de Pelton, também conhecida como turbina de jato livre, tem o seu torque
rotacional gerado por um jato de água que atinge as pás do rotor. A principal característica
desse tipo de turbina é a alta velocidade do jato na saída do bocal, a qual, dependendo da
queda, atinge valores de 150 a 180 m/s. (VASCONCELOS, 2017). A Figura 3 ilustra duas vistas
de uma turbina Pelton com eixo horizontal.

Rotor Pelton Condutor forçado


Entrada de água
Injetor

Agulha

Defletor do jato

Canal de fuga/
saída da água

(a)

Gerador Carcaça
Rotor Pelton

Jato

Eixo Bocal

Entrada da água

(b)

Figura 3 - Turbina Pelton com eixo horizontal / Fonte: Vasconcelos (2017, p. 88).

Descrição da Imagem: esta figura ilustra o Rotor de Pelton, ressaltando as principais peças e componentes, tais
como o eixo de rotação, em que o gerador é acoplado à carcaça do rotor, que protege todos os equipamentos,
também vemos o cano de entrada da água e a saída do jato.

75
UNICESUMAR

Esse modelo de turbina é indicado para alturas inferiores a 20 m (micro ou mi-


niusinas) ou superiores a 150 m e inferiores a 2000 m, a fim de aumentar o de-
sempenho. Para alturas menores que 150 m, são utilizadas, tipicamente, turbinas
de reação do tipo Francis (VASCONCELOS, 2017).
Seguindo os estudos de Vasconcelos (2017), no caso de micro ou miniusinas, um
cenário desafiador surge quando há muita vazão e baixa queda d’água. Para atender
a estas condições, o rotor deverá ser muito grande para a potência de saída desejada.
Existem duas soluções possíveis para que possamos contornar este problema:
i. Aumentar o número de jatos ou
ii. utilizar rotores gêmeos.

Na situação (i), se aumentarmos o número de jatos, podemos reduzir o diâmetro


do rotor. No caso (ii), seria necessário a utilização de dois rotores idênticos e, em
paralelo, sobre o mesmo eixo do gerador.
No Brasil há várias centrais hidrelétricas do tipo Pelton, todavia destacam-se
as aplicações em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Em relação aos médios
ou grandes empreendimentos, o número é bem menor quando comparados com
a Francis ou com a Kaplan, mais tradicionais (VASCONCELOS, 2017).

b) Turbina Francis
O funcionamento da turbina de reação de Francis pode ser descrito como: a água
entra no rotor pela periferia e, por diferença de pressão entre os lados do rotor, o
movimento de rotação das pás ocorre (VASCONCELOS, 2017).
As pás da turbina de Francis são perfiladas e em formato espiral, designado para
distribuir a água ao redor do rotor. Tais turbinas são, usualmente, utilizadas em
grandes centrais geradoras devido ao elevado rendimento, atingindo, às vezes,
patamares superiores a 92% (para grandes máquinas), podendo, então, ser utilizada
em diversos níveis de queda d’água (ANEEL, [2021], on-line).
Analisando os aspectos construtivos da turbina, podem ser construídas tanto com
o eixo horizontal quanto com o eixo vertical. É importante ressaltar que aquelas
com eixo horizontal são, tipicamente, utilizadas em pequeno porte, por questões
construtivas da necessidade (VASCONCELOS, 2017). A Figura 4 ilustra duas
vistas de uma turbina Francis com eixo vertical.

76
UNIDADE 4

Eixo da turbina

Rotor Francis Pás do rotor


Caixa espiral
(caracol)

Pás do distribuidor Saída da água Pás distribuidoras


(ajustáveis)

Rotor Francis

Caixa espiral Entrada da água


Entrada da água
Tubo de sucção

Saída da água (b)


(a)

Figura 4 - Turbina Francis com eixo vertical / Fonte: Vasconcelos (2017, p. 89).

Descrição da Imagem: esta figura ilustra a turbina de Francis, ressaltando as principais peças e componentes, tais
como o eixo de rotação, onde as pás do rotor são acopladas. A água entra pelo canal, passa pela caixa espiral, roda
as pás do rotor, gira o eixo da turbina e gerando eletricidade.

Este é um dos modelos mais difundidos e utilizados no Brasil, tanto para grandes quanto para
pequenas (PCH), mini e microcentrais hidrelétricas. Um dos inconvenientes dessa turbina é que
a curva de rendimento varia bastante com a vazão (VASCONCELOS, 2017).

c) Turbina Kaplan
Por fim, as turbinas de Kaplan são as mais indicadas por especialistas para quedas inferiores a 70
m. A única característica que as diferenciam das turbas de Francis é o rotor. Na Kaplan, o rotor se
assemelha a uma hélice propulsora de um navio, sendo constituída, na maioria das vezes, por duas
a seis pás móveis. Estas turbinas também apresentam uma curva de rendimento “plana”, garantindo
bom rendimento em ampla faixa de operação (ANEEL, [2021], on-line).
Como exemplo de unidades geradoras com turbina Francis, podemos citar as usinas hidrelétricas de
Tucuruí (na cidade de Tucuruí-PA) e Itaipu (na cidade de Foz do Iguaçu-PR). A turbina de Kaplan
é utilizada na usina de Três Marias (na cidade de Três Marias-MG), e a turbina de Pelton, na usina
de Henry Borden (na Serra do Mar, em Cubatão-SP).

77
UNICESUMAR

No podcast desta unidade, que-


rido(a) aluno(a), conheceremos
alguns dos principais riscos de
operação de uma usina hidrelé-
trica bem como os seus siste-
mas de proteção. Convido você
a ouvir este conteúdo para sa-
ber, um pouco mais, sobre essa
fonte de geração tão importante
para o nosso país.

Caro(a) estudante, nesta unidade, tivemos a oportunidade de conhecer as usinas hidrelétricas, as suas
tecnologias e entender a praticidade e a diversidade desta modalidade de geração. Com o conhecimento,
aqui, adquirido, entendemos o porquê de as hidrelétricas serem, extremamente, difundidas no Brasil
e no mundo. Também entendemos as diferenças entre os principais tipos de turbinas e a estrutura
básica de uma central geradora.
Nas concepção e execução do projeto de uma usina hidrelétrica, utilizamos todos os conhecimen-
tos adquiridos ao longo desta unidade. No começo, foi solicitado que você fizesse uma pesquisa sobre
algumas usinas pertencentes ao grupo Furnas, lembra-se? No site da empresa, eles classificam as usinas
de acordo com tipo de turbina — Peltron, Francis e Kaplan — mesmas terminologias estudadas, aqui.
Eles também apresentam as classificações que vimos na Tabela 1. Sendo assim, podemos observar
como o conhecimento adquirido será utilizado em suas pesquisas bem como em seus trabalhos futuros.

78
Caro(a) aluno(a), estamos finalizando mais um ciclo de aprendizagem. Dessa forma, considerando
os assuntos, aqui, abordados e os conhecimentos adquiridos, vamos ao nosso Mapa Mental?
Para encerrarmos, elabore um Mapa Mental com as classificações das centrais hidrelétricas quanto
ao uso da vazão natural, à potência e à queda.

QUANTO AO USO DA VAZÃO NATURAL

QUANTO À POTÊNCIA

QUANTO À QUEDA (H)

MAPA MENTAL

79
1. Nas usinas hidrelétricas, utilizamos a energia cinética da água para impulsionar um
conjunto de pás, conectadas ao gerador, que, por sua vez, é conectado à turbina. O
gerador tem a finalidade de transformar a energia mecânica das pás em energia elétrica.
No Brasil, é utilizada, usualmente, a tecnologia dos geradores síncronos, visto que a
energia liberada deve ter frequência fixa e tensão nominal adequados ao sistema elé-
trico de potência brasileiro. Com base nestas informações, em relação à denominação
do dispositivo que controla a frequência, assinale a alternativa correta:
a) Reguladores de tensão.
b) Reguladores de velocidade.
c) Reguladores de corrente.
d) Reguladores de impedância.
e) Reguladores de potência.

2. Podemos classificar as usinas hidrelétricas de acordo com vazões naturais, a potência, a


queda d’água, a forma de captação de água e a função exercida no sistema. Consideran-
do a classificação de usinas quanto ao uso das vazões naturais, é possível afirmar que,
tipicamente, as _______________, fundamentalmente, têm operação ___________________.
Em relação à classificação das centrais hidrelétricas, assinale a alternativa que preenche
as lacunas, corretamente:
a) centrais reversíveis, na base do perfil de carga.
b) centrais com acumulação, flutuante.
AGORA É COM VOCÊ

c) centrais a fio d’água, na base do perfil de carga.


d) centrais reversíveis, na ponta do perfil de carga.
e) centrais a fio d’água, na ponta do perfil de carga.

3. As turbinas hidráulicas, basicamente, são subdivididas em dois tipos: as de ação e as


de reação. Uma turbina é de ação quando o jato de água que percorre o rotor dela,
efetivamente, o impulsiona, sendo iguais as pressões de entrada e de saída. Com base
nesta premissa, as turbinas de ação não funcionam imersas na água (somente ao ar
livre). Uma turbina é de reação quando o jato de agregação que percorre o rotor dela
não o impulsiona, efetivamente, sendo a pressão de saída inferior à de entrada. Nesse
contexto, em relação a uma turbina de ação e a uma turbina de reação, sendo esta,
comumente, utilizada, apenas, em baixas quedas d’água, assinale a alternativa correta:
a) Turbinas Pelton e Francis.
b) Turbinas Francis e Kaplan.
c) Turbinas Kaplan e Pelton.
d) Turbinas Pelton e Kaplan.
e) Turbinas Francis e Pelton.

80
5
Centrais de Cogeração
Me. Lucas Delapria Dias dos Santos

Caro(a) aluno(a), como visto nas unidades anteriores, combustíveis


primários, como o gás natural, são, extremamente, utilizados na
geração de eletricidade e energia. Entretanto, em muitos processos,
como os que ocorrem nas termelétricas e nas usinas nucleares,
estes elementos primários são utilizados, apenas, para o aprovei-
tamento de um tipo de energia. Nesta unidade, estudaremos um
método diferente de geração de energia elétrica. Esse método é
uma alternativa para maximizar o aproveitamento do combustível
e da sua energia fornecida. A cogeração, processo que estudare-
mos, aqui, permite, a partir de um único combustível, a produção
simultânea de calor e de energia elétrica.
UNICESUMAR

Até agora, vimos como as fontes primárias e secundárias podem ser


utilizadas para gerar eletricidade, entretanto você já parou para pensar
no que acontece com as outras formas de energia geradas durante o
processo? Já pensou se, na queima do carvão natural, por exemplo,
todo o calor gerado para aquecer o fluido e movimentar as turbinas
e os geradores fosse utilizado em processos secundários de uma em-
presa? Caso você, engenheiro(a), fosse o gerente de uma indústria que
produz biomassa residual em seu processo, como uma sucroalcooleira
ou indústria de papel e celulose, o que poderia fazer ou propor para
reutilizar esta matéria-prima? Ou que tipo de projetos poderiam ser
pautados para melhorar a eficiência energética da empresa?
Vamos entender melhor como e onde podemos utilizar o sistema
de cogeração. Imagine uma indústria que necessita de alta demanda
de energia elétrica e de calor, por exemplo, uma indústria sucroal-
cooleira. Ela pode usar a biomassa da cana-de-açúcar para gerar
eletricidade, e o calor gerado na combustão pode ser empregado
em diversos processos internos, desde o aquecimento de água até
os processos de transformação, aquecimento ou higienização.
Os sistemas de cogeração representam uma forma impor-
tante de uso das energias renováveis no suprimento energético
da nossa sociedade.
Nas últimas décadas, com a preocupação em melhorar a eficiência
dos processos e utilizar menos combustível para gerar mais energia,
muitas pesquisas e muitos investimentos foram realizados para che-
garmos até as tecnologias que temos, hoje. A tecnologia da cogeração
e os seus benefícios oferecem um cenário, extremamente, positivo
para o uso desse processo. A sua tecnologia advém das termelétricas;
o principal combustível, atualmente, é a biomassa, a qual é empregada
na geração de energias mecânica e térmica (calor ou frio).
Antes de começarmos a aprofundar os nossos estudos sobre
cogeração de energia, você seria capaz de citar, ao menos, cinco
elementos que podem ser utilizados para gerar, em um sistema de
cogeração, energias térmica e elétrica?
Vamos refletir juntos! Já estudamos, em unidades anteriores, as
usinas termelétricas, o seu funcionamento, os tipos de combustível, as
vantagens e desvantagens. Como veremos adiante, as usinas de coge-
ração possuem vários pontos semelhantes às termelétricas. Dito isso,
com os seus conhecimentos prévios, utilize o seu Diário de Bordo para
ligar alguns pontos importantes ao que foi visto na unidade anterior.

82
UNIDADE 5

DIÁRIO DE BORDO

Caro(a) aluno(a), até esta unidade, vimos diferentes combustíveis que são utilizados com o propó-
sito de gerar energia elétrica. Aqui, abordaremos o método de cogeração, empregado na geração
de duas formas de energia em cadeia.
Em todos os segmentos (industrial, comercial, agrícola e residencial), podemos encontrar exemplos
de aplicações em que se faz necessário o uso simultâneo das energias térmica (vapor, água quente e
gelada) e eletromecânica (eletricidade ou acionamento mecânico).
Balestieri e Gushiken (1996) afirmam que há duas formas de suprir a demanda simultânea de
energia térmica e eletromecânica. Para exemplificar, consideraremos uma indústria. A primeira
forma seria suprir as duas demandas, separadamente, ou seja, utilizando fontes primárias distintas
para suprir a necessidade do processo. Neste caso, a eletricidade, via de regra, é contratada, direta-
mente, da concessionária ou de um produtor independente, enquanto a energia térmica é adquirida
por geração independente de vapor.
A segunda forma de suprir ambas as demandas por energia, ainda de acordo com Balestieri e
Gushiken (1996), seria pelo método da cogeração, que fornece calor (energia térmica) e eletricidade
(energia elétrica) a partir de uma única fonte primária.

83
UNICESUMAR

Júnior (2000, p. 14) define cogeração como: “a produção simultânea de diferentes


formas de energia útil, como eletromecânica e térmica, a partir de uma única fonte
primária”. Normalmente, a cogeração é implantada em ambientes industriais que
demandam níveis elevados de temperatura, como polos petroquímicos, indústrias
de celulose e sucroalcooleiras (COELHO; IENO; ZYLBERSTSZTAJN, 1995).
Ao longo desta unidade, veremos que a central de cogeração gera vapor e energia
elétrica em processos distintos. O que distingue os processos de cogeração é a forma de
energia (térmica ou elétrica) que mais interessa para o processo e para atender à demanda
da empresa ou do local. Além disso, também veremos os tipos de tecnologia empregados,
algumas classificações e as principais fontes de combustíveis utilizadas na cogeração.
Aluno(a), nos aprofundaremos, agora, no histórico da cogeração. A cogeração surgiu
no século XIX, na Europa, e está relacionada com a invenção e a utilização de geradores de
eletricidade concebidos por Michael Faraday, em 1831 (NOGUEIRA; MARTINS, 1997).
Naquela época, quando combustíveis primários (como gás natural, carvão e
petróleo) eram queimados para gerar eletricidade às cidades e indústrias, uma
das formas encontradas para aproveitar o calor gerado foi investir nos sistemas
de calefação e aquecimento de água das cidades e vilas operárias, ainda que hou-
vesse muita perda de calor devido ao deslocamento do fluido através da tubulação
(NOGUEIRA; MARTINS, 1997).
De acordo com os autores, o modelo primário de cogeração descrito, anterior-
mente, foi utilizado, amplamente, na Europa e nos Estados Unidos até meados dos
anos 40. Na década seguinte, os norte-americanos passaram por expressivo avanço
nas conexões do sistema elétrico nacional e começaram a fornecer energia mais
barata e de forma mais segura. Nogueira e Martins (1997) atribuem ao avanço
tecnológico nas linhas de transmissão o desuso e a consequente redução da parti-
cipação da cogeração na matriz energética mundial.
Na década de 70, o mundo enfrentou a primeira crise do petróleo, passando por
uma escassez nunca vista antes. O preço do barril tornou a geração de energia por
fontes não renováveis, praticamente, inviável. Tal fato fomentou a comunidade pes-
quisadora a começar as buscas por incentivos governamentais voltados à implantação
de fontes renováveis geradoras de energia elétrica, como a nuclear. Nesse contexto, a
cogeração foi, então, esquecida (NOGUEIRA; MARTINS, 1997).
A história da cogeração começou a mudar em meados da década de 80, graças
às novas mudanças no cenário econômico e ambiental. No plano econômico,
podemos citar a reestruturação da indústria petrolífera, com a descoberta de
novas minas de petróleo, o que acarretou o aumento da extração e da produção
dos combustíveis derivados. Por causa da vasta quantidade de produto ofertado,
os preços cobrados pelos barris caíram, levando ao fim do período de escassez

84
UNIDADE 5

do petróleo, enfrentado desde o início dos anos 70 (NOGUEIRA; MARTINS, 1997). Já no plano
ambiental, os movimentos ambientalistas se difundiram por todas as classes sociais, organizações
políticas, econômicas, culturais e acadêmicas. Dessa forma, surge a política energética, que busca
a diversificação da matriz bem como defende o aumento da participação das fontes alternativas
de energia, até então, pouco exploradas. Este momento propiciou a reabilitação da produção des-
centralizada de energia, sobretudo da cogeração por meio de matéria-prima renovável, tais como
biomassa e biogás (NOGUEIRA; MARTINS, 1997).
O Brasil, em 2019, de acordo com dados divulgados pela Cogen (2019, on-line), contava com 18,5
GW de capacidade instalada em operação comercial. Neste período, a cogeração por meio do bagaço
da cana-de-açúcar representou 62% de toda o processo e, neste mesmo cenário, a cogeração a partir
do gás natural tinha participação de 17%, enquanto o licor negro totalizava 14%.
Agora que vimos, um pouco, o panorama da cogeração no Brasil, estudaremos as classificações
dos sistemas de cogeração. Podemos dividir as cogeradoras em dois grupos: topping cycle (ou Ciclo
Topping) e bottoming cycle (ou Ciclo Bottoming).
A classificação topping é destinada a processos cuja finalidade é a geração energia elétrica ou mecânica.
A energia térmica é utilizada em aplicações subsequentes, como consequência da geração elétrica/mecâ-
nica (BOYCE, 2002). O autor explica que, nos sistemas do tipo topping cycle, por meio do combustível, é
produzida, inicialmente, a energia elétrica. Esta, por sua vez, é produzida pela energia mecânica, e o calor
rejeitado é aproveitado no sistema térmico. O esquema deste ciclo de geração é ilustrado na Figura 1.

VAPOR

CHAMINÉ
GÁS
CALDEIRA
RECUPERAÇÃO

KW
CONDENSADOR

Figura 1 - Esquema do sistema de cogeração do tipo topping cycle / Fonte: adaptada de Nogueira e Martins (1997).

Descrição da Imagem: a ilustração traz um modelo geral para uma cogeradora que realiza o topping cycle. Neste
processo, a queima do combustível (como o gás natural) é utilizado para movimentar as turbinas e os geradores. O
calor residual desse processo vai para o ciclo de aproveitamento da energia térmica.

85
UNICESUMAR

Nos sistemas bottoming cycle, primeiramente, o combustível produz o vapor que é utilizado na produ-
ção de energia mecânica ou elétrica, em turbinas a vapor, depois, ele é repassado ao processo (BOYCE,
2002). Um esquema do sistema de cogeração do tipo bottoming cycle é representado na Figura 2.

VAPOR VAPOR

CHAMINÉ
COMBUSTÍVEL
CALDEIRA

KW

CONDENSADO

Figura 2 - Esquema do sistema de cogeração do tipo bottoming cycle / Fonte: adaptada de Nogueira e Martins (1997).

Descrição da Imagem: no ciclo bottoming cycle, representado nesta figura, ao contrário do que acontece no ciclo
topping cycle, a queima do combustível fornece calor para o fluido, e este, superaquecido, é utilizado, primeiramente,
para os processos internos da planta. Quando o vapor já realizou a primeira troca de calor da planta, ele é direciona-
do para as turbinas e os geradores, fazendo com que a energia térmica residual seja transformada em eletricidade.

A Figura 3, a seguir, representa um fluxograma simplificado das Figuras 1 e 2. No Ciclo Topping, após
a combustão, a alta temperatura gera, primeiramente, eletricidade e, depois, energia térmica. Ao passo
que, no Ciclo Bottoming, a alta temperatura gera energia térmica e, na sequência, eletricidade.

86
UNIDADE 5

Combustível Gases Perdas


ou vapor

Energia Calor útil


eletromecânica

(a)

Combustível Gases Perdas


ou vapor

Calor
l útil
ú il Energia
eletromecânica

(b)
Figura 3 - (a) Cogeração do tipo topping; (b) do tipo bottoming / Fonte: adaptada de Nogueira e Martins (1997).

Descrição da Imagem: esta figura traz dois fluxogramas, ilustrando, de maneira resumida, o que foi demonstrado
nas Figuras 1 e 2. Neste caso, o fluxograma da Figura 3 (a), representando o topping cycle, indica que o combustível é
utilizado, primeiramente, para gerar energia eletromecânica, em seguida, é aproveitada a energia térmica dos gases
ou vapores do processo, por fim, o calor que não pode mais ser aproveitado é dado como perda. O fluxograma da
Figura 3 (b), representando o bottoming cycle, mostra que o combustível é utilizado, primeiramente para o aprovei-
tamento da energia térmica, e os gases e vapores residuais são utilizados na geração da energia eletromecânica.

87
UNICESUMAR

A Figura 4 representa as faixas típicas de temperatura para os sistemas de cogeração.

T (°C) T (°C)
600~1200
1000~1200

Geração de Calor de
eletricidade processo

500~600
Geração de
180~600 eletricidade
Calor de
processo 100~150
Perdas

Topping Bottoming

Figura 4 - Faixa típica de temperatura para os sistemas de cogeração em topping e bottoming / Fonte: adaptada de Nogueira e Martins (1997).

Descrição da Imagem: a Figura 4 ilustra dois gráficos, os quais trazem os intervalos de temperatura utilizados na
geração de energia térmica e eletromecânica nos ciclos estudados. No primeiro gráfico, representando o topping
cycle, a eletricidade é gerada na faixa de temperatura entre 600 e 1200 °C. O calor residual que é reaproveitado
nos processos internos estará entre 180 e 600 °C. No segundo gráfico, representando o bottoming cycle, a faixa
de temperatura do vapor utilizado no processo estará entre 1000 e 1200 °C. O vapor utilizado para a geração de
eletricidade se encontrará entre 500 e 600 °C.

De acordo com Carvalho, Nogueira e Teixeira (2004), o sistema térmico nas indústrias, geralmente, deve
fornecer calor na faixa de 120 a 200 °C. Essa energia térmica é, usualmente, utilizada em processos de
evaporação, secagem, cozimento etc., ao passo que, para gerar energia elétrica, é necessário trabalhar
em níveis mais elevados de temperatura, na faixa de 400 e 950 °C. Seguindo esta lógica, Carvalho,
Nogueira e Teixeira (2004, p. 105) afirmam:


Sabendo que a temperatura de rejeição da geração termelétrica encontra-se mais
elevada que a temperatura encontrada nos processos industriais, é racional que se
pense num sistema de cogeração do tipo topping, onde o calor utilizado pelo processo
industrial é aproveitado do rejeito da geração elétrica. De fato, esta é a tecnologia
empregada na maioria das indústrias, considerando que grande parte dos processos
industriais demanda calor a baixas temperaturas.

88
UNIDADE 5

Sendo assim, a planta de ciclo bottoming, menos usual, é empregada, na maioria das
vezes, em indústrias pesadas, como fábricas de vidro ou manufatura de metais, onde
são usadas fornalhas de temperaturas muito altas, entre 1000~1200 ºC. Nestes casos,
após o processo fabril, os gases de exaustão ainda estarão em temperaturas elevadas
(500~600 ºC). Ao invés de descartá-lo, diretamente, na atmosfera, causando desequi-
líbrio atmosférico local, esse calor residual pode ser direcionado a um trocador de
calor, gerando o vapor que alimentará a turbina e o gerador (BOYCE, 2002).
Utilizando o processo bottoming, a energia contida no combustível será melhor
aproveitada, com o uso inicial em uma carga térmica e, na sequência, produzindo
eletricidade. Como dito anteriormente, esse ciclo é utilizado em casos particulares,
visto que apresenta, em geral, rendimentos eletromecânicos inferiores aos encon-
trados no tipo topping (BOYCE, 2002).
Existe, ainda, um sistema de cogeração que combina os ciclos topping e bottoming,
composto por turbinas a vapor e turbinas a gás. Este processo associa a produção de
energia elétrica em duas etapas, sendo a primeira geração em turbinas (ou motores)
a gás e, segunda geração, em turbinas a vapor. Neste ciclo, o vapor gerado nas caldei-
ras de recuperação é, parcialmente, utilizado em turbinas a vapor, deixando de lado,
apenas, o vapor de baixa pressão, inadequado ao processo (BOYCE, 2002).
Caro(a) estudante, até este momento, na explicação dos métodos de cogeração,
todos os exemplos abordados utilizam combustíveis primários para iniciar o processo.
Agora, veremos, rapidamente, outras matérias-primas que podem ser empregadas
para a produção de eletricidade e cogeração. Quando a tecnologia surgiu, o mais
usual eram os combustíveis primários não renováveis, como carvão, gás natural e
petróleo. Com o avanço da tecnologia, a crise do petróleo e a preocupação ambiental
instaurada pelos cientistas, pesquisadores e governantes, outros elementos foram
adicionados ao processo de cogeração. Atualmente, as fontes de matéria-prima são
muito diversas e incluem (IEA, 2007):
• Matéria orgânica de esgotos sanitários.
• Resíduos agrícolas.
• Resíduos urbanos (lixo).
• Dejetos de animais.
• Resíduos das indústrias florestais, de papel, celulose e alimentícia.
• Culturas energéticas, como as provenientes de rotação de cultura, florestas
energéticas (eucalipto e pinus), gramíneas (capim-elefante), culturas de açúcar
(cana-de-açúcar e beterraba), culturas de amido (milho e trigo) e oleaginosas
(soja, girassol, colza, sementes oleaginosas, pinhão-manso e óleo de palma).

89
UNICESUMAR

Apesar dessa diversidade, Tavares e Filho (2012, p. 61) afirmam:



[...] os resíduos orgânicos, urbanos, industriais e rurais, são, em geral,
as principais fontes para a produção de eletricidade e cogeração. Isso
porque os produtos primários das culturas energéticas, normalmente,
possuem custo mais elevado, sendo utilizados para a produção de
biocombustíveis, como etanol e biodiesel, ou como redutores e fontes
de calor na indústria siderúrgica, como o carvão vegetal proveniente
de plantações de eucalipto.

Dentre as tecnologias aplicadas na cogeração, Tavares e Filho (2012) destacam as


seguintes: queima conjunta; queima em usinas dedicadas à biomassa; gaseificação e
digestão anaeróbica. A seguir, veremos características específicas de cada uma delas.

a) Queima conjunta
Este processo constitui em uma adaptação das usinas termelétricas para realizar
a cogeração de energia. Essa forma de geração adapta uma usina já existente,
exigindo baixos investimentos iniciais. Na queima conjunta, é utilizada biomassa
sólida na queima com o carvão mineral, portanto, algumas adaptações precisam
ser feitas no sistema de alimentação de combustível. Na queima conjunta, con-
seguimos aproveitar a eficiência de grandes plantas de geração a carvão mineral.
Contudo a quantidade de biomassa que pode ser inserida, diretamente, com o
carvão mineral, limita-se a 10% do combustível total. Para mais que isso, tornam-
-se necessários investimentos em adaptações da planta (TAVARES; FILHO, 2012;
IEA, 2011, on-line).

b) Queima em usinas dedicadas à biomassa


Nas plantas termelétricas, o combustível é queimado, produzindo calor e eletricida-
de por meio de sistemas de caldeiras, turbinas e geradores. Em plantas dedicadas à
biomassa, essa tecnologia é utilizada para o aproveitamento de grandes quantidades
de resíduos, por exemplo, o bagaço de cana (IEA, 2007).
Contudo, em plantas de cogeração, conseguimos alcançar uma faixa de eficiência
total (elétrica e térmica) entre 80 e 90%, tornando essa modalidade, extremamente,
competitiva e vantajosa (IEA, 2011, on-line).

90
UNIDADE 5

Há, no entanto, casos em que não conseguimos alcançar tal eficiência ou que a implantação será
mais custosa. A produção de eletricidade, a partir da queima de dejetos animais ou resíduos
urbanos, por exemplo (tipos de biomassa, anteriormente, listados), apresentam custos mais
elevados, visto que exigem controle da emissão de poluentes mais rígidos. Na situação apre-
sentada, devido à diversidade de materiais presentes no lixo das cidades e nos dejetos, há mais
gases sendo expelidos para a atmosfera. Assim, em consequência dos elevados custos de capital
e de operação, muitas vezes, essas usinas se tornam viáveis, apenas, quando o responsável pelos
resíduos assume parte dos custos. Esta situação ocorre em locais onde outra forma de disposição
é impossível ou muito dispendiosa (IEA, 2011, on-line).

c) Gaseificação
A gaseificação consiste na transformação termoquímica da biomassa em gás combustível. Este
gás é queimado, diretamente, em motores de combustão interna ou turbinas a gás para promover
a cogeração (IEA, 2011, on-line).

d) Digestão anaeróbica
Por fim, outra forma de realizar a cogeração é por meio do processo de digestão anaeróbica,
que consiste na degradação biológica da biomassa por bactérias, na ausência de oxigênio,
produzindo biogás (TAVARES; FILHO, 2012; IEA, 2011, on-line) explica que o processo de
digestão anaeróbica é adequado para o aproveitamento de matérias-primas que apresentam
o teor de umidade elevado. Nesse contexto, podemos citar as seguintes fontes de geração:
dejetos de animais, lodo decorrente do tratamento de esgotos sanitários, resíduos agrícolas
úmidos e fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos. Como sabemos, a digestão anaeróbica
ocorre, naturalmente, no interior de aterros sanitários, que podem ou não conter sistemas de
captação e transporte do biogás com a finalidade de geração de energia. Esse processo apre-
senta inúmeros benefícios ambientais, visto que a utilização do biogás originado de resíduos
orgânicos evita que esses dejetos sejam descartados no ambiente sem tratamento, poluindo,
especialmente, os recursos hídricos (TAVARES; FILHO, 2012).

Tendo em vista os tipos de usinas de cogeração que temos, estudaremos, agora, as vantagens da usina
de cogeração, as quais são diversas. A produção de eletricidade e energia térmica, no mesmo processo,
acaba com grande parte da energia desperdiçada, além de diminuir a eliminação dos gases prejudiciais
ao meio ambiente (COELHO; IENO; ZYLBERSTSZTAJN,1995).

91
UNICESUMAR

Estes autores ressaltam que esse processo pode ser uma alternativa viável e interessante para
complementar o suprimento da demanda energética brasileira. Enumeraremos dez vantagens
do uso da cogeração:

1. Aumento da eficiência global do sistema.

2. Melhora na disponibilidade e confiabilidade energéticas.

3. Investimentos baixos quando comparados a sistemas convencionais de produção


de energia.

4. Emprego de combustíveis alternativos, como gás natural, biomassa e combustíveis


sólidos e líquidos, muitas vezes, oriundos do próprio processo industrial.

5. Redução dos impactos ambientais, com baixos índices de emissão de SOX e CO2.

6. Prazo de implantação reduzido.

7. Redução nos gastos com transmissão, já que as plantas de cogeração ficam, nor-
malmente, instaladas próximas ao consumidor final.

8. Autossuficiência para o investidor e oportunidade de venda de excedentes de energia.

9. Redução de custos no produto final, decorrente de menores custos com energia

10. Benefícios socioeconômicos para a região.

Caro(a) engenheiro(a), gostou desta unidade? Junte-se a nós,


neste podcast, para entender algumas curiosidades sobre as
principais termelétricas do Brasil e compreendermos, juntos, na
prática, a teoria estudada.

Caro(a) estudante, aqui, tivemos a oportunidade de aprender sobre as usinas de cogeração, as suas tec-
nologias, os ciclos de funcionamento e combustíveis que podem ser utilizados. Com o conhecimento,
aqui, adquirido, entendemos a diversidade do uso dessa geradora em nosso país. O ponto principal
desta unidade é a diferença entre os ciclos topping e bottoming.
Também já sabemos o que difere uma cogeradora de uma termelétrica bem como somos capazes
de aplicar esse conhecimento e entender qual seria a situação correta para instalar ambas as usinas.

92
Nesse contexto, portanto, faremos um exercício de mercado de trabalho. Suponha que você, alu-
no(a), é um gestor técnico experiente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão responsável
por prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do
setor energético. Como gestor(a), você é o(a) responsável por fornecer relatórios sobre a expansão
da oferta de energia no Brasil, com base no aumento da demanda.
Neste momento, a sua tarefa será realizar uma análise explicativa entre os diferentes tipos
de formas de geração de energia elétrica estudadas até agora, e apontar as possibilidades
de diversificação da matriz energética no seu estado, ou seja, para cada modelo de usina
que vimos até aqui, explique, em poucas palavras, o seu funcionamento e indique qual fonte
geradora você implantaria em seu estado.

HIDRELÉTRICA

TERMELÉTRICA

USINAS

MAPA MENTAL
NUCLEAR

COGERAÇÃO

93
MEU ESPAÇO

94
1. Sabemos que podemos definir cogeração como a geração simultânea ou sequencial de
eletricidade e calor (energias elétrica e térmica), partindo da mesma fonte de energia.
Sabendo disso, em relação à cogeração, assinale a alternativa correta:
a) As caldeiras e turbinas a óleo BPF representam os modelos mais usuais e mais rentáveis
para as plantas de cogeração.
b) A principal vantagem da cogeração é a redução dos custos de geração de energia e o
maior aproveitamento das fontes energéticas.
c) Na cogeração baseada no Ciclo de Rankine, o combustível é queimado nos cilindros
de um motor a pistões, acionando, consequentemente, os geradores.
d) No ciclo de cogeração com turbina ou motor a gás, utilizamos o vapor que sai, direta-
mente, das turbinas para suprir a demanda de energia térmica dos clientes.
e) O projeto de cogeração com mais eficiência é o Ciclo de Rankine.

2. Existem diversas vantagens em usar o método da cogeração na produção de energia


elétrica e calor. A produção de eletricidade e energia térmica, no mesmo processo,
acaba com grande parte da energia desperdiçada. Em relação aos aspectos que não
representam algum benefício ocasionado pelo uso das usinas de cogeração, assinale
a alternativa correta:
a) Redução dos impactos ambientais, com baixos índices de emissão de SOX e CO2.
b) Autossuficiência para o investidor e oportunidade para venda de excedentes de energia.

AGORA É COM VOCÊ


c) Redução de custos no produto final, decorrente de menores custos com energia.
d) Investimentos baixos quando comparados a sistemas convencionais de produção de energia.
e) Geração nula de resíduos físicos, proporcionando diversos benefícios ao meio ambiente.

95
3. Podemos dividir as cogeradoras em dois grupos: topping cycle (ou Ciclo Topping) e botto-
ming cycle (ou Ciclo Bottoming). Com base nestas informações, analise a figura, a seguir,
pois ela representa um dos dois processos mencionados. Identifique quais componentes
os números 1, 2 e 3 estão indicando e qual tipo de processo essa figura representa.

KW
2

Figura 1 - Esquema de sistema de cogeração / Fonte: adaptada de Nogueira e Martins (1997).

Descrição da Imagem: a ilustração traz um modelo geral para uma cogeradora que realiza determinado
ciclo de cogeração.
AGORA É COM VOCÊ

Assinale a alternativa correta:


a) Ciclo Topping: turbina, condensador, caldeira.
b) Ciclo Topping: caldeira, condensador, turbina.
c) Ciclo Bottoming: turbina, condensador, chaminé.
d) Ciclo Bottoming: condensador, caldeira, chaminé.
e) Ciclo Topping: caldeira, chaminé, caldeira.

96
6
Células de
Combustível
Me. Lucas Delapria Dias dos Santos

Dentre todos os métodos de geração de energia elétrica apresen-


tados até o momento, o que veremos, agora, é o menos usual,
porém uma das grandes apostas dos cientistas e pesquisadores. As
células a combustível baseiam-se nas baterias convencionais que
conhecemos, as quais produzem eletricidade a partir de reações
eletroquímicas que ocorrem em seu interior. Entretanto existem
algumas diferenças fundamentais entre as baterias e as células a
combustível, cujo entendimento requer o conhecimento de con-
ceitos oriundos da eletroquímica. Esta unidade apresentará estes
conceitos e definirá as características gerais das células a combus-
tível, além de apresentar alguns modelos e tecnologias.
UNICESUMAR

Quando falamos em geração de energia, geralmente, pensamos em grandes usinas, como hidrelétricas,
termelétricas, usinas nucleares e parques eólicos ou fotovoltaicos. Entretanto uma pequena pilha alcali-
na, destas que usamos no controle remoto da nossa televisão, também é uma fonte geradora de energia.
E as células a combustível, foco desta unidade, apresentam funcionamento similar às pilhas alcalinas.
Para muitos, o termo “célula a combustível” ainda é desconhecido e, também, pode soar estranho
quando ouvimos pela primeira vez. Veremos, nas próximas páginas, que se trata de uma tecnologia,
extremamente, promissora e que já vem sendo testada em veículos, tais como carros, ônibus e, até
mesmo, foguetes e aeronaves espaciais.
Antes de conhecermos a proporção que esta fonte geradora está tomando e de entendermos como
podemos gerar energia limpa por meio de reações químicas, deixo o seguinte questionamento: você
acha que conseguiríamos ter uma fonte geradora de energia cujo produto da reação é água, ou seja,
após os processos eletroquímicos, temos, como resultado, energia elétrica e água?
Se a sua resposta foi “sim”, você está correto(a), e não estamos longe disso. As células a combustí-
vel representam, hoje, uma das tecnologias mais limpas para a geração de eletricidade. E, com toda
preocupação ambiental que estamos vivendo, essa tecnologia se tornou a nossa “luz no fim do túnel”.
A Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo, é uma grande financiadora de pesquisas na área de células
a combustível, no Brasil. Inclusive, alguns veículos da sua frota já são movidos a tal tecnologia.

Agora que entendemos, um pouco, a grandiosidade que a célula a


combustível está tomando em nossas vidas, lhe convido a fazer um
tour pelo site do Instituto de Pesquisa Energética e Nuclear e conhe-
cer os laboratórios e equipamentos utilizados para as pesquisas com
células a combustível. Durante a sua visita ao site, preste atenção às
áreas de pesquisa, aos nomes dos equipamentos e terminologias,
pois veremos estes tópicos, também, em nosso livro.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Acredito que você, caro(a) estudante, tenha reparado que o foco das pesquisas do IPEN está em células
a combustível de hidrogênio, correto? Antes que você pergunte “o que isso quer dizer? ”, fique calmo(a),
pois, veremos mais adiante. Neste momento, sugiro anotar, em seu Diário de Bordo, a seguir, as áreas
de pesquisas abordadas pelo laboratório. As entenderemos juntos!

98
UNIDADE 6

Os primeiros registros das células a combustível datam de 1839, por Sir William Grove. Desde então,
este dispositivo passou por muitos avanços e modificações e, desde 1960, elas vêm sendo empregadas
em voos espaciais tripulados como fonte de energia e água potável para as necessidades de bordo.
Atualmente, o empenho científico de diversas entidades e empresas privadas tem se concentrado em
pesquisas e estudos voltados à viabilização dessa tecnologia em motores para veículos e em unidades
estacionárias para produção de energia.
Definimos as células a combustível como dispositivos eletroquímicos capazes de gerar eletricidade
a partir do hidrogênio. A Figura 1 ilustra este tipo de célula: nela, o combustível (hidrogênio puro ou
um gás rico em hidrogênio) é suprido, constantemente, em um dos eletrodos — o ânodo — e reage,
eletroquimicamente, com um oxidante (em geral, o oxigênio) suprido no outro eletrodo — o cátodo. O
eletrólito é o material que permite o fluxo dos íons entre os eletrodos e que impede o fluxo de elétrons,
obrigando-os a fluir por um circuito externo, produzindo, consequentemente, uma corrente elétrica.
Temos, como produto da reação química, a eletricidade, o calor e a água que se formam durante a
combinação do hidrogênio e do oxigênio envolvidos no processo.

Sentido do fluxo Carga


dos elétrons
H 2O
- +

H2 O2

Ânodo Cátodo
Eletrólito

Figura 1 - Esquema básico de uma célula a combustível / Fonte: Reis (2006, p. 282).

Descrição da Imagem: esta imagem traz a representação de uma célula a combustível. Nela, temos o hidrogênio sendo,
constantemente, injetado em um dos eletrodos — o ânodo — e reage, eletroquimicamente, com o oxigênio, suprido
no outro eletrodo — o cátodo. O eletrólito no meio é a barreira que impede o fluxo de elétrons entre os eletrodos,
forçando-os a buscar um caminho alternativo, representado pelo circuito externo. Sendo assim, os elétrons vão do
cátodo (positivo) para o ânodo (negativo), gerando corrente elétrica.

99
UNICESUMAR

Neste momento, caro(a) aluno(a), imagino que você esteja se perguntando: “qual a diferença entre
uma célula a combustível e uma bateria”, não é mesmo? A diferença, estudante, está no fato de que,
nas baterias, a energia é acumulada nos componentes que já existem no interior do dispositivo, ao
passo que, em uma célula a combustível, somente, haverá fluxo de corrente enquanto houver injeção
dos reagentes (hidrogênio e oxigênio), não sendo possível acumular energia, neste caso. Sendo assim,
ao contrário das baterias, a energia elétrica fornecida por uma célula a combustível não é exaurível e
não necessita de recarga.

O funcionamento das células de combustível baseia-se no funciona-


mento das pilhas e baterias que conhecemos. Venha conferir comi-
go, neste podcast, o funcionamento eletroquímico das pilhas, para
complementar os seus conhecimentos adquiridos nesta unidade.

Agora que já conhecemos as terminações e definições básicas, entenderemos a relação entre uma célula
a combustível e o eletrolisador. Aqui, precisamos dos produtos da célula para alimentá-lo e precisamos,
também, dos produtos do eletrolisador para alimentar a célula a combustível. Sendo assim, podemos
dizer que eles são dispositivos duais, e esta dualidade é representada na Figura 2.
Célula a combustível Eletrolisador
Consome Consome
H2 e O2 Eletricidade Eletricidade,
Calor,
Água
Calor
Produz Produz
Eletricidade, H2 e O2
Água
Calor,
Água

Oxigênio e Hidrogênio

Figura 2 - Dualidade entre uma célula a combustível e um eletrolisador / Fonte: Reis (2006, p. 283).

Descrição da Imagem: aqui, entendemos a dualidade entre uma célula a combustível e um eletrolisador e como eles
são dependentes um do outro. Para que a célula a combustível funcione e produza eletricidade, calor e água, ela pre-
cisa ser alimentada com oxigênio e hidrogênio. Para que o eletrolisador produza hidrogênio e oxigênio, ele precisa de
eletricidade, calor e água. Aqui, então, temos um quadrado do lado esquerdo, representando células a combustível,
onde está sendo injetado hidrogênio e oxigênio, e há setas saindo dele, representando a eletricidade, o calor e a água,
indo em direção ao segundo quadrado ao lado direito, representando o eletrolisador. Do eletrolisado sai o O2 e o H2
que vão rumo à célula.

100
UNIDADE 6

Falando sobre a conversão de energia, como já vimos na Unidade 2, a tecnologia empregada nas
termelétricas e em máquinas e motores convencionais converte a energia química dos combustíveis
em calor e, em seguida, em eletricidade. Aqui, a energia química é convertida, diretamente, em energia
elétrica, sem que se processe a combustão. Sendo assim, há muito mais eficiência nessa tecnologia.
As células a combustível são capazes de produzir eletricidade sem a geração de poluentes aéreos e de
maneira mais silenciosa. A Figura 3 esquematiza a diferença entre os dois processos.

Conversão por meio de processo convencional

Energia Energia
Térmica mecânica

Energia
química dos Energia
combustíveis elétrica
Conversão por meio de células a combustível

Figura 3 - Conversão direta de energia com células a combustível comparada com a tecnologia convencional de conversão
indireta / Fonte: Reis (2006, p. 284).

Descrição da Imagem: esta imagem representa a conversão simplificada de energia entre uma termelétrica e as
células a combustível. Para o primeiro percurso do fluxograma, representando as usinas térmicas, temos a energia
química do combustível sendo transformada em energia térmica, depois, em energia mecânica e, por fim, em energia
elétrica. Para o segundo percurso do fluxograma, representando as células a combustível, temos a energia química
dos combustíveis sendo transformada, diretamente, em eletricidade.

Esta transformação só é possível graças às reações eletroquímicas de oxidação e de redução. Você


já deve ter ouvido falar destes termos, correto? Utilizamos as palavras “redução” e “oxidação” para nos
referirmos às reações eletroquímicas que se processam no interior de uma célula a combustível, ou seja,
podemos classificar as reações químicas como reações de redução ou como reações de oxidação.
Para entendermos o contexto dessas classificações, imaginaremos a seguinte situação: estamos
em um laboratório de química e dissolveremos um ácido em água. Neste momento, alguns átomos
do hidrogênio da água perderão elétrons, tornando a solução aquosa em uma solução ácida. Diz-se,
então, que o hidrogênio foi oxidado. Sendo assim, todas as reações que há perdas de elétrons, dizemos
que são reações de oxidação. A situação inversa, quando temos uma reação com ganho de elétron,
nomeamos de reação de redução.
No caso das células a combustível, apesar de ocorrerem em locais, fisicamente, separados, há a
presença de ambos os tipos de reação. Estes ocorrem no cátodo e no ânodo e são separados pelo
eletrólito, que conduz, apenas, os íons, como visto na Figura 1. Os elétrons liberados na reação de
oxidação podem chegar até a região de redução por meio do circuito externo. Em outras palavras, os
elétrons da reação de oxidação saem da célula pelo ânodo, dirigem-se, por meio do circuito externo,
para a outra região da célula denominada cátodo, onde ocorre a reação de redução.

101
UNICESUMAR

Vamos expressar, em forma de reação química, o que vimos até agora? Como já sabemos, a reação
global de uma célula a combustível tem, como resultado, a formação de água a partir do hidrogênio e
do oxigênio. Assim, em uma célula alcalina, teremos a seguinte reação global:
2H2 + O2 -> 2h2O
também podemos expressar o resultado da combinação da meia reação de oxidação que ocorre
no ânodo da célula:
2H2 + 4(OH)- -> 4H2O + 4e-
por fim, segue o resultado da combinação da meia reação de redução que ocorre no cátodo:
O2 + 2H2O + 4e- -> 4(OH)-
em seus estudos de circuitos elétricos, você já deve ter se deparado com os termos “sentido real”
e “sentido convencional”, correto? Recapitularemos, rapidamente, esses conceitos. O sentido real da
corrente elétrica refere-se ao movimento dos elétrons, visto que são eles que se deslocam do polo ne-
gativo para o positivo. O sentido convencional refere-se ao sentido da corrente elétrica que é contrário
ao do fluxo dos elétrons, usualmente, empregamos o sentido convencional quando trabalhamos com
células a combustão. Dessa forma, dizemos que a corrente elétrica numa célula sai pelo cátodo (polo
positivo) e entra pelo ânodo (polo negativo), caracterizando-a como um elemento elétrico ativo, ge-
rador de energia elétrica.
Agora que entendemos o funcionamento básico da célula, veremos, um pouco, os seus combustíveis
e a sua tecnologia. Muitos pesquisadores atribuem, como ponto positivo das células a combustível, a
possibilidade de utilizar combustíveis fósseis, tais como gás de carvão, gás natural e metanol, para as
reações internas. Empregados, corretamente, esses elementos devem, primeiro, passar por uma rea-
ção conhecida como Reforma Catalítica, gerando vapor. Em seguida, o gás do processo reagirá com
o oxigênio no interior da célula, gerando água, calor e eletricidade, sem a necessidade de combustão.
Comparando com os processos de combustão tradicionais abordados nas unidades anteriores, a eficiên-
cia desse processo é, significativamente, maior, e a emissão de gases poluentes é, extremamente, baixa.
Com todas as vantagens apresentadas, atualmente, há alguns modelos de células a combustível em
desenvolvimento. Esses modelos são identificados a partir de critérios de classificação que se baseiam
no tipo de eletrólito utilizado. Sendo assim, apresentamos, agora, as cinco principais tecnologias de
células de combustível em desenvolvimento:
a) Células alcalinas.
b) Células a ácido fosfórico.
c) Células a polímero sólido.
d) Células a carbonato fundido.
e) Células a óxido sólido.

Diferenciamos as tecnologias listadas não só pelo eletrólito utilizado na célula, como comentamos,
mas também pelas reações eletroquímicas envolvidas e pelas temperaturas de operação, conforme
observamos na Figura 4.

102
UNIDADE 6

Combustível e- Carga Oxidante


Cº (ânodo: oxidação do (cátodo: redução
combustível) do oxidante)

60-120 Alcalina O2 + 2H2O + 4e- 4OH-


H2 + OH- 2H2O + 2e- OH-

Ácido fosfórico
200 H+ O2 + 4H+ + 4e- 2h2O Primeira geração
H2 2H+ + 2e-

Polímero sólido H+ O2 + 4H+ + 4e- 2H20


60-100
H2 2H+ + 2e-

Carbonato fundido
650 H2 +CO 2-2 H2O + CO2 + 2e-
CO2-3 O2 + 2CO2 + 4e- CO2-2
CO + CO2-2 2CO2 + 2e-

Segunda geração
Óxido sólido
900-
H2 + O2- H2O + 2e- O2- O2 + 4e- 2O2-
1000
CO + O2- CO2 + 2e-
CH4 + 4CO2- 2H2O + CO2 + 8e-

(Eletrólito)

Figura 4 - Principais tecnologias de células a combustível em desenvolvimento / Fonte: Reis (2006, p. 286).

Descrição da Imagem: esta imagem é uma tabela composta por três colunas e cinco linhas. Nas linhas da coluna da
esquerda, temos a tecnologia da célula a combustível que foi listada, anteriormente, aqui, no livro, seguida da reação
de oxidação do combustível empregado. Nas cinco linhas da coluna do meio temos uma representação do fluxo dos
elétrons. Por fim, nas cinco linhas da coluna à direita, temos reação de redução da célula. As três primeiras tecnologias
(a saber: células alcalinas, ácido fosfórico e ácido sólido) são células da primeira geração, ou seja, trabalham com tem-
peraturas de até 200 °C. As outras duas tecnologias, célula a carbonato fundido e célula óxido sólido, são tecnologias
da segunda geração e trabalham na faixa de 600 a 1000 °C.

Em relação à temperatura de trabalho das células, observamos, na figura anterior, que as tecnologias
são divididas em dois grupos distintos: primeira e segunda geração. As células da primeira geração
operam com temperaturas de até 200 °C, ao passo que as células da segunda geração trabalham com
temperaturas na faixa de 600 a 1000 °C.
Apesar de as células do grupo da primeira geração serem compostas por tecnologias mais avança-
das, ainda somos muito dependentes das células da segunda geração, visto que, com a temperatura de
operação mais elevada, são mais adequadas para sistemas de maiores porte e complexidade.
A seguir, veremos as particularidades de três das principais tecnologias apresentadas: células alca-
linas, carbonato fundido e óxido sólido.

103
UNICESUMAR

a) Células alcalinas
Nas células alcalinas, é utilizada uma solução aquosa de hidróxido de potássio como eletrólito. A
reação de oxidação em eletrólitos alcalinos é mais rápida do que em eletrólitos ácidos, tornando viável
a utilização de metais não nobres e, portanto, mais baratos, como eletrocatalisadores. As principais
características das células alcalinas são indicadas na Figura 5.

CÉLULAS A COMBUSTÍVEL DO TIPO ALCALINA – AFC


Temperatura de operação 60 a 90 °C

Eficiência 50 a 60%

Eletrólito utilizado Hidróxido de potássio (KOH) com 30 a 50% de concentração em peso

Reação anódica H2 + 2(OH) 2H2O + 2e-

Reação catódica ½ O2 + H2O + 2 e- 2(OH)-

Figura 5 - Principais características das células a combustível alcalinas / Fonte: Reis (2006, p. 287).

Podemos dizer que a principal desvantagem das células alcalinas é que os eletrólitos alcalinos reagem
com o dióxido de carbono, restringindo o emprego dessa célula em aplicações onde não são utilizados
oxigênio e hidrogênio puros como reagentes. Falando de aplicações, este modelo de célula se mostrou
viável em aplicações remotas, tais como missões espaciais, submarinas e militantes. O forte interesse
por aplicações terrestres móveis está vinculado ao desenvolvimento de componentes de baixo custo
para a sua viabilização econômica.

104
UNIDADE 6

b) Células a carbonato fundido


Fazendo parte do grupo das células de combustível de segunda geração, esta tecnologia vem so-
frendo consideráveis avanços nas últimas décadas, graças a estudos e aplicações desenvolvidos no
Japão e nos Estados Unidos.
A característica fundamental da célula a carbonato fundido é o uso do dióxido de carbono (CO2)
nas reações eletroquímicas, como vemos, logo, a seguir:
H2 + a H2O + CO2 + 2e- Reação anódica
½ O2 + CO2 + 2e- a Reação catódica
H2 + ½ O2 + CO2 a H2O + CO2 Reação global
Transcrevendo as reações em palavras, na prática, o dióxido de carbono produzido no ânodo é
transferido para o cátodo, onde é consumido.
Esta célula vem ganhando espaço em aplicações junto às centrais de cogeração de médio e grande
porte, aproveitando o dióxido de carbono do processo. Dentre as suas principais características, des-
tacam-se a elevada eficiência e a capacidade de operar em altas temperaturas, facilitando o uso junto
a usinas termelétricas e cogeradoras.
c) Células a óxido sólido
Em relação às suas aplicações, por operar em temperaturas, extremamente, elevadas, próximo
dos 1000 °C, as células a óxido sólido possuem as mesmas vantagens citadas, anteriormente, para
as células a carbonato fundido. Sendo assim, graças à resistência ao calor, essa tecnologia dispensa o
uso de catalisadores, diminuindo o custo da operação. Elas também permitem que os processos de
combustão ocorram, integralmente, no interior da própria célula, tornando-as ideal para a geração
de calor residual em sistemas de cogeração.
Outras características que as tornam únicas são:
• O eletrólito não é corrosivo, prolongando a sua vida útil.
• Ao contrário das células a carbonato fundido, as células a óxido sólido não precisam reciclar o
CO2, eliminando componentes e peças auxiliares para esta função, barateando o sistema.
• O material de fabricação é mais tolerante a contaminação por elementos, como o enxofre,
tornando-as ideais para operações com gases de carvão em usinas de cogeração.

Apesar das inúmeras vantagens, as operações em temperaturas elevadas diminuem a energia livre
disponível, diminuindo a eficiência. Além disso, os trocadores de calor, preaquecedores e outros ele-
mentos auxiliares devem ser reforçados.
Agora que conhecemos as características das principais células a combustível, aprofundaremos os nossos
conhecimentos em relação a dois dos seus componentes, e o primeiro que abordaremos é o processador do
combustível. Este equipamento é responsável por realizar um processo de filtro dos combustíveis, visando
a eliminar, ao máximo, algumas impurezas e elementos que podem danificar bem como diminuir a vida útil
de uma célula. Quando falamos de impurezas, estamos nos referindo ao enxofre, à amônia e, eventualmen-
te, ao monóxido de carbono (CO). Tais elementos, em contato com a célula, podem causar contaminação,
acarretando queda na eficiência e prejuízos no desempenho (MELLO, 2019).

105
UNICESUMAR

É, também, no processador do combustível que ocorre a Reforma Catalítica a Vapor. Este processo
é, basicamente, a reação dos hidrocarbonetos existentes no combustível com vapor d’água, produzin-
do o hidrogênio livre que participará da reação eletroquímica no interior da célula. Para o caso do
metano (CH4), um dos hidrocarbonetos mais comuns na composição dos combustíveis, a reação que
se processa é a seguinte:
CH4 + H2O -> CO + 3H2
o monóxido de carbono (CO), resultado da reação química, mesmo em baixas concentrações, é,
altamente, prejudicial aos componentes das células e deve ser eliminado.
O segundo componente que estudaremos é a pilha de célula. As células de combustível apresentam
três camadas de placas planas de, apenas, alguns milímetros de espessura, compondo os eletrodos e
os eletrólitos das células. Estes elementos são dispostos de forma estratégica e podem ser conectados
em série ou em paralelo, dependendo da tensão e da potência desejadas. O conjunto conectado é o
que chamamos de pilha de célula, onde, de fato, ocorre a reação eletroquímica, tendo, como produto,
energia térmica, água e eletricidade (LINARDI, 2019).
Dando continuidade ao nosso assunto, veremos, a seguir, a importância do hidrogênio como
combustível fundamental empregado nas células. Ele pode ser utilizado na sua forma mais pura ou
derivada de outros combustíveis, como os hidrocarbonetos, os álcoois e o carvão.
Quando utilizamos o hidrogênio puro para as reações eletroquímicas, evitamos a formação de
substâncias derivadas do carbono (como o monóxido e o dióxido de carbono – CO e CO2), do enxofre
(SOx) ou do nitrogênio (NOx), os quais, via de regra, contaminam os componentes internos da célula,
reduzindo as suas eficiência e vida útil.
Agora, imagino que você esteja se indagando a respeito da produção do hidrogênio, correto? A
humanidade já domina, há décadas, algumas técnicas capazes de produzir e armazenar hidrogênio
puro. A forma mais difundida de produção de hidrogênio é por meio da eletrólise da água, ou seja,
por meio da quebra das moléculas da água, mediante a utilização de uma fonte externa de energia.
Como já sabemos, podemos usar a energia gerada por diversas fontes para realizarmos a hidrólise.
Quando usamos a energia proveniente de uma fonte renovável, como a solar (termossolar ou solar
fotovoltaica), eólica, ou, mesmo, as hidrelétricas, denominamos essa produção hidrogênio solar.
Já vimos, em unidades anteriores, como funciona a conversão de energia nas fontes mencionadas
e, vimos, também, que, apesar dos avanços tecnológicos, todas as fontes apresentam perdas e fatores
limitantes. No caso da solar e da eólica, a geração está relacionada à intermitência dos ventos e das
radiações solares. Dessa forma, há uma parcela da energia que, aqui, chamaremos de energia secun-
dária ou residual, que é descartada. Para as hidrelétricas, a energia residual não transformada em
energia elétrica corresponde à energia da água que escoa pelo vertedouro.
Quando utilizamos essa energia secundária em um processo que nos resulte hidrogênio, neste
momento, podemos chamar de hidrogênio solar. A Figura 6 esquematiza o ciclo do hidrogênio solar
na célula de combustível. Como sabemos, a utilização do hidrogênio (ou do hidrogênio solar) nos
resultará, principalmente, energia elétrica, calor e água.

106
UNIDADE 6

Transporte de oxigênio
pela atmosfera
O2 O2
NOx

H2 H2
Matéria-prima
TRANSPORTE,
PRODUÇÃO UTILIZAÇÃO
ARMAZENAMENTO,
DE HIDROGÊNIO DO HIDROGÊNIO
DISTRIBUIÇÃO Combustível

Energias
renováveis
(solar, eólica, PCHs) Calor

H2O
H2O Eletricidade
Ciclo da água

Figura 6 - Ciclo do hidrogênio solar / Fonte: Reis (2006, p. 297).

Descrição da Imagem: esta imagem traz o fluxograma do ciclo do hidrogênio solar na célula de combustível. Co-
meçamos com a energia proveniente de uma fonte renovável, como solar, eólica ou PCH. Essa energia é utilizada no
processo de hidrólise. Neste processo, quebramos a molécula de água, liberamos oxigênio para a atmosfera e usamos
o hidrogênio para a produção de calor, eletricidade e outros subprodutos, como óxidos de nitrogênio, por exemplo.

Outra forma que conhecemos de obtenção do hidrogênio é a partir do gás natural. Como conhe-
cemos química básica, sabemos que o metano (CH4), um hidrocarboneto leve, é um dos principais
componentes do gás natural. Por meio de um processo denominado Reforma Catalítica a Vapor,
obtemos hidrogênio, oxigênio e carbono (CO e CO2).
Além do gás natural, também podemos extrair hidrogênio do carvão mineral. Sabemos que o carvão
é utilizado, há séculos, como combustível para geração de eletricidade, mas é um dos elementos mais
poluentes que temos. Em virtude disso, há alguns estudos que buscam um processo eficiente para a
gaseificação do carvão e o aproveitamento do gás para células a combustível. O processo de gaseifi-
cação do carvão demanda muito calor e altas temperaturas, o que torna o ambiente ideal à utilização
das células de segunda geração.
Por fim, veremos, agora, a obtenção de hidrogênio a partir do metanol e da biomassa. O metanol é
uma das substâncias mais importantes para motores a combustão interna e, mais comumente, extraído
do petróleo. Em meados dos anos 70, no auge da crise do petróleo, diversos estudos e projetos foram
conduzidos para que pudéssemos extrair metanol do carvão.
Em busca de caminhos mais sustentáveis e menos danosos ao meio ambiente, vem crescendo o
interesse pelo aproveitamento, em larga escala, do metanol e do hidrogênio, visto que ambos podem
ser obtidos a partir de biomassa. Além disso, avanços recentes da tecnologia das células a combustível
nos possibilitam utilizar o metanol, assim como o hidrogênio, para combustível direto das células.
Conseguimos extrair o metanol e o hidrogênio da biomassa por processos semelhantes aos da obtenção
do metanol a partir do carvão, cujas etapas dos processos já dominamos.

107
UNICESUMAR

Para finalizar esta unidade, caro(a) estudante, veremos as vanta-


gens e desvantagens do uso das células a combustível. Em relação
às células a combustível de hidrogênio, graças às características
físico-químicas, esse elemento tem potencial para ser o combustí-
vel menos poluidor que conhecemos, visto que, após a queima, o
seu principal produto é a água (H2O). De acordo com Reis (2006,
p. 306):



Os únicos poluentes resultantes da combustão
do hidrogênio em ar são os óxidos de nitrogê-
nio (NOx). Com queimadores catalíticos (que
operam a baixas temperaturas, comparados ao
sistema de combustão), as emissões de NOx po-
deriam ser reduzidas a níveis negligenciáveis; em
células a combustível, o NOx poderia ser elimi-
nado totalmente. Entre os vários transportadores
de energia que podem ser derivados de fontes
renováveis, somente o hidrogênio e eletricidade
poderiam eliminar completamente as emissões
prejudiciais no ponto de uso (algumas outras
opções, como o metanol derivado da biomas-
sa e usado em células a combustível, poderiam
aproximar-se dessa meta). Se o hidrogênio for
produzido através de recursos renováveis, não
há geração de gases estufa ou outros poluentes
na produção ou no uso da energia.

Por meio de métodos como a eletrólise da água, conseguimos pro-


duzir hidrogênio a partir de inúmeras fontes renováveis disponíveis.
As energias necessárias para os processos de eletrólise podem ser
obtidas por geração eólica, hidrelétrica, solar fotovoltaica, gasei-
ficação da biomassa etc. A diversidade de tecnologias que já do-
minamos para a produção de eletricidade, a partir de uma fonte
primária, facilitará o nosso trabalho em utilizar o hidrogênio como
combustível em um futuro próximo.
A Figura 7 traz as principais vantagens e desvantagens dos siste-
mas de geração de energia à base de células a combustível, quando
comparadas aos sistemas convencionais.

108
UNIDADE 6

VANTAGENS DESVANTAGENS

• Flexibilidade quanto ao combustível utilizado. • Sensibilidade à contaminação pela


• Elevada eficiência na conversão da energia, relativamente ação de alguns componentes
independente do valor da carga. existentes no combustível.
• Ausência de ruído. • Elevada relação custo/potência
• Baixa emissão de poluentes. decorrente do emprego de materiais
• Possibilidade de dispersão das centrais, decorrente da nobres.
possibilidade de sua instalação em áreas urbanas ou rurais. • Confiabilidade e suportabilidade a
• Facilidade de expansão devido à característica de condições adversas ainda não
modularidade. demonstradas.
• Suscetibilidade à produção em massa
• Possibilidade de utilização do calor residual para cogeração.
• Resposta rápida à flutuação de demanda.
• Capacidade de acompanhar, rapidamente, o crescimento
da carga.
• Confiabilidade, potencialmente, elevada.
• Baixo custo de manutenção.
• Baixa relação volume/potência.

Figura 7 - Vantagens e desvantagens dos sistemas de geração de energia à base de células a combustível / Fonte: Reis (2006,
p. 305).

Descrição da Imagem: aqui, temos uma tabela com duas colunas. A primeira, do lado esquerdo, elenca as principais
vantagens dos sistemas de geração de energia à base de células a combustível, enquanto a segunda coluna, do lado
direito, elenca as principais desvantagens.

Como observamos, a célula a combustível apresenta mais vantagens do que desvantagens, já sabemos
que é uma área promissora e cheia de expectativas. Com todos os estudos e pesquisas que estão sendo
conduzidos, em breve, teremos uma tecnologia viável e eficiente no mercado.
Estamos chegando ao fim de mais uma unidade. Se lembra das linhas de pesquisa do IPEN que você
anotou lá no seu Diário de Bordo, no início dos seus estudos? De acordo com o tour pelo site, o foco de
estudo deles está na célula a combustível de hidrogênio, células a óxido sólido e célula a combustível de
membrana polimérica. Você reparou que os dois primeiros assuntos foram abordados, aqui, também?
Nesta unidade, conhecemos as células, algumas tecnologias, vantagens e desvantagens bem como
vimos as suas reações globais mais importantes. Com o conhecimento e o embasamento fornecidos
aqui, esperamos que você, em sua carreira profissional como pesquisador(a) ou engenheiro(a) de
energias, consiga se manter sempre atento(a) e atualizado(a) em relação às tendências do mercado.
Esta é uma área relevante para estudos de iniciações científicas, teses de mestrado e doutorado, visto
que ainda estamos descobrindo novidades e aperfeiçoando o que já sabemos.

109
Para completarmos o nosso ciclo de estudo, vamos colocar, em prática, o que aprendemos? No
Mapa Mental, a seguir, escolha três das células a combustível que estudamos para completar os
quadros de reação de oxidação e reação de redução.

OXIDAÇÃO

CÉLULA

REDUÇÃO

OXIDAÇÃO

CÉLULA

REDUÇÃO

OXIDAÇÃO
CÉLULA

REDUÇÃO
MAPA MENTAL

110
1. Ao longo desta unidade, vimos diversas vantagens que a tecnologia da célula a combus-
tível nos apresenta e, também, que há alguns modelos de células em comercialização
e uso. Dentre os cinco modelos apresentados, escolha um para apresentar, a seguir,
algumas das suas características mais marcantes. Sinta-se à vontade para escolher
alguns dos modelos apresentados na unidade ou procurar, em referências externas,
as características de outros modelos.

2. Em relação às células a combustível de hidrogênio, graças às características físico-


-químicas, sabemos que este elemento tem potencial para ser o combustível menos
poluidor que conhecemos, visto que, após a queima, o seu principal produto é a água.
a) Liste, ao menos, três vantagens do uso da célula a combustão de hidrogênio.
b) Liste, ao menos, três desvantagens do uso da célula a combustão de hidrogênio.

3. A reação global de uma célula a combustível está, corretamente, representada por qual
das alternativas, a seguir?
a) 2H2 + O2 -> 2h2O
b) 2H2 + 4(OH)- -> 4H2O + 4e-
c) O2 + 2H2O + 4e- -> 4(OH)-
d) H2 + 2(OH)- a 2H2O + 2e-
e) ½ O2 + H2O + 2e- a 2(OH)-

AGORA É COM VOCÊ

111
MEU ESPAÇO

112
7
Sistemas
Solares
Me. Lucas Delapria Dias dos Santos

Nos últimos anos, a energia solar, principalmente, a fotovoltaica,


se consolidou como uma das principais alternativas de geração de
energia limpa e renovável. Uma das mais expressivas vantagens da
geração de eletricidade pelos sistemas fotovoltaicos é a produção de
energia no próprio local de consumo. Nesta unidade, estudaremos
alguns tipos de sistemas que utilizam, diretamente, a incidência
solar para gerar energia ou trabalho, também veremos algumas
definições e nomenclaturas importantes, vantagens e tecnologias
utilizadas.
UNICESUMAR

Apesar do uso da energia solar como fonte de geração de energia elétrica ainda não ser difundida, em
larga escala, no Brasil, é relevante destacar o potencial de desenvolvimento do país nesta modalidade
de geração distribuída, graças aos altos índices de incidência de radiação solar.
Caro(a) aluno(a), você já parou para pensar na importância do sol em nossas vidas e na geração
de energia elétrica?
Desde os nossos tempos de escola, aprendemos a importância do sol para a vida no planeta Terra.
Sabemos que todos os organismos vivos multicelulares em nosso ecossistema dependem, direta ou
indiretamente, da energia do sol para realizar as suas funções vitais, como a fotossíntese, por exem-
plo. Além disso, fontes primárias de energia que utilizamos, há séculos, só existem por causa deste
astro. A exemplo disso, temos os combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão natural, que são
formados pela decomposição natural de plantas e animais e, ambos, em vida, obtiveram da radiação
solar a energia necessária para o seu desenvolvimento. Outro exemplo são as usinas hidrelétricas, cujo
funcionamento baseia-se no ciclo da água, que só é permitido graças à evaporação provocada pela
luz solar. Por fim, temos a biomassa (bagaço da cana-de-açúcar ou a palha de arroz), a qual é utilizada
como combustível em termelétricas e usinas de cogeração de energia. Tanto a cana-de-açúcar quanto
o arroz só crescem porque obtêm energia do sol.
Em busca de solucionar os problemas e os danos causados pelos avanços do setor energético, a
sociedade tem buscado alternativas para amenizar os impactos ao meio ambiente e, ao mesmo tempo,
garantir o fornecimento adequado de energia ao país.

Nesse sentido, estudos foram conduzidos para a busca por tecnolo-


gias alternativas, visando ao baixo impacto à natureza. Diante de todos
os assuntos abordados e das dúvidas levantadas, recomendo entrar
no site da Associação Brasileira de Energia Solar para acompanhar o
crescimento dessa energia no país http://www.absolar.org.br/.
Além disso, sugiro, também, entrar no site da Renew Energia, onde
podemos acompanhar, por meio de infográficos, todas as instala-
ções fotovoltaicas existentes no Brasil. Podemos filtrar por datas de
instalação, potência, região, entre outros: http://renewenergia.com.
br/portalbianeel/.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

114
UNIDADE 7

Antes de começarmos a estudar as formas de geração de energia elétrica advindas dos raios solares,
analisando a experimentação proposta, podemos ver a proporção que a energia solar fotovoltaica está
tomando em nosso país. Essa é a forma mais usual de conversão de energia solar em eletricidade, apesar
de não ser a única. Sugerimos que você utilize o Diário de Bordo para anotar o número de instalações
fotovoltaicas na sua cidade, no seu estado e no Brasil. Ainda, a título de curiosidade, anote, também,
o número de instalações das capitais de outros estados ou das outras cidades que você conheça.

DIÁRIO DE BORDO

Como estudado em unidades anteriores, a matriz elétrica brasileira é composta por diversas fontes
primárias. Dentre elas, pode-se citar o petróleo, o gás natural, o carvão mineral, o urânio, as energias
hidráulica, solar e eólica, além da energia proveniente da biomassa, mas pode-se dizer que a maioria
das fontes de energia estão conectadas com energia do sol. Por exemplo, diretamente, utilizamos a
radiação solar como fonte de energia térmica, aquecimento de fluidos e ambientes e, indiretamente,
para a geração de energia elétrica por meio de sistemas fotovoltaicos.
Com toda esta diversidade nas fontes de geração de energia elétrica, esperávamos uma matriz energética
mais variada, correto? Entretanto, no Brasil e na maioria dos países, o combustível fóssil ainda prevalece.
Além da falta de representatividade de fontes geradoras limpas e renováveis, temos vivenciado o aumento da
demanda por energia provocado pelo crescimento populacional e, consequentemente, pelo desenvolvimento
das indústrias. De acordo com a Organização das Nações Unidas, a população mundial era de 7,6 bilhões,
devendo atingir cerca de 9,5 bilhões até 2050, conforme ilustrado na Figura 1 (UNITED NATIONS, 2017).

115
UNICESUMAR

14
95% Intervalo de previsão
Média
12 Estimativa

10
População (bilhão)

0
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 2060 2070 2080 2090 2100

Figura 1 - Perspectiva da população mundial / Fonte: adaptada de United Nations (2017).

Descrição da Imagem: este gráfico ilustra a perspectiva de crescimento da população mundial. No eixo X, temos as
décadas de 50 a 2100, no eixo Y, temos o número de habitantes no planeta Terra, em bilhões. Em 2015, a população
mundial era de, aproximadamente, 7 bilhões de pessoas. A estimativa é que, em 2100, a população seja de, aproxi-
madamente, 12 bilhões.

A energia solar fotovoltaica tem apresentado efetivo crescimento mundial nas últimas décadas devido
à possibilidade da geração de energia elétrica de forma distribuída, não necessitando, portanto, de
extensas linhas de transmissão e distribuição. Além disso, é possível a instalação de sistemas de dife-
rentes potências, facilmente, integradas em edificações no meio urbano, sem necessidades de áreas
extras para a sua instalação (RUTHER, 2004).
A implantação do sistema solar fotovoltaico em residências e comércios traz uma série de vantagens
para o meio ambiente, como o uso de uma energia limpa e renovável, que não emite CO2 no meio
ambiente, por exemplo.
Algumas das vantagens do sistema solar são: redução no consumo da energia elétrica fornecida
pela distribuidora ou companhia responsável; redução na demanda durante o horário de ponta do
sistema; conscientização dos consumidores sobre a importância da utilização de fontes renováveis de
energia e economia.
No Brasil, a energia solar deve alcançar cerca de 7 GW de potência instalada até 2026. As novas
fontes de energia, por exemplo, a solar e a eólica, estão ganhando cada vez mais espaço, uma vez que
houve melhoria nas tecnologias envolvidas, reduzindo os custos dos materiais e da mão de obra. A
tecnologia utilizada para a conversão de energia solar por meio de células fotovoltaicas, por exemplo,
registrou expressiva redução de preços, se tornando 80% mais barata do que era há dez anos (EPE, 2017).
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (ABSOLAR, 2018, on-line), o país alcançou, em
dezembro de 2017, o seu primeiro 1 GW de potência instalada. A potência é suficiente para abastecer

116
UNIDADE 7

500 mil residências e atender ao consumo de 2 milhões de brasileiros. O resultado também coloca o
Brasil entre os 30 países do mundo, em um grupo de 195, que possuem mais de 1 GW de fonte solar.
O Brasil também se destaca quando se trata de geração de energia elétrica como um todo, sendo
74% da energia consumida no país proveniente de fontes renováveis, ao passo que a média mundial
é de 23,8% (EPE, 2017). A geração de energia de forma renovável, aqui, ainda pode crescer. Segundo
o Atlas Solarimétrico do Brasil (2000), as áreas localizadas no Nordeste brasileiro têm valores de ra-
diação média diária e anual semelhantes a regiões desérticas. Além disso, as cartas de radiação solar
total diária mostram que essa radiação, no país, varia entre 8 a 22 MJ/m²dia.
Apesar de todos os pontos positivos levantados, o mercado fotovoltaico representa uma fração
muito menor do que poderia ser, no entanto, segundo Reis (2011), este cenário mudará. A luz solar
está disponível em quase todos os lugares da Terra e, como os preços dos sistemas fotovoltaicos estão
em contínuo decréscimo, há fortes correntes apoiando a ideia de um futuro energético solar. A difusão
dessa tecnologia vem sendo acompanhada por inovações que permitem o aumento da eficiência de
conversão de energia das fotocélulas bem como a significativa redução de seus custos.
Nesta unidade, estudaremos as duas principais formas de aproveitamento da energia solar para a
produção de energia, que são: fotovoltaica e termoelétrica. Os dois métodos apresentados, a seguir,
de acordo com as definições de Reis (2011), possuem um ponto em comum: todos eles utilizam a
radiação solar incidente e convertem a energia solar em outros tipos de energia (térmica e/ou elétrica).
a) Sistemas fotovoltaicos: capazes de realizar a conversão direta da energia solar em eletricidade.
b) Sistemas termossolares: um coletor transforma a radiação solar em calor. Esta energia térmica
é transferida para um fluido, como a água, para posterior utilização.

Como vimos, todos os sistemas solares funcionam por meio da radiação solar. Para Reis (2011, p.
212): “A transmissão da energia do sol para a Terra se dá pela radiação eletromagnética de ondas cur-
tas, pois 97% da radiação solar está contida entre comprimentos de onda que variam entre 0,3 e 3,0
µm”. A radiação solar é interpretada como a energia radiante emitida pelo sol, e devemos saber que
diversos fatores a influenciam em determinadas regiões, dentre eles, podemos citar: fatores climáticos
(umidade relativa do ar, nebulosidade, entre outros), além da latitude local e da posição no tempo (ou
seja, horas do dia e estação do ano). A influência desses fatores está ligada com a inclinação do eixo
da Terra e com os movimentos de rotação e translação ao redor do sol.
Com todos esses fatores influenciando a intensidade da radiação solar na superfície terrestre e dos
obstáculos encontrados no percurso dos raios solares, fica fácil entender o porquê de, somente, parte
dessa radiação atingir a nossa superfície. Apesar de todos os obstáculos descritos, acredita-se que a
energia solar incidente na superfície do nosso planeta seja, aproximadamente,10 mil vezes maior do
que o consumo energético mundial (CRESESB, 1999).
Devido às flutuações climáticas, a radiação solar incidente no limite superior da atmosfera sofre
uma série de reflexões, dispersão e absorção durante o seu percurso até o solo (REIS, 2011). Podemos
dizer que a incidência total de radiação em determinado corpo na superfície terrestre é a somatória
da incidência direta, difusa e refletida. A radiação direta é aquela proveniente, diretamente, do disco

117
UNICESUMAR

solar; ela não sofre nenhuma mudança em sua direção, além da provocada pela refração atmosférica.
A radiação difusa é a que atinge o corpo após ter a sua direção modificada pela reflexão ou pelos
espalhamentos na atmosfera. Por fim, a radiação refletida depende das características do solo e da
inclinação do equipamento captador (REIS, 2011).
De acordo com Bexaira et al. (2018), a radiação solar e a radiação difusa podem ser medidas por
instrumentos como os radiômetros, actinógrafos bimetálicos e piranômetros, sendo este último o mais
utilizado no Brasil. Usualmente, os dados solarimétricos são divulgados e apresentados como energia
coletada ao longo de um dia e, para a média mensal, se fazem necessários o estudo e a medição da
radiação por vários anos. As unidades de medição mais frequentes são: Langley/dia (ly/dia); cal/cm².
dia; Wh/m² e intensidade média diária em W/m². Ainda, de acordo com estudos realizados, em con-
dições atmosféricas ótimas, ou seja, céu claro sem nenhuma nuvem, a iluminação máxima observada
ao meio-dia, num local situado ao nível do mar, é de 1kW/m² (REIS, 2011).
Agora que sabemos o que é radiação solar, analisaremos alguns dados: sabemos que a incidência
varia de acordo com a posição da Terra em relação ao sol, com as estações do ano, a latitude e diversos
outros fatores. Dito isso, a superfície horizontal no sul da Europa Ocidental (sul da França) recebe, em
média, por ano, uma radiação de 1.500 kWh/m², ao passo que, no Norte, a energia varia entre 800 e
1.200 kWh/m². Além disso, a superfície no deserto do Saara recebe cerca de 2.600 kWh/m² ano, duas
vezes maior do que a média europeia (REIS, 2011),
No Brasil, a região do semiárido é a que recebe os maiores índices de incidência solar, com valores
típicos entre 200 a 250 W/m2, de potência contínua, o que equivale entre 1.752 kWh/m² a 2.190 kWh/
m² por ano, de radiação incidente. Isto coloca o local entre as regiões do mundo com maior potencial
de energia solar (REIS, 2011).

Caro(a) estudante, deixo, aqui, uma dica para você! A energia solar
poderá, um dia, ajudar a resolver os problemas do aquecimento global
e da escassez dos combustíveis fósseis. Neste livro, você descobrirá
quais as formas de aproveitar a energia solar, o que ocorre no cen-
tro do sol, como transformar água salgada em água doce usando a
energia solar e muito mais.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

118
UNIDADE 7

Nos sistemas fotovoltaicos, a energia solar é transformada, diretamente, em energia elétrica, graças
ao efeito fotovoltaico e ao funcionamento das células fotovoltaicas. Vale ressaltar que as células são o
principal componente do sistema, sendo constituídas de material semicondutor que converte a energia
solar em eletricidade de corrente contínua (TAVARES; FILHO, 2012).
Os módulos fotovoltaicos são formados por arranjos de células fotovoltaicas e são os responsáveis
pela captação da radiação solar e pela sua transformação em energia elétrica. Eles são fabricados por
processos industriais diferentes, com características físicas, eficiência e custos diferentes para cada
modelo (CASARO; MARTINS, 2010).
Uma das vantagens do sistema fotovoltaico, quando comparado com os termelétricos e termossolares
que veremos mais adiante, é: além da luz solar direta, os módulos também aproveitam a componente
difusa para a produção de eletricidade, permitindo o seu funcionamento em dias em que o céu não
está, completamente, limpo.
Segundo o Portal Solar (2016, on-line), os módulos fotovoltaicos de silício policristalinos são os
mais utilizados no mundo. Este tipo de módulo é fabricado pela fusão de blocos de silício cristalino
de modo a preservar os seus múltiplos cristais. O formato do bloco é quadrado para facilitar o corte
das células. Devido à baixa potência das células solares (em geral, variam de 1 a 3 W e possuem ten-
são inferior a 1 V), a fabricação dos módulos solares acontece por meio do encadeamento de várias
células. Em uma ligação em série, o polo negativo de cada célula é soldado ao polo positivo da célula
seguinte (DGS, 2004).
Para Casaro e Martins (2010), a quantidade de módulos conectados em série determinará a tensão
de operação do sistema em corrente contínua – CC. A corrente do gerador solar é definida pela co-
nexão, em paralelo, dos painéis individuais ou de strings (conjunto de módulos conectados em série).
A potência instalada, normalmente, especificada em CC, é dada pela soma da potência nominal dos
módulos individuais (RUTHER, 2004).
Os módulos fotovoltaicos são projetados para operarem entre 25 e 30 anos, devendo acomodar as
células fotovoltaicas bem como proporcionar suporte estrutural e proteção contra danos mecânicos
e agentes ambientais, tais como sol, chuva e ventos.

Nos últimos anos, presenciamos o aumento das instalações de sis-


temas fotovoltaicos residenciais e comerciais. Para quem adquire
esse sistema, o retorno financeiro é o mais importante, o que ocorre
entre cinco e oito anos, geralmente. Para saber mais sobre a legis-
lação brasileira para sistemas fotovoltaicos, venha participar deste
podcast!

119
UNICESUMAR

Para que as células solares possam gerar eletricidade, deve ocorrer um fenômeno conhecido como
efeito fotovoltaico. As células solares são as principais responsáveis pelo funcionamento do sistema
fotovoltaico, visto que elas são as responsáveis pela conversão da radiação solar em energia elétrica.
Essas células são construídas com materiais semicondutores, por exemplo, silício, arseneto de gálio,
telureto de cádmio ou disseleneto de cobre e índio. São adicionados dopantes nos semicondutores
com o objetivo de criar um meio adequado ao estabelecimento do efeito fotovoltaico (DGS, 2004).
Por serem sólidos e terem boa estrutura atômica cristalina de condutividade elétrica intermediária,
os materiais semicondutores são os mais adequados ao efeito fotovoltaico (DGS, 2004). O silício é o
semicondutor mais utilizado na concepção de células solares, pois semicondutores, como o cádmio
(Cd), o selênio (Se) e o telúrio (Te), são, altamente tóxicos, outros, como o gálio (Ga) e o índio (In)
são raros (RUTHER, 2004).
A existência de uma banda de valência, totalmente, preenchida por elétrons e de uma banda de
condução, totalmente, vazia é uma das principais características dos materiais semicondutores. A
Figura 2 ilustra a seção transversal de uma célula fotovoltaica.

Fótons incidindo na célula fotovoltaica

Contato frontal

Camada do tipo n

Camada do tipo p

Contato de base
Direção da corrente

Legenda
Fóton Elétron Elétron solto

Figura 2 - Seção transversal de uma célula fotovoltaica / Fonte: adaptada de Vanek e Albright (2008).

Descrição da Imagem: esta ilustração demonstra o funcionamento de uma célula fotovoltaica. A inserção de elemen-
tos (como fósforo e boro) nas camadas n e p faz com que elétrons livres do lado n passem ao lado p, onde encontram
lacunas que os capturam. Consequentemente, é gerado um acúmulo de elétrons no lado p, tornando-o, negativamente,
carregado, e uma redução de elétrons do lado n, tornando-o, eletricamente, positivo, onde se estabelece a corrente
elétrica. O efeito fotovoltaico ocorre, portanto, numa região cujo campo elétrico é diferente de zero e as cargas são
aceleradas quando uma junção pn é exposta a fótons.

120
UNIDADE 7

Quando os quatro elétrons de ligação dos átomos de silício se ligam aos seus vizinhos, se forma uma
rede cristalina. No entanto, quando são adicionados átomos com cinco elétrons de ligação, como o
fósforo, haverá um elétron em excesso que não poderá ser emparelhado e, consequentemente, devido
à baixa energia térmica, esse elétron se livra e vai para a banda de condução, tal qual ilustrado na Fi-
gura 1. Em razão deste fenômeno, o fósforo é considerado um dopante de elétrons, conhecido como
dopante n ou impureza p (CRESESB, 2004).
Além do fósforo, outros tipos de elementos podem ser introduzidos nos semicondutores, por
exemplo, o boro. Neste caso, quando são inseridos átomos com apenas três elétrons de ligação, haverá
uma falta de elétrons para completar as ligações com os átomos de silício da rede. Este fenômeno é
conhecido como buraco ou lacuna e, devido à pouca energia térmica, um elétron de um sítio vizinho
pode passar a esta posição, deslocando o buraco. Desse modo, o boro é um aceitador de elétrons ou
dopante p (CRESESB, 2004).
Historicamente, o efeito fotovoltaico foi descoberto em 1839, a partir de experimentos que de-
monstraram a conversão da energia solar em eletricidade. Nos experimentos conduzidos, eletrodos
mergulhados em uma solução de eletrólitos foram expostos à radiação solar, gerando eletricidade.
Entretanto, somente em 1888, graças ao cientista Charles Fritts, tivemos o primeiro protótipo de uma
célula fotovoltaica (PERLIN, 1999). Neste modelo, o selênio foi o semicondutor utilizado. Desde então,
anos de estudos e pesquisas possibilitaram o desenvolvimento de tecnologias de aproveitamento de
energia solar (térmica ou fotovoltaica).
Agora que já conhecemos os sistemas fotovoltaicos, nos aprofundaremos nos sistemas de energia
solar termoelétrica. O princípio de funcionamento das usinas solares termelétricas é semelhante ao
utilizado nas termelétricas convencionais. Na usina solar termoelétrica, a radiação solar direta é con-
centrada em um ponto específico, direcionada para aquecer um receptor, este, por sua vez, aquece um
fluido, como a água. O fluido aquecido é, então, utilizado para gerar trabalho e energia mecânica, por
meio de turbinas a vapor, por exemplo. O que difere a solar termoelétrica da termelétrica convencional
é a fonte/combustível utilizada para gerar calor e aquecer o fluido de trabalho.
Existem, basicamente, quatro tipos de tecnologia que são utilizadas pelas usinas solares termelé-
tricas, são elas: sistemas de calhas parabólicas, sistemas de refletores Fresnel lineares, torres solares e
discos parabólicos.
a) Sistema de calhas parabólicas
Consiste em fileiras de espelhos refletores, curvados em uma dimensão, que focalizam os raios
solares sobre tubos absorvedores de calor isolados do meio externo a vácuo, por intermédio de tubos
de vidro, como ilustrado na Figura 3.

121
UNICESUMAR

REFLETOR

RECEPTOR

SISTEMA DE TUBOS

Figura 3 - Sistema de calha parabólica / Fonte: Portal Solar (2016, on-line).

Descrição da Imagem: a figura mostra uma instalação de calhas parabólicas. Temos um conjunto de espelhos refleto-
res em formato de semicírculos. Nestes, ao centro, temos algumas mangueiras por onde escoa o fluido transparente,
responsável por transferir o calor captado. Os espelhos refletem a luz do sol para o fluido, que é transportado até o
sistema de tubos.

Os espelhos refletores são dotados de motores e estes possibilitam que os espelhos acompanhem o
movimento do sol. O fluido transparente, responsável por transferir o calor captado, percorre o interior
dos tubos absorvedores, em seguida, o fluido é bombeado por meio de trocadores de calor e produz
o vapor que movimenta as turbinas, produzindo eletricidade.
As entrais que fazem uso dessa tecnologia devem ser construídas com sistemas de armazenamento
térmico, visando à produção de energia elétrica em momentos cuja radiação solar não esteja disponível.
b) Sistemas de refletores Fresnel lineares
Este sistema é formado por longas fileiras de espelhos planos (ou quase planos), responsáveis por
refletir a radiação solar e convergir os raios em um único receptor horizontal fixo, alinhado com as
fileiras de espelhos, como ilustrado na Figura 4. Este sistema tem a vantagem de apresentar menos
custo por área, sendo, porém, menos eficiente do que o sistema de calhas parabólicas (IPCC, 2011).

122
UNIDADE 7

RECEPTOR

REFLETOR

SISTEMA DE TUBOS

Figura 4 - Sistema de refletor Fresnel / Fonte: Portal Solar (2016, on-line).

Descrição da Imagem: a figura ilustra o refletor Fresnel. Nele, há longas fileiras de espelhos planos (ou quase planos),
responsáveis por refletir a radiação solar e convergir os raios em um único receptor horizontal fixo, alinhado com as
fileiras de espelhos. Ao final do percurso, o fluido aquecido é direcionado ao sistema de tubos.

c) Sistemas de torres solares


Este sistema é, também, conhecido como receptores centrais, visto que utilizam centenas de espelhos
planos para concentrar os raios do sol em um único receptor central, o qual se encontra no topo de
uma torre, como vemos na Figura 5. De acordo com Tavares e Filho (2012, p. 58):


alguns sistemas comerciais utilizam sal derretido como fluido que fará a transferência
de calor, podendo realizar também o armazenamento dessa energia, de modo que a
central possa operar em horários em que não ocorra a incidência de radiação solar.
Os espelhos refletores devem possuir sistema para acompanhar o sol com movimen-
tação em dois eixos, o que os torna mais complexos e dispendiosos. Todavia, esse tipo
de central solar é capaz de atingir elevadas temperaturas, o que eleva a eficiência da
conversão de calor para eletricidade e reduz os custos de armazenamento térmico.

123
UNICESUMAR

RECEPTOR

HELIÓSTATO (com refletores)

Figura 5 - Sistema de torre solar / Fonte: Portal Solar (2016, on-line).

Descrição da Imagem: nesta imagem, temos alguns espelhos planos espalhados na superfície, para concentrar os raios
do sol em um único receptor central, que se encontrará no topo de uma torre. Os raios de sol incidentes no espelho
serão refletidos para o receptor, aquecendo o fluido.

d) Disco parabólico
Este sistema foi projetado para concentrar os raios solares em um receptor acima de seu centro, no
ponto focal do painel solar parabólico. O receptor absorve o feixe de energia e aquece o fluido, o calor
dele é utilizado num motor localizado no receptor, para, então, gerar energia limpa.
Todo o sistema acompanha o sol, movendo-se em dois eixos. A maioria dos discos possui, no ponto
focal, um conjunto individual motor-gerador. Os discos parabólicos oferecem o melhor desempenho
na conversão de energia solar para a elétrica entre todos os sistemas de concentração (IEA, 2010).

124
UNIDADE 7

RECEPTOR E MOTOR

REFLETOR

Figura 6 - Sistema de disco parabólico / Fonte: Portal Solar (2016, on-line).

Descrição da Imagem: aqui, temos um refletor, disposto na superfície terrestre, responsável por convergir os raios
solares no receptor. Este se localiza acima do espelho, no centro focal da parábola.

Visto que, apenas, os raios solares de incidência direta podem ser concentrados, esta planta de geração
deve ser instalada em locais de muita insolação, como regiões áridas e semiáridas.
Prezado(a) aluno(a), lembra da experimentação que fizemos no começo desta unidade? Com tudo o
que vimos, aqui, é fácil compreender a importância dessa fonte geradora e o seu crescimento contínuo.
Com o conhecimento adquirido, esperamos que você, como futuro(a) engenheiro(a), seja capaz de
compreender a relação entre os sistemas de energia à base de radiação solar e a atual necessidade. O
campo para engenheiros projetistas de sistemas fotovoltaicos, por exemplo, é, extremamente, amplo e
continuará em ascensão pelos próximos anos.

125
Chegamos ao fim de mais uma unidade, então, é preciso praticar o que vimos até aqui. Levando
em conta o conteúdo estudado e os seus conhecimentos adquiridos sobre energia solar, elabore
um Mapa Mental com, pelo menos, duas formas de utilizar a fonte solar para geração de energia,
descrevendo cada uma delas, com ênfase em: equipamentos constituintes do sistema e aplicações
específicas. Bons estudos!

Equipamentos do sistema

Aplicação
Nome do sistema

Equipamentos do sistema

Aplicação
Nome do sistema
MAPA MENTAL

126
127
MAPA MENTAL
1. A energia solar fotovoltaica tem apresentado, nas últimas décadas, efetivo crescimento
mundial devido à possibilidade da geração de energia elétrica de forma distribuída,
não necessitando, portanto, de extensas linhas de transmissão e distribuição. Apesar
de todos os pontos positivos levantados ao longo desta unidade, o mercado fotovol-
taico ainda representa uma fração muito menor do que poderia ser. Em relação a uma
desvantagem do sistema solar, assinale a alternativa correta:
a) Registros de níveis baixos da incidência solar em países localizados nas zonas tropicais,
como o Brasil.
b) A baixa capacidade da geração de calor por meio da incidência solar horizontal, mesmo
nos períodos de mais insolação.
c) A elevada instabilidade dos geradores solares no atual nível de tecnologia.
d) Os módulos solares ainda possuem custos elevados, e o rendimento, ainda, é, relati-
vamente, pequeno quando comparado a outras fontes de energia.
e) As usinas de energia solar necessitam de grandes áreas, destruindo florestas e áreas
agricultáveis.

2. Leia, atentamente, a frase, a seguir:

“A construção de usinas solares fotovoltaicas e termelétricas provoca danos ambientais


mínimos, quando comparada a fontes como a hidrelétrica e a termelétrica, podendo
ser considerada uma fonte de energia limpa”.
AGORA É COM VOCÊ

Analisando a afirmativa, é correto afirmar que:


a) A afirmativa é verdadeira, visto que geração de eletricidade por incidência solar gera
resíduos aéreos
b) A afirmativa é falsa, visto que, para a geração de eletricidade, não há queima de com-
bustível e nunca são utilizadas grandes áreas na instalação.
c) A afirmativa é falsa, visto que diversos animais morrem em virtude da insolação cau-
sada pelas usinas.
d) A afirmativa é verdadeira, visto que as instalações de usinas fotovoltaicas não provocam
mudanças significativas na atmosfera.
e) A afirmativa é falsa, visto que o aumento da instalação de usinas solares agravaria o
problema do efeito estufa.

128
3. O sol é a fonte de energia primária da Terra. Além de todos os organismos vivos de-
penderem dele para realizarem as suas funções vitais, é, também, a partir do sol que a
maioria das fontes de energia são formadas. O petróleo, o carvão e outros combustíveis
fósseis são formados pela decomposição de plantas e animais. Ambos, originalmente,
obtiveram da radiação solar a energia necessária ao seu desenvolvimento. Em relação
às duas formas principais de energia cujas usinas que realizam a transformação direta
da radiação solar têm mais interesse, assinale a alternativa correta:
a) Elétrica e mecânica.
b) Elétrica e automotiva.
c) Elétrica e térmica.
d) Mecânica e eólica.
e) Mecânica e automotiva.

AGORA É COM VOCÊ

129
MEU ESPAÇO

130
8
Energia
Eólica
Me. Lucas Delapria Dias dos Santos

A energia eólica vem se consagrando como uma das fontes mais


importantes da atualidade, ganhando cada vez mais espaço nas ma-
trizes energéticas de diversos países ao redor do mundo, inclusive,
no Brasil. Esta fonte geradora se caracteriza como uma tecnologia
madura, desenvolvida, principalmente, na Europa e nos Estados
Unidos. As turbinas eólicas são utilizadas, isoladamente, em pe-
quenos grupos de quatro ou cinco, ou em grandes parques eólicos,
com centenas de turbinas, e se tornaram um elemento habitual da
paisagem de muitos países europeus. Convido você, caro(a) aluno(a),
a conhecer mais sobre o universo da energia eólica, nesta unidade.
UNICESUMAR

Por muitos anos, a energia cinética dos ventos foi utilizada para suprir trabalhos braçais, como a
moagem de grãos. É comum vermos esta representação em filmes de época, em que os moinhos de
madeira eram executados com nenhuma ou quase nenhuma tecnologia. Com o passar dos tempos
e com a necessidade de mais energia e novos recursos, o sistema de energia eólica foi desenvolvido e
aprimorado, tornando- se algo, extremamente, complexo.
Você, com certeza, já viu, na internet ou na televisão, os imensos parques eólicos que existem no
Brasil ou em outros países pelo mundo, correto? Você imagina a complexidade tecnológica que está por
trás de uma torre? Nesta unidade, abordaremos este e vários outros assuntos, buscando compreender
a evolução dessa fonte de energia.
Para entendermos a importância dessa fonte em nossas vidas, vamos a alguns dados: segundo a
Associação Brasileira de Energia Eólica – ABEEólica (2019, on-line), durante o primeiro semestre de
2020, o Brasil atingiu a marca de 16 GW de potência instalada em energia eólica. Essa potência está
dividida em 695 parques eólicos em todo o país, contabilizando mais de 8300 aerogeradores.
Em 2019, essa fonte de energia foi responsável pela geração de cerca de 55,9 TWh de eletricidade,
representando 15% a mais em relação ao ano de 2018. Na média mensal, essa energia toda seria capaz
de abastecer, aproximadamente, 28,8 milhões de residências por mês, o que equivale a cerca de 86,3
milhões de pessoas, se considerarmos três habitantes por casa (ABEEÓLICA, 2019, on-line).
Surpreso(a) com os números? Pois, não fique. Atualmente, diversas pessoas têm aderido à geração
distribuída. Assim como a energia solar, a eólica também pode ser instalada em nossas residências e
em nossos comércios, gerando energia limpa e sustentável.

Dessa forma, convido você a entrar na plataforma de simulação de-


senvolvida pelo Departamento de Engenharia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul – UFRGS. Essa plataforma nos permite simular
a instalação de um pequeno parque eólico em nossa propriedade,
mostrando quantos aerogeradores seriam necessários para abater o
nosso consumo elétrico. Esse simulador leva em conta a velocidade
do vento médio em nossa região e o consumo elétrico.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

132
UNIDADE 8

De maneira sucinta, nesta unidade, introduzirei alguns conceitos importantes para que, como enge-
nheiros e engenheiras, possamos trabalhar com a energia eólica. Sanarei algumas dúvidas que vocês,
provavelmente, devem ter e apresentarei a importância dessa fonte de energia para o mundo, visto
que é uma das fontes renováveis que mais cresce. Dito isso, sugiro que anote, em seu Diário de Bordo,
o relatório apresentado para a sua simulação realizada na plataforma da UFRGS.

DIÁRIO DE BORDO

133
UNICESUMAR

Você já ouviu o ditado: “a necessidade é a mãe de todas as invenções”? Pois bem, ele se aplica, per-
feitamente, no tópico central desta unidade. O uso da força dos ventos para a geração de energia tem
os seus primeiros registros datados de, aproximadamente, 200 anos a.C., na Pérsia. Pesquisadores
apontam o surgimento de moinhos e cataventos para suprir a necessidade humana na agricultura.
Algumas tarefas, a exemplo da moagem de grãos e do bombeamento de água, passaram a exigir cada
vez mais esforço braçal e animal. Esta exigência ocasionou o desenvolvimento de uma forma primi-
tiva de moinho de vento, formado por um eixo vertical acionado por uma haste, movida, ainda, pelo
esforço humano ou animal.
Apesar da pouca eficiência devido às tecnologias primitivas, os primeiros cataventos foram, extre-
mamente, importantes para o desenvolvimento da sociedade, sendo empregados no bombeamento
de água e na moagem de grãos, substituindo a força motriz humana e animal.
Os cataventos foram introduzidos na Europa, por meio das Cruzadas, e começaram a ser moder-
nizados e desenvolvidos por volta do século XII, quando os moinhos de eixo horizontal passaram a
ser empregados em países como França, Holanda e Inglaterra. Em seguida, os moinhos com esse eixo,
do tipo “holandês”, foram, rapidamente, disseminados em vários países europeus.

134
UNIDADE 8

Século XI XVII XIX XX

Desenvolvimento dos
moinhos de vento após as
Cruzadas Utilização dos moinhos na Revolução industrial
Holanda e diversificação do máquina a vapor
seu uso em toda a Europa

Declínio dos
moinhos de vento

Figura 1 - Principais marcos do desenvolvimento da energia eólica no período do século XI ao século XIX / Fonte: adaptada de
Dutra (2012).

Descrição da Imagem: esta figura é uma linha do tempo com alguns marcos importantes para a evolução da ener-
gia eólica. O primeiro marco ocorreu no século XI, com o desenvolvimento dos moinhos de vento após as Cruzadas.
Durante o século XVII, os moinhos foram utilizados para bombeamento de água nos países europeus. No século XIX,
com a Revolução Industrial e a descoberta de novas fontes de combustíveis fósseis, a evolução dos moinhos sofreu
desaceleração, sendo retomada no século XX.

Com o desenvolvimento e aperfeiçoamento das pás e dos sistemas de eixos, o uso dos moinhos de vento
otimizou e facilitou, ainda mais, as atividades do dia a dia, fazendo com que a sua aplicação crescesse
e o seu uso se popularizasse. De acordo com estudiosos, o primeiro moinho de vento utilizado para
a produção de óleos vegetais foi construído em 1582. Alguns anos mais tarde, o moinho começou a
ser utilizado para a produção de papel e, também, para acionar serrarias (DUTRA, 2012). No final
do século XIX, com a Revolução Industrial, a energia eólica passou por amplas transformações, mas,
somente, no século XX, começaram a surgir os aerogeradores como conhecemos hoje.
Os aerogeradores de pequeno porte começaram a se disseminar junto com o desenvolvimento do
sistema elétrico, em países como os Estados Unidos, onde foram empregados, principalmente, nas
fazendas e residências afastadas dos centros urbanos.
Em 1888, Charles F. Bruch, um dos grandes empresários americanos da época, investiu no primeiro
catavento destinado à geração de energia elétrica, em Ohio. Este modelo de aerogerador fornecia 12
kW em corrente contínua e era utilizado no carregamento de baterias, projetadas para alimentar cerca
de 350 lâmpadas incandescentes. De acordo com Dutra (2012, p. 12):


Bruch utilizou-se da configuração de um moinho para o seu invento. A roda principal,
com suas 144 pás, tinha 17 m de diâmetro em uma torre de 18m de altura. Todo o sis-
tema era sustentado por um tubo metálico central de 36cm que possibilitava o giro de
todo o sistema acompanhando, assim, o vento predominante. Esse sistema esteve em
operação por 20 anos, sendo desativado em 1908. Sem dúvida, o catavento de Bruch
foi um marco na utilização dos cataventos para a geração de energia elétrica.

135
UNICESUMAR

Após o pontapé inicial dado pelos Estados Unidos, em 1931, a Rússia deu um passo ainda maior para
o desenvolvimento das turbinas eólicas. Balaclava, o aerogerador de 100 kW, foi o primeiro projeto
desenvolvido e conectado a uma termelétrica de 20 MW. Este foi o primeiro registro de uma tentativa
bem-sucedida de conectar um aerogerador de corrente alternada a uma usina. Neste modelo, o gera-
dor e o sistema de controle foram instalados no alto da torre de mais de 25 metros de altura, onde a
rotação era controlada pela variação do ângulo de passo das pás. O controle da posição era realizado
por meio de uma estrutura em treliças.

Desenvolvimento e utilização de turbinas eólicas de Acidente de


Chernobyl
pequeno porte para suprimento de energia em
comunidades isoladas

1900 Segunda Guerra 1970 1980 1990 2000

Uso interativo de
Choque do
combustíveis •Usinas eólicas offshore
Participação de vários países em petróleo
fósseis •Turbinas eólicas de
pesquisas de aerogeradores de
2 a 5 MW
pequeno porte Novos investimentos em
pesquisas e energia eólica
Desenvolvimento
da indústria alemã

Figura 2 - Principais marcos do desenvolvimento da energia eólica no século XX / Fonte: Dutra (2012, p. 12).

Descrição da Imagem: a Figura 2 representa a linha do tempo com marcos importantes para o desenvolvimento da
energia eólica durante o século XX. Entre 1900 até o início da Segunda Guerra Mundial, diversos países ao redor do
mundo estavam investindo em pesquisas relacionadas a aerogeradores. Após a guerra, diversas fontes de combustíveis
fósseis foram descobertas, entretanto, na década de 70, o mundo passou pela maior crise do petróleo de todos os
tempos, forçando o retorno dos investimentos em energias renováveis, como a eólica. Desde então, presenciamos o
surgimento de diversas tecnologias e estamos vivendo os anos de ascensão da energia eólica no planeta.

Desde então, cientistas e pesquisadores vêm trabalhando em modelos mais ambiciosos, com potência
entre 1 MW e 5 MW, mas, por muito tempo, tais projetos não se desenvolveram devido às fortes presença
e concorrência de outros modelos de geradores, como os motores à combustão e as termelétricas baseadas
em combustíveis fósseis. O período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe novas tecnologias aos
modelos de aerogeradores, os quais estudiosos atribuem o desenvolvimento das turbinas eólicas ao fato de,
em virtude das guerras, os países estarem preocupados em economizar os combustíveis fósseis.
Entretanto, após a guerra, houve a descoberta de novas reservas de combustíveis fósseis, tornando
as termelétricas, economicamente, mais competitivas e baratas, características presentes, também,
na queima do petróleo. Dessa forma, os aerogeradores passaram a ser construídos, apenas, para fins
de pesquisa, utilizando e aprimorando técnicas aeronáuticas na operação e desenvolvimento de pás,
assim, só foram resgatados anos mais tarde.

136
UNIDADE 8

Hoje em dia, sabemos que a energia eólica é uma das formas como a energia proveniente do sol se
manifesta, visto que os ventos ocorrem devido ao aquecimento diferenciado nas diversas camadas da
atmosfera do nosso planeta. Esta não uniformidade no aquecimento da atmosfera e das massas de ar
ocorre por causa da orientação e inclinação dos raios solares bem como dos movimentos de rotação
e translação da Terra.
Como sabemos, as regiões tropicais do nosso planeta não possuem a maior incidência de radiação
solar. Nessas regiões, a superfície terrestre recebe os raios solares, praticamente, perpendiculares, cau-
sando, consequentemente, elevação na temperatura. O ar quente que se encontra nas baixas altitudes
das regiões tropicais tende a subir, sendo substituído por uma massa de ar mais frio que se desloca
das regiões polares. O deslocamento de massas de ar determina a formação dos ventos, mecanismo
que é apresentado pela Figura 3.
Você sabia que existem, em nosso planeta, algumas regiões onde os ventos nunca param de “so-
prar”? Isto ocorre graças aos efeitos que os produzem (aquecimento no equador e resfriamento nos
polos) que estão sempre presentes na natureza. São chamados de ventos planetários ou constantes e
podem ser classificados em:
• Alísios: ventos que ocorrem em locais de baixa altitude, costumam vir dos trópicos para o
Equador.
• Contra-alísios: estes ventos vêm do Equador para os polos e ocorrem em altas altitudes.
• Ventos do Oeste: ventos que sopram dos trópicos para os polos.
• Polares: ventos que se originam nos polos (portanto, carregam uma massa de ar em baixa tem-
peratura) e vão rumo às zonas temperadas.

Figura 3 - Formação dos ventos devido


ao deslocamento das massas de ar /
Fonte: Dutra (2012, p. 19).

Descrição da Imagem: nesta


figura, temos a representação
do planeta Terra, com setas in-
dicando o sentido dos ventos.
Vemos os ventos alísios, que se
dão em locais de baixa altitude e
que ocorrem dos trópicos para
o Equador; os ventos contra-a-
lísios, que ocorrem nas regiões
de alta altitudes entre o Equa-
dor para os polos; temos os ven-
tos do Oeste, os quais sopram
dos trópicos para os polos, e os
ventos polares, que se originam
nos polos e vão rumo às zonas
temperadas.

137
UNICESUMAR

Como sabemos, a Terra apresenta inclinação de 23,5° em relação ao plano orbital. Dessa forma, a
radiação incidente na superfície terrestre varia de acordo com a localização geográfica, o que resulta
em variações sazonais na intensidade e duração dos ventos. Devido a estes fatos, surgem, portanto, os
ventos continentais (ou periódicos) que compreendem as monções e as brisas.
Podemos caracterizar as monções como ventos periódicos, cuja direção muda com as estações. De
forma geral, as monções sopram em determinada direção em uma estação do ano e, em outra estação,
vão para o sentido contrário. As brisas, ao contrário das monções, têm o seu sentido determinado
pela capacidade de refletir, absorver e emitir o calor recebido do sol, capacidade inerente a cada tipo
de superfície (tais como mares e continentes). Assim, temos as brisas que sopram do mar para o con-
tinente e temos as que vão do continente para o mar. Durante o dia, a superfície terrestre reflete mais
os raios solares, fazendo com que a temperatura do ar aumente.
Como consequência, temos a formação de uma corrente de ar que se inicia em alto mar e sopra
sentido terra, este tipo de corrente é chamado de brisa marítima. Já no período da noite, a superfície
terrestre sofre variação de temperatura menor do que a água por causa do coeficiente de calor destes
elementos. E assim se forma a brisa terrestre, que sopra da terra para o mar. Geralmente, a intensidade
da brisa terrestre é menor do que a da brisa marítima graças a menor diferença de temperatura que
ocorre no período noturno.
Outra classificação utilizada são os ventos locais, que se originam por outros mecanismos mais
específicos. Os ventos locais sopram em regiões específicas e são resultantes das condições climáticas
e geográficas locais, tornando-os bastante característicos.
Agora que já vimos um pouco da história dos moinhos, cataventos e aerogeradores e que conhe-
cemos as classificações dos ventos, estudaremos alguns fatores que influenciam o regime dos ventos.
As características topográficas de uma região, por exemplo, são um dos principais fatores que influen-
ciam o comportamento dos ventos, uma vez que, em determinada área, podem ocorrer diferenças
de temperaturas e pressão, ocasionando a redução ou a aceleração na velocidade do vento. Além das
variações topográficas e de rugosidade do solo, a velocidade também varia o seu comportamento
segundo a altura.
Sendo assim, temos que ter em mente que a velocidade do vento pode sofrer significativas mudan-
ças de velocidades em curto espaço (algumas centenas de metros). Dessa forma, os procedimentos
para avaliar o local no qual se deseja instalar turbinas eólicas para geração de eletricidade devem levar
em consideração diversos parâmetros que influenciam as condições do vento. Dentre os principais
fatores, destacam-se:
• A latitude do terreno (altura).
• A rugosidade do terreno, onde levamos em consideração a vegetação, a utilização da terra e as
eventuais construções.
• Presença de obstáculos nas redondezas (prédios, árvores etc.).
• Relevos que possam ocasionar algum tipo de efeito de aceleração ou desaceleração no escoa-
mento do ar.

138
UNIDADE 8

Como engenheiros, podemos levantar as condições locais a partir de mapas topográficos e de visitas
técnicas ao local de interesse para avaliar e modelar a rugosidade e os obstáculos. O uso de imagens
aéreas e dados de satélite também contribuem para uma análise mais acurada. Há diversas formas e
softwares que podem nos ajudar com levantamentos de informações e modelagens de usinas. Dito
isso, veremos, agora, os dois principais tipos de aerogeradores utilizados na geração de energia elétrica.
a) Rotor de eixo vertical
Este rotor não precisa de equipamentos extras para acompanhar a variação da direção do vento,
o que, consequentemente, simplifica os projetos eletromecânicos, diminuindo a sua complexidade,
além de diminuir ou evitar os esforços ocasionados pelas forças de Coriolis. O rotor de eixo vertical
também pode se movimentar por ações das forças de sustentação e pelas forças de arrasto.
O rotor de eixo vertical é indicado para locais que apresentam ventos turbulentos e, no geral, apre-
senta baixos níveis de ruídos, o que o tornam mais atrativo para regiões urbanas. Dentre este tipo de
rotor, destacam-se três modelos: Darrieus, Savonius e Darrieus-Savonius.

Figura 4 - Turbina eólica de eixo vertical do tipo Darrieus

Descrição da Imagem: representação de uma turbina eólica de eixo vertical do tipo Darrieus. Temos o poste principal
da turbina, logo acima, temos o eixo e as três pás retangulares encaixadas nele.

139
UNICESUMAR

O modelo de Darrieus se baseia na aerodinâmica das hélices das turbinas de um avião e são mais efi-
cientes do que o modelo de Savonius. Na Figura 4, vimos, com clareza, o eixo horizontal no gerador.

Figura 5 - Turbina eólica de eixo vertical do tipo Savonius

Descrição da Imagem: representação de uma turbina eólica de eixo vertical do tipo Savonius. Temos o poste principal
da turbina com duas pás helicoidais encaixadas em seu eixo vertical.

O gerador Savonius, por sua vez, utiliza a força de arrasto (ou seja, a pressão do ar sobre as pás). Este
modelo é mais leve e menos eficiente.
O último modelo, Darrieus-Savonius, utiliza a aerodinâmica do modelo de Darrieus e a tecnologia
do modelo de Savonius. É uma alternativa intermediária entre os modelos apresentados.
Todos os modelos apresentados possuem torres de baixa altura, manutenção custosa e trabalhosa
bem como modelagem da aerodinâmica complexa.

140
UNIDADE 8

Para entender melhor como funcionam os modelos de aerogeradores


com rotor de eixo vertical, indico assistir ao seguinte vídeo, em que
poderemos ver as turbinas funcionando, na prática. O vídeo está
em inglês, mas você pode configurar para legendar em português.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

b) Rotor de eixo horizontal


Os aerogeradores com tecnologia de rotor de eixo horizontal são mais comuns em usinas eólicas.
Assim como os rotores de eixo vertical, este rotor também utiliza as forças de sustentação e as forças
de arrasto para a movimentação. O seu eixo de rotação é horizontal, paralelo ao chão. Geralmente,
encontramos três ou mais pás, sendo que cada uma pode passar dos 90 metros de comprimento. O
conjunto torre + pá, em alguns casos, passa dos 200 metros de altura do chão. As pás deste modelo
podem ser dos mais diversos materiais, o alumínio e a fibra de vidro reforçada são os mais utilizados.
Como este modelo é o mais usual na geração de eletricidade, veremos, mais a fundo, alguns dos
seus principais equipamentos, como a torre, a nacele, e o rotor.
Dentro da classificação de rotor de eixo horizontal, temos algumas variações de aerogeradores,
conforme vemos na Figura 6. O que os diferencia são o tipo de gerador utilizado, o tamanho e o
formato da nacele, além da presença ou ausência da caixa multiplicadora.

Figura 6 - Componentes de um aeroge-


rador de eixo horizontal / Fonte: Castro
(2009, p. 31).

C M G C M G C G C Cubo Descrição da Imagem: temos


três aerogeradores de eixo
R Rotor
horizontal. No aerogerador
à esquerda, temos o cubo, o
E Eixo
multiplicador e o gerador em
série. No aerogerador do meio,
M Multiplicador
temos, primeiramente, o cubo,
G Gerador em seguida, o multiplicador e o
gerador, unidos. Por fim, no ae-
N Nacele rogerador da direita, há o cubo
e o gerador. Nesta configura-
T Torre ção, a turbina não apresenta
multiplicador.

141
UNICESUMAR

Identificamos a nacele como a estrutura metálica montada sobre a torre, onde encontramos os se-
guintes elementos: caixa de engrenagem, sistemas de controle, gerador, motores para rotação e posi-
cionamento, entre outros.
As Figuras 7 e 8 trazem os principais componentes instalados em dois tipos de naceles. O gerador
da Figura 7 é, usualmente, utilizado em geradores convencionais, ao passo que a nacele da Figura 8 é
empregada em gerador multipolos.

1 Pás
1
2 Nacele
5
2 3 4 3 Multiplicador de velocidade

4 Acoplamento elástico

6 5 Sensores de vento

8 6 Rotor
9 7
7 Gerador elétrico
10
8 Sistema de freio a disco

9 Torre de sustentação

10 Controle de giro
11
11 Sistema de controle

12 Sistema de freio aerodinâmico


12

Figura 7 - Vista do interior da nacele de uma turbina eólica utilizando um gerador convencional / Fonte: Castro (2009, p. 31).

Descrição da Imagem: nesta imagem, temos os equipamentos e peças que compõem uma turbina eólica convencional.
Essas peças estão numeradas na seguinte ordem: (1) pás; (2) nacele; (3) multiplicador de velocidade; (4) acoplamento
elástico; (5) sensores de vento; (6) rotor; (7) gerador elétrico; (8) sistema de freio a disco; (9) torre de sustentação; (10)
controle de giro; (11) sistema de controle; (12) sistema de freio aerodinâmico.

142
UNIDADE 8

1. Controlador do cubo 11. Transformador de alta tensão


2. Controle pitch 12. Pás
3. Fixação das pás no cubo 13. Rolamento das pás
4. Eixo principal 14. Sistema de trava do rotor
5. Aquecedor de óleo 15. Sistema hidráulico
6. Caixa multiplicadora 16. Plataforma da nacele
7. Sistema de freios 17. Motores de posicionamento da nacele
8. Plataforma de serviços 18. Luva de acoplamento
9. Controladores e inversores 19. Gerador
10. Sensores de direção e velocidade do vento 20. Aquecimento de ar

Figura 8 - Vista do interior da nacele de um aerogerador utilizando um gerador multipolos / Fonte: Castro (2009, p. 32).

Descrição da Imagem: nesta imagem, temos os equipamentos e as peças que compõem uma turbina eólica conven-
cional. Essas peças estão numeradas na seguinte ordem: (1) apoio principal da nacele; (2) motores de orientação da
nacele; (3) gerador em anel (multipolos); (4) fixador das pás ao eixo; (5) cubo do rotor; (6) pás; (7) sensores de direção
e velocidade do vento.

143
UNICESUMAR

As pás dos aerogeradores possuem um design aerodinâmico e são


a parte responsável pela interação com o vento, convertendo parte
de sua energia cinética em trabalho mecânico. As primeiras versões
foram fabricadas em alumínio, mas, atualmente, são fabricadas em
fibras de vidro reforçadas com epóxi.
Alguns aerogeradores mais modernos apresentam rolamentos
em sua base, possibilitando movimentos de rotação para modificar
o seu ângulo e se adaptar às correntes de vento. Neste caso, as pás são
fixadas por meio de flanges em uma estrutura metálica à frente do
aerogerador, o qual é denominado cubo. Este é uma estrutura em
aço ou liga de alta resistência. Para os aerogeradores que possuem
controle de velocidade, o cubo, além de apresentar os rolamentos
à fixação das pás, desempenha outra função crucial: acomoda os
mecanismos e motores para o ajuste do ângulo de ataque de todas
as pás.
É importante ressaltarmos que, por se tratar de uma peça mecâ-
nica de alta resistência, o cubo é montado de tal forma que já sai da
fábrica como uma peça única e compacta. O eixo é o responsável
pelo acoplamento do cubo ao gerador, fazendo a transferência da
energia mecânica da turbina. É construído em aço ou liga metálica
de alta resistência.
Até aqui, já vimos a importância e a função do rotor, da nacele
e das pás. Agora, falaremos da cabine. É nela que alojamos, dentre
outros equipamentos, o veio principal, o travão de disco, a caixa de
velocidades (quando existe), o gerador e o mecanismo de orientação
direcional.
No veio principal, estão montadas as tubagens de controle hi-
dráulico dos travões aerodinâmicos. Em situações de emergência
causadas por falha no travão aerodinâmico ou para efetuar ope-
rações de manutenção, é usado um travão mecânico de disco. Ele
tanto pode estar situado no veio de baixa rotação quanto no veio
de alta rotação, após a caixa de velocidades. Na segunda opção, o
travão é menor e mais barato.

144
UNIDADE 8

A caixa de velocidades (quando existe) é necessária para adaptar a frequência do rotor da turbina,
tipicamente, da ordem de 0,33 Hz (20 rpm) ou 0,5 Hz (30 rpm), à frequência do gerador, isto é, da
rede elétrica de 60 Hz.
Conforme vimos em unidades anteriores, o gerador converte a energia mecânica da rotação da
hélice aplicada ao seu eixo em energia elétrica. Neste caso, o rotor deve ficar alinhado com a direção
do vento, visando a alcançar a maior rotação possível.
O anemômetro (utilizado para aferir a velocidade do vento) e o respectivo sensor de direção (biruta)
são montados logo acima do nacele, em sua parte traseira. Os dados de direção e velocidade do vento
são usados para orientação das turbinas.
Por fim, a torre suporta a nacele e eleva o rotor até a cota em que a velocidade do vento é maior e
menos perturbada do que junto ao solo, as mais tecnológicas e modernas podem ter mais de 60 metros
de altura. A torre deve resistir à exposição em condições naturais ao longo da sua vida útil, estimada
em 20 anos, aproximadamente. Os fabricantes têm-se dividido entre dois tipos de torres: tubulares
(Figura 9) e entrelaçados (Figura 10).

Figura 9 - Aerogerador tubular

Descrição da Imagem: ilustração de uma turbina eólica de eixo tubular. Ou seja, o eixo principal, que dá sustentação
para as pás e o motor, é uma estrutura tubular de metal.

145
UNICESUMAR

Figura 10 - Aerogerador entrelaçado

Descrição da Imagem: ilustração de uma turbina eólica de eixo entrelaçado. Ou seja, o eixo principal, que dá susten-
tação para as pás e o motor, é composto por diversas estruturas metálicas entrelaçadas.

Atualmente, o uso das torres tubulares é recorrente. Para fabricá-las, usa-se aço ou betão, sendo, nor-
malmente, fixadas no local com uma grua. Essas torres são mais seguras para o pessoal da manutenção,
pois é possível usar uma escada interior para ascender à plataforma da nacele. As torres entrelaçadas
são mais baratas, as fundações são mais ligeiras e o efeito de sombra da torre é atenuado, contudo estão
sendo, progressivamente, abandonadas, especialmente, devido às questões ligadas com o impacto visual
Em relação às aplicações dos sistemas eólicos, temos, basicamente, três aplicações distintas:
sistemas isolados, sistemas híbridos e sistemas interligados à rede. Os três sistemas mencionados
apresentam uma configuração básica, a qual se faz necessária uma unidade de controle de potência e,
em casos específicos, uma unidade de estocagem e armazenamento.
O primeiro sistema mencionado, o sistema isolado, apresenta alguma forma de armazenamento
de energia. Quando tratamos deste tipo de armazenamento, não nos referimos, somente, ao banco de
baterias, que é a forma mais popular, temos, também, a possibilidade de armazenar essa energia dos
ventos em outros formatos de energia, como a gravitacional, por exemplo. Apesar da popularidade

146
UNIDADE 8

dos sistemas de armazenamento, podemos ter outros, isolados sem este componente, como acontece
em sistemas para irrigação, em que toda a água bombeada pela força dos ventos é, diretamente, con-
sumida. Tais sistemas são empregados, comumente, em fazendas ou locais afastados da rede elétrica.
Os sistemas híbridos são as usinas compostas por mais de uma fonte de geração de energia, sendo
os geradores a diesel e as usinas fotovoltaicas as mais comuns e, também, que podem ser combinadas
com os aerogeradores. No caso das usinas híbridas, tivemos, recentemente, a geração de eletricidade
a partir de mais de uma fonte, assim, a complexidade do sistema aumenta, consideravelmente, sendo
necessário um aparato de controle e otimização de todas as fontes para que seja possível atingir a má-
xima eficiência de todos os geradores empregados. Os sistemas híbridos são, usualmente, empregados
em usinas de médio e grande porte, cuja finalidade é atender a um grande número de consumidores.
Por fim, os sistemas interligados à rede consistem nos sistemas eólicos de pequeno porte em
regime de geração distribuída, isto é, são pequenos aerogeradores dimensionados para abastecer o
consumo de pequenas propriedades, como uma residência ou uma empresa. Os sistemas interligados
à rede não apresentam aparato de armazenamento, visto que toda a geração é injetada, diretamente, na
rede elétrica da concessionária. Dentro dos sistemas interligados à rede, temos os sistemas offshore.
Basicamente, são grandes usinas eólicas construídas em alto mar.
Apesar de serem mais onerosas, devido ao transporte, à instalação e à manutenção, a quantidade
de projetos offshore têm aumentado, ano após ano. Este crescimento está relacionado, principalmente,
à escassez de grandes áreas em terra para instalações eólicas e, também, por apresentarem mais ren-
dimento, visto que não há prédios ou relevos geográficos por perto, além de o ambiente marítimo ter,
durante o dia todo, alto nível de incidência de ventos.

Apesar de todos os pontos positivos e do crescente uso da energia


eólica, ainda temos muitos desafios para superar. Neste podcast,
apresentarei os principais desafios e potencialidades da energia eó-
lica na matriz energética brasileira.

Caro(a) engenheiro(a), agora que conhecemos o sistema eólico, neste ponto do livro, já somos capazes
de entender a importância das energias limpas e renováveis em nosso futuro, correto?
Em uma rápida pesquisa na internet, vemos que há diversas empresas se especializando em projetos
e montagens de sistemas eólicos para geração distribuída. Além disso, temos um mercado em expansão
no Brasil e no mundo, com diversas usinas eólicas e híbridas sendo instaladas.

147
Chegamos ao fim da nossa oitava unidade, então, é hora de praticar o que aprendemos, até o
momento. Levando em conta o conteúdo estudado e os seus conhecimentos adquiridos sobre
energia eólica, elabore um Mapa Mental: elenque e descreva, pelo menos, três dos principais
elementos presentes em turbinas aerogeradoras. Bons estudos!

1-

2-

Elementos do aerogerador

3-
MAPA MENTAL

148
1. Ao longo desta unidade, estudamos, juntos, a história da energia eólica, o seu surgi-
mento, os tipos de turbinas e as classificações. Neste momento, utilize o conhecimento
adquirido para explicar, com as suas palavras, o que é um sistema híbrido e o que é
um sistema isolado.

2. Preencha os quadrados, a seguir, com C (cubo), M (multiplicador) e G (gerador), de


acordo com as configurações que estudamos nesta unidade:

C Cubo

M Multiplicador

G Gerador

AGORA É COM VOCÊ


Figura 1 - Ilustração para a Questão 1 / Fonte: Castro (2009, p. 31).

Descrição da Imagem: temos três aerogeradores de eixo horizontal. Na parte do motor dos três aeroge-
radores, há caixas para preenchermos com as letras C (cubo), M (multiplicador) e G (gerador), de acordo
com a sua configuração.

3. Dentre as turbinas de eixo vertical e de eixo horizontal, qual o tipo de aerogerador mais
utilizado em usinas e parques eólicos e por quê?

149
MEU ESPAÇO

150
9
Análise Econômica de
Geração de Energia
Me. Lucas Delapria Dias dos Santos

O objetivo desta unidade é introduzir os fundamentos, métodos e


metodologias, usualmente, empregados em análises de viabilidade
sobre a integração de geração aos sistemas elétricos de potência,
estabelecendo uma base para estudos mais abrangentes, profun-
dos e avançados. Após adquirimos a base do estudo de viabilidade,
veremos como funciona o processo de integração de novas usinas
ao Sistema Interligado Nacional – SIN.
UNICESUMAR

Você já pensou como é desenvolvido um projeto de usina elétrica e como ele é integrado ao SIN?
Anualmente, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL realiza os chamados leilões da geração,
os quais buscam identificar usinas geradoras pelo país todo e integrá-las ao SIN.
Esses leilões e a demanda energética necessária já foram estudados e predefinidos em planejamentos
antigos, no chamado Plano Nacional de Energia, e são, constantemente, atualizados de acordo com
a nossa economia e o nosso desenvolvimento.
A realização desses leilões é importante para que o país consiga fazer o fornecimento de eletricidade
a toda população, integrando novas cidades, criando novas redes de transmissão bem como linhas de
distribuição de energia.
A realização desses estudos e o planejamento dos leilões se baseiam em intensos estudos de via-
bilidade econômica, ambiental e social. Para encontrarmos a solução com o custo-benefício mais
vantajoso e que alcance, da melhor forma possível, os fatores citados, devemos nos atentar a alguns
aspectos fundamentais. Precisamos entender as características básicas do mercado energético onde
se encontra a usina geradora, além de saber em qual estado estão as linhas de transmissões e as su-
bestações nas redondezas.

Entendendo a importância de estudos prévios, análises de viabilidade


e de conhecimentos da rede elétrica, proponho, aqui, a seguinte expe-
rimentação: entre no site da Empresa de Pesquisa Energética – EPE e
analise o e-book sobre o Plano de Energia 2050, onde há informações
e previsões às novas demandas de energia e usinas até 2050, para
as mais diversas fontes geradoras. No mesmo endereço eletrônico,
é possível fazer o download de outros e-books, contendo previsões para daqui a 30 anos.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Estudando e analisando as pesquisas e trabalhos realizados pela EPE, vemos o quanto o nosso sistema elé-
trico é complexo e entendemos a importância de cada uma das fontes geradoras vistas ao longo deste livro.
Neste momento, caro(a) aluno(a), pense na importância de cada uma das fontes estudadas, até
agora, e abordadas no e-book, anteriormente, proposto. Vimos a importância e a contribuição dos
mais diversos combustíveis, correto? Com base nos conhecimentos adquiridos e na leitura do levan-
tamento energético desenvolvido pela EPE, anote, em seu Diário de Bordo, quais são os três tipos de
usinas geradoras que você julga serem de extrema importância para o nosso país, hoje, e quais serão
as três modalidades de usina que, na sua opinião, representam o nosso futuro em 50 anos. Lembre-se
de todos os fatores históricos, ambientais e sociais que vimos, até aqui.

152
UNIDADE 9

DIÁRIO DE BORDO

Ao realizar um projeto de geração de energia, a sua integração aos sistemas de potência brasileiro
deve levar alguns fatores em consideração, como: eficiência energética, licenciamentos ambientais e
benefícios sociais gerados.
É importante ressaltar que os aspectos sociais, ambientais, políticos, técnicos e econômicos têm
apresentado, cada vez mais, influência preponderante nas decisões relativas à geração de energia elé-
trica. Sendo assim, esta unidade apresenta conceitos, métodos, metodologias e critérios, usualmente,
utilizados para a avaliação da integração da geração aos sistemas elétricos de potência, com ênfase nos
aspectos técnicos e econômicos.
Antes de abordarmos o processo de integração, entenderemos, juntos, alguns conceitos do sistema
elétrico de potência: curvas de carga, curvas de produção (despacho) e alguns índices associados a
elas, como o fator de carga e o fator de capacidade.
Como sabemos, a carga é a demanda de energia elétrica que possuímos. Esse fator se comporta de
formas diferentes ao longo do tempo, variando a cada hora, dia, mês e ano. Temos uma carga variável
e, também, a necessidade de eletricidade disponível a qualquer momento, tornando fundamenta a
alocação dos sistemas de geração. Dois requisitos básicos podem ser associados à carga suprida por
um sistema elétrica:
a) Os requisitos de energia, relativos ao consumo durante certo intervalo de tempo.
b) Os requisitos de demanda máxima instantânea, associados a cada momento da vida do sistema
de potência.

153
UNICESUMAR

Para caracterizarmos as variáveis citadas, utilizamos o gráfico da curva de variação de carga no


tempo ou curva de duração de carga. Estas curvas são ilustradas na Figura 1, a seguir.
Potência

Curva típica de carga (diária)

Demanda
Demanda média máxima

24 horas

Potência

Curva de duração de carga


Demanda máxima

Demanda média

24 horas (100% do tempo)

Figura 1 - Curva de carga e curva de duração de carga / Fonte: Reis (2006, p. 312).

Descrição da Imagem: esta imagem traz dois gráficos. O primeiro representa a potência consumida em um período
de 24 horas. Desse gráfico, conseguimos visualizar que é possível extrair uma potência média e, também, identificar a
potência máxima de demanda. O segundo gráfico trata-se de uma curva que permite estabelecer por quanto tempo
a demanda não é menor do que certo valor.

Observe que esta imagem traz a ideia de demanda máxima e demanda média. A máxima é o maior
valor instantâneo da carga no período considerado e, para termos a demanda média, basta realizarmos
a integração no tempo da curva que a representa.
Ambas as demandas estão relacionadas com o dimensionamento do sistema gerador de energia. A
demanda média nos indica a capacidade das usinas de fornecer energia, continuamente, no período
considerado. Sendo assim, temos relação direta entre o dimensionamento das barragens/reservatórios,
a quantidade de painéis solares ou torre eólicas e o consumo de combustível para as termelétricas e
cogeradoras. A demanda máxima nos indica a capacidade máxima com que o sistema gerador pode
alimentar a carga, ou seja, estamos falando de potência instalada.

154
UNIDADE 9

Agora que já entendemos, um pouco, a carga e as suas curvas, veremos o fator de carga. Este re-
laciona a demanda média e a demanda máxima, como ilustrado no gráfico da Figura 2:

Demanda (kW)

Dc p

Dc m

Horas (h)

Figura 2 - lustração das variáveis usadas na definição do fator de carga / Fonte: Reis (2006, p. 313).

Descrição da Imagem: o gráfico do fator de carga indica a relevância do pico de carga com relação à energia fornecida.
Quanto maior o fator de carga, menor é a relevância do pico em relação ao seu comportamento médio e vice-versa. A
imagem traz um gráfico hipotético de uma curva de carga, relacionando a demanda média com o pico.

DM Demanda Média
O fator de carga é definido como: =
DP Pico de Carga
como o fator de carga é, inversamente, proporcional ao pico de carga, quanto menor o pico, maior
o fator e vice-versa.
A curva de produção (despacho) da geração nos apresenta a potência gerada ao longo do tempo.
Dessa maneira, teremos a curva de produção média e a produção de ponta, limitada pela capaci-
dade instalada da usina geradora. A Figura 3 apresenta a curva de produção de uma usina qualquer,
indicando as produções médias e de ponta.

155
UNICESUMAR

Potência

Pp

Pm

Pp: produção de ponta; Pm = produção média

Figura 3 - Curva de produção (despacho) de uma usina carga / Fonte: Reis (2006, p. 314).

Descrição da Imagem: o gráfico da curva de produção ilustra como a produção de energia aumenta e diminui ao longo
de certo período de tempo, seja de um dia, seja de um mês, um ano etc. Toda usina geradora apresenta um pico de
produção, depois, a geração começa a cair. Nesta imagem, interpretamos, exatamente, isso: temos a produção subindo
ao longo do tempo, chegando em seu nível máximo e, depois, decaindo e estabilizando.

Aqui, podemos entender melhor, ao colocarmos no contexto de uma usina hidrelétrica, por exemplo.
Nessas geradoras, a produção média se dá em função da quantidade de água disponível, das vazões
afluentes e das condições de estocagem nos reservatórios; ao passo que a produção máxima se dá em
função da capacidade instalada da usina.
A mesma comparação pode ser feita com as termelétricas, relacionando a produção média com a
disponibilidade do combustível. Neste caso, o seu armazenamento não depende de condições momen-
tâneas, podendo-se considerar que o combustível estará sempre disponível. Outras geradoras baseadas
em fontes primárias e renováveis, como a solar e a eólica, apresentam similaridade com as hidrelétricas.
Por fim, o fator de capacidade da usina está relacionado às características de sua produção para
atendimento à curva de carga do sistema. Esse fator, tal como para o de carga, é definido como a relação
entre a produção média e a produção de ponto (ou pico).
Fator de capacidade da usina:
PM Pr odução Média
=
PP Pr odução de Pico (lim itada pela pot instalada )

Veremos, agora, alguns aspectos técnicos e econômicos da integração da geração aos sistemas de
potência. Quando integrarmos novos sistemas geradores ao sistema de potência existente, devemos
nos certificar de que avaliamos todos os aspectos econômicos, sociais, ambientais e políticos.

156
UNIDADE 9

Devido às características específicas de cada gerador, precisamos estar aptos a analisar e a entender
onde cada usina se adequará na curva de carga: na base, na ponta ou na posição intermediária. Sendo
assim, nas próximas páginas, enfatizaremos os aspectos técnicos e econômicos, posteriormente, os
demais aspectos poderão ser agregados com mais facilidade.
Começaremos pelos custos, responsáveis por formar uma das partes mais necessárias desse in-
vestimento. Os principais componentes do custo das usinas geradoras para uma análise inicial (não
levando em consideração as taxações de impostos e custos ambientais) são:
a) Custos de investimentos: representam a parcela empregada na etapa de construção de uma
usina e, geralmente, são expressos em US$ (dólares americanos). Estes custos compreendem
as parcelas de investimento que são despendidas durante a execução da obra.
b) Juros durante a construção: são decorrentes do cronograma de desembolso da usina, durante
a construção.
c) Custos de combustível: aplicados, usualmente, em usinas termelétricas, usinas de cogeração,
células a combustível, nuclear, entre outras. Vale ressaltar que estes custos não existem para
usinas fotovoltaicas e eólicas. Este valor representa os dispendidos efetuados com os com-
bustíveis, continuamente, ao longo da vida útil de operação. Aqui, os valores costumam ser
expressos em US$/ano ou R$/ano.
d) Custo de operação e manutenção (O&M): em muitas análises, o custo de combustível é incluído
como um tópico do custo de operação e deve ser calculado para as despesas, durante todos os
anos de operação do empreendimento. Geralmente, o custo de O&M é calculado como uma
porcentagem dos custos de investimento e costuma ser expresso em US$/ano.

Por meio de uma comparação econômica entre projetos de geração, podemos realizar a tomada de
decisão a favor de uma alternativa com relação a outras, além de desenvolver, ao longo do tempo, uma
ordem prioritária de investimentos em usinas geradoras.
Aprenderemos a calcular os índices que nos ajudam nas tomadas de decisões. Esses consideram a
vida útil da usina implantada, e como sabemos, cada modalidade geradora possui os fatores que limi-
tam e indicam a vida útil. Sendo assim, esses índices são calculados em bases anuais, ou seja, custos
anuais e energia, anualmente, produzida.
Considerando os diversos componentes de custo e a sua distribuição ao longo da vida útil, temos:
a) Parcela relativa aos custos de investimento (CI) e aos juros durante a construção (JDC):

I
CI= .FRC (1)
EG
cuja variável I representa o investimento, já considerando os juros durante a construção (JDC).
A Energia Gerada (EG), em MWh/ano, é dada como:

EG=PI.FCM.8760 (2)

157
UNICESUMAR

PI = Potência Instalada (MW).


FCM = Fator de Capacidade Mínima, Máxima ou Médio (ou simulados).
Aqui, o dependendo dos resultados esperados e da análise a ser realizada, podemos utilizar qual-
quer um dos três fatores de capacidade citados. O valor mínimo é indicado à obtenção de custos de
investimentos mais conservadores, com mais margem para trabalhar o cronograma financeiro, se for
utilizado o máximo, obteremos custos subestimados. Por fim, utilizado o fator de capacidade simulado,
teremos um valor mais aproximado da realidade.
8760 = representa o número de horas que temos em um ano.
FRC = fator de recuperação do capital para taxa de atualização i e vida útil de n anos, dada por:

i.(1+i)n
FRC= (3)
[(1+i)n -1]
a) Parcela relativa aos custos de combustível:

CUT.CE.FC.PI.8760 FC
CC= =CUT.CE. (4)
PI.FCM.8760 FCM
em que:
CUT = custo unitário do combustível (US$/tonelada).
CE = consumo específico da usina (tonelada/MWh).
FC = fator de capacidade média da central na curva de carga (considerando as características de
todas as usinas do sistema e a operação em longo prazo).
FCM = fator de capacidade máxima, considerando, apenas, a influência das indisponibilidades e
a alimentação dos serviços auxiliares.
Essa fórmula, desenvolvida para usinas termelétricas, corrige os custos médios de combustível para
valores menores (pois FCM será maior do que FC) e tende a favorecer as usinas termelétricas. Numa
análise mais detalhada, no entanto, tal correção pode não ser efetuada, e os custos de combustível
podem ser simplificados como CUTxCE, ou, utilizando, na fórmula apresentada, valores de FCM,
como os comentados anteriormente, no item A.
b) Parcela relativa aos custos de operação e manutenção (O&M):

PI
COM= .(O&M) (5)
EG
em que:
O&M = aqui, é o custo unitário anual de operação e manutenção, por unidade de potência instala-
da. Este custo é representado, na maioria das vezes, como porcentagem dos custos de investimentos.
Utilizando as fórmulas apresentadas, conseguimos definir a relação existente entre os custos uni-
tários e o fator de capacidade de determinada usina, o que permitirá, por meio da comparação com
outros projetos, determinar a alternativa mais viável.

158
UNIDADE 9

Vale ressaltar que, quando compararmos projetos de usina para estudar a viabilidade, no caso das
termelétricas, devemos ter em mente que os custos unitários de uma usina se comportam de acordo
com o fator de capacidade, o tipo de combustível e a tecnologia empregada. Para as hidrelétricas, o
seu custo é composto por duas parcelas:
c) Parcela fixa: envolve custos gerais estruturais, tais como barragem, vertedouro e terreno.
d) Parcela variável: depende da potência instalada da usina e inclui custos, tais como equipamentos
da casa de comando, equipamentos eletromecânicos, operação e manutenção (O&M).

Alguns estudiosos relacionam a parcela fixa com a energia a ser produzida pela usina e a parcela va-
riável com a potência instalada da geradora.
A equação do custo de uma hidrelétrica pode ser dada por:

C=CF +CV .POT.10 3 =CE +CP .POT.10 3 (6)

em que:
C = custo total da usina (US$).
CF = custos fixos, correspondentes às parcelas relacionadas com a energia.
CV = custos variáveis, correspondentes às parcelas relacionadas com a potência instalada e, portanto,
com a motorização da usina.
CE = custo atribuído à energia (US$).
CP = custo incremental de potência (US$/kW).
POT = potência instalada em MW.
A partir da equação apresentada para o custo das hidrelétricas, podemos obter o custo unitário
(US$/MWh) em função do fator de capacidade:

CE.FRC CP.FRC.POT CMP


CU= + =CME+ (77)
POT.FC.8760 POT.FC.8760 8760.FC
em que:
CE.FRC
CME= (8)
POT.10 3 .FCU.8760

e:

CMP=CP.FRC (9)

159
UNICESUMAR

CP dado em US$/Kw.
POT = potência da usina.
Sendo:
CU = custo unitário da energia produzida (US$/MWh).
CME = custo marginal de energia pura (US$/MWh).
CMP = custo marginal de ponta pura (US$/kW.ano).
FC = fator de capacidade (pu).
Entretanto é, usualmente, comum trabalharmos com o custo unitário em US$/kW.ano. Para este
caso, teremos a seguinte equação:

CU’=CME’.FC.CMP (10)

Ou

CU’=CME’’.H.CMP (11)

em que:
CU’ = custo unitário de energia produzida (US$/kW.ano).
CMP = custo marginal de ponta pura (US$/kW.ano).
CME’ = custo marginal de energia pura (US$/kW médio).
CME’’ = custo marginal de energia pura (US$/kW).
H = horas de operação no ano.

160
UNIDADE 9

Muita informação, não é? Mas, calma! Veremos alguns exemplos, agora, quando aplicaremos o
conteúdo estudado, até o momento. Imagine que você, caro(a) engenheiro(a), deve calcular os custos
anuais à geração de 1000 MW para uma hidrelétrica e uma termelétrica. Seguem os dados necessários:
a) Hidrelétrica:
6
• Custo da usina: 1350.10 US$+800 US$/kW .
• Custo de O&M: 5 US$/kW x ano.
• Vida útil: 50 anos.
• Energia firme: 300 MW.
• Taxa de atualização: 10%.
b) Termelétrica:
• Custo da usina: 400 US$/kW.
• Custo de O&M: 10 US$/kW x ano.
• Custo do combustível: 60 US$/MWh.
• Vida útil: 30 anos.
• Taxa de atualização: 10%.

Observação: energia firme representa o maior valor possível de ser fornecido pelo sistema de uma
usina geradora.
Com os dados fornecidos, podemos começar calculando os custos unitários:
a) Hidrelétrica
De acordo com a Equação (6):
C=CE +CP .POT.10 3

• custo de investimento: 1350x10 6 +800 .POT.10 3


consideraremos a potência instalada sendo de 300 MW (FC = 1)
• custo de investimento: 1350.10 6 +800.300.103fiC=1590.106US$
para o custo anual unitário (em US$/kW.ano), utilizaremos as relações fornecidas pela Equação (11):
CU’=CME’’.H+CMP

sabemos que a componente CME é dada pela Equação (8):

CE.FRC (1350.106 ).0,10089


CME= =
POT.10 3 .FC.8760 300.10 3 .1.8760
encontramos FRC pela Equação (3):

I.(1+i)n 0,1.(1+0,1)50
FRC= = =0,10089
[(1+i)n -1] [(1+0,1)50 -1]

CME=0,0518

161
UNICESUMAR

para completar a equação do custo unitário, calcularemos CMP, dada pela Equação (9):

CMP=CP.FRC=800.0,10089=80,69 US$/kW.ANO

por fim:

CU’=CME’’.H+CMP

CU’=0,0518.H+80,69

devemos considerar, ainda, o custo de O&M fornecido, de 5,00 US$/kW x ano.


O nosso custo unitário fica, então:

CHIDRE =0,0518.H+85,69

b) Termelétrica
Para as termelétricas, o custo de investimento será dado pelo custo da usina multiplicado pelo fator
de recuperação do capital (FRC):

I.(1+i)n 0,1.(1+0,1)30
FRC= = =0,10608
[(1+i)n -1] [(1+0,1)30 -1]

C=400.0,10608=42,42 US$/kW.ano

• custo de combustível:

US$ 60 US$ US$


60 = ( .ano) OU 0,060( .ano)
MWh 1000 MWh MWh
considerando o custo de O&M, de 10 US$/kW x ano, temos:

CTERM =0,06.H+52,43

comparando ambos os custos:

CHIDRE =0,0518.H+85,69

CTERM =0,06.H+52,43

162
UNIDADE 9

se consideramos H = 8760 horas (ou seja, um ano de funcionamento):

CHIDRE =578,03 US$/kW

CTERM =539,45 US$/kW

esse custo é o que teríamos para operação na base, com 300 MW de potência instalados. Concluímos,
então, nos casos apresentados, que a hidrelétrica é mais econômica do que a termelétrica.
Agora que sabemos calcular o custo unitário de uma usina, veremos, mais a fundo, como se faz
uma análise de viabilidade de projetos de geração. Esta análise compreende, de maneira geral, os
seguintes passos:
a) Levantamento dos custos do projeto, que contemplam todos os custos decorridos da constru-
ção (dentre eles: investimentos, administração da usina, projetos e estudos prévios) e os custos
operacionais, os quais impactam o projeto durante toda a sua vida útil (tais como: custos O&M
e combustível).
b) Reconhecimento dos benefícios econômicos consequentes do projeto de geração. Tais bene-
fícios podem ser, por exemplo, a venda de energia ou qualquer outro benefício que possa ser
associado ao projeto.

A viabilidade econômica de qualquer projeto será o resultado do levantamento entre os custos e os


benefícios (lucros), os custos básicos para manter a usina funcionando e gerando. A ANEEL – Agência
Nacional de Energia Elétrica é responsável por definir as tarifas energéticas, se responsabilizando pela
evolução adequada do nosso sistema elétrico.
Para entendermos, consideraremos o caso de uma hidrelétrica de médio porte: suponhamos que
essa usina tenha levado oito anos para ser construída e que a sua vida útil é de 30 anos. De forma
simplificada, a análise de viabilidade econômica pode ocorrer da seguinte forma:
• Ao iniciar a operação da usina, já devem ter sido levantados todos os custos de investimento e
custos incorridos durante a construção, inclusive, juros e taxas, relacionando com o seu valor
presente do dinheiro no tempo.
• Esse custo de investimento, a ser recuperado durante os 30 anos de operação da usina, corresponde
(para uma taxa de atualização de capital assumida como conveniente, sendo que uma referência
usada, internacionalmente, é a taxa de 12% ao ano) a certo valor anual de custos de investimento.
• O custo total anual será a soma do custo anual de investimento com os custos de operação e
manutenção, em termos anuais. No caso das usinas termelétricas, o custo anual referente aos
combustíveis também será computado.
• Por outro lado, a previsão de operação da usina permite que se determine a energia que será
vendida a cada ano (o que permitirá determinar, também, o fator de capacidade da usina).
• O produto da energia vendida pela tarifa anual (benefícios) menos os custos anuais será o lucro
da empresa (anual).

163
UNICESUMAR

Antes do investimento e dos estudos de viabilidade, o projeto passa por um período de planejamento,
as fases do planejamento, em função do período da análise. Dessa forma, temos as seguintes classifi-
cações:
• Planejamento de longo prazo (para 25 a 30 anos).
• Planejamento decenal (de médio prazo, em torno de dez anos).
• Planejamento de curto prazo (para cinco anos).
• Planejamento de operação (prazos curtos).

O planejamento elétrico brasileiro, no geral, acontece em longo prazo. Quando se trata de hidrelétricas,
por exemplo, temos o processo de identificação do potencial e aproveitamento hídrico de novas bacias
bem como o desenvolvimento de tecnologias para transmissão, que são processos longos e burocráticos.
Além disso, como vimos, anteriormente, o processo de construção de uma usina hidrelétrica leva, no
geral, oito anos. É, portanto, de suma importância termos um planejamento que supra as necessidades
e o crescimento energético do país ao passar dos anos.
Levando todos esses fatores em consideração, podemos dizer que o processo de planejamento do
setor elétrico brasileiro é realizado com diferentes períodos de aplicação:

a) Planejamento da expansão do sistema em longo prazo (planejamento estratégico, com horizonte


de 30 anos): no qual se determina o que fazer ou quais as decisões a serem tomadas, diante dos
cenários possíveis de crescimento do mercado de energia elétrica, para atender o consumidor,
no futuro (com custo mínimo e qualidade adequada do serviço). De responsabilidade da EPE,
os seus resultados são apresentados no Plano Nacional de Energia – PNE, disponível no site
www.epe.gov.br, onde pode ser, atualmente, encontrado (final de 2009) o PNE 2030.
b) Planejamento da expansão decenal: estabelece as obras prioritárias que deverão ser construí-
das para o desempenho adequado do sistema elétrico. Os seus resultados também podem ser
encontrados no site da EPE.
c) Planejamento da expansão em curto prazo: caracterizado por análises do desempenho do sis-
tema com antecedência média de cinco anos, para orientar decisões (com base na operação do
sistema de energia elétrica) das etapas correspondentes do planejamento estratégico, incluindo
os reforços no sistema de transmissão, assim como outras decisões decorrentes da previsão de
entrada, em operação, das obras em construção.
d) Planejamento e programação da operação do sistema (planejamento tático), que contém:
• Programação da operação: com previsão de geração por usina, manutenção das unidades
geradoras e do consumo de combustível nas térmicas, entre outras. É, em geral, realizada
com um ano de antecedência.
• Decisões de operação em tempo real: devem ser visualizadas com antecedência mínima de,
aproximadamente, uma semana, ocorrendo, até mesmo, previsão diária.

164
UNIDADE 9

Nesta unidade, estamos conhecendo e aprendendo os métodos de


estudos de viabilidade e planejamento do setor elétrico brasileiro.
Mas você sabe como o governo compra energia para distribuir pelo
país? Esta compra de energia é realizada pelos chamados leilões de
geração — organizados pela ANEEL — e ocorrem até duas vezes por
ano. Acesse este podcast para entender melhor o funcionamento
dos leilões de geração no Brasil.

Este planejamento tático refere-se a “como fazer” para minimizar os custos operativos — concebidos no
planejamento estratégico — dentro da qualidade adequada de serviços. O planejamento da expansão
em curto prazo e os diversos planejamentos da operação são de responsabilidade do Operador Nacional
do Sistema – ONS. A Figura 4, a seguir, traz o processo de planejamento do setor elétrico brasileiro.

CENÁRIOS DE DEMANDA

ESTUDO DE ESTUDOS DE
GERAÇÃO TRANSMISSÃO

ESTUDOS AMBIENTAIS

ESTUDOS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4 - Planejamento da expansão do setor elétrico / Fonte: Reis (2006, p. 342).

Descrição da Imagem: nesta imagem, temos o fluxograma das principais etapas do planejamento da expansão do
setor elétrico brasileiro. Tudo começa com o levantamento do cenário energético atual, em seguida, é realizado um
estudo do nosso sistema de transmissão (linhas de transmissão em média e alta tensão) conectado ao SIN. Caso haja
a necessidade de novas linhas de transmissão/subestações, são realizados estudos ambientais para a viabilidade do
projeto e, por fim, estudos de distribuição da energia nas cidades e nos centros de consumo.

165
UNICESUMAR

A partir do cenário de demanda energética, ou seja, partindo da expectativa de crescimento do país e


do aumento da necessidade de energia, realiza-se, em paralelo, a expansão da geração e da transmissão,
visto que novas usinas necessitam de meios para transmitir energia até os grandes centros urbanos.
Eventualmente, estudos realizados para a expansão da transmissão podem afetar algumas decisões
em relação à geração e vice-versa. Além disso, estudos ambientais são capazes de provocar revisões
em como gerar e transmitir e, para completar, a expansão da distribuição, no geral, não é influenciada
pelos estudos de geração e transmissão, embora haja interação com as outras etapas devido às neces-
sidades de recursos financeiros.
Até aqui, caro(a) aluno(a), vimos métodos de cálculo para estudos de viabilidade econômica e como
funcionam os estudos voltados à expansão do sistema elétrico brasileiro. Para encerrarmos esta uni-
dade, veremos os estudos ambientais necessários para que um projeto de geração possa ser conectado.
Décadas atrás, quando a avaliação dos projetos energéticos era baseada, apenas, em análises eco-
nômicas, foram aprovadas e implementadas diversas usinas que causaram danos inesperados à saúde,
ao bem-estar social e aos recursos naturais, reduzindo os benefícios líquidos dessas usinas.
Ambientalistas do país todo pressionaram os financiadores de grandes projetos e exigiram do go-
verno brasileiro avaliações socioambientais em seus programas de geração. Em 1981, foi instituída a
Lei nº 6.938, de Política Nacional de Meio Ambiente e Audiências Públicas, que previa a avaliação de
impactos ambientais e, obviamente, de audiências públicas. Em 1983, foi regularizada o licenciamento
de atividades poluidoras; em 1986, o setor elétrico estabeleceu a primeira versão do Plano Diretor
de Meio Ambiente, um instrumento de planejamento que apresenta uma política socioambiental ao
setor elétrico.
Por consequência, foram introduzidas políticas específicas direcionadas à diminuição dos impactos
ambientais e criados incentivos econômicos para controlar a poluição, foram, também, implementa-
dos sistemas de gestão ambiental, além de serem estabelecidos meios de participação da sociedade na
tomada de decisões. Essas mudanças tiveram diversos impactos, não só no processo do planejamento
em si, como também na tomada de decisões, influenciando os aspectos sociais e políticos.
Mais recentemente, a relação das instituições do Setor Elétrico Brasileiro com as instituições
ambientais governamentais — Ministério de Meio Ambiente (MMA), Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) e Agência Nacional de Águas (ANA) — tem se estreitado,
e a EPE tomou a decisão de incluir, nos estudos de usinas hidrelétricas, já antes da etapa de leilão, uma
análise ambiental direcionada à obtenção futura do licenciamento ambiental do projeto.
Com toda a teoria apresentada nesta última unidade e com a experimentação proposta no início
de nossos estudos, conseguimos entender a importância e a necessidade de estudos de viabilidade,
previsões de implantação, levantamentos de informações e planejamento. Os engenheiros responsáveis
pelos e-books Plano de Energia, da EPE, utilizam diversas técnicas de viabilidade para usinas geradoras,
inclusive, as de custos unitários.

166
Antes de finalizarmos os estudos deste livro, leia, atentamente, o seguinte texto e siga as
instruções: devido às características específicas de cada gerador, devemos estar aptos a
analisar e a entender onde cada usina se adequará na curva de carga (base, ponta ou posição
intermediária). Sendo assim, relembraremos, juntos, os custos, os quais são responsáveis
por formar uma das partes mais necessárias desse investimento. Em cada retângulo do
Mapa Mental, a seguir, aponte os principais componentes do custo das usinas geradoras
para uma análise inicial:

CUSTOS

MAPA MENTAL

167
1. Elenque as etapas do planejamento do setor elétrico e comente cada uma delas.

2. Calcule o custo unitário para:

Termelétrica
• Custo da usina: 500 US$/kW.
• Custo de O&M: 15 US$/kW x ano.
• Custo do combustível: 55 US$/MWh.
• Vida útil: 35 anos.
• Taxa de atualização: 12%.

3. Calcule o custo unitário para:

Hidrelétrica
• Custo da usina: 1500x106 US$ + 750 US$/kW.
• Custo de O&M: 6 US$/kW x ano.
• Vida útil: 60 anos.
• Energia firme: 400 MW.
• Taxa de atualização: 10%.
• FC = 1.
AGORA É COM VOCÊ

168
UNIDADE 1
EPE. Balanço Energético Nacional 2019. Relatório Síntese: ano base 2018. Rio de Janeiro: EPE;
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VASCONCELOS, F. M. Geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Londrina:


Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.

CONFIRA SUAS RESPOSTAS


UNIDADE 2
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UNIDADE 3

CARVALHO, R. P. de; OLIVEIRA, S. M. V. de. Aplicações da energia nuclear na saúde.


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UNIDADE 4
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REFERÊNCIAS

172
UNIDADE 1
1. 1. C. A questão pede para assinalar a alternativa que contém, apenas, fontes primárias de energia.
Entre as fontes citadas nas alternativas, vamos analisá-las, individualmente:

b. Gasolina: composto derivado do petróleo; gás natural: fonte primária; sol: fonte primária.

c. Vento: fonte primária; sol: fonte primária; gasolina: composto derivado do petróleo.

d. Urânio: fonte primária; sol: fonte primária; gás natural: fonte primária.

e. Carvão mineral: fonte primária; óleo diesel: composto derivado do petróleo; urânio: fonte
primária.

f. Água: fonte primária; vento: fonte primária; eletricidade: energia derivada de outras formas
energéticas (mecânica, cinética, química etc.).

2. D. Dentre as três afirmativas, a I é falsa, devido aos impactos ambientais causados na fabricação

CONFIRA SUAS RESPOSTAS


dos módulos solares (extração do silício, por exemplo).

3. A. A alternativa IV está incorreta, já que acionar as termelétricas ajuda a aumentar a eficiência


e a segurança energética no Brasil. Neste caso, mais energia está sendo inserida e há mais
centrais geradoras em operação.

UNIDADE 2
1. 1. C. Apesar da diversidade, os principais combustíveis aplicados nas centrais a vapor são: o
óleo, o carvão, a biomassa (madeira, bagaço de cana, lixo etc.) e os derivados de petróleo. Já os
principais combustíveis usados nas máquinas térmicas a gás são o gás natural e o óleo diesel. No
caso da central nuclear, o urânio enriquecido se destaca. As centrais a vapor, a gás e nucleares
formam os grandes grupos de centrais termelétricas.

2. B. O Ciclo de Carnot, sem superaquecimento do vapor, trabalha da seguinte forma:

1-2: bombeamento adiabático reversível (dQ = 0).

2-3: troca de calor à pressão constante na caldeira.

3-4: expansão adiabática reversível, na turbina (dQ = 0).

4-1: troca de calor à pressão constante no condensador.

Logo, os processos adiabáticos ocorrem em 1-2 e 3-4.

173
3. C. Centrais a gás: esse tipo de termelétrica trabalha tanto em circuito aberto quanto fechado.
Sendo assim, há dois tipos de turbina a gás: aeroderivativas (para circuito aberto) e industriais
(para circuito fechado).

Aeroderivativas: são compactas e leves, indicadas para operações de pico ou regimes de emer-
gência.

Turbinas industriais: extremamente resistentes e robustas, utilizadas para operação na base.

UNIDADE 3
1. C. Dentre os pontos negativos do uso da energia nuclear, devemos nos preocupar com os aci-
dentes e a contaminação que a radiação pode causar, visto que esta fonte de energia não emite
poluentes, em massa, na atmosfera, não é responsável nem pela geração, nem pelo acúmulo
de lixo (o lixo radioativo gerado é mantido em contenção e é monitorado, constantemente).
A água do mar utilizada para o resfriamento dos processos de geração é tratada antes de ser
despejada, novamente, no oceano.

2. D. Os impactos que a energia nuclear pode causar na fauna e na flora estão relacionados com
CONFIRA SUAS RESPOSTAS

o descarte do lixo radioativo, que, mesmo isolado e armazenado em contêineres, pode conta-
minar a área, os solos e a água. Além disso, para a geração de energia, está sendo utilizado um
combustível não renovável. E, por se tratar de um combustível de alta periculosidade, todos os
processos devem ser tratados por profissionais capacitados.

3. A. O termo “reator resfriado naturalmente”, apresentado na alternativa A, não existe. Os tipos


de reatores existentes e em operação ao redor do mundo são discutidos no tópico “Aspectos
técnicos”.

UNIDADE 4
1. B. São usados geradores síncronos porque os sistemas de potência devem operar com frequência
fixa. Para controlar a potência elétrica do conjunto, são usados reguladores:

De tensão: que controlam a tensão nos terminais do gerador, atuando na tensão aplicada e,
portanto, na corrente do enrolamento do rotor (enrolamento de excitação).

De velocidade: que controlam a frequência por meio da variação de potência, atuando na válvula
de entrada da água da turbina.

2. D. As usinas a fio d’água (operação flutuante), usualmente, possuem uma capacidade de arma-
zenamento bem pequena, de modo que, tipicamente, dispõem, somente, da vazão natural da
água. As usinas com reservatório de acumulação (operação na base) têm um reservatório de
tamanho suficiente para acumular água na época das chuvas e, assim, utilizá-la na época de
estiagem. Por fim, nas usinas reversíveis (operação na ponta), também chamadas de centrais
com armazenamento por bombeamento ou com reversão, a energia é produzida para satisfazer
à carga máxima.

174
3. D. Classificamos a turbina como “de ação”, quando o jato de água que percorre o rotor da turbina,
efetivamente, o impulsiona, sendo as pressões de entrada e de saída iguais. Com base nessa
premissa, as turbinas de ação não funcionam imersas na água, somente, ao ar livre.

Turbina de reação é quando o jato de água que percorre o rotor da turbina não o impulsiona,
efetivamente, mas percorre a periferia do rotor de modo que a descarga ocorra, paralelamente,
ao eixo de rotação, sendo a pressão de saída inferior à de entrada. Com base nessa premissa,
turbinas de reação funcionam imersas na água. Podemos dividir as turbinas hidráulicas em
dois tipos principais: as de ação, como as turbinas de Peltron, as de reação, como as turbinas
Francis e Kaplan.

UNIDADE 5
1. B. A cogeração foi instaurada visando maximizar o aproveitamento dos combustíveis disponí-
veis. Neste cenário, a sua principal vantagem é o aproveitamento de um único combustível na
geração de energias térmica e mecânica, em um processo contínuo.

2. E. Apesar do ganho de eficiência oferecido pela tecnologia de cogeração, a combustão e, por-


tanto, a queima de determinado combustível, é responsável pela eliminação de diversos gases

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responsáveis pelo efeito estufa, pela poluição da atmosfera e dos rios. As indústrias de cogeração
tiveram a sua tecnologia desenvolvida a partir das termelétricas, então, são tão poluentes quanto.

3. A. Pelo esquema apresentado, essa planta pertence ao Ciclo Topping. A classificação topping é
destinada para processos cuja finalidade é a geração de energia elétrica ou mecânica, e a energia
térmica é utilizada em aplicações subsequentes, como uma consequência da geração elétrica/
mecânica. Nos sistemas do tipo topping cycle, o combustível produz, inicialmente, energia elétri-
ca ou mecânica em turbinas ou motores a gás e o calor rejeitado é recuperado para o sistema
térmico, portanto, a ordem é: turbina, condensador e caldeira.

UNIDADE 6
1. Neste livro foram apresentados cinco modelos de células a combustível: células alcalinas, células
a ácido fosfórico, células a polímero sólido, células a carbonato fundido e células a óxido sólido.
No entanto nos aprofundamos em apenas três dos modelos (a saber: células alcalinas, células
a carbonato fundido e células a óxido). Nesta questão, o(a) aluno(a) deve escolher um dos mo-
delos apresentados para discorrer sobre ele. Podem ser usadas as informações apresentadas
nesta unidade, ou, caso seja escolhido um dos dois modelos que não foram estudados aqui,
pode-se buscar informações em fontes externas. É interessante que o(a) aluno(a) fale sobre
as suas características principais, tipos de combustíveis e faixa de temperatura de operação.

2. a) Dentre as vantagens, o aluno pode citar, por exemplo, flexibilidade quanto ao combustível
utilizado; elevada eficiência na conversão da energia, relativamente independente do valor da
carga; ausência de ruído; baixa emissão de poluentes.

b) Dentre as desvantagens: sensibilidade à contaminação pela ação de alguns componentes


existentes no combustível; elevada relação custo/potência decorrente do emprego de materiais
nobres; confiabilidade e suportabilidade a condições adversas ainda não demonstradas.

175
3. A.

a) 2H2 + O2 -> 2h2O

b) 2H2 + 4(OH)- -> 4H2O + 4e- Reação de oxidação que ocorre no ânodo

c) O2 + 2H2O + 4e- -> 4(OH)- Reação de redução que ocorre no cátodo

d)) H2 + 2(OH)- a 2H2O + 2e- Reação anódica da célula alcalina

e) ½ O2 + H2O + 2e- a 2(OH)- Reação catódica da célula alcalina

UNIDADE 7
1. D. O preço dos sistemas solares comerciais, residenciais, industriais e, até mesmo, para usinas
sofreu importante redução, nos últimos anos, e a expectativa é que continue caindo com o
avanço das tecnologias e com os incentivos fiscais governamentais.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS

2. D. A geração de eletricidade por usinas solares fotovoltaicas e termelétricas não gera resíduos aé-
reos, não estando, portanto, conectadas com os malefícios causados pelo efeito estuda. Além disso,
apesar da ampla difusão que o Brasil recebeu, nos últimos anos, de sistemas fotovoltaicos comerciais
e, também, para residências de pequeno porte, é comum e vantajoso, em algumas partes do país,
a construção de grande porte para a comercialização de energia elétrica.

3. C. As usinas fotovoltaicas, por meio do efeito fotovoltaico, fazem a conversão direta da energia solar
em eletricidade. Já as usinas termoelétricas necessitam aproveitar a energia térmica do sol para
aquecer um fluido de trabalho e, posteriormente, gerar energia mecânica e elétrica. Dessa forma, as
duas principais fontes de interesse na conversão da energia solar são: eletricidade e calor.

UNIDADE 8
1. Sistemas isolados: apresentam alguma forma de armazenamento de energia. Quando trata-
mos deste tipo de armazenamento, não nos referimos, somente, ao banco de baterias, que é
a forma mais popular, temos, também, a possibilidade de armazenar essa energia dos ventos
em outros formatos de energia, como a gravitacional, por exemplo. Apesar da popularidade
dos sistemas de armazenamento, podemos ter outros, isolados sem este componente, como
acontece em sistemas para irrigação, em que toda a água bombeada pela força dos ventos é,
diretamente, consumida. Tais sistemas são empregados, comumente, em fazendas ou locais
afastados da rede elétrica.

Sistemas híbridos: são as usinas compostas por mais de uma fonte de geração de energia,
sendo os geradores a diesel e as usinas fotovoltaicas as mais comuns e, também, que podem
ser combinadas com os aerogeradores. No caso das usinas híbridas, tivemos, recentemente, a
geração de eletricidade a partir de mais de uma fonte, assim, a complexidade do sistema au-
menta, consideravelmente, sendo necessário um aparato de controle e otimização de todas as
fontes para que seja possível atingir a máxima eficiência de todos os geradores empregados.
Os sistemas híbridos são, usualmente, empregados em usinas de médio e grande porte, cuja
finalidade é atender a um grande número de consumidores.

176
2.

C M G C M G C G C Cubo

M Multiplicador

G Gerador

Figura 1 - Componentes de um aerogerador de eixo horizontal / Fonte: Castro (2009, p. 31).

CONFIRA SUAS RESPOSTAS


Descrição da Imagem: ilustração de um aerogerador com vários componentes.

No aerogerador à esquerda, temos o cubo, o multiplicador e o gerador em série. No aerogera-


dor do meio, temos, primeiramente, o cubo, em seguida, o multiplicador e o gerador, unidos.
Por fim, no aerogerador da direita, há o cubo e o gerador. Nesta configuração, a turbina não
apresenta multiplicador.

3. Os aerogeradores com tecnologia de rotor de eixo horizontal são mais usuais em usinas eólicas.
Geralmente, encontramos três ou mais pás, sendo que cada uma pode passar dos 90 metros
de comprimento. O conjunto torre + pá, em alguns casos, passa dos 200 metros de altura do
chão. As pás deste modelo podem ser dos mais diversos materiais, o alumínio e a fibra de vidro
reforçada são os mais utilizados.

UNIDADE 9
1.

• Planejamento da expansão do sistema em longo prazo (planejamento estratégico, com


horizonte de 30 anos), no qual se determina o que fazer ou quais as decisões a serem to-
madas, diante dos cenários possíveis de crescimento do mercado de energia elétrica, para
atender o consumidor, no futuro (com custo mínimo e qualidade adequada do serviço). De
responsabilidade da EPE, os seus resultados são apresentados no Plano Nacional de Energia
(PNE), onde pode ser, atualmente, encontrado (final de 2009) o PNE 2030.

• Planejamento da expansão decenal: estabelece as obras prioritárias que deverão ser cons-
truídas para o desempenho adequado do sistema elétrico. Os seus resultados também
podem ser encontrados no site da EPE.

177
• Planejamento da expansão em curto prazo: caracterizado por análises do desempenho
do sistema com antecedência média de cinco anos, para orientar decisões (com base na
operação do sistema de energia elétrica) das etapas correspondentes do planejamento
estratégico, incluindo os reforços no sistema de transmissão, assim como outras decisões
decorrentes da previsão de entrada, em operação, das obras em construção.

• Planejamento e programação da operação do sistema (planejamento tático), que contém:

• Programação da operação: com previsão de geração por usina, manutenção das


unidades geradoras e do consumo de combustível nas térmicas, entre outras. É, em
geral, realizada com um ano de antecedência.

• Decisões de operação em tempo real: devem ser visualizadas com antecedência mínima
de, aproximadamente, uma semana, ocorrendo, até mesmo, previsão diária.

2. Para as termelétricas, o custo de investimento vai ser dado pelo custo da usina multiplicado pelo
fator de recuperação do capital (FRC):

I.(1+i)n 0,12.(1+0,12)35
FRC= = =0,122317
CONFIRA SUAS RESPOSTAS

[(1+i)n -1] [(1+0,12)35 -1]


C=500.0,122317=61,16 US$/kW.ano
• o custo de combustível:
US$ 55 US$ US$
55 = ( .ano) OU 0,055( .ano)
MWh 1000 MWh MWh
considerando o custo de O&M, de 15 US$/kW x ano, temos:

CTERM =0,055xH+61,16

178
3. De acordo com a Equação (6):

C=CE +CP .POT.10 3


• custo de investimento: 1500.10 6 +750.POT.103

consideraremos a potência instalada de 400 MW (FC = 1):

• custo de investimento: 1500.10 6 +750.400.103fiC=1500,4.106 US$

para o custo anual unitário (em US$/kW.ano), utilizaremos as relações fornecidas pela Equação
(11):

CU’=CME’’.H+CMP
sabemos que a componente CME é dada pela Equação (8):

CE.FRC (1500.106 ).0,10033


CME= =

CONFIRA SUAS RESPOSTAS


POT.10 3 .FC.8760 400.10 3 .1.8760
encontramos FRC pela Equação (3):

I.(1+i)n 0,1.(1+0,1)60
FRC= = =0,10033
[(1+i)n -1] [(1+0,12)60 -1]
CME=0,0429
para completar a equação do custo unitário, calcularemos CMP, dada pela Equação (9):

CMP=CP.FRC=750.0,10033=75,24 US$/kW.ano
por fim:

CU’=CME’’.H+CMP

CU’=0,0429.H+75,24
devemos considerar, ainda, o custo de O&M fornecido, de 6,00 US$/kW x ano.

O nosso custo unitário fica, então:

CHIDRE =0,0518.H+81,24

179
MEU ESPAÇO

180
181
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO

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MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO

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