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GEOGRAFIA I 93

Módulo 16 1ª Série

A ordem ambiental internacional e o desenvolvimento sustentável

Quantas árvores você precisaria plantar para


compensar a sua emissão de gás carbônico na
atmosfera?
Você precisaria plantar 168 árvores por ano para compensar
os impactos causados pela emissão de gás carbônico na atmosfera.
Estimativas feitas por organizações não governamentais apontam
que cada pessoa lança em média 2,07 toneladas de gás carbônico

©RicAguiar/iStock
para a atmosfera por mês, calculando os consumos de energia
elétrica, combustível e gás de cozinha. Uma das maneiras possíveis
de diminuir os danos causados por essa emissão seria plantar
árvores, pois quando uma árvore cresce, absorve o gás carbônico
presente na atmosfera pelo processo de fotossíntese para formar
o seu corpo.
Essa intensa poluição atmosférica foi iniciada com a Revolução
Industrial, que levou a um significativo aumento dos impactos
ambientais. Expectativas de aprendizagem:
Neste módulo, vamos estudar o início da conscientização – Analisar a evolução da temática ambiental como importante
C4 ponto das relações internacionais;
ambiental da população e o surgimento dos movimentos ambien-
talistas, que começaram a buscar ações como criações de parques C6 – analisar a estruturação do conceito de desenvolvimento
sustentável;
e reflorestamento. – observar o papel dos tratados ambientais internacionais.

1. A Revolução Industrial e aproximadamente dez mil anos, foi acompanhada do uso do fogo
nas vegetações para liberar espaço aos cultivos, gerando, assim,
os impactos ambientais poluição atmosférica.
O nível de interferência das sociedades sobre os elementos A questão é que a Revolução Industrial inglesa, tendo sido
naturais sofreu grande aumento com a Revolução Industrial. uma fase de enorme ampliação na capacidade de produção das
Com essa afirmação, porém, a intenção não é passar a ideia de que sociedades, trouxe, consequentemente, um aumento expressivo
foi o século XVIII que inaugurou as agressões à natureza. dos impactos ambientais, com o uso cada vez maior de matérias-
-primas e fontes de energia e a ampliação da produção de resíduos.
©acilo/iStock

2. A escala dos impactos ambientais


A partir do século XVIII, o grau de degradação do planeta
tornou-se cada vez maior, com problemas em diferentes escalas
geográficas, como o acúmulo de lixo, a formação de ilhas de calor,
contaminação da água, o aquecimento global, a chuva ácida, a
redução da camada de ozônio, entre outros.
Nos problemas citados, há situações de escala local, como o
acúmulo de lixo e as ilhas de calor, mas também impactos ambien-
tais transfronteiriços ou mesmo globais, como a poluição dos
recursos hídricos e a intensificação do efeito estufa/aquecimento
Lançamento industrial de poluentes atmosféricos
global.
Se for analisada, por exemplo, a evolução da destruição da
O avanço da sociedade de consumo e a característica cada vez
Mata Atlântica brasileira, hoje reduzida a 10% de sua cobertura
mais supérflua dos produtos, que são rapidamente substituídos,
original, é preciso voltar ao início do século XVI, ou seja, mais de
determinam uma utilização crescente de matérias-primas e, em
cem anos antes da Revolução Industrial. Para se aprofundar muito
decorrência disso, uma produção cada vez maior de resíduos.
mais no tempo, é possível considerar que a Revolução Agrícola, há
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1ª Série Módulo 16

Nessas condições, considerando a magnitude que esses Essa comissão criou o relatório O Nosso Futuro Comum,
problemas alcançaram, o meio ambiente passou a constituir também conhecido como Relatório Brundtland (homenagem à
importante tema das relações internacionais, dado que, muitas ex-primeira-ministra da Noruega – Gro Harlem Brundtland –, que
vezes, independentemente do local da origem do problema, outras comandou os trabalhos). Nele, introduziu-se o conceito de desen-
áreas ou países poderão ser atingidos. volvimento sustentável, que é o desenvolvimento capaz de suprir
as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de
atender às necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento
3. O movimento ambientalista que não esgota os recursos para o futuro.
Apesar do expressivo aumento da intensidade dos impactos
ambientais, até bem pouco tempo a preocupação com a natureza era socioeconômico ecoeficiência
muito reduzida, predominando um pensamento desenvolvimen- econômico
tista, segundo o qual o importante era promover o desenvolvimento
econômico e acumular riquezas, praticamente desconsiderando as social ambiental
consequências para o meio ambiente.
As primeiras ações marcantes para a proteção à natureza
ocorrem na Inglaterra e nos Estados Unidos no final do século XIX, socioambiental
– desenvolvimento sustentável
com destaque para associações que buscavam combater os efeitos
da intensa queima industrial do carvão e para a criação do Parque
de Yellowstone, em 1872. Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de
planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são
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finitos. Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvi-


mento econômico, que leva em conta o meio ambiente.
Pode-se utilizar, como exemplos de busca pelo desenvolvimento
sustentável, as pesquisas em fontes não poluentes de energia, como
a solar; a implementação de reservas extrativistas na Amazônia; as
tentativas de expansão do ecoturismo; o incentivo à reciclagem de
materiais. A intenção é reduzir ou eliminar a degradação ambiental,
mas não há uma proibição da ação econômica.
As inúmeras reuniões seguintes com temática ambiental,
destaque para a ECO-92 (Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento) e a Rio+20, seguem a linha
da busca pela implementação de políticas de desenvolvimento
sustentável que, no entanto, enfrenta uma série de dificuldades
Ao longo do século XX, realizaram-se algumas reuniões entre devido aos numerosos interesses envolvidos.
países para discutir assuntos associados à natureza, mas o pensa- A ECO-92 teve um papel de destaque devido à maciça presença
mento dominante continuou sendo desenvolvimentista. de representantes, ao todo 179 países se fizeram presentes no
Em 1972, ocorreu, em Estocolmo, a Conferência das Nações evento sediado na cidade do Rio de Janeiro, que culminou com a
Unidas para o Meio Ambiente Humano, que constituiu um marco para assinatura da Agenda 21 (plano de ações com metas para a melhoria
o movimento ambientalista. Nessa reunião, apesar das grandes divergên- das condições ambientais do planeta). Além dos chefes de Estado
cias entre os países mais e menos desenvolvidos, com acusações mútuas presentes, a intensa atividade de ONG’s – que, em paralelo, reali-
de culpa em relação aos impactos ambientais, foi criado o Programa zaram o Fórum Global – foi importante devido à aprovação da Carta
das Nações Unidas para o Meio Ambiente – Pnuma. da Terra, que determinava aos países ricos maior responsabilidade
na preservação do planeta.
4. O conceito de Em 2012, novamente na cidade do Rio de Janeiro, foi
realizada a Rio+20, com a presença de 193 países objetivando
desenvolvimento sustentável reafirmar a participação dos líderes dos países com relação ao
Na década de 1980, foi criada pela ONU a Comissão Mundial desenvolvimento sustentável no planeta. Porém, o resultado não
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, para discutir e propor foi o esperado devido aos impasses, principalmente entre os inte-
meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico resses dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, quanto às
e a conservação ambiental.
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desenvolvimento sustentável Módulo 16 1ª Série

dimensões de culpa pela poluição. O documento final apresentou Em 2015, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre
várias intenções, porém deixou para os próximos anos a definição as Mudanças Climáticas (COP21), na qual foi assinado um novo
de medidas práticas para garantir a proteção do meio ambiente. acordo para fortalecer a resposta global à ameaça da mudança
Analistas afirmam que a crise econômica mundial, principalmente do clima. Aprovado por 194 países, os EUA saíram em 2018, o
nos Estados Unidos e na Europa, diminuiu o ímpeto na tomada tratado de Paris ratifica o compromisso de manter o aumento da
de decisões na conferência. temperatura média global em bem menos de 2°C acima dos níveis
pré-industriais, entre outras medidas.

Pnuma no Brasil de governança ambiental e, por intermédio dessa rede, engaja uma
ampla gama de parceiros dos setores governamental, não gover-

©Michael Nagle/iStock
namental, acadêmico e privado em torno de acordos ambientais
multilaterais e de programas e projetos de sustentabilidade.
Em 2004, o Pnuma pôs em marcha uma estratégia para
reforçar suas atividades no país com a inauguração de um
escritório em Brasília. Esse processo de descentralização de ações
deverá alcançar em breve outros países em desenvolvimento,
com o objetivo de facilitar a identificação de prioridades e o
desenvolvimento de iniciativas que atendam às especificidades
sub-regionais e nacionais.
No Brasil, o Pnuma trabalha para disseminar, entre seus
Líderes mundiais em Assembleia Geral
parceiros e a sociedade em geral, informações sobre acordos
O Pnuma, principal autoridade global em meio ambiente, é ambientais, programas, metodologias e conhecimentos em
a agência do Sistema das Nações Unidas (ONU) responsável por temas ambientais relevantes da agenda global e regional e, por
promover a conservação do meio ambiente e o uso eficiente de outro lado, para promover uma mais intensa participação e
recursos no contexto do desenvolvimento sustentável. contribuição de especialistas e instituições brasileiras em foros,
Estabelecido em 1972, o Pnuma tem entre seus principais iniciativas e ações internacionais. O Pnuma opera, ainda, em
objetivos manter o estado do meio ambiente global sob contínuo estreita coordenação com organismos regionais e sub-regionais e
monitoramento; alertar povos e nações sobre problemas e cooperantes bilaterais, bem como com outras agências do Sistema
ameaças ao meio ambiente e recomendar medidas para aumentar ONU instaladas no país.
a qualidade de vida da população sem comprometer os recursos Dentre as principais áreas temáticas de atuação do Pnuma
e serviços ambientais das futuras gerações. estão as mudanças climáticas, o manejo de ecossistemas e biodi-
Com sede em Nairóbi, no Quênia, o Pnuma dispõe de uma versidade, o uso eficiente de recursos, o consumo e produção
rede de escritórios regionais para apoiar instituições e processos sustentáveis e a governança ambiental.

Antropoceno, uma nova era geológica? marcação nas eras geológicas, como o Antropoceno, ou seja, a
“era dos humanos”.
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Oficialmente, no entanto, a atual era geológica ainda é o


Holoceno, que teve início há 11,7 mil anos, marcado pelo fim
da Idade do Gelo.
Para os cientistas que propuseram a alteração da nomen-
clatura, as marcas do ser humano na Terra são tão profundas
que será inevitável associar a formação atual do planeta com as
atividades humanas. Criou-se o nome de “tecnofósseis”, ou seja,
resíduos de plástico, concreto, alumínio e outras formas artificiais
de material que acabaram nos depósitos sedimentares no fundo
dos oceanos. As regiões polares também servem como depósito
Os sistemas naturais do planeta Terra foram alterados de tal de fuligem e gases liberados pela atividade industrial. O gelo polar
forma pela atividade humana que acabaram por deixar marcas e as geleiras, tanto de altitude quanto as continentais, guardam
e evidências geológicas que não poderão ser ignoradas pelas bolhas de ar com níveis de dióxido de carbono muito acima dos
gerações futuras. Dessa forma, alguns cientistas propõem uma encontrados em tempos anteriores.
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1ª Série Módulo 16

Texto para as questões 01 e 02:

América Latina reforça liderança


mundial em energias renováveis
energia
energia solar hidrelétrica

energia
eólica

Disponível em: <www.amarildocharge.wordpress.com>.


energia Publicado em: 16 jun. 2012. Acesso em: 29 jul. 2012.
do mar
03 (PUC-Rio) Indique duas condições geopolíticas ocorridas no
planeta, entre 1990 e 2012, que afetaram o controle da poluição
ambiental na atualidade.

04 (PUC-Rio) Explique a charge acima com base em duas causas


de aceleração do efeito estufa no planeta.
energia
geotérmica 05 (UFJF) Leia os textos a seguir:

Texto I
Com 30% da produção de energias renováveis, em 2011, a A Rio+20 será uma das mais importantes reuniões globais sobre
América Latina se encontra, ainda hoje, na vanguarda do setor no desenvolvimento sustentável de nosso tempo.
mundo. Para lideranças políticas latino-americanas, o tema é muito
No Rio, nossa visão deve ser clara: uma economia verde susten-
importante, porque se vive em um mundo com recursos limitados,
tável que proteja a saúde do meio ambiente e apoie o alcance dos
sobretudo em hidrocarbonetos. Assim, quanto mais rápida for
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio por meio do crescimento
realizada a mudança total à utilização de energia renovável, melhor
da renda, do trabalho decente e da erradicação da pobreza.
para todos.
Secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon
Disponível em: <http://noticias.ambientebrasil.com.br>. Acesso em: 24 jul. 2013 (adaptado).

Texto II
01 (PUC-Rio) Defina o que são energias renováveis e como elas
justificam o chamado “desenvolvimento sustentável” na América O desenvolvimento sustentável não é uma opção! É o único
Latina. caminho que permite a toda a humanidade compartilhar uma
vida decente neste único planeta. A Rio+20 dá à nossa geração a
02 (PUC-Rio) Indique e explique uma vantagem e uma desvan- oportunidade para escolher este caminho.
tagem do uso das energias renováveis.
Sha Zukang, Secretário-Geral da Conferência Rio+20
Disponível em: <www.onu.org.br>. Acesso em: 12 mar. 2012.
Texto para as questões 03 e 04:
a. O que é desenvolvimento sustentável?
As discussões em torno do desenvolvimento sustentável foram b. Em 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU), ao analisar
as tônicas nos eventos Rio 92 e Rio+20. Todavia, o estabelecimento os maiores problemas mundiais, estabeleceu 8 Objetivos do
de agendas sustentáveis em parte dos países e regiões do mundo Milênio (ODM), que no Brasil são chamados de 8 Jeitos de
ainda é muito complicado. Mudar o Mundo. Cite um dos Objetivos do Milênio.
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desenvolvimento sustentável Módulo 16 1ª Série

01 (ENEM) No verão de 2000 foram realizadas, para análise, duas 03 (ENEM) Em um debate sobre o futuro do setor de transporte de
coletas do lixo deixado pelos frequentadores em uma praia no litoral uma grande cidade brasileira com trânsito intenso, foi apresentado
brasileiro. O lixo foi pesado, separado e classificado. Os resultados um conjunto de propostas.
das coletas feitas estão na tabela a seguir:
Entre as propostas reproduzidas a seguir, aquela que atende, ao mesmo
tempo, a implicações sociais e ambientais presentes nesse setor é:
Dados obtidos
(em área de cerca de 1.900 m2)
(A) Proibir o uso de combustíveis produzidos a partir de recursos
coleta de lixo 1a coleta 2a coleta naturais.
(B) Promover a substituição de veículos a diesel por veículos
peso total 8,3 kg 3,2 kg a gasolina.
(C) Incentivar a substituição do transporte individual por trans-
itens de plástico 399 (86,4%) 174 (88,8%) portes coletivos.
(D) Aumentar a importação de diesel para substituir os veículos
itens de vidro 10 (2,1%) 03 (1,6%) a álcool.
(E) Diminuir o uso de combustíveis voláteis devido ao perigo
itens de metal 14 (3,0%) 07 (3,6%) que representam.
itens de papel 17 (3,7%) 06 (3,0%)
04 (UERJ)
número de pessoas na praia 270 80 Da Revolução Industrial até o auge do fordismo, que pôde ser
facilmente atingido com energias fósseis, mas em cujo reverso se
Ciência Hoje (adaptado).
abre um abismo, passaram-se mais de 200 anos; um curto período
Embora fosse grande a venda de bebidas em latas nessa praia, não de tempo, em que se gastaram recursos naturais fósseis resultantes
se encontrou a quantidade esperada dessas embalagens no lixo de milhões de anos terrestres.
coletado, o que foi atribuído à existência de um bom mercado para
a reciclagem de alumínio. Considerada essa hipótese, para reduzir o O texto anterior expressa uma avaliação sobre a relação natureza/
lixo nessa praia, a iniciativa que mais diretamente atende à variedade sociedade de grande importância para o planejamento das ativi-
de interesses envolvidos, respeitando a preservação ambiental, seria: dades humanas.

(A) proibir o consumo de bebidas e de outros alimentos nas praias. A característica da dinâmica capitalista, que traduz o alerta feito
(B) realizar a coleta de lixo somente no período noturno. pelo autor, está em:
(C) proibir a comercialização apenas de produtos com embalagem.
(D) substituir embalagens plásticas por embalagens de vidro. (A) A inovação da tecnologia determinou a disponibilidade de
(E) incentivar a reciclagem de plásticos, estimulando seu recolhimento. bens renováveis.
(B) A mudança no padrão energético impediu a adoção de políticas
02 (UNIRIO) A ideia de desenvolvimento sustentável tem sido de preservação ambiental.
cada vez mais discutida junto às questões que se referem ao cresci- (C) O avanço da degradação ambiental conduziu à consciência do
mento econômico. De acordo com esse conceito, considera-se que: fim da sociedade industrial.
(D) A utilização econômica dos recursos naturais superou o ritmo
(A) o meio ambiente é fundamental para a vida humana e, portanto,
de renovação do meio físico.
deve ser intocável.
(B) os países subdesenvolvidos são os únicos que praticam essa
05 (SIMULADO-INEP)
ideia, pois, por sua baixa industrialização, preservam mais o
seu meio ambiente do que os países ricos. Em fevereiro de 1999, o Seminário Internacional sobre Direito
(C) ocorre uma oposição entre desenvolvimento e proteção ao meio Ambiental, ocorrido em Bilbao, na Espanha, propôs, na Declaração
ambiente, e, portanto, é inevitável que os riscos ambientais de Viscaia, a extensão dos direitos humanos ao meio ambiente, como
sustentem o crescimento econômico dos povos. instrumento de alcance universal. No parágrafo 3o do artigo 1o da
(D) se deve buscar uma forma de progresso socioeconômico que referida declaração, fica estabelecido: “O direito ao meio ambiente
não comprometa o meio ambiente sem que deixemos de utilizar
deverá ser exercido de forma compatível com os demais direitos
os recursos nele disponíveis.
(E) são as riquezas acumuladas nos países ricos em prejuízo das humanos, entre os quais o direito ao desenvolvimento.” No Brasil, o
antigas colônias, durante a expansão colonial, que devem, hoje, cumprimento desse direito configura um grande desafio. Na Região
sustentar o crescimento econômico dos povos. Amazônica, por exemplo, tem havido uma coincidência entre as
linhas de desmatamento e as novas fronteiras de desenvolvimento
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do agronegócio, marcadas por focos de injustiça ambiental, com 02 Em junho de 2012, foi realizada, no Rio de Janeiro, a Confe-
frequentes casos de escravização de trabalhadores, além de conflitos rência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
e crimes pela posse de terras, muitas vezes, impunes. denominada Rio+20. A ilustração abaixo chama a atenção para os
principais problemas abordados no evento.
Disponível em: <www.unicen.com.br>. Acesso em: 9 mar. 2009 (adaptado).

Promover justiça ambiental, no caso da Região Amazônica brasi-


leira, implica:

(A) fortalecer a ação fiscalizadora do Estado e viabilizar políticas


de desenvolvimento sustentável.
(B) ampliar o mercado informal de trabalho para a população com
baixa qualificação profissional.
(C) incentivar a ocupação das terras pelo Estado brasileiro, diante
dos interesses internacionais.
(D) promover alternativas de desenvolvimento sustentável, em
razão da precariedade tecnológica local.
(E) ampliar a importância do agronegócio nas áreas de conflito
pela posse de terras e combater a violência no campo.

01 (UFPR) O Brasil está entre os países que mais emitem gases


responsáveis pelo efeito estufa. Entretanto, o documento deno-
minado Índice de Desenvolvimento Sustentável, publicado pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano de
2010, mostra que nos países ditos “desenvolvidos” a produção de
energia é a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa e que INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O futuro que queremos. Cartilha ilustrada sobre
economia verde, desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza. 2012.
no Brasil, em 2005, por exemplo, a produção de energia ocupou o Disponível em: <www.inpe.br>. Acesso em: 9 jul. 2012 (adaptado).
terceiro lugar na emissão desses gases. Explique por que existe essa
disparidade entre o Brasil e os países desenvolvidos, e cite quais são, Elabore um texto em que você explique as diferenças apresentadas
no Brasil, as principais atividades responsáveis pelo lançamento de na ilustração, comparando a América do Norte e a América Latina.
gases do efeito estufa.

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Impactos ambientais transfronteiriços: aquecimento global,


redução da camada de ozônio e chuva ácida

Por que não podemos nos mudar agora para o


planeta Marte?
Para morar em Marte, teríamos que suportar temperaturas
muito baixas, chegando a –120°C, além da baixa concentração
de gases e da ausência de plantas. Essas características do Planeta
Vermelho se devem à quase ausência do efeito estufa, que é encarre-
gado da retenção do calor emitido pelo Sol – um fenômeno natural

©Tee_Photolive/iStock
responsável pela existência da vida na Terra.
Portanto, Marte torna-se inviável para habitação, pois a
atmosfera presente no planeta não se comporta como a da Terra, não
apresentando a concentração de gases específicos para a formação de
uma camada como a de ozônio, essencial para a nossa sobrevivência.
Neste módulo, estudaremos a importância do efeito estufa para Expectativas de aprendizagem:
as dinâmicas naturais terrestres, fazendo com que o nosso planeta – Analisar os principais impactos ambientais com escala global
C4 ou regional;
se diferencie dos outros do Sistema Solar. Também entenderemos
como os processos de urbanização e industrialização geram impactos C6 – compreender suas causas e consequências;
– observar as causas dos principais efeitos negativos da
ambientais que prejudicam o planeta e afetam a vida na Terra. industrialização em diferentes escalas.

1. As escalas dos impactos poluição que atingia seu território, gerada por uma indústria de
celulose localizada no território uruguaio. Isso ocorria porque a
ambientais e os problemas poluição despejada em um rio do Uruguai atingia a Argentina.
atmosféricos
A partir da Revolução Industrial, houve um aumento conside-
2. Efeito estufa e aquecimento global
rável da capacidade humana de produzir novos artigos, utilizando Inicialmente, é importante fazer uma diferenciação entre o
cada vez mais matérias-primas e energia. Com isso, os impactos fenômeno denominado efeito estufa e o processo de aquecimento
ambientais também mudaram de patamar. global.
Uma importante característica do mundo atual é a ocorrência O efeito estufa é o fenômeno de retenção do calor, irradiado
de fenômenos transfronteiriços ou até mesmo globais. Além dos pela superfície terrestre, por uma camada de gases na atmosfera,
impactos ambientais que ocorrem em uma cidade ou circunscritos entre os quais o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o
a uma região, não é raro, hoje, que diversas áreas do mundo sejam vapor-d’água. Trata-se de um processo natural, fundamental para
atingidas por problemas ambientais que têm causas em localidades a existência de vida no planeta, pois sem ele as temperaturas seriam
muito distantes. muito baixas, já que o calor irradiado seria devolvido ao espaço.
Uma parte expressiva desses problemas são atmosféricos,
como o aquecimento global, a redução da camada de ozônio e
as chuvas ácidas.
É relativamente simples a compreensão dessas ocorrências em
escalas amplas: basta imaginar determinado poluente despejado em
uma parte qualquer da atmosfera e, a partir daí, a ação de ventos
levando esse material para áreas distantes.
Além da circulação do ar da atmosfera como elemento deter-
minante para a ocorrência de fenômenos transfronteiriços, pode-se
entender a poluição das águas em decorrência da movimentação
dos rios e mares, que acabam espalhando poluentes para regiões
distantes. Há algum tempo, a Argentina fez protestos contra a
Efeito estufa
100 GEOGRAFIA I
1ª Série Módulo 17

Já o aquecimento global é a elevação anormal da temperatura


da Terra, causada, sobretudo, por atividades humanas após a
Revolução Industrial, como a queima de combustíveis fósseis,
o desmatamento e a pecuária, que emitem grandes quantidades
de gases do efeito estufa. A maior concentração desses gases na
atmosfera leva a uma maior retenção de calor, elevando as médias
de temperatura globais. Como consequências desse aumento nas
temperaturas, tem-se o derretimento das geleiras (e, diante disso,
a elevação do nível médio do mar) e a perda de biodiversidade,
sensível a variações térmicas.
países que ratificaram o acordo
países que não ratificaram o acordo
2.1 O aquecimento global e
países sem posição no acordo
as conferências da ONU
Assinatura do Protocolo de Kyoto

©Coldimages/iStock
A justificativa dada pelos Estados Unidos para não ratificar
o Protocolo de Kyoto foi a de que não comprometeriam seu
desenvolvimento econômico em prol do meio ambiente. Vale
ressaltar que o país é responsável por mais de 20% das emissões
globais de dióxido de carbono.

• COP 15: Realizada em Copenhagen, em dezembro de 2009,


tinha como principal objetivo definir um acordo para suceder
o Protocolo de Kyoto. A conferência foi marcada por grande
divergência entre os países e os dois maiores poluidores (em
valores totais), Estados Unidos e China, inviabilizaram medidas
mais concretas.
Derretimento do Ártico

O processo de aquecimento global é um dos principais 3. A redução da camada de ozônio


exemplos de problemas ambientais transnacionais, ou seja, aqueles
que, independentemente do local de origem, geram consequências O ozônio é um dos gases da atmosfera. Ele se concentra em
que atravessam fronteiras e atingem áreas muito distantes. maior quantidade na estratosfera, entre 15 e 50 quilômetros de
altura. Serve de proteção contra os raios nocivos vindos do Sol
Algumas áreas que claramente vêm sofrendo dramáticos efeitos
(raios ultravioleta).
do aquecimento global são diversas pequenas ilhas, como Tuvalu,
que correm o risco de simplesmente desaparecer devido à elevação A camada de ozônio forma um cinturão ao redor da Terra,
do nível do mar, associada ao derretimento das calotas polares. O filtrando os raios ultravioleta emitidos pelo Sol. Na segunda metade
mais cruel – e irônico – nesse processo é que a quantidade de CO2 do século XX, os cientistas detectaram uma redução nessa camada,
emitida por essas ilhas ao longo da história é irrelevante. principalmente sobre a Antártica.

Em 1992, ocorreu, na cidade do Rio de Janeiro, a Eco-92, que A redução da camada de ozônio estaria relacionada à emissão
firmou o caminho para as futuras conferências climáticas e originou de CFC (clorofluorcarbono), utilizado em aerossóis, solventes e
importantes documentos ambientais internacionais. Apesar de aparelhos de refrigeração (gás freon). Os raios ultravioleta, atra-
não ter havido acordo, devido à resistência dos Estados Unidos na vessando o “buraco” da camada de ozônio, podem provocar, entre
Convenção de Mudanças Climáticas, ela abriu caminho para as outros males, o câncer de pele (principalmente em pessoas de pele
demais reuniões, denominadas COP (Conferências das Partes) que clara) e a destruição da vegetação.
ocorreram em diversas cidades do mundo. Entre elas, destacam-se: Um protocolo assinado em Montreal, em 1987, determinou a
suspensão da produção do CFC e, nos últimos anos, já se percebe
• COP 3: Realizada em 1997, em Kyoto, no Japão, onde ocorreu
uma regeneração na camada de ozônio.
a assinatura do principal acordo com medidas concretas,
objetivando reduzir os efeitos das mudanças climáticas. O
Protocolo de Kyoto definiu que os países mais desenvolvidos 4. Chuva ácida
teriam que reduzir suas emissões de CO2 em 5,2%, em média,
até 2012. Os Estados Unidos não ratificaram o protocolo. Ocorre principalmente nas áreas industrializadas, com grande
poluição do ar, geralmente com ação do enxofre (S). Essas chuvas
são altamente corrosivas, atacando tanto as construções como os
revestimentos e monumentos, além das vegetações e cultivos.
Impactos ambientais transfronteiriços: aquecimento global, GEOGRAFIA I 101
redução da camada de ozônio e chuva ácida Módulo 17 1ª Série

Ocorrência de chuva ácida


Entenda como funciona o mercado
de crédito de carbono
Hoje, o mercado de carbono é considerado a mais nova
transação financeira, se baseando na compra e na venda de
crédito de carbono entre os países, de acordo com seu nível de
0° emissão de gases poluentes. Desde os anos 2000, o mercado
de carbono, surgido a partir do Protocolo de Kyoto – acordo
que estabeleceu a redução de emissão de gases poluentes por
extremamente alta
países desenvolvidos. De acordo com o Protocolo, aqueles que
alta conseguissem reduzir a emissão de carbono, ganharia um
indícios certificado adquirindo direito a créditos de carbono, podendo
comercializa-los com outros países que ainda possuem metas
As chuvas ácidas podem causar acidificação de lagos e contami- a cumprir. Esse processo foi criado graças ao Mecanismo de
nação do solo e das vegetações. É importante considerar que, apesar Desenvolvimento Limpo (MDL).
de atingirem mais intensamente as áreas urbano-industriais, os
intermediário de crédito
ventos fazem com que as chuvas ácidas cheguem a áreas distantes. de carbono certificado

ono $$$$
carb $$$
s de $$
to
Governo uruguaio investe na produção de cal para

$$
di
cré

$$$
tentar controlar chuva ácida de Candiota

$$
O departamento de Carro Lago, no Uruguai, inaugurou

créd
$
$$
no ano de 2016, na cidade de Trinta e Três, uma unidade de

it o
sd
e

$$
$$
ca
fabricação de cal cuja finalidade é produzir para o tratamento $$$$$$$
rb o
no
de gases liberados pela Usina Termoelétrica Presidente Médici,
em Candiota.
empresas fonte de crédito
A Ancap – estatal responsável pela produção de energia de carbono
e combustíveis do Uruguai – explica que a redução dos gases
Apesar da redução, as metas da Conferência do Clima –
emitidos pela usina termoelétrica, movida a carvão, ajudaria
COP 17, realizado em 2011, foi aumentada entre 25% a 40%
na diminuição da chuva ácida que precipita sobre o território
na redução de emissão de carbono. O Brasil ocupa a 3a posição
uruguaio. Para que haja a diminuição seria necessário que, antes
dentro do mercado de carbono, agregando 5% do mesmo, incen-
de entrar em contato com o ar, os gases emitidos passassem
tivando a criação de novos mecanismos de redução da emissão.
por tanques de cal líquido, perdendo, assim, a maior parte de
suas substâncias tóxicas. Cada tonelada de CO2 não emitida ou retirada da atmosfera
vale 1 crédito no mercado, podendo ser vendida para outros
países. O país que não conseguir atingir a meta de redução,
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pode comprar créditos como uma forma de reduzir suas metas.


O incentivo é a redução de CO2 para o ecossistema, por isso,
teoricamente, não importa qual país reduza mais, mas sim que
a redução seja global.

Texto para as questões 01 e 02:

A maior parte do aquecimento da atmosfera é proveniente da


radiação terrestre: a atmosfera deixa passar a energia solar e intercepta
Efeitos da chuva ácida na floresta
a saída da radiação terrestre. No entanto, a quantidade de calor na
atmosfera é variável nos diferentes pontos da superfície da Terra.
102 GEOGRAFIA I
1ª Série Módulo 17

01 (UFRJ) Explique dois fatores responsáveis pela variação do países em desenvolvimento. Até 2001, mais de 120 países, incluindo
aquecimento do ar atmosférico. nações industrializadas da Europa e da Ásia, já haviam ratificado
o protocolo. No entanto, nos EUA, o presidente George W. Bush
02 (UFRJ) Explique como ocorre o efeito estufa.
anunciou que o país não ratificaria Kyoto, com os argumentos de
que os custos prejudicariam a economia americana e que o acordo
03 (UFRJ)
era pouco rigoroso com os países em desenvolvimento.
Total de emissões de CO2 desde 1950,
em bilhões de toneladas Jornal do Brasil, 11 abr. 2001 (adaptado).

Estados Polônia Ucrânia 21,7 Na tabela, encontram-se dados sobre a emissão de CO2:
Canadá Unidos 14,4 Cazaquistão
14,9 186,1 Rússia 10,1
União 68,4 Emissões de CO2
Europeia Emissões anuais de
Países desde 1950
127,8 CO2 per capita
China (bilhões de toneladas)
57,6
Estados Unidos 186,1 16 a 36
México Japão
7,8 31,2 União Europeia 127,8 7 a 16
Brasil Índia Rússia 68,4 7 a 16
6,6 15,4
China 57,6 2,5 a 7
África do Sul Austrália
8,5 7,6 Japão 31,2 7 a 16

Em relação ao problema da poluição atmosférica, cite quatro tipos Índia 15,5 0,8 a 2,5
de impactos ambientais decorrentes da emissão de altos volumes
de gases poluentes. Polônia 14,4 7 a 16

Texto para as questões 04 e 05: África do Sul 8,5 7 a 16

México 7,8 2,5 a 7


O protocolo de Kyoto – assinado em dezembro de 1997 –
reafirma os objetivos da Convenção sobre Mudanças Climáticas, Brasil 6,6 0,8 a 2,5
realizada durante a Eco-92, no Rio de Janeiro. Segundo conclusões World Resources, 2000/2001.
apresentadas nessa convenção, as mudanças que estavam ocorrendo
na dinâmica da atmosfera são consequência do intenso processo Considerando os dados apresentados, assinale a alternativa que
de poluição, provocando problemas, tais como inversão térmica, representa um argumento que se contrapõe à justificativa dos
efeito estufa e destruição da camada de ozônio. EUA de que o acordo de Kyoto foi pouco rigoroso com países em
desenvolvimento:
Em função do comentário acima, responda às solicitações que
seguem: (A) A emissão acumulada da União Europeia está próxima à dos
Estados Unidos.
04 (UFRN) Qual a importância do Protocolo de Kyoto para o meio (B) Nos países em desenvolvimento, as emissões são equivalentes
ambiente? às dos Estados Unidos.
(C) A emissão per capita da Rússia assemelha-se à da União
05 (UFRN) Explique o fenômeno da inversão térmica. Europeia.
(D) As emissões de CO2 nos países em desenvolvimento citados
são muito baixas.
(E) A África do Sul apresenta uma emissão anual per capita relati-
vamente alta.
01 (ENEM)
02 (ENEM) As florestas tropicais úmidas contribuem muito para
O Protocolo de Kyoto, uma convenção das Nações Unidas
a manutenção da vida no planeta, por meio do chamado sequestro
que é marco sobre mudanças climáticas, estabelece que os países de carbono atmosférico. Resultados de observações sucessivas,
mais industrializados devem reduzir até 2012 a emissão dos gases nas últimas décadas, indicam que a Floresta Amazônica é capaz
causadores do efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos níveis de absorver até 300 milhões de toneladas de carbono por ano.
de 1990. Essa meta estabelece valores superiores ao exigido para
Impactos ambientais transfronteiriços: aquecimento global, GEOGRAFIA I 103
redução da camada de ozônio e chuva ácida Módulo 17 1ª Série

Conclui-se, portanto, que as florestas exercem importante papel O texto aponta para um fenômeno atmosférico causador de graves
no controle: problemas ao meio ambiente: a chuva ácida (pluviosidade com pH
baixo). Esse fenômeno tem como consequência:
(A) das chuvas ácidas, que decorrem da liberação, na atmosfera,
do dióxido de carbono resultante dos desmatamentos por (A) a corrosão de metais, pinturas, monumentos históricos,
queimadas. destruição da cobertura vegetal e acidificação de lagos.
(B) das inversões térmicas, causadas pelo acúmulo de dióxido de (B) a diminuição do aquecimento global, já que esse tipo de chuva
carbono resultante da não dispersão dos poluentes para as retira poluentes da atmosfera.
regiões mais altas da atmosfera. (C) a destruição da fauna e da flora e a redução dos recursos
(C) da destruição da camada de ozônio, causada pela liberação, na hídricos, com o assoreamento dos rios.
atmosfera, do dióxido de carbono contido nos gases do grupo (D) as enchentes, que atrapalham a vida do cidadão urbano, corroendo,
dos clorofluorcarbonos. em curto prazo, automóveis e fios de cobre da rede elétrica.
(D) do efeito estufa provocado pelo acúmulo de carbono na (E) a degradação da terra nas regiões semiáridas, localizadas, em
atmosfera, resultante da queima de combustíveis fósseis, como sua maioria, no Nordeste do nosso país.
carvão mineral e petróleo.
(E) da eutrofização das águas, decorrente da dissolução, nos rios, 05 (ENEM)
do excesso de dióxido de carbono presente na atmosfera.

Disponível em: <cdn.slidesharecdn.com>. Acesso em: 7 jun. 2014.


03 (ENEM) Chuva ácida é o termo utilizado para designar
precipitações com valores de pH inferiores a 5,6. As principais
substâncias que contribuem para esse processo são os óxidos de
nitrogênio e de enxofre provenientes da queima de combustíveis
fósseis e, também, de fontes naturais. Os problemas causados pela
chuva ácida ultrapassam fronteiras políticas regionais e nacionais.

A amplitude geográfica dos efeitos da chuva ácida está relacionada


principalmente com:

(A) a circulação atmosférica e a quantidade de fontes emissoras de

Disponível em: <www.supersitegood.com>. Acesso em: 7 jun. 2014.


óxidos de nitrogênio e de enxofre.
(B) a quantidade de fontes emissoras de óxidos de nitrogênio e de
enxofre e a rede hidrográfica.
(C) a topografia do local das fontes emissoras de óxidos de nitro-
gênio e de enxofre e o nível dos lençóis freáticos.
(D) a quantidade de fontes emissoras de óxidos de nitrogênio e de
enxofre e o nível dos lençóis freáticos.
(E) a rede hidrográfica e a circulação atmosférica.

04 (ENEM)
Em 1872, Robert Angus Smith criou o termo “chuva ácida”,
descrevendo precipitações ácidas em Manchester após a Revolução
Industrial. Trata-se do acúmulo demasiado de dióxido de carbono
e enxofre na atmosfera que, ao reagirem com compostos dessa
camada, formam gotículas de chuva ácida e partículas de aerossóis.
Reunindo-se as informações contidas nas duas charges, infere-se que:
A chuva ácida não necessariamente ocorre no local poluidor, pois
tais poluentes, ao serem lançados na atmosfera, são levados pelos (A) os regimes climáticos da Terra são desprovidos de padrões que
ventos, podendo provocar a reação em regiões distantes. A água de os caracterizem.
forma pura apresenta pH 7, e, ao contatar agentes poluidores, reage (B) as intervenções humanas nas regiões polares são mais intensas
que em outras partes do globo.
modificando seu pH para 5,6 e até menos que isso, o que provoca
(C) o processo de aquecimento global será detido com a eliminação
reações, deixando consequências. das queimadas.
Disponível em: <www.brasilescola.com>. Acesso em: 18 mai. 2010 (adaptado). (D) a destruição das florestas tropicais é uma das causas do aumento
da temperatura em locais distantes, como os polos.
(E) os parâmetros climáticos modificados pelo homem afetam todo
o planeta, mas os processos naturais têm alcance regional.
104 GEOGRAFIA I
1ª Série Módulo 17

01 (UFSC) 02 (PUC-Rio)
Há décadas, pesquisadores alertavam que o planeta sentiria no
futuro o impacto do descuido do homem com o ambiente. Na virada
do milênio, os avisos já não eram mais necessários – as catástrofes
causadas pelo aquecimento global se tornaram realidades presentes
em todos os continentes do mundo. Os desafios passaram a ser
dois: se adaptar à iminência de novos e mais dramáticos desastres
naturais e buscar soluções para amenizar o impacto do fenômeno.
em 2040 hoje
Em tempos de aquecimento planetário, uma nova entidade
internacional tomou as páginas de jornais e revistas de toda a Ártico pode derreter totalmente até 2040, diz estudo
Terra – o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática
(IPCC), criado pela ONU para buscar consenso internacional sobre O Oceano Ártico pode perder todo o seu gelo até o verão de
o assunto. Seus aguardados relatórios ganharam destaque por trazer 2040 devido à emissão de gases-estufa, informa um grupo de cien-
as principais causas do problema e apontar para possíveis caminhos tistas americanos. Simulações realizadas por supercomputadores
que podem reverter alguns pontos do quadro. mostram que o aquecimento global pode antecipar em até 20 anos
o degelo total da região.
Disponível em: <veja.abril.com.br>. Acesso em: 13 set. 2007.
Redação Terra, 12 dez. 2006. National Center Atmosphere Research (NCAR-USA), 2006.

a. Explique o efeito estufa como um fenômeno natural e apresente


o aspecto positivo desse fenômeno. Em relação ao desaparecimento do gelo do Oceano Glacial Ártico,
b. Cite três gases que contribuem para o agravamento do efeito apresente:
estufa.
c. Cite dois fatores evolutivos e explique como poderiam estar a. dois possíveis efeitos socioambientais negativos, em escala
relacionados ao aumento do aquecimento global. global, desse evento.
b. dois possíveis efeitos positivos para a economia dos países
localizados nas elevadas latitudes do Hemisfério Norte.

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GEOGRAFIA I 105
Módulo 18 1ª Série

Impactos ambientais regionais e locais: desertificação,


ilhas de calor e inversão térmica

Você já parou para pensar na quantidade de lixo


que produz em um dia?
Em média, cada pessoa no Brasil descarta diariamente cerca
de 1 kg de resíduos sólidos. Esse número era de 500 gramas em
1982, porém, com a intensificação do processo de urbanização, a
quantidade dobrou. O lixo total produzido no Brasil é suficiente

©Bepsimage/iStock
para encher 1.160 aviões cargueiros do tipo Boeing 747 por dia ou
178 estádios do Maracanã em um ano.
Portanto, é possível ver que, mesmo com baixa produção de lixo,
quando comparado a outros países, a quantidade de lixo produzido
no Brasil ainda se apresenta elevada. O poder de consumo e a cultura
do consumo são dois pontos a serem observados ao se analisar quanto
lixo é produzido por cada habitante ou por cada país.
Neste módulo, estudaremos os impactos ambientais regionais,
Expectativas de aprendizagem:
como o acúmulo de lixo nas grandes cidades, que é apenas um
dos muitos problemas socioambientais existentes, causando a C4 – Analisar os principais impactos ambientais na escala local;
– conhecer suas causas e consequências;
degradação do meio ambiente e prejudicando o cotidiano da C6 – observar como cada agente poluidor possui um papel nos
população mundial. impactos ambientais locais.

1. Ilha de calor Uma das formas de evitar a formação dessas ilhas de calor é
a manutenção e aumento de áreas verdes nos centros urbanos,
pois a vegetação altera os índices de reflexão do calor e favorece a
manutenção da umidade relativa do ar.
temperatura Outra prática que também apresentou bons resultados no
do ar zona urbana
combate às ilhas de calor foi a utilização de cores claras, branco em
zona rural zona suburbana sua maioria, no topo das edificações. As cores mais claras possuem
um índice de reflexão mais elevado do que as superfícies mais
escuras. Essa propriedade é chamada de albedo.

2. Inversão térmica
A qualidade do ar e o clima de grandes áreas urbanas são
alterados em função, principalmente, da emissão de gases
poluentes por carros e indústrias.
As áreas urbanas possuem temperaturas mais altas que as
áreas vizinhas devido à reduzida vegetação, à grande quantidade A poluição atmosférica é agravada pelas inversões térmicas,
de superfície asfaltada, ao acúmulo de poluentes na atmosfera e ao típicas de inverno, que dificultam a circulação vertical do ar. Isso
grande número de edifícios, que dificulta a ação do vento. ocorre porque, com a inversão térmica, uma grande quantidade de
ar frio fica presa junto ao solo pressionado pela camada de ar quente
Na verdade, a grande quantidade de concreto nas áreas centrais
acima e, como o ar frio é mais pesado, ele não sobe.
das cidades provoca uma grande absorção de calor, em comparação
com áreas menos edificadas da periferia urbana. A imagem a seguir mostra uma parte da cidade de São Paulo
em um momento de inversão térmica.
O nome ilha de calor dá-se pelo fato de uma cidade apresentar
em seu centro uma taxa de calor muito alta, enquanto nas suas O fato de não haver movimento vertical na atmosfera durante
redondezas essa taxa é normal, ou seja, o poder de absorção de calor algumas horas faz com que não haja dispersão dos poluentes.
é menor do que no centro.
106 GEOGRAFIA I
1ª Série Módulo 18

Na primeira década do século XXI, a população mundial

©josemoraes/iStock
passou a ser majoritariamente urbana. Atualmente, mais de 50%
da população mundial vive em cidades. Desde o surgimento dos
primeiros aglomerados urbanos, a produção de lixo se apresenta
como um dos principais problemas da vida em cidades. A situação
começou a se tornar ainda mais complexa a partir da Revolução
Industrial, com o início da produção de uma série de itens que não
existiam até então, com o aumento do consumo e com a intensifi-
Cidade com concentração de poluentes
cação da migração dos trabalhadores do campo para a cidade, o que
Como a inversão térmica é um fenômeno natural, geralmente aumentou consideravelmente a produção de resíduos sólidos de
associado às frentes frias ou à sucessão de dias quentes e noites frias, diferentes naturezas (domésticos, industriais, de serviços de saúde,
não é possível evitá-la. Assim, defendem-se medidas para reduzir da construção civil, etc.). Hoje, pode-se afirmar que a questão do
a poluição, como: lixo é um dos principais problemas das cidades, com repercussões
administrativas, sociais e ambientais.
• uso de fontes de energia menos poluentes;
• instalação de filtros nas indústrias; A produção do lixo reflete de maneira bastante clara o nível de
• investimentos em transportes de massa para reduzir o número desenvolvimento de um país. Quanto maior a renda per capita e o
de veículos nas ruas. desenvolvimento industrial de um lugar, maior o volume de detritos
gerado. O estilo de vida e os hábitos de consumo de cada população
3. Acúmulo de lixo também influenciam bastante a quantidade e a qualidade do lixo
produzido em cada local. Os Estados Unidos são o maior produtor
Montanhas de lixo
Os países industrializados produzem anualmente 500 milhões
de lixo per capita do mundo. O modo de vida privilegiado da maior
de toneladas de lixo urbano. O Brasil, com 260 kg/capita, é um parte das pessoas desse país explica tal situação. É corriqueiro o uso
sócio menor desse clube. de diversos objetos descartáveis, os alimentos e demais produtos
Ranking do lixo (em kg por habitante): industrializados são consumidos em larga escala (o que demanda
0 90 180 270 360 450 540 630 720 grande quantidade de embalagens) e há rápida obsolescência de
produtos, como os eletrodomésticos e eletrônicos, que são trocados
EUA rapidamente por modelos mais novos, mesmo que ainda estejam
Austrália
funcionando perfeitamente.

Canadá No Brasil, a maior parte do lixo é formada por material orgânico,


ou seja, resíduos de origem vegetal e animal, tais como restos de
Islândia
alimentos, madeira, papel e dejetos humanos. A adesão a um estilo
Noruega
de vida próximo ao norte-americano, no entanto, tem contribuído
Holanda para o aumento de todos os tipos de lixo nas grandes cidades
Luxemburgo brasileiras. De acordo com o pesquisador Jairo Augusto Nogueira
França Pinheiro, a quantidade média de lixo produzida por habitantes
Dinamarca
nas cidades brasileiras é de 0,5-2,5 kg/hab/dia, o que significa que,
no Brasil, a produção média mínima chega a, aproximadamente,
Japão
180 kg/hab/ano. Essa média, no entanto, não inclui o lixo industrial,
Bélgica os dejetos da área rural e o material jogado nos campos e rios.
Suíça Todo esse lixo precisa, portanto, de um destino. O problema é
Turquia que, no Brasil e na maioria dos países pobres e em desenvolvimento,
Hungria expressivas quantidades de dejetos vêm sendo armazenadas em
Espanha áreas não apropriadas, quando não são simplesmente despejadas
em lugares a céu aberto – os chamados lixões –, sem que os danos
Itália
ambientais sejam levados em consideração. Como consequência,
Polônia
há contaminação do solo, dos lençóis freáticos (pela infiltração do
Portugal
chorume), do ar, degradação da paisagem, além da proliferação de
Grécia insetos e de outros animais transmissores de doenças, como ratos,
México moscas, baratas, e dos chamados microvetores (bactérias, vermes,
Brasil fungos e vírus) – o que transforma tais áreas de despejo em fonte
difusora de doenças.
0 90 180 270 360 450 540 630 720
Alcides Lopes Leão. OCDE (Unesp/Botucatu).
Impactos ambientais regionais e locais: desertificação, GEOGRAFIA I 107
ilhas de calor e inversão térmica Módulo 18 1ª Série

Esse cenário deixa evidente

©Arnaud_Martinez/iStock

©kanate/iStock
que, a despeito da aparente
obviedade do termo, lixo é um
conceito que varia conforme a
época e o lugar. O senso comum
costuma definir lixo como o
que não serve para nada, o que
é jogado fora, o que não presta,
por ser “velho” ou “sem valor”.
Símbolo da reciclagem, um dos 3 “R’s”
De acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), lixo é qualquer objeto que seja dispen-
Sucatas e lixo no centro de reciclagem
sado e que não possua valor comercial. Dessa forma, pode-se pensar
que a maior parte do que é descartado nas grandes cidades brasi-
Na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
leiras não pode ser caracterizado, exatamente, como lixo. Afinal,
o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada em 1992, no Rio de
quantos objetos com valor comercial são dispensados diariamente?
Janeiro (conhecida como ECO-92), ficou estabelecido o seguinte
importante parâmetro para o tratamento da questão do lixo: o Essa questão é visível quando se observa a quantidade de cidadãos
princípio dos 3 “Rs” – reduzir, reutilizar, reciclar. A ideia é que o em situação de pobreza revirando latas em busca de algo vendável ou
problema do lixo seja pensado ainda na fase da produção industrial, reaproveitável. É comum, e triste, a cena que se repete diariamente
ou seja, o “R” de redução é de responsabilidade principalmente do em diversas cidades do país – pessoas esperam os prédios residenciais
setor produtivo, que deve começar a pensar o lixo antes mesmo de despejarem sacos de lixo nas calçadas, para serem recolhidos, e
ele existir, diminuindo o tamanho de embalagens desnecessárias, iniciam uma busca por algo que possa ajudar a garantir seu sustento
utilizando materiais que causem menos danos à natureza e econo- e de sua família.
mizando no uso de matérias-primas. A solução para o problema do lixo nas cidades, portanto, passa
Dessa forma, algumas empresas que almejam o selo de “compro- por uma série de questões que envolve todos os setores da sociedade.
metimento ambiental” já vêm buscando soluções, como o uso do As empresas devem se comprometer a reduzir materiais superficiais,
sistema de refil, ou a oferta de produtos em forma concentrada, o que buscar soluções e matérias-primas mais adequadas e menos nocivas
reduz o tamanho das embalagens. É importante que tais medidas, ao ambiente. Já os cidadãos, esses precisam entender a importância
no entanto, não sejam levadas à frente somente pela iniciativa das da reutilização, do consumo consciente, de se evitar o desperdício,
empresas; elas devem ser cobradas pelo Poder Público por meio de etc. O Poder Público, por sua vez, como principal responsável pelo
uma legislação adequada, o que já vem ocorrendo em países como destino do lixo, deve buscar soluções adequadas, aumentar a coleta
Alemanha e Áustria. seletiva (que permita uma reciclagem mais sistemática) e, também,
atuar como regulador, tanto pressionando as empresas e indústrias
Reutilizar significa, sobretudo, buscar novos usos para objetos
a se enquadarem em regras mais corretas quanto incentivando, por
que seriam descartados. Assim, determinado produto é utilizado
meio de campanhas educativas, a conscientização da sociedade civil.
para outra função, com pouca – ou nenhuma – mudança em sua
estrutura original. Potes de vidro, por exemplo, que acondicio-

©hroephoto/iStock
navam maionese ou palmito, podem ser usados para conservar
grãos; garrafas PET de refrigerante podem guardar produtos de
limpeza de produção caseira, etc. A doação de roupas, brinquedos
e eletrodomésticos para pessoas necessitadas também pode ser
encarada sob essa perspectiva. Em vez de irem para os lixões, tais
objetos podem servir perfeitamente a outras pessoas.
O terceiro “R”, de reciclagem, é, sem dúvida, o mais falado
quando o assunto é lixo. No entanto, apesar de ser muito divulgada,
essa técnica ainda é pouquíssimo utilizada no Brasil, tanto em
termos absolutos quanto relativos. Em São Paulo, por exemplo, que
produz todos os dias cerca de 15.000 toneladas de lixo, somente
5% dos detritos voltam ao consumidor pela reciclagem. A maior
parte desse processo só existe graças ao trabalho de uma legião
de catadores, os quais buscam, de forma autônoma, objetos como
Lixão
latinhas de alumínio, que podem ser revendidas para indústrias de
reciclagem, gerando renda.
108 GEOGRAFIA I
1ª Série Módulo 18

Comércio internacional do lixo de um mercado internacional do lixo. O destino do lixo criado


pela sociedade tornou-se um negócio bilionário, envolvendo

©OperationShooting/iStock
empresas e o comércio paralelo. Essa é uma das consequências
dos problemas enfrentados no mundo globalizado.
Tendo o Brasil como exemplo, é possível analisar a produção
de material reciclável usando papelão e plástico para ser
comercializado. Após a reciclagem, a China, que busca de forma
incessante matérias-primas de baixo valor, torna-se o principal
destino. Porém, nem sempre essas práticas comerciais acontecem
legalmente.
Outra forma de comércio está relacionada à negociação
do lixo tóxico – composto por pilhas, lâmpadas fluorescentes,
Lixo compactado lixo hospitalar, industrial ou nuclear – entre países periféricos e
A imensa quantidade de lixo produzida pelos países ricos, centrais. O comércio se estabiliza com o primeiro recebendo os
assim como a demanda do setor industrial por materiais reci- resíduos do segundo, vendendo terrenos em seu território para
cláveis para matéria-prima, gerou a necessidade do surgimento o depósito de lixo.

4. Desgaste do solo/desertificação No caso brasileiro, a exploração excessiva dos recursos naturais


na área do semiárido devido à inserção desta no mercado nacional e
A ação antrópica, por meio do desmatamento, monoculturas, internacional, o aumento da população e da densidade demográfica
queimadas etc., acarreta problemas para a manutenção da fertili- fazem com que haja um manejo incorreto do solo, degradando-o.
dade do solo em áreas de diversos domínios climáticos no mundo, Dessa forma, o processo de desertificação se intensifica nessas
agravando a lixiviação e a erosão. regiões, uma vez que elas passam a ser afetadas diretamente pela
sobre-exploração, alterando diretamente a fauna e a flora locais,
©Surachet1/iStock

além da degradação do solo.


O mapa a seguir mostra áreas com risco de desertificação
no Brasil:

Solo afetado pela seca Ocorrência

O processo de desertificação é caracterizado como a degradação muito grave


das terras secas. Sendo assim, é um procedimento que consiste na grave
perda total da produtividade da terra – porções agrícolas, pastagens moderada
e áreas nativas – tanto econômica quanto biológica. núcleos de desertificação
É preciso ressaltar que uma região semiárida não necessaria- áreas de atenção especial
mente passará pelo processo de desertificação, uma vez que ela,
naturalmente, possui uma escassez de água e um nível baixo de
precipitação. Portanto, tanto a flora quanto a fauna desses locais
estão adaptados à falta de água constante. Áreas no Brasil com risco de desertificação
Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 1992 (adaptado).
Impactos ambientais regionais e locais: desertificação, GEOGRAFIA I 109
ilhas de calor e inversão térmica Módulo 18 1ª Série

A desertificação pode aumentar A degradação progressiva das terras agricultáveis se


conflitos por terras estabelece devido às mudanças climáticas, às práticas agrícolas
insustentáveis e à má gestão dos recursos hídricos, o que ameaça a
Segundo o relatório da ONU de 2016, a degradação dos segurança alimentar de diferentes regiões do planeta, aumentando
solos e o aumento do processo de desertificação poderá gerar o número de pessoas que passam fome diariamente.
um aumento nos conflitos por terras férteis.

©heckepics/iStock
A migração forçada de milhões de pessoas traz consigo o
risco de uma grande ruptura nas terras tradicionais que ficam
para trás e aumenta a possibilidade de uma grande instabilidade
nas zonas urbanas, que se tornam cada vez mais superlotadas,
pois são pontos de busca de empregos, moradia e serviços.
Ainda segundo o relatório, cerca de dois milhões de pessoas
vivem em regiões desérticas ou semiáridas ao redor do mundo.
Assim, segundo os cálculos da organização, mais de 3,6 milhões
de hectares seriam afetados e junto a eles cerca de um bilhão de
pessoas em 100 países diferentes.
Cenário da flora da Caatinga no Brasil

Texto para as questões 01 e 02: 01 (FGV) Apresente duas consequências dessas condições climá-
ticas sobre as atividades econômicas.

02 (FGV) Indique como a inversão térmica prejudica a saúde e o


bem-estar da população paulistana.

Texto para as questões 03 e 04:

Para o Ministério do Meio Ambiente, o processo de desertifi-


cação gera uma perda de cinco bilhões de dólares por ano ao Brasil
(cerca de 1% do Produto Interno Bruto) e já atinge gravemente
66 milhões de hectares no semiárido brasileiro e 15 milhões de
pessoas em áreas do bioma Cerrado e da Caatinga. No Brasil, 62%
das áreas suscetíveis à desertificação estão em zonas originalmente
ocupadas por caatinga, sendo que muitas já estão bastante alteradas.
Ministério do Meio Ambiente.
Disponível em: <www.mma.gov.br>. Acesso em: 15 ago. 2011.

A capital paulista bateu um novo recorde de frio nessa segunda-


-feira (13), com temperatura mínima oficial de 3,5°C, registrada Considerando o texto acima, responda:
pelo Instituto Nacional de Meteorologia, na estação do Mirante
de Santana, zona norte da cidade. A forte massa de ar polar que 03 (UNICAMP) O que é desertificação e quais são as suas causas?
atua no estado de São Paulo tem provocado muito frio durante
as madrugadas. Por causa do resfriamento, diversos bairros estão 04 (UNICAMP) Quais os impactos sociais associados à deser-
amanhecendo com nevoeiro e há previsão de ocorrência do tificação?
fenômeno da inversão térmica.
05 Explique a formação de uma ilha de calor.
Disponível em: <climatempo.com.br>. Acesso em: 13 jun. 2016 (adaptado).
110 GEOGRAFIA I
1ª Série Módulo 18

01 (ENEM) Moradores de três cidades, aqui chamadas de X, Y e (C) a produção de lixo é inversamente proporcional ao nível de
Z, foram indagados quanto aos tipos de poluição que mais afligiam desenvolvimento econômico das sociedades.
as suas áreas urbanas. Nos gráficos a seguir, estão representadas as (D) o desenvolvimento sustentável requer controle e monitora-
porcentagens de reclamações sobre cada tipo de poluição ambiental. mento dos efeitos do lixo sobre espécies existentes em cursos
de água, solo e vegetação.
lixo 30% 24% (E) o desenvolvimento tecnológico tem elevado a criação de
poluição do ar 0% produtos descartáveis, o que evita a geração de lixo e resíduos
esgoto aberto
X 12% químicos.
dejetos tóxicos 34%
poluição sonora
03 (ENEM)
22% 7% O ecossistema urbano é criado pelo homem e consome energia
12% 22%
produzida por ecossistemas naturais, alocando-a segundo seus
Y
40% Z próprios interesses. Caracteriza-se por um elevado consumo de
23%
36% 23% energia, tanto somática (aquela que chega às populações pela
2% 13% cadeia alimentar) quanto extrassomática (aquela que chega pelo
aproveitamento de combustíveis), principalmente após o advento
Considerando a queixa principal dos cidadãos de cada cidade, a da tecnologia de ponta. Cada vez mais aumenta o uso de energia
primeira medida de combate à poluição em cada uma delas seria, extrassomática nas cidades, o que ocasiona a produção de seu
respectivamente: subproduto, a poluição. A poluição urbana mais característica é
a do ar.
(A) X – manejamento de lixo; Y – esgotamento sanitário; Z –
Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2008 (adaptado).
controle de emissão de gases.
(B) X – controle de despejo industrial; Y – manejamento de lixo;
Os efeitos da poluição atmosférica podem ser agravados pela
Z – controle de emissão de gases.
inversão térmica, processo que ocorre no Sul do Brasil e em São
(C) X – manejamento de lixo; Y – esgotamento sanitário; Z –
Paulo. Esse processo pode ser definido como:
controle de despejo industrial.
(D) X – controle de emissão de gases; Y – controle de despejo
(A) processo no qual a temperatura do ar se apresenta inversamente
industrial; Z – esgotamento sanitário.
proporcional à umidade relativa do ar, ou seja, ar frio e úmido
(E) X – controle de despejo industrial; Y – manejamento de lixo;
ou ar quente e seco.
Z – esgotamento sanitário.
(B) precipitações de gotas-d’água (chuva ou neblina) com elevada
temperatura e carregadas com ácidos nítrico e sulfúrico,
02 (ENEM)
resultado da poluição atmosférica.
Quanto mais desenvolvida é uma nação, mais lixo cada um (C) inversão da proteção contra os raios ultravioleta provenientes
de seus habitantes produz. Além de o progresso elevar o volume do Sol, a partir da camada mais fria da atmosfera, que esquenta
de lixo, ele também modifica a qualidade do material despejado. e amplia os raios.
Quando a sociedade progride, ela troca a televisão, o computador, (D) fenômeno em que o ar fica estagnado sobre um local por um
compra mais brinquedos e aparelhos eletrônicos. Calcula-se que período de tempo e não há formação de ventos e correntes
ascendentes na atmosfera.
700 milhões de aparelhos celulares já foram jogados fora em todo
(E) fenômeno no qual os gases presentes na atmosfera permitem
o mundo. O novo lixo contém mais mercúrio, chumbo, alumínio a passagem da luz solar, mas bloqueiam a irradiação do calor
e bário. Abandonado nos lixões, esse material se deteriora e vaza. da Terra, impedindo-o de voltar ao espaço.
As substâncias liberadas infiltram-se no solo e podem chegar aos
lençóis freáticos ou a rios próximos, espalhando-se pela água. 04 (ENEM)
Anuário Gestão Ambiental, 2007. p. 47-48 (adaptado).
Os lixões são o pior tipo de disposição final dos resíduos sólidos
de uma cidade, representando um grave problema ambiental e de
A respeito da produção de lixo e de sua relação com o ambiente, é saúde pública. Nesses locais, o lixo é jogado diretamente no solo
correto afirmar que: e a céu aberto, sem nenhuma norma de controle, o que causa,
entre outros problemas, a contaminação do solo e das águas pelo
(A) as substâncias químicas encontradas no lixo levam, frequente- chorume (líquido escuro com alta carga poluidora, proveniente da
mente, ao aumento da diversidade de espécies e, portanto, ao
decomposição da matéria orgânica presente no lixo).
aumento da produtividade agrícola do solo.
(B) o tipo e a quantidade de lixo produzido pela sociedade inde- RICARDO, B.; CANPANILLI, M. Almanaque Brasil Socioambiental 2008.
pendem de políticas de educação que proponham mudanças no São Paulo: Instituto Socioambiental, 2007.

padrão de consumo.
Impactos ambientais regionais e locais: desertificação, GEOGRAFIA I 111
ilhas de calor e inversão térmica Módulo 18 1ª Série

Considere um município que deposita os resíduos sólidos


produzidos por sua população em um lixão. Esse procedimento é
considerado um problema de saúde porque os lixões:
01 Na discussão atual sobre a sustentabilidade do planeta, o termo
(A) causam problemas respiratórios, devido ao mau cheiro que “3R” tem sido usado para se referir a práticas – reutilizar, reciclar
provém da decomposição. e reduzir – que podem ser adotadas para diminuir o consumo de
(B) são locais propícios à proliferação de vetores de doenças, além materiais e energia na produção de objetos.
de contaminarem o solo e as águas.
(C) provocam o fenômeno da chuva ácida, devido aos gases a. Tendo em vista a sustentabilidade do planeta, ordene os verbos
oriundos da decomposição da matéria orgânica. “reutilizar”, “reciclar” e “reduzir”, colocando, em primeiro lugar,
(D) são instalados próximos ao centro das cidades, afetando toda a ação que levaria a uma diminuição mais significativa do
a população que circula diariamente na área. consumo energético e material e, em último, a ação que levaria
(E) são responsáveis pelo desaparecimento das nascentes na região a uma diminuição menos significativa.
onde são instalados, o que leva à escassez de água. b. Em um condomínio residencial, há quatro grandes recipientes
para receber, separadamente, metais, vidros, papéis e plásticos.
05 (ENEM) Seria importante que houvesse outro recipiente, que até poderia
Em 2006, foi realizada uma conferência das Nações Unidas em ser menor, para receber outro tipo de material. Que material
seria esse, sabendo-se que, do ponto de vista ambiental, ele é
que se discutiu o problema do lixo eletrônico, também denominado
mais prejudicial que os outros mencionados? Explique por
e-waste. Nessa ocasião, destacou-se a necessidade de os países
que esse material é muito prejudicial ao ambiente, quando
em desenvolvimento serem protegidos das doações nem sempre descartado de forma indevida.
bem-intencionadas dos países mais ricos. Uma vez descartados ou
doados, equipamentos eletrônicos chegam a países em desenvolvi- 02 (UEL) A Rio+20, realizada em 2012, reuniu líderes e repre-
mento com o rótulo de “mercadorias recondicionadas”, mas acabam sentantes de muitos países. Essa reunião aconteceu exatamente 20
deteriorando-se em lixões, liberando chumbo, cádmio, mercúrio e anos após a histórica Rio92, que tomou decisões para combater as
outros materiais tóxicos. mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a desertificação.
No documento final da Rio+20, vários pontos foram criticados pelos
Disponível em: <g1.globo.com>.
representantes dos diferentes países e divulgados amplamente pela
mídia.
A discussão dos problemas associados ao e-waste leva à conclusão
de que:
a. Sintetize as críticas à falta de compromissos financeiros e à
(A) os países que se encontram em processo de industrialização neces- ausência de encaminhamento prático para as decisões.
sitam de matérias-primas recicladas oriundas dos países mais ricos. b. Identifique dois motivos para a desconsideração do conhe-
(B) o objetivo dos países ricos, ao enviarem mercadorias recondi- cimento produzido cientificamente por parte dos agentes
cionadas para os países em desenvolvimento, é o de conquistar políticos e cite dois exemplos de práticas de consumo no
mercados consumidores para seus produtos. contexto da economia verde que poderiam ser adotadas pelas
(C) o avanço rápido do desenvolvimento tecnológico, que torna os pessoas no cotidiano.
produtos obsoletos em pouco tempo, é um fator que deve ser
considerado em políticas ambientais.
(D) o excesso de mercadorias recondicionadas enviadas para os países
em desenvolvimento é armazenado em lixões apropriados.
(E) as mercadorias recondicionadas oriundas de países ricos
melhoram muito o padrão de vida da população dos países
em desenvolvimento.

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GEOGRAFIA I 112
Módulo 19 1ª Série

Energia: fontes energéticas renováveis


e não renováveis

Você já imaginou a possibilidade de gerar


energia a partir das marés?

©David Heisler Photography/iStock


Na atual conjuntura energética global, a necessidade de
diminuir a dependência dos combustíveis fósseis fica cada vez
mais crítica. Dentro desse contexto, extrair energia da oscilação
diária das marés soa como uma saída interessante para países que
possuem contato com o mar.
O sistema consiste em imensas boias que se ligam a geradores
por meio de braços articulados. Conforme a maré sobe e desce, as
boias fazem com que os braços se movam e gerem energia cinética,
que, então, é transformada em energia elétrica pelos geradores. Expectativas de aprendizagem:
Neste módulo, veremos quais são os pontos positivos e os C2 – Estudar as principais fontes energéticas;
– identificar pontos positivos e negativos de cada fonte de energia;
negativos de cada tipo de fonte energética e quais são as possibilidades C4 – compreender os impactos ambientais causados pela produção
para garantir o abastecimento energético da humanidade no futuro. energética.

1. Fontes de energia
As diversas fontes de energia do mundo podem ser agrupadas As fontes não renováveis são assim chamadas porque, com o
em renováveis e não renováveis. uso prolongado durante anos, podem esgotar-se, isto é, seu ciclo de
As fontes consideradas renováveis são aquelas que não se reposição é muito longo. Entre os principais exemplos de fontes não
esgotam ou que podem ser recolocadas na natureza por meio renováveis, estão os combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo
da ação humana, ou seja, seu ciclo de reposição é curto. Entre os e gás natural), a energia nuclear (urânio) e o xisto betuminoso (do
principais exemplos de fontes renováveis, podem ser citadas a solar, qual se extraem gás e óleo).
a hidráulica, a eólica, a biomassa (lenha, carvão vegetal, álcool e A seguir, serão analisadas algumas características das principais
biodiesel), a maremotriz e a geotérmica. fontes de energia, com suas vantagens e desvantagens.

1.1 Fontes de energia não renováveis O petróleo se formou há milhões de anos, por meio da sobre-
posição de sedimentos de animais e de vegetais em antigos mares
1.1.1 Petróleo rasos. Podem-se apontar como vantagens do petróleo o seu alto
poder energético, o seu estado líquido (que facilita o transporte)
©MATJAZ SLANIC/iStock

e o fato de ser usado, também, como matéria-prima para diversos


artigos, como o asfalto e o querosene.
A primazia do petróleo como fonte energética sofreu importante
redução com os choques nos preços do combustível, em 1973 e 1979
(crise do petróleo), como pode ser observado no gráfico a seguir:

Matriz energética nos anos de 1973 e 2006


50
46,1 1973
45
2006
40
35 34,4
30
26,0
% 24,5
Extração de petróleo 25
20,5
20
16,0
O petróleo é um hidrocarboneto que representa, atualmente, 15
10,2 10,1
a principal fonte de energia. Ele ocupa essa posição desde que 10
6,2
suplantou o carvão mineral, na passagem da Primeira para a 5
0,9 2,2 1,8 0,6 0,1
0 petróleo carvão gás biomassa nuclear hidráulica outras
Segunda Revolução Industrial. natural
Agência Internacional de Energia – IEA, 2008 (adaptado).
Energia: fontes energéticas renováveis e não renováveis GEOGRAFIA I 113
Módulo 19 1ª Série

Atualmente, as críticas quanto ao seu uso se devem ao fato Geração de energia por tipo de combustível (2006)
de se tratar de uma fonte de energia não renovável (diversos 45%
40%
estudos mostram que a quantidade de petróleo disponível hoje 35%
só seria suficiente para mais seis décadas do consumo) e ao fato 30%
de contribuir para o aquecimento global com a liberação de 25%
20%
CO2 para a atmosfera.
15%
O Oriente Médio possui cerca de metade das reservas mundiais, 10%
5%
mas vem ocorrendo um avanço nas descobertas em outras áreas
0%
do mundo, como na Venezuela, no Canadá, no litoral brasileiro e carvão gás hidrelétrica nuclear petróleo outras
natural
no africano. Agência Internacional de Energia – IEA, 2008 (adaptado).

1.1.2 Carvão mineral 1.1.3 Gás natural

©EvgenyMiroshnichenko/iStock

©arhendrix/iStock
Tanques de armazenamento de gás natural
Mina de carvão mineral
É um combustível fóssil, assim como o petróleo e o carvão
Foi o grande combustível da Primeira Revolução Industrial e, mineral, mas tem a vantagem de ser menos poluente, além de poder
até hoje, tem uma vasta participação na matriz energética, sendo, ser utilizado em diversas áreas, como no setor de transportes, nas
ainda, o principal fornecedor de eletricidade (produção em residências, nas indústrias e na geração de eletricidade.
termelétricas), além do uso em siderúrgicas.
A Rússia possui as maiores reservas de gás e exporta grande
É uma fonte de energia muito poluente, pois contribui para os parte da sua produção para a Europa por meio de uma rede de
processos de aquecimento global e de formação de chuvas ácidas. extensos gasodutos. Esse gás é muito usado nos sistemas de aque-
cimento das casas na Europa.

Gás de xisto: uma revolução energética que pode custar caro ©photographer3431/iStock

A extração de xisto, cada vez mais utilizada, tem sido o novo questionamento
energético mundial, devido aos possíveis danos e riscos ambientais gerados por ela. Uma
das principais alegações dos movimentos ambientalistas é a poluição da água devido ao
chamado hydraulic fracturing (fratura hidráulica), técnica usada para a extração do gás de
forma não convencional.
O fraturamento hidráulico é uma técnica que consiste na injeção de toneladas de água
misturadas com produtos químicos e areia a fim de gerar fraturas na rocha. Com o fratura-
mento da rocha, o gás é liberado e captado, e toda a água usada retorna para a superfície conta-
minada por hidrocarbonetos e por outros compostos de metais, além de aditivos químicos.
Outro risco que envolve a exploração do gás de xisto é a possibilidade dos gases
acumulados dentro das rochas atingirem aquíferos próximos, contaminando a água de
cidades no entorno da estação de exploração de xisto.
114 GEOGRAFIA I
1ª Série Módulo 19

1.1.4 Energia nuclear 1.2 Fontes de energia renováveis

©wsfurlan/iStock
1.2.1 Hidráulica
A fonte hidráulica tem grande destaque em alguns países,
como no Brasil, que aproveita sua grande dimensão territorial,
seus importantes rios de planalto e climas úmidos para a geração
de eletricidade.

©JenniferPhotographyImaging/iStock
Usina Nuclear Angra 1

A produção de energia nuclear ocorre pela fissão de urânio enri-


quecido em reatores. É uma tecnologia que sofreu grande expansão
após a Segunda Guerra Mundial, com crescimento mais expressivo
na década de 1970, devido à elevação nos preços do petróleo.
número
de Usina hidrelétrica
gigawatts,
reatores
net
400 435 436 441 450 Entre as vantagens dessa fonte estão o baixo custo da geração
419
350 359 400 de energia e menor quantidade de poluição liberada para a
365 345 352
300 350 atmosfera, constituindo uma alternativa para o combate ao efeito
326
250 300 estufa e ao aquecimento global.
200
243 253
250 Por outro lado, o custo de instalação é elevado, e a construção
150 200 de grandes barragens demanda o alagamento de extensas áreas,
167
100 136 150 gerando importantes impactos ambientais, como a perda de áreas
81 100
florestais, e também sociais, com o deslocamento compulsório
50 72
45 5
16
de populações.
0 50
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2002
1.2.2 Biomassa
capacidade
capacidade de evolução

©Nostal6ie/iStock
número de reatores
Agência Internacional de Energia Atômica – IAEA (adaptado).

Seu uso é muito controverso, porque pode ser feito não apenas
para a geração de eletricidade, mas também para a produção de
armas de destruição em massa.
As vantagens da energia nuclear são o desenvolvimento tecno-
lógico associado a ela (usado em diversas áreas, como a Medicina),
o alto poder energético, o fato de poder se localizar próximo aos
principais mercados consumidores e não gerar gases do efeito estufa
para a atmosfera, sendo considerada, pelos seus defensores, uma
Lascas de madeira para a geração de energia
energia limpa.
A produção de energia a partir do material orgânico, notada-
Por outro lado, há riscos de seríssimos acidentes, como o
mente vegetais, é muito antiga. Até hoje, lenha e carvão vegetal têm
que ocorreu em Chernobyl, na Ucrânia, na década de 1980, e
grande expressão em diversos países, como o Brasil.
o recente acidente de Fukushima, causado por um tsunami que
atingiu o Japão. Além disso, mesmo em condições normais de Nas últimas décadas, foram desenvolvidas tecnologias modernas
uso, as usinas nucleares produzem resíduos radioativos (o lixo para a produção de biocombustíveis, como o álcool e o biodiesel.
atômico) de difícil armazenamento e que emitem radiação por Há a possibilidade de uso de variadas fontes. No Brasil, a produção
milhares de anos. de álcool tem como base a cana-de-açúcar e, nos EUA, o milho.
Energia: fontes energéticas renováveis e não renováveis GEOGRAFIA I 115
Módulo 19 1ª Série

O uso da biomassa tem como vantagem a redução nas emissões


de gases do efeito estufa, além de ser uma fonte renovável. Por outro
lado, há risco de redução na produção de alimentos (devido ao
01 (UFU-MG) Recursos naturais são todos os elementos da
uso de significativa extensão do território para o cultivo energético) natureza passíveis de serem apropriados e utilizados pelos seres
e de desmatamento. humanos. O acelerado crescimento populacional da humanidade,
associado ao intenso processo de industrialização mundial, sinaliza
1.2.3 Solar e eólica para a necessária preocupação com o uso racional dos recursos
São importantes fontes alternativas defendidas pelos movi- naturais. Conceitue e exemplifique as expressões “recurso natural
mentos ambientalistas devido ao seu menor impacto, mas renovável” e “recurso natural não renovável”.
enfrentam problemas por conta do seu custo ainda elevado
02 Explique como o petróleo se forma.
(embora em queda com o aumento da escala da produção) e da
dependência das condições naturais. 03 Quais são as principais fontes de energias alternativas?

©Ron_Thomas/iStock
04 Quais são os pontos negativos da produção de energia
hidrelétrica?

05 Quais são os pontos negativos da produção de energia nuclear?

01 (ENEM)
O potencial brasileiro para gerar energia a partir da biomassa
não se limita a uma ampliação do Pró-álcool.
Produção de energia eólica e solar
O país pode substituir o óleo diesel de petróleo por grande
variedade de óleos vegetais e explorar a alta produtividade das
florestas tropicais plantadas. Além da produção de celulose, a
Mercado de carbono utilização da biomassa permite a geração de energia elétrica por
O mercado de carbono tem sido cada vez mais uma saída meio de termelétricas a lenha, carvão vegetal ou gás de madeira,
para os países diminuírem a emissão de gases que causam o com elevado rendimento e baixo custo.
aquecimento global acelerado. Esse mercado funciona com Cerca de 30% do território brasileiro é constituído por terras
base na lógica de estabelecer limites de quantidade de gases a impróprias para a agricultura, mas aptas à exploração florestal.
serem liberados por cada país na atmosfera. Quando esse limite A utilização de metade dessa área, ou seja, de 120 milhões de
não é atingido por algum país, este tem o direito de negociar a hectares, para a formação de florestas energéticas permitiria
quantidade não atingida, conhecida como crédito de carbono. produção sustentada do equivalente a cerca de cinco bilhões de
Quando um país ultrapassa o limite de gases que podem ser barris de petróleo por ano, mais que o dobro do que produz a
liberados, ele faz compra do crédito de carbono daqueles que não Arábia Saudita atualmente.
atingiram a cota. O grande objetivo da criação do mercado de
VIDAL, José Walter Bautista. Desafios internacionais para o século XXI. Seminário da Comissão de
carbono é a possibilidade do cumprimento das metas planejadas Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, ago. 2002 (adaptado).
no Tratado de Kyoto, criado em 1997, como a desaceleração do
aquecimento global somado ao efeito estufa natural. Para o Brasil, as vantagens da produção de energia a partir da
biomassa incluem:
©Epitavi/iStock

(A) implantação de florestas energéticas em todas as regiões


brasileiras com igual custo ambiental e econômico.
(B) substituição integral, por biodiesel, de todos os combustíveis
fósseis derivados do petróleo.
(C) formação de florestas energéticas em terras impróprias para a
agricultura.
(D) importação de biodiesel de países tropicais, em que a produti-
vidade das florestas seja mais alta.
(E) regeneração das florestas nativas em biomas modificados pelo
homem, como o Cerrado e a Mata Atlântica.
Gases poluentes sendo lançados para a atmosfera.
116 GEOGRAFIA I
1ª Série Módulo 19

02 (ENEM) No mundo contemporâneo, as reservas energéticas tornam-se estratégicas para muitos


países no cenário internacional. Os gráficos apresentados mostram os dez países com as maiores
reservas de petróleo e gás natural em reservas comprovadas até janeiro de 2008:

Posição País Gás natural – reservas provadas (metros cúbicos)


1 Rússia 47.570.000.000.000
2 Irã 26.370.000.000.000
3 Catar 25.790.000.000.000
4 Arábia Saudita 6.568.000.000.000
5 Emirados Árabes Unidos 5.823.000.000.000
6 Estados Unidos 5.551.000.000.000
7 Nigéria 5.015.000.000.000
8 Argélia 4.359.000.000.000
9 Venezuela 4.112.000.000.000
10 Iraque 3.170.000.000.000

Posição País Petróleo – reservas provadas (barris)


1 Arábia Saudita 266.800.000.000
2 Canadá 178.800.000.000
3 Irã 132.500.000.000
4 Iraque 115.000.000.000
5 Kuwait 104.000.000.000
6 Emirados Árabes Unidos 97.800.000.000
7 Venezuela 79.730.000.000
8 Rússia 60.000.000.000
9 Líbia 39.130.000.000
10 Nigéria 35.880.000.000
Disponível em: <www.indexmundi.com>. Acesso em: 12 ago. 2009 (adaptado).

As reservas venezuelanas figuram em ambas as classificações porque:

(A) a Venezuela já está integrada ao Mercosul.


(B) são reservas comprovadas, mas ainda inexploradas.
(C) podem ser exploradas sem causar alterações ambientais.
(D) já estão comprometidas com o setor industrial interno daquele país.
(E) a Venezuela é uma grande potência energética mundial.

03 (ENEM) (A) situar-se em uma zona geopolítica mais estável que o


Com a perspectiva do desaparecimento das geleiras no Oriente Médio.
Polo Norte, grandes reservas de petróleo e minérios, hoje inaces- (B) possibilitar o povoamento de uma região pouco habitada, além
de promover seu desenvolvimento econômico.
síveis, poderão ser exploradas e já atiçam a cobiça das potências.
(C) garantir, aos países em desenvolvimento, acesso a matérias-
KOPP, D. “Guerra Fria sobre o Ártico”. Le monde diplomatique Brasil, -primas e energia, necessárias ao crescimento econômico.
n. 2, set. 2007 (adaptado).
(D) contribuir para a redução da poluição em áreas ambientalmente
já degradadas devido ao grande volume da produção industrial,
No cenário de que trata o texto, a exploração de jazidas de petróleo,
como ocorreu na Europa.
bem como de minérios – diamante, ouro, prata, cobre, chumbo, zinco –,
(E) promover a participação dos combustíveis fósseis na matriz
torna-se atraente não só em função de seu formidável potencial, mas
energética mundial, dominada, majoritariamente, pelas fontes
também por:
renováveis de maior custo.
Energia: fontes energéticas renováveis e não renováveis GEOGRAFIA I 117
Módulo 19 1ª Série

04 (ENEM) O trecho da música faz referência a uma importante obra na região


A Idade da Pedra chegou ao fim, mas não porque faltassem do Rio São Francisco. Uma consequência socioespacial dessa
pedras; a era do petróleo chegará igualmente ao fim, mas não por construção foi:
falta de petróleo.
(A) a migração forçada da população ribeirinha.
Xeque Yamani, ex-ministro do Petróleo da Arábia Saudita. (B) o rebaixamento do nível do lençol freático local.
O Estado de S. Paulo, 20 ago. 2001. (C) a preservação da memória histórica da região.
(D) a ampliação das áreas de clima árido.
Considerando as características que envolvem a utilização das (E) a redução das áreas de agricultura irrigada.
matérias-primas citadas no texto em diferentes contextos histórico-
-geográficos, é correto afirmar que, de acordo com o autor, a
exemplo do que aconteceu na Idade da Pedra, o fim da era do
petróleo estaria relacionado:

(A) à redução e ao esgotamento das reservas de petróleo. 01 (UNICAMP) O petróleo, recurso não renovável, é a principal
(B) ao desenvolvimento tecnológico e à utilização de novas fontes fonte de energia consumida no mundo.
de energia.
(C) ao desenvolvimento dos transportes e o consequente aumento a. Aponte duas fontes alternativas de energia para a diminuição
do consumo de energia. do consumo do petróleo.
(D) ao excesso de produção e a consequente desvalorização do barril b. Quais as vantagens e as desvantagens do uso dessas fontes em
de petróleo. relação ao petróleo?
(E) à diminuição das ações humanas sobre o meio ambiente.
02 (UFRJ) As hidrelétricas produzem 91% da eletricidade brasileira,
05 (ENEM) enquanto as termelétricas produzem 8,3%, e as usinas nucleares,
0,7%. As hidrelétricas possuem a vantagem de não provocar poluição
Sobradinho atmosférica, como as termelétricas, nem rejeito radioativo, como as
O homem chega, já desfaz a natureza usinas nucleares, mas, por outro lado, também são impactantes.
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
Indique dois impactos causados pelas hidrelétricas, justificando
O São Francisco lá pra cima da Bahia sua resposta.
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que
dizia que o Sertão ia alagar.
SÁ E GUARABYRA. Pirão de peixe com pimenta.
Som Livre, 1977 (adaptado).

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GEOGRAFIA I 118
Módulo 20 1ª Série

Energia: matrizes energéticas mundial e brasileira

Você colocaria uma usina nuclear em um país


que sofre, em média, três terremotos por dia?
Foi exatamente isso que o Japão fez. Como sabemos, este é
um dos países com maior incidência de terremotos no mundo e,

©sergeyussr/iStock
como vimos no módulo anterior, um dos principais problemas
relacionados ao uso da energia nuclear é o risco de acidentes.
Em 11 de março de 2011, o litoral japonês foi atingido por um
tsunami causado por um terremoto em alto-mar. O evento causou
danos à usina nuclear de Fukushima, levando ao derretimento de
três reatores e forçando a evacuação de cerca de 300 mil pessoas.
Embora nenhuma morte tenha sido atribuída ao vazamento
de material radioativo, em 20 de março, o chefe de gabinete do
secretário Yukio Edano anunciou que a estação seria desativada
logo que a crise acabasse. Expectativas de aprendizagem:
Neste módulo, veremos como os diferentes países do mundo C3 – Analisar as diferentes opções dos países em relação às fontes de
energia;
buscam fontes energéticas variadas, sempre objetivando contornar C5 – observar como cada país faz uso de suas fontes de energia;
suas limitações territoriais e naturais. – estudar as fontes de energia nas quais o Brasil apoia sua produção.

1. Fontes de energia: fatores de escolha


A escolha das fontes de energia pelos países é influenciada De maneira geral, na maior parte do mundo, a matriz energética
por uma série de fatores, entre os quais destacam-se os seguintes: tem como base as fontes não renováveis, com destaque para os
combustíveis fósseis. Pode-se observar no gráfico a seguir a grande
• Naturais: É determinante para a escolha das fontes de energia discrepância entre a participação das fontes:
a maior ou menor disponibilidade de recursos de subsolo, o
clima, a extensão territorial, o relevo, entre outros.
Oferta interna de energia (mundo – 2008)
• Econômicos: Considera-se a disponibilidade de recursos urânio (U3O6) e derivados
para investimentos em fontes de maior custo e necessidade 5,8%
energética.
gás natural energia hidráulica
21,1% e eletricidade
• Geopolíticos: O controle de determinadas fontes de energia e
2,2%
a independência energética são importantes componentes do
papel geopolítico do país. biomassa*
10,7%
• Sociais: O crescimento dos movimentos ambientalistas petróleo e derivados
influencia o uso de determinadas fontes. 33,1% carvão mineral e derivados
27,0%
• Científicos: A capacidade tecnológica é decisiva para a
produção e uso de diversas fontes de energia. Nota: *Inclui combustíveis renováveis, resíduos sólidos urbanos, energia eólica,
solar e geotérmica, entre outras.

BRASIL, Ministério das Minas e Energia. Balanço Energético Nacional 2011. p. 19.
Energia: matrizes energéticas mundial e brasileira GEOGRAFIA I 119
Módulo 20 1ª Série

O fato de a sociedade ser mais ou menos urbanizada e industria- No entanto, é inegável a participação dos outros fatores. O
lizada exerce grande influência na matriz energética de uma deter- mapa a seguir mostra a clara concentração das usinas nucleares
minada localidade. Com grande dinamismo econômico e pessoas nos países centrais. Obviamente, o poder tecnológico e os objetivos
residindo em cidades, aumenta o consumo elétrico e combustíveis geopolíticos exercem grande influência nessa situação.
fósseis e nucleares são usados de forma intensa nessa geração de
energia. Países que ainda têm sociedades majoritariamente rurais
tendem a usar mais intensamente lenha e carvão vegetal.

Concentração de usinas nucleares no mundo

SUÉCIA – 10
ALEMANHA – 17 FINLÂNDIA – 4
BÉLGICA – 7 HUNGRIA – 4 RÚSSIA – 32
CANADÁ – 18 ESLOVÁQUIA – 4
REINO UNIDO – 19 UCRÂNIA – 15
HOLANDA – 1 ROMÊNIA – 2
BULGÁRIA – 2 COREIA DO SUL – 32
EUA – 104 ESPANHA – 8 ARMÊNIA – 1
ESLOVÊNIA – 1 CHINA – 13
FRANÇA – 58 REPÚBLICA TCHECA – 6
PAQUISTÃO – 2
JAPÃO – 54
MÉXICO – 2
ÍNDIA – 20

BRASIL – 2

ÁFRICA DO SUL – 2
ARGENTINA – 2

Agência Internacional de Energia Atômica– IAEA.

Parlamento alemão aprova fechamento de usinas nucleares até 2022


No ano de 2016, o Parlamento alemão aprovou o projeto

©DanielPrudek/iStock
de lei que obriga o fechamento de todas as usinas nucleares no
país até o ano de 2022. A proposta orquestrada pela chanceler
da época, Angela Merkel, reuniu democratas cristãos e liberais,
tendo apoio também dos sociais democratas, obtendo aprovação
quase unânime, com algumas reticências alegando a problemática
de abrir mão do armamento nuclear e sua produção.
A medida, que envolveu o fechamento imediato de oito
usinas, teve relação direta com o acidente de Fukushima, no
Japão, onde após um terremoto um dos reatores da instalação
se rompeu vazando parte do material tóxico nuclear. Junto ao
fechamento, outras medidas de segurança foram tomadas, tais
como a regulação do isolamento de edifícios para melhorar a efici-
ência energética, o que foi fomentado pelo programa de energias
renováveis, e a reforma da rede de energia elétrica nacional.
120 GEOGRAFIA I
1ª Série Módulo 20

2. Energia – Brasil O destaque da água como fonte de energia no Brasil aumenta


muito quando se analisa apenas a eletricidade, pois o país utiliza
A matriz energética brasileira tem como principal especifici- intensamente o seu potencial natural (hidrografia, clima e relevo)
dade a elevada participação das fontes renováveis, principalmente a para a geração de base hidráulica.
hidráulica e a biomassa, quando comparada com a média mundial.
2.1 Matriz elétrica brasileira 2010-2011
Brasil (2012) 42,4%
Matriz elétrica brasileira
hidráulica2
Brasil (2011) 44,0% 79,6%

mundo (2010) 13,2%


biomassa3
6,3%

OCDE (2010) 8,0% eólica


0,3%
0% 20% 40% 60% 80% 100% carvão e
derivados de gás natural
derivados1
renováveis não renováveis petróleo 6,6%
1,5%
nuclear 2,9%
2,6%
Comparação da participação de diversas fontes
Brasil (2010) – geração hidráulica em 2010: 439,2 TWh
de energia: Brasil, OCDE e mundo
Fonte Brasil OCDE Mundo hidráulica2
petróleo (%) 37,4 40,6 35,0 81,7%
biomassa (%) 31,1 4,2 10,5
hidráulica (%) 14,9 2,0 2,2 biomassa3
6,5%
carvão mineral (%) 6,0 20,4 25,3
eólica
gás natural (%) 9,3 21,8 20,7 0,5%
urânio (%) 1,4 11,0 6,3 gás natural
4,6%
milhões de tep* 226,1 5,506 11,435
carvão e derivados de
renováveis (%) 45,1 6,2 12,7 derivados1 petróleo
1,4% 2,5%
Nota: *tonelada equivalente de petróleo. nuclear
Balanço Energético Nacional, 2007. 2,7%
Brasil (2011) – geração hidráulica em 2011: 467,0 TWh
Ao analisar os dados apenas dos países mais desenvolvidos, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE)
discrepância fica ainda maior, porque nesses países a participação
¹ Inclui gás de coqueria
das fontes renováveis é menor que a da média mundial. A seguir,
² Inclui importação
o gráfico referente às fontes de energia nos países da OCDE – ³ Inclui lenha, bagaço de cana, lixivia e outras recuperações
Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico –, que
agrega, basicamente, países centrais: A maior parte das hidrelétricas do Brasil encontram-se na
Bacia do Paraná, devido ao potencial natural e à proximidade
Oferta interna de energia (OCDE 2009)
com os principais mercados consumidores. Esse potencial, no
carvão mineral e entanto, já se encontra quase totalmente utilizado, por isso, os
derivados petróleo e derivados
19,7% 37,2% novos projetos, como Belo Monte, voltam-se para os afluentes do
Amazonas, gerando grande polêmica em decorrência dos impactos
socioambientais.
urânio (U3O8) e derivados
11,3% gás natural
24,2%
energia hidráulica
e eletricidade biomassa*
2,1% 5,5%

Nota: *Inclui combustíveis renováveis, resíduos sólidos urbanos, energia eólica, Utilize o leitor óptico do seu
solar e geotérmica, entre outras. celular para assistir à videoaula.

Agência Internacional de Energia – IEA. goo.gl/jA3vhi


Energia: matrizes energéticas mundial e brasileira GEOGRAFIA I 121
Módulo 20 1ª Série

Potencial hidrelétrico brasileiro em cada estágio por bacia hidrográfica (valores em MW)
Dezembro de 2016
bacia estimado inventário viabilidade projéto básico construção operação total geral
Rio Amazonas 32.976 38.369 774 949 1.503 22.074 96.645
Rio Tocantins 1.875 8.056 3.738 120 0 13.245 27.033
Atlântico Norte
707 871 466 50 0 812 2.905
e Nordeste
Rio São Francisco 1.561 3.896 6.140 234 32 10.751 22.615
Atlântico Leste 1.423 5.796 665 822 71 5.394 14.170
Rio Paraná 5.100 9.524 1.896 2.241 457 43.439 62.658
Rio Uruguai 416 4.054 292 451 152 6.359 11.723
Atlântico Sudeste 2.031 1.880 2.218 325 40 3.755 10.248
Totais 46.087 72.445 16.189 5.192 2.255 105.829 247.997
Sipot Eletrobras

Além do enorme potencial para o uso de fontes renováveis de Outro ponto importante de análise é a impressionante
energia, vale destacar que o Brasil tem uma dificuldade muito grande participação da biomassa na matriz nacional. Conforme dito ante-
para o uso do carvão mineral. Essa fonte, apesar de muito poluente, riormente, países de base rural geralmente têm uma participação
ainda é a 2a principal em participação no mundo e, no Brasil, corres- elevada por causa da lenha e do carvão vegetal. No caso brasileiro,
ponde a apenas 5% do total, não respondendo por 2% da eletricidade. o declínio da participação dessas fontes, associado à urbanização,
O país possui uma quantidade expressiva de carvão mineral foi compensado pelo Programa Nacional do Álcool (Proálcool)
no litoral sul de Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, mas esse de 1975 e por ações mais recentes, como o programa do biodiesel.
carvão é de má qualidade, com grande volume de impurezas, por A dimensão do território, a força do agronegócio e as condições
isso seu aproveitamento é muito restrito à própria região. naturais envolvendo clima e recursos hídricos são elementos
facilitadores da produção de biocombustíveis no país.

Brasil alavanca sua produção de energia eólica O maior potencial de expansão atualmente se encontra no
interior do Nordeste, especialmente no semiárido brasileiro. Mas
O Brasil já está na lista dos maiores produtores de energia o Brasil começa a sinalizar uma possível oportunidade também
eólica do mundo. O levantamento “Energia eólica no Brasil e no para a microgeração, ou seja, a geração elétrica com potência
mundo”, do Ministério de Minas e Energia, aponta que o país foi suficiente para produzir eletricidade para o abastecimento de
o quarto colocado no ranking mundial de expansão de potência pequenos consumidores.
eólica em 2014. Depois de promover ajustes na regulação da chamada
As nações que realizaram um avanço superior ao Brasil “geração distribuída” (aquela em que os consumidores podem
nesse ano foram China (23.149 megawatts), Alemanha produzir eletricidade nas próprias residências), o país abriu as
(6.184 megawatts) e Estados Unidos (4.854 megawatts). No portas para a produção individual eólica e solar. 
mesmo período, o Brasil teve uma expansão de potência instalada
©toddarbini/iStock

de 2.686 megawatts.
Uma das grandes vantagens da matriz energética brasileira
é a disponibilidade de várias fontes limpas e renováveis para
geração de energia elétrica. Diversos outros países não possuem
recursos naturais e precisam recorrer a termelétricas para garantir
o suprimento. O avanço do setor eólico, segundo especialistas,
vai representar a produção de uma energia complementar
interessante para o Brasil, que hoje tem sua base de geração de
energia no sistema hidráulico.
122 GEOGRAFIA I
1ª Série Módulo 20

01 Qual a região do Brasil que mais produz carvão mineral?


01 (ENEM)
Tabela para as questões 02 e 03:
As sociedades modernas necessitam cada vez mais de energia.
Emissões de CO2 Para entender melhor a relação entre desenvolvimento e consumo de
energia, procurou-se relacionar o Índice de Desenvolvimento Humano
% de energia (IDH) de vários países com o consumo de energia neles.
Emissões % de emissões
Países gerada da queima
per capita, de CO2 O IDH é um indicador social que considera a longevidade, o
selecio- de carvão sobre
em t de sobre o total
nados as fontes totais de grau de escolaridade, o PIB (Produto Interno Bruto) per capita e o
CO2 mundial
energia do país poder de compra da população. Sua variação é de 0 a 1. Valores do
1990 2005 2004 IDH próximos de 1 indicam melhores condições de vida.
Canadá 11,6 10,3 20,0 2,2 Tentando-se estabelecer uma relação entre o IDH e o consumo
Estados de energia per capita nos diversos países, no biênio 1991-1992,
Unidos da 23,8 23,7 20,6 20,9 obteve-se o gráfico a seguir, em que cada ponto isolado representa
América um país, e a linha cheia, uma curva de aproximação.
Alemanha 36,1 23,7 9,8 2,8
1,0
Reino 0,9
29,7 16,1 9,8 2,0
Unido 0,8
China 61,2 63,3 3,8 17,3 0,7
0,6
Brasil 7,2 6,5 1,8 1,1
0,5
IDH
(Informe sobre desarrollo humano 2007-2008, PNUD, 2007) 0,4
0,3
02 (UNIFESP) Compare a participação do carvão nas fontes de 0,2
energia da Alemanha, do Reino Unido e da China, em 1990 e 2005. 0,1
0
03 (UNIFESP) Analise o total de emissões de CO2 per capita dos 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Estados Unidos, Canadá e Brasil e a participação de cada um no consumo de energia per capita (tep/capita)*
total de emissões mundiais, em 2004. *tep: tonelada equivalente de petróleo.

GOLDEMBERG, J. Energia, meio ambiente e desenvolvimento. São Paulo: Edusp, 1998.


04 Ao longo da história, a ampliação da capacidade produtiva das
sociedades teve como contrapartida o aumento do consumo e a Com base no gráfico, é correto afirmar que:
contínua incorporação de novas fontes de energia.
Apresente uma vantagem do uso do petróleo e uma do uso do gás (A) quanto maior o consumo de energia per capita, menor é o IDH.
natural como fontes de energia. (B) os países onde o consumo de energia per capita é menor que
1 tep não apresentam bons índices de desenvolvimento humano.
05 (UFRJ – adaptada) Calcula-se que o volume total de óleo derramado (C) existem países com IDH entre 0,1 e 0,3 com consumo de energia
nos oceanos é da ordem de 6 milhões de ton/ano. Esses derramamentos per capita superior a 8 tep.
são predominantemente acidentais e ocorrem ao longo das rotas de (D) existem países com consumo de energia per capita de 1 tep e de
transporte. Apesar da gravidade desses acidentes, 83% do total da poluição 5 tep que apresentam aproximadamente o mesmo IDH, cerca
marinha ainda é decorrente de atividades realizadas em terra firme. de 0,7.
(E) os países com altos valores de IDH apresentam um grande
O mapa a seguir indica as principais rotas de petróleo nos oceanos. consumo de energia per capita (acima de 7 tep).

Descreva a função das áreas conectadas pela rota A-B nas atividades 02 (ENEM-PPL)
produtivas ligadas ao petróleo.
Energia de Noronha virá da força das águas
A energia de Fernando de Noronha virá do mar, do ar, do Sol e até
do lixo produzido por seus moradores e visitantes. É o que promete o
projeto de substituição da matriz energética da ilha, que prevê a troca
dos geradores atuais, que consomem 310 mil litros de diesel por mês.
B GUIBU, F. Folha de S. Paulo. 19 ago. 2012 (adaptado).
A rotas
rota A-B
derramamento No texto, está apresentada a nova matriz energética do Parque
de óleo
Nacional Marinho de Fernando de Noronha. A escolha por essa
áreas de elevada
população marinha nova matriz prioriza o(a):
Energia: matrizes energéticas mundial e brasileira GEOGRAFIA I 123
Módulo 20 1ª Série

(A) expansão da oferta de energia, para aumento da atividade turística. (D) proximidade com áreas de produção de petróleo.
(B) uso de fontes limpas, para manutenção das condições ecológicas (E) instalação de infraestrutura para atender à demanda.
da região.
(C) barateamento dos custos energéticos, para estímulo da 05 A Lei Federal 11.097/2005 dispõe sobre a introdução do
ocupação permanente. biodiesel na matriz energética brasileira e fixa em 5%, em volume,
(D) desenvolvimento de unidades complementares, para solução o percentual mínimo obrigatório a ser adicionado ao óleo diesel
da carência energética local. vendido ao consumidor.
(E) diminuição dos gastos operacionais de transporte, para De acordo com essa lei, biocombustível é “derivado de biomassa
superação da distância do continente. renovável para uso em motores a combustão interna com ignição
por compressão ou, conforme regulamento, para geração de
03 (ENEM) O crescimento da demanda por energia elétrica no outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente
Brasil tem provocado discussões sobre o uso de diferentes processos combustíveis de origem fóssil”.
para sua geração e sobre benefícios e problemas a eles associados.
Estão apresentados no quadro a seguir alguns argumentos favoráveis A introdução de biocombustíveis na matriz energética brasileira:
(ou positivos, P1, P2 e P3) e outros desfavoráveis (ou negativos, N1,
N2 e N3) relacionados a diferentes opções energéticas. (A) colabora na redução dos efeitos da degradação ambiental global
produzida pelo uso de combustíveis fósseis, como os derivados
do petróleo.
Argumentos favoráveis Argumentos desfavoráveis (B) provoca uma redução de 5% na quantidade de carbono
emitido pelos veículos automotores e colabora no controle
Elevado potencial no país Destruição das áreas de
do desmatamento.
P1 do recurso utilizado para a N1 lavoura e deslocamento
(C) incentiva o setor econômico brasileiro a se adaptar ao uso de
geração de energia. de populações.
uma fonte de energia derivada de uma biomassa inesgotável.
Diversidade dos recursos (D) aponta para a pequena possibilidade de expansão do uso de
P2 naturais que podem ser utili- N2 Emissão de poluentes. biocombustíveis, fixado por lei em 5% do consumo de derivados
zados para a geração de energia. do petróleo.
(E) diversifica o uso de fontes alternativas de energia que reduzem
Necessidade de os impactos da produção do etanol por meio da monocultura da
condições climáticas cana-de-açúcar.
P3 Fonte renovável de energia. N3
adequadas para sua
instalação.

Ao se discutir a opção pela instalação, em uma dada região, de uma


usina termelétrica, os argumentos que se aplicam são:
01 (FUVEST) O biodiesel é um combustível biodegradável,
(A) P1 e N2. (D) P2 e N2. derivado basicamente de diversas fontes vegetais e que pode subs-
(B) P1 e N3. (E) P3 e N3. tituir total ou parcialmente o diesel de petróleo em vários tipos de
(C) P2 e N1. motores.

04 (ENEM-PPL) a. Dê exemplo de duas fontes utilizadas na produção do biodiesel.


b. Explique por que o biodiesel tem sido considerado uma
alternativa econômica e ambientalmente viável para o Brasil.

02 (UERJ)
Para César Benjamim, a crise de energia no Brasil foi artificial-
mente criada para alterar nossa matriz energética na direção que o
consumo de energia capital internacional desejava. Sobre essa questão, escreve o autor:
elétrica per capita
2007 (tep)
Essa alteração implicava um absurdo evidente: o Brasil devia
0,0 a 1,5
1,5 a 3,0 abrir mão de sua vantagem comparativa no setor (...). Passaríamos
3,0 a 4,5
4,5 a 6,0 da hidreletricidade (...) para a termeletricidade (...).
> 6,0
BRASIL. Atlas da energia elétrica do Brasil. Brasília: Agência Nacional de Energia Elétrica, 2008 Caros Amigos, jun. 2001.
(adaptado).

O Brasil privilegia as fontes renováveis na sua matriz energética e,


A distribuição do consumo de energia elétrica per capita, verificada conforme o autor, disso não deveria abrir mão.
no cartograma, é resultado da: Para a opção de privilegiar o setor hidrelétrico, apresente um
argumento:
(A) extensão territorial dos Estados-nação.
(B) diversificação da matriz energética local. a. de ordem natural.
(C) capacidade de integração política regional. b. de ordem econômica.
124 GEOGRAFIA I
1ª Série Módulo 20

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GEOGRAFIA II 125
Módulo 16 1ª Série

Leste Europeu

©alexandrumagurean/iStock
Você já pensou no que acontece quando um país
“some do mapa”?
O desmembramento de nações foi uma realidade ao longo da
história. Muitos países se uniram, dividiram-se ou simplesmente
decidiram mudar o nome e, com isso, muitos “deixaram” de existir.
Podemos citar a divisão pacífica da República Tcheca e Eslováquia, Expectativas de aprendizagem:
em 1993, a unificação da Alemanha Oriental e Ocidental em 1989, – Compreender o processo de transição dos países do Leste
além da fragmentação da Iugoslávia e da União Soviética.
C2 Europeu para o capitalismo;

Os casos mais emblemáticos são o fim da União Soviética e a C3 – entender a trajetória da Rússia nas décadas de 1990 e no início do
século XXI;
divisão da antiga Iugoslávia. Com o fim da centralidade do poder, que – conhecer as mudanças territoriais nos países do Leste Europeu.
era inerente ao socialismo, as enormes diferenças étnicas presentes
nesses países tornaram-se insustentáveis, eclodindo em manifestações
ou até mesmo em guerras civis, exigindo a autonomia em relação Neste módulo, veremos como as mudanças políticas e econô-
aos antigos dominadores. A Rússia se tornou a grande herdeira da micas no Leste Europeu favoreceram esses processos de dissolução
antiga URSS, ficando com a maior parte do arsenal bélico da potência das antigas repúblicas soviéticas e como elas se encaixaram na nova
socialista e também com boa parte de suas dívidas. economia globalizada.

1. O socialismo e a transição para o capitalismo


A Europa Oriental, ou Leste Europeu, constituiu a área da

©RolandBlunck/iStock
Cortina de Ferro durante a Guerra Fria e teve na União Soviética
o seu centro polarizador. Esse processo transformou os países da
Europa Oriental em “satélites” da URSS, já que não houve um
processo revolucionário.
A Iugoslávia foi uma exceção, por ter se libertado do domínio
nazista devido a méritos próprios, sob o comando do croata Josip
Broz Tito. Esse fato permitiu ao país a adoção de um modelo
socialista de características autônomas e o afastamento do domínio
soviético, constituindo-se em um dos pilares do movimento dos
chamados países não alinhados.
Nos outros países da região, o controle da URSS era total e foi
reforçado, no campo econômico, pela criação do Comecom e do
Pacto de Varsóvia. O domínio soviético ficou claro pela repressão
soviética às tentativas de mudanças na Hungria, em 1956, envol-
vendo bombardeios a Budapeste, e na Tchecoslováquia, em 1968,
no evento que ficou conhecido como Primavera de Praga.
A forma como o socialismo foi implantado no Leste Europeu
e o total controle soviético na região deixavam claro que quaisquer Queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, marca o fim da Guerra Fria, com diminuição
do poder e da influência da União Soviética.
mudanças nesses países periféricos só poderiam ocorrer após
transformações na própria União Soviética, em uma espécie de
“efeito dominó”. E foi o que aconteceu, surpreendendo o mundo
no final da década de 1980 e início da década de 1990.
126 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 16

2. As consequências da transição
Em 1985, após a morte de Konstantin Países que formavam a União Soviética
Tchernenko, a URSS passou a ser comandada por
Mikhail Gorbatchev, que tinha como principal OCEANO
ÁRTICO
tarefa enfrentar a estagnação econômica, que
afetava o país desde meados da década de 1960.
Para alcançar esse objetivo, Gorbatchev propôs
a perestroika, uma série de transformações
Rússia
econômicas dentro de uma estrutura planificada, Alemanha Estônia
Oriental Letônia
visando aumentar a produtividade, notadamente Lituânia
Belarius
no setor industrial. Para o êxito desse projeto, Polônia
Gorbatchev considerava vital associá-lo à glasnost, Tchecos-
lováquia Hungria
Ucrânia
Cazaquistão
Romênia
um processo de abertura política, com transpa- Iugoslávia Moldova
Bulgária Geórgia Uzbequistão
Quirguistão
rência e permissão ao multipartidarismo. Albânia
Armênia Turcomenistão
Azerbaijão Tadjiquistão
A partir daí, a glasnost passou a ocorrer com
maior velocidade, determinando certa liberdade
União Soviética
de imprensa. Os resultados obtidos no setor Berlim
Oriental
Berlim
econômico, no entanto, foram pequenos. O país Ocidental
satélites europeus da União Soviética

passou a viver uma conturbada situação política países comunistas europeus que
romperam com a União Soviética
interna, com amplo crescimento dos setores
ultrarreformistas, liderados por Boris Yeltsin, que
conseguiu eleger-se presidente da República Russa,
o país mais importante da União. Esse crescimento
desagradou os setores conservadores, que
Dissolução da Ioguslávia
tentavam um golpe de Estado em abril de 1991.
O fracasso desse movimento foi determinado pela
reação popular, comandada em parte por Boris Eslovênia
Yeltsin, que passou a ter amplos poderes, com o
retorno de um enfraquecido Gorbatchev. Croácia
Voivodina
Nesse momento, o ritmo das transformações,
que já era intenso, tornou-se avassalador, com a
independência das Repúblicas Bálticas, a pros-
crição do PCUS (seus líderes participaram da Bósnia-Herzego-
vina
tentativa de golpe) e a criação da CEI – Comuni-
dade dos Estados Independentes –, a partir de uma Sérvia

reunião de Yeltsin com os presidentes da Ucrânia e


da Bielorrússia. A criação da CEI, incluindo onze
das quinze repúblicas da URSS (as Bálticas e a Montenegro
Geórgia, esta última devido a conflitos internos, Kosovo
não referendaram), inviabilizou a existência da
União e, em 25 de dezembro, Mikhail Gorbatchev
renunciou, determinando o fim da potência Macedônia
N
socialista.
A criação da CEI está ligada à interdepen-
dência existente entre os ex-membros da URSS (que em parte continua até hoje). Devido
ao longo período de união, as economias no entorno da Rússia se mantiveram muito
dependentes do comércio estabelecido entre elas, portanto, a criação do bloco veio para
assumir esse papel de manutenção dos vínculos comerciais.
Com a decadência do poder soviético, que culminou na desintegração do país, ocorreu
a transição dos antigos “satélites” da URSS para o capitalismo.
Leste Europeu GEOGRAFIA II 127
Módulo 16 1ª Série

3. A geopolítica russa

©drserg/iStock
No processo de transição para o capitalismo, a Rússia passou
por um período de grande decadência econômica, com uma
série de dificuldades. Houve grande declínio no PIB, o que pode
ser explicado pelo aumento do desemprego e pela falência de
empresas de menor competitividade. Além disso, a brutal saída
do Estado de uma economia que era marcada pelo seu monopólio
permitiu o avanço de grupos econômicos criminosos, ocorrendo
uma série de polêmicas privatizações.
Essa decadência econômica contribuiu para o aumento dos Centro de Investigação e Inovação de Skolkovo
problemas sociais e acabou impactando o IDH do país, com difi-
culdades crescentes nas áreas da educação e da saúde. Esse quadro O avanço da produção em novas áreas, como o Ártico, e os
contribuiu para o agravamento da queda do crescimento vegetativo, investimentos em gasodutos (Nord Stream e South Stream) e
que, no caso russo, estava negativo, gerando uma diminuição na oleodutos, além da articulação política com outros países produ-
população absoluta do país. tores, mostram que não deverão ocorrer mudanças significativas
na opção energética russa nos próximos anos.
Esse complicado quadro geral contribuiu para que os anos 1990
ficassem conhecidos como o período do “vácuo geopolítico” da Rússia.
Apesar de o país ser o herdeiro político e militar da União Soviética, 4. O quadro geopolítico
a sua importância na ordem mundial sofreu uma clara redução, o que,
de certa forma, aumentou a insatisfação da população russa.
atual do Leste Europeu
Nos últimos anos, a economia russa voltou a ter expressivo Com a dissolução da União Soviética e o vácuo geopolítico
crescimento, com base principalmente na utilização dos recursos da Rússia nos anos 1990, houve um grande avanço da influência
do seu impressionante território, além do domínio tecnológico do ocidental no Leste Europeu. O maior exemplo desse fato foi o
país em vários setores. notável avanço de duas estruturas supranacionais pela região.
Nos últimos anos, diversos países da região passaram a integrar
©Vladimirovic/iStock

a União Europeia e a OTAN, e outros são candidatos a essas


organizações, incluindo repúblicas que integravam a Iugoslávia
(a Eslovênia foi integrada em 2004, a Croácia, em 2013, e a Sérvia
está próxima da adesão).
Por outro lado, é importante lembrar que o avanço da União
Europeia e da OTAN pelo Leste Europeu, incluindo países que
fizeram parte da União Soviética, deixa clara a disputa geopolítica
por essa parte do mundo, que a Rússia defende como sua área de
influência, principalmente na sua vizinhança imediata.
Essa situação explica, por exemplo, a dificuldade no processo de
Extração de petróleo no norte da Rússia integração da Ucrânia ao bloco europeu, que é um desejo de parte
expressiva da população do país, mas enfrenta forte resistência de
A Rússia é uma potência energética, com as maiores reservas
setores ligados à Rússia.
de gás natural do planeta, assim como de petróleo (oitava maior
reserva e segunda maior produção) e carvão mineral (sexto maior Outro exemplo dessa disputa geopolítica foi a invasão russa
produtor). O país utilizou suas exportações de hidrocarbonetos, na Geórgia em 2008, um conflito que envolvia rixas étnicas, mas,
principalmente para a Europa, como base de sua reconstrução também, interesses econômicos, devido à passagem de oleodutos
econômica que, por sua vez, embasou o resgate de sua importância no Cáucaso, além da contenda por áreas de influência.
geopolítica. Em 2014, o Leste Europeu viveu o início de um novo conflito
A importância dos combustíveis fósseis para o país é gigan- geopolítico entre Rússia e Ucrânia. O estopim aconteceu quando o
tesca, e não há sinal de reversão em um futuro próximo. O grande então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, negou um acordo
desenvolvimento tecnológico da Rússia é utilizado para ampliar a com a União Europeia e priorizou a relação com a Rússia, o que
produção dessas fontes (como exemplo, o Centro de Investigação não agradou à população e gerou uma série de manifestações,
e Inovação de Skolkovo, que vem desenvolvendo novas técnicas resultando na derrubada do presidente. Como forma de retaliação,
para prospecção e exploração de petróleo e gás no fundo do mar). a Rússia iniciou uma intervenção na Crimeia, província com valor
estratégico, devido à sua saída para o Mar Negro.
128 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 16

Entendendo a crise da Ucrânia Exclusão da Rússia do G8

©Vadven/iStock
Após o conflito entre Rússia e Ucrânia e a anexação da região
da Crimeia por parte da Rússia, as lideranças do G7 (Alemanha,
Canadá, França, Japão, Itália e Reino Unido), sob o comando do
então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se reuniram
na Holanda e decidiram pela suspensão da Rússia do grupo como
forma de retaliação.
O grupo considera que a suspensão do país trará consequên-
cias negativas à economia russa, com a intenção de gerar mudança
na postura do país no Leste Europeu.
Mesmo assim, o governo russo parece não ter mudado de
posição quanto à invasão à Crimeia, inclusive abrindo a possibi-
Manifestação na Ucrânia
lidade de intervir em tensões na Moldávia ou nas repúblicas do
Uma semana após a cerimônia de assinatura de um acordo Mar Báltico.
de livre-comércio com a União Europeia, o então presidente A percepção pública afirma que as sanções do G8 podem
da Ucrânia, Viktor Yanukovich, desistiu do acordo e anunciou fazer a Rússia mudar de opinião, mas isso dependerá de quanto
que manteria as relações comerciais com a Rússia. O motivo da os líderes do G7 estão dispostos a tomar medidas mais drásticas.
mudança de estratégia comercial está relacionado com a pressão Vale ressaltar que a Europa é grande dependente do gás russo,
exercida pelo presidente russo, Vladimir Putin, que ofereceu inclusive a Ucrânia, o que deixa evidente as possibilidades de
uma ajuda de 15 bilhões de dólares para fortalecer a economia da mudança no quadro de dependência energética por parte de
Ucrânia, país que é dependente do gás russo como fonte de energia. alguns países.
Esse acontecimento desagradou parte da população pró-

©sitox/iStock
-Europa, gerando uma série de manifestações contra o governo
pedindo não só a reaproximação com a União Europeia,
mas também a deposição do presidente. As manifestações
resultaram em uma série de mudanças no país, primeiro com
a renúncia do primeiro-ministro Mykola Azarov, e, depois,
com a derrubada e exílio de Viktor Yanukovich. O governo
foi assumido pelas forças pró-Europa. Bandeiras do G7: Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Japão, França, Alemanha e Itália
A Rússia, insatisfeita com a destituição do governo que
a favorecia, considerou a derrubada do presidente um golpe
de Estado e iniciou uma série de retaliações ao país. Nesse
contexto, ela invadiu a Crimeia, região no sul da Ucrânia, cuja
população, em grande parte, era de origem russa.
A Crimeia era território da Rússia e foi doada à Ucrânia em 01 Apresente três importantes mudanças ocorridas na divisão
1854 pelo presidente soviético Nikita Khrushchev. Hoje, mais territorial dos Estados europeus a partir do fim da Guerra Fria.
da metade da população da Crimeia fala o idioma russo. Sendo
02 Por que se pode afirmar que, ao mesmo tempo que há rivalidade,
assim, Vladimir Putin anunciou que a instabilidade política da
há interesses comuns entre a Europa Ocidental e a Rússia?
Ucrânia comprometeria a segurança da população russa que
reside na Crimeia. Além disso, a região é uma importante área 03 Algumas transformações políticas recentes ocorridas na
estratégica devido à sua saída para o Mar Negro. ex-URSS e na ex-Tchecoslováquia constituem exemplos de
Por causa da invasão, a Crimeia foi militarizada, com a separação entre povos. Essas separações se concretizaram sem
instalação de aeroportos e bases militares, o que gerou aumento tragédias, como as ocorridas na dissolução da ex-Iugoslávia.
Apresente duas razões pelas quais a dissolução da ex-Iugoslávia está
da tensão na relação entre os dois países. Estados Unidos
ocorrendo por meio de conflitos e guerras entre as diferentes repúblicas.
e União Europeia reagiram a essas sanções e ameaçaram
retaliações diplomáticas contra a Rússia. Esta não recuou e fez 04 Identifique uma dificuldade enfrentada pela Rússia no processo
um referendo na Crimeia para decidir o futuro da região, que de transição do socialismo para o capitalismo.
terminou com 96,7% sendo favoráveis à anexação territorial. A
disputa não foi finalizada, elevando os temores de um conflito 05 Em termos geopolíticos, o que dificulta a entrada de países
mais intenso, já que ambos os países são potências nucleares. como a Ucrânia e a Bielorrússia na União Europeia?
Leste Europeu GEOGRAFIA II 129
Módulo 16 1ª Série

01 (UFSM) 03 (CESGRANRIO)
Mar Cáspio
Rússia
Grozni
Ossétia Tchetchênia
do Norte
Daguestão
Ossétia
do Sul Inguchétia
Geórgia
Atualidades Vestibular 2004. São Paulo: Ed. Abril. p. 219.

Rússia Considerando os acontecimentos na Península Balcânica a partir do


Europa final da década de 1980, pode-se afirmar que a imagem representa:
Ásia
(A) a redução dos nacionalismos associada ao avanço do processo
África de globalização.
Folha de S. Paulo, Especial. 11 set. 2004 (adaptado). (B) a dissolução da Iugoslávia causada pela grande diversidade
étnica interna.
O mapa sinaliza uma região de conflitos causados: (C) a divergência entre sérvios e croatas em relação à adesão à União
Europeia, afetando outros países.
(A) pela grande homogeneidade étnica da população e pela (D) a dissolução da Sérvia e da Croácia em vários países, como
presença da cadeia terciária dos Bálcãs. Bósnia, Macedônia e Montenegro.
(B) pelas grandes diferenças étnicas e religiosas comandadas por
grupos separatistas que disputam a região da Caxemira. 04 (PUC-Rio) A organização observada no cartograma representa:
(C) pela neutralidade geopolítica em relação aos blocos da
Guerra Fria.
(D) pelo controle das fontes de água das Colinas de Golã que
abastecem grande parte da população do Oriente Médio.
(E) pelo domínio e controle das reservas de petróleo e dos impor-
tantes oleodutos do Mar Cáspio que passam pelo Cáucaso.

02 (ENEM) O quadrinho publicado na revista Newsweek


(23/9/1991) ilustra o desespero dos cartógrafos para desenhar o
novo mapa-múndi diante das constantes mudanças de fronteiras.

(A) as nações europeias que adotaram o euro como moeda.


(B) a atual composição regional da União Europeia (UE).
(C) as forças militares dos EUA na Europa da Guerra Fria.
(D) o espaço militar europeu do século XXI (OTAN).
(E) as 25 nações mais ricas do continente europeu.

05 (PUC-Rio) A taxa de crescimento populacional atual da Rússia


Levando em consideração o contexto da época em que a charge foi é negativa: a população do país diminuiu em 286 mil pessoas no
publicada, dentre as frases abaixo, a que melhor completa o texto primeiro quadrimestre deste ano. O número de mortes no país é, em
da fala, propondo outra correção no mapa, é: média, 70% superior ao número de nascimentos. A diminuição vem
ocorrendo desde o desmantelamento da União Soviética, em 1991.
(A) “A Albânia já não faz parte da Europa.” Essa situação é decorrência:
(B) “O número de países só está diminuindo.”
(C) “Cuba já não faz parte do Terceiro Mundo.” (A) dos fluxos migratórios em direção à Europa Ocidental.
(D) “O Casaquistão acabou de declarar independência.” (B) da rigorosa política de governo de controle da natalidade.
(E) “Vamos ter que dividir a Alemanha novamente.” (C) do aumento da mortalidade na base e no corpo da pirâmide etária.
(D) do elevado número de idosos e da baixa taxa de fecundidade.
(E) das mudanças ocorridas na economia do país a partir da
desestruturação da União Soviética.
130 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 16

01 (UNICAMP) O mapa a seguir representa diversas repúblicas 02 Mesmo com o fim da Guerra Fria no início da década de 1990,
ao norte do Cáucaso. A partir dele, faça o que se pede: as tensões geopolíticas no Leste Europeu parecem não ter desapa-
recido. Explique o papel estratégico da Ucrânia para a manutenção
N do poder da Rússia no Leste da Europa.
ADIGUEIA

INGUCHÉTIA
OSSÉTIA MAR
DO NORTE TCHETCHÊNIA CÁSPIO

ABKNÁZIA

OSSÉTIA
MAR DO SUL DAGUESTÃO
NEGRO
GEÓRGIA

TURQUIA
ARMÊNIA AZERBAIJÃO

Folha de S. Paulo, 4 set. 2004. p. A-15 (adaptado).

Por que o Cáucaso é uma região que apresenta diversos tipos de


conflito?

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GEOGRAFIA II 131

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Módulo 17 1ª Série

A Bacia do Pacífico

Você sabia que, de cada dez pessoas do planeta,


seis moram na Ásia?
Além de possuir a maior população do planeta, com mais de
4,4 bilhões de habitantes, a Ásia é o continente mais extenso, e sua
economia tem cada vez maior relevância no cenário mundial.
O aumento da importância econômica da Ásia está relacionado
não só com a sua enorme população, mas também com um cres-
cimento de base industrial fundamentado na exportação de bens Rua movimentada em Pequim, na China
de consumo. No início, tais fatores geraram grande riqueza para o
Japão, posteriormente para os Tigres Asiáticos e, mais recentemente, Expectativas de aprendizagem:
para a China. – Analisar as características gerais da Bacia do Pacífico, ou Extremo
C2 Oriente;
Neste módulo, vamos entender as características dos países
asiáticos que possibilitaram o aumento da importância da região C6 – analisar seus aspectos econômicos e geopolíticos;
– compreender a importância econômica da região dentro do
no cenário global. contexto internacional.

1. Características gerais Por causa da presença da China, essa sub-região asiática


responde por mais de 20% da população mundial, vivendo sob
Coreia do regimes capitalistas, socialistas e socialistas de mercado, o que
Norte
mostra a complexidade da área.
Japão Além disso, a região é marcada pela presença de sociedades
Coreia
do Sul tradicionais, mesmo com o intenso processo de urbanização
nas últimas décadas. Nelas é comum a prática da rizicultura
China inundada, com a utilização da técnica de terraceamento para o
Taiwan
cultivo de arroz.

©leungchopan/iStock
Laos
Tailândia
Vietnã
Filipinas
Camboja

Palau
Malásia
Brueni
Terraços para o
cultivo de arroz
Singapura
Indonésia
Com o fortalecimento econômico dos países, as áreas urbanas
Timor-Leste
sofreram ampla expansão e aumento da população, surgindo
Bacia do Pacífico importantes centros econômicos, como Tóquio, Seul, Xangai,
O Extremo Oriente, também conhecido como Bacia do Pacífico, Pequim e Hong Kong.
é uma sub-região da Ásia, localizada na parte oriental (leste) do
©leungchopan/iStock

continente mais extenso do planeta. É uma região formada pela


China, Japão, três dos quatro Tigres Asiáticos originais (Coreia do
Sul, Taiwan e Hong Kong) e pela Coreia do Norte.
A presença da China, do Japão e dos Tigres nessa região
demonstra sua enorme importância econômica a partir da
década de 1970, quando a economia do Pacífico foi ganhando
importância se comparada à economia Atlântica. Para se ter uma
ideia dessa importância, pode-se destacar o fato de a China e o Tóquio, no Japão
Japão serem, respectivamente, o segundo e o terceiro maiores
PIBs do mundo atualmente.
132 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 17

2. A economia da Bacia do Pacífico Nos últimos anos, com o enorme crescimento econômico
e o impressionante potencial que a China possui, esse país vem
A Ásia Oriental constitui, atualmente, uma região de comple- assumindo uma posição cada vez maior de destaque, tanto na escala
mentaridade econômica, formada pelo Japão, pelos chamados regional quanto na global.
Tigres Asiáticos (Taiwan, Hong Kong, Cingapura e Coreia do A China já é a segunda maior economia do mundo, tendo
Sul), pelos Novos Tigres (Indonésia, Tailândia, Malásia, Filipinas e ultrapassado o PIB japonês em 2010, e, apesar de esse crescimento
Vietnã) e pelas Zonas Econômicas Especiais da China, com processo ter se baseado na exportação de bens de consumo não duráveis, por
industrial voltado, principalmente, para o mercado externo. causa do seu baixíssimo custo de produção, o país vem realizando
O Japão, que constituiu, após a Segunda Guerra Mundial, uma enormes investimentos e progressos nas áreas de maior tecnologia,
periferia privilegiada do capital americano, mudou da condição de além de possuir o maior potencial de mercado consumidor do
importador para a de exportador de capital em meados da década mundo.
de 1960. O período que se sucedeu no Japão foi chamado de milagre Diversas projeções apontam para a provável superação do PIB
japonês, devido ao enorme crescimento econômico vivenciado estadunidense pelo PIB chinês nos próximos anos. Apesar de a
no país até a década de 1990. Os vultosos investimentos norte- diferença ainda ser muito grande (o PIB dos EUA é o dobro do da
-americanos (dentro do contexto da Guerra Fria) associados à mão China), o país asiático tem um crescimento muito maior a cada ano.
de obra relativamente barata e extremamente disciplinada levaram o
Japão a alcançar o posto de segunda maior economia do planeta, já na
Evolução do PIB chinês dos últimos
década de 1980. Após a década de 1990, o Japão ingressou em uma
30 anos (em bilhões de US$)
crise diretamente relacionada ao envelhecimento da sua população e
a certa dificuldade de continuar crescendo em ritmo tão acelerado, o 6.000,00

que fez alguns investidores buscarem mercados mais aquecidos, como


5.000,00
a China e os Tigres Asiáticos. Estes tornaram-se periferia imediata do
Japão, oferecendo mão de obra disciplinada e extremamente barata, 4.000,00
além de uma série de incentivos governamentais para atrair empresas
multinacionais, virando plataformas de exportações. 3.000,00

O progresso desses países e o ingresso no círculo dos expor-


2.000,00
tadores de bens duráveis, produzidos com tecnologias mais sofis-
ticadas, determinou o crescimento dos Novos Tigres, países com 1.000,00
as mesmas características dos antigos Tigres para atrair empresas
multinacionais, mas ainda mais pobres e mais populosos. Os Novos
Tigres se destacaram em um momento em que os anteriores já se
00

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apresentavam saturados, com aumento do custo de produção.


No mesmo período, a China adotou o modelo de socialismo de
mercado, com abertura de sua economia ao capital estrangeiro nas
3. A geopolítica
Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), localizadas na região litorânea. A Bacia do Pacífico possui um complexo quadro geopolítico,
que exerceu influência direta no processo de desenvolvimento
Zonas Econômicas Especiais econômico local.
Ao se analisar a região do ponto de vista geopolítico, destacam-
-se as rivalidades históricas do Japão com a China e a Coreia,
Harbin
assim como as profundas marcas das invasões japonesas nos países
Shenyang vizinhos.
Qinhuangdao Por outro lado, a China desempenha um papel cada vez mais
Dalian
Pequim Tianjin importante no cenário regional e mundial, com a sua consolidação
Yantai
Qingdao como potência econômica, política e militar, o que, ao mesmo
Lianyungang
Nantong tempo, gera o receio do que essa situação possa trazer para japoneses
CHINA Xangai
Ningho
e sul-coreanos.
Wenzhou Disso também decorrem questões polêmicas que envolvem os
Fuzhou
zona econômica especial Xiamen movimentos separatistas do Tibete e do Xijiang (noroeste do país,
zona de desenvolvimento Guangzhou
Shantou TAIWAN com população majoritariamente islâmica) e o não reconhecimento,
Shenzhen
técnico e econômico
Zhuhai Hong Kong por parte da China, da independência de Taiwan, tratada pelo
centro econômico principal Baihai Zhanjiang
gigante asiático como uma “província rebelde” desde a Revolução
Comunista de 1949.
A Bacia do Pacífico GEOGRAFIA II 133
Módulo 17 1ª Série

Não menos importante é a rivalidade entre as Coreias do Norte


e do Sul, pois a manutenção da divisão da Península Coreana Em 2014, os presidentes do Brasil, do Peru e da China
funciona como uma espécie de “última fronteira da Guerra Fria”. As assinaram um memorando de entendimento para construir
constantes ameaças feitas pelo dirigente norte-coreano Kim Jong-un a ferrovia transcontinental, ligando o Rio de Janeiro à costa
aos Estados Unidos e seus aliados, muitas vezes sob a forma de peruana, mas o projeto ainda não saiu do papel.
experiências com armamentos, demonstram como o quadro local é O eixo multimodal Manta-Manaus, que é visto com
complexo, principalmente diante da enorme disparidade de forças. ceticismo por alguns analistas, seria um corredor logístico
O fato de a China ser, praticamente, o único aliado e interlocutor unindo o porto equatoriano de Manta a Manaus por rios e
da Coreia do Norte ajuda a entender o problema. estradas. Sua implantação exige a construção de portos fluviais
e a dragagem do Rio Napos, na Amazônia equatoriana.

©FotografiaBasica/iStock
Segundo Estivallet, “funcionando adequadamente”, o eixo
Manta-Manaus permitiria “o transporte [de produtos] com
uma redução de até dez dias com relação ao transporte pelo
Canal do Panamá”, que é a atual rota para o Pacífico.
Hoje, boa parte das ligações entre os países sul-americanos
é pouco confiável como rota comercial. O comércio é feito,
principalmente, por meio de barcos que contornam a costa
brasileira e atravessam para o Pacífico pelo Canal do Panamá,
trajeto caro e demorado.
Por isso, os projetos de rotas que atravessam o território
brasileiro até os países vizinhos sempre foram vistos como
uma alternativa para o acesso a mercados da Ásia e da própria
América Latina – como o Equador –, principalmente diante
As ameaças dirigidas à Coreia do Sul e ao Japão são, muitas da sobrecarga dos portos mais tradicionais brasileiros, como
vezes, respondidas pelos Estados Unidos, responsáveis pela proteção o de Santos.
militar desses países. A participação da potência americana na
região é muito importante e remete ao conflito com o Japão, na
Segunda Guerra Mundial, mas também à grande atuação desse país
após a Revolução Socialista na China, em 1949, em uma estratégia
de contenção do avanço socialista na região.
A preocupação dos Estados Unidos com o socialismo justificou
os grandes investimentos praticados no Japão e nos Tigres, o que
contribuiu para a estruturação da economia industrial destes e para
a rápida reconstrução japonesa.
Atualmente, a situação é mais complexa, porque a China fez
importantes reformas econômicas, adotando um modelo que
combina centralismo político com abertura econômica. Além
disso, e apesar de alguns atritos com os Estados Unidos, os dois
países estabelecem intensa interação econômica, que envolve
fabricação na China de produtos de empresas com sede nos EUA, 01 Identifique os países que compõem a Bacia do Pacífico.
além de grandes investimentos financeiros chineses neste país.
02 Qual era o principal interesse dos EUA em realizar investimentos
no Japão e nos Tigres Asiáticos após a Segunda Guerra Mundial?

Rotas alternativas para o Pacífico 03 Exemplifique uma questão geopolítica na região da Bacia do
Nos últimos anos, foram elaborados diversos projetos Pacífico.
para criar a infraestrutura necessária para que os produtos
brasileiros possam chegar ao outro lado da América do Sul e 04 Como podemos caracterizar o modelo político-econômico
adotado pelo governo chinês?
facilitar a comercialização com os países da Bacia do Pacífico.
O que está mais avançado é a chamada Rodovia Interoceânica,
05 Que fatores possibilitaram o rápido crescimento econômico da
que liga a fronteira do Brasil, no Acre, a três portos no Peru, China e dos Tigres Asiáticos?
passando pelos Andes e pela Amazônia peruana.
134 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 17

01 (UNIRIO) O milagre japonês de desenvolvimento baseia-se em 04 (UNIFESP) Assinale a alternativa que relaciona corretamente
vários fatores, dentre os quais o da orientação da indústria japonesa a tabela com as alterações verificadas na China.
para trabalhar cada vez mais com valores agregados maiores. Assim,
“uma tonelada de satélite custa 200 vezes mais do que uma tonelada Exportações (%) 1974 1986 2000
de navio cargueiro”.
Com base nesse princípio, o governo japonês estimulou, nas últimas agricultura 42,4 16,2 7,8
décadas, a(o): energia 16,3 8,4 2,8
manufatura 47,5 71,4 87,3
(A) substituição dos materiais que equipam os navios cargueiros,
Disponível em: L’État du monde. 2001.
buscando ampliar as margens de lucro dos armadores japoneses.
(B) reaparelhamento dos estaleiros, informatizando-os e aumen-
Nas últimas décadas, o país:
tando, também, o valor agregado dos navios.
(C) sucateamento da indústria naval e os investimentos maciços
(A) transformou-se em uma plataforma de exportação de produtos
em chips para computadores que vão equipar satélites.
industrializados, com participação de capital externo.
(D) investimento decrescente na indústria automotiva e naval, e
(B) passou por uma abertura comercial que resultou no incremento
crescente na astronáutica, na robótica e na de brinquedos.
do mercado interno, em detrimento das exportações.
(E) deslocamento crescente de instalações industriais de baixo valor
(C) democratizou-se, a ponto de garantir acesso da população
agregado para fora do Japão, sobretudo para os Tigres Asiáticos.
chinesa a bens manufaturados.
(D) diminuiu a venda de produtos agrícolas, em função da maciça
02 (UERJ)
migração do campo para suas principais cidades.
Em 25 de junho de 1950, as tropas da Coreia do Norte ultra- (E) baixou suas vendas de produtos energéticos para fornecer
passaram o Paralelo 38, que delimitava a fronteira com a Coreia do energia a Taiwan, que considera seu território.
Sul, comandadas pelo general norte-americano Douglas MacArthur.
Após três anos de combate, foi assinado um armistício em 27 de 05 (PUC-Rio) Em relação ao jogo geopolítico internacional no
julho de 1953, mantendo a divisão entre as Coreias. atual século, o presidente norte-americano George W. Bush vinha
encontrando dificuldades em manter o equilíbrio entre os interesses
Disponível em: <www.cpdoc.fgv.br> (adaptado).
dos EUA e os das potências emergentes na Ásia, como acontecia no
período da Guerra Fria.
O governo norte-coreano anunciou recentemente que não
mais reconheceria o armistício assinado em 1953, o que trouxe
novamente ao debate o episódio da Guerra da Coreia.
O fator que explica a dimensão assumida por essa guerra na década
de 1950 está apresentado em:

(A) mundialização do acesso às fontes de energia.


(B) bipolaridade das relações políticas internacionais.
(C) hegemonia soviética em países do Terceiro Mundo.
(D) criação de multinacionais japonesas no Extremo Oriente.

03 (UNIFOR) Os “velhos Tigres Asiáticos”, entre os quais se destaca a


Coreia do Sul, apresentaram uma situação bastante original: de simples
montadores para exportação passaram a desenvolver tecnologia e,
hoje, destacam-se como áreas de industrialização avançada. Pode-se
apontar como um dos fatores responsáveis por essa transformação:

(A) as abundantes jazidas de minérios e combustíveis fósseis.


(B) a presença de sindicatos fortes e combativos.
(C) os investimentos maciços em educação e em pesquisas tecnológicas. Na charge, vê-se o desequilíbrio atual devido ao(à):
(D) o forte crescimento vegetativo que criou um grande mercado
consumidor.
(E) a presença de Estados democráticos que exaltam a participação
popular.
A Bacia do Pacífico GEOGRAFIA II 135
Módulo 17 1ª Série

(A) crescimento geopolítico da China Continental na Ásia,


impondo uma recomposição territorial com Taiwan (China
Insular), país formado pela ruptura ideológica ocorrida, no
território chinês, após a revolução socialista de Mao Tsé-Tung, 01 (FUVEST) Grandes eventos esportivos atraem a atenção
em 1949. de muita gente e por isso acabam sendo palco de manifestações
(B) crescimento militar de Taiwan na Ásia, o que afasta o país chinês políticas. Nos Jogos Olímpicos de Sidney (2000), não foi diferente
nacionalista da China socialista continental, país menos bélico e quando a Coreia do Norte e a Coreia do Sul desfilaram juntas
voltado para as questões de organização supranacional da nova na abertura, gerando um dos momentos de maior emoção do
ordem mundial. espetáculo.
(C) redução da influência norte-americana na Ásia devido ao
crescimento econômico, financeiro e militar chinês continental, a. Compare os dois países quanto à economia e à política.
o que culminará com a retomada de Hong Kong (“o pé esquerdo b. Explique o significado do desfile conjunto desses dois países
de George W. Bush”, na charge), nas próximas décadas. no contexto político atual.
(D) perda da hegemonia norte-americana na Ásia, no atual
século, frente ao fortalecimento dos NICs (New Industrialized 02 (UFRRJ) Nestes tempos de globalização econômica, a China
Countries), o que afasta Taiwan da China Continental, país que chama a atenção do mundo em função do seu imenso mercado
é o maior aliado norte-americano no continente. consumidor e de um sistema político-econômico peculiar, deno-
(E) possível interferência militar norte-americana na China minado por alguns estudiosos “socialismo de mercado”.
Continental, que vem ameaçando invadir Taiwan caso esse país
chinês insular continue a se afastar dos objetivos de integração Apresente duas razões que justifiquem a utilização do termo
propostos pela APEC (Asia-Pacific Economic Cooperation), “socialismo de mercado” para definir a situação chinesa.
bloco econômico do qual participam os EUA.

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GEOGRAFIA II 136
Módulo 18 1ª Série

Japão

Como um país que sofre com aproximadamente


três terremotos por dia chega ao posto de
terceira maior economia do mundo?
O Japão passou de país arrasado pelas bombas atômicas no
Adaptação de
final da Segunda Guerra Mundial para segunda maior economia do prédios japoneses
mundo na década de 1970, sendo ultrapassado pela China em 2011. aos terremotos
Isso foi possível graças a uma conjunção de fatores que o levaram ao
amortecedores
seu “milagre”. No pós-Guerra, os EUA, em uma tentativa de impedir
a expansão do socialismo, iniciaram a prática de conceder vultosos
empréstimos para países que se alinhassem a seus interesses. O Japão
foi um dos maiores contemplados e utilizou muito bem esse capital.
Os estudos sobre construções resistentes a terremotos começaram
fora do Japão, na década de 1970. Dois pesquisadores, Robert Park
e Thomas Paulay, iniciaram seus estudos na Nova Zelândia sobre o
braçadeiras
desenvolvimento de elementos de construção, como o pilar e a laje,
mais resistentes aos abalos sísmicos. Os prédios ganharam alicerces
com suspensão para absorver o impacto gerado pelos terremotos. Nos
Expectativas de aprendizagem:
prédios, como os do governo japonês, são instalados amortecedores
– Compreender a economia japonesa como motor inicial do
eletrônicos que podem ser controlados à distância. desenvolvimento regional;
Neste módulo, veremos como o quadro natural e populacional C2 – analisar o processo de evolução da economia japonesa,
japonês contribuiu para a sua ascensão econômica, que, apesar C6 destacando a Era Meiji, o pós-Segunda Guerra Mundial e o
momento atual;
das condições adversas, levou esse pequeno país a superar suas – compreender como o quadro humano atual do Japão influencia
limitações e a se tornar referência de modelo de desenvolvimento. na economia do país.

1. As características naturais

©kanpaigirl/iStock
O Japão é um arquipélago de milhares de ilhas que possui uma
extensão territorial inferior a 377.962 km2. Além de uma dimensão
territorial relativamente pequena para o tamanho da sua população
(aproximadamente 127 milhões de habitantes), o país enfrenta difi-
culdades por causa do relevo predominantemente montanhoso.
A posição do território japonês sobre uma área de encontro
entre placas tectônicas determina grande instabilidade no país,
sujeito a atividades vulcânicas, terremotos e tsunamis. Além disso,
o país se ressente de uma expressiva carência de recursos naturais,
tais como petróleo e carvão.
O país encontra-se na Zona Temperada, e seu clima sofre
grande influência da maritimidade, das correntes marítimas e
dos ventos de monções, que trazem grande umidade durante o
verão. De maneira geral, o norte (Hokkaido) possui clima mais
frio, o centro é temperado com alta pluviosidade e a parte sul do
arquipélago é subtropical.

Pequena casa em região montanhosa


Japão GEOGRAFIA II 137
Módulo 18 1ª Série

Japão: a importância de não nascer importante vimento de nações consideradas em desenvolvimento. Dessa
Ao longo da história das Grandes Navegações, o objetivo forma, a expressão “a importância de não nascer importante”
das nações desbravadoras sempre foi o de buscar riquezas se aplica muito bem ao desenvolvimento do Japão.
para explorar. Esse fato pode ser comprovado pelos processos

©PANITHAN_0891919557/iStock
de colonização nas Américas, na África e na Ásia, onde os
colonizadores implementaram estruturas complexas voltadas
para a ocupação e exploração das novas terras. Porém,
durante toda a sua história, o território japonês nunca sofreu
interferências externas com o objetivo de ocupar e explorar
suas terras. Afinal, o Japão é composto por um arquipélago
de ilhas vulcânicas situado em um local de encontro de três
placas tectônicas, que conferem ao país cerca de três terremotos
por dia e constantes ameaças de tsunamis. Além da instabi-
lidade geológica, o território majoritariamente montanhoso
e de formação recente não permite a prática de monocul-
turas voltadas para a exportação, uma vez que a planície
costeira é extremamente estreita, e também não apresenta
abundância de recursos naturais para serem extraídos.
Com todos esses “problemas”, o Japão teve muita liberdade
para se desenvolver sem as interferências dos processos de
colonialismo e imperialismo que tanto atrasaram o desenvol-
Monte Fuji

2. A Era Meiji 3. A reconstrução após a


O Japão foi um país praticamente feudal, com um sistema Segunda Guerra Mundial
chamado de xogunato, até o início da Era Meiji (1868-1912), quando
A rápida reconstrução do país ficou conhecida como “Milagre
ocorreu a sua Revolução Industrial, com forte participação do
Japonês” e teve como principais fatores:
Estado e uma série de transformações, tais como:
• o capital dos EUA, preocupados com a expansão socialista,
• obrigatoriedade do ensino; sendo uma plataforma capitalista;
• criação de uma série de indústrias estatais de base; • a mão de obra numerosa, disciplinada e relativamente barata;
• centralização do poder político. • a poupança interna;
• a reorganização dos zaibatsus;
Posteriormente, essas indústrias foram vendidas, em • o enfraquecimento dos sindicatos;
condições muito favoráveis, aos grupos familiares mais fortes, • a concentração de indústrias;
• os grandes investimentos em educação e ciência;
os zaibatsus.
• a herança confuciana: ética, autoconfiança, disciplina e hierarquia.
Esses grandes conglomerados de base familiar constituem uma
das principais marcas do capitalismo japonês, com uma grande No começo, os japoneses copiaram e reproduziram produtos
concentração econômica em poucas empresas que atuam em fabricados por outros países industrializados, principalmente
setores muito diversos da economia, a exemplo de empresas como aqueles que possuíam grande aceitação no mercado internacional,
a Mitsubishi e a Yamaha. como os dos setores eletrônico e automobilístico. A política de
Com o crescimento econômico, o país entrou na fase impe- desvalorização do iene foi uma facilitadora das exportações,
rialista (1872-1945) em busca de território e recursos naturais, determinando redução dos preços no mercado externo.
dominando a Coreia, a Formosa e a Manchúria. Esse movimento Depois de algum tempo de produção de artigos de baixo custo
determinou a entrada do Japão na Segunda Guerra Mundial ao lado e qualidade duvidosa, o país começou a desenvolver sua própria
da Alemanha e da Itália. A Guerra terminou com a derrota desses tecnologia e a aperfeiçoar esses produtos. A microeletrônica e a
países e com o lançamento das bombas nucleares em Hiroshima e robótica são exemplos desse desenvolvimento.
Nagasaki por parte dos EUA.
138 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 18

Assim, ao mesmo tempo que conquistava o mercado interno, a Pirâmide etária – Japão, 2016
indústria japonesa foi melhorando a qualidade dos seus produtos e
100+ masculina feminina
atuando em setores mais sofisticados. Com as melhorias salariais, 0.0% 0.0%
95-99 0.1% 0.3%
diversas empresas passaram a produzir artigos mais baratos, 90-94 0.3% 0.8%
transferindo etapas menos importantes do processo, como a 85-89 0.9% 1.7%
montagem, para outros países, o que transformou diversos vizinhos 80-84 1.6% 2.4%
75-79 2.2% 2.8%
em plataformas de exportação. Esse movimento teve a vantagem 70-74 3.0% 3.4%
adicional de contribuir para o enfrentamento do problema da 65-69 3.6% 3.9%
disponibilidade de espaço no Japão. 60-64 3.2% 3.3%
55-59 2.9% 3.0%
A concentração geográfica do capitalismo japonês é um dos 50-54 3.2% 3.2%
45-49 3.5% 3.5%
mais sérios problemas do país, que há muito tempo luta não só
40-44 3.8% 3.8%
para conquistar novos espaços para habitação, indústria e serviços, 35-39 3.3% 3.2%
como também para descentralizar a produção e diminuir a concen- 30-34 3.0% 2.8%
25-29 2.7% 2.6%
tração populacional na megalópole Tóquio-Osaka (um eixo de 20-24 2.5% 2.3%
500 quilômetros em que vive metade da população do país). 15-19 2.4% 2.3%
Algumas iniciativas recentes foram a criação de tecnopolos fora 10-14 2.3% 2.1%
5-9 2.2% 2.1%
da megalópole, a construção do Túnel Siekan (o maior do mundo, 0-4 2.1% 2.0%
com 53 quilômetros), que une a ilha setentrional de Hokkaido (a 10% 8% 6% 4% 2% 0% 2% 4% 6% 8% 10%
menos povoada) a Honshu, e as pontes do “Mar Interior”, que unem Japão - 2016
Honshu a Shikoku. População: 126,323,715

O envelhecimento da população provocou a diminuição da


PEA (População Economicamente Ativa) e atraiu imigrantes –
CHINA RÚSSIA
muitas vezes descendentes de japoneses que tinham saído de seu
país, chamados de decasséguis –, que realizavam tarefas penosas e
atividades que não atraíam a população local. O Brasil, que recebeu
Hokkaido uma grande corrente migratória de japoneses no início do século
Túnel Seikan
XX, tem sido responsável, nas últimas décadas, por grande envio
COREIA DO
de pessoas para o Japão.
NORTE MAR DO JAPÃO OCEANO A população do país é predominantemente urbana: 80% do
PACÍFICO total, com grandes cidades e uma megalópole, que inclui Tóquio,
COREIA Honshu Osaka e Kioto, entre outras.
DO
Tóquio
SUL

©kanpaigirl/iStock
Shikoku
tecnopolos planejados em 1986
Kyushu
outros tecnopolos em exame
megalópole Tóquio-Osaka
pontes do “Mar Interior”

4. O quadro humano
Rua em Osaka, no japão
Apesar do grande crescimento vegetativo do início do século,
que determinou, inclusive, a adoção do controle de natalidade,
o Japão possui atualmente taxas típicas de países centrais, com 5. O momento atual
crescimento populacional muito reduzido e, em alguns anos, até Apesar do elevado padrão social do país, de representar um dos
mesmo negativo; ou seja, a população japonesa está estagnada, pois maiores IDHs do planeta e de se manter como um dos principais
a taxa de natalidade está muito baixa, enquanto a expectativa de vida PIBs do mundo – além de ser líder na produção tecnológica de
é de 83 anos. Essa situação gera uma população muito envelhecida, determinados setores, como a robótica e a microeletrônica –, o Japão
como se pode ver na pirâmide etária a seguir: vem enfrentando uma longa recessão econômica desde os anos 1990.
Japão GEOGRAFIA II 139
Módulo 18 1ª Série

As principais causas dessa estagnação econômica são as seguintes:


Os impactos ambientais também se tornaram aparentes.
• dificuldade de manter o crescimento das exportações, em Estudos revelam que a radiação causou mutações em árvores,
virtude da concorrência de outros países asiáticos com menor danos ao DNA de seres vivos da região e contaminou
custo de produção; montanhas e bacias hidrográficas.
• limitação do mercado interno japonês devido às altas taxas
Após o desastre, o governo japonês determinou a desativação
de poupança interna, que no passado contribuíram para o
dos 50 reatores nucleares que ainda estavam em funcionamento
desenvolvimento econômico do país, mas, diante da dificuldade
na manutenção das exportações, passam a ser um entrave; e iniciou um projeto de investimento em fontes de energia alter-
• o próprio envelhecimento da população japonesa, que dificulta nativas de longo prazo. Em 2013, foi inaugurada a maior usina
a reposição da PEA e do mercado consumidor. de energia solar do país. Além disso, houve um grande aumento
no consumo de combustíveis fósseis, resultado do aumento das
Essa longa estagnação começa a ser revertida, quando a importações de petróleo e gás em 58%, quando comparado aos
economia japonesa apresenta um crescimento do PIB pelo segundo anos anteriores.
ano seguido, impulsionado principalmente pela demanda externa.

©traffic_analyzer/iStock
As exportações de componentes de celulares e chips, associados aos
investimentos dos Jogos Olímpicos de Tóquio, conferem ao país
um ritmo sustentável de crescimento, mantendo-o como a terceira
economia mundial.

Acidente nuclear de Fukushima


O Japão é um país com grande desenvolvimento
econômico e intensa adaptação de suas construções aos
constantes terremotos e tsunamis. Os prédios contam com
sistemas de amortecedores para diminuir o número de
desabamentos, e, consequentemente, de mortes, quando há
terremotos. Porém, mesmo com toda a estrutura, alguns danos
continuam ocorrendo.
Propagação de resíduos radioativos de Fukushima
Em 11 de março de 2011, um terremoto de 9,0 graus na
escala Richter na costa leste do Japão gerou um grande tsunami,
que deixou mais de 20 mil mortos. O tsunami atingiu a usina
termonuclear de Fukushima Daiichi com uma parede de água
de 14 metros. A usina estava preparada para aguentar ondas
de até 6 metros, o que não foi suficiente para barrar os danos. 01 O que foi a Era Meiji?
O superaquecimento de alguns reatores causou vazamento
de ar contaminado e pode ter gerado infiltração de material 02 Quais foram os setores industriais mais desenvolvidos pelo
Japão em seu período de grande crescimento econômico?
radioativo no subsolo, contaminando o lençol freático. Para
resfriar os reatores, foram necessárias 320 mil torneiras de água
03 Caracterize o quadro humano do Japão.
fria. A água, por ter sido contaminada, está sendo armazenada
em mais de mil tanques na usina. 04 Apresente um motivo para os problemas econômicos enfren-
Por conta do acidente, mais de 150 mil famílias tiveram tados pelo Japão nos últimos anos.
de deixar a área e, ainda, conviver com o preconceito, pois
05 (UFF – adaptada) Derrotado pelos EUA em 1945, o Japão soube
assim como ocorreu com os sobreviventes das bombas de
se recuperar economicamente a partir dos anos 1950, a ponto de se
Hiroshima e Nagasaki, quem vem da área de Fukushima é visto transformar em uma das principais potências capitalistas do mundo
com cautela. Há relatos de que essas pessoas foram impedidas contemporâneo. Foi o chamado “Milagre Japonês”.
de doar sangue e são obrigadas a apresentar certificados
médicos negativos de níveis de césio quando procuram um Defina e explique o “Milagre Japonês”.
novo emprego.
140 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 18

01 (CESGRANRIO) 03 (UERJ)
O Ministério da Saúde do Haiti informou que 4.030 pessoas
morreram até 24 de janeiro de 2011, em decorrência da epidemia
CHINA
de cólera. A situação se agrava porque o país ainda busca a recons-
trução depois do terremoto de 12 de janeiro de 2010, que devastou
a capital Porto Príncipe e outras cidades importantes.
Disponível em: <operamundi.oul.com.br> (adaptado).
COREIA MAR DO JAPÃO
DO NORTE
OCEANO
PACÍFICO
COREIA
DO SUL

Está assinalado, em laranja, no mapa acima, um país asiático cujo


destaque no mundo contemporâneo é bastante notável. Isso porque
esse país é:

(A) o maior investidor do mundo e detentor de uma das maiores


reservas de recursos naturais do planeta.
(B) o centro da economia regional do Pacífico e apresenta um
modelo socialista de desenvolvimento.
(C) uma potência político-militar e controla, juntamente com os
EUA, a economia do Pacífico.
(D) uma potência tecnológica e financeira e influencia economica-
mente sua periferia imediata.
(E) uma social-democracia exemplar e compõe o grupo de países
conhecidos como Tigres Asiáticos.

02 (UNIRIO) O Milagre Japonês de desenvolvimento baseia-se


em vários fatores, dentre os quais o da orientação da indústria
japonesa em trabalhar cada vez mais com valores agregados maiores.
Assim, “uma tonelada de satélite” custa 200 vezes mais do que “uma Japão reconstrói em seis dias estrada destruída pelo terremoto de 11 de março de 2011
tonelada de navio cargueiro”. Disponível em: <noticiais.uol.com.br>. Acesso em: 24 mar. 2011.

Baseado nesse princípio, o governo japonês estimulou, nas últimas As diferenças entre a reparação dos efeitos das catástofres ocorridas
décadas, a(o): no Japão e no Haiti estão relacionadas, respectivamente, a:
(A) substituição dos materiais que equipam os navios cargueiros, (A) desenvolvimento tecnológico − IDH baixo.
buscando ampliar as margens de lucro dos armadores japoneses. (B) mão de obra qualificada − economia de base agrícola.
(B) reaparelhamento dos estaleiros, informatizando-os e aumen- (C) centralismo estatal − recursos internacionais escassos.
tando, também, o valor agregado dos navios. (D) distribuição equilibrada de renda − criminalidade elevada.
(C) sucateamento da indústria naval e os investimentos maciços
em chips para computadores que vão equipar satélites. 04 (FATEC) O Japão é um dos países mais industrializados do
(D) investimento decrescente na indústria automotiva e naval e mundo. Esse país passou por momentos de abertura e fechamento
crescente na astronáutica, robótica e de brinquedos. de suas fronteiras, chegando a ficar quase 200 anos isolado. Quando
(E) deslocamento crescente de instalações industriais de baixo reabriu os portos, no século XIX, teve início o seu processo de
valor agregado para fora do Japão, sobretudo para os Tigres industrialização, que contou com importantes investimentos estatais
Asiáticos. em educação, preparando mão de obra barata e disciplinada. Os
investimentos também ocorreram no setor de infraestrutura,
principalmente em portos e vias de circulação.
Japão GEOGRAFIA II 141
Módulo 18 1ª Série

Outro fator do processo de industrialização do Japão foram os Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
zaibatsus, que tinham grande influência sobre o governo e obtinham revelam que, se dependesse apenas do nascimento de bebês,
diversas vantagens. nossa população já teria encolhido: em 1982, eram 6,7 milhões de
Sobre os zaibatsus, podemos afirmar corretamente que eram: brasileiros com menos de um ano; em 2008, eram 5,2 milhões, ou
seja, 1,5 milhão de brasileiros a menos no país.
(A) Tigres Asiáticos que alavancaram a industrialização do Japão O Globo, 20 set. 2009 (adaptado).
no pós-Primeira Guerra Mundial até a década de 1970, quando
migraram para a Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong. Indique um país que promove campanha de incentivo à natalidade,
(B) empresas europeias de grande porte que, para conseguir maiores apresentando uma justificativa para isso.
lucros, dominaram o processo de industrialização do Japão, desde
a assinatura do Tratado de Kanagawa até a década de 1960. 02 (UFRRJ)
(C) grupos industriais e financeiros que se organizaram como
conglomerados, atingindo grande tamanho e poder na Fim da Segunda Guerra Mundial
economia japonesa entre a Era Meiji (1868-1912) e o final da Bomba atômica – Sessenta anos de terror nuclear
Segunda Guerra Mundial. Destruídas por bombas, Hiroshima e Nagasaki
(D) pequenos industriais que foram favorecidos com a instituição hoje lideram luta contra essas armas
da “lei das indústrias”, durante o governo do Conselho Supremo Shizuko Abe tinha 18 anos no dia 6 de agosto de 1945 e, como
das Potências Aliadas, comandado pelo general Douglas
todos os jovens japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, ela
MacArthur, que durou até 1952.
(E) membros do partido nacionalista japonês que incentivaram havia abandonado os estudos para se dedicar ao esforço de guerra.
o desenvolvimento endógeno da economia ao assinar, no fim Era um dia claro e quente de verão, e, às 8h, Shizuko e seus colegas
do século XIX, a emenda Sakoku, que proibia a instalação de iniciavam a derrubada de parte das casas de madeira do centro de
empresas estrangeiras no país. Hiroshima para tentar criar um cordão de isolamento anti-incêndio
no caso de um bombardeio incendiário aéreo. Àquela altura,
05 (CESGRANRIO) A Era Meiji (1868-1912) representou para o ninguém imaginava que Hiroshima seria o laboratório de outro
Japão uma série de grandes mudanças sociopolíticas e econômicas.
tipo de bombardeio, muito mais devastador e letal, para o qual os
Com relação a essas grandes transformações, assinale a única
opção correta: abrigos anti-incêndio foram inúteis.
Hiroshima, Japão. Passear pelas ruas de Hiroshima hoje – 60
(A) Implantou-se o poder dos “xoguns”, que eram senhores feudais anos depois da tragédia que matou 140 mil pessoas e deixou
interessados no fortalecimento da figura do imperador como cicatrizes eternas em outros 60 mil, numa população de 400
chefe de Estado. mil – é nunca esquecer o passado. Apesar de rica e moderna com
(B) Reestruturaram-se as Forças Armadas, de acordo com padrões
seus 1,1 milhão de habitantes circulando em bem cuidadas ruas e
ocidentais, visando ao futuro expansionismo no Sudeste
Asiático e no Pacífico. avenidas, os monumentos às vítimas do terror atômico estão em
(C) Criaram-se condições para a formação dos zaibatsus, isto é, todos os lugares.
dos grandes monopólios pertencentes a antigos clãs feudais e O Japão sustentou, nos anos 1930 do século XX, um projeto
ao capital norte-americano. expansionista que procurava atenuar as consequências da Crise de
(D) Foi aprovada uma Constituição, em 1889, que aboliria os
29 sobre sua economia. Sob o argumento de “coprosperidade no
poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e os entregaria aos
“samurais” do imperador. Pacífico”, ele previa a mobilização de recursos das áreas ocupadas
(E) Houve a contratação de técnicos europeus para reestruturar a para realimentar o complexo industrial-militar que se fortalecia
indústria de tecidos, já existente no país desde o século XVIII, internamente. A expansão imperialista japonesa iria esbarrar
nas cidades de Kioto e Tóquio. na presença norte-americana, e o conflito se tornou previsível.
Ele vai terminar na tragédia de Hiroshima e Nagasaki.
O Globo, 31 jun. 2005 (adaptado).

Relacione a expansão imperialista japonesa, da primeira metade do


01 (UERJ – adaptada) século XX, com o potencial de recursos naturais existente no país.
Pare de tomar a pílula
Qualquer dia desses, podem lançar uma campanha para as
mulheres brasileiras voltarem a ter mais filhos, como já acontece
em alguns países mundo afora.
142 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 18

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GEOGRAFIA II 143
Módulo 19 1ª Série

Tigres Asiáticos e Novos Tigres

Você sabia que a principal concorrente da Apple


é oriunda de um Tigre Asiático?
O debate entre as plataformas da Apple e da Samsung é presente
em várias localidades do mundo. A despeito das preferências de
cada consumidor, vale lembrar que a empresa sul-coreana disputa
espaço no mercado mundial com a gigante norte-americana do
Vale do Silício.
Isso foi possível graças às estratégias de desenvolvimento
econômico adotadas pelos Tigres Asiáticos durante seus processos
de industrialização. Ao reverterem o capital obtido com o setor
industrial de baixa qualificação para setores como a educação e

©stw_15/iStock
P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), eles conseguiram alcançar um
elevado grau de desenvolvimento tecnológico, o que possibilitou às
suas indústrias a produção de bens de alto valor agregado.
Expectativas de aprendizagem:
Neste módulo, veremos algumas especificidades de cada um dos
– Entender as principais características dos Tigres Asiáticos e
Tigres Asiáticos e como esses pequenos países, praticamente sem
C2 Novos Tigres;
mercado consumidor interno, tornaram-se grandes plataformas de – compreender o processo de desenvolvimento desses países;
exportação do mundo globalizado. – estudar as mudanças no modelo econômico.

1. Caracterização geral sistema legal, moeda, tratados e negociações próprios, com apenas
a defesa nacional e as relações diplomáticas sendo responsabilidade
Tigres Asiáticos da China.

©Nikada/iStock
Coreia
do Sul

Trópico de Câncer
Taiwan
Hong
Tailândia Kong
Vietnã Filipinas OCEANO
PACÍFICO
Malásia

Indonésia
Cingapura Linha do Equador

Vista de Hong Kong

Tigres Asiáticos Novos Tigres Asiáticos


Cingapura, com uma área menor que Hong Kong, é uma cidade-
-Estado que se emancipou da Malásia em 1965, tornando-se uma
Os Tigres Asiáticos – Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e república independente. Tem uma das economias mais abertas do
Cingapura – são chamados assim devido ao acelerado crescimento, com mundo e apresentou, nas últimas décadas, um crescimento extraor-
base na indústria, de sua economia a partir da década de 1970, com dinário, exportando a maior parte de sua produção.
características que possibilitaram baixo custo de produção, como mão
©Konstantin Kalishko/iStock

de obra barata e incentivos fiscais, o que atraiu empresas multinacionais.


Hong Kong foi, desde a Guerra do Ópio, uma possessão inglesa
em território chinês. É uma cidade com uma área um pouco maior
que a do município do Rio de Janeiro. No entanto, isso não impediu
a implantação de um modelo econômico com a produção destinada
ao mercado externo. Além disso, os impostos reduzidos e os baixos
salários atraíram muitos capitais, principalmente japoneses e norte-
-americanos. Em 1997, Hong Kong voltou ao controle chinês com
status de REA – Região de Administração Especial –, possuindo Vista aérea de Cingapura
144 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 19

Taiwan, também conhecida como Ilha de Formosa, apresenta, 2. As plataformas de exportação


devido a sua maior população, um mercado interno mais significa-
tivo que Hong Kong e Cingapura e também exporta grande parte Alguns autores utilizam, para os Tigres Asiáticos, a expressão
de sua produção. Taiwan não tem a independência reconhecida “Dragões Asiáticos”. Ambas as denominações fazem referência à
pela China, à qual pertencia até a revolução comandada por intensidade do crescimento econômico desses países nas décadas
Mao Tsé-tung em 1949, sendo considerada pelo gigante asiático seguintes à Segunda Guerra Mundial.
uma província rebelde. Taiwan apresenta governo, moeda, forças Essas quatro pequenas unidades políticas do sistema mundial
armadas e instituições próprios, além de manter grande relação foram transformadas em plataformas de exportação, ou seja, foram
com os EUA. usadas como áreas de montagem de bens de consumo, atraindo
investimentos externos. Para a estratégia econômica japonesa dos
anos 1970 e 1980, os Tigres tiveram grande importância, porque
MAR DA CHINA
ORIENTAL o Japão desenvolvia os produtos que eram montados no território
CHINA desses países e se dedicava à produção de artigos de maior valor
Taipei agregado, enquanto os artigos de menor desenvolvimento tecno-
Estreito de lógico, como brinquedos, passaram a ser fabricados nos territórios
Taiwan
vizinhos.
TAIWAN
Trópico de Dentre os fatores que explicam o grande crescimento
Câncer
econômico dos Tigres Asiáticos, podem-se citar:
MAR DE
FILIPINAS
MAR DA CHINA • a formação de um “cinturão estratégico”, com o qual os Estados
MERIDIONAL
Unidos tentaram barrar a influência da China socialista a partir
de 1950.
• o papel desempenhado pelo Estado para aplicar e direcionar
É possível mencionar como outras características da ilha: investimentos;
• a grande presença de investimentos estrangeiros, principal-
• investimentos militares diretos dos EUA, principalmente em mente norte-americanos e japoneses, interessados no baixo
defesa e armamento; custo de produção local;
• grande investimento em pesquisa e desenvolvimento; • a numerosa mão de obra barata e disciplinada, sujeita a intensa
• redução do brain drain (migração de cérebros) e política de exploração.
repatriação de cientistas (grande número nos EUA);
• grandes investimentos na produção de chips para ampliar o
mercado mundial. 3. As mudanças no
A Coreia do Sul ocupa a parte meridional da península coreana
modelo econômico
e possui o maior mercado interno dos Tigres Asiáticos, exportando Após algumas décadas de enorme crescimento econômico
cerca de 25% de sua produção. O país é o de maior destaque no como montadores de produtos, percebe-se, a partir da década
grupo e também dispõe de investimentos militares diretos dos de 1990, uma modificação estrutural na economia desses países.
Estados Unidos, situação que tem origem na guerra que dividiu a O crescimento econômico foi acompanhado de grandes inves-
península coreana em 1953, durante a Guerra Fria. timentos em pesquisa e educação, além de melhorias salariais. ©RapidEye/iStock

RÚSSIA

CHINA

MAR DO
COREIA DO NORTE JAPÃO
Pyongyang

Seul
COREIA DO SUL
MAR DO
AMARELO JAPÃO

Produto tecnológico fabricado na Coreia do Sul


Tigres Asiáticos e Novos Tigres GEOGRAFIA II 145
Módulo 19 1ª Série

Por um lado, houve a migração das indústrias de produtos


de menor valor agregado para os Novos Tigres (Indonésia, Hoje o ensino no país é considerado um modelo a ser
Malásia, Tailândia, Filipinas e Vietnã) e para as ZEEs chinesas. seguido no mundo inteiro. As crianças e os adolescentes
Por outro, os quatro Tigres originais se qualificaram para atuar sul-coreanos passam em média um mês a mais nas escolas
em setores mais competitivos, com maior valor agregado devido anualmente do que os alunos nos Estados Unidos, por exemplo.
ao desenvolvimento tecnológico. Mesmo tendo outros fatores que auxiliaram o desenvolvi-
A Coreia do Sul é um grande destaque nesse processo, e suas mento, além da educação, analistas concordam que a formação
fábricas de automóveis, como a Hyundai, passaram a controlar uma do capital humano foi o principal combustível na arrancada
parte expressiva do mercado mundial, competindo com marcas de econômica do país. Em 1945, no fim da Segunda Guerra
países de industrialização mais antiga, como Estados Unidos, Japão e Mundial, apenas 22% da população era alfabetizada. Hoje,
alguns países europeus. No setor de eletroeletrônicos e celulares, marcas o índice é superior a 98%, com 97% dos jovens terminando
sul-coreanas, como a LG e a Samsung, conseguiram um destaque o ensino médio. O índice de pessoas com nível universitário
semelhante. Especificamente no caso sul-coreano, esses grandes grupos entre 25 e 34 anos também é impressionante: 60%.
empresariais são conhecidos como chaebols, que são grandes conglo- Para ser professor do ensino fundamental são necessários
merados de base familiar, muito semelhantes aos zaibatsus japoneses. quatro anos de curso. Apenas 5% dos que fazem o curso
conseguem habilitação para lecionar no Ensino Médio. O
Taxa de crescimento do PIB (%) treinamento é rigoroso, mas o bom salário e o reconhecimento
(média anual para o período) profissional tornam a profissão atraente.
País/território 1980-1990 1990-2000 2000-2005 Entre os estudantes também há muito sacrifício e força
Brasil 2,7 2,9 2,2 de vontade, pois buscam conquistas acadêmicas com fervor.
México 1,1 3,1 1,9 Segundo dados do Ministério da Educação, 350 mil estudantes
Argentina –0,7 4,3 2,2 sul-coreanos deixaram o país para estudar no exterior em 2007.
Coreia do Sul 8,9 5,7 4,6

©Xavier Arnau/iStock
Cingapura 6,7 7,8 4,2
Hong Kong 6,9 4,0 4,3

O crescimento econômico foi seguido de melhorias sociais, e


já não se pode considerar esses países como áreas de mão de obra
barata, haja vista o grande avanço do IDH dessas nações. Em 2013,
a Coreia do Sul ficou na 12a posição mundial, e Hong Kong (que
tem os dados avaliados separadamente da China), na 13a, na frente
de países como a Dinamarca (15a), Bélgica (17a) e França (20a), e
muito distante da 85a posição, ocupada pelo Brasil.

A febre educacional da Coreia do Sul


A Coreia do Sul vem apresentando um grande crescimento
econômico nos últimos 40 anos. Até a década de 1960, o país tinha
uma economia agrária e pouco dinâmica, recém-saída da guerra
que dividiu a península coreana em duas, com a Coreia do Sul 01 Quais são os países conhecidos como Tigres Asiáticos? E os
adotando o capitalismo e a Coreia do Norte, o socialismo. Novos Tigres?
Na década de 1970, o país se mostrou atrativo para a entrada
02 O que são os Tigres Asiáticos?
de empresas multinacionais, com fatores que possibilitavam uma
produção de baixo custo. Porém, o governo coreano buscou investi- 03 Como podemos caracterizar o governo de Hong Kong?
mentos que mudassem sua forma de produção, o que foi encontrado
no sistema educacional, qualificando a mão de obra do país. 04 Quais foram as atuais modificações no modelo econômico dos
Tigres Asiáticos que resultaram no surgimento dos Novos Tigres?

05 Como podemos relacionar o Japão com o surgimento dos Tigres


Asiáticos?
146 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 19

No caso do modelo implementado nos Tigres Asiáticos, este se


diferencia do modelo latino-americano por ter sido baseado:

01 (CESGRANRIO) O retorno de Hong Kong ao controle da (A) mais na consolidação do mercado interno e na poupança do
China, em julho de 1997, provocou uma polêmica sobre o futuro que na conquista do mercado internacional.
daquela ex-colônia britânica. Contudo, até o presente, sobre o rela- (B) mais na conquista do mercado externo e na substituição de
cionamento entre China e Hong Kong pode-se afirmar que as(os): importações do que na consolidação do mercado interno.
(C) mais na retração das exportações e no controle das importações
(A) pressões políticas da Inglaterra sobre Hong Kong, atualmente,
do que na retirada de subsídios dos setores de base e militar.
demonstram o interesse britânico de reaver o controle da
(D) mais na conquista do mercado externo e no fortalecimento da
antiga colônia.
poupança interna do que na substituição de importações.
(B) atividades econômicas exercidas em Hong Kong, com base na
(E) mais na eliminação das importações e no crescimento dos
economia de mercado, são incompatíveis com o atual projeto
investimentos internacionais do que no fortalecimento da
nacional da China.
poupança.
(C) práticas políticas dos representantes de Hong Kong sempre buscaram
conduzir, aos poucos, a economia da colônia para o socialismo.
05 (FEI) A península foi dividida após a Segunda Guerra Mundial;
(D) fluxos econômicos e financeiros entre os dois territórios
o Norte foi apoiado pela URSS, e o Sul, pelos EUA. Posteriormente,
cresceram na última década, revelando a progressiva aproxi-
as tropas da ONU lideradas pelos EUA entraram em confronto com
mação entre ambos.
o exército comunista chinês. A guerra continuou com confrontos
(E) conflitos são intensos entre residentes de Hong Kong e aqueles
na fronteira até 1953, quando o novo presidente dos Estados
das províncias chinesas vizinhas, pois a maioria da população
Unidos, Eisenhower, ofereceu a paz, mas ameaçou usar a bomba
de Hong Kong não é chinesa.
atômica se a China não aceitasse a oferta. Após o fim da guerra,
o país acabou sendo dividido, tendo como base o paralelo 38°. O
02 (MACKENZIE) A arrancada industrial dos Tigres Asiáticos,
confronto deixou milhões de mortos civis e pode ser considerado
pós-Segunda Guerra Mundial, coincide com a implantação da
um dos mais importantes episódios da chamada Guerra Fria. Em
Guerra Fria no mundo bipolarizado da época. Esse fato só foi
termos da geografia política, a guerra propiciou:
possível em virtude:
(A) a divisão da Coreia em Coreia do Norte e Coreia do Sul.
(A) da ajuda financeira recebida na época do tesouro japonês, que
(B) a criação de dois países na Península Indostânica: a Índia e o
sempre defendeu seus interesses econômicos na região.
Paquistão.
(B) da poupança interna desses países, que, mesmo antes da
(C) a criação de dois novos países na Península Vietnamita: o Vietnã
Segunda Guerra Mundial, já controlavam suas importações,
do Norte e o do Sul.
estimulando as exportações de bens de consumo duráveis.
(D) a separação do Laos e do Camboja (Campuchea) na Península
(C) da ajuda financeira norte-americana, por meio do Plano
Indochinesa.
Colombo, uma forma de instalar o cordão sanitário na região.
(E) o avanço do movimento separatista no Tibete e na Caxemira.
(D) da ajuda financeira soviética, que visava ampliar sua área de
influência por toda a região.
(E) da ajuda financeira mútua entre os países do bloco, que
trocavam entre si matérias-primas, tecnologias e uma intensa
abertura do mercado consumidor de toda a região.
01 (UERJ – adaptada) Os países subdesenvolvidos que se
03 (UTFPR) Apesar da importância econômica dos Tigres industrializaram durante o século XX basearam-se em modelos
Asiáticos, o sudeste da Ásia ainda registra grande população rural diferentes de implementação de sua atividade fabril, o que gerou
e baixos índices de desenvolvimento humano. Os “Novos Tigres quadros sociais e econômicos consideravelmente distintos entre
Asiáticos”, no entanto, tentam mudar essa realidade. eles. Observe a tabela abaixo:
Assinale a única alternativa que explica corretamente esse processo Taxa de crescimento do PIB (%)
econômico em curso na região:
(média anual para o período)
(A) Investem na produção de maquinofaturas para exportação. País/território 1980-1990 1990-2000 2000-2005
(B) A tecnologia da indústria é fornecida pelos Estados locais.
Brasil 2,7 2,9 2,2
(C) O motor da economia na região é a agricultura de exportação.
México 1,1 3,1 1,9
(D) A base desse processo é a exploração de petróleo e ferro.
(E) O crescimento econômico deve-se à emergência da Índia. Argentina –0,7 4,3 2,2
Coreia do Sul 8,9 5,7 4,6
04 Os modelos de industrialização tardia podem ser classificados Cingapura 6,7 7,8 4,2
com base em alguns indicadores. A partir das diversas estratégias de Hong Kong 6,9 4,0 4,3
investimentos em capitais industriais, modelos de industrialização Disponível em: <www.scipione.com.br> (adaptado).
tardia podem ser identificados por grupos de países, em momentos
diversos da expansão do modelo industrial, por todo planeta, desde Indique dois motivos que expliquem o melhor desempenho
a segunda metade do século XX. econômico dos Tigres Asiáticos no período entre 1980 e 2005.
Tigres Asiáticos e Novos Tigres GEOGRAFIA II 147
Módulo 19 1ª Série

02 China e Taiwan constituem um dos focos de tensão no espaço A propósito da relação entre os dois países asiáticos, responda:
geopolítico do mundo atual. Recentemente, por ocasião das eleições
presidenciais em Taiwan, houve momentos de ameaça à ilha pelo a. Qual a posição geopolítica de Taiwan no mundo multipolar
governo chinês. dos anos 1990?
b. Indique o motivo pelo qual a China tem ameaçado Taiwan.

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GEOGRAFIA II 148
Módulo 20 1ª Série

China: quadro natural e demográfico

Você sabe qual é a língua mais falada no mundo?


Embora, muito provavelmente, você tenha pensado em
exemplos como o inglês e o espanhol, essas são somente a terceira e a
quarta línguas mais faladas no mundo, respectivamente. A segunda
mais falada é o Hindi, uma das línguas oficiais da Índia, e o idioma
de maior expressão demográfica no mundo é o mandarim, língua
principal da população chinesa.
Observando os dois primeiros colocados, fica evidente o papel

©traveler1116/iStock
do contingente populacional dos países na elaboração do ranking.
A China, como o país mais populoso do mundo, com aproximada-
mente 1,3 bilhão de habitantes, mostra-se uma potência linguística,
além de econômica.
Expectativas de aprendizagem:
Neste módulo, veremos como os aspectos naturais influenciam
a desigual distribuição da população chinesa pelo território e C2 – Compreender o quadro natural e humano da China;
– entender a relação entre natureza e distribuição populacional;
quais estratégias o governo tomou para estabilizar o crescimento C6 – conhecer as mudanças demográficas após o estabelecimento da
dessa população. política do filho único.

1. O quadro natural A influência da latitude é percebida pelas maiores temperaturas na


parte meridional em relação ao norte, em que os invernos são muito
A República Popular da China é o terceiro país mais extenso frios. Essa variação térmica impacta a distribuição da agricultura,
do planeta, ocupando uma parte expressiva da Ásia Oriental, com com cultivo do trigo mais ao norte e do arroz, muitas vezes, em
aproximadamente 9,6 milhões de quilômetros quadrados, território áreas de terraceamento, ao sul.
maior que o do Brasil. Há uma expressiva extensão de áreas desérticas, com destaque
O relevo é muito variado, com altas montanhas na parte para Takla Makan. Os desertos superam 15% da área do país, e
oeste, junto à Ásia Central e Meridional, e planícies na parte leste, sua existência está associada ao relevo (Deserto de Taklamakan)
principalmente no trecho setentrional. e circulação geral da atmosfera (Deserto de Gobi), o que explica
Esse quadro geomorfológico influencia diretamente a distri- sua concentração no interior do país. A vegetação acompanha a
buição demográfica, como será visto a seguir. diversidade climática, com áreas de estepes e florestas de coníferas
ao norte, vegetação semelhante à tundra nas altas montanhas e
©tcp/iStock

xerófila nas áreas desérticas.


A rede hidrográfica sofre grande influência do relevo chinês
e de seu quadro climático. Na parte norte ocidental, há pequena
quantidade de cursos fluviais, com predomínio de rios temporários e
endorreicos. Em contrapartida, a parte oriental, mais úmida, possui
uma densa rede hidrográfica.

Huang Ho
(Rio Amarelo)

Relevo típico da parte oeste do território chinês


Yang-Tsé (Rio Azul)
Há uma grande diversidade climática na China, associada à
latitude, à maritimidade e à continentalidade, ao relevo e à influência
das correntes marítimas. O sudeste e o leste do país possuem clima
monçônico, caracterizado pelos verões úmidos, por causa dos
ventos oceânicos, e invernos secos, devido aos ventos continentais.
Rio Amarelo (Huang Ho) ao norte e Rio Azul (Yang-tsé) ao sul
China: quadro natural e demográfico GEOGRAFIA II 149
Módulo 20 1ª Série

Os principais rios da China são o Huang Ho, ou Rio Amarelo, Na década de 1970, a China implantou uma política de controle
e o Yang Tsé, ou Rio Azul. O Rio Amarelo nasce nas montanhas de natalidade, a “política do filho único”, em virtude do enorme
tibetanas (Montes Kunlun), deságua nas proximidades de Nanquim contingente populacional já existente, a qual durou até o fim de
no Golfo do Bo e possui mais de 5 mil quilômetros de extensão. 2015. Atualmente, tem um crescimento anual de 0,5% ao ano, muito
O Rio Azul, também com a mesma extensão, igualmente é prove- próximo à média dos países centrais e inferior ao dos EUA.
niente do Tibete e deságua entre Nanquim e Xangai, no Mar da Essa política criou uma situação curiosa: o país tem de, agora, flexibi-
China Oriental. lizar o controle, devido ao envelhecimento da população. Anos antes
de abolir a política em diversas regiões, o governo chinês já permitia

©davelogan/iStock
que casais formados por filhos únicos, ou, até mesmo, quando um
dos parceiros era filho único, tivessem dois filhos.
Outro efeito da política do filho único foi um expressivo aumento
na população masculina em relação ao total da população. Isso
ocorreu devido à prática do infanticídio feminino, que acontecia
principalmente nas áreas rurais. Esse fenômeno estava ligado ao fato
de as famílias nessas localidades preferirem os filhos homens, uma
vez que esses, no futuro, ajudariam no trabalho no campo.
Essa situação acabou levando à aprovação, pela Assembleia
Bandeira chinesa em um navio navegando no Rio Azul
Nacional Popular da China (Legislativo), do fim da política do “filho
único”, permitindo a todos os casais do país terem dois descendentes.
2. O quadro demográfico Essa decisão entrou em vigor no dia 1o de janeiro de 2016.
Quanto à formação étnica, apesar do enorme contingente popu-
A China é o país mais populoso do planeta, com mais de 1,3 bilhão
lacional, a China possui uma homogeneidade muito expressiva, com
de habitantes. Essa enorme população está distribuída de forma muito
mais de 90% da população da etnia han. No entanto, o país possui
irregular pelo território, com grande concentração nas áreas baixas
55 outras etnias, que podem ser consideradas minorias étnicas
do leste e sudeste do país. As grandes altitudes e o clima desértico
devido à sua pequena participação relativa no total da população.
determinam a existência de baixíssimas densidades demográficas em
partes do centro e do ocidente.

©PhotoTalk/iStock
Há uma territorialização importante dessas minorias no Tibete
e em Xinjiang, onde vivem iugures, cazaques, além de um número
expressivo de hans.
Tanto no Tibete, localizado na fronteira com a Índia, quanto
em Xinjiang, no extremo oeste do país, tem ocorrido expressivo
crescimento da participação dos hans, o que pode ser parte de uma
Habitantes/km2 estratégia do governo chinês para conter movimentos separatistas,
mais de 400 ação negada pelas autoridades chinesas.
entre 200 e 400
©beemore/iStock

entre 100 e 200


entre 50 e 100
entre 25 e 50
entre 10 e 25

entre 1 e 10

menos de 1
Concentração demográfica chinesa Crianças tibetanas
150 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 20

Outro importante aspecto relacionado com a população chinesa 04 A China apresenta homogeneidade étnica? Explique.
é o impressionante processo de urbanização que envolveu, nas
últimas décadas, centenas de milhões de pessoas. 05 Identifique uma causa para a urbanização ocorrida na China
nas últimas décadas.
Com o processo de expansão econômica, principalmente
a partir das reformas iniciadas na década de 1970, as cidades
chinesas, cada vez mais prósperas, atraíram grandes contingentes
populacionais necessários, como mão de obra para as atividades 01 (UERJ)
urbanas, cada vez mais dinâmicas.
Países com mais internautas (dezembro de 2013)
Esse movimento fez com que, no início de 2012, o governo
País Internautas
chinês anunciasse que, pela primeira vez na história do país, a
população urbana ultrapassou a população rural. 1. China 353.929.000
2. Estados Unidos 196.547.000
3. Índia 81.792.000
O grande firewall 4. Japão 73.656.000
Com uma população de 1,4 bilhão de pessoas, sendo 632 5. Brasil 67.015.000
milhões com acesso à internet, a China é um mercado do qual Disponível em: <quintly.com>.

ninguém quer ficar fora. Mas o país também tem o sistema de


censura on-line mais sofisticado do mundo, conhecido fora dele Países com mais usuários de Facebook (fevereiro de 2013)
como a grande firewall, em alusão à Grande Muralha da China. País Usuários
A prática de censura na internet chinesa está diretamente Mundo 971.426.940
ligada à busca do Partido Comunista em evitar o surgimento 1. Estados Unidos 164.958.520
de manifestações contrárias às suas práticas. Dessa forma, uma 2. Brasil 65.657.820
simples pesquisa nos mais famosos sites de busca da internet 3. Índia 61.697.760
reflete essa interferência estatal na circulação de informação
4. Indonésia 48.807.580
dentro do país. Se, na maioria dos países do mundo, uma
busca nesses sites retorna milhões de páginas como resultado, 5. México 39.810.220
Disponível em: <olhardigital.uol.com.br>.
na China, a mesma busca retornará apenas uma fração dos
resultados obtidos no restante do planeta. Apesar da presença da China na primeira lista, observa-se sua
Os casos mais ausência na segunda, o que é explicado pelo seguinte fator:
©RapidEye/iStock

ext remos est ão


(A) Controle estatal da informação.
associados a eventos (B) Precariedade local da tecnologia.
mais críticos dentro (C) Restrição econômica da população.
do país, como a total (D) Monopólio privado da comunicação.
ausência de infor-
mação on-line a 02 (FUVEST) Observe o mapa abaixo e leia o texto a seguir.
respeito das provín-
NEPAL - FÍSICO
cias separatistas do
CHINA
Tibet e Xinjiang, ou, ainda, quanto ao massacre da Praça da Paz
Celestial em 1989, entre outras. Rio Brahmaputra
28° N
NEPAL Everest

Katmandu

Rio Ganges

01 Por que a China apresenta grande diversidade climática?


limite do Nepal
galerias (acima ÍNDIA
02 Por que a China apresenta concentração demográfica? Em qual de 6.000 m)
região? altitude média
de 4.000 m
epicentro do 0 144km
03 O que é a política do filho único? Por que ela foi adotada? terremoto OCEANO ÍNDICO 92° E

Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). 2015. Adaptado.


China: quadro natural e demográfico GEOGRAFIA II 151
Módulo 20 1ª Série

O terremoto ocorrido em abril de 2015, no Nepal, matou por volta 04 (ENEM) Ao limitar a maioria dos casais da China continental
de 9.000 pessoas e expôs um governo sem recursos para lidar com a um filho, a Comissão Nacional de População e Planejamento
eventos geológicos catastróficos de tal magnitude (7,8 na Escala Familiar afirma que cerca de 400 milhões de nascimentos foram
Richter). Índia e China dispuseram-se a ajudar de diferentes prevenidos de 1979 em diante.
maneiras, fornecendo desde militares e médicos até equipes de “Os nascimentos prevenidos na China também são significa-
engenharia, e também aportes financeiros. tivos para a preservação dos recursos naturais e meio ambiente em
todo o mundo”, diz o professor Yuan Xin, do Instituto de População
Considere os seguintes motivos, além daqueles de razão humani-
tária, e assinale a alternativa correta: e Desenvolvimento, parte da Universidade Nankai. “Mas esse
mérito poderia ser desperdiçado caso a população chinesa viesse a
(A) O interesse no grande potencial hidrológico para a geração consumir de modo incansável, como fazem os ocidentais, dado o
de energia, pois a Cadeia do Himalaia, no Nepal, representa tamanho da população do país.”
divisor de águas das bacias hidrográficas dos rios Ganges e
Os dados oficiais demonstram que o consumo per capita chinês
Brahmaputra, caracterizando densa rede de drenagem.
(B) O interesse desses países em controlar o fluxo de mercadorias é 20% inferior ao dos Estados Unidos. Caso fossem iguais, o uso total
agrícolas produzidas no Nepal, através do sistema hidroviário de energia na China seria quatro vezes maior que o norte-americano.
Ganges-Brahmaputra, já que esse país limita-se, ao sul, com a De acordo com Yuan, o governo chinês reconheceu o potencial
Índia e, ao norte, com a China. de consumo excessivo e adotou políticas que encorajam uma
(C) As necessidades da Índia e, principalmente, do Paquistão,
economia e estilo de vida “verdes”. Promoveu o fechamento de
os quais, com o aumento da população e da urbanização,
indústrias poluentes e que consomem energia intensamente, desen-
demandam suprimento de água para abastecimento público,
tendo em vista que o Nepal possui inúmeros mananciais. corajou a compra de automóveis por meio de diversas medidas,
(D) A baixa demanda de água da população indiana, associada ao promoveu a separação do lixo reciclável e a conservação de água e
grande potencial industrial da região. energia, e proibiu a distribuição de sacolas plásticas.
(E) China e Índia, por fazerem parte do BRICS, visam organizar
Folha de S. Paulo, 31 out. 2011. Disponível em: <folha.uol>.
uma administração compartilhada na região, com o objetivo
de abastecer suas indústrias com os recursos naturais da região.
O texto revela os resultados das práticas de controle do crescimento
e do modo de vida da população chinesa promovidas pelo governo.
03 (FUVEST) Em maio de 2008, um grande terremoto abalou a
Entretanto, como um possível problema ou efeito colateral futuro
região central da China, provocando a morte de mais de 80.000
dessa política, podemos citar:
pessoas. Sua ocorrência foi motivada pelo movimento das placas
tectônicas. Além da destruição e das mortes provocadas pelo
(A) O aumento das disparidades econômicas entre as diferentes
terremoto, também foram postos em destaque aspectos da política
regiões chinesas.
de planejamento familiar da China, que resultou na redução
(B) Problemas relacionados à previdência social e à aposentadoria,
acentuada das taxas de natalidade. Tal política de controle da
em virtude da inversão da pirâmide etária da população.
natalidade, em vigor há mais de 30 anos, apresenta como uma de
(C) Diminuição do nacionalismo chinês em virtude do aumento
suas principais medidas a proibição de os casais terem mais de um
da influência da globalização, o que poderia provocar a frag-
filho, estabelecendo pesadas penalidades para quem não cumpre a
mentação do território da China.
lei. Como muitos casais perderam o seu único filho com o terremoto,
(D) As estratégias de redução de consumo podem provocar
as autoridades governamentais decidiram flexibilizar a política,
aumentos excessivos de inflação na economia chinesa.
permitindo que as famílias atingidas tenham outro filho.
05 (CEFET-RJ) A China apresenta uma população em torno de
Com base nos seus conhecimentos e nas informações acima, assinale
1,35 bilhão de habitantes, segundo o último censo. No mesmo
a alternativa correta:
levantamento, foi constatado que houve um aumento do número
de idosos e a redução da quantidade de mulheres.
(A) A China adotou há décadas um planejamento rígido de controle
familiar, limitando a quantidade de filhos a um por família. Em relação às mudanças da população chinesa, é correto afirmar que:
(B) Os terremotos são raros na China, pois as placas tectônicas
estão situadas em áreas muito distantes do território chinês. (A) o acelerado crescimento vegetativo resulta de uma estratégia
(C) O terremoto foi causado por uma atividade vulcânica e, apesar do governo para manter a evolução econômica por meio da
de ter fraca intensidade, provocou sérios danos e atingiu grande disponibilidade de uma mão de obra barata.
número de pessoas. (B) o número de mulheres sofreu diminuição devido ao aborto
(D) A política de controle familiar na China não tem apresentado induzido de meninas, o que está relacionado à questão cultural,
resultados significativos referentes à redução das taxas de já que são os filhos homens responsáveis pelos pais na velhice.
natalidade. (C) o envelhecimento populacional da China é preocupante, o
(E) O terremoto ocorrido na China foi um evento de ordem natural e que tem levado o governo a criar medidas para promover a
não motivou a flexibilização da política de controle da natalidade. renovação da população adulta, como o incentivo à imigração.
(D) o predomínio da população rural explica o maior percentual
de homens na estrutura populacional, já que as atividades
econômicas do setor são consideradas como as mais pesadas.
152 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 20

01 Comparativamente, a China Oriental é muito mais desenvolvida 02 (UNICAMP – adaptada) A República Popular da China está
que a China Ocidental, além do que o quadro natural do leste da situada na porção centro-oriental da Ásia Oriental, e o seu relevo
China é bem mais favorável à ocupação do que o do interior. Na China caracteriza-se por grandes contrastes altimétricos, diversidade
Oriental, no entanto, duas porções se distinguem do ponto de vista climática e grandes bacias hidrográficas, como as do Rio Yang-tsé-
físico, humano e econômico. Identifique essas porções e caracterize-as. -Kiang, ou Rio Azul, e do Rio Hoang-Ho, ou Rio Amarelo.

A partir dessas informações, faça o que se pede:

a. Uma das unidades morfológicas da China é o Planalto do Tibet,


um dos mais altos do mundo, com cotas altimétricas superiores
a 4.000 m de altitude. Por que o Planalto do Tibet é um dos
mais altos do mundo?
b. Por que o tipo climático predominante no norte e noroeste
chinês é diferente do tipo climático que ocorre no sul da China?

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