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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2
UNIDADE 1 – O QUATERNÁRIO E A IDADE DO GELO – UM BOM COMEÇO DE
CONVERSA ................................................................................................................ 7
1.1 Peculiaridades do período ................................................................................. 7
1.2 Formações glaciais .......................................................................................... 12
UNIDADE 2 – HIDROLOGIA E HIDROGRAFIA....................................................... 20
2.1 Conceito e definições....................................................................................... 20
2.2 Campos de aplicação da Hidrologia ................................................................ 21
2.3 Fatos que marcaram a história da Hidrologia .................................................. 23
UNIDADE 3 – A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA............................................................. 26
3.1 A geografia da água no mundo........................................................................ 27
3.2 Ciclo hidrológico .............................................................................................. 31
3.3 Características e propriedades da água .......................................................... 35
3.4 Qualidade e usos múltiplos da água ................................................................ 38
3.5 Poluição das águas ......................................................................................... 39
3.6 Tratamento da água para consumo humano ................................................... 41
UNIDADE 4 – ÁGUA CORRENTE E SUBTERRÂNEAS ......................................... 47
4.1 Água corrente ou superficiais .......................................................................... 47
4.2 Água subterrânea ............................................................................................ 49
UNIDADE 5 – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E GESTÃO DOS RECURSOS
HÍDRICOS ................................................................................................................. 54
5.1 Primeiro Código Brasileiro de Águas – Decreto nº 24.642 de 1934 ................ 55
5.2 A lei nº 9.433/97 – Lei das Águas .................................................................... 56
UNIDADE 6 – A QUESTÃO DA ÁGUA NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO ................. 59
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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INTRODUÇÃO

Hidrologia, nossa área de atenção neste módulo, se reporta ao estudo da


água, nos estados líquido, sólido e gasoso, da sua ocorrência, distribuição e
circulação na natureza.
Mas o que é mesmo “água”?
Nos dicionários encontraremos a seguinte definição:
1.Líquido incolor, sem cheiro ou sabor, congela a 0°C e entra em ebulição a
100°C. Fórmula: H2O. 2. A parte líquida do globo terrestre.
Água é fonte da vida! Pequena frase, mas que representa muito para nossa
existência.
A água já foi pensada pelo ser humano como um recurso inacabável,
infindável, inesgotável. Grande ilusão não é mesmo?
Hoje sabemos e estamos vivendo a sua falta no cotidiano de maneira bem
cruel e drástica. A questão nem passa mais por economizar, pois em muitas
situações e lugares ela está em falta mesmo.
Certo! Podemos até justificar que, já algumas décadas, alguns seres
humanos pararam para pensar, analisar, refletir e perceber que a água é um recurso
que está se tornando escasso a cada novo dia, mas infelizmente a grande maioria
ainda não tomou consciência do tamanho do problema e desperdiça esse bem
precioso.
Também sabemos que mundialmente, são milhões de pessoas que morrem
por falta de água ou de condições mínimas de higiene e inúmeros os impactos de
origem humana que degradam a água e modificam sua qualidade, com efeitos tanto
direta quanto indiretamente sobre os corpos d’água. Entre os efeitos diretos,
destaca-se a introdução nos ambientes aquáticos de substâncias estranhas que,
além de tornarem a água imprópria para utilização pelo homem, afetam
negativamente a flora e fauna aquáticas (BRANDIMARTE, 1999).
Enfim, a preocupação com a crise da água é mais do que um simples
modismo ou uma previsão para o futuro. A princípio, a aplicação de uma legislação
ambiental justa e eficiente garantiria a diminuição dos impactos, mas não é tão
simples assim.

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Os problemas que assolam o mundo são muitos e dentre eles a


superpopulação poderia ser considerado um dos maiores. Já atingimos em 2014,
7,2 bilhões de pessoas no mundo e com projeções um tanto otimistas em termos de
aumento.
Mais uma vez podemos pensar, o mundo é grande, cabe todos! É verdade,
mas e quanto a alimentar, abrigar, vestir essa população causando um mínimo de
impacto sobre o meio ambiente? Não estamos preparados para tal façanha. Motivos
não faltam:
geologicamente, muitas dessas pessoas estão em áreas de risco de vulcões,
terremotos;
urbanisticamente falando, as cidades não estão preparadas para atender a
demanda com infraestrutura adequada;
o consumismo exagerado que nos leva a querer toda uma “parafernália
eletrônica” rapidamente descartável causa inúmeros outros problemas como
aumento do consumo de energia que por sua vez muitas vezes é gerada pela
água;
identificar água potável e mantê-la sem poluição não é um processo simples,
nem rápido e muito menos atende a todos.
Wicander e Monroe (2014, p. 10) dão detalhes desses problemas:
• para muitos países pobres e não-industrializados, o problema se concentra
em pessoas demais e alimentos de menos. Nos países mais desenvolvidos e
industrializados, o excesso de pessoas está exaurindo tanto a base dos
recursos naturais renováveis quanto dos não-renováveis. E nos países
industrializados mais desenvolvidos, são as pessoas produzindo mais
poluentes do que o meio ambiente pode reciclar de modo seguro, em uma
escala humana de tempo. O fio comum que amarra essas situações é o
desequilíbrio ambiental criado pela população humana, que excede a
capacidade que a Terra pode suportar;
• outra questão ambiental atual importante é o aquecimento global. O dióxido
de carbono é produzido como sub produto da respiração e da queima de
material orgânico. Como tal, ele é um componente do ecossistema global e
está sendo constantemente reciclado como parte do ciclo do carbono. A

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preocupação nos anos recentes, sobre o aumento na atmosfera do dióxido de


carbono, é o papel que ele desempenha no efeito estufa. A reciclagem do
dióxido de carbono entre a crosta terrestre e a atmosfera é um importante
regulador climático porque o dióxido de carbono - assim como outros gases,
tais como o metano, óxido nítrico, clorofluorcarbono e vapor de água –
permite a passagem da luz do sol, mas capta o calor refletido de volta da
superfície da Terra. O calor, então, é retido, implicando o aumento da
temperatura da superfície da Terra – e, mais importante, da atmosfera –,
produzindo o efeito estufa;
• até o início da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, a
contribuição humana ao padrão da temperatura global era insignificante. Com
a industrialização e a queima brutal de combustível fóssil que a acompanha,
os níveis de dióxido de carbono têm crescido fortemente desde 1880. De fato,
os níveis de dióxido de carbono na atmosfera são atualmente quase 30%
superiores aos de um século atrás, enquanto os níveis de óxido nitroso
subiram 15% e o metano aumentou 100% desde a Revolução Industrial. Ao
continuarem os índices anuais de crescimento, a menos que algo seja feito
para reduzir sua produção, as concentrações dos gases do efeito estufa irão,
provavelmente, triplicar dentro dos próximos cem anos, em relação às suas
concentrações atuais;
• pesquisas também indicam que o desflorestamento de grandes áreas,
particularmente nos trópicos, é outra causa de aumento nos níveis do dióxido
de carbono. As plantas usam o dióxido de carbono na fotossíntese e assim o
removem da atmosfera. Com a diminuição da cobertura vegetal global, menos
dióxido de carbono é removido dela.
Em razão desse aumento dos gases de efeito estufa, produzidos pelo
homem nos últimos 150 anos, muitos cientistas estão preocupados com o fato de
que a tendência ao aquecimento global já tenha começado e poderá resultar em
mudanças climáticas graves. A maioria dos modelos de computador, baseados no
índice atual de aumento dos gases de efeito estufa, mostra que a Terra, como um
todo, aquecerá em cerca de 3ºC nos próximos cem anos. Tal mudança na

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temperatura poderia ser, entretanto, desigual, com o aumento maior ocorrendo em


latitudes mais altas.
Mas qual a relação com nosso objeto de estudo, a água? Pois bem: como
consequência desse aquecimento, os padrões de precipitação pluviométrica – água
– e as condições de cultivo mudariam dramaticamente.
Sob tal mudança climática, as regiões situadas em latitudes médias, tais
como o Canadá e a Europa, teriam um aumento nos rendimentos das safras,
enquanto aquelas situadas em latitudes mais baixas sofreriam um decréscimo. Com
o aquecimento global contínuo, o nível médio do mar também irá subir, assim como
as camadas permanentes de gelo nos polos, e as geleiras irão se derreter e
contribuir com sua água para os oceanos do mundo. Está previsto que, até o ano
2050, o nível do mar se elevará em 21 cm, aumentando para, aproximadamente, 20
milhões o número de pessoas em situação de risco por inundações nas áreas
costeiras.
É verdade que não podemos esquecer que outros cientistas não estão
convencidos de que há aquecimento global nem que decorra da atividade humana,
afinal de contas modelos são apenas modelos, mas sabemos que a Terra é um
sistema muito complexo com muitos mecanismos de retroalimentação e
interconexões por todos os seus subsistemas e ciclos. É muito difícil predizer todas
as consequências que o aquecimento global teria para os padrões de circulação
atmosférica e oceânica.
Certo é que nosso clima está inconstante. Que muito perto de nós as
estações do ano estão “malucas” e que a geração dos últimos 50, 70 anos
provavelmente não passou por situações como as que vivemos hoje de falta d’água
e enchentes incomuns.
Bem, essa não muito breve introdução deu algumas pinceladas da
importância da água, a qual estudaremos ao longo do módulo. Um bom começo de
conversa passa por algumas explicações sobre o quaternário e a idade do gelo,
momento no qual veremos particularidades dessa unidade de tempo e as grandes
glaciações.
Na sequência, teremos conceitos e definições para hidrologia e hidrografia e
seus campos de aplicação. A importância da água em quantidade e qualidade, o

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tratamento para consumo humano e a poluição das águas também será conteúdo de
estudo.
Veremos detalhes das águas correntes, subterrâneas, água nas cidades e
as bacias hidrográficas brasileiras. Não podemos deixar de falar na legislação
brasileira, com ênfase na Lei 9433/97 e na Agência Nacional de Águas (ANA). Para
fecharmos o módulo, enriquecimento e reflexão, trataremos da água no semiárido
brasileiro.
Antes de iniciarmos nossas reflexões, vamos a duas observações que se
fazem necessárias:
Em primeiro lugar, sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa
ser científica, ou seja, baseada em normas e padrões da academia. Pedimos licença
para fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para
que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos
científicos.
Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das
ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se
tratando, portanto, de uma redação original.
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se
muitas outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem servir
para sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos.

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UNIDADE 1 – O QUATERNÁRIO E A IDADE DO GELO – UM


BOM COMEÇO DE CONVERSA

1.1 Peculiaridades do período


O Quaternário, além de ser definido bioestratigraficamente pelos conteúdos
faunísticos e florísticos de formas predominantemente viventes, pode ser
caracterizado também como Idade do Homem.
Somente em 1818, após sugestão de C. J. Thomsen (1788-1865), que
subdividiu a época pré-histórica em Idade da Pedra, do Bronze e do Ferro, a Europa
passou a acreditar que os instrumentos fabricados com aqueles materiais teriam
sido deixados por civilizações antigas. Em 1836, com a publicação do livro
Introdução à Pré-História da Europa Setentrional, da autoria de Thomsen, foram
estabelecidas as bases da atual Arqueologia Pré-histórica.
Desse modo, o período Quaternário passou a ser um tempo geológico
caracterizado pela intensificação das atividades antrópicas ou pela “hominização”.
Esta seria definida pelo surgimento do homem sobre a Terra, que, de acordo com as
descobertas feitas no Estreito de Olduvai, na Tanzânia (África), teria ocorrido entre
dois a pouco mais de três milhões de anos, mas a sua migração para a Europa,
muito depois. Baseado nesse fato, J. Le Conte propôs, em 1877, a designação de
Era Psicozoica, que seria correspondente aos termos Antropógeno ou Antropozoico,
usados na Rússia e em alguns países do antigo bloco soviético.
O Quaternário é subdividido em Pleistoceno inferior, médio, superior e
Holoceno, os quais também são subdivididos como mostrará o quadro com
“Tentativa de correlação entre o período quaternário e os episódios glaciais e
interglaclais do hemisfério norte” mais adiante.
O Pleistoceno teve uma duração correspondente a cerca de 180 vezes a do
Holoceno, que seria de aproximadamente 10.000 anos. Além disso, seria possível
reconhecer, no mínimo, três subdivisões no Pleistoceno, cujos limites variam
conforme os autores e os respectivos países de origem.
Um dos aspectos mais discutidos do Pleistoceno era relacionado ao seu
limite inferior, isto é, à transição Plioceno-Pleistoceno (AGER; WHITE; MATTHEWS
JR., 1994 apud SUGUIO, 2010).

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Foram mais de 40 anos de esforço internacional para uma melhor definição


desse importante limite do tempo geológico – representativo do começo dos
paleoclimas glaciais que moldaram a fisiografia de grandes extensões da Terra, o
ambiente biológico em geral e a própria espécie humana. Esse momento foi datado
de 1,81 milhões de anos e coincidiria com a implantação das mais importantes fases
glaciais do Quaternário e com o surgimento do Homo erectus na África. O
estratótipo-Iimite, composto por camadas marinhas de águas profundas, estaria
situado em Vrica, na Calábria (Itália).
Essa seção estratigráfica foi apresentada por Pasini e Colalongo (1997 apud
SUGUIO, 2010) e, além disso, caracterizada em detalhe por estratígrafos de vários
países, em termos sedimentológicos, paleoecológicos, bioestratigráficos,
biocronológicos e magnetoestratigráficos. Seu nível situa-se próximo à subzona de
polaridade normal Olduvai e corresponde aproximadamente ao início do paleoclima
mais frio do Quaternário, caracterizado pela maior dispersão do molusco Arctica
islandica, em geral restrito às águas boreais dos estádios interglaciais.
A duração do Holoceno, até o momento, é admitida como de cerca de
10.000 anos, e a sua subdivisão, tanto em termos culturais como em ciências
naturais, não é muito fácil. No norte da Europa (Escandinávia) foram estabelecidas
várias fases de paleoclimas baseadas em zonações palinológicas, com durações
variáveis de centenas a milhares de anos.
Os depósitos sedimentares do Quaternário distribuem-se amplamente sobre
os continentes e fundos oceânicos, com espessuras geralmente delgadas e várias
evidências cronológicas.
Embora se considere, hoje em dia, que o conteúdo biológico (restos de
fauna e flora) do Quaternário não seja um bom indicador cronológico, uma das
primeiras tentativas, nesse sentido, foi feita em 1833 por C.Lyell, com o uso de
assembleia de malacofauna marinha.

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Tentativa de correlação entre o período quaternário e os episódios glaciais e


interglaclais do hemisfério norte

Em depósitos continentais com restos fósseis de mamíferos extintos,


estabeleceu-se uma cronologia baseada na evolução desses animais.
Em regiões afetadas pelas glaciações quaternárias das calotas alpina,
escandinava e norte-americana (laurenciana) têm sido executados estudos
cronológicos baseados na sedimentologia e palinologia dos depósitos glaciais e
interglaciais.

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Em países com vulcões ativos do Quaternário, como o Japão e a Islândia,


executam-se pesquisas tefrocronológicas (cinzas vulcânicas). Existem ainda, como
métodos cronológicos úteis nas correlações mundiais quaternárias, os que
empregam o paleomagnetismo e as variações das razões 180/160. Em termos de
cronologia absoluta, além da dendrocronologia e da varvecronologia, têm sido
utilizados vários métodos radiocronológicos (radiocarbono, entre outros).
O Quaternário representa o período de grande intensificação das atividades
antrópicas e, além disso, os tempos mais próximos ao presente dispõem de
informações bem mais abundantes que os períodos geológicos mais antigos. Desse
modo, para se pensar em tempos futuros com base no passado e no presente,
Kaizuka (1987 apud SUGUIO, 2010) usou a escala logarítmica – exceto entre 100
anos A.P.(Antes do Presente) e D.P. (Depois do Presente). Por outro lado, as
designações futuro atual, futuro próximo, futuro médio e futuro remoto não são
usuais em geociências, e representam tentativas de tradução de termos em japonês
sugeridos por Umezao (1967 apud SUGUIO, 2010).
Em geral, pensa-se que os primeiros homens tenham surgido na Terra no
fim do período Neógeno, porém não se sabe exatamente quando foram introduzidos
os primeiros instrumentos líticos. Não há dúvida de que, bem antes de tais
instrumentos, os seres humanos primitivos chegaram a usar fragmentos naturais de
rochas ou madeira. Seixos e calhaus com reafeiçoamento incipiente, certamente
utilizados pelos Australopithecus, foram encontrados em Olduvai, no noroeste da
Tanzânia (África Oriental).
Essa é a época da cultura protopaleolítica (conforme o quadro abaixo) do
Pleistoceno inferior.
Cronologia simplificada da cultura humana no mundo

Fonte: modificada de Yamaguchi (1978).

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A seguir, na época do Homo erectus, durante o Pleistoceno médio, foram


difundidos os usos do machado e do martelo de pedra, esta, em geral, referida à
cultura paleolítica inferior.
Com o advento do Homo sapiens neanderthalensis, durante o Pleistoceno
superior, desenvolveu-se a cultura paleolítica média. Há cerca de 50.000 anos teria
ocorrido o aparecimento do Homo sapiens, ao qual se pode associar inicialmente a
cultura paleolítica superior, seguida da cultura mesolítica, na transição Pleistoceno-
Holoceno e, finalmente, a cultura neolítica, no Holoceno.
Provavelmente, nos derradeiros 5.000 a 6.000 anos, passou rapidamente
pela cultura dos metais e chegou à cultura das máquinas. Como um agente
geológico muito ativo, o homem tende a deixar, com frequência crescente, vestígios
de sua presença em sedimentos, na geomorfologia e nos ambientes em geral.
Guarde...
O Quaternário é o período mais recente das eras geológicas da Terra, assim
constituindo-se de períodos de escalas de tempo desiguais, sendo o mais antigo de
1,6 a 2 milhões anos, o Pleistoceno e, em seguida, o Plioceno.
As sucessões de épocas frias com intervalos de períodos mais quentes
caracterizaram ciclos de mudanças extremas no planeta. Segundo Salgado-
Labauriau (2007), desde o final do Cenozóico, a estrutura climática não foi a única a
mudar, mas a temperatura do ar, padrão de ventos e de precipitações, o que
modificou as rochas da superfície, o relevo e a cobertura vegetal dos continentes.
Dessa forma, o clima deixa marcas na paisagem, devido a sua ação sobre as rochas
e os sedimentos, pois a maior ou menor quantidade de água no sistema pode
causar alterações químicas e físicas nesses elementos.
Salgado-Labouriau (2007) afirma que o clima do período antes do
desenvolvimento das medidas instrumentais denomina-se Paleoclima. Assim, o
Quaternário que representa menos de 1% do tempo Geológico, é fundamental para
a perspectiva climática, ainda conforme autora. Esta informação da variação
climática facilitaria o que tange as transformações do ambiente, aguçando o papel
do clima como um excelente mecanismo no entendimento das mudanças físicas do
ambiente.

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O Período Quaternário é marcado por alterações climáticas de grande


impacto, alternando períodos de aquecimento global (interglaciais) e períodos
glaciais. Como resultado dessas alterações no clima, ocorreram grandes mudanças
em níveis de Geodiversidade e de Biodiversidade, afetando a flora e a fauna global,
culminando com a evolução e dispersão da espécie humana.

1.2 Formações glaciais


A maioria das pessoas possui alguma ideia do que seja uma geleira e já
ouviu falar de Era Glacial, ou o que os geólogos chamam de Período Pleistocênico.
Por definição, uma geleira é uma massa de gelo sobre a terra, que consiste em neve
compactada e recristalizada que flui sob seu próprio peso.

Consequentemente, o mar de gelo da região do polo norte ou as


plataformas de gelo adjacentes à Antártica não são geleiras, nem os icebergs –
ainda que tenham se separado de geleiras que fluem para o mar. Campos de neve
em altas montanhas podem persistir por anos, mas também não são geleiras porque
não estão fluindo ativamente.
As geleiras cobrem quase 15 milhões de km2, ou cerca de um décimo da
superfície da Terra, conforme a tabela abaixo:

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Fonte: Wicander; Monroe (2014, p. 316).

De fato, existe gelo glacial suficiente para cobrir os Estados Unidos e o


Canadá a uma profundidade de aproximadamente 1,5 km! Pequenas geleiras são
comuns nas montanhas do oeste dos Estados Unidos, especialmente no Alasca, no
oeste do Canadá, nos Andes da América do Sul, nos Alpes da Europa, nos
Himalaias da Ásia e em outras montanhas altas. O monte Kilimanjaro, na África, é
suficientemente alto para ter geleiras, embora esteja próximo do equador. Na
verdade, a Austrália é o único continente que não possui geleiras. As pequenas
geleiras nas montanhas são impressionantes e pitorescas, mas as geleiras
verdadeiramente vastas estão na Antártica e na Groenlândia. Mais de 95% de todo o
gelo glacial deste planeta está na Antártica (84,5%) e na Groenlândia (12%), que
são quase totalmente cobertas pelas geleiras.
Entre os vários processos que modificam a superfície terrestre, as geleiras,
como sólidos em movimento, são particularmente eficientes. Elas removem por atrito
a rocha e o solo por onde se movem, produzindo algumas formações geológicas
características, facilmente identificáveis e, finalmente, depositam enormes

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quantidades de sedimento. Podem ser encontrados muitos exemplos de paisagens


que as geleiras continuam a modificar, mas a maior parte das paisagens formadas
pela glaciação se desenvolveu durante o Pleistoceno. Vastas geleiras foram muito
mais extensas durante essa Era Glacial do que agora, especialmente no hemisfério
norte e nas montanhas em todo o mundo.
Sabemos que a Terra é um planeta dinâmico que possui vários sistemas
importantes que interagem de maneira complexa conforme mostra a tabela abaixo:
Atmosfera Hidrosfera Biosfera Litosfera
Atmosfera Interação entre Correntes Gases para Intemperismo e
várias massas de superficiais respiração. erosão. Transporte
ar. levadas pelo Dispersão de do vapor d’água
vento. esporos, pólen e para precipitação
Evaporação. sementes pelo da chuva e da
vento. neve.
Hidrosfera Insumo de vapor Ciclo hidrológico. Água para a vida. Precipitação,
d’água e calor intemperismo e
solar erosão.
armazenado.
Biosfera Gases da Remoção de Ecossistemas Modificação do
respiração. materiais globais. Ciclos de intemperismo e
dissolvidos pelos alimentos. erosão. Formação
organismos. do solo.
Litosfera Recurso de calor Fonte de Fonte de Tectônica de
solar materiais sólidos nutrientes placas.
armazenado. e dissolvidos. minerais.
Paisagens Modificação dos
afetam os ecossistemas
movimentos do pelos
ar. movimentos das
placas.

Um desses sistemas, a hidrosfera, é composto de toda a água da superfície,


dos oceanos e da terra, incluindo a água congelada das geleiras. As geleiras contêm
somente 2,15% de toda a água da Terra, mas correspondem a 75% de toda a água
doce. Veremos, então, um pouco mais dessas pequenas quantidades de água
congelada nas geleiras, a dinâmica e o trabalho geológico por elas realizado.

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A fonte final da água congelada nas geleiras, assim como de toda a água
das chuvas, é o oceano. Ela constitui aquela parte da precipitação sobre a terra que
cai como neve e é subsequentemente incorporada nesses corpos de gelo em
movimento sobre a terra que chamamos de geleiras. Assim, as geleiras constituem
um reservatório no ciclo hidrológico, onde a água é armazenada por longos
períodos, mas, mesmo essa água, no fim, retorna à sua fonte original, os oceanos.
Vejam o ciclo

Muitas geleiras em altas latitudes, como na Antártica, Groenlândia, Alasca e


norte do Canadá, fluem diretamente para o oceano, onde derretem ou se partem em
icebergs (um processo conhecido como desprendimento de iceberg) e fluem para o
mar, onde derretem. Em latitudes mais baixas ou em áreas mais distantes do mar,
as geleiras movem-se das elevações mais altas para as mais baixas, onde ocorre a
fusão. A água produzida entra no sistema subterrâneo (outro reservatório no ciclo
hidrológico) ou volta para os mares pelo escoamento de superfície. Em algumas
partes do oeste dos Estados Unidos e do Canadá, as geleiras são importantes
reservatórios de água doce que liberam água para as correntes durante a estação
da seca.
A fusão é o processo mais importante no retorno do gelo glacial para o ciclo
hidrológico, mas as geleiras também perdem água por sublimação, um processo
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pelo qual o gelo se transforma em vapor d'água sem a fase líquida intermediária. A
sublimação é fácil de entender se você pensar nos cubos de gelo armazenados em
um recipiente no congelador. Por terem sublimado, os cubos mais velhos de gelo no
fundo do recipiente são muito menores que os recentemente formados. De qualquer
modo, o vapor d'água assim derivado entra na atmosfera, onde pode condensar e
cair novamente como chuva ou neve, mas em longo prazo toda a água das geleiras
retorna aos oceanos.
O gelo é cristalino e possui propriedades físicas e químicas características e,
portanto, é um mineral. Consequentemente, o gelo glacial é um tipo de rocha, mas
um tipo que é facilmente deformado. A formação do gelo glacial não é complexa
(figura abaixo ao lado). Em qualquer área onde cai mais neve, do que aquela que
derrete durante as estações mais quentes, ocorre um ganho de acumulação.
A neve caída recentemente possui cerca de 80% de espaços de poro
preenchidos por ar e 20% por sólidos,
mas ela se compacta ao acumular,
degela parcialmente, congela
novamente e é então convertida em um
tipo de neve conhecido como ‘firn’. À
medida que mais neve se acumula, o fim
é soterrado e compactado em seguida, e
recristaliza até que se torna gelo glacial,
que consiste em aproximadamente 90%
de sólidos.
Uma geleira é uma massa de neve recristalizada em movimento sobre a
terra – mas como esse movimento se realiza?
Pois bem, quando a neve e o gelo atingem uma espessura crítica de
aproximadamente 40m, a pressão sobre o gelo no fundo se torna bastante grande
para induzir a um fluxo plástico, um tipo de deformação permanente que não
envolve fratura. As geleiras se movem principalmente pelo fluxo plástico, mas
também deslizam sobre sua superfície subjacente pelo deslizamento basal.

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Fonte: Wicander; Monroe (2014, p. 318).

O deslizamento basal é facilitado pela presença de água, que reduz a


resistência causada pelo atrito entre a superfície subjacente e uma geleira. O
movimento total de uma geleira resulta, então, da combinação de fluxo plástico e
deslizamento basal, embora a primeira ocorra continuamente, enquanto a última
varia dependendo da estação. De fato, se uma geleira está solidamente congelada
na superfície inferior, ela se move somente pelo fluxo plástico.
Vimos basicamente como as geleiras se formam, mas e o controle de sua
distribuição? Ele também é importante. Vejamos então a participação da
temperatura e do volume da neve que cai.
Naturalmente, a temperatura varia com a elevação e a latitude, de modo que
você pode esperar encontrar geleiras em altas montanhas ou em altas latitudes, se
as áreas receberem neve suficiente. Muitas geleiras pequenas estão presentes na
Sierra Nevada, na Califórnia, mas somente em elevações acima de 3.900 m.
Na verdade, as altas montanhas na Califórnia, Oregon e Washington
possuem geleiras, porque além de suas elevações elas recebem enorme quantidade
de neve. De fato, o monte Baker, em Washington, recebeu quase 29m de neve
durante o inverno de 1998-1999. Uma média de queda de neve de 10m ou mais é

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comum em muitas partes dessas montanhas. As geleiras estão também presentes


nas montanhas ao longo da Costa do Pacífico, no Canadá. Essas montanhas
também recebem um considerável volume de neve e, além disso, têm localização
mais setentrional. Alguns dos picos mais elevados nas montanhas Rochosas, tanto
dos Estados Unidos quanto do Canadá, também apresentam geleiras.
Todas as geleiras compartilham algumas características, mas elas também
se distinguem de várias maneiras. Algumas são confinadas em vales de montanhas
ou depressões em formato de meias tigelas, nos lados das montanhas, e fluem de
elevações mais altas para as mais baixas. Outras são de espessura e extensão
maiores; elas fluem para fora dos centros de acumulação e não são confinadas pela
topografia. Consequentemente, os geólogos reconhecem dois tipos básicos de
geleiras – vale e continental e algumas variações sobre esses tipos básicos.
Uma geleira de vale, como seu nome diz, está confinada em um vale de
montanha através da qual flui de elevações mais altas para as mais baixas. Usamos
a expressão geleira de vale aqui, mas geleira alpina ou geleira de montanha são
também sinônimos. Muitas geleiras de vale possuem geleiras tributárias menores
que nelas penetram, do mesmo modo que as correntes possuem seus tributários,
formando uma rede de geleiras em um sistema de vales interconectados.
O formato da geleira de vale é obviamente controlado pelo formato do vale
que ocupa, assim, tais geleiras são línguas de gelo longas e estreitas em
movimento. Onde uma geleira de vale flui de um vale para uma planície mais ampla
e se espalha, ou onde duas ou mais geleiras de vale se fundem na base de uma
cadeia de montanha, forma-se uma cobertura de gelo mais extensa chamada geleira
de piemonte.
As geleiras de vale são invariavelmente pequenas comparadas às geleiras
continentais, mesmo assim, elas podem ter 200 km de comprimento e centenas de
metros de espessura. Por exemplo, a geleira Bering, no Alasca, possui cerca de 200
km de comprimento, e a geleira Saskatchewan, no Canadá, possui 555 m de
espessura.
A erosão e a deposição feitas pelas geleiras de vale são responsáveis por
grande parte do cenário espetacular em lugares como Parque Nacional do Grand

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Teton, Wyomingj Parque Nacional Glaciar, Montaria, Parques Nacionais Waterton,


Banff e Jasper, no Canadá.
As geleiras continentais, também conhecidas como mantos de gelo, cobrem
pelo menos 50 mil km2 e não são confinadas pela topografia, isto é, seu formato e
movimento não são controlados pela paisagem subjacente. As geleiras de vale
fluem morro abaixo dentro dos limites de um vale, mas as geleiras continentais fluem
para fora das áreas centrais de acumulação, em todas as direções, em reação às
variações na espessura do gelo.
As geleiras continentais estão atualmente presentes somente na
Groenlândia e Antártica.
Em ambas as áreas, o gelo possui mais de 3.000m de espessura em suas
áreas centrais, torna-se mais fino em direção às margens e cobre tudo, menos as
montanhas mais altas. As geleiras continentais na Groenlândia cobrem cerca de
1.800.000 km2, e na Antártica as geleiras Antárticas do Leste e do Oeste se fundem
para formar um manto de gelo contínuo que cobre mais de 12.650.000 km2. Durante
o Pleistoceno, as geleiras continentais cobriram grande parte dos continentes do
hemisfério norte e foram responsáveis por muitas formações erosionais e
deposicionais no Canadá e nos Estados de Washington e Maine (WICANDER;
MONROE, 2014).
Se do total de água doce, 2,07% congeladas em geleiras e calotas polares,
só nos restam 0,63% de água doce para aproveitamento racional. Isso justifica a
importância de conhecermos um pouco e monitorar as geleiras, correto?

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UNIDADE 2 – HIDROLOGIA E HIDROGRAFIA

2.1 Conceito e definições


Palavra de origem grega hydor (água) + logos (ciência ou estudo), Hidrologia
é a ciência que estuda a ocorrência, distribuição e movimentação da água no
planeta Terra. A definição atual deve ser ampliada para incluir aspectos de
qualidade da água, ecologia, poluição e descontaminação, ou seja, suas
propriedades físicas e químicas e sua relação com o meio ambiente, incluindo sua
relação com a vida.
É uma ciência ampla!
Hidrografia por sua vez é uma parte específica da geografia física que trata
das águas correntes, paradas, oceânicas e subterrâneas.
Se pensarmos na hidrografia brasileira, esta ocupa um lugar de destaque
entre os elementos naturais. O destaque nesse sentido é proveniente da quantidade
e variedade hídrica presente no país.
Grande parte dos rios brasileiros nasce em relevos com pouca altitude,
exceto o rio Amazonas, que nasce na Cordilheira dos Andes. Com 55.467 km2 , o
país ocupa o primeiro lugar em rede hidrográfica, isso devido à sua extensão. A
riqueza hídrica nacional favorece a presença de rios de grande profundidade, além
de rios largos e extensos e em decorrência do tipo de relevo predominante no país
forma rios de planaltos (RIBEIRO, 2008).
No Brasil, os rios são caudalosos e as bacias hidrográficas extensas,
proporcionando um significativo potencial hídrico no desenvolvimento de usinas
hidrelétricas, captação de água, irrigação, transporte entre outros.
As principais características da hidrografia brasileira são:
ocorrência de grande parte dos rios do tipo caudalosos, isso significa cursos
com elevado volume de água e que não secam (perene), característica
derivada do clima úmido. Somente no sertão nordestino ocorre, em
determinadas localidades, rios temporários;
domínio principal de foz do tipo estuário e alguns rios com foz do tipo delta;
os regimes dos rios brasileiros são de predominância do tipo pluvial, isso quer
dizer que os períodos de cheias e vazantes são determinados pela ocorrência
de chuvas e secas, influência direta do clima na hidrografia;
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modesta quantidade de lagos;


superioridade de rios que deságuam no mar, nascem no interior do país e
percorrem em direção ao oceano, chamado de drenagem do tipo exorreica;
grande parte dos rios corre sobre planaltos e depressões, esses são os tipos
de relevo que mais se destacam no Brasil, favorecendo a instalação de
usinas hidrelétricas.
Em detrimento da abundância hídrica, o Brasil se coloca como um
privilegiado nesse sentido, uma vez que a escassez de água assola muitos países
do mundo.
Apesar dessa riqueza, a população não cuida dos rios, pois diariamente são
lançados esgotos, produtos químicos, lixo e muitos outros detritos nos mesmos
(RIBEIRO, 2008).

2.2 Campos de aplicação da Hidrologia


Hidrologia não é uma ciência inteiramente pura; como dito é ampla, abarca
grande parte do conhecimento humano e tem muitas aplicações práticas como, por
exemplo, no campo da engenharia hidráulica, sanitária e agrícola.
São campos de aplicação científica da Hidrologia:
a) Hidrometeorologia: é a parte da hidrologia que trata da água na atmosfera.
b) Geomorfologia: trata da análise quantitativa das características do relevo de
bacias hidrográficas e sua associação com o escoamento.
c) Escoamento Superficial: trata do escoamento sobre a superfície da bacia.
d) Interceptação Vegetal: avalia a interceptação pela cobertura vegetal da bacia
hidrográfica.
e) Infiltração e Escoamento em Meio Não-Saturado: observação e previsão da
infiltração e escoamento da água no solo.
f) Escoamento em Rios, Canais e Reservatórios: observação da vazão dos
canais e cursos de água, e do nível dos reservatórios.
g) Evaporação e Evapotranspiração: perda de água pelas superfícies livres de
rios, lagos e reservatórios, e da evapotranspiração das culturas.
h) Produção e Transporte de Sedimentos: quantificação da erosão do solo.

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i) Qualidade da Água e Meio Ambiente: trata da quantificação de parâmetros


físicos, químicos e biológicos da água e sua interação com os seus usos na
avaliação do meio ambiente aquático (CARVALHO; SILVA, 2006).
Algumas áreas em que a hidrologia foi subdividida são as seguintes:
• limnologia – refere-se ao estudo dos lagos e reservatórios;
• potamologia ou fluviologia – trata do estudo dos rios;
• glaciologia ou criologia – é a área da ciência relacionada com a neve e o gelo
na natureza;
• hidrogeologia – é o campo científico que trata das águas subterrâneas.
Entretanto, cabe salientar que a maioria dos estudos envolve mais de uma
das subáreas, já que os fenômenos e processos envolvendo a água na natureza
(ocorrência, distribuição, propriedades físico-químicas, entre outros) estão inter-
relacionados, de tal forma que a explicação e o entendimento dos mesmos só são
alcançados mediante a reunião dos conhecimentos das diversas subáreas.
Paz (2004) cita como exemplo o estudo dos processos de deposição de
nutrientes e sedimentos em um reservatório (limnologia) que não pode ser feito sem
a caracterização do aporte dessas substâncias oriundo do curso d’água (rio) barrado
para formar o reservatório (potamologia).
Carvalho e Silva (2006) citam outras aplicações da Hidrologia quando
voltada para os diferentes problemas que envolvem a utilização dos recursos
hídricos, preservação do meio ambiente e ocupação da bacia hidrográfica:
planejamento e gerenciamento da bacia hidrográfica – planejamento e
controle do uso dos recursos naturais;
abastecimento de água – limitação nas regiões áridas e semiáridas do país;
drenagem urbana – cerca de 75% da população vive em área urbana.
Enchentes, produção de sedimentos e problemas de qualidade da água;
aproveitamento hidrelétrico – a energia hidrelétrica constitui 92% de toda
energia produzida no país. Depende da disponibilidade de água, da sua
regularização por obras hidráulicas e o impacto das mesmas sobre o meio
ambiente;
uso do solo rural – produção de sedimentos e nutrientes, resultando em perda
do solo fértil e assoreamento dos rios;

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controle de erosão – medidas de combate à erosão do solo;


controle da poluição e qualidade da água – tratamento dos despejos
domésticos e industriais e de cargas de pesticidas de uso agrícola;
irrigação – a produção agrícola em algumas áreas depende essencialmente
da disponibilidade de água;
navegação;
recreação e preservação do meio ambiente;
preservação dos ecossistemas aquáticos.

Paz (2004) explica que os problemas relacionados à água, geralmente,


requerem um enfoque multidisciplinar, segundo o qual diversos especialistas
contribuem em suas áreas para entender a situação e alcançar a melhor alternativa,
sob determinados critérios. Um exemplo disso é um projeto que vise o barramento
de um rio para formação de um reservatório, com o objetivo de captar água para
abastecimento humano e irrigação.
Simplificadamente, poder-se-ia dizer que o hidrólogo seria responsável pela
caracterização da área contribuinte ao reservatório, estimando a vazão afluente e
dimensionando a barragem; ao especialista em hidráulica caberia projetar o sistema
de captação, bombeamento e distribuição da água; o biólogo analisaria o impacto do
barramento do rio sobre o ecossistema, em particular sobre a biota aquática, bem
como no levantamento das espécies que habitam a região a ser alagada; o
sociólogo (e psicólogo) estaria envolvido com a remoção da população residente na
área alagada pela barragem, a qual seria realocada; a vegetação que ficaria
submersa com o enchimento do lago iria se degradar, merecendo o devido
monitoramento da qualidade da água, que poderia ser realizado por um especialista
na área de saneamento/química; o agrônomo iria definir as condições de irrigação
das culturas agrícolas atendidas, e assim por diante.

2.3 Fatos que marcaram a história da Hidrologia


A importância da água na história da humanidade é identificada quando se
observa que os povos e civilizações se desenvolveram às margens de corpos
d’água, como rios e lagos. A seguir, Paz (2004) lista alguns fatos marcantes da

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história da hidrologia, de maneira superficial, mas que podem ser aprofundadas com
as referências ao final do módulo.
a) Diversos autores citam registros de que no Egito Antigo, na época dos
faraós, existiram obras de irrigação e drenagem. Também na Mesopotâmia, na
região conhecida como Crescente Fértil, entre os rios Tigre e Eufrates, a água já era
usada para irrigação.
b) Os filósofos gregos são considerados os primeiros a estudar a hidrologia
como ciência. Por exemplo, Anaxágoras, que viveu entre 500 e 428 a.C., tinha
conhecimento de que as chuvas eram importantes na manutenção do equilíbrio
hídrico na Terra.
c) Apenas na época de Leonardo da Vinci é que o ciclo hidrológico veio a ser
melhor compreendido. Um fato relevante foi o realizado por Perrault, no século 17,
que analisou a relação precipitação-vazão, comparando a precipitação com dados
de vazão.
d) No século 19, dá-se o início de medições sistemáticas de vazão e
precipitação;
e) Até a década de 30, prevalece o empirismo, procurando descrever os
fenômenos naturais, enquanto até a década de 50 é predominante o uso de
indicadores estatísticos dos processos envolvidos;
f) Com o advento do computador em conjunto com o aprimoramento de
técnicas estatísticas e numéricas, deu-se um grande avanço na hidrologia.
Foram desenvolvidos modelos de precipitação-vazão e avanços na
hidrologia estocástica. O escoamento subterrâneo, a limnologia e a modelação
matemática de processos constituem outros desenvolvimentos importantes.
A modelagem ajuda a entender e explicar padrões de ocorrência e possibilita
simular cenários futuros, fornecendo subsídios importantes para responder a
perguntas do tipo “o que aconteceria se...?”. Um exemplo de modelagem de
processos é a simulação da circulação da água e do transporte de poluentes em um
lago ou rio. Com um modelo computacional, é possível inferir sobre o que
aconteceria se ocorresse um vazamento de óleo próximo a um lago, em termos de
áreas atingidas, tempo de deslocamento da mancha de óleo, entre outros. Isso tudo

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sem o processo estar ocorrendo, apenas hipoteticamente, o que permite prever


impactos e traçar alternativas de combate previamente.

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UNIDADE 3 – A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA

A superfície de nosso planeta é constituída por apenas 30% de terra firme e


os 70% restantes são de água, mas nem toda essa água está disponível para uso
humano, uma vez que 97% são águas salgadas e apenas 3% são doces. Destes,
apenas 0,6% são águas doces superficiais sendo que um pouco mais da metade
está disponível nos lagos e nos rios. O corpo humano também é em sua maior parte
constituído por água e, por isso, a vida depende diretamente dela.
Cada vez mais é observável o crescimento da consciência humana sobre a
importância vital da água, porém, mesmo sabendo da incomensurável importância
para a vida e do risco eminente da falta da mesma, muitos ainda continuam poluindo
rios e reservatórios com esgotos domésticos e industriais, retirando vegetação
protetora das margens e mananciais, o que apressa seu assoreamento,
envenenando com metais pesados e agrotóxicos, construindo em suas margens e
modificando seus cursos, além de muitas outras agressões. Ao mesmo tempo,
empresas multinacionais, que já entenderam o valor vital da água, resolveram agora
embutir um valor econômico, transformando o que deveria ser direito de todos em
mais um bem de consumo, um produto para enriquecer ainda mais quem já tem
bastante dinheiro.
A natureza, o homem e até mesmo as cidades estão interligados e
dependem de um equilíbrio do ciclo da água. Enquanto o ser humano não tratar o
lixo e esgoto produzidos nas áreas urbanas, não existirá a garantia de mananciais e
rios saudáveis. Por isso, é preciso combater a poluição dos rios, impedir a ocupação
irregular de seus leitos e, principalmente, investir na recomposição das matas
ciliares e dos mananciais.
Sabe-se que a vegetação ciliar, ou matas de galeria, atuam como um
amortecedor das chuvas, ajudando o solo a absorver cerca de 99,5% das suas
águas, que são posteriormente liberadas lentamente para o lençol freático,
mantendo desde mananciais e rios até olhos d’água e nascentes.
No ambiente urbano, a água tem um papel fundamental, podendo ser fonte
de vida ao saciar a sede e ajudar na higiene, ou, por outro lado, ser fonte de graves
doenças, quando é poluída pelos próprios dejetos humanos, transformando-se em
um veículo para micro e macro organismos maléficos.
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Dentre outras importâncias da água, ela também é essencial para regular o


clima da cidade, pois como tem capacidade de armazenar calor pode colaborar com
o arrefecimento da mesma. Em cidades onde a água e a vegetação aparecem com
menor frequência, o micro clima urbano pode variar em até 9ºC a mais do que em
ambientes naturais (ARAÚJO JUNIOR, 2007).
A chuva faz parte do ciclo da água, e é graças a ela que muitos de nossos
mananciais se mantêm abastecidos, que nossas lavouras continuam produzindo
alimentos para nossa mesa, porém, ao encontrar o solo impermeabilizado da cidade,
o que é uma dádiva para a agricultura, pode se tornar um pesadelo para muitos.
Ainda de acordo com Araújo Júnior (2007), a ocupação irregular em áreas
de alagamento (várzeas), a poluição excessiva, a retirada indiscriminada das matas
ciliares e a própria impermeabilização do solo urbano são responsáveis por
enchentes que deixam milhares de pessoas desabrigadas todos os anos. É a
natureza dando sua resposta pelos ataques que sofre.
Enfim, a água é uma grande aliada da vida, mas muitas vezes o ser humano
a transforma em uma arma por não respeitá-la da forma devida. O futuro de todo o
planeta depende dela e da consciência de cada ser humano.
Carvalho e Silva (2006) resumem com muita propriedade que a água é um
recurso natural indispensável para a sobrevivência do homem e demais seres vivos
no Planeta. É uma substância fundamental para os ecossistemas da natureza. É
importante para as formações hídricas atmosféricas, influenciando o clima das
regiões. No caso do homem, é responsável por aproximadamente ¾ de sua
constituição. Infelizmente, este recurso natural, encontra-se cada vez mais limitado e
está sendo exaurido pelas ações impactantes nas bacias hidrográficas (ações do
homem), degradando a sua qualidade e prejudicando os ecossistemas.

3.1 A geografia da água no mundo


Vivemos em um planeta com uma superfície abundante em água. Um
volume total de 1 bilhão e 400 milhões de Km³. Aproximadamente, 97% (noventa e
sete por cento) desta água é salgada, o que o torna imprópria para o consumo
humano.

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A cada momento esta quantidade de água disponível no planeta, está sendo


contaminada e poluída pelo seu múltiplo uso. A situação ambiental planetária é
preocupante. É urgente e necessária a mudança de hábito, comportamento dos
homens e mulheres habitantes de GAIA (James Lovlock - Teoria de Gaia), no
sentido de buscar a sustentabilidade desejada para a continuidade da vida na terra.
Para que haja a continuidade da vida (da biodiversidade) no planeta, é
fundamental a preservação e a conservação dos corpos hídricos, que possa garantir
à população água em quantidade e qualidade respeitando seu ciclo natural. É neste
contexto que a gestão participativa da água em todo território brasileiro ganha sua
importância (AGUIAR, 2007).
Segundo dados disponibilizados por Araújo Junior (2007), nos últimos 50
anos, a população mundial passou de 2,5 bilhões de pessoas para
aproximadamente 7,2 bilhões. Estima-se que até 2050, o planeta tenha entre 9 e 11
bilhões de habitantes. É perceptível que com este crescimento populacional, cresce
também a demanda por alimentos, por energia, por água e recursos minerais,
aumentando também a poluição e a degradação ambiental.
Atualmente, a proporção de área cultivada por pessoa caiu de
0,24ha/pessoa em 1950 para 0,12ha/pessoa em 2000. Calcula-se que em 2050, a
proporção será de 0,08ha/pessoa. A terra agriculturável é cada vez mais escassa e
a biotecnologia já provou não ser eficiente no aumento da produtividade.
Dentro deste contexto, uma das grandes esperanças está depositada nos
oceanos e nos mares. Dois terços da superfície do planeta estão cobertos por águas
salgadas, caracterizando-se como uma fonte importantíssima de riquezas, de
energia e, principalmente, de alimentos. Se forem explorados de maneira
sustentável, os oceanos e os mares podem contribuir em muito com a solução de
nossos principais problemas.
Todos os anos são capturados no mundo cerca de 90 milhões de toneladas
de peixes, que além de gerar renda para milhares de famílias de pescadores e de
comerciantes, ainda ajudam a amenizar a fome e a melhorar a dieta de muitos. Os
oceanos também ajudam a estabilizar o clima mundial, são fonte de água potável,
após tratamento especial, em muitos países onde a água doce é escassa, e também

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são considerados uma importante fonte alternativa de energia elétrica e de


combustíveis fósseis.
Com todos estes argumentos, fica fácil perceber que a vida e o futuro na
Terra dependem também da utilização correta, não só das águas “doces”, mas, dos
mares e dos oceanos, porém, o ser humano não está tomando todos os cuidados
necessários.
Mas vamos a mais números?
A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que, se o descaso com os
recursos hídricos continuar, metade da população mundial não terá acesso à água
limpa a partir de 2025. Hoje, este problema já afeta cerca de 20% da população do
planeta – mais de 1 bilhão de pessoas. Mantendo-se as taxas de consumo e
considerando um crescimento populacional à razão geométrica de 1,6% a.a., o
esgotamento da potencialidade de recursos hídricos pode ser referenciado por volta
do ano 2053. Portanto, as disponibilidades hídricas precisam ser ampliadas e, para
tanto, são necessários investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico
para exploração viável e racional da água (CARVALHO; SILVA, 2006).
O continente da América do Sul conta com abundantes recursos hídricos,
porém existem consideráveis diferenças entre as distintas regiões nas quais os
problemas de água se devem, sobretudo ao baixo rendimento de utilização,
gerenciamento, contaminação e degradação ambiental. Segundo a FAO, a
Argentina, o Peru e o Chile já enfrentam sérios problemas de disponibilidade e
contaminação da água por efluentes agroindustriais. A situação brasileira não é de
tranquilidade, embora seja considerado um país privilegiado em recursos hídricos.
Contudo, conflitos de qualidade, quantidade e déficit de oferta já são realidade.
Outra questão refere-se ao desperdício de água estimado em 40% por uso
predatório e irracional. Por exemplo, em Cuiabá, o desperdício chega a 53% de toda
água encanada e na cidade de São Paulo, a população convive com um desperdício
de 45% nos 22000 km de encanamentos, causados por vazamentos e ligações
clandestinas. Enquanto a escassez de água é cada vez mais grave, na região
nordeste, a sobrevivência, a permanência da população e o desenvolvimento
agrícola dependem essencialmente da oferta de água.

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O Brasil é o país mais rico em água doce, com 12% das reservas mundiais.
Do potencial de água de superfície do planeta, concentram-se 18%, escoando pelos
rios aproximadamente 257.790 m3.s-1. Apesar de apresentar uma situação
aparentemente favorável, observa-se no Brasil uma enorme desigualdade regional
na distribuição dos recursos hídricos (figura abaixo).

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Recursos hídricos no Brasil

Quando comparamos estas situações com a abundância de água na Bacia


Amazônica, que corresponde às regiões Norte e Centro-Oeste, contrapondo-se a
problemas de escassez no Nordeste e conflitos de uso nas regiões Sul e Sudeste, a
situação agrava-se. Ao se considerar em lugar de disponibilidade absoluta de
recursos hídricos renováveis, àquela relativa à população deles dependentes, o
Brasil deixa de ser o primeiro e passa ao vigésimo terceiro no mundo. Mesmo
considerando-se a disponibilidade relativa, existe ainda em nosso país o problema
do acesso da população à água tratada, por exemplo, podemos citar a cidade de
Manaus, que está localizada na Bacia Amazônica e grande parte das moradias não
recebe água potável. No Brasil, cerca de 36% das moradias, ou seja,
aproximadamente 20 milhões de residências, não têm acesso a água de boa
qualidade, segundo dados do IBGE.

3.2 Ciclo hidrológico


A água, nas condições normais de pressão e temperatura, em estado puro,
é um líquido sem cor nem gosto ou odor, formado por dois átomos de hidrogênio e
um de oxigênio, em cada molécula. Quimicamente, é um óxido de hidrogênio, com a
fórmula H2O. Abaixo de 0°C, a água se solidifica em forma de gelo. Quando
aquecida a 100°C, entra em ebulição, formando um gás incolor chamado vapor
d’água.

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Ciclo hidrológico

Com o calor proveniente do sol, parte das águas superficiais e dos oceanos
evapora-se continuamente, formando vapor de água. Esse vapor sobe para a
atmosfera e, resfriando-se, condensa em pequenas gotas de água.
Conjuntos destas pequenas gotas formam as nuvens. Fatores diversos
provocam o resfriamento da água contida na nuvem, ocasionando as precipitações,
em suas diversas formas, sobre a superfície terrestre. Assim, os solos, os rios, os
riachos e os oceanos são alimentados de água. O processo continua,
repetidamente, sendo conhecido como o ciclo da água ou ciclo hidrológico (TELLES,
2012).
Paz (2004) nos lembra que embora sejam estimados os volumes em cada
um dos “reservatórios” na Terra (conforme a tabela abaixo), é importante lembrar
que a água está em constante movimento, constituindo o que se denomina de ciclo
hidrológico. Esse ciclo tem o Sol como principal fonte de energia, através de sua
radiação, e o campo gravitacional terrestre como a principal força atuante.

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Distribuição da água na Terra

Fonte: Setti et al. (2001 apud PAZ, 2004, p. 6).

Anualmente, um volume da ordem de 577.200 km³ sobe da Terra para a


atmosfera, sob a forma de vapor (sendo 503.000 km³ evaporados dos oceanos e
74.200 km³ evapotranspirados das terras emersas). A quantidade de água meteórica
que cai nas formas de chuva, neve e neblina, é de 458.000 km³ nos oceanos e
119.000 km³ nos continentes.
A diferença entre as quantidades de água que evaporam e caem nos
oceanos (47.000 km³/ano) representa a umidade que é transferida para os
continentes. Por outro lado, a diferença entre o volume precipitado nas terras
emersas e o dele evapotranspirado (44.800 km³/ ano) é o excedente hídrico que se
transforma em fluxos dos rios, alimenta a umidade do solo e os aquíferos
subterrâneos.
Todos os organismos necessitam de água para sobreviver, sendo sua
disponibilidade um dos fatores mais importantes a moldar ecossistemas. É

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fundamental que a água apresente condições adequadas para sua utilização pelos
seres vivos.
Lembramos que o ciclo hidrológico não apresenta um “começo” nem um
“fim”, já que a água está em movimento contínuo, sendo o início da descrição do
ciclo realizado a partir da evaporação dos oceanos apenas por questões didáticas.
Guarde...
De maneira simplificada, o ciclo hidrológico pode ser descrito da seguinte
forma:
ocorre evaporação da água dos oceanos e formação do vapor de água;
sob determinadas condições, o vapor precipita na forma de chuva, neve,
granizo, entre outras (precipitação);
parte da precipitação não chega nem a atingir a superfície terrestre, sendo
evaporada;
boa parte da precipitação atinge diretamente a superfície de lagos e oceanos,
daí evaporando parcela;
da precipitação que atinge a superfície terrestre, uma parte é interceptada
pela cobertura vegetal (interceptação), de onde parte evapora e parte acaba
escorrendo até o solo;
da precipitação que chega ao solo, parcela infiltra subsuperficialmente
(infiltração), e desta uma parte escoa até corpos d’água próximos, como rios e
lagos (escoamento subsuperficial);
uma parte infiltrada percola atingindo os aquíferos (percolação), que escoam
lentamente até rios e lagos (escoamento subterrâneo);
ainda quanto à parte da precipitação que atinge o solo, esta vai escoar
superficialmente (escoamento superficial), sendo retida em depressões do
solo, sofrendo infiltração, evaporação ou sendo absorvida pela vegetação. O
“restante” do escoamento superficial segue para rios, lagos e oceanos,
governada pela gravidade;
a vegetação, que retém água das depressões do solo e infiltrações, elimina
vapor d’água para a atmosfera (transpiração), através do processo de
fotossíntese;

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a água que alcança os rios, seja por escoamento superficial, subsuperficial ou


subterrâneo, ou mesmo precipitação direta, segue para lagos e oceanos,
governada pela gravidade.

3.3 Características e propriedades da água


a) Características físicas da água
De acordo com Braga et al. (2002), a densidade da água é elevada, cerca de
oitocentas vezes superior à densidade do ar. Este fato determina a interface bem
definida entre o meio aquático superior e a atmosfera. A densidade da água varia
com a temperatura, a pressão e a concentração de substâncias dissolvidas. Suas
variações são muito pequenas, mas suficientes para dar origem a uma série de
fenômenos sob o aspecto ambiental. A densidade da água atinge seu maior valor a
4ºC (1.000 kg/m³).
A 0ºC, a densidade da água é menor que a 4ºC, o que faz com que o gelo
(água no estado sólido) flutue sobre a água em estado líquido. Mas mesmo quando
há gelo sobre a superfície dos corpos de água, sua parte inferior pode permanecer
no estado líquido, possibilitando a existência de vida aquática.
A presença de sais dissolvidos, em maior ou menor concentração, afeta a
densidade da água. Assim, por exemplo, as águas salgadas, em virtude da presença
de sais, são mais densas que as águas doces. Esse fato é de muita relevância nos
estuários que recebem água doce de montante e água salina dos mares e oceanos.
Desse modo, determinadas substâncias podem ser transportadas em ambos os
sentidos nesses ambientes (TELLES, 2012).
Braga et al. (2002) afirmam que a importância da penetração da luz nos
meios aquáticos é clara, pois é fator fundamental para a fotossíntese e, dessa forma,
pode modificar toda a biota do corpo de água. A cor e a turbidez da água afetam
substancialmente a penetração da luz no meio aquático. A cor pode ser classificada
como real ou aparente. A cor real está relacionada com presença de substâncias
dissolvidas e afeta a penetração da luz. A cor aparente está associada a reflexos
originados na paisagem ao redor do corpo de água e à cor do leito. Partículas
minerais e algas também alteram a turbidez da água.

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A viscosidade da água é inversamente alterada em função das variações de


sua temperatura: maior temperatura significa menor viscosidade. Assim, despejos de
água quente podem ser danosos aos ecossistemas aquáticos, pois, com a
diminuição da viscosidade, a velocidade de sedimentação dos fitoplânctons
aumenta, afastando-os da zona mais iluminada, reduzindo ou cessando a
fotossíntese.
O calor específico da água é bastante elevado, portanto, a água pode liberar
ou absorver grandes quantidades de calor sob variações pequenas de temperatura.
Essa propriedade faz que a água seja muito utilizada em refrigeração de
motores e processos industriais. O alto calor específico da água produz variações
nos meios aquáticos, assim, toda sua biota não se adapta para viver em grandes
variações de temperatura.
A tensão superficial da água oferece resistência à penetração da luz,
criando, na superfície, um habitat de muitas espécies de animais que vivem sobre
ela. Para pequenos organismos, essa tensão superficial constitui barreiras para que
não escapem do corpo de água. A presença de detergentes restringe a tensão
superficial, afetando sobremaneira organismos que dependem dela e criando outros
problemas, como a geração de espumas.

b) Características químicas da água


A água é um ótimo solvente, sendo considerada solvente universal, pois é
capaz de dissolver uma grande variedade de substâncias orgânicas e inorgânicas.
Por outro lado, algumas substâncias dissolvidas nas águas naturais são essenciais à
sobrevivência dos organismos aquáticos.
O pH, potencial hidrogeniônico, é a medida da acidez ou alcalinidade de
uma solução. O pH da água pura a 25ºC é igual a 7, variando de 0 a 7 nos meios
ácidos e de 7 a 14 nos alcalinos. O valor do pH rege muitas reações químicas que
ocorrem no meio ambiente e também nos sistemas biológicos. Valores do pH entre
6,5 e 8,5 não provocam grandes danos nos organismos aquáticos.
Os sais dissolvidos servem como nutrientes para os organismos autótrofos
que são fundamentais nas cadeias alimentares no meio aquático. Esses organismos
necessitam de quantidades moderadas de sais de cálcio, magnésio, sílica, sódio,

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potássio e de quantidades mínimas de sais de manganês, zinco, cobre e ouro.


Porém, os sais de fósforo e de nitrogênio são fatores limitantes para o
desenvolvimento desses organismos no ambiente, de modo que um aumento na
concentração desses sais pode gerar uma proliferação de algas, provocando, assim,
a eutrofização.
A presença de gases dissolvidos naturalmente na água, como o oxigênio e o
dióxido de carbono, permite a respiração aeróbia e a fotossíntese. A água do mar
apresenta menor concentração de gases dissolvidos do que a água doce, nas
mesmas condições de pressão e temperatura, em virtude da maior concentração de
sais dissolvidos (TELLES, 2012).
c) Características biológicas da água
Os organismos aquáticos se dividem nos seguintes grupos: peixes, anfíbios,
répteis, aves, mamíferos, vírus, bactérias, vermes, fungos, algas, macrófitas,
protozoários rotíferos, crustáceos, insetos e moluscos. Esses organismos também
podem ser classificados pelo meio onde vivem. O plâncton é a comunidade de seres
vivos que vivem em suspensão no meio aquático, sendo genericamente subdivididos
em fitoplâncton (comunidade vegetal) e zooplâncton (comunidade animal). O nécton
refere-se aos organismos que possuem capacidade de locomoção própria. Os
organismos que habitam os leitos dos corpos de água são os bentônicos.
Havendo condições físicas e químicas adequadas, poderá surgir, nos meios
aquáticos, uma cadeia alimentar composta por organismos produtores,
consumidores de várias ordens e decompositores. Esses organismos desempenham
papéis importantes no meio aquático, sendo fonte de alimentação para o ser
humano, atuando na recuperação da qualidade de águas poluídas e, também, na
ocorrência de uma série de
doenças, conhecidas como de
veiculação hídrica.

d) Propriedades da água
A água é uma das poucas
substâncias inorgânicas que se
apresenta no estado líquido nas

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condições normais de pressão e temperatura.


A Tabela ao lado apresenta algumas propriedades da água, usadas
principalmente em cálculos de dimensionamento.
Principais propriedades da água:

3.4 Qualidade e usos múltiplos da água


Em função de suas qualidades e quantidades, a água propicia vários tipos
de uso, isto é, múltiplos usos. O uso dos recursos hídricos por cada setor pode ser
classificado como consuntivo e não consuntivo.
a) Uso Consuntivo. É quando, durante o uso, é retirada uma determinada
quantidade de água dos mananciais e depois de utilizada, uma quantidade menor
e/ou com qualidade inferior é devolvida, ou seja, parte da água retirada é consumida
durante seu uso. Exemplos: abastecimento, irrigação, entre outros.
b) Uso Não Consuntivo. É aquele uso em que é retirada uma parte de água
dos mananciais e depois de utilizada, é devolvida a esses mananciais a mesma
quantidade e com a mesma qualidade, ou ainda nos usos em que a água serve
apenas como veículo para uma certa atividade, ou seja, a água não é consumida
durante seu uso. Exemplos: pesca, navegação, entre outros. (CARVALHO; SILVA,
2006).
Por suas dimensões continentais, o Brasil é um país em que é difícil o
controle da qualidade das águas superficiais. Há uma heterogeneidade de redes de
monitoramento que, em boa parte, é operada pelos estados, que adotam diferentes
abordagens, parâmetros e frequência de coleta (TELLES, 2012).
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA, 2010), 17 das 27
unidades da Federação possuem redes de monitoramento da qualidade da água,
totalizando 2.259 pontos, com um número variável de parâmetros analisados e
frequência de coleta.
Apenas quatro parâmetros (pH, oxigênio dissolvido, condutividade e
temperatura) são monitorados na rede de 1.340 pontos acompanhados pela ANA.
O índice de qualidade da água (IQA) vem sendo adotado por décadas e é o
principal indicador da qualidade da água no País. O IQA é composto por nove
parâmetros (oxigênio dissolvido, coliformes fecais, potencial hidrogeniônico (pH),

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demanda bioquímica de oxigênio, temperatura, nitrogênio total, fósforo total, turbidez


e resíduo total). O IQA foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água, visando ao
abastecimento público, e não deve, portanto, ser adotado para usos como recreação
e preservação da vida aquática (TELLES, 2012).
No mundo, 10 milhões de pessoas morrem anualmente de doenças
transmitidas por meio de águas poluídas: tifo, malária, cólera, infecções diarreicas e
esquistossomose. Segundo a ONU, a cada 25 minutos morre no Brasil, uma criança
vítima de diarreia, doença proveniente do consumo de água de baixa qualidade.
Com o aumento de 50% ao acesso à água limpa e potável nos países em
desenvolvimento, faria com que aproximadamente 2 milhões de crianças deixassem
de morrer anualmente por causa de diarreia.
A qualidade da água pode ser alterada com medidas básicas de educação e
a implementação de uma legislação adequada. O saneamento básico é de
fundamental importância para a preservação dos recursos hídricos, pois cada 1 litro
de esgoto inutiliza 10 litros de água limpa. Essas medidas além de salvar vidas
humanas ainda iriam proporcionar economia dos recursos públicos, pois a cada R$
1,00 investido em saneamento básico estima-se uma economia de R$ 10,00 em
saúde (CARVALHO; SILVA, 2006).

3.5 Poluição das águas


Segundo Vesentini (2005), desde os tempos mais remotos, o ser humano
costuma lançar seus detritos nos cursos de água. Até a Revolução Industrial, esse
procedimento não causava grandes problemas, já que os rios, lagos e,
principalmente, os oceanos têm considerável poder de autolimpeza, de purificação.
Com a industrialização, a situação começou a sofrer profundas alterações. O
volume de detritos despejados nas águas tornou-se cada vez maior, superando a
capacidade de purificação dos rios e talvez até mesmo a dos oceanos, que, apesar
de imensa, é limitada.
Além disso, uma grande quantidade de materiais não biodegradáveis, ou
seja, que não são decompostos pela natureza, passou a ser despejada na água.
Tais materiais, como os plásticos, a maioria dos detergentes e os pesticidas, vão se

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acumulando nos rios, lagos e oceanos, diminuindo a capacidade de retenção de


oxigênio das águas e, consequentemente, prejudicando a vida aquática.
A água empregada para resfriar os equipamentos nas usinas termelétricas e
nucleares e em alguns tipos de indústrias também causa sérios problemas de
poluição.
Essa água, que é lançada nos rios ainda quente, faz aumentar a
temperatura da água do rio e provoca a eliminação de algumas espécies de peixes,
a proliferação excessiva de outras e, em alguns casos, a destruição de todas.
Um dos maiores poluentes dos oceanos é o petróleo. Com o intenso tráfego
de navios petroleiros, esse tipo de poluição alcança níveis elevadíssimos. Além dos
vazamentos causados por acidentes, em que milhares de toneladas de óleo são
despejadas na água, os navios soltam petróleo no mar rotineiramente para a
lavagem de seus reservatórios. Esses resíduos de petróleo lançados ao mar com a
água da lavagem representam cerca de 0,4% a 0,5% da carga total.
É muito difícil calcular com exatidão a quantidade de petróleo lançada no
mar. Estima-se que, na década de 1990, mais de 1 milhão de toneladas de petróleo
foram despejadas no mar em decorrência de acidentes, limpeza dos petroleiros,
exploração em alto-mar e até por causas naturais. Numerosas praias francesas e
italianas no Mediterrâneo foram declaradas poluídas por petróleo e algumas até já
foram interditadas para banho de mar. E os acidentes com navios superpetroleiros
continuam frequentes.
Em 1993, por exemplo, um navio liberiano naufragou e derramou cerca de
85 mil toneladas de petróleo nas águas próximas às ilhas Shetland, na Escócia,
consideradas até então um santuário ecológico pela variedade de peixes. Em 1994,
um navio russo acidentado lançou cerca de 280 mil toneladas de óleo no mar da
região Ártica.
É possível recuperar águas poluídas, principalmente no caso dos rios. O
maior exemplo disso é o rio Tâmisa que atravessa a cidade de Londres. Por volta de
1955, esse rio era apenas um esgoto a céu aberto, do qual os peixes haviam
desaparecido por completo. Graças a um intenso tratamento realizado na década de
1960, ele é atualmente um rio limpo, com inúmeras espécies de peixes.

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O tratamento das águas poluídas, porém, é um processo demorado e caro.


O ideal, realmente, é prevenir e não remediar. Temos de lembrar ainda que a
poluição das águas agrava o problema da escassez de água potável para as
populações de inúmeras regiões do planeta (VESENTINI, 2005).

3.6 Tratamento da água para consumo humano


Fazendo um recorte na história e nos situando em 1840, nessa época já
havia referência que as epidemias de febre tifoide e de cólera em Londres estavam
relacionadas com águas de má qualidade.
Ate o início do século XX não havia padrões de qualidade para a água
potável.
Um dos tratamentos mais antigos e eficazes é a fervura da água, porém, do
ponto de vista prático, restrita a aplicação no âmbito das unidades residenciais. Em
1870, e durante alguns anos posteriores, o uso de filtros de areia e de outras
técnicas de tratamento ainda visava melhorar o aspecto estético da água, eliminar o
odor e melhorar o sabor. O avanço do conhecimento deu então lugar ao tratamento
da água com vistas à proteção à saúde.
De todo modo, a construção de um sistema completo de abastecimento de
água requer muitos estudos e pessoal altamente especializado.
Para iniciarem-se os trabalhos, é necessário definir-se:
a população a ser abastecida;
a taxa de crescimento da cidade; e,
suas necessidades industriais.
Com base nessas informações, o sistema é projetado para servir a
comunidade durante muitos anos, com a quantidade suficiente de água tratada.
Um sistema convencional de abastecimento de água é constituído das
seguintes unidades: – captação – adução – estação de tratamento – reservação –
redes de distribuição – ligações domiciliares.
A seleção da fonte abastecedora de água é processo importante na
construção de um sistema de abastecimento.
Deve-se, por isso, procurar um manancial com vazão capaz de proporcionar
perfeito abastecimento à comunidade, além de ser de grande importância a

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localização da fonte, a topografia da região e a presença de possíveis focos de


contaminação.
A captação pode ser superficial ou subterrânea. A superficial é feita nos rios,
lagos ou represas, por gravidade ou bombeamento. Se por bombeamento, uma casa
de máquinas é construída junto à captação. Essa casa contém conjuntos de
motobombas que sugam a água do manancial e a enviam para a estação de
tratamento.
A subterrânea é efetuada através de poços artesianos, perfurações com 50
a 100 metros feitas no terreno para captar a água dos lençóis subterrâneos. Essa
água também é sugada por motobombas instaladas perto do lençol d’água e
enviada à superfície por tubulações. A água dos poços artesianos está, em sua
quase totalidade, isenta de contaminação por bactérias e vírus, além de não
apresentar turbidez.
O tratamento da água envolve o emprego de diferentes operações e
processos unitários para adequar a água de diferentes mananciais aos padrões de
qualidade definidos pelos órgãos de saúde e agencias reguladoras.
As exigências de qualidade da água evoluíram e prosseguem, em processo
contínuo, acompanhando os avanços do conhecimento técnico e científico. Os
padrões de qualidade tornam-se gradativamente mais exigentes. As tecnologias
convencionais de tratamento, visando a clarificação e desinfecção da água, foram
sendo aprimoradas, incorporando novas técnicas ou variantes, tais como a flotação,
a filtração direta, a filtração em múltiplas etapas, além do emprego de novos
desinfetantes (e, por conseguinte, a geração de novos produtos secundários de
desinfecção).
Em paralelo, o desafio da remoção de substâncias químicas e, mais
recentemente de microcontaminantes, impôs o emprego/desenvolvimento de outras
técnicas de tratamento como a adsorção em carvão ativado, a oxidação, a
precipitação química e a volatilização, e de processos de separação por membranas
(microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose reversa).
Enfim, técnicas mais sofisticadas para a detecção e quantificação de
substâncias e organismos diversos se mantêm em constante e rápida evolução. A
detecção e quantificação de concentrações cada vez menores de contaminantes

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capazes de resultar em efeitos crônicos para a saúde, bem como o reconhecimento


de novos patógenos de veiculação hídrica, tendem a diversificar e tornar mais
rigorosos os padrões de potabilidade, impondo, concomitantemente, o desafio da
inovação tecnológica no tratamento da água para consumo humano (CEBALLOS;
DANIEL; BASTOS, 2009).
Abaixo um exemplo de estação de tratamento de água – esquema da
COPASA – MG

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Estação de tratamento de água – esquema COPASA

Fonte: COPASA-MG

Dentre os processos de tratamento de água de captação superficial temos:


a) Redução da dureza da água
Em algumas águas (tanto superficiais quanto subterrâneas), é necessário
reduzir sua dureza para que possam ser utilizadas como fonte de água potável.
Essa dureza é causada por cátions multivalentes ou “minerais” como o cálcio,
magnésio e ferro.

b) Coagulação e floculação
Substâncias coagulantes são adicionadas na água com a finalidade de
reduzir as forças eletrostáticas de repulsão, que mantém separadas as partículas em
suspensão, as coloidais e parcela das dissolvidas. Dessa forma, eliminando-se ou
reduzindo-se a “barreira de energia” que impede a aproximação entre as diversas
partículas presentes, criam-se condições para que haja aglutinação das mesmas,
facilitando sua posterior remoção por sedimentação e/ou filtração. Os coagulantes
mais utilizados são o sulfato de alumínio e o cloreto férrico, sais que, em solução,
liberam espécies químicas de alumínio ou ferro com alta densidade de cargas
elétricas, de sinal contrário às manifestadas pelas partículas presentes na água

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bruta, eliminando, assim, as forças de repulsão eletrostática originalmente presentes


na água bruta.
A floculação é o processo físico que promove a aglutinação das partículas já
coaguladas, facilitando o choque entre as mesmas devido à agitação lenta imposta
ao escoamento da água. A formação de flocos de impurezas facilitam sua posterior
remoção por sedimentação sob ação da gravidade, flotação ou filtração. A floculação
pode ocorrer por processos hidráulicos ou mecanizados.

c) Sedimentação ou Decantação
É o processo no qual a força da gravidade é utilizada para separar as
partículas de densidade maior que a da água, depositando-as em uma superfície ou
zona de armazenamento. Os principais tipos de decantadores são os laminares ou
de alta taxa e os convencionais de escoamento horizontal.

d) Flotação
É o processo inverso ao da sedimentação, com o mesmo objetivo de
separação das partículas floculentas da água em tratamento. Certos flocos
(principalmente quando formados a partir de águas com alta concentração de algas
ou de substâncias orgânicas de origem natural, conhecidas como substâncias
húmicas), podem manifestar baixa velocidade de sedimentação, inviabilizando tal
procedimento. Geralmente, para melhorar o rendimento do processo de flotação,
agregam-se aos flocos, microbolhas de ar que aumentam a força de empuxo sobre
os mesmos, facilitando sua ascensão e posterior remoção por rodos raspadores
instalados na superfície da unidade.

e) Filtração
É o processo que remove as impurezas presentes na água bruta (filtração
lenta); na água coagulada ou floculada (filtração rápida direta); ou na água
decantada (filtração rápida) pela passagem destas em um meio granular poroso,
geralmente constituído de camadas de pedregulho, areia e antracito (este último,
comum nos filtros rápidos).

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Em relação ao sentido de escoamento e à velocidade com que a água


atravessa a camada de material filtrante, a filtração pode ser caracterizada como
lenta, rápida de fluxo ascendente ou rápida de fluxo descendente. A filtração direta
tem sua denominação relacionada com a inexistência de unidade prévia de remoção
de impurezas.

f) Desinfecção
Tem por finalidade a destruição de microrganismos patogênicos ou não
presentes na água. As principais técnicas empregadas são a cloração, ozonização e
a exposição da água à radiação ultravioleta.

g) Correção de pH
Método preventivo de corrosão dos encanamentos por onde a água tratada
é veiculada até os consumidores. Consiste na alcalinização da água para remover o
gás carbônico livre e para provocar a formação de uma película de carbonato na
superfície interna das canalizações.

h) Fluoretação
Aplicação de compostos de flúor na água de abastecimento público, em
teores controlados, função da temperatura ambiente. O flúor é eficiente na redução
da incidência de cáries.
A água captada através de poços profundos, na maioria das vezes, não
precisa ser tratada, bastando apenas a desinfecção com cloro. Isso ocorre porque,
nesse caso, a água não apresenta qualquer turbidez, eliminando as outras fases que
são necessárias ao tratamento das águas superficiais (COPASA-MG, 2013).

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UNIDADE 4 – ÁGUA CORRENTE E SUBTERRÂNEAS

4.1 Água corrente ou superficiais


Os rios são correntes de águas superficiais que a escoam até um outro rio,
lago ou mar. Pela ação da gravidade, as águas se concentram nas porções mais
baixas, como os vales. Os regimes dos rios podem ser tanto fluviais ou nivais. A
diferença entre os dois é que o primeiro é alimentado por águas das chuvas,
enquanto que os nivais são oriundos do derretimento de neves que estão
localizadas na maioria das vezes no alto de montanhas. Alguns rios podem ser
alimentados pelos dois regimes, como é o caso dos rios que compõe a bacia do rio
Amazonas.
As porções da bacia que estão localizadas mais próximas dos divisores, e
que se encontram as nascentes do rio principal, denominamos de curso superior. Já
as partes mais baixas da bacia, próximas da foz, chamamos de curso inferior. As
porções intermediárias são as consideradas como curso médio. Quando eu me
desloco no sentido das nascentes, isto é, contra a corrente do rio, dizemos que
estamos indo à Montante. Quando seguimos o curso do rio e vamos em direção da
foz, estamos indo à Jusante (NOWATZKI, 2015).
Diferentemente dos sólidos, a água não possui força de resistência,
portanto, fluirá em qualquer declividade, não importa quão suave seja. Em outras
palavras, a água fluirá encosta abaixo em resposta à pressão que, nesse caso, é
gerada pela força da gravidade que opera paralelamente à encosta.
Se pensarmos no escoamento durante uma tempestade de chuva, este
dependerá da capacidade de infiltração, a velocidade com que os materiais da
superfície podem absorver a água.
Vários fatores controlam a capacidade de infiltração, incluindo a intensidade
e a duração da tempestade. Não ocorre escoamento superficial quando a chuva é
absorvida na mesma medida em que cai. Por exemplo, solo seco, de pouca coesão,
absorve água mais rapidamente que solo úmido mais firmemente agregado e,
assim, mais chuva precisa cair sobre o solo seco antes que o escoamento se inicie.
Independentemente da condição inicial dos materiais da superfície, uma vez que
estejam saturados, o excesso de água é coletado na superfície e, se estiver em uma
encosta, ela se move para baixo.
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A água corrente, com algumas exceções, é o agente geológico mais


importante de modificação da superfície terrestre. Seu papel na erosão não pode ser
subestimado. A água possui dois tipos de energia: potencial e cinética. A energia
potencial é a energia de posição, tal como a possuída pela água dentro de uma
represa ou em elevações altas. Na água corrente, a energia de posição é convertida
em energia cinética, a energia do movimento. A maior parte dessa energia cinética é
consumida pela turbulência do fluido, mas uma pequena quantidade fica disponível
para erodir e transportar sedimentos.
A erosão implica a remoção de partículas frouxas de solo, minerais e rocha
de sua área-fonte, assim como de substâncias dissolvidas. Parte dos materiais
dissolvidos na água corrente é obtida dos leitos e margens dos canais em que
rochas solúveis como calcário estão expostas, mas a maior parte é derivada de fluxo
laminar e água subterrânea. Partículas sólidas dos perímetros dos canais, ou
introduzidas nos canais pela dispersão de massa, são postas em movimento pela
ação hidráulica, isto é, impacto direto da água sobre materiais soltos. A água
corrente carregando areia e cascalho, também erode por abrasão, que resulta do
impacto de partículas sólidas sobre as superfícies de rochas expostas (WICANDER;
MONROE, 2014).
Uma manifestação óbvia de abrasão são os caldeirões circulares ou ovais
que se formam onde a areia e o cascalho em correntes de direções opostas formam
depressões dentro da rocha.
Depois que os materiais são erodidos, a água corrente transporta-os a certa
distância de sua fonte e finalmente os deposita. O transporte implica mover tanto
uma carga dissolvida, que consiste de materiais dissolvidos durante o intemperismo
químico, quanto uma carga sólida cujas partículas sólidas variam do tamanho da
argila a grandes matacões. Mais tarde, essa carga sólida é dividida em uma carga
suspensa de partículas menores em transporte, tais como silte e argila, mantidas
suspensas acima do leito do canal por turbulência do fluido. Carga suspensa em rios
e em correntes dá à água sua aparência densa. A água corrente também transporta
uma carga de leito de partículas maiores, especialmente areia e cascalho, que a
turbulência do fluido não pode manter suspensa. Parte da areia, no entanto, pode
ser temporariamente suspensa quando uma corrente subsidiária rodopia através do

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leito de canal e levanta os grãos para dentro da água. Esses grãos se movem para
frente com a água, mas também se assentam e vêm repousar sobre o leito, onde
podem se mover novamente pelo mesmo processo de saltar e ricochetear, um
fenômeno conhecido como saltação. Partículas muito grandes para serem
suspensas, mesmo temporariamente, movem-se por rolamento e deslizamento.

4.2 Água subterrânea


Por definição, água subterrânea é aquela que preenche a porosidade em
rochas, sedimentos e solo sob a superfície. Como recurso natural, ela é tão
importante quanto a água da superfície e sua recuperação é essencial para muitos
esforços humanos (WICANDER; MONROE, 2014).
Apesar de a maioria das pessoas pensarem em água subterrânea, somente
como uma fonte de água doce para as necessidades domésticas, da agricultura e
das indústrias, ela também é importante como agente de erosão (grutas e cavernas),
assim como uma fonte alternativa de energia (energia geotermal) em muitas partes
do mundo.
No mundo, a água subterrânea é um reservatório no ciclo hidrológico,
representando aproximadamente 22% (8,4 milhões de km3) do suprimento de água
doce e segundo Wicander e Monroe (2014), como todas as outras águas no ciclo
hidrológico, a fonte definitiva da água subterrânea são os oceanos, mas sua fonte
mais imediata é a precipitação que se infiltra no solo e penetra nos vazios do solo,
sedimentos e rochas. Ela também pode vir da água infiltrada de correntes, lagos,
pântanos, lagos artificiais de recarga e sistemas de tratamento de água.
Enfim, independentemente de sua fonte, a água subterrânea, movendo-se
através de pequenas aberturas entre o solo e partículas de sedimento e espaços
nas rochas, remove muitas impurezas como microrganismos que causam doenças e
muitos poluentes, daí, duas características importantes para seu movimento e
recuperação nos poços estão intimamente ligadas com porosidade e
permeabilidade, que dizemos serem aspectos críticos dos materiais em que se
move.
As águas subterrâneas no Brasil oferecem um potencial em boa parte ainda
não explorado. Ao contrário de outros países que possuem informações e bancos de

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dados do potencial subterrâneo de água, no Brasil, a matéria é tratada com meros


palpites e avaliações grosseiras. Segundo a Associação Brasileira de Águas
Subterrâneas (ABAS), o Brasil tem o impressionante volume de 111 trilhões e 661
milhões de metros cúbicos de água em suas reservas subterrâneas, inclusive
detendo o maior aquífero do mundo, o Aquífero Guarani. Muitas cidades já são
abastecidas em grande parte por águas de poços profundos, por exemplo, a cidade
de Ribeirão Preto.
A questão crucial do uso da água subterrânea reside no elevado custo de
exploração, além de exigir tecnologia avançada para investigação hidrogeológica.
No caso específico da região Nordeste, caracterizada por reduzidas precipitações,
elevada evaporação e escassez de águas superficiais, as reservas hídricas
subterrâneas constituem uma alternativa para abastecimento e produção agrícola
irrigada. As disponibilidades hídricas subterrâneas da região indicam que os
recursos subterrâneos, dentro da margem de segurança adotada para a sua
exploração, contribuem apenas como complemento dos recursos hídricos
superficiais para atendimento da demanda hídrica. Exceções podem ser dadas aos
estados de Maranhão e Piauí, cujas reservas atenderiam a demanda total e à Bahia
com atendimento quase total, caso a distribuição dos aquíferos fosse homogênea,
pois estes não ocorrem em mais do que 40% da área do estado (CARVALHO;
SILVA, 2006).
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA, 2010), em nosso país, a
utilização de águas subterrâneas tem crescido, de forma acelerada, nas últimas
décadas, e há evidências de que essa tendência deverá continuar. Este fato justifica
o crescimento do número de empresas privadas e de órgãos públicos com atuação
na pesquisa e captação de recursos hídricos subterrâneos.
Como explanado por Carvalho e Silva (2006), no Brasil, a potencialidade de
água subterrânea não é uniforme, ocorrendo regiões de escassez e de abundância.
Telles (2012) também cita como exemplos de alta disponibilidade, o Aquífero
Guarani e aquíferos sedimentares em geral, enquanto as ocorrências das rochas
cristalinas no nosso semiárido significam baixa capacidade de produção.
De acordo com o mesmo trabalho da ANA, as disponibilidades de águas
subterrâneas nos principais sistemas aquíferos brasileiros representam um volume

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total renovável de 20.473,2 m3/s e, admitindo que 20% dessas reservas são
exploráveis, as disponibilidades de águas subterrâneas explotáveis totalizam 4.094,6
m³/s.
Na Tabela abaixo, temos um resumo dos principais sistemas aquíferos: tipo,
região hidrográfica dominante, espessura média e reservas renovável e explotável.
Principais aquíferos brasileiros, seus tipos, suas regiões dominantes,
espessuras e reservas renovável e explotável.

Fonte: Telles (2012, p. 48)

No Brasil, o uso da água subterrânea é complementar à superficial. Mesmo


assim, a água subterrânea é utilizada para diversos fins, destacando-se a irrigação,
o abastecimento humano, a indústria e o lazer.
Para facilitar o estudo das águas subterrâneas o Brasil foi dividido em
regiões homogêneas, formando 10 províncias hidrogeológicas. Os limites dessas
províncias não coincidem necessariamente com os das bacias hidrográficas, estas
províncias são regiões onde os sistemas aquíferos apresentam condições
semelhantes de armazenamento, circulação e qualidade de água.

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Regiões hidrológicas do Brasil – província e subprovíncias – ANA

Fonte: ANA (2010).

O Brasil tem um Programa Nacional de Águas Subterrâneas cuja estrutura


programática foi concebida para o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e
reflete os princípios da Agenda 21, das Metas de Desenvolvimento do Milênio e
guardam estreita relação com os fundamentos da Política Nacional de Recursos
Hídricos e os conceitos que regem o contexto institucional preconizado pelo modelo
de gestão das águas vigente no País (ANA, 2010).
O PNRH está organizado em quatro componentes principais, subdivididos
em 13 programas e 30 subprogramas. Também prevê ações emergenciais, de curto,
médio e longo prazos, para os horizontes temporais de 2007, 2011, 2015 e 2020,
respectivamente.
O terceiro componente e a meta seis do PNRH expressam ações em
espaços territoriais cujas peculiaridades ambientais, regionais ou tipologias de
problemas relacionados à água conduzem a um outro recorte, no qual os limites não
necessariamente coincidem com o de uma bacia hidrográfica, e que necessitam de
programas concernentes à especificidade de seus problemas.
Embora a dominialidade das águas subterrâneas seja dos estados, estas
estão sendo tratadas em um programa nacional, haja vista a necessidade da gestão
integrada deste recurso e o fato dos aquíferos quase sempre extrapolarem os limites
das bacias hidrográficas, estados e países, sendo necessários mecanismos de
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articulação entre os entes envolvidos. Também não deve ser esquecido o papel dos
municípios na gestão de recursos hídricos, pois estes são os responsáveis pela
política de uso e ocupação do solo, que tem relação direta com a proteção das
águas subterrâneas (http://www.mma.gov.br/agua/recursos-hidricos/aguas-
subterraneas/programa-nacional-de-aguas-subterraneas).

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UNIDADE 5 – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E GESTÃO DOS


RECURSOS HÍDRICOS

Desde a primeira legislação brasileira sobre a água, em 1934, vimos


avançando pela razão óbvia que é sua importância para a continuidade da vida no
planeta Terra.
Segundo a Agência Nacional das Águas (ANA), a gestão dos recursos
hídricos no Brasil é um grande desafio, sob vários aspectos, desde a conservação,
passando pela implantação da educação ambiental até o uso racional da água.
O quadro abaixo expõe cronologicamente algumas leis brasileiras que
tratam da questão hídrica:

Lei nº 4.771, de 15/09/65:


Código Florestal.
Lei nº 5.357, de 07/12/67:
Estabelece penalidades para embarcações e territoriais,
marítimas ou fluviais que lançaram detritos ou óleo em águas
brasileiras.
LEIS FEDERAIS:
Lei nº 6.938, de 31/08/81:
Dispõe a Política Nacional do Meio Ambiente.
Lei nº 7.661, de 16/05/88:
Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro.
Lei nº 9.433, de 08/ 01/97:
Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos.

Decreto nº 89.336, de 31/01/84:


Dispõe sobre as reservas Ecológicas e áreas de relevante
DECRETOS FEDERAIS: Interesse Ecológico.
Decreto nº 99.274, de 06/06/90:
Regulamenta a Lei nº 6.938, sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente.

Resolução nº 04, de 18/09/85:


RESOLUÇÕES do
Define Reservas Ecológicas.
CONAMA:
Resolução nº 20, de 18/06/86:
Classifica as águas segundo seus usos preponderantes.
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Com a aprovação da Lei nº 9.344/97, foi implantado no país um sistema de


gestão das águas (Sistema de Gestão dos Recursos Hídricos - SIGERH), tendo
como referência o modelo Francês, criando-se o Comitê da Bacia Hidrográfica,
reunindo vários segmentos, poder público (municipal, estadual e federal), usuários
de água (indústria, agricultura, abastecimento humano) e sociedade civil organizada,
no sentido de regulamentar o uso, bem como intermediar os conflitos em torno da
água.
Nesta discussão, a população e a sociedade civil organizada têm dado sua
parcela de contribuição, buscando colaborar com o poder público na gestão
participativa da água, exercendo sua cidadania, incentivando as pessoas a terem
uma participação atuante, com um papel de fomentadora do debate referente os
recursos naturais, combatendo a degradação ambiental, o desperdício, fazendo
denúncia dos desmatamentos das nascentes, das matas ciliares, das serras, no uso
das queimadas na prática agrícola, no descumprimento das leis ambientais, mas
também propondo novas práticas e formas de construção de processo educativo e
produtivo rumo à sustentabilidade econômica, social e ambiental das populações
rural e urbana (AGUIAR, 2007).

5.1 Primeiro Código Brasileiro de Águas – Decreto nº 24.642 de 1934


O primeiro Código de Águas do Brasil, estabelecido pelo Decreto Federal nº
24.642, data de 10 de julho de 1934, sendo considerado avançado pelos juristas,
haja vista a época em que foi promulgado.
Evidentemente, necessitou de ajustes e atualizações, o que aconteceu com
a Constituição Federal de 1988 e posteriormente com a criação Lei nº 9.433, de 08
de Janeiro de 1997, e de regulamentação de muitos de seus aspectos.
Esse Código assegurava o uso gratuito de qualquer corrente ou nascente de
água para as primeiras necessidades da vida e permitia a todos, usar as águas
públicas, conformando-se com os regulamentos administrativos. Impedia ainda a
derivação das águas públicas para aplicação na agricultura, indústria e higiene, sem
a existência de concessão, no caso de utilidade pública, e de autorização nos outros
casos; em qualquer hipótese, oferecia preferência à derivação para abastecimento
das populações.

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O Código de águas estabeleceu que a concessão ou a autorização deveria


ser feita sem prejuízo da navegação, salvo nos casos de uso para as primeiras
necessidades da vida ou previstos em lei especiais. Estabelecia, também, que a
ninguém era lícito conspurcar ou contaminar as águas que não consumisse, com
prejuízo a terceiros.
Ressaltava ainda que os trabalhos para a salubridade das águas seriam
realizadas à custa dos infratores que, além da responsabilidade criminal, se
houvesse, responderiam pelas perdas e danos que causassem e por multas que
lhes fossem impostas pelos regulamentos administrativos (RECURSOS HÍDRICOS
NO BRASIL, 2007).

5.2 A lei nº 9.433/97 – Lei das Águas


A Lei nº 9.433/97 – a Lei das Águas – representa um grande avanço no
sentido da gestão integrada da água, visando sua conservação e uso racional, no
âmbito de uma Política Nacional de Recursos Hídricos. Os fundamentos dessa
política e os instrumentos por ela estabelecidos, entretanto, se constituem não
apenas num desafio político, econômico, social, ambiental e cultural, mas também
num desafio de conhecimentos (ANA, 2007).
A implementação da política defronta-se com uma grande necessidade de
conhecimentos científicos e tecnológicos em relação aos recursos hídricos, ao
mesmo tempo em que depende de formação e treinamento, formal e não formal, de
pessoal, em todos os níveis, para fazer face às tarefas que se impõem com a Lei
das Águas. Aí, deve-se incluir também a Educação Ambiental voltada para a gestão
das águas. A demanda na área do desenvolvimento científico e tecnológico no setor
é tão grande, bem como no que tange a capacitação, que estas atividades podem
ser consideradas como um instrumento adicional de gestão (COSTA; SANTOS,
2001; ANA, 2007).
A lei veio com o objetivo de cobrar pelo uso e poluição das águas, com a
intenção de reduzir o consumo e punir quem não se preocupa com a
sustentabilidade dos recursos hídricos do Brasil, mas é preciso que a população
participe deste processo, tanto na fiscalização, como com denúncias e mesmo com
a mudança de seus próprios hábitos.

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Especificamente, os objetivos da Lei nº 9.344/97 são:


garantir a quantidade dos recursos hídricos e sua qualidade. A questão da
quantidade diz respeito à disponibilidade de água;
promover objetivos de desenvolvimento sustentável. Sem entrar nos méritos
de uma discussão que continua atual e necessária, toma-se a expressão
desenvolvimento sustentável no sentido bastante genérico, usado pela
Comissão Brundtland/Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, no Relatório Nosso futuro comum publicado em 1987: “O
desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem
a suas próprias necessidades” (COMISSÃO MUNDIAL, 1988, p.46 apud
CAUBET, 2007);
preservar e defender os recursos hídricos, promovendo seus usos racionais;
estabelecer que o uso prioritário, em situações de escassez, é o consumo
humano e a satisfação das necessidades das populações humanas;
promover os usos múltiplos da água, favorecendo a sua utilização simultânea
para diversas finalidades. Mesmo em casos de abundância ou de situação de
abundância relativa, haverá necessidade de enfrentar demandas diversas e
potencialmente incompatíveis, se se levar em consideração que os diversos
usos possíveis, sem indicação de prioridade, abarcam: consumo humano;
produção de energia; navegação; irrigação e outros desvios para usos
agrícolas; pesca; atividades de lazer e de recreio; produção industrial: desde
o consumo embutido em produtos finais, até a limpeza de máquinas e locais
de fábricas ou a evaporação; flotação de madeira.
É importante frisar, os insumos necessários para alcançar tais metas e
objetivos, sendo que dentre eles, tem-se:
a) Considerar a água um bem de domínio público, com valor econômico e cujo
uso tem finalidades múltiplas.
b) A constatação geofísica, segundo a qual a unidade territorial de referência,
para a gestão da água há de ser a bacia hidrográfica;

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c) A afirmação, segundo a qual a gestão dos recursos hídricos deve ser


descentralizada e participativa, ensejando uma ação comum do poder
público, dos usuários e das comunidades.
As estruturas institucionais evocadas para concretizar esse objetivo, são os
Comitês de Bacias e as Agências de bacias ou Agências de Água (COSTA;
SANTOS, 2001; CAUBERT, 2007).

5.3 A Agência Nacional de Águas - ANA


Em 2000, a Lei nº 9984 criou a Agência Nacional de Águas (ANA) que tem
como missão implementar e coordenar a gestão compartilhada e integrada dos
recursos hídricos e regular o acesso a água, promovendo seu uso sustentável em
benefício das atuais e futuras gerações. A instituição também possui outras
definições estratégicas centrais:
negócio – uso sustentável da água;
visão – ser reconhecida pela sociedade como referência na gestão e
regulação dos recursos hídricos e na promoção do uso sustentável da água;
valores – compromisso, transparência, excelência técnica, proatividade e
espírito público
(http://www2.ana.gov.br/Paginas/institucional/SobreaAna/abaservinter1.aspx).

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UNIDADE 6 – A QUESTÃO DA ÁGUA NO SEMIÁRIDO


BRASILEIRO

O semiárido brasileiro estende-se pelos Estados de Minas Gerais, Bahia,


Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.
Caracteriza-se pela escassez de recursos hídricos, com precipitação anual média na
casa dos 900 mm, chegando próxima a 400 mm no interior da Paraíba, com elevada
variabilidade na distribuição espacial e temporal de chuvas na região (sazonalidade
interanual), acompanhada de limitações nas possibilidades de extração de águas
subterrâneas em decorrência tanto da formação cristalino quanto da salobridade dos
solos (GEO BRASIL, 2007).
Essas características climatológicas e hidrológicas, associadas à
conformação do relevo regional (que propicia escoamentos para a vertente
atlântica), dão origem a uma rede hidrográfica na qual são recorrentes cursos com
nascentes intermitentes, em geral situadas no planalto do sertão semiárido e nos
trechos médios que começam a estabilizar suas vazões após vencer o agreste, até
assumir corpo e volume já próximos de seu deságue no litoral, ora ao leste (da
Bahia ao Rio Grande do Norte), ora ao norte brasileiro (do Rio Grande do Norte ao
Ceará) (GEO BRASIL, 2007).
É sabido que as condições climáticas da região acima citada implicam
dificuldade de disponibilizar água a partir do simples armazenamento em açudes e
reservatórios, não obstante seu expressivo número regional, dada a significativa
evaporação potencial, que supera os 2.000 mm anuais.
Nesse panorama regional, encontra-se o rio São Francisco, com nascente e
alguns afluentes de peso, no Estado de Minas Gerais, de grande extensão territorial,
vazão perene e suficiente para transpassar o semiárido, oportunizando irrigação e
geração de energia, mesmo com as enormes perdas pela evapotranspiração da
região.
Contudo, a adversidade climática, solos de baixa fertilidade, a região
acomoda cerca de 30% da população no seu meio rural, com predominância de
estratos inferiores de renda. Levando em conta que, segundo dados do IBGE
(2000), 81% da população do país se encontra nas cidades, essa porcentagem no
nordeste brasileiro é de chamar atenção.
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Dentre outros fatores que chamam atenção no semiárido nordestino tem-se


limitação nos serviços essenciais de saúde, educação e moradia, com destaque
para saneamento básico, na essencialidade limitado ao abastecimento de água
potável (CENSO, 2000; GEO BRASIL, 2007).
A primeira consequência do quadro descrito para o semiárido consiste na
migração da população, em percurso direto da área rural para as grandes regiões
metropolitanas do Nordeste e para outras de suas conurbações de maior porte
(Fortaleza, Recife e Salvador, além de Natal, João Pessoa, Maceió e Aracaju), onde
são notáveis os problemas ambientais urbanos, sempre associados à concentração
de pobreza em favelas e ocupações irregulares, notadamente em áreas de risco,
tais como alagados, encostas, várzeas e margens de rios e córregos.
O que se deduz, portanto, é que a problemática dos recursos hídricos no
semiárido brasileiro congrega ambas as frentes: no gerenciamento da oferta
(estoques e transporte de água) e na gestão da demanda (ordenamento espacial e
eficiência na utilização de um recurso escasso), podendo a disponibilidade de água,
embora necessária, não ser suficiente para imprimir dinâmica à economia regional,
persistindo uma questão subjacente de ordem social (GEO BRASIL, 2007; SOUSA,
2007).
Enfim, a gestão das águas no Nordeste representa um desafio a ser
enfrentado. É preciso que, tratando-se de fator escasso na Região, a água seja
administrada de forma eficiente e eficaz. Assegurar que a água esteja disponível
para as diferentes formas de consumo implica viabilizar investimentos de distintas
naturezas e, sobretudo, gerenciar cuidadosamente sua oferta e o uso. Isso se torna
mais complexo diante da realidade climática da Região e dos vários interesses que
envolvem desde as instâncias de governo até as diversas categorias de usuários.
O desenvolvimento sustentável do Semiárido é uma questão estratégica
para o país. Como elemento imprescindível ao desenvolvimento, a água precisa ser
administrada de forma a permitir que os diversos usos ligados ao bem-estar da
população e ao crescimento econômico sejam adequadamente atendidos (CGEE,
2012).
E assim, o abastecimento de água no Semiárido nordestino é um dos
campos de aplicação da Hidrologia que pode ser bem explorado nas aulas de

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geografia, discutindo-se inclusive a transposição do Rio São Francisco que vai “a


toque de caixa” e que na realidade ainda não sabemos se atende aos seus anseios
iniciais.

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