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AULA 01

Geologia do quaternário

A Escala de Tempo geológico representa a linha do tempo desde a formação da Terra até o
presente. Baseado em grandes eventos geológicos da história do planeta: Éons; Eras;
Períodos; Épocas e Idades.

O que é o Quaternário?

Século 17 – N. Steno (apud Suguiu 1999) estabeleceu a lei da superposição de camadas;


camadas sedimentares são depositadas horizontalmente numa sucessão cronológica; em
1816 W. Smith (apud Suguiu 1999) propôs a sua lei de correlação de camadas baseadas
em fósseis; logo o emprego simultâneo da lei de superposição de camadas e da lei de
correlação de camadas baseada em fósseis, estabeleceu a atual classificação
bioestatigráfica. Em 1760, G. Arduino, professor da Universidade de Padova, classificou
litoestratigraficamente as rochas das montanhas ao norte da Itália, usou o termo Primário
para as rochas mais antigas, seguidas pelas rochas do Secundário , e atribuiu os
sedimentos cascalhosos, arenosos e argilosos, muito fossilíferos e em forma de baixas
colinas ao terceario. Em 1810, o termo terciário foi oficializado na nomenclatura
cronoestratigráfica, quando Cuvier empregou a palavra no estudo estratigráfico da Bacia de
Paris vier.

O termo Quaternário foi incialmente proposto por Jules Desnoyers - em 1829, denomina-se
Quaternário o segundo período da era Cenozóica, duas épocas com dinâmicas ambientais
distintas:

Não existe uma concordância geral entre os autores quanto ao inicio do Quaternário, mas
de modo mais comum aceita-se cerca de 1,8 milhões de anos AP

É dividido em duas épocas: Pleistoceno e Holoceno. A base da distinção entre ambas é o


fato de a segunda corresponder a um intervalo geológico posterior à última glaciação
quaternária.

Mas a distinção da data de termino de um e inicio do outro período é, também, muito


variável; de modo geral aceita-se 10 mil AP para o inicio do Holoceno.
O Pleistoceno é dividido em:

Inferior, até cerca de 780 mil anos AP (limites entre as épocas Matuyama e Brunhes);

Médio, até o inicio do ultimo estádio interglacial (Riss-Würm)até cerca de 90 a 95 mil anos
AP;

Superior, até cerca de 10 mil anos AP, quando começa o Holoceno.

Obs: foi a última inversão geomagnética (mudança de orientação do campo magnético


terrestre de tal forma que o norte e o sul magnéticos são intercambiados) que ocorreu
no planeta Terra. O evento ocorreu há aproximadamente 780 mil anos e não se sabe o que
o motivou.

A teoria do dilúvio

A Europa dominada pelo Cristianismo - buscava-se harmonizar a Bíblia e as geociências,


fósseis eram atribuídos aos seres que não escaparam do diluvio relatado no Velho
Testamento.

Em 1812 com a descoberta da discordância (quebra ou interrupção numa sequência de


camadas indicando um hiato na sedimentação, com ausência de paralelismos nas camadas
adjacentes em uma estratificação) por G. Cuvier (1769-1832) foi sugerido a teoria do
catastrofismo.

Europa Ocidental permaneceu a teoria do dilúvio, Diluvião e aluvião: Com a Idade do Gelo
a palavra diluvião (terreno onde há depósitos de aluvião antes dos tempos históricos) foi
abandonada , Aluvião e deposto aluvial são sinônimos de sedimentos fluviais, Sendo esses
conceitos surgiram com o advento da Idade do Gelo.

A Descoberta da Grande Idade do Gelo

A descoberta de depósitos glaciais e blocos erráticos de procedências diversas fez, em


1795, que Hutton os atribuísse ao transporte glacial por geleiras no passado.

Em 1821, o suíço leigo Venetz (apud Suguiu 1999), apresentou na Sociedade de Ciências
Naturais, sua teoria Glacial, onde dizia: Grande parte da Europa havia sido submetida a
atividade glacial. Logo depois surgiu o termo Idade do Gelo. Assim, a Idade do Gelo foi
desmembrado do período Terciário e admitido no período Quaternário, na época
Pleistocênica.

Subdivisão do Quaternário
Cronologia mundial do Período Quaternário baseado em glaciações, depósitos
sedimentares e geomorfologia (Grupo de Pesquisas de Geociências do Japão, 1996) Obs.:
estágios estão relacionados com as glaciações onde os estágios 2, 3 e 4 apresentam altos
valores de δ18O em relação aos valores de δ.180 de períodos interglaciais (estágios 1 e 5).
O período do Holoceno (atual período interglacial) corresponde ao estágio isotópico1. O
Último ...

Cronologia do Quaternário

As evidencias cronológicas são obtidas através de depósitos sedimentares sobre os


continentes e fundos oceânicos, de espessura delgada. Além do conteúdo biológico, fósseis
de mamíferos extintos, cinzas vulcânicas e datação por radiocarbonos. Pela intensidade de
atividades antrópicas e tempos mais próximos do presente, as informações são mais
abundantes que de períodos passados. Podendo se pensar em tempos futuros com base no
passado e presente.

Os objetivos dos estudos do Quaternário

A primeira grande meta dos estudos da geologia do quaternário está na sua aplicação à
geologia ambiental. Afim de fornecer informações para um relacionamento mais
harmoniosos do homem com a natureza.

Segundo objetivo consistem em tentar prever fenômenos naturais, induzidos ou não pelo
homem. Através da reconstituição de eventos geologicamente pouco remotos e cíclicos, e
que são muitas vezes catastróficos para o homem. O terceiro e ultimo objetivo está
relacionado a atividades econômicas produtivas da indústria e da agricultura, que são
exercidas predominantemente em planícies costeiras ou aluviais.

O Presente é a Chave do passado

O período Quaternário mesmo sendo pequeno em relação a idade da Terra, é infinitamente


grande quando a vida humana.

J. Hutton, um dos fundadores da geologia moderna e o pesquisador C. Lyell, mostraram a


teoria do uniformismo, onde se tenta entender o fenômenos naturais do passado pelo
conhecimento de como eles ocorreram no presente, como por exemplo, ao se usar
elementos radioativos para medir as idades geológicas.

Porém não se pode concluir que fenômenos não observados no presente não tenha
acontecido no passado ou não ocorrerão no futuro. Esse principio pode ser empregado na
reconstituição de fenômenos geológicos que ocorreram em tempos muito mais antigos que
o Quaternário.

Abrangência dos estudos do Quaternário

No campo das geociências, as mudanças globais vem sendo focadas.

Programa Internacional de Correlação Geológica (IGCP – International Geological


Correlation Progaramme)

Programa de Geologia Sedimenar Global (GSGP – Global Sedimentary Geology


Programme): Ritmos globais e eventos, registro sedimentológico da evolução global, analise
global das litofácies sedimentares.

A distribuição das geleiras no passado

Identificação de áreas que foram afetadas por geleiras no passado geológico tem sido feita
pelo reconhecimento, descrição e identificação dos depósitos e das topografias glaciais,
excetuando-se a Europa e América do Norte não se conhecem muito bem as diferenças
entre as extensões das geleiras na última e nas glaciações anteriores, Área máxima afetada
pelas glaciações foi cerca de 30%.

A origem do conceito

A grande idade do gelo foi descoberta na primeira metade do século XIX, pensava-se que
todos os blocos erráticos e os sedimentos de transporte glacial (drifts), espalhados pela
Europa, tivessem a mesma idade. As fases de expansão (ou de avanço) das geleiras foram
designadas de estádios glaciais e os intervalos de retração (ou de recuo) foram
denominados de estágios interglaciais. A Grande idade do gelo era composta por vários
estágios glaciais e interglaciais, aos quais poderiam se atribuídas diferentes idades.

Brasil as evidências de glaciações pré-quaternárias em unidades geológicas

Grupo Macaúbas (MG)


Proterozóico
Grupo Trombetas (bacia do AM)
Siluriano Inferior

Formação Itararé Aquiduana-Batinga (RS,SC,PR, SP, MG,MS)


Permocarbonífero

Formação Cabeça (PI)


Devoniano

As mudanças florística

Macrorrestos vegetais de fanerógamas são muito mais facilmente diagnosticáveis- sua


ocorrência é muito escassa. Grãos de pólen e esporo são em geral abundantes nos
sedimentos sílticos e/ou argiloso. A abundancia pode variar não somente com o tipo da
planta como a distancia e o meio de transporte. A identificação de micro e macro fósseis de
plantas permite interpretar não só os antigos ambientes, como as mudanças causadas por
alterações climáticas, variações do nível do mar e da linha de costa e pelo impacto causado
pelo Homem.

Características de Mudanças Paleoambientais

A sequência evolutiva dos mamíferos do quaternário como elefantes, cervos e ursos é, em


geral, bem conhecida e o mesmo está ocorrendo com os roedores. Fósseis de roedores são
abundantes e podem ser estudadas as relações desses animais com as mudanças
paleoambientais.

Os moluscos são adaptados para viverem em vários ambientes, sendo úteis na


reconstituição paleoambiental. Os insetos são bons indicadores de temperatura e outras
condições ambientais. Coleopteros são mais facilmente preservados como fósseis
encontrados em turfas e ambientes paludiais. Crustáceos, como os ostrácodes podem ser
encontrados como fósseis em sedimentos lacustres e, e podem fornecer dados sobre o
paleoclima e a qualidade da água.

Os recifes fósseis de corais

A seleção de um tipo adequado de organismos, como os corais (hermatípicos) pode


conduzir a uma reconstituição paleoambiental aceitável. Sobrevivem em condições
ambientais especificas: temperaturas máxima da água – 25 a 29° C, inferior a 18°C e
salinidade entre 34 e 36% e profundidade da água de 90 m do nível de maré baixa. Assim
podem ser reconhecidas as paleotemperaturas, as palessalinidades e paleoniveis marinhos
na época em que eles viveram. Composto de CACO, análises das razões de isótopos de
carbono e oxigênio, permite reconstruir as paleotemperaturas da agua e precipitações
pretéritas com precisão de um mês ou um semana.

As glaciações e o nível do mar

As mudanças eustáticas constituem fenômenos complexos, que não podem ser explicados
somente por episódios de glaciação e de interglaciação, embora esta seja talvez sua causa
de maior alcance. Os principais fatores que influenciam nas variações de nível do mar no
Quaternário. A subida do nível do mar de natureza glacioeustática deve ser atribuída ao
incremento de volume das águas oceânica em virtude da fusão das geleiras.

Morfoestatigrafia

Para reconstruir a história geomorfológica de uma área, envolvendo unidades morfo-


estatigráficas, é necessário estabelecer. Relações de antiguidade entre elas. Identificar os
critérios para correlacioná-las por áreas suficientemente amplas. Frye e Willman (1962) –
Unidade morfo-estatigráficas é um corpo sedimentar identificável, antes de mais nada, pela
forma exibida em superfície e distinguível ou não pela litologia e/ ou idade, das unidades
adjacentes.

A idade do Homem

O Quaternário - caracterizado também como a idade do Homem. Passou a ser um tempo


geológico caracterizado pela intensificação das atividades antrópicas ou pela “hominização”.
É definida pelo surgimento do Homem sobre a Terra, descobertas na África – entre 2Ma a
pouco mais de 3 Ma.

Os primeiros homens talvez tenha surgido da Terra no fim do Período Terciário, porém não
se sabe exatamente quando foram introduzidos os primeiros instrumentos líticos. Antes dos
instrumentos líticos, o homem fazia uso de fragmentos naturais de rochas ou madeira.
Cultura protopaleolítica.
Geologia do Quaternário no Brasil

Primeira Fase

Inicia desde a descoberta até as primeiras décadas do século XX. Poucas contribuições
científicas, sendo atribuídas a pesquisadores estrangeiros. Não havia cursos superiores.
Contribuições C. R. Darwin, que mencionou ocorrência de rochas praiais em Recife (PE), e
variações no nível do mar na região sendo comprovado mais tarde por Branner.

Segunda Fase

Primeiras décadas do século XX até 1970. Implantação do curso de História Natural e


Geografia. Surge estudos do relacionados ao Quaternário. Em sua maioria eram
relacionados à geomorfologia, paleontologia e arqueologia sem menção ao Quaternário.

Terceira Fase

De 1971 até os dias atuais. I Simpósio do Quaternário no Brasil, durante o Congresso


Brasileiro de Geologia. Criado a Comissão Técnico- Científica do Quaternário da SBG
(Sociedade Brasileira de Geologia). Fundação da ABEQUA (Associação Brasileira de
Estudos do Quaternário).

No inicio da década de 70 a Petrobras firmou convênios para execução de estudos em


alguns deltas quaternários brasileiros. As pesquisas sobre o Quaternário tornaram-se mais
numerosas nos últimos 30 anos, além de melhoria na qualidade desse estudos. Atualmente
não somente professores e estudantes de pós-graduação contribuem para o aumento do
conhecimento sobre o Quaternário, mas também de Biologia, Oceanografia, Agronomia,
Ecologia, Engenharia Florestal e Engenharia Ambiental. Diversas instituições contam com
núcleos de estudos relacionado ao Quaternário.

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