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Américo António Mahumane

A Ocorrência de Eventos Climáticos Extremos de Precipitação e a sua Relação com


Fenómenos El Niño e La Niña na Cidade de Xai-Xai (1951-2017)

Mestrado em Gestão Ambiental

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo
2019
ii

Américo António Mahumane

A Ocorrência de Eventos Climáticos Extremos de Precipitação e a sua Relação com


Fenómenos El Niño e La Niña na Cidade de Xai-Xai (1951-2017)

Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de


Ambiente e Desenvolvimento, Faculdade de Ciências da Terra e
Ambiente da Universidade Pedagógica de Maputo, para obtenção
do grau académico de Mestrado em Gestão Ambiental.

O Supervisor:
Prof. Doutor Gustavo Sobrinho Dgedge

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2019
iii

Índice

Lista De Tabelas .......................................................................................................................................... vi


Lista De Quadros ......................................................................................................................................... vi
Lista De Figuras ........................................................................................................................................... vi
Lista De Mapas ............................................................................................................................................ vi
Lista De Gráficos ......................................................................................................................................... vi
Lista De Siglas, Símbolos E Abreviaturas ................................................................................................. viii
Declaração..................................................................................................................................................... x
Dedicatória ................................................................................................................................................... xi
Agradecimentos .......................................................................................................................................... xii
Resumo .......................................................................................................................................................xiii
Abstract .......................................................................................................................................................xiv
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 15
Delimitação Do Estudo .................................................................................................................... 16
Problema Da Pesquisa ...................................................................................................................... 17
Objectivos:........................................................................................................................................ 20
Aplicação E Relevância Do Estudo.................................................................................................. 20
Motivações ....................................................................................................................................... 21
CAPITULO 1. EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS-UMA ABORDAGEM TEÓRICA .................. 22
1.1 Eventos Extremos ....................................................................................................................... 22
1.2 Eventos Extremos Climáticos..................................................................................................... 25
1.3 Eventos Extremos De Chuva ...................................................................................................... 28
1.3.1.Medição Da Precipitação ........................................................................................................... 31
1.3.2. Tipos De Chuvas ....................................................................................................................... 31
1.4 Clima E Precipitação .................................................................................................................. 32
1.5 El Niño-Oscilação Sul (Enso) .................................................................................................... 34
1.5 Determinação Do Índice Oceânico ............................................................................................. 37
1.6 Eventos Extremos E As Mudanças Climáticas........................................................................... 39
1.6 Paradigmas Geográficas E Ambientais. ..................................................................................... 41
1.6.1 Teoria Dos Sistemas Em Geografia Ambiental ......................................................................... 41
iv

1.6.2 Paradigma Do Ritmo Climático ................................................................................................. 43


1.7 Sistemas Meteorológicos Actuantes Em Moçambique .............................................................. 46
CAPITULO 2. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-AMBIENTAIS E SÓCIO-ECONÓMICAS DA CIDADE
DE XAI-XAI............................................................................................................................................... 52
2.1. Localização Da Cidade De Xai-Xai .......................................................................................... 52
2.2 Características Climáticas .......................................................................................................... 54
2.2.1. Factores Da Ocorrência Da Precipitação Na Cidade De Xai-Xai ............................................. 55
2.3 Características Geomorfológicas ................................................................................................ 56
2.4 Características Hidrológicas ....................................................................................................... 56
2.5 Características Pedológicas ........................................................................................................ 57
2.6 Características Da População ..................................................................................................... 57
2.7 Divisão Administrativa ............................................................................................................... 58
2.8 Actividades Económicas ............................................................................................................ 59
2.9 Principais Riscos Ambientais ..................................................................................................... 59
2.10 Eventos Climáticos Extremos................................................................................................... 61
CAPITULO 3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 63
3.1 Dados Pluviométricos De Xai-Xai. ............................................................................................ 63
3.2 Classificação Da Pesquisa .......................................................................................................... 64
3.3. Determinação De Normais Meteorológicas. ............................................................................. 65
3.4 Determinação De Índice De Anomalia De Chuva (Iac) ............................................................. 66
3.5 Determinação De Extremos De Precipitação. ............................................................................ 67
3.6 Determinação Da Base Comparativa Para Análise Da Precipitação Anual ............................... 67
CAPITULO 4. APRESENTAÇÃO E ANALISE DE DADOS .................................................................. 69
4.1 Caracterização Da Ocorrência Da Precipitação.......................................................................... 69
Na Cidade De Xai-Xai...................................................................................................................... 69
4.1.1. Procedimentos De Obtenção Do Valor Comparativo: .............................................................. 70
4.1.2. Factores Que Determinam A Variação Da Precipitação Em Xai-Xai....................................... 73
4.2 Determinação Das Normais Meteorológicas .............................................................................. 75
4.3 Variação Da Precipitação ........................................................................................................... 77
4.3.1 Variação Da Precipitação 1961-1990......................................................................................... 77
4.3.2 Variação Da Precipitação 1991-2017......................................................................................... 80
4.3.3 Determinação Dos Eventos Extremos De Chuva....................................................................... 84
v

4.4. Influência De El Niño E La Niña Cidade Xai-Xai Sobre A Precipitação ................................. 88


4.5 Efeitos Das Precipitações Extremas ........................................................................................... 96
CONCLUSÃO ............................................................................................................................................ 99
Sugestões .................................................................................................................................................. 101
Proposta De Novos Estudos ...................................................................................................................... 102
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 103
ANEXOS I. PRECIPITAÇAO MENSAL 1951-2017 ............................................................................. 108
ANEXOS II. PRECIPITAÇÃO DIÁRIA 200-2017 ................................................................................. 109
vi

Lista de tabelas
Tabela 1. Índice de Oscilação Sul (IOS). .................................................................................................... 38
Tabela 2. Classificação do Índice de Anomalia de Chuva. ......................................................................... 66
Tabela 3. Valores das séries. ....................................................................................................................... 70
Tabela 4. Normais Climatológicos.............................................................................................................. 76
Tabela 5. Anomalias de Chuva. .................................................................................................................. 78
Tabela 6. Anomalia de Chuva 1991-2017. ................................................................................................. 82
Tabela 7. Eventos extremos ocorridos de ano 2000 a 2017 ........................................................................ 85
Tabela 8. Eventos extremos e sistemas atmosféricos actuantes. ................................................................. 86
Tabela 9. Anos Niños e Anos Niña e a respectiva intensidade (1951-2017). ............................................. 89

Lista de quadros
Quadro 1. Classificação dos eventos extremos. .......................................................................................... 24
Quadro 2. Parâmetros para caracterizar os eventos naturais. ...................................................................... 24
Quadro 3. Clima da Cidade de Xai-Xai. ..................................................................................................... 55

Lista de figuras
Figura 1. El Niño......................................................................................................................................... 36
Figura 2. La Niña. ....................................................................................................................................... 37
Figura 3. Impulsionadores de Impactos do Clima Para África. .................................................................. 40
Figura 4. Esquema de Integração dos Subsistemas Ambientais. ................................................................ 43
Figura 5. Circulação das massas de ar no Oceano Índico. .......................................................................... 49
Figura 6. Localização geográfica da Cidade de Xai-Xai. ........................................................................... 53
Figura 7. Evolução dos Anos Niño e Niña na zona sul oriental de África.................................................. 91
Figura 8. Alagamentos resultantes de chuvas intensas na Cidade de Xai-Xai. ........................................... 97
Figura 9. Alagamentos nos bairros residencias da Cidade de Xai-Xai. ...................................................... 97
Figura 10. Alagamentos nas estradas secundárias. ..................................................................................... 98

Lista de mapas
Mapa 1. Divisão Administrativa da Cidade de Xai-Xai. ............................................................................ 59
Mapa 2. Risco de Inundações. .................................................................................................................... 60
Mapa 3. Riscos de Erosão do solo. ............................................................................................................. 61

Lista de gráficos
Gráfico 1. Tendência de aumento global da Temperatura. ......................................................................... 18
Gráfico 2. Índice Oscilação Sul (IOS). ....................................................................................................... 38
Gráfico 3. Níveis de Riscos associados às mudanças Climáticas. .............................................................. 39
Gráfico 4. População da Cidade de Xai-Xai e Agregados Familiares. ....................................................... 58
Gráfico 5. Ocorrência de Precipitação 1951-2017 na Cidade de Xai-Xai. ................................................. 72
vii

Gráfico 6. Variação da precipitação 1961-1990. ........................................................................................ 77


Gráfico 7. Determinação do IAC 1961-1990 .............................................................................................. 79
Gráfico 8. Variação da precipitação 1991-2017. ........................................................................................ 81
Gráfico 9. IAC 1991-2017. ......................................................................................................................... 83
Gráfico 10. Intensidade de ENSO. .............................................................................................................. 92
Gráfico 11. Relação Precipitação Anual na Cidade de Xai-Xai e fenómenos de ENSO. ........................... 93
Gráfico 12. Relação IAC e ENSO série histórica de 1961-1990. ............................................................... 95
Gráfico 13. Relação IAC e ENSO série histórica de 1991-2017. ............................................................... 95
viii

Lista de Siglas, Símbolos e Abreviaturas


%-…………………….Percentagem.
ASI- …………………Anticiclone Subtropical do Oceano Índico.
CIT- ………………….Convergência Intertropical.
CMCXX- …………….Conselho Municipal da Cidade de Xai-Xai.
CMIP5- ………………Fase 5 de Intercomparação de Modelos acoplados.
CPC- …………………Climate Prediction Center (Centro de Previsão Climática).
DJF- ………………….Dezembro-Janeiro-Fevereiro.
DOIT- ………………..Dipolo do Oceano Índico Tropical.
ECMWF- …………….European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (Centro Europeu
de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo).
EN- …………………..El Niño
ENOS- ……………….El Niño/Oscilação Sul
ENSO- ……………….El Niño-Southern Oscillation
FIPAG- ………………Fundo de Investimento e Património e Abastecimento de Agua.
GPCP- ………………Global Precipitation Climatology Project (Projecto de Climatologia
Global de Precipitação).
IAC- ………………….Índice de Anomalia de Chuva
IAG – ………………...Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
INAM- ……………….Instituto Nacional de Meteorologia
INE- ………………….Instituto Nacional de Estatística.
INGC- ………………..Instituto Nacional de gestão de Calamidades.
IOS- ………………….Índice de Oscilação Sul
IPCC-………………....Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas.
JJA- …………………..Junho-Julho-Agosto
LN- …………………..La Niña
MCG- ………………..Modelos de Circulação Global.
MDP- ………………...Motivos de Preocupação
MITADER- ………….Ministério Da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural
mm- ………………….milímetros.
ix

NCEP - ……………..National Center for Environmental Prediction (Centro Nacional de


Previsão Ambiental).
NE- …………………..Nordeste
NOAA- ………….....National Oceanic and Atmospheric Administration (Administração
Nacional Oceânica e Atmosférica).
OMM- ………………Organização Mundial de Meteorologia.
PM- ………………….Precipitação Mensal.
PNUMA- ……………Programa das Nações Unidas para o Ambiente.
PTA- ………………...Precipitação Total anual.
SA- ………………….Sul da África/ África Austral
SEA- ………………..Sudeste de África
SO- ………………….Sudoeste.
TSM- ……………….Temperatura da Superfície do Mar
UP- …………………Universidade Pedagógica.
UPG- ……………….Universidade Pedagógica delegação de Gaza.
ZCIT- ………………Zona de Convergência Intertropical
x

Declaração
Declaro que esta Dissertação de Mestrado é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas a fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.

Maputo, 28 de Junho de 2019

___________________________________________

(Américo António Mahumane)


xi

Dedicatória

À minha filha, Vera Witney Américo Mahumane !

À Ana Muhate Mahumane!


xii

Agradecimentos

A Deus, pela graça da Vida, sabedoria e pela Protecção!

Ao meu Supervisor Prof. Doutor Gustavo Sobrinho Dgedge, pelo aconselhamento, pela sapiência
na orientação do trabalho e pelo exemplo na Profissão!

Ao Engenheiro Zefanias Quissico, MSc. Basílio Tamele (meteorologistas), dr. Jaime


Nhamtumbo (observador superior da Meteorologia) pelo apoio técnico cientifico!

Aos amigos, Niquice (INAM-Inhambane) e Aurora Boca (INAM-Gaza), pela colaboração e


parceria na busca de dados.

À Prof. Dra. Maria Verónica Mapatse (minha tudo)!

À Ana Matias Muhate (minha esposa e companheira eterna)!

Aos meus Irmãos: Nonó, Quina, Olga, Cileste, Arlindo, Marito, Nhico, Júnior, Adelino, Tiochu e
Pupula que confiam em mim sempre!

À Beny (correctora linguística)!

À Verinha (minha inspiração e força)!

Aos meus colegas do curso: Mira, Guimas, Rodriguinho, Carlinha, Haquirene (grupo radical-
PRACHA)

À Universidade Pedagógica, Delegação de Gaza, pela concessão da Bolsa de Estudos para o


Programa de Mestrado em Gestão Ambiental!

À Faculdade de Ciências da Terra e Ambiente, pelo Magnifico Curso e professores Excelentes!

Ao Departamento de Ciências da Terra e Ambiente da UP-Gaza (encorajamento e força)!

À Delegação de Gaza do Instituto Nacional de Meteorologia! (fonte de dados e inspiração para a


temática).

Ao Conselho Municipal da Cidade de Xai-Xai, pela disponibilidade e prontidão!


xiii

Resumo
A pesquisa fala sobre a ocorrência de eventos extremos de precipitação, pelo facto de, ter-se
constatado que na cidade de Xai-Xai, registam-se cenários climáticos adversos relacionados com
hidrometereologia (estiagem, inundações) que, em algumas vezes se traduzem em problemas
ambientais que mais assolam a cidade (erosão na cidade alta e inundações na cidade baixa). A
intensão foi a de estudar a variabilidade e ocorrência da precipitação na cidade de Xai-Xai e
procurar relacionar com episódios meteorológicos de El Niño e La Niña. Para o efeito, usou-se
os dados fornecidos pelo instituto nacional de meteorologia referentes aos anos de 1951 a 2017.
Com estes dados, determinou-se as normais climatológicas pelo método estatístico de
agrupamento de dados mensais de cada série climatológica; calculou-se o índice de anomalia de
chuva por forma a determinar os anos secos e chuvosos; aplicou-se a metodologia das máximas e
mínimas para determinar limiares de chuva e identificar cenários de chuvas extremas. Procurou-
se relacionar os índices de anomalia de chuva com a intensidade do ENSO. As ilações deste
estudo revelam que a precipitação em Xai-Xai é mais frequente nos anos de La Niña e neutros.
Os anos El Niño tendem apresentar a escassez de chuva (seca). O quadro climático de Xai-Xai,
mostra que a estação chuvosa começa relativamente tarde ou seja no mês de Novembro e termina
também em Maio ao invés do mês de Abril tal como é generalizado nos estudos anteriores. As
chuvas intensas e extremas não tem uma ligação forte com os fenómenos planetários de ENSO,
mas sim, ocorrem como resultados de outros factores principalmente a influência da zona
ciclónica do canal de Moçambique. A pesquisa apresenta quatro capítulos, anexos bem como as
respectivas referencias e notas devidamente mencionadas.
Palavras-chave: Eventos Extremos climáticos; El Niño; La Niña; Anomalia de Chuva; Cidade
de Xai-Xai.
xiv

Abstract
The research discusses the occurrence of extreme precipitation events, due to the fact that Xai-
Xai City has observed adverse climatic scenarios related to hydrometeorology (drought, floods),
which sometimes environmental problems that plague the city (erosion in the upper city and
floods in the lower city). The aim of this study was to study the variability and occurrence of
precipitation in the city of Xai-Xai and to investigate the relationship between El Niño and La
Niña meteorological episodes. For this purpose, the data provided by the National Institute of
Meteorology for the years 1951 to 2017 were used. With these data, the climatological norm was
determined by the statistical method of grouping monthly data of each climatological series; the
rainfall anomaly index was calculated in order to determine the dry and rainy years; the
maximum and minimum methodology was applied to determine rain thresholds and to identify
extreme rainfall scenarios. We searched the rainfall anomaly indices with the ENSO intensity.
The findings of this study reveal that Xai-Xai precipitation is more frequent in the La Niña years
and neutral. The El Niño years tend to show the scarcity of rain (dry). The Xai-Xai climatic
picture shows that the rainy season begins relatively late in November and also ends in May
rather than April as is common in previous studies. The intense and extreme rains do not have a
strong connection with the ENSO planetary phenomena, but rather, the results of other factors,
mainly the influence of the hurricane zone of the Mozambique Channel, occur as a result of other
factors. The research presents four chapters, annexes as well as the respective references and
notes duly mentioned.
Keywords: Extreme climatic events; El Niño; La Niña; Rain Anomaly; City of Xai-Xai.
15

INTRODUÇÃO

Os eventos extremos climáticos são ocorrências naturais que têm essa designação por serem
incomuns ou invulgares para um determinado lugar e tempo. A pesquisa olha os eventos
extremos de precipitação e procura associar entre vários factores com às anomalias de
temperatura registadas em porções específicas do oceano Pacífico, provocando o aquecimento
superficial das águas do Pacífico Equatorial ou o resfriamento, respectivamente denominados El
Niño e La Niña ou ainda El Niño-Oscilação Sul (ENOS) na cidade Xai-Xai. A pesquisa parte do
pressuposto de que as alterações do comportamento climático na Cidade de Xai-Xai, assim como
em toda zona costeira do sudeste de Africa, (conforme os resultados das pesquisas de Tique
(2014), Macie (2016) e Coana (2015), bem como o relatório do Painel Intergovernamental sobre
as Mudanças Climáticas (IPCC, 2014)), revelam que a intensidade dos ventos (frequência de
ciclones), precipitação, secas, cheias, ondas de calor que atingem Moçambique e em quase toda
zona sul de África representam o cenário da influência do ENOS.

É importante considerar que as alterações climáticas sempre estiveram presentes no planeta terra,
sendo que antes da ascensão de instrumentos tecnológicos e produtivos desenvolvidos pelo
homem, estas alterações revelavam uma sazonalidade equilibrada. Todavia, com o advento da
industrialização, os processos produtivos tiveram a necessidade de utilizar cada vez mais fontes
energéticas, tais como, o petróleo, o carvão mineral e, actualmente, os biocombustíveis. A partir
disso, o processo de aquecimento global tem-se mantido constante e ao mesmo tempo intenso,
em quantidades crescentes. Porém, o presente estudo concentra-se nos factores naturais que
influenciam e/ou determinam a variabilidade da precipitação na Cidade de Xai-Xai. Olha-se o
estudo como relevante na medida em que os pensamentos actuais desenham cenários de um
futuro próximo, tendente a apresentar um clima mais extremo, com maiores ocorrências de
estiagens e inundações, como presumidamente pode ser verificado em Moçambique, onde é
possível, de forma relativamente frequente, termos cenários contrários, tais como, o sul com seca
resultante da precipitação abaixo da normal climatológica e o norte e o centro inundações severas
resultantes das precipitações acima da normal climatológica. Logo, é importante saber a
frequência e a intensidade com que os fenómenos meteorológicos vêm ocorrendo nos últimos
anos bem como a verificação do padrão climático da Cidade de Xai-Xai, de modo a desenhar
estratégias de resiliência e adaptação aos adventos ambientais.
16

A pesquisa apresenta quatro capítulos, onde o primeiro traz uma discussão teórica sobre eventos
extremos, sua classificação e factores determinantes da sua ocorrência, os paradigmas ambientais
para a análise do clima, com vista a compreender a abordagem actual da análise dos sistemas
ambientais; O segundo é específico aos aspectos geofísicos e ambientais da cidade Xai-Xai, bem
como as particularidades edáficas e climáticas que ajudam a compreender a variabilidade
climática; O terceiro é referente a metodologia, onde descreve-se as principais estratégias e
formas de abordagens que dão a cientificidade aos resultados, o último capítulo trás os resultados
e as respectivas formas de categorização para perceber a variabilidade da precipitação na Cidade
de Xai-Xai e encerra-se o trabalho com as considerações finais e as principais referências.

Delimitação do estudo
O estudo sobre “a ocorrência dos eventos climáticos de precipitação na Cidade de Xai-Xai”,
enquadra-se no âmbito da conclusão de um programa de Mestrado em Gestão Ambiental na
Faculdade de Ciências da Terra e Ambiente da Universidade Pedagógica. Tem como grande
área: Avaliação e Gestão dos Riscos Ambientais e a pequena área presume-se em: riscos
climáticos, conforme o plano curricular do respectivo programa. A base de análise do presente
estudo estrutura-se da seguinte forma:

a). Local de estudo: Cidade de Xai-Xai, Província de Gaza, Moçambique.

b). Período de estudo: 1951-2017- compreendem três séries históricas estabelecidas pela
Organização Mundial de Meteorologia (OMM), sendo apenas 10 anos da primeira série que vai
desde 1931-1960; toda a segunda série histórica de 1961-1990 e cerca de 27 anos da última serie
que vai fechar em 2020 a de 1991-2017 {}, portanto são no total 67 anos estudados.

c). Subobjectos de análise:

 Variação da precipitação anual (1951-2017); razões: porque há dados anuais


disponíveis da precipitação registados neste período.
 Determinação de eventos extremos de Chuva (2000-2017); razões: porque para os
anos anteriores não há registo dos dados diários, sendo que o evento extremo de
chuva só é determinado por esses dados.
17

 Determinação de Anomalias de Chuva (anos secos e anos chuvosos), apenas séries


históricas estabelecidas pela OMM, sendo (série I: 1961-1990) e (série II: 1991-2017-
incompleta); razões: O IAC considera a média climatológica da série (P̅) e em virtude
disso foram ignorados os primeiros dez anos do período de estudo (1951-1960).

Problema da Pesquisa
a). Contexto Global

O Cenário de eventos climáticos extremos está adjudicado ao contexto actual de mudanças


climáticas ao nível planetário. O Planeta Terra depara-se com um processo acelerado de
mudanças climáticas, conforme o relatório de IPCC1 (2014) sobre as alterações climáticas,
“impactos, vulnerabilidade e adaptação”, que trás dados de grande preocupação para a vida do
planeta, para os ecossistemas diversos e principalmente para a saúde pública. No quadro dos
eventos climáticos extremos, o mesmo revela um aumento assustador das ocorrências dos
desastres como, cheias e inundações, secas prolongadas, ciclones e furacões, ondas de calor e
ondas de frio, precipitação extrema e severa em diversas partes do planeta. Esta preocupação
requer, de acordo com o relatório, uma mudança de comportamento na forma de pensar e agir
frente aos riscos ambientais.

O Relatório avança cinco motivos de preocupação (MDP) no contexto global de forma


integrativa em vários sectores: (i) Sistemas únicos e ameaçados: Alguns sistemas únicos e
ameaçados, incluindo ecossistemas e culturas, que já estão em risco devido às alterações
climáticas; (ii) Eventos climáticos extremos (objecto de analise na pesquisa); (iii) Distribuição
dos impactos: Os riscos estão desigualmente distribuídos e são, geralmente, mais relevantes para
pessoas e comunidades desfavorecidas, independentemente do nível de desenvolvimento dos
países; (iv) Impactos agregados globais: Os riscos de impactos agregados globais são moderados
devido ao aquecimento adicional entre 1 a 2°C, reflectindo os impactos na biodiversidade da
Terra e na economia global geral; (v) Episódios singulares de grande escala: Com o aumento do
aquecimento, alguns sistemas físicos ou ecossistemas podem estar em risco de mudanças
abruptas e irreversíveis.

1
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
18

Identificados pela primeira vez no Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC, os Motivos de


Preocupação (MDP) ilustram as implicações do aquecimento e dos limites de adaptação para as
pessoas, economias e ecossistemas. Oferecem um ponto de partida para a avaliação da
interferência antropogénica perigosa com o sistema climático. No entanto, a problemática de
eventos climáticos extremos do cenário da presente pesquisa afiguram-se no número 2 dos
Motivos de Preocupação (MPD) apresentados pelo relatório de IPCC 2014 e olha para além dos
cenários antrópicos que influenciam na ocorrência e intensidade dos eventos extremos, as causas
naturais que levam a ocorrência dos extremos de precipitação e associa a influência de ENOS.

O gráfico um (1), mostra a tendência de aumento da temperatura por ano e por década, de forma
a perceber-se este elemento (temperatura) como influenciador na ocorrência de vários eventos
climáticos a nível planetário.

Gráfico 1. Tendência de aumento global da Temperatura.

Fonte: IPCC, 2014.

Nota-se no gráfico (1) um que, no século XX, a temperatura global aumentou em torno de 0,6ºC
e prevê-se que a mesma aumente em média 3ºC até ao final do século XXI. Esta tendência de
aumento da temperatura global, deve-se a vários factores que podem ser interpretados em
diferentes escalas (global, local e glocal) e âmbitos (factores humanos influenciadores e factores
19

naturais que são determinantes). A leitura que se faz no gráfico em alusão justifica a ocorrência
de vários fenómenos extremos meteorológicos a nível do planeta, com maior destaque para as
inundações e secas em várias partes do mundo, tais como, as ondas de calor e de frio, os ciclones
e furacões, em que quase todos os dias em diferentes partes do planeta são registados e olha-se
para vaiáveis de precipitação e temperatura como sendo as que mais interferem na combinação
para dar lugar a um evento extremo e comportamento climático em diferentes lugares. No
entanto, a Cidade de Xai-Xai não é uma parte isolada do resto do planeta, daí que os factores
ambientais não apresentam fronteiras relevantes para a sua actuação, apenas obedecem padrões
geológicas e hidrometereológicas da sua formação, intensidade, magnitude, dispersão e duração,
facto que nos leva a estudar a Cidade-Xai-Xai como uma unidade isolada para pudermos
compreender de forma específica, mas interpretando factores de actuação global e local.

b). Contexto Moçambicano e Cidade de Xai-Xai em Particular

Moçambique regista, nos últimos anos, uma maior frequência de eventos climáticos extremos
que actuam de forma contrária nas diferentes regiões, sendo que o centro e norte tendem a
apresentar cenários semelhantes e o sul com fenómenos contrários, ou seja, tem sido frequente
que quando as zonas centro e norte apresentam inundações e chuvas frequentes, a zona sul
apresenta seca, escassez da precipitação. Não obstante, quando a zona sul regista precipitações
severas e consequentemente inundações a zona norte e centro registam estiagem ou precipitação
abaixo da normal. Ademais, a zona sul de Moçambique tende a apresentar apenas duas
características, sendo: ou seca ou inundações. Os anos com uma certa distribuição normal do
período seco e húmido são quase reduzidos. Este facto, remete a preocupação de estudar a
ocorrência dos eventos climáticos de precipitação e determinar através do IAC os anos chuvosos
e secos na cidade de Xai-Xai, como forma de potenciar a informação sobre a ocorrência dos
eventos climáticos e fortificarem-se as estratégias de resiliência e de familiarização das
comunidades para com os fenómenos.

A cidade de Xai-Xai é uma cidade costeira, que de certa maneira, mais do que o quadro
climático da região sul, merece uma análise dos aspectos particulares que determinam a
ocorrência da precipitação, por estar sob influência do factor oceânico e apresentar vários
eventos hidrometereologicos relacionados com o seu enquadramento na região tropical, como é o
20

caso das depressões tropicais, precipitações extremas, estiagem e ondas de calor. Considerando
que os respectivos eventos ocorrem a um padrão irregular, a presente pesquisa perspectivou
estudar a variação, a tendência e o comportamento cíclico de eventos climáticos extremos na
Cidade de Xai-Xai e associar aos fenómenos de ENOS, baseando-se nas seguintes questões
científicas:

 Como se caracteriza a variabilidade da precipitação na Cidade de Xai-Xai?


 Que influência os fenómenos ENOS têm na variabilidade da precipitação na Cidade de
Xai-Xai?
 Que factores justificam o comportamento cíclico dos eventos extremos de precipitação
em Xai-Xai?
 Que cenários futuros se esperam do comportamento climático da cidade de Xai-Xai?

Objectivos:
Objectivo Geral:

 Estudar a variação, a tendência e o comportamento cíclico de eventos climáticos


extremos de precipitação na Cidade de Xai-Xai e associar aos fenómenos de ENOS.

Objectivos Específicos:

 Analisar a variação da precipitação na cidade Xai-Xai em diferentes escalas diárias,


mensais e anuais de 1951 a 2017.
 Compreender a tendência de ocorrência de eventos extremos de precipitação em Xai-Xai.
 Explicar o comportamento cíclico de eventos extremos de precipitação na Cidade de Xai-
Xai.

Aplicação e Relevância do Estudo


O estudo sobre “ eventos climáticos de precipitação em Xai-Xai” será aplicado em diferentes
níveis e sectores, sendo por exemplo:

a). Área de educação: como fonte de informação para várias consultas e críticas e, por via disso,
suscitará novas pesquisas sobre eventos meteorológicos na Cidade de Xai-Xai e em diferentes
regiões que apresentam similaridades climáticas com as de Xai-Xai.
21

b). Na meteorologia: servirá como mais-valia para a intensificação da aplicação do cálculo das
anomalias de chuva (IAC) e respectivo mapeamento dos cenários de seca e inundações para
ajudar os tomadores de decisão sobre estratégias de adaptação aos eventos climáticos extremos.

c). No sector do ambiente: contribuirá no conhecimento dos riscos associados ao clima e


possibilitará o desenho de cenários futuros, tanto para a consciencialização assim como para a
adaptação e resiliência.

Motivações
Estudar os eventos extremos climáticos de precipitação na Cidade de Xai-Xai, justifica-se pela
necessidade de fazer uma produção científica relevante para terminar o curso de mestrado em
gestão ambiental na Universidade Pedagógica de Maputo. Estudar sobre Xai-Xai tem haver não
só com razoes de interesse científico ambiental, mas também por razoes culturais de identidade
com o local que, embora não seja de nascença, testemunhou o crescimento do autor e, por via
disso ter acompanhado ao longo dos anos vários cenários climáticos ‘estranhos’ que acontecem e
que são vivenciados pelos residentes, afectando grandemente as condições de vida da população.

Os eventos hidrometereologicos verificados em Xai-Xai têm marcas não só para a população


académica, mas também para todos os que passam e/ou vivem na Cidade de Xai-Xai. Os grandes
exemplos apontam ao surgimento de unidades geográficas com nomes e designações que
marcam gerações, a saber: surgimento do Bairro Marien Guabi e Patrice Lumumba (cheias de
1977); bairro Ndambine 2000 (cheias do ano 2000); bairro 2013 (inundações do ano 2013); não
obstante, há outros exemplos que marcaram a vida e a história da cidade: nascimento da “Rozita”
em cima da árvore (facto que não só chamou atenção ao nível local como também na arena
cultural musical moçambicana-muitos músicos usaram o facto como titulo das suas obras).

O outro aspecto motivacional centra-se pelo facto de escassear informações e estudos sobre os
factores de ocorrência dos eventos extremos em Xai-Xai, sendo que maior parte dos
pesquisadores olham para os impactos, dai a necessidade de contribuir na compreensão da
ocorrência dos extremos de chuva na Cidade de Xai-Xai.
22

CAPITULO 1. EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS-UMA ABORDAGEM TEÓRICA

Este Capítulo procura trazer fundamentos teóricos para a compreensão dos eventos extremos
relacionados com precipitação, considerando, de forma geral, os eventos extremos e sua
classificação e, de forma particular, os eventos extremos de chuva. Desta forma, o capítulo
apresenta a seguinte estrutura: (i) eventos extremos; (ii) eventos extremos climáticos; (iii)
eventos extremos de chuva; (iv). El Niño-Oscilação Sul como factor influenciador da
precipitação; (v). Determinação do Índice Oceânico; (vii). Pesquisas anteriores sobre eventos
extremos climáticos; (viii). Importância do Estudo dos Eventos Climáticos Extremos e por fim o
capítulo fecha com apresentação de principais paradigmas ambientais que sustentam a análise
feita neste estudo.

1.1 EVENTOS EXTREMOS


Os sistemas ambientais caracterizam-se por serem altamente dinâmicos e apresentarem uma
variabilidade natural em seu ritmo, da qual fazem parte os eventos extremos, ou seja, eventos
anómalos ou ainda podem ter a designação de ocorrências excepcionais. “Evento extremo é uma
ocorrência que se distancia da média e que apresenta uma incidência mais rara, podendo ter
graus diversos de magnitude e intensidade”2. (SAREWTIZ etal., 2000).

A concepção de um evento extremo deve considerar os aspectos tempo e espaço de ocorrência


porque, conforme escreve (GONÇALVES, 2003), alguns eventos naturais são registados com
maior frequência e, portanto, a sociedade se estruturaria de forma a absorvê-los, adaptando-se ao
seu ritmo e considerando-os como normais ou habituais. Ou seja, o conceito extremo remete ao
aspecto de raridade. Pese embora magnitude e intensidade sejam elevados, se a população se
familiariza com a ocorrência, perde o sentido de ser extremo e entra para os padrões normais de
ocorrência num determinado local.

WHITE (1974) considera que cada parâmetro da biosfera sujeito à flutuação sazonal, anual ou
secular, constitui um “hazard”3 para o homem, na medida em que seu ajustamento à frequência, à

2
An occurrence that distances from the mean and presents a rarer incidence, and may have varying degrees of
magnitude and intensity.
3
Perigo.
23

magnitude ou desenvolvimento temporal dos eventos extremos são baseados em conhecimento


imperfeito.

De modo geral, os eventos extremos apenas podem ser antevistos como probabilidades cujo
tempo de ocorrência é desconhecido. Para White, o termo ‘hazard’refere a “an interaction of
people and nature governed by the coexistent state of adjustment in the human use system and
the state of nature in the natural events system”4 . (Opcit: 4)

MONTEIRO (1991), após uma ampla discussão sobre a melhor tradução da palavra inglesa
hazard, adopta o termo acidente, considerando que este abrange um trauma maior para expressar
a ideia contida no vocábulo. Desta feita, no termo acidente seria necessário acrescer uma ideia de
um acontecimento infeliz (causal ou não) do qual resulta o dano, estrago, avaria, destruição,
perdas humanas, chegando até o desastre.

SMITH (1997) chama a atenção de que a palavra hazard muitas vezes é utilizada como sinónimo
de risco (risk), porém, possuem significados diferentes. Acidente (hazard) seria “a potential
threat to human and their welfare”5, e risco é tomado como “the probability of hazard
occurrence”6. O autor considera ainda que o desastre consistiria na realização do acidente.
Portanto, os eventos naturais podem ser classificados conforme o quadro abaixo:

4
Uma interacção de pessoas e natureza governada pelo estado coexistente de ajuste no sistema de uso humano e
o estado de natureza no sistema de eventos naturais.
5
Uma ameaça potencial ao ser humano e seu bem-estar.
6
A probabilidade de ocorrência de um acidente.
24

Quadro 1. Classificação dos eventos extremos.

Fonte: Autor (2019) com base em Smith (1997).

Para a determinação dos eventos extremos consideram-se vários parâmetros, conforme ilustra o
quadro 2.

Quadro 2. Parâmetros para caracterizar os eventos naturais.

Parâmetros Caracterização
Magnitude Máxima energia liberada por um evento particular em uma dada localidade
Frequência Incidência média que um evento de uma dada magnitude ocorre em uma área
Duração Espaço de tempo no qual um evento perigoso persiste
Extensão da área Área geográfica coberta por um evento
Velocidade de Período de tempo entre o surgimento de um evento e seu pico
avanço
Padrão de Padrão de distribuição de um evento sobre uma área geográfica afectada.
dispersão
espacial
Regularidade Período de recorrência de um evento.
25

Fonte: adaptado pelo autor (2019) com base em Albala-Bertrand (1993)

Na abordagem da magnitude de um fenómeno, é importante acrescentar à definição dada pelo


autor, que podem ser observados vários graus de energia libertada por um dado fenómeno em um
evento. Em relação aos parâmetros sociais, a vulnerabilidade é o principal aspecto a ser
considerado. De acordo com o IPCC (2001), a vulnerabilidade é o grau de susceptibilidade de
um sistema ou o quanto ele é incapaz de enfrentar efeitos adversos. É uma função entre a
natureza, a magnitude e o percentual de uma variação aos quais o sistema é exposto, sua
sensibilidade e sua capacidade adaptativa. Todavia, é fundamental, na abordagem dos eventos
extremos, ter em conta os parâmetros da respectiva classificação, conforme foi abordado pelo
ALBALA-BERTRAND (1993).

1.2 EVENTOS EXTREMOS CLIMÁTICOS.

O termo “evento extremo climático” tem vários significados em climatologia, mas procura
sempre trazer a ideia de ocorrência incomum, ou seja, aquilo que não é cenário normal no quadro
de um determinado clima. No entanto, chega-se à ideia de extremo, quando uma determinada
ocorrência é comparada e supera os cenários considerados normais e comuns. CARVALHO
(2008), considera um evento extremo climático quando uma determinada ocorrência apresenta
“valores de parâmetros meteorológicos, superiores ou inferiores a determinados limites,
associados a probabilidade de ocorrência, relativamente, baixa e com impacto significativo na
sociedade ou nos ecossistemas”. Por outro lado DIAS, (2011), define eventos extremos
climáticos, do ponto de vista social, como sendo “aqueles que provocam impactos extremos, ou
seja, que envolvem riscos como mortes e danos materiais”. O autor acrescenta ainda que “tem a
ver com a vulnerabilidade.

Segundo BRITO & LAZARRI (2016), de ponto de vista físico ambiental, eventos extremos
climáticos são “fenómenos climáticos que fogem do comportamento padrão.” Compreende-se
que o clima possui valores paramétricos fixos que variam em função do tempo, ao longo do qual,
há manifestações que se caracterizam por ocorrência de alguns extremos meteorológicos. Os
autores constataram que a maioria dos resultados baseados na temperatura do ar mostra um
26

aquecimento no Hemisfério Norte e na Austrália, após 1946, indicando um decréscimo global no


número de dias frios na segunda metade do século XX.

Com relação aos resultados baseados em precipitação, tem-se uma alternância entre mudanças
positivas (aumento no número de eventos de precipitação intensa no oeste da Rússia e partes da
Europa) e negativas (declínio na frequência de precipitação ao leste da Rússia e Sibéria). Os
pesquisadores notaram ainda o aumento em todos os índices de eventos de precipitação intensa
no Sul da África, Oeste da Rússia, partes da Europa e leste dos Estados Unidos.

Além disso, constata-se que alguns índices gerados a partir dos dados dos Modelos de Circulação
Geral (MCG) integrantes do Coupled Model Intercomparison Project Phase 5 (CMIP5)7
analisados por SILLMANN et al. (2013a; 2013b), postulam que para o fim do século XXI
(2071-2100) haverá uma tendência de diminuição no número de noites frias e dias frios e um
aumento na percentagem de noites quentes e dias quentes em todo o globo e em quase todos os
cenários utilizados. Os estudos feitos para fundamentar o conceito e a ocorrência de eventos
extremos são em si bastante complexos e controversos, uma vez que, vários autores colocam
também parâmetros diferentes para considerar uma determinada ocorrência climática como
extrema.

Os eventos extremos podem ser referidos como grandes desvios de um estado climático
moderado que possui um potencial de destruição: chuvas intensas, vendavais e furacões, grande
seca (MARENGO, 2009). Segundo o autor, estes eventos são caracterizados pela sua
intensidade, baixa frequência e dificuldade de gestão e planificação de medidas de adaptação ou
redução dos seus efeitos, devido à impossibilidade de prevê-los com exactidão.

Não obstante, perspectivando a consolidação dos esforços de forma a reduzir os efeitos dos
eventos climáticos extremos, vários estudos, tanto individuas como institucionais, são feitos com
vista a desenhar cenários futuros de mudança no clima global e no comportamento de variáveis
atmosféricas, tendo-se como grandes evidencias o Programa das Nações Unidas para o Ambiente
(PNUMA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) que estabeleceram em 1988 o Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

7
Fase 5 do Projecto de Intercomparação de Modelos Acoplados.
27

O IPCC tem feito vários estudos no contexto de verificação de efeitos e causas das mudanças
climáticas, mas sobre tudo tem-se empenhado em desenho de cenários que mostram as
tendências de mudanças e, por via disso, alertar os países e entidades ambientais sobre as
projecções climáticas futuras. A presente pesquisa traz alguns fundamentos de acordo com
relatórios recentes de IPCC.

Segundo o Relatório Especial (IPCC, 2012), um evento extremo é definido como a ocorrência de
um valor de uma variável de condição meteorológica ou clima acima ou abaixo de um valor
limite, perto das extremidades superiores ou inferiores da faixa de valores da variável observada.

Consolidando essa definição, CAMERON et al. (2012), afirmam que um clima em mudança
provoca alterações na frequência, intensidade, extensão espacial e duração de extremos das
condições meteorológicas e climáticos, podendo resultar em eventos sem precedentes. Os
eventos climáticos podem ser classificados em eventos usuais e extremos. Por seu turno,
BARBOSA (2008), define eventos usuais como os episódios registados com maior frequência
possibilitando uma melhor absorção pelas sociedades e um planeamento de adaptação ao seu
ritmo natural. Tais eventos, também são definidos como aqueles que não se afastam
significativamente das médias, com uma frequência alta em qualquer escala temporal de
ocorrência.

Devido a muitos factores e variáveis que levam à identificação dos eventos extremos, bem como
os efeitos associados a estes, há inúmeras possibilidades de definição, do ponto de vista
conceitual, do que poderia ser designado como evento extremo. Assim, “não existe ainda uma
unanimidade na comunidade científica quanto à sua definição. No entanto, sabe-se que os
mesmos são eventos raros, de aparição extraordinária” (MONTEIRO, 2016) e que surpreendem
por sua magnitude ou, são caracterizados como eventos catastróficos, de difícil ocorrência e que
geram consequências graves quando ocorrem (CASTRO, 2009).
28

1.3 EVENTOS EXTREMOS DE CHUVA

Para o caso específico da precipitação, geralmente o termo é utilizado para designar fenómenos
provenientes de episódios pluviométricos, desde aqueles que consideram acumulados mínimos
de chuva (quando praticamente não ocorre a precipitação), até aqueles eventos máximos de
precipitação (chuvas extremas), os quais ganham maior notoriedade na média electrónica e
impressa, devido ao alto poder de deflagração de impactos diversos no meio em que ocorrem.

Visando a uma definição mais coerente e operacional para evento extremo de chuva, neste
estudo, faz-se necessário considerar o comportamento da chuva em uma determinada localidade
e em um determinado tempo (análise espácio-temporal), a qual permite uma melhor
interpretação dos eventos de chuva extrema.

Do ponto de vista físico geográfico, um evento extremo poder ser definido como um evento raro
em determinado/a lugar/época do ano, podendo variar de uma localidade para outra. As
definições de raro podem até variar, mas um evento climático extremo de chuva, normalmente, é
tão ou mais raro que a ocorrência de um valor acima do limite superior ou abaixo do limite
inferior da gama de valores da variável observada (IPCC, 2012).

Claro que, ao analisar um determinado período, utilizando-se, por exemplo, uma longa série
histórica (30 anos ou mais), os muitos valores “nulos” (dias em que não ocorre precipitação) ou
aqueles de pequena expressão (2 milímetros, 5 milímetros ou pouco mais) poderiam mascarar os
valores correspondentes aos eventos extremos superiores, os quais não desencadeariam,
necessariamente, danos de grandes proporções.

Por via disso, com vista a reduzir margens do erro na pesquisa, a determinação dos extremos
chuvosos usou dados diários, uma vez que, é possível num dia só precipitar uma quantidade de
chuva que supere uma época chuvosa e no mesmo dia, tal facto acontecer em apenas algumas
horas. Ademais, faz-se necessário estabelecer um limiar de chuva para que, a partir deste,
possam ser considerados valores de precipitação que, dependendo de algumas variáveis
(localização geográfica, intervalo de tempo em que ocorreu a precipitação, impermeabilização,
vulnerabilidade etc.), apresentariam uma grande probabilidade de desencadear algum tipo de
dano para a sociedade.
29

Alguns autores como CONTI (2011) e TEIXEIRA (2004), ao procurarem definir de forma mais
operacional o que seria designado como um evento “superior” de chuva extrema, consideraram
acumulados de precipitação que ultrapassam 50 mm em 24 horas, acreditando que, a partir deste
limiar de chuva já pode ser verificado algum tipo de impacto em áreas densamente urbanizadas.
O limite inferior proposto pelos autores significa que 1mm equivale 1 m3 num espaço de 1 m2 e
os 50mm correspondem a 50 m3 num espaço de 1 m2, com toda certeza pode superar os factores
de escoamento e infiltração e provocar danos consideráveis, dependendo também de factores
geofísicos locais.

Por outro lado, acredita-se nesta perspectiva que, do ponto de vista operacional, o
estabelecimento do limite inferior apresenta um tratamento coerente no que diz respeito à
definição de determinados episódios de chuva como eventos máximos de precipitação, ora
vejamos, GAO, JEREMY e FILLIPO (2006), FRICH, ALEXANDRE, DELLAMARTA et al.
(2002) e SILVA (2012), respeitaram o limite inferior de 50 mm para definir eventos extremos de
chuva, além de estabelecer quatro intervalos de intensidade entre os próprios eventos extremos a
partir da adopção de uma metodologia estatística (metodologia dos máximos de precipitação).

Ao utilizar intervalos de intensidade entre eventos extremos, tal metodologia, além de


desconsiderar acumulados de chuva, que não são muito representativos, utiliza uma análise
estatística mais coerente, principalmente quando se considera a ocorrência dos eventos situados
na classe superior, como eventos extremos de grande intensidade. Geralmente, tais eventos
ultrapassam os 100 milímetros acumulados em 24 horas e tal acumulado de chuva varia de
acordo com a localidade em estudo.

A atmosfera é dinâmica por sua própria natureza, seguindo um ritmo composto por eventos
usuais e eventos extremos, anómalos ou excepcionais. Os eventos usuais são registados com
maior frequência, conforme referiu BARBOSA (2008) possibilitando a sua absorção pelas
sociedades que se adaptam ao seu ritmo natural, sendo que estes eventos não distanciam de
maneira significativa da média ou normal meteorológica.

Numa abordagem conceitual sobre os eventos extremos de precipitação, SAREWITZ et al.


(2000), Considera como sendo ocorrências que apresentam uma incidência rara, distanciando-se
da média, variando em sua magnitude. Porém, essa perturbação ocorre por um período
determinado, voltando posteriormente ao seu estado habitual.
30

Outro aspecto abordado por MONTEIRO et al. (2012) é que a chuva é uma “variável aleatória”
e o valor da sua altura acumulada (em milímetros) não poderá ser previsto com uma exactidão
determinística, mas na verdade ela será de natureza probabilística. Ou seja, pode-se atribuir uma
probabilidade para que a altura da chuva fique compreendida entre dois limites arbitrariamente
escolhidos. Diversos são os parâmetros e aspectos relacionados com a classificação desses
eventos, dentre eles, mencionam-se os atributos de quantidade de chuva, em um intervalo de
tempo e a abrangência espacial da mesma.

Porém, há uma grande dificuldade, entre os pesquisadores, em determinar limiares para os


eventos extremos, afirma MONTEIRO et al. (2012). Isso deve-se à dificuldade de estabelecer
valores (em milímetros) confiáveis para regiões com características pluviométricas e climáticas
diferenciadas.

Sobre esta abordagem, XAVIER et al. (1999) afirmam que a técnica dos quantis (muito utilizada
em seus trabalhos) envolve o princípio da relativização estatística, no sentido de se buscar um
significado apropriado para altura pluviométrica registada para um determinado lugar.

Outra questão a ser colocada é o que se refere à análise de identificação de eventos extremos
numa escala diária. SOUZA et al. (2012) questionaram sobre a partir de quantos milímetros uma
chuva pode ser definida como um evento danoso. Em seus estudos sobre a ocorrência de eventos
extremos, utilizaram a técnica do quantil para dados de precipitação acumulada em 24 horas,
consideraram como limiares para definição dos eventos extremos, em escala diária, o quantil Q
(0,5) para um Dia Seco (apresentando chuva inferior a 2mm/dia) e o quantil Q (0,95) para uma
Chuva Muito Forte.

É importante ressaltar que a escolha do valor 2mm/dia para um Dia Seco, fundamenta-se na
determinação de limiares inferiores para regiões de clima quente, discutida pelos autores
ADEJUWON e ODEKUNLE (2006), após diversos estudos em que a precipitação total diária
menor que 2mm é de pouca importância para agricultura e abastecimento de água. Estes autores
justificam que valores inferiores a este limiar vão evaporar antes mesmo de infiltrar no solo, em
virtude das elevadas temperaturas e taxas de evaporação e evapotranspiração.
31

1.3.1.Medição da precipitação

Exprime-se a quantidade de chuva pela altura de água precipitada e acumulada sobre uma
superfície plana e impermeável. Ela é avaliada por meio de medidas executadas em pontos
previamente escolhidos, utilizando-se aparelhos chamados pluviómetros ou pluviógrafos que
podem ser manuais ou automáticos. Esses aparelhos colhem uma pequena amostra, pois têm uma
superfície horizontal de exposição de 500 cm2 para o pluviómetro e 200 cm2 para pluviógrafo, e
ambos são colocados a uma altura padrão de 1,50 m do solo (BUCHIR, 2013). As leituras são
feitas por um observador treinado em intervalos de 24 horas e anotadas em cadernetas próprias
(PINTO et al., 1976).

1.3.2. Tipos de Chuvas

Os diferentes tipos de precipitação são resultados das características físico-geográficas dos


lugares onde se originam. Como o processo de formação das nuvens, está associado ao
movimento ascendente de uma massa de ar húmido, para diferenciar os principais tipos
precipitação é considerada a causa da ascensão do ar húmido. Assim, (BUCHIR, 2013) apresenta
os seguintes tipos:

a). Chuvas Convectivas

b). Chuvas Frontais

c). Chuvas Orográficas ou de Relevo

a) Chuvas Convectivas

São típicas de regiões tropicais como Cidade de Xai-Xai, ocorrem pelo aquecimento de massas
de ar, relativamente pequenas, que estão em contacto directo com a superfície quente dos
continentes e oceanos. O arrefecimento do ar resulta da sua subida para níveis mais altos da
atmosfera onde as baixas temperaturas condensam o vapor, formando nuvens. Este processo
32

pode ou não resultar em chuva. Normalmente, este tipo de chuva ocorre de forma concentrada
sobre áreas relativamente pequenas (PINTO etal., (1976); VILLELA e MATTOS, (1971);
COLLISCHONN e TASSI, (2008) citados por BUCHIR, (2013). Os processos convectivos
produzem precipitação de grande intensidade e duração relativamente curta.

b) Precipitação frontal

Ocorre quando há encontro de duas grandes massas de ar, de diferentes temperaturas e


humidade. As massas de ar mais quente são mais leve e normalmente mais húmida. Elas são
empurradas para cima (ascensão), onde atingem temperaturas mais baixas, resultando na
condensação do vapor de água. As massas de ar que formam a precipitação frontal tem centenas
de quilómetros de extensão e movimentam-se de forma relativamente lenta, por esse facto, elas
são de longa duração e atingem grandes extensões (BUCHIR, 2013). Em alguns casos as frentes
podem ficar estacionárias e a precipitação pode atingir mesmo local por vários dias consecutivos
(PINTO et al., 1976).

c) Precipitação orográfica

Esse tipo de precipitação ocorre em regiões em que um grande obstáculo do relevo, como uma
cordilheira ou montanha muito alta, impede a passagem de ventos quentes e húmidos, que
sopram do mar, obrigando o ar a ascender. Em maiores altitudes a humidade do ar condensa-se,
formando nuvens junto aos picos da elevação, onde chove com muita frequência (PINTO et al.,
1976; VILLELA e MATTOS, 1971; COLLISCHONN e TASSI, 2008 citados por BUCHIR,
2013).

1.4 CLIMA E PRECIPITAÇÃO

Climatologia, constitui o estudo científico do clima. Ela trata dos padrões de comportamento da
atmosfera em suas interacções com as actividades humanas e com a superfície do Planeta durante
33

um longo período de tempo. Esse conceito, revela a ligação da Climatologia com a abordagem
geográfica do espaço terrestre, pois ela, caracteriza-se como um campo do conhecimento no qual
as relações entre a sociedade e a natureza configuram-se, como pressupostos básicos para a
compreensão das diferentes paisagens do Planeta e contribui para uma intervenção mais
consciente na organização do espaço (MENDONÇA, 2007).

A climatologia é estruturada entre os elementos climáticos e os factores geográficos do clima. Os


elementos constitutivos do clima são três: a temperatura, a precipitação e a pressão atmosférica,
e que, interagem na formação de diferentes climas da Terra. Todavia, esses elementos, em suas
diferentes manifestações, variam espacial e temporalmente em decorrência da influência dos
factores geográficos que são: a latitude, a altitude, a maritimidade, a continentalidade, a
vegetação e as actividades humanas.

A circulação e a dinâmica atmosférica superpõem-se aos elementos e factores climáticos e


imprimem ao ar uma permanente movimentação. A variação da precipitação pluviométrica é um
dos mais importantes parâmetros meteorológicos, principalmente quando trata-se das regiões
tropicais, como é o caso da cidade de Xai-Xai. Todo um conjunto de actividades, entre elas as
agrícolas, das quais tantas outras dependem, estão estreitamente associadas ao regime pluvial,
sendo gravemente prejudicadas pelos episódios extremos, como as secas e inundações.

A Organização Mundial de Meteorologia (OMM) define o termo variabilidade climática como:


“maneira pela qual, os parâmetros climáticos variam no interior de um determinado período de
registo, expresso através de desvio padrão ou coeficiente de variação (OMM, 1996) ”. Segundo
AYOADE (2007), pode-se estudar as variabilidades climáticas nos trópicos, pois o clima tende a
ser mais variável do que na região temperada e também mais sazonal em sua incidência dentro
do ano.

O índice de variabilidade é a medida do grau de probabilidade da quantidade média que se repete


a cada ano, posto ou mês, dependendo do período em consideração, ou ainda, pode ser estudado
olhando para o índice de anomalia de chuva em várias escalas anuais ou da série climática.
Sendo a chuva um processo aleatório, onde a quantidade, a distribuição e as formas de
ocorrência podem variar amplamente, torna-se importante e necessário o estudo de um tempo
mínimo de dados de precipitação pluvial que venha reflectir o comportamento de uma região ou
seja estudar o comportamento da precipitação através de séries históricas (CASTRO, 1994).
34

FRANCISCO (1991), considera que uma série de dados, para expressar significativamente o
processo que ocorre em uma dada região, abrange um período mínimo de trinta a quarenta anos.

1.5 EL NIÑO-OSCILAÇÃO SUL (ENSO)

O fenómeno El Niño – Oscilação Sul (ENOS), também designado pela expressão inglesa ENSO
(El Niño – Southern Oscillation), constitui um fenómeno de dois componentes: um de natureza
oceânica, no caso o El Niño/La Niña e, o outro de natureza atmosférica, representado pela
Oscilação Sul. O “EL NIÑO” é um fenómeno oceânico-atmosférico que afecta o clima regional e
global, mudando a Circulação geral da atmosfera, também, é um dos fenómenos responsáveis
pelo registo de anos considerados secos ou muito secos.

A denominação El Niño remonta do século XVIII, e foi utilizada pela primeira vez por
pescadores peruanos para designar uma corrente de águas quentes que surgia no Oceano
Pacífico, na costa da América do Sul, no final do mês de Dezembro. Em alusão ao Natal e ao
"Menino Jesus", essa corrente de água quente foi chamada de El Niño, expressão espanhola que
significa "O Menino".

Quanto ao componente atmosférico, os estudos de Sir Gilbert Walker, no início do século XX,
demonstraram uma correlação inversa entre a pressão na superfície sobre os oceanos Pacífico e
Índico, denominada Oscilação Sul, ou seja, quando a pressão é alta no Oceano Pacífico ela tende
a ser baixa no Oceano Índico e vice-versa. Esses estudos tentavam correlacionar a Oscilação Sul
com as monções na Índia.

O El Niño é uma anomalia que, acontece no Oceano Pacífico Equatorial junto com o
enfraquecimento dos ventos alísios (que são ventos de leste para oeste em baixos níveis) na
região equatorial. Com essas mudanças, altera-se o padrão de circulação atmosférica, causando
em todo planeta, fenómenos como cheias, secas, e outros problemas sócio ambientais e
económicos. O termo La Niña, surge como o oposto do El Niño e significa “A Menina” em
espanhol ou episódio frio (OLIVEIRA, 2001). Pode também, ser chamado de El Viejo (O velho),
episódio frio, e anti- El Niño, mas esse último citado seria se referindo ao Diabo, pois se El Niño
significa Menino Jesus, anti-El Niño significaria o oposto, por isso esse termo é pouco utilizado.
35

Nos anos de La Niña, os ventos alísios se intensificam então há um represamento maior de águas
no oeste do Oceano Pacífico Equatorial e com ventos mais intensos a ressurgência irá aumentar,
deixando as águas mais frias na superfície. E as águas represadas mais no oeste geram
ascendência e formação de nuvens, alongando a célula de Walker.

A circulação de Walker é directamente sensível a mudança de temperatura na superfície do mar


sobre o leste e oeste do oceano Pacífico e à medida que essas temperaturas vão mudando,
causam uma oscilação na pressão atmosférica, criando assim, um padrão de variação na pressão
sobre o Oceano Pacífico e indico designada por Oscilação Sul (PHILANDER,1985) e a sua
intensidade é medida através do índice de oscilação sul (IOS) que, é dado pela diferença entre a
pressão ao nível do mar entre Tahiti, no Pacífico central, e Darwin, no Pacífico oeste.

O evento de El Niño está directamente ligado a IOS, pois, durante o El Niño observa-se uma
pressão abaixo da normal sobre o Pacífico leste tropical e a pressão acima do normal sobre a
Indonésia e norte da Austrália. Este padrão está associado ao enfraquecimento dos ventos alísios
na região equatorial, sendo característico da fase quente da OS, e geralmente designado como El
Nino/Oscilação Sul (ENOS).

Muitos estudos têm sido desenvolvidos para comprovar a influência da OS na África austral,
abrangendo a Cidade de Xai-Xai, como são os exemplos de LINDESAY (1988), TIQUE (2015),
MACIE (2016), QUEFACE que, em suas análises principalmente da chuva durante o verão
austral, no período da Oscilação Sul, confirmam a termodinâmica que liga as mudanças de fase
da Oscilação sul com as mudanças da circulação sobre a África austral. A oscilação Sul modula a
ocorrência e a preferência do local de fortes convecções que contribui com a maior parte da
chuva de verão sobre a África austral (HARRISON, 1984).

Os maiores impactos do ENOS são as anomalias de temperatura e as mudanças na variabilidade


da precipitação, causando cheias ou secas. A maior parte da região SA durante o evento El Niño
é caracterizada por secas extremas, enquanto o evento La Ninã está associado a baixas
temperaturas da superfície do mar e inundações. Segundo NICHOLSON e KIM (1997), o
fenómeno ENOS, durante a sua fase quente contribui para ocorrência de secas para a região
sudeste da África (SEA) e na fase fria contribui para o excesso de precipitação ou cheias,
podendo se tomar como exemplo o caso de seca extrema que se observou no ano da fase quente
36

do ENOS em 1997/1998, e recentemente 2017/2018 na parte sul de Moçambique que até


impactam na disponibilidade de agua na barragem dos pequenos Libombos.

Figura 1. El Niño.

a) El Niño JJA b) El Niño DJF

Fonte: Autor (2019) com base BROWNE, 2011.

As figuras a) e b), mostram a fase de El niño (EN) na região sudeste de Africa que, geralmente,
representam os anos secos, onde a chuva que cai neste período tem sido abaixo de normais
climatológicos e proporcionando escassez de água. Nota-se que, mesmo na estação chuvosa que
geralmente, atinge o seu pico nos meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, durante o EN a
região mantem-se apenas quente e seco, registando um balanco hídrico negativo, uma vez que as
taxas de evaporação mantem-se superiores as de precipitação em quase todo o Ano Niño.
37

Figura 2. La Niña.

a) La Niña DJF b) La Niña JJA

Fonte: autor (2019) com base em BROWNE, 2011

Conforme se pode ver nas duas imagens a) e b) da figura 2, a La Niña é um fenómeno contrário
ao El Niño, ou seja, o resfriamento das águas superficiais no Pacífico Equatorial Central e Leste.
Durante os episódios La Niña, observa-se uma intensificação da circulação atmosférica
normalmente, observada no Pacífico Equatorial e gera frequência de chuvas na região sudeste de
Africa. No entanto, os maiores fluxos de chuva na parte sul de Africa e especificamente em Xai-
Xai registam-se durante os Anos Niña e neutros.

1.5 DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE OCEÂNICO

Historicamente, os índices oceânicos resumem a evolução do ENOS. Um índice é uma escala


numérica na qual, todo o factor individual necessário para descrever um fenómeno complexo
resume-se a um número. Esse número pode ser monitorado ao longo do tempo.

O Índice de Oscilação Sul (IOS) é o indicador mais antigo da evolução do ENOS. Representa a
diferença entre a pressão atmosférica ao nível do mar no Tahiti e em Darwin, Austrália. A
variação da pressão nesses locais reflecte a componente atmosférica do ENOS. Este índice foi
proposto pelo WALKER e BLISS (1932) conforme o gráfico 2. E para esta analise sobre a
38

cidade de Xai-Xai, serviu como indicativo da incidência dos fenómenos ENOS de forma a
possibilitar o estudo da ocorrência da precipitação.

Gráfico 2. Índice Oscilação Sul (IOS).

Fonte: Golden Gate Weather Services (2018).

O gráfico 2, pode ser melhor compreendido com dados numéricos apresentados a uma escala de
intensidade conforme a tabela 1 abaixo indicada e, varia de fraca, moderada a forte. No gráfico 2,
a cor azul indica os valores negativos de IOS que expressam a ocorrência de La Niña e a cor
vermelha, os valores positivos do IOS que indicam a ocorrência de El Niño.

Tabela 1. Índice de Oscilação Sul (IOS).

Evento Índice Oceânico Niño Intensidade


El Niño 0,5 a 0,9 Fraca
1,0 a 1,4 Moderada
≤ 1,5 Forte
La Niña -0,5 a -0,9 Fraca
-1 a -1,4 Moderada
≤ -1,5 Forte
Fonte: Golden Gate Weather Services (2018).

Durante a La Niña, a pressão torna-se abaixo da média no Tahiti e acima da média em Darwin e
o IOS é negativo. Durante a EL Niño, a pressão comporta-se de forma contrária e o IOS torna-se
positivo, sendo que as consequências climáticas também manifestam se de formas opostas no
período de El Niño e La Niña.
39

1.6 EVENTOS EXTREMOS E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O aumento considerável na concentração de gases de efeito estufa na atmosfera terrestre, ocorreu


desde a Revolução Industrial, atingindo taxas cada vez mais altas nas últimas décadas conforme
aponta o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.

Gráfico 3. Níveis de Riscos associados às mudanças Climáticas.

Fonte: IPCC, 2014

A síntese do IPCC (2014), indica que, o risco de eventos extremos aumenta com o aumento da
temperatura média global nos cenários de mudanças climáticas. Acentua-se também, o risco de
eventos singulares de grande escala, ou seja, eventos ainda não conhecidos.

A referência aos eventos extremos, indica tanto eventos chuvosos e secos como quentes e frios.
Ou seja, uma variabilidade maior do que a conhecida actualmente com eventos contrastantes
ocorrendo sucessivamente. Esse panorama futuro sugere fortemente, uma planificação e uma
adequação das infra-estruturas, principalmente aquelas associadas aos recursos hídricos.
40

Olhando para a figura, nota-se nos últimos anos, a escala global que, há tendência de aumento do
nível de riscos associados as mudanças climáticas, conforme se discute que, as mudanças
climáticas resultam das alterações nos padrões de temperatura global, chamar este aspecto para
estudo, é importante na medida em que, a percepção dos eventos de precipitação extrema bem
como a variabilidade da precipitação em Xai-Xai, sofre influência de factores a escala planetária
como por exemplo o aumento da temperatura global e consequentemente a alteração de padrões
de chuva a nível planetário e local.

Em África por exemplo, devido aos factores relacionados com as condições geográficas bem
como factores meteorológicos, há tendência de ocorrência de eventos extremos relacionados com
temperaturas extremas e precipitação extrema, dando lugar a frequência de secas e inundações
conforme a figura 3.

Figura 3. Impulsionadores de Impactos do Clima Para África.

Fonte: autor (2018) com base no relatório de IPCC, 2014


41

Cada risco principal é caracterizado como “ muito baixo” a “muito alto” para três períodos: o
actual, a curto prazo (2030-2040) e a longo prazo (2080-2100. Como se pode verificar na figura,
assevera-se que, a longo prazo, haverá um aumento da temperatura aproximadamente, a 4º c até
2100 e aumento de precipitação extrema para o continente africano. No entanto, a figura, relata o
risco potencial alto de aumento do nível médio das aguas do mar assim como de chuvas extremas
que levam a inundações de forma localizável, e por outro lado, o risco potencial médio para as
ondas de calor, temperaturas extremas e que podem dar lugar as estiagens e secas.

1.6 PARADIGMAS GEOGRÁFICAS E AMBIENTAIS.


a). Teoria dos Sistemas em Geografia e Ambiente.
b). Paradigma do Ritmo Climático.

1.6.1 Teoria dos Sistemas em Geografia Ambiental

De acordo com HOLLANDA FERREIRA (2004), paradigma é o “termo com o qual Thomas
Kuhn designou as realizações científicas que geram modelos que, por período mais ou menos
longo e de modo mais ou menos explícito, orientam o desenvolvimento posterior das pesquisas
exclusivamente, na busca da solução para os problemas por elas suscitados”.

Segundo SANT´ANNA NETO (1993), a abordagem sistémica tem-se revelado bastante eficiente
na análise ambiental à luz da Geografia Física moderna, onde, o conceito de geossistema tem
sido intensamente discutido, e a comunidade geográfica vem se empenhando em sua
sistematização e no aperfeiçoamento de sua fundamentação teórica.

A introdução da abordagem sistémica na ciência geográfica e na gestão do ambiente, de acordo


com os conceitos da Teoria Geral dos Sistemas, baseia-se na padronização e quantificação dos
elementos dos vários sistemas ambientais, abrindo um novo caminho para uma discussão mais
profunda e coerente, uma vez que, a teoria geral dos sistemas revela que é preciso isolar um
42

sistema de forma a estuda-lo como uma unidade e perceber os seus preceitos mais sem descorar
que o seu entorno exerce influência.

De acordo com SOTCHAVA (1977), o paradigma sistémico ou o estudo de geossistemas


aparece como uma nova alternativa para a orientação de pesquisas científicas na moderna
Geografia Física e capaz de resolver o grave problema das subdivisões/especializações desta
ciência, que, acabaram por levar a um distanciamento do seu principal objectivo: a conexão entre
a natureza e a sociedade. Deve-se ressaltar que, a abordagem sistémica proposta por Sotchava
(1977) é naturalista e não permite uma análise socioeconómica.

O geossistema é classificado como aberto, uma vez que nele entra e sai determinada quantidade
de matéria e energia, fazendo dele um sistema dinâmico. É composto pelos subsistemas abiótico,
biótico e subsistema organizado pelo homem.

A categoria espacial caracterizada por uma relativa homogeneidade dos seus componentes, cuja
estrutura e dinâmica resulta da interacção entre o “potencial ecológico”, a exploração biológica e
a “acção antrópica”, e que se identifica por um mesmo tipo de evolução.

O geossistema estaria em estado de clímax quando, o potencial ecológico e a exploração


biológica entrassem em equilíbrio. Intervenções humanas de qualquer natureza no meio
implicariam num rompimento desse equilíbrio.

Assim sendo, o estudo, sobre os eventos extremos de precipitação busca este paradigma de forma
a segui-lo como modelo na abordagem sistémica referente ao clima da Cidade de Xai-Xai,
buscando compreender as particularidades dos factores que influenciam a ocorrência de
precipitação, não na perspectiva de isolar Xai-Xai como um sistema fechado, mas como um
sistema não isolado aberto que, é influenciado pelos factores glocais que justificam o
comportamento climático. Desta forma, a abordagem feita não procura trazer aspectos
relacionados com intervenções humanas por isso busca se BERTRAND (1971), que revela que
“a Geografia Física tenta entender os conjuntos naturais a partir de passos sectoriais
(geomorfologia, climatologia, hidrologia, biogeografia, etc.) ”. e apresenta um esquema
referente os sistemas ambientais:
43

Figura 4. Esquema de Integração dos Subsistemas Ambientais.

Já para BERTALANFFY (1973) apud SANT´ANNA NETO (1991), “geossistemas são uma
classe peculiar de sistemas dinâmicos, abertos e hierarquicamente organizados” e que
representam um complexo interactivo de diferentes classes de sistemas com seus parâmetros
espaciais, temporais e funcionais. Dessa maneira, em conformidade com os estudos de
Sant´Anna Neto (1993), o espaço geográfico é onde se insere o geossistema e onde se realiza o
complexo.

A este mesmo entender sobre a ocorrência de precipitação na Cidade de Xai-Xai, deduz-se que é
preciso olhar aspectos relacionados com a sua localização geográfica (região tropical,
proximidade do mar e influência do canal de Moçambique, condições de relevo, influencia dos
ventos, as condições geomorfológicas que tornam a cidade exposta aos adventos
hidrometereológicos).

1.6.2 Paradigma do Ritmo Climático

MONTEIRO (1971) argumenta que somente “a análise rítmica detalhada no nível de tempo,
revelando a génese dos fenómenos climáticos pela interacção dos elementos e factores dentro de
uma realidade regional, é capaz de oferecer parâmetros válidos à consideração dos diferentes e
variados problemas geográfico das regiões ou locais determinados”. Indubitavelmente, o ritmo
44

climático e o clima actual estão directamente vinculados à actuação e ao desenvolvimento dos


principais sistemas atmosféricos, que ao se apresentarem como um comportamento dinâmico
proporcionam a génese dos elementos constituintes do clima” (SILVA BATISTA e
SANT´ANNA NETO, 2005). Dai que Monteiro revela que:

“A compreensão do ritmo climático só passa a ser garantida a partir do momento


em que, as representações concomitantes dos principais elementos do clima tais
como: pressão atmosférica, humidade relativa do ar, valores térmicos e pluviais,
direcção e velocidade dos ventos, taxas de nebulosidades e actuação dos sistemas
atmosféricos, interpretados em uma escala cronológica diária, estejam interagindo
sobre um mesmo espaço geográfico” (MONTEIRO, 1971).

Para SILVA BATISTA (2005), o modelo de Ritmo climático está baseado na concepção
climática de SORRE (1951) e traz para o âmbito da Geografia o conceito dos tipos de tempo e do
ritmo climático. (SANT’ANNA NETO, 1990).

O autor, ainda cita que o desenvolvimento desta concepção somente, torna-se possível, com a
contribuição da escola norueguesa de meteorologia, que considerava a atmosfera como um corpo
dinâmico, superando as concepções tradicionais de clima formuladas por Hann (1839 – 1921),
que tratavam o clima como um conjunto de fenómenos meteorológicos que caracterizavam o
estado médio da atmosfera.

Para Sorre a teoria de Hann apresentava um carácter estático, sobretudo no desenvolvimento dos
fenómenos da atmosfera, caracterizando uma meteorologia descritiva que não mencionava a
noção de ritmo como um dos aspectos essências nos estudos do clima.

Além disso, esta mesma escola tradicional considerava que as médias aritméticas dos elementos
do clima seriam capazes de caracterizá-lo para um determinado local, ao contrário do paradigma
desenvolvido pela escola norueguesa de meteorologia, principalmente com ROSBY (1938 e
1947) BJERKNES (1921,1923 e 1934) e BERGERON (1928 e 1930) ao considerar a dinâmica
da atmosfera e a circulação das massas de ar, baseada nos princípios da termodinâmica e
revelando uma atmosfera pulsante e turbulenta como destacado por SANT’ANNA NETO
(1998).
45

Assim, ainda segundo SILVA BATISTA (2005), a fundamentação teórica trazida por Sorre está
baseada numa concepção que considera o clima como uma sucessão habitual dos estados da
atmosfera sobre um determinado lugar. Esta definição abrange três observações fundamentais,
como podem ser observadas nos tópicos abaixo:

 A consideração do estado médio da atmosfera e de seus tipos de tempo;


 A concepção de que todos (ou estes) estados médios da atmosfera abrangem uma “série”,
isto é, os tipos excepcionais destes estados;
 E finalizando, Sorre destaca a sucessão dos tipos de tempo assumindo uma concepção
rítmica do clima.

Esta concepção Sorreana, deve ser considerada, ou até mesmo encarada, como a própria essência
geográfica do clima nos estudos desenvolvidos actualmente e que na abordagem deste estudo,
olha-se a variável de precipitação não apenas como a que caracteriza o estado médio da
atmosfera, mas a sua ocorrência dentro de series históricas e eventos excepcionais que tipificam
o clima de Xai-Xai, ou seja, é preciso perceber que dois lugares podem ter uma mesma
designação da tipologia climática mas apresentariam ritmos climáticos diferentes.

É ainda, sobre essa perspectiva de análise que Monteiro propõe uma “técnica” de análise
climática – dinâmica, introduzindo a noção de ritmo como essência geográfica do clima.
Monteiro ainda propõe uma análise que seja capaz de abranger todas as expressões quantitativas
dos elementos climáticos que possam estar indissoluvelmente ligados à génese ou à qualidade
dos mesmos, levando em conta sempre as suas repercussões no espaço geográfico.” (SILVA
BATISTA e SANT´ANNA NETO, 2005).

Para MONTEIRO (1971) apud SILVA BATISTA e SANT´ANNA NETO (2005) a técnica
desempenhada pela análise rítmica é capaz de detalhar, com relação ao tempo, a génese dos
fenómenos climáticos pela interacção dos elementos e factores dentro de uma realidade regional,
o que auxilia na compreensão dos mais variados e existentes “problemas geográficos”:

A partir desta concepção é importante destacar que todas as manifestações temporais do clima,
sejam elas, dentro dos tipos padrões ou excepcionais, estão ligadas a uma série de mecanismos
dinâmicos e articulados, presentes e pertencentes à própria circulação atmosférica, primária ou
secundária que desempenham ‘sucessões’ e ‘ritmos’. Desta forma, pode-se destacar que as
46

constantes ocorrências de eventos naturais extremos, desencadeados nos mais variados espaços
geográficos, devem ser estudados de forma minuciosa para que se possam desvendar alguns de
seus motivos, acções e desencadeamentos no conjunto da sociedade.

Portanto, o desencadeamento dos eventos extremos passa em sua maioria por uma visão negativa

(e até certo ponto errónea) dos episódios atmosféricos observados num determinado espaço
geográfico. Ainda seguindo a linha dos autores, deve-se destacar que um episódio catastrófico,
como a ocorrência de um evento pluvial de mais de 120 mm em 24 horas sobre uma área urbana
e outros episódios da mesma magnitude, faz parte da própria dinâmica da atmosfera de um
determinado lugar, e que algumas regiões, porem, apresentam diferentes índices pluviométricos e
consequentemente os valores considerados “catastróficos” variam entre as mesmas, de acordo
com seus aspectos sócio ambientais.

1.7 SISTEMAS METEOROLÓGICOS ACTUANTES EM MOÇAMBIQUE


 Ciclones tropicais
 Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
 Monção Asiática e Padrões TSM
 El Niño-Oscilação Sul
 O Relevo

a). Ciclones Tropicais

Os ciclones surgem na circulação geral da atmosfera e são exemplos de sumidouros de energia


térmica. Apesar de os ciclones surgirem e se desenvolverem dentro de fortes condições de
instabilidade e geralmente, se apresentarem com fortes ventos, seus ciclos de vida tem o
objectivo de estabilizar e homogeneizar a atmosfera.

Ciclones tropicais, furacões ou tufões são a mesma denominação de sistemas de baixa pressão,
sem sistemas frontais associados, que ocorrem sobre águas tropicais ou subtropicais, com
temperaturas acima de 26,5 °C e fraco cisalhamento vertical dos ventos. Além disso, os ciclones
tropicais têm como características a forma organizada das tempestades (simetria), o diâmetro
47

típico da ordem de 300 a 800 km, e mínimo de pressão no centro, região que apresenta céu claro
e ventos fracos e é denominada de “olho do furacão”.

Os ciclones que atingem Moçambique formam-se no Oceano Índico ou no Canal de


Moçambique. A época de ciclones geralmente vai de Novembro a Abril, atingindo o pico em
Janeiro e Fevereiro. Os ciclones formados na bacia do sudoeste do oceano Índico, são
caracterizados por zonas de baixas pressões que movimentam massas de ar quente e húmido e
que provocam muita chuva, com maior frequência ao longo da zona costeira e nas regiões central
e norte de Moçambique.

b). Zona de Convergência Intertropical

A ZCIT8 é responsável pela precipitação na região Norte (Cabo Delgado, Nampula e Niassa) e
no norte da província de Tete (MANHIQUE, 2008), este deslocamento equatorial marca sempre
o início da estação chuvosa, nos meses de Outubro a Abril.

c). Monção Asiática e Dipolo do Oceano índico

O Regime das Monções é um fenómeno climatológico que, influencia cerca da metade da área
tropical do planeta (1/4 da superfície da Terra) (da palavra Árabe “mausim” que significa
“estações”). Essencialmente, é um sistema onde os ventos e a precipitação revertem de estação
para estação (verões chuvosos, invernos secos). Portanto, a parte costeira Moçambicana sofre
influências monçónicas na definição de estações chuvosa e seca, por isso que, toda ela, apresenta
um clima tropical húmido, com um a estação chuvosa significativa apesar de que nas regiões de
centro e norte acentua-se a influência da zona de convergência intertropical assim como o factor
relevo em àreias localizáveis de Lichinga. Essencialmente os ventos monçónicos resultam do
aquecimento/ resfriamento diferenciado entre os continentes e o Oceano. As consequências são
alterações nos regimes de vento e precipitação, principalmente. As alterações do regime de
ventos afectam a circulação oceânica.

8
Zona de Convergência Intertropical
48

Estudos como ROCHA e SIMMONDS (1997I, II) e BEHERA e YAMAGATA (2001) e Tique
(2015) são unânimes em afirmar que anomalias de TSM, sendo quentes (positivas) ou frias
(negativas), atuam como forçantes e têm sua influência sobre o padrão de circulação atmosférica
na região SA. O transporte de humidade das regiões com elevadas/reduzidas taxas de evaporação
para o continente constitui o maior foco das pesquisas por eles conduzidas. Sobre o oceano
Índico são observados padrões de TSM na forma de dipolo, um localizado na região do oceano
Índico Tropical (SAJI etal.,1999) e outro na região do oceano subtropical (BEHERA e
YAMAGATA, 2001). Além desses padrões, tem-se o ENOS que tem influência sobre o padrão
de circulação sobre a África e consequente no regime da precipitação (NICHOLSON e
KIM,1997).

No entanto, embora Nicholson e Kim (1997) apresentam algumas dúvidas da influência do


ENSO na região SA, aqui procura-se interpretar a dinâmica da precipitação e relacionar com os
fenómenos de ENSO, por acreditar que, uma vez que os impactos de El Niño e La Niña são da
dimensão global e Moçambique em particular tem registado dois momentos controversos de
forma frequente (estiagem e inundações) a pesquisa discute este cenário na perspectiva de
eventos climáticos extremos e olhar para o ritmo climático.

A cidade Xai-Xai, por localizar-se na região SEA acredita-se que sofre influências no seu padrão
climático do factor oceânico (o Índico) por ser uma área costeira. Desta forma, foca-se aqui
sobre o padrão de TSM do oceano Índico, discutindo-se até que ponto existe uma relação com o
padrão de TSM do oceano Pacífico (Goddard e Graham,1999), pois nota-se que na maior parte
dos casos (anos) há coincidência entre anos de anomalias negativas e positivas nas regiões
tropicais dos dois oceanos (Índico e Pacífico) em períodos de ENSO. A interacção de vários
factores justifica o clima da Cidade de Xai-Xai como sendo o de Aw na classificação de Koppen,
com precipitação média anual de 887 mm e as temperaturas medias anuais ate 22.9º C.

O padrão do Dipolo do oceano Índico Tropical (DOIT) é caracterizado principalmente por


apresentar anomalias positivas de TSM no oeste do oceano Índico junto a costa leste do
continente Africano e anomalias negativas na costa oeste da Indonésia e vice-versa (SAJI et
al.,1999; WEBSTER etal., 1999). Observam-se também variações zonais dos gradientes de TSM
e desta forma, segundo SAJI etal. (1999) são conhecidas duas fases do DOIT, sendo uma
positiva quando as anomalias positivas de TSM encontram-se próximo à costa leste da África e
49

fase negativa quando estas anomalias positivas ocorrem próximo à costa oeste da Ilha de
Sumatra, Indonésia.

Figura 5. Circulação das massas de ar no Oceano Indico.

a). Monção de Nordeste (NE).


b). Monção de Sudoeste (SO).
A circulação do Oceano Indico com
sentidos diferentes no verão e inverno
influencia bastante no padrão das
precipitações atmosféricas da costa
Moçambicana e da Cidade de Xai-Xai
em Particular como se pode ver no
Dipolo do Oceano Indico abaixo
representado:

Fonte:Autor,2019 (com base em https://www.google.netto.ufpel.edu.bracessado em 22/03/2019).

A circulação no oceano indico dá origem o factor muito actuante no clima costeiro de


moçambique “o canal de Moçambique” que é a porção do Oceano Índico situado entre a costa da
50

África Oriental e Madagáscar, aproximadamente entre as latitudes 10º e 25º S. A sua origem e
desenvolvimento estão relacionados com vulcanismo extensivo ao longo das fronteiras entre a
África, Antárctica e Madagáscar que teve início no Jurássico Médio. A temperatura média da
água é relativamente elevada, com temperaturas nunca inferiores a 18ºC, sendo as mais elevadas
de 36ºC registadas em áreas com águas pouco profundas. A principal corrente do Canal de
Moçambique forma-se aproximadamente à latitude de 12º sul, no noroeste da Ilha de
Madagáscar, como ramo sul da corrente Equatorial sul. No seu percurso norte-sul, junto ao
paralelo de 26º sul, junta-se à corrente de Madagáscar oriental, formando a Corrente das
Agulhas. Por isso a principal corrente de Moçambique é também conhecida por Moçambique-
Agulhas.

d) A Monção asiática

É responsável pelo transporte de humidade do oceano Índico através de ventos de Nordeste para
o continente durante o verão, o que favorece a precipitação para Moçambique; é importante
referir que quase toda a faixa costeira de Moçambique sofre uma influencia embora não muito
significativa no contexto de ocorrência de eventos hidrometereologicos extremos, mas que de
certa forma influência no comportamento climático de Moçambique costeiro.

e) Os sistemas de baixas pressões sobre o continente

Tem-se verificado durante o verão e normalmente são considerados como baixas térmicas que
contribuem para precipitação; estas ocorrências propiciam alterações bruscas na direcção dos
ventos e por via disso condicionando o tempo em períodos relativamente curtos.

f) Anticiclones do Pacífico e do Indico e fenómenos de El Ñino e La Ñina

Segundo Tique (2015), quando se deslocam em direcção ao equador facilitam a entrada de


frentes na parte sudeste da África, sendo responsáveis pela maior parte da precipitação que se
51

regista na parte sul de Moçambique durante o inverno marcando, segundo MICOA (2007), a
segunda época agrícola;

A manifestação dos fenómenos ENSO mereceu grande atenção nesta pesquisa, como forma de
procurar respostas em relação aos cenários actuais de ocorrem de forma simétrica entre o sul e o
centro/norte de Moçambique. Tem sido comuns registos de seca ou escassez da precipitação no
sul e no centro e norte manifestação adversa (muita precipitação e até inundações).

Do mesmo modo nos anos em que Moçambique sul sofre cenários de inundações, o centro e o
norte tem passado cenários de estiagem. No entanto, os elementos considerados comuns para
justificar de forma regionalizada e local a precipitação ou mesmo o clima, na presente pesquisa
apontam para os efeitos do aquecimento e/ou arrefecimento das aguas do pacifico (El Ñino e La
Ñina).
52

CAPITULO 2. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-AMBIENTAIS E SÓCIO-ECONÓMICAS


DA CIDADE DE XAI-XAI

2.1. LOCALIZAÇÃO DA CIDADE DE XAI-XAI

A Cidade de Xai-Xai, situa-se na parte sul da Província de Gaza em Moçambique, pais que é
integrante da região Austral de Africa, entre as Latitudes de 24º 10’ e 25º 00’ Sul e Longitudes
de 33º 30’ Este e 45º 29’ Este.

A cidade de Xai-Xai localiza-se a sudeste da província de Gaza, na planície de inundação do


baixo Limpopo, a 210km da cidade Maputo capital de Moçambique, ela tem cerca de 131km2 de
superfície, (MUCHANGOS, 1999: 23) (informação revista com nova divisão administrativa e
ainda sem dados oficiais desde 2016). É limitada a norte pelos rios Limpopo e Ponela (e este
último é afluente do Limpopo), a sul pelo Oceano Índico a leste é limitada pelo posto
administrativo de Chongoene (distrito de Chongoene) e a oeste pelo posto administrativo de
Chicumbane (distrito de Limpopo) (figura 6).
53

Figura 6. Localização geográfica da Cidade de Xai-Xai.

Chibuto Chongoen

Cidade de

Limpopo

Oceano Indico

Fonte: MITADER 2017, modificado pelo autor, 2018.


54

2.2 CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS

A Cidade de Xai-Xai faz parte da zona costeira do sul de Moçambique, o clima é tropical
húmido (tropical chuvoso de savana) influenciado pela corrente quente do canal de Moçambique,
pelos anticiclones do oceano indico e atlântico, pela célula continental de alta pressão durante a
época fresca e pela depressão continental de origem térmica durante a época chuvosa ou quente.

A Cidade de Xai-Xai pela sua posição geográfica encontra-se na zona de influências de sistemas
frontais que transportam massas de ar polar marítimo que podem originar chuvas e aguaceiros na
época fresca, aguaceiros e trovoadas na época quente.

O clima caracteriza-se por uma distribuição pluviométrica irregular ao logo do ano, agravado
pelas temperaturas elevadas, tendo como consequências directas, as deficiências hídricas no
período seco, o maior pico da precipitação ocorre Janeiro e Fevereiro. A temperatura média
anual é de 24ºc e uma precipitação anual em média de 953mm. Os ventos predominantes são de
sul e de sudeste, enquanto a humidade relativa média anual é de 75mm.

No verão o aquecimento máximo atinge os 42oC e no inverno a temperatura mínima chega


atingir 8oC. Dos MUCHANGOS (1999:35), sustenta que "devido à sua situação na costa
oriental da África, todo o litoral Moçambicano está sujeito a influência da corrente quente de
Moçambique Agulhas e dos correspondentes ventos dominantes marítimos do quadrante Leste”.
O balanceamento anual deste sistema planetário, de centros de pressão e de ventos, ora para
Norte ora para Sul, acompanhando o movimento anual aparente do Sol, provoca um ritmo
climático típico com duas estações distintas: estação quente e chuvosa e a estação seca e fresca.

A Convergência Intertropical (CIT) invade a parte meridional de Moçambique entre Janeiro e


Fevereiro, nas proximidades do paralelo de 20 graus Sul, e o tempo que neste período se faz
sentir é de chuvas contínuas de grande intensidade com trovoadas dispersas e Xai-Xai, região
eminentemente costeira sofre neste período a influência deste tipo de tempo. O quadro 4 ilustra a
tipologia climática de Xai-Xai.
55

Quadro 3. Clima da Cidade de Xai-Xai.

Clima da THORNTWAITE KOPPEN


Cidade de Xai- Sub-húmido seco, megatérmico, Tropical Chuvoso, Savana, Inverno
Xai excesso nulo de água. seco (Aw).
Fonte: Adaptado pelo autor (2018) com base em Thortwaite e Koppen.

2.2.1. Factores da ocorrência da precipitação na Cidade de Xai-Xai

Na região sul de Africa (SA), no período de Dezembro a Fevereiro a influência da convecção


tropical e os fenómenos ENSO são consideradas como um dos factores importantes pela
ocorrência de precipitação (TYSON e PRESTON-WHITE, 2000), (TIQUE, 2015), pelo fato de a
ZCIT se posicionar mais a sul. Segundo WASHINGTON e TOOD (1999), a região convectiva
nessa faixa do continente Africano se estende até próximo à latitude 20º Sul. Para o mesmo
período, TORRANCE (1972), NICHOLSON (1986) e TIQUE (2015), afirmam que três
principais fluxos em níveis baixos são observados, sendo eles responsáveis pelas condições de
tempo e clima na faixa costeira de Moçambique.

O fluxo de leste no geral, é proveniente do oceano Índico, fluindo para o continente, sendo
originado pela divergência em superfície causada pelo ASI. Porém, por vezes varia de leste para
sudeste, de acordo com a posição do ASI9 (BEHERA e YAMAGATA, 2001; OHISHI et al.,
2014). BEHERA e YAMAGATA, (2001) e TIQUE (2015), explicam que o fluxo de sudeste
sobre o continente ocorre quando a ASI se posiciona mais a sul, em torno da latitude de 35ºS, e
tem relação com variações de TSM10 na região subtropical do Índico, o que explica o surgimento
do padrão de dipolo de TSM na região subtropical do oceano Índico.

Segundo OHISHI et al. (2014), variações do ASI, quer no posicionamento ou na sua intensidade,
implicam em variações do fluxo de leste sobre o continente, com implicações sobre as condições
atmosféricas. O fluxo de nordeste está associado à monção da Ásia, porém, somente ocorre no
período húmido sendo responsável pelo transporte de humidade para a região costeira da Cidade

9
Anticiclone Subtropical do oceano Índico
10
Temperatura da Superficie do Mar
56

de Xai-Xai. A convergência que ocorre na região continental entre os fluxos de nordeste e


leste/sudeste geram condições favoráveis a formação de sistema de baixas pressões com
implicações sobre o estado de tempo (TYSON e PRESTON-WHITE, 2000), onde ocorrem
nuvens de grande extensão vertical e consequentemente quedas pluviométricas.

2.3 CARACTERÍSTICAS GEOMORFOLÓGICAS

A Cidade de Xai-Xai compreende as formações do fanerozóico com dunas do quaternário,


resultantes de transgressão e regressão marinha e morfologicamente apresenta duas zonas
distintas, designadamente: a Zona Baixa onde encontra-se actualmente o maior centro urbano da
cidade. A baixa é do Vale do Rio Limpopo e coloca a cidade numa curva à sua jusante tornando-
a bastante susceptível às suas cheias. Esta zona compreende cerca de 60% da superfície total de
todo o Município e é grandemente (cerca de 90%) usada para fins agrícolas.
Geomorfologicamente, é praticamente plana e predominada por sedimentos do rio compostos por
areia e argila.

A Zona Alta, conhecida como zona do “Tavene”, que actualmente acolhe o maior assentamento
humano do Município. Ela é geomorfologicamente bastante acidentada e constituída por
formações dunares fossilizadas que se estendem entre o vale do rio Limpopo e o mar. Constitui a
melhor zona com aptidão para expansão da cidade, não obstante, é entremeada por zonas
impróprias caracterizadas por pendentes acentuadas e por bolsas inundáveis que acabam levando
a cidade a piores ocorrências de erosão e a requerer altas tecnologias de drenagem de águas
pluviais. De um modo geral, o relevo do território municipal e da cidade apresenta altitudes que
variam do nível das águas do mar até 96,00m num Ponto Geodésico situado na zona alta de
Tavene.

2.4 CARACTERÍSTICAS HIDROLÓGICAS

A Cidade de Xai-Xai faz parte da área de inundação da bacia do Limpopo, sendo por esta forma
susceptível aos cenários de inundações periódicas do rio Limpopo. O rio Limpopo é a principal
57

fonte de água para a irrigação dos campos agrícolas, tanto a nível da agricultura familiar ao
longo do rio, quanto para uma recente agro-indústria, Wambao. Os serviços de abastecimento de
água são fundamentalmente através de exploração do Lençol freático por via de perfuração sob
tutela do Fundo do Investimento e património de Água (FIPAG).

2.5 CARACTERÍSTICAS PEDOLÓGICAS

A Cidade Xai-Xai apresenta rochas sedimentares do quaternário, com sedimentos siliciosos da


cor negra, cinzentas e acastanhada, estende-se por dois grandes tipos fisiológicas, a planície
aluvionar do Limpopo e o planalto circundante arenoso de origem eólica onde pode-se verificar
solos aluvionares fluviais e lacustres sendo argilosos na baixa e solos arenosos nas dunas de
Tavene.

Os solos da cidade alta são predominantemente, arenosos, grosseiros muito profundos de cores
alaranjada, acastanhada e esbranquiçada. São ainda moderadamente a mal drenados e salinos e
elevada capacidade de retenção de água. Os solos do bilene (zona baixa) são mal drenados e
salinos, com elevada capacidade de retenção de água, (ATLAS DE MOÇAMBIQUE,vol. 1)

2.6 CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO

A povoação foi fundada em 1897 com o nome de Chai-Chai, e elevada a vila em 1911. Em 1922
passou a designar-se como Vila Nova de Gaza e em 1928 mudou o nome para Vila de João Belo,
em homenagem a um antigo administrador colonial.

A vila foi elevada a cidade em 1961, para depois da independência nacional voltar ao nome
original, desta vez com a grafia Xai-Xai. A actual Cidade de Xai-Xai, apresenta uma população
maioritariamente jovem e com maiores índices para a população feminina, tal como é a
tendência a nível nacional. No total com base nos dados do censo geral da população de 2017, a
Cidade de Xai-Xai é habitada por cerca de 143.123 (cento quarenta e três mil e cento vinte e três)
58

habitantes dos quais 76.882 (setenta e seis mil oitocentos oitenta e dois) correspondentes a 53,7%
são mulheres conforme ilustra o gráfico 4.

Gráfico 4. População da Cidade de Xai-Xai e Agregados Familiares.

Fonte: INE, (dados preliminares do Censo 2017).

2.7 DIVISÃO ADMINISTRATIVA

Administrativamente, o Município compreende quatro (4) postos administrativos municipais, a


conhecer: O Posto da Praia que compreende o Bairro “E” da cidade, O Posto de Inhamissa onde
se inserem os bairros de Inhamissa “A” e “B” e os de Marien N’gouabi “A” e “B”, o Posto
Administrativo de Patrice Lumumba que compreende os bairros de Patrice Lumumba “A” e “B”
e, por último o Posto Administrativo Sede que compreende os bairros “A”, “B”, “C”, “D” e Coca
Missava. Por sua vez os bairros estão subdivididos em unidades, quarteirões e blocos. A imagem
abaixo mostra a organização Administrativa da cidade:
59

Mapa 1. Divisão Administrativa da Cidade de Xai-Xai.

Fonte: CMCXX, 2018.

2.8 ACTIVIDADES ECONÓMICAS


A população da Cidade de Xai-Xai é maioritariamente activa, embora não seja economicamente
activa, no entanto a população economicamente activa dedica-se a agricultura e criação de gado
ao longo do vale do rio Limpopo, sector dos serviços com maior destaque para o comércio, a
banca, sector público nas áreas de educação, saúde e turismo. A cidade apresenta uma
potencialidade para exploração da área de turismo por ser uma cidade costeira. Os solos
apresentam um teor elevado de sal e por via disso a agricultura deve ser potencialmente irrigada.

2.9 PRINCIPAIS RISCOS AMBIENTAIS


 Inundações
 Erosão
60

A Cidade de Xai-Xai possui duas zonas distintas. Uma considerada zona alta com solos arenosos
e outra baixa com solos argilosos. Todas elas, enfrentam problemas de índole ambiental. Na zona
alta, a ocupação espontânea para a construção de habitação e abertura de machambas nas dunas
interiores acelera os processos de erosão pluvial e deslizamento de terras. Na zona baixa, onde os
solos têm fraca capacidade de absorção de águas devido a sua textura e proximidade do nível
freático e onde a altitude está ao nível das águas do Rio Limpopo as inundações são frequentes.

a) Riscos de Inundações

A Baixa da Cidade de Xai-Xai, por apresentar o relevo aplainado de até 200 metros e sendo
bacia de inundação do rio Limpopo aparenta-se mais exposta as inundações de origem fluviais
assim como pluviais. Este facto associa-se ao tipo do solos que são fluviais com baixa
permeabilidade e declividade quase a 0 graus que no entanto não facilita o escoamento
superficial, conforme pode se observar no mapa 2.

Mapa 2. Risco de Inundações.

Fonte: CMCXX, 2018: Mapa do risco de Inundações


61

b) Risco de erosão

O fenómeno erosivo, juntamente com a inundação são os principais problemas ambientais


relacionados com precipitação na Cidade de Xai-Xai. A erosão ocorrem na cidade alta, ou seja
na região conhecida por Tavene, caracterizada por dunas costeiras não consolidadas de arenito
grosseiro, no entanto, devido a declividade e a frequência de chuvas intensas a erosão é frequente
sendo que esta, deixa vários impactos na estrutura urbana da cidade afectando a mobilidade e
acessibilidade em diferentes bairros.

Mapa 3. Riscos de Erosão do solo.

Fonte: CMCXX, 2018: Mapa do risco a Erosão

2.10 EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS


 Chuvas Intensas
 Ciclones Tropicais
62

 Ondas de Calor

A Cidade de Xai-Xai, apresenta um clima e uma localização geográfica que favorece a


ocorrência de eventos hidrometereologicos, relacionados com elementos climáticos como a
temperatura, a precipitação e o vento. Todavia, os riscos climáticos apresentam em algumas
vezes um valor alto devendo as condições de exposição e vulnerabilidade, uma vez que o tipo de
construções e as condições geomorfológicas e pedológicas torna mais susceptível á danos
ambientais.

Fora dos factores de vulnerabilidade é preciso perceber os factores de ocorrência dos eventos
extremos: a Influência do canal de moçambique e a CIT é considerada como um dos factores
mais importantes pela ocorrência de eventos extremos de precipitação em Xai-Xai e em toda a
região sul da África, sendo acompanhada pelo deslocamento da zona de convergência
intertropical (ZCIT), onde a maior parte da precipitação ocorre entre o período de Dezembro a
Março (TIQUE, 2015, TYSON e PRESTON-WHITE, 2000). A migração da região convectiva
tropical se estende até próximo à latitude 20º S o que origina a ocorrência de maiores valores de
precipitação nessa região (WASHINGTON e TOOD 1999).

A Variação no padrão da circulação do vento tem influência sobre a variação sazonal da


precipitação (condições termodinâmicas e influência do canal de Moçambique). A cidade Xai-
Xai e a parte sudeste africana sofrem influência da Monção da Asia e sua interacção com a ZCIT
e o anticiclone subtropical do oceano índico (ASI).

Os ventos Monçónicos são responsáveis pelo transporte de massas de ar equatoriais para o


continente enquanto o Anticiclone Subtropical do oceano indico, através do fluxo de leste
transporta o ar com alto teor de humidade para o continente. O anticiclone do atlântico sul
apresenta um fluxo de oeste em baixos níveis sobre o continente (TIQUE, 2015, PRESTON-
WHITE, 2000).

Tique (2015), fez um estudo sobre a variabilidade da precipitação na Região Sudestes Africano
com maior ênfase para Moçambique de modo a analisar a variação interanual da precipitação
durante a estação chuvosa; os principais sistemas meteorológicos responsáveis pela variação da
precipitação e a relação entre padrões de anomalias de TSM dos oceanos indico e atlântico e
possíveis forçantes remotas.
63

CAPITULO 3. METODOLOGIA

A presente pesquisa, apesar de reconhecer que a ocorrência da precipitação extrema tem uma
estreita ligação com o comportamento da temperatura, humidade e acção do vento, prefere isolar
a análise dessas variáveis e considerar apenas a precipitação sem descorar a influência das outras
variáveis climatológicas. A pesquisa considera uma base de dados do Instituto Nacional de
Meteorologia contendo registos de precipitação diárias, mensais e anuais.

O banco de dados presenta algumas limitações por insuficiência de informação principalmente


depois das cheias do ano 2000. Por isso, para a determinação dos anos secos e chuvosos aplicou-
se dados anuais olhando para as series históricas do período, usando a metodologia de anomalias
de chuva. Para a determinação das chuvas extremas aplicou-se a metodologia dos extremos de
chuva baseada nos limites inferiores da precipitação mas considerando os dados dos anos 2000 a
2017, uma vez que estão disponíveis os dados diários de precipitação.

O período estudado compreende cerca de 67 anos divididos em duas séries históricas respeitando
a estruturação da organização meteorológica mundial (OMM). Com a seguinte organização: seria
I: 1961-1990. Serie II (incompleta) 1991-2017.

3.1 DADOS PLUVIOMÉTRICOS DE XAI-XAI.

Os dados pluviométricos diários e anuais utilizados neste estudo foram obtidos no Instituto
Nacional de Meteorologia (INAM), Delegação de Gaza, situado na Estrada nº 1, Nhamponzoene
Distrito Chongoene, Caixa Postal: 233, referentes aos anos de 1951 a 2017, sendo que os dados
que apresentam a precipitação diária disponíveis datam, do ano 2000 a 2017.

Desta forma, a análise para a determinação dos anos chuvosos e secos através do cálculo do
Índice de anomalia de Chuva (IAC) foi feito pelos dados anuais de todo período em estudo. Os
dados mensais de precipitação foram agrupados em totais anuais para a obtenção dos IAC da
série. A determinação das precipitações extremas obedeceu os dados diários dos dias em que
registou se a precipitação (P˃0mm).
64

Para a tabulação, realização dos cálculos das séries históricas seleccionadas e a elaboração dos
gráficos representativos, foi utilizada uma planilha electrónica (Software Microsoft Office
Excel), sendo obtidas as médias mensais e anuais das séries.

3.2 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

a) Pesquisa Explicativa

As pesquisas explicativas têm como preocupação central identificar os factores que determinam
ou que contribuem para a ocorrência dos fenómenos (GIL, 2008). A principal importância da
pesquisa explicativa é aprofundar o conhecimento da realidade, por que explica a razão de ser
das coisas. No presente estudo, a preocupação é explicar a realidade climatológica tal como se
apresenta, por meio de observação, registo dos dados, o estabelecimento de relações entre
factores que determinam eventos extremos bem como perceber o ritmo climático de Xai-Xai a
partir da determinação de anomalias de chuvas. Esta forma de abordagem da pesquisa
possibilitou a obtenção de elementos que caracterizam o estágio actual da ocorrência de
precipitação e comportamento climatológico e associar estas ocorrências com os fenómenos
atmosféricos gerais de ENSO.

b) Abordagem Quali-quantitativa

A perspectiva Quantitativa justifica-se pelo facto de aplicar os procedimentos estatísticos para


análise das variáveis de precipitação e Temperatura, de modo, a aferir nessa combinação
atributos que revelam o estágio climático da Cidade de Xai-Xai. Este método aplica as técnicas
estatísticas específicas para cálculo de média e proporções, elaboração de índices e escalas de
análise de fenómenos. A dimensão qualitativa deve-se pelo facto de ter-se aplicado técnicas de
categorização e atribuição de valores aos números obtidos em procedimentos quantitativos para
aferir e tirar conclusões em volta da ocorrência de precipitação e análise climática da Cidade de
Xai-Xai.
65

c) Abordagem Indutiva

O Método indutivo na perspectiva de Severino (2007), procede partindo do particular e coloca a


generalização como um produto posterior do trabalho de colecta de dados particulares. De
acordo com o raciocino indutivo, a generalização não deve ser buscada aprioristicamente, mas
constatada a partir de observações de casos concretos suficientemente confirmadores dessa
realidade. No entanto, considerou-se este método pelo facto de a natureza da pesquisa precisar de
uma análise específica dos dados de precipitação da Cidade de Xai-Xai ao longo dos anos de
análise, não importa neste estudo saber apenas o tipo do clima de Xai-Xai e aferir as
possibilidades de ocorrência da precipitação a partir do conhecimento geral sobre as áreas do
clima tropical húmido. Mas sim partir dos dados empíricos de precipitação diárias e mensais e
analisar as possibilidades de anomalias de chuva e ocorrência de chuvas extremas.

3.3. DETERMINAÇÃO DE NORMAIS METEOROLÓGICAS.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) define “Normais” como sendo “valores médios
calculados para um período relativamente longo e uniforme, compreendendo no mínimo três
décadas consecutivas” e padrões climatológicos normais como “médias de dados climatológicos
calculadas para períodos consecutivos de 30 anos”. No caso de estações para as quais a mais
recente Normal Climatológica não esteja disponível, seja porque a estação não esteve em
operação durante o período de 30 anos ou por outra razão qualquer, Normais Provisórias podem
ser calculadas. Normais Provisórias são médias de curto período, baseadas em observações que
se estendam sobre um período mínimo de 10 anos.

No entanto, considerou-se nesta análise duas séries sendo uma completa (1961-1990) e outra
incompleta (1991-2017) que deu-nos um valor considerado provisório e por fim calculou-se a
média das duas normais para determinar o valor climatológico para a análise do período em
estudo que data de 1951 a 2017. É importante referir que a organização destas séries obedece os
critérios de Organização Mundial de Meteorologia.
66

3.4 DETERMINAÇÃO DE ÍNDICE DE ANOMALIA DE CHUVA (IAC)

O Índice de Anomalia de Chuva (IAC) visa avaliar a frequência com que ocorrem os anos secos
e chuvosos na Cidade de Xai-Xai, considerando a intensidade, a severidade e duração. Para a
determinação do índice de anomalia de chuva (IAC), utilizou-se a metodologia sugerida por
Rooy (1965) e adaptada por Freitas (2005), a qual utiliza duas equações: uma para as anomalias
positivas (1) e outra para as anomalias negativas (2).

𝑃−𝑃
 IACpositivo= 3 (1) para anomalias positivas e
𝑀−𝑃̅
𝑃−𝑃̅
 IACnegativo=−3 𝑚̅−𝑃̅ (2) para anomalias negativas

Onde P é a precipitação total (mm) do ano que será gerado o IAC; P̅, a média (anual) da série
histórica (mm); M̅ a média das dez maiores precipitações anuais da série histórica (mm) e, m̅
compreende a média das dez menores precipitações anuais da série histórica (mm). As anomalias
positivas são representadas por valores acima da normal climatológica e as negativas, abaixo da
normal climatológica. Seus graus de intensidade podem ser avaliados conforme a Tabela 2.

Tabela 2. Classificação do Índice de Anomalia de Chuva.

IAC Classificação
Acima de 4 Extremamente chuvoso
2a4 Muito chuvoso
0a2 Chuvoso
0 a -2 Seco
-2 a -4 Muito seco
Abaixo -4 Extremamente seco
Fonte: Freitas (2004).
67

3.5 DETERMINAÇÃO DE EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO.

A precipitação é considerada extrema quando supera os 50mm/24h. Alguns autores como


CONTI (2011) e TEIXEIRA (2004), ao procurarem definir de forma mais operacional o que
seria designado como um evento “superior” de chuva extrema, consideraram acumulados de
precipitação que ultrapassam 50 mm em 24 horas, acreditando que a partir deste limiar de chuva
já pode ser verificado algum tipo de impacto em áreas densamente urbanizadas. Desta forma,
todos os valores diários superiores aos acumulados de 50 mm em 24 horas foram contabilizados
como sendo dias que registaram chuvas extremas. Considerando a seguinte equação pra estimar a
quantidade de água:

1mm de Chuva num espaço de 1m2 significa:

1mm*1m2= 0,001m * 1m2


=0,001m3 logo:
1m3_____________1000 Litros
0,001m3_________X
0,001𝑚3∗1000𝑙
X=
1𝑚3
1𝑙
X= = 1 Litro ↔ 1mm de chuva num espaço de 1m2 = 1litro de água num espaço de 1m2
1
No entanto 1mm de chuva corresponde a 1litro de água que cai num espaço de 1m2. Dai que o
limiar de chuva descrito pelos autores pode ter um impacto significativo sobre o solo e/ou espaço
receptor, visto que os 50mm de chuva em 24 horas significam 50 litros de água que caem sobre
um espaço de 1m2. Esta quantidade pode de certa maneira criar danos, observando as variáveis
de infiltração, escoamento, evaporação imediata e a topografia.

3.6 DETERMINAÇÃO DA BASE COMPARATIVA PARA ANÁLISE DA


PRECIPITAÇÃO ANUAL

A determinação da base comparativa visa facilitar a caracterização da variação da precipitação


ao longo dos anos em estudo, considerou-se primeiro a determinação do valor médio das séries
68

que compõe o período em estudo. O valor médio é obtido através do somatório dos cumulativos
anuais e dividir pelo número dos anos observados, de acordo com a equação: Vm=∑P/n. Onde
Vm- valor médio; P- precipitação acumulada anual e n- número de observações ou anos que
compõe a série.

A preocupação deste cálculo deve se a necessidade de obter um número para a base comparativa
do comportamento da precipitação nos anos em análise. Entende-se que a determinação do valor
comparativo pode em algum momento transparecer uma irrealidade, mas aventa-se que sem
dúvidas será de forma aproximada um mecanismo de proceder a leitura da oscilação da
precipitação. Não visa este método obter ou determinar os anos secos e chuvosos mas ajudar a
interpretar a variação da precipitação ao longo do período em estudo.
69

CAPITULO 4. APRESENTAÇÃO E ANALISE DE DADOS

Neste capítulo, discutiremos os resultados das análises realizadas para avaliar o comportamento
da chuva em varias dimensões, a saber: variação anual da precipitação com a determinação do
IAC, a relação dos eventos anuais de chuva com o El Niño e La Niña. A determinação das
normais meteorológicas para caracterizar de forma específica a estacão chuvosa e seca na Cidade
de Xai-Xai. A determinação dos valores extremos de chuva com a análise diária da precipitação
e por fim relacionar os eventos extremos de chuvas com potenciais factores de ocorrência.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA DA PRECIPITAÇÃO

NA CIDADE DE XAI-XAI

A Cidade de Xai-Xai, apresenta uma variação da precipitação típica das regiões tropicais, com
duas estações bem distintas, uma seca que se estende e conscide relativamente com o inverno no
meio do ano e outra chuvosa que geralmente caracteriza os meses de, Novembro, Dezembro,
Janeiro, Fevereiro, Março, Abril e Maio.

A Cidade de Xai-Xai, devido aos factores que ultrapassam a zonalidade tropical, apresenta
alguns valores consideráveis de precipitação mesmo na estação seca, devido a proximidade do
mar, a influência das dunas costeiras que em algum momento embora menos significante servem
de barreira e proporcionam pequenas chuvas e localizáveis que podem ter a atribuição de chuvas
de relevo. Nesta pesquisa e também olhando estudos anteriores como por exemplo de TIQUE
(2015), COANA (2015) sofre influência dos fenómenos atmosférico-oceânicos de ENSO (El
Niño-oscilaçao Sul), e por via disso os períodos naturalmente chuvosos e/ou secos acabam tendo
uma influência global, tanto na intensidade, assim como na duração da precipitação.

A leitura do comportamento da chuva ao longo do período em análise baseou-se primeiro na


determinação da base comparativa conforme os procedimentos que são apresentados mais
adiante.
70

4.1.1. Procedimentos de obtenção do Valor comparativo:

1º Passo: foram considerados as duas últimas séries climatológicas instituídas pela OMM.

 Série de 1961-1990. (completa) (OMM, 2018)


 Série de 1991-2017 (incompleta, ou seja fecha em 2020).

2º Passo: Determinação do valor médio das precipitações anuais.

A Determinação do valor médio, considera a fórmula: PNS=∑P/n, onde para a série de 1961-
1990, tem se como valor médio de precipitação 1410.2mm. e para a segunda série que logo A
priori é incompleta apenas considerou os valores de 1991-2017, dai que obteve-se como valor
médio 1137.8mm.

3º Passo: Determinação da base comparativa do período em estudo

A base comparativa para a caracterização obteve-se através da determinação estatística do valor


médio entre as duas normais climatológicas, sendo o seguinte valor:

Tabela 3. Valores das séries.

Valor médio das duas séries


1410.2 1137.8 1274
Fonte: Autor (banco de dados do INAM-Gaza).

A aplicação desta metodologia deve-se ao facto de estudar um período que contempla as duas
series, ou seja é um período interior entre as series e que por via disso os parâmetros definidos
pela Organização Mundial de Meteorologia apresentam séries internacionalmente definidas tais
como: serie climatológica de 1931 a 1960; série climatológica de 1961 a 1990; serie
climatológica de 1991 e vai fechar em 2020.

Estudar a ocorrência de precipitação de 1951 a 2017 acaba afectando as três séries


internacionalmente definidas pela organização, deste modo, para caracterizar a ocorrência de
71

precipitação e interpretar as oscilações pluviométricas ao longo dos anos e consequentemente


análise do clima aventa-se a possibilidade de considerar o valor médio das duas últimas series.
No entanto, o gráfico 5, apresenta o comportamento da precipitação anual tendo em conta os
acumulativos anuais e a base comparativa determinada na equação anterior.

Com base no gráfico (5) podemos observar os anos que apresentam a precipitação acima do
normal (PA˃ 1274mm) e abaixo de normal (PA˂1274mm). Onde PA é Precipitação Anual.
Axis Title

0.0
1000.0
1500.0
2000.0
2500.0
3000.0

500.0
1951
1952
1953
1954
1955

Fonte: Autor, 2018.


1956
1957
1958
1959
1960
1961
1962
1963
1964
1965
1966
1967
1968
1969
1970
1971
1972
1973
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
Gráfico 5. Ocorrência de Precipitação 1951-2017 na Cidade de Xai-Xai.

1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Precipitacao na Cidade de Xai-Xai 1951-2017

2014
2015
2016
2017
PTA
Normal

Linear (PTA)
Linear (Normal )
72
73

A leitura que se pode fazer no gráfico acima apresentado é que muitos dos anos nas series
estudadas têm valores anuais acima dos 1274 mm de precipitação anual, facto que coloca a
Cidade de Xai-Xai na verdade no quadro do clima tropical húmido.

Nota-se no entanto alguns anos como é o caso do ano de 1970 que foi um ano típico com valores
cumulativos anuais de até 500mm e mais recente o ano de 2015 que sem dúvidas foi um ano
seco, com baixas quantidades de precipitação.

Esses valores em alguns casos apesar de serem na sua maior parte acima da base comparativa
estabelecida para as duas séries podem apresentar e terem uma influência negativa para o
desenvolvimento da actividade agrícola por exemplo, uma vez que determinando o balanco
hídrico de Xai-Xai, pode se ter algumas surpresas pelo índice elevado de evaporação. Mais
adiante coloca-se factores que podem de certa forma ajudar na interpretação da variabilidade da
precipitação ao longo dos anos.

4.1.2. Factores que determinam a variação da precipitação em Xai-Xai

Em seguida são descritos os factores que influenciam na precipitação na Cidade de Xa-Xai:

a) Ciclones Tropicais

São zonas de baixas pressões com características dinâmicas e convergência, movimentando ar


húmido e quente horizontalmente. A estação ciclónica estende-se do mês de Novembro até Abril
em Moçambique (MAVUME etal., 2009). Este fenómeno, dura cerca de 6 dias (desde a sua
formação até a dissipação), porém por vezes há ciclones que duram duas semanas às vezes até
um mês (ROJAS e AMADE, 1996). Segundo o mesmo autor as estatísticas dizem que, cerca de
três a cinco ciclones se formam no canal de Moçambique todos os anos e durante a sua passagem
produzem grandes quantidades de precipitação.
74

b) Anticiclones

São zonas de altas pressões, que caracterizam-se pela divergência e subsidência do ar. Estas
zonas são caracterizadas por grande actividade do regime térmico (depressões térmicas). As
depressões térmicas são acompanhadas de massas de ar quente e seco, e influenciam
negativamente na ocorrência da precipitação (PRESTON e TYSON, 2004).

c) El Niño-Oscilação Sul (ENSO)

É um fenómeno oceânico-atmosférico, que caracteriza-se por episódios quentes e frios


associados a alterações dos padrões normais de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) e dos
ventos alísios no Oceano Pacífico Equatorial, que conduzem a alteração no comportamento da
precipitação no mundo (WANG et al., 2012).

d) Frentes Frias do Sul

São massas de ar frias que formam-se na superfície polar sul, possuindo uma migração periódica
anual em direcção ao equador. Na sua trajectória, estas massas de ar altamente frias convergem
com as massas de ar quentes, formando-se na zona de convergência grandes nuvens de
desenvolvimento vertical (nuvens convectivas) de onde provem a precipitação (ROJAS e
AMADE, 1996). Elas são mais frequentes no inverno e são responsáveis pela maioria das chuvas
que ocorrem no verão na parte sul de Moçambique, sobretudo na região do litoral (VAN e
HURRY, 1992 citado por CAMBULA, 2005).

e) Baixas Costeiras

São células de baixas pressões, localizadas na parte costeira da África Austral. Em Moçambique,
ocorrem geralmente no verão e são observadas com maior frequência na zona sul do rio Save
(VAN e HURRY, 1992 citado por CAMBULA, 2005). A sua passagem é caracterizada por céu
coberto localizado e chuvas de curta duração e fracas.
75

f) Orografia

A composição orográfica duma determinada região facilita o processo de ascensão das massas de
ar que com a diminuição da temperatura amassa de ar evolui até ao ponto de saturação onde a
água condensa-se e precipita (ROJAS e AMADE, 1996). Este fenómeno ocorre geralmente nas
regiões planálticas do país (LOBO, 1999). Para o caso do sul do Save, alguns estudos aventam a
possibilidade, mas é um cenário ainda duvidoso e carece de uma análise mais aprofundada,
principalmente para a Cidade de Xai-Xai em que as dunas apresentam uma altimetria menos
considerável.

4.2 DETERMINAÇÃO DAS NORMAIS METEOROLÓGICAS

A determinação das normais climatológicas tem a função de pudermos perceber juntamente com
o gráfico anterior das precipitações anuais a caracterização da ocorrência da precipitação na
Cidade de Xai-Xai. A normal meteorológica é tida como sendo valor médio dos cumulativos
mensais de cada série, ou seja o somatório dos dados de cada mês ao longo dos trinta anos e
dividir pelo total dos anos observados. Num estudo climático é preciso relembrar que cada mês
apresenta o seu valor médio designado por normal meteorológico. A tabela abaixo apresenta os
valores das normais nas duas últimas séries.
76

Tabela 4. Normais Climatológicos.

Série Climática de 1961-1990 Série Climática de 1991-2017

J 135.4 J 159.4
F 131.8 F 120.5
M 104.5 M 124
A 98.7 A 100.4
M 88.7 M 45
J 63.5 J 50
J 49.6 J 53.5
A 32.7 A 24.8
S 35.4 S 31
O 65.1 O 49.4
N 76.2 N 110.9
D 122.1 D 133.1
Fonte: Autor, 2018 (banco de dados INAM-Gaza)

Com base nos dados podemos aferir que para a Cidade de Xai-Xai, os meses potencialmente
chuvosos são necessariamente os de Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro, Março e Abril,
mostrando que a estação chuvosa começa relativamente tarde em relação ao comportamento
normal da estação chuvosa do clima tropical húmido descrito por vários autores incluindo os
Atlas escolares que aventam sempre de forma generalizada a estação chuvosa a começar em
Outubro. O outro aspecto que as normais meteorológicas revelam é a possibilidade de extensão
da época chuvosa, ao invés de terminar em Abril, prolonga-se até Maio. Ora vejamos os gráficos
abaixo:
77

4.3 VARIAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO

A análise da precipitação foi realizada a partir das séries de 1961 a 1990 e de 1991 a 2017.

4.3.1 Variação da precipitação 1961-1990

Na série de 1961 a 1990, a Cidade Xai-Xai (gráfico 6) apresenta meses potencialmente chuvosos
que começam de Novembro a Maio conforme se pode ver nas respectivas normais
meteorológicas.

Gráfico 6. Variação da precipitação 1961-1990.

160

140

120

100
P(mm)

80

60

40

20

0
J F M A M J J A S O N D
Cidade de Xai-Xai

Fonte: Autor (2019), dados do INAM

Foi também determinado o do IAC da Série de 1961-1990 (tabela 5).


78

Tabela 5. Anomalias de Chuva.

Ano P P̅ ̅
M m̅ IAC- IAC+ Classificação ( IAC)
1961 1632.9 1719.8 2279.4 1198.4 -0.5 Seco
1962 1886.6 1719.8 2279.4 1198.4 0.9 Chuvoso
1963 1287.9 1719.8 2279.4 1198.4 -2.5 Muito seco
1964 1447.2 1719.8 2279.4 1198.4 -1.6 Seco
1965 1395.4 1719.8 2279.4 1198.4 -1.9 Seco
1966 1411.1 1719.8 2279.4 1198.4 -1.8 Seco
Extremamente
1967 2859.4 1719.8 2279.4 1198.4 6.1 Chuvoso
1968 1190.0 1719.8 2279.4 1198.4 -3.0 Muito Seco
1969 1872.0 1719.8 2279.4 1198.4 0.8 Chuvoso
1970 618.5 1719.8 2279.4 1198.4 -6.3 Extremamente Seco
1971 1634.9 1719.8 2279.4 1198.4 -0.5 Seco
Extremamente
1972 2705.6 1719.8 2279.4 1198.4 5.3 Chuvoso
1973 1957.1 1719.8 2279.4 1198.4 1.3 Chuvoso
1974 2148.7 1719.8 2279.4 1198.4 2.3 Muito Chuvoso
1975 1784.4 1719.8 2279.4 1198.4 0.3 Chuvoso
1976 2111.7 1719.8 2279.4 1198.4 2.1 Muito Chuvoso
1977 2114.0 1719.8 2279.4 1198.4 2.1 Muito Chuvoso
Extremamente
1978 2488.6 1719.8 2279.4 1198.4 4.1 Chuvoso
1979 1376.4 1719.8 2279.4 1198.4 -2.0 Seco
1980 1413.1 1719.8 2279.4 1198.4 -1.8 Seco
1981 2273.7 1719.8 2279.4 1198.4 3.0 Muito Chuvoso
1982 1012.5 1719.8 2279.4 1198.4 -4.1 Extremamente Seco
1983 1114.4 1719.8 2279.4 1198.4 -3.5 Muito Seco
1984 2044.5 1719.8 2279.4 1198.4 1.7 Chuvoso
79

1985 2061.6 1719.8 2279.4 1198.4 1.8 Chuvoso


1986 1470.0 1719.8 2279.4 1198.4 -1.4 Seco
1987 1411.2 1719.8 2279.4 1198.4 -1.8 Seco
1988 1166.7 1719.8 2279.4 1198.4 -3.2 Muito Seco
1989 1986.4 1719.8 2279.4 1198.4 1.4 Chuvoso
1990 1716.9 1719.8 2279.4 1198.4 0.0 Seco
Fonte: autor, 2018 (determinação de anomalia de Chuva)

O gráfico 7 mostra o IAC para 1961-1990.

Gráfico 7. Determinação do IAC 1961-1990

Determinacao de IAC 1961-1990


8.0
6.0
Cidade de Xai-Xai

4.0
2.0
IAC-
0.0
IAC+
1966

1972
1961
1962
1963
1964
1965

1967
1968
1969
1970
1971

1973
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
190
-2.0
-4.0
-6.0
-8.0

Fonte: autor, 2018.

A série histórica de 1961-1990 é marcada por dois grandes problemas económicos e sociais na
Cidade de Xai-Xai resultantes do comportamento climático e o IAC mostra de forma explícita o
percurso que leva a ocorrência dos referidos problemas, ora vejamos, as cheias e inundações de
1977 tiveram precedentes que justificam a sua ocorrência pelo facto de ter sido um momento
característico de cerca de sete (7) anos de chuvas conforme os dados a partir de 1972 que foi
extremamente chuvoso com IAC de 5.3; 1973 ano chuvoso com o índice de 1.3; 1974 muito
80

chuvoso índice de 2.3; 1975 chuvoso com índice de 0.3; 1976 ano muito chuvoso índice de 2.1;
ano de 1977 (ano das cheias históricas) muito chuvoso com o índice também de 2.1 e o ciclo
chuvoso fechou no ano de 1978 com um índice de extremamente chuvoso de 4.1. No entanto, o
ano de 1977 registou cheias não exactamente por ter apresentado maior índice de anomalia de
chuva, mas pela sequência histórica que do ponto de vista local e regional condicionou a
ocorrência de uma cheia, devido o efeito cumulativo na bacia do Limpopo no seu geral. Vale
aqui reforçar que o comportamento climático de Xai-Xai nesta perspectiva apesar de ter
particularidades locais tem alguns traços regiões, pelo que é possível com uma certa margem do
erro deduzir a probabilidade de ocorrência de um fenómeno como inundação de acordo com o
comportamento sequencial da ocorrência de chuvas ao longo dos anos. O marco mais importante
deste evento de cheias ficou marcado com o aparecimento de um Bairro de reassentamento das
populações que viviam na zona Baixa “Bilene” e formaram o actual bairro de Marien Guabi e o
bairro Patrice Lumumba.

O segundo cenário que caracteriza a série tem a ver com o ano histórico da fome conhecido
como “a fome de 83”. A fome de 83 na construção popular, relata um momento de seca extrema
que caracterizou os anos de 1982 e 1983, com maior impacto na agricultura, sabido que a baixa
do Limpopo registou uma redução de produção agrícola conforme os dados do Índice: 1982 ano
extremamente seco -4,1; 1983 muito seco com índice de -3.5.

4.3.2 Variação da precipitação 1991-2017

Igualmente a serie anterior, a série incompleta de 1991 a 2017 (gráfico 7), apresenta
características similares em termos de meses potencialmente chuvoso, sendo que nas duas series
o mês de Janeiro acaba sendo o mais chuvoso e agosto o mais seco.
81

Gráfico 8. Variação da precipitação 1991-2017.

180
160
140
120

P(mm)
100
80
60
40
20
0
J F M A M J J A S O N D
Cidade de Xai-Xai

Fonte: Autor (2019), dados do INAM

Os resultados em conformidade com as normais, nos levam a aferir que a generalização que se
coloca sobre os climas de Moçambique e a duração da estaçao chuvosa para o clima tropical
humido pode não satisfazer as realidades locais. A Cidade de Xai-Xai por exemplo e conforme o
estudo, a época chuvosa começa tarde, ou seja ao invés de iniciar no mês de Outubro conforme
varios estudos sobre o clima de Moçambique, vai começar no mês de Novembro e tem, seu pico
no mês de Janeiro e para alem de terminar no mês de Abril estende-se até ao mês de Maio.

Foi realizada a determinação do IAC da Série Climática incompleta de 1991-2017 (tabela 6).
82

Tabela 6. Anomalia de Chuva 1991-2017.

Ano P P̅ M̅ m̅ IAC+ IAC- IAC


1991 1199.0 1684.8 2056.2 1311.1 -3.9 Muito Seco
1992 1641.8 1684.8 2056.2 1311.1 -0.3 Seco
1993 2011.4 1684.8 2056.2 1311.1 2.6 Muito Chuvoso
1994 1626.1 1684.8 2056.2 1311.1 -0.5 Seco
1995 1354.0 1684.8 2056.2 1311.1 -2.7 Muito Seco
1996 1771.6 1684.8 2056.2 1311.1 0.7 Chuvoso
1997 1377.4 1684.8 2056.2 1311.1 -2.5 Muito Seco
1998 1735.6 1684.8 2056.2 1311.1 0.4 Chuvoso
1999 1875.7 1684.8 2056.2 1311.1 1.5 Chuvoso
Extremamente
2000 2682.6 1684.8 2056.2 1311.1 8.1 Chuvoso
2001 2021.0 1684.8 2056.2 1311.1 2.7 Muito Chuvoso
2002 1434.6 1684.8 2056.2 1311.1 -2.0 Seco
2003 1922.8 1684.8 2056.2 1311.1 1.9 Chuvoso
2004 1636.8 1684.8 2056.2 1311.1 -0.4 Seco
2005 1594.6 1684.8 2056.2 1311.1 -0.7 Seco
Extremamente
2006 2303.0 1684.8 2056.2 1311.1 5.0 Chuvoso
2007 1833.9 1684.8 2056.2 1311.1 1.2 Chuvoso
2008 1246.4 1684.8 2056.2 1311.1 -3.5 Muito Seco
2009 855.2 1684.8 2056.2 1311.1 -6.7 Extremamente Seco
Extremamente
2010 2192.3 1684.8 2056.2 1311.1 4.1 Chuvoso
2011 1802.5 1684.8 2056.2 1311.1 1.0 Chuvoso
2012 1434.8 1684.8 2056.2 1311.1 -2.0 Seco
2013 1916.6 1684.8 2056.2 1311.1 1.9 Chuvoso
2014 1609.0 1684.8 2056.2 1311.1 -0.6 Seco
2015 1065.1 1684.8 2056.2 1311.1 -5.0 Extremamente Seco
83

2016 1549.6 1684.8 2056.2 1311.1 -1.1 Seco


2017 1796.2 1684.8 2056.2 1311.1 0.9 Chuvoso
Fonte: Autor, 2018, Determinação de anomalia de Chuva

O gráfico 9 mostra o IAC da Série Climática incompleta de 1991-2017.

Gráfico 9. IAC 1991-2017.

Determinacao do IAC 1991-2017


10.0
8.0
6.0
Cidade de Xai-Xai

4.0
2.0 IAC-
0.0 IAC+
2006

2014
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005

2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

2015
2016
2017
-2.0
-4.0
-6.0
-8.0

Fonte: Autor 2018.

A série histórica de 1991-2017, apresenta um comportamento climático que em algum momento


para perceber, é preciso olhar para o paradigma de ritmo climático, uma vez que mostra de forma
combinada valores que espelham a possibilidade de ocorrência de determinados eventos
extremos, o mesmo foi notável na serie de 1961 a 1990, onde a ocorrência de desastres naturais
tem algum preparo que pode ser observado no comportamento das anomalias de chuva ao longo
dos anos. Um dos cenários marcantes nos munícipes de Xai-Xai são as cheias do ano 2000, que
tal como o que observou-se na série anterior o efeito cumulativo influenciou bastante conforme
os números do IAC, 1998 ano chuvoso com cerca de 0.4; 1999 ano chuvoso com índice de 1.5. o
ano 2000 foi extremamente chuvoso com IAC de 8.1. ou seja maior índice das duas séries e
84

fechou-se o ciclo chuvoso em 2001 com dados de ano muito chuvoso e o IAC de 2.7. As cheias
do ano 2000 marcaram a história dos residentes e fez surgir um Bairro, “Bairro Ndambine 2000”
que foi portanto, o reassentamento das populações afectadas.

A serie de 1991-2017 contrariamente a primeira, apresenta uma frequência que merece grande
atenção principalmente na possibilidade de haver uma inundação ou uma estiagem. E nesta série
é possível perceber que algumas inundações como é o caso do ano de 2013 resultaram da
precipitação local, apesar de o rio Limpopo ter registado também alguns excessos.

Chama atenção este ano também pelo de que os dados não mostram que seja um extremamente
chuvoso e nem muito chuvoso, mas sim apenas um ano chuvoso mas que registou dias de
precipitação extrema em poucos dias consecutivos cerca de seis dias de chuvas muito fortes e
extremas. O fenómeno de inundações do ano 2013, igualmente originou um bairro de
reassentamento, conhecido como Bairro 2013.

4.3.3 Determinação dos eventos extremos de chuva.

A determinação dos eventos extremos teve como base, o limite superior de precipitação normal
de cerca de 50mm em 24 horas conforme descreveu CONTI (2011) e TEIXEIRA (2004), GAO,
JEREMY e FILLIPO (2006), FRICH, ALEXANDRE, DELLAMARTA etal. (2002) e SILVA
(2012).

Nesta pesquisa, aplicou-se o parâmetro de limite superior da precipitação normal de 50mm,


justamente por considerar-se significativo tendo em conta as particularidades climáticas e
geográficas da Cidade de Xai-Xai. É importante referir que este parâmetro é aceite como base
para a determinação para o clima tropical conforme os estudos de Teixeira, Gao, Jeremy e Silva,
que constataram que um efeito cumulativo de 50 mm em 24 horas pode interferir de forma
significativa na infiltração e no escoamento superficial podendo dependendo da natureza dos
solos provocar danos como erosão dos solos e inundações localizadas.

A tabela 7 apresenta a frequência mensal dos eventos extremos de chuva, considerando o período
de 17 anos, ou seja do ano 2000 a 2017, a partir dos dados diários de precipitação.
85

Tabela 7. Eventos extremos ocorridos de ano 2000 a 2017

Ano J F M A M J J A S O N D TEA
2000 2 5 7
2001 4 1 1 2 8
2002 2 1 1 4
2003 1 1 1 3
2004 1 1 1 3
2005 1 1
2006 1 1 1 1 4
2007 1 1 1 2 1 6
2008 1 1
2009 1 1
2010 1 1 1 1 1 5
2011 4 1 5
2012 1 1 1 3
2013 6 6
2014 3 3
2015 1 1
2016 2 2
2017 1 1 1 1 4
TEM 13 12 6 7 2 2 1 2 1 8 13
Meses com maior incidência de extremos (J, F, M, A,M, N e
D)
TEM,-total de extremos por meses
TEA- Totais de Extremos Anuais
Fonte: Autor, 2018 com base nos dados do INAM-Gaza
86

A tabela 7 mostra que os meses de Janeiro e Fevereiro apesentam maior frequência de ocorrência
de extremos e por via disso são meses susceptíveis a ocorrência de inundações localizadas, o
exemplo específico vai para o ano de 2013 que o mês de Janeiro registou 6 (seis) dias
consecutivas com uma precipitação extrema e resultou em inundações nas zonas baixas assim
como de forma localizada em vários bairros da cidade. A tabela 8 procura de forma detalhada
mostrar os dias e as quantidades de precipitação e aventa o sistema atmosférico actuante.

Tabela 8. Eventos extremos e sistemas atmosféricos actuantes.

Sistema Sistema
Precipitaçã Atmosferico Precipitaçã Atmoférico
Ano o Data Atuante Ano o Data actuante
68.3 20/09 Ano Niña Ano Niña.
55.2 21/09 Outros Canal de
55.6 3/11 factores: Moçambiqu
103.2 4/11 formação de 2008 77.5 16/12 e

63.8 20/11 ciclones Ano Niña.

163.7 21/11 tropicais no Baixas


2000
Oceano 2009 76 30/03 Costeiras
Indico; 58.7 28/01 Ano Niña
sistemas de 91.6 18/02 Baixas
Baixas 50.8 9/3 Costeiras.
2010
pressões 104.7 21/04 Formação
108.2 22/11 costeiras de ciclones
58.2 5/2 Ano Niña 89 4/12 tropicais
61.8 6/2 Outros 51.9 12/2 Ano
62.3 19/02 factores: 61.6 13/02 Neutro.
2001
67.8 21/02 formação de 2011 97.4 24/02 Factor
63.8 5/4 ciclones 60.9 25/02 Oceânico.
54.3 25/07 tropicais no 61.9 17/04 Ciclones
87

75 2/12 Oceano tropicais


Indico; 209.3 17/1 Ano
sistemas de 57.9 30/03 Neutro
Baixas 2012 Baixas
pressões Pressões
55 26/12 costeiras 61.1 22/05 Costeiras
65.6 7/4 Ano Niño 70.3 2/1 Ano
53.3 19/04 Outros 67.6 12/1 Neutro.
69.1 31/10 factores: 64.6 13/1 Sistema
2002
Formação 51.4 16/01 Oceânico;
de 210.8 21/01 formação
2013
52.8 11/12 Ciclones. de ciclones
56.9 10/2 Ano Niño tropicais e
79.9 11/4 Outros baixas
2003 factores: pressões
Formação 63.2 22/01 costeiras
57.2 24/06 de Ciclones 58.4 17/12 Ano
80.2 23/01 Ano 79.1 29/12 Neutro.
57.8 6/3 Neutro. 2014 Baixas
Influências pressões
2004
de canal de 92.3 30/12 Costeiras
Moçambiqu 2015 58 6/1 Ano Niño
63.3 10/12 e 66 14/12 Ano Niño
Ano Baixas
2016
2005 98 19/12 Neutro Pressões
77.7 11/1 Ano Niño 128.2 25/12 Costeiras.
165.7 28/03 Outros 95.4 15/01 Ano Niña
2006 62.9 2/5 factores: 70.7 26/02 Sistema
2017
Formação 69.6 15/04 oceânico.
60.2 9/6 de Ciclones. 83.1 16/11 Ciclones
88

70.8 17/01 Ano Niña.


56.2 25/02 Formação
93.8 9/4 de ciclones
56.6 7/11 tropicais no

65.7 24/11 Oceano


2007
Indico;
sistemas de
Baixas
pressões
90.9 8/12 costeiras
Fonte: Autor, 2018, (dados de INAM-Gaza).

A ocorrência de eventos extremos de precipitação na Cidade de Xai-Xai, deve-se a vários


factores de origem climática e também da localização geográfica. O clima tropical húmido
favorece a ocorrência de extremos de precipitação aliado ao factor geográfico dado que a Cidade
de Xai-Xai é banhando pelo Oceano indico, e com uma região de formação ciclónica muito
activa na parte intermédia entre Madagáscar e Moçambique.

4.4. INFLUÊNCIA DE EL NIÑO E LA NIÑA CIDADE XAI-XAI SOBRE A


PRECIPITAÇÃO
El Niño é um fenómeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das
águas superficiais no oceano Pacífico Tropical, e que pode afectar o clima regional e global,
mudando os padrões de vento a nível mundial, e afectando assim, os regimes de chuva em
regiões tropicais e de latitudes médias. Ora, a cidade Xai-Xai enquadra-se nas regiões tropicais
bem nas proximidades do tropico de Capricórnio, a influência do fenómeno El Niño proporciona
a irregularidade das precipitações em função do padrão climático do tipo tropical húmido com a
estação chuvosa que começa em Novembro e se estende até Maio. Nesta analise considera se as
escalas de qualificação do fenómeno em fraco, moderado e forte e observa-se o comportamento
pluviométrico através dos dados anuais em anos em que ocorre o fenómeno.
89

Para tal cálculo foi considerado o período entre agosto de um ano até Julho do ano seguinte.
Anos onde a intensidade do fenómeno foi considerada forte são aqueles em que a anomalia de
temperatura da superfície do mar (TSM) foi superior a 1,5°C em algum dos meses pertencentes à
série, enquanto os episódios de intensidade moderada tiveram valores inferiores à 1,5°C mas
superiores à 1,0°C, e por fim, os episódios de intensidade fraca são aqueles com valores
inferiores à 1,0oC mas superiores à 0,5°C. Os dados de TSM são provenientes do conjunto de
dados ERSST-v5 (SMITH e REYNOLDS, 2003)

La Niña representa um fenómeno oceânico-atmosférico com características opostas ao EL Niño,


e que caracteriza-se por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico
Tropical. Alguns dos impactos de La Niña tendem a ser opostos aos de El Niño, mas nem sempre
uma região afectada pelo El Niño apresenta impactos significativos no tempo e clima devido à
La Niña.

Anos onde a intensidade do fenómeno foi considerada forte são aqueles em que a anomalia de
temperatura da superfície do mar (TSM) foi inferior a -1,5°C em algum dos meses pertencentes à
série, enquanto os episódios de intensidade moderada tiveram valores superiores à -1,5°C mas
inferiores à -1,0°C, e por fim, os episódios de intensidade fraca são aqueles com valores
superiores à -1,0°C mas inferiores à -0,5°C, conforme pode-se observar através de tabela 9.

Tabela 9. Anos Niños e Anos Niña e a respectiva intensidade (1951-2017).

Anos Niño Intensidade Classificação Anos intensidade Classificação


1951-1952 1 Moderada Niña
1952-1953 0.5 Fraca 1954- -0.5 Fraca
1957-1958 1.5 Forte 1955
1963-1964 1 Moderada 1955- -1 Moderada
1965-1966 0.5 fraca 1956
1968-1969 0.5 fraca 1967- -0.5 Fraca
1969-1970 1 Moderada 1968
1972-1973 1.5 Forte 1970- -0.5 Fraca
1971
90

1976-1977 1 Moderada 1973- -1 Moderada


1979-1980 1 Moderada 1974
1982-1983 1.5 Forte 1975- -1 Moderada
1986-1987 1 Moderada 1976
1987-1988 1.5 Forte 1988- -1 Moderada
1991-1992 1.5 Forte 1989
1992-1993 0.5 fraca 1998- -0.5 Fraca
1997-1998 1.5 Forte 1999
2002-2003 1 Moderada 1999- -1 Moderada
2006-2007 1 Moderada 2000
2009-2010 1 Moderada 2007- -1 Moderada
2015-2016 1.5 Forte 2008
2010- -1 Moderada
2011
2017- -1 Moderada
2018
Fonte. Autor (2019) com Base em ERSST-v511.

Os efeitos de El Niño e La Niña influenciam de certa mediada no comportamento climático da


Cidade de Xai-Xai, os anos Niña tem sido na sua maior parte chuvosos e os Ninos apresentam
valores reduzidos de precipitação facto que pode ser percebido a partir da imagem abaixo que
procura descrever os efeitos a nível da SEA (sudeste de africa), onde pode se ler que durante os
anos Niña há uma tendência de tempo fresco e chuvoso, a chuva prolonga-se até Maio, em
alguns casos dos anos neutros pode ate chover no mês de Junho.

11
Base de Dados de IOS. Acessado no dia 13/11/2018.
91

Figura 7. Evolução dos Anos Niño e Niña na zona sul oriental de África.

Fonte: www.limpoporak.com. Acessado em 6/02/2019.

Os dados da determinação do IAC assim como a imagem acima sustentam que a Cidade de Xai-
Xai, a zona sul de africa sofrem influência significativa no que diz respeito a variabilidade das
chuvas nos Anos Niñas e neutros.
92

Gráfico 10. Intensidade de ENSO.

Intensidade ENSO
2
El Nino

1.5

0.5
Intensidade
0 Linear (Intensidade)
1951-1952
1953-1954
1954-1955
1955-1956
1957-1958
1963-1964
1965-1966
1967-1968
1969-1970
1970-1971
1972-1973
1973-1974
1975-1976
1976-1977
1979-1980
1982-1983
1986-1987
1987-1988
1988-1989
1991-1992
1992-1993
1997-1998
1999-2000
2002-2003
2006-2007
2007-2008
2009-2010
2010-2011
2015-2016
2017-2018
-0.5
La Nina

-1

-1.5
Fenomenos El Nino e La Nina 1951-2018

Fonte: Autor, 2018 (Base de dados: ERSST-v5).

Fica evidente a partir deste gráfico há mais registo de EL Ni Niño do que La Niña, no entanto sob ponto de vista de quantidades
pluviométricas os anos Niño tem sido de fraca precipitação e relação aos anos Niña. Os anos com maior pico de Niño ou seja evento
forte também são raros no entanto destacam se os anos de Niño fraco a moderado. O mesmo acontece com os anos Niña regista-se
maior domínio dos anos fracos a moderados da escala de -1 a -0.5. no entanto mais adiante o gráfico apresenta uma relação entre os
valores cumulativos da precipitação anual em os fenómenos ENSO.
Cidade de Xai-Xai

500

0
1000
1500
2000
2500
3000
3500
1951
1952
1953
1954
1955
1956
1957
1958
1959
1960
1961
1962
1963
1964
1965
1966
1967
1968
1969
1970
1971
1972
1973
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985

Fonte: Autor (2019), Dados do INAM e Base de dados: ERSST-v5.


1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
Precipitação Anual e ENSO (1951-2017)

1994
1995
1996
Gráfico 11. Relação Precipitação Anual na Cidade de Xai-Xai e fenómenos de ENSO.

1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
0
1
2

-1
0.5
1.5

-1.5
-0.5
)
ENSO
PPT(mm
93
94

O gráfico 11 mostra de formais mais explicita a relação entre os valores anuais da precipitação
com a intensidade dos fenómenos ENSO, onde verifica-se em o comportamento inverso dos
índices com valores da chuva. As maiores quantidades de chuva registam se nos anos em que a
parábola do ENSO esta virada para cima, ou seja há maiores cumulativos de chuva nos Anos
Niña.

Os Anos Niño, tem a tendência de abrandamento em relação as quantidades pluviométricas. O


que nos leva a aferir neste estudo que a probabilidade de ocorrência de inundações na Cidade de
Xai-Xai, considerando os factores do ENSO aponta para os Anos Niña e neutros, mas também
não se pode desconsiderar os factores de origem local ou regionais como a influência do oceano
dos Anticiclones do Indico. O período ciclónico que geralmente dura três meses sendo Janeiro,
Fevereiro e Março (JFM). O período da duração do tempo chuvoso da própria natureza climática
de Xai-Xai que vai desde Novembro a Maio de acordo com a climatologia de Xai-Xai, acima
descrita. Mais adiante, faz se uma relação explicativa dos anos secos e chuvosos de acordo com
os dados do IAC e os valores da Intensidade do ENSO, para perceber-se a influência do ENSO
na variabilidade da chuva na Cidade de Xai-Xai.
95

Gráfico 12. Relação IAC e ENSO série histórica de 1961-1990.

Relacao IAC e ENSO na Cidade de Xai-Xai. serie historica de 1961-990


8.0 2
6.0 1.5
4.0 ENSO
1
2.0
0.5
IAC

0.0 IAC
1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 0
-2.0 ENSO
-4.0 -0.5
-6.0 -1
-8.0 -1.5

Fonte: Autor 2018.

Gráfico 13. Relação IAC e ENSO série histórica de 1991-2017.

Relacao IAC e ENSO na cidade de Xai-Xai. Serie de 1991-2017


10.0 2

5.0 1
ENSO
IAC

0.0 0 IAC
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
ENSO
-5.0 -1

-10.0 -2

Fonte; Autor, 2018.


96

Os gráficos (12 e 13) mostram de forma especifica a influencia dos fenómenos ENSO nas
anomalias de chuva a escala anual na Cidade de Xai-Xai, nota-se que as parábolas tendem a ter
um comportamento simétrico na medida em que as anomalias positivas (IAC +) que se traduzem
em anos chuvosos, muito chuvoso e extremamente chuvoso, caracteriza as fases dos anos neutros
e de La Niña ou seja quando os índices do IOS são negativos o que significa o resfriamento das
aguas do pacifico, a costa sul de Moçambique e em especial a Cidade de Xai-Xai, apresenta
características do tempo fresco e húmido e a predominância das chuvas. E no período do
aquecimento das águas do pacífico marcando o El Niño, as anomalias de chuva na Cidade de
Xai-Xai dão lugar aos índices de escassez de chuva, variando no quadro de anomalias negativas
(IAC) os anos seco, muito seco a extremamente seco.

4.5 EFEITOS DAS PRECIPITAÇÕES EXTREMAS

As chuvas intensas, ou precipitações máximas, são aquelas responsáveis por gerar volumes de
água significativos em pequenos intervalos de tempo. Devido aos grandes volumes precipitados.
A ocorrência de tais eventos costuma gerar danos socioeconómicos, prejuízos ambientais, além
de riscos a vida humana (FARIAS; SILVA; COELHO, 2013; QAMAR etal., 2017). Conforme
vê-se na figura 8.
97

Figura 8. Alagamentos resultantes de chuvas intensas na Cidade de Xai-Xai.

Fonte: autor (2017)

A figura 8 mostra o alagamento ao longo da Estrada Nacional Numero 1. Este facto agrava-se
também devido às deficiências de drenagens das águas pluviais ao longo da via.

A figura 9 ilustra o alagamento na área residência que é frequente nos dias de chuvas intensas
para os bairros A e B da cidade.

Figura 9. Alagamentos nos bairros residencias da Cidade de Xai-Xai.

Fonte autor 2017.


98

O alagamento dos bairros A e B da Cidade associa-se ao factor permeabilidade dos solos.


Ademais, os solos da Cidade de Xai-Xai são mal drenados, devido a nula declividade e a baixa
infiltração visto que os seus interstícios são menores devido ao teor argiloso.

O alagamento ocorre também noutras vias secundárias (figura 10).

Figura 10. Alagamentos nas estradas secundárias.

Fonte: Autor, 2017.

A figura 9 mostra o cenário de alagamentos nas estradas secundarias da Cidade de Xai-Xai,


com uma deficiente drenagem das aguas, tornando-se em áreas de estagnação da água.
99

CONCLUSÃO

Os resultados de estudo mostram que os eventos extremos de chuva acontecem com ou sem
ENSO, mas nota-se uma frequência nos anos La Niña e neutros, ressalta-se que os padrões da
oscilação da temperatura no oceano Indico tem uma influência significativa na formação de
ciclones na zona costeira de Moçambique e, no entanto, muitos eventos extremos acontecem
associados a ocorrência de ciclones.

Os factores mais evidentes na ocorrência dos eventos extremos de chuva na cidade Xai-Xai
associam-se ao período ciclónico que compreende três meses (JFM). O canal de Moçambique
tem influência considerável na formação de chuvas de curta duração e em algum momento de
maior intensidade, devido a oscilação da pressão entre o continente e o oceano.

A determinação dos extremos de chuva só é possível com aplicação dos dados diários, uma vez
que os cumulativos mensais assim como anuais podem ofuscar ocorrências de maior importância
no quadro do ritmo climático.

Os eventos extremos de chuva que em muitos casos superam os 50 mm em cumulativos de 24


horas são os que mais influenciam nos dois grandes problemas ambientais que de forma
diferenciada caracterizam a Cidade de Xai-Xai, sendo que, a Cidade Alta (Tavene) apresenta
ocorrências de erosão, uma vez que, os próprios solos são de natureza arenosa assentes sob as
dunas costeiras com declividade que vai ate 45º e 60º e apresentam índice considerável de
erodibilidade e, portanto, associando ao índice de erosividade da chuva. A cidade Baixa,
principalmente os Bairros A e B da cidade apresentam cenários de pequenas inundações
resultantes dos valores extremos de chuvas, por um lado, pelos cumulativos de chuvas em 24
horas acima dos valores normais e por outro, pela natureza do relevo do tipo planície e com solos
franco-argilosos e mal drenados.

No que diz respeito às anomalias de chuva, ficou evidente que a sua determinação é crucial para
o acompanhamento do comportamento de precipitação num determinado tipo de clima.

Com o cálculo do IAC foi possível determinar os anos chuvosos e secos e por via disso
interpretar ocorrências de secas e de inundações na Cidade de Xai-Xai. Ademais, a anomalia de
100

chuva influenciam bastante não só na percepção do clima, mas também, na previsão da


produtividade agrícola bem como na planificação para evitar bolsas da fome.

O cálculo do IAC ajuda a perceber as razões de ocorrências de riscos naturais de natureza


hídrica, ora vejamos, ficou evidente que as cheias de 1977 resultaram de efeitos de anos
sucessivamente chuvosos a extremamente chuvosas desde 1972.

A histórica fome de 1983 teve também seus antecedentes de anos sucessivos de seca e seca
extrema. As cheias do ano 2000 tiveram antecedentes de sequências de anos chuvosos a
extremamente chuvosos que datam desde 1998 e só fecharam o ciclo no ano de 2001. As cheias
de 2013 foram de forma particular resultantes de eventos extremos de chuva que de forma
sucessiva caíram no mês de Janeiro durante 6 (seis) dias de chuvas extremas.

Por fim, a relação que se estabeleceu entre o IAC e ENSO, espelha a razão inversa dos
respectivos índices na medida em que quando registam se anomalias oceânicas positivas (IOS+)
as anomalias de chuva na Cidade de Xai-Xai apresentam se negativas (IAC-). Quando as
anomalias oceânicas são negativas (IOS-), a Cidade de Xai-Xai apresenta anomalias de chuva
positivas (IAC+). Está análise ajuda a relacionar o comportamento da variável precipitação no
clima de Xai-Xai tendo em conta a influência do sistema Oceano-Atmosfera na perspectiva
global. Entende-se que apesar de factores de ordem regional e locais que Justificam a
precipitação a precipitação a que considerar os factores de ordem global como a circulação das
células de Walker no Oceano Pacifico.

Notou-se nesta pesquisa, que a estação chuvosa começa tardiamente relativamente ao que os
estudos anteriores mostram, ao invés de começar em Outubro, na Cidade de Xai-Xai começa em
Novembro e terminam também tarde, ao invés de terminar no mês de Abril, estende-se até ao
mês de Março, facto que pode ser confirmado analisando os gráficos da climatologia de Xai-Xai
do presente trabalho, calculados com base nos dados do INAM-Gaza através da determinação de
normais meteorológicos de cada mês nas duas séries históricas em análise. Chamou atenção
neste estudo que os anos Niña são maioritariamente chuvosos e o comportamento das chuvas no
que diz respeito a frequência apresenta maior regularidade climática descrita no próprio tipo de
clima, ou seja a estação chuvosa não sofre grandes alterações sendo que começa em Novembro e
101

termina em Maio. Nos anos Niño verifica-se o tempo quente e seco, facto que faz com que haja
escassez de chuva mesmo no período considerado chuvoso de Novembro a Maio.

SUGESTÕES
Que se estude de forma particular os climas de Moçambique olhando não só os aspectos comuns
mas também aspectos particulares que podem influenciar de forma significativa na previsão de
desastres relacionados com o clima.

A determinação de anomalia de chuva é um método ideal para verificar o comportamento da


precipitação em diferentes escalas, anual, mensal e de séries climatológicas. O conhecimento dos
índices de anomalias de chuva ajuda na determinação das probabilidades de ocorrência de
inundações e de seca agrícola.

Que o INAM seja não apenas uma instituição que se encarrega pela previsão e informação do
estado do tempo, mas também uma instituição de pesquisa para aventar com maior exactidão e
espacializar os riscos ambientais de natureza climática que ocorrem em Moçambique.

Que se aprofunde a aplicação do Método de Anomalias de chuva para várias regiões que com
maior frequência sofrem cenários climáticos adversos. Com este método pode se compreender o
comportamento quase simétrico entre o sul e o centro-norte.

Ora vejamos, quando o sul regista anos de muita chuva e ocorrência de inundações, o centro e o
norte de Moçambique registam anos secos com escassez de água impactando nas diversas
actividades com especial atenção para a agricultura. Quando o sul de moçambique apresentar
uma estiagem ou anos secos o centro e norte registam chuvas intensas ou até sequência de anos
chuvosos que se traduzem em inundações.

Considerando o pressuposto do presente estudo de que o efeito cumulativo de sequências de anos


chuvosos resulta em inundações conforme os exemplos aqui mencionados pode se melhorar a
previsibilidade da ocorrência de inundações em várias cidades e distritos do pais e por via disso
melhorar a planificação da Gestão de desastres pelo INGC dai que sugere-se o cálculo de IAC e
o mapeamento das áreas de risco.

Da mesma maneira que os efeitos cumulativos de anos secos resultam em seca agrícola e bolsas
de fome bem como défice do abastecimento de água a determinação de anomalias de chuva em
102

especial as anomalias negativas podem ajudar na previsibilidade dos anos de estiagem nas mais
variadas cidades e distritos vulneráveis.

A compreensão dos climas de Moçambique a luz dos paradigmas ambientais: Teoria Geral dos
sistemas e o paradigma do Ritmo climático de forma a perceber os eventos e ocorrências de
desastres não apenas como problemas, mas também como características do próprio clima.

PROPOSTA DE NOVOS ESTUDOS


 Mapeamento de áreas de risco de inundações localizáveis que derivam dos extremos de
chuva;
 Eventos extremos relacionados com temperatura em Xai-Xai, uma vez que nos últimos
dias registam-se vários casos de doenças de origem térmica.
 Um estudo climático para verificar a possibilidade de uma alteração climática na Cidade
de Xai-Xai.
 Um estudo sobre a ocorrência de ciclones tropicais em toda zona costeira de
Moçambique para melhorar a previsibilidade;
 Um estudo para determinar a erosividade da Chuva e Erodibilidade dos solos na Cidade
de Xai-Xai, para aventar as possibilidades de requalificação dos bairros.
 Desenho de Cenários para estudar o clima a médio e a longo prazo e prever e discutir os
promotores de mudanças e adequar a planificação económica e habitacional.
103

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106

SILLMANN, J.; KHARIN, V.V.; ZWIERS, F.W.; ZHANG, X. BRONAUGH, D. Climate


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 Site usado para baixar vários livros electrónicos:
https://www.amigosdanatureza.org.br/biblioteca/livros/categoria/cod/27
108

Anexos I. PRECIPITAÇAO MENSAL 1951-2017


109

ANEXOS II. PRECIPITAÇÃO DIÁRIA 200-2017

Instituto Nacional de Meteorologia


Delegação Provincial de Gaza

Estr ada nº 1, Nham po nzo ene D istr ito C ho ngo ene, C aixa P o stal: 233

PRECIPITAÇÃO DIARIA DE 2000


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 0.0 0.0 0.5 0.0
2 0.0 0.0 0.0 0.0
3 0.0 0.0 55.6 0.0
4 0.0 0.0 103.2 0.0
5 0.0 0.0 0.0 0.0
6 0.0 0.0 0.0 0.0
7 0.0 0.1 0.0 0.0
8 0.0 0.0 0.0 0.0
9 0.0 0.0 0.0 0.0
10 0.0 0.0 0.0 0.0
11 0.0 1.2 0.0 0.0
12 0.0 0.0 0.0 40.5
13 0.0 0.0 0.0 0.0
14 0.0 0.0 8.4 0.0
15 2 0.0 0.0 0.0
16 0.0 0.0 0.0 0.0
17 0.0 0.0 0.0 0.0
18 0.0 0.0 6.5 0.0
19 0.0 0.0 40.6 0.0
20 68.3 0.0 63.8 0.0
21 55.2 0.0 163.7 0.0
22 31.2 1.2 108.2 18.4
23 0.0 0.0 0.0 3
24 0.0 0.0 0.0 0.0
25 0.0 0.0 5.3 0.0
26 0.0 0.0 0.0 0.0
27 0.0 5.2 0.0 0.0
28 0.0 11.3 0.0 0.0
29 0.0 0.0 0.0 0.0
30 0.0 0.0 12 0.0
31 0.0 4 0.0 0.0
110
111

PRECIPITÇÃO DIARIA DE 2002


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 0.0 21.7 0.0 0.0 24.5 0.0 1.8 0.0 4.4 0.0 14.9 0.0
2 0.0 2.5 0.0 0.0 0.0 30.3 1.5 0.0 0.0 0.0 11.0 0.0
3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
4 0.0 0.0 9.1 0.0 0.0 10.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
5 1.2 0.0 1.8 0.0 0.0 1.4 0.0 1.0 0.0 0.0 11.6 0.0
6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 25.1 0.0 0.0 0.9 0.0 44.7 0.0
7 0.0 4.6 0.0 65.6 0.0 0.0 0.0 0.1 1.4 0.0 7.6 0.0
8 0.0 16.0 26.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.6 0.0 0.0
9 1.8 2.6 9.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.0
10 0.0 5.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.0 0.0 0.0 7.9
11 0.0 0.0 1.7 0.0 0.0 0.0 9.8 4.3 5.6 0.0 0.0 52.8
12 0.0 0.0 2.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.2 0.4
13 5.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0 0.0
14 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.9 0.0 0.0 4.1
15 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
16 0.0 0.0 3.4 2.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
17 0.0 0.8 0.0 9.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
18 0.0 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 6.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
19 0.0 0.0 0.0 53.3 0.0 0.0 13.2 0.0 0.0 0.0 0.0 20.2
20 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 23.7 0.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.1
21 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 36.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
22 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.6 0.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
23 0.0 3.5 0.0 0.0 0.0 1.8 0.0 0.0 0.0 0.0 2.5 0.0
24 0.0 2.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.2
25 13.3 0.0 0.0 0.0 0.0 7.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.2 0.1
26 1.0 0.0 0.1 0.0 0.0 3.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
27 0.0 0.0 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
28 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 23.2 0.0 0.0 0.0
29 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
30 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.3 8.9 0.5 0.0
31 3.4 0.0 0.0 0.0 0.6 0.0 0.0 0.0 0.0 69.1 0.0 0.0
Total 26.5 59.0 54.3 131.3 25.1 143.7 33.5 5.4 41.9 79.6 95.2 87.8
DC 6 10 10 4 2 11 7 3 7 3 8 9
112

PRECIPITAÇÃO DIARIA DE 2003


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 0.0 0.0 43.5 3.7 0.0 0.0 16.4 0.0 0.0 0.2 0.0 1.0
2 0.0 0.0 23.0 0.0 0.0 0.0 11.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
3 0.0 0.0 6.1 0.0 0.0 0.0 0.2 5.6 0.2 0.0 3.4 0.0
4 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0 0.0 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
5 0.9 0.0 0.0 12.7 1.5 0.1 4.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
6 4.7 27.5 0.2 0.0 2.2 0.3 25.0 1.4 24.3 0.0 33.5 0.0
7 0.0 0.0 3.5 0.1 0.0 0.8 2.0 0.0 1.9 0.0 5.1 0.0
8 0.0 0.0 0.2 0.0 1.0 0.0 0.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
9 0.0 0.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.4 0.0 0.0 0.0 0.0
10 20.2 56.9 0.0 0.0 0.0 0.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 5.4
11 1.4 7.5 0.0 79.9 0.0 1.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
12 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
13 0.0 0.0 2.8 2.6 9.2 0.0 7.6 0.0 2.4 0.0 4.8 0.8
14 0.0 0.0 0.0 0.0 5.5 0.0 0.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
15 0.0 0.0 0.0 0.0 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
16 0.0 4.1 0.0 8.7 0.3 11.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
17 0.0 0.0 0.0 5.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
18 0.0 0.0 0.0 10.6 0.0 0.2 0.0 0.0 0.0 18.4 0.0 0.2
19 0.0 0.0 0.0 0.2 9.4 2.0 0.0 0.0 0.0 15.6 0.0 0.6
20 0.0 0.0 0.0 0.0 1.2 0.2 0.0 0.0 0.0 19.4 0.0 4.5
21 1.0 42.4 0.0 0.0 3.3 15.2 2.2 0.0 0.0 21.5 0.0 0.0
22 0.0 21.5 0.0 0.0 22.9 10.6 0.0 0.0 3.0 17.5 0.0 9.4
23 0.0 0.3 0.0 0.0 22.8 1.6 0.0 0.0 3.2 0.0 0.0 9.6
24 0.0 1.3 0.0 0.0 0.0 57.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
25 0.0 0.5 0.2 0.0 0.0 28.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
26 4.4 0.1 6.2 0.0 0.0 4.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
27 0.0 0.0 0.1 0.0 0.0 15.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 11.1
28 0.9 3.4 0.0 0.0 0.0 46.6 0.0 0.0 0.0 6.2 0.6 0.0
29 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 14.2 0.0 0.0 0.0 11.1 7.7 0.0
30 0.1 0.0 0.0 0.0 0.0 25.8 0.0 2.5 0.0 0.0 9.6 0.0
31 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Total 33.9 165.6 86.0 124.0 79.8 237.0 70.6 10.9 35.0 109.9 64.7 42.6
DC 8 12 11 9 12 19 12 4 6 8 7 9
113

Precipitacao Diaria 2004


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 2.8 0.0 0.0 4.8 0.0 0.2 7.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
2 1.2 0.2 0.4 0.6 0.2 14.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
3 0.0 0.4 7.2 0.0 3.4 17.4 0.0 0.0 9.4 0.0 0.0 0.0
4 0.0 0.0 7.6 0.0 4.6 2.2 0.0 0.0 17.2 0.0 0.0 0.0
5 0.0 0.0 0.0 0.0 8.8 0.0 1.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
6 0.0 24.2 57.8 9.8 0.0 0.0 12.4 0.0 0.2 0.0 0.0 0.0
7 0.0 0.0 24.0 30.0 6.1 0.0 14.2 0.0 0.6 0.0 0.0 0.0
8 0.0 0.6 0.0 33.4 1.1 0.0 5.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
9 0.0 0.8 9.4 0.8 0.2 4.4 14.6 0.0 0.0 0.0 0.0 6.3
10 0.0 2.1 1.2 0.0 0.0 13.2 0.0 0.0 23.4 0.0 0.0 63.3
11 0.2 0.0 2.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.0 0.0 0.0 2.1
12 0.0 0.0 0.8 6.0 0.0 0.2 5.6 0.0 0.0 0.0 0.0 1.2
13 0.0 0.0 6.4 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
14 0.0 0.0 0.0 2.5 0.0 0.2 19.2 0.0 0.0 0.1 0.3 0.0
15 0.0 0.0 0.2 0.5 0.8 0.0 1.4 0.0 0.0 0.0 0.0 2.8
16 1.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 9.1
17 21.6 0.2 0.0 0.0 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
18 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
19 0.0 0.0 0.0 0.0 0.2 0.0 1.4 0.0 0.0 0.5 0.0 0.0
20 0.0 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0 1.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
21 0.0 0.0 10.6 0.0 0.0 12.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
22 0.6 0.0 0.0 0.0 0.2 13.2 0.0 0.0 0.0 0.0 3.0 0.0
23 80.2 0.0 0.0 0.4 0.4 2.0 0.0 0.0 0.0 3.4 20.8 0.0
24 12.5 0.0 0.0 0.2 0.0 1.6 0.0 0.0 0.0 3.9 2.0 0.0
25 3.2 24.6 0.4 0.0 0.0 4.4 0.0 0.0 0.0 0.0 11.4 0.0
26 2.6 0.0 0.0 0.0 0.0 3.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
27 0.0 12.4 7.2 20.2 1.4 1.2 0.0 0.0 0.0 32.5 0.0 0.0
28 0.0 0.0 0.0 0.9 0.0 0.0 1.0 0.0 0.0 1.8 0.0 0.0
29 41.2 5.4 0.0 0.0 0.0 0.0 12.0 1.2 0.0 18.6 0.0 0.0
30 7.4 0.0 0.0 0.0 5.0 0.0 0.0 0.0 0.0 17.5 0.0 0.4
31 0.6 0.0 0.0 0.0 1.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Total 175.3 70.9 136.0 110.3 34.2 89.8 98.6 1.2 51.8 78.3 37.5 85.2
DC 13 10 14 14 15 16 13 1 6 8 5 7
114

PRECI PI TÇÃO DI ARI A DE 2005


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 0.0 0.0 1.1 0.0 10.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
2 0.0 0.0 9.0 0.0 0.0 0.0 1.4 0.0 0.0 0.0 0.0 25.9
3 0.0 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0 1.1 0.0 0.0 0.0 0.0 16.8
4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
5 0.0 2.3 13.0 0.2 0.0 0.0 0.8 0.0 0.0 0.0 0.0 7.7
6 0.0 16.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
7 0.0 0.0 0.0 1.4 0.0 0.0 35.3 0.0 0.0 2.3 13.0 46.8
8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 14.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 1.3
10 10.9 0.0 0.0 0.0 0.0 4.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
11 0.0 0.0 27.0 0.0 0.0 4.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
12 0.0 37.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
13 8.4 4.3 10.4 0.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
14 0.0 0.0 15.3 0.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
15 0.0 0.0 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 19.8 0.0
16 0.0 0.0 9.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
17 0.4 1.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.2 0.0 0.0 0.3 0.0 0.0
18 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 3.2
19 0.0 0.0 18.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 98.0
20 0.0 0.0 0.0 0.0 1.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 18.9 2.3
21 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 22.1 0.0 0.0
22 0.0 20.5 4.7 10.0 0.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
23 21.2 2.8 10.2 0.0 0.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 36.2 0.0
24 24.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 42.6
25 10.7 0.0 0.0 0.0 3.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.2
26 0.0 0.0 0.0 16.8 0.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.6 0.0 0.0
27 0.0 0.0 0.0 29.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 10.3 0.0
28 0.0 0.0 0.0 3.2 0.0 0.0 0.0 0.0 15.3 0.0 0.0 39.8
29 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 5.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 13.9
30 0.0 0.0 0.0 26.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.8 0.0 0.0
31 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Total 76.1 84.3 118.8 87.9 16.6 14.8 60.8 0 15.3 28.1 98.2 298.5
DC 6 7 11 10 6 3 9 0 1 4 5 11
115

PRECI PI TÇÃO DI ARI A 2006


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 0.0 1.2 9.7 0.0 5.7 0.0 24.1 0.0 0.6 0.0 0.0 0.0
2 0.0 0.0 0.0 0.0 62.9 0.0 2.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
3 0.0 0.0 19.9 0.0 0.2 0.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
4 0.0 0.0 10.7 0.5 0.0 6.4 0.0 0.0 0.5 11.2 0.0 0.0
5 15.4 0.0 3.2 0.0 0.0 0.0 0.0 28.7 0.0 0.0 0.0 48.6
6 4.7 0.0 26.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 5.6 0.0
7 18.9 9.5 11.7 0.0 7.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
8 0.0 0.0 39.4 0.0 4.5 0.8 0.2 0.0 4.8 0.0 0.0 0.0
9 45.7 15.4 0.0 0.4 9.3 60.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
10 35.1 0.0 0.0 0.3 26.5 0.2 0.0 1.3 0.0 0.0 0.0 0.0
11 77.7 0.0 0.0 0.0 8.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 14.0
12 1.1 0.0 0.0 0.0 1.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
13 31.5 0.0 0.0 2.0 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.3 0.0
14 0.0 0.0 1.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 46.0 0.0
15 0.0 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 20.6 0.0
16 1.4 0.0 0.0 1.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
17 13.3 0.0 13.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
18 0.0 0.0 7.4 9.8 0.0 0.0 0.0 0.0 32.0 0.0 0.0 45.5
19 0.0 0.0 0.4 35.5 1.4 5.8 0.0 0.0 4.2 4.0 38.5 1.6
20 0.0 0.0 0.0 10.6 0.0 18.8 0.0 0.0 0.0 0.0 12.4 0.0
21 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 8.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
22 0.0 0.0 0.0 0.0 3.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
23 0.0 0.0 5.3 0.0 8.3 6.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
24 13.4 0.0 20.2 10.2 0.0 1.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
25 6.0 0.0 0.0 12.5 0.0 0.0 0.0 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0
26 0.0 0.0 0.0 0.3 0.0 2.3 0.0 2.2 0.0 0.0 0.0 0.0
27 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 6.4 0.0 3.3 0.0 0.0 1.3 0.0
28 0.0 0.2 165.7 0.0 0.0 7.7 0.0 0.0 0.0 1.2 0.0 0.0
29 0.0 0.0 86.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
30 5.1 0.0 0.0 0.0 0.0 3.1 0.0 0.0 0.0 0.0 1.1 0.8
31 1.4 0.0 1.3 0.0 0.0 0.0 2.6 0.0 20.6
Total 270.7 26.3 422.1 83.4 139.5 127.5 27.2 38.5 42.1 16.4 125.8 131.1
DC 14 2 15 12 13 14 3 6 5 3 7 6
116

PRECI PI TAÇÃO DI ARI A DE 2007


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 13.8 12.0 0.0 4.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0
2 2.5 0.0 0.0 7.1 3.2 0.0 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
3 0.8 0.1 0.0 29.2 0.8 0.0 13.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
4 13.3 0.0 0.0 15.9 0.0 0.0 15.6 0.0 0.0 0.0 0.0 19.9
5 0.0 0.0 0.0 0.5 0.0 0.0 31.7 13.1 0.0 1.0 0.0 13.4
6 0.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 7.5 0.1 0.0 0.0 0.0 0.4
7 0.0 1.0 6.2 8.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 56.6 18.1
8 40.3 0.0 2.5 10.2 0.0 0.0 0.0 4.7 0.0 0.0 0.0 90.9
9 0.0 0.0 3.3 93.8 0.0 0.0 0.1 0.0 0.0 0.0 0.9 3.1
10 0.0 0.0 3.2 5.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 7.4 0.5
11 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
12 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.2
13 0.0 3.5 0.0 3.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
14 0.0 9.2 0.0 2.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
15 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0
16 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.3 0.0 1.0 0.0 0.0
17 70.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.7
18 0.0 0.0 3.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.5 0.0 24.4
19 0.0 1.3 6.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 23.2 0.0 3.7
20 1.0 0.0 0.0 2.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 6.3 0.0 0.0
21 0.7 0.0 0.0 1.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.9
22 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
23 0.0 0.3 0.0 1.9 4.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 4.0
24 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 65.7 0.0
25 0.0 56.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.1 3.0 0.4 0.0
26 0.0 3.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 9.3 0.1 0.0
27 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
28 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.3 0.0
29 5.2 2.8 9.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.5 0.0
30 0.8 3.8 3.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 4.1
31 0.0 73.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.6 0.3
Total 149.8 87.1 104.8 197.9 8.6 0 68.9 18.7 0.1 47.1 132.9 191.6
DC 11 9 9 16 3 0 6 5 1 9 8 14
117

PRECI PI TAÇÃO DI ARI A DE 2008


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 0.0 0.0 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 4.2
2 0.8 0.0 0.0 0.0 8.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
3 0.0 0.0 0.0 8.9 1.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
4 0.0 0.0 0.0 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.4 35.3 0.0
5 1.4 0.0 0.0 0.0 0.0 22.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
8 6.6 2.9 0.0 1.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 12.3 0.0
9 7.8 3.5 1.3 29.6 0.0 2.9 0.0 0.0 0.0 0.0 21.9 0.0
10 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0 1.8 0.0 0.0 0.0 12.5 0.0 0.0
11 0.9 3.3 0.0 0.0 0.0 0.0 1.4 5.5 0.0 0.0 0.0 0.0
12 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 5.6 0.0 1.7 0.0 4.3 0.0
13 0.0 2.3 1.6 0.0 0.0 0.0 7.4 0.0 0.6 0.0 3.0 0.0
14 0.0 1.6 16.7 24.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 16.4 0.0
15 0.0 0.0 12.4 10.5 22.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 5.4 0.0
16 0.0 0.0 3.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 77.5
17 45.6 0.0 1.7 0.0 0.0 0.0 5.5 0.0 0.0 0.0 0.0 18.3
18 18.3 0.9 4.2 0.0 0.0 0.0 0.0 4.0 0.0 0.0 0.0 0.0
19 0.0 3.2 2.4 0.0 0.0 0.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
20 0.0 0.4 0.7 0.0 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
21 0.0 0.0 18.1 8.6 0.0 0.0 0.0 0.0 10.4 0.0 0.0 0.0
22 0.0 0.0 0.9 2.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.4 0.0 0.0 0.0
23 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 17.7 1.3 0.0 0.0 12.2 0.0 0.0
24 1.4 0.0 0.0 1.4 2.1 0.0 0.7 0.0 0.0 7.2 0.0 0.0
25 0.0 0.0 0.0 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 5.0 1.5 0.0 8.0
26 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.9 0.0 10.2
27 4.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.9
28 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.2
29 0.0 1.0 0.0 0.7 0.0 0.0 1.4 0.0 0.0 1.6 0.0 10.8
30 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 12.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 7.8
31 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.3
Total 88.1 19.1 63.9 88.6 34.2 58.5 23.3 9.5 18.1 36.3 98.6 142.2
DC 10 9 12 11 4 6 7 2 5 7 7 10
118

PRECI PI TÇÃO DI ARI A 2009


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 15.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.3 0.0 0.0
2 0.0 0.0 15.9 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
3 0.0 0.0 15.8 0.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.8
4 0.0 10.2 0.0 4.2 1.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
5 0.0 2.8 5.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.9 0.0 33.6
6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.0 0.0 0.3
7 0.0 3.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 12.8 0.0 0.0 0.0 0.0
8 0.0 4.2 0.0 3.0 1.6 1.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
9 0.0 0.6 0.0 0.3 0.7 1.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
10 0.0 0.0 0.9 0.0 0.1 0.2 0.0 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0
11 0.0 0.0 0.0 0.1 11.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
12 5.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.2 0.0 0.0 0.0
13 0.0 1.5 0.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
14 5.9 0.0 0.0 2.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
15 9.8 18.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0
16 5.5 0.0 1.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 8.2 0.0
17 0.0 0.0 0.0 2.6 0.0 0.0 0.0 3.1 0.0 0.0 8.3 0.0
18 0.0 19.6 4.9 0.0 0.0 0.0 2.3 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0
19 1.3 0.0 3.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 5.1 0.2 0.0
20 12.5 0.0 1.2 0.0 0.0 20.3 0.0 1.1 0.0 1.4 9.8 0.0
21 0.2 0.0 0.0 8.6 0.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 17.7 0.0
22 0.0 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 13.7 0.0
23 0.0 1.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
24 0.0 28.7 0.0 0.0 0.0 0.0 7.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
25 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 14.1 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0
26 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 12.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
27 0.0 0.0 0.0 0.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
28 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 5.3 16.9 0.0 0.0 0.5 0.0
29 3.5 0.0 0.0 0.0 0.0 1.9 0.0 0.4 0.8 0.0 0.0 0.0
30 0.0 0.0 76.0 0.0 0.0 2.5 0.0 0.0 3.3 8.1 2.4 0.6
31 1.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Total 61.4 90.4 125.5 23.4 16.8 27.6 41.6 35.5 6.3 18.0 60.8 36.3
DC 10 10 10 11 6 6 5 7 3 8 8 4
119

Precipitacao Diaria 2010


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 0.0 0.0 0.5 0.1 0.0 0.0 18.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
2 0.0 5.9 0.0 0.0 0.0 19.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
3 0.0 0.0 0.3 4.3 0.0 14.3 4.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
4 0.0 30.8 0.0 9.4 0.0 0.0 9.6 0.0 0.0 0.0 0.0 89.0
5 3.0 22.6 0.0 0.1 0.0 0.0 11.3 0.0 0.0 0.2 11.7 0.0
6 33.4 0.0 0.3 0.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 44.5 0.0
7 0.5 0.0 3.0 0.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 6.6 0.0
8 0.0 0.0 1.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
9 0.0 0.0 50.8 1.2 0.0 0.0 1.1 0.0 0.0 0.6 0.0 0.2
10 0.0 0.0 37.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 4.3 0.0
11 0.0 0.0 22.8 1.4 0.0 35.0 0.0 1.7 0.0 0.0 29.4 0.0
12 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 16.9 0.0 0.0 0.2 0.0
13 0.0 0.0 0.0 0.3 0.0 0.0 0.0 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0
14 0.2 0.0 3.5 0.0 0.0 0.0 5.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
15 0.0 0.0 4.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.0 13.7
16 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 8.7 0.1 7.7
17 0.0 0.0 0.0 0.0 2.6 0.0 0.0 0.4 0.8 0.0 0.0 0.0
18 0.0 91.6 22.8 0.0 4.3 6.4 0.0 0.0 0.0 0.0 12.7 0.0
19 0.0 3.5 0.2 0.0 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.6 0.0
20 0.0 34.6 2.3 34.8 4.8 0.0 0.0 0.3 0.0 0.0 0.3 1.0
21 0.0 0.0 0.0 104.7 6.1 0.0 0.0 2.1 0.0 0.0 0.0 27.6
22 0.0 0.0 0.0 0.0 0.7 0.0 15.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.5
23 0.0 0.0 0.0 1.1 1.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
24 0.0 0.0 11.5 3.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 10.5 0.0
25 0.3 0.0 0.0 25.0 0.0 0.0 0.0 1.7 0.0 0.0 9.5 0.0
26 0.0 0.0 0.0 1.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 4.4 43.2
27 0.0 2.1 0.0 0.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.3
28 58.7 16.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.6 0.0 0.0 0.0
29 21.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.9 0.5 0.0
30 0.0 0.0 0.0 13.4 0.9 0.3 12.4 0.0 0.0 0.0 17.7 0.0
31 0.0 0.0 0.4 0.0 21.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Total 117.2 207.4 162.5 202.0 42.1 75.6 79.0 23.4 3.4 13.4 155.0 185.2
DC 7 8 14 17 9 5 8 6 2 4 15 9
120

Precipitacao Diaria 2011


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 0.0 0.0 0.0 0.0 7.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.1 8.5 0.0
2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.8 0.0
3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
4 0.0 0.9 0.0 30.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 9.8 0.0 0.0
5 0.0 26.6 0.0 1.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.4 0.0 0.3
6 15 0.0 1.2 0.0 0.0 0.0 6.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
7 15.7 2.6 0.0 0.0 0.0 0.0 9.6 0.0 0.0 0.0 0.4 0.0
8 4.8 0.0 4.4 4.0 4.2 0.0 11.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.7 37.1 32.9 0.0 0.0 0.0 0.0 1.4
10 49.3 0.0 0.3 2.5 12.1 0.0 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 6.3
11 15.9 0.0 0.0 2.1 0.0 0.2 2.2 1.7 0.0 0.0 0.0 0.0
12 51.9 0.0 0.0 4.7 0.0 1.4 0.6 16.9 0.0 0.0 0.0 0.0
13 61.6 1.8 0.0 2.0 0.0 0.8 39.4 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0
14 20.4 3.5 0.0 0.0 0.0 0.4 14.9 0.0 0.0 0.0 0.0 2.7
15 5.6 2.0 0.0 0.4 0.0 0.0 1.2 0.0 0.0 0.0 1.5 14.2
16 4.4 6.4 0.0 11.1 0.0 0.0 4.0 0.0 0.3 0.0 0.9 17.2
17 0.7 0.0 0.0 61.9 0.0 0.0 15.5 0.4 0.0 21.9 0.0 0.1
18 1.0 4.2 0.0 3.8 0.0 0.0 2.2 0.0 0.0 0.7 0.0 0.0
19 0.0 0.0 0.0 1.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 17.6 0.0
20 1.7 0.0 0.0 0.2 0.0 0.5 0.0 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0
21 0.0 1.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.1 0.0 0.3 0.0 0.0
22 0.0 4.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 32.0 0.0
23 0.0 0.0 0.0 7.5 0.0 0.0 0.0 0.0 23.4 0.0 3.9 0.0
24 97.4 0.0 0.0 1.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.5 0.0
25 60.9 12.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.7 0.0 0.0 19.2 0.0
26 1.0 14.1 0.0 0.0 6.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.5 0.9 0.0
27 10.0 6.2 0.0 0.0 0.0 0.0 1.0 0.0 0.0 1.1 0.0 0.0
28 10.5 0.5 6.4 0.0 0.0 0.0 0.5 0.0 0.0 0.5 0.0 0.0
29 1.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 23.1
30 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.1
31 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Total 429.0 87.0 12.3 133.6 31.5 40.4 144.0 23.4 23.7 36.3 89.2 68.4
DC 18 14 3 15 6 6 16 7 2 9 11 8
121

Precipitacao Diaria 2012


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 0.0 0.0 0.8 2.2 0.0 0.1 0.0 0.0 0.0 0.1 21.3 0.0
2 0.0 0.0 0.0 1.9 0.0 0.0 0.0 0.8 0.0 0.0 5.3 0.2
3 0.0 2.2 5.7 1.7 0.0 7.3 0.0 2.2 0.0 0.0 0.0 0.0
4 0.0 1.7 49.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
5 0.0 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.6 0.0 0.0 0.5
6 0 0.9 0.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.1 0.0 0.0 7.2
7 0.0 0.0 2.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0 0.0 2.4 0.0 0.4 0.0
9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.6 0.0 3.8 0.0 2.7 0.0
10 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
11 0.0 0.0 1.5 0.0 0.0 2.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 28.0
12 0.0 12.9 0.0 1.4 0.0 2.4 0.0 0.0 0.0 27.3 0.0 14.1
13 0.0 1.9 0.0 3.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 5.3 0.0 3.9
14 0 11.8 1.1 0.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
15 3.3 19.1 0.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.1 0.0 0.2 0.0
16 27.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 14.1 0.0 0.0 0.0
17 209.3 0.0 18.6 0.0 0.0 0.0 0.7 0.6 44.0 0.0 0.0 0.0
18 13.1 0.0 3.3 0.0 0.0 0.0 4.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
19 0.4 27.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0 0.8 0.1 0.0
20 0.8 4.7 0.0 9.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.2 0.0 0.0
21 0.0 0.0 0.0 0.0 2.6 1.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
22 0.0 0.0 0.0 0.0 61.1 8.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
23 0.0 0.0 0.0 11.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 6.4 0.0 0.0
24 0.0 0.4 0.0 47.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.8 0.0 0.0
25 0.0 0.0 0.0 10.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 7.1 0.0 0.0
26 0.7 0.0 0.0 1.1 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0 0.2 4.8 0.0
27 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.8 0.0 0.0
28 0.0 0.0 1.1 0.0 0.0 0.0 0.8 0.0 0.0 1.7 0.8 0.9
29 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
30 0.0 0.0 57.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
31 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 37.3 0.0 0.0
Total 254.9 83.0 142.3 91.8 63.9 22.6 6.6 3.6 68.1 92.0 35.6 54.8
DC 7 10 12 10 3 6 6 3 6 11 8 7
122

Precipitacao Diaria 2013


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 2.9 1.3 0.0 0.3 0.0 0.0 0.0 20.0 0.0 0.0 0.0 0.3
2 70.3 18.7 1.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.5 0.0
3 32.0 4.5 7.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0 7.8 0.0
4 5.3 4.6 33.9 25.8 0.0 0.0 0.0 29.0 0.0 0.0 0.0 0.8
5 0.1 4.3 41.2 34.8 0.0 0.0 1.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
6 0 0.0 0.0 0.0 6.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
7 0.0 1.3 0.0 0.0 2.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.7 0.0 0.0
9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.4 0.0 0.0
10 0.0 0.0 11.3 0.0 0.0 0.5 0.0 0.8 0.0 0.0 8.2 0.0
11 1.0 1.7 0.0 4.7 0.0 0.5 4.8 0.0 0.0 0.0 22.6 0.0
12 67.6 0.2 0.5 0.1 10.0 1.5 20.4 0.0 0.0 0.0 0.1 4.9
13 64.6 0.0 0.8 5.1 9.5 0.0 0.0 0.0 0.0 1.0 17.5 12.2
14 33.6 0.0 1.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
15 14.4 0.0 2.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
16 51.4 19.8 20.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0
17 0.0 28.4 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.5
18 0.9 0.0 29.9 0.0 2.0 2.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
19 0.0 0.0 0.0 0.0 2.5 0.0 0.0 0.0 0.0 2.2 0.0 0.0
20 0.0 0.0 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.7 0.0 0.0
21 210.8 1.1 0.0 21.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 32.4 0.0 0.0
22 63.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 4.2 25.5 0.0 0.0
23 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 10.4 0.0 0.0 0.0
24 0.0 0.0 0.0 1.1 0.0 0.0 0.0 0.0 16.9 0.0 0.0 0.0
25 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
26 0.0 0.0 5.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
27 0.0 0.0 21.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 40.7
28 0.0 0.0 9.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.7 6.9
29 0.0 3.6 0.0 0.0 0.3 0.0 0.0 0.1 0.2 0.7 1.0
30 1.3 0.0 0.0 0.0 11.8 0.0 0.0 10.9 0.0 0.8 15.2
31 5.1 0.0 0.0 0.0 14.0 0.0 0.0 7.2 1.0
Total 624.5 85.9 190.9 92.9 33.5 17.4 40.3 50.3 42.5 68.2 62.9 84.5
DC 16 11 17 8 6 5 4 5 5 9 9 10
123

Precipitacao Diaria 2014


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 0.0 15.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.1 0.0 0.4 0.0
2 0.0 9.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.1 0.0 0.0 0.0
3 1.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 7.0 0.0 0.0 0.0
4 0.0 1.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
5 0.0 0.0 9.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
6 0.0 0.0 11.6 0.6 4.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
7 0.0 16.3 5.5 0.0 0.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.3
8 0.3 4.3 3.7 0.0 0.0 30.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
9 0.0 0.0 5.2 0.0 0.0 8.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
10 1.6 0.0 3.7 0.0 0.0 26.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
11 0.0 0.0 2.0 0.0 0.0 11.9 2.2 0.0 7.7 0.6 0.0
12 1.2 0.0 0.0 0.0 0.0 3.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
13 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 7.6
14 0.5 0.0 0.0 1.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.4
15 0.0 3.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
16 0.0 1.0 5.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 6.4 47.0
17 0.0 0.0 13.5 0.0 0.0 0.0 15.6 0.0 26.0 11.7 58.4
18 0.0 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.0 1.9 1.0
19 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
20 0.0 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
21 5.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.6 0.0 0.0 0.0
22 9.5 1.5 0.0 0.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
23 3.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.5
24 0.0 0.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
25 0.0 1.4 37.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
26 14.0 17.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
27 38.1 28.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.7 0.0 8.3
28 1.2 0.0 5.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.3
29 7.8 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 7.9 79.1
30 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 92.3
31 0.0 0.0 0.0 0.0 2.0
Total 84.3 100.5 0 102.6 2.7 4.8 79.5 17.8 11.8 36.4 28.9 297.2
DC 12 14 SF 12 3 2 5 2 4 4 6 12
124

Precipitacao Diaria 2015


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 0.0 0.0 11.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
2 0.0 19.1 16.5 0.0 0.0 0.0 5.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
3 0.0 0.0 4.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.4 0.0 3.7 0.0
4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.3 0.0 1.1 0.0
5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.4 0.0 0.0 4.1
6 0.0 58.0 0.0 0.4 0.0 7.7 0.0 0.0 4.8 0.0 0.0 0.0
7 0.0 0.0 0.6 0.0 0.8 0.1 1.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
8 1.4 0.0 0.0 0.0 3.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
9 0.0 0.0 14.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
10 0.0 0.0 0.0 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
11 0.0 0.0 0.0 33.8 0.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
12 6.2 0.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.2 0.8 0.0 0.0 0.0
13 0.0 0.0 0.0 2.6 4.4 3.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
14 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 7.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.1
15 0.6 11.6 0.0 0.0 0.0 0.0 10.3 0.0 0.0 0.0 0.5 1.1
16 0.0 38.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 7.0 0.0
17 47.0 0.0 0.0 7.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 11.3 0.0 2.9
18 1.2 0.0 0.0 1.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
19 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.2 0.0 0.0 6.1 0.0 39.0 0.0
20 0.0 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 4.3 0.0 0.0 0.0
21 0.0 0.0 0.0 28.2 0.0 4.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
22 0.0 0.0 0.0 8.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 4.9 0.0
23 0.9 12.3 0.0 0.0 0.0 0.0 4.4 0.0 0.0 9.2 0.0 0.0
24 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
25 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
26 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.5 0.0 0.0 0.0 0.0 1.2
27 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.7 0.0 0.0 0.0 6.8 3.2
28 0.0 0.0 2.1 0.0 0.0 0.0 1.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
29 0.5 6.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 38.3 0.0 0.0
30 21.1 0.0 0.0 0.0 3.4 0.0 0.0 0.0 16.0 0.0 0.0
31 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.2
Total 78.9 140.3 56.2 84 9.2 19.7 34.5 3.2 23.1 74.8 63.0 17.8
DC 8 7 7 8 4 6 8 1 6 4 7 7
125

Precipitacao Diaria 2016


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 0.0 0.0 0.0 0.0 15.0 0.5 0.0 0.0 0.0 20.5 0.0 0.0
2 0.0 0.0 0.0 0.0 1.0 0.0 0.0 19.5 0.0 2.7 0.0 0.0
3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 8.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
4 0.0 0.0 0.0 0.0 14.5 0.0 0.3 0.0 0.0 6.0 0.0 0.0
5 0.0 7.6 0.0 0.0 0.0 0.8 0.1 0.0 0.0 12.8 0.0 0.9
6 0.0 5.2 0.0 0.7 0.0 3.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.3
7 0.0 0.0 0.0 7.1 0.0 0.0 3.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
8 0.0 1.9 0.0 4.1 1.3 0.0 1.9 0.0 0.0 0.3 0.0 0.0
9 0.3 3.1 0.0 10.4 2.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
10 10.9 0.8 13.1 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.2 0.0
11 0.0 3.0 4.8 0.0 0.3 0.0 4.5 0.2 1.6 0.0 0.2 0.0
12 0.0 0.0 0.1 0.0 0.0 5.3 0.0 0.0 0.0 0.0 49.7 8.7
13 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.4
14 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 4.5 0.0 0.0 0.0 0.6 66.0
15 20.8 0.0 27.8 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 2.7 0.0 6.5 0.0
16 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.3 0.0
17 4.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 23.9
18 0.0 0.6 0.0 0.0 0.0 0.0 8.4 0.0 0.5 0.3 0.0 0.0
19 0.6 0.0 2.0 0.0 0.1 0.0 0.0 0.0 8.8 0.0 0.5 0.0
20 0.0 0.0 0.0 0.0 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.2 0.0
21 0.0 5.4 0.0 0.0 5.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
22 0.0 0.3 1.6 0.0 0.0 9.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
23 0.0 0.3 2.5 0.0 0.0 3.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
24 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.5 0.0 0.0 1.3 0.0 0.0 0.0
25 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.7 0.0 0.0 0.7 46.1 0.0 128.2
26 0.0 0.0 0.0 0.0 2.0 0.0 2.1 0.0 1.8 0.0 2.1 2.3
27 22.9 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 2.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
28 0.0 12.5 0.0 0.0 3.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 8.1
29 13.3 0.1 0.0 0.0 12.5 0.0 0.0 0.0 27.8 0.0 0.0 38.7
30 0.0 0.0 0.0 7.9 0.0 0.0 0.0 0.4 0.0 0.0 1.7
31 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.7
Total 73.7 41.1 51.9 23.3 66 26.8 39.4 19.7 45.6 88.7 64.3 283.9
DC 8 13 7 6 13 8 11 2 7 7 9 12
126

Precipitacao Diaria 2017


Xai- Xai
Dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
1 0.3 1.7 0.0 0.0 8.1 0.0 0.0 1.6 0.0 0.0 0.0 0
2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.5 0.0 0.0 0
3 0.0 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0
4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 4.4 0.0 0.0 0.0 0
5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 3.3 0.0 0.0 0.0 0
6 0.0 0.0 6.1 0.0 0.0 0.5 2.3 0.0 0.0 0.0 0.0 0
7 0.0 2.9 22.4 0.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 7.0 41.4
8 4.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.1 0.0 2.1
9 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 9.2 0.5 0
10 0.0 0.0 7.5 0.0 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 4.1 0.0 0.9
11 5.7 0.0 8.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 9.7 18.7 0
12 0.0 0.0 0.9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.8 0.3 0
13 0.0 0.0 0.6 0.0 7.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.3 0 0.5
14 6.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.4 0 33.1
15 95.4 0.0 0.0 69.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.1 0 0.9
16 0.7 6.8 0.0 2.1 2.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 83.1 0
17 47.5 0.0 1.2 0.0 1.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 5.8 0
18 20.5 23.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.1 9.9 0.0 0.0 0.0
19 18.6 3.3 0.0 3.5 0.0 0.0 0.0 1.0 0.9 0.0 0.0 0.0
20 0.0 0.0 11.8 1.1 0.0 0.0 0.0 0.9 0.0 0.0 0.0 0.2
21 5.2 22.8 17.7 0.0 0.0 0.7 0.0 0.2 0.0 1.1 0.0 1.4
22 4.1 2.1 0.0 0.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.6 0.0 0.0
23 0.0 1.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
24 0.0 33.0 0.0 0.0 0.0 11.5 6.7 0.0 10.8 0.0 0.0 0.0
25 0.0 1.4 37.0 19.9 0.0 0.5 0.7 0.0 3.2 0.0 0.0 0.0
26 25.3 70.7 2.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 14.4 2.6
27 2.1 1.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.4 8.6 0.4 0.2 0.2
28 0.0 2.4 0.0 2.9 0.6 0.0 0.0 20.9 1.8 14.7 0.0 0.0
29 22.7 0.0 8.1 8.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.3 0.0 0.0
30 23.6 0.0 67.9 5.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
31 5.1 0.0 0.0 1.6 0.0 0.0 0.0
Total 287.6 173.9 116.8 175.3 34.4 13.2 11.3 34.8 35.7 45.8 130.0 83.3
DC 17 14 10 10 8 3 4 9 7 12 8 10

DC- Dias de Chuva. Para expressar total de dias com Precipitação acima de 0mm.

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