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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

O impacto do fecalismo a céu aberto nas zonas suburbanas da cidade de Tete-


caso do Bairro M’Padue, Unidade Acordos de Roma de 2019-2020

Nélia Engrácia Matchemy Vungo

Tete, Abril de 2022


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

O impacto do fecalismo a céu aberto nas zonas suburbanas da cidade de Tete-caso do


Bairro M’Padue, Unidade Acordos de Roma de 2019-2020

Nélia Engrácia Matchemy Vungo: 708183166

Monografia de conclusão de curso apresentado


Faculdade de Pedagogia, Universidade Católica
de Moçambique para a obtenção do grau de
licenciatura em Ensino de Geografia

O Supervisor: MSC. António Tuzine Júnior


Tete, Março de 2022
Índice
DECLARAÇÃO........................................................................................................................................III
DEDICATÓRIA........................................................................................................................................IV
AGRADECIMENTOS................................................................................................................................V
EPIGRAFE..............................................................................................................................................VI
LISTA DE ABREVIATURAS.....................................................................................................................VII
RESUMO.............................................................................................................................................VIII
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.....................................................................................................................9
1. 1. Contextualização........................................................................................................................9
1. 2 Problemática.............................................................................................................................10
1. 3. Justificativa..............................................................................................................................11
1. 4. Aspectos Éticos.........................................................................................................................12
1. 5. Delimitação................................................................................................................................13
1. 5.1. Delimitação Espacial............................................................................................................13
1. 5.2. Delimitação Temporal......................................................................................................13
1. 6. Objectivos.....................................................................................................................................13
1. 6.1. Objectivo Geral....................................................................................................................13
1. 6.2. Objectivos Específicos......................................................................................................13
1. 7. Questões de Pesquisa...............................................................................................................14
CAPÍTULO II: QUADRO TEÓRICO...........................................................................................................15
2.1. Meio Ambiente..............................................................................................................................15
2. 2. Conceito de Gestão..................................................................................................................16
2. 2.1. Tipos de gestão..................................................................................................................16
2. 2.1. Importância da gestão..........................................................................................................17
2. 3. Saneamento..................................................................................................................................17
2.3.1. Saneamento do meio..............................................................................................................18
2.3.2. Gestão de Saneamento...........................................................................................................18
2.4. Importância do saneamento do meio para a saúde pública.......................................................19
2.5. Factores da deficiência das condições ambientais......................................................................19
2.6. Impactos das condições ambientais sobre a saúde humana.......................................................20
2.6.1 Influência dos resíduos sólidos na saúde pública..................................................................21

I
2.6.2. Influência do esgoto na saúde pública..................................................................................22
2.6.3. Influência do Fecalismo a Céu Aberto na saúde pública....................................................22
2.7. Impactos provocados por falta de saneamento...........................................................................22
2.7.1 Doenças relacionadas com a falta de saneamento do meio..................................................23
2.7.2. Doenças relacionadas com água e meios de contaminação.................................................24
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DA PESQUISA........................................................................................27
3.1. Tipo de Pesquisa...........................................................................................................................27
3.1.1. Quanto a Abordagem............................................................................................................27
3.1.2. Quanto aos Objectivos...........................................................................................................27
3.1.3. Quanto a Natureza.................................................................................................................28
3.2. Método de Procedimento..............................................................................................................28
3.3. Técnicas de Recolha de dados e Análise de Resultados..............................................................29
3.3. Participantes.................................................................................................................................30
3.4. Tipo de amostra, como selecionou participantes...........................................................................30
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO DE DADOS............................................................................................32
4. 1. Localiza-se ao Sul da cidade de Tete.........................................................................................32
4. 2. Apresentação de Dados...............................................................................................................32
4. 3. 1. Os habitantes do BM..........................................................................................................32
4. 3. 2. As estruturas locais-CMCT.................................................................................................34
4. 3. 3 A Direcção Provincial de Ambiente.....................................................................................35
Desigualdade social e econômica.....................................................................................................37
CAPITULO VI: CONCLUSÃO E SUGESTÃO...............................................................................................40
6.1. Conclusão......................................................................................................................................40
6.2. Sugestões......................................................................................................................................41
Plano de Mobilização Social..............................................................................................................41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................................43
APÊNDICES...........................................................................................................................................45

II
DECLARAÇÃO

Eu Nélia Engrácia Matchemy Vungo, estudante da Universidade Católica de Moçambique


Faculdade de Pedagogia, por este meio declaro que o trabalho do fim de curso intitulado O
impacto do fecalismo a céu aberto nas zonas suburbanas da cidade de Tete-caso do Bairro
M’Padue, Unidade Acordos de Roma de 2019-2020, foi preparado por mim, sob a supervisão
do MSC. António Tuzine Júnior para término do trabalho.
Declaro ainda que o trabalho não foi submetido anteriormente a qualquer instituto/ Universidade
para obtenção de qualquer grau ou diploma.

A Autora

Nélia Engrácia Matchemy Vungo

________________________

Data: ____/____/_____

O Supervisor

MSC. António Tuzine Júnior

_______________________

Data: ____/____/______

III
DEDICATÓRIA

Aos meus familiares pelo constante auxílio na luta pela formação, que a tempo íntegros se têm
disposto em auxiliar-me a solucionar de forma sábia os problemas académicos assim como
extensivos a esta área.

Também dedico o trabalho aos meus amigos que prestaram todo o tipo de apoio e sempre
motivaram a continuar e lutar nas fases difíceis.

IV
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus pela vida e saúde, coragem, esperança e a graça de viver na luz da sua
presença.

Agradeço aos meus pais Fernando dos Santos Vungo e Maia Olivia Paulino e aos meus irmãos
pela forma insaciável que me apoiaram na minha formação académica transmitindo sempre
muita confiança através do seu amor, carinho, ensinamento e apoio incondicional. E a toda
minha família.

Aos meus filhos Maida, Luane, Vagner, Ignes e o Amável, que souberam gerir as minhas
ausências.

Ao meu esposo Celso Nogueira Abreu Bilai que tem sido um verdadeiro herói nesta sanda. Sem
palavras!

Agradeço ao meu supervisor António Tuzine Júnior, agradeço pela forma como me motivou,
pela orientação e transmissão de conhecimentos;

Agradecer a todo o corpo Docente da Faculdade de Pedagogia UCM, que acompanharam o meu
processo de aprendizagem e formação ao longo do percurso académico;

Muito obrigado a todos vocês. A luta foi nossa a vitória também é.

O sucesso e concretização desta longa e árdua jornada, é graças ao vosso esforço e sacrifício.

V
EPIGRAFE

“Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é
o Poder de Deus”.

VI
(ICorrintios, 1:18.)

LISTA DE ABREVIATURAS

BM - Bairro M´Padue
CM - Conselho Municipal
CMCT - Conselho Municipal da Cidade de Tete
CT - Cidade de Tete
FCA - Fecalismo a Céu Aberto
GA - Gestão Ambiental
GSM - Gestão de Saneamento de Meio
MA - Meio Ambiente
MCT - Município da Cidade de Tete
OMS - Organização Mundial de Saúde
SHL - Sector de Higiene e Limpeza
SMA - Sector de Meio Ambiente
SS - Sector de Saneamento

VII
RESUMO
O saneamento do meio é constitui um desfio no diz respeito a fecalismo à céu aberto que remonta um
processo de abito continuo ao longo dos últimos anos e que sempre deixou uma inquietação social em
certas zonas urbanas da cidade de Tete, visto que se trata de um fenómeno que na falta das maneiras de
manuseio, torna se fonte geradora de males que afectam directamente a população e o meio ambiente.
Neste trabalho procurou-se analisar através da revisão bibliográfica e recolha de dados o tema que
coincide com o objectivo, impactos do fecalismo à céu aberto como princípio fundamental para a garantia
da saúde pública. Trata-se do Município da cidade de Tete-Bairro M´Padue. E a metodologia usada foi
qualitativa, quanto ao objectivo explicativo e descritivo e para técnicas de recolha de dados usou
questionários e entrevistas. E por fim concluiu-se que o fecalismo à céu aberto em relação ao meio
ambiente trata-se de um caso que merece muita atenção para o seu controle e mitigação nas urbes da
cidade de Tete.

Palavras chaves: Fecalismo, Gestão, Saneamento, Saúde Pública.

VIII
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

Apesar dos recentes avanços globais em relação ao saneamento básico, o número de pessoas sem
acesso a instalações sanitárias ainda se apresenta como um desafio. Segundo dados de 2015 do
Joint Monitoring Programme1, uma em cada oito pessoas defecam a céu aberto no mundo,
totalizando quase um bilhão de pessoas (UNITED NATIONS CHILDREN'S FUND; WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2015a).

Moçambique é um dos países com os níveis mais baixos de cobertura de saneamento ao nível da
África Austral, com taxas de fecalismo a céu aberto de 44,2% nas zonas rurais e um total de 9
milhões de pessoas praticando o fecalismo a céu aberto. O Governo está comprometido a
eliminar o fecalismo a céu aberto até 2024, tendo adoptado tais metas a atingir. Em colaboração
com parceiros de cooperação tem-se registado progresso nessa direcção (idem).

O presente trabalho com tema: O impacto do fecalismo a céu aberto nas zonas suburbanas da
cidade de Tete-caso do Bairro M’Padue, Unidade Acordos de Roma de 2019-2020 procura de
forma científica encontrar soluções para este problema de saúde publica.

1. 1. Contextualização

Entre os muitos indicadores existentes sobre as condições de saneamento, a falta de acesso a


banheiros e, por consequência, a defecação a céu aberto, são considerados como muito
importantes. De fato, a falta de acesso a instalações sanitárias adequadas possui impactos
económicos e sociais importantes, e está relacionada a uma série de doenças.

Na província de Tete, mais concretamente no bairro M´padue, dezenas habitantes não possuem
acesso a instalações sanitárias adequadas, portanto sem acesso a banheiros ou sanitários, ou seja,
que defecam a céu aberto.

Constitui ainda um desafios para organização urbana do Município da cidade de Tete o acesso a
sanitários, sabe-se também que há correlação entre a falta de instalações sanitárias e a condição
de pobreza extrema, o que indica tanto que as intervenções do estado para a construção de
sanitários são fundamentais para o desenvolvimento, como também que as políticas para
sensibilização à condições melhoradas das sanitárias, que podem influenciar na redução do

9
número de domicílios cujos moradores defecam a céu aberto. De forma mais específica, este
trabalho visa abordar o impacto do fecalismo à céu aberto.

A Monografia está estruturada da seguinte maneira: No Capítulo I está patente a Introdução do


trabalho com seguintes pontos: Problemática, Justificação e Objectivos. Estes pontos são
materializados pela enunciação do tema, contextualização, delimitação e formulação da pergunta
de partida; Enunciação dos objectivos da pesquisa; Questões da pesquisa, a justificativa que são
as razões que levaram a optar se por esta pesquisa e a descrição da Monografia.

No Capítulo II, costa o Marco teórico, onde se define os conceitos básicos da pesquisa, Revisão
da literatura teórica, empírica e focalizada No Capítulo III, está patente a metodologia da
pesquisa, onde se poderá encontrar a descrição metodológica do desenvolvimento do trabalho do
campo; Identificação das questões de pesquisa; Identificação do tipo de estudo; Identificação do
objecto de estudo (população/amostra) e caracterização do local do estudo; Identificação dos
instrumentos de recolha de dados e sua validação; Identificação das limitações do estudo e
caracterização do local da pesquisa. O Capítulo IV é referente á analise e tratamento de dados, e
a discussão de resultados. E por último o Capítulo V apresenta as conclusões e as recomendações
e por fim são apresentadas as bibliografias.

1. 2 Problemática

O município da cidade de Tete de um lado apresenta muitos sinais positivos e de outro lado
negativo. Pela explosão do desenvolvimento económico a partir das indústrias mineradoras na
província de Tete, mas concretamente na cidade capital, as pessoas fluem em massa a busca de
melhores condições de vida no que diz respeito o emprego. E assim a cidade vê se cada vez mais
alastrando em número de habitantes e ao mesmo tempo enfrentando muitas dificuldades na
organização e funcionamento dos serviços Sanitários. A cidade de Tete ainda enfrenta os
desafios de fraco saneamento e os responsáveis parecem que perderam a potência e a capacidade
do controle dos serviços sanitários. Nisso um grande mal abrange quase a maioria dos bairros da
cidade e faz com que esta tenha uma imagem feia. As casas mal organizadas ou fixadas, a falta
de ruas abertas nos bairros que condicionam e dificultam o exercício desta actividade do
saneamento, e os sanitaristas se é que existem não saneiam o ambiente; tubos furados jorrando
águas dia e noite, juntamente com as águas das casas de banhos e assim formando inundações
nos pequenos becos de caminhos; a população não tem latrinas públicas melhoradas, muitos

10
defecam ao relento, outros enchem plásticos e deitam nos contentores e nas ruas; os poucos
contentores e tambores distribuídos nos bairros lotam de lixo até ao chão e provocam cheiro
insuportável. Parece ser isto que influência anualmente a Saúde apresentar um índice de casos de
mortes provocadas por doenças relacionadas com problemas de falta de saneamento. Por
exemplo, em 2015 Tete registou mais de 3 mil casos de cólera, com 22 óbitos (TVM noticia,
2015). No entanto a questão que se coloca é:
 como adequar-se as boas praticas de Saneamento do Meio para evitar o fecalismo à céu
aberto no Bairro M´padue?

1. 3. Justificativa

A escolha deste tema deve-se pelo facto de o saneamento do meio ser um princípio que garante
para o desenvolvimento da conservação do ambiente e bem-estar da população. Carvalho e
Adolfo (2010), frisam que “a saúde humana depende dos serviços do saneamento básico como
factor determinante das relações entre o meio ambiente e a saúde pública”.

As práticas que visam promover a qualidade para o melhoramento das condições de vida
podendo assim contribuírem para a boa saúde e o bem-estar da população estão imperfeitas na
cidade de Tete devido, a má gestão nesta área. Daí que através deste estudo pretende se mostrar e
fazer perceber ao Município juntamente aos seus munícipes a importância do saneamento do
meio como garantia para a saúde pública.

O estudo de novas tecnologias na área do saneamento e a aplicação das mesmas se torna


necessário para sanar as sequelas deixadas pelo crescimento desordenado, na tentativa de
promover a melhoria da qualidade de vida da população”. Com a maior oferta no mercado, que
atrai novos moradores vindos de outras províncias a cidade de Tete está cada vez mais a evoluir,
porém, o saneamento não acompanha esta evolução. A migração está mais acelerada e o
saneamento menos funciona. O que faz despertar antemão para o estudo deste trabalho sendo o
alastrar desordenado da cidade que gera necessidades precárias vividas pelos munícipes dentro
da cidade.

Sendo assim os fracos sinais de saneamento do meio que se manifestam no município arrastam
consigo anualmente casos graves relacionados com a saúde pública que culmina na perca de

11
vidas. Olhando para uma situação dessas percebe – se como um problema a ser investigado e
buscamos como lugar de estudo bairro M´padue.

A motivação para tratar deste tema foi a necessidade de melhoramento das condições precárias
notáveis na área do saneamento do munícipe da cidade de Tete. Sendo que este problema não só
afecta um bairro, mas sim trata se de um mal que abrange toda cidade.

Relevância Social: Este estudo tem como principal finalidade despertar cada vez mais na
consciência da sociedade a necessidade de viver num ambiente saudável que permita o alcance
de melhores condições de vida e a preservação da saúde pública. Para tal é preciso que haja uma
decisão e colaboração entre a população e os órgãos governamentais.

Relevância Académica: Esta pesquisa servirá de auxílio para os futuros estudos e também duma
maneira geral ter-se-á mais matéria relacionada com as actividades do serviço de saneamento
prestado pelo município.

Relevância Pessoal: A pesquisa servirá do trabalho para a conclusão do meu curso em


licenciatura, assim como terei a oportunidade de perceber sobre como o município da cidade de
Tete planeja e implementa as suas actividades na área do saneamento, e quais os sucessos assim
como as dificuldades que experimenta.

1. 4. Aspectos Éticos

Nesta pesquisa trabalhou-se com Famílias, trazendo a sua vivência, qualidade de vida, os
relacionamentos entre os seus membros e a percepção de cada um deles sobre a sua vida. Isto
toca as sensibilidades, os valores e a privacidade das Famílias em causa. Tendo todos estes
aspectos em consideração se escolheu a presente metodologia para o sucesso da pesquisa,
observando rigorosamente as questões éticas nomeadamente o consentimento para participar no
estudo, o anonimato, sigilo e confidencialidade. Neste contexto, os nomes das famílias
apresentados no corpo do texto são fictícios, pois por razões éticas e deontológicas, não devemos
revelar as identidades dos nossos interlocutores. Durante a entrevista foi observado um conjunto
de medidas éticas, dos quais, a porte da credencial devidamente assinado e carimbado pelo
Centro de Instituto de Educação a Distância, a explicação dos objectivos do estudo aos
entrevistados.

12
1. 5. Delimitação

1. 5.1. Delimitação Espacial

Em termos geográficos e astronómicos, a Província de Tete situa-se no extremo noroeste do país,


e faz fronteira com 3 (três) Países numa extensão total de 1480Kms, nomeadamente com a
República do Malawi 610 Km, com a República da Zâmbia 420 Km e com a República do
Zimbabwe 450Kms. Zâmbia e Malawi a norte, Malawi a este, Zâmbia e Zimbabwe a oeste e a
sul com o Zimbabwe e três províncias Moçambicanas, Zambézia a este, Manica e Sofala a sul e
entre as coordenadas de: Norte - latitude de 14º00'S; Este - longitude de 35º20'07"E; Oeste -
longitude de 30º13'00"E e Sul - latitude de 17º42'01"S (https://www.tete.gov.mz/por/A-
Provincia/Geografia2, acessado em 16 de Março de 2022)

1. 5.2. Delimitação Temporal

Quanto ao tempo a pesquisa foi orientada no período do final e início dos anos 2019 a 2020, por
ser um período em que a situação de falta de saneamento está a gravar-se. Neste período, apesar
dos esforços governamentais e de ONG’s em campanhas de saneamento de meio, esta situação
não teve melhorias como o estudo vai mostrar.

1. 6. Objectivos
1. 6.1. Objectivo Geral

 Indicar o impacto decorrente do fecalismo a céu no Bairro de M´padue no período de


2019-2020.

1. 6.2. Objectivos Específicos

 Identificar os impactos ambientais decorrentes do fecalismo a céu aberto no meio


ambiente;
 Descrever o processo de Gestão do Saneamento do Meio no contexto geral;
 Analisar a eficácia dos trabalhos de fecalismo e Gestão do Saneamento do Meio no
Bairro de M´padue; e,
 Recomendar acções que possam contribuir para sensibilização das comunidades sobre os
perigos de fecalismo a céu aberto.

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1. 7. Questões de Pesquisa

Subjacente aos objectivos específicos do trabalho tem como questões de pesquisa as seguintes:
 Quais são os impactos decorrentes do fecalismo e da má Gestão de Saneamento do Meio
no município da Cidade de Tete?
 Quais são os processos de Gestão de Saneamento do Meio é eficaz no Bairro M´padue?
 Será que o trabalho realizado no Bairro M´padue tem alguma relação com o processo de
Gestão do Saneamento do Meio?

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CAPÍTULO II: QUADRO TEÓRICO

Nesta secção de trabalho é apresentada a literatura teórica onde são expostos os conceitos
discutidos por vários autores em relação a temática de fecalismo a céu aberto. Este capítulo é
composto por três partes essenciais: A primeira é Literatura onde se enquadram os principais
conceitos que envolvem o tema, como a gestão, saneamento, saúde pública. A segunda parte é a
abordagem da literatura empírica e por último a literatura focalizada.

2.1. Meio Ambiente

Para Migliari (2001, p.40), o meio ambiente é a "integração e a interacção do conjunto de


elementos naturais, artificiais, culturais e do trabalho que propiciem o desenvolvimento
equilibrado de todas as formas, sem excepções. Logo, não haverá um ambiente sadio quando não
se elevar, ao mais alto grau de excelência, a qualidade da integração e da interacção desse
conjunto".
A palavra “meio” para a concepção de Dias (2000) designa o ambiente mais abrangente, sua
composição depende da interacção dos processos bióticos, antrópicos, económicos e ecológicos.
É condição essencial à vida, à sobrevivência, que os organismos não se dissociem das
circunstâncias que os cercam. O ser vivo não é um ser independente, é peça de uma grande
máquina e só existe estando associado às demais peças.
Através do estudo fenomenológico da teoria e da prática em educação ambiental, Sauvé (1996) e
Sauvé et all (2000), identificam sete representações paradigmáticas sobre o ambiente: ambiente
como natureza, como recurso, como problema, como meio de vida, como sistema, como biosfera
e ambiente como projecto comunitário.
Podemos encontrar definições subjacentes do ambiente em nosso jurídico Moçambique no nº2,
do artigo 1 da lei nº20/97, de 1de Outubro-Lei do Ambiente como um meio em que o homem e
outros seres vivem e interagem entre si e com o próprio meio e inclui o ar, a luz, a terra, a água,
os ecossistemas e a biodiversidade das relações ecológicas, toda a matéria orgânica e inorgânica
e todas as condições socioculturais e económicas que afectam a vida das comunidades.

15
2. 2. Conceito de Gestão

A palavra gestão nos remete a ideia de gerir ou administrar algo que está directamente ligado á
produtividade e a satisfação, conforme diz Sá, (citado em Santos, Diniz, Mendes & Caputo
2008), que “gestão é um termo genérico que sugere a ideia de dirigir e decidir”. Portanto a gestão
pode ser vista como ponto de partida para o desenvolvimento de qualquer que seja organização.
É daí que Santos (2008), apresenta o amplo do conceito gestão como um processo de
coordenação e integração de recursos, tendente à consecução dos objectivos estabelecidos,
através de desempenho das actividades de planeamento, organização, direcção e controlo. E
continuando ainda com pensamento do autor, interpreta a gestão como processo levado a cabo
por uma ou mais pessoas, de coordenação das actividades de transformação de matéria-prima,
recursos humanos, tecnologia, em inputs ou autputs, com o objectivo de atingir determinados
resultados (económicos, financeiros, humanos, etc.), não obteníveis por uma pessoa agindo
sozinha.
Essa ideia é fundamentada no autor Santos (2013), que aponta a gestão como processo que visa
atingir os objectivos e as metas de uma organização, de forma eficiente e eficaz através de
Planeamento; Organização; Liderança; Controlo dos recursos (humanos materiais e financeiro).

2. 2.1. Tipos de gestão

Segundo FUNASA (2003) citado por Erthal (2015), apresenta como os principais tipos de gestão
dos serviços de saneamento do meio que são: Administração Directa, Administração Indirecta e
Autarquias. Na Administração Directa o Estado assume directamente, por intermédio dos seus
próprios órgãos (secretarias, departamentos ou repartições da própria administração directa), sob
sua responsabilidade, a prestação dos serviços, caracterizando uma gestão centralizada.

E na administração indirecta, o poder público transfere a execução dos serviços para autarquias
ou concede os serviços para empresas privadas, caracterizando, em todos os casos, uma gestão
descentralizada. Assim, as autarquias “são entes administrativos autónomos, criados por lei
específica, com personalidade jurídica de direito público, património próprio e atribuições
outorgadas na forma da lei, tendo como princípio fundamental a descentralização.

16
2. 2.1. Importância da gestão

Santos (2008) da ênfase a importância da gestão como que dela depende a qualidade da produção
dos bens ou serviços duma organização. Quanto melhor for a forma da gestão, melhor será a
capacidade da satisfação dos clientes, utentes ou utilizadores assim como os próprios
trabalhadores. Com tudo, se a gestão é a base do ser duma organização, automaticamente ela é
assumida como importante em todos os contextos básicos que envolvem a vida duma
organização, como planeamento, organização, direcção e controle. É neste contexto que Santos
(2013) mostra a função de cada elemento que constitui a gestão.

 Planear - Pensar antecipadamente nas acções ou objectivos da organização, definindo o


melhor procedimento para alcançar metas. São as linhas mestras, através das quais, as
organizações optam e aplicam recursos necessários ao alcance dos seus objectivos e
procedimentos escolhidos.
 Organizar - Trata-se de adequar as actividades, às pessoas e aos recursos da
organização, definir o que deve ser feito, por quem deve ser feito, como deve ser feito, a
quem a pessoa se deve reportar, o que é preciso para a realização da tarefa.
 Controlar - significa garantir a execução do planeado; isto é, com planos, objectivos e
metas, bem definidas é fácil haver a capacidade de liderança, que garante o
acompanhamento da actividade, permitindo que os objectivos sejam atingidos. O controlo
abre espaço a correcção de eventuais desvios.

2. 3. Saneamento

Numa primeira reflexão falar de saneamento implica falar da qualidade do ambiente saudável
que se interfere como nível das condições de vida das pessoas. Daí que segundo (Carvalho &
Adolfo, 2010), a qualidade ambiental deve ser reconhecida como elemento integrante do
princípio da dignidade de pessoa humana, sendo fundamental para o desenvolvimento do bem-
estar. Neste sentido o saneamento é visto como um direito do cidadão, o qual o governo (Estado
e as autarquias locais) deve integrar o nas suas políticas para garantir o melhoramento de
qualidade de vida dos cidadãos.

Segundo a legislação Brasileira (citada pelo Barboso, 2012), define o saneamento como conjunto
de serviços, infraestrutura e instalações operacionais atrelados a abastecimento de água,
esgotamento sanitário, resíduos sólidos e manejo das águas pluviais.
17
Isto significa que a ausência dos serviços de saneamento numa determinada área, é motivo de
contribuição para grande prejuízo na vida e saúde das pessoas, assim como do próprio ambiente
e como se sabe o objectivo principal do saneamento é proteger e promover a saúde humana,
assegurando um ambiente saudável, capaz de neutralizar a proliferação de doenças.

2.3.1. Saneamento do meio

Segundo a OMS, saneamento do meio pode ser definido como o controlo de todos os factores do
meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre seu bem-estar físico,
mental e social (Philippi Jr., 1998). Neste contexto, constituem sistemas de saneamento básico, o
sistema de abastecimento de água, o sistema de águas residuais, o sistema de limpeza urbana e o
sistema de drenagem urbana (Philippi Jr. 2005 p.22).

Neste âmbito, pode-se notar que existe uma a relação entre acções de saneamento e a saúde
pública, no que tange ao abastecimento de água e o esgotamento sanitário, em detrimento das
outras acções de saneamento. A maioria dos problemas sanitários que afectam a população
mundial está intrinsecamente relacionada com o meio ambiente. Um exemplo disso é a diarreia
que, com mais de quatro bilhões de casos por ano, é uma das doenças que mais aflige a
humanidade, sendo este a causa de cerca de 30% das mortes de crianças com menos de um ano
de idade. Entre as causas dessa doença destacam-se se as condições inadequadas de saneamento
(Guimarães et al, 2007).

2.3.2. Gestão de Saneamento

Segundo Erthal (2015) afirma que com os serviços de saneamento básico é possível garantir
melhores condições de saúde para as pessoas, evitando a contaminação e proliferação de
doenças, garantir à preservação do meio ambiente. No entanto, há uma preocupação pela gestão
dos serviços de saneamento que tem sido problemática na maioria dos municípios, devido
enormes dificuldades financeiras enfrentadas e a falta de funcionários capacitados na área de
saneamento ficando assim serviços deficientes para a população e prejudicando o meio ambiente
e por causa dessas limitações, muitos municípios colocam em terceiro lugar esse serviço, pela
sua incapacidade de gerenciar (Miotta & Costa, 2013 citados pelo Erthal, 2015).

18
2.4. Importância do saneamento do meio para a saúde pública

Segundo a OMS mostra saneamento como um serviço importante que garante da saúde e o bem-
estar físico, mental e social das populações, na medida em que proporciona um ambiente
saudável e limpo para a população. Segundo Ribeiro & Roock (2010) Saneamento básico, é
fundamental na prevenção de doenças, a conservação da limpeza, evitando resíduos sólidos em
locais inadequados que podem proliferar vectores como ratos e insectos que são responsáveis
pela disseminação de algumas doenças. É deste modo que Guimarães, Carvalho e Silva (2007)
olham o saneamento como aquele que promove a saúde pública preventiva, reduzindo a
necessidade de procura aos hospitais e postos de saúde, porque elimina a chance de
contaminação por diversas doenças.

2.5. Factores da deficiência das condições ambientais

 Ocupação desordenada do espaço: De acordo com Gomes (1995:13), em locais com


desorganização espacial, a questão deficiência de saneamento influencia para que haja
ordenamento de espaço, pois nesses locais constituída por bairros/moradias não
planeados, de planta indiferenciada ou anárquica, assiste-se uma elevada densidade de
ocupação do solo, dificultando a circulação e falta de espaço para serviços, redes de
abastecimento de energia eléctrica e de água potável deficientes ou inexistentes, falta ou
muito deficiente rede de telecomunicações e falta de serviços de saneamento básico.

Estes factores contribuem para a ausência de conforto na comunidade o que leva a um


desenvolvimento das doenças físicas e mentais nos membros da comunidade, isto condiciona
para ordenamento do espaço.

 Sistema de esgoto: Segundo Philippi (2004:78) “os sistemas de esgotos de uma cidade
contemplam o escoamento dos esgotos sanitários e os esgotos pluviais. O sistema de
esgotamento sanitário é a integração dos componentes responsáveis pela colecta,
transporte, tratamento e disposição final dos esgotos sanitários”. Para Teixeira (1996), “a
formação de enchentes em áreas degradadas está ligada à poluição urbana ou às
condições de infraestrutura, como a impermeabilização dos solos a partir da construção
de balneários improvisados, sendo que a água infiltraria no solo, acaba não tendo para

19
onde ir a água nos esgotos que acumulam, transbordam e provocam proliferação de
doenças”.
 Resíduos sólidos: Em áreas de expansão sem ordenamento não há separação de resíduos
(cartão, garrafas de vidro, latas de alumínio, restos de comidas) entrando no local, por
isso, materiais combustíveis não são removidos. Os aterros variam nos tipos desde
lixeira não controlada a aterros sanitários seguros em locais degradados, sendo que a
remoção é feita de forma desprotegida sem uso de luvas, uniformes, botas e máscaras
expondo-lhes assim a riscos de saúde. Santos (1965).

Os resíduos sólidos principalmente os domiciliares são compostos principalmente por matéria


orgânica, plásticos, papéis, metais, vidros, e outros materiais. Devido a presença de matéria
orgânica, possuem grande capacidade de atrair vectores e sua decomposição provoca mau cheiro
e um líquido.

 Drenagem urbana: De acordo com Philippi (2004), no campo da drenagem urbana, os


problemas agravam-se em função da urbanização desordenada e falta de políticas de
desenvolvimento urbano, isto provoca desgastos com manutenção das vias públicas,
impede escoamento rápido das águas superficiais, aumenta os problemas do trânsito e da
mobilidade urbana por ocasião das precipitações, a presença de águas estagnadas e
contaminação do lençol freático e segurança e conforto para a população. Em decorrência
da deficiente drenagem urbana nos bairros suburbanos da cidade da Beira, é comum a
presença de águas estagnadas nos arruamentos dos bairros, o que acaba comprometendo a
segurança e conforto ambiental para a população local.

2.6. Impactos das condições ambientais sobre a saúde humana

Segundo Philippi Jr. et al (2004:28), os impactos ambientais sobre a saúde humana podem ser
descritos como riscos tradicionais, associados ao subdesenvolvimento e os riscos modernos,
associados ao desenvolvimento não-sustentável. Os riscos tradicionais compreendem:

 A falta de acesso à água potável;


 O saneamento inadequado, nas residências e na comunidade;
 A contaminação dos alimentos com elementos patogénicos;

20
 O destino inadequado de resíduos sólidos;

Os acidentes ocupacionais na agricultura e na indústria, além dos desastres naturais, alguns de


influência global. Os riscos modernos associados ao desenvolvimento não-sustentável envolvem:

 A poluição das águas em áreas populosas, industriais e de agricultura intensiva;


 A poluição do ar em áreas urbanas e metropolitanas por automóveis, termoeléctricas e
industriais;
 Acumulação de resíduos sólidos perigosos;
 Os riscos de ameaças químicas e radioactivas perpetradas pela utilização inadequada da
ciência e da tecnologia na indústria e na indústria;
 O desflorestamento, a degradação do solo e outras mudanças ecológicas no plano
regional e local com efeitos incontestáveis sobre o microclima local.

2.6.1 Influência dos resíduos sólidos na saúde pública

Segundo Merhy (2002), Saúde pública é uma prática social, que visa intervir nos problemas de
saúde da sociedade, e é efectivada através da presença do governo, como uma forma de produzir
o cuidado em saúde, tendo como objecto dimensão colectiva do processo saúde e doença,
enquanto uma questão social.

Devido a impermeabilização do solo pela ocupação antrópica, levando a substituição de


superfícies naturais por superfícies pavimentadas, a maior parte das águas de precipitação não
infiltra aumentando a taxa de escoamento superficial e conduzindo a água rapidamente para os
fundos dos vales gerando problemas de inundação Philippi Jr. (2005:22) citado por Ayoade
(1996).

As águas resultantes do escoamento superficial podem transportar grande quantidade de resíduos


sólidos que são encontrados pelo caminho. Esse lixo pode bloquear as geleiras pluviais fazendo
com que as águas escoem pela superfície, invadindo as edificações ou residenciais constituindo
assim um factor de risco de doenças para a população residente.

Os resíduos sólidos maneados inadequadamente constituem alimentos e abrigo para muitos


vectores de doenças, especialmente roedores como ratos, ratazanas, insectos como moscas,
baratas e mosquitos.

21
2.6.2. Influência do esgoto na saúde pública

Da água de abastecimento que entra no sistema urbano, uma boa parte após utilização,
transforma-se em esgoto. De uma forma geral, o esgoto doméstico é composto por matérias
orgânicas e inorgânicas nas formas dissolvida, coloidal e em suspensão. A concentração do
homem no meio artificial das cidades, favorece a produção de elevado volume de esgoto que,
como águas servidas, deveria ser exportado para ecossistemas contíguos.

De acordo com Cointreau (2005), em núcleos urbanos desprovidos de rede colectora de resíduos
líquidos, acabam por elimina-los em fossas ou valas, indo o conteúdo directamente para o
ambiente. A infiltração no solo, dependendo das características desse, pode atingir o lençol
freático, contaminando-o. Com o esgoto correndo na superfície, a massa de resíduo orgânico
pode acumular-se na margem do fluxo, e entre o gradiente seco-líquido surge matéria de
consistência pastosa. Nessas condições, além de emanação de odor, o conteúdo actua servindo
como habitat de proliferação de moscas que na fase alada podem agir como vector mecânico,
dispersando agentes patogénicos sobre a população.

2.6.3. Influência do Fecalismo a Céu Aberto na saúde pública

 Influência do saneamento básico sobre a saúde da População: De acordo com Leal


(2008), a maior parte das doenças transmitidas para o homem é causada por
microrganismos, organismos de pequenas dimensões que não podem ser observados a
olho nu. Os principais grupos de microrganismos que podem provocar doenças no
homem são: os vírus (ex.: vírus da hepatite); as bactérias (ex: vibrião colérico, que é o
agente da cólera); os protozoários (ex.: ameba); os helmintos, que provocam as
verminoses, podem ser microscópicos (ex.: filaria, que é o agente da elefantíase), ou
apresentarem maiores dimensões (ex.: a lombriga).

2.7. Impactos provocados por falta de saneamento

Serra (2007, p.20), “percebe como impacto ambiental qualquer mudança ou embate ao ambiente,
que afecta especialmente no ar, na terra, na água e na saúde das pessoas, resultante de
actividades humanas”. Segundo Lazzarini (1986), frisa ainda mais que o impacto ambiental é
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das actividades humanas.

22
E para Martins, Parize, Medeiro, Santos, Gatto e Moura (2011), dizem que no contexto da saúde,
o impacto ambiental revela se quando há falta de saneamento como, por exemplo, a colecta e
tratamento de esgoto o que por consequente afecta as águas através da contaminação de
coliformes fecais o que causa a mortalidade de crianças de zero a cinco anos de idade por
diarreia e doenças parasitárias.
Assim de acordo com as definições dos autores ficamos a perceber que impacto por falta de
saneamento é qualquer mudança ou alteração do meio ambiente que interfere directamente
contra a vida, saúde, segurança e o bem-estar da população. E não só também pode envolver
actividades sociais e económicas, condições estéticas sanitárias e a qualidade dos recursos
ambientais.
Os impactos ambientais, sobretudo nas zonas urbanas não surgem por acaso, tem a sua fonte de
origem as actividades exercidas pelo homem, portanto qualquer tipo de actividade que o homem
exerce na natureza ou no meio ambiente produz impacto ambiental. Para Daniel (citado por 21
Teixeira, Oliveira, Vial e Munis, 2009), acrescentam como fonte geradora de impacto as
infraestruturas sanitárias deficientes porque interferem na situação da saúde e das condições de
vida das pessoas. O Saneamento do meio tem como objectivo a promoção da saúde e bem-estar
do ser humano, sendo que a falta ou carência do mesmo pode trazer como impactos a poluição
ambiental, levar a proliferação de muitas doenças.

2.7.1 Doenças relacionadas com a falta de saneamento do meio

Segundo Ribeiro e Rooke (2010), os parasitas em geral possuem duas fases de vida: uma dentro
do hospedeiro e outra no meio ambiente. Esses enquanto estiverem no corpo do hospedeiro, eles
possuem condições ideais para seu desenvolvimento, como temperatura e humidade adequadas,
além de dispor de alimentos em abundância. Já quando estão no meio ambiente, sentem se
ameaçados com luminosidade, presença de oxigénio, de calor, e falta de alimentos. Os
microrganismos são produzidos por meio de fezes, urina e catarros, e quando saem do
hospedeiro misturam se com os microrganismos que vivem livremente no solo, na água e no ar.
E deste modo, uma pessoa ainda sadia poderá ficar doente se ingerir água ou alimentos
contaminados e também se andar descalça ou mexer directamente na terra que contenha excretas
de pessoas enfermas. É comum os parasitas serem disseminados por insectos (moscas,
mosquitos, pulgas e baratas), ratos e outros animais que, por essa razão, são chamados de
vectores. Muitas vezes, transmissão de doenças ocorre quando estes animais picam uma pessoa
23
enferma e em seguida uma pessoa sadia. A maior parte das doenças transmitidas para o homem é
causada por microrganismos, organismos de pequenas dimensões que não podem ser observados
a olho nu.
Portanto as principais doenças provocadas por falta de saneamento são:
 Os vírus de hepatite;
 As bactérias transmissoras de cólera;
 Os protozoários;
 Os helmintos causadores de elefantíases e lombrigas.

2.7.2. Doenças relacionadas com água e meios de contaminação

Segundo OMS citado pelo Ribeiro e Rooke (2010) a grande parte de todas as doenças que se
alastram nos países em desenvolvimento é proveniente da água de má qualidade. A água
contaminada pode prejudicar a saúde das pessoas, por meio de: Ingestão direita, Ingestão de
alimento, uso na higiene pessoal e no lazer, na agricultura, na indústria.

As doenças relacionadas com água podem ser agrupadas conforme a tabela indica:

Tabela 1.
Grupo de doenças Formas de Principais doenças Formas de
Transmissão prevenção
Transmitidas pela via diarréias e combater os insetos
feco-oral Transmitidas por disenterias; cólera; transmissores;
vetores que se giardíase; - eliminar condições
relacionam com a amebíase; ascaridíase que possam favorecer
água (lombriga)... Criadouros.
Controladas pela A falta de água e a infecções na pele e fornecer água em
limpeza com a água higiene pessoal nos olhos, como quantidade adequada
(associadas ao insuficiente criam tracoma e o tifo e promover a higiene
abastecimento condições favoráveis relacionado com pessoal e doméstica.
insuficiente de água) para sua piolhos, e a

24
disseminação escabiose.
Associadas à água A falta de água e a Esquistossomose fornecer água em
(uma parte do ciclo higiene pessoal quantidade adequada
da insuficiente criam e promover a higiene
vida do agente condições favoráveis pessoal e doméstica.
Infeccioso ocorre em para sua
um animal aquático) disseminação
Transmitidas por A falta de água e a malária; febre combater os insetos
Vetores que se higiene pessoal amarela; dengue; transmissores;
Relacionam com a insuficiente criam Filariose - eliminar condições
Água Condições favoráveis (elefantíase). que possam favorecer
para sua Criadouros.
disseminação
Fonte Barros ( citado por Ribeiro & Rooke 2010)

Influência da poluição do ar na saúde pública

Nos ecossistemas urbanos, fontes estacionárias de poluição, as indústrias, somam-se poluição


provocada por fontes móveis, veículos automotivos, gerando muitas vezes situações críticas para
a saúde da população. Gases tóxicos e partículas são emitidos para a atmosfera, por exemplo, o
monóxido de carbono (CO), os óxidos de enxofre (SO), os óxidos de nitrogénio (NO), os
hidrocarbonetos (HC) e as partículas. Os efeitos da poluição do ar, geralmente se manifestam no
homem sob a forma de doenças crónicas.

Trajectória dos riscos ambientais à saúde humana

Os riscos ambientais à saúde são diversos e variam desde riscos tradicionais, como dejectos
humanos em áreas densamente povoadas, até à complexa mistura de poluentes atmosféricos
resultantes do tráfego intenso de veículos automotores Philippi Jr. (2005:88). Entretanto, a
trajectória de todos é similar. O ponto inicial é em geral, alguma forma da actividade ou
intervenção humana ou, mais raramente, um processo natural, os quais lançam poluentes para o
ambiente. Esse processo de lançamento é chamado de emissão. Uma vez no ambiente, os
poluentes sofrem um processo de dispersão e são transmitidos através do ambiente por meio do

25
ar, da água, do solo ou dos alimentos. A exposição ocorre quando as pessoas encontram esses
poluentes no ambiente.

26
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DA PESQUISA

No presente capítulo descreve-se os procedimentos seguidos na realização desta pesquisa, isto é,


local da pesquisa, Abordagem metodológica, população e amostra do estudo, técnica de recolha
de dados e técnicas de análise de dados.

3.1. Tipo de Pesquisa

3.1.1. Quanto a Abordagem

A pesquisa é de natureza Qualitativa pois, de acordo com Marconi e Lakatos (2007 p.269), “o
método qualitativo preocupa-se na análise e interpretação de aspectos mais profundos
descrevendo a complexidade de um assunto” como é a EAF neste estudo a partir das percepções
das famílias entrevistadas. Para estes autores a pesquisa qualitativa caracteriza-se pela tentativa
de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos
entrevistados.

3.1.2. Quanto aos Objectivos

A pesquisa é descritiva, que de acordo com Marconi e Lakatos (2009 p.269), é aquela que “visa
descrever as características de determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento de
relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de recolha de dados como
questionário. Assume, em geral, a forma de levantamentos”.

Segundo Richardson (1999, p.71), por sua vez, “O estudo descritivo pode abordar aspectos
amplos de uma sociedade como por exemplo, descrição da população economicamente activa, de
emprego de rendimentos de consumo, do efectivo de mão-de-obra; levantamento da opinião e
atitudes da população acerca de determinada situação; caracterização do funcionamento de
organizações; identificação do comportamento de grupos minoritários. Este estudo deve ser
realizado quando o pesquisador deseja obter melhor entendimento de diversos factores e
elementos que influenciam sobre determinado fenómeno”. É neste sentido que se acha
conveniente um estudo descritivo para esta pesquisa porque permite descrever o impacto do
fecalismo a céu aberto no bairro de M´padue.

27
3.1.3. Quanto a Natureza

O estudo tem carácter exploratório, que para Andrade (2001 p.124) “é o primeiro passo de todo
trabalho científico. São finalidades de uma pesquisa exploratória, proporcionar maiores
informações sobre determinados assuntos, facilitar a delimitação de um tema de trabalho, definir
objectivos ou formular hipóteses de uma pesquisa ou descobrir um novo tipo de enfoque para o
trabalho que se tem em mente”. Este estudo é qualitativo porque pretende estudar a percepção
das famílias sobre fecalismo a céu aberto e é exploratória porque ainda há poucos estudos sobre
saneamento do meio.

3.2. Método de Procedimento

a) Pesquisa Bibliográfica
“O método bibliográfico se desenvolve tentando explicar um problema, utilizando um
conhecimento disponível a partir de teorias publicadas em livros ou obras congéneres” (Barros,
1996 p.15). Este método será utilizado como forma de discutir algumas teorias em torno do
saneamento do meio e o impacto do fecalismo ao cêu aberto. Com esse método pretende-se
construir a base da fundamentação teórica que irá revestir de cientificidade e veracidade os
pronunciamentos em torno do tema.

Aliado ao método bibliográfico, está o método “Crítico-reflexivo da pesquisadora na


argumentação dos aspectos discutidos, pois segundo, uma pesquisa veicula também o cunho
pessoal do pesquisador como sujeito activo e integrante da mesma” (idem, grifos do auto). É
neste método onde vai-se privilegiar a criatividade e a formulação de hipóteses e sugestões, bem
como a crítica e reflexão de alguns aspectos inerentes às realidades didácticas em estudo,
fazendo-se a confrontação com o material teórico consultado

b) Pesquisa Documental

No processo de investigação foram consultadas, recolhidas e analisadas informações de trabalhos


anteriores de autores que escreveram matérias relacionados com o presente tema nos arquivos do
Município da cidade de Tete, Biblioteca provincial e os postados na internet.

28
Carmo e Ferreira (1998 p.69) “a pesquisa documental é um processo que envolve selecção,
tratamento e interpretação da informação existente em documentos (escrito, áudio ou vídeo) com
o objectivo de deduzir algum sentido.

De acordo com Gil (2009 p.45) “a pesquisa documental é aquela feita por levantamento de dados
presentes em documentos que não tenham recebido um tratamento analítico ou que ainda podem
ser reelaborados de acordo com os objectivos da pesquisa”. Assim, a técnica da análise
documental caracteriza-se por ser um processo dinâmico ao permitir representar o conteúdo de
um documento de uma forma distinta da original, gerando assim um novo documento.

3.3. Técnicas de Recolha de dados e Análise de Resultados

Para a realização desta pesquisa selecionou-se os seguintes instrumentos de recolha de dados:


Observação e Entrevista Semiestruturada.

a) Observação
Segundo Marconi e Lakatos (2007) a observação “É uma técnica de recolha de dados, que não
consiste em apenas ver ou ouvir, mas também em examinar factos ou fenómenos que se desejam
estudar. Ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objectivos sobre os quais
os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento. Obriga o pesquisador
a um contacto mais directo com a realidade. Neste caso far-se-á visitas para observar as práticas
ambientais nas residências onde as famílias residem”. Para que esta acção se efective com
resultados positivos, será necessária a participação das Famílias em causa pelo que esta
observação será participativa, pois para Mann (1970 p.96), a observação participativa é aquela
que “coloca o observador e o observado do mesmo lado, tornando-se o observador num membro
do grupo de modo a vivenciar o que eles vivenciam e trabalhar dentro do sistema de referência
deles”. Marconi e Lakatos (2007) apontam duas formas de observação participante:

a) Natural - O observador pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga.

b) Artificial - O observador integra-se ao grupo com a finalidade de obter informações. Para o


caso a pesquisadora não pertence à mesma comunidade, pelo que esta observação participante é
artificial

29
b) Entrevista

Para Ketele (1998 p.18) “entrevista é um método de recolha de informações que consiste em
conversas de forma oral e individual ou em grupos, com várias pessoas seleccionadas
cuidadosamente, cujo grau de pertinência, validade e viabilidade é analisada na perspectiva dos
objectivos de recolha de informações”. Neste contexto foram feitas visitas ao domicílio para se
dialogar, em conjunto, com as pessoas componentes desses agregados familiares com o objectivo
de verificar a percepção e o respectivo ponto de vista da Educação Ambiental que vem
decorrendo no seu seio. Por se tratar de um diálogo aberto entre pesquisador e respondente, os
cuidados com a entrevista devem ser redobrados devendo por isso ser uma entrevista
semiestruturada, pelo que fosse recorrer a um roteiro onde se indica as ideias principais que
devem ser buscadas pelo entrevistador (Ketele, 1998). Neste trabalho far-se-á recolha de
informações ao grupo em estudo (os habitantes do BM), as estruturas locais (CMCT) e a
Direcção Provincial de Ambiente.

3.3. Participantes
Tratando-se de uma pesquisa qualitativa, a pesquisa buscará compreender a visão de habitantes
da zona em estudo, de responsáveis municipais e do nível provincial. A estes grupos justificam-
se o de: os primeiros são os afectados directamente e os causadores da situação em estudo; o
segundo grupo tem a responsabilidade sobre o saneamento do meio; e, a última instância por ser
a mentora do saneamento a nível provincial.

O estudo tem como participantes doze habitantes do BM descriminados em três grupos a saber
jovens, adultos e idosos. Inclui ainda este trabalho o Director Provincial do Ambiente e
Saneamento e o Vereador Municipal do Ambiente e Saneamento.

3.4. Tipo de amostra, como selecionou participantes

O trabalho tem como amostragem não probalelistica para ter uma percepção do fenómeno em
estudo de uma forma equilibrada e representativa.
Assim, a escolha de quatro grupos de idades permite perceber as diferentes sensibilidades dos
habitantes do BM. A isto deve se o facto de que enquanto um número maior de jovens já não é

30
analfabeto, o contrário se verifica com os idosos (muitos dos quais já vivem no BM nos primeiros
anos da independência). Estes grupos podem ter uma visão diferenciada sobre o saneamento.
Por outro lado, faz-se consulta a representantes dos órgãos de Administração Pública (CMCT, e
DPAS), por serem a visão do governo sobre o saneamento da área em estudo.

31
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO DE DADOS

4. 1. Localiza-se ao Sul da cidade de Tete.

Ao Su-sudoeste limita-se co o Distrito de Changara; Ao Norte limita-se co o Bairro Samora


Machel ( Canongola ). Ao este (nascente) com o rio Zambeze e ao Oeste (Poente) lita-se com o
monte Caloeira tem 11.962 habitantes segundo o censo 2017, na Unidade Acordo de Roma na
margem do riacho Nhantereza, este tem 900 habitante unidade das quais 450 tem latrinas

4. 2. Apresentação de Dados

Os dados em análise foram recolhidos em três fontes a saber:

 Os habitantes do BM;
 As estruturas locais (CMCT); e,
 A Direcção Provincial de Ambiente.

Para uma análise detalhada e distinguida os dados serão apresentados em conforme as fontes de
onde foram recolhidas.

4. 3. 1. Os habitantes do BM

Apesar de não ser uma pesquisa quantitativa, para melhor expor os dados em análise proponho-
me a colocar um quadro:

Orden Pergunta Sim Não sei Nao


02 Já ouviu falar do saneamento meio? 5 3 4
03 Acha que o saneamento e feiro Bairro? 0 1 1
1
04 Esta contente com maneira que o saneamento e feita? 4 1 7
05 Já foram feitas as campanhas para que pessoas
3 2 7
construam latrinas?

06 Achas que defecar ao ar livre e um problema de


6 3 3
todos Bairro?
1. Já ouviu falar do saneamento meio?
Das constatações a esta pergunta percebe-se a maior parte dos habitantes desta região já ouviu
falar de saneamento. Pode-se provar através das campanhas de sensibilização já promovidas a
como a apresentada pela Rádio Moçambique conforme segue abaixo.

32
Decorrem no município da cidade de Tete, acções para evitar a eclosão de cólera e outras
doenças de origem hídrica na presente época chuvosa. A companha denominada, “Cólera
Zero” em curso desde finais do ano passado, consiste na remoção de entulhos de lixos de
forma massiva nos locais onde não contêm contentores. Igualmente trabalhos de
consciencialização dos munícipes sobre as regras de higiene individual e colectiva estão a
ser disseminados nos nove bairros do município de Tete. Segundo o vereador do
saneamento básico e meio ambiente, no conselho municipal da cidade de Tete pretende-
se com a iniciativa evitar o surgimento de doenças de origem hídrica nesta época
chuvosa. Adamo Manonga, fez saber que o trabalho conta com a parceria dos munícipes
nestes bairros.(https://www.rm.co.mz/index.php/component/k2/item/19332-tete-
promove-campanha-de-combate-a-colera.html).
Apesar da campanha apresentada, ainda há um número elevado de habitantes do Bairro M’padue
que não sabem sobre questões relacionadas com saneamento.

2. Acha que o saneamento e feiro Bairro?

Maior parte não vê acções de saneamento no Bairro BM. A campanha acima citada, não é
percetível aos residentes do BM.

3. Esta contente com maneira que o saneamento e feita?

Há elevado índice de insatisfação sobre o nível de saneamento. Existe uma convergência entre os
pontos 1, 2, 3 no que tange ao nível de saneamento deixar a desejar.

4. Já foram feitas as campanhas para que pessoas construam latrinas?

Maior parte não tem noção de realização de campanhas de saneamento.

5. Achas que defecar ao ar livre é um problema de todos no Bairro?

Os moradores do BM sabem que defecar ao ar livre é um problema de saúde para todos.

I. De quem é a responsabilidade sobre o saneamento do meio?

A maior parte dos munícipes exime-se da responsabilidade do saneamento do meio onde vivem.
Atribuem esta responsabilidade as entidades da Saúde assim como o CMCT.

II. Porque as pessoas neste Bairro não constroem latrina nas suas casas?

Um pequeno grupo respondeu que não tem condições. A maioria esmagadora disse não haver
necessidade de construir latrinas porque tem um riacho (1Muatereza) onde podem defecar.

1
Muatereza é um pequeno riacho periódico que atravessa o BM e vai desaguar no Rio Zambeze.

33
4. 3. 2. As estruturas locais-CMCT

1. Qual é a avaliação que faz sobre o saneamento da cidade com enfoque para o bairro de

M’padue?

R: O Bairro M’padue é um bairro em expansão e os projectos aprovados pelo município


contempla a questão do saneamento do meio, avaliação é positiva pese embora o desafio
persisto em relação a capacidade de manuseamento de resíduos sólidos.

2. Qual é o indicador para esta avaliação?

R: Redução de focos de lixo e água residido.

3. Apesar dos esforços para consciencializar os munícipes sobre os perigos dos fecalismo a
céu aberto, parece que a situação continua.

a) A que se deve?

R: Comportamento e responsável por parte de alguns munícipes.


b) O que esta sendo feito para mitigar a situação?

R: São realizadas campanha de sensibilização e estarem curso a construção de casa de


banhos públicos e locais estratégicos para alem de fiscalização através do nosso polícia
municipal.

4. Os planos de ocupação de espaços incluem projectos de saneamento.


a) Porque ainda há construções que não incluem latrinas?

R: A existência de construções que não incluem a construção de latrinas deve-se aos


projectos não aprovados pelo município.

5. Há algum projecto em vista sobre sensibilização ou apoio ara construção de latrina?

R: sim existem. Este curso a elaboração de projecto de construção de 9.200, através do


projecto de saneamento urbano da Cidade de Tete em coordenação com o bairro M’padue
no âmbito do cumprimento de plano quinquenal de Governação municipal já foram
construídas acima de 1.700 latrinas melhoradas.

34
4. 3. 3 A Direcção Provincial de Ambiente

1. Ao nível nacional, tem havido ONG`s que se desdobram em campanha de saneamento


co enfoque na construção de latrina

a) Como avalia o impacto destes esforços no período 2019-2020?

R: O impato e positivo, o índice do fecalismo a cêu aberto diminui


significativamente

2. Como avalia o saneamento do meio da Província de Tete em comparação com


outras províncias no período 2019-2020

R: Tem tendência a melhorar

3. No caso da Cidade de Tete, que avaliação faz sobre o saneamento do meio?

Um e o bairro melhorou, mais e um processo

a) Quais são os indicadores?

R: Os indicadores são expansão , o aumento de deposito de lixo, o tempo de recolha


de lixo diminuiu.

4. Olhando para o esforço feito para combater o fecalismo a cêu aberto na cidade de nos
bairros periféricos como M`padue. factores contribuem para que este fenómeno
continue apesar dos esforços empreendido?

R) O nível Social, pobreza urbana e êxito rural.

5. Que estratégias esta sendo implementadas para superar estes desafios?


R: Sensibilização as comunidades a construir latrinas, uma família , uma latrina seja
qual for uma das políticas instara a população a trabalhar para Algem troca de latrina

6. Olhando para o plano de ocupação de espaços, há nos projecto de urbanização a


construção de latrinas publicas?

R: Sim prevê a construção de Sanitários Públicos

7. Alguma informação relevante para esta pesquisa

35
R: E uma chamada de atenção e ficou registado e uma preocupação, o desafio do
governo a colaborar com o fetalismo a céu aberto, sensibilizando a comunidade, criar
activistas ambiental do bairro.

36
CAPÍTULO V: DISCUSSÃO DE RESULTADOS

A dificuldade financeira prevaleceu na opinião dos entrevistados. No entanto, poucos deles não a
colocaram como principal entrave ao início da elaboração do plano, por considerarem que a
questão financeira é um problema, mas a autarquia tem arrecadação suficiente para custear o
plano, desde que haja vontade da gestão pública e planeamento. No entanto, as estruturas
administrativas e os habitantes do BM atribuem-se responsabilidades sobre o saneamento do
meio.

Do inquérito feito aos moradores, nota-se claramente a existência de uma compreensão sobre a
necessidade de se evitar o fecalismo a cêu aberto.

Moçambique perde 4 mil milhões de Meticais por ano por causa do saneamento deficitário, o
equivalente a USD 130 milhões. Este montante é equivalente a USD 6 por pessoa por ano, ou
1.2% do Produto Interno Bruto (PIB) Nacional.

 9 milhões de moçambicanos utilizam latrinas não seguras ou compartilhadas;

 Mais de 9 milhões não têm nenhuma latrina e praticam o fecalismo a céu aberto;

 O fecalismo à céu aberto é 4 vezes mais comum na população pertencente ao quintil mais
pobre que a população pertencente ao quintil mais rico;

 Só o fecalismo a céu aberto custa a Moçambique USD 70 milhões anuais;

 O custo económico do saneamento deficitário recai mais nos mais pobres;

 Os custos adicionais incluem: custos de epidemias, despesas funerárias, poluição da água,


desenvolvimento cognitivo, turismo, entre outros. Fonte: Water and Sanitation Program
(WSP - África)2

Desigualdade social e econômica


Segundo Braudy (2006 pp.17-30),

Muitas vezes, os serviços de abastecimento também não chegam a essas áreas,


que concentra uma parcela da população mais vulnerável. Esse é um grande
problema que passa, sobretudo, por discussões históricas e jurídicas, já que são
2
A WaterAid é uma organização internacional com fins não lucrativos. Está registada em Moçambique desde 1999,
pela Direcção para os Assuntos Jurídicos e Consulares, Departamento das Organizações Não Governamentais
(ONG’s) do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, sob o número EP/147/99, de 19 de Agosto de
1999.

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decorrentes da desorganização e do mau planeamento das grandes cidades, que
cresceram e foram habitadas de forma desordenada ao longo das últimas décadas.
Os resultados são a grande desigualdade econômica e social e a segregação do espaço urbano,
tanto em aspectos físicos, quanto em sociais e culturais. Assim, a parcela marginalizada da
população, que acabou se estabelecendo nessas áreas periféricas, precisa conviver com diversos
problemas e limitações, como a carência da prestação adequada dos serviços de saneamento
básico. 

Os habitantes do BM são na sua maioria resultados do exido rural sendo a que, suas actividades
económicas são agricultura, negócios informais, criação de animais e pesca, actividades de baixo
rendimento, o que em si já constitui um entrave a melhoria das condições de saneamento.

O principal motivo disso é o fato de que essas moradias estão assentadas, em muitos casos, sobre
áreas de impróprias à habitação e, por isso, sem condições adequadas para serem ocupadas por
construções. Alguns dos problemas dessa ocupação irregular são a perda de vegetação nativa e a
impermeabilização do solo, que causam enchentes e inundações e deslizamentos de terra, por
exemplo.

Desse modo, é um grande desafio para o Poder Público resolver questões como o acesso a
saneamento básico nesses assentamentos irregulares. A ocupação dessas áreas estar fora dos
preceitos legais e a ausência de regularização são aspectos que impedem que prestadores de
serviços, como as concessionárias de saneamento, ofertem, de forma regular, serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário, por exemplo. A solução para isso não é nada
simples, e envolve questões como preservação ambiental, direito à moradia digna e direito à
saúde (idem).

Ao se deparar com a dificuldade financeira, consensualmente apontada como um dos principais


entraves a serem superados, reforça-se a importância de adotar uma estratégia de planeamento.
Ferreira (1981) considera o planeamento como uma necessidade diante da escassez de recursos,
a fim de que sejam obtidos os melhores resultados possíveis com o uso dos limitados recursos
disponíveis. Sendo assim, a elaboração do plano de saneamento, mesmo demandando um
investimento financeiro inicial, pode ser apontada como uma possível solução para a cotidiana
escassez de recursos vivenciada pelo setor de saneamento nos municípios.

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Universalizar o acesso a serviços de água e esgoto é a melhor forma de garantir dignidade,
igualdade de oportunidades e qualidade de vida a todos os cidadãos.

O presente estudo não pode ignorar os esforços das estruturas de direito (CMCT e DPAT) que
estão fazendo esforços no sentido de ultrapassar os problemas em estudo. A título de exemplo:
Tete tem tido campanhas de saneamento do meio como é o caso da Campanha Cólera Zero
(página 30).

A Lei Nacional de Saneamento Básico define a obrigatoriedade da participação da população e o


controle social em todo o processo de formulação da Política, como também na elaboração
do Plano, desde a concepção do mesmo.

Os administradores e gestores públicos são, dentro de suas prerrogativas constitucionais, os


responsáveis pela formulação da Política Pública e pelo desenvolvimento do Plano Municipal de
Saneamento Básico com princípios básicos a saber de acordo com Rita (2012:12):

 Universalidade-As ações e serviços públicos de saneamento básico, além de serem


fundamentalmente de saúde pública e de proteção ambiental, são também essenciais
à vida, um direito social básico e dever do Estado. Assim, o acesso aos serviços de
saneamento básico deve ser garantido a todos os cidadãos mediante tecnologias
apropriadas à realidade socioeconômica, cultural e ambiental.
 Igualdade-A igualdade diz respeito a direitos iguais, independentemente de etnia, credo,
situação socioeconômica; ou seja, considera-se que todos os cidadãos têm direitos iguais
no acesso a serviços públicos de saneamento básico de boa qualidade.
 Titularidade municipal-Uma vez que os serviços públicos de saneamento básico são de
inte- resse local e o poder local tem a competência para organizá-los e prestá-los, o
Município é o titular do serviço. Uma política de saneamento básico deve partir do
pressuposto de que o Município tem autonomia e competência para organizar, regular,
controlar e promover a realização dos serviços de saneamento básico de natureza local,
no âmbito de seu território, podendo fazê-lo diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, associado com outros municípios ou não, respeitando as condições gerais
estabelecidas na legislação nacional sobre o assunto. A gestão municipal deve se basear
no exercício pleno da titularidade e da competência municipal na implementação de
instâncias e instrumentos de participação e controle social sobre a prestação dos serviços

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em âmbito local, qualquer que seja a natureza dos prestadores, tendo como objetivo
maior promover serviços de saneamento básico justo do ponto de vista social.

CAPITULO VI: CONCLUSÃO E SUGESTÃO

6.1. Conclusão

O saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem
exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social. A falta de saneamento básico é
um problema que afeta a população, em relação ao seu desenvolvimento saudável.

Contudo, por mais que se existam leis protetivas sobre saneamento, a implementação dessas
políticas não é tão simples.

Todo o processo de discussão da problemática envolvida na prestação dos serviços públicos


de saneamento básico, a elaboração dos projectos e o acompanhamento de sua
implantação deve se dar com a participação da sociedade representada pelos seus mais
diversos segmentos.
No caso em estudo, há a considerar que, as ações e serviços públicos de saneamento básico,
além de serem fundamentalmente de saúde pública e de proteção ambiental, são também
essenciais à vida, um direito social básico e dever do Estado. Assim, o acesso aos serviços
de saneamento básico deve ser garantido a todos os cidadãos mediante tecnologias
apropriadas à realidade socioeconômica, cultural e ambiental.

Os habitantes do BM são na sua maioria resultados do exido rural sendo a que, suas actividades
económicas são agricultura, negócios informais, criação de animais e pesca, actividades de baixo
rendimento, o que em si já constitui um entrave a melhoria das condições de saneamento.
Ademais, como anteriormente referido, um elevado número dos habitantes do BM vem de zonar
rurais onde as famílias geralmente não constroem latrinas e usam a mata as necessidades maiores
assim como para deitar o lixo.

Ampliar o atendimento dos serviços de água e saneamento representa ganhos diretos em termos
de saúde, tais como: queda da mortalidade infantil, redução da incidência de doenças de

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veiculação hídrica (diarreia, vômitos) e, como consequência, diminuição dos custos com saúde
(menor volume de gastos com médicos, internações e medicamentos).

6.2. Sugestões

Plano de Mobilização Social


Para que seja implantado um processo democrático e se possa contar com a efetiva
participação da população na elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico,
deverá ser elaborado e implantado um plano de mobilização e participação social que
reflita este interesse e ainda atenda a obrigatoriedade prevista na Lei.

Para a execução do Plano Municipal de Saneamento Básico ou de seus componentes, é


importante conhecer a experiência de outros municípios que já o fizeram, visando
conhecer a estratégia adotada, os resultados alcançados, as dificuldades e as soluções
encontradas para enfrentá-las.

 Produção de material a ser veiculado com mensagens nos caminhões de coleta de


lixo;
 Produção de material de divulgação nas instituições públicas, nos museus,
bibliotecas, teatros, cinemas, exposições, shopping centers, aeroporto, pontos de
cultura, etc.;
 Artistas locais que produzem arte ligada ao tema do meio ambiente ou do saneamento
básico com a utilização de materiais provenientes da reciclagem ou que abordem o
tema deverão ser incentivados e divulgados nos espaços onde for possível;
 Produção de atividades de interesse para imprensa local (TVS, rádios, jornais,
revistas), etc.;
 Produção de cartazes a serem veiculados nos coletivos municipais e intermunicipais; e,
 Produção de mensagens que componham o convite para participação dos eventos em
carros de som.

Para os habitantes do BM há a necessidade de usarem a vigilância através do policiamento


comunitário para conter as praticas contrarias ao saneamento do meio, como fecalismo ao cêu
aberto e depósito de lixo em locais impróprios.

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O CMCT deve criar um projecto de aproveitamento do riacho Muatereza em período seco para
culturas de curta duração que seriam para o benefício de os habitantes do BM. Promover a
construção de latrinas através de serviços de responsabilidade social das grandes empresas.
Pode-se recorrer aos agentes económicos através de promoção de material de construção quando
se aproxima a época chuvosa.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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APÊNDICES

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