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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO LICENCIATURA


EM ENSINO DE PORTUGUÊS

Impacto da dificuldade da oralidade dos alunos da 10ª classe no


Processo de Ensino-Aprendizagem da Língua Portuguesa, caso da
Escola Secundária de Namuno 2021-2022.

Glória Anselmo Metoro

Pemba, 13 de Dezembro de 2022

1
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO LICENCIATURA
EM ENSINO DE PORTUGUÊS

Impacto da dificuldade da oralidade dos alunos da 10ª classe no


Processo de Ensino-Aprendizagem da Língua Portuguesa, caso da
Escola Secundária de Namuno 2021-2022.

Monografia Científica entregue ao Centro de Recurso de


Pembam/Departamento de Ciências de Educação, como requisito para
obtenção do grau académico de Licenciatura em Ensino de Português

A Candidata O Supervisor

_______________________ ______________________

Glória Anselmo Metoro Hélder Gonçalves de Araújo

2
Índice
Declaração de compromisso de honra .............................................................................................. i

Resumo .......................................................................................................................................... vii

Abstract .........................................................................................................................................viii

Agradecimentos .............................................................................................................................. iv

Dedicatória ....................................................................................................................................... v

Lista de gráficos ............................................................................................................................... ii

Lista de tabelas .............................................................................................................................. viii

Lista de figuras .............................................................................................................................. viii

Capitulo I: Introdução ...................................................................................................................... 5

1.1.Problematização ......................................................................................................................... 6

1.2.Formulação do problema ........................................................................................................... 7

Objectivos do estudo ........................................................................................................................ 7

Objectivos ........................................................................................................................................ 7

Geral:................................................................................................................................................ 7

Específicos: ...................................................................................................................................... 7

1.3.Hipóteses .................................................................................................................................... 7

1.4.Justificativa ................................................................................................................................ 8

1.5.Delimitação do tema ................................................................................................................ 10

Capitulo II: Revisão da Literatura.................................................................................................. 11

2.1. Conceitos básicos .................................................................................................................... 11

2.1.1. Oralidade .............................................................................................................................. 11

2.2. Ensino ..................................................................................................................................... 11

2.3. Aprendizagem ......................................................................................................................... 12

2.4. Ensino-Aprendizagem............................................................................................................. 12

3
2.5. Insucesso escolar vs Língua Portuguesa ................................................................................. 13

2.6. Importância da oralidade no Processo de Ensino-Aprendizagem dos alunos......................... 13

2.7. Relação entre a Oralidade e a Escrita ..................................................................................... 14

2.8. Influência do Professor no desenvolvimento da Oralidade dos alunos .................................. 17

2.9. Importância da motivação e interação para a prática da oralidade na sala de aula ................. 18

2.10. Estratégias para o desenvolvimento da oralidade dos alunos ............................................... 21

Capitulo III: Metodologia .............................................................................................................. 23

3.1. Tipos de pesquisa .................................................................................................................... 23

3.1.1. Quanto a abordagem ............................................................................................................ 24

3.1.2. Quanto ao objectivo ............................................................................................................. 24

3.1.3. Quanto aos procedimentos ................................................................................................... 24

3.1.4. Quanto a natureza ................................................................................................................ 24

3.2. Técnicas de colecta de dados .................................................................................................. 25

3.2.1. Entrevista ............................................................................................................................. 25

3.2.2. Observação directa ............................................................................................................... 25

3.2.3. Questionário ......................................................................................................................... 26

3.2.4. Consulta bibliográfica .......................................................................................................... 26

3.3. Universo e amostra ................................................................................................................. 26

Capitulo IV: Apresentação, análise e discussão de dados ............................................................. 27

4.1. Apresentação dos dados .......................................................................................................... 27

4.2. Resultado adquirido a partir do questionário dirigido aos professores e aos alunos .............. 28

4.3. Resultado adquirido a partir de entrevista dirigida aos professores e aos alunos ................... 30

4.4.Análise dos dados .................................................................................................................... 32

4.5. Verificação das hipóteses ........................................................................................................ 33

4.6. Apresentação dos dados com base em tabelas e gráficos ....................................................... 34

4.6.1. Narrativa com tabelas sobre informação dos professores e alunos...................................... 34

4
4.6.2. Narrativa com gráficos ......................................................................................................... 37

Narrativa com gráfico, informação dos professores e alunos (resultados do questionário) .......... 37

4.7. Discussão de dados adquiridos ............................................................................................... 41

Capitulo V: Conclusões e recomendações ..................................................................................... 44

5.1. Conclusão................................................................................................................................ 44

5.2. Recomendações....................................................................................................................... 46

Referências bibliográficas .............................................................................................................. 47

Apêndices ....................................................................................................................................... 49

Anexos ........................................................................................................................................... 55

5
i

Declaração de compromisso de honra

Glória Anselmo Metoro, estudante do Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância online,
titular do código 91170037, Departamento de Ciências de Educação, declaro por minha honra que
esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do meu supervisor, o
seu conteúdo é original. Portanto, todas as fontes consultadas estão mencionadas no texto, e na
bibliografia final conforme as normas APAs. Normas estabelecidas pelo ISCED no âmbito da
realização de trabalhos e ou estudos de cunho cientifico.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção
de qualquer grau académico.

Cabo Delgado, Novembro de 2022

Estudante

______________________________
Glória Anselmo Metoro

6
ii

Resumo

A expressão oral, ou mesmo a linguagem oral tem sido fundamental para a transmissão de conhecimentos. A presente
monografia pretende abordar o impacto que a dificuldade da oralidade traz no processo de ensino-aprendizagem da
Língua Portuguesa, em particular aos alunos da 10ª classe da Escola Secundária de Namuno, uma vez que é
reconhecida a complexidade e dificuldade de os alunos da Escola Secundária da escola supramencionada se
exprimirem por meio de Língua Portuguesa. Essa situação leva os alunos, muitas vezes, a recusarem-se a falar. Assim,
neste estudo, tentaremos analisar o que deve ser feito para que haja um desenvolvimento da competência da oralidade
por parte dos alnos da Escola Secundária de Namuno. Portanto, importa salientar que a maior língua de escolarização
no SNE em Moçambique é a LP, é ela fornecedora de base para que se tenha acesso aos conhecimentos científicos,
culturais e outros. Um aluno com dificuldades na compreensão oral, produção oral, compreensão escrita e produção
escrita em Língua Portuguesa, terá as mesmas dificuldades ou insucesso nas outras áreas curriculares.

Para o desenvolvimento deste estudo são apresentados vários conceitos, entre eles PEA, Ensino, oralidade, como
poderá se acompanhar na revisão da literatura. Portanto, julga-se importante se trazer esses conceitos para dar larga
visão sobre a necessidade da oralidade ser uma base para o sucesso dos alunos. É de sublinhar ainda que a aquisição
da L2 ou qualquer LM e LE é facilitada por meio da oralidade.

A pesquisa foi realizada através de questionário, e entrevista que envolveu 6 professores de Língua Portuguesa no seu
total, e 86 alunos, todos pertencentes a Escola Secundária de Namuno. Esta pesquisa, quanto a metodologia e aos
objectivos é pesquisa descritiva. E quanto a abordagem, a pesquisa é qualitativo, quanto às técnicas de recolha de
dados a autora apoiou-se em observação, entrevista, o questionário e a consulta bibliográfica.
Portanto, ao longo do estudo, percebeu-se que a competência oral em Língua Portuguesa é imperativa para um bom
desempenho do aluno em todas as disciplinas e pode permitir que haja mais interação oral na sala de aula e não só;
também se constatou que o fraco domínio da LP está entre as várias razões do baixo aproveitamento escolar dos alunos
da ESN (Escola Secundária de Namuno), pois praticamente todo o ensino ocorre nessa língua.
Tendo em conta as estratégias a utilizar para ajudar os alunos a ultrapassar dificuldades que têm a ver com a produção
oral em LP, a presente monografia baseia-se no princípio de que é preciso que o aprendente sinta o desejo de se
transformar num falante para comunicar. Pretende-se, igualmente, com este estudo achar formas de estimular os alunos
a ultrapassar os seus medos, complexos e insegurança neste processo de aquisição da proficiência da L2/LE e orientar
os professores a uma reflexão sobre o seu desempenho na sala de aula em relação à execução de atividades
direcionadas à produção do discurso oral. É importante ainda que o papel do professor neste caso seja de paciente e
mediador.
Palavras-chave: Processo de ensino-aprendizagem; desenvolvimento da oralidade; insucesso escolar
iii

Abstract

Oral expression, or even oral language, has been fundamental for the transmission of knowledge. The present
monograph intends to address the impact that the difficulty of orality brings in the teaching-learning process of the
Portuguese Language, in particular for the 10th grade students of Namuno Secondary School, since the complexity
and difficulty of the students of the Namuno Secondary School is recognized. Secondary school of the abovementioned
school express themselves through the Portuguese language. This situation often leads students to refuse to speak.
Thus, in this study, we will try to analyze what must be done so that there is a development of orality competence on
the part of the students of Namuno Secondary School. Therefore, it is important to point out that the main schooling
language in the SNE in Mozambique is LP, it provides the basis for access to scientific, cultural and other knowledge.
A student with difficulties in oral comprehension, oral production, written comprehension and written production in
Portuguese will have the same difficulties or failure in other curricular areas.

For the development of this study, several concepts are presented, including EAP, Teaching, orality, as can be seen in
the literature review. Therefore, it is considered important to bring these concepts to bear a broad view on the need for
orality to be a basis for student success. It should also be noted that the acquisition of the L2 or any ML and FL is
facilitated through orality.

The research was carried out through a questionnaire, and an interview that involved 6 Portuguese Language teachers
in total, and 86 students, all belonging to Namuno Secondary School. This research, in terms of methodology and
objectives, is a descriptive research. And as for the approach, the research is qualitative, as for the data collection
techniques, the author relied on observation, interview, questionnaire and bibliographic consultation.
Therefore, throughout the study, it was noticed that oral competence in Portuguese is imperative for a good student
performance in all disciplines and can allow for more oral interaction in the classroom and beyond; it was also found
that the poor command of PL is among the various reasons for the low academic performance of students at ESN
(Secondary School of Namuno), since practically all teaching takes place in that language.
Taking into account the strategies to be used to help students overcome difficulties related to oral production in LP,
this monograph is based on the principle that it is necessary for the learner to feel the desire to become a speaker in
order to communicate. This study also intends to find ways to encourage students to overcome their fears, complexes
and insecurity in this process of acquiring L2/FL proficiency and guide teachers to reflect on their performance in the
classroom in in relation to the execution of activities aimed at the production of oral discourse. It is also important that
the teacher's role in this case is that of patient and mediator.
Key words: Teaching-learning process; orality development; school failure
iv

Agradecimentos

Em primeiro lugar, os meus agradecimentos vão para o Senhor todo poderoso por permitir que eu esteja a
gozar de boa saúde e que realize quaisquer actividades sem grandes percalços.

Aos meus pais, Anselmo Metoro e Madalena Cusse, que de forma paciente têm compreendido as minhas
batalhas.
Igualmente, agradeço à minha irmã Adelaide pelo apoio incondicional que tem prestado a mim quando eu
mais preciso.
Ao meu tutor, Muamede Victor, que dedicou todo o seu tempo para transmitir as suas experiências a mim.
Ao meu supervisor Hélder Gonçalves de Araújo que nunca se cansou em me orientar quando fosse
necessário.
A todos que de forma directa ou indirectamente contribuíram para a realização desta monografia.
v

Dedicatória

Dedico esta monografia aos meus filhos, Larah Glória Mercedez Fernando e Saldar Abdul Amid
Afonso, que têm sido muito pacientes com as minhas ausências por longo período.

À minha irmã Adelaide que tem se mostrado muito carinhosa e motivadora para eu ir avante com
ou sem dificuldades.
Aos meus colegas da Faculdade e do Serviço que têm me acompanhado nessa batalha de longa
data providenciando a mim bons conselhos e me amparando em momentos de aflição.
vi

Lista de gráficos

Gráfico 01: Género dos inquiridos

Gráfico 02: idade dos professores inqueridos


Gráfico 03: nível de formação académica
Gráfico 4: Tempo de carreira Profissional
Gráfico 05: Nível de prática da oralidade dos alunos
Gráfico 6: Competência oratória dos alunos na sala de aulas
Gráfico 7: O fraco domínio da oralidade contribui para o fracasso dos alunos
Gráfico 8: Estratégias usadas para o desenvolvimento da oralidade dos alunos
Gráfico 9: Género dos alunos
Gráfico 10: Idade dos alunos
Gráfico 11: o professor ensina a oralidade
Gráfico 12: o professor dá espaço para os alunos se expressarem
Gráfico 13: Estratégias usada para o desenvolvimento da oralidade
vii

Lista de tabelas

Tabela 1: Amostra e instrumentos de recolha de dados (resumo)

Tabela2: Grelha de respostas sobre o questionário dirigido aos professores


Tabela 3: Grelha de respostas sobre o questionário dirigido aos alunos
Tabela 4: Grelha de respostas sobre questões de entrevista dirigida aos professores
Tabela 5: Grelha de respostas sobre questões de entrevista dirigido aos alunos
viii

Lista de figuras

Figura 1: Placa com o nome da Escola

Figura 2: portão de entrada e controlo


Figura 3: concentração dos alunos; momento de apelo para aprendizagem da Língua Portuguesa
Figura 4: auscultação do nível da oralidade dos alunos na sala
Figura 5: iniciação da aula usando-se estratégias para o envolvimento dos alunos

4
Capitulo I: Introdução

O processo de ensino-aprendizagem compreende três elementos imprescindíveis para a sua


concretização: professor, aluno e matéria. O primeiro elemento é um facilitador, mero instrutor ou
transmissor; o segundo é receptor, elemento pelo qual a matéria existe e o último é o objecto pelo
qual existe o professor e aluno. Entretanto, esta relação às vezes tem falhado porque tanto o
professor quanto o aluno se esquecem da sua missão. E por conta dessa situação o processo de
ensino-aprendizagem não tem acontecido como esperado.

A proficiência linguística em Português dos nossos alunos é muito fraca, uma vez que
praticamente não têm contacto com o Português antes de chegarem à escola, por essa razão
recorrem ao uso das línguas étnicas para se fazerem compreender quando se encontram no espaço
escolar. Dada esta preocupação, então, a presente monografia aborda o seguinte tema: Impacto
da dificuldade da oralidade dos alunos da 10ª classe no Processo de Ensino-Aprendizagem
da Língua Portuguesa, caso da Escola Secundária de Namuno 2021-2022.

Como se referiu anteriormente, o processo de ensino-aprendizagem vai se dar por positivo quando
as dificuldades na aprendizagem poderem estar minimizadas ou não existirem. Portanto, para tal,
é necessário existir um trabalho árduo do professor para garantir que a matéria atinja o aluno eficaz
e eficientemente. Consequentemente, o aluno possa atingir as competências previstas. Porém,
como se pode perceber um aluno com dificuldades na compreensão oral, produção oral,
compreensão escrita e produção escrita em Língua Portuguesa, terá as mesmas dificuldades ou
insucesso nas outras áreas curriculares.

À escola compete dar a todos a possibilidade de desenvolverem a competência linguística que lhes
permita aceder ao conhecimento, proporcionando as aprendizagens necessárias, fazendo adquirir
saberes que os tornem cidadãos cultos; saber-fazer que lhes permitam resolver problemas; atitudes
que os ajudem a afirmar-se; respeito por si, pelos outros, pelo trabalho.

Portanto, importa referir que esta monografia compreende cinco capítulos (5), no primeiro (I)
capitulo a autora apresenta o problema, objectivos, hipóteses, a justificativa e a delimitação do
tema; o II capítulo compreende a revisão da literatura; III capítulo: Metodologia do trabalho;
capitulo IV: apresentação, análise e interpretação de dados e por fim, Capitulo V. Neste último
capítulo a autora dá últimas considerações ou conclusão, apresenta estratégias para o
desenvolvimento da oralidade dos alunos e recomendações, as referências bibliográficas,
apêndices e anexos respetivamente.

5
Esta monografia é resultado de uma pesquisa minuciosa sobre o fenómeno identificado
(dificuldades da oralidade por parte de alunos) que aconteceu na Escola Secundária de Namuno,
no período de 2021 à 2022, a quando das práticas pedagógicas e do estágio pedagógico.

1.1.Problematização

O processo de ensino-aprendizagem tem como elementos essenciais matéria, aluno e professor.


Normalmente, no processo de ensino o professor é um mero intermediário, facilitador ou
orientador que transmite o conhecimento aos alunos, apoiando-se de diferentes métodos e meios
de ensino. Porém, importa recordar que a escola nova não olha o aluno como uma tábua rasa, mas
sim como um protagonista no processo de ensino-aprendizagem.
A designação de escola nova, em parte, surge com expectativa de ter um aluno dinâmico e criativo.
Tal concepção, em algumas escolas, como é o caso da Escola Secundária de Namuno, no período
de 2021 à 2022, ainda não se pode sentir com alguns alunos, em particular alunos da 10ª classe.
Neste contexto, os alunos ainda são muito estáticos, mostrando alto grau de dificuldades na
oralidade, o que na verdade vai tornar difícil a sua aprendizagem efectiva, pelo facto de esses
ficarem isolados da matéria em leccionação na sala de aula.
Por conta da dificuldade da oralidade que apresentam preferem não contribuir ideologicamente na
aula com receio de que terão muitas falhas no discurso oral, consequentemente, temem que se vão
converter em "cómicos" no meio dos colegas. Desta forma, este grupo de alunos prefere optar por
um silêncio total, acompanhando a evolução dos outros, e eles ainda estáticos. Como
consequência, os alunos com esse tipo de dificuldades, na maioria das vezes dificilmente
aprendem. Conquanto, uma aprendizagem, de princípio depende de motivação, quer seja
intrínseca ou extrínseca. Mas, em sala de aula a oralidade é um elemento que determina o nível de
conhecimento e ansiedade de aprender novos conteúdos.

Portanto, o não domínio de LP é uma ameaça não só para o aluno, mas também para o próprio
sistema educativo, que vê os alunos apresentar enormes dificuldades em todas as disciplinas.
Entretanto, o domínio da língua de escolarização é indispensável ao sucesso e ao desenvolvimento
de aprendizagens em diferentes áreas curriculares e não curriculares, não há como separar os dois
itens.

6
1.2.Formulação do problema

Tendo em conta a dificuldade da oralidade que os alunos enfrentam, então, surge a seguinte
questão de partida: Qual é o Impacto da dificuldade da oralidade dos alunos da 10ª classe no
Processo de Ensino-Aprendizagem da Língua Portuguesa?

Objectivos do estudo
Toda investigação pressupõe atingir um propósito com base em determinados objectivos. Neste
contexto este estudo não vai se expcecionar.

Objectivos

Constituem objectivos desta monografia os seguintes:

Geral:

 Analisar o impacto da oralidade no processo de Ensino-aprendizagem da Língua


Portuguesa;
 Avaliar a importância do uso das estratégias para o desenvolvimento da oralidade no PEA.

Específicos:

 Mencionar a importância da oralidade no processo de ensino e aprendizagem dos alunos;


 Identificar os factores que contribuem para a deficiência da oralidade nos alunos;
 Descrever os métodos que promovem para o desenvolvimento da oralidade dos alunos;
 Propor estratégias para o desenvolvimento da oralidade dos alunos.

1.3.Hipóteses

Tendo em conta o tema deste estudo, impacto da dificuldade da oralidade no Processo de Ensino-
aprendizagem da língua portuguesa, determina-se as seguintes hipóteses:

1. Fraco domínio da Língua Portuguesa, os alunos evitam falar porque temem que podem
errar;
2. O uso de método expositivo pelo professor, o professor limita-se em explicar a aula sem
dar espaço ao aluno para testar a sua compreensão e explorar a sua capacidade oratória;
3. Existência de clubes fã, o professor tem um número favorito dos alunos na sua aula
limitando a evolução e a aprendizagem dos demais;
4. Uso limitado de estratégias para o desenvolvimento da oralidade dos alunos, os
professores usam poucas estratégias para estimular a expressão oral dos alunos.

7
1.4.Justificativa

A dicotomia ensino-aprendizagem é tido como positivo quando o aluno ou o aprendente mostra


alguma mudança relativamente à situação anterior tida como insatisfatória. Neste contexto, a
aprendizagem dos alunos na sala de aulas depende muito do professor, apesar de existirem

Ainda vários fatores motivacionais. Essa dependência tem a ver com a forma como o professor
ministra as suas aulas, os métodos usados e a liderança na sala de aulas.

A quando da observação de aulas, na escola Secundária de Namuno, a autora observou que os


alunos da 10ª classe apresentam sérias dificuldades no que diz respeito aa oralidade. Percebendo
tal fenómeno, urgiu uma necessidade de aprofundar as causas, e as consequências da dificuldade
da oralidade numa situação de ensino-aprendizagem.

É mestre recordar que a oralidade é um elemento bastante importante no processo de Ensino-


aprendizagem na medida em que a partir da qual haverá entendimento entre o professor e os
alunos, ou mesmo entre alunos. É caricato numa aula apenas soar a voz do professor desde o início
ao fim. Isso implicaria admitir que não se trata de uma aula em que o aluno é o centro das atenções,
mas sim uma simples comunicação ou então palestra.

Porém, se se fala do ensino-aprendizagem, de princípio, implica existir uma matéria a se ensinar,


um grupo ou alguém a ser ensinada e um professor, que assume o papel de mediador no processo.
Assim, para que haja garantia de ensino e aprendizagem deverá existir reações de forma oral por
parte dos alunos, se não uma discussão no sentido positivo sobre a matéria. De igual modo, para
se saber que o aluno domina algo deve demostrar, quer seja oralmente quer seja por outro meio
como uma forma de exteriorizar o conhecimento.

A atuação dos alunos em sala de aula vai proporcionar bom ambiente de aprendizagem,
principalmente quando a atuação for feita oralmente. Isso, sobre maneira, vai garantir o sucesso
escolar para os próprios alunos.

A oralidade evidenciada em situações de interação é um ponto interessante na organização do


pensamento, na exposição de ideias que influenciam a leitura e a escrita. Neste sentido, a
comunicação oral é uma parte indispensável no processo de ensino e aprendizagem,
principalmente no ensino de uma Língua Segunda ou Estrangeira, “grande parte das aprendizagens
e realizações de atividades é permeada pela comunicação oral, por meio de trocas de experiências
interpessoais com familiares e/ou educadores.

8
Assim, nota-se que muitos alunos em sala de aulas apresentam essas dificuldades por vários
factores, entre outros há que destacar: receio de errar (receio de se expressar no meio de muitas
pessoas), pelo facto de a língua em uso para a transmissão de conhecimentos ser para os alunos
Língua segunda (L2), cujo domínio é "deficiente"; estratificação social (ES), a Língua Portuguesa
é usada apenas em contexto escolar (sala de aulas), e a sua aplicação em diversos contextos
provoca "embaraços" por interiorizar que pertencem à classe baixa e não possuem nenhuma
influência sobre ninguém, tanto dentro e fora da sala de aulas. E, geralmente, esse grupo tende a
se isolar provocando uma autêntica descriminação; falta de motivação, uso ineficiente das
estratégias para o desenvolvimento da oralidade dos alunos. Por fim, tem-se a destacar a falta de
domínio da matéria, pode provocar um silêncio absoluto nos alunos, pelo facto desses não terem
nada a contribuírem na aula.

Esses fatores vão limitar não só o desenvolvimento dos alunos ao nível da oralidade, como
aprendizagem em geral. Outro dado que merece recordar é a questão de criação de um grupo de
alunos tidos favoritos para o professor porque mais se destacam na sala. Também acabará criando
impasse na evolução dos outros alunos, porque o professor só vai trabalhar com aquele número e
os outros alunos serão meros observados acompanhando a evolução dos outros. É nesta
perspectiva que o professor é chamado para ser a peça fundamental na evolução dos alunos no que
se refere à competência da oralidade.

É preocupante que os alunos na 10ª classe apresentem dificuldades na oralidade, uma vez que os
alunos nesta classe são considerados maturos, experientes e finalistas do ciclo. Portanto, espera-
se que nesta classe os alunos saibam expor suas preocupações, sugestões através da oralidade
como um dos meios eficientes na partilha ou difusão de informações.

Neste contexto, pode se aceitar que, por maior dificuldade que o aluno tenha, pode ultrapassar
esse problema se tentar incansavelmente se expressar oralmente no meio de pessoas, seja fora ou
dentro da sala de aulas, ou mesmo com colegas. Aliás, ninguém nasce sabendo falar, todos passam
por dificuldade um dia, porém, tal dificuldade vai se ultrapassar mediante um infinito treinamento
e envolvimento em conversas de cunho didáctico-pedagógico e demais situações.

O domínio da oralidade é determinante para o processo de ensino-aprendizagem e evolução


individual. Na medida em que o aluno vai ganhando espaço de se expressar, também vai nascendo
nele a motivação de se expressar com colegas, consequentemente no publicamente. Vai tendo
ainda vontade de querer dizer alguma coisa, de preparar, procurar informações para apresentar na

9
sala de aulas como forma de se destacar. Portanto, quando assim acontece o processo de ensino-
aprendizagem vai ter um impacto positivo.

A oralidade é importante para qualquer que seja a situação por ser um meio mais utilizado na
comunicação, transmissão de saberes e no esclarecimento.

1.5.Delimitação do tema

Para esta monografia constitui como objecto do estudo: Impacto da dificuldade da oralidade dos
alunos da 10ª classe no processo de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa, tendo como
delimitação espacial Escola Secundária de Namuno. Delimitação temporal: o fenómeno foi
identificado nos alunos no período de 2021 à 2022.

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Capitulo II: Revisão da Literatura

A autora preferiu desenvolver este estudo "Impacto da dificuldade da oralidade dos alunos no
PEA" por crer que entre vários fatores que podem contribuir para um bom aproveitamento escolar
por parte do aluno, este é dos fundamentais. Assim, como refere Lopes (2014, p.1) ,“ao entrarmos
no meio escolar, a comunicação torna-se crucial para a aquisição das competências essenciais e,
consequentemente, para o sucesso na aprendizagem dos conteúdos lecionados”.

O exercício oral na língua pela qual se faz a transmissão dos conhecimentos é um elemento
essencial, por isso foi imperioso desenvolver esse estudo, no sentido de procurar formas de
ultrapassar tais dificuldades. Portanto, seguem-se alguns conceitos básicos que servem de
fundamento para este estudo.

2.1. Conceitos básicos


2.1.1. Oralidade

Na óptica de Dolz, Schneuwly e Haller (2013), “o termo oral do latim os, oris (boca) refere-se a
tudo aquilo que se transmite pela boca. Em oposição ao escrito, o oral se refere à linguagem falada,
realizada pelo aparelho fonador” (p.127).

Para Gonçalves (2010), “a oralidade é um espelho da sociedade e, por isso, surge como reflexo
das relações humanas em sociedade. É um instrumento de comunicação que permite aos
indivíduos identificarem-se com uma dada comunidade”.
Ainda de acordo com o mesmo autor “a oralidade é a manifestação vocal do pensamento humano
numa situação determinada, com recurso a um código verbal e comportamental partilhado pelos
intervenientes com vista a estabelecer uma interação”. Não é menos verdade que muitos dos
problemas do ensino se relacionam com a linguagem; sobre esse assunto, Antão ressalta que a
expressão oral é de tal forma “importante que muitos dos problemas do ensino estão diretamente
ligados a um fraco desenvolvimento da capacidade linguística geral” (2005, p.10).

2.2. Ensino

Na óptica de Xavier (2012), "ensino é o conjunto de acções que se destinam a fornecer


informações, a transmitir conhecimentos"(p.26).

Ainda na prespectiva do mesmo autor, a eficácia do ensino é medida, principalmente, pela


qualidade de conhecimentos transmitidos e adequados.

11
2.3. Aprendizagem

Para Xavier (2012), "aprendizagem é o conjunto de acções que levam os alunos a adquirir
conhecimentos, com o apoio do professor ou por si sós" (p.26).

Portanto, Xavier refere que, a eficácia da aprendizagem é medida, principalmente, pela qualidade
dos conhecimentos transmitidos e adquiridos.

2.4. Ensino-Aprendizagem

De acordo com Xavier (2012, p.26)," ensino/aprendizagem é o conjunto de acções em que se


articulam as actividades de transmissão e de aquisição de informações e conhecimentos".

Assim, a eficácia do ensino/aprendizagem é medida pela quantidade e qualidade dos


conhecimentos transmitidos e adquiridos.

Ao professor não está reservado apenas o papel de transmissor do saber, mas também o de
provocador de uma interação entre os problemas, conhecimentos, experiências, valores e atitudes,
naturalmente diferentes, dos alunos que lhe são confiados.

Portanto, Xavier (2012, p. 27), aponta a existência de "condições necessárias para que o processo
de ensino/aprendizagem se concretizem. Assim, o professor deve":

a) Considerar o aluno como centro do processo ensino-aprendizagem. Cada aluno tem direito
a que o professor lhe proporcione uma aprendizagem pessoal e motivante, em que ele goste
do que aprende e entenda em que medida aquela aprendizagem é válida para a sua
formação como pessoa;
b) Dominar cientificamente os conteúdos que vai leccionar. Os conteúdos constam dos
programas, assim como os pressupostos que presidiram à selecção desses conteúdos;
c) Conhecer os níveis de desenvolvimento intelectual e socio-afectivo das várias fases etárias
que leciona. Este conhecimento tem em atenção as capacidades e interesses que se espera
que os alunos possuam em função da sua idade;
d) Respeitar os ritmos de aprendizagem.

Nem todos os alunos levam o mesmo tempo a adquirir um mesmo conhecimento. É preciso estar
atento para que a progressão do ensino se faça em função dos progressos de aprendizagem de cada
aluno, de modo a que cada aluno não se aborreça, se já conseguiu aprender e não desanime, se
ainda não foi capaz de o fazer.

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2.5. Insucesso escolar vs Língua Portuguesa

O insucesso escolar em Língua Portuguesa tem reflexos negativos e muito preocupantes no nosso
sistema educativo em todos os níveis. A língua de escolarização é a LP, é ela fornecedora de base
para que se tenha acesso aos conhecimentos científicos, culturais e outros. Um aluno com
dificuldades na compreensão oral, produção oral, compreensão escrita e produção escrita em
língua portuguesa, terá as mesmas dificuldades ou insucesso nas outras áreas curriculares.

Na óptica de Ferraz,

"à escola compete dar a todos a possibilidade de desenvolverem a


competência linguística que lhes permita aceder ao conhecimento,
proporcionando as aprendizagens necessárias, fazendo adquirir
saberes que os tornem cidadãos cultos; saber-fazer que lhes
permitam resolver problemas; atitudes que os ajudem a afirmar-
se; respeito por si, pelos outros, pelo trabalho, como forma de
serem reconhecidos como parte integrante do mundo em que se
movem" (Ferraz, 2007, p.20).

Uma das maiores barreiras à prática da oralidade não só na escola Secundária de Namuno, como
em outras escolas do país é o medo de ser julgado por outrem, o aluno sente-se constrangido em
expressar os seus sentimentos ou as suas opiniões em língua portuguesa, e ainda que tenha uma
ideia importantíssima, prefere calar-se a falar. Sabemos que a língua falada é fundamental ao ser
humano para a organização das ideias e produção de diálogos presentes na comunicação. Assim,
para que o falante consiga dominar o seu discurso e argumentar um ponto de vista é necessário
que a escola possibilite situações que envolvam os alunos em situações reais da fala, essas
situações devem ser provocadas pelos professores e tidas como normais.

Porém, enquanto se notar vasta dificuldade em se articular a língua de ensino, latentemente os


alunos estarão a preparar o seu insucesso. Por isso, é imperioso que os alunos, a todo o custo, com
ajuda do professor dominem a Língua Portuguesa ou simplesmente a expressão oral.

2.6. Importância da oralidade no Processo de Ensino-Aprendizagem dos alunos

O desenvolvimento linguístico tem influências na aprendizagem das restantes disciplinas


curriculares.

"o desenvolvimento do conhecimento linguístico tem a ver com o aproveitamento escolar em todas as
disciplinas desde a Língua Materna à Matemática, uma vez que a fluência oral e escrita vai condicionar o
desempenho de todas as disciplinas que se aprendem com livros". (Villas-Boas,1999, p.217)

13
O domínio da língua de escolarização é indispensável ao sucesso e ao desenvolvimento de
aprendizagens em diferentes áreas curriculares e não curriculares, não há como separar os dois
itens. Portanto, a comunicação oral é uma parte indispensável no processo de ensino e
aprendizagem, principalmente no ensino de uma Língua Segunda ou Estrangeira. Como refere
Gama,

“grande parte das aprendizagens e realizações de atividades é


permeada pela comunicação oral, por meio de trocas de
experiências interpessoais com familiares e/ou educadores.
Destarte, é imprescindível pensar na atuação intencional da escola
e dos seus professores, assim como de toda a comunidade
envolvente, para o desenvolvimento da linguagem oral, visto que
a mesma não é inata, mas é adquirida e aprendida por meio da
internalização da necessidade de comunicação” (Gama, 2015,
p.16).

2.7. Relação entre a Oralidade e a Escrita

É imprescindível no processo de ensino-aprendizagem da oralidade fazer uma relação com a


escrita, visto que a oralidade não anda isolada da escrita, havendo uma ligação recíproca para que
esse processo ocorra de um modo significativo.

Marcuschi salienta que a língua, tanto falada quanto escrita, “reflete, em boa medida, a
organização da sociedade” (2010, p.35). Isso se dá devido às relações entre a língua e as
representações sociais; é por meio da língua que os seres humanos podem constituir e firmar
crenças e pontos de vista sobre os variados acontecimentos do mundo.

Assim, junto à cultura, o que torna o ser humano mais peculiar dentre os demais seres vivos é "o
facto de ele dispor de uma linguagem simbólica articulada que é muito mais do que um sistema
de classificação" (Marcuschi, 2010, p.35).

É verdade que o aluno muitas vezes escreve da forma como fala, durante a sua interação com
outros; isso leva-o a não perceber que a fala não deveria estar presente em suas produções escritas.
Saber falar uma língua não é saber escrevê-la corretamente de uma maneira automática, mesmo
assim é bom salientar que o oral precede a escrita, isto é, não haveria língua escrita sem que
houvesse a falada. Embora sejam duas modalidades específicas, há uma relação de
interdependência entre as duas, nenhuma pode ser vista como superior ou inferior à outra.

14
Ainda na óptica de Marcuschi (2010), “a passagem da fala para a escrita não é a passagem do caos
para a ordem: é a passagem de uma ordem para outra ordem” (p.21).

A oralidade tem elementos pragmáticos que são pausas, hesitações, alongamentos de vogais e
consoantes, repetições, ênfases, truncamentos etc., o que dá a ideia de que a fala seja
desestruturada, de uso simples e informal. Seguindo ainda esse raciocínio, no momento em que
falamos, usamos todos esses artifícios que são característicos somente da fala, não sendo possível
levar para a escrita que, por sua vez, é vista como estruturada, complexa, formal e abstrata.

Para Bessa et all. (2012, p.203), a fala possui componentes pragmáticas, “pausas, hesitações,
alongamentos de vogais e consoantes, repetições, ênfases, truncamentos etc.,” dando a esta
modalidade uma característica de espontaneidade, simplicidade e informalidade, peculiaridades
que não poderiam ser aplicadas à escrita, exceto em (alguns) textos literários que requerem um
estilo peculiar na sua forma.

Marcuschi (2001),

"observa que, em relação às marcas de oralidade presentes na


escrita dos alunos, é um equívoco do professor encarar como
“erro” essas marcas, pois a escola ainda não mostra claramente as
diferenças e especificidades de cada modalidade, justamente
porque dá prioridade à língua escrita, deixando de lado ou em
segundo plano a língua oral".

Vale ressaltar que fatores socioculturais estão interligados à modalidade oral a qual influencia, de
maneira significativa, a escrita. Neste contexto, Marcuschi (2010, p.35), afirma que "[...] a língua,
seja na sua modalidade falada ou escrita, reflete, em boa medida, a organização da sociedade".
Isso porque a própria língua mantém complexas relações com as representações e as formações.
Não se trata de um espelhamento, mas de uma funcionalidade em geral mais visível na fala. É por
isso que podemos encontrar muitos correlatos entre variação sociolinguística e variação
sociocultural.

A escola e os professores sentem-se obrigados a ensinar os alunos a terem o domínio da língua


escrita, porém, não sentem a mesma obrigação de os ensinar a se apropriarem de forma natural a
língua oral. Nesse sentido (Castilho,1998, p.13), afirma que,

[...] não se acredita mais que a função da escola deve concentrar-


se apenas no ensino da língua escrita, a pretexto de que o aluno já
aprendeu a língua falada em casa. Ora, se essa disciplina se

15
concentrasse mais na reflexão sobre a língua que falamos,
deixando de lado a reprodução de esquemas classificatórios, logo
se descobriria a importância da língua falada, mesmo para a
aquisição da língua escrita.

Na sequência disso, acredita-se que a escola deve promover actividades que visem o
desenvolvimento da oralidade e não só a modalidade escrita, que é privilegiada pela sociedade,
pois, como afirma Kato (2002,p.7), a função da escola, intermediada pelo professor, é
“desenvolver no aluno o domínio da linguagem falada institucionalmente aceite”.

A oralidade evidenciada em situações de interação é um ponto interessante na organização do


pensamento, na exposição de ideias que influenciam a leitura e a escrita. Para Manrique, a forma
como os professores fazem a mediação com os textos escritos é tão importante quanto o próprio
texto, pois através das discussões e dos intercâmbios “[...] as crianças são incentivadas a refletir e
a perguntar sobre o que aconteceu, suas causas, consequências e significados”. (1997, p.66).

Abaurre (1992), sublinha que

“deve haver um maior ou menor contacto da criança em atividades


convencionais de escrita em meio ao contexto em que ela está
inserida, faria com que essa criança ficasse mais ou menos atenta
aos aspetos convencionais da escrita. Em outras palavras, seria,
por exemplo, uma criança que está em contacto direto com a
escrita poderia demonstrar um melhor desempenho na hora de
escrever, pois o meio em que ela está inserida, segundo a autora,
influencia no seu desempenho. Já uma criança que não está
inserida num contexto onde a escrita está sempre em uso tende
também a não se desenvolver na escrita. Dessa forma, pode-se
entender que a criança passa a aprender o que está ao seu alcance
no dia a dia, ou seja, a interação que a criança tem com o meio é
extremamente importante para o desenvolvimento da sua escrita”.

Esta pode ser umas das razões dos alunos terem um fraco desempenho não só em relação à
oralidade, mas também em relação à escrita, pois estão inseridas num meio onde praticamente a
escrita não é praticada; esse facto vem exigir dos professores que tenham mais atenção e um
esforço redobrado nessas duas modalidades.

É necessário que o professor faça o uso de diferentes metodologias a fim de que o aluno esteja à
altura das exigências da oralidade e escrita, ensinar a oralidade e a escrita é uma tarefa difícil e

16
complexa, uma vez que a própria língua usada para o ensino não é a usada para a comunicação
entre os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.

2.8. Influência do Professor no desenvolvimento da Oralidade dos alunos

Interessa sublinhar que o não domínio de LP é uma ameaça não só para o aluno, mas também para
o próprio sistema educativo, que vê os alunos apresentarem enormes dificuldades em todas as
disciplinas.

Assim, segundo Pereira (1997), os professores constatam que "os alunos se queixam de pouco
vocabulário, dificuldades de expressão, erros de concordância, má pronúncia e de muitos outros
problemas de ordem linguística, dos quais o mais grave é o silêncio marcado pela vergonha ou
pela impotência"(p.39).
Exatamente essas têm sido as caraterísticas dos alunos da escola Secundária de Namuno, pouco
interessados na escola e nas matérias dadas e ministradas pelos professores.

Santos, Mendonça e Cavalcanti (2007) falam sobre como o professor deve servir de ponte no
trabalho com a oralidade na sala de aula, olhando não apenas para as conversas dos alunos, mas,
principalmente, fazer uso e valorizar a grande riqueza que a oralidade proporciona.

Assim, “um trabalho consistente com a oralidade em sala de aula


não diz respeito a ensinar o aluno a falar, nem simplesmente
propor apenas que o aluno converse com o colega sobre um
assunto qualquer. Trata-se de identificar, refletir e utilizar a
imensa riqueza e variedade de usos da língua na modalidade oral".
(Santos et all, 2007, p. 89).

E por conta disso, Abdallah-Pretceille (2004, p.198), julga que "é conveniente que os alunos
encontrarem na escola, não só um lugar de formação intelectual, mas também um lugar de
desenvolvimento da sua individualidade, da sua pessoa, uma iniciação à vida".

Assim, a autora julga imprescindível que a relação entre um professor e os alunos na sala de aula
e o ambiente gerado à volta dela favorecem uma boa comunicação oral. Dai que é muito
importante que se estabeleça um bom ambiente, uma boa relação entre os professores e alunos
quer seja dentro quer seja fora da sala de aulas.

Como refere Postic (1990, p. 65), apud Lopes (2014, p.16), “a perceção que o docente tem dos
seus alunos em geral e de cada um em particular, a perceção que o aluno tem dos seus colegas e
do docente na situação educativa determina a maneira de agir e reagir”.

17
Neste contexto, importa salientar que o professor é responsável por estabelecimento de um
ambiente propício que permita que os alunos se sintam confortáveis e confiantes em praticar a
oralidade.

Portanto, ensinar não se limita a simples transmissão de conteúdos para o aluno fazer exames
(provas) depois, provando que aprendeu ou não, seguidamente, sendo aprovado ou reprovado. Ser
professor e ser aluno vai além dos conteúdos curriculares ministrados e aprendidos. O professor e
aluno são seres dotados de experiências variáveis que foram e são responsáveis pela construção
do seu ser.

Freire (1996), secunda que “quando entro numa sala de aula devo estar a ser um ser aberto a
indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, às suas inibições, um ser crítico e inquiridor,
inquieto em face da tarefa que tenho a ele ensinar e não a de transferir conhecimento” (p.52).
Devido à falta dos exercícios orais, os alunos sentem-se obrigados a recorrer à memorização dos
conteúdos, esse modo de ensinar continua a ser o padrão e até se verifica no ensino superior.
Para que o aluno sinta o prazer de ir a escola o professor deve proporcionar essas condições,
provocando situações que levem o aluno a raciocinar, opinar, criticar e desenvolver o aspeto
cognitivo, com base na sua experiência de vida, caso contrário haverá uma apatia por parte dos
alunos relativamente à escola, ir à escola não passará de um mero formalismo e é o que temos
visto no nosso sistema educativo, sobretudo entre os alunos da escola pública que têm vivido
períodos de perturbação com sucessivas greves.
De recordar que a escola, a família e a sociedade em geral devem assumir a sua responsabilidade
no processo de ensino e aprendizagem, têm essa responsabilidade na formação do caráter da
criança, a voz da criança deve ser ouvida, não pode ser proibida de falar com o argumento de que
ainda é pequena. Esse preconceito influencia negativamente uma criança a ponto de ficar com
medo de interagir com colegas e professor, mantendo-se calada mesmo na sala de aula para não
ser repreendida depois. Daí que o papel do professor é capital para quebrar essa tradição; para
isso, o professor carece do apoio do Estado, neste caso o governo, da escola, da família e da
sociedade em geral para trabalhar com liberdade e autonomia.

2.9. Importância da motivação e interação para a prática da oralidade na sala de aula

A oralidade é das primeiras competências que o ser humano adquire e vem antes da escrita e
leitura. Todos temos necessidade de comunicar e a oralidade é, normalmente, o ponto de partida
para haver essa comunicação; esta necessidade ainda é maior quando falamos do meio escolar.

18
A proficiência linguística em Português dos alunos da Escola Secundária de Namuno é muito
fraca, uma vez que praticamente não têm contacto com o português antes de chegarem à escola,
por essa razão recorrem ao uso às línguas étnicas para se fazerem compreender quando se
encontram no espaço escolar.
A falta da prática de oralidade, associada à falta de interesse, motivação, ou receio, tem
prejudicado os alunos no processo de ensino-aprendizagem de LP. É preciso consciencializar os
alunos sobre a necessidade de saberem usar a Língua Portuguesa, onde e quando. Por outro lado,
deve-se incutir nos alunos que é possível falar tanto a Língua Primeira (línguas maternas) como a
Língua Segunda ou a língua não materna fluentemente e de maneira natural sem que uma seja
vista como melhor ou esteja em competição com outra. Contudo, o essencial, é fazer com que os
alunos aprendam a gostar da LP independentemente do seu estatuto como L2.

Para Xavier (2012), só se aprende a falar uma língua quando se está exposto a ela. Tanto maior e
mais rápida é aprendizagem quanto maior for o tempo de exposição à língua"(p.6).

Por isso, nas aulas de Língua Portuguesa, devem criar-se situações variadas para que os alunos
falem e escutem.

"A aprendizagem de uma língua depende do desenvolvimento das capacidades de ouvir, de falar,
de ler, e de escrever"(Xavier, 2012, p.6).

Para isso acontecer é necessário que se faça sentir a motivação do professor. Assim, é preciso que
o professor faça o uso de diferentes metodologias a fim de que o aluno esteja à altura das
exigências da oralidade e escrita, ensinar a oralidade é uma tarefa difícil e complexa, uma vez que
a própria língua usada para o ensino não é frequentemente usada para a comunicação entre os
envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.

Importa recordar que um aluno desmotivado está condenado ao insucesso escolar. É preciso que
se procure em cada aluno a vontade e o desejo de aprender.

Portanto, a questão de interação entre professor e aluno tem sido o maior desafio que os
professores da escola Secundária de Namuno enfrentam, uma vez que muitas vezes os professores
não proporcionam esse ambiente de interação e confiança, os alunos ficam com medo de falar ou
participar durante uma aula inteira.

19
Neste contexto, Haydt (2006, p.76), aconselha que “o que o professor pode fazer é incentivar o
aluno, isto é, despertar e polarizar a sua atenção e o seu interesse, orientando e canalizando
positivamente as fontes motivacionais”.
O professor mediador consegue enxergar como se desenrola o desenvolvimento e aprendizagem
do seu aluno; é um facto porque cria oportunidade para que o aluno se expresse, dá autonomia e
liberdade para as opiniões serem colocadas. Com a interação vai poder levantar dados para saber
se o que está a ser trabalhado tem sido aprendido com eficácia.
Para que haja a mediação, o professor tem que ser habilidoso, nunca trabalhar de maneira
autoritária ou por obrigação. Ele tem que dar valor ao seu aluno, a cultura e a sociedade onde ele
vive e os seus saberes.
Na perspetiva de Souza (2004, p.56) “o mediador é capaz de enriquecer a interação do mediado
com o seu ambiente, utilizando ingredientes que não pertencem aos estímulos imediatos, mas que
preparam a estrutura cognitiva desse mediado para ir além dos estímulos recebidos,
transcendendo-os”.
Entretanto, Freire acrescenta que

“[...], o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro


em que se solidarizam o refletir e o agir dos seus sujeitos
endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode
reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro, nem
tampouco tornar-se simples troca de ideias a serem consumidas
pelos permutantes” (Freire, 2005, p.91).

Segundo Porto (2009), “saber escutar com respeito os mais diferentes tipos de interlocutores é
fundamental. Se não houver ouvinte, a interação não acontece. Logo, é preciso desenvolver nos
alunos a competência de saber escutar o outro, o que favorece, inclusive, a convivência social”
(p.23).
É importante a escola envolver o trabalho com a oralidade nas atividades diárias de sala de aula
do aluno, possibilitando situações que incentivem os alunos a falar, expor, debater sobre
problemas do seu quotidiano.
Os alunos e os professores têm maneiras diferentes de ensinar e de aprender. Ninguém é igual ao
outro.
O professor deve também ajudá-lo a construir o seu percurso de forma autónoma e convicta,
dando-lhe ferramentas para tal, uma vez que a aprendizagem só acontece quando existe uma
relação de cumplicidade e confiança entre professor e aluno, obtida por meio de mediação e
motivação. Um aluno sem motivação não demonstra interesse pelo conteúdo apresentado e, por
conseguinte, não sente o desejo de aprender.

20
O professor deve transformar a sala de aula num espaço propício e prazeroso, contribuindo assim
de forma consciente e favorável para a construção de um cidadão crítico, reflexivo e ético, que
respeite a igualdade de valores e direitos da sociedade na qual está inserido.
Nesse sentido, acredita-se que a motivação e mediação são extremamente importantes, pois
despertam confiança nos alunos, fazem com que sejam mais autónomos. Dessa forma, as acções
são compreendidas e realizadas pelo professor, através do contacto, interação oral e troca de ideias.
Uma das melhores maneiras de adquirir conhecimento é com mediação, incitando a motivação.
Um bom estímulo provoca; ao contrário disso não haverá qualquer interesse, causando uma
insatisfação, desmotivação e consequentemente o insucesso.
Os professores que não atuam como facilitadores, resistem a mudanças, são inflexíveis. Esse
procedimento muito antiquado complica muito o desenvolvimento do ensino-aprendizagem, pois
não há espaço para que o aluno se manifeste através da interação com o outro e com o professor.
Na óptica de Vygotsky, citado por Rego, (1995, p.74) ,

“o aprendizado é o responsável por criar a zona de


desenvolvimento proximal, na medida em que, em interação com
outras pessoas, a criança é capaz de colocar em movimento vários
processos de desenvolvimento que, sem ajuda externa, seriam
impossíveis de ocorrer. Esses processos se internalizam e passam
a fazer parte das aquisições do seu desenvolvimento individual.”

Portanto, o professor motivador começa o seu trabalho muito antes de estabelecer o seu primeiro
contacto com a turma, é uma tarefa carregada de pesquisa e necessita de disposição. Essa
característica é indispensável nesse profissional, pois o entusiasmo, interesse e vontade
enriquecerão a sua atuação.
Por conseguinte, em todo o processo de aprendizagem humana, a interação social e a mediação
do outro têm fundamental importância. Na escola, pode-se dizer que a interação professor-aluno
é imprescindível para que ocorra o sucesso no processo ensino- aprendizagem.

2.10. Estratégias para o desenvolvimento da oralidade dos alunos

Segundo Faria (2009),"nas aulas em que se trabalha preferencialmente a expressão oral, o


professor deve preparar muito bem todos os passos a dar e tentar sempre motivar os alunos para
praticarem esta competência"(p.6-7). Logo, terá de criar exercícios e atividades adequadas, não
esquecendo que não há temas bons ou maus, são todos interessantes dependendo do ponto de vista
escolhido pelo professor, das estratégias adequadas e da forma de conseguir, ou não, envolver os
alunos.

21
Dada a dificuldade que os alunos enfrentam a nível da oralidade, que culmina com insucesso
escolar e problemas de aprendizagem efectiva, propõe-se as seguintes estratégias:

 O professor tem de criar um bom ambiente na sala de aula, para que não se gerem situações
de mal-estar entre os alunos, fazendo com que estes se inibam e, consequentemente, não
participem ativamente nas atividades preparadas, pois, assim, a aula não terá qualquer
utilidade didática.

 O professor deve promover diferentes sessões de debate em sala de aulas motivando os


alunos como forma de ajudar os alunos a treinarem a expressão oral;
 Deve fazer a distribuição da matéria dada em pequenas partes a cada aluno, com mais
frequência, para dar oportunidade de preparar, dominar a matéria e exibir oralmente na
sala de aulas, que consequentemente verificar-se-á a sua evolução;
 o professor deve ter o trabalho de identificar alunos com granes dificuldades de oralidade
para atarefá-los continuamente por forma a garantir que não se isolem e melhorem
paulatinamente a sua oralidade, fazendo reconto de uma historia, dando informação a
turma, etc.;
 Deve evitar ter clubes fã (alunos favoritos do professor), porque se isso acontecer implica
que o professor vai dar atenção a um número diminuto dos alunos (por exemplo, 4 a 6,) e
só esses vão evoluir. Portanto, tratando-se de PEA e uma educação inclusiva todos os
alunos tem o direito a aprender e é por isso mesmo que todos estão numa determina sala;
 O professor deve usar métodos ativos, aqueles que fazem com que o aluno seja ativo e
poem-no interventivo. Portanto, deve evitar a todo custo usar com frequência o método
expositivo, salvo em momentos necessários;
 "Utilizar exercícios de repetição como meio de treino do aparelho fonador, sempre que
necessário";
 "Falar e fazer falar os alunos sobre temas relacionados com as suas necessidades e
interesse"
 "Procurar que a linguagem oral dos alunos se aproxime, tanto quanto possível, da
linguagem correcta e fluente".

22
Capitulo III: Metodologia

Segundo Gil (1999), "a metodologia refere-se a um conjunto de procedimentos estratégicos,


passos, técnicas que levam a conclusão clara da pesquisa" (p.146).

Neste capitulo respeitar-se-ão certos procedimentos metodológicos que vão ser relevantes para o
alcance do propósito do estudo, tais como: tipo de pesquisa, que segue as técnicas usadas para
coleta de dados, universo e amostra.
Assim, para a realização desse estudo foi feita uma pesquisa em alunos da Escola Secundária de
Namuno, promovendo uma investigação minuciosa acerca da temática abordada, neste caso:
Impacto da dificuldade da oralidade dos alunos da 10ª classe no Processo de Ensino-
Aprendizagem da Língua Portuguesa, caso da Escola Secundária de Namuno 2021-2022.

Tendo em conta o tema em estudo, o objetivo principal desta monografia é analisar o impacto da
oralidade no processo de Ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa, identificar os fatores que
contribuem para a deficiência da oralidade dos alunos e mencionar a impor actância da oralidade
no processo de ensino e aprendizagem dos mesmos.

Este estudo realizou-se a partir de um acervo bibliográfico, utilizado como subsidio na pesquisa
de campo que foi caracterizada como hipotético-dedutiva, pois a partir da investigação realizada
chegou-se a um resultado que será descrito na seção seguinte deste trabalho.

3.1. Tipos de pesquisa

Para a realização deste trabalho foi utilizada a metodologia qualitativa que, segundo Denzin &
Lincoln (2005, p.3)

“é uma atividade situada que posiciona o observador no mundo.


Ela consiste num conjunto de práticas interpretativas e materiais
que tornam o mundo visível. Essas práticas transformam o mundo
fazendo dele uma série de representações, incluindo notas de
campo, entrevistas, conversas, fotografias, gravações e anotações
pessoais. Nesse nível, a pesquisa qualitativa envolve uma postura
interpretativa e naturalística diante do mundo. Isso significa que
os pesquisadores desse campo estudam as coisas em seus
contextos naturais, tentando entender ou interpretar os fenómenos
em termos dos sentidos que as pessoas lhes atribuem”.

23
Assim, técnicas usadas na coleta de dados têm como objetivo verificar nomeadamente o nível de
conhecimento que os professores têm sobre o ensino e aprendizagem da oralidade em Língua
Portuguesa; a causa do fraco desempenho da oralidade dos alunos da Escola Secundária de
Namuno e quais as estratégias a utilizar para ultrapassar essas dificuldades.
3.1.1. Quanto a abordagem

Para Richardson (1999:90) a pesquisa qualitativa “pode ser caracterizada como a tentativa de uma
compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos
entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de características ou
comportamentos”.

Para esse estudo, quanto a abordagem recorreu-se à pesquisa qualitativa baseado nos aspectos
estatísticos pelo facto de possibilitar que o investigador tenha o espaço de analisar de forma
profunda o conteúdo da sua pesquisa e expor sua opinião em relação aos resultados analisados.
Em relação aos aspectos estatísticos a autora apresenta os dados percentuais, quadros para
esclarecimento na análise e interpretação como se observará no capitulo subsequente.

3.1.2. Quanto ao objectivo

A pesquisa é descritiva e exploratória. Descritiva na medida em que procura descrever alguns


factores que contribuem para dificuldade da oralidade para os alunos. Exploratória porque a autora
procura analisar os dados obtidos através dos alunos e professores que foram selecionados para o
presente estudo com recurso a técnicas de colecta de dados: questionário, entrevista e observação.

3.1.3. Quanto aos procedimentos

Quanto aos procedimentos fez-se o levantamento de referencial bibliográfico acerca do tema, em


seguida a análise deste referencial bibliográfico. Mais adiante, elaborou-se os instrumentos da
pesquisa para coleta dos dados: o guia de observação sistemática que consistiu em se observar
aulas em duas turmas da 10ª classe, o guião de entrevista e o questionário compondo perguntas
abertas e fechadas dirigido aos alunos e professores da Escola Secundária de Namuno.
3.1.4. Quanto a natureza

Quanto a natureza a pesquisa é básica porque objectiva trazer conhecimentos novos contribuindo
para o avanço da ciência. Interessa ainda frisar que o tema impacto da dificuldade da oralidade
dos alunos no PEA traz uma feição que vai em grande medida contribuir para a minimização das
dificuldades que os alunos apresentam a nível da oralidade garantindo assim a sua efectiva
aprendizagem.

24
3.2. Técnicas de colecta de dados

Na óptica de Lakatos e Marconi (1992), "são consideradas um conjunto de preceitos ou processos


de que se serve uma ciência; são também a habilidade para usar esses princípios ou normas, na
obtenção de seus propósitos, portanto aa obtenção de dados" (107).

A necessidade de uma pesquisa se basear em técnicas de colecta de dados é meramente pelo facto
de facilitar na aquisição de informações de modo grosso sobre o assunto em estudo. Neste
contexto, para a obtenção de informações em relação ao tema em estudo a autora optou em utilizar
a entrevista, questionário, observação directa, e consulta bibliográfica.

3.2.1. Entrevista

De acordo com Gil (1999), "entrevista é uma técnica de recolha de dados em que o investigador
se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas".

"A entrevista é uma das técnicas de coleta de dados consideradas como sendo uma forma racional
de conduta do pesquisador, previamente estabelecida para dirigir com eficácia um conteúdo
sistemático de conhecimentos de maneira mais complexa possível, com o mínimo de esforço de
tempo" (Rosa & Arnoldi, 2006, p.17).

A autora preferiu escolher esta técnica pelo facto de garantir a recolha de informações frente ao
investigado, e possibilitar adquirir mais informações subsidiarias que não estejam presentes no
guião da entrevista. Possibilita ainda ter alternativas quando o investigado mostrar dificuldades na
resposta, oque garante a infalibilidade de aquisição de dados.

3.2.2. Observação directa

"A observação é uma técnica de colecta de dados para conseguir informações de determinados
aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factores ou
fenómenos que se desejam estudar" (Lakatos e Marconi, 2004, p. 90).

Na óptica de Quivy & Campenhoudt (1992), a técnica de observação pode e deve ser utilizada
quando o investigador precisa de saber algo sobre o público-alvo do estudo. Deste modo o
investigador observa directamente um determinado trabalhador em contexto real de trabalho, sem
ser necessário dirigir-se ao obserado".

Tomando como base os dizeres dos autores acima mencionados, nesse sentido, foram observadas
algumas aulas de Português na 10ª classe, na Escola Secundária de Namuno, no período da manhã,
e foi feito um breve inquérito na parte final de cada aula aos alunos através de algumas questões

25
colocadas sobre a prática de oralidade. Também foi observado o ambiente entre os professores na
sala dos professores, entre alunos e professores, entre alunos na sala de aula e no recinto escolar,
em relação à prática de oralidade em Língua Portuguesa.

3.2.3. Questionário

Para Gil (1994), " questionário pode se definir como a técnica de investigação composta por um
número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas tendo por
objectivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, situações vivenciadas"(p. 114).

A relevância pela escolha desta técnica deve-se ao facto de que possibilita a obtenção de dados
reais, e dá liberdade e espaço ao inquirido. O preenchimento ou as respostas são dadas mediante
a um formulário que cada um dos inquiridos individualmente vai receber. Tal formulário poderá
abarcar perguntas abertas e fechadas evitando que o inquirido tenha muita limitação nas respostas.

Neste contexto, na Escola Secundária de Namuno foram inquiridos 86 alunos e 6 professores de


Língua Portuguesa. Portanto, o sexo, a variação de idade e o nível académico serão detalhados na
apresentação e analise dos dados.

3.2.4. Consulta bibliográfica

A consulta bibliográfica procura explicar o problema a partir de referencias teóricas publicadas


em obras, documentos, buscando conhecer e analisar as contribuições culturais ou cientificas do
passado existentes sobre um determinado assunto ou problema.

Neste contexto, este trabalho baseou-se em pesquisa bibliográfica pelo facto de garantir a recolha
de dados credíveis nos livros, artigos científicos relacionados com o tema e por meio da internet
para um esclarecimento, usando diferentes sites para a fundamentação teórica. Importa, ainda,
referir que todos os autores cujas obras foram consultadas são refletidas na referência bibliográfica
desta monografia.

3.3. Universo e amostra

Segundo Richardson (1989), o universo da pesquisa refere-se ao conjunto de pessoas que


representam a totalidade de indivíduos com as mesmas características definidas para um estudo.
O investigador determinado os elementos que irão constituir a amostra".

O universo desta pesquisa é de 172 colaboradores correspondente a quatro (4) turmas da 10ª
classe, compostas por 40 alunos nas duas turmas, 42 na terceira e 44 na quarta. Portanto, o universo
inclui 6 professores da Língua Portuguesa.

26
A amostra deste estudo é de 92 correspondente a 100% dos que foram envolvidos para este estudo.
Entre esses 86 alunos de ambos sexos, 6 professores de Língua Portuguesa também de ambos
sexos.

Capitulo IV: Apresentação, análise e discussão de dados

4.1. Apresentação dos dados

Neste espaço pretende-se apresentar, analisar e discutir os dados recolhidos por meio de
questionários e entrevista aplicados aos professores de Português que lecionam em diferentes
classes na Escola Secundária de Namuno, assim como alguns alunos da 10ª classe. Aplicou-se
para a recolha de informações questionários abertos e fechados cujo objectivo era de adquirir
respostas variadas (objectivas e livres). Portanto, as respostas colhidas ajudarão a esclarecer por
que razão os alunos apresentam maior dificuldade da oralidade tanto na sala quanto fora dela, e
quais são as consequências deste problema.

A Escola Secundária de Namuno, localiza-se no Distrito de Namuno, na província de Cabo


Delgado. A escola dispõe de uma boa infraestrutura, um ambiente afável para uma aprendizagem
plausível.

A realização desse trabalho contou com autorização da direção da escola e colaboração do grupo
de disciplina de Português, e alunos da Escola Secundária de Namuno. Os questionários possuem
duas partes: a primeira refere-se aos dados pessoais dos professores e alunos, a segunda é sobre a
oralidade e o ensino de Língua Portuguesa. Portanto, foram selecionados 74 alunos para o
questionário. Quanto a entrevista foi elaborado um guião de entrevista sobre a oralidade. Assim,
foram entrevistados 3 professores de Língua Portuguesa, neste caso, o Delegado da disciplina de
Língua Portuguesa para o nível básico e 2 professores que lecionam a 10ª classe, ambos do sexo
masculino. Igualmente, foram submetidos a entrevista 12 alunos, 6 do sexo feminino, 6 do sexo
masculino.
A autora escolheu a 10ª classe para a sua pesquisa porque julgou que nesse ciclo de ensino os
alunos deverão ter um conhecimento suficiente de vocabulário para se expressarem em LP dada
as experiências que passaram ao longo do seu percurso escolar. Portanto, a faixa etária deva variar
entre 16 para diante, conquanto o SNE (Sistema Nacional de Educação) prevê o ingresso das
crianças no ensino primário com 6 anos. Nessa faixa etária os alunos ouvem português nas escolas
por um período mínimo de 6 anos, daí que se supõe que a oralidade em língua do ensino seja
praticada por eles desde muito cedo.
Em relação à formação académica dos professores, todos possuem ensino Superior.

27
Quanto ao vínculo contratual que mantêm com o Governo, 3 são novos ingressos com nomeação
provisória, 3 são efetivos com nomeação definitiva, salienta-se que o grupo de disciplina de
Português é constituído por 06 professores na sua totalidade, 1 de sexo feminino e 5 do sexo
masculino, correspondente a 100%, com idade compreendida entre 23 a 45 anos. Neste caso,
foram entrevistados 3 professores de sexo masculino como se fez menção na página a cima, e ao
questionário foram submetidos todos os 6.

Portanto, os dados apresentados pressupõem que os professores inquiridos estão à altura de


fornecer as informações necessárias para a realização deste trabalho.

Quanto aos alunos, foram selecionados para o estudo 86, entre esses 36 mulheres equivalente a
41.9% e 50 homens equivalentes a 58.1% correspondentes a 100% no total. A idade variando de
16 a 20 anos. Foram submetidos à entrevista 12 alunos correspondentes a 13,9% discriminados
em 6 homens e 6 mulheres. E ao questionário foram submetidos 30 mulheres correspondentes a
34.9%. e 44 homens correspondente a 51.2%.

4.2. Resultado adquirido a partir do questionário dirigido aos professores e aos alunos
Aos professores
O questionário dirigido aos professores teve três partes que compreende dados dos inquiridos,
parte de perguntas abertas e por último, parte de perguntas fechadas. Vide no apêndice.
todos são licenciados pela Universidade Pedagógica. O tempo de carreira varia de 2 a 10 anos.
Portanto, a questão do grau académico e o tempo na carreira interessava a autora na medida em
que procurava aferir o grau de conhecimento sobre a área de ensino e a experiência com os alunos
na sala de aulas.
Assim, seguem-se as questões:
1. Qual é o seu género?

Assim, quanto ao género dos professores inquiridos, uma é do sexo feminino e 5 do sexo
masculino. com a idade variando entre 25 a 45 anos.

2. Qual é a sua idade?

1 professora tem 23 anos, 1 professor tem 25 anos, 1 professor tem 32 anos, 2 professores têm 41
anos e 1 45 anos.

3. Qual é o seu nível académico?

Todos os 6 professores que lecionam a Língua Portuguesa são licenciados.

28
4. Qual é o seu tempo na carreira profissional?

1 professor tem um ano na carreira, 2 dois anos, 2 têm três anos e 1 cinco anos.

 Perguntas sobre a oralidade

1. Qual é o nível da prática da oralidade dos alunos na sala e fora?


Essa foi a primeira pergunta feita com relação ao domínio da oralidade. Assim, todos os
professores afirmaram categoricamente que o nível é baixo, porém, poucos alunos falam na sala
de aulas em jeito de contribuição.
2. Todos os alunos apresentam boa competência oratória na sala de aulas?
A essa pergunta 4 professores responderam que nem todos os alunos possuem competências
oratórias, apesar de alguns se sacrificarem ainda com dificuldades.
Mas, 2 professores responderam que são poucos os alunos que se esforçam para a expressão oral.
3. A falta do domínio da oralidade contribui para o fracasso do aluno?
A esta pergunta todos os professores foram unanimes em dizer que, com certeza, os alunos quando
apresentam problemas da oralidade pode comprometer o seu sucesso escolar. Uma vez que
provavelmente os alunos não mostram nenhuma evolução e ficam praticamente dependentes dos
professores para definirem a sua progressão.
4. Quais as estratégias que mais utiliza para incentivar os alunos a praticarem a
oralidade na aula de Língua Portuguesa?
A esta pergunta 2 professores responderam que algumas das estratégias que recorrem é a leitura
de textos na sala de aulas, porém raras vezes debate. 3 professores usam leitura, apresentação de
ensaios e debates. Mas 1 privilegia a actividade de entrevista, reconto de algumas histórias,
debates, apresentação individual de resumo sobre algumas matérias ensinadas e leitura em voz
alta.
Aos alunos
O questionário foi dirigido a 74 alunos de ambos os sexos. Portanto, interessa frisar que os alunos
são de proveniências diferentes, uns oriundos de distritos vizinhos outros locais. Dai que as
respostas foram discrepantes conforme se notará de seguida.
1. Qual é o seu género?

Em relação ao género, 30 são mulheres e 44 são homens.

2. Qual é a sua idade?

29
A esta questão se fez perceber que 11 alunos são de 18 anos, 6 são de 20 anos, 39 são de 16 anos,
11 alunos são de 17 anos, portanto, 7alunos são de 19 anos.

 Perguntas sobre a oralidade


1. O professor ensina a oralidade dentro da sala?

A essa questão 56 alunos distribuídos em 32 homens e 24 mulheres responderam que não se ensina
a oralidade na sala. Entretanto, 18 alunos, entre esses 12 homens e 6 mulheres afirmaram que se
ensina a oralidade na sala.

2. O professor dá muito espaço a todos os alunos para falarem na sala de aulas?

62 alunos, distribuídos em 39 homens e 23 mulheres responderam que não dão espaço ao aluno.
Portanto, 12 alunos, entre eles 5 homens e 7 mulheres afirmaram que os professores dão espaço
aos alunos para se expressarem.

3. Quais são as estratégias que o professor usa para pôr os alunos a falarem?

42 alunos, distribuídos em 22 homens e 20 mulheres responderam que a estratégia usada é só


leitura de texto em voz alta.

13 alunos, entre esses 10 homens e 3 mulheres afirmaram que a leitura de textos em voz alta,
debate, resumo de aula oralmente, reconto de historias e entrevista tem sido as estratégias usadas
pelos professores.

12 alunos, entre esses 9 homens e 3 mulheres afirmaram que só debate se faz sentir para se explorar
a oralidade dos alunos.

7 alunos, desses 3 homens e 4 mulheres responderam que a leitura de texto em voz alta e debate
tem sido utilizado com frequência para pôr os alunos a falarem.

4.3. Resultado adquirido a partir de entrevista dirigida aos professores e aos alunos
Aos professores

1. A escola promove programas interativos como forma de motivar os alunos a


trocarem impressões ou experiências?

Os três (3) professores selecionados para entrevista afirmaram que não se faz sentir nenhuma
motivação.

2. Os alunos declamam poesias de temáticas diferentes?

30
A esta pergunta 1 professor afirmou que sim os alunos declamam poesias, mas às vezes. Porém,
os outros dois professores disseram que nunca houve declamação de poesia por parte dos alunos.

3. Os professores discutem as diferentes dificuldades dos alunos?

Sim, mas não com muita frequência e nem todos, assim respondeu 1 professor. Os outros disseram
que nunca houve o interesse de se identificar os diferentes problemas dos alunos.

4. Os professores encontram soluções dos problemas identificados em alunos?

A esta questão os três (3) professores foram unanimes em responder que os problemas
identificados nunca tiveram solução.

5. Quais são as dificuldades que os professores identificaram nos alunos?

Os problemas são: fraco aproveitamento pedagógico, leitura, escrita e oralidade, assim foi a
resposta dada por 1 professor, ao passo os dois professores não identificaram nenhum problema.

Aos alunos

1. Todos os alunos contribuem em qualquer aula na sala de aulas?

Para esta pergunta 3 responderam que é difícil os alunos contribuírem na aula. 6 responderam que
são poucos alunos e quase os mesmos é que tem o privilegio de contribuírem em qualquer aula. 3
responderam que o professor não se interessa se os alunos contribuem ou não, ele só fala sozinho
sem dar espaço aos alunos.

2. O que os professores fazem para motivarem os alunos falarem na sala?

7 alunos responderam que os professores não fazem nada para pôr todos os alunos a falarem. 5
responderam que às vezes os professores costumam pedir voluntários para lerem textos em voz
alta.

3. Os professores orientam os alunos para reconto de histórias ou resumo de aulas?

Todos os 12 alunos afirmaram que são poucos que orientam para reconto de histórias e resumo de
aulas.

4. Os professores promovem debates com frequência?

Não, os debates acontecem às vezes. Assim responderam 4 alunos. 6 alunos responderam que é
possível uma vez por trimestre ou mesmo uma vez por ano lectivo; 2 alunos afirmaram que nunca
acontecem debates na sala de aulas.

31
5. A escola possui um programa para a interação dos alunos?

9 alunos responderam que a escola não dispõe de nenhum programa interativo. 3 alunos disseram
que a escola tinha um programa, mas já não se faz sentir.

4.4.Análise dos dados

Far-se-á nesta parte uma breve análise dos dados adquiridos tendo em conta as respostas
apresentadas. Assim, no total foram dirigidas aos envolvidos (professores e alunos) 13 perguntas
com base em questionário, porém, algumas perguntas feitas aos professores também se repetiram
para os alunos, tal é o caso de idade e género cuja análise não vamos precisar por ser evidente o
suficiente. Neste contexto, as respostas dadas em relação a oralidade é o que mais vai merecer
uma profunda atenção na análise.

Em muitas questões feitas os respondentes forma unanimes nas respostas, isto é, tanto os alunos
quanto os professores deram respostas semelhantes ou mesmo iguais, pelo que serão identificados
os números com respostas iguais ou idênticas que sobre os mesmos far-se-á análise.

Assim, quanto às perguntas referentes a oralidade (parte do questionário), a questão 1 e 2 tanto


na parte dos professores quanto dos alunos, esses afirmaram que a pratica da oralidade é baixa
devendo-se à falta de motivação, e raras vezes há interação sobre variadas matérias entre professor
e alunos. Em suma, não se ensina a oralidade.

Acerca das questões 3 e 4 (respostas de professores e alunos), os respondentes garantem que há


discrepância no uso de estratégias para garantir a evolução dos alunos ao nível da oralidade.
Porém, sublinha-se, evidentemente, que quando os alunos apresentam dificuldades de oralidade
pode culminar no fracasso destes ou seja no insucesso escolar. Portanto, interessa referir que as
estratégias para o desenvolvimento da oralidade dos alunos são indispensáveis para o sucesso
destes. Mas, dadas a respostas, ficou obvio que as estratégias usadas pelos professores não têem
sido eficazes para estimular os alunos a praticarem a oralidade.

Quanto às questões da entrevista, foram no total 10 perguntas. Assim, às perguntas 1 e 5, (da


parte dos professores e alunos) os entrevistados asseguraram que a escola não dispõe de programas
que ajudem os alunos a treinarem a sua competência oral, por isso os alunos apresentam limitação
no discurso oral na sala.

Igualmente, às perguntas 2,3 e 4 de ambos grupos entrevistados, os respondentes asseguraram que


não são criadas actividades que visem ajudar os alunos a desenvolverem a sua competência
oratória.

32
Portanto, as perguntas 3 e 5 que se referem à identificação de dificuldades, apenas na parte dos
professores, ficou esclarecido que os professores não procuram identificar as dificuldades que os
alunos apresentam, que sobre maneira podem concorrer para o fracasso do próprio aluno. Ao se
identificar as dificuldades que os alunos apresentam estaria a se marcar um passo bastante
significativo para o progresso dos alunos na medida em que seria possível desenhar-se soluções
ou estratégias para ultrapassa-las, e assim os alunos, afavelmente, se sentiriam motivados.

4.5. Verificação das hipóteses

Reserva-se esta parte para se fazer a verificação e a validação das hipóteses tendo em conta os
objectivos apresentados para o estudo. Esta monográfica apresentou quatro hipóteses. Assim:

1ª Hipótese: fraco domínio da Língua Portuguesa, os alunos evitam falar porque temem que
podem errar;

2ª Hipótese: o uso de método expositivo pelo professor, o professor limita-se em explicar a aula
sem dar espaço ao aluno para testar a sua compreensão e explorar a sua capacidade oratória;

3ª Hipótese: existência de clubes fã, o professor tem um número favorito dos alunos na sua aula
limitando a evolução e a aprendizagem dos demais.

4ª hipótese: uso limitado de estratégias para o desenvolvimento da oralidade dos alunos, os


professores usam poucas estratégias para estimular a expressão oral dos alunos.

Sobre a primeira hipótese em função das respostas dadas nenhuma aponta que o fraco domínio
da Língua Portuguesa seja o motivo da dificuldade da oralidade que os alunos enfrentam. Mas
sim, a falta de motivação. Portanto, a primeira hipótese não foi validada.

Para a segunda hipótese, com base nas respostas dadas aos envolvidos, essa hipótese fica validada
na medida em que categoricamente se assegura que o professor passa muito tempo se não todo a
falar sozinho na sala, não dando espaço aos alunos para exprimirem o que aprenderam ou ao
menos treinarem a sua expressão oral.

Quanto a terceira hipótese as respostas dadas com base em questionário e entrevista ficou
esclarecido que a existência de grupo de alunos favorecidos pelos professores não constitui
matéria suficiente para existência de dificuldades de oralidade na sala entre os alunos, porque
mesmo os favorecidos mostram tais dificuldades, entretanto, aponta-se a falta de motivação no
sentido geral e uso de estratégias para estimular a expressão oral dos alunos. Portanto, essa
hipótese não foi validada.

33
Relativamente as respostas dadas a partir do questionário e entrevista, a quarta hipótese foi
validada na medida em que as respostas dadas pelos colaboradores, unanimemente apontam que
não se verifica o uso de estratégias para o desenvolvimento da oralidade dos alunos na sala de
aulas.

4.6. Apresentação dos dados com base em tabelas e gráficos


4.6.1. Narrativa com tabelas sobre informação dos professores e alunos
Tabela 1: Amostra e instrumentos de recolha de dados (resumo)
Amostra: 92 envolvidos Instrumentos de coleta de Número dos abrangidos
dados
Professores Entrevista e questionário 6

Questionário 74
Alunos
Entrevista 12

Fonte: autora (2022)


Tabela2: Grelha de respostas sobre o questionário dirigido aos professores

No Questionário Respostas Respondentes Percentagem

O1 Qual é o seu género? Homens 5 83.3%


Mulheres 1 16.7%
Total 6 100%
02 Qual é a sua idade? 23 1 16.7%
25 1 16.7%
32 1 16.7%
41 2 33.2%
45 1 16.7%
Total 6 100%
03 Qual é o seu nível académico? Mestrado 0 0%
Licenciatura 6 100%
Bacharel
Médio
Básico
Total 6 100%
04 Qual é o seu tempo na carreira 1 ano 1 16.7%
profissional? 2 anos 2 33.3%
3 anos 2 33.3%
4 anos 0 0%
5 anos 1 16.7%
Total 6 100%
05 Excelente 0% 0%
Normal 0% 0%

34
Qual é o nível de prática da Baixo 6 100%
oralidade dos alunos na sala e Total 6 100%
fora?
06 Todos os alunos apresentam boa Todos 0 0%
competência oratória na sala de Nem todos 4 66.7%
aulas? Poucos 2 33.3%
Total 6 100%
07 A falta do domínio da oralidade Contribui para 6 100%
contribui para o fracasso do o fracasso
aluno? Não contribui 0 0%
para o fracasso

Total 6 100%

08 Quais as estratégias que mais Leitura e 2 33.3%


utiliza para incentivar os alunos a debate
praticarem a oralidade na aula de Leitura, 3 50%
Língua Portuguesa? ensaios e
debate
Leitura, 1 16.7%
debate,
reconto,
resumo e
entrevista
Total 6 100%
Fonte: autora (2022)
Tabela 3: Grelha de respostas sobre o questionário dirigido aos alunos

N Questionário Respostas Responden Percenta


o tes gem
O Qual é o seu género? Homens 44 59.5%
1 Mulheres 30 40.5%
Total 74 100%
02 Qual é a sua idade? 16 anos 39 52.7%
17 anos 11 14.9%
18 anos 11 14.9%
19 anos 7 9.4%
20 anos 6 8.1%
Total 74 100%
03 O professor ensina a Ensina 18 24.3%
oralidade dentro da sala? Não ensina 56 75.7%
Total 74 100%
04 Dá espaço 12 16.2%

35
O professor dá muito Não dá espaço 62 83.8%
espaço a todos os alunos
para falarem na sala de Total 74 100%
aulas?
05 Quais são as estratégias Leitura 42 56.7%
que o professor usa para Leitura, debate, resumo, reconto 13 17.6%
pôr os alunos a falarem?
Debate 12 16.2%
Leitura e debate 7 9.5%
Total 74 100%

Fonte: autora (2022)

Tabela 4: Grelha de respostas sobre questões de entrevista dirigida aos professores

No Entrevista Respostas Respondentes Percentagem

A escola promove Promove 0 0%


O1 programas interativos
como forma de motivar os Não promove 3 100%
alunos a trocarem
impressões ou Total 3 100%
experiências?
02 Os alunos declamam Sim 1 33.3%
poesias de temáticas Nunca declamaram 2 66.7%
diferentes? Total 3 100%
03 Os professores discutem Sim discutem 1 33.3%
as diferentes dificuldades Nunca ouve o interesse 2 66.7%
dos alunos? de se discutir as
dificuldades dos alunos
Total 3 100%
04 Os professores Sim encontra 0 0%
encontram soluções dos Nunca encontram 3 100%
problemas identificados Total 3 100%
em alunos?
05 Quais são as dificuldades fraco aproveitamento 1 33.3%
que os professores pedagógico, leitura,
identificaram nos alunos? escrita e oralidade
Nenhuma 2 66.7%
Total 3 100%
Fonte: autora (2022)
Tabela 5: Grelha de respostas sobre questões de entrevista dirigido aos alunos

No Questionário Respostas Respondentes Percentagem

É difícil 3 25%

36
O1 Todos os alunos São poucos quase os 6 50%
contribuem em qualquer mesmos
aula na sala de aulas? Professor não daa 3 25%
espaço
Total 12 100%
02 O que os professores fazem Não fazem nada 7 58.3%
para motivarem os alunos Levanta alunos para 5 41.7%
falarem na sala? leitura
Total 12 100%

03 Os professores orientam os Sim todos orientam 0 0%


alunos para reconto de
histórias ou resumo de São poucos que 12 100%
aulas? orientam
Total 12 100%

04 Os professores promovem às vezes 4 33.3%


debates com frequência? Uma vez por 6 50%
trimestre
Nunca acontece 2 16.7%
debate
Total 12 100%
05 A escola possui um A escola não dispõe de 9 75%
programa para a interação nenhum programa
dos alunos? A escola tinha um 3 25%
programa, porém
não se faz sentir
Total 12 100%
Fonte: autora (2022)
4.6.2. Narrativa com gráficos
Narrativa com gráfico, informação dos professores e alunos (resultados do questionário)
Informação dos professores

Gráfico 01:Género Gráfico 02:idade dos


Mulhere
dos inquiridos professores inqueridos
s 1 prof.
17% 1 prof. 14%
27%
Homens 1 prof.
1 prpf.
Mulheres 15% 1 prpf.
1 prof.
2 prof.
1 prof.
Homens 1 prof.
83% 2 prof.
25% 19%

37
Gráfico 03:nível de formação académica
Bacharel, 0, 0% Medio, 0, 0%

Mestrado, 0, 0%
Mestrado
Licenciatura
Licenciatura, 6, Bacharel
100% Medio

Fonte: Autora (2022)

Gráfico 4: Tempo de carreira Profissional


5 ano 1 ano
17% 17%
4 ano 1 ano
0% 2 ano
3 ano
4 ano
3 ano 2 ano
33% 33% 5 ano

Fonte: autora (2022)

Gráfico 05: Nivel de prática da oralidade dos


alunos
Excelente
Normal 0%
0%
Excelente
Normal
Baixo
Nivel de pratica da
oralidade dos alunos
Baixo
100%
Fonte: autora (2022)

38
Gráfico 6: Competência oratória dos alunos na
sala de aulas
todos possuem
0%
Poucos
33%
todos possuem
nem todos
Poucos

nem todos
67%

Gráfico 7: O fraco domínio da oralidade


contribui para o fracasso dos alunos

nao contribui
0%
contribui
nao contribui
contribui
6
100%

Fonte: autora (2022)

Gráfico 8: Estratégias usadas para o


desnvolvimento da oralidade dos alunos
leitura, debate,
reconto, resumo e
entrevista leitura e debate
leitura e debate
17% 33%

leitura, ensaios e debate

leitura, debate, reconto, resumo e


entrevista
leitura, ensaios e
debate
50%

Fonte: autora (2022)

39
Informação dos alunos

Gráfico 9: Género dos alunos

Mulheres
41%

Homens
59%

Homens Mulheres

Gráfico 10: Idade dos alunos


39 alunos
6 alunos
18%
22%
39 alunos
11 alunos
11 alunos 11 alunos
19%
7 alunos 7 alunos
21%
6 alunos
11 alunos
20%

Fonte: autora (2022)

Gráfico 11: o professor ensina a oralidade


Ensina
24%

Não ensina
76%

Ensina Não ensina

40
Gráfico 12: o professor dá espaço para os alunos
se expressarem

Dá espaço espaco, 16%

Dá espaço espaco
Não dá espaço

Não dá espaço , 84%

Fonte: Autora (2022)

Gráfico 13:Estratégias usada para o


desenvolvimento da oralidade

leitura e debate, 7, 9%
Leitura
debate, 12, 16%
leitura, debate,resumo e reconto
debate
Leitura, 42, 57% leitura e debate
leitura,
debate,resumo e
reconto, 13, 18%

Fonte: autora (2022)

4.7. Discussão de dados adquiridos

Após ter se feito a coleta de dados através do questionário e entrevista, a informação foi
apresentada de diferentes formas, entre elas em quadros e gráficos para melhor compreensão e
interpretação. Também mereceu uma breve análise. Entretanto, os envolvidos apresentaram
informações diversificadas sobre o que motiva para a existência da dificuldade da oralidade por
parte dos alunos. Assim, os professores, a maior parte deles admitem que não recorrem a várias
estratégias para ajudarem os alunos a desenvolverem a expressão oral, porém, outros

41
categoricamente afirmam que fazem de tudo para pôr os alunos a desenvolverem a sua
competência oratória. Igualmente, questionados e entrevistados os alunos selecionados, alguns
em número diminuto não tiveram dificuldades em afirmar que os professores ensinam a oralidade
na sala; promovem espaço para os alunos expressarem-se, uma vez que convida a cada aluno a ler
textos diversificados. Encontra partida, outros foram antagónicos declarando que os professores
de um modo geral não fazem nada, com frequência, para ajudarem os alunos a desenvolverem a
sua expressão oral. Ora, limitam-se apenas a pôr os alunos a lerem textos, por conseguinte, essa
actividade não é suficiente para garantir o desenvolvimento da oralidade dos alunos.

Portanto, tendo em conta esses resultados obtidos a partir da entrevista e questionário, ficou
esclarecido que a dificuldade da oralidade que os alunos possuem em grande medida deve-se à
falta de motivação por parte dos professores, igualmente, deve-se ao não uso de métodos ou
estratégias para impulsionar os alunos a desenvolverem a sua expressão oral. Portanto, a maior
parte tanto dos alunos, quanto dos professores inquiridos sublinham que há problemas de oralidade
na sala de aulas, o que sobre maneira provoca o insucesso escolar dos próprios alunos. Porém,
poucas vezes o professor estimula os alunos a desenvolverem a sua expressão oral, aliás, a leitura
de textos tem sido uma estratégia mestre para o desenvolvimento da expressão oral, conforme
afirmaram os alunos. Entretanto, em momento algum pode se confundir a leitura e oralidade,
sendo que são diferentes áreas de ensino, embora haja uma boa relação.

Admite-se que o professor tem um grande desafio neste processo de estimular o aluno para ganhar
o desejo de falar na sala, na medida em que nem todos os alunos poderão corresponder aos
impulsos, mas o professor na qualidade de estrategista deverá, inevitavelmente, recorrer a
diferentes estratégias para pôr qualquer que seja o aluno a falar na sala de aula. Por conseguinte,
quando assim acontece, latentemente, o professor estará a contribuir muito para o futuro do próprio
aluno.

A entrevista e o questionário foram meios eficientes para obtenção dos dados aqui arrolados. Neste
contexto, os professores foram bastante humildes em admitir que os alunos com menor
aproveitamento pedagógico são os que se mantem silêncio na sala de aula. Mas, os alunos podem
não saber que o silêncio enquanto responsável pelo seu insucesso pode ser eliminado. Por
conseguinte, apesar dos professores admitirem que não fazem nada para ensaiarem os alunos,
sobre tudo, no que diz respeito à competência oral, mostram-se preocupados com a situação de
falta de evolução dos alunos.

42
Portanto, para que os professores estejam envolvidos no desenvolvimento da capacidade da
oralidade dos alunos precisarão de conhecer as implicações que os alunos terão futuramente
enquanto mostrar elevadas dificuldades da expressão oral, por um lado, por outro os professores
precisam de ter uma vasta gama de informações de como devem fazer para garantir o
desenvolvimento da expressão oral dos alunos. Assim, esses subsídios serão detalhados no
capitulo seguinte, isto é, no capito V, referente a conclusão e recomendações.

43
Capitulo V: Conclusões e recomendações

5.1. Conclusão

A oralidade é um meio de comunicação muito importante e mais utilizado. Assim, de acordo com
os dados obtidos por meio de técnicas de recolha de informação e analisados e discutidos os dados,
percebeu-se que a maior parte dos professores não recorre com muita frequência às estratégias
necessárias para impulsionar os alunos a desenvolverem a expressão oral.

Neste caso, os professores limitam-se em recorrer a leitura em voz alta como estratégia "mestre"
para o enriquecimento da expressão oral dos alunos. Consequentemente, quando há restrição no
uso de estratégias para o desenvolvimento da competência oratória pode se registar fracasso,
sobretudo, no PEA (Processo de Ensino-Aprendizagem) dos alunos culminando com o insucesso
dos mesmos.

Portanto, vale recordar que o domínio da oralidade constitui uma base para aprendizagem dos
alunos. Dai que é importante que o professor tenha um papel crucial no desenvolvimento da
oralidade dos alunos fazendo o uso de várias estratégias, tais como: debate, entrevista entre os
alunos, reconto de narrativas, apresentação de poesias, resumo de aulas de forma frequente,
leitura em voz alta e seminários, constantemente. O professor deve procurar falar menos na sala
de aulas que é para dar oportunidades aos alunos se expressarem e a todo o custo deve evitar ter
um grupo favorito de alunos.

Ajudar o aluno a desenvolver a sua competência ao nível da oralidade implica abrir as comportas
para o seu sucesso. O talento é muitas vezes demostrado com base na oralidade e na prática.
Importa frisar que o discurso oral determina parcialmente o nível de talento de cada um, apesar de
não ser a única forma de exteriorizar o talento ou o conhecimento.

Uma aula em que a maior parte dos alunos contribuem dá-se por excelente. Uma aula em que os
alunos têm espaço de se expressar o professor ganha louvores e é tido como motivador e
verdadeiro intermediário.

No treino da expressão oral, em contexto de sala de aula, é preciso que haja espaço para uma
construção de saberes em que o aluno assuma um papel preponderante em relação ao do professor
e descarte o papel que tem desempenhado. O que se requer do aluno, muitas vezes, é limitado a
responder as perguntas feitas pelo professor ou então manter-se em silêncio, tudo isso complica e
não ajuda o aluno no seu processo de aprendizagem do modo oral. Os professores e os alunos têm
de participar em situações comunicativas em que o segundo aprenda a expor as suas ideias e não

44
a calar-se e a desvalorizar o ato de falar. É importante que o aluno não só participe coletivamente,
mas também que o faça de maneira individualizada, passando a argumentar, apresentando a sua
própria opinião ou dúvidas, num discurso claro.
Uma das finalidades da aprendizagem de línguas é e será sempre a formação para a cidadania
democrática; nisto vemos que a maior parte dos alunos da Escola Secundária de Namuno não
exerce devidamente a sua cidadania. Por outras palavras, sabe pouco dos seus direitos e deveres,
uma vez que não domina a língua usada para lhe transmitir conhecimentos científicos. Sendo o
português uma língua de educação formal, esta tem de ser trabalhada em todas as competências a
fim de que os alunos sejam conduzidos a apreender.

Não se pode encarar a oralidade como um problema, mas como uma competência comunicativa
que pode modificar o aluno, porque aperfeiçoa a sua autonomia, levando a uma construção de
saberes baseada na parceria de troca de conhecimento entre professor e aluno. O professor apoia
o aluno ao longo da sua formação, dando-lhe oportunidade para crescer como cidadão. É
conveniente que os alunos encontrem na escola, não só um lugar de formação intelectual, mas
também um lugar de desenvolvimento da sua individualidade, da sua pessoa, uma iniciação à vida.

Portanto, o domínio da oralidade é determinante para o processo de ensino-aprendizagem e


evolução individual. Na medida em que o aluno vai ganhando espaço de se expressar, também vai
nascendo nele a motivação de se expressar com colegas, consequentemente vai aperfeiçoando a
competência oral. Vai tendo ainda vontade de querer dizer alguma coisa, de preparar, procurar
informações para apresentar na sala de aulas como forma de se destacar. Quando assim acontece
o processo de ensino-aprendizagem vai ter um impacto positivo.

Importa referir que os objectivos do estudo foram totalmente alcançados. Em relação às hipóteses,
das quatro propostas apenas foram confirmadas duas.

A quando do desenvolvimento deste estudo, enfrentou-se limitações como: disponibilidade tardio


de alguns envolvidos para coleta de dados; exiguidade de material bibliográfico em formato físico,
entre outras.

45
5.2. Recomendações

Para garantir que os alunos desenvolvam suas competências na oralidade recomenda-se que:

 O professor seja muito envolvente, isto é, deve trabalhar com todos os alunos da sala
atribuindo-lhes tarefas que lhes permitam explorar a sua expressão oral;
 O professor precisa de ser muito criativo na seleção de temas para o debate entre os alunos;
 Deve evitar usar o método expositivo em toda aula por não ser método ativo;
 As estratégias a usar para o desenvolvimento da oralidade devem variar;
 Tendo em conta que nem todos os alunos têm a mesma capacidade na aprendizagem,
então, o professor precisa de explorar mais vezes os alunos que apresentam atraso na
aprendizagem para se sentirem protagonistas. Uma vez motivados a possibilidade é de
garantir a sua própria evolução;
 A tarefa de pôr os alunos a desenvolverem a sua expressão oral não deve ser vista
exclusivamente como do professor. A escola também pode contribuir para a melhoria da
competência oral dos alunos, e subsequentemente, o seu sucesso promovendo algumas
actividades como teatro, jogo de palavras, declamação de poesias, discussão de alguns
temas da actualidade e de interesse público, promover concursos de apresentação de
pequenos ensaios individualmente.

46
Referências bibliográficas

Abaurre, M. B. M., Fiad, R. S. & Mayrink-Sabinson, M. L. T.; (1997). Cenas de Aquisição da


Escrita: O Sujeito e o Trabalho com o Texto. Campinas/SP: Mercado de Letras.

Abdallah-Pretceille, M. (2004). Vers une Pédagogie Interculturelle.3ª ed. Paris: Anthropos.

Bessa, R. J., Dayane, O.M. & Lidiane, D. B. (2012). Um Estudo Sobre a Influência da Oralidade
na Aquisição da Escrita de Alunos do Ensino Fundamental de Nove Anos. Foz do Iguaçu.

Castilho, A. T. (1998). A Língua Falada no Ensino de Português. São Paulo: Contexto., Cortez.

Dolz, J., Schneuwly, B. & Haller, S. (2013). O Oral como Texto: como Construir um Objeto de
Ensino. In: Schneuwly, B. Dolz, J. Gêneros Orais e Escritos na Escola. São Paulo: Mercado das
Letras.

Ferraz, M. (2007). Ensino da Língua Materna. Lisboa: Caminho.

Gama, T. D. (2015). Oralidade na Sala de Aula: Concepções e Registros De Práticas de um Grupo


de Professores de Língua Portuguesa; Lisboa.

Haydt, R. C. (2006). Curso de Didática Geral. Ática, São Paulo.

Kato, M. (2002). No mundo da escrita. Uma perspectiva psicolinguística. 2ª ed. São Paulo: Ática.

Lopes, C. S. C. (2014). Aprendizagem de Português Língua Não Materna e Comunicação


Oral – Estudo de Caso. Dissertação de Mestrado Ensino do Português como Língua Segunda e
Estrangeira, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa.

Marcuschi, L. A. (2001). Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo.

Marcuschi, L. A. (2010). Da Fala para a Escrita: Atividades de Retextualização. 10.ed., São


Paulo: Cortez.

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Rego, T. C. (1995). Vygotsky Uma Perspectiva Histórico-Cultural da Educação. Vozes,


Petrópolis.

47
Santos, C. F., Mendonça, M. & Cavalcanti, M. C.B.; (2007). Diversidade Textual os Gêneros na
Sala de Aula. Belo Horizonte: Autêntica.

Souza, A. M. M. de. (2004). A Mediação Como Princípio Educacional. Senac, São Paulo.

Vigostky, L. S.A. (1995). Formação social da mente: o desenvolvimento dos processos


psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes.

Villas-Boas, M. A. (1999). Contributo para o Estudo da Influência da Família no


Aproveitamento Escolar: O Caso das Minorias Étnicas Imigrantes em Portugal. Lisboa: Faculdade
de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.

Xavier, J. (2012). Pedagogia do Português. Plural Editora. Maputo.

48
Apêndices

49
Apêndice 1: Questionário dirigido aos professores sobre a prática da oralidade dos alunos
em sala de aula
Sou Glória Anselmo Metoro estudante finalista do Curso de Ensino de Português. Pretendo com
este questionário adquirir informações para a elaboração do meu trabalho final do curso. Assim
sendo, peço a vossa colaboração, e garanto que as informações são usadas exclusivamente para
este propósito. Desde já deixo ficar os meus agradecimentos.

Parte I
Dados do inquirido
Marca com X o seu género, excepto no 2.
1. Qual é o seu género? Masculino ( ), Feminino () outro ().
2. Qual é a sua idade? _______anos.
3. Qual é o seu nível académico? Mestrado ( ), Licenciatura ( ), médio ( ), básico
( )
4. Qual é o seu tempo na carreira profissional? _____.
Parte II
Perguntas abertas
1. Qual é o nível da prática da oralidade dos alunos na sala e fora?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
__.
2. Todos os alunos apresentam boa competência oratória na sala de aulas?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________.
3. A falta do domínio da oralidade contribui para o fracasso do aluno?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_.

50
4. Quais as estratégias que mais utiliza para incentivar os alunos a praticarem a
oralidade na aula de Língua Portuguesa?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_.
Parte III
Perguntas fechadas, marca com X a resposta.
1. Isentiva os alunos a praticarem a oralidade? sim ( ), não ( )
2. Os alunos mostram algum avanço no domínio da oralidade? sim ( ), não ( )
3. Qual é o número de alunos com maior dificuldade da oralidade comparada com os
que não presentam dificuldades? maior ( ), menor ( )

51
Apêndice 2: Questionário dirigido aos alunos sobre a prática da oralidade na sala de aulas
Sou Glória Anselmo Metoro estudante finalista do Curso de Ensino de Português. Pretendo com
este questionário adquirir informações para a elaboração do meu trabalho final do curso. Assim
sendo, peço a vossa colaboração, e garanto que as informações são usadas exclusivamente para
este propósito. Desde já deixo ficar os meus agradecimentos.

Marca com X a sua resposta, excepto número 2.


1. Qual é o seu género? Masculino ( ), Feminino ( ).
2. Qual é a sua idade? _______anos.
3. O professor ensina a oralidade dentro da sala? sim ( ), não ( ).
4. O professor daa muito espaço a todos os alunos para falarem na sala de aulas? sim
( ), não ( ).
5. Quais são as estratégias que o professor usa para pôr os alunos a falarem?
a. Só leitura de texto em voa alta ( );
b. Só debate ( );
c. Leitura de texto em voz alta, debate ( );
d. leitura de textos em voz alta, debate, resumo de aula oralmente ( );
e. leitura de textos em voz alta, debate, resumo de aula oralmente, reconto de historias,
entrevista ( ).

52
Apêndice 3: Entrevista dirigida aos professores sobre a prática da oralidade dos alunos
1. A escola promove programas interativos como forma de motivarem alunos a trocarem
impressões ou experiências?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________.
2. Os alunos declamam poesias de temáticas diferentes?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_.
3. Os professores discutem as diferentes dificuldades dos alunos?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________.
4. Os professores encontram soluções dos problemas identificados em alunos?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
__.
5. Quais são as dificuldades que os professores identificaram nos alunos?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________.

53
Apêndice 4: Entrevista dirigida aos alunos sobre a prática da oralidade
1. Todos os alunos contribuem em qualquer aula na sala de aulas?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_.
2. O que os professores fazem para motivarem os alunos falarem na sala?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
__.
3. Os professores orientam os alunos para reconto de historias ou resumo de aulas?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________.
4. Os professores promovem debates com frequência?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_.
5. A escola possui um programa para a interação dos alunos?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________.

54
Anexos

55
4.5.3. Narrativa com figuras

Figura 1: Placa com o nome da Escola

Figura 2: portão de entrada e controlo

Fonte: autora (2022)

56
Figura 3: concentração dos alunos; momento de apelo para aprendizagem da Língua
Portuguesa

Fonte: autora (2022)

Figura 4: auscultação do nível da oralidade dos alunos na sala

Fonte: autora (2022)

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Figura 5: iniciação da aula usando-se estratégias para o envolvimento dos alunos.

Fonte: autora (2022)

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