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Especialização precoce:

Se um atleta vê antecipado o processo de especialização numa qualquer modalidade,


sendo levado a fazer treinos mais duros, executar tarefas mais complexas para as quais
não está preparado e fica sujeito a pressão excessiva, está-se, muitas vezes, perante uma
situação de especialização precoce.
Este fenómeno desportivo acaba por acontecer em alturas em que todos tentam ser
melhores, tornando-se num efeito bastante comum no desporto. Muitas vezes, são os
próprios atletas que aceleram o seu desenvolvimento para atingir certas conquistas. Mas
isso pode ter várias consequências

Quando se fala em especialização precoce, pretende-se, obviamente, afirmar que o


treino acontece antes do tempo próprio, por isso, de uma forma prematura. Assim,
quando falamos de treino precoce, referimo-nos a um treino prematuramente
especializado e não a todo o processo de preparação desportiva iniciado em idades
baixas, independentemente da orientação, dos conteúdos e da metodologia no treino.

Começar cedo numa preparação desportiva para uma determinada modalidade não
significa, necessariamente, começar precocemente, pois a preocupação generalizada de
iniciar a preparação mais cedo revela-se positiva, no sentido em que a preparação
desportiva deve ser um processo permanente de muitos anos tendo sempre em conta as
fases de desenvolvimento motor e cognitivo da criança/jovem.

Há vários autores que defendem que esta especialização traz benefícios para a criança:
proporciona o desenvolvimento físico, emocional e intelectual da criança e desenvolve
também a autoconfiança e o comportamento social da mesma. Mas será que estes
aspetos positivos superam os negativos?
Com a especialização precoce, o atleta vai ser sujeito a um aumento da exigência e
complexidade do treino que não está adequada à sua idade ou desenvolvimento dentro
da modalidade. Isso colocará o atleta num outro patamar em relação aos colegas, mas
traz diversas consequências negativas, como:

 Lesões
 Desgaste físico, emocional e psicológico
 Incapacidade funcional e cognitiva
 Abandono escolar
 E abandono precoce da prática desportiva

Depois de vários estudos efetuados comprovou-se que a especialização precoce é,


muitas vezes, relacionada ao abandono precoce da prática desportiva. Nestes casos,
ou o atleta abandona a modalidade, mas continua a praticar desporto numa
modalidade diferente, ou acaba por abandonar completamente o desporto e a
atividade desportiva.
O treinador assume muitas vezes um papel importante nesta questão. Ele deve
respeitar as etapas de formação dos atletas e fazer treinos adaptados ao seu nível,
respeitando os seus limites físicos, psicológicos e cognitivos.
Mas nem sempre a especialização precoce é responsabilidade apenas do treinador.
Os pais, muitas vezes na procura de resultados, incentivam os filhos a treinar em
casa e ir além das suas capacidades. Ou o próprio atleta tenta exceder-se fugindo aos
limites impostos pelo treinador.
Sucintamente e interpretando a pirâmide desportiva, na etapa de iniciação
desportiva (aprox. entre os 7 e os 11 anos), a prática desportiva deve caracterizar-se por
atividades variadas, multidesportivas, (modalidades individuais e coletivas), recorrendo
a diferentes formas de exercício físico.

Na etapa de orientação desportiva (aprox. entre os 10-11 e os 13-14 anos), a prática


desportiva já incide num número mais restrito de determinadas modalidades para as
quais os jovens praticantes manifestam reconhecidas capacidades. Pode ser uma etapa
entendida como uma pré-especialização, apresentada na forma de treino desportivo,
entendido como meio indispensável para o acesso à participação nas competições
estruturadas e mais exigentes. Considera-se, em perspetivas de desenvolvimento, a parte
inicial e a mais importante da preparação desportiva numa qualquer modalidade.

Por fim, a especialização desportiva (aprox. entre os 15-16 e os 35-36 anos para a


maioria das modalidades desportivas), constitui a última etapa do processo de formação
desportiva. Os objetivos de rendimento da prestação desportiva superam os de formação
e desenvolvimento. Nesta etapa, o treino desportivo é encarado como um processo
especializado com foco na forma desportiva e na performance do jovem praticante na
exigente competição.

Mesmo respeitando todas as, supramencionadas, etapas, existem vários casos de


especialização precoce que podem ter origem nas seguintes causas:
Como consequências a esta especialização precoce, os jovens praticantes, não atingem
os rendimentos esperados quando submetidos a etapas de elevadas prestações
desportivas, diminuem o tempo de atividade desportiva de alto nível e podem, até, nem
chegar a essas fases, esgotando prematuramente a sua capacidade de prestação,
abandonando o treino e a carreira desportiva mais cedo. Quais os fatores que
determinam o abandono prematuro da prática desportiva? Pois, nos tempos que
correm, até podemos dizer que, a prática desportiva através de um videojogo poderá ser
um dos fatores determinantes, contudo, eis os mais frequentes:
Em jeito de conclusão, o processo de formação desportiva pode durar cerca de 10 anos,
sendo que, não vale a pena ter pressa em especializar precocemente tendo em vista um
mais rápido rendimento desportivo, pois não se pode fazer um “campeão” de um
praticante que chegou a adulto sem um desenvolvimento progressivo, variado e
completo de todas as suas funções, estruturas e aptidões. À prática desportiva espera-se
que estejam associados os seguintes pressupostos:

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